(des)encontro entre as cadeias petroquímica e … tecnológicas das indústrias automotiva,...
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Vera Spínola
Trajetóriada indústria na Bahia:
(des)encontro entre as cadeias
petroquímica e automotiva
Trajetória da indústria na Bahia:(des)encontro entre as cadeias
petroquímica e automotiva
FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DA BAHIA – FIEB
PRESIDENTEJosé de Freitas Mascarenhas
1º VICE-PRESIDENTEVictor Fernando Ollero Ventin
VICE-PRESIDENTESCarlos Gilberto Cavalcante Farias
Emmanuel Silva Maluf
Reinaldo Dantas Sampaio
Vicente Mario Visco Mattos
DIRETORES
Alberto Canovas Ruiz
Antonio Ricardo Alvarez Alban
Carlos Henrique Jorge Gantois
Claudio Murilo Micheli Xavier
Eduardo Catharino Gordilho
Josair Santos Bastos
Leovegildo Oliveira de Sousa
Luiz Antonio de Oliveira
Manuel Ventin Ventin
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Reginaldo Rossi
Ricardo Mendes Prado
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Coordenação editorialFred Burgos
Editoração eletrônicaBete Capinan
Foto do autorArthur Ikishima
RevisãoVera Rollemberg
338.9098142S758d Spínola, Vera
Trajetória da indústria na Bahia: (des)encontro entreas cadeias petroquímica e automotiva/ Vera Spínola _Salvador: Sistema FIEB, 2010.
248 p.Prêmio FIEB de Economia – 2009ISBN: 978-85-86125-45-4
1. Desenvolvimento econômico - Bahia2. Desenvolvimento regional 3. Industrialização - Bahia.I. Título II. Prêmio FIEB de Economia - 2009
Salvador2010
Vera Spínola
Trajetória da indústria na Bahia:(des)encontro entre as cadeias
petroquímica e automotiva
A Paulo Spínola, meu saudoso pai, pela sabedoria
A Antonio Alberto Valença, meu marido, pela sensatez
A Maria Luiza e Victor, meus filhos, pela renovação
Agradecimentos
Esta monografia é baseada na tese de doutorado de minha au-toria defendida em 2009 na Escola de Administração da Uni-versidade Federal da Bahia (UFBA). Gostaria de expressar mi-nha gratidão às pessoas e instituições que contribuíram parasua realização. Agradeço à Federação das Indústrias do Estadoda Bahia (FIEB) pela iniciativa do Prêmio FIEB de Economia,ao valorizar a pesquisa e proporcionar a divulgação de trabalhoscuja circulação ficaria normalmente restrita ao meio acadêmico.
À minha orientadora Maria Teresa Franco Ribeiro, pelasua competência e dedicação, sempre disposta a estimular eanalisar cuidadosa e criteriosamente cada etapa do árduo pro-cesso de construção da tese. Obrigada por ter me feito pensar.Ao co-orientador Prof. Marcus Alban, por ter contribuído paradar maior foco à questão central de pesquisa.
Ao Prof. Hamilton Ferreira Júnior, meu orientador dadissertação de mestrado em Economia, também na UFBA, pe-las suas contribuições, participação na banca examinadora e,principalmente, pelo estímulo que tem me dado para continuarpesquisando e aprendendo. Aos Professores Vitor Bomtempo eFrancisco Teixeira, pelo tempo dedicado à análise do projeto, datese e pelas contribuições tanto na qualificação do projeto quantona defesa da tese. Aos professores do Núcleo de Pós-Graduaçãoem Administração (NPGA) da UFBA, particularmente à Profa.Tânia Fischer e ao Prof. Antonio de Pinho, bem como ao pessoalde apoio, especialmente Anaélia Almeida Silva e Darci Andrade.A Barbara Coelho, por seu esforço na revisão das normas inicial-mente aplicadas ao texto da tese.
À amiga e colega da Desenbahia, Adelaide Motta de Lima,parceira de diversos estudos sobre o tema, com quem muito exer-citei a técnica de escrever. À também colega da Desenbahia, SandraCristina Santos Oliveira, pela ajuda na coleta e sistematização dedados. Aos meus amigos e ex-colegas de trabalho na indústriapetroquímica, Mariângela Guazelli, hoje da Chemimarket; JoséRicardo Roriz Coelho, da Vitopel e Abiplast; João Carlos Caiado,da Braskem; Adjanits Lins, da Braskem; Paulo Pupo, da Quattor/RioPol; Nelson Kunieda, da Triflex Termoplásticos; Evandro deSouza, da Petrochem; Genilson Vieira, da Basell; Maurício Correa,da Tema Consultores; Cesar de Sá Leitão, da Solver consultoria;Mauro Kholer, da SPP distribuidora de resinas, pelos seus depoi-mentos, dicas, e por me conectarem à sua rede de informação.
Aos meus orientandos Jorge Luiz Lima e José Carlos Silva,cuja monografia se tornou uma das minhas fontes de pesquisa.Ao Senai/Cimatec - Centro Integrado de Manufatura e Tecnolo-gia/Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, onde as portasestiveram sempre abertas aos pesquisadores, particularmente aLuc de Ferran, Manuel Alpire, Giselly Galdino Farias e LucianoPisanu. Aos colegas do curso de doutorado, pela troca de conhe-cimentos e de inquietações, especialmente Cristina Argiles, SiéliaBarreto, Diva Rowe, Yumara e Simone Uderman. Um agradeci-mento muito especial ao saudoso colega Vitor de Athayde CoutoFilho, cujas reflexões estão presentes nos trabalhos daqueles quetiveram o privilégio de conviver com ele.
À minha mãe, Lulita Luz Spínola, pela sua dedicação àfamília e entusiasmo com as realizações das filhas, juntamentecom minhas irmãs Lívia e Lúcia, também exemplos de dedica-ção e trabalho. À minha secretária Nildete Silva de Cerqueira(Dete), que, com muito bom humor, me dá apoio logístico hámais de vinte anos. Finalmente, ao meu marido, Antonio AlbertoValença, pelo amor e paciência com que acompanhou e contri-buiu para a longa caminhada do doutorado.
Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vem em seguida
outra, em que se ensina o que não se sabe: isso se chama pesquisar.
Vem talvez agora a idade de uma outra experiência, a de desaprender,
de deixar trabalhar o remanejamento imprevisível que o esquecimento
impõe à sedimentação dos saberes, das culturas, das crenças que
atravessamos.
Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e fora de moda, que
ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada da sua
etimologia: Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco
de sabedoria, e o máximo de sabor possível.
Rolland Barthes*
* BARTHES, Rolland. Aula: aula inaugural da cadeira de semiologia literáriado Colégio de França. São Paulo: Cultrix, 2007. p.45.
Sumário
Apresentação 15
Prefácio 17
1 Introdução 21
2 Referencial teórico-metodológico: um diálogoentre a Economia Industrial e a Economia Regional 27
3 Dinâmica da cadeia petroquímica e desafiospara o Polo de Camaçari 73
4 Perfil da indústria manufatureira de plásticos e indicadores de aglomerados no Brasil e na Bahia 103
5 Interface da cadeia petroquímica/plásticos com a indústria automobilística 139
6 Conclusões 187
Referências 195
Apêndices 213
Apresentação
A análise dos desafios criados pela demanda do complexo FordNordeste aos transformadores de plástico da Bahia rendeu àeconomista Vera Spínola o Prêmio FIEB de Economia 2009.
Criado em 2001, o Prêmio FIEB de Economia reúne tra-balhos inéditos que versam sobre temas como política industri-al, meio ambiente, comércio exterior, infraestrutura, inovação eassuntos fiscais e tributários.
Os trabalhos inscritos na quinta edição do Prêmio, avali-ados com pequena diferença de pontuação, foram consideradosde bom nível pela comissão julgadora. A monografia vencedoraé, portanto, representativa dos objetivos do prêmio.
Com mestrado em Economia e doutorado em Adminis-tração pela UFBA, Vera Spínola partiu da seguinte indagação:se existem na Bahia os segmentos automotivo, petroquímico eum certo conglomerado de indústrias de plástico, de que formaeles interagem?
Na área petroquímica, observa, o esforço individual dasempresas transformadoras de plástico não tem sido suficientepara impulsionar um processo virtuoso de desenvolvimento lo-cal, devido à existência de um mercado considerado assimétrico,com limitados ofertantes de matéria-prima.
No caso do complexo automotivo de Camaçari, a autoraanalisa as relações que este mantém com a cadeia petroquímica
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e com a indústria manufatureira de plásticos. Mesmo conside-rando a crescente utilização do plástico no automóvel e a proxi-midade do Polo de Camaçari, constatou que a organização docomplexo em consórcio modular, com fornecedores próprios —denominados sistemistas, por sua vez também com fornecedo-res cativos —, limita a possibilidade de se criarem vínculos coma indústria local.
Os incentivos fiscais, notadamente do Bahiaplast, foramimportantes para atrair transformadores de plástico, mas em geralprodutores de bens com baixo valor agregado, incapazes de aten-der adequadamente a uma demanda exigente como a da monta-dora. A autora concorda com o uso de mecanismos fiscais paraatração de investimentos, pois provavelmente sem eles só have-ria indústria relevante no Sudeste, mas afirma que o ponto-chave de uma política bem sucedida no longo prazo seria a suaorientação para a inovação. Só a inovação, diz, é capaz de con-tribuir para a formação de links entre setores, com externalida-des positivas para a economia.
O Prêmio FIEB de Economia ocorre a cada dois anos etem como finalidade estimular a elaboração de estudos que aju-dem a compreender o desenvolvimento da economia baiana.Estamos certos de que o presente estudo contribuirá para enri-quecer o conhecimento sobre o processo recente de industriali-zação do estado. Cumpre registrar os agradecimentos à comis-são julgadora do Prêmio —composta por Fernando Pedrão,Amilcar Baiardi e Francisco Teixeira —, cuja dedicação foi im-portante para o sucesso desta iniciativa.
Salvador, maio de 2010-05-04José de Freitas Mascarenhas
Presidente da Fieb
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Prefácio
Foi com muita alegria que aceitei o convite para prefaciar estelivro. Depois de compartilhar a caminhada acadêmica de VeraSpínola durante o seu doutorado, foi muito gratificante vê-lafazer jus ao Prêmio FIEB de Economia. Ocupando-se, funda-mentalmente, dos desafios criados pela instalação e pelas de-mandas do Complexo Industrial Ford Nordeste para a indústriade transformação de plástico da Bahia, a autora analisa comprofundidade a dinâmica de três indústrias diretamente envol-vidas na questão: a automotiva, a petroquímica, dois grandesoligopólios internacionais, e a indústria local de transformaçãode plástico. Essa última constituída por um grande número deprodutores e baixa especificidade dos manufaturados plásticosproduzidos. Escolher uma abordagem que permitisse uma leitu-ra transversal dessas dinâmicas não foi tarefa fácil. E essa é umadas importantes contribuições deste trabalho.
A implantação do complexo Ford, em 2001, na Bahia, sedá no mesmo momento da consolidação do processo de acumu-lação capitalista articulado na escala global por duas forçashegemônicas: o rentismo, do ponto de vista da dinâmica econô-mica, e a política neoliberal, do ponto de vista ideológico, am-bos orquestrados pelas regras estabelecidas pelo Consenso deWashington cujas consequências, como, por exemplo, a amplia-ção das desigualdades socioeconômicas entre as nações do Nor-te e as do Sul são bastante conhecidas. A expansão capitalista
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não se dá apenas a partir das transformações produtivas e insti-tucionais, mas, também, através da produção de novos espaçose novas divisões territoriais do trabalho, que viabilizam a absor-ção do excedente de capital e trabalho. As dinâmicas desse pro-cesso, definidas a partir de interesses hegemônicos, são, quasesempre, dissociadas e muitas vezes contrárias aos interesses dasregiões acolhedoras dos investimentos externos, acirrando ascontradições estruturais internas locais de territórios e grupossociais menos favorecidos. Nesse contexto, o Estado assume umaposição extremamente complexa, na medida em que é chamadoa regular as atividades dos interesses do capital corporativo danação e, concomitantemente, forçado a criar condições favorá-veis para a atração do capital transnacional global e, ainda, con-ter a fuga de capitais. Fomenta-se, assim, a partir de uma verda-deira guerra fiscal, acirrada competição entre os mais diversosterritórios na oferta das melhores condições de competitividadepara os investidores. Esse olhar obtuso e de curto prazo das po-líticas públicas produziu, na maioria das vezes, resultados efê-meros, contribuindo pouco para a construção de capacitaçõesfundamentais para o processo de expansão das cadeias produti-vas que pudessem criar, de fato, condições de desenvolvimentopara os lugares.
Foi nesse complexo e difuso cenário que Vera Spínolaprocurou desenhar as especificidades das trajetórias produtivase tecnológicas das indústrias automotiva, petroquímica e localde transformação de plástico da Bahia, em uma análise multies-calar — global, nacional e local —, a fim de perceber as possibi-lidades de “arrasto” do projeto Ford sobre a indústria de trans-formação de plástico local e outras indústrias e serviços correla-tos. Essa análise se dá com base em um minucioso trabalho em-pírico que vai desvendando as contradições e descompassos en-tre as potencialidades vislumbradas a partir dos investimentosprivados e suas respostas pontuais e de baixo potencial de cres-
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cimento. Respostas conduzidas pela própria lógica da competi-ção e expansão desses setores, bem como pelas fragilidades es-truturais, tecnológicas e institucionais do Estado da Bahia.
Mais do que respostas e sugestões de políticas, Vera traznovas questões, novas inquietações que sinalizam a importân-cia do papel do Estado, não apenas no direcionamento da polí-tica industrial e de inovação, mas também na superação de pro-blemas e limitações estruturais e humanitárias críticas para odesenvolvimento.
Acredito que a leitura deste trabalho será muito útil aosgestores públicos estatais e setores envolvidos e aos estudantesde graduação e pós-graduação nas áreas de economia, adminis-tração, geografia, ciências políticas e relações internacionais.Desejo a todos uma excelente leitura.
Maria Teresa Franco RibeiroUniversidade Federal da Bahia
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1 Introdução
Embora muito se tenha escrito sobre o Polo Petroquímico deCamaçari, em operação desde 1978, há poucos estudos que sis-tematizem seu encadeamento com a indústria local manufatu-reira de plásticos e, menos ainda, desta com o complexo auto-motivo instalado em Camaçari a partir de 2001. O presente tra-balho tem como objetivo geral entender como esses três seg-mentos industriais, localizados na Região Metropolitana de Sal-vador (RMS) e de grande peso para a economia do Estado daBahia, estão interligados.
Cavalcante e Uderman (2006) argumentaram que o maiorbenefício trazido pelo projeto Ford não foi a criação de empregodireto, mas uma mudança estrutural que conectou a oferta localde bens intermediários com a produção de bens finais, estabele-cendo efeitos para frente e para trás.
Justifica-se estudar as interfaces do Complexo IndustrialFord Nordeste (CIFN) com a cadeia petroquímica e de transfor-mação plástica em função dos esperados efeitos germinativos daindústria automobilística a partir da sua instalação na Bahia; daexpectativa de impulso ao desenvolvimento regional criada com aimplantação de um polo automotivo; da crescente utilização doplástico nas peças do automóvel; da existência de um aglomeradode empresas de transformação (terceira geração da cadeia petro-química) na RMS; e da presença do Polo Petroquímico de Cama-çari, terceiro maior produtor nacional de termoplásticos.
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Parte-se do pressuposto de que a grande estimuladora daindústria manufatureira de plásticos não é a proximidade damatéria-prima, mas as características dos segmentos demandan-tes de seus produtos. Dada a complexidade da indústria auto-motiva, supõe-se que ela redirecione os transformadores locali-zados na RMS e lhes abra novas oportunidades.
A questão central — quais os desafios criados pela de-manda do Complexo Industrial Ford Nordeste para a indústriade transformação plástica local — serviu como roteiro para oentendimento das relações inter- e intraindustriais dos três seg-mentos. A indústria petroquímica tem características de oligo-pólio, é concentrada, intensiva em capital, de grande escala,produtora de bens intermediários, de processo em fluxo contí-nuo. A de plásticos é manufatureira, atomizada, heterogênea,predominantemente constituída de pequenas empresas. A au-tomobilística é uma indústria de montagem, formada por pou-cos conglomerados transnacionais. Constitui-se um elo em quediferentes cadeias produtivas se encontram e se entrelaçam paraformar um bem de consumo complexo como o automóvel. Osprodutores de artefatos plásticos ficam, assim, imprensados en-tre dois oligopólios com elevado poder de mercado: o fornece-dor da matéria-prima de um lado e o cliente de outro.
O núcleo do trabalho está dividido em quatro seções.
Na primeira, teórico-metodológica, busca-se travar umdiálogo entre autores de duas grandes correntes. Partindo-sedas contribuições de Alfred Marshall sobre as vantagens de asempresas aglomerarem-se em distritos industriais, faz-se umarevisão dos conceitos vinculados à Economia Industrial, rele-vantes ao entendimento da questão, bastante utilizados pelosestudiosos de problemas regionais. Monta-se um quadro teóri-co-metodológico com os conceitos que nortearam a pesquisa.
Formula-se a hipótese de que a chegada do polo automo-tivo à Bahia abre novas oportunidades para a indústria manufa-
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tureira de plásticos. Em síntese: “A implantação do CIFN deve-rá criar demanda para a indústria local de manufaturados plás-ticos e gerar externalidades pecuniárias, organizacionais, insti-tucionais e tecnológicas”. As transformações da indústria localdependerão, entretanto, de uma coevolução produtiva e insti-tucional.
Ainda na primeira seção, traçam-se as linhas gerais dosprocedimentos metodológicos adotados — revisão teórica e es-tudo de caso. Explica-se a metodologia utilizada na seção 3 paraidentificar a existência de um aglomerado de transformadoresna RMS, com o cálculo de Quocientes de Localização (QL) eÍndices de Concentração (IC), a partir do número de empregosda indústria manufatureira de plásticos cadastrados na Relação
anual de informações sociais- RAIS do Ministério do Trabalhoe do Emprego (BRASIL, 2006).
Além do cálculo de indicadores, coletaram-se informa-ções secundárias acerca dos três segmentos industriais, disponí-veis não apenas na literatura técnica mas também em associa-ções de classe — Associação Brasileira da Indústria Química(Abiquim); Associação Brasileira da Indústria do Plástico(Abiplast); Associação Nacional de Fabricantes de VeículosAutomotores (Anfavea); Instituto Nacional do Plástico (INP);Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic); ServiçoNacional de Aprendizagem Industrial/Centro Integrado deManufatura e Tecnologia (Senai/Cimatec); Federação das In-dústrias do Estado da Bahia (Fieb) dentre outras.
A pesquisa de campo, com questionários estruturados eentrevistas semiestruturadas foi realizada ao longo de seis anos,de 2003 a 2009. Entrevistaram-se 42 representantes de empre-sas dos três segmentos industriais, coordenadores de redes defirmas e representantes de diferentes instituições vinculadas(Apêndice E). O Apêndice F traz um perfil esquemático dos 13transformadores de plástico localizados fora da Bahia, consulta-
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dos em 2003 por meio de questionários; o Apêndice G, dados defornecedores da cadeia automotiva não localizados no Estado daBahia, entrevistados em 2007 e 2008; o Apêndice H, um perfilesquemático de 13 produtores de artefatos plásticos localizadosna RMS, consultados em 2003 e 2004 por meio de questio-nários; os Apêndices I e J, informações das 22 empresas inte-grantes do APL de Transformação de Plástico da Bahia, entrevis-tadas em 2006 e 2007, e de 12 participantes do APL de Fornece-dores da Ford Nordeste, consultados em 2008, respectivamen-te; e o Apêndice K, uma lista de siglas.
A seção 2, intitulada “Dinâmica da cadeia petroquímicae desafios para o Polo de Camaçari”, mostra a organização daindústria, suas tendências mundiais e avalia a inserção do Polode Camaçari, que começou a perder espaço nacional a partir damudança de rumo na política industrial nos anos 1990. A criseda dívida externa dos anos 1980 e o esgotamento do modelo deindustrialização por substituição de importações levam o proje-to nacional-desenvolvimentista, configurado no Plano Nacio-nal de Desenvolvimento I (PND I) e no Plano Nacional de De-senvolvimento II (PND II), a ser substituído pela governançado mercado. Sem uma política industrial com objetivos clarosna esfera federal, os estados passaram a oferecer pacotes de in-centivos para atrair empreendimentos, o que resultou numaguerra fiscal entre eles. Observa-se, a partir de então, uma ten-dência ao desenvolvimento e à concentração da indústria petro-química nas regiões Sul e Sudeste.
Com o título “Perfil da indústria manufatureira de plásti-cos e indicadores de aglomerados no Brasil e na Bahia”, a ter-ceira seção é dedicada ao segmento de transformação. Discorre-se sobre o programa Bahiaplast, cujo pacote de incentivos vol-tados especificamente para a indústria de terceira geração con-seguiu atrair uma série de empresas a jusante à petroquímica e,aparentemente, formar um aglomerado na RMS. Procura-se
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detectar, por meio de questionários e entrevistas, a presença deexternalidades marshallianas (mercado de trabalho com mão deobra qualificada, fornecedores especializados e transbordamen-to do conhecimento) no referido aglomerado, porém o fator demaior atratividade observado ainda foi a redução de impostosestaduais, o que obviamente não é uma vantagem sustentável alongo prazo.
A seção 4, “Interface da cadeia petroquímica/plásticos coma indústria automobilística”, analisa a crescente utilização doplástico no automóvel, levanta a demanda do CIFN por compo-nentes plásticos, mostra como a indústria automobilística seinterliga com a cadeia petroquímica. Ainda não se observammuitas relações entre o CIFN e as empresas de transformaçãolocais. A demanda da Ford por material de conteúdo plástico éestimada em 25 mil toneladas/ano. Em termos de volume, elapode ser pequena, mas exige elevado padrão de qualidade. Aoferta local é majoritariamente constituída por transformadoresde resinas do tipo commodity, a exemplo dos fabricantes de sa-colas de supermercado. A confecção de peças técnicas requerresinas termoplásticas com propriedades diferenciadas e produ-tores especializados no ramo de moldagem por injeção, aindapouco numerosos no estado, que, por sua vez, dependem dofornecimento de moldes do ramo metal-mecânico, segmentoquase inexistente na Bahia.
Verificou-se que as empresas de autopeças são geralmen-te grandes, com produção em massa por categoria de produtos,localizadas de acordo com a demanda de clientes de grande por-te. O CIFN organizado em consórcio modular já traz consigosua rede de fornecedores denominados sistemistas, que atuamdiretamente na linha de montagem e no processo de operaçãoao lado dos trabalhadores da montadora. As grandes peças deplástico são fabricadas pelos sistemistas, e as pequenas, pesan-do de 1 a 2 kg, geralmente são adquiridas de grandes empresas
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estabelecidas fora do estado, produtoras em larga escala paradiferentes montadoras. Relatam-se algumas iniciativas para qua-lificar empresas locais, particularmente a formação do ArranjoProdutivo Local (APL) de Fornecedores da Ford, cujo impactoainda tem alcance limitado, embora comece a se formar um pe-queno grupo de empresas em busca de certificação e melhoriano padrão de qualidade.
Na seção 5, sintetizam-se as principais reflexões suscita-das a partir da releitura das seções 2, 3 e 4 e, à luz do referencialteórico discutido na primeira seção, tecem-se as principais con-clusões. Há um excesso de expectativas positivas nas políticasque visam à formação de redes de empresas e uma supervalori-zação das iniciativas voltadas para a formação do capital social,para a construção de uma competência coletiva local. Emborase tenham encontrado casos isolados bastante positivos em res-posta a essas políticas, seu impacto para o desenvolvimento lo-cal ainda é muito restrito.
Quando este estudo já estava praticamente concluído, oprocesso de incorporação da Quattor à Baskem começou a tra-mitar no Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência(CADE). O modelo de concorrência da petroquímica brasilei-ra, implantado no início de 2008, com duas grandes empresascompetindo entre si — a Braskem, com controle dos polos doNordeste e do Sul, e a Quattor, daqueles da região Sudeste —,passa por uma reestruturação sob a liderança da Braskem/Pe-trobras. Este cenário convida a novas reflexões e também induza uma revisão das políticas voltadas para o segmento de trans-formação de plásticos.
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2 Referencial teórico-metodológico:um diálogo entre a Economia Industrial
e a Economia Regional
Considerando-se como objeto de estudo os desafios geradospela demanda de uma indústria complexa como a automotiva,ao se estabelecer numa região, para um conjunto de indústriasjá instaladas ou para a atração de novas, buscar-se-á nesta seçãodiscutir conceitos teóricos que ajudem a analisar tal objeto. Per-gunta-se como as externalidades proporcionadas pela chegadade um grande empreendimento são internalizadas pelas firmasjá existentes em aglomerados industriais. O objetivo específicoé verificar os desafios criados pela demanda do Complexo In-dustrial Ford Nordeste (CIFN) para a indústria de manufatura-dos plásticos localizada na Região Metropolitana de Salvador.Para estudar a questão, optou-se por utilizar conceitos das cor-rentes de Economia Industrial e de Economia Regional.
A pesquisa que tem como referencial teórico a EconomiaIndustrial torna-se complexa por envolver instituições, hábitose regras, ao privilegiar o diálogo e não uma teoria única. Nasreflexões de Williamson (2001), dos diálogos entre as diferentesteorias surgem diversas correntes, em parte rivais e em partecomplementares, disputando o terreno que convém a questõesespecíficas, cada uma na sua abordagem. Aquela não convencio-nal é mesclada com história econômica, economia dos direitosde propriedade, sistemas comparativos, economia do trabalho eorganização industrial. Conceição (2001) esclarece que cadaautor enfatiza um ou outro desses aspectos.
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A Economia Regional estuda os fatores determinantes eas particularidades dos diferentes modelos e processos de de-senvolvimento de regiões, seja em suas dimensões espaciais emgrande escala, a exemplo da América Latina, do Mercosul, sejaem escala média ou intermediária, como uma região subnacional,um estado, um município ou uma localidade.
A presente seção está organizada em cinco subseções.Inicialmente, discutem-se algumas ideias de Alfred Marshall,particularmente os conceitos de economias internas e externas,bem como as vantagens de aglomerações industriais conhecidascomo externalidades marshallianas. Na segunda subseção,revisitam-se conceitos de Economia Industrial: as barreiras àentrada, de Bain (1956), como característica essencial do oligo-pólio; a abordagem da Teoria dos Custos de Transação. Na ter-ceira subseção abordam-se a inovação e suas grandes categoriascomo força motora do desenvolvimento econômico na análiseda escola neo-schumpeteriana; as ideias de Chandler sobre eco-nomias de escala e de escopo; a emergência do modelo pós-fordista de especialização flexível, com propriedade de conciliareconomias de escala e de escopo. Na quarta subseção, tenta-seconstruir um referencial teórico de Economia Regional com basenos conceitos discutidos na anterior, examinando-se a questãoda localização industrial na análise da escola anglo-saxônica deCiência Regional; as abordagens alternativas de Albert Hirschmane François Perroux; as ideias de alguns autores identificados coma Geografia Econômica sobre os determinantes da localizaçãoindustrial, dos padrões de trocas e da formação de aglomerados,especificamente Paul Krugman, Allen Scott e Hubert Schmitz.Por fim, apresenta-se um quadro síntese do referencial teórico-metodológico, incluindo-se as explicações sobre a metodologiaa ser utilizada na terceira seção para se fazer um mapeamentoda indústria manufatureira de plásticos no Brasil e identificar apresença ou não de um aglomerado de empresas de transforma-ção de plástico na RMS.
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2.1 Economias internas e externas em Marshall
Marshall (1982), ao estudar a produção em larga escala da in-dústria inglesa da segunda metade do século XIX, aliada à cres-cente e inerente especialização do trabalho na administração deempresas, introduz os conceitos de economias internas e eco-nomias externas.
As economias internas dependeriam dos recursos da em-presa e estariam estreitamente vinculadas à sua eficiência, à di-visão do trabalho. Qualquer operação fabril que pudesse ser re-duzida à uniformidade, de modo que o trabalhador precisassefazer a mesma coisa repetidamente da mesma maneira, seria,mais cedo ou mais tarde, substituída pela máquina. A automaçãoe a divisão racional de tarefas específicas entre os trabalhadoreslevariam aos ganhos de escala dentro da organização, configura-dos como economias internas.
Por sua vez, as economias externas, obtidas pela concen-tração de muitas pequenas empresas similares em determinadaslocalidades, dependeriam do desenvolvimento geral da indús-tria e de sua localização. Um contingente de trabalhadores es-pecializados num mesmo ramo estabelecidos dentro dos limitesde uma região industrial teria vantagens. Os segredos da profis-são seriam facilmente difundidos, e criar-se-iam as condiçõespara que ocorresse algo parecido com inovações tecnológicas eorganizacionais. Nas proximidades desse local, acabariam porsurgir atividades complementares que forneceriam à indústriaprincipal instrumentos e matérias-primas, organizariam seu co-mércio e, por muitos meios, proporcionar-lhe-iam economia dematerial, enfatizando-se, assim, as externalidades incidentais, otransbordamento espontâneo de conhecimento pela simplesproximidade.
Em sua análise, as indústrias manufatureiras, diferente-mente das agrícolas e minerais, têm a possibilidade de escolher
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livremente a localidade em que vão trabalhar e, por isso, geral-mente oferecem o melhor exemplo da produção em larga escala.E enumera como principais determinantes da localização indus-trial: (1) as condições físicas, pela natureza do clima e do solo,pela proximidade da matéria-prima ou por um fácil acesso porterra ou por mar; (2) o patrocínio de uma corte, onde se encon-trariam consumidores potenciais; e (3) o convite deliberado dosdirigentes a empreendedores, isto é, a atração de investidores.
As principais vantagens da produção em massa seriam aseconomias de mão de obra, de máquina e de materiais, mas essaúltima perderia a importância em relação às outras Assim, esti-ma que a existência de um mercado de trabalho e de mão deobra especializada, em determinado local, tornar-se-ia mais re-levante para a indústria do que a proximidade da matéria-pri-ma.
Observa, ainda, que as economias externas cresceriam emimportância em relação às internas em todos os campos da ciên-cia e dos negócios, graças a uma maior circulação de informa-ções e difusão do conhecimento. Em muitas indústrias, um pro-dutor individual poderia obter economias internas mediante umgrande aumento de sua produção. A produção de inúmerasmercadorias a rendimentos crescentes visava a criar novas ne-cessidades ou a satisfazer antigas de modo diferente. Embora aprodução pudesse ser aumentada economicamente de maneiramuito rápida, as vendas não o poderiam. O autor demonstrapreocupação com o novo problema a ser enfrentado com o ad-vento da produção em massa — o escoamento dos produtos —e destaca a importância das economias externas na difusão denovos bens e serviços, e, em consequência, na ampliação dademanda.
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2.2 Revisitando conceitos da Economia Industrial
2.2.1 Barreiras à entrada em Bain
Barreiras à entrada são vantagens não generalizáveis obtidas porfirmas estabelecidas que as permitem manter margens de lucroacima do normal sem atrair novos concorrentes. Elas constituema essência do oligopólio, tipo de concorrência encontrado commaior frequência no sistema capitalista (POSSAS, 1993).
O problema de barreiras à entrada foi analisado por JoeBain, em 1956. Em oposição ao mercado em concorrência per-feita, Bain (1956) salienta o caráter inovador e até dinâmicoque as barreiras à entrada proporcionam. De acordo com a teo-ria neoclássica, as empresas racionalmente fixam preços a curtoprazo que maximizam seus lucros, e Bain considera o preço umaameaça à entrada de novas firmas. Como as empresas estabele-cidas têm custo de produção menor que as entrantes, elas fixamum preço inferior ao ponto mínimo da curva de custo médio dasempresas entrantes — o que torna o mercado não atrativo paranovas firmas — e estabelecem um limite superior para o seupreço, de forma tal a cobrir os custos unitários.
As barreiras à entrada são classificadas de acordo comatributos encontrados nas firmas estabelecidas:
a) Vantagens absolutas de custo, atribuídas ao con-trole de métodos de produção (com ou sem patentes),domínio da matéria-prima, insumos, equipamentos, tipode qualificação do trabalho, capacidade empresarial, etc.,acesso ao crédito subsidiado.
b) Diferenciação de produto pela preferência aosprodutos existentes, consolidada através de marcas, pa-tentes, sistemas de distribuição protegidos e permanenteinovação de produtos em programas de pesquisa e desen-volvimento (P&D).
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c) Economias de escala de produção, distribuição,promoção de vendas e acesso a mercados, inclusive aces-so a grande volume de capital necessário ao investimentoinicial. Geralmente, verifica-se em mercados com eleva-da escala mínima eficiente de produção.
De acordo com Possas (1993), as barreiras à entrada sãoum elemento constitutivo do próprio conceito de oligopólio. Aestrutura oligopolista só subsiste como tal enquanto for capaz desustar a ameaça de concorrência externa e, com isso, preservar osbenefícios que as vantagens diferenciais lhe conferem. As outrascaracterísticas usualmente atribuídas ao oligopólio (poucas em-presas detendo o maior controle da mais elevada parcela de mer-cado) passam a ser reduzidas na presença de barreiras à entrada.
Tanto a indústria petroquímica como a automobilísticasão exemplos de mercados em oligopólio — como se verá nasseções seguintes —, com poucas empresas mundiais, em que ocusto de eliminação da concorrente é muito alto.
2.2.2 Abordagem da Teoria dos Custos de Transação
Os principais autores que deram suporte à análise da firma naabordagem da Teoria dos Custos de Transação (TCT) foramRonald Coase e Oliver Williamson.
O primeiro começou a estudar a empresa sob um enfo-que alternativo ao convencional, consolidando seus princípiosem 1937, num artigo seminal com o título de “The nature of thefirm” (COASE, 1937). Os estudos até então existentes sobre asempresas e os mercados preocupavam-se não em estabelecerprincípios fundamentais de análise — o que ele procurou reali-zar —, mas em elaborar análises de maneira arbitrária, sem quais-quer conteúdos teóricos mais profundos. Seu artigo, em contra-posição à teoria neoclássica, trata de dois pontos fundamentais:
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primeiramente, não é a tecnologia ou a produção, mas são astransações e seus respectivos custos que constituem o objetocentral da análise; segundo, a incerteza e, de maneira implícita,a racionalidade limitada são elementos-chaves na análise doscustos de transação.
De acordo com a teoria neoclássica, o limite ao cresci-mento da empresa é dado pela lei dos rendimentos decrescentes(função de produção). Na abordagem de Coase, por sua vez, oslimites ao crescimento das atividades da firma são dados poruma questão: comprar ou produzir? Se o custo de produzir formaior que o custo de se adquirir aquele produto ou serviço nomercado, então é melhor comprá-lo. Logo, impõe-se um limiteà expansão da firma.
Os custos de transação envolvem custos de negociar, re-digir e garantir o cumprimento de um contrato. Diferentemen-te da teoria da firma na abordagem neoclássica, que não consi-dera os custos inerentes ao ato de interagir com o mercado, aTCT elabora uma série de hipóteses, também desconsideradaspela teoria tradicional: assimetria de informação e racionalida-de limitada dos agentes; complexidade e incerteza do ambienteem que atuam; oportunismo; e especificidade de ativos. Suaunidade básica de análise é a transação.
Em 1975, a abordagem de Coase é explicitamente desen-volvida pelo trabalho de Oliver Williamson intitulado Market
and hierarchies. Ao analisar a contribuição de Coase, Williamsonressalta que o autor não havia abordado com a devida profundi-dade os aspectos internos da organização, mas superou analiti-camente a ênfase no papel do mercado, um avanço para a época(CONCEIÇÃO, 2001). Williamson vai além da simples descri-ção dos custos de transação, ao explicá-los em termos de fatoreshumanos e ambientais. A firma não é abordada em termos tec-nológicos, mas em termos organizacionais. Na sua contínua buscapela minimização de custos, a firma se organiza em hierarquia.
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Williamson (1975) centra sua análise na racionalidade li-mitada, aliada ao oportunismo e às falhas ou assimetrias demercado, sendo essas decorrentes dos dois primeiros. A racio-nalidade humana limitada resulta da dificuldade de se processa-rem todas as informações, e o oportunismo, da busca do própriointeresse como orientação.
As assimetrias de informação são diferenças nas informa-ções que as partes envolvidas em uma transação possuem. Paraque os preços se configurassem como mecanismo perfeito dedifusão de informações, de coordenação de trocas, de equaliza-ção de custos dos fatores, capital e trabalho, bem como de dis-tribuição de riqueza, seria preciso que toda a cadeia de fornece-dores tivesse informação perfeita sobre o mercado de fatores ede bens. As imperfeições de mercado na transmissão de infor-mações são as assimetrias. Para compensar as falhas de merca-do, as firmas adotam estratégias, e esse papel ativo da firma vaiinfluenciar o mercado.
Na TCT, oportunismo significa a manipulação de assi-metrias por uma das partes envolvidas no contrato, visando àapropriação de fluxos de lucros. Por exemplo, uma empresa quesolicite ao seu fornecedor uma mudança específica em determi-nado insumo será oportunista, se informar que a mudança pre-tendida na especificação provocará um aumento no custo doinsumo superior ao aumento que efetivamente ocorre (FIANI,2002).
O problema associado à especificidade de determinadoproduto emerge quando o investimento feito em um ativo espe-cífico leva comprador e vendedor a se relacionarem de uma for-ma exclusiva. Se um dado fornecedor é o único capaz de produ-zir um insumo com as particularidades desejadas por uma em-presa específica, o cliente torna-se refém do fornecedor. Por outrolado, quando um comprador se torna o único capaz de adquirirdeterminado produto desenvolvido pelo fornecedor para aten-
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der sua demanda, o fornecedor também pode se tornar refémdo comprador. O investimento em ativos específicos pelos agen-tes fechados em transações traz custos irrecuperáveis (sunk costs)e, portanto, elevados. A decisão de investir em ativos específi-cos com custos irrecuperáveis pode gerar certo aprisionamentotecnológico (lock in) da firma naquele caminho escolhido. Amudança de rumo pode significar perda total do investimento.Por isso, diz-se que a trajetória da firma depende do caminhoseguido até então (path dependence). Quanto maior a especifi-cidade do ativo, maior o custo de transação. Williamson (1981)enfatiza a emergência de hierarquias (firmas) para economizaros custos de transação do mercado.
Tigre (1998) observa que o modelo de firma hierarquiza-da de Williamson é válido em determinados segmentos indus-triais em que a especificidade dos ativos é grande, os produtossão homogêneos e em escala, a exemplo da cadeia produtiva dopetróleo, como se verá na próxima seção. Tal como Tigre, osteóricos da especialização flexível defendem que alianças hori-zontais entre firmas também podem contribuir para a reduçãodos custos de transação.
Enquanto Coase e Williamson levantam a questão dos cus-tos de transação e a estrutura organizacional da empresa comouma forma de reduzi-los, Douglas North (1992) destaca o papelnão só da firma, mas principalmente das instituições e do tempo.Quando há custos de negociação, as instituições assumem o im-portante papel de reduzir a incerteza. São as regras do jogo em umasociedade, representando os limites estabelecidos pelo homem paradisciplinar suas interações com os demais. Configuram-se tantoregras formais (leis, contratos, organizações) como limitações in-formais (normas de comportamento, convenções, código de con-dutas). As instituições são criadas para que os agentes obtenhamas informações necessárias à tomada de decisão e minimizem osriscos desse processo através das leis e contratos. Elas podem redu-
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zir os custos de transação, mas não os eliminam totalmente, enão são necessariamente organizadas com o objetivo de promo-ver a eficiência social, mas geralmente para defender os interes-ses dos que detêm o poder. Nas economias desenvolvidas, asempresas fazem negócios com base num sistema de regras, atra-vés de contratos, e de leis amplamente difundidas, consubstan-ciadas em instituições, cuja construção e manutenção envolvemelevados custos fixos não facilmente perceptíveis, embora o custode contratos adicionais aparentemente não seja elevado.
