Descansar o corpo, refrescar o espírito - combonianos.pt · cartas: «Nós mesmos ... passado 20...

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Publicação BIMESTRAL N.º 248 julho-agosto 2017 ISSN 0871-5688 O PREÇO - 0,10 (IVA incluído) P. e Dário Balula Chaves [email protected] Descansar o corpo, refrescar o espírito L embro-me do que me disse um se- nhor amigo, que fazia parte do con- selho paroquial da paróquia de Lilanda, na Zâmbia, onde trabalhei durante vários anos como missionário: «Vocês lá na Europa, se calhar, têm muitas coisas, mas nós aqui na África temos tempo!» É isso mesmo. Andamos cansados e bastante agitados, a fazer isto e aquilo, e parece que o tempo não chega para nada. Há o perigo de nos preocuparmos demasiado com as coisas a fazer e não encontrarmos tempo para dedicar às pessoas. Agora que entrou o verão, muita gente só pensa numa coisa: tirar umas boas férias para descansar o corpo. Acho bem, mas isso não chega. Seria bom que o tempo de férias servisse também e acima de tudo para refrescar o espírito. Estar com Deus nos lugares do mundo A festa da transfiguração de Jesus, que todos os anos se celebra no dia 6 de agosto, faz-me lembrar uma experiên- cia bonita que eu fiz com uns amigos, há alguns anos, nos Alpes Franceses. Enquanto subíamos a montanha a pé, sentia-me cansado, faltava-me o ar e só queria voltar para trás. Mas, quando chegámos ao cimo, fiquei extasiado, sem palavras, a contemplar em silêncio a paisagem deslumbrante. Um dia, também Jesus subiu ao monte com Pedro, João e Tiago e transfigurou-Se diante deles. O rosto de Jesus resplandecia como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. Pedro, com o coração a transbordar de alegria, disse a Jesus: «Senhor, é bom estarmos aqui.» Ficaram envolvidos numa nuvem luminosa; e ouviu-se uma voz que dizia: «Este é o meu Filho muito amado; escutai-O.» A partir daquele dia, aqueles três discípulos ficaram profundamente marcados por esta experiência no cimo do monte. De facto, João escreveu no seu Evangelho: «Vimos a Sua glória.» E Pedro também escreveu numa das suas cartas: «Nós mesmos ouvimos essa voz, quando estávamos com Ele no monte santo.» Jesus renova as forças dos discípulos Jesus também nos convida a subir ao monte, para experimentarmos a alegria da sua presença nas nossas vidas. Mas a fé não nos separa do mundo nem nos deixa nas nuvens. Jesus, que nos convida a subir ao monte, envia-nos ao chão da vida, às pessoas e às situações concretas, para aí sermos testemunhas da Sua Luz e missionários do Seu Amor que renova as forças.

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Publicação BIMESTRAL

N.º 248 julho-agosto 2017

ISSN 0871-5688 PREÇO - 0,10 (IVA incluído)

P.e Dário Balula [email protected]

Descansar o corpo, refrescar o espírito

Lembro-me do que me disse um se-nhor amigo, que fazia parte do con-

selho paroquial da paróquia de Lilanda, na Zâmbia, onde trabalhei durante vários anos como missionário: «Vocês lá na Europa, se calhar, têm muitas coisas, mas nós aqui na África temos tempo!» É isso mesmo. Andamos cansados e bastante agitados, a fazer isto e aquilo, e parece que o tempo não chega para nada. Há o perigo de nos preocuparmos demasiado com as coisas a fazer e não encontrarmos tempo para dedicar às pessoas.

Agora que entrou o verão, muita gente só pensa numa coisa: tirar umas boas férias para descansar o corpo. Acho bem, mas isso não chega. Seria bom que o tempo de férias servisse também e acima de tudo para refrescar o espírito.

Estar com Deus nos lugares do mundo

A festa da trans0guração de Jesus, que todos os anos se celebra no dia 6 de agosto, faz-me lembrar uma experiên-cia bonita que eu 0z com uns amigos, há alguns anos, nos Alpes Franceses. Enquanto subíamos a montanha a pé, sentia-me cansado, faltava-me o ar e só queria voltar para trás. Mas, quando chegámos ao cimo, fiquei extasiado, sem palavras, a contemplar em silêncio a paisagem deslumbrante.

Um dia, também Jesus subiu ao monte com Pedro, João e Tiago e trans0gurou-Se diante deles. O rosto de Jesus resplandecia como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. Pedro, com o coração a transbordar de alegria, disse a Jesus: «Senhor, é bom

estarmos aqui.» Ficaram envolvidos numa nuvem luminosa; e ouviu-se uma voz que dizia: «Este é o meu Filho muito amado; escutai-O.»

