desenho de reservas - Universidade Federal de Minas...

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1 Reservas Reservas : : desenho desenho e seu papel na e seu papel na conserva conservaç ão ão Alta taxa de destrui Alta taxa de destruição de ão de ambientes naturais ambientes naturais Áreas Protegidas ou reas Protegidas ou Unidades de Conserva Unidades de Conservação ão (UC), como são chamadas (UC), como são chamadas no Brasil, atendem no Brasil, atendem à necessidade de se conservar necessidade de se conservar amostras intactas de amostras intactas de ambientes naturais que, de ambientes naturais que, de outra forma, estariam outra forma, estariam sujeitos sujeitos à degrada degradação ão ambiental e perda de ambiental e perda de esp espécies. cies. Efetividade vem sendo Efetividade vem sendo debatida debatida mero, formato e tamanho mero, formato e tamanho SLOSS? Single large or several small? (uma grande ou várias pequenas?) Vantagens de reservas grandes – Menor efeito de borda – Comporta maiores populações – Comporta populações de espécies com grandes requerimentos de habitat – Menores custos de patrulhamento 10.000 km 2 – 400 km perímetro – 9.900 km internos (trilhas a cada 1 km) 100 de 100 km 2 – 4.000 km perímetro – 9.000 km internos (trilhas a cada 1 km)

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ReservasReservas: : desenho desenho e seu papel na e seu papel na conservaconservaççãoão

•• Alta taxa de destruiAlta taxa de destruiçção de ão de ambientes naturaisambientes naturais

•• ÁÁreas Protegidas ou reas Protegidas ou Unidades de ConservaUnidades de Conservaçção ão (UC), como são chamadas (UC), como são chamadas no Brasil, atendem no Brasil, atendem àànecessidade de se conservar necessidade de se conservar amostras intactas de amostras intactas de ambientes naturais que, de ambientes naturais que, de outra forma, estariam outra forma, estariam sujeitos sujeitos àà degradadegradaçção ão ambiental e perda de ambiental e perda de espespéécies.cies.

•• Efetividade vem sendo Efetividade vem sendo debatida debatida

•• NNúúmero, formato e tamanhomero, formato e tamanho

SLOSS?• Single large or several small? (uma grande ou várias pequenas?)

• Vantagens de reservas grandes– Menor efeito de borda

– Comporta maiores populações

– Comporta populações de espécies com grandes requerimentos de habitat

– Menores custos de patrulhamento

• 10.000 km2

– 400 km perímetro

– 9.900 km internos (trilhas a cada 1 km)

• 100 de 100 km2

– 4.000 km perímetro

– 9.000 km internos (trilhas a cada 1 km)

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SLOSS?• Single large or several small? (uma grande ou várias pequenas?)

• Vantagens de várias reservas pequenas– Abrange maior variedade de condições ambientais• Maior diversidade

• Menor risco de condições extremas dizimar toda população

– Eventos de extinção podem ser contrabalançados por imigração

– Doenças e catástrofes atingem somente parte das populações

Seleção de áreas para conservação

• Tamanho• Conectividade• Representatividade• Diversidade• Desenho• Limites• Endemicidade e raridade• Grau de ameaça

• Reservas cobre 8% Tailândia, mas incluem 88% das aves residentes

• Zaire tem mais de 1000 spp. de aves, 89% ocorrendo em 3,9%de área de reservas; Quênia – 85% em 5,4%

• Costa Rica – Santa Rosa tem 0,2% da área e 55% dos Sphingidae do país

Efetividade das UCs

• Efetividade de UCs no mundo Bruner et al.– 93 UCs em 22 países

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Tamanho das UCs no mundo

Situação no Brasil?

Histórico da Conservação no Brasil

• Década de 30: primeiros parques criados no Brasil:

1937-Parque Itatiaia

1939- Parque Iguaçu, Serra dos Órgãos e Sete Quedas

• De 1974 a 1989, unindo esforços do SEMA e IBDF, foram criados 22 Parques Nacionais, 20 reservas biológicas e 25 Estações Ecológicas.

• Em 1990 foram decretadas 6 unidades de conservação no Amazonas e em 2003 foram decretadas mais sete, totalizando uma área de 155.858 km2.