Segundo North (1992), os custos de transação dependem:dos atributos ou da especificidade do bem ou serviço transaciona-do; do tamanho do mercado, que determina se o intercâmbio épessoal ou impessoal; do cumprimento das obrigações assumidas.As instituições devem ser flexíveis e adaptáveis, oferecendo in-centivos para a aquisição de conhecimento. É recomendável quepropiciem condições para promover inovações e estimular a cria-tividade e a disposição das empresas em correr riscos.
Putnam (2005) enfatiza a instituição intangível da confian-ça, ao apontar o capital social como atributo das comunidadeseconomicamente bem sucedidas. Esse atributo engloba deter-minadas características da organização social, como confiança,normas e sistemas, que contribuem para aumentar a eficiênciada sociedade, facilitando as ações coordenadas. O bom desem-penho econômico de pequenas empresas que trabalham em coo-peração é fruto do capital social. O sucesso dos distritos indus-triais italianos, identificados como a versão atual mais próximados distritos marshallianos, é atribuído à presença desse tipo decapital. A construção do capital social passou a se constituir,assim, elemento fundamental na formulação de políticas de de-senvolvimento local adotadas por instituições internacionaiscomo o Banco Mundial. Sua presença tenderia a diminuir oscustos de produção e transação.
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2.3 Capacidade para inovar:preocupação da escola neo-schumpeteriana
Schumpeter (1976) explica o padrão cíclico do crescimento eco-nômico em termos de inovação organizacional e técnica, suge-rindo que os longos ciclos de desenvolvimento econômico de-correriam da difusão de novas tecnologias que vão gerar surtosde crescimento. O processo de difusão de novas tecnologias édesequilibrado porque, inicialmente, poucas empresas seguemo curso das pioneiras exitosas.
As contribuições teóricas de Schumpeter foram interpre-tadas e reformuladas por inúmeros estudiosos. Os economistasda chamada corrente neo-schumpeteriana adotaram uma linhade análise evolucionária. Dentre seus principais seguidores, des-tacam-se Richard Nelson e Sidney Winter, que plantaram omarco inicial dessa perspectiva com seu livro clássico An
evolutionary theory of economic change, lançado nos anos 1950.
Nelson (1996) preocupa-se com os processos de mudançaeconômica a longo prazo e coloca o progresso técnico, combinadocom as instituições, como força propulsora do crescimento eco-nômico. Há uma simbiose entre os dois fatores, pois as institui-ções que moldam o progresso técnico são modificadas e evoluemcomo parte essencial do processo de crescimento econômico.
A criação de tecnologias, por ser reconhecidamente in-certa e cara, não ocorre ao acaso como as mutações da biologia.Ademais, diferentemente dessas, abre possibilidades para ou-tros progredirem.
Freeman e Perez (1984) identificam três grandes catego-rias de inovação: incremental, radical e revoluções tecnológicas.A primeira refere-se a pequenas transformações que contribuempara aumentar a produtividade; elas geralmente abrem oportu-nidades tecnológicas, que são ganhos esperados de produtivida-de, qualidade ou, em termos gerais, de competitividade a serem
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obtidos a partir de uma inovação. A segunda categoria inclui no-vos produtos e novos serviços distribuídos em longos períodos decrescimento; as revoluções tecnológicas, incluindo a máquina avapor e a eletricidade, constituem a principal preocupação deSchumpeter. A revolução da Tecnologia da Informação (TI) tam-bém pode ser enquadrada nessa última categoria.
Rosenberg (1982), por sua vez, ressalta que a inovaçãonão ocorre necessariamente em surtos. Trata-se de um processocontínuo, cumulativo, não tão revolucionário. Diferentes indús-trias convivem com velhas tecnologias e continuam crescendoem termos absolutos mesmo depois da introdução de inovações.Esse autor salienta a natureza progressiva e cumulativa do pro-gresso técnico.
Tigre (1998) lembra que, do ponto de vista econômico, ainovação em si, entendida como a primeira aplicação comercialde uma invenção, pode não gerar efeitos relevantes e destaca aimportância da velocidade e da abrangência da difusão das ino-vações na economia. A difusão de inovações depende de umasérie de condições favoráveis, incluindo inovações complemen-tares, criação de infraestrutura apropriada, quebra de resistên-cia de empresários e consumidores, mudanças na legislação eaprendizado na produção e uso de novas tecnologias.
O economista Pavitt (1984) apresenta uma interessantetaxonomia referente a processos de geração e difusão de inova-ções e aponta quatro categorias de setores produtivos:
1) Dominados por fornecedores. As inovações sãobasicamente de processo, impulsionadas exogenamentepelos fornecedores de máquinas e de bens intermediáriosespecíficos. Incluem a maioria das indústrias tradicionais,como têxtil, de vestuário, de manufaturados plásticos,como se verá na terceira seção.
2) Intensivos em escala. Tanto as inovações de pro-duto como as de processo envolvem o domínio de siste-
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mas complexos de fabricação. As economias de escala in-ternas estão presentes em empresas de grande porte, comaltos gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e fre-quente integração vertical. Exemplos: indústria petroquí-mica (como se verá na próxima seção), de material detransporte, bens eletroeletrônicos duráveis, metalurgia,produtos alimentícios, vidro e cimento.
3) Fornecedores especializados. As inovações, ge-ralmente de produtos, envolvem contato íntimo das fir-mas (na maioria pequenas) com usuários e domínio es-pecífico de tecnologia de projeto e construção de equi-pamentos. Exemplos: indústria de engenharia mecânicae de instrumentos.
4) Intensivos em ciência. O processo de inovaçãoestá diretamente vinculado a um paradigma tecnológico,viabilizado por um paradigma científico. As oportunida-des tecnológicas são cientificamente determinadas e eco-nomicamente exploradas a partir de investimentos maci-ços em P&D. Englobam empresas de grande porte, comexceção de nichos altamente especializados, e difusãotecnológica predominantemente por seleção. Suas inova-ções detêm elevada apropriabilidade. Exemplos: indústriaseletrônicas e químicas.
2.3.1 Economias de escala e escopo em Chandler
As economias de escopo são entendidas como economias deprodução, distribuição e transação, resultantes do uso de umaúnica estrutura organizacional para fabricar e distribuir maisque um produto. Em outras palavras, são economias decorren-tes da produção e distribuição conjunta de diferentes produtos.
Alfred Chandler, em sua obra intitulada Scale and scope:
the dynamics of industrial capitalism, de 1990, analisa como os
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dirigentes de empresas nos Estados Unidos, Inglaterra e Alema-nha construíram organizações e assumiram os riscos de investi-mento necessários para capturar economias de escala e escopoproporcionadas pelas inovações tecnológicas da segunda revo-lução industrial. Em sua tese, está implícita a ideia de que fir-mas e mercados evoluem juntos para moldar as organizaçõesindustriais, que resultam das escolhas estratégicas e organizacio-nais dos dirigentes (TEECE, 1993).
Chandler (1990) foi dos primeiros estudiosos a destacar aimportância das economias de escopo combinadas com as deescala no contexto da nova organização industrial. No início,nas indústrias intensivas em mão de obra, o aumento de produ-ção de uma unidade manufatureira decorria do acréscimo demáquinas e do número de trabalhadores para operá-las. Depen-dia do melhoramento e da rearrumação de insumos ao se utili-zar um maquinário novo e melhorado, bem como ao se reorien-tarem os processos de produção dentro da planta. Assim, erapossível haver uma redução de custos unitários sem um aumen-to considerável no volume de materiais processados. Em con-trapartida, nas indústrias intensivas em capital, os investimen-tos em novas instalações aumentavam a relação capital/traba-lho na produção de cada unidade de produto. As plantas indus-triais atingiram economias de escala muito elevadas, e o custopor unidade de produto diminuía ao se processarem insumos.As grandes plantas, ao operaram na sua escala mínima eficiente— escala de operação necessária para se atingir o menor custopor unidade —, tiveram uma significativa vantagem de custossobre as pequenas plantas que não atingiam aquela escala.
As economias de escopo também trouxeram significativaredução de custos. Suas vantagens decorriam da produção de umnúmero de produtos em uma mesma planta a partir da mesmamatéria-prima e de produtos semiacabados e dos mesmos proces-sos intermediários. As potenciais vantagens de custo, por sua vez,
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não poderiam ser plenamente realizadas, se não houvesse um flu-xo constante de materiais através da planta para assegurar efetivautilização de capacidade. Se o fluxo caísse abaixo da capacidade,os custos por unidade produzida aumentariam sensivelmente, jáque os custos fixos permaneceriam elevados. Paralelamente, arevolução nos meios de transporte e comunicação criava oportu-nidades para uma revolução na produção e distribuição. O pontocrítico empresarial não era a invenção, nem mesmo a comerciali-zação inicial de um novo e aperfeiçoado produto ou processo,mas a construção de uma planta de tamanho ótimo capaz de ex-plorar plenamente as economias de escala e escopo.
Diferentes tecnologias de produção têm diferentes eco-nomias de escala e escopo. Os custos aumentam e diminuemmais intensamente em relação ao volume em determinados pro-cessos produtivos. Em algumas indústrias de custos fixos eleva-dos, como petróleo, petroquímica, aço e alumínio, a curva decusto é bem inclinada, e as perdas por produzir abaixo da escalamínima eficiente são mais graves. Em outras indústrias, comosabão, cereais e outros produtos, a inclinação da curva de custoé menos acentuada e, consequentemente, as perdas por operarabaixo da escala mínima eficiente são menos problemáticas.Assim, o potencial para se explorarem economias de escala eescopo varia significativamente de indústria para indústria.
Adicionalmente, o tamanho ótimo de planta para um pro-duto específico estava tão relacionado à demanda quanto aopotencial de produção de uma tecnologia. O número de plantasde uma indústria que poderia operar a uma escala mínima eficien-te em um determinado momento era limitado ao tamanho domercado do produto daquela indústria. Uma planta construídaem escala mínima eficiente, utilizando uma tecnologia que pro-duzisse mais do que o mercado poderia absorver, teria custosunitários mais elevados do que plantas menores, cujo produtoera mais estreitamente sintonizado com a demanda de merca-
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do. Isto é, a escala mínima eficiente não deveria ser maior que otamanho do mercado para aquele bem. As economias de escalasó poderiam funcionar se houvesse capacitações organizacio-nais na distribuição dos produtos.
A escala ótima da planta refere-se não apenas ao seu ta-manho mais eficiente em dado momento, como à dimensão domercado; a elasticidade da demanda também influenciaria o ta-manho do mercado. Produtos de novas tecnologias geralmenteobtinham custos e preços mais baixos resultantes de economiasde escala e escopo. Se sua demanda tivesse elasticidade elevada,haveria um consequente aumento da demanda e, em seguida, otamanho ótimo de planta seria aumentado, pelo menos até queos limites da tecnologia fossem atingidos.
Tanto as tecnologias quanto os mercados eram dinâmi-cos. As mudanças em tecnologia poderiam aumentar ou dimi-nuir a escala mínima eficiente, e as mudanças no tamanho demercado poderiam aumentar ou diminuir o tamanho ótimo deplanta. Desse modo, a decisão quanto ao tamanho e à localiza-ção de uma planta industrial é um processo complexo.
2.3.2 Combinação das economias de escala e escopo
na especialização flexível
Nos anos 1970 e 1980, começou-se a discutir e documentar umfenômeno identificado por alguns autores como regime de acu-mulação pós-fordista ou especialização flexível, presente em al-gumas zonas industrializadas do Japão, da Alemanha, dos Esta-dos Unidos e da Itália, em resposta à crise do fordismo.
A região conhecida como Primeira Itália,1 cujos núcleos
1 A Primeira Itália, territorialmente identificada com as sub-regiões Piemonte,Lombardia e Ligúria; a Terceira Itália, com a Toscana, Úmbria, Marche, Emilia-
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dinâmicos formam o triângulo Milão, Turim e Gênova e onde oprocesso de industrialização do país teve início, com suas gran-des fábricas no estilo fordista, começa a aprender com a Tercei-ra Itália, de indústrias caseiras (KUMAR, 2005).
Piore e Sabel, no livro The second industrial divide:
possibilities for prosperity (1984), observam que se passava porum segundo divisor de águas na história do industrialismo, de-pois da produção em massa em fins do século XIX, e veem algu-ma esperança no renascimento da produção artesanal, porémde forte conteúdo tecnológico, diferente da tradicional. O com-putador é uma máquina que atende à definição de Marx da fer-ramenta do artesão: é um instrumento que reage à capacidadeprodutiva do usuário e a amplia, pois, posto a serviço da especia-lização flexível, restabelece o controle humano sobre o processode produção. O advento da especialização flexível significariamaior envolvimento e maior satisfação no trabalho para a maio-ria dos trabalhadores. As habilidades artesanais seriam valori-zadas, e a cooperação entre todos os tipos de trabalhadores naempresa poderia promover a integração mais estreita entre aprodução econômica e a vida do dia a dia da comunidade local.
Embora não haja um modelo rígido de especialização flexí-vel, ela pode ser concebida como a divisão da força de trabalhoem um núcleo de trabalhadores multiespecializados do tipoartesanal, o que permitiria uma flexibilidade funcional de tarefase produtos, ao lado de uma periferia de empregados casuais, tra-balhadores relativamente sem especialização, o que facilitaria umaflexibilidade numérica no mercado de trabalho (KUMAR, 2005).Nesse sistema, trabalhadores qualificados convivem com uma mãode obra terceirizada não especializada, disposta a receber qual-quer coisa pelos seus serviços “periféricos”.
Romagna, Veneto e Friuli-Veneto-Giulia; a Segunda Itália, ou Mezzogiorno,formada pelas regiões mais pobres do Sul: Calábria, Sicília, Campânia, Puglia eBasilicata.
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Alguns pensadores se mostram mais céticos quanto à es-pecialização flexível. Para Lash e Urry (1987), a especializaçãoflexível e as formas flexíveis de organização do trabalho substi-tuiriam cada vez mais a produção em massa. A classe trabalha-dora industrial de massa se dispersaria e, consequentemente, omovimento sindical se enfraqueceria. Em contrapartida, os pós-fordistas argumentam que “diversidade, diferenciação e frag-mentação” — principais características do pós-fordismo — es-tariam substituindo a homogeneidade, a padronização, bem comoas organizações e economias de escala numa esfera mais amplaque simplesmente a econômica (KUMAR, 2005).
Entende-se a especialização flexível como uma inovaçãoorganizacional que teria a propriedade de conciliar economiasde escala e de escopo. Com o uso da tecnologia da informação épossível programar equipamentos, que passam de mono- a mul-tiprodutores. Em tese, a produção em escala torna-se divisível.
Em estudo publicado dez anos depois, Piore (1994) per-cebe que as reformas tinham a intenção de implementar umsistema de produção em massa flexível. Difunde-se um tipo deorganização industrial caracterizada pela terceirização, em quea contratação de serviços externos, se, por um lado, contribuipara uma maior flexibilidade, por outro, concorre para umaprecarização das relações de trabalho e enfraquecimento domovimento sindical, como havia sido levantado pelos críticosda especialização flexível.
2.4 Construindo um referencial teóricode Economia Regional
As questões a serem discutidas a seguir, fazendo uso dos dife-rentes conceitos apresentados, são temas comuns tanto à Eco-nomia Regional quanto à Geografia Econômica.
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2.4.1 A localização industrial na escola anglo-saxônica
de Ciência Regional
As primeiras contribuições teóricas no campo do desen-volvimento econômico regional surgiram na Alemanha, justa-mente em um país com desenvolvimento capitalista retardatá-rio e com uma história bastante conhecida de intervenção doEstado na economia. O estudioso alemão Alfred Weber, em 1909,ao buscar responder onde se deve localizar uma atividade in-dustrial, aponta três fatores essenciais que influenciariam a de-cisão locacional: os custos de transportes, os custos com mão deobra e as forças de aglomeração e desaglomeração. Weber(1957) assume que a mão de obra não tem mobilidade espaciale que variações regionais em seu custo exerceriam influênciana decisão quanto à localização das empresas.
Apropriando-se de grande parte da produção teórica ale-mã, em 1956, o norte-americano Walter Isard, propõe a insti-tuição de uma “ciência regional” (BRANDÃO, 2007a), adicio-nando aos elementos já levantados as ideias de economias deescala, economias de urbanização e economias de localização.Com esse novo conjunto de fatores, Isard deduz um padrão delocalização industrial com concentração dos agentes e das ativi-dades em um número restrito de locais. Dentro de uma aborda-gem neoclássica, que pressupõe escolhas racionais dos agenteseconômicos, sua sistematização foi identificada como “escolaanglo-saxônica de Ciência Regional”.
Nessa corrente de pensamento tradicional, a diferencia-ção inicial na dotação de recursos leva os agentes a tomaremdecisões otimizadoras, em que o território se torna um receptorde decisões individuais. Brandão (2007b) faz uma crítica à abor-dagem alemã, ao observar que nela o ambiente é conformadounicamente pelas forças de mercado. O território tem caráterinerte, a-histórico, sem um contexto institucional. Assume-se
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que um sujeito atomizado tem capacidade de fazer escolhas ra-cionais quanto à melhor localização industrial.
As atividades econômicas seriam agrupadas em um espa-ço em que cada bem ou serviço produzido teria uma escala óti-ma de produção, não havendo, portanto, lugar para rendimen-tos crescentes ou externalidades. Seria algo parecido com a con-corrência perfeita, o que não deixa de ser uma abstração teóri-ca, a-histórica, aespacial, e atemporal.
2.4.2 As abordagens alternativas de Hirschman e Perroux
A partir dos anos 1970, formou-se um pensamento alternativoà corrente hegemônica. A concepção teórica e metodológica quepreside todas as formulações não conservadoras é a de que oterritório é uma produção social. Os estudiosos passam então ase preocupar com os conflitos e lutas travadas em torno desseambiente construído socialmente (BRANDÃO, 2007b).
Dentre as abordagens não ortodoxas, as principais con-tribuições teóricas que exerceram influência no pensamentovoltado para a economia regional nos países subdesenvolvidos eque, consequentemente, deram suporte a ações públicas no Bra-sil, foram desenvolvidas, em particular, na década de 1950, comuma forte inspiração nas ideias de insuficiência do mercado paragarantir a plena acumulação capitalista. Duas dessas contribui-ções merecem atenção especial: a proposta dos complexos in-dustriais de François Perroux e a teoria da transmissão interre-gional de Albert Hirschman.
Perroux (1967b) observa que a teoria econômica tradicio-nal define desenvolvimento como a combinação das transforma-ções de ordem mental e social de uma população que possibilitamo aumento cumulativo e duradouro do seu produto real global,mas o crescimento duradouro é impossibilitado por numerosas
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características mentais e sociais das populações. As característi-cas mentais podem ser interpretadas como atributos intangíveis,algo parecido com o que será posteriormente batizado de capitalsocial por outros autores. O crescimento econômico se realiza demaneira concentrada no espaço regional ou nacional, por meioda conformação de polos de crescimento que transmitem reflexosdifusos e desequilibrados para as demais localidades. Examinan-do as relações que se estabelecem em um complexo industrial,destaca o papel de indústrias motrizes como aquelas capazes degerar efeitos de encadeamento e integração. Nesse sentido, umcomplexo industrial como o automotivo deveria viabilizar pro-fundas modificações do espaço econômico ao seu redor.
A indústria motriz tem a propriedade, mediante o cresci-mento do volume de produção e da compra de serviços produti-vos, de aumentar o volume de produção (e de compra de servi-ços) de outra ou de várias indústrias, denominadas movidas, epoderia aumentar esse volume para utilizar plenamente e omelhor possível os seus capitais fixos. Ao atuar num ponto cadavez mais baixo das suas curvas de custos, procuraria aumentar aprodução, baixar o custo médio e o preço. Esse processo iriaincrementar sua demanda por insumos fornecidos pelas indús-trias movidas. No caso de hesitações ou lentidão por parte dosdiretores das indústrias motrizes, o Estado deveria estimular umaumento de produção com mecanismos de políticas públicas, aexemplo de subsídios.
Ao estudar regiões subdesenvolvidas, Perroux (1967a)observa que ali se encontram empreendimentos capitalistas comcaracterísticas de enclaves, pouco integrados com a economialocal. O conjunto da economia ainda não está articulado porredes de preços, fluxos, antecipações. Passaria a sê-lo por meioda criação de vários polos de crescimento que, ligados pelas viase meios de transporte, pouco a pouco constituiriam a infraes-trutura da economia de mercado.
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A articulação entre empresas ou entre polos de cresci-mento geraria externalidades, entendidas como os efeitos eco-nômicos usufruídos por uma empresa ou indústria não detecta-dos pelo mecanismo de preços, mas proporcionados pelainteração com outras empresas e com o meio ambiente. As ex-ternalidades, que ocorrem quando o impacto de uma decisãonão se restringe aos participantes dessa decisão, podem ser ne-gativas, quando prejudicam os outros, a exemplo de uma fábricaque polui o ar, ou podem ser benéficas, quando outros voluntariaou involuntariamente se beneficiam delas, a exemplo da melho-ria de eficiência em um determinado mercado. Na abordagemperrouxiana, o estímulo gerado pela indústria motriz levaria aum maior dinamismo de mercado ao induzir os lucros decorren-tes do volume de produção e da compra de serviços de outrasempresas.
Segundo Scott (2006), as políticas de desenvolvimentoregional fundamentadas em polos de crescimento de Perrouxpassam por uma industrialização capital intensiva baseada naprodução em massa em densos complexos regionais de ativida-de econômica. Os efeitos multiplicadores emitidos das plantaslíderes num sistema de produção em massa, combinados compolíticas de substituição de importações para reduzir a depen-dência em insumos importados, constituiriam um veículo paraa independência econômica nacional.2 Esses programas tiveramsucesso até metade dos anos 1970 e são identificados por elecomo fordismo periférico, termo que procura expressar sua de-pendência tecnológica em P&D do primeiro mundo, além dasrígidas e autoritárias relações de trabalho que prevalecem nasplantas locais. Geralmente, o limitado poder de compra do mer-cado doméstico nos países de industrialização por substituição
2 O Polo Petroquímico de Camaçari pode ser identificado como um exemplodo modelo.
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de importações, aliado às crises econômicas internacionais, tor-nou esses programas crescentemente problemáticos, quandoatingiram estágios mais complexos de implementação.
Ao se referir ao tema de desenvolvimento regional,Hirschman (1958) observa que a emergência de um pequenonúmero, de um ou de muitos centros de força econômica seriaum pré-requisito essencial para que ocorresse qualquer tipo dedesenvolvimento. Considerando os conceitos de forward ebackward linkages, ou seja, os impactos para frente e para trás,supõe que a implantação de uma indústria complexa como aautomotiva tenha intenso efeito germinativo numa região. Issosignifica que a chegada desse tipo de indústria criaria demandapara outras situadas em um estágio anterior na cadeia produti-va — efeito para trás. O conceito de efeito para frente expressaa mesma ideia para as empresas nas etapas seguintes da cadeiaprodutiva, embora de maneira mais vaga, como comenta Melo(2001), pois a viabilidade da entrada de firmas em determina-dos ramos industriais depende de potenciais usuários. A dispo-nibilidade de insumos não estimula necessariamente a implan-tação de novos empreendimentos numa região, se a partir delahouver dificuldade de acesso a potenciais clientes e/ou à mão deobra adequada a suas necessidades.
Os linkages de Hirschman são considerados externalida-des dinâmicas por Lemos, Santos e Crocco (2005) em razão dasua natureza irreversível. Representam a operacionalização deeconomias externas marshallianas resultantes do aprofundamen-to da especialização e da divisão do trabalho, inerentes à indus-trialização e decorrentes de fenômenos de longo prazo, do cres-cimento geral da indústria e das transformações tecnológicas. Jáas externalidades estáticas são reversíveis e resumem-se a umproblema de precificação. As primeiras podem ser interpreta-das também como externalidades estruturais, e as segundas,conjunturais.
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Os conceitos para frente e para trás estariam relaciona-dos não só com economias pecuniárias, mas também com asexternalidades criadas a partir das relações interindustriais. Osefeitos na demanda de serviços em vários setores não se tradu-ziriam apenas em valores financeiros; existiriam ganhos intan-gíveis no padrão de trocas e na qualidade das instituições.
Ao questionar se um desenvolvimento regional equilibra-do seria factível, Hirschman (1958) observa que as economiasmais atrasadas parecem estar inseridas num ciclo vicioso — nãose investe em atividades que exijam larga escala porque não hámercado — que depende da decisão de investir em larga escala.O desenvolvimento equilibrado embute uma grande contradi-ção. Seria quase impossível para uma economia subdesenvolvi-da galgar uma etapa mais avançada com suas próprias forças oumesmo com pequeno auxílio do exterior.
O desenvolvimento seria uma cadeia de desequilíbrios. Oobjetivo de políticas de desenvolvimento deveria ser antes con-servar do que eliminar os desequilíbrios que refletem os lucros eas perdas de uma economia competitiva. Para manter uma eco-nomia dinâmica, o papel da política desenvolvimentista seriaconservar as tensões, as desproporções e os desequilíbrios. Acada passo, uma indústria tiraria vantagem de economias exter-nas criadas pela expansão prévia e, ao mesmo tempo, formarianovas economias externas a serem exploradas por outros opera-dores. O autor se refere à capacidade completiva, definida comoqualquer situação na qual um aumento da procura da utilidadede A e o consequente acréscimo na sua produção provoca umaprocura intensificada da utilidade de B e no seu preço corrente,o que acontece não somente quando a conexão entre as duasutilidades se faz via processo de produção.
Além disso, enfatiza o investimento induzido pela expec-tativa de crescimento da demanda. Cada investimento deveriamotivar uma série de outros investimentos. Nos países subde-
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senvolvidos, entretanto, esse encadeamento não ocorreria ine-xoravelmente de maneira endógena. As economias externas nãobeneficiariam automaticamente os produtores privados atômi-cos, que não teriam condições de identificá-las com precisão,nem conseguiriam prever as repercussões que os tornariam, even-tualmente, seus consignatários para outras firmas.
Diferentemente da abordagem tradicional, na percepçãode Hirschman, os pequenos produtores atomizados não estariamcapacitados a usufruir plenamente as economias externas e fa-zer opções racionais, uma vez que o processo de escolha é com-plexo. Daí a importância do planejamento e do papel do Estadona distribuição dos recursos públicos como mecanismo de influen-ciar o desenvolvimento das diversas regiões de um país. O de-senvolvimento dependeria não tanto de encontrar a combina-ção ótima de dados recursos e fatores de produção, mas de iden-tificar recursos e habilidades que estão escondidas, difusas, es-palhadas ou mal utilizadas. Nessa abordagem, está presente aideia de que deveriam ser priorizadas as indústrias de bens in-termediários, não pelo potencial de desenvolvimento tecnológico,mas pelo poder germinativo em termos do impulso de deman-da. Assim, os efeitos de encadeamento poderiam justificar polí-ticas setoriais.
Entende-se que o investimento induzido tem semelhançascom um investimento endógeno, realizado por iniciativa das em-presas em decorrência da expansão da demanda, da renda ou mes-mo em resposta ao investimento autônomo. Por sua vez, esse úl-timo é feito deliberadamente em virtude de fatores externos, semnecessariamente haver expectativa de geração direta de lucro, aexemplo de inovações tecnológicas ou investimento público. Oinvestimento induzido pode ser estimulado a partir de investi-mentos autônomos ou através de políticas econômicas. Hirschman(1958) ressalta a relevância da intervenção do Estado para desen-cadear tais processos dinâmicos em cadeias produtivas.
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2.4.3 Principais correntes da Geografia Econômica
A retomada da temática do desenvolvimento regional tomoufôlego mais de duas décadas depois, por meio de novos aportesteóricos, dentre os quais as teses defendidas por Paul Krugman.Diante de uma série de contribuições que foram surgindo aolongo da década de 1990, tentativas de sistematização dessascontribuições tornaram-se esforços recorrentes, como é o casoda proposta por Suzigan (2001). De acordo com ele, haveriapelo menos cinco abordagens relevantes para se entender aglo-merações industriais: a denominada Nova Geografia Econômi-ca, cujo principal teórico é Paul Krugman; a da Economia deEmpresas, com Michael Porter à frente; as ideias de Allen Scottsobre cluster; a contribuição dos estudiosos da Economia daInovação; e, finalmente, a abordagem das Pequenas Empresas/Distritos Industriais, com destaque para Hubert Schmitz.
De acordo com Suzigan (2001), as abordagens de Krugmane Porter têm em comum o fato de tratarem as aglomeraçõescomo resultado natural das forças de mercado. Eles não defen-dem intervenção de políticas industriais verticais focadas emaglomerações específicas, e sim políticas horizontais de carátergeral. As outras três abordagens seguem o sentido oposto, aoenfatizarem o suporte do setor público mediante políticas espe-cíficas e a cooperação entre as empresas.
Martin e Sunley (2000) reconhecem que, dentre os eco-nomistas que descobrem a Geografia, Paul Krugman é o maisdifundido representante da nova teoria das trocas. Ele tentoumostrar como, no interior dos países, as trocas são afetadas peloprocesso de especialização geográfica. A especialização e a con-centração industrial são tão marcantes no plano regional, que aGeografia Econômica, segundo Krugman (1991), deveria cons-tituir um ramo da Economia, tal como o comércio exterior o é.
A seguir, se discutem as abordagens de Krugman, Scott eSchmitz. Os dois últimos — tal como Hirschman já havia alertado
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— ressaltam a importância das instituições lideradas pelo Esta-do, para o melhor aproveitamento pelos produtores dispersosdas externalidades advindas da concentração industrial.
2.4.3.1 A Nova (ou velha) Geografia Econômica de Paul Krugman
Nos anos 1980, Paul Krugman propõe uma releitura da teoriaricardiana de comércio internacional, ao colocar as economiasde escala como fatores determinantes para a troca, ou seja, umaalternativa às vantagens comparativas tradicionais baseadas nadotação de fatores. Sem abandonar totalmente as vantagenscomparativas ricardianas como determinantes no comércio,Krugman (1991) sugere que as relações mercantis entre paísesindustrializados seriam motivadas pelos ganhos de escala. Suacontribuição evolui para a questão dos retornos crescentes deescala como fenômeno de natureza espacial.
No Quadro 1, traça-se um paralelo entre as vantagenscomparativas ricardianas e a nova teoria das trocas motivadaspelos ganhos de escala, que são forças determinantes na forma-ção de um padrão de comércio entre países ou regiões, bem comonas relações inter- e intraindustriais. Nas trocas motivadas pe-los ganhos de escala, cada região se concentra num número li-mitado de produtos e tem capacidade de diferenciá-los. Assim,as firmas têm consciência de que podem influenciar o mercado,ao se considerarem formadoras de preços.
Krugman (1991) afirma que, em função das economias deescala, os produtores seriam estimulados a concentrar a produ-ção de cada bem e serviço em um número limitado de locais. Emfunção do custo de transacionar a longa distância, os locais pre-feridos para cada produtor individual são aqueles em que háuma grande demanda ou em que o suprimento de insumos éparticularmente conveniente. Tão logo a localização e a especia-lização se consolidassem, a região poderia se encontrar lacrada
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por uma acumulação de ganhos resultantes das trocas. Esse pro-cesso tem semelhanças de lock in tecnológico. Há uma tendên-cia à trajetória dependente do caminho. Martin e Sunley (2000)comentam que Krugman considera a Geografia Econômica umaconstrução híbrida a partir da teoria de trocas e da teoria dalocalização da escola alemã. Para reduzir custos de transporte,as empresas terão preferência por se concentrar num mesmolocal, a fim de realizar economias de escala tanto no nível deprodução quanto no nível de transporte.
Quadro 1- Vantagens comparativas e economias de escala
como determinantes das trocas comerciais
Fonte: Krugman e Obstfeld, 2005. Elaboração e adaptação próprias.
Vantagens comparativas Economias de escala
O comércio internacional geraria um aumento da produção e oferta mundial, na medida em que cada nação se dedicasse à produção de bens que incorresse em menores custos relativos, com base na dotação de fatores (capital e trabalho). Tem por hipótese rendimentos constantes de escala.
O comércio internacional com base em economia de escala tem como objetivo um ganho de produtividade (redução do custo unitário de produção) em função do estágio tecnológico de cada nação mercantil. Tem por hipótese rendimentos crescentes. As economias de escala podem ser internas ou externas.
São forças determinantes nas relações comerciais entre países ou regiões industrializadas e não industrializadas.
São forças determinantes nas trocas comerciais de produtos manufaturados entre países ou regiões industrializadas.
Predominante nas relações interindústrias entre países (exemplo: um país ou região exporta principalmente bens intensivos em mão de obra, como calçados, e importa bens intensivos em conhecimento, como fármacos).
Predominam nas relações intraindústrias (exemplo: produtos da cadeia automobilística de um país para complementar a cadeia automobilística de outro país).
Comum entre países com níveis de tecnologia diferentes.
Comum entre nações com níveis semelhantes de tecnologia, com disponibilidade de capital e de trabalho qualificado.
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A título de ilustração, Krugman e Obstfeld (2005) men-cionam o comércio automobilístico entre os Estados Unidos e oCanadá durante a segunda metade dos anos 1960. Até 1965, aindústria automobilística canadense era autossuficiente, contro-lada por multinacionais americanas em menor escala que nosEstados Unidos, mas as subsidiárias canadenses concluíram quea pequena escala era uma desvantagem substancial, pois sua pro-dutividade era 30% menor que a do outro país. Em 1964, os doispaíses concordaram em estabelecer uma área de livre comércio deautomóveis, sujeita a certas restrições, e as subsidiárias canaden-ses cortaram drasticamente o número de produtos fabricados noCanadá, mas o nível geral de produção e o emprego foram man-tidos. Isso foi possível porque o Canadá permaneceu importandodos Estados Unidos produtos que não mais fabricava e exportan-do os produtos que continuava a fabricar. Em 1962, o Canadáexportou US$ 16 milhões de produtos automotivos aos EstadosUnidos, importando US$ 519 milhões. Em 1968, os números fo-ram US$ 2,4 e US$ 2,9 bilhões, respectivamente.
Em artigo intitulado “What’s new about the new economicgeography?”, Krugman (1998) sistematiza as forças que estimu-lam e desestimulam a concentração industrial em centrípetas ecentrífugas, respectivamente, conforme o Quadro 2.
As forças centrípetas são semelhantes às três fontes clás-sicas de economias marshallianas: acesso ao mercado consumi-dor, mercado de trabalho e economias externas puras via trans-bordamento. As forças centrífugas atuam em sentido oposto.Os fatores estáticos seriam as condições naturais e os recursoshumanos que podem atuar tanto do lado da oferta, pois algunsprodutos dependem da disponibilidade de uma mão de obra es-pecífica, como da demanda, uma vez que os fatores dispersoscriam um mercado disperso. Por sua vez, a concentração de ati-vidades econômicas gerará uma crescente demanda por imó-veis, e o consequente aumento no custo dos aluguéis atuará
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Quadro 2 - Forças centrípetas (estimuladoras) e centrífugas
(desestimuladoras) da concentração industrialFonte: Krugman (1998). Elaboração e adaptação próprias.
como força centrífuga. Os congestionamentos e a poluição sãoexemplos de deseconomias externas puras (Quadro 2).
Na abordagem da Nova Geografia Econômica de Krugman(1998), a redução dos custos de transporte entre regiões geraum processo de desequilíbrio e crescente concentração de ma-nufatura na região mais industrializada, semelhante ao modeloricardiano de vantagens comparativas. Os custos de transportegradualmente declinantes levam, inicialmente, a uma diferencia-ção espontânea do mundo em uma região industrial com salárioselevados (centro) e uma região agrícola com baixos salários (pe-riferia). Em estágio mais avançado, haveria uma convergênciade salários, à medida que a periferia se industrializasse, como senão houvesse falhas de mercado e uma mão invisível acabassepor equiparar os preços e salários entre as regiões integradaspor trocas comerciais.
Martin e Sunley (2000) questionam se a Nova GeografiaEconômica atribuída a Krugman não seria uma releitura do mo-delo de Weber, que, em 1909, estudou, como já mencionado, aimportância dos custos de transporte, e comentam que Krugmanrepete a velha história de maneira mais rigorosa, configuradaem modelos econômicos. Na sua leitura desses autores, a com-
Forças centrípetas Forças centrífugas
1. Efeitos da dimensão do mercado e suas vinculações
1. Fatores estáticos
2. Mercado de trabalho robusto 2. Aluguéis
3. Economias externas puras 3. Deseconomias externas puras
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plexidade dos trabalhos de Krugman reflete também o fato deexternalidades significativas e rendimentos não constantes abri-rem espaço aos possíveis efeitos negativos engendrados pela in-tegração e intensificação das trocas. O primeiro efeito seria arepartição desigual das vantagens associadas aos rendimentosmuito elevados nas indústrias em que a concorrência é imper-feita. Um país que desfrute de um excesso de atividades comrendimentos elevados se beneficia em detrimento de outros paí-ses, permitindo que políticas comerciais destinadas a favorecera indústria conduzam a um conflito nas trocas. Provavelmentepor isso, Krugman considera que as trocas baseadas em ganhosde escala intraindústria tendam a ocorrer entre regiões desen-volvidas (Quadro 1).
2.4.3.2 O mosaico da Nova Geografia Econômica em Scott
Ao estudar o grau de relevância das economias externas e aescala ótima de produção para a firma (ou escala mínima eficien-te de produção, na definição de Chandler (1990), Scott (2006)propõe uma tipologia de sistemas de produção industrial, ele-mentar segundo ele, exibida no Quadro 3.
No sistema (a), o artesão tradicional, ao produzir benscom implementos agrícolas ou utensílios domésticos em peque-na escala, trabalha de forma isolada de outros produtores; seuvolume de produção é pequeno e ele usufrui de baixas economiasexternas; o (b) engloba indústrias com processo capital intensi-vo, como uma refinaria de petróleo ou uma petroquímica, comunidades de elevado tamanho mínimo de planta e baixas eco-nomias externas; o tipo (c) refere-se a redes industriais desinte-gradas em que as firmas tendem a ser pequenas, porque as eco-nomias internas são limitadas, mas em que um grande númeroe uma ampla diversidade de firmas interrelacionadas resultamem abundantes economias externas — algo parecido com os siste-
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mas de especialização flexível —, sobretudo nas indústrias de altatecnologia, serviços, mídia, produção neoartesanal, entre outras;e o (d) abrange as indústrias de montagem em massa, como aautomotiva tradicional verticalizada. Percebe-se que nessa cate-goria se enquadram os sistemas de produção em massa flexíveldestacados por Piore (1994), a exemplo da indústria automoti-va operando em condomínios com elevadas economias de esca-la e escopo internas e externas ao condomínio.
Scott (2006) parte do princípio de que a formação declusters industriais especializados em determinados locais re-sulta de economias de aglomeração obtidas parcialmente da di-visão do trabalho, identificando dois tipos de divisão do traba-lho: 1) divisão técnica — fragmentação e especialização das ta-refas de trabalho dentro da firma individual ou unidade de pro-dução; 2) divisão social — fragmentação e especialização entreduas firmas diferentes.
Ao considerar uma rede de firmas inseridas na divisãosocial do trabalho, explica que uma expansão do mercado pelosseus produtos finais poderia gerar uma extensão da divisão so-cial do trabalho que dependeria da interação entre economiasde escala e de escopo em ambas as dimensões, interna e externaà firma. Há situações (como na tipologia (c) do Quadro 3) em
Quadro 3 - Tipologia de sistemas industriais conforme economias
externas e escala ótima de produção
Fonte: Scott (2006).