A partir daquele dia, aqueles três discípulos ficaram profundamente marcados por esta experiência no cimo do monte. De facto, João escreveu no seu Evangelho: «Vimos a Sua glória.» E Pedro também escreveu numa das suas cartas: «Nós mesmos ouvimos essa voz, quando estávamos com Ele no monte santo.»

Jesus renova as forças dos discípulosJesus também nos convida a subir ao monte, para experimentarmos a alegria da sua presença nas nossas vidas.

Mas a fé não nos separa do mundo nem nos deixa nas nuvens. Jesus, que nos convida a subir ao monte, envia-nos ao chão da vida, às pessoas e às situações concretas, para aí sermos testemunhas da Sua Luz e missionários do Seu Amor que renova as forças.

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JUSTIÇA E PAZ

Pessoas refugiadas: uma oportunidade de crescer juntas

As Nações Unidas revelaram, no passado 20 de junho, que o número de pessoas que foram forçadas a aban-donar as suas casas devido à guerra, violência ou perseguição atingiu um valor recorde em 2016, com «65,6 milhões de deslocados internos ou re-fugiados». Nesse dia, um comunicado assinado por diferentes organizações ecuménicas lembrou que as «socieda-des que têm a coragem e a visão de ir além dos seus medos dos estrangeiros e dos migrantes depressa descobrirão as riquezas que essas pessoas trazem consigo». Salientamos alguns dos pon-tos da declaração.

Migração e novas oportunidades

«Em todo o mundo, mulheres, ho-mens e crianças são forçadas a deixar sua terra natal por causa da violência, perseguição, desastres naturais ou cau-sados por in)uência humana, escassez de alimentos entre outros fatores. O desejo de fugir do sofrimento é maior que as barreiras e fronteiras erguidas que bloqueiam os seus ca-minhos.

Países ricos não podem fugir das suas responsabilidades em relação às feridas in)igidas sobre o nosso pla-neta – desastres ambientais, comércio de armas, desigualdades – que impul-sionam a migração forçada e o trá/co humano. Embora seja verdade que a chegada de migrantes nos países mais desenvolvidos pode apresentar desa/os signi/cativos, este fenómeno também pode ser uma oportunidade para abertura e mudança. O Papa Francisco coloca essa questão para nós: “Como

podemos experimentar essas mudan-ças encarando-as não como obstáculos para um genuíno desenvolvimento, mas como oportunidades para um genuíno crescimento humano, social e espiritual?”.»

Só Deus nos une

«Não é su/ciente às pessoas cristãs apenas professarem o amor de Cristo: essa profissão é autêntica somente se expressa em ações de amor. Nas palavras de Dietrich Bonhoeffer, “é somente através de Jesus Cristo que nós somos irmãos uns dos outros... Através do Cristo, a nossa pertença mútua é real, integral e para todos os tempos”.

Sinais de solidariedade podem ser multiplicados para lá das fronteiras da religião e da cultura. O encon-tro com pessoas de outras religiões encoraja-nos a aprofundar o nosso conhecimento de nossa própria fé, no nosso encontro com os nossos irmãos e irmãs refugiadas, Deus fala connosco

e abençoa-nos do mesmo jeito que Ele fez com Cornélio e Pedro. Em qualquer encontro genuíno, um intercâmbio de dons acontece. Ao partilhar o que nós temos e possuímos, descobrimos que tudo é dado livremente por Deus. Ao mesmo tempo, ao acolher aquelas pessoas com quem nos encontramos, nós experimentamos o Deus que já está sempre presente nas pessoas vulnerá-veis, nas periferias.

Cada vez mais em todo o mundo, somos testemunhas da construção de muros para manter “para fora” as pes-soas forçadas à migração: não somente muros físicos, mas também os muros do medo, do preconceito, do ódio e das ideologias. Vamos, como uma única família humana, esforçar-nos para construir pontes de solidariedade, ao invés de muros de divisão. Os nossos irmãos refugiados chegam até nós com oportunidades de enriquecimento e )orescimento mútuo: este é o Deus que nos une, nos conecta.»

As pessoas refugiadas e migrantes são uma riqueza e dão contributos significativos para o desenvolvimento das comunidades que as acolhem.

Família de refugiados sírios no Líbano

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para a missão em portugal e na europa

P.e Claudino Gomes [email protected]

O percurso de renovação pessoal para a missão dos Missionários Com-bonianos contém três linhas orienta-doras: consciência de si, