Desprotegida

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Prólogo Há muitos anos atrás, uma flor floresceu, no meio do Universo, e transformou-se o Sol e a Lua em duas criaturas dois irmãos gémeos, dois amantes, com destinos muito semelhantes. Estas duas crianças, tinham uma única missão, encontrar a quem pudessem entregar os seus puderes. A primeira criança a encontrar alguém, foi a Lua, que ao passar pela Terra encontrou uma senhora, que já era mãe, e que seria avó em breve. A criança que iria nascer, seria o grande pilar da portadora dos seus poderes, e só mais tarde nasceria a grande portadora. Lua foi ter com a senhora, a qual tinha o nome de Aesan. -Olá, posso falar consigo? Aesan fica surpreendida, mas disse que sim. Olá menina, sim claro. Em que a posso ajudar? -Queira perguntar, o que faria se soubesse que, um dos seus netos seria, a salvação deste Universo? Aesan fica assustada, e admirada com a pergunta - Desculpe, como assim? -Tenha calma Lua tenta acalmar Já devia de imaginar a reacção. E deve estar a pensar „ quem é esta maluca‟, ou „ onde apareceu isto‟. Eu venho de muito longe, de um dos cantos do Universo. Eu e o meu irmão, andamos fugidos de umas pessoas que nos querem matar, e apoderarem-se dos nossos poderes, que podem ser capazes de acabar com tudo que tenham vida, e com todo o Caos. Contudo, preferimos procurar alguém que pode-se ficar com os nossos poderes. Não podemos arriscar que caia em mãos maléficas. Tenho vindo a observar a vida aqui na Terra, e em você e na sua família, encontrei o que acho ser fundamental para a inserção dos poderes. Aesan ouve atentamente tudo, - Depois de depositar os meus poderes em alguém, serei morta, ou melhor posso morrer sem ter medo. Eu sei que mais tarde, o portador do poder da Lua, e o portador do poder do

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Uma história

Transcript of Desprotegida

Prólogo Há muitos anos atrás, uma flor floresceu, no meio do Universo, e

transformou-se o Sol e a Lua em duas criaturas dois irmãos gémeos, dois

amantes, com destinos muito semelhantes.

Estas duas crianças, tinham uma única missão, encontrar a quem pudessem

entregar os seus puderes.

A primeira criança a encontrar alguém, foi a Lua, que ao passar pela

Terra encontrou uma senhora, que já era mãe, e que seria avó em breve. A

criança que iria nascer, seria o grande pilar da portadora dos seus poderes, e

só mais tarde nasceria a grande portadora.

Lua foi ter com a senhora, a qual tinha o nome de Aesan.

-Olá, posso falar consigo?

Aesan fica surpreendida, mas disse que sim. – Olá menina, sim claro.

Em que a posso ajudar?

-Queira perguntar, o que faria se soubesse que, um dos seus netos

seria, a salvação deste Universo?

Aesan fica assustada, e admirada com a pergunta - Desculpe, como

assim?

-Tenha calma – Lua tenta acalmar – Já devia de imaginar a reacção. E

deve estar a pensar „ quem é esta maluca‟, ou „ onde apareceu isto‟. Eu

venho de muito longe, de um dos cantos do Universo. Eu e o meu irmão,

andamos fugidos de umas pessoas que nos querem matar, e apoderarem-se

dos nossos poderes, que podem ser capazes de acabar com tudo que

tenham vida, e com todo o Caos. Contudo, preferimos procurar alguém que

pode-se ficar com os nossos poderes. Não podemos arriscar que caia em

mãos maléficas. Tenho vindo a observar a vida aqui na Terra, e em você e

na sua família, encontrei o que acho ser fundamental para a inserção dos

poderes. – Aesan ouve atentamente tudo, - Depois de depositar os meus

poderes em alguém, serei morta, ou melhor posso morrer sem ter medo. Eu

sei que mais tarde, o portador do poder da Lua, e o portador do poder do

Sol se iram encontrar, por motivos que não serão os melhores, porque será

o sinal de que se irá aproximar um combate, mas de nada tem a temer. Os

meus poderes, e os poderes do meu irmão são os suficientes para acabarem

com esse combate.