Baixa Alta
baixas a) artesão tradicional b) indústrias com processos intensivos em capital
altas c) redes industriais desintegradas
d) indústrias de montagem em massa
Escala ótima do estabelecimento
Economias externas
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que as economias internas de escala e escopo são limitadas, masem que as externas, tanto de escala quanto de escopo, estãofortemente em evidência. Nessas circunstâncias, produtores ini-cialmente atomizados tenderiam a evoluir como uma intensarede de transações entre firmas pequenas e especializadas, for-mando uma cadeia competitiva com vantagens para todos. Essesistema tem semelhanças com a idealização do modelo de espe-cialização flexível descrito por Piore e Sabel (1984). Constata-se que o modelo embute um excesso de otimismo, como se ademanda pelos produtos oferecidos pela rede pudesse sempreestar em expansão e não houvesse ameaça de novos entrantes.
Na análise de Scott (2006), quando tecnologias competi-tivas emergem, acaba havendo um padrão dominante no mer-cado, um certo lock in tecnológico, tal como foi abordado porKrugman (1991). Mesmo assim, a complexa dinâmica do de-senvolvimento regional não chega necessariamente a uma para-da, pois a aglomeração por si só pode estar sujeita a transforma-ções internas organizacionais e tecnológicas que mudam o equi-líbrio interno de custos e benefícios.
Ao se referir à divisão social do trabalho no período for-dista configurada na relação centro–periferia, Scott (2006) des-taca a migração de trabalhadores para os grandes centros embusca de salários mais elevados e melhores oportunidades, en-quanto as atividades rotinizadas se deslocavam para a periferia àprocura de mão de obra barata. Os países desenvolvidos troca-vam produtos manufaturados por bens primários de países peri-féricos. Nesse contexto, Prebisch (2000), nos anos 1950 e 1960,numa linha perrouxiana, defende a formação de complexos in-dustriais de produção em massa na periferia como um caminhopara as regiões subdesenvolvidas pegarem o bonde do desenvol-vimento. A crise do sistema fordista dos anos 1970, contudo, pro-vocou uma desorganização da divisão internacional do trabalho.
Scott (2006) observa ainda que, enquanto, no período
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fordista, as indústrias líderes eram a automobilística e a eletro-eletrônica, no período pós-fordista, as indústrias dinâmicas ten-dem a ser desmassificadas, flexíveis e intensivas em mão de obra,porém as grandes empresas transnacionais tornam-se ainda maispresentes, embora elas sejam menos centralizadas e hierárqui-cas do que na era fordista. Nesse novo estilo de corporação ho-rizontal, as unidades operacionais individuais desfrutam de umconsiderável grau de independência da matriz, mas são conti-nuamente requeridas a reafirmarem sua própria viabilidade emtermos de lucro. O autor refere-se a um “mosaico” para definiressa nova divisão do trabalho.
O mosaico estaria escondendo, mas de forma alguma su-plantando, o sistema pré-existente centro–periferia que prevale-ceu sob a velha e nova divisão do trabalho. Relações comerciaisentre aglomerações individuais através do mosaico estão seaprofundando e expandindo. A intensificação do comérciointrafirmas por si só expressa a contínua expansão do investi-mento estrangeiro direto. De fato, o comércio intrafirmas einterfirmas transnacionais já respondia por mais de dois terçosdo comércio mundial no final dos anos 1990 (RAINELLI, 1998).
Scott (2006) reconhece que a globalização levou a gran-des reduções dos custos de transporte e comunicação, mas tam-bém ao ressurgimento e à difusão de uma produção econômicaaglomerada e à intensificação da diferenciação espacial do mundotal como observado por Krugman.
Os principais fatores determinantes das aglomerações gi-ram em torno dos custos de transações e das economias externasde escala e escopo. As economias externas se decompõem embenefícios em rede, retornos crescentes nos mercados de trabalholocais e efeitos de aprendizagem que tendem a fluir através decomunidades densas de firmas e trabalhadores. Os efeitos positi-vos são significativamente reforçados quando existem estratégiasorientadas para a exportação. Entretanto, a grande expansão dosprodutos feitos na China para o resto do mundo, a partir do final
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dos anos 1980, teve impactos danosos nas oportunidades de ex-portação de inúmeras outras áreas menos desenvolvidas. Portan-to, os “efeitos positivos” não dependem apenas da capacitação ecooperação em rede, já que os fatores exógenos, como comporta-mento do concorrente e do mercado, não podem ser controladospor políticas de desenvolvimento local.
Diferentemente de Krugman, Scott (2006) não admiteque os mercados se organizem automaticamente a partir da pre-sença de capital e mão de obra e propõe alguns instrumentos depolítica de desenvolvimento regional em países de baixa e mé-dia renda que podem ser implantados para aumentar a compe-titividade de um aglomerado. Na era da globlalização, com odesmantelamento das políticas industriais de caráter nacional,passa a haver uma grande ênfase em intervenções locais comfoco no mercado global. Os organismos internacionais come-çam a financiar iniciativas voltadas para a construção do capitalsocial, da eficiência coletiva, da especialização flexível em aglo-merações de produtores locais. Considerando que o poder pú-blico deve ser realista ao verificar o que já existe na economialocal, identifica três linhas de intervenção:
1) Redes industriais e colaboração. Em regiões me-nos desenvolvidas do mundo, as relações locais interfirmastendem a ser agressivamente competitivas e carregadas dedesconfiança, principalmente nos estágios iniciais dealavancagem, quando predominam comportamentos opor-tunistas. É difícil se transformarem traços culturais, intan-gíveis, mas um número de autoridades regionais conseguiumelhorar o nível de confiança interfirmas e de reciprocida-de ao organizar foros onde firmas líderes e seus fornecedo-res discutem problemas comuns. Algo parecido com as in-tenções da política de organização de Arranjos ProdutivosLocais (APLs) no Brasil, como se verá adiante.
2) Qualificação da mão de obra. Investimento pú-
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blico para melhorar a qualificação da mão de obra, pro-gramas de treinamento, informações sobre o mercado detrabalho.
3) Aprendizado e inovação. Despesas públicas ematividades selecionadas. Em regiões menos desenvolvidas,a pesquisa básica é geralmente menos urgente que servi-ços simples de assistência e recomendação tecnológica afirmas individuais para solução de problemas práticos.Outros tipos de suporte institucional podem contribuirpara a implementação dessas atividades, como escolas lo-cais, faculdades e agências governamentais especiais. Emalgumas circunstâncias, será vantajoso investir dinheiropúblico num centro de inovação.
Finalmente, adverte que as linhas de ação sugeridas de-mandam cuidadosa institucionalização e desenho de acordo comas características locais, admitindo que políticas diretas de dis-tribuição de renda podem ser necessárias em casos de acentua-da desigualdade.
2.4.3.3 A eficiência coletiva em Schmitz
Em artigo intitulado “Clustering and industrialization”, Schmitze Nadvi (1999) procuram especificar as circunstâncias em que ocluster, definido como uma concentração espacial e setorial defirmas, estimula o crescimento industrial e a competitividade,reconhecendo, contudo, que não se trata de um processo auto-mático. Como as economias externas marshallianas incidentaisnão seriam suficientes para explicar o desenvolvimento dosclusters, haveria necessidade de uma força deliberada para umtrabalho com ações conjuntas. Os efeitos incidentais combina-dos com os deliberados resultariam em uma eficiência coletiva,entendida como a vantagem competitiva derivada de externali-
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dades incidentais e ações conjuntas. As primeiras constituemeficiência coletiva passiva, e as segundas, ativa.
Embora o sucesso das pequenas empresas italianas tenhaestimulado uma linha de pesquisa focada no significado dosclusters para a industrialização incipiente, a forma dominantede organização industrial é a da grande empresa controlandoredes de pequenos fornecedores. Os clusters de sucesso dificil-mente permanecem constituídos apenas por pequenas empre-sas. É raro se encontrarem empreendedores visionários dispos-tos a arriscar grandes somas de capital. O cluster é uma formade se atraírem empreendedores mais “ordinários”, possibilitan-do-se o avanço por meio de pequenos e calculados riscos. Emoutras palavras, as ações conjuntas ajudam a reduzir o tamanhodo salto e, consequentemente, do risco, necessário à consolida-ção do empreendedor individual.
Apontam as seguintes condições para a emergência daeficácia coletiva:
1) Existência de redes comerciais. Os clusters queestão limitados a mercados locais tendem a experimentarum crescimento ao acaso, involuntário, ao invés de umcrescimento evolucionário; constatando que os clusters
conectados com mercados distantes desfrutam de maio-res rendas que aqueles limitados ao mercado local.
2) Existência de sanções efetivas e confiança. Nosaglomerados em que faltam sanções e confiança dentrodo cluster ou com sua rede de compradores, fica difícil seestabelecerem firmas especializadas e interdependentes.A falta de confiança traz descontinuidade ao processo deaprendizagem. A desconfiança entre produtores e comer-ciantes decorrentes de barreiras socioculturais pode pre-judicar o processo de aprendizagem local e retardar o de-senvolvimento tecnológico de um cluster.
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Esses autores identificam três tipos de cluster: (1) de micro-e pequenas empresas, em nível de sobrevivência; (2) diferencia-dos, com produtores em massa diferenciados; (3) de corpora-ções transnacionais e seus fornecedores locais, sendo as firmastransnacionais uma porta de entrada para se promover um me-lhoramento no padrão dos fornecedores locais. Isso deveria pro-piciar condições para que as empresas locais dessem um saltotecnológico.
Afirmando que os clusters ajudam pequenas empresas acrescer, questionam se a proximidade é tão fundamental em está-gios maduros e lembram que as atividades do setor de tecnologiada informação tendem, inicialmente, a se concentrar e, depois, ase dispersar em estágio maduro dos ciclos de vida industrial.
Nessa mesma direção, Markusen (1999) ressalva que asempresas envolvidas em trocas internacionais geralmente não sãopequenas e homogêneas, mas plurinucleares, de grande porte,mergulhadas em concorrência com firmas de tamanhos semelhan-tes em outros países e politicamente bem sustentadas. No merca-do exterior, existem elevadas barreiras à entrada, sendo o númerode concorrentes relativamente pequeno, com tamanho e influên-cia variada. Ninguém ignora o comportamento do outro. Consta-ta-se que essas são características de mercados em oligopólio abor-dadas no presente trabalho e questiona-se se não seria um mitoimaginar a inserção de pequenas empresas de distritos industriaisem mercados globais sem a coordenação de grandes empresas.
65
2.5 Em busca de uma síntese teórico-metodológica
2.5.1 Síntese dos principais conceitos para análise da questão
Conforme mencionado, o objetivo desta sessão foi buscar con-ceitos em diferentes autores das correntes de Economia Indus-trial e Regional que podem contribuir para entender as vanta-gens de firmas de determinado setor se localizarem em aglome-rados industriais e como poderão usufruir das externalidadesproporcionadas pela chegada de uma indústria complexa comoa automotiva. A partir da revisão de literatura elaborada no pre-sente trabalho, reúnem-se, no Quadro 4, as principais ideiasque em princípio ajudariam a compreender a questão proposta.
Entre 2003 e 2009, realizaram-se 42 entrevistas semies-truturadas com representantes dos segmentos em estudo (Apên-dice E). No mesmo período, aplicaram-se 71 questionários a di-ferentes representantes da indústria: o Apêndice F contém umquadro com o perfil de 13 empresas de transformação de plásti-cos estabelecidas fora da Bahia e o modelo do questionário quelhes foi aplicado em 2003; o Apêndice G, um esquema comdados de fornecedores da cadeia automotiva não localizados noEstado e uma cópia do questionário usado para consultá-los em2007-2008; o Apêndice H, um perfil esquemático de 13 produ-tores de artefatos plásticos localizados na RMS, pesquisados em2003-2004, e o modelo do questionário utilizado; o Apêndice I,informações das 22 empresas integrantes do APL de Transfor-mação de Plástico da Bahia, entrevistadas em 2006 e 2007, e omodelo de questionário que lhes foi aplicado; finalmente, oApêndice J, dados de 12 participantes do APL de Fornecedoresda Ford Nordeste, consultados em 2008. Muitos dos questioná-rios e entrevistas aconteceram durante a Feira Internacional daIndústria do Plástico (Brasilplast), em São Paulo, em maio de
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2003, 2005, 2007 e 2009, bem como durante a Feira e Con-gresso Nacional de Integração da Tecnologia do Plástico(Interplast), de 25 a 29 de agosto de 2008, em Joinville.
Vale lembrar que, no presente estudo, adota-se o critérionúmero de empregados para a classificação de empresas quantoao porte, desenvolvido pelo Sebrae para firmas industriais: micro-,com até 19 empregados; pequena, de 20 a 99; média, de 100 a499; e grande, com mais de 500 empregados (SEBRAE, 2009).
2.5.2 Um modelo para se identificar
a presença de aglomeração
Como foi abordado, um dos primeiros estudiosos a apontar aexistência de economias externas em aglomerados de firmas deum mesmo ramo de atividade foi Marshall (1982). Pressupõe-seque a proximidade física propicie uma interação cooperativaentre empresas do mesmo ramo e, consequentemente, a redu-ção dos custos de produção e transação. Utilizou-se o modeloque se segue para dar suporte à caracterização ou não de umaglomerado de transformadores de plástico na RMS.
Crocco et al. (2003) desenvolveram uma metodologia paraidentificar o surgimento de aglomerações. Sua vantagem é me-dir a importância do aglomerado, também chamado ArranjoProdutivo Local (APL) para a geração de emprego na economialocal e seu peso no segmento em nível nacional. Na abordagemde Cassiolato e Lastres (2003), APLs são aglomerações territo-riais de agentes econômicos, políticos e sociais — com foco emum conjunto específico de atividades econômicas — que apre-sentam vínculos mesmo que incipientes.
A partir de três indicadores de localização, Crocco et al.(2003) definiram um índice de concentração industrial. O pri-meiro indicador é o Quociente Locacional (QL), comumente
69
utilizado nos estudos de Economia Regional para determinar seum município possui especialização em um ramo particular deatividades. No QL, calcula-se a razão entre duas estruturas eco-nômicas: no numerador, coloca-se a indústria em estudo e, nodenominador, uma economia de referência. Sua fórmula é a se-guinte:
(1) QLij = __Eij/ Ej _ - Quociente Locacional
EiBR/ EBR
Eij = empregos registrados do setor i na região j;
Ej = empregos registrados na região j;
EiBR = empregos registrados do setor i no Brasil;
EBR = empregos registrados no Brasil.
Existirá uma especialização do setor i na região j se QL > 1.Crocco et al. (2003) recomendam que, para ser considerada APL,a aglomeração deve conter pelo menos dez estabelecimentos norespectivo setor e mais de dez em atividades correlatas. Essecritério visa a capturar tanto a escala da aglomeração como aprovável existência de complementaridade intersetorial dentroda aglomeração, algo parecido com os backward e forward
linkages de Hirschman (1958a). Isso não significa, porém, quese pode constatar a presença de cooperação a partir desse indi-cador.
Esses autores ressaltaram que, embora o QL seja um in-dicador extremamente útil na identificação da especialização pro-dutiva de uma região, ele deve ser utilizado com cuidado, consi-derando-se as características da economia de referência, nessecaso a do Brasil (denominador da razão). Dada a disparidaderegional do país, espera-se que um considerável número de se-
EiBR/ EBR
70
tores, em diversos municípios, apresentem QL superior à uni-dade, sem que isso signifique a existência de especialização pro-dutiva, mas sim de diferenciação produtiva. É apropriado paramunicípios de porte médio, com mais de 50 mil e menos de 300mil habitantes. Na visão desses autores, um grande número decidades brasileiras deverá apresentar pelo menos um setor comQL maior que 1 (um), por isso sendo recomendado que o valorde corte seja significativamente acima de 1 (um). Nas cidadesgrandes, pode-se subvalorizar o QL e, nas pequenas, supervalo-rizar. Em alguns estudos sobre a economia americana, cuja in-dústria possui uma distribuição espacial bem mais homogêneaque a brasileira, é considerada de especialização industrial a re-gião que apresentar um QL acima de 4 (quatro).
Tendo em vista algumas limitações do QL, Crocco et al.(2003) desenvolveram um indicador visando a captar quatrocaracterísticas de um APL: (1) a especificidade de um setor den-tro de uma região; (2) seu peso em relação à estrutura industrialda região; (3) a importância do setor nacionalmente; e (4) aescala absoluta da estrutura industrial local. O índice de con-centração (IC), no qual o QL está incluído, foi definido como:
(2) IC = QLij + HH
ij + PR
ij
O índice Hirschman-Herfindahl modificado (HHij), que
incorpora o peso da região no Brasil, é assim calculado:
(3) HHm = (Eij / Ei
BR) – (E
j / E
BR)
Esse indicador possibilita comparar o peso do setor i daregião j no setor i do país (Ei
j / Ei
BR) com o peso da estrutura
produtiva da região j na estrutura produtiva do país (Ej / E
BR).
Se HHm > 0, provavelmente existe uma especialização, impli-cando que a contribuição do setor naquele município para osetor no Brasil vai ser maior que a contribuição da estruturaprodutiva do município para a estrutura produtiva do Brasil. Se
71
HHm < 0, possivelmente não há especialização do municípionaquele segmento, indicando que a contribuição da estruturaprodutiva do município para a estrutura produtiva do Brasil émaior que a contribuição do setor daquela região para o setorno Brasil.
Finalmente, o indicador de potencialidade PR visa a sina-lizar a importância do setor da região nacionalmente, ou seja, aparticipação relativa do emprego da indústria estudada naquelaregião em relação ao total do emprego daquela indústria no país:
(4) PRij = Eij/Ei
BR
O PR mostra a contribuição do setor i na região j para osetor i no Brasil.
Assim, o IC é uma combinação dos três indicadores:
(5) IC = θ1QLn
ij + θ
2HHn
ij + θ
3PRn
ij
No presente estudo, considerou-se (q1 = q
2 = q
3 = 1/3),
atribuindo-se o mesmo peso aos três indicadores. Se IC > 0, oíndice de concentração local está acima da média nacional. Se-gundo os autores do modelo, se há indícios de concentração,vale a pena se desenvolverem políticas para o setor naquele lo-cal; se IC < 0, a aglomeração é muito frágil; se IC = 0, os trêsindicadores se combinaram, e a média nacional é igual à médiadaquela amostra. A implementação de uma política setorial/lo-cal vai depender também de uma análise qualitativa e do inte-resse estratégico do setor para o desenvolvimento local.
72
73
3 Dinâmica da cadeia petroquímicae desafios para o Polo de Camaçari
Pretende-se, nesta seção, entender como está organizada a ca-deia petroquímica, discutir suas tendências mundiais e analisara inserção do Polo Petroquímico de Camaçari nessa indústria.Inicialmente, traçam-se as características da cadeia; em segui-da, faz-se um breve histórico de sua origem em nível mundialdos anos 1920 a 1940 e de seus ciclos de expansão e retração.
Suas principais fontes de matéria-prima são a nafta e ogás natural, ambos derivados do petróleo, que, por ser umacommodity, contribui para reforçar a natureza cíclica da indús-tria e a atrelar estreitamente à dinâmica geral do sistema capita-lista. Essa questão tem levado à diversificação de trajetórias tec-nológicas, a exemplo do etanol da cana-de-açúcar como fontealternativa de matéria-prima.
Discute-se como a petroquímica brasileira foi se organi-zando, a partir dos anos 1960, para se tornar uma indústria con-solidada e competitiva internacionalmente, hoje quase toda do-minada pela Braskem/Petrobras. Constituída em 2001, a Braskemdetinha inicialmente o controle das centrais de matérias-primasda indústria no Rio Grande do Sul e no Nordeste. No final de2009, entrou em tramitação no CADE o processo para aquisi-ção das ações do grupo Quattor, que, desde junho de 2008, ti-nha participação majoritária nas petroquímicas localizadas noSudeste. A Petrobras detém cerca de 40% do capital votante da
74
Braskem, que, com a nova aquisição, torna-se a única produto-ra nacional de commodities petroquímicas com ativos avaliadosem cerca de R$ 33,5 bilhões e uma capacidade de processamentode 5,5 bilhões de toneladas anuais de resinas termoplásticas(AZEVEDO, 2010). Paralelamente, o conglomerado brasileiroUnigel atua em ramos diferentes da Braskem: especialidadesquímicas e plásticos de engenharia.
A concentração é uma tendência natural de uma indús-tria de processo produtivo em fluxo contínuo e intensivo emcapital, necessária para enfrentar a concorrência internacional,que tende a se acirrar com a partida operacional de novas petro-químicas3 localizadas no Oriente Médio, região que detém van-tagem absoluta de custo pela abundância da matéria-prima. Poroutro lado, com a aquisição da Quattor, a Braskem se colocarácomo oitava petroquímica no ranking mundial e partirá para acompra de petroquímicas no exterior, a exemplo da produtorade polipropileno Sunoco Chemicals, nos Estados Unidos.
Implantado em 1978, com mais de trinta anos de opera-ção, o Polo Petroquímico de Camaçari enfrenta uma série delimitações a serem discutidas nas subseções finais da presenteseção. Camaçari está perdendo a “cara” de petroquímica, parase tornar um distrito industrial multissetorial.
O presente estudo foi construído a partir de dados da li-teratura técnica sobre a cadeia petroquímica, complementadoscom informações coletadas diretamente de representantes daBraskem, da então Quattor/Rio-Polímeros, do grupo Unigel ede especialistas do setor, sintetizadas no Apêndice E.
3 As novas capacidades foram planejadas antes da eclosão da crise financeiramundial de setembro de 2008.
75
Figura 1 - Cadeia petroquímica simplificada
Fonte: Abiquim (2008).
Dimetiltereftalato (DMT)
Filmes, embalagens, garrafas, utensílios domésticos, fios e cabos
Pol ipropileno (PP)
Sacarias, embalagens, componentes técnicos, autopeças
Est ireno
Acrilonitrila Butadieno Estireno (ABS)
Poliestireno (PS)
Polietileno Tereftalato (PET)
Eletrônicos, autopeças embalagens
Automóveis, eletrônicos e telefones
Embalagens e fibras têxteis de pol iéster
Diocloretano
Cloro
Policloreto de Vinila (PVC)
Gás Natural
Etano
Propeno
Butadieno
Benzeno
Paraxileno
Petróleo
Nafta
Eteno
Buteno
Polietileno de baixa densidade linear (PEBDL)
Pol ietileno de baixa densidade (PEBD)
Polietileno de alta densidade (PEAD)
Tubos, conexões, filmes, calçados, frascos, fios e cabos
Etilbenzeno
Ácido tereftalato (PTA)
Derivados do Petróleo
1ª Geração
2ª Geração
3ª Geração
76
3.1 Características gerais da cadeia petroquímica
A cadeia petroquímica tem três grandes etapas de produção,conhecidas como primeira, segunda e terceira geração. No Bra-sil, a nafta petroquímica, obtida das refinarias de petróleo, e ogás natural são as matérias-primas das centrais petroquímicasque compõem a primeira geração. Nelas, o craqueamento danafta gera vários derivados olefínicos (eteno, propeno oupropileno) e aromáticos (benzeno, paraxileno e xilenos), en-quanto do gás natural obtém-se basicamente o eteno (Figura 1).Embora esse não gere a variedade de produtos químicos e pe-troquímicos obtidos a partir da nafta, sua produção não depen-de de investimento em refinaria, e o capital necessário para ob-tenção de uma tonelada de eteno é menor que no caso da nafta.Enquanto uma tonelada de nafta produz 40% de eteno, umatonelada de gás gera 80%. Grande parte do petróleo utilizadona fabricação de nafta é importada pela Petrobras, porque a tec-nologia predominante para sua produção no Brasil utiliza pe-tróleo leve, escasso no país.
Em tom otimista quanto à escassez do petróleo leve, J. RorizCoelho declarou, em 2009, em entrevista, que o Brasil terá boasoportunidades tecnológicas a longo prazo com a nova produçãode petróleo de excelente qualidade do pré-sal, além do gás úmi-do em grande quantidade, adequado à petroquímica; ao se aliaressa cadeia à de alimentos, na qual o Brasil é competitivo, o paíspoderá se tornar líder mundial na produção de embalagens.
A segunda geração da cadeia petroquímica é chamadaindústria downstream, em que os petroquímicos básicos sãotransformados em produtos intermediários, utilizados por ou-tras empresas de segunda geração e de bens finais (resinas ter-moplásticas, borrachas, fibras, detergentes, fertilizantes, entreoutros). As empresas de segunda geração normalmente se loca-lizam ao redor das empresas de primeira geração, constituindoos polos petroquímicos. Os insumos básicos das resinas termo-
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plásticas são os gases etileno ou eteno (da nafta ou do gás natu-ral) e propileno ou propeno (basicamente da nafta) (Figura 1).As resinas são polímeros provenientes da transformação dessesgases em partículas sólidas, em pó ou em pellets, através doprocesso de polimerização e peletização. No Apêndice A, listam-se as principais resinas termoplásticas e suas respectivas aplica-ções.
A terceira geração é o último elo da cadeia produtiva.Refere-se ao conjunto de empresas que transformam as resinastermoplásticas em uma diversificada gama de produtos finaisou intermediários, como fibras têxteis, materiais para constru-ção civil, autopeças, embalagens, brinquedos e utilidades do-mésticas, entre outros. A Figura 1 apresenta uma síntese da ca-deia petroquímica.
As indústrias de primeira e segunda geração são intensi-vas em capital e, consequentemente, formadas por grandes em-presas, com forte tendência à verticalização e elevadas barreirasà entrada quanto às economias de escala e tamanho mínimo deplanta. Acrescente-se a vantagem absoluta de custo pelo acessoprivilegiado à matéria-prima, que, nos anos recentes, passou ater maior relevância com as oscilações de preço do petróleo. NoBrasil, enquanto a primeira e a segunda geração respondem jun-tas por pouco mais de 2,0 mil empregos diretos formais, na ter-ceira, encontram-se quase 320 mil postos de trabalho formais e11,3 mil empresas em todo o país (ABIPLAST, 2008).
78
3.2 Breve histórico da petroquímicae tendências mundiais
A indústria petroquímica surgiu nos Estados Unidos, entre osanos 1920 e 1940, motivada, principalmente, pela disponibilida-de de petróleo e capacidade de refino no país, fatores esses que,durante anos, garantiram vantagens às empresas ali estabelecidas.Sua base tecnológica veio da indústria química orgânica europeiae da aplicação de processos produtivos contínuos utilizados pelaindústria de refino dos Estados Unidos (WONGSTCHOWSKI;SÁ, 2007). Nessa fase inicial, as principais barreiras à entradaconfiguravam as vantagens absolutas de custo pelo controle datecnologia e pelo acesso privilegiado à matéria-prima. A cres-cente utilização do petróleo e do gás como matérias-primas atraí-ram à indústria grandes companhias de petróleo, a exemplo daShell, Exxon, Amoco e Arco, que logo se transformaram emgrandes produtores de petroquímicos básicos e intermediários.Como foi discutido na seção teórico-metodológica, Chandler(1990) mostrou que as firmas e mercados evoluem juntos paramoldar organizações industriais e considerou a Exxon a maiorprodutora mundial de petróleo. Assim, a produção petroquími-ca já começou oligopolizada ao viabilizar o aproveitamento daseconomias de escala e escopo.
A crise química dos Estados Unidos nos anos 1960 e, de-pois, a crise do petróleo em 1973 concorreram para evidenciar aespecificidade cíclica da petroquímica. Acrescente-se a isso ofato de uma planta levar de dois a cinco anos para ser construí-da e, ao entrar em operação, dada a sua elevada produção emescala, passar a ofertar uma grande quantidade de produtos. Daíos ciclos internacionais de muita oferta de material, com preçosconsequentemente baixos, e de escassez, com preços elevados.
A difusão de tecnologia pelas firmas de engenharia teveum grande impacto no negócio petroquímico, pois estimulou adescentralização da produção e o aumento da concorrência
79
mundial. Essas empresas, que começaram oferecendo serviçosde projeto e turn key4 para o mercado norte-americano, logopassaram a atuar mundialmente, plantando a semente que mi-naria definitivamente uma importante fonte de vantagem com-petitiva das empresas norte-americanas e europeias: a exclusi-vidade do domínio tecnológico (WONGSTCHOWSKI; SÁ,2007). A disponibilidade de tecnologia permitiu o surgimentode novos entrantes em países emergentes — a exemplo do Bra-sil —, contando com um forte apoio governamental e mecanis-mos de proteção de mercado. O acesso à tecnologia permitiuaos países árabes aproveitar suas vantagens comparativas dematéria-prima, para se estabelecerem como plataformas de ex-portação de petroquímicos.
As crises de demanda e recessão das décadas de 1970 e1980 provocaram uma queda na rentabilidade do setor. Posterior-mente, iniciou-se um processo de reestruturação ainda nos anos1980. Alguns grupos empresariais, a exemplo da Monsanto,Imperial Chemical Industries (ICI) e Hoechst, migraram parasegmentos mais rentáveis como os produtos farmacêuticos eagroquímicos. A concorrência acirrada na petroquímica fez comque a matéria-prima de baixo custo, aliada à economia de escala,e a entrada em mercados emergentes como o chinês e o indianoorientassem os investimentos das grandes empresas. O eixo decrescimento da indústria volta-se atualmente para o OrienteMédio e para a Ásia (WONGSTCHOWSKI; SÁ, 2007).
Ainda de acordo com Wongstchowski e Sá (2007), con-solidaram-se, do ponto de vista mundial, algumas tendências.Os Estados Unidos tornaram-se menos competitivos. A produ-ção de poliolefinas no Oriente Médio, em função da matéria-
4 Projeto da modalidade chave na mão, que inclui a responsabilidade comple-ta pelo desenvolvimento do empreendimento: projeto, construção, monta-gem, fornecimento de equipamentos e partida.
80
prima abundante, cresceu de cinco para 12 milhões de tonela-das/ano nos últimos anos. A demanda do mercado chinês conti-nua aumentando com as maiores taxas mundiais de crescimen-to. Embora muito se tenha investido em novos polos petroquí-micos, esse mercado continuará a ser deficitário, demandandoum elevado volume de importações. Numa perspectiva otimis-ta, os dois autores parecem acreditar que a demanda chinesatende a crescer a taxas superiores às do crescimento da oferta.
Kunieda (2008) estimou que os investimentos em anda-mento, voltados para exportação, na Arábia Saudita, Catar eIrã elevariam a oferta de polímeros em cerca de 15 milhões detoneladas até 2010.5 A utilização de etano de baixo custo comomatéria-prima, processado em plantas de grande capacidade, fazcom que as plantas situadas nessa região obtenham menorescustos em relação à média mundial. Destarte, a Europa tende ase tornar eminentemente importadora e transformadora dasresinas provenientes desses países.
J. Roriz Coelho ressaltou, na citada entrevista (2009),que, ademais, houve expansão de capacidades na Índia e noSudeste Asiático, gerando um excedente de oferta na Coreia doSul e nos Estados Unidos, cujos produtos vêm perdendo merca-do na China. Essas novas plantas em operação já teriam acres-centado mais de 12 milhões de toneladas/ano de produtos pe-troquímicos ao mercado mundial até início de 2009. As novascapacidades deveriam ter entrado em operação no final de 2007,mas, apesar do grande atraso, já estão todas produzindo, decla-rou. Obviamente, as partidas operacionais das novas plantasocorreram num período de retração da demanda mundial.
À luz do pensamento de Chandler (1990), pode-se dizerque a busca por economias de escala faz do tamanho do merca-
5 Essas previsões foram feitas antes do acirramento da crise financeira inter-nacional desencadeada a partir de setembro de 2008.
81
do uma variável essencial, pois as plantas não podem parar, jáque seus processos são de fluxo contínuo sem intervenção dire-ta do homem, com controle de alta precisão. A expansão daindústria em países periféricos contribuiu para a integração devários produtos petroquímicos e para a formação de preços emfunção da oferta e demanda mundial. Afora os países árabes,cuja produção é principalmente voltada para o mercado externodada a limitação de seus mercados domésticos, a maior parte daprodução petroquímica atende aos mercados em que suas plan-tas estão localizadas. Enquanto os preços praticados interna-mente devem cobrir os custos fixos e variáveis, o excedente deprodução geralmente é exportado a um preço apenas o suficien-te para cobrir os custos variáveis. Eventualmente, quando háescassez mundial de produtos por limitação de capacidades oupor aquecimento da demanda, os preços internacionais podemse tornar mais elevados que os domésticos.
Na análise de Wongstchowski e Sá (2007), a petroquími-ca se tornou uma indústria madura ao longo dos últimos vinteanos, pois poucas tecnologias de processo realmente inovadorasforam comercializadas, provavelmente porque a oferta não pa-rece ser problema. Ao se utilizar a classificação de inovaçõesadotada por Freeman e Perez (19--), abordada na seção teórico-metodológica, pode-se afirmar que a indústria voltou-se para abusca de inovações incrementais que proporcionassem o aumen-to da eficiência e a redução de custos, identificadas como opor-tunidades tecnológicas. Como a maioria dos processos utiliza-dos é eficiente, a ênfase das empresas, segundo esses autores,volta-se para a redução de custo e para a pesquisa de produto eaplicação.
O desenvolvimento de aptidões para executar inovaçõesda indústria de terceira geração depende de sua integração amontante e a jusante na cadeia. Ao identificar oportunidadesno mercado (a jusante), a questão colocada pelo transformador
82
ao fornecedor (a montante) é qual deve ser o polímero necessá-rio para uma dada aplicação. A petroquímica, por sua vez, aodesenvolver novos produtos, pergunta o que é possível se fabri-car com um determinado polímero (KUPFER, 2004). A indús-tria de transformação plástica faz, grosso modo, o papel de exe-cutora das inovações introduzidas a montante pelos produtoresde termoplásticos e fornecedores de equipamentos, para aten-der a demanda a jusante das indústrias automobilística, eletro-eletrônica, alimentícia, entre outras.
Nesse estágio de maturidade, o desafio tecnológico colo-cado para a indústria petroquímica é desenvolver processos queconsumam menos energia e matérias-primas e que reduzam aemissão de efluentes, além da busca da produção de substânciasquímicas a partir de biomassa. Na percepção de Wongstchowskie Sá (2007), o futuro da indústria está cada vez mais vinculadoa fontes alternativas, a exemplo da produção de eteno a partirdo etanol obtido da cana-de-açúcar. Dentro de uma perspectivade desenvolvimento sustentável, mencionam ainda, como fron-teiras tecnológicas, as trajetórias químicas a partir do metanoobtido do carvão e outras fontes vegetais e a combinação deprodutos existentes sob a ótica da nanotecnologia. Entretanto,não se pode dizer que as fontes de energia derivadas de produ-tos agrícolas sejam inofensivas ao meio ambiente, na medidaem que, para a produção em escala, utilizam vastas áreas deterra e defensivos agrícolas, contribuindo para agravar o desma-tamento e a erosão do solo.
3.3 Petroquímica brasileira
O marco de implantação da indústria petroquímica brasileira sedá com a inauguração da central de matérias-primas da Petro-química União, em São Paulo, em 1966. O crescimento do setorocorre a partir da década de 1970, sob coordenação e presença
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do Estado. Cria-se a Petroquisa, para permitir a participação daPetrobras na indústria, e um aparato regulatório de proteçãoem sintonia com uma política de industrialização por substitui-ção de importações.
A partida operacional do Polo Petroquímico de Camaça-ri, Região Metropolitana de Salvador (RMS), Bahia, ocorreuem 1978. No âmbito do I Plano Nacional de Desenvolvimento(I PND) (1972-1974), formularam-se grandes projetos de infra-estrutura voltados para a integração nacional e programas de ex-pansão da siderurgia, da petroquímica, da mineração, das teleco-municações e dos chamados corredores de exportação com apoiofinanceiro das agências federais, das instituições multilaterais decrédito e do mercado internacional de capitais (UDERMAN,2008). A implantação do Polo de Camaçari é concretizada noII PND (1975-1979), que tinha três focos: substituir as importa-ções, elevar as exportações e ampliar o mercado interno consumi-dor. O investimento total deveria permitir que o Produto InternoBruto (PIB) atingisse US$ 120 bilhões em 1979 (SANDRONI,2001). Deslocava-se, então, a ênfase na produção de bens durá-veis para a indústria básica, incluindo-se a química e a petro-química.
Embora já existisse uma indústria petroquímica paulista,o Estado da Bahia é escolhido para sediar o primeiro polo pla-nejado do Brasil e o maior em capacidade instalada. A Bahiapossuía uma base técnica, pois liderava a produção de petróleodo país, contando com a Refinaria Landulfo Alves (RLAM).No início dos anos 1970, havia uma carência na produção nacio-nal de alguns insumos básicos usados pela indústria de transfor-mação do Centro-Sul, e o Governo Federal tinha, entre seusobjetivos, a diminuição dos desequilíbrios regionais. Assim, aBahia é inserida na matriz industrial brasileira como supridorade produtos intermediários para os setores de bens finais insta-lados no eixo Sul-Sudeste, tornando-se, consequentemente, o
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maior estado produtor de termoplásticos do país (GUERRA,2001).
O Polo do Rio Grande do Sul entrou em funcionamentoem 1982 e também foi planejado e construído, em suas primeirasetapas, a partir da política nacional de desenvolvimento industrialdo II PND, no governo Geisel. Suas ampliações posteriores, emcontrapartida, foram fortemente influenciadas pela dinâmica demercado, no contexto da reestruturação dessa indústria.
A partir dos anos 1990, começou um processo de desre-gulamentação do modelo criado na implantação da petroquími-ca. Iniciou-se um período de redução das tarifas de importaçãode produtos petroquímicos que, em determinados casos, atingiam100% do preço CIF. Os anos 1990 caracterizaram-se pela adesãoda política industrial brasileira aos princípios liberais do Con-senso de Washington. O processo de privatização implicou asaída da Petrobras do setor através da venda das ações da Petro-quisa, que participava de praticamente todas as empresas, à ini-ciativa privada. Além de se reduzirem as barreiras tarifárias coma queda progressiva das tarifas de importação de produtos pe-troquímicos, iniciou-se um processo de fusões e aquisições en-tre os grupos empresariais atuantes.
As empresas foram obrigadas a se reestruturarem parasobreviver em um ambiente competitivo. A proximidade domercado consumidor passou a ser ainda mais relevante, sobre-tudo para os produtores de bens predominantemente comerciali-zados no mercado interno, a exemplo dos segmentos de limpezae cosméticos, tintas e vernizes e defensivos agrícolas. Ademais,a proximidade do transformador facilitava a resolução de pro-blemas específicos de produto e aplicação. A estratégia das em-presas nacionais para fortalecer sua posição de mercado foidirecionar o investimento em inovação para o desenvolvimentode tecnologias de produto e aplicação, dedicando menos esforçoao desenvolvimento de tecnologias de processo, dada a disponi-
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bilidade internacional de fornecedores competitivos desse tipode tecnologia (WONGSTCHOWSKI; SÁ, 2007).
Em 2001, foi criada a Braskem com a compra da Copene(central de matérias-primas do Polo de Camaçari) pelo consór-cio Odebrecht-Mariani e das empresas OPP, Trikem, Polialden,Proppet. A participação do Grupo Odebrecht na Copesul (cen-tral de matérias-primas do Polo do Sul) e em empresas de se-gunda geração do Polo do Sul foi também incorporada à Braskem,que se tornou, já àquela época, o maior conglomerado petroquí-mico do Brasil. As compras da Politeno, em 2006, e da IpirangaPetroquímica, em 2007, em conjunto com a Petrobras contribuí-ram para reforçar a posição da Braskem como produtora de ter-moplásticos em escala mundial.
Com um investimento de US$ 1,08 bilhão, foi inaugura-do, em 2005, o Complexo Integrado Rio Polímeros (Riopol), oprimeiro empreendimento gás-químico do Brasil, instalado pró-ximo à Refinaria Duque de Caxias (Reduc) no município domesmo nome. A Riopol fabricava resinas a partir das fraçõesetano e propano do gás natural proveniente da Bacia de Cam-pos, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Seu controleacionário era exercido pelo grupo privado Unipar e pela Petro-bras, que, em junho de 2008, constituíram a Quattor, o conglo-merado petroquímico do Sudeste.
Em 2007, o Grupo Unipar comprou a unidade depolietileno da Dow Química em São Paulo e a participação daDow na Petroquímica União (PQU), central de matérias-pri-mas do polo paulista, visando a fortalecer sua posição na indús-tria petroquímica da região Sudeste. A compra da Suzano Pe-troquímica pela Petrobras, em 2007, possibilitou a formação deuma Companhia Petroquímica do Sudeste, incluindo os ativosda PQU, Riopol, Polietilenos União, Suzano Petroquímica eaqueles originalmente pertencentes à Dow. Esse projeto foi con-cretizado com a constituição da Quattor em junho de 2008,
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tendo como acionistas a Unipar (60%) e a Petrobras (40%). Nofinal de 2008, a Quattor tinha uma capacidade instalada de 2,8milhões de toneladas/ano de petroquímicos básicos e interme-diários e 1,9 milhão de toneladas/ano de resinas, respondendopor cerca de 40% da produção nacional de polietilenos/polipropileno. Além de estar inserida no maior mercado consu-midor do país, ao contar com a Petrobras como sócia na primei-ra e na segunda geração, tinha uma vantagem absoluta de custono acesso à matéria-prima e flexibilidade operacional pela utili-zação de gás natural, na Riopol, e de nafta, na PQU. A empresaanunciou que utilizaria também gás de refinaria proveniente deSão José dos Campos (SOARES, 2008).
Os dirigentes da Quattor divulgaram que ela seria umadas investidoras das unidades de segunda geração do segundopolo do Rio de Janeiro, o Complexo Petroquímico do Rio deJaneiro (Comperj), que deverá contar com a primeira refinariado Brasil a fabricar nafta a partir do óleo pesado, provenientedo campo de Marlim, Bacia de Campos. Chamada de refinariapetroquímica, a unidade de insumos básicos (eteno) será con-trolada pela Petrobras como sócia majoritária. O projeto, orça-do em US$ 8,4 bilhões, foi previsto para entrar em operação em2012 com a produção de 1,3 milhão de toneladas/ano de eteno eocupará uma área de 45 milhões de m2 no município de Itaboraí(PETROBRAS, 2008).
O processo de aquisição das ações da Quattor pelaBraskem, iniciado no final de 2009, deverá lhe transferir o con-trole da petroquímica nacional com participação de 40% da Pe-trobras, responsável pelo fornecimento da nafta e do gás natu-ral. O modelo originalmente planejado — duas empresas petro-químicas no Brasil concorrendo entre si, além da Petrobras comosócia relevante — foi atropelado pela fragilidade financeira daQuattor, agravada pela crise econômico-financeira do fim de2008 e início de 2009 (RORIZ COELHO, 2010).
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A Tabela 1 mostra as capacidades instaladas das centrais dematérias-primas nos quatro polos do Brasil, em 2008, no que serefere ao eteno e ao propeno; o de Camaçari tem a maior capaci-dade instalada de eteno, com 1,28 milhão de toneladas/ano.
Na Tabela 2, apresentam-se valores das capacidades deprodução de resinas termoplásticas, base 2008, por estado e noBrasil: polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno debaixa densidade linear (PEBDL), polietileno de alta densidade(PEAD), polipropileno (PP), poliestireno (PS), policloreto devinila (PVC), etileno-vinil-álcool (EVA), polietileno tereftalato(PET). Com a entrada em operação do Polo do Rio, em 2005,as regiões Sul e Sudeste juntas, a partir de 2006, passaram aresponder por quase 68% da produção nacional de resinas, sen-do o restante detido pelas regiões Norte e Nordeste.
Embora o Polo Petroquímico de Camaçari ainda seja omaior produtor individual de eteno (Tabela 1), é o terceiro pro-dutor nacional de resinas termoplásticas, depois do Polo do Sul
Tabela 1 -Centrais de matérias-primas nos polos petroquímicos
do Brasil
Fonte: Abiquim (2008). Adaptação própria.
Centrais de matérias-primas
Capacidade instalada
Capacidade instalada
(1ª geração) - Eteno Propeno Empresa (t/ano) (t/ano)
Braskem/Copene Camaçari - BA 1.280.000 330.000
Braskem/Copesul Triunfo - RS 1.135.000 581.000
Quattor/PQU Santo André - SP 500.000 250.000
Quattor/Riopol Duque de Caxias - RJ 520.000 75.000
Total 3.435.000 1.236.000
Localização
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e do de São Paulo (Tabela 2). Se o novo Polo do Rio, o Comperj,entrar em operação em 2012, como previsto, ficará na quartaposição. O Polo de Camaçari perdeu a liderança nacional daprodução de resinas termoplásticas desde que o Polo do Sul foiampliado em 1996 como declarou em entrevista C. Leitão (2005),mas continua sendo o maior e mais diversificado polo do Brasil,ao se considerar também a família dos aromáticos, derivados dobenzeno, paraxileno e xilenos (Figura 1).
A Braskem inaugurou, em 2008, uma fábrica de PP, aPetroquímica Paulínia S. A., em Paulínia (SP), em parceria coma Petrobras, fornecedora do propeno proveniente da sua refina-ria Replan, com capacidade de produzir 350 mil toneladas/anode PP (Tabela 2).
A Braskem anunciou o investimento de R$ 1 bilhão naampliação de sua indústria petroquímica no Rio Grande do Sulaté o final de 2010. Metade dos recursos será destinada à linhade produção do polietileno obtido por meio do etanol, álcool dacana-de-açúcar, batizado de “plástico verde”. Esse polietilenovem sendo desenvolvido no centro tecnológico da empresa emTriunfo (RS). As resinas termoplásticas derivadas de etanol sãosemelhantes àquelas produzidas a partir de eteno, com aplica-ções nas indústrias de embalagem, automobilística, de brinque-dos, de cosméticos, entre outras. Para produzir as 200 mil tone-ladas/ano desse plástico “verde” em 2010, a unidade de produ-ção de Triunfo precisará processar 450 milhões de litros de ál-cool, que será fornecido por usinas paulistas (ROCHA, 2008).
Na Tabela 2, foram listadas as principais categorias deresinas termoplásticas de uso geral, cujas aplicações estão deta-lhadas no Apêndice A. É oportuno mencionar os plásticos deengenharia, que substituem os metais em muitas aplicações edetêm propriedades físicas e mecânicas — a exemplo da resis-tência a elevadas temperaturas — bem superiores aos plásticosde uso geral. Bomtempo (2001), ao avaliá-los pela ótica do uso,
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Tabela 2 - Capacidade de produção de resinas termoplásticas -
1.000 t/ano. Produto, empresa por Estado da União - 2008
Fonte: Abiplast (2008); Braskem (2008); Andrade Neto (2007). Elaboração e adaptação próprias.
Produto Empresa RS SP BA AL RJ AM MG/PE Brasil
PEBD Braskem 215Braskem/Triunfo 160Braskem/Quattor Polietilenos União 270Braskem/Politeno 150 Subtotal 375 270 150 795
PEBDL Braskem 300Braskem/Ipiranga 150Braskem/Politeno 210Braskem/Quattor/Riopol 540 Subtotal 450 210 540 1.200
PEAD Braskem 200
Braskem/Ipiranga 550Braskem/Polialden 190Braskem/Politeno 210Quattor/Riopol 540Solvay Polietileno 82 Subtotal 550 82 600 540 1.772
PP Braskem 560 350Braskem/Ipiranga 180
Quattor/Suzano 360 125 200 Subtotal 740 710 125 200 1.775
PS Basf 190Quattor/Dow 190Innova 135Videolar 120 Subtotal 135 380 120 635
PVC Braskem 36 240 240
Solvay Indupa 270 Subtotal 306 240 240 786Quattor/Polietilenos UniãoPoliteno 150Triunfo 160 Subtotal 290 150 440
PET M&G Polímeros (PE) 450M&G Fibras e Resinas 290
Vicunha Têxtil 24 Subtotal 740 740
Total 2.540 1.748 1.475 240 1.280 120 740 8.143
EVA 130
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considera plásticos de engenharia aqueles cujas aplicações téc-nicas ocorrem sob a forma de peças ou componentes para a in-dústria automobilística, eletroeletrônica e outras. Dificilmentesubstituem os plásticos de uso geral, pois são mais caros, mas,em alguns casos, são substituídos por eles, principalmente peloPP e PS, que podem ser aditivados ou desenvolver propriedadespara se tornarem alternativas de menor custo em relação aostradicionalmente classificados como plásticos de engenharia.
E. Souza, em entrevista concedida em 2008, referiu-se àtentativa de aprimorar as propriedades dos plásticos de uso ge-ral para aproximá-los dos plásticos de engenharia e classificoucomo tal apenas as seguintes categorias: politereftalato de etila(PET), policarbonato (PC), acrinolitrila-butadieno-estireno(ABS), poliacetal (POM), poliamida ou nylon (PA), polieter-etil-ketone (PEEK), poli-butil-tereftalato (PBT), teflon (PTFE),polimetacrilato de metila (PMMA), polietileno-tereftalatoaditivado com glicol (PETG), poliamida aromática (KEVLAR)e copolímero de acrilonitrila estireno (SAN), cujos mercados seconcentram em países desenvolvidos.
Os produtores líderes dos plásticos de engenharia sãoDupont, Bayer, Sabic/General Electric (GE). Em 2009, a GEPlastics foi incorporada à Sabic. No Brasil, o conglomerado deempresas Unigel é o principal fabricante desses plásticos e deespecialidades químicas, com plantas em Camaçari, São Paulo,Rio Grande do Sul, Amazonas e, recentemente, no México,voltadas para a indústria automotiva e eletroeletrônica dos paí-ses integrantes do North American Free Trade Agreement(NAFTA). Na Bahia, especificamente nos municípios de Ca-maçari e Candeias, dentre outras fábricas do grupo Unigel en-contram-se a Acrinor, produtora de acrilonitrila; a Proquigel,de metacrilatos; a Unigel Plásticos, de chapas e resinas acrílicas;a Engepack, de embalagens PET. O grupo Unigel, que já detin-ha um terço do capital da Policarbonatos do Brasil, adquiriu
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recentemente a participação dos outros dois sócios, a PronorPetroquímica (Grupo Mariani) e a Idemitsu (do Japão), passan-do a controlar totalmente a única fábrica de policarbonato doBrasil, localizada em Camaçari.
Os plásticos de engenharia são produtos de alto valor agre-gado, produzidos em pequena escala, o que pode ser constatadoao se comparar a capacidade da Policarbonatos do Brasil (15 milt/ano) com as plantas produtoras de resinas de uso geral discri-minadas na Tabela 2, em que as novas capacidades dificilmenteficam abaixo de 200 mil toneladas/ano. Ressalve-se que essaplanta de policarbonato é uma das menores do mundo, confor-me declaração de V. Bomtempo (2009).
Na RMS, o grupo Unigel produz PC e resinas acrílicas,enquanto os demais plásticos de engenharia são produzidos prin-cipalmente pela petroquímica paulista e/ou no exterior. Não háplanos para duplicação da planta de policarbonato que atende àdemanda interna. Segundo esclareceu em entrevista D. Trevisan(2009), seus preços não conseguem competir com aqueles ofe-recidos pela Sabic/GE no mercado internacional. Por sua vez, acapacidade instalada da cadeia do acrílico — acrilonitrila e cha-pas acrílicas — em Camaçari foi duplicada em 2008.
3.4 Polo de Camaçari: desafios
Verifica-se uma tendência à redução da participação do Polo deCamaçari na produção total de resinas do país. As novas capa-cidades e a maior parte das ampliações estão concentradas nasregiões Sul e Sudeste. Esse pode ser um dos sinais de que a faltade uma política industrial nacional tem concorrido para aumentaros custos de transação, transporte, capacitação, mão de obra,atualização de tecnologia e, consequentemente, acentuar a con-centração industrial. A importância da proximidade do merca-
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do consumidor aumenta. Provavelmente, a expansão da petro-química num local como Camaçari, cujo polo utiliza processosprodutivos tecnologicamente defasados numa região em que nãohá escala de demanda, não ocorrerá com a mesma dinâmica dospolos situados nas regiões Sul e Sudeste. Na falta de uma con-centração orquestrada pelas políticas públicas, os interessescorporativos obviamente se sobrepõem aos interesses de desen-volvimento regional.
Atualmente, há um excedente de propeno em Camaçari— produzem-se 330 mil toneladas/ano (Tabela 1) — para supriruma única planta de PP, uma antiga unidade da Shell implanta-da no início dos anos 1980, com uma capacidade 125 mil tonela-das/ano (Tabela 2), que atende principalmente o mercado deembalagens e é considerada tecnologicamente ultrapassada. Per-tencia à Polibrasil, depois foi incorporada ao Grupo Suzano,cujas empresas petroquímicas foram adquiridas pela Petrobrase, em seguida, integradas à Quattor (Tabela 2); provavelmente,passará a fazer parte da Braskem. No processo de reestrutura-ção acionária, a antiga planta de compostos de PP de Camaçari,a Policom, produtora de matérias-primas para a indústria auto-mobilística, foi desativada em 2006 pela Basell, para dar lugar auma planta de compostos de PP em Pindamonhangaba (SP),próxima aos complexos automotivos localizados nas regiões Sule Sudeste. Esse tema será discutido com mais detalhes na seçãoreferente à interface da cadeia petroquímica com a cadeia auto-mobilística.
De acordo com Valverde (2008), havia uma expectativade que a Braskem escolhesse Camaçari para instalar sua fábricade polietileno “verde”, entretanto, como foi mencionado, elaserá localizada no Polo do Sul, onde se encontra o centro depesquisa da Braskem. Assim, em 2008, ao se completarem trin-ta anos de operação do Polo de Camaçari, a Braskem anuncioucomo principal projeto para esse polo uma fábrica de 300 a 400
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mil toneladas/ano de PP, cujo investimento é estimado em maisde R$ 700 milhões. O excedente da matéria-prima, o propeno,existente em Camaçari controlado por essa empresa seria umadas justificativas para o empreendimento.
Ressalte-se que o PP é a resina mais demandada pela in-dústria de transformação plástica, respondendo por 24,59% detodo o consumo nacional, incluindo-se embalagens para a in-dústria de transformação, a agricultura, os segmentos alimentí-cio, farmacêutico, de cosméticos, bem como materiais para aconstrução civil, componentes para as cadeias automotiva e ele-troeletrônica.
A aquisição da Quattor pela Braskem deve redefinir atrajetória do PP em Camaçari. Questiona-se se a atual planta dePP, cujo último controlador foi a Quattor, será reestruturada, ouse a Braskem concretizará o projeto de instalar uma nova unida-de de PP. Pergunta-se para qual mercado uma nova planta de PPda Braskem em Camaçari seria projetada, já que, em 2008, esseconglomerado deu partida a uma planta de PP em Paulínia, paraatender à demanda da região Sul-Sudeste. É verdade que a fá-brica atual de PP em Camaçari tem limitações, como foi discu-tido, mas, pergunta-se, a demanda da região Nordeste justifica-ria um novo empreendimento, considerando-se ainda o exce-dente de oferta mundial de petroquímicos?
Dentro de uma estratégia de internacionalização da pro-dução, foi justamente com o PP que a Braskem fez sua primeiraaquisição no exterior, depois de anunciar o processo de incor-poração da Quattor, ao comprar, no valor de US$ 350 milhões,a Sunoco Chemicals, nos Estados Unidos, a quarta maior pro-dutora de polipropileno, com capacidade de 950 mil toneladasda resina em suas três fábricas no Texas, Pensilvânia e VirgíniaOcidental. A empresa detém 13% do mercado norte-americano,o maior consumidor de PP do mundo (ARAÚJO, 2010).
Até então, a Braskem não previa projetos estruturantes
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em Camaçari, ou seja, aqueles que abrem espaço para novosciclos de desenvolvimento (VALVERDE, 2008), a exemplo doprojeto de uma fábrica de 450 mil t/ano de ácido tereftálicopurificado (PTA), matéria-prima do poliéster tereftálico (PET),a ser implantado em Pernambuco, que será um dos fatoresindutores à implantação do polo têxtil no centro industrial Por-to de Suape. Ressalte-se que esse projeto estava previsto paraCamaçari, onde a central de matérias-primas produz o paraxile-no, principal insumo do PTA (ver Figura 1), porém foi transfe-rido para Pernambuco com apoio do Governo Federal.
Jacobina (2008), ao divulgar estimativas do Cofic, desta-cou que, dos US$ 2,3 bilhões a serem investidos no ramo quí-mico e petroquímico até 2012, US$ 200 milhões serão provenien-tes da Unigel para a duplicação da produção de acrilatos emetacrilatos. A aquisição da antiga Estireno do Nordeste (EDN),da Dow Química, pela Unigel deu condições para a reativaçãodessa planta em 2009 (FIEB, 2010).
Nos últimos anos, várias plantas do Polo de Camaçari fo-ram desativadas. Em 2007, a maior baixa foi o fechamento daPropet, planta da Braskem produtora da resina PET. Em dezem-bro de 2007, a Dow Química anunciou o fechamento de duasunidades da empresa na Bahia que produziam pigmentos para aindústria automotiva (FRANCISCO, 2007). A planta de polies-tireno da Dow, pertencente originalmente à Estireno do Nordes-te (EDN), já havia sido paralisada desde a década de 1990 e, pos-teriormente, o estireno grau monômero também o foi. Com isso,passou a haver maior excedente exportado de benzeno, uma dasmatérias-primas do estireno manômero (ver Figura 1), mas a rea-tivação da EDN pelo grupo Unigel poderá reverter essa situação.Em 2006, foi fechada a Lanxess (ex-Bayer), formuladora dos ter-polímeros ABS e SAN (VALVERDE, 2008).
A falta de estímulo para investimentos estruturantes emCamaçari foi atribuída por Valverde (2008) a dois fatores: o
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desgaste da infraestrutura e da logística, principalmente portuá-ria, e as incertezas fiscais sobre os projetos beneficiados comincentivos baseados na redução ou dilação do ICMS. Mas, quan-do se considera o problema de trajetória tecnológica, as incerte-zas fiscais não parecem tão determinantes para a localizaçãoindustrial. O polo foi construído há mais de trinta anos a partirda nafta obtida do petróleo leve, escasso no Brasil. As novasplantas construídas no Oriente Médio a partir do gás natural,cujas capacidades somarão quase dez vezes a produção determoplásticos do Polo de Camaçari, colocam em risco a susten-tabilidade de produtores menos competitivos. Entrevistado em2009, Roriz Coelho declarou que o Brasil já tem um grandedeficit de nafta, e seria difícil Camaçari, com essa estrutura deprodução, concorrer em preços com estes novos players.
Embora a importação de nafta não seja proibida, seu for-necimento é inteiramente controlado pela Petrobras. Outrasempresas podem importar nafta dentro de uma cota, porém todaestrutura logística, inclusive a tancagem, pertence à Petrobras,que cobra um aluguel muito alto pela utilização de suas instala-ções por outras empresas, esclareceu em entrevista M. Guazelli(2010).
Guerra (2008) aponta como vantagens competitivas doPolo de Camaçari o fato de o seu capital já estar amortizado, desuas escalas produtivas serem compatíveis com o padrão inter-nacional, de haver um aprendizado operacional acumulado euma infraestrutura, embora desgastada. Para o complexo se sus-tentar, sugere a especialização em algumas famílias de produtos,bem como a atração de novos investimentos, fazendo-se, po-rém, necessário ao menos recuperar a infraestrutura, princi-palmente viária e portuária, e encontrar meios de estimular aatualização tecnológica, talvez em nichos de mercado. Por suavez, a atração de empreendimentos depende de condições favo-ráveis, não apenas de incentivos fiscais. A continuada utiliza-
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ção de incentivos como instrumento de política industrial podeter um custo de oportunidade tão elevado para o estado, quenão compense o esforço.
No Porto de Aratu, principal terminal graneleiro do esta-do, os berços de atracação se mostram insuficientes para atenderà demanda. A espera para atracar tem gerado enormes custos dedemurrage (custo por sobre-estadia do navio no porto) aos usuá-rios, repassados pelas companhias de navegação. No porto deSalvador — contêiner e carga geral —, além do baixo fluxo denavios em relação à demanda, no terminal de contêiner há carên-cia de equipamentos (guindastes porta-contêineres). A Associa-ção dos Usuários dos Portos da Bahia (Usuport) também atribuiseus elevados custos ao monopólio da exploração do terminal poruma única empresa. O Porto de Salvador foi considerado o piordo país segundo uma pesquisa realizada com 200 executivos deempresas que utilizam esse tipo de serviço pelo Centro de Estu-dos em Logística ligado ao núcleo de pós-graduação da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que o colocou em últimolugar dentre os 18 principais portos brasileiros (NASCIMENTO,2008). Os problemas apontados incluem tempo de espera paracarregamento/descarregamento de caminhões, perda de cargas,saturação de espaço e deficiência de equipamentos. Na realidade,o porto está subdimensionado para a atual demanda. Evidente-mente, a cadeia logística não pode ser pensada apenas para opolo, mas, aparentemente, os problemas de infraestrutura preju-dicam diferentes segmentos da economia baiana.
3.5 Considerações finais
Pretendeu-se traçar um perfil da indústria petroquímica e deseus encadeamentos, ao se mostrarem as tendências nacionais einternacionais, bem como a inserção do Polo de Camaçari nessecontexto.
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À luz da abordagem de Bain (1956), trata-se de um oligo-pólio com elevadas barreiras à entrada no que se refere tanto àseconomias de escala como às vantagens absolutas de custos, emque a facilidade de acesso à matéria-prima tornou-se mais rele-vante com as acentuadas oscilações de preços do petróleo nosúltimos anos. Embora se tenha constatado tratar-se de uma in-dústria madura, já que nos últimos vinte anos não houve inova-ções radicais de processo, sendo suas tecnologias comercializa-das como commodities, as dificuldades de matéria-prima leva-ram à busca de novas fontes energéticas de origem vegetal, oque poderá abrir espaço para uma série de inovações de proces-so. A proximidade do mercado consumidor é relevante, seja pelasua dimensão para absorver a elevada escala de produção, sejapara o desenvolvimento de produtos diferenciados pelo trans-formador em parceria com o produtor de resinas. Esse não é,entretanto, o fator essencial, já que a maior região produtoramundial de petroquímicos — o Oriente Médio — não é grandeconsumidora.
Verificou-se que os investimentos estratégicos e centros depesquisa da indústria petroquímica encontram-se nas regiões maisdesenvolvidas do Brasil. Antes de iniciar o processo de aquisi-ção da Quattor, a Braskem já buscava diversificar sua fonte dematéria-prima, ao divulgar a construção de plantas petroquími-cas na Venezuela e de uma planta de polietileno a partir do etanolem Triunfo (RS). A incorporação da Quattor deverá transfor-mar a Braskem em oitava petroquímica do mundo e em mono-pólio no Brasil, onde a Petrobras detém 40% do controle comofornecedora de nafta (Camaçari, Triunfo e PQU) e de gás natu-ral da Riopol.
Com mais de 30 anos de operação, o Polo Petroquímicode Camaçari enfrenta uma série de limitações: (1) trajetóriatecnológica — a nafta obtida do petróleo leve importado é suaprincipal matéria-prima.; (2) ameaça dos novos entrantes do
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Oriente Médio, e do próprio conglomerado Braskem, comtecnologias de última geração e vantagem absoluta de custo pelodomínio da matéria-prima; (3) excedente de oferta de produtospetroquímicos no mercado internacional por um prolongadoperíodo; (4) distância dos principais centros de consumo deprodutos petroquímicos; (5) infraestrutura desgastada, internaao distrito industrial e no seu entorno; e (6) deficiências portuáriasno Estado da Bahia.
Por outro lado, vale lembrar que uma das vantagens doPolo de Camaçari é que a sua matéria-prima, a nafta, propicia aobtenção de uma gama de produtos aromáticos derivados dobenzeno que não concorrem com os polos petroquímicos à basede gás.
Enquanto as resinas genéricas estarão cada vez mais de-pendentes de elevadas escalas para atingir o ponto mínimo nacurva de custos e poder concorrer com suas congêneres, os plás-ticos de engenharia, produzidos a partir do benzeno e paraxileno(Figura 1), têm menor escala de produção e maior valor agrega-do, atendendo a nichos de mercado. Embora alguns plásticos deengenharia sejam produzidos em Camaçari pelo grupo Unigel(policarbonato, resinas acrílicas), o problema é que seu merca-do se concentra em regiões desenvolvidas, e a proximidade docliente é importante para o desenvolvimento de produtos.
Apesar de se ter cogitado a instalação em Camaçari deuma planta de PTA (insumo básico para a indústria têxtil), pro-duto derivado do paraxileno (Figura 1) que é produzido nessepolo, o projeto da planta de PTA/polo têxtil foi transferido parao Porto de Suape (PE), com apoio da esfera federal. Provavel-mente, a articulação com o Governo Federal e a logística portuá-ria do Complexo Industrial Porto de Suape implantada em Per-nambuco o tenham colocado em situação vantajosa em relaçãoao Estado da Bahia, ainda que Camaçari contasse com a presen-ça da matéria-prima.
99
A política de substituição de importação dos anos 1970 e1980 deu condições para a instalação de um polo petroquímicono Nordeste do Brasil, visando a desenvolver a economia regio-nal e a atender a demanda do Sudeste. Como observou Scott(2006), as políticas de desenvolvimento regionais baseadas nospolos de crescimento de Perroux (1967a) deveriam passar poruma industrialização capital intensiva baseada na produção emmassa de densos complexos regionais, tal como o de Camaçari.Esses programas tiveram sucesso enquanto a economia esteveprotegida em uma conjuntura de expansão de demanda. Obser-vou também que, geralmente, o limitado poder de compra domercado doméstico, aliado às crises econômicas internacionais,tornou esses programas crescentemente problemáticos, quandoatingiram estágios mais complexos de implementação, o que podeser constatado pelas dificuldades da indústria petroquímica deCamaçari. Ademais, a situação tenderia a se agravar, quando osprogramas não fossem associados a uma política de desenvolvi-mento regional.
Evidentemente, a política industrial não deveria ser pen-sada apenas a partir de incentivos, daí ser difícil dissociar umapolítica industrial de uma política de desenvolvimento envol-vendo as dimensões empresariais e de infraestrutura física, edu-cacional e social. Um dos pontos-chaves de uma política indus-trial bem sucedida é o foco na inovação. Uma política de atra-ção de empresas, cujo determinante é a redução do ICMS sem apreocupação com o potencial de inovação das empresas, tende acontribuir pouco para o desenvolvimento regional. Fica tam-bém problemático dissociar a política local da política industrialnacional, já que as decisões estratégicas, a exemplo da implan-tação do polo têxtil, dependem da esfera federal.
Estimativas do PIB do Estado da Bahia para 2006,divulgadas pela SEI, mostravam que as indústrias química e pe-troquímica juntas respondiam por 47% do produto da indústria
100
de transformação, o que representava pouco mais de 6,5% doPIB baiano àquela época, conforme dados fornecidos por G.Persotti em 2008. A relevância da cadeia para a economia baia-na é óbvia, e o lock in tecnológico do Polo Petroquímico deCamaçari é agravado pela concorrência de novos entrantes. Afalta de renovação das plantas de Camaçari pode ser danosa àeconomia local, mas não parece problemática à indústria petro-química brasileira e muito menos à mundial.
Ainda é muito cedo para se preverem os efeitos da fusãoBraskem/Quattor sobre o Polo de Camaçari, mas a posição daBraskem como monopolista da petroquímica brasileira e oitavano ranking mundial pode abrir novas perspectivas para a renova-ção de Camaçari, que, embora tenha perdido sua posição comoprincipal produtor nacional de termoplásticos, continua abrigan-do o maior e mais diversificado polo petroquímico da América doSul, considerando-se os derivados do benzeno e do paraxileno.
Sem dúvida, o novo conglomerado Braskem/Petrobrasconfere à petroquímica brasileira um grande poder de mercadointerna e externamente, dá condições para uma renovaçãotecnológica das unidades produtivas originais da Quattor e daprópria Braskem e deve viabilizar a implantação do Comperj,porém todo monopólio penaliza o mercado interno com preçoselevados. Um dos possíveis caminhos da política industrial paramitigar o problema é estimular a importação de resinas comoinstrumento regulador de preços.
O Polo de Camaçari deixou de ser essencialmente petro-químico para abrigar diferentes categorias de indústrias, comcerca de cem unidades de produção, que, além dos ramos quí-micos e petroquímicos, englobam fábricas de papel e celulose,de transformação plástica, metalurgia, alimentação, bem comoo Complexo Industrial Ford Nordeste (CIFN), marco do ciclode produção de bens de consumo final, foco da política de atra-ção de empresas do Estado da Bahia a partir do ano 2000.
101
A próxima seção é dedicada à indústria manufatureira deplásticos inserida na terceira geração da cadeia petroquímica,particularmente àquela localizada na RMS.
102
103
4 Perfil da indústriamanufatureira de plásticos
e indicadores de aglomeradosno Brasil e na Bahia
À luz de alguns conceitos destacados na seção teórico-meto-dológica, discutem-se nesta seção as características da indústriade transformação de plásticos no Brasil, particularmente naBahia. A questão central é investigar se as empresas da RegiãoMetropolitana de Salvador (RMS) formam um adensamento pro-dutivo e institucional em relação à indústria de transformaçãoplástica nacional que estimule uma dinâmica, tendo em vista osobjetivos da política estadual de incentivos para atrair investi-mentos na transformação de insumos petroquímicos. Visa-setambém a identificar as principais externalidades usufruídas poressas empresas na visão de seus representantes.
A presente seção está organizada em seis subseções. Dis-corre-se sobre o programa estadual de incentivos para a atraçãode empresas do ramo plástico; traça-se o perfil da indústria,mostrando-se sua segmentação de produtos e processos, o portede suas empresas, sua localização geográfica no Brasil; faz-seuma análise da indústria no Estado da Bahia, com foco na RMS;avaliam-se os resultados obtidos com o cálculo de indicadores,cuja metodologia foi explicada na seção teórico-metodológica.Procurou-se detectar sinais de externalidades marshallianas(mercado de trabalho maduro com mão de obra qualificada, for-necedores especializados e transbordamento do conhecimento),
104
bem como de eficiência coletiva (ações deliberadas de coopera-ção visando à competitividade), por meio de questionários diri-gidos a representantes da indústria, cujos objetivos e modelosestão sintetizados nos Apêndices H e I.
4.1 Políticas de incentivos para a formaçãode um aglomerado setorial/local
Conforme abordado na seção anterior, o Polo Petroquímico deCamaçari foi concebido e implantado sob a égide dos I e II PNDs,respectivamente nos períodos 1972-1974 e 1975-1979. Por suavez, a crise do final da década de 1970 e o esgotamento do modelode industrialização por substituição de importações concorrerampara a descontinuidade de um programa nacional de industriali-zação. Em meio à crise do balanço de pagamentos, com a forteelevação das taxas internacionais de juros, foi lançado o III PND(1979-1985), que estabelecia como metas prioritárias: crescimen-to de renda e do emprego; equilíbrio do balanço de pagamentos;controle da dívida externa; combate à inflação; e desenvolvimen-to de novas fontes de energia (PLANOS..., 2008). Esse planoapresentava objetivos genéricos, incluindo a redução das dispari-dades regionais, com ênfase para o Nordeste, mas faltava, comoobservado por Uderman (2008), uma estratégia particularmenteadaptada para o seu fim. Embora o fortalecimento da Sudenetenha sido mencionado, não foram indicados com exatidão osprincipais objetivos a serem perseguidos. Não se constituírammecanismos adequados para a realização de mudanças estrutu-rais ou institucionais relevantes (UDERMAN, 2008). As priori-dades se voltaram para os investimentos destinados a minorar acrise energética (Programa Pró-Álcool) e para problemas do ajustemacroeconômico de curto prazo. Assim, o combate às disparida-des regionais foi aparentemente ofuscado pelas dificuldades ma-croeconômicas mais imediatas.
105
A partir do final da década de 1980, frente à ausência deuma política de desenvolvimento regional por parte do Gover-no Federal, inclusive com o esvaziamento de instituições volta-das para esse fim — como foi o caso da perda de importância daSudene —, os estados brasileiros, amparados pela maior auto-nomia política e financeira propiciada pela Constituição de 1988,partiram para o desenvolvimento de políticas próprias de atra-ção de investimentos, por meio da concessão de incentivos fis-cais (LIMA; SPÍNOLA, 2005).
Desde o início dos anos 1990, as unidades federativas vêmpercorrendo um longo processo de edição de regulamentaçõesvoltadas para a atração de investimentos, via a concessão deincentivos fiscais e financeiros, e só se mostraram dispostas aabrir mão desse mecanismo por meio de uma legislação superior.Nesse movimento, o Governo da Bahia pode ser consideradocomo um dos pioneiros, com o lançamento do Programa deDesenvolvimento da Bahia (Probahia), em outubro de 1991.
Em linhas gerais, o objetivo do Probahia era bastanteamplo, pois tinha por finalidade
[...] promover a diversificação da matriz industrial do esta-do, estimular a transformação no próprio estado dos seusrecursos naturais, interiorizar o processo industrial e in-centivar o aumento da capacitação tecnológica, da qualida-de dos bens e da produtividade do parque industrial baia-no, visando a sua maior competitividade (BAHIA, 1991).
Não havia um enquadramento setorial nem locacionalprévio. O programa limitava-se a auxiliar a definição de políti-cas que visassem à atração de investimentos industriais, agroin-dustriais, de mineração e outros relevantes para o desenvolvi-mento do estado.
Dentre os programas com objetivos mais específicos co-locados em prática a partir de 1995, destaca-se o Programa Es-
106
tadual de Desenvolvimento da Indústria de Transformação Plás-tica (Bahiaplast), instituído pela Lei 7.351, de 1998 (BAHIA,1998), que tinha como objetivo fomentar a instalação de em-preendimentos industriais no segmento de transformação pe-troquímica e plástica (LIMA; SPÍNOLA, 2005).
O Bahiaplast concedia às empresas produtoras de manu-faturados plásticos o diferimento do lançamento e pagamentodo ICMS devido e a presunção do crédito nas operações de saídade produtos transformados, desde que derivados dos produtosquímicos e petroquímicos básicos e intermediários ofertados porempresas baianas. Ficou estabelecido que, nas operações commercadorias destinadas ao próprio estado, o crédito presumidoseria de 41,1765% do imposto destacado; caso se tratasse deempresas com projetos relevantes para a matriz industrial doestado, seria, nas operações destinadas a outros estados, de 70%do imposto destacado; nas demais situações, seria de 50%. ATabela 3 resume esses incentivos fiscais.
Concedia-se, também, diferimento do ICMS nas opera-ções de saída de resinas termoplásticas, fabricadas pela indús-
Tabela 3 - Incentivos fiscais previstos pelo Bahiaplast
Fonte: Spínola (2000).
Tipo de vendaAlíquota plena do ICMS sem
incentivo
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alíquota
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No próprio estado 17,00% 41,18% 10,00%
Para as regiões Sul e Sudeste 12,00% 50,00% 6,00%
Para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste
7,00% 50,00% 3,50%
Para outros estados, em projetos relevantes para a matriz industrial da Bahia
12,00% 70,00% 3,60%
107
tria de segunda geração do Polo Petroquímico6 para as firmas deterceira geração, produtoras de transformados, e nas operaçõesde importação de máquinas, equipamentos, ferramentas, moldese modelos adquiridos. Ofereceram-se terrenos nos distritos e cen-tros industriais a preços simbólicos, a exemplo do Polo Plásticoem Camaçari, com infraestrutura completa na porta da fábrica.Previa-se ainda um bônus de 3%, garantido pelas indústrias doPolo Petroquímico de Camaçari, sobre as compras de matérias-primas para as indústrias de transformação plástica do estado.
O programa Bahiaplast constituiu-se, assim, num con-trato em que foram envolvidos, pelo menos, três agentes princi-pais — o Governo do Estado na concessão de incentivos, ostransformadores de resina e os produtores de resina — e foiconcebido como um indutor para o aumento da demanda localpara os produtos do Polo de Camaçari, sobretudo as resinastermoplásticas. Vale lembrar que, desde a sua concepção, o mer-cado-alvo da indústria petroquímica da Bahia era a região Su-deste, embora o Governo do Estado tenha criado uma série demecanismos de apoio e atração à indústria de terceira geraçãoque não surtiram o efeito esperado antes do programa Bahiaplast.
Em 2001, através da Lei 7.980 (BAHIA, 2001), ficou ins-tituído o Programa de Desenvolvimento Industrial e de Integra-ção Econômica do Estado da Bahia (Desenvolve), que não secolocava como um programa dirigido especialmente para umsetor ou região, mas procurava priorizar setores econômicos eespaços do território baiano. Em linhas gerais, o Desenvolvepropunha-se a fomentar e diversificar a matriz industrial e agro-industrial, com formação de adensamentos industriais e inte-gração de cadeias produtivas consideradas relevantes para a eco-nomia do estado, particularmente em função da geração de
6 Como foi discutido na seção anterior, há dificuldades em o Estado honrar oscréditos de ICMS para a indústria de segunda geração petroquímica.
108
emprego e renda. Para tanto, o programa previa a possibilidadede concessão de dilação do prazo de pagamento, de até 90% dosaldo devedor mensal do ICMS normal, limitada a 72 meses.Os pagamentos antecipados do montante devido poderiam ge-rar descontos de até 90% sobre a parcela do imposto cujo prazofosse dilatado. Além disso, o Desenvolve previa o diferimentodo lançamento e pagamento do ICMS sobre ativos fixos e insu-mos adquiridos na Bahia e importados e sobre o diferencial dealíquota de bens comprados de outros estados. O segmento detransformação de plástico, em algumas regiões da Bahia, aca-bou se tornando uma das prioridades consideradas pelo Desen-volve. Essa situação fez com que o novo programa se apresen-tasse como um sucessor do Bahiaplast no que se refere especifi-camente à indústria manufatureira de plástico.
A partir dos primeiros anos da década de 2000, simulta-neamente aos programas de incentivos, foi difundida a ideia dese estimularem redes de cooperação entre empresas de um mes-mo ramo industrial ocupando um espaço em regime de especia-lização flexível, embora, como já se viu, não houvesse um for-mato rígido para esse regime. O conceito de capital social pas-sou a ser incorporado ao discurso de organismos internacionais,governos e organizações não governamentais, que colocaramrecursos à disposição do Estado para ações voltadas para o de-senvolvimento local (UDERMAN, 2008).
Em 2003, o governo Paulo Souto lançou um plano estra-tégico para a Bahia denominado “Bahia 2020: o futuro a gentefaz” (UDERMAN, 2008). Um de seus objetivos era formar re-des de pequenas empresas em atividades sintonizadas com asvocações locais. Em 2004, criou-se a Secretaria de Ciência, Tec-nologia e Inovação (SECTI), desmembrada da Secretaria dePlanejamento Ciência e Tecnologia (Seplantec), atual Seplan.Formou-se a Rede de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais daBahia (Rede APLs), dentre os quais estão incluídos o de Trans-
109
formação de Plástico e o de Fornecedores da Ford. Órgãos pú-blicos, empresas e universidades foram convidados a participarde ações que visavam a promover o desenvolvimento local atra-vés do fortalecimento de arranjos produtivos. A iniciativa doGoverno Estadual seguia a linha das instituições multilateraisde crédito e de diferentes tipos de intervenções coordenadaspela administração federal. Criavam-se condições para progra-mas de parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvi-mento (BID), o Sebrae e o Ministério de Ciência e Tecnologia.
Em 2004, como lembra Uderman (2008), o Sebrae lan-çou, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvi-mento (BID) e a Câmara de Comércio de Milão, a publicação“Metodologia de Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Lo-cais - APLs”, com a pretensão de, a partir desse programa, cons-truir o capital social ao reunir diferentes grupos produtores agre-gados de acordo com a cadeia produtiva a que pertenciam, paraque houvesse uma eficiência coletiva. Os APLs, cujo conceito jáfoi apresentado na seção teórico-metodológica, geralmente en-volvem a participação e interação de empresas — que podemser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedorasde insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e servi-ços, comercializadoras, clientes, entre outras — e suas variadasformas de representação e associação. Incluem também diver-sas outras instituições públicas e privadas voltadas para a for-mação e capacitação de recursos humanos (como escolas técni-cas e universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia;política, promoção e financiamento (CASSIOLATO; LASTRES,2003).
110
4.2 Características gerais da indústriamanufatureira de plásticos
Enquanto as indústrias de primeira e segunda geração da cadeiapetroquímica são intensivas em capital, concentradas num mer-cado em oligopólio, com elevadas barreiras à entrada, a indús-tria de terceira geração é heterogênea, atomizada. De acordocom levantamento junto à base de dados da Relação anual de
informações sociais - RAIS (BRASIL, 2006), ela está presenteem 1.092 municípios brasileiros; tem baixas barreiras à entrada;é predominantemente constituída por unidades de micro- e pe-queno portes. Na Figura 2, representa-se, através de um fluxo-grama, um esquema da cadeia de suprimento com foco na in-dústria de terceira geração.
4.2.1 Segmentação de produtos
A indústria de terceira geração é responsável por uma diversifi-cada gama de produtos acabados e semiacabados, desde simplesobjetos de adorno a complexos componentes técnicos que utili-zam plásticos de engenharia ou resinas de uso geral aditivadas,conhecidas como compostos de PP — o termoplástico mais uti-lizado na indústria automotiva — e de PVC.
Conforme dados da Abiplast (2008), em 2007, o merca-do brasileiro de transformados plásticos, com base no consumode resinas, estava segmentado de acordo com a Figura 3. Nessaclassificação, o grupo embalagens representa apenas 14,5%, por-que as embalagens para alimentos, produtos agrícolas, cosméti-cos e farmacêuticos, higiene/limpeza foram alocadas em cadauma dessas categorias. O consumo nacional de resinas para afabricação de embalagens é estimado, grosso modo, em cerca de40%. A totalidade de empresas de embalagens representa emtorno de 25% do total de empresas de manufaturados plásticos.
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À questão central do presente trabalho interessa particu-larmente a aplicação do plástico na indústria automobilística,que é pouco significativa em termos do volume de resina consu-mida (1,3%), porém representa um nicho de mercado altamen-te especializado demandante de produtos diferenciados e de ele-vado valor agregado.
Inicialmente, as empresas eram especializadas nos dife-rentes processos produtivos — moldagem a sopro, injeção,extrusão e rotomoldagem —, atendendo, de forma relativamen-
Figura 3 - Segmentação do mercado de transformados plásticos
por aplicação
Fonte: Abiplast (2008) com base no Anuário da indústria química brasileira (ABIQUIM, 2008).
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113
te indiscriminada, a diversos clientes e mercados. Antes da aber-tura econômica, as empresas escolhiam produtos e mercados demodo a maximizar a utilização da capacidade instalada. A partirdos anos 1990, intensificou-se a concorrência entre empresasque utilizam material plástico a jusante (indústrias automobi-lística, eletrônica e alimentícia) e a montante (empresas quími-cas e petroquímicas de segunda geração, fornecedoras de resi-nas). Fleury e Fleury (2008) observam que houve necessidadedo alinhamento das empresas manufatureiras de plástico emdiferentes cadeias produtivas. As condições de acesso e de per-manência em determinada cadeia passaram a ser definidas emtermos de escala e competências específicas.
4.2.2 Porte das empresas
De acordo com informações da Abiplast (2008) baseadas nosúltimos dados divulgados pela RAIS, existiam, em 31 de dezem-bro de 2006, 11,263 mil empresas manufatureiras de plástico noBrasil para 298,169 mil empregos, ou seja, uma média de 26,5empregos por empresa.
Utilizando-se o critério de classificação do Sebrae (2009),7
já apresentado na seção teórico-metodológica, constata-se queé um setor constituído majoritariamente por micro- e pequenasempresas, já que quase 30% têm menos de quatro funcionários,e 48% têm menos de nove funcionários, como se pode verificarna Figura 4.
7 Micro-, com até 19 empregados; pequena, de 20 a 99; média, de 100 a 499;e grande, com mais de 500 empregados.
114
4.2.3 Localização da indústria no Brasil
Ao se observar a Tabela 4, que mostra a distribuição do númerode empresas e empregos por estado da União — organizada emordem decrescente do número de empresas por estado —, veri-fica-se que a Bahia ocupa a sétima posição no ranking nacionalem número de empresas, depois do Rio de Janeiro, e a oitava emnúmero de empregos diretos formais, depois do Amazonas, ondea indústria de montagem da Zona Franca de Manaus respondepelo elevado número de empregos do ramo plástico. A atividadede transformação está concentrada nas regiões Sul e Sudeste. Deacordo com a versão 2.0 da Classificação Nacional de AtividadesEconômicas (CNAE) (FIEB, 2008), divulgada pelo Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os artefatos plásticosestão incluídos na Divisão 22, agrupados em quatro categorias:22218 - Fabricação de laminados planos e tubulares de materialplástico; 22226 - Fabricação de embalagens de material plástico;22234 - Fabricação de tubos e acessórios de material plástico parauso na construção; 22293 - Fabricação de artefatos de materialplástico não especificados anteriormente. Essa última categoria ébastante heterogênea, abrangendo desde complexas peças técni-cas a simples objetos de adorno.
À época da instalação do Polo de Camaçari, há quase 30anos, quando a Bahia liderava a produção nacional de resinas, ameta do Governo Estadual era a de que a transformação localparticipasse em cerca de 30% do volume brasileiro (NÚCLEO...,2002). Em 1979, como bem lembra Uderman (2008), as dire-trizes e metas do Governo Estadual enfatizavam a influênciadinâmica e germinativa do polo petroquímico, ao valorizar apromoção de novos empreendimentos na área de transforma-ção final dos insumos produzidos em Camaçari, de modo a asse-gurar o impacto regional desejado.
Embora a participação da Bahia na transformação nacio-nal de resinas termoplásticas, estimada em 5%, esteja muito longe
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da meta de 30%, calcula-se que 20% da produção de resinas doPolo de Camaçari sejam transformados localmente no próprioestado. Provavelmente, esse resultado decorre dos esforços depolíticas públicas, pois a expansão foi intensificada a partir doprograma de incentivos Bahiaplast. Vale lembrar que, como aBahia detém, atualmente, apenas cerca de 18% da produçãonacional de resinas, a meta de responder por 30% do volumebrasileiro de transformação só faria sentido naquele contexto,em que a verticalização era pensada a partir da matéria-prima.
Hoje, o processo de verticalização da cadeia petroquími-ca/plásticos parece mais intensamente conduzido pelo triomarshalliano — demanda, existência de mão de obra qualifica-da e disponibilidade de serviços especializados — do que pelapresença da matéria-prima. Embora a petroquímica seja inexis-tente em Santa Catarina e no Paraná e esteja muito pouco pre-sente em Minas Gerais, o número de empregos na indústria deplásticos desses estados é maior do que no Estado da Bahia (Ta-bela 4). No Amazonas, a categoria artefatos diversos representaquase 78% dos empregos totais da indústria, provavelmente pelademanda de componentes para as montadoras, predominante-mente da indústria eletroeletrônica. Note-se que o Amazonasocupa a sétima posição quanto ao número de empregos com11,4 mil. Em Minas Gerais, onde se localiza o consolidado poloautomotivo da Fiat, em Betim, também os artefatos diversosabsorvem mais de 66% dos empregos (Tabela 4); nesse municí-pio, encontra-se um dos maiores aglomerados produtores deartefatos plásticos do estado (Apêndices B e C). Em Pernambu-co, logo abaixo do Estado da Bahia em número de empresas,destacam-se as embalagens, com 48% dos empregos, possivel-mente em decorrência do elevado crescimento da indústria dealimentos e bebidas no período 1999-2002, destacado porUderman (2005).
Com base nos dados de Brasil (2006), calcularam-se os
118
Quocientes Locacionais (QLs)8 para os 1.094 municípios brasi-leiros nos quais se localizam unidades de transformação. NoApêndice B, apresenta-se uma seleção por estado dos municípioscom QL > 1 e com pelo menos 20 empresas do ramo. Incluíram-se alguns municípios com QL < 1, a exemplo de Santo André,Mauá, São Caetano do Sul, onde a relevância do setor no muni-cípio é constatada pelo número de empresas e por referênciasna literatura técnica.
Percebe-se que o Estado de São Paulo, onde a indústriamanufatureira de plásticos é encontrada em 286 municípios,contém o maior número de cidades com QLs elevados. A leitu-ra do indicador, por sua vez, não pode prescindir de uma análisequalitativa. Nesse estado, o município de Caieiras aparece emprimeiro lugar, com QL = 10,37 com apenas 37 empresas, pro-vavelmente por ser uma pequena economia encravada na GrandeSão Paulo, na qual o peso dessa indústria para a economia localé grande, e Diadema, no ABC Paulista, ocupa a segunda posi-ção com 210 empresas e um QL = 9,36. Já Santo André, com 91empresas, também integrante do ABC Paulista e centro de refe-rência na transformação de plásticos no Brasil, tem QL < 1.Provavelmente, dada a diversificação de sua indústria, a catego-ria em estudo parece pouco representativa nas estatísticas. Comomencionado, o QL é recomendado para municípios com maisde 50 mil habitantes e menos que 300 mil, pois pode sersupervalorizado na cidade pequena e subvalorizado na grande,como foi o caso de Caieiras e Santo André, respectivamente.
Em Santa Catarina, o QL de São Ludgero, que tem cerca de10 mil habitantes, foi certamente supervalorizado ao atingir 56,92(Apêndice B). Já Joinville, que tem aproximadamente 500 mil ha-bitantes e é centro de referência da indústria no Brasil, aparece na
8 A metodologia para construção dos indicadores foi discutida na seção teóri-co-metodológica.
119
quarta posição, com QL = 6,42, embora possua o maior númerode empresas (147) dentre os municípios daquele estado. Esses re-sultados mostram a fragilidade e a limitação desse indicador.
Calcularam-se também os Índices de Concentração (ICs)dos 1.094 municípios brasileiros nos quais a indústria de plásti-cos está presente. Vale lembrar que o cálculo desses indicadorese a importância de seu uso, bem como do QL, foram explicadosna seção teórico-metodológica. No Apêndice C, elencam-se, emordem decrescente por estado, os municípios com IC > 0, man-tendo-se o critério de cidades com pelo menos 20 empresas doramo plástico. Constata-se que esse indicador é mais abrangen-te que o QL, pois engloba um maior número de municípios,inclusive pode sinalizar certo grau de concentração em algumasgrandes cidades, a exemplo do Rio de Janeiro, de Salvador, BeloHorizonte e Porto Alegre, que não aparecem na relação de mu-nicípios com QL > 1, mas têm ICs > 0.
4.3 Aglomerado de empresas de transformaçãoplástica na Região Metropolitana de Salvador
Embora o Polo Petroquímico de Camaçari tenha entrado emoperação em 1978, a indústria de transformação plástica da Ba-hia só começou a ganhar corpo a partir da década de 1990. Muitasempresas foram atraídas pelos incentivos fiscais e infraestrutu-ra disponível aos empreendimentos.
A cidade do Salvador tem 67 das 270 unidades manufa-tureiras do estado, correspondendo a quase 25% do total dasempresas (Figura 5). Camaçari, onde se localizam o ComplexoIndustrial Ford Nordeste (CIFN) e o Polo Petroquímico, contacom 30 empresas; Simões Filho, município onde está o CentroIndustrial de Aratu, com 26 unidades; Lauro de Freitas, com24. Em suma, a RMS e Feira de Santana concentram 190 em-
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presas, o que equivale a 70,4% dos estabelecimentos do estado(Figura 5), além de 7,5 mil dos 8,5 mil empregos gerados pelaindústria na Bahia.
No Apêndice D, listam-se os 41 municípios baianos nosquais há empresas transformadoras de resinas com o número deempresas e empregos respectivamente. A partir dos dados deemprego, calcularam-se os QLs e ICs dos municípios, para veri-ficar se existe especialização em relação às atividades produti-vas locais e concentração em relação à indústria nacional. NaTabela 5 aparecem os municípios para os quais se obteve umQL maior que a unidade.
Constata-se que, pelo critério do QL, há especializaçãoprodutiva em cinco municípios baianos. Note-se que apenasVitória da Conquista está distante da RMS. Camaçari alcançouo QL mais elevado (5,36) e, conquanto tenha uma maior con-centração de empresas de embalagens, seu QL para artefatosdiversos também excede a unidade (1,54). Portanto, pelo crité-rio do Quociente Locacional existe uma especialização de em-presas do ramo plástico em Camaçari, Simões Filho, Lauro deFreitas, Vitória da Conquista e Feira de Santana. Em outras pa-lavras, a participação dos empregos dessa indústria no empregototal de cada um desses municípios é superior à participaçãodos empregos dessa indústria no total do emprego do Brasil.Ademais, todas as cidades relacionadas têm mais de 20 empre-sas do ramo.
Os resultados do índice de concentração foram positivosem sete municípios do estado, listados na Tabela 6.
Há indícios de concentração nos sete municípios que fi-guram na Tabela 6. Incluiu-se Dias d’Ávila na relação, pois,embora conte com apenas três empresas, seu IC é positivo, alémde ser um município vizinho a Camaçari, portanto com poten-cial para desenvolvimento do setor.
124
O segmento de embalagens representou mais de 40% daatividade de transformação na Bahia (SPÍNOLA, 2007). Hoje,a categoria embalagens responde por 30% do número de em-presas (82) e 34% do número de empregos (2.925) da indústriade plástico na Bahia (Apêndice D). Grande parte das empresas,com algumas exceções, produz sacolas de supermercado, produ-tos de baixo valor agregado em que a matéria-prima chega arepresentar cerca de 60% do custo total. Em entrevista, J. RorizCoelho (2009) alertou que os produtos acabados estão migran-do para embalagens cada vez mais leves, além da crescente uti-lização de reciclados. Assim, a elevada participação da matéria-prima na composição do produto mostra a baixa especificidadedos produtos fabricados localmente.
Atribui-se o aumento de concentração da categoria arte-fatos diversos — que engloba produtores de peças injetadas, noestado, nos últimos quatro anos — à presença da Ford, da in-
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(270 empresas e 8.247 empregos formais)
Fonte: Brasil (2006).
125
dústria calçadista, de montadoras de eletroeletrônicos, bem comodo polo de informática de Ilhéus. Em 31 de dezembro de 2002,a categoria artefatos diversos contava com 97 estabelecimentosem todo o estado (SPÍNOLA; RIBEIRO, 2005) e, em 31 dedezembro de 2006, com 165 estabelecimentos (Apêndice D), oque representa um aumento de 70% em quatro anos. Mais de60% (98 unidades) desses estabelecimentos localizam-se emSalvador, na RMS e em Feira de Santana.
Ao se utilizar o critério do Sebrae, exposto na seção teóri-co-metodológica, para avaliar o porte de empresas, verifica-se queo tamanho das empresas da Bahia está abaixo da média nacional.Na Bahia, as microempresas com até nove empregados represen-tam quase 54% do total (Figura 6), enquanto essa categoria res-ponde, no Brasil, por 48,30% (Figura 4). Na Bahia, não há em-presas com mais de 500 funcionários; as maiores, que são apenastrês, têm entre 250 e 499, sendo, portanto, de médio porte.
4.4 Externalidades marshallianasou eficiência coletiva?
4.4.1 Análise dos resultados da pesquisa empírica
No período 2003-2004, entrevistaram-se 13 representantes deempresas localizadas na periferia industrial de Salvador e naRMS, aplicando-se um questionário para levantar as vantagensda localização no Estado da Bahia (ver Apêndice H). Solicitou-se aos entrevistados que avaliassem, em uma escala de 0 a 5, ositens enumerados na Tabela 7 e constatou-se que a proximidadecom fornecedores e os incentivos fiscais constituíam as externa-lidades melhor avaliadas (SPÍNOLA; RIBEIRO, 2005).
Observou-se que metade dos produtos era vendida fora doEstado da Bahia pelos transformadores de maior porte. Conside-rando as limitações do poder de consumo local, a indústria de trans-
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Verificou-se desinteresse no desenvolvimento de ativida-des com universidades e centros de pesquisa, talvez até por de-sinformação. Isso pode estar relacionado com a baixa especifici-dade dos manufaturados plásticos produzidos localmente ou como fato de as trajetórias tecnológicas seguirem orientação dos cen-tros de P&D das empresas de segunda geração, localizados prin-cipalmente nas regiões Sul e Sudeste, e também dos grandesclientes compradores, como as redes de supermercados (Figura2). Daí poder-se explicar o fato de 50% dos depoentes haveratribuído valor zero a esse item. O apoio tecnológico do ServiçoNacional de Aprendizagem Industrial/Centro Integrado deManufatura e Tecnologia (Senai/Cimatec) ainda era pouco uti-lizado pelas empresas ou até desconhecido. Essa atitude, alémde reforçar a característica de baixa especificidade do produto
Tabela 8 -Fatores de atratividade do Estado da Bahia
na visão de potenciais investidores (%) (2003)
Fonte: Spínola e Ribeiro (2005).
Valor 1 2 3 4 MédiaFatores de atratividade % % % % ponderada
Infraestrutura disponível (física e de serviços)
33 67 3,67
Custo da mão de obra 33 42 25 2,92
Qualificação da mão de obra 33 33 33 2,97
Incentivos fiscais 1 99 3,99
Disponibilidade de crédito 1 16 83 3,81
Proximidade de universidades e centros de pesquisa
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Proximidade com fornecedores de insumos
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local, pode sinalizar fragilidade de eficiência coletiva, entendidacomo ações deliberadas de cooperação entre firmas.
Em 2003 — durante a IX Feira Internacional da Indús-tria do Plástico (Brasilplast) em São Paulo —, entrevistaram-setambém 13 empresas de transformação estabelecidas fora doEstado da Bahia para se identificarem fatores determinantes naatração de investidores (ver Apêndice F). A escala de valoresvai de 1 a 4. O valor 4 significa que o fator tem peso elevadocomo fator de atratividade ao Estado da Bahia (Tabela 8).
Observou-se que os incentivos fiscais ainda constituíamo fator determinante para atrair empresas à Bahia, seguindo-sea disponibilidade de recursos financeiros e de infraestrutura.As empresas destacaram também a importância da logística detransporte e vias de escoamento para os clientes. Alguns em-presários se disseram atraídos pela qualidade de vida que imagi-nariam encontrar na Bahia, pois se mostravam insatisfeitos comas externalidades negativas de São Paulo (SPÍNOLA; RIBEI-RO, 2005). Para utilizar a terminologia de Krugman (1998),dentre as forças centrífugas à aglomeração, os empresários des-tacaram o movimento sindical do ABC e, consequentemente, oelevado custo da mão de obra.
Posteriormente, no período 2006-2007, entrevistaram-se 22 empresas localizadas no entorno do Polo Petroquímico deCamaçari (Figura 5), integrantes do APL de Plástico (ver Apên-dice I). Para levantar as vantagens da localização na Bahia eentender as principais ações para o desenvolvimento do setor esuas oportunidades, aplicou-se um questionário semelhante aoque havia sido aplicado em 2004-2005. Os entrevistados foramsolicitados a avaliar as externalidades locais em uma escala de 0a 5, conforme a Tabela 9.
Dos resultados expostos, concluiu-se que, em relação aoitem infraestrutura, a média ponderada foi 2,62, o que, grosso
modo, representa uma piora em relação ao levantamento feito
130
em 2004-2005, em coerência com as observações sobre o des-gaste da infraestrutura do Polo de Camaçari. Com relação àqualificação da mão de obra, o valor 2,38 pode sinalizar umacarência de mão de obra qualificada para atender o setor, cujasempresas vão se tornando mais exigentes, mas não se constatouque tenha havido um agravamento em relação a 2004-2005.
Verificou-se que o ponto forte do aglomerado, semelhan-te ao levantamento anterior (sintetizado na Tabela 7) continua-va sendo o programa de incentivos, pois grande parte das em-presas afirmou que o crescimento do setor de transformação noestado deve-se aos programas Bahiaplast/Desenvolve, que con-seguiram atrair novos empreendimentos industriais.
Com relação ao apoio das universidades e de centros depesquisa, a apreciação continuou baixa (2,54), o que mostraainda pouca interação entre essas instituições e as empresas doaglomerado. Vale lembrar que esse intercâmbio não ocorre ape-nas por acaso, muito pelo contrário, demanda tempo e políticaspúblicas de longo prazo.
Ao se examinar a pontuação sobre o acesso aos fornecedo-res de insumos, concluiu-se que não existe uma concordância nesteitem, pois os valores foram dispersos, e a média, baixa (2,77). Omesmo não ocorreu com a avaliação do item proximidade comclientes/consumidores, pois 76,92% dos entrevistados afirmaramsatisfação, expressa pela média 3,31, o que mostra facilidade deacesso ao mercado a partir da localização na RMS.
Constatou-se que, na visão dos empresários entrevista-dos, os principais gargalos estão relacionados com a infraestru-tura disponível (física e de serviços), acesso aos fornecedores deinsumos locais e, principalmente, a qualificação da mão de obra,itens que obtiveram uma baixa avaliação. Apesar da proximida-de do Polo Petroquímico, o processo de reestruturação e de fu-sões entre as petroquímicas contribuiu para dificultar o acessodireto ao fornecedor de resinas.
131
4.4.2 Fonte de inovação das empresas
de transformação plástica na Bahia
A possibilidade de as firmas introduzirem inovações dependemuito de sua articulação com os produtores de resinas e fabri-cantes de máquinas. A indústria manufatureira de plásticos,quanto ao processo de geração e difusão de inovações, éidentificada como “dominada por fornecedores”, ao se conside-rar a taxonomia de Pavitt (1984) discutida na seção teórico-metodológica. Poucas empresas estabelecem parcerias com cen-tros de pesquisas, como o Cimatec ou universidades, contudohá alguns casos pontuais que merecem ser relatados.
Dentre as empresas entrevistadas no período 2004-2005,um fabricante de pré-formas de PET revelou que estabeleceuuma parceria com a UNICAMP e a UFBA (Escola Politécnica)para o desenvolvimento de uma tecnologia de reciclagem, pio-neira no Brasil, para obter produtos por meio de processos deprodução mais limpos (ecoeficiência) e é um dos poucos produ-tores brasileiros da resina de PET reciclado. O flake de PET,semelhante a um pellet, produzido na planta de reciclagem lo-calizada no CIA com equipamento importado da Alemanha, éutilizado como insumo da indústria têxtil, substitui o poliéster ecusta a metade do seu preço.
Geralmente, a segunda geração investe em P&D para aten-der as necessidades específicas do mercado, seja para aperfeiçoara utilização de termoplásticos em determinados nichos, seja paradesenvolver novas resinas que possibilitem o setor transforma-dor a entrar numa nova área, substituindo outro material. Asresinas metalocênicas, produtos com melhores propriedades fí-sicas específicas (mecânica, térmica, elétrica e outras) utiliza-dos na produção de filmes técnicos, foram consideradas as prin-cipais inovações do setor petroquímico mundial na década pas-sada (COM A TECNOLOGIA..., 2005). A Braskem fabrica
132
esse tipo de resina em Camaçari desde 2004 com tecnologialicenciada da Univation Technologies, segundo informação deGraeff (2004), então diretor de inovação da empresa.
A Poly Emblagens, um dos maiores transformadores doestado, produz filme form, fill and seal (FFS) a partir de PP comadição do polietileno metaloceno e fornece big bags (sacolões) àindústria de segunda geração para embalagem de resinas, quesão também exportados para a Argentina, o Chile, a Colômbiae os Estados Unidos. A formulação do produto foi desenvolvidaem parceria com uma empresa alemã, a Windmoeller, do grupoMueller Hoechst. Segundo informações obtidas em entrevista aM. Correia (2005), representante da Poly Embalagens, o filmeresultante da combinação do PP com o polietileno metalocenodesenvolvido em Camaçari superou em qualidade e resistênciaseu similar produzido na Alemanha.
Por sua vez, a produção de sacos de supermercado, pre-dominante na indústria de embalagens baiana, tem baixíssimaapropriabilidade e especificidade. Sofre pressão competitiva detodos os lados: fornecedores, compradores, concorrentes, incluin-do os produtores informais, que utilizam resinas recicladas debaixo preço e qualidade. Sem desenvolver a capacidade de in-troduzir inovações incrementais, como nos exemplos mencio-nados acima, as empresas caem numa guerra de preços, combaixíssimas margens, não contando com recursos excedentes parainvestimentos em tecnologia e adaptações, não se integrandocom atividades que demandam embalagens com propriedadesespeciais, a exemplo da fruticultura e dos cosméticos.
133
4.5 Iniciativas para organização do APL detransformadores de plástico da RMS
Como foi mencionado, a partir de 2004 começou a se organizarum APL de plástico da RMS sob a coordenação do Senai/Cimatecem parceria com a SECTI, com participação do Sebrae, Bancodo Nordeste e Desenbahia. Atualmente, 43 empresas partici-pam das atividades, segundo informou em entrevista o coorde-nador do APL, L. Pisanu (2008).
Para identificar fatores que viessem a contribuir para ofortalecimento do APL na RMS, acrescentou-se ao questioná-rio sintetizado na Tabela 9, dirigido às 22 empresas em 2006-2007, uma pergunta aberta, solicitando ao entrevistado quesugerisse três tipos de ações que pudessem contribuir para ofortalecimento da cadeia. Foram apontadas 14 diferentes tiposde ações, com um total de 34 citações, conforme a Tabela 10.
Das ações propostas, teve destaque a capacitação técnica,com 20,59% das citações, seguida de sensibilização empresarial,interação da cadeia e negociação de preços com a petroquímica,com 11,76% das citações.
Entende-se por sensibilização empresarial a capacidadede mobilização para que as empresas se organizem e trabalhemde forma conjunta em prol das ações para o benefício coletivo;enfim, uma busca pela eficiência coletiva.
A questão da negociação de preços com a petroquímica écomplexa, uma disputa do tipo Davi e Golias. A petroquímicatem um enorme poder de mercado, e seu risco é pulverizado emmilhares de clientes, sendo baixo seu custo de transação em re-correr ao mercado, daí preferir-se manter contratos com distri-buidores muito bem selecionados. Por sua vez, o transformadorestá praticamente aprisionado à Braskem, fornecedor de todosos termoplásticos. Paradoxalmente, o custo da matéria-primapode ser mais elevado em Camaçari do que na região Sudeste,
134
onde há maior oferta de resinas de diferentes distribuidores econcorrência de produto importado, como destacou C. Leitãoem sua entrevista (2005); contudo, se o produtor local comprarde fornecedor fora do estado, não se beneficiará dos incentivos.Assim, a interação da cadeia depende muito da integração doAPL com a indústria petroquímica. O APL foi criado tambémpara articular os produtores de plásticos com os atores envolvi-dos, mas não há representantes da indústria de segunda geraçãono APL, a não ser de algum distribuidor credenciado pelaBraskem, a exemplo da Sasil. Camaçari atualmente engloba umconjunto de plantas petroquímicas, todavia os centros de deci-são estão fora do estado, o que enfraquece o poder de negocia-ção desses pequenos produtores.
Tabela 10 - Ações sugeridas pelas empresas para o fortalecimento
do APL de plásticos na RMS
Fonte: Lima e Silva (2007). Adaptação própria.
Ações sugeridas Incidência %
Sensibilização empresarial 4 11,76
Desenvolvimento do setor de ferramentaria 3 8,82
Curso de graduação em transformação plástica 1 2,94
Participação em feiras e eventos 2 5,88
Produtos de maior valor agregado 1 2,94
Programas de reciclagem 1 2,94
Capacitação técnica 7 20,59
Interação da cadeia (2a + 3ª + consumidor final) 4 11,76
Linhas de financiamento 1 2,94
Negociação de preços da matéria-prima com a petroquímica
4 11,76
Identificação de outros nichos de mercado 1 2,94
Exportação de bens transformados sob coordenação da Braskem
1 2,94
Central de compras e vendas 1 2,94
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135
A citação desenvolvimento do setor de ferramentaria apa-rece com 8,82%. O setor de ferramentaria será abordado commais detalhes na próxima seção.
A indústria de plásticos é um dos 11 segmentos seleciona-dos na Bahia para integrar o programa de fortalecimento deAPLs, denominado Progredir, coordenado pelo Governo do Es-tado através da SECTI. O total de recursos para sua execução éde US$ 16,7 milhões financiados pelo Banco Interamericano deDesenvolvimento (BID), com contrapartida do estado e dos ou-tros parceiros — o Sebrae, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-BA) e aFundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB).
Dentre as ações em curso, vale ressaltar o Plano de Melho-ria Individual (PMI), a única ação do programa voltada para aempresa individual — ao qual aderiram 27 empresas do APL —,que consiste em um diagnóstico em que são identificados os prin-cipais gargalos em quatro áreas: financeira, RH, técnico-produti-va e logística. Pelo menos dois desses gargalos serão atendidospor uma consultoria totalmente subsidiada, sem contrapartida doempresário. Por sua vez, o Sebrae desenvolve no APL o programaSigeor (Sistema de Gestão Orientada), para desenvolvercapacitações tecnológicas e gerenciais por resultado. Outras açõesdo APL incluem missões técnicas, seminários, participação emfeiras e exposições para prospecção de negócios, como esclareceuem entrevista G. Farias (2008), coordenadora do APL.
4.6 Considerações finais
A indústria manufatureira de plástico poderia ser enquadradana taxonomia de Scott (2006) como uma indústria do tipo (c)— redes industriais desintegradas com baixa escala ótima doestabelecimento ou baixo tamanho mínimo de planta, nas quaisas economias externas têm grande relevância. Quanto à geração
136
e difusão de inovações, utilizando-se a classificação de Pavitt(1984), seria uma indústria dominada por fornecedores(supplier’s dominated), em que as inovações são basicamentede processo impulsionadas exogenamente pelos fornecedores debens intermediários específicos e pelos fornecedores de máqui-nas, com foco na demanda dos grandes clientes consumidorescomo as redes de supermercados e as montadoras de automó-veis e de produtos eletroeletrônicos.
Constatou-se a existência de um aglomerado de empre-sas manufatureiras de plástico na RMS, principalmente emCamaçari. À luz da abordagem marshalliana, seu mercado detrabalho não parece tão robusto, já que uma das principais ne-cessidades apontadas pelos empresários é a capacitação técnica.Os vínculos com os fornecedores de matéria-prima são desequi-librados, pois o produtor de artefatos plásticos tem pouco ounenhum poder de barganha. Os linkages para frente e para trásde Hirschman (1958) se mostraram muito frágeis. Como a maio-ria das resinas consumida localmente é do tipo commodity, elaspodem ser adquiridas de distribuidores e, com raras exceções,não requerem maiores desenvolvimentos ou monitoramento daparte do fornecedor.
Não se pode inferir que o ambiente facilite a difusão detécnicas de produção, já que a principal vantagem da localiza-ção industrial na RMS apontada pelos empresários é o progra-ma de incentivos. Esse programa contribuiu para formar umaaglomeração de produtores de bens majoritariamente de baixaespecificidade, não implicando necessariamente a presença deexternalidades marshallianas.
Algumas iniciativas deliberadas visando à cooperação coma organização do APL mostram o esforço das instituições e deempresas em fazer o dever de casa em nível microeconômicopara construir uma eficiência coletiva. Há, porém, variáveis quenão dependem apenas da cooperação entre empresas de um
137
mesmo ramo concentradas em um espaço físico, mas do envol-vimento de agentes detentores de elevado poder de mercado,como o fornecedor de matéria-prima, que não tem qualquercompromisso com o desenvolvimento local, bem como de gran-des empresas clientes, a exemplo dos sistemistas de uma monta-dora. A ausência de uma política industrial federal e estadual eo esvaziamento das instituições com esse objetivo fazem comque as iniciativas para desenvolvimento industrial local tenhamalcance limitado.
Aparentemente, o esforço microeconômico por si só nãotem força para impulsionar um processo virtuoso de desenvol-vimento local. A grande ênfase no microeconômico é contradi-tória. Embute-se uma crença de concorrência perfeita em ummercado que, como se viu, é assimétrico e oligopolizado. Asvantagens da aglomeração baseadas em eficiência coletiva e emforça comunitária são supervalorizadas, embora seus efeitos se-jam limitados, vez que os processos fora do espaço local nãopodem ser controlados. É difícil se impor o capital social, umativo intangível dependente da história e da cultura, e, maisainda, avaliar até que ponto as diferentes intervenções de agen-tes de desenvolvimento internacionais ou locais contribuem parasua construção ou desconstrução.
Um dos caminhos da política pública é estimular a concor-rência na oferta de resinas, facilitando e promovendo a importa-ção, como uma forma de regular o preço da matéria-prima. Oexcessivo poder de monopólio da Braskem significará, inexora-velmente, custos mais elevados para o transformador local.
Na próxima seção, tentar-se-á verificar os possíveis im-pactos da demanda de uma indústria complexa como a Ford, emCamaçari, sobre as empresas do aglomerado de produtores demanufaturados plásticos da RMS.
138
139
5 Interface da cadeiapetroquímica/plásticos
com a indústria automobilística
A instalação do Complexo Industrial Ford Nordeste (CIFN)no início da década de 2000 suscitou uma série de reações posi-tivas, embalada nas expectativas de ampliação das oportunida-des de negócios, empregos e incremento de renda na Bahia.Dentre essas oportunidades, estava o conjunto de vantagens queuma planta automotiva deveria engendrar para a indústria detransformação plástica baiana — segmento-alvo de políticas deincentivo através de programas específicos desde os anos 1990.
De início, discute-se a importância do material plásticona atual composição do automóvel em substituição ao metalpela sua leveza, flexibilidade e consequente economia de com-bustível, apesar de essa substituição não ocorrer de forma dire-ta. Faz-se necessário um criterioso trabalho de pesquisa e inova-ção conduzido pelas montadoras em parceria com os produtoresde matérias-primas e de compostos termoplásticos. O polipro-pileno desponta como o termoplástico de uso geral mais de-mandado pelo automóvel, pois, ao ser aditivado, é transforma-do em um produto composto, adquirindo propriedades especiaise passando a concorrer com os plásticos de engenharia, muitoutilizados na indústria automotiva e eletroeletrônica. Evidenciam-se as razões pelas quais o Complexo Petroquímico de Camaçarinão pode ser, pelo menos atualmente, apontado como um for-necedor de insumos termoplásticos para o CIFN.
140
Em seguida, exploram-se as transformações recentes naorganização das montadoras, apoiando-se nos estudos de Lung(2006) e em estatísticas nacionais, bem como o surgimento doCIFN como condomínio industrial. Listam-se os principais pro-dutos e serviços prestados por cada empresa sistemista que com-põe o CIFN, suas principais demandas de fornecedores externosque incluem componentes de plástico. Enumeram-se também ascapacitações exigidas para o ingresso na cadeia de fornecimento.Pelo lado da oferta, discorre-se sobre as iniciativas coordenadaspelo Senai/Cimatec, em parceria com o Governo do Estado daBahia, para capacitar empresas locais a usufruir das externalida-des proporcionadas pela montadora, ao se organizar um APL deFornecedores da Ford. Por fim, discute-se a visão de diferentesfornecedores de autopeças não estabelecidos em Camaçari, sobreas vantagens de suas localizações e os motivos que os levariam aimplantar unidades de produção no Estado da Bahia.
Utilizou-se exaustivamente o recurso da pesquisa diretaaos representantes da indústria, por meio de questionários eentrevistas semiestruturadas, solicitando-se que empresas lo-cais — identificadas como potenciais fornecedores — avalias-sem(1) suas competências para atender à indústria automobilís-tica e (2) se a vinda da Ford para a Bahia teria contribuído parao seu desenvolvimento. O contato com representantes do setorfoi facilitado pelas visitas ao CIFN e a outros distritos industriais,além da participação em reuniões de APLs no Senai/Cimatec,Salvador, Bahia, em feiras temáticas, seminários e eventos, a exem-plo da Feira Internacional da Indústria do Plástico (Brasilplast),em São Paulo, em maio de 2003, 2005, 2007 e 2009, e da Feirae Congresso Nacional de Integração da Tecnologia do Plástico(Interplast), em agosto de 2008, em Joinville.
141
5.1 O plástico no automóvel
Em resposta às pressões para reduzir as emissões de gás carbônico(CO
2) do automóvel, a indústria automotiva vem substituindo
cada vez mais o metal pelo plástico, já que a diminuição do pesoresultante dessa substituição contribui para a redução de emis-sões. O menor peso vai gerar menor demanda por combustível e,consequentemente, menor emissão de CO
2; porém essa troca não
ocorre de forma direta, pois são materiais diferentes, com pro-priedades distintas. Não se pode simplesmente substituir umapeça de metal por outra idêntica de plástico, “é preciso primeira-mente entender a função da peça”, afirmou Atolino (2008), ge-rente de marketing da Dupont do Brasil, produtor de plásticos deengenharia utilizados na fabricação de autopeças. Na montagemdo chassis, por exemplo, o plástico vem substituindo o alumínio,mas existem peças como a carroceria, ressalvou ele, que provavel-mente nunca serão substituídas. A principal vantagem do metalem relação ao plástico ainda é a alta densidade e a resistência aelevadas temperaturas. A Figura 7 exibe os usos mais comuns doplástico em um automóvel genérico.
O Quadro 5, mais detalhado que a Figura 7, mostra osprincipais insumos petroquímicos — plásticos de engenhariade uso geral e produtos químicos — utilizados na fabricação depeças técnicas da indústria automotiva, de eletrodomésticos eeletroeletrônica.
Uma das alternativas para a redução das emissões de CO2,
destacou Atolino (2008), tem sido a utilização de biocombustí-
veis, na qual o Brasil é líder, bem como o uso de motores turbo-alimentados e o aperfeiçoamento da aerodinâmica que ajuda adiminuir o atrito e o arrasto.
Além da redução de peso, o plástico proporciona um ganhode produtividade, facilidade na montagem, melhor integraçãode componentes com os sistemas e maior flexibilidade no design
(ATOLINO, 2008). A questão colocada pelos fabricantes é sem-
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pre onde e como deve ser feita a substituição, que requer políme-ros com propriedades especiais. A montadora manda as especifi-cações, e o fornecedor de insumos desenvolve o composto de acor-do com as exigências. “Não dá para aproveitar o desenvolvimen-to de uma montadora em outra, pois cada qual tem seu próprioconceito, até para o mesmo grupo de propriedades”, declarou Bahls(2008), gerente de desenvolvimento e marketing da Borealis, umdos maiores fabricantes de compostos de PP utilizados em peçasde automóvel.
Trata-se de um trabalho de pesquisa e inovação desenvol-vido pelas montadoras em conjunto com os fabricantes depolímeros e de compostos, em que os transformadores de plásti-cos assumem o papel de executores. Uma das inovações temsido a introdução de materiais com elevado teor de fibras paramelhorar o desempenho da peça. As fibras longas, como o sisal,detêm elevada resistência e começam a ser utilizadas para a pro-dução de compostos, sobretudo de PP.
Como foi comentado na seção 2, o PP é o polímero maisdemandado pelo mercado em geral, respondendo por cerca 25%do consumo nacional de resinas, além de ser aquele mais utili-zado na indústria automotiva. Isso porque as peças grandes ex-ternas do automóvel, como os para-choques, são de PP (Figura7 e Quadro 5). O volume de plástico no automóvel pode variarde 40 a 150 kg (ATOLINO, 2008; LANZONI, 2008). O PPchega a responder por 58% do conteúdo plástico do automóvel,declarou em entrevista S. Fittipaldi (2008), então gerente demarketing da Suzano Petroquímica, hoje integrante da Quattor.
