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ISSN 0100-8102

____ ~~---- __ ---------M-a-iO-,-19-9-3--

DESEMPENHO DE BÚFALOS EM PASTAGEMDE QUICUIO-DA-AMAZÔNIA

(Brachiaria hwnidicola) COM MISTURASMINERAIS CONTENDO URÉIA

Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma AgráriaEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPACentro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental - CPATUBelém, PA

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Presidente

Itamar Franco

Ministro da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária

Lázaro Barbosa

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA

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Murilo Xavier Flores

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José Roberto Rodrigues PeresAlberto Duque PortugalElza lngela Battaggia Brito da Cunha

Chefia do CPATU

Dilson Augusto Capucho Frazão - ChefeEmanuel Adilson Souza Serrão - Chefe Adjunto TécnicoLuiz Octávio Danin de Moura Carvalho - Chefe Adjunto de Apoio

ISSN 0100-8102

BOLETIM DE PESQUISA NQ 144 Maio, 1993

DESEMPENHO DE BÚFALOS EM PASTAGEM DE QUICUIO--DA-AMAZÔNIA (Brachiaria humidicola) COM

MISTURAS MINERAIS CONTENDO URÉIA

Cristo Nazaré Barbosa do NascimentoLuiz Octávio Oanin de Moura CarvalhoMiguel Simão Neto

J Saturnino OutraNicolau da Silva Beltrão Júnior

Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma AgráriaEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPACentro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental - CPATUBelém, PA

Exemplares desta publicação podem ser solicitados àEMBRAPA-CPATUTrav. Or. Enéas Pinheiro, s/nTelefones: (091) 226-6612, 226·6622Telex: (091) 1210Fax: (091) 226-9845Caixa Postal, 4866095·100 - Belém, PATiragem: 500 exemplarescomitê de publicações

Antônio Agostinho MüllerCélia Maria Lopes PereiraDamásio Coutinho FilhoEmanuel Adilson Souza SerrãoEmmanuel de Souza Cruz - PresidenteJoão Oleg6rio Pereira de CarvalhoJosé Furlan JúniorLindáurea Alves de Souza - Vice·PresidenteMaria de Nazaré Magalhães dos Santos - Secretária ExecutivaRaimundo Freire de OliveiraSaturnino Outra

Revisores TécnicosAri Pinheiro Camarão - EMBRAPA-CPATUCarlos Alberto Gonçalves - EMBRAPA-CPATUGuilherme Pantoja Calandrini de Azevedo - EMBRAPA-CPATU

EXpedienteCoordenação Editorial: Emmanuel de Souza CruzNormalização: Célia Maria Lopes PereiraRevisão Gramatical: Maria de Nazaré Magalhães dos Santos

Miguel Simão Neto (texto em inglês)Composição: Francisco de Assis Sampaio de Freitas

NASCIMENTO, C.N.B. do; MOURA CARVALHO, L.O.O. de; SIMÃO NETO, M.; OUTRA,S.; BELTRÃO JÚNIOR, N. da S. Desempenho de búfalos em pastagem deguicuio·da-amazânia (Brachiaria humidicola) com misturas mineraiscontendo uréia. Belém: EMBRAPA-CPATU, 1993. 21p. (EMBRAPA-CPATU.Boletim de Pesquisa, 144).1. Bubalino - Nutrição mineral - Suplementação. 2. Bubalino - Paste-

jo. 3. Bubalino - Nutrição - Uréia. 4. Capim quicuio-da-amazônia. I.Mou-ra Carvalho, L.O.D. de, colab. 11. Simão Neto, M., colab. 111. Outra,S.,colab. IV. Beltrão Júnior, N. da S., colab. V. EMBRAPA-CPATU. Centro dePesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental (Belém, PA). VI. Tftulo.VII. Série.

COO: 636.293

© EMBRAPA - 1993

SUMÁIUO

XNTRODUÇAO. . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . • . • 6

MATERIAL E MÉTODOS.. ....•........•...... 8

RESULTADOS E DISCUSSÃO.................. 11

Experimanto 1........................... 11

Experimento 2........................... 15

CONCLUSÕES. ......•.............•........ 18

REFERINCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............. 18

DESEMPEHHO DE BÚFALOS EM PASTAGEM DE gUICUIO--DA-AMAZÔNIA (Brachiaria humidicola) COM

MISTURAS MINERAIS CONTENDO uaiIACristo Nazaré Barbosa do Nasciment01Luiz Octávio Danin de Moura Carvalh02Miguel Simão Net03Saturnino Dutra1Nicolau da Silva Beltrão Júnior4