-Então se são suficientes, porque é que vocês não acabam com isso

agora? – pergunta Aesan meia confusa.

-Porque… eu e o meu irmão, não podemos mais lutar contra isto, não

conseguimos manter a promessa feita em crianças. Prometemos que nunca

seriamos encontrados, e que nunca iríamos arriscar tanto, e quebramos isso

tudo. Arriscamos de mais, quase fomos mortos por causa disso, só não nos

mataram por causa de sermos portadores do que somos, mas morremos

nesse dia. Desde daí andam a trás de nós para nos roubarem os poderes, e

serem propriedade do mal.

-E o resto da vossa família? – Pergunta Aesan

Lua responde com uma lágrima no canto do olho. -Morreu… ao

tentarem ajudar-nos…

-Posso saber qual será o nome da portadora desse poder? – pergunta

Aesan

-A sua neta chamar-se-á de Annabethe, mas irá preferir que lhe

chamem de Anita.

-Que posso eu fazer?

-Apenas contar-lhe o que terá de fazer, e protege-la, acima de tudo.

Obrigada Aesan, pela sua compreensão. Tenho a certeza de que tudo ficará

bem. O meu corpo desaparecerá, mas eu irei me manter sempre por perto.

Com isto Lua deixou Aesan, depois de um enorme brilho, desapareceu, e

deixou nas suas mãos um envelope, viria tudo que seria necessário para os

primeiros tempos.

***********************************

Já Sol, encontrava-se a observar Caronte, um planeta secundário, mas

que lhe chamou a atenção. Depois de alguns dias, encontrou uma pequena

família, a quem lhe agradou o comportamento.

-Olá, posso falar contigo? – Disse o Sol ao chegar perto de um jovem

trabalhador.

-Olá. Diga, precisa de ajuda? – responde jovem.

-Hmmm, talvez. Que fazias se o teu filho fosse a pessoa ideal para

salvar o Universo da destruição?

O jovem ficou atrapalhado e confuso. – Como assim? Eu nem filhos

tenho, não posso ter filhos a minha espécie não me deixa.

-Srul, não digas que não podes, porque terás um filho, e será o

portador do meu poder. Quero que lhe dês isto á nascença – estica um

braço com um envelope - ele saberá o que é, e para o que servirá. Não te

preocupes com nada, ele será uma pessoa de que te poderás orgulhar. E já

agora, quando ele completar 18 anos de existência, não passará dai, será

como os vampiros, e será nessa altura que viajaram para a Terra, e

entregaram a sociedade de lá até encontrar a portadora do poder da Lua.

Juntos, salvaram o Universo da destruição total. Seu nome será Antromeu,

mas na Terra será chamado de Afonso. Não tenhas medo pelo, apenas

ajuda-o. Eu desaparecerei, melhor, o meu corpo irá desaparecer, mas estarei

sempre por perto, para ajudar sempre que puder.

Dizendo isto o Sol desapareceu, no meio de um enorme brilho.

Capítulo I

18 anos depois

Os anos foram passando, mas nem Aesan, nem Srul se esqueceram

da visita da Lua e do Sol, e o que acontecerá nesse dia. Passado dois anos

depois dessa visita, Aesan teve a sua neta Annabethe, e Srul o seu filho

Antromeu. Agora, ambos com 16 anos, e a viver em planetas distintos, mas

sem nenhuma ameaça para cada um.

Em Caronte

Antromeu, partiu numa viagem até á Terra, com 17 anos, seu pai

segui-o.

-Antromeu, vais ter de escolher um nome para viveres na Terra.

-Não te preocupes pai, já sei que nome escolher, irei me chamar de

Afonso. - diz Antromeu como se soubesse de tudo.

Srul fica surpreendido, e acha que esta é a altura certa para lhe revelar

a visita do Sol.

-Filho, tenho uma coisa para te contar.

-Diz pai.

-Há 18 anos atrás, recebi uma visita, uma visita diferente de todas que

alguém pode imaginar. Uma visita que mudará a minha vida. – faz uma

pausa e olha pela janela, como se estivesse a presenciar novamente essa visita

– Essa pessoa disse-me que ia ter um filho que iria salvar o Universo de cair

na escuridão. Que ele ia ser muito generoso, uma estrela de pessoa. Sabes

essa marca que tens, de um Sol? Não é uma marca qualquer.

Antromeu interrompe o pai. – Não, posso ser eu pois não?

-Sim filho, és mesmo tu. Trago comigo o que essa visita me deixou, a

pedra do poder do Sol, que te irei entregar agora mesmo. Terás de ter

cuidado, e protege esta pedra e a tua vida. Ele disse ainda que um dia irias

para o planeta Terra, e lá irias procurar a portadora do poder da Lua. Com

ela, vocês salvarão o Universo da escuridão que se aproxima.

Depois de Srul acabar de falar, um clarão iluminou a sala, e apareceu

uma forma de que Srul reconheceu logo. Foi então que o Sol apareceu para

falar com Antromeu.

-Obrigado Srul, escolheste a altura mais certa para contar a Antromeu

tudo. Eu já não existo, agora sou apenas esta ilusão de luzes que aqui está.

Olá Antromeu, acho que já percebeste quem eu sou. Sou o dono desse

poder que agora é teu, sou o Sol, ou melhor, fui o Sol, agora esse Sol és tu.

Com essa pedra terás um dos mais poderes que alguma vez observaste, mas

ela só e dará o poder “absoluto” quando encontrar a pedra da Lua, as duas

juntas são indestrutíveis, e acabará com a escuridão que se encontrar

próxima. Quando te cruzares com a portadora do poder da Lua irás

perceber quem é.

-Por que eu?

-Porque a tua vontade de viver é enorme. E esse poder precisa disso

mesmo, uma enorme vontade de viver, e de ajudar quem irá precisar de ti.

Dito isto, o Sol desapareceu da sala sem nada dizer, deixando

Antromeu a pensar nas suas últimas palavras.

-Pai, partimos amanhã para a Terra, esta bem?

-Sim filho, já está tudo pronto para isso.

******

Na Terra

Annabethe crescia a olhos vistos, era amada, e passava muito tempo

com o irmão, Johan. Aesan tivera que contar tudo a Johan visto que já estava

muito doente, e podia não sobreviver até a neta precisar de saber tudo,

contudo guardou a pedra da Lua, e o envelope que esta lhe tinha entregue.

Johan era mais velho que Annabethe dois anos, andavam sempre

juntos, fossem para onde fossem, eram as jóias dos lugares por onde

passavam.

-Annabethe chega aqui. – gritou Johan.

-Já vou. Não me chames assim, chama-me de Anita, é mais rápido.

-Ta bem, Annabethe. – Johan gostava de a enervar, pois sabia que ela

preferia que a chamassem de Anita, não só por ser mais rápido de dizer,

mas sim, porque nunca gostou muito do nome de Annabethe.

-Que querias ? – pergunta Anita meia irritada.

-Anda, vamos passear á beira-mar. Está uma noite magnífica para um

passeio desses, e eu sei que queres ir.

-Ganhas-te. Satisfeito senhor Johan?

-Muito menina Annabethe. Vá, vai buscar o casaco e vamos.

Enquanto Annabethe, quer dizer Anita foi buscar o casaco, Lua

apareceu a Johan, mais uma vez. Lua começou a aparecer-lhe e a conversar

com ele há já algum tempo, desde que Aesan lhe contou. Então desde daí

Lua achou que fosse mais seguro se falasse com ele.

-Johan, o portador da pedra do Sol, já sabe de tudo. Hoje mesmo foi

lhe tudo revelado. E amanhã partirá para cá.

-Já imaginava isso. Então quer dizer, que está tudo próximo?

-Creio que sim. Johan tenho que ir, ela vem ai, tem cuidado.

-Não te preocupes com isso Lua.

Depois disto, Lua desaparece, Johan fica a olhar para o céu, e Anita

aproxima-se.

-Já vi que hoje ta mesmo uma noite maravilhosa.

-Eu disse-te que sim. Alguma vez te menti?

-Não, nunca me mentiste mano. E eu adoro-te por isso.

-Tanto de adoro e muito maninha.

Lá foram estrada fora, até á praia. Estava um noite calma, cheia de

estrelas, e bem, era uma daquelas noites em que o mar estava mais sereno

do que nunca. Johan estava com medo, pois sabia que esta seria uma das

últimas vezes que ali iria, e que depois desse dia, não sabia como iria tudo

acontecer. Queria ajudar, e proteger a sua irmã para sempre, mas sabe que

não pode. Sim, Johan podia ver o futuro em certas alturas, e ele já sabia o

seu, e da maioria da sua família. Foi na sua primeira visão que Lua apareceu

á sua frente. Ele já tinha conhecimento da visita que a sua avó teve. Mas

nunca pensou, em ter ele também algum poder diferente. Desde daí tentou

proteger Anita de tudo que podia.

-Mano.

-Diz Anita.

-Nunca me deixes. Não quero que sejas como as estrelas. Hoje estão

num sítio, amanhã noutro. Quero-te sempre comigo.

Anita apanhou Johan desprevenido, sem estar á espera disto,

deixando o com as lágrimas nos olhos.

-Anita, eu irei estar sempre contigo. Mesmo que um dia nos

separemos, eu nunca te deixarei. Estarei sempre no teu coração, e o tu no

meu. Sempre que olhares para a Lua, lembra te que também estarei a olhar

para ti. Eu serei metade da Lua, e tu a outra metade.

Ambos começaram a chorar, e abraçaram-se no meio da praia.

Capítulo II

- Johan, porque estás a chorar?

-Por nada princesa… olha como esta a Lua, grande e brilhante, está a

olhar por ti.

Johan reparou que o ombro direito de Anita estava a brilhar tanto

como a Lua, sem ela se ter apercebido. Johan sabia o que isso significava, a

sua vida estava quase no limite, e ele tentava aproveitar ao máximo, e daria a

sua vida para salvar a sua irmã.

Acabaram por adormecer agarrados, no paredão da praia, onde

passaram a noite. Ninguém os procurara, pois era normal, mas esta seria a

última vez que isto iria acontecer, e todos sabiam.

-Anita, vamos para casa?

-Sim vamos Johan.

Lá foram para casa, Johan tentava aproveitar cada segundo que

passará com a irmã, tentava-se despedir, mas não consegui-a. Custava-lhe ver

uma lágrima a escorrer pelo rosto dela, doía mais do que a própria morte.

Quando chegaram a casa, foram tomar banho. Anita colocou um dos seus

mais belos vestidos, até parecia uma princesa. Existia música ambiente, o

normal em casa de Aesan, afinal de contas vivia lá um dos seres mais

importantes, um dos dois que iam salvar o Universo.

-Anita não te demores, anda, vamos chegar atrasados! – gritava a mãe

da porta de casa.

A família tinha combinado um passeio até á serra, como estava bom

tempo, ia ser uma viagem muito agradável.

-Já vou mãe, está quase.

-Rápido Annabethe!

Mal Anita entrou no carro, arrancaram. Iam todos muito animados,

só Johan é que ia mais triste, e Anita reparou bem nisso.

-Johan, que te preocupa?

-Nada princesa.

-Nada não, já não sou nenhuma criança, e consigo ver que não estás

bem.

-Não te preocupes, irá correr tudo bem. O teu futuro está… como hei

de dizer,… está a começar. E eu sei que já não és nenhuma criança, e isso

alegra-me, mas também me entristece, mas para mim, serás sempre a minha

maninha mais nova, aquela que odeia que a chame de Annabethe, aquela

que me faz rir, e que me acompanha. – com isto Johan aperta Anita contra

com o seu peito, e deixa cair várias lágrimas sobre a cabeça desta.

-Johan… não te consigo ver assim e tu sabes disso …

-Shh, não digas mais nada.

Der repente ouves se uma travagem a fundo, Johan abraça com mais

força Anita, pois sabe que chegou a hora, e assim a salvará.

Johan fecha os olhos, e ouve-se o embate dos carros.

-Anita!

E fica tudo em silêncio.

Começa-se a ouvir as ambulâncias. Começam-se a tirar os corpos, e a

serem levados nas ambulâncias.

***

No Hospital

Mantenho-me de olhos fechados, vou tentando detectar algum som

familiar. Lembro-me que estava abraçada a Johan, mas não sinto o abraço

dele.

-Johan?! – grito por ele, ainda de olhos fechados, não obtenho

resposta.

Abro os olhos á procura dele, não o vejo em parte alguma. Mas afinal

que faço eu num hospital? Onde esta Johan? Onde esta a minha mãe, meu

pai, minha avó?

-Está ai alguém? Respondam por favor!

De repente aparece uma enfermeira a minha frente.

-Ela já acordou… chamem o Dr…. – e não ouvi mais nada, nem tempo

me deu para lhe perguntar o que fazia ali.

Depois da enfermeira sair, apareceu uma médico, o Dr. Anderson.

-Ora, ora, a minha decidiu acordar. Como se sente?

-Que faço eu aqui? Que se passou? Onde esta Johan?

-Já tinha reparado que não te irias lembrar… mas queria falar acerca

disso mais tarde, será melhor para ti.

-Eu não quero mais tarde, eu quero saber agora, por favor…

-Annabethe …

-Anita.

-Anita, esta não é melhor altura para te contar, acabaste de sair de

coma, não queres voltar para lá pois não?

-Depende.

Não queria dar lhe hipóteses de fugir, queria saber a verdade, queria

saber onde estavam todos. Dr. Anderson pediu para que as enfermeiras

saíssem.

-Bom, queres mesmo que te conte agora?

-Sim.!

-Está bem, Anita. Há uma semana ias com a tua família, a caminho da

serra, quando de repente aconteceu um acidente, onde um camião embateu

com o carro onde ias. Desse acidente resultaram quatro mortos e uma

ferida. Deram contigo no braços de um rapaz, estavam de tal maneira

abraçados que parecia que ele já sabia o que ia acontecer e que te queria

proteger, e conseguiu.

Anita já chorava, pois sabia bem de quem o Dr. estava a falar.

-Quer dizer … que … eu … fui… a … única… sobre…vivente. O …

meu… irmão… m..morreu… para me … salvar… -um rio de lágrimas caiam-

lhe pelo rosto encharcando a camisa do hospital.

-Sim, Anita, parece que sim. Lamento imenso. Tens com quem ficar?

Não, não tinha com quem ficar. A minha única família ia toda naquele

carro, e morreram todos, menos eu, agora encontrava-me sozinha, sem

ninguém, sem Johan para me animar. A partir de agora estava por conta da

solidão.

-Sim tenho, eu fico com a minha tia.

-Pelo menos não estás sozinha. Vais cá ficar mais um dia ou dois, e

depois podes ir para casa da tua tia.

-Ok.

O Dr. Anderson saiu, e eu fiquem a chorar, e a tentar lembrar-me da última

noite passada com o meu irmão. “Ele já sabia que algo iria acontecer. Ele já

sabia que aquela seria a última noite dele, e a sua última viagem. Ele já

contava com isto tudo.”

Capítulo III

Enquanto Anita esteve no hospital, Afonso chegou á Terra. Instalou-

se, mas como o ano lectivo estava a acabar, apenas se inscreveu para o ano

seguinte. Já que vinha para a Terra, queria se aproximar o máximo possível

dos habitantes desta.

-Ainda bem que conseguimos fazer as equivalências de Caronte, assim

ninguém necessita de saber de onde venho.

-Filho, promete-me que irás ter cuidado, quando eu não estiver por

perto.

-Pai não te preocupes, eu aqui sou muito mais rápido, e muito mais

habilidoso que os outros, mas irei me parecer o máximo com eles.

-Está bem, mas tens cuidado sim?

-Está bem. Agora tenho que me preocupar a encontrar a portadora da

pedra da Lua. Será que ela já sabe disto tudo?

-Não sei, mas a marca já lhe deve ter aparecido quando a tua

apareceu. Por um lado é bom que a marca apareça num lugar escondido,

mas por outro, é complicado, para saberes que é essa pessoa.

-Creio que isso não seja o problema. Porque lembra te do que o Sol

disse, eu irei sentir algo que me diga quem é a pessoa que ando á procura.

Só tenho que esperar por isso, por esse sinal.

-Eu lembro-me, espero que não haja engano sobre isso.

-Também eu. Bem, vou dar uma volta, para conhecer este Mundo.

-Esta bem filho. Tem cuidado.

-Até logo pai.

Afonso estava curioso com este mundo, este planeta, era tudo tão

diferente ao planeta dele. Caminhou mais do que pensava, e quando

reparou, encontrava-se perto da água do mar, numa praia perto do centro da

cidade. Nunca tinha visto tal coisa, água que ia e vinha, ao sabor do vento, e

vento esse que lhe acariciava o rosto. Sim, já não se sentia Antromeu, mas

sim sentia-se como Afonso Willian, seria este o seu nome, enquanto

habitante da Terra, assim seria chamado, e assim seria conhecido mais tarde.

Deitou-se na branca areia que se encontrava junto do mar, e observou o céu,

ainda azul. Viu as várias formas das nuvens que se encontravam sobre si, e

começou a pensar, e a reflectir em como seria a sua vida a partir de agora.

Seria uma vida como qualquer habitante daquele novo planeta, viveria

ocupado com a sua nova vida de estudante, e viveria com um segredo e uma

enorme missão, que ainda não saberia como a cumprir. Afonso leva a mão

ao bolso, e encontra lá a pedra do Sol, aperta-a com a sua força máxima, e

questiona-se, como se estivesse a falar para o próprio Sol.

-E se estiver na cidade errada? Porque é que vim para esta? Não, eu

sei que é aqui que vou encontrar. A Lua não estará assim tão longe, mas se

estiver eu irei a encontrar. Este Planeta é grande, mas a minha vontade, a

minha teimosia, e resistência são maiores. Não irei desistir, não irei parar

enquanto não te encontrar, portadora da pedra da Lua.

O céu começou a mudar de cor, o que chamou a atenção de Afonso,

e se sentou para observar o sucedido, e reparou que o Sol estava a ficar

próximo do mar, e era esse fenómeno que fazia o céu mudar de cor. Em 18

anos nunca vira nada igual no seu planeta. Este era sem dúvida um plante

maravilhoso e mágico. Todas aquelas cores, e todo aquele ambiente o

fascinaram.

Voltou para casa pouco tempo depois do céu ter ficado azul escuro. Ia

todo animado, e queria lá voltar mais tarde, para observar aquele ambiente

de noite.

-Então filho, que achas da cidade?

-Muito fascinante.

-Ainda bem que te estas a dar bem.

-Sim pai, ainda bem. Vou descansar um bocado. Foi um dia cansativo.

-Vai lá filho.

Afonso subiu para o quarto. No planeta dele, ele nunca sentira tanto

cansaço, nem depois dos trabalhos esforçados que realizava. Mas este

planeta era diferente, tinha a sua própria resistência, e isso cansava qualquer

um.

Dirigiu-se para a janela, e observou que conseguia ver o local onde

esteve a tarde toda, e reparou que existia uma pequena ponte não muito

longe de sua casa, quer dizer, metade de uma ponte. É como se fosse uma

ponte sem saída, onde não se pode continuar, mas que mesmo assim, mais

de metade se encontra a dentro do mar. Reparou também num, pequeno

jardim que se encontrava a uns 100 metros da praia, Afonso pensou em lá ir

agora, mas encontrava-se cansado, e como estava a escurecer pouco iria

aproveitar desse passeio. Decidiu então deitar-se em cima da cama, e

reflectir sobre tudo isto.

***

Enquanto Afonso conhecia um novo planeta, novas coisas, Anita

recebia alta do hospital.

-Anita tens a certeza que não queres que te levem a casa da tua tia?

-Sim tenho, alias ainda vou passar por minha casa, para arrumar

algumas coisas para puder levar para casa dela.

-Pronto está bem. Fica bem pequenina.

-Obrigada por tudo Dr. Anderson.

Anita saiu do hospital, mal a porta se fechou, os seus olhos ficaram

encharcados em lágrimas. Começou a andar sem destino, até que preferiu ir

mesmo a casa, e pensar no que iria fazer a partir desse momento, sabia que

tinha coisas que a podiam ajudar.

Não encontrou ninguém no caminho até casa. Quando encontrou foi

a correr para o quarto de Johan, agora vazio, e silencioso. Deitou-se na cama

do irmão, e agarrou-se á sua almofada, e chorou até que acabou por

adormecer ali mesmo. A noite passou, e sem dar por ela, Anita passou a

noite a brilhar, mais do que qualquer outra luz, um brilho fascinante. Tinha

acabado de chamar o seu irmão para ali também, ele apareceu, mas

ninguém o podia ver, só Anita, mas esta também não o viu, porque ele não

deixou que isso acontece-se ainda. Iria aparecer um dia á frente dela, mas

ainda não, apenas quando ela precisar mesmo. A noite já ia no fim, Johan

deixou Anita, e foi até ao quarto dela, pois necessitava de deixar lhe um

bilhete, fazendo de conta que o tinha deixado antes de terem saído e antes

de se ter dado o acidente.

Anita acordou, já o dia ia alto. Acordou triste, pois sabia que se

encontrava sozinha. Foi tomar um banho, e reflectiu na sua vida.

-Não posso mais ser a Annabethe, não o consigo ser. Passarei a ser

Anita, apenas Anita. Uma rapariga que a doçura desapareceu, e o seu

coração quente, gelou, ficando numa pedra de gelo, sem conseguir ser

moldado. A rapariga alegre, desaparecerá, o preto e a solidão serão a minha

única fuga. Irei apagar a luz que diziam que eu emanava, era o meu irmão o

meu motivo de alegria, agora deixei de ter esse motivo, essa energia. Deixei

de ser quem era. Sem ele, eu também morro, eu morri naquele acidente

com ele.

Saiu do banho, e foi para o seu quarto. Ao abrir a porta lembra-se da

alegria que era ao ver aquela iluminação que só o seu quarto tinha, o brilho

do Sol e da Lua entravam de tal maneira naquele lugar, que ficava o lugar

mais bonito que alguma vez tivera visto. Mas isso ia acabar, ia deixar de ver

aquela alegria que aquela luz lhe dava. Ainda era uma luz muito quente

quando batia na sua pele, ainda parecia mais quente que alguma vez, mas

não podia ficar naquela casa, nem naquela cidade.

Ao olhar para a cama depara-se com uma caixa, e com um envelope.

-Não me lembro de ter visto isto aqui antes.

Senta-se ao lado, pega no envelope e repara que é a letra de Johan, os

olhos enchem-se novamente de lágrimas. Anita abre o envelope, e lê o que

está escrito.

“Querida maninha, desculpa ter te deixado sozinha. A verdade é que

eu não podia fugir desta morte, ou morria eu, ou morrias tu, e tu não podes

morrer. É precisa ainda vida. Nessa caixa esta a razão de que precisas de

viver, desculpa nunca te ter dito nada antes. Annabethe, não deixes de viver,

luta por favor. Tu és muito importante para este mundo, para o Universo.

Um dia irás me encontrar, não em carne e osso como tu, mas noutra

maneira. Enquanto estás a ler esta carta, eu estou á tua frente, ainda não me

consegues ver, mas conseguiras sentir-me perto. A vida não será fácil a partir

de agora, mas de uma cosia eu tenho a certeza, tu iras sobreviver, e iras

brilhar mais do que alguma vez brilhaste. És a luz da noite, a mais brilhante

de todas, és a Lua, e não uma estrela qualquer. Nunca estarás sozinha,

querida maninha. Do teu irmão que te ama. Johan”

Anita nem queria acreditar que afinal era verdade, Johan morreu para

ela viver. Assim pegou na caixa e abriu-a, encontrou outro envelope, e um

embrulho por baixo deste. Pegou primeiro no envelope, e abriu-o.

“Olá maninha, mais uma vez, queria estar contigo quando abrisses

esta caixa, ou melhor quando abrisses esse embrulho, e contar te tudo, mas

é me impossível fazer isso. Pega no embrulho e abre-o, irás encontrar uma

pequena pedra, chamada pedra da Lua. Vou te contar a história dessa pedra.