Embora em pequeno volume, vale lembrar que o policar-bonato é um plástico de engenharia muito consumido pela in-dústria automobilística e eletroeletrônica. De acordo com D.Trevisan, então diretor do grupo Unigel, entrevistado em 2008,a Policarbonatos do Brasil, integrante do conglomerado Unigele localizada em Camaçari, comercializa resinas de PC à Sian,uma das sistemistas do CIFN, para a confecção de faróis.
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Figura 8 - Cadeia de suprimento do polipropileno no Brasil
Fonte: Spínola e Lima (2008). Atualização própria.
Petrobras Nafta
Braskem - Propeno Quattor/Camaçari PP homopolímero 125 mil t/ano
Indústria de 3a geração Ráfia - monofilamentos, sacarias Filme – embalagem, etc. Peças injetadas para utilidades domésticas
Petrobras Gás etano
Petrobras Refinaria (Reduc) Propeno
Eteno→Quattor/Rio Pol
Quattor/D.Caxias PP homopolímero 300 mil t/ano
Bahia - Camaçari
Rio de Janeiro - Duque de Caxias
Braskem - Eteno
Braskem Propeno
Petrobras Nafta
Petroquímica União PQU - Propeno
Quattor/Mauá PP copolímero 450 mil t/ano
Basell
Pindamonhangaba (SP) Compostos de PP 60 mil ton/ano Indústria de 3a
geração Componentes técnicos para a Indústria Automobilística e Eletro-eletrônica
Borealis/Itatiba (SP) Compostos de PP 24 mil ton/ano
Braskem - Paulínia Partida operacional em 2008 PP homopolímero - 350 mil t/ano
Petrobras Nafta
Braskem PP 680 mil t/ano PP + 150 mil t/ano PP (Planta da Ipiranga) Foco em PP copolímero
Propeno fornecido pela Petrobras →
São Paulo - ABC Paulista
Rio Grande do Sul - Triunfo
Borealis/Triunfo (RGS) Compostos de PP 25 mil ton/ano
PQU - Eteno
Braskem Eteno
146
Grande parte do PP consumido pela indústria automobi-lística e eletroeletrônica é do tipo copolímero não produzido emCamaçari.9 Ademais, para deter propriedades específicas, comoresistência ao calor e radiação ultravioleta, necessárias às peçastécnicas, a resina de PP deve passar por um processo de aditiva-ção realizado pelos fabricantes de compostos de PP.
Na Figura 8, tenta-se desenhar a cadeia de suprimento doPP no Brasil, para entender sua vinculação com a indústria au-tomobilística. Do craqueamento da nafta ou do gás etano, alémdo gás eteno, gera-se gás propeno utilizado pela Quattor/Suzanoe pela Braskem para produzir a resina de PP, que, por sua vez, éfornecida à Basell e à Borealis, maiores produtores de compos-tos de PP (Quadro 5). Vale lembrar que as empresas listadascomo pertencentes à Quattor/Suzano estão em processo de in-corporação à Braskem.
Em 2008, nas comemorações dos 30 anos do Polo Petro-químico de Camaçari, conquanto a Braskem tenha anunciado aimplantação de uma planta de PP em Camaçari, como foi abor-dado na seção 3, há uma nítida tendência à concentração daprodução de PP no Sul e Sudeste. Pode-se tomar como exemploa partida da nova fábrica de PP da Braskem em Paulínia, emparceria com a Petrobras (fornecedora do propeno), em 2008(Figura 8). Sua capacidade é de 350 mil toneladas/ano na pro-dução de PP tipo homopolímero, cujas resinas são utilizadaspara fabricar produtos de ráfia, de filme para embalagem e pe-ças injetadas para utilidades. Em 2006, com a incorporação doGrupo Ipiranga por um consórcio formado pela Petrobras, pelaBraskem e pelo Grupo Ultra, a planta de PP da Ipiranga (Figura8) no Polo de Triunfo teve sua produção aumentada de 150 mil
9 Os copolímeros randômicos e os copolímeros heterofásicos são obtidos quan-do, na produção do PP, se adiciona ao propeno um segundo monômero, nor-malmente eteno (Ver: <http://www.suzanopetroquimica.com.br /website/home/Produtos/sobreopp.cfm>).
147
para 300 mil toneladas/ano, pois passou a contar com maiordisponibilidade de propeno fornecido pela Braskem da sua cen-tral de matérias-primas em Triunfo, observou em entrevista J.Caiado (2007), gerente de contas da Unidade de Poliolefinas daBraskem. A produção dessa unidade é voltada ao PP copolímero,categoria utilizada na fabricação de peças técnicas para a indús-tria automotiva e eletroeletrônica. Assim, a Braskem concentraa produção de PP homopolímero em sua planta no Estado deSão Paulo, e de PP copolímero na planta de Triunfo, onde estálocalizada uma das duas plantas de compostos da Borealis, naqual a Braskem tem participação acionária (Figura 8). Por suavez, a produção de PP copolímero da Quattor/Suzano fica naplanta de Mauá, São Paulo, de onde é abastecida a unidade decompostos da Basell, em Pindamonhangaba (Figura 8). As duasoutras plantas da Quattor/Suzano, em Camaçari e Duque deCaxias (RJ), fabricam predominantemente PP homopolímero.
Atualmente, a única planta de PP localizada em Camaça-ri, integrante do Grupo Quattor/Suzano e agora Braskem, é umaantiga unidade implantada no início dos anos 1980, com umacapacidade de 125 mil toneladas/ano de PP tipo homopolímero(Figura 8), na qual a Shell tinha participação acionária no mo-delo tripartite. Originalmente com tecnologia ICI (ImperialChemical Industries), a planta produzia PP dos tipos homo- ecopolímero. As resinas da categoria copolímero eram fornecidasà planta de compostos de PP existente em Camaçari, a Policom,produtora de matérias-primas para componentes automotivos.A tecnologia tornou-se antieconômica para o então grupocorporativo Suzano/Polibrasil, quando, em 2003, entrou emoperação a planta da Polibrasil em Mauá (SP)10 com uma tecno-logia mais avançada. De acordo com S. Fittipaldi em sua entre-
10 Incorporada à Quattor em 2008 e em processo de incorporação à Braskemem 2010.
148
vista (2007), não fazia sentido continuar produzindo copolímeroem Camaçari, cuja planta de PP foi renovada também com tec-nologia similar à da Suzano no Rio de Janeiro, especializada nafabricação de PP homopolímero para ráfia, injeção e filme; aunidade baiana passou por melhoramentos e modificações, in-clusive com a troca de catalisadores, de forma a alcançar quali-dade similar à planta da Suzano no Rio de Janeiro, cuja produ-ção é predominantemente de homopolímeros (Figura 8).
J. Roriz Coelho (2009) declarou em entrevista não vermotivo para se instalar uma nova planta de compostos de PPem Camaçari ou reativar a Policom, já que existe, alegou, umexcesso de capacidade de produção desses produtos para aten-dimento do mercado sul-americano (Basell, Borealis, Dow,Petrokem e outros menores). E acrescentou:
Mesmo se a Ford triplicasse a produção na Bahia, dificil-mente atrairia novos produtores para essa demanda. Alémdo mais, a capacidade de investimentos desse setor andamuito comprometida pelas baixas rentabilidades (RORIZCOELHO, 2009, entrevista).
Segundo esclareceu em entrevista C. Uzielli (2007), en-tão diretor-superintendente do grupo Basell no Brasil, que osetor automotivo consome 80.000 toneladas/ano de PP com-posto, ou 75% do consumo nacional; 10% a 15% da produçãode compostos de PP são utilizados pelo segmento eletroeletrô-nico, e o restante, pelos demais segmentos. A seu ver, a plantade compostos de PP de Camaçari se tornou inviável a partir domomento em que a Polibrasil deixou de produzir PP copolímero.Ademais, sua escala — 20.000 toneladas/ano —, e seus equipa-mentos não acompanharam a produtividade e os avanços tec-nológicos exigidos pelo mercado; “ficamos longe da matéria-prima e do mercado”, acrescentou. A Basell fornece PP com-posto aos produtores de autopeças utilizadas pela Volkswagen,GM, Ford, Honda, Renault, Peugeot e PSA.
149
Estrategicamente localizadas, as duas plantas da Borealistambém possuem fácil acesso aos principais polos automotivosdo país. A planta de Triunfo, no Rio Grande do Sul, tem capaci-dade de produzir 25 mil toneladas/ano de compostos de PP; a deItatiba, em São Paulo, 24 mil toneladas (ver Figura 8). D. Bahls(2007), gerente de desenvolvimento e de marketing da Borealis,informou em entrevista que essas plantas abastecem, dentre ou-tros, principalmente os fornecedores da FIAT e da Volkswagen.
A capacidade atual de produção de propeno pela centralde matérias-primas da Braskem/Camaçari é de 550 mil tonela-das/ano, bem superior à demanda para a produção de PP nessepolo, que não deve ultrapassar 200 mil toneladas/ano. O exce-dente é exportado ou transferido para o Sudeste-Sul em navio eestocado nos terminais portuários de granéis para gás, a fim deatender à demanda de propeno da própria Braskem. “Atualmen-te, pouco volume é movimentado para o Sul, mas a logísticaestá bem montada”, comentou em sua entrevista J. Caiado(2007). Ressalve-se que qualquer ampliação na central de ma-térias-primas de Camaçari implicará maior oferta de propeno e,consequentemente, maior volume a ser escoado para fora doestado.
5.2 Transformações recentes na localização eorganização das montadoras
Os anos 1990 constituem um divisor de águas para a indústriaautomotiva mundial com a implantação de diferentes formas deorganização produtiva, simultaneamente a uma expansão maisvigorosa nos países emergentes. De acordo com Lung (2006),os países emergentes, que representavam apenas 16,2% da pro-dução automotiva mundial em 1990, passaram a responder, em2004, por 30,7%. Nesse mesmo período, os países do Mercosulincrementaram a sua participação, saindo de 2,1% para 3,8%.
150
A produção brasileira de automóveis saltou de 0,9 milhão em1990 para 2,5 milhões em 2005, quando atingiu 85% da produ-ção na América do Sul (ANFAVEA, 2005a).11
Lung (2006) observa que o Brasil tem se constituído umespaço de experimentação de novas práticas de organização daprodução, desenvolvidas no rastro do crescimento do mercadosul-americano desde 1990. Dentre as mais recentes experiênciasde organização ocorridas no país está o consórcio modular, emque os fornecedores se instalam no terreno da montadora e seresponsabilizam pela montagem dos componentes dos automó-veis na própria linha de produção. Por sua vez, o modelo denomi-nado “condomínio industrial”, no qual os fornecedores se insta-lam nos arredores da planta da montadora, aprovisionando-a comcomponentes necessários, vem sendo apontado como uma formaenfraquecida de organização. A proximidade dos fornecedoresfacilita a coordenação pela montadora, mas, segundo ele, há difi-culdades de gestão da mão de obra, já que o limite de quem traba-lha para a montadora e de quem trabalha para os fornecedores ébem marcado, havendo, provavelmente, dificuldades de integra-ção desses trabalhadores na linha de montagem.
A evolução recente da produção automotiva no Brasil noâmbito da organização modular tem viabilizado o estabelecimentode novas montadoras em estados mais distantes do centro his-tórico produtor (ABC Paulista), que não contam com uma for-ça sindical organizada, mas com a disponibilidade de uma mãode obra mais flexível. O resultado disso tem sido uma redistri-buição da produção automotiva no país, com a emergência denovos estados, como Bahia, Rio de Janeiro e Goiás, na condiçãode produtores relevantes de automóveis, como pode ser obser-vado nas Figuras 9A e 9B.
11 Produção brasileira de veículos em 2008: 3,2 milhões, dos quais 3,0 milhõesde automóveis, segundo informação de M. Camarotto, em entrevista (2009).
151
Figura 9 B - Distribuição da produção de automóveis
entre estados da Federação (2005)
Fonte: ANFAVEA (2005a); Lima e Spínola (2007).
Nota: Produção total em 2005: 2,5 milhões de veículos.
S ão Pa ul o 74 %
M i na s G er ai s
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R i o Gra nd e d o Sul
0 , 2 %
Pa ra ná 0 ,5 %
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R io Grande do
Sul0,2%
São P aulo74,00%
São P aulo45%
M inas Gera is
20%
P araná13%
B ahia10%
R io Grande do Sul
6%
R io de Janeiro
5% Go iás1%
Figura 9 A - Distribuição da produção de automóveis
entre estados da Federação (1990)
Fonte: ANFAVEA (2005a); Lima e Spínola (2007).
Nota: Produção total em 1990: 914 mil veículos.
152
Dois estados que tinham participações muito pequenasem 1990, Paraná e Rio Grande do Sul, passaram a assumir umpapel mais importante e alcançaram 18,2% de toda a produçãonacional em 2005. Bahia, Rio de Janeiro e Goiás, por sua vez,que sequer apareciam no mapa dos estados com fábricas auto-motivas instaladas em 1990, depois de 15 anos, respondiam, em2005, por 15,8% de toda a produção nacional. Reunidos essesdois grupos de estados, constata-se que, hoje, 1/3 dos automó-veis fabricados no Brasil não provêm dos espaços históricos ondese concentrava a produção até finais dos anos 1980. A Bahia,que não tinha participação alguma na produção nacional em 1990,passou a fabricar 250 mil automóveis/ano a partir de 2005, ou9,8% do total de veículos fabricados no país.
Segundo D. Bahls, entevistado em 2007, o setor automoti-vo no Brasil continuará crescendo, com perspectivas de investi-mento da ordem de US$ 10 bilhões até 2010, mas as empresastêm que se adaptar às normas de saúde e segurança. “Por exem-plo, não se utiliza mais aditivo de cádmio (metal pesado e tóxico)na fabricação do automóvel. O carro consome cada vez menoscombustível”, esclareceu. Seu depoimento sinaliza que antes dacrise financeira internacional havia uma crença generalizada en-tre os representantes das empresas de que o setor continuariacrescendo sem parar. Parece que todos acreditavam na Lei de Say— a oferta cria sua própria demanda — e tampouco considera-vam os grandes congestionamentos e outros problemas urbanosdecorrentes do excesso de automóveis nas cidades brasileiras.
“O setor automotivo não para de crescer”, ecoou C.Uzielli,12 diretor-superintendente da Basell, complementando:
No Brasil, ainda há muito espaço para crescimento, pois háum número muito menor de carros por habitantes do que
12 Esses prognósticos foram feitos em 2007, em pleno boom do mercado de au-tomóveis no Brasil.
153
na Europa, por exemplo. Além do mais, a tecnologia temviabilizado a fabricação de automóveis mais leves, que uti-lizam menos combustível. A tecnologia tem avançado maisrapidamente que os danos ambientais (UZIELLI, 2007, en-trevista).
Ressalve-se que qualquer tentativa de comparação com aEuropa é inadequada, por serem duas realidades diferentes.Assim sendo, também valeria a pena considerar a logística detransporte coletivo das cidades europeias.
Concentrando-se a atenção na planta baiana, observa-seque a implantação do CIFN em Camaçari, em 2000, está com-pletamente circunscrita à concepção geral da nova fase de de-senvolvimento da indústria automotiva: (1) organiza-se indus-trialmente num modelo característico de consórcio modular, comos trabalhadores das empresas fornecedoras, denominadassistemistas, atuando diretamente na linha de montagem e noprocesso de operação, ao lado dos trabalhadores da montadora;(2) apresenta uma estratégia orientada para a exportação;13 (3)em função de situar-se distante da região tradicional da produ-ção automotiva e dentro de uma estratégia global da empresacom pouca relação como o contexto local, a montadora de Ca-maçari opera com salários mais baixos e uma jornada de traba-lho maior;14 (4) por ser uma das plantas mais modernas da Fordno mundo, mantém uma unidade de desenvolvimento e con-
13 Como parcela significativa da produção é voltada para vendas externas, ape-nas o CIFN exportou US$ 762 milhões em 2007, o equivalente a cerca de10% das exportações da Bahia em 2007 (US$ 7,4 bilhões).
14 A jornada de trabalho no CIFN era de 44 horas, passando para 42 horas em2004, reduzindo-se para 40 horas e 50 minutos em setembro de 2006. NaGrande São Paulo, inclusive na Ford de São Bernardo do Campo, a jornada éde 40 horas. Sobre essa redução e uma comparação entre os salários pratica-dos na unidade de Camaçari e os vigentes em São Paulo, ver matéria de LuisFrancisco, “Ford reduz jornada de trabalho em unidade da empresa na BA”(Folha de S. Paulo, 5 set. 2006).
154
15 O pacote de incentivos oferecido à Ford foi estimado em R$ 2,6 bilhões, ou75% do investimento total (CAVALCANTE; UDERMAN, 2006).
cepção, com algumas centenas de engenheiros trabalhando pró-ximos à linha de montagem. Especificamente sobre a primeiraquestão, segundo L. de Ferran, em entrevista (2006b), a plantado CIFN opera com a montagem de cerca de 800 peças porcarro, por se tratar de uma montagem de módulos, enquanto aplanta da Ford situada em São Bernardo do Campo trabalhacom algo em torno de 3.500 peças por veículo, ou seja, o quá-druplo do número de módulos utilizado na Bahia.
Na mesma entrevista, Ferran apontou diferentes motivospara a instalação do CIFN em Camaçari: “a Ford tinha 6,5% domercado brasileiro e não conseguia sair disso pela limitação deprodução e custos altos”; mas, no final de 2008, esse percentualficou em torno de 10%. No seu entender, foram fatores determi-nantes para a escolha da Bahia: a saúde financeira do Estado; adisponibilidade de mão de obra; o apoio do Estado em incenti-vos, no acesso aos recursos do BNDES, em infraestrutura, etc. Aequipe de avaliação, ao analisar os atributos de cada estado, de-pois do rompimento com o Governo do Rio Grande do Sul, indi-cou três possibilidades: Espírito Santo, Bahia e Pernambuco; “oEspírito Santo perdeu por não ter gente para fazer uma fábricatão grande”, comentou. E acrescentou:
A instalação à margem esquerda do Rio Doce poderia acar-retar problemas ambientais. Teria que se fazer uma cidadepara trazer a mão de obra e negociar com o IBAMA, emborao Espírito Santo fosse um dos principais polos exportadoresdo país. No Estado de Pernambuco, haveria uma distânciaadicional de 1.000 km, com a fábrica atrás do Porto de Suape.Assim, a Bahia ganhou (FERRAN, 2006b, entrevista).
Na visão de Alban (2000), a Ford não veio para a Bahiaapenas pelo pacote de benefícios oferecido pelo Governo do Esta-do, por sinal semelhante ao de outros estados,15 mas por uma
155
decisão estratégica de instalar uma planta fora da região tradicio-nal produtora de automóveis num período em que o Mercosulpassava por dificuldades com o agravamento da crise econômicada Argentina. Ou seja, a decisão da Ford em se estabelecer noNordeste do Brasil foi uma estratégia do grupo nada atrelada apropostas de crescimento e adensamento industrial local.
5.3 Interface do CIFN coma indústria manufatureira de plástico
5.3.1 O modelo de organização do CIFN
e suas principais demandas
O modelo adotado pelo CIFN é considerado um padrão de con-sórcio modular. Foi criado um parque automotivo com assistemistas, geralmente de origem internacional, instaladas jun-tamente com a montadora. Atualmente, encontram-se 35 em-presas fornecedoras de primeiro nível ou tier 1, das quais 26estão dentro do complexo, numa área industrial de 1,6 milhãode m2. As outras nove estão instaladas nas proximidades da fá-brica, nos municípios de Camaçari, Dias d’Ávila e Feira deSantana. Essas empresas são responsáveis pelo fornecimentodireto da grande maioria das peças e componentes dos modelosproduzidos na Bahia, respondendo pela qualidade desses pro-dutos, sob fiscalização da Ford, que transfere às sistemistas,elencadas no Quadro 6, a responsabilidade sobre a sua cadeiade suprimentos.
Como a maior parte das sistemistas encontra-se localizadano mesmo espaço físico da montadora, tem sido divulgado que jáse obtém 60% de conteúdo baiano incorporado nos automóveisfabricados pela Ford de Camaçari, declarou, em entrevista an-
156
Quadro 6 - Relação das empresas sistemistas da Ford
e categorias de produção
Fonte: Lima e Silva (2007).
Ferrolene Blank Faurecia Montagem das peças
Sodecia Pequenas peças Visteon Painel A e B
Pelzer Acabamentos
Renner Du Pont Tintas Intertin Forro do teto
Colauto Pequenas peças Lear Bancos
Mapri Distribuição de fixadores
Dow Peças grandes de plástico Valeo Módulo frontal
Autometal Peças pequenas de plástico Benteler Suspensões
Saargummi Vedações Arvin Escapamento
Pilkington Vidros Cooper Tubos
Kautex Tanque Pirelli Rodas e pneus
Yazaki Distribuição de chicotes
ABB Manutenção
Premier Manutenção Sian Iluminação
Excel/DHL Logística Pirelli Pneus
MSX Engenharia Krupp Estamparia
TPC Logística Pelzer Isoladores
Yazaki Chicotes
TWE Espumas
Faurecia Peças de plástico
Metalúrgica Jardim Estamparia
Vibrac Isoladores
Montagem final
Fornecedores externos
Carroceria
Pintura
Componentes
Serviços
157
terior, L. de Ferran (2006a), embora seja difícil uma mensuraçãoprecisa desse indicador. O fato de uma peça ser fornecida pelasistemista dentro do CIFN não significa necessariamente que te-nha sido fabricada localmente, pois, ao longo dos dez anos deprodução do CIFN, as empresas sistemistas estabeleceram rela-ções de compras com fabricantes situados principalmente em SãoPaulo e Minas Gerais e realizaram poucas solicitações às empre-sas baianas. Com a planta operando a plena capacidade — 250mil veículos por ano —, as empresas baianas terão que se tornarmais vantajosas que as suas concorrentes de outros estados.
Porquanto a Ford tenha anunciado expansão de sua fá-brica em São Paulo, vinha protelando qualquer tipo de amplia-ção em Camaçari. A questão logística é complicada numa in-dústria que depende de entregas just in time em um país comgraves problemas de infraestrutura; embora isso não seja decla-rado explicitamente, diretores da montadora comentam a difi-culdade em convencer alguns fornecedores de componentes ainvestir em fábricas na região de Camaçari (OLMOS, 2008).Por sua vez, apesar do esforço do Governo do Estado da Bahiapara atrair a Toyota, esta escolheu São Paulo para implantar seunovo complexo industrial no Brasil.16
A medida do Governo Federal suspendendo temporaria-mente a cobrança do IPI sobre o automóvel, para manter a de-manda numa conjuntura recessiva entre 2008 e 2009, contri-buiu para o aumento das vendas de veículos no país. Diantedisso, a Ford anunciou um investimento de R$ 4 bilhões noBrasil entre 2011 e 2015, sendo R$ 2,8 bilhões no Nordeste paraa fábrica em Camaçari e para o Troller (tipo de jipe) em Hori-zonte, Ceará. Em contrapartida, os benefícios fiscais do Gover-
16 O investimento de US$ 1 bilhão em um complexo industrial em São Paulofoi anunciado pela Toyota em junho de 2008, antes da eclosão da crise finan-ceira internacional de setembro de 2008.
158
no à indústria automobilística foram estendidos até 2015. A plan-ta de Camaçari passará dos atuais 250 mil carros/ano para 300mil (FORD..., 2009).
A composição atual de um veículo produzido no CIFN,sintetizada no Quadro 7, permite vislumbrar as oportunidadesque se abrem para o segmento manufatureiro de plástico hojeassentado na Bahia. Estima-se o consumo de plástico do CIFNna casa de 25 mil toneladas/ano — 250 mil veículos por ano,posto que cada unidade demanda cerca de 100 kg de plástico,dos quais 45 kg são de PP —, sendo a demanda de PP calculadaem 11 mil toneladas/ano. Esclareceu D. Bahls, em entrevista,em 2007: “a média do carro brasileiro utiliza 37 kg de PP, o daFord utiliza mais”.
As maiores fornecedoras de peças plásticas no CIFN sãoduas sistemistas, a Dow Automotiva e a Autometal, seguidas daFaurecia, Valeo, Sian e Kautex (ver Quadro 6). As peças gran-des de plástico, a exemplo de para-choque e painel, são fabricadasexclusivamente pela Dow Automotiva; as peças de pequeno emédio porte, como tampa de porta-luvas, conectores de maça-neta das portas, são fornecidas pela Autometal, mas há tambémaquisições de peças menores de outros fabricantes de artefatosplásticos, estabelecidos predominantemente fora do estado e,eventualmente, no próprio estado.
Em 2007, representantes do Senai/Cimatec fizeram umaenquete junto às sistemistas sobre suas demandas específicaspara avaliar as oportunidades de negócios para a indústria local.O Quadro 8 exibe os resultados da enquete com os principaisprodutos adquiridos de fornecedores externos e aponta os inú-meros produtos de conteúdo plástico utilizados no veículo Ford.
Para atender à demanda de peças plásticas genéricas depequeno e médio porte, com peso de um a dois quilos, as siste-mistas geralmente recorrem a empresas fabricantes de compo-nentes injetados, que atendem desde outras montadoras de au-
159
Quadro 7 - Composição média de materiais de um automóvel Ford
no cenário tecnológico atual
Fonte: Lima e Spínola (2007).
Peso do carro 1.030 kg
Ferrosos (com carroceria , blocos mecânicos, suspensão) 670 kg
Não ferrosos (com câmbio) 140 kg
Diversos (mecanismos complexos como alternador) 120 kg
Plásticos (grandes e pequenas peças) 100 kg
Emprego do plástico em um carro 100%
Interior / exterior 30%
Partes pequenas 20%
Painel da porta 10%
Espelhos 3%
Iluminação 6%
Refrigeração 7%
Tanque de combustível 8%
Fixadores 3%
Outros 13%
Emprego de resinas plásticas 100%
Polipropileno (PP) 45%
Polietileno (PE) 15%
Poliuretano (PU) 20%
Poliamidas (PA) - nylon 8%
Outros 12%
160
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161
tomóveis até empresas de brinquedos e de cosméticos, usuáriasde embalagens. Tendem a adquiri-las de empresas paulistas emineiras que já são suas fornecedoras em outras plantas auto-mobilísticas, podendo ser confeccionadas por fornecedores paraum leque diversificado de clientes.
A Basell Polyolefins (Figura 8) fornece PP composto àAutometal, à Faurecia e à Kautex (ver sistemistas no Quadro 6)a partir de sua planta em Pindamonhangaba (SP). A Autometalconfecciona o revestimento plástico das portas, também cha-mado colunas no jargão automotivo, conforme entrevista de G.Vieira da Silva (2007), coordenador de novos projetos da Basell.
Em termos de volume, a Dow Automotiva responde porcerca de 50% dos componentes plásticos utilizados nos veícu-los. Seus produtos são fabricados com compostos, predominan-temente a partir de PP do tipo copolímero, adquiridos corpora-tivamente pelo próprio grupo. Como a sua planta foi dimensio-nada para o volume de produção do CIFN, ela já opera a plenacapacidade e não tem intenção de terceirizar serviços para ou-tros produtores de artefatos plásticos, pois está ajustada à de-manda da própria Ford, conforme informação de V. Stancati,em entrevista (2006).
5.3.2 Demanda por moldes
para fabricação de peças injetadas
V. Stancati, então gerente-geral da Dow Automotiva, ao serentrevistado em 2006, vislumbrava oportunidades de negóciospara empresas de ferramentaria que fabricassem e dessem ma-nutenção em moldes para injeção. O executivo estimou que aDow Automotiva utilizava aproximadamente 50 moldes. Osprimeiros moldes empregados no CIFN vieram dos EstadosUnidos, e os seguintes, para a produção do modelo Fiesta Sedan,
162
foram adquiridos no Paraná. O maior problema com moldesprovenientes de lugares distantes é a manutenção, visto que alinha de produção não pode ficar parada enquanto o molde éreparado; por isso a Dow acabou capacitando empresas locali-zadas na Bahia para atender às suas demandas de manutenção.
Assim, um dos gargalos identificados ao longo da pesqui-sa foi a insuficiência na produção local de moldes para peçasinjetadas. Os moldes são máquinas complexas cujo processo defabricação requer tecnologia e engenharia mecânica de preci-são. Dihlmann (2006), representante do Núcleo de Usinagem eFerramentaria da Associação Empresarial de Joinville, obser-vou que o tempo de implantação e maturação da indústria demoldes na Bahia dependeria muito da demanda por esse tipo deatividade e reconheceu que o mercado consumidor na RMS aindatinha escala reduzida, apesar da presença do CIFN, de algumasfábricas de brinquedos, de eletroeletrônicos e de embalagens.
Em sintonia com essas observações, a pesquisa mostrouque nem no segmento de ferramentaria nem no de manufatura-dos plásticos identificam-se externalidades marshallianas: nãohavia escala de demanda, nem mão de obra qualificada, nemum ambiente que facilitasse a difusão de inovações. De modogeral, as empresas continuavam adquirindo os moldes no Sul eSudeste do país.
Essa lacuna na estrutura produtiva baiana e a disponibili-dade de incentivos fiscais estimularam a instalação da MoldesPlásticos da Bahia (MPB). A empresa pertence ao mesmo gru-po português da Durit, no estado há mais de uma década, e temcapacidade de produzir moldes de injeção de alta precisão deaté 30 toneladas, informou, ao ser entrevistado, J. Valente(2006). Apesar de contar com o apoio da Dow Automotiva paraa consolidação da MPB, I. Silva, gerente técnico comercial daMPB, ressaltou, em entrevista em 2006, que o mercado localera restrito e, principalmente, faltava mão de obra qualificada;
163
embora o custo de produção local fosse superior ao dos grandescentros industriais, o preço final de venda de moldes no Estadoda Bahia compensava, pois era também superior àquele pratica-do na região Sul-Sudeste, tendo em vista a falta de concorrentese produtores locais.
Portadora da certificação ISO 9001, aparentemente a MPBtem se consolidado como supridora de moldes para o mercadoda RMS e do Nordeste. Em 2008, manteve-se novo contatocom I. Silva, que, desde 2006, fornece moldes à Dow Automo-tiva, além de à Autometal e à Faurecia. Segundo ele, o proble-ma da qualificação da mão de obra foi minorado com a vinda detécnicos de Portugal e com a implantação pelo Senai/Cimatecde um curso preparatório de ferramentaria, de dois anos de du-ração, sendo os estagiários da MPB oriundos desse treinamen-to. Apesar de situada na área leste do Polo de Camaçari, o quepermitia um fácil acesso aos clientes da RMS e do Nordeste, orepresentante da MPB apontou graves problemas de infraestru-tura e de serviços: o local não contava com rede de água, nãoera atendido pelo sistema de transporte coletivo do município,nem dispunha de acesso à Internet Velox.
Afora a MPB, identificaram-se, no Guia industrial da
Bahia 2007-2008 (FIEB, 2008), mais duas empresas produto-ras de moldes para peças injetadas, a Outline e a Plastkent, ambasem Feira de Santana. Em entrevista, L. Pisanu (2008) mencio-nou ainda a Norplast e a Flexmold. No referido Guia, encontra-se também uma dezena de empresas produtoras de componen-tes injetados para a indústria automotiva e eletroeletrônica. Dequalquer forma, é possível se identificarem empresas com expe-riência em injeção que podem receber encomendas para a pro-dução de peças. Algumas empresas baianas declararam que sãorequisitadas pela indústria automotiva em situações especiais,principalmente quando o prazo é curto e os fornecedores deoutros estados não têm interesse e/ou condições de atender. Dois
164
empresários responsáveis por empresas que já produziram nes-sas condições demonstraram ver com reservas esses contratosad hoc, pois os pedidos só são vantajosos para a contratada sehouver capacidade ociosa (SPÍNOLA; LIMA, 2007a; 2007b).
5.3.3 Auto-avaliação pelas empresas locais quanto à sua
competência em atender à indústria automobilística
Em 2007, em complemento aos questionários dirigidos a 22empresas locais vinculadas ao APL de Transformação de Plásti-co, apresentados na seção 2, questionou-se o interesse e as con-dições dessas empresas em atender às demandas da cadeia au-tomotiva. O perfil das empresas encontra-se sintetizado noQuadro 9 (ver o questionário no Apêndice I).
Solicitou-se que as empresas se autoavaliassem com con-ceitos de 0 a 5 quanto a suas capacidades: (a) em atender aopadrão de qualidade exigido pela Ford; (b) em ter custos com-petitivos; (c) em cumprir os prazos de entrega. Elas se autoatri-buíram conceitos medianos (3 e 4), como se não fosse fácil cum-prir os requisitos exigidos pela indústria automotiva. O quesitoqualidade obteve uma média ponderada de 3,15; custo competi-tivo, 3,54; prazo de entrega, 3,92, como mostra a Tabela 11.
Tabela 11 - Auto-avaliação pelas empresas quanto à capacidade
em atender à indústria automotiva
Fonte: Lima e Silva (2007). Tabulação própria.
Atributos Médiacompetitivos 5 4 3 2 1 0 ponderada
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Quadro 10 - Capacitações exigidas do fornecedor do CIFN
Fonte: Lima e Silva (2007). Adaptação própria.
Nome da capacitação Descrição
SEIS SIGMA Estratégia gerencial disciplinada, altamente quantitativa com a finalidade de medir o nível de qualidade de um processo, atribuindo um número na Escala Sigma à quantidade de defeitos por milhão; se sobe o valor na Escala Sigma, cresce o nível de qualidade. Objetiva a máxima proximidade com o defeito zero, ou seja, 3/4 defeitos para cada milhão de peças produzidas.
LEAN MANUFACTURING ou Manufatura Enxuta
Visa a levar as empresas ao que se chama de organização enxuta por meio da eliminação de desperdício em toda a cadeia de valor da empresa, alinhando atividades da melhor forma, no sentido de se obterem empresas mais flexíveis e capazes de responder efetivamente às necessidades dos clientes.
TPM - Manutenção Produtiva Total
Ferramenta de acompanhamento para melhorar a eficácia e a longevidade das máquinas.
OEE - Overall Equipment Effectiveness
Eficácia Global do Equipamento - reflete a situação de funcionamento dos equipamentos.
APQP - Advance Product Quality Planning
Plano de Controle. Planejamento da Qualidade do Produto é um método estruturado para definir e estabelecer os passos necessários para assegurar que um produto satisfaça o cliente.
PPAP Processo de Aprovação de Partes para Produção
ISO / TS 16949:2002 Conjunto de requisitos criados pelas montadoras norte-americanas e européias de veículos automotores para padronizar as normas do Sistema da Qualidade desse setor. A ISO TS 16949 define as expectativas sobre Sistemas da Qualidade para fornecedores internos e externos de serviços, produtos, materiais e peças.
FMEA - Failure Mode and Effects’ Analysis
Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos. Abordagem sistemática que aplica um método de tabulação para ajudar no processo de identificação de problemas potenciais, suas causas e efeitos, através do trabalho em equipe; ferramenta vital para prevenir a ocorrência de problemas, sendo parte fundamental do APQP.
GLOBAL 8 DISCIPLINES
Global 8D (Oito Disciplinas Globais). Metodologia cujo objetivo é identificar e resolver problemas provocados por causas especiais. A utilização de ferramentas da qualidade e do trabalho em equipe torna o Global 8D uma metodologia poderosa e eficiente na resolução de problemas que melhorarão indicadores de satisfação de clientes e na redução de custos provocados pela não qualidade.
167
De fato, não é fácil cumprir a agenda de requisitos para setornar um fornecedor credenciado do CIFN. As capacitaçõesexigidas estão sintetizadas no Quadro 10.
Algumas empresas alegam que se exige um elevado in-vestimento em certificação que não compensa, pois os preçospagos pelo sistema CIFN são baixos. Os coordenadores do APL,L. Pisanu e L. Farias, ao serem entrevistados em 2008, aponta-ram os seguintes problemas: falta de prática das empresas locaisem formar e gerir uma estrutura de custo; falta de escala deprodução; e ausência de cultura local no que se refere à indús-tria automobilística.
5.3.4 APL de Fornecedores do CIFN
Conforme mencionado na seção 3, ao se formar a Rede de Apoioaos Arranjos Produtivos Locais da Bahia (Rede APLs) em 2004,um dos APLs selecionados foi o de Fornecedores do CIFN, cujacomposição é exibida no Quadro 11. Dele participam: 20 em-presas sistemistas, incluindo-se a Ford como empresa âncora;19 empresas locais; e cinco instituições parceiras.
Tentou-se colocar a questão da pesquisa às 19 empresaslocais participantes do APL de Fornecedores da Ford, elencadasno Quadro 11, ao se perguntar a cada uma delas por e-mail: “Aimplantação do CIFN contribuiu para o desenvolvimento desua empresa? Em caso positivo, como contribuiu?”. Doze em-presas deram retorno (ver Apêndice J). Uma empresa respon-deu que não mantém relações comerciais com o CIFN, portantosua resposta foi negativa. Três responderam que, por enquanto,a instalação do CIFN não havia contribuído para o desenvolvi-mento da empresa. Duas dessas estavam tentando se adequaràs normas da montadora, e a terceira informou que, emborafaça parte do APL, o setor automotivo não é seu nicho de mer-cado. As oito demais deram respostas bastante positivas: três
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declararam que se instalaram na Bahia em função do CIFN,embora não sejam sistemistas, e cinco constataram que o CIFNfoi determinante para seu crescimento.
C. Grosso, representante da Spumacar Automotive, lo-calizada em Lobato, subúrbio de Salvador, deu o seguinte depo-imento:
Sim, a Ford contribuiu e muito para nosso desenvolvimen-to. Costumo dizer que a empresa que estiver preparada paraatender a Ford, ou qualquer outra montadora, está apta paraatender a qualquer segmento, porque os padrões de quali-dade e procedimentos para o fornecimento são rigorosos,nos forçando a buscar constantemente a excelência (GROS-SO, 2008, entrevista).
O representante da Usinagem Sul Brasil respondeu: “Sim,a empresa foi aberta para atender a Ford e em um ano cresce-mos 300%”. O representante da Vibrac declarou que a instala-ção da filial de sua empresa no Nordeste foi totalmente motiva-da pela presença do complexo Ford em Camaçari.
O representante da Plastpack admitiu:
Nós da Plastpack enfatizamos que ser fornecedor de umsistemista do complexo Ford é uma oportunidade não so-mente de crescimento e aprendizado tecnológico, como delogística, produtividade e rentabilidade, mesmo com mar-gens apertadíssimas, compensadas pelo volume. [...] Ou-trossim, afirmo que, sem a Ford na Bahia, seria impossívelchegar onde chegamos (SANTOS, 2009, entrevista).
A Plastpack (Quadro 11) produz peças e embalagens emplásticos expandidos, popularmente conhecidos como isopor, in-cluindo-se componentes automotivos, embalagens de proteçãoe peças técnicas especiais para usos industriais. Portadora dacertificação ISO 9001, foi beneficiada pelo programa de incen-tivos Desenvolve e é fornecedora de três sistemistas do CIFN: a
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Pelzer, montadora de carpetes do veículo; a Intertin, do teto doveículo; a Sodecia, fornecera do chassis. A Plastpack fornecetambém embalagens de proteção às empresas do Polo de Infor-mática de Ilhéus.
D. Santos declarou ainda em sua entrevista que o au-mento da demanda de produtos eletroeletrônicos no Brasil apartir de 2005 concorreu para um acúmulo de sobras de emba-lagem de isopor, fazendo com que as empresas clientes recorres-sem à Plastpack, que passou, então, a coletar todo o isopor quesobrava das importações de seus clientes e está desenvolvendoum sistema de reciclagem/produção de novos bens com adapta-ções de uma tecnologia coreana. Trata-se de uma inovação in-cremental de processo e novos produtos, com apoio da Secreta-ria de Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia (SECTI/BA). Éum exemplo positivo de uma empresa pequena (critério Sebrae)que está sabendo aproveitar a oportunidade de se credenciarcomo fornecedor do CIFN, com vistas a dar um salto de quali-dade e diversificar suas atividades.