RESUMO: Foram conduzidos dois experimentos para verificar o de-seq:lenho de machos bubal inos de sobreano, com cerca de 250 kgde peso vivo, submetidos ao pastejo contfnuo em quicuio-da-ama-zônia (Brachiaria humidicola) e suplementados com minerais con-tendo O (tratamento A), 30 (tratamento B) e 60X (tratamento C)de uréia, em peso. O delineamento experimental foi inteiramentecasualizado com três tratamentos, duas repetições (pastos de 2ha cada), 4 cabeças/pasto no experimento 1, e 3 no experimento2. No experimento 1, ganho de peso diário, consumo de misturamineral/dia e disponibi lidade de matéria seca/he de forragemforam, respectivamente, para os tratamentos A, B, e C, 715, 679e 604 9i 101, 122 e 127 9 (P < 0,01 entre A e B e A e C)i e4.079, 4.262 e 3.892 kg. No experimento 2, na mesma ordem, osvalores foram os seguintes: 458, 439 e 485 9i 67, 67 e 73 9i4.002, 4.678 e 4.583 kg.

Termos para indexação: bubalinos, suplementos minerais, nitro-gênio não-protéico.

1Eng.-Agr. M.Sc. EMBRAPA-CPATU. Caixa Postal 48. CEP 66017-970. Belém, PA.2Eng.-Agr. EMBRAPA-CPATU.3Eng.-Agr. Ph.D. EMBRAPA-CPATU.4Estudante da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará - FCAP. Bolsista do

CNPq. Caixa Postal 917. CEP 66077-530. Belém, PA.

PERPORMANCE OP BUPPALOES ON CULTIVATED PASTUREOP Brachiaria humidicola WITH MINERAL

SUPPLBMENTS CONTAINING UREA

ABSTRACT: Two experiments were conducted to evaluate theperformance of water buffalo yearling males of about 250 kg oflive weight. in continuous grazing. on pasture of Brachiariahumidicola with mineral supplements containing O (treatment A).30 (treatment B) and 60X (treatment C) of urea. in weight. Thestatistical design was completely randomized. with threetreatments. two replications (pasture of 2 ha each). 4heads/pasture in experiment 1 and 3 in experiment 2. In thefirst experimento daily weight gain. consumption of dailymineral mixture and avai lability of dry matter/ha of foragewere. respectively. for treatments A. B. f:lndC. 715. 679 and604 g; 101. 122 and 127 9 (P < 0.01 between A and B and A andC); and 4.079, 4.262 and 3,892 kg. In the second experiment, inthe same order, the values were: 458, 439 and 485 g; 67, 67 and73 g; 4.002. 4,678 and 4.583 kg.

Index terms: water buffalo, mineral mixtures, non-proteinnitrogen_

INTRODUÇÃO

Na Amazônia, o gado bubalino é criado predo-minantemente em pastagem nativa, ~tingindo peso de 350kg com aproximadamente dois ano~ e meio de idade(Nascimento et aI. 1979). No período de engorda, em ge-ral ao redor de um ano e meio, esse gado ganha cerca de150 kg de peso vivo, o que significa um ganho de peso·diârio em torno de 300 g.

Pesquisas têm sido desenvolvidas no sentidode melhorar o desempenho dos animais bubalinos de en-gorda em pastagem (Nascimento et aI. 1978; Nascimento &Lourenço Junior, 1979; Houra Carvalho et aI. 1982). Osganhos de peso diários nesses estudos variam de 460 a772 g. Dentre as gramíneas consideradas nesses traba-lhos, destaca-se o quicuio-da-amazônia (Brachiaria hu-midicola) por suas características de rusticidade e

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produção nas condições predominantes de solos distrófi-cos da Amazônia.

No entanto, Simão Neto & Serrão (1974) reve-laram que o teor de proteína bruta do quicuio-da-amazô-nia é inferior ao de capins largamente usados, como ocolonião. Ademais, estudo realizado por Camarão et alo(1983) mostrou que essa gramínea reduz sensivelmente oteor de proteinabruta, em condições de pastejo, com oaumento da idade da planta e com a diminuição da preci-pitação pluviométrica.

Além disso, o ganho de peso de búfalos pro-porcionado por essa graminea pode sofrer redução paravalores inferiores a 500 g/cabeça/dia com a diminuiçãoda precipitaçãO pluviométrica, segundo Moura Carvalhoet alo (1982).