• Em 2000 o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) foi oficialmente instituído por lei. O SNUC reconhecia as RPPN’s.

Proteção Integral• Parques

• Estações Ecológicas

• Reservas Biológicas

• Monumentos Naturais

• Refúgios de Vida Silvestre

• Reservas Particulares do Patrimônio Natural

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Uso sustentável

• Áreas de Proteção Ambiental

• Áreas de Relevante Interesse Ecológico

• Florestas Nacionais

• Reservas Extrativistas

• Reservas de Fauna

• Reservas de desenvolvimento sustentável

Table 1. Area occupied by Conservation Units and proportion of cTable 1. Area occupied by Conservation Units and proportion of conserved lands in onserved lands in each Brazilian Biome. each Brazilian Biome.

3.583.5830,534,645.6730,534,645.67853,530,641.41853,530,641.41TOTALTOTAL

78,875.0078,875.0000CerradoCerrado--AtlAtl. Forest. Forest

2.582.58352,679.42352,679.4213,684,530.2613,684,530.26PantanalPantanal

1.711.711,889,000.611,889,000.61110,626,617.41110,626,617.41Atlantic Atlantic

9.979.97503,967.77503,967.775,056,768.475,056,768.47Costal areasCostal areas

1.621.62233,833.73233,833.7314,458,259.6314,458,259.63CaatingaCaatinga--AmazonAmazon

0.370.3763,168.2763,168.2717,137,704.5417,137,704.54Campos Campos sulinossulinos

2.032.033,999,413.713,999,413.71196,776,092.28196,776,092.28CerradoCerrado

1.081.08796,058.92796,058.9273,683,115.5373,683,115.53CaatingaCaatinga

1.921.92220,446.12220,446.1211,510,813.0011,510,813.00CerradoCerrado--Caatinga Caatinga

5.175.172,155,339.742,155,339.7441,700,717.9241,700,717.92CerradoCerrado--AmazonAmazon

5.495.4920,241,862.3820,241,862.38368,896,022.37368,896,022.37AmazonAmazon

% total% totalProtected area (ha)Protected area (ha)Area occupied (ha)Area occupied (ha)BiomeBiome

*= Transition zones.

Figure 1. Area in Conservation Units in each Biome in Brazil.Figure 1. Area in Conservation Units in each Biome in Brazil.

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

Amazon

Cerrado

Cerrado/Amazon

Atl. Forest

Caatinga

Coastal areas

Pantanal

Cerrado/Caatinga

Cerrado/Atl.

Forest

Campos sulinos

Caatinga/

Amazon

Biome

Area (ha) Federal

State

Total

Figure 2. Average size of the Conservation Units in each Biome iFigure 2. Average size of the Conservation Units in each Biome in Brazil.n Brazil.

0100000200000300000400000500000600000700000

Amazon

Cerrado-Amazon

Cerrado-Caatinga

Caatinga

Cerrado

Campos sulinos

Coastal

Atlantic Forest

Pantanal

Cerrado-Atl. Forest

Biomes

Area average (ha)

Figure 3. Size distribution of the federal public CUs in Brazil.Figure 3. Size distribution of the federal public CUs in Brazil.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

<1000

up to 5000

up to

10000

up to

50000

up to

100000

up to

500000

up to

1000000

> 1000000

Size (ha)

Number

Amazon

Cerrado

Atlantic Forest

Caatinga

Coastal areas

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No Plan

Old Plans

Recent Plans

Precarious

Minimum

Reasonably

CarnivororesCarnivorores in in ConservationConservationUnitsUnits

DDDDOlingoOlingoBassaricyonBassaricyon gabbiigabbii

DDDDAmazonAmazon weaselweaselMustelaMustela africanaafricana

DDDDShortShort--earedeared dogdogAtelocynusAtelocynus microtismicrotis

NTNTGeoffoyGeoffoy’’s s catcatLeopardusLeopardus geoffroyigeoffroyi

NTNTRiverRiver otterotterLontra Lontra longicaudislongicaudis

NTNTPumaPumaPuma Puma concolorconcolor

VuVuGiantGiant otterotterPteronuraPteronura brasiliensisbrasiliensis

VuVuPampas Pampas catcatLynchailurusLynchailurus colocolocolocolo

VuVuOncillaOncillaLeopardusLeopardus tigrinustigrinus

VuVuMargayMargayLeopardusLeopardus wiediiwiedii

VuVuOcelotOcelotLeopardusLeopardus pardalispardalis mitismitis

VuVuPumaPumaPuma Puma concolorconcolor capricornensiscapricornensis

VuVuPumaPumaPuma Puma concolorconcolor greenigreeni

VuVuJaguarJaguarPantheraPanthera oncaonca

VuVuBush Bush dogdogSpeothosSpeothos venaticusvenaticus

VuVuManedManed wolfwolfChrysocyonChrysocyon brachyurusbrachyurus

3,43,4PteronuraPteronura brasiliensisbrasiliensis

10,310,3LynchailurusLynchailurus colocolocolocolo

10,310,3SpeothosSpeothos venaticusvenaticus

13,813,8PantheraPanthera oncaonca

17,217,2LeopardusLeopardus tigrinustigrinus

17,217,2LeopardusLeopardus wiediiwiedii

69,069,0LeopardusLeopardus pardalispardalis

72,472,4Lontra Lontra longicaudislongicaudis

79,379,3Puma Puma concolorconcolor

100,0100,0ChrysocyonChrysocyon brachyurusbrachyurus

Cerrado (29)Cerrado (29) AtlanticAtlantic Forest (13)Forest (13)

7,77,7SpeothosSpeothos venaticusvenaticus

23,123,1PteronuraPteronura brasiliensisbrasiliensis

23,123,1ChrysocyonChrysocyon brachyurusbrachyurus

38,538,5LeopardusLeopardus wiediiwiedii

46,246,2PantheraPanthera oncaonca

46,246,2LeopardusLeopardus tigrinustigrinus

53,853,8Lontra Lontra longicaudislongicaudis

69,269,2Puma Puma concolorconcolor

69,269,2LeopardusLeopardus pardalispardalis

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AmazonAmazon (7)(7)

14,314,3ChrysocyonChrysocyon brachyurusbrachyurus

28,628,6BassaricyonBassaricyon gabbiigabbii

42,942,9MustelaMustela africanaafricana

42,942,9AtelocynusAtelocynus microtismicrotis

57,157,1LeopardusLeopardus tigrinustigrinus

85,785,7Puma Puma concolorconcolor

85,785,7PantheraPanthera oncaonca

85,785,7LeopardusLeopardus wiediiwiedii

85,785,7LeopardusLeopardus pardalispardalis

85,785,7Lontra Lontra longicaudislongicaudis

100,0100,0PteronuraPteronura brasiliensisbrasiliensis

100,0100,0SpeothosSpeothos venaticusvenaticus

0000003 / 13 / 1001,666,600 / 1,666,600 / 4,166,700*4,166,700*

PantheraPanthera oncaonca

0000003 / 13 / 1001,250,000 / 1,250,000 / 3,125,000*3,125,000*

Puma Puma concolorconcolor

001 / 11 / 11 / 01 / 025 / 1625 / 1612 / 512 / 5138,900 / 138,900 / 347,200*347,200*

HerpailurusHerpailurus yagouaroundiyagouaroundi

003 / 13 / 12 / 02 / 027 / 2127 / 2112 / 612 / 6108,700 / 108,700 / 271,700*271,700*

LeopardusLeopardus pardalispardalis

FelidaeFelidae

00------33500,000500,000ChrysocyonChrysocyon brachyurusbrachyurus

CanidaeCanidae

?1?15510103232191920,80020,800GalictisGalictis vittatavittata

1155223131151550,00050,000Eira Eira barbarabarbara

-- (3)(3)99----20203,6003,600ConepatusConepatus semistriatussemistriatus

MustelidaeMustelidae

226614143232191913,20013,200ProcyonProcyon cancrivoruscancrivorus

----25253232--2,1002,100PotosPotos flavusflavus

33992424323220203,3003,300NasuaNasua nasuanasua

ProcyonidaeProcyonidae

CS CS (4)(4)

Ca Ca (11)(11)

AF AF (27)(27)

AmAm(33)(33)

CeCe(21)(21)

Area needed Area needed (ha):(ha):N = 500N = 500

SPECIESSPECIES

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Perspectives to Perspectives to thethe futurefuture

•• CreationCreation of CUs of CUs ((largelarge, , connectedconnected))

•• ManagementManagement PlansPlans

•• AmplificationAmplification of of thetheknowledgeknowledge

•• ManyMany CUs CUs createdcreated in in lastlast yearsyears, some , some largelargeandand withwith connectionconnectionwithwith othersothers

•• ManagentManagent PlansPlans beingbeingelaboratedelaborated

RecomendationsRecomendations TendenciesTendencies

Paradigma de conservação

• Modelo Americano;• Wilderness X Civilização urbano-industrial;• Modelo copiado na Europa e em países

em desenvolvimento;• Mito da natureza intocada;• Decisões legais implantadas de forma

vertical;• Dicotomia: Homem x Natureza;

Os objetivos que justificaram a criação das primeiras áreas protegidas – os

parques nacionais, a partir do final do século XIX – eram considerados

incompatíveis com a ocupação humana em seus limites (Brito, 2000).

Yellowstone National Park (U.S. National Park Service)

Unidades de Conservação

Paradigma de conservação

Beneficiados

-Populações urbanas (turismo ecológico);

- Futuras gerações;

- Equilíbrio ecossistêmico;

- Pesquisas científicas.

Prejudicados

- Populações locais

Paradigma de conservação

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• Criminalização de atividades tradicionais:

- Caça, pesca e utilização de recursos da floresta;

- Criação de animais domésticos;

- Corte de lenha;

- Construções familiares;

• Responsabilizados pela degradação ambiental;

Homem e o Meio Ambiente

A visão do homem e o meio ambiente é bem controversa, apresentando duas vertentes opostas:

■A percepção da natureza como algo exterior ao ser humano e este como um ser exterior à natureza.

■O homem faz parte da natureza, portanto deve-se valorizar os conhecimentos e práticas das sociedades tradicionais.

A partir dos anos de 1970, essa perspectiva foi sendo substituída pela

possibilidade de manutenção da ocupação humana em áreas protegidas

mediante o controle do uso dos recursos naturais.

Isso pode ser observado na mudança das diretrizes de organismos

internacionais, particularmente da IUCN, referência internacional das

diretrizes das áreas protegidas, que condicionou a ocupação ao uso

sustentável dos recursos naturais, garantindo assim a prioridade da

conservação (Diegues, 2000).

Unidades de Conservação

Nos anos 70 comeNos anos 70 começçouou--se a dar atense a dar atençção para os problemas ão para os problemas

envolvendo populaenvolvendo populaçções tradicionais que estavam dentro das ões tradicionais que estavam dentro das ááreas de reas de

proteproteçção ambiental. A Organizaão ambiental. A Organizaçção Educacional, Cientão Educacional, Cientíífica e Cultural fica e Cultural

das Nadas Naçções Unidas (UNESCO) ao lanões Unidas (UNESCO) ao lanççar o programa ar o programa ““O Homem e a O Homem e a

BiosferaBiosfera”” (MAB) foi uma das pioneiras a tentar integrar as atividades (MAB) foi uma das pioneiras a tentar integrar as atividades

humanas, a pesquisa e a protehumanas, a pesquisa e a proteçção do meio ambiente natural em um ão do meio ambiente natural em um

úúnico lugar, destinando um nnico lugar, destinando um núúmero de Reservas da Biosfera para esses mero de Reservas da Biosfera para esses

fins (BATISSE, 1997 apud fins (BATISSE, 1997 apud PRIMACK & RODRIGUES, 2001).PRIMACK & RODRIGUES, 2001).

O Homem como parte da natureza

Em 1971, a Unesco elaborou o programa Man and Biosphere (MAB), cujo

objetivo era encontrar uma relação de equilíbrio entre desenvolvimento

econômico e conservação ambiental.

Unidades de Conservação

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Este programa definiu, em 1976, o conceito de Reserva da Biosfera como

forma de alcançar a “otimização da relação homem-natureza”.

Tais reservas seriam “exemplos de gestão harmoniosa de diferentes culturas

[...] sítios de experimentação do desenvolvimento sustentado e [...] centros de

monitoramento, pesquisa e educação ambiental” (Brito, 2000, p. 29).

Por meio do zoneamento estas seriam áreas preservadas sem ocupação

humana, cercadas por “zonas- tampão”, que poderiam ser habitadas.

Unidades de Conservação

Essas propostas respondiam aos efeitos da exclusão de populações que

viviam nos parques, uma vez que o seu deslocamento e as restrições de

uso de recursos naturais em áreas protegidas demonstraram ser uma

ameaça à reprodução de populações consideradas tradicionais,

geralmente já castigadas pela pobreza.

Unidades de Conservação

Além disso, observou-se que as práticas produtivas dessas

populações eram incompatíveis com os objetivos da conservação

(Diegues, 2000).

Unidades de Conservação

O Brasil incorporou as reflexões

sobre ocupação humana em UC,

seguindo o programa Man and

Biosphere, a partir dos anos de

1980, e elaborou sua primeira

proposta de criação de um Sistema

Nacional de Unidades de

Conservação, com categorias nas

quais o uso sustentável era

permitido (Brito, 2000).

Unidades de Conservação

O conceito de reserva extrativista surge em 1987 como uma resposta ao processo de expropriação das terras ocupadas pelos extrativistas no estado do Acre.

Sua função primária era de regularização fundiária e não como unidade de conservação, uma vez que ela constituía um instrumento para a regularização de áreas ocupadas por grupos sociais que têm como fonte de sobrevivência produtos nativos da floresta e que realizam exploração econômica sustentável dos mesmos.

Questão indígena

• "Para os povos indígenas, a terra é muito mais do que simples meio de subsistência. Ela representa o suporte da vida social e está diretamente ligada ao sistema de crenças e conhecimento. Não é apenas um recurso natural - e tão importante quanto este - é um recurso sócio-cultural" (RAMOS, Alcida Rita - Sociedades Indígenas).

• As terras indígenas são bens da União, inalienáveis e indisponíveis e os direitos sobre elas imprescritíveis, embora os índios detenham a posse permanente e o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos existentes em suas terras.

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• Há ocupação Indígena em áreas de proteção integral: índios Guarani no Parque Nacional Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul; índios Javaé no Parque Nacional do Araguaia, situado na Ilha do Bananal; índios Raposa Serra do Sol, no Parque Nacional Monte Roraima; índios Guarani, no Parque Nacional de Superagui, no Paraná e índios Pataxó e Pataxó Hã-Hã-Hãe, no Parque Nacional do Monte Pascoal, na Bahia, entre outros. (ARAÚJO Inwww.ibap.org/direitoambiental/artigos/ua01.doc )

• Muitas vezes o interesse indígena é compatível com os interesses conservacionistas, outras vezes não.

• A conservação de áreas indígenas é de extrema importância devido à sua grande extensão territorial.

Presença humana em UCs....

O contraponto

• UCs proteção integral – 3,5%

• TI – 11% (20% Amazônia)

• Pequenas áreas fragmentadas – enfoque em paisagem

• Muitas espécies não conseguem sobreviver sob ação de certas atividades humanas

• O que são populações tradicionais?• Seringueiros

– Vinculação com economia de mercado– Descendentes de nordestinos que chegaram

na região após 1870 (Martinello 1988)

• Caiçaras – N SP e S RJ: originários do colapso das

fazendas de café e açúcar no início do século XX

– S SP: originários do colapso do cultivo de arroz e banana para exportação (França1954, Mussolini 1980, Marcílio 1986, Sanches1997).

• Ñ incorram em degradação ambiental e superexploração de recursos

• Práticas que ameacem a sustentabilidadesejam evitadas

• Evitar usar recursos que estejam diminuindo

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Desmistificando o “bom selvagem”

• Extinção da Megafauna (Pleistoceno-Holoceno)

• Ruptura de processos ecológicos e diminuição de recursos para algumas espécies

• Populações polinésias extinguiram cerca de 2000 sp de aves das ilhas do Pacífico (entre 1600 e 1980, 88 sp e 83 sub sp extintas)

• Extinção dos moas em 100 anos...