Uma das iniciativas do APL de Fornecedores da Ford foia criação, em 2006, do programa DECAS (Desenvolvimento deCadeias de Suprimento Automotivo) sob a coordenação doSENAI/Cimatec em parceria com o Governo Estadual atravésda SECTI e da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração(SICM). No início, o programa contava com o patrocínio deuma instituição alemã de fomento ao desenvolvimento, a GTZ;posteriormente, foi assumido pela Federação das Indústrias doEstado da Bahia (FIEB).
O programa fez um levantamento das principais deman-das junto às sistemistas (Quadro 12) e montou um banco dedados com informações sobre cada item (peça) que pode serproduzido localmente, com toda sua especificação: volume/ano,processo de fabricação, matéria-prima, peso, desenhos, tolerân-cias e outros.
173
A partir do levantamento dessas demandas, selecionaram-se empresas locais que tivessem atividades relacionadas com aprodução de transformados plásticos ou do segmento metal-mecânico, a fim de serem preparadas para se tornarem fornece-doras da cadeia automotiva. A metade dos produtos solicitadosestá ligada à cadeia de transformação plástica. Tenta-se estabe-lecer um canal entre as empresas locais e o CIFN. Para cadacaso, elabora-se um ou mais planos de negócios, nos quais seavaliam questões referentes à estrutura organizacional das em-presas locais, sua forma de gestão, suas possibilidades de dife-renciação de processos produtivos e qualidade dos produtos, alémda estrutura de custos e análise financeira do negócio. Oferece-se também treinamento e apoio para obtenção da certificaçãoISO/TS e outras, constantes do Quadro 10. Ferran (2008) esti-mou que as empresas baianas fornecedoras das sistemistas fe-chariam o ano de 2008 com um faturamento de R$ 36 milhões,o dobro em relação a 2007; há um ano e meio atrás, elas sequerparticipavam desse mercado, composto exclusivamente porempresas do Sul e do Sudeste.
Quadro 12 - Principais demandas levantadas pelo programa DECAS
Fonte: Lima e Silva (2007).
Categoriade produtos demandados
Fixadores Todas as sistemistas
Plásticos soprados Ford/Valeo/Visteon
Plásticos injetados Ford/Lear/Pelzer/Faurecia/Intertrin
Plásticos extrudados Valeo/Lear/Visteon
Ferramentaria grande Ford/Dow/Sodecia/Faurecia/Visteon/Valeo/Sian/TWE
Ferramentaria pequena Todas as sistemistas
Espumas de PU e EVA Lear/Benteler
Borrachas Ford/ArvinMeritor/Kautex/Valeo
Injetadas de alumínio Ford/Ford Taubaté/Outras sistemistas
Sistemista cliente
174
O programa DECAS tentou atrair empresas da Alema-nha e de outros estados do Brasil para se instalarem na Bahiaem função das oportunidades levantadas, porém, até a conclu-são deste trabalho, isso ainda não tinha se concretizado.
5.4 Visão de fornecedoresda indústria automobilísticanão localizados em Camaçari
O ABC Paulista reúne mais de 500 empresas de ferramentaria,plásticos e autopeças distribuídas em sete municípios (SantoAndré, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema,Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra). Com base emdados da ABIPLAST, o coordenador do APL de Plástico do ABC,J. Santos, entrevistado em 2007, estimou que, enquanto no Brasila produção de componentes técnicos representa, grosso modo,apenas 11% da produção de manufaturados plásticos, e a deembalagens, cerca de 40%, no ABC predomina o segmento decomponentes técnicos, que responde por 38% da fabricação deartefatos plásticos na região, enquanto o de embalagens partici-pa em 32%. Esses números não surpreendem, já que São Pauloé o berço da indústria automobilística, onde ainda se concen-tram 45% de suas fábricas (Figuras 9A e 9B). Segundo o coor-denador, “toda vez que a Volkswagen demite um técnico, elemonta um negócio para injetar peças”. A maior parte das ino-vações em transformação plástica, acrescentou, vem do ABC,propiciada pela cultura local, pela integração com as universi-dades e instituições afins.
O APL de Plástico do Grande ABC foi lançado formal-mente em março de 2007, com o objetivo geral de difundir umacultura associativista, para que os empresários pudessem interagire trocar conhecimentos e contava com 30 empresas. Dentre suasmetas estava a obtenção da certificação ISO 9000 pelas associa-
175
das, cujos passos para a qualificação eram orientados pelo Sebrae.O programa, orçado em R$ 4,0 milhões, teve como patrocina-dores e organizadores a então Suzano Petroquímica, a Interna-tional Finance Corporation (IFC), a Federação das Indústriasdo Estado de São Paulo (Fiesp), a Agência de Desenvolvimentodo Grande ABC e o Sebrae-SP. Vale ressaltar que cada empresaassociada ainda contribui com um valor mensal de aproximada-mente meio salário mínimo. “Dentre algumas bandeiras, asempresas estão brigando pela isonomia fiscal, já que, no Estadode São Paulo, se paga 18% de ICMS, acima, portanto, da médianacional, que é 17%”, afirmou J. Santos (2007). E comentousobre as forças centrífugas do ABC: “A maior motivação parauma empresa sair de São Paulo é a questão fiscal, seguida daspressões sindicais”.
A formação do APL/ABC contou com ativa participaçãoe patrocínio de fornecedores de matéria-prima, enquanto o APLde Plástico da Bahia, apesar de todo o esforço de seus membros,não consegue atrair a atenção de representantes da petroquími-ca, que praticamente ignoram sua existência. Numa indústriaem que a principal fonte de inovação é o fornecedor de insumoscom elevadíssimo poder de mercado, essa ausência acaba enfra-quecendo o poder de negociação das empresas asociadas, bemcomo sua competência para inovar.
Segundo depoimento, em 2007, de M. Nasar, gerente daMetagal (SP), maior grupo nacional fabricante de espelhos retrovi-sores e outras peças para uma gama de montadoras incluindo-se oCIFN, a instalação de uma filial em Camaçari só valeria a penamediante uma demanda local cinco vezes maior do que a atualdemanda da Ford Camaçari, que gira em torno de oitocentos milretrovisores por ano. Para se produzir um retrovisor é necessáriomontar uma estrutura de produção com várias etapas e peças. AMetagal possui cinco fábricas no país e uma na Argentina. Suaprodução de 12,5 milhões de retrovisores/ano é distribuída de for-
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ma a usufruir as economias de escala internas e externas. A unida-de de Diadema produz diferentes tipos de espelhos fornecidos àsdemais unidades de produção no Brasil e na Argentina. Antiga-mente, a planta do ABC fabricava vidro, porém parte da produçãofoi transferida para Minas Gerais, “porque o sindicato lá é maisfraco do que no ABC”, comentou. A planta de Curitiba atendeprincipalmente à Volkswagen com peças do modelo Audi Brasil; afábrica de Conceição dos Ouros, Minas Gerais, faz montagem deretrovisores e abastece predominantemente a Volkswagen e a GM;a unidade de Santa Rita do Sapucaí, também em Minas Gerais, é obraço metalúrgico da Metagal responsável pela produção de todosos componentes metálicos utilizados nos espelhos retrovisores dogrupo e pela fabricação de espelhos retrovisores para caminhões eônibus; finalmente, a fábrica de Manaus fornece e monta compo-nentes eletrônicos e retrovisores para motocicletas.
C. Jesus Silva, gerente de desenvolvimento e marketing
da Polimold, fabricante de acessórios para moldes, também afir-mou, quando entrevistado em 2007, que não há razão para seinstalar uma unidade no Nordeste, embora a empresa forneçapeças a sistemistas da Ford, como a Autometal e a Arteb, estaúltima produtora das lanternas do EcoSport e do Ford Fiesta. APolimold fabrica peças seriadas em escala, e sua estratégia é de-senvolver representação nos mercados locais a partir da fábricaem São Bernardo do Campo. A empresa mantém galpões compeças em estoque nos polos de ferramentaria de Joinville (SC) eCaxias do Sul (RS), além de ter aberto uma filial no México.
E. Simielli, da então GE Plastics,17 empresa multinacionalcujas atividades incluem a produção de componentes técnicospara o setor automotivo, comentou em entrevista (2007) que
17 A GE Plastics foi incorporada ao conglomerado petroquímico Sabic, de ori-gem árabe. Hoje é denominada Sabic Innovative Plastics, sediada em Cam-pinas, SP.
177
empresas de ferramentaria tendem a migrar de São Paulo, emfunção das externalidades negativas do ABC ou de forças cen-trífugas, para Joinville e Caxias do Sul, preferencialmente, ten-do em vista a mão de obra barata e qualificada encontrada nes-ses locais, e atribuiu a especialização local de Joinville à presen-ça da fábrica Tigre Tubos e Conexões. O executivo via boas pers-pectivas na atração de empresas de ferramentaria para Camaça-ri, já que o custo da mão de obra é menor comparativamente aodas regiões Sul e Sudeste. “O primeiro passo, enquanto nãoexiste uma concentração de empresas do ramo em Camaçari, éorganizar um bom curso em ferramentaria de moldes. São ne-cessários cinco anos de treinamento para se formar um ferra-menteiro”, esclareceu.
A Ecus Injeção Ltda., localizada em Mauá, São Paulo,visitada em 2007, é um exemplo de fabricante de peças paraautomóveis de elevada precisão, pois, além de trabalhar cominjeção convencional, trabalha com injeção a gás na montagemde maçanetas e outros componentes, o que lhe permite fabricaruma peça resistente e oca, portanto mais leve e com menos quan-tidade de matéria-prima. É certificada pela ISO 9000 e possuilaboratório próprio para controle de qualidade, a partir da ma-téria-prima, na confecção de 100 diferentes itens. Sua fábrica,com nove injetoras, 85 funcionários e um consumo mensal de60 tons de termoplásticos, fornece peças para veículos daVolkswagen, Fiat, GM, Peugeot, Renault e Ford. Comercializa85% de sua produção no próprio Estado de São Paulo; 10%, naBahia, para o CIFN; e 5%, no Espírito Santo, em peças utiliza-das na construção civil. Seus representantes não viam razão paraestabelecer uma unidade produtiva fora do ABC.
E. Meneghetto, diretor executivo da Zurich Injeção deTermoplásticos localizada em São Bernardo do Campo, apon-tou, em entrevista em 2007, dentre as forças centrífugas do ABC,a pressão sindical e a acirrada concorrência entre as empresas
178
submetidas às exigências das grandes montadoras. Essa empre-sa, dedicada ao desenvolvimento de projetos, construção demoldes e injeção de componentes plásticos, tem capacidade paratransformar 100 tons de termoplástico/mês, porém estava ape-nas com 30% de suas instalações em operação em maio de 2007,quando a indústria automobilística estava aquecida, embora sejacertificada pela ISO 9001. Fornecia, dentre outros produtos, opara-sol do Ford K. “Os preços pagos pelos produtos são muitobaixos, face às exigências das montadoras. Daí ser melhor nãooperar a toda capacidade”, declarou o diretor.
Em agosto de 2008, durante a Feira e Congresso Nacionalda Tecnologia do Plástico (Interplast), em Joinville, Santa Catari-na, foram entrevistados representantes de empresas, com o obje-tivo de apurar as vantagens dos fornecedores de componentesplásticos da indústria automobilística e eletroeletrônica de se lo-calizarem nessa região, bem como os fatores que poderiam levá-los a estabelecer uma unidade no Estado da Bahia. Vale lembrarque a GM anunciou a instalação de uma fábrica de motores emJoinville atraída pela presença de mão de obra qualificada, proxi-midade dos clientes e infraestrutura. No Quadro 13 listam-se ascaracterísticas dessas empresas (ver Apêndice G).
Seis das sete empresas são fornecedoras da cadeia auto-motiva, incluindo-se algumas sistemistas da Ford estabelecidasem Camaçari, como a Faurecia e a Valeo (Quadro 6). A implan-tação de uma unidade no Nordeste não está nos planos dessasempresas, pela baixa escala de demanda e deficiências de infra-estrutura na percepção de seus representantes.
Em Joinville, existem 147 empresas de transformação deplásticos e cerca de 200 empresas do ramo de ferramentaria. ACentral de Moldes (microempresa) é uma delas (Quadro 13), eseu representante declarou que as desvantagens de muitas pe-quenas empresas trabalhando num mesmo local é serem as ino-vações logo copiadas e a acirrada concorrência, que contribui para
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o alto custo da mão de obra. Evidentemente, para se tornaremrentáveis, as inovações devem permanecer como monopólio dafirma inovadora por algum tempo, daí a importância da garantiados direitos de propriedade com o registro de marcas e patentes.Alegou, ainda, que as exigências para atender a cadeia automoti-va são custosas e nem sempre compensam pelo baixo preço pago.
Já a Sulbras Moldes e Plásticos, especializada em soluçõespara a fabricação de peças técnicas e subconjuntos de plásticomoldados por injeção, é uma grande empresa, portadora da ISO/TS, com faturamento anual superior a R$ 100 milhões. Forneceàs sistemistas da Ford, entregando os produtos à Valeo de SãoPaulo. Embora localizada num centro de excelência em ferramen-taria, Caxias do Sul, que conta com quase 300 empresas do ramo,foi alegada a falta de engenheiros especializados para desenvolvernovos produtos. A Sulbras foi atraída a instalar uma unidade emIndaiatuba (SP) pela isenção fiscal oferecida, uma vez que, navisão de seus representantes, os impostos em Caxias do Sul sãoelevados. O estabelecimento de uma unidade no Nordeste de-penderia de uma maior escala de demanda e de incentivos fiscais.
A CRW Plásticos, a maior empresa entrevistada e visita-da, credenciada pela ISO/TS, é fornecedora da Valeo e da Faurecia,dedicando 49% de sua produção à cadeia automotiva principal-mente a partir de sua unidade em Guarulhos (Quadro 13). Foiatraída a Joinville apenas para fabricar peças demandadas pela daEmbraco, fabricante de compressor para ar condicionado. As lo-calizações e especializações de suas plantas em categorias deprodutos são definidas pela proximidade do cliente e pelo volu-me de demanda.
A única empresa que não alegou escala de demanda comodeterminante para estabelecer uma unidade no Nordeste foi aPolo Sul Plásticos, pois tem interesse em cliente potencial e nãobusca necessariamente a grande escala. Trata-se de uma empresanova (fundada em 2006), ainda de pequeno porte, com elevado
181
potencial de crescimento. Está estabelecida no Perini BusinessPark, condomínio industrial privado em Joinville, onde compar-tilha uma infraestrutura física e de serviços com outras empresasde segmentos distintos. Por enquanto, o principal foco da empre-sa é a indústria de cosméticos, para a qual fabrica embalagens edesenvolve o design destas em conjunto com os produtores, ten-do a Natura como um dos clientes. Ao trabalhar a parceria comdiferentes fabricantes de cosméticos, seu risco fica mais diluído.Segundo seu representante, R. Plaza (2008), a indústria automo-bilística tende a fazer muitas exigências e exercer seu poder demercado para reduzir o preço do fornecedor, mas cogitou a possi-bilidade de implantar uma máquina injetora no Nordeste.
5.5 Considerações finais
O objetivo desta seção 4 foi discutir as interfaces da indústriaautomobilística com a cadeia petroquímica, mais especificamentecom a indústria de plásticos, com foco no complexo automotivoinstalado na Bahia, a partir do início da década de 2000.
Constatou-se que o potencial de utilização do plástico noautomóvel tende a aumentar em função da pressão para redu-ção de peso dos veículos e consequente diminuição do consumode combustível e emissões.
À luz do pensamento de Perroux (1967a; 1967b) eHirschman (1958a; 1958b), partiu-se da hipótese de que o CIFNcriaria demanda para outras empresas situadas em estágio ante-rior na cadeia automotiva e geraria externalidades, definidascomo efeitos econômicos usufruídos por outros agentes, nãodiretamente participantes do investimento da montadora. Al-guns desses agentes seriam as empresas da cadeia petroquímica/plásticos, considerando-se a existência do Polo Petroquímico deCamaçari e do aglomerado de empresas de transformação noEstado da Bahia.
182
Com base nos conceitos teóricos introduzidos por Perroux(1967b), não se pode afirmar que o CIFN tenha sido pensadoexatamente como empresa motriz, mas seria um catalisador paraa atração de fornecedores locais e de outros estados. Buscou-seinvestigar o efeito para trás e o da implementação do CIFN so-bre a produção de componentes plásticos.
Observou-se que a maioria das resinas termoplásticas uti-lizadas na confecção de peças automotivas não é fabricada emCamaçari. O volume de material plástico consumido pela mon-tadora, estimado em de 25 mil toneladas/ano, dos quais 45%são compostos de PP tipo copolímero, não foi suficientementegrande para justificar a permanência de uma planta produtorade compostos de PP no Polo de Camaçari, a qual teve suas ati-vidades encerradas em 2005. Consequentemente, quase todo oPP utilizado no automóvel vem do Sul e do Sudeste, conformedemonstrado por meio do desenho da cadeia de suprimentos.
Seria de esperar que um complexo industrial demandasseprodutos e serviços das empresas localizadas ao seu redor, po-rém a organização do CIFN em consórcio modular traz consigoseus próprios fornecedores — as empresas sistemistas — para alinha de montagem, que, por sua vez, já possuem seus fornece-dores cativos.
As peças genéricas de pequeno e médio porte, demanda-das pelas referidas sistemistas, geralmente provêm de empresaspaulistas e mineiras, que já são suas fornecedoras em outrasplantas automobilísticas e atendem um leque diversificado demontadoras. Segundo declarações de fornecedores de autopeçasnão localizados em Camaçari, grosso modo, o volume de de-manda do CIFN é pequeno para proporcionar economias deescala que justifiquem a implantação de unidades produtivas depeças genéricas no Estado da Bahia.
No final de 2009, a Ford anunciou investimentos para au-mentar sua produção dos atuais 250 mil para 300 mil carros/ano,
183
mas não se pode afirmar que essa expansão represente significa-tivo aumento de escala a ponto de atrair novos fornecedores.
Parece se formar um ciclo vicioso semelhante àquele men-cionado por Hirschman (1958): não se investe em atividadesque exijam larga escala porque não há mercado, enquanto estedepende da decisão de investir em larga escala. Cria-se, assim,uma contradição: a indústria local tem pouca capacitação paraatender a demanda do polo automotivo, o qual, por sua vez, nãotem demanda em escala suficiente para atrair novas empresasprodutoras de peças genéricas utilizadas no automóvel nem fa-bricantes de moldes.
Além da organização em consórcio modular, um segundofator limitante para a articulação do CIFN com os produtoreslocais é que, numa economia aberta, pode ser mais vantajoso ad-quirir insumos de outras localidades ou importar. A lógica corpo-rativa de localização industrial tem semelhanças com as questõeslevantadas por Krugman (1998), segundo o qual as economias deescala internas e externas são determinantes. Há uma tendênciaà especialização regional na produção de determinados produtosem escala, de acordo com depoimentos de diferentes fornecedo-res da cadeia automotiva, a exemplo da Metagal, fabricante deretrovisores, e da CRW, de peças técnicas.
Foi observado por Krugman (1991) que a identificaçãodos setores merecedores da atenção da política industrial nãopode se dar apenas a partir do exame de uma matriz de insumo-produto, mas na identificação daqueles que possuam maioreseconomias de escala ainda não exploradas. Devem ser acrescen-tados também aqueles com potencial de articulação com o siste-ma de inovação regional e nacional.
Vale lembrar que a maioria dos fornecedores de peças téc-nicas localizados fora de Camaçari demonstrou pouco interesseem se estabelecer no Nordeste pela falta de escala de demanda,com exceção da Polo Sul Plásticos, empresa de pequeno porte
184
(apenas 42 empregados) interessada em abrir mercado no Nor-deste, ainda que em pequena escala.
Provavelmente, dentre os caminhos a serem apontadosaos formuladores de políticas de desenvolvimento para o setor,considerando-se a contradição mencionada por Hirschman(1958) sobre a escala de produção e a identificação de segmen-tos potenciais, a que Krugman (1991) se refere, a capacitação damão de obra local na atividade de ferramentaria, e a qualifica-ção das empresas locais para obterem certificações seriam ne-cessárias para se criar, a médio prazo, um ambiente propício àformação de uma rede de fornecedores capacitados.
Dentre as iniciativas de preparar os produtores locais,destaca-se a tentativa de organização do APL de Fornecedoresda Ford em que se insere o programa DECAS. A agenda dosAPLs tem semelhanças com as linhas de intervenção defendi-das por Scott (2006) mencionadas na seção teórico-metodoló-gica: redes industriais e colaboração; qualificação da mão de obra;aprendizado; e inovação. O principal foco do programa DECASé identificar demandas do CIFN e capacitar empresas locais paraatendê-las. Constatou-se que as exigências da indústria auto-motiva representam uma barreira à entrada de pequenas em-presas. De acordo com a pesquisa empírica, as pequenas e mé-dias empresas, com algumas exceções, não se consideram plena-mente aptas a atender essas demandas, o que requer elevadosinvestimentos com retorno duvidoso, em que a montadora e assistemistas exercem elevado poder de mercado.
A pesquisa mostrou que a vinda da Ford vem contribuindopara estimular o crescimento de um pequeno grupo de empresaslocais e tem atraído poucas de fora do estado. À luz da tipologiade clusters de Schmitz e Nadvi (1999), houve casos pontuais iden-tificados com a categoria (3), em que uma firma transnacional setorna a porta de entrada para se promover um melhoramento nopadrão dos fornecedores locais, como observado nos depoimen-
185
tos de representantes da Spumacar, Plastipack, Vibrac, UsinagemSul Brasil, entre outros integrantes do APL de Fornecedores doCIFN. A inserção de pequenas empresas de distritos industriaisem mercados globais pode ser facilitada quando há coordenaçãode uma grande empresa.
Por sua vez, o fornecimento à indústria automotiva é ca-racterizado por grandes empresas com filiais especializadas emcategorias de produtos em função do mercado em que se locali-zam, atendendo um leque variado de clientes. Cabe salientarque a indústria de pneus do Estado da Bahia encontrava-se pra-ticamente estagnada nos anos 1990. Aparentemente, a chegadada Ford estimulou a expansão da Pirelli em Feira de Santana e,em seguida, vieram a Continental e Bridgestone. A partir de2007, as exportações de derivados de borracha passaram a re-presentar cerca de 3% das vendas do estado para o mercadointernacional.
Schmitz e Nadvi (1999) afirmam que os clusters ajudampequenas empresas a crescer, mas questionam se a proximidade étão fundamental em estágios maduros. Percebe-se que é quaseuma utopia imaginar numerosas pequenas empresas trabalhandoem regime de especialização flexível, em organização horizontalpara reduzir custos de transação, atendendo as demandas do CIFN,como foi idealizado por Piore e Sabel (1984). Para cumprir asexigências de custo, qualidade e prazo, a empresa dificilmentepode ser pequena. Na organização das redes de empresas, pareceestar implícita uma crença na concorrência quase perfeita; entre-tanto não se podem ignorar a força e a lógica do grande capital e,consequentemente, os riscos e as vulnerabilidades a serem en-frentados pelos integrantes das redes.
Constata-se, assim, que o impacto da demanda do CIFNsobre a indústria de transformação plástica local é positivo, masseu alcance é ainda limitado.
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6 Conclusões
A questão central desta pesquisa foi estudar os desafios cria-dos pela demanda do Complexo Industrial Ford Nordeste à in-dústria de transformação de plásticos estabelecida no Estado daBahia. Cavalcante e Uderman (2006) argumentaram que o maiorbenefício trazido pelo projeto Ford não foi a criação de empregodireto, mas uma mudança estrutural que conectasse a ofertalocal de bens intermediários com a produção de bens finais, es-tabelecendo efeitos para frente e para trás. Em outras palavras,os links de Hirschman (1958a; 1958b). Partiu-se, então, paraanalisar os efeitos para trás do CIFN sobre a cadeia petroquímicae a indústria manufatureira de plásticos, considerando-se a cres-cente utilização do plástico no automóvel, a presença do Polo deCamaçari e do aglomerado de produtores de artefatos plásticosexistente na RMS.
Constatou-se que a organização do CIFN em consórciomodular trazendo consigo seus próprios fornecedores — as em-presas sistemistas — para a linha de montagem, os quais já pos-suem seus fornecedores cativos, limita a possibilidade de se cria-rem vínculos com a indústria local. É provável que os esperadoslinks não encontrem ressonância no modelo da indústria auto-mobilística instituído predominantemente a partir dos anos 1990,cuja tecnologia está apoiada em condomínios e consórcios indus-triais articulados fundamentalmente com fornecedores globais.
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Um dos problemas levantados foi a baixa escala de de-manda, e o outro foi a pouca probabilidade da instalação deoutra montadora no estado a médio prazo. Não se pode afirmarque a anunciada expansão da capacidade da Ford de 250 para300 mil carros/ano em 2010 vá provocar mudanças estruturais eatrair uma massa de fornecedores. A título de exemplo, lembre-se que, na visão de um fabricante de espelhos retrovisores, ainstalação de uma fábrica em Camaçari só seria viável se a de-manda fosse cinco vezes maior que a atual, ou seja, se a produ-ção da Ford atingisse 1,250 milhão de veículos/ano.
Os efeitos para trás, no que se refere aos produtos petro-químicos, são pouco significativos. Embora na confecção de par-tes automotivas se utilizem alguns plásticos produzidos em Ca-maçari (PC, HDPE e chapas acrílicas), sua principal demanda éo PP copolímero aditivado que aí deixou de ser produzido. Aescala atual de demanda da Ford por resinas termoplásticas épequena (cerca de 25 mil toneladas/ano) para ser consideradanos planos de expansão da indústria petroquímica brasileira,cujo foco principal é o mercado da região Sudeste-Sul. Pode-seinferir que a maioria das resinas produzidas em Camaçari é dotipo commodity, de baixa especificidade, argumento reforçadopelas localizações do centro de P&D da Braskem, bem como deseus projetos de maior escala e mais inovadores, a exemplo daplanta de polietileno “verde” no Rio Grande do Sul.
A pesquisa mostrou a formação de um aglomerado deempresas de transformação de plástico atraídas pelos progra-mas de incentivos fiscais, notadamente pelo Bahiaplast. A maio-ria das empresas parece produzir bens de baixo valor agregadoem que a matéria-prima chega a representar 60% do custo, numperíodo em que cada vez mais se produzem manufaturados demenor peso, como observou, em entrevista, Roriz Coelho (2009).
A maioria dos produtores locais, na sua própria avalia-ção, não atinge as condições necessárias para atender adequa-
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damente uma demanda exigente como aquela da montadora.As pequenas empresas enfrentam um dilema: vale a pena incor-rer em um elevado custo de oportunidade para atender a umcliente com grande poder de barganha, com margens baixíssi-mas? Caso o cliente resolva suspender a operação ou trocar defornecedor, o risco de se incorrer em prejuízos irrecuperáveis éelevado. Isso compensaria?
Os efeitos para trás sobre a indústria local de transforma-ção de plásticos encontram como principais barreiras: 1) o fatode a montadora já contar com uma rede de fornecedores cati-vos; 2) a baixa especificidade dos manufaturados plásticos pro-duzidos localmente com predominância do processo de extrusãopara produção de sacos; 3) a existência de poucas empresas lo-cais produtoras de peças injetadas, que são as mais demandadaspela montadora; 4) a pouca articulação das empresas locais comos fornecedores de matéria-prima para o desenvolvimento con-junto de resinas adequadas a novas aplicações, já que se trata deuma indústria dominada por fornecedores (PAVITT, 1984) noque se refere à difusão de inovações; 5) o pequeno porte dasempresas locais; 6) a carência de mão de obra local qualificadatanto no ramo de transformação de plásticos como no da con-fecção de moldes do segmento metal-mecânico; 7) a inexistênciade um conjunto articulado de empresas do ramo metal-mecâni-co, pois, além de ser o segmento mais solicitado pelas montadoraspara confecção de autopeças, é um dos mais demandados pelosprodutores de peças injetadas para a produção e manutenção deseus moldes; 8) o fato de a maioria das empresas locais nãoestar suficientemente apta para atender às capacitações exigidaspelo CIFN do seu fornecedor; 9) as dificuldades de gestão dasempresas locais, até mesmo em administrar uma estrutura decusto; 10) a ausência de uma cultura local no que se refere aofornecimento à indústria automobilística; 11) a falta de articula-ção e confiança entre os produtores locais atomizados.
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O objetivo da pesquisa não foi avaliar a eficácia da políticaestadual de incentivos fiscais na atração de investimentos nem osdiversos efeitos econômicos da instalação de uma montadora, poisesses podem ser distribuídos ao longo do tempo e ter maior im-pacto não na indústria de transformação propriamente dita masno setor de serviços. Ademais, é difícil se separarem os diferentesfatores (investimentos em educação, saúde, infraestrutura, com-portamento do mercado, entre outros) que geraram um efeitoeconômico (a exemplo do aumento do emprego industrial, da ren-da, das exportações), embora inúmeras questões interrelacionadastenham emergido com objeto de estudo.
O CIFN é a maior planta automotiva localizada fora doeixo Sudeste-Sul, afora duas montadoras da Hyunday e daMitsubishi em Goiás (ambas menores que a Ford Nordeste).Tendo em vista a meta da Ford em aumentar sua participaçãona produção brasileira de veículos, a crise que atravessava oMercosul no final dos anos 1990 e o foco nas exportações, aempresa vai em busca de novas alternativas de localização, tor-nando-se um símbolo da guerra fiscal entre os estados. Além dogeneroso pacote de incentivos oferecido com a redução do ICMS,o Governo do Estado construiu toda uma logística, inclusiveportuária, exclusivamente para atender à demanda da Ford. Umdos problemas levantados pela pesquisa foi o desgaste da infra-estrutura do estado, abrangendo suas instalações portuárias, queconfigura uma das barreiras à atração de novos investimentos, ea reestruturação do Polo de Camaçari. Questiona-se por quenão se investiu na ampliação e modernização do porto de Aratu,com sérios gargalos, para atender não apenas a montadora, mastoda a indústria baiana.
O Polo de Camaçari foi construído nos anos 1970 estimu-lado pela concessão de inúmeros benefícios fiscais e financeirosaos investidores privados, com a participação direta do Estadono modelo tripartite, sob a coordenação do Governo Federal
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através da Sudene/BNDES, com o objetivo de desconcentrar aindústria de transformação e, ao mesmo tempo, suprir a de-manda de insumos básicos da região Sudeste.
Nos anos 1980, o problema da desigualdade regional éofuscado pela crise da dívida externa brasileira e pela elevadainflação, deixando de ser objeto de preocupação do GovernoFederal. Com as instituições de coordenação ao desenvolvimentoregional enfraquecidas, a política industrial local fica à mercêdos governos estaduais. Aqueles estados localizados fora do eixodinâmico Sul-Sudeste, sem muita alternativa, utilizam vanta-gens competitivas espúrias — mão de obra barata e renúnciafiscal — para atrair novos empreendimentos.
A guerra fiscal é acirrada com a adesão da política econô-mica do Brasil aos princípios do Consenso de Washington, apartir dos anos 1990, que vai desencadear um processo de pri-vatização e abertura comercial, com a saída da Petroquisa comoacionista de empresas petroquímicas e a definitiva perda deimportância da Sudene. Difunde-se a ideia de que os agenteseconômicos locais — empresas e instituições — poderiam seorganizar em rede com foco na economia global e desencadearum processo de desenvolvimento endógeno, visão que tem se-melhanças com as ideias de Scott (2006) e de Schmitz e Nadvi(1999) discutidas na seção teórico-metodológica.
As instituições de desenvolvimento internacional, a exem-plo do Banco Mundial e do BID, passam a “defender” a constru-ção do capital social entre comunidades, para reduzir custos detransação e promover a eficiência coletiva, por meio do financia-mento de diferentes programas de apoio a pequenas empresasem rede, a exemplo do programa de APLs coordenado por repre-sentantes de governos estaduais, no qual se inclui o APL de Trans-formação de Plástico da RMS e o de Fornecedores do CIFN. Emsuma, o discurso de construção do capital social é também incor-porado à política estadual de atração de empresas.
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Não se é contra o uso de mecanismos fiscais para atrairempresas, pois provavelmente sem esses instrumentos só have-ria indústria no Sudeste. Mas o ponto-chave de uma políticaindustrial bem sucedida a longo prazo é sua orientação parainovação, lembrando-se que a velocidade das inovações tecno-lógicas requer uma constante renovação de plantas industriais.O uso prolongado e indiscriminado da política de incentivos,sem se preocupar com o potencial de inovação das empresasatraídas, a exemplo daquelas de transformação de plástico, nemcom uma política de capacitação e planejamento em infraestru-tura, contribui pouco para a formação dos almejados links entresetores.
No período em se desenvolveu a pesquisa empírica, nota-damente de 2006 ao terceiro trimestre de 2008, havia um ex-cesso de otimismo entre os diferentes agentes econômicos, ex-presso nos depoimentos acerca das perspectivas da indústriapetroquímica e principalmente automobilística. Vivia-se maisum ciclo de expansão do capitalismo, quando todos são contagia-dos por expectativas exageradamente positivas. A economia bra-sileira que, nos anos anteriores, experimentava taxas médias decrescimento na casa dos 3,0%, conseguiu, no ano de 2007, cres-cer 5,67% e, em setembro de 2008, atingiu um índice acumula-do anual acima de 6% ao se considerarem os doze meses anterio-res. Pela enésima vez na história do capitalismo os agentes eco-nômicos acreditaram que o ciclo de expansão não se esgotaria.É como se todos acreditassem na Lei de Say — a oferta cria suaprópria demanda. Infelizmente, os períodos excessivamenteotimistas — com aumento artificial no valor de ativos imobiliários,financeiros, das commodities agrícolas e minerais — geralmen-te antecedem um período de crise.
É difícil medir o impacto da implantação de uma indús-tria complexa como a automotiva em uma economia local, poisdepende do aspecto que se pretende avaliar: para quem, o quê,
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como, onde, etc. Daí nossa opção por estreitar a questão centralà demanda de componentes de um material específico, o plásti-co, o que por si só já é uma limitação. A principal função dapergunta inicial foi servir como roteiro de pesquisa. Como asrelações industriais são dinâmicas e estão em contínua mudan-ça, como uma “metamorfose ambulante”, não se pode esperarque os resultados da investigação, em que se deu prioridade àabordagem qualitativa, sejam conclusivos, mas que apontemtendências, com base em informações coletadas em um curtoperíodo de tempo. Os resultados refletem a percepção do pes-quisador em determinado momento. Se suscitarem mais per-guntas que respostas, estarão cumprindo um dos papéis da pes-quisa acadêmica: servir de ponto de partida para outras investi-gações. A crise internacional desencadeada a partir de setembrode 2008, quando o presente estudo já estava praticamente ter-minado, fez com que algumas reflexões parecessem um poucodefasadas, antes mesmo de sua conclusão... mas era necessáriopôr um ponto-final ao trabalho.
O modelo planejado de duopólio da petroquímica nacio-nal com a constituição, em 2008, de uma holding englobandoas petroquímicas do Sudeste, a Quattor, em concorrência com aBraskem, controladora das empresas do Nordeste e do Sul, alémda Petrobras como sócia relevante, foi dificultado pela fragilida-de financeira da Quattor, agravada pela crise econômico-finan-ceira do fim de 2008 e início de 2009.
O processo de aquisição da Quattor pela Braskem, no fi-nal de 2009, com participação de 40% da Petrobras, transformaa petroquímica brasileira num monopólio. Suas justificativasforam: economias de escala e escopo, maior disponibilidade derecursos para investimentos em ciência e tecnologia, melhorescondições para enfrentar seus concorrentes internacionais. Po-rém todo monopólio deve ser regulado para se evitar penalizar oconsumidor, no caso os transformadores de plástico. Um dos
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mecanismos de política industrial para ampliar a oferta de pro-dutos petroquímicos seria facilitar a entrada de resinas termo-plásticas do exterior, ao se baixar ou zerar a alíquota do impostode importação, que hoje é de 14% do valor CIF.
Com a nova configuração da petroquímica é preciso re-ver os instrumentos de políticas de desenvolvimento local paraa cadeia do plástico. As iniciativas microeconômicas com a or-ganização de APLs serão irrelevantes diante de um fornecedortão poderoso e sem concorrentes. Os programas estaduais deincentivos fiscais e atração de empresas deveriam estimular aconcorrência, adotando-se medidas que facilitem a importaçãode matérias-primas. O programa Bahiaplast foi eficaz ao priorizaros fornecedores locais de termoplásticos. Sem ele provavelmen-te não haveria 270 transformadores de plástico no Estado daBahia, porém a formação de um monopólio de fornecimentomuda completamente a realidade.
Não se pode negar a hipótese de que o polo automotivotenha trazido novas demandas para os produtores de artefatosplásticos da RMS, todavia, nem no período de expansão econô-mica, se poderia dizer que os links entre esses segmentos indus-triais configurassem externalidades dinâmicas, ou seja, de natu-reza endógena. Os desafios para uma empresa de transforma-ção de plástico de pequeno ou médio porte ingressar na cadeiaautomotiva são muitos, pois as montadoras demandam de seusfornecedores grande escala, baixos preços e, consequentemente,estreitas margens de lucro.
Assim, o projeto Ford parece ainda não ter desencadeadoo tão esperado processo de adensamento e estímulo às cadeiasprodutivas locais.
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Entrevistas realizadas
ALPIRE, Manoel. Coordenador do Núcleo de Polímeros doCimatec. Senai/Cimatec. Salvador, 26 nov. 2008. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
ALPIRE, Manuel. Coordenador de Transformação Plástica doServiço Nacional de Aprendizagem Industrial/Centro
207
Integrado de Manufatura e Tecnologia - Senai/Cimatec.Salvador, 15 set. 2006. Entrevista concedida a Vera Spínola.
ALVES, Juarez A. Diretor Comercial da Plasticoville Ltda.Interplast, Joinville, 25 ago. 2008. Entrevista concedida aVera Spínola.
ASSIS, Aleksander Richard. Especialista em ComércioExterior do Programa Export Plastic, Instituto Nacional doPlástico (INP). Interplast, Joinville, 25 ago. 2008. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
BAHLS, D. Gerente de Desenvolvimento e Marketing daBorealis Brasil S.A. Brasilplast, São Paulo, 8 de maio 2007.Entrevista concedida a Vera Spínola.
BARADEL, O. Diretor Administrativo da Ecus Injeção Ltda.Mauá, São Paulo, 7 maio 2007. Entrevista concedida a VeraSpínola.
BOMTEMPO, V. Professor Doutor integrante da BancaExaminadora. Escola de Administração da UFBA, Salvador, 5jun. 2009. Declaração durante a defesa de tese.
CAIADO, J. C. Gerente de Contas da Braskem. Brasilplast,São Paulo, 7 abr. 2005. Entrevista concedida a Vera Spínola.
CAIADO, J. C. Gerente de Contas da Unidade Poliolefinasda Braskem. Brasilplast, São Paulo, 9 maio 2007. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
CAIADO. J. C. Gerente de Contas da Unidade Poliolefinasda Braskem. 10 set. 2008. Entrevista concedida a Vera Spínolapor e-mail.
CHIACCHIO, Jorge Robledo. Sócio-gerente da ChiacchioPlásticos. Interplast, Joinville, 27 ago. 2008. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
208
CORREIA, Maurício. Representante da Polyembalagens.Brasilplast, São Paulo, 7 abr. 2005. Entrevista concedida aVera Spínola.
COSTA SOBRINHO, José. Sócio-gerente da BakarFiberglass. Senai/Cimatec, Salvador, 26 nov. 2008. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
COSTA, Alex C. Gestor de negócios da CRW Plásticos.Interplast, Joinville, 26 ago. 2009. Entrevista concedida aVera Spínola.
CROCCO, Marco Aurélio. UFMG/CEDEPLAR, BeloHorizonte, 4 out. 2004. Entrevista concedida a Vera Spínola.
DANNENHAUER, Luciane. Gerente de Marketing ePlanejamento da Sulbras Moldes e Plásticos. Interplast,Joinville, 26 ago. 2008. Entrevista concedida a Vera Spínola.
FARIAS, Giselly M. Galdino. Coordenadora do APL deTransformação de Plásticos da Bahia. Senai/Cimatec,Salvador, 16 set. 2008. Entrevista concedida a Vera Spínola.
FERRAN, Luc. Consultor de Gestão, Produtos e Processos daIndústria Automobilística. Desenbahia, Salvador, 18ago.2006a. Entrevista concedida a Vera Spínola.
FERRAN, Luc. Consultor de Gestão, Produtos e Processos daIndústria Automobilística. Senai/Cimatec, Salvador, 17 nov.2006b. Entrevista concedida a Vera Spínola.
FITTIPALDI, S. Gerente de Marketing da SuzanoPetroquímica. Brasilplast, São Paulo, 8 maio 2007. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
FORNAZARI, Fabiana. Assessora de Comunicação da CRWPlásticos. Interplast, Joinville, 26 ago. 2008. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
209
GUAZELLI, Mariângela. Sócia da Chemimarket, comercialexportadora de produtos petroquímicos. 18 mar. 2010.Entrevista concedida a Vera Spínola, por e-mail.
GROSSO, Cleber. Representante da empresa Spumacar, 10dez. 2008. Entrevista a Vera Spínola, por e-mail.
JESUS SILVA, C. A. Gerente de Desenvolvimento eMarketing da Polimold Industrial. Brasilplast, São Paulo, 9 demaio 2007. Entrevista concedida a Vera Spínola.
JEZLER, M. Diretor da ETEP Indústria Metalúrgica. ETEP,Salvador, 22 nov. 2006. Entrevista concedida a Vera Spínola.
KUNIEDA, Nelson F. Gerente técnico-comercial da TriflexTermoplásticos. Interplast, Joinville, 26 ago. 2008. Entrevistaconcedida a Vera Spínola
LEITÃO, César de Sá. Consultor, Solver Consultoria.Desenbahia, Salvador, 18 out. 2005. Entrevista concedida aVera Spínola.
LEITÃO, J. L. P. F. Gerente da Brinquedos Rosita Ltda. Laurode Freitas, 7 nov. 2006. Entrevista concedida a Vera Spínola.
LEU, Guilherme. Gerente do Departamento de Qualidade daPlásticos Zanotti Ltda. Interplast, Joinville, 27 ago. 2008.Entrevista concedida a Vera Spínola.
LOMBA NETO, C. S. Representante da Associação Brasileirada Indústria de Poliuretano. Brasilplast, São Paulo, 9 maio2007. Entrevista concedida a Vera Spínola.
LOPES, Marco Aurélio. Representante da Central de Moldesdo Brasil. Interplast, Joinville, 26 ago. 2008. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
MENEGHETTO, E. Diretor executivo da Zurich Injeção deTermoplásticos. São Bernardo do Campo, 7 maio 2007.Entrevista concedida a Vera Spínola.
210
NASAR, M. S. Gerente da Metagal Indústria e Comércio.Brasilplast, São Paulo, 9 maio 2007. Entrevista concedida aVera Spínola.
OLIVEIRA, L. Diretor da Plásticos Novel do Nordeste. Laurode Freitas, 7 nov. 2006. Entrevista concedida a Vera Spínola.
PAPI, W. J. Sócio-gerente da Artespumas Indústria eComércio Ltda. Senai/Cimatec, Salvador, 11 abr. 2007.Entrevista concedida a Vera Spínola.
PERSOTTI, Gustavo. Economista da Superintendência deEstudos Econômicos e Sociais (SEI). Salvador, 10 dez. 2008.Entrevista concedida a Vera Spínola por e-mail.
PISANU, Luciano. Coordenador dos APLs de Transformaçãode Plásticos e de Fornecedores da Ford da Bahia. Senai/Cimatec, Salvador, 16 set. 2008. Entrevista concedida a VeraSpínola.
PLAZA, Rodrigo. Gerente Nacional de Vendas daPolosulplast. Interplast, Joinville, 27 ago. 2008. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
PUPO, P. Gerente de Contas do Complexo Integrado RioPolímeros. Brasilplast, São Paulo, 9 maio 2007. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
RORIZ COELHO, José Ricardo. Presidente da Vitopel Filmesde Polipropileno Biorientado. 21 mar. 2009. Entrevistaconcedida a Vera Spínola por e-mail.
SANTOS, Diogo. Sócio-gerente da Plastpack. Salvador, 29jan. 2009. Entrevista concedida a Vera Spínola.
SANTOS, J. Coordenador do APL de Plástico do GrandeABC Paulista. Brasilplast, São Paulo, 9 maio 2007. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
211
SILVA, I. Gerente Técnico Comercial da Moldes e Plásticosda Bahia (MPB). Camaçari, 5 dez. 2006. Entrevista concedidaa Vera Spínola.
SILVA, Ilídio. Gerente Técnico Comercial da MPB. Local, 26nov. 2008. Entrevista concedida a Vera Spínola.
SIMIELLI, Edson. Diretor da GE Plastics. Brasilplast, SãoPaulo, 8 maio 2007. Entrevista concedida a Vera Spínola.
SOUZA, Evandro. Sócio-gerente da Petrochem, Montadorade Toldos de Policarbonato. 15 ago. 2008. Entrevistaconcedida a Vera Spínola por e-mail.
STANCATI , V. Site leader da Dow Automotiva. DowAutomotiva, Camaçari, 28 nov. 2006. Entrevista concedida aVera Spínola.
TREVISAN, Danilo. Diretor comercial do Grupo Unigel. 15set. 2008. Entrevista concedida a Vera Spínola por e-mail.
TREVISAN, Danilo. Diretor comercial do Grupo Unigel.Brasilplast, São Paulo, 8 maio 2009. Entrevista concedida aVera Spínola.
UZIELLI, C. Diretor Superintendente da Basell PolyolefinasLtda./Brasil. Brasilplast, São Paulo, 8 maio 2007. Entrevistaconcedida a Vera Spínola.
VALENTE, João Aderito. Sócio-gerente da Durit Brasil Ltda.Salvador, 5 dez. 2006. Entrevista concedida a Vera Spínola.
VIEIRA DA SILVA, G. Coordenador de novos projetos daBasell Polyolefinas Ltda. Brasilplast, São Paulo, 9 maio 2007.Entrevista concedida a Vera Spínola.
212
Sites consultados
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<http://www.abiquim.org.br>. Acesso em: 24 ago. 2008.
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213
Apêndices
214
215
Apêndice A: Principais resinas termoplásticas e suas aplicações
Polipropileno - PP Embalagens para alimentos, produtos têxteis e cos-méticos, tampas de refrigerante, potes para freezer e garrafões de águamineral são alguns dos produtos fabricados com polipropileno. Essesplásticos conservam o aroma e são resistentes a mudanças de tempe-ratura, brilhantes, rígidos e inquebráveis. Também são utilizados emprodutos hospitalares descartáveis, tubos para água quente, autopeças,fibras para tapetes, fraldas, absorventes higiênicos, entre outros.
Polietileno de alta densidade - PEAD Embalagens para alimentos,produtos têxteis, cosméticos e embalagens descartáveis são produzi-das a partir do polietileno de alta densidade. Resistente a baixas tem-peraturas, leve, impermeável, rígido e com resistência química, o PEADtambém é usado na fabricação de tampas de refrigerante, potes parafreezer e garrafões de água mineral, além de brinquedos e eletrodo-mésticos, cerdas de vassoura e escovas, sacarias (revestimento e im-permeabilização), fitas adesivas, entre outros.
Polietileno de baixa densidade - PEBD e Polietileno de baixa densi-
dade linear - PEBDL São flexíveis, leves, transparentes e impermeá-veis. O PEBD é utilizado na produção de filmes termocontroláveis,como caixas para garrafas de refrigerante, fios e cabos para televisão etelefone, filmes de uso geral, sacaria industrial, tubos de irrigação,mangueiras, embalagens flexíveis, impermeabilização de papel (em-balagens tetrapak), entre outros. O PEDBL é aplicado, principalmen-te, na produção de embalagens de alimentos, fraldas, absorventes hi-giênicos e sacaria industrial.
Tereftalato de polietileno - PET Os plásticos de tereftalato de polieti-leno são transparentes, inquebráveis, impermeáveis e leves. O PET éutilizado, principalmente, na fabricação de garrafas de água mineral e
216
refrigerante, embalagens para produtos alimentícios, como óleos e su-cos, de limpeza, cosméticos e farmacêuticos. Também está presenteem bandejas para microondas, filmes para áudio e vídeo, fibras têx-teis, entre outros.
Cloretos de polivinila - PVC Por suas características como rigidez,impermeabilidade e resistência à temperatura, são usados principal-mente em tubos, conexões, cabos elétricos e materiais de construçãocomo janelas, portas, esquadrias e cabos de energia. O PVC tambémpode ser aplicado na fabricação de brinquedos, alguns tipos de tecido,chinelos, cartões de crédito, tubos para máquinas de lavar roupa ecaixas de alimentos.
Poliestireno - PS Entre os produtos fabricados com o poliestireno es-tão os copos descartáveis, eletrodomésticos, produtos para constru-ção civil, autopeças, potes para iogurte, sorvete e doces, frascos, ban-dejas de supermercados, pratos, tampas, aparelhos de barbear descar-táveis, brinquedos etc. As principais características do PS são imper-meabilidade, rigidez, leveza e transparência.
Copolímero de etileno e acetato de vinila - EVA É empregado princi-palmente na fabricação de calçados, colas, adesivos, peças técnicas,fios e cabos.
Fonte: Abiquim (2008). Adaptação própria.
217
Apêndice B: Indústria de transformação de plástico
Municípios brasileiros com QL > 1
e/ou pelo menos 20 empresas do setor
Notas: 1 CNAE 22218 - Laminados. 2 CNAE 22226 - Embalagens.3 CNAE 22234 - Tubos e acessórios. 4 CNAE 22293 - Artefatos diversos.5 QL - Total; 6 Número de empresas de plástico.
continuaFonte: Brasil (2006). Elaboração própria.
UF Município 1 2 3 4 5 6QL QL QL QL QL
AM Manaus 0,15 0,64 0 2,76 3,55 117
Eusébio 0,32 1,61 0 1,1 3,03 21
Maracanaú 0,26 0,53 0 1,2 1,99 23
PB Campina Grande 0,01 0,99 0 0,77 1,78 34
PE Jaboatão dos Guararapes 0,15 0,49 0,06 0,85 1,55 38
BA Camaçari 0,94 2,43 0,45 1,54 5,36 30
Simões Filho 0,29 1,36 0 2,06 3,71 26
Lauro de Freitas 0 0,61 0 1,26 1,87 24
Vitória da Conquista 0,31 0,37 0,06 0,29 1,04 22
Feira de Santana 0,1 0,13 0,06 0,71 1,01 37
MG Varginha 0,65 0,98 0 4,3 5,93 25
Betim 0,35 0,55 0 1,96 2,86 52
Divinópolis 0,06 1,16 0 0,63 1,85 33Contagem 0,01 0,47 0 0,84 1,32 73
ES Serra 0 0,7 0,01 1 1,72 41
RJ Duque de Caxias 0,02 1,04 0 1,21 2,28 101
Teresópolis 0,33 0 0 1,89 2,22 12
São João de Meriti 0,04 1,15 0 0,4 1,59 27
Nova Friburgo 0 0,13 0,03 1,4 1,56 30
São Gonçalo 0,01 0,63 0 0,7 1,34 31
Petrópolis 0,01 0,47 0,01 0,65 1,14 38
SP Caieiras 0,04 8 0 2,34 10,37 37
Diadema 0,8 2,73 0,01 5,82 9,36 210
Vinhedo 0 0 0 8,48 8,48 21
Itu 0,25 4,65 0 2,31 7,21 28
Santana de Parnaíba 0 6,36 0 0,77 7,14 48
Lorena 0 1,81 0 4,7 6,5 28
Embu 2,7 0,04 0 3,11 5,85 21
Suzano 0,19 1,23 0,02 2,77 4,22 23
Cotia 0,81 0,81 0,01 2,49 4,12 49
Sorocaba 0 1,09 0,98 1,82 3,88 65
CE
218
continua
Notas: 1 CNAE 22218 - Laminados. 2 CNAE 22226 - Embalagens.3 CNAE 22234 - Tubos e acessórios. 4 CNAE 22293 - Artefatos diversos.5 QL - Total; 6 Número de empresas de plástico.
Fonte: Brasil (2006). Elaboração própria.
continuação
Apêndice B: Indústria de transformação de plástico
Municípios brasileiros com QL > 1
e/ou pelo menos 20 empresas do setor
UF Município 1 2 3 4 5 6QL QL QL QL QL
SP Guarulhos 0,04 1,37 0,14 2,24 3,78 227
Ribeirão Preto 0,05 0,46 2,01 1,16 3,68 67
Carapicuíba 0,17 1,9 0,01 1,54 3,61 22
Araras 0 1,77 0 1,38 3,15 22
Osasco 0 0 0 2,88 2,88 53
Indaiatuba 0,06 0,51 0,34 1,83 2,73 39
Birigui 0 0,11 0 2,35 2,46 41
Cajamar 0,05 0,86 0,13 1,37 2,41 22
Barueri 0,07 1,24 0 1,08 2,39 87
Sumaré 1,36 0,09 0,04 0,87 2,36 26
Botucatu 0,26 0,07 0 1,97 2,3 16
Bragança Paulista 0 1,02 0 1,18 2,2 22
São Bernardo do Campo 0,03 0,26 0,01 1,9 2,2 120
São Paulo 0 1,98 0 0,03 2,01 1748
São Jose dos Campos 1,04 0 0 0,79 1,83 27
Atibaia 0 0,4 0 1,39 1,79 20
Pedreira 1,16 0,41 0 0,09 1,66 29
Franca 0 0,03 0 1,58 1,61 37
Bauru 0 0,09 0 1,5 1,59 29
Valinhos 0 0 0 1,2 1,2 40
Mogi das Cruzes 0 0 0 1,06 1,06 23
São Caetano do Sul 0 0,01 0 0,98 0,98 64
Americana 0,01 0,16 0,05 0,65 0,87 38
Presidente Prudente 0 0 0 0,82 0,82 21
São Carlos 0,05 0,46 0 0,3 0,8 31
Mauá 0 0 0 0,8 0,8 47
Limeira 0 0 0 0,72 0,72 86
Campinas 0,02 0,13 0,01 0,5 0,66 90
São José do Rio Preto 0,02 0,05 0 0,48 0,55 49
Itaquaquecetuba 0 0,52 0 0 0,52 35
Jundiaí 0 0 0 0,49 0,49 51
219
Notas: 1 CNAE 22218 - Laminados. 2 CNAE 22226 - Embalagens.3 CNAE 22234 - Tubos e acessórios. 4 CNAE 22293 - Artefatos diversos.5 QL - Total; 6 Número de empresas de plástico.
Fonte: Brasil (2006). Elaboração própria.
continuação
continua
Apêndice B: Indústria de transformação de plástico
Municípios brasileiros com QL > 1
e/ou pelo menos 20 empresas do setor
UF Município 1 2 3 4 5 6QL QL QL QL QL
SP Santo André 0 0 0 0,37 0,37 91
Itupeva 0 0 0 0,34 0,34 25
Piracicaba 0 0 0 0,33 0,33 41
Jaú 0 0,07 0 0,14 0,22 21
Marília 0 0 0 0,15 0,15 25
Santa Bárbara d’Oeste 0 0,12 0 0 0,12 25
Jaguariúna 0 0 0 0,06 0,06 20
Taboão da Serra 0 0 0 0,03 0,03 61
Rio Claro 0 0 0 0 0 39
PR São Jose dos Pinhais 0,06 0,38 1,68 3,94 6,07 55
Pinhais 0,17 3,7 0 1,51 5,39 67
Rolândia 0 0,24 0 4,78 5,02 21
Londrina 0,05 1,57 0,03 0,33 1,98 79
Cascavel 0,05 0,99 0 0,75 1,78 40
Colombo 0 0,82 0,04 0,74 1,6 24
Araucária 0,19 0,73 0 0,51 1,43 20
Arapongas 0 0,04 0 1,26 1,3 21
Maringá 0 0,61 0 0,53 1,14 59
Apucarana 0,02 0,2 0 0,92 1,14 36
SC São Ludgero 0 50,56 0 6,36 56,92 21
Gaspar 0 5,99 0,11 4,43 10,53 36
Pomerode 0 3,9 0,66 2,49 7,04 31
Joinville 0,02 0,27 2,86 3,27 6,42 147
Criciúma 0 5,69 0 0,19 5,88 35
Timbó 0 0,15 0 4,08 4,23 22
Chapecó 0,3 0,89 0 0,71 1,9 23
Jaraguá do Sul 0 0,56 0 0,77 1,33 35
São José 0,33 0,51 0,05 0,4 1,3 31
Blumenau 0,03 0,37 0 0,81 1,21 74
Itajaí 0,04 0,71 0 0,37 1,12 25
220
Notas: 1 CNAE 22218 - Laminados. 2 CNAE 22226 - Embalagens.3 CNAE 22234 - Tubos e acessórios. 4 CNAE 22293 - Artefatos diversos.5 QL - Total; 6 Número de empresas de plástico.
Fonte: Brasil (2006). Elaboração própria.
continuação
Apêndice B: Indústria de transformação de plástico
Municípios brasileiros com QL > 1
e/ou pelo menos 20 empresas do setor
UF Município 1 2 3 4 5
QL QL QL QL QLRS Novo Hamburgo 0,18 0,24 0 7,26 7,69
Caxias do Sul 0,04 0,61 0 5,07 5,72
Campo Bom 0 0,06 0 5,35 5,41
Bento Gonçalves 0,08 1,25 0 2,7 4,03
Farroupilha 0 0,74 0 3,01 3,75
Gravataí 0 0,84 0,01 1,89 2,74
Cachoeirinha 0,03 1,82 0 0,69 2,55
Sapucaia do Sul 0,08 0,74 0 1,57 2,39
São Leopoldo 0,03 0,42 0 1,45 1,9
GO Anápolis 0,1 0,94 0 0,88 1,92
Aparecida de Goiânia 0 0,94 0,01 0,45 1,41
221
Fonte: Brasil (2006). Elaboração própria.continua
Notas: 1 CNAE 22218 - Laminados. 2 CNAE 22226 - Embalagens.3 CNAE 22234 - Tubos e acessórios. 4 CNAE 22293 - Artefatos diversos.5 QL - Total; 6 Número de empresas de plástico.
Apêndice C: Indústria de transformação de plástico
Municípios brasileiros com IC > 0
e/ou pelo menos 20 empresas do setor
UF Município 1 2 3 4 5 6IC IC IC IC IC
AM Manaus 0,05 0,21 0 0,94 1,21 117
PI Teresina 0 0,05 0 0,04 0,09 21
CE Maracanaú 0,09 0,18 0 0,4 0,67 23
Fortaleza 0 0,06 0 0,04 0,11 68
PB Campina Grande 0 0,33 0 0,26 0,59 34
João Pessoa 0 0,03 0 0,05 0,09 26
PE Jaboatão dos Guararapes 0,05 0,16 0,02 0,28 0,52 38
Recife 0 0,04 0 0,05 0,1 71
AL Maceió 0,01 0,15 0 0,04 0,2 25
BA Camaçari 0,31 0,81 0,15 0,51 1,79 30
Simões Filho 0,1 0,45 0 0,69 1,24 26
Lauro de Freitas 0 0,2 0 0,42 0,62 24
Vitória da Conquista 0,1 0,12 0,02 0,1 0,35 22
Feira de Santana 0,03 0,04 0,02 0,24 0,34 37
Dias d’Ávila 0,01 0 0 0,32 0,32 3
Salvador -0,01 0,03 -0,01 0,06 0,1 67
MG Varginha 0,22 0,33 0 1,44 1,98 25
Betim 0,12 0,18 0 0,65 0,96 52
Divinópolis 0,02 0,39 0 0,21 0,62 33
Contagem 0 0,16 0 0,28 0,44 73
Uberaba 0 0,17 0 0,11 0,28 29
Juiz de Fora 0 0,16 0 0,1 0,27 36
Belo Horizonte -0,01 0,02 -0,01 0,05 0,09 155
Uberlândia 0 0,05 0 0,03 0,07 27
ES Serra 0 0,23 0 0,33 0,57 41
Vila Velha 0 0,06 0 0,15 0,21 24
RJ Duque de Caxias 0,01 0,35 0 0,4 0,76 101
São João de Meriti 0,01 0,38 0 0,13 0,53 27
Nova Friburgo 0 0,04 0,01 0,47 0,52 30
São Gonçalo 0 0,21 0 0,23 0,45 31
Petrópolis 0 0,16 0 0,22 0,38 38
Rio de Janeiro 0 0,02 -0,02 0,06 0,13 265
222
Fonte: Brasil (2006). Elaboração própria.continua
Notas: 1 CNAE 22218 - Laminados. 2 CNAE 22226 - Embalagens.3 CNAE 22234 - Tubos e acessórios. 4 CNAE 22293 - Artefatos diversos.5 QL - Total; 6 Número de empresas de plástico.
continuação
Apêndice C: Indústria de transformação de plástico
Municípios brasileiros com IC > 0
e/ou pelo menos 20 empresas do setor
UF Município 1 2 3 4 5 6IC IC IC IC IC
SP Caieiras 0,01 2,67 0 0,78 3,46 37
Diadema 0,27 0,91 0 1,95 3,14 210
Vinhedo 0 0 0 2,83 2,83 21
Itu 0,08 1,55 0 0,77 2,4 28
Santana de Parnaíba 0 2,12 0 0,26 2,38 48
Lorena 0 0,6 0 1,57 2,17 28
Embu 0,9 0,01 0 1,04 1,95 21
Suzano 0,06 0,41 0,01 0,93 1,41 23
Cotia 0,27 0,27 0 0,83 1,38 49
Sorocaba 0 0,36 0,32 0,61 1,3 65
Guarulhos 0,01 0,46 0,04 0,76 1,28 227
Ribeirão Preto 0,01 0,15 0,67 0,39 1,23 67
Carapicuíba 0,06 0,63 0 0,51 1,21 22
Araras 0 0,59 0 0,46 1,05 22
Osasco 0 0 0 0,96 0,96 53
Indaiatuba 0,02 0,17 0,11 0,61 0,91 39
Birigui 0 0,04 0 0,78 0,82 41
Cajamar 0,02 0,29 0,04 0,46 0,8 22
Barueri 0,02 0,41 0 0,36 0,8 87
Sumaré 0,45 0,03 0,01 0,29 0,79 26
São Bernardo do Campo 0,01 0,08 0 0,64 0,74 120
Bragança Paulista 0 0,34 0 0,39 0,73 22
São Paulo -0,03 0,64 -0,04 0,03 0,71 1748
São José dos Campos 0,34 0 0 0,26 0,61 27
Atibaia 0 0,13 0 0,46 0,6 20
Pedreira 0,39 0,14 0 0,03 0,55 29
Franca 0 0,01 0 0,53 0,54 37
Bauru 0 0,03 0 0,5 0,53 29
Valinhos 0 0 0 0,4 0,4 40
Mogi das Cruzes 0 0 0 0,35 0,35 23
São Caetano do Sul 0 0 0 0,33 0,33 64
Americana 0 0,05 0,02 0,22 0,29 38
223
continuaFonte: Brasil (2006). Elaboração própria.Notas: 1 CNAE 22218 - Laminados. 2 CNAE 22226 - Embalagens.
3 CNAE 22234 - Tubos e acessórios. 4 CNAE 22293 - Artefatos diversos.5 QL - Total; 6 Número de empresas de plástico.
continuação
Apêndice C: Indústria de transformação de plástico
Municípios brasileiros com IC > 0
e/ou pelo menos 20 empresas do setor
UF Município 1 2 3 4 5 6IC IC IC IC IC
SP Presidente Prudente 0 0 0 0,27 0,27 21
Pindamonhangaba 0 0 0 0,27 0,27 11
Mauá 0 0 0 0,27 0,27 47
São Carlos 0,01 0,15 0 0,1 0,27 31
Limeira 0 0 0 0,24 0,24 86
Campinas 0 0,04 0 0,17 0,22 90
São José do Rio Preto 0,01 0,02 0 0,16 0,18 49
Itaquaquecetuba 0 0,18 0 0 0,18 35
Jundiaí 0 0 0 0,17 0,17 51
Santo André 0 0 0 0,13 0,13 91
Itupeva 0 0 0 0,11 0,11 25
Piracicaba 0 0 0 0,11 0,11 41
Jaú 0 0,02 0 0,05 0,07 21
Marília 0 0 0 0,05 0,05 25
Santa Bárbara d’Oeste 0 0,04 0 0 0,04 25
Jaguariúna 0 0 0 0,02 0,02 20
Taboão da Serra 0 0 0 0,01 0,01 61
Rio Claro 0 0 0 0 0 39
PR São José dos Pinhais 0,02 0,13 0,56 1,32 2,03 55
Pinhais 0,06 1,24 0 0,5 1,8 67
Rolândia 0 0,08 0 1,6 1,67 21
Londrina 0,02 0,52 0,01 0,11 0,66 79
Cascavel 0,02 0,33 0 0,25 0,6 40
Colombo 0 0,27 0,01 0,25 0,53 24
Araucária 0,06 0,24 0 0,17 0,48 20
Arapongas 0 0,01 0 0,42 0,43 21
Maringá 0 0,2 0 0,18 0,38 59
Apucarana 0,01 0,07 0 0,31 0,38 36
Curitiba 0 0,05 -0,01 0,12 0,18 168
SC São Ludgero 0 16,86 0 2,12 18,98 21
Gaspar 0 2 0,04 1,48 3,51 36
Pomerode 0 1,3 0,22 0,83 2,35 31
224
Fonte: Brasil (2006). Elaboração própria.Notas: 1 CNAE 22218 - Laminados. 2 CNAE 22226 - Embalagens.
3 CNAE 22234 - Tubos e acessórios. 4 CNAE 22293 - Artefatos diversos.5 QL - Total; 6 Número de empresas de plástico.
continuação
Apêndice C: Indústria de transformação de plástico
Municípios brasileiros com IC > 0
e/ou pelo menos 20 empresas do setor
UF Município 1 2 3 4 5 6IC IC IC IC IC
SC Joinville 0 0,09 0,96 1,1 2,16 147
Criciúma 0 1,9 0 0,06 1,97 35
Timbó 0 0,05 0 1,36 1,41 22
Chapecó 0,1 0,3 0 0,24 0,64 23
Jaraguá do Sul 0 0,19 0 0,26 0,44 35
São José 0,11 0,17 0,02 0,13 0,43 31
Blumenau 0,01 0,12 0 0,27 0,41 74
Itajaí 0,01 0,24 0 0,12 0,37 25
RS Novo Hamburgo 0,06 0,08 0 2,43 2,57 188
Caxias do Sul 0,01 0,2 0 1,7 1,92 228
Campo Bom 0 0,02 0 1,79 1,8 21
Bento Gonçalves 0,03 0,42 0 0,9 1,35 45
Farroupilha 0 0,25 0 1 1,25 25
Gravataí 0 0,28 0 0,63 0,92 36
Cachoeirinha 0,01 0,61 0 0,23 0,85 35
Sapucaia do Sul 0,03 0,25 0 0,52 0,8 23
São Leopoldo 0,01 0,14 0 0,48 0,63 48
Canoas 0,02 0,12 0 0,15 0,29 35
Porto Alegre 0 0,01 -0,01 0,06 0,08 100
MS Campo Grande 0,01 0,03 0 0,01 0,06 21
MT Cuiabá 0,04 0,01 0 0,04 0,09 25
GO Anápolis 0,03 0,31 0 0,29 0,64 34
Aparecida de Goiânia 0 0,32 0 0,15 0,47 32
Goiânia 0 0,12 0 0,05 0,17 102
DF Brasília -0,01 0 -0,01 0 0,01 38
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Empresas e empregos por municípios
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Apêndice D: Indústria de transformação de plástico
Empresas e empregos por municípios
do Estado da Bahia
Not
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Apêndice E: Síntese das entrevistas realizadas com profissionais
das indústrias petroquímica e automotiva
e de instituições parceiras - Brasil (2003-2008)
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Apêndice F: Questionário aplicado a representantes de empresas
de transformação de plástico estabelecidas fora
do Estado da Bahia (2003)
1 Identificação da empresa (anexar cartão com dados de endereço, tel. etc) Razão social 2 Faixa de faturamento - receita operacional bruta (base 2002)
____ Até R$ 900 mil ____ De R$ 900 a $ 7.875 mil ____ De R$ 7.875 mil a $ 45milhões ____ Acima de R$ 45 milhões
3 Número de empregados ________ Obs.: _________________________________________ 4 Principais produtos e destino das vendas Principais produtos Mercado interno Mercado externo % Principais estados da UF % Principais países 5 Principais matérias-primas e sua origem Matérias-primas do Brasil importadas % Principais estados da UF % Principais países 6 Principais equipamentos utilizados no processo de produção, origem e ano de aquisição Equipamentos Origem (estado ou país) Ano de aquisição 7 Fatores que motivariam a implantação de uma fábrica na Bahia
1) sem importância; 2) pouco importante; 3) importante; 4) muito importante Externalidades 1 2 3 4
Infraestrutura disponível (física e de serviços) Custo da mão de obra Qualificação da mão de obra Incentivos fiscais Incentivos financeiros Proximidade com universidades e centros de pesquisa Proximidade com fornecedores de insumos Proximidade com clientes/consumidores Outros - especificar
8 Afinal, o que levaria a empresa a investir na Bahia? 9 Observações:
continuação
235
Apêndice G: Síntese das entrevistas realizadas com representantes
de empresas fornecedoras da cadeia automotiva
estabelecidas fora do Estado da Bahia (2007-2008)
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Apêndice G: Síntese das entrevistas realizadas com representantes
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estabelecidas fora do Estado da Bahia (2007-2008)
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237
Apêndice G: Questionário aplicado a representantes de empresas
fornecedoras da cadeia automotiva estabelecidas
fora do Estado da Bahia (2007-2008)
1 Identificação da empresa (anexar cartão com dados de endereço, tel. etc) Razão social 2 Faixa de faturamento - receita operacional bruta (base 2002)
____ Até R$ 10 milhões ____ Entre R$ 10,0 e 100 milhões ____Acima de R$ 100 milhões 3 Número de empregados ________ Obs.: _________________________________________ 4 Produtos, capacidade, produção atual e destino das vendas Principais produtos Capacidade
tons/mês Produção atual tons/mês
Mercado interno
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% Estados
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5 Principais matérias-primas, consumo e origem
Consumo tons/mês atual
do Brasil importada Matérias-primas
% % países 6 Equipamentos utilizados no processo de produção, origem e ano de aquisição Principais equipamentos Origem (estado ou país) Ano aquisição
7 Vantagens da sua localização industrial (conceito de 1 a 5)
Externalidades Conceito Observação Infraestrutura disponível (física e de serviços) Proximidade com clientes/consumidores Qualificação da mão de obra Benefício/custo da mão-de-obra Acesso aos serviços de universidades e centros de pesquisa Cooperação - ações coletivas de organizações de produtores Acesso ao crédito a custos competitivos Incentivos fiscais 8 Desvantagens da sua localização? 9 A empresa tem experiência como fornecedor para o setor automotivo?
_____ Fornecedor regular _____ Fornecedor eventual _____ Nunca forneceu 10 Fale das exigências para se tornar um fornecedor da indústria automobilística.
Certificações necessárias. 11 A empresa detém as condições para atender as exigências da indústria automobilística
no que se refere a qualidade, custo e pontualidade na entrega? _____ Plenamente _____ Parcialmente _____ Sem condição
12 A empresa possui algum tipo de certificação (ISO 9000)? Qual? 13 Que fatores levariam a empresa a estabelecer uma unidade produtiva no Estado da Bahia
ou em outro estado do Nordeste?
continuação
238
Apêndice H: Síntese das entrevistas realizadas com empresas
de transformação de plástico localizadas na RMS
(2003-2004)
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239
1 Identificação da empresa (anexar cartão com dados de endereço, tel. etc) Razão social 2 Faixa de faturamento - receita operacional bruta (base 2003)
____ Até R$ 900 mil ____ De R$ 900 a $ 7.875 mil ____ De R$ 7.875 mil a $ 45milhões ____ Acima de R$ 45 milhões
3 Número de empregados ________ Obs.: _________________________________________ 4 Produtos, capacidade, produção atual e destino das vendas Principais produtos Capacidade
tons/mês Produção atual tons/mês
Mercado interno
Mercado externo
% Estados
% Países
5 Principais matérias-primas, consumo e origem
Consumo tons/mês atual
do Brasil Importada Matérias-primas
% % Países 6 Equipamentos utilizados no processo de produção, origem e ano de aquisição Principais equipamentos Origem (estado ou país) Ano aquisição
7 Avalie numa escala de 0 a 5 as externalidades encontradas na Bahia
Externalidades Conceito Observação Infraestrutura disponível (física e de serviços) Qualificação da mão de obra Incentivos fiscais (Desenvolve) Fontes de financiamento Programa Bahiaplast Proximidade com universidades e centros de pesquisa Proximidade com fornecedores de insumos Proximidade com clientes/consumidores Apoio tecnológico do Senai/Cimatec Outros; especificar:
Apêndice H: Questionário aplicado a representantes de empresas
de transformação de plástico estabelecidas na RMS
(2003-2004)
continuação
240
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Apêndice I: Síntese das entrevistas realizadas com representantes
de empresas do APL de Transformação de Plástico do
Estado da Bahia (2006-2007)E
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continuação 1 Identificação da empresa (anexar cartão com dados de endereço, tel. etc) Razão social Beneficiada pelo Bahiaplast: _____ sim ____não 2 Faixa de faturamento - receita operacional bruta (base 2002)
____ Até R$ 900 mil ____ De R$ 900 a $ 7.875 mil ____ De R$ 7.875 mil a $ 45milhões ____ Acima de R$ 45 milhões
3 Número de empregados ________ Obs.: _________________________________________ 4 Produtos, capacidade, produção atual e destino das vendas
Mercado interno Mercado externo Principais produtos % Principais estados da UF % Principais países
5 Principais matérias primas, consumo e origem
Matérias-primas Consumo tons/mês atual
do Brasil Importada
% Estados da UF % países 6 Equipamentos utilizados no processo de produção, origem e ano de aquisição Equipamentos Origem (estado ou país) Ano de aquisição 7 Avalie numa escala de 0 a 5 as externalidades encontradas na Bahia
Externalidades Valor Observação Infraestrutura disponível (física e de serviços) Benefício/custo da mão de obra Qualificação da mão de obra Incentivos fiscais Incentivos financeiros Programa Bahiaplast Proximidade com universidades e centros de pesquisa Proximidade com fornecedores de insumos Proximidade com clientes/consumidores Outros; especificar: 8 Na sua opinião que tipo de ação do Governo Estadual poderia contribuir para alavancar
a indústria de transformação de plásticos na Bahia? 9 Sua empresa introduziu alguma inovação tecnológica de produto ou processo? 10. Autoavaliação quanto à capacidade em atender à indústria automotiva (colocar conceito de 0 a 5)
Conceito Atributos competitivos 5 4 3 2 1 0 Padrão de qualidade Custo competitivo Prazo de entrega
Apêndice I: Questionário aplicado a representantes de empresas
do APL de Transformação de Plástico do Estado da
Bahia (2006-2007)
243
Apêndice J: Síntese das respostas a pergunta dirigida
a representantes de empresas do APL
de Fornecedores da Ford Nordeste (2008)
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a representantes de empresas do APL
de Fornecedores da Ford Nordeste (2008)
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245
Apêndice K: Lista de siglas
ABIPLAST Associação Brasileira da Indústria do Plástico
ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química
ABS Acrinolitrila-butadieno-estireno
ANFAVEA Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores
APL Arranjo Produtivo Local
BAHIAPLAST Programa Estadual de Desenvolvimento da Indústriade Transformação Plástica
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BRASILPLAST Feira Internacional da Indústria do Plástico
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CIF Cost insurance freight. Custo do produto colocadono porto de importação incluindo seguro e frete
CIFN Complexo Industrial Ford Nordeste
CIMATEC Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia
COC Copolímero ciclo-olefínico
Cofic Comitê de Fomento Industrial de Camaçari
DECAS Desenvolvimento de Cadeias de Suprimento Automotivo
DESENBAHIA Agência de Fomento do Estado da Bahia
DESENVOLVE Programa de Desenvolvimento Industriale de Integração Econômica do Estado da Bahia
DMT Dimetilereftalato
EBR Empregos registrados no Brasil
EDN Estireno do Nordeste
EiBR Empregos registrados do setor i no Brasil
Eij Empregos registrados do setor i na região j
Ej Empregos registrados na região j
EPDM Etileno-propileno-dieno
EVA Copolímero de etileno e acetato de vinila
FAPESB Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia
FFS Tipo de filme plástico form fill and seal
GTZ Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit,instituição alemã de fomento ao desenvolvimento
HHm Índice Hirschman-Herfindahl
246
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC Índice de Concentração
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IEL Instituto Euvaldo Lodi
INTERPLAST Feira e Congresso Nacional de Integração da Tecnologiado Plástico
KEVLAR Poliamida aromática
MTE Ministério do Trabalho e do Emprego
NAFTA North América Free Trade Agreement
PA Poliamida ou nylon
PBT Poli-butil-tereftalato
PC Policarbonato
PE Polietileno
PEAD Polietileno de alta densidade
PEBD Polietileno de baixa densidade
PEBDL Polietileno de baixa densidade linear
PEEK Polieter-etil-ketone
PET Tereftalato de polietileno
PETG Polietileno-tereftalato aditivado com glicol
PMMA Polimetacrilato de metila
PND Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico
POM Poliacetal
POM Polióxido-metileno
PP Polipropileno
PPO Polióxido de fenileno
PQU Petroquímica União
PR Indicador de potencialidade
PROBAHIA Programa de Desenvolvimento da Bahia
PS Poliestireno
PTA Ácido tereftálico purificado
PTFE Teflon
PU Poliuretano
PVC Policloreto de vinila
QL Quociente locacional
RAIS Relação anual de informações sociais
RLAM Refinaria Landulfo Alves
RMS Região Metropolitana de Salvador
247
SAN Copolímero de acrilonitrila estireno
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECTI Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SEPLANTEC Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia
SICM Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia
TCT Teoria dos Custos de Transação
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
Trajetória da indústria na Bahia:
(des)encontro entre as cadeias petroquímica e automotiva
de Vera Spínola,
Prêmio FIEB de Economia 2009,
é uma edição da Federação das Indústrias
do Estado da Bahia.
Impressão e acabamento:
Stilo Gráfica Editora Ltda
Salvador, maio de 2010
O Prêmio FIEB de Economia foi criado em 2001
com o objetivo de estimular reflexões sobre elemen-
tos da realidade econômica que contribuam para uma
melhor compreensão da dinâmica industrial da Bahia
e que, ao mesmo tempo, apresentem novas perspec-
tivas de desenvolvimento para o estado. Na sua
quinta edição, em 2009, o trabalho vencedor foiTrajetória da indústria na Bahia: (des)encontroentre as cadeias petroquímica e automotiva, da
economista Vera Spínola, agora publicado em livro.
Nele, considerando o crescente uso do plástico no
automóvel, a autora descreve como os três segmentos
— petroquímico, transformados plásticos e auto-
motivo — se interligam via oferta e demanda, tendo
como pano de fundo a demanda por peças plásticas
da montadora Ford Nordeste, instalada em Camaçari
nos anos 2000, e os respectivos desafios trazidos
para a indústria local.