Por outro lado, estudos realizados na índia,conforme National ..., (1980), evidenciaram que os búfa-los têm maior capacidade de aproveitamento da uréia doque os bovinos. Villares (1981), baseado em ensaios ex-perimentais realizados na índia, relatou que os búfalosdigerem mais eficientemente a celulose do que os zebui-nos, bem como, na presença de certos níveis de uréia,melhoram essa eficiência.

No Brasil, Villares et alo (1981a, 1981b,1981c) e Rocha et alo (1981) estudaram o efeito do sis-tema sal-uréia-mineral no desempenho produtivo de buba-linos, submetidos à dieta de volumoso. Os resultados,de modo geral, mostraram redução significativa de perdade peso e até ganho no período seco, na amplitude per-centual de 55,6 a 75,7 de uréia em relação à misturamineral total.

Essas percentagens elevadas de uréia na mis-tura mineral total foram usadas com o objetivo de for-çar a sua ingestão através da busca do atingimento dasquantidades necessárias dos minerais, particularmentedo sal comum e do fósforo. Deve ser ressaltado que ascondições de seca invernal considerada nos ensaios, comperda de peso dos animais, favorecem o alcance do ob-jetivo.

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No entanto, Vilela & Silvestre (1985) reco-mendam não mais do que 40 ou 50\ de uréia em misturacom minerais. Por outro lado, experimentos realizadospela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural -EMATER, em Alagoas e Bahia, com zebu e Holandês(Engorda •••, 1984) mostraram que uma mistura de 30\ deuréia e 70\ de minerais proporcionou aumentos em ganhode peso diârio dos bovinos em pastagem de até 353,4g/cabeça, em relação aos animais sem uréia (zebu, 900,8vs. 685,0 g; Nelore, 694,1 vs. 350,0 g; Holandês, 761,1vs. 407,7 g).

Dessa maneira, este trabalho tem como obje-tivo melhorar o desempenho dos animais bubalinos de en-gorda em pastagem cultivada pela suplementação de equi-valente protéico da uréia com minerais.

MATERIAL E MATODOS

A pesquisa foi conduzida no Campo Experimen-tal "Dr. Felisberto Camargo", do Centro de PesquisaAgroflorestal da Amazônia Oriental - CPATU, em Belém,PA, com 1°28' de latitude sul e 48°27' de longitudeoeste de Greenwich.

O clima do local é, segundo a classificaçãode Koppen, do tipo Afi (Bastos, 1982). A média do totalpluviométrico anual é de aproximadamente 2.870 mm, comperiodo mais chuvoso, de dezembro a maio, e menos chu-voso, de junho a novembro (Bastos et alo 1986). Os va-lores médios anuais de temperatura, umidade relativa doar e de insolação são, respectivamente, em torno de26°C, 85\ e 2.400 h por ano (Boletim•.., 1984).

Esta pesquisa foi realizada em ârea de terrafirme, em Latossolo Amarelo, fase pedregosa I, texturaargilosa.

Foram usados 12 ha de pastagem cultivada dequicuio-da-amazônia (Brachiaria humidicola), divididosem seis piquetes de 2 ha. Em cada piquete foi cons-truida cerca apropriada para contenção dos animais,

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constituida de seis fios de arame liso. Todos os pique-tes eram providos de açude para banho e consumo de águapelos animais.

Foi efetuada a construção, em cada piquete,de cocho coberto para minerais, de três paredes de ma-deira, a fim de proteger adequadamente o suplementocontra as chuvas freqüentes e fortes nesse tipo climá-tico. Visando a permitir a colheita integral das sobrasdas misturas, foi instalada, em cada cocho, bandejapara recepção do material que caia por ocasião do con-sumo.

Foram conduzidos dois experimentos. O experi-mento 1, com duração de 141 dias, no periodo de10.08.88 a 29.12.88. O experimento 2 repetição doprimeiro, com única exceção da redução da carga animalde 2 cabeças para 1,5 cabeça/ha -, com duração de 196dias, no periodo de 22.08.91 a 05.03.92. A previsão deambos era de cerca de um ano de duração. No entanto, osataques severos de cigarrinha-das-pastagens em partedas parcelas dos dois experimentos motivaram oencerramento antecipado e a avaliação dos dados obtidosnos periodos anteriores aos ataques da praga.

Em cada experimento, foram escolhidos trêsgrupos de machos bubalinos de sobreano (tratamentos A,B e C), classificados como Murrah, e com médias de pesoinicial aproximadamente iguais. A análise da variânciado"peso inicial revelou não existir diferença signifi-cativa entre os grupos, garantindo não haver efeito dopeso inicial nos outros parâmetros. Os grupos foramsubmetidos ao pastejo continuo, utilizando dois pique-tes (duas repetições) para cada um deles.

Além da pastagem, os grupos de animais A, B eC receberam misturas minerais contendo, respectivamen-te, O, 30 e 60% de uréia em peso, com teor minimo denitrogênio de 45% e de uso exclusivo para ruminantes.

A mistura de farinha de ossos autoclavados emicroelementos, expressa em quilogramas, baseada emNational. •. (1980), Conrad et al.··(1985), Villares &

Rocha (1981), Engorda .•. (1984) e Lopes (1985), para ostrês tratamentos, foi assim constituida:

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Farinha de ossos autoclavados •••••••••••••••••Sulfato de cobre .Sulfato de cobalto G ••••••••••••••

Sulfato de zinco .Iodato de potássio ..•.•••••••••••••••••••.••.•

60,0000,4000,0401,5000,015

Foi efetuada uma mistura básica contendo 70%de sal comum iodado e 30% da f6rmula mineral acimaapresentada (Villares & Rocha, 1981; Engorda •.•, 1984).A cada f6rmula contendo 0,30 ou 60% de uréia e misturamineral básica foi utilizada flor de enxofre na relação1,8% da mistura total (Villares & Rocha, 1981). Paraefeito de adaptação dos animais, nos dois tratamentoscom uréia, durante a primeira e a segunda semanas, aspercentagens de uréia foram, respectivamente, de 1/3 e2/3 dos valores estabelecidos para uréia nos tratamen-tos. A partir da terceira semana, as percentagens deuréia tiveram os valores integrais estabelecidos. Asmisturas finais são mostradas na Tabela 1.

TABELA 1. Composição das misturas de minerais e uréiausadas como tratamentos experimentais.

MisturasIngrediente <X>

A B C

Sal comum iodado 68,740 47,740 26,740Farinha de ossos autoclavados 28,531 19,815 11,099~lor de enxofre 1,800 1,800 1,800Sulfato de zinco 0,713 0,495 0,277Sulfato de cobre 0,190 0,132 0,074Sulfato de cobalto 0,019 0,013 0,007lodato de potássio 0,007 0,005 0,003Uréia pl ruminantes 30,000 60,000

Total 100,000 100,000 100,000

Todos ?s animais foram vermifugados antes doinício do estudo, vacinados contra febre aftosa e tra-tados contra piolhos.

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Todos os machos foram pesados aproximadamentea cada 28 dias pela manhã, após permanecerem de jejumalimentar e hídrico, por período de cerca de 15 h. Namesma manhã de cada pesagem, a dispOnibilidade de for-ragem era medida. Para isso, foi usado um quadrado deferro, de 0,50 m de lado. A colheita das amostras deforragem foi realizada em cinco áreas representativasno pasto. Após a pesagem das amostras, efetuou-se amistura e dela retirou-se uma amostra para determinaçãodo teor de matéria seca no Laboratório de Nutrição Ani-mal do CPATU.

Foram efetuadas anotações das quantidades co-locadas e das sobras de mistura mineral, a fim de quefossem determinados os consumos.

o delineamento experimental foi inteiramentecasualizado com três tratamentos e duas repetições. Noexperimento 1, foram usados quatro animais por piquetee no experimento 2, três animais. Foram efetuadas asanálises da variância para peso inicial, ganho de pesodiário, consumo de mistura mineral/cabeça/dia e dispo-nibilidade de forragem, bem como as comparações entretratamentos para os efeitos significativos pelo testeTukey, de acordo com ste11 & Torrie (1960) e Gomes(1966).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Experimento 1

A Tabela 2 contém os resultados sobre carac-terísticas de produçâo de carne para os machos experi-mentais. Observa-se que não houve diferença significa-tiva entre os tratamentos no que se refere ao ganho depeso dos animais.

Embora alguns estudos existentes na litera-tura consultada evidenciem vantagem em modificação depeso vivo em machos bovinos (Engorda•.., 1984) e búfa-Ias (ROcha et alo 1981; Villares et aI. 1981a, 1981b,

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1981c) com o uso de volumoso e mistura de uréia e mine-rais, resultados recentes obtidos por Costa et alo(1992), em Monte Alegre, PA, em sistema integrado en-volvendo pastagem cultivada de quicuio-da-amazônia esuplementos minerais com O, 30 e 60% de uréia, em ma-chos bubalinos, não revelaram qualquer efeito signifi-cativo da uréia no ganho de peso dos animais, coinci-dindo, assim, com os resultados deste trabalho.

TABELA 2. Caracteristicas de produção de carne de ma-chos bubalinos em pastagem cultivada de qui-cuio-da-amazônia com suplementação de uréia eminerais, durante 141 dias.

Percentagens de uréia na misturaCaracterfstica

O 30 60

NI de animais 8 8 8Peso inicial (kg) 248,6a 250,1a 248,OaPeso após 141 dias (kg) 349,4 345,8 333,2Ganho de peso no perfodo (kg) 100,8 95,7 85,2Ganho de peso diário (g) 715a 679a 604a

Letras iguais na mesma linha indicam que não há diferença significativa,pelo teste de Tukey.

A Tabela~3 exibe os dados de consumo de mine-rais contendo ou não uréia. A ingestão de mistura foisignificativamente maior para os suplementos com uréia(P < 0,01). No entanto, não houve diferença significa-tiva entre os tratamentos contendo uréia.

Considerando os valores mostrados na Tabela3, o consumo de uréia para os tratamentos 30 e 60% deuréia foi, respectivamente, 36,5 e 76,4 g. Embora o úl-timo valor represente, estimativamente, cerca de 1% dototal de matéria seca diária ingerida pelo gado no tra-tamento C, considerado adequado em consumo dessa fontede nitrogênio, não evidenciou nenhum efeito significa-tivo em ganho de peso.

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TABELA 3. Consumo de misturas de uréia de mineraism~chos bubalinos em pastagem cultivadaquicuio-da-amazônia, durant~. 141 dias.

porde

Percentagens de uréia na misturaParâmetro

o 30 60Consumo de mistura de uréiáe minerais no período (leg)Consumo de mistura de uréiae minerais por cabeça/dia (g)

114,4 137,4 143,6127,3b101,4a 121,8b

Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa ao nível de1% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

Na Tabela 4 são mostrados os resultados obti-dos sobre disponibilidade de forragem, em matéria verdee matéria seca/ha, bem como percentagens de caule, fo-lha e material morto de forragem. A análise estatisticanão revelou qualquer diferença significativa entre ostratamentos, no tocante a esses parâmetros. Isso indi-cou que as condições de pastagem foram quantitativa-mente muito semelhantes, portanto, não favorecendo aqualquer dos tratamentos.

TABELA 4. Disponibilidade e percentagens de caule, fo-lha e material morto de forragem em pastagemcultivada de qu í.ouLo+da+emaaôn í.a na alimen-tação de machos bubaLí.noa cort\suplementaçãode uréia e minerais, durante 141::dias.

Percentagens de uréia na misturaParâmetro

O 30 60Disponibilidade de forragemverde (kg/ha) 12.890,Oa 12.550,Oa 11.879,3aDisponibilidade de forragemem matéria seca (kg/ha) 4.079,3a 4.262,1a 3.892,OaPercentagem de caule 30,7a 29,Oa 30,9aPercentagem de folha 36,3a 36,2a 34,OaPercentagem de material morto 33,Oa 34,8a 35,1a

Letras iguais na mesma linha indicam que não há diferença significativa,pelo teste de Tukey.

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A Fig. 1 ilustra os resultados de disponibi-lidade de forragem de quicuio-da-amazônia em quilogra-mas de matéria seca/ha para os três tratamentos. Veri-fica-se que a menor quantidade de matéria seca obtida(1.976,5 kg/ha) estã bem acima do valor mínimo conside-rado satisfat6rio, que é de 1.200 kg/ha (Watson &Whiteman, 1981).

8.000

7.000

E.,6.000o-o

""""-o o-.I:. 5.000."~(J).,2 4.000~o CI):g-o

:.õ o-.- .- 3.000ã-Q.11>

Õ2.000

1.000

_--_I Su,lIlHlltomilllral "11I urelo

••..•-- - - ..• SupltlHllto 1IIÍ11lralCGIII30% de uríla

•........•......• SUplt.,"tO .illtrol COIII60% dt urílo

AGO. SET. OUT. NOV. DEZ.

1 988

FIG. 1. Disponibilidade de forragem de qui-cuio-da-amazônia em quilogramas dematéria seca/ha (experimento 1).