Há mais ou menos 18 anos atrás, a avó Aesan recebeu uma visita especial,

essa visita era a Lua, sim a própria Lua foi ter com a nossa avó e disse-lhe

que iria ter dois netos muito corajosos, mas, principalmente a sua neta seria

uma das peças mais importantes, pois seria a portadora da pedra da Lua, do

sei poder todo. Disse que era obrigada a depositar o seu poder em alguém

poderoso de alma, e com uma enorme energia e brilho, esse brilho viu em

ti. Então essa pedra dá-te duas missões. Difíceis? Um pouco, mas

conhecendo-te como te conheço, não serão tão difíceis. A primeira missão

era encontra o portador do poder do Sol, o Sol era o irmão da Lua, juntos

completarão a segunda missão que será a grande batalha, manter as pedras

juntas, e protegidas, iluminar todo o Universo, e não deixar nada nem

ninguém na escuridão. Annabethe, o portador da pedra do Sol também

andará á tua procura. E eu estarei sempre perto de ti, nunca te deixarei,

apenas não me irás ver, mas eu estarei sempre ao teu lado. Amo-te maninha,

sê forte.

Johan”

Anita pega na pedra, e aperta-a o mais que puder.

-Foi por causa disto que ele morreu? Eu não acredito. Como é que

ele quer que eu seja forte sem ele? Eu simplesmente não consigo. Mano! Eu

preciso de ti, aqui, comigo!

Ao dizer isto, sentiu alguma coisa a tocar na sua mão, mas não via

ninguém, ficou assustada, mas de repente, começaram a aparecer letras na

parte de trás da carta, que diziam assim:

“Annabethe, não ponhas as culpas a essa pedra, nem em ninguém.

Fui eu que quis que fosses tu, há 18 anos atrás existiu uma escolha, era eu,

mas era demasiado para mim, eu não tinha o brilho necessário. Então fiz ver

á Lua que eu não era a pessoa que ela procurava, mas sim tu. Anita, não

tivesse existido essa escolha antes, eu faria exactamente o mesmo, morria

para te salvar. Lembra-te de uma coisa, sempre que olhares para o mar, ou

para a Lua, lembra te daquela última noite, aquele passeio pela praia, e

lembra-te ainda que eu estarei presente na Lua, ao olhares para lá, estarás a

olhar para mim também. E mais ainda, eu estarei sempre aqui para o que

precisares, nunca ficarás sozinha, eu nunca deixarei isso acontecer.”

-Mano!

Anita chorava sem parar, e apertou a pedra, e colocou-a no bolso.

Levantou-se, pegou na mala que se encontrava perto da janela, e encheu-a

com alguma roupa, mas nada de roupa alegre e colorida. Foi até á cómoda,

Abreu a segunda gaveta e tirou de lá uma caixa, que continha algum

dinheiro.

-Chegará, pelo menos para alguma coisa.

Johan não iria deixar Anita apenas com alguma coisa, e antes disto

tudo acontecer, foi guardando algum dinheiro, e então no espelho do quarto

de Anita apareceu escrito.

“…Vai ao meu quarto, na cómoda perto da janela, abre a primeira

gaveta e tira de lá uma caixa prateada…”

-Óh Johan, já chega teres morrido por minha causa, agora também

poupaste dinheiro?

“ E não fui o único. Debaixo da almofada da cama da avó também

encontrarás um envelope, e no guarda-roupa do quarto do pai e da mãe,

estará um saco para ti…”

-Eu não acredito! Todos sabiam que isto iria acontecer um dia,

menos… menos eu?

“Desculpa, teve de ser…”

Depois de ter ligo o que o irmão lhe queria dizer, foi a cada quarto, e

viu que as quantias que lá se encontravam não eram pequenas, até tinha

medo de andar com elas, mas tinha que ser.

-E agora? Para onde vou?

“Vais para um lugar, onde possas ter o mar perto de ti, e claro, irás

para a escola para acabar o 12º, e no meu disto tudo, irás procurar o

portador da pedra do Sol…”

Anita aceitou a proposta do irmão.