• Populações pré-descobrimento

• 54 milhões de pessoas nas Américas, 7 milhões na Amazônia – 15 hab/km2 nas várzeas

• Áreas florestadas em algumas partes do continente eram menores do que 2 séculos depois

• Colapso dos maias e outras civilizações

• Extinções na mata atlântica

• Ararauna – arara negra com reflexos verdes, pés amarelos e bico vermelho

• Anapuru – papagaio multicolorido

• Jaguaruçu – mamífero semi-aquático

•• AlteraAlteraçção aumenta biodiversidade...ão aumenta biodiversidade...

•• Agricultura de coivaraAgricultura de coivara

•• Mito da natureza intocadaMito da natureza intocada

•• Atual atividade das CT não Atual atividade das CT não éé sustentsustentáável vel e leva a extine leva a extinçção local vão local váárias rias sppspp

•• ExceExceçções: baixas densidades, não uso de ões: baixas densidades, não uso de armas de fogo, fonte prarmas de fogo, fonte próóximaxima

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• Preferências por fêmeas grávidas por serem mais gordas e melhor sabor

• Waimiri-Atroari – 80% dos 421 macacos-aranha caçados por 5 aldeias em um ano eram fêmeas

• Sustentável????

• Mudanças culturais

• Economia de mercado

• Novas tecnologias

• As RESEX funcionam? Área derrubada, incêndios, caça de spp protegidas

• Picinguaba: casas vendidas, extração ilegal de palmito,desmatamento, caça ilegal...

• Art. 23. A posse e o uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais nas Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável serão regulados por contrato, conforme se dispuser no regulamento desta Lei.

• § 1o As populações de que trata este artigo obrigam-se a participar da preservação, recuperação, defesa e manutenção da unidade de conservação.

• § 2o O uso dos recursos naturais pelas populações de que trata este artigo obedecerá às seguintes normas:

• I - proibição do uso de espécies localmente ameaçadas de extinção ou de práticas que danifiquem os seus habitats;

• II - proibição de práticas ou atividades que impeçam a regeneração natural dos ecossistemas;

• III - demais normas estabelecidas na legislação, no Plano de Manejo da unidade de conservação e no contrato de concessão de direito real de uso.

Parque Nacional Monte PascoalParque Nacional Monte Pascoal

• Existe a sobreposição de terras indígenas com as terras do Parque.

• Parques Nacionais são áreas de proteção integral, sendo assim destinam-se a fins científicos, culturais, educativos e recreativos. São objeto de preservação permanente, submetidas à condição de inalienabilidade e indisponibilidade no seu todo.

• Sendo um Parque Nacional, então, a utilização dos recursos do Parque Nacional Monte Pascoal pelo índios é ilegal.

• A sobreposição dos territórios gera um grande conflito na área.

(Fonte: ARAÚJO, U. In www.ibap.org/direitoambiental/artigos/ua01.doc

• Quando o PNMP foi criado em 1961 havia um grupo de 152 Pataxós próximos à vila de Caraíva, utilizando uma área de 200 ha.

• Habitantes históricos da região eram os Tupiniquim e a ocupação Pataxó data de 1861, qdo o governo da província da Bahia reuniu comunidades indígenas dispersas em um único aldeamento perto de Porto Seguro

• Perda cultural, tentativa de ONGs em reconstituir a identidade

• Crescimento de 1500% da população após criação do Parque...

• 1980 8.627 dos 22.500 ha do Parque desmembrados e alocados para uso dos Pataxó, que se engajaram em vender a madeira e desmatar a área

• 1990 havia 2.100 Pataxós no Parque...• 5 mil ha desmatados, incêndios no Parque (“retirada de

madeira morta”), venda de animais silvestres

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• 1999 – 300 Pataxós invadiram a sede do Parque e expulsaram os funcionários do IBAMA

• Indigenistas afirmavam que os Pataxóshabitavam o Parque qdo os portugueses chegaram e que estavam protegendo o Parque!!!

Guaranis e a Mata Atlântica

• MA ocupada tradicionalmente por povos Tupi (Tupinambás em São Paulo)

• Carijó (Guarani) do sul de Cananéia ao RS

• Jê (Goitacá) foz do Paranaíba e Doce

• 1921, grupo Guarani oriundo do Py, atravessa Paraná e chega ao litoral paulista

• Outros se seguiram

• Extração de orquídeas e bromélias, caça de muriquis, retirada de palmito de EE Juréia-Itatins

• 1992 – ocupação do PN Superagui. Índios de SC e RS transportados para o Pareuq pela FUNAI. Não havia ocupação indígena antes da criação do Parque.

• Tráfico de animais (inclusive L. caissara)• Ocupação parece se originar de cisões e

orientação da FUNAI em ocupar UCs• 2000, após cisão de aldeia Bananal (Peruíbe),

sugestão da FUNAI e MP foi instalar os expulsos na EE Juréia-Itatins (o que acabou não ocorrendo)

• Fim de 1992, 4 índios levados por ONG (em barco próprio) para o PE Ilha do Cardoso. 2000: 75 índios

• Número de Tayassu caçados era 3x a taxa de desfrute, corte de palmeiras, tráfico de animais... Hoje, diminuição da fauna de carnívoros

• Após cisões, outras UCs ocupadas, mas terras particulares não....

Reserva de Desenvolvimento Reserva de Desenvolvimento

SustentSustentáável de vel de MamirauMamirauáá

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Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

No início da década de 90, concomitante aos inúmeros esforços

realizados para implementar as primeiras reservas extrativistas, e aos

numerosos debates entre aqueles que acreditavam na viabilidade do

modelo extrativista (Allegretti, 1989; Ab’Saber, 1992; Schwartzman,

1992; Menezes, 1994), e aqueles que duvidavam (Browder, 1992;

Homma, 1989 e 1992), estava em gestação o conceito de reserva

de desenvolvimento sustentável.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

A solicitação para a criação da Estação Ecológica do Lago Mamirauá foi resultado dos estudos que o biólogo José Márcio Ayres realizou na área com Uacari-branco(Cacajao calvus), nos anos de 1983 e 1984 (Ayres, 1985).

Em 1990, foi criada a Estação Ecológica Mamirauá.

Por ser uma área inundável, Mamirauá é considerado um

ambiente raro, com muitas espécies endêmicas adaptadas ao ambiente.

Sendo assim, em 1990 foi criada a Estação Ecológica de Mamirauá com

1.124.000 ha por influência do Dr. Ayres.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

Nos próximos anos, os pesquisadores do Projeto Mamirauá, liderados por J. M. Ayres e pela antropóloga Deborah de Magalhães Lima, desenvolveram junto à população local um modelo de reserva onde, tanto o manejo dos recursos, como a gestão da área seria realizada em parceria com os moradores da área.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

Este processo culminou com a transformação da EEM em Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (1996).

Mais tarde, o modelo seria incorporado no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei n.º 9.985, 18 de julho de 2000).

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

Contudo, seu caráter pioneiro não está em manter as populações na área, nem na permissão destas utilizarem os recursos naturais locais, mas sim no intenso e prolongado programa de pesquisa implantado, que envolve e apóia as comunidades locais mostrando que a conservação pode estar relacionada ao desenvolvimento apropriado em escala local, e levar à inúmeras novas iniciativas de conservação.

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MFC (Mercado e renda)

R$ 35,00R$ 20,00Manejada

R$ 15,00R$ 8,00Ilegal

PesadaBrancaPreço

(Preços em R$/m3)

As vantagens do Manejo da Madeira:

0

200

400

600

800

1000

1994 1996 1998 2000 2002

Ren

da A

nual

Dom

icili

ar M

édia

Evolução da renda domiciliar

média em reais nas

comunidades envolvidas no

PMFC

Dados IDSM

MFC (Monitoramento)Monitoramento mostra diminuição da

produção anual de madeira ilegal na área

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Árv

ores

exp

lora

das

Dados IDSM

Quando a presença humana pode ser vantajosa para a conservação?

Grandes áreas;

Baixa densidade populacional;

Bons índices de conservação;

Populações naturais relativamente estáveis;

Alternativas para o desenvolvimento social e econômico;

Pesquisa científica adequada;

Manejo dos recursos;

Vontade política;