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Experimento 2

Na Tabela 5 estão contidos os resultados so-bre o desempenho em ganho de peso dos machos bubalinos.Não houve diferença significativa entre os tratamentosno referente ao ganho de peso, como ocorreu no experi-mento 1. No entanto, os ganhos de peso diários forambem menores do que no experimento 1.

TABELA 5. Caracteristicas de produção de carne de ma-chos bubalinos em pastagem cultivada de qui-cuio-da-amazônia com suplementaçãode uréia eminerais, durante 196 dias.

Percentagens de uréia na misturaCaracterfstica

o 30 60

NI de animaisPeso inicial (kg)Peso após 196 dias (kg)Ganho de peso no perfodo (kg)Ganho de peso diário (g)

6259,4a349,289,8

458,2a

6257,8a343,886,0

438,8a

6262,3a357,495,1

485,2a

Letras iguais na mesma linha indicam que não há diferença significativa,pelo teste de Tukey.

É possivel que em ambos os experimentos tenhaocorrido um consumo de energia digestivel menor do queo necessário para proporcionar respostas significativascom ganho de peso dos animais.

Os resultados sobre cons~o de minerais con-tendo ou não uréia são apresentados na Tabela 6. A aná-lise estatistica não revelou qualquer diferença signi-ficativa entre os tratamentos, ao contrário dos resul-tados obtidos no experimento 1, onde os tratamentos comuréia foram significativamente superiores ao sem uréia.Além disso, os consumos por cabeça/dia foram beminferiores aos do experimento 1.

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TABELA 6. Consumo de misturas de uréia e minerais pormachos bubalinos em pastagem cultivada dequicuio-da-amazônia com suplementação de trêsniveis de uréia, durante 196 dias.

Percentagens de uréia na misturaParâmetro

° 30 60

Consumo de mistura de uréiae minerais no perfodo (kg)Consumo de mistura de uréiae minerais por cabeça/dia (g)

78,4 78,3 85,6

66,7a 66,6a n,8a

Letras iguais na mesma linha indicam que não há diferença significativa,pelo teste de Tukey.

A Tabela 7 mostra os resultados sobre dispo-nibilidade de forragem, em matéria verde e seca/haComo no experimento 1, a análise estatistica não reve-lou qualquer diferença significativa entre os tratamen-tos para esses parãmetros.

TABELA 7. Disponibilidade de forragem em pastagem cul-tivada de quicuio-da-amazônia na alimentaçãode machos bubalinos com suplementação deuréia e minerais, durante 196 dias.

Percentagens de uréia na misturaParãmetro (kg)

o 30 60

Disponibi lidade de forragemverde (kg/ha)Disponibilidade de forragemem matéria seca (kg/ha)

10.971,2a 12.825,Oa 11.992,5a

4.002,Oa 4.6n,9a 4.582,7a

Letras iguais na mesma linha indicam que não há diferença significativa, pe-lo teste de Tukey.

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Os resultados de disponibilidade de forragemde quicuio-da-amazônia, em quilograma de matériasecajha, para os três tratamentos, são ilustrados naFig. 2, onde observa-se que a menor quantidade de maté-ria seca encontrada (2.385,4 kgjha) é muito maior doque a quantidade mí.nimaconsiderada satisfat6ria. As-sim, os menores ganhos de peso e consumosdos suplemen-tos no experimento 2 não são explicados pelos valoresde disponibilidade de forragem obtidos.

8.000

7.000

6.000

5.000

4.000

3.000

2.000

1.000

• • SUpl.III.lItO Milltrol "M uríia_ - - - •.• SUpl","to .i ••• ral COM30 % •••ureia•.............• SU••••• to .ineral COII10'0 d. uríia

!\. \... .~. '.

O~~--~--~--~--~--~~~~---AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. JAN. FEV. MAR.1991 1992

A N O

FIG. 2. Disponibilidade de forragem de quicuio-da-ama-zônia em quilogramas de matéria secajha (expe-rimento 2).

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COIICLUSÕBSo uso de uréia no suplemento mineral: não

produziu aumento no ganho de peso de machos bubalinosengordados em pastagem cultivada de quicuio-da-amazô-nia.

Mesmo o consumo diário de uréia do suplementomineral tendo atingido valor pr6ximo ao estimado comoadequado, não foi revelado efeito favorável no ganho depeso. Por outro lado, a disponibilidade de forragem,indicou não ter havido carência de alimento para osanimais.

A falta de resposta dos tratamentos experi-mentais, contendo uréia em mistura com minerais, indicaa necessidade da inclusão de uma fonte energética paramelhor utilização da uréia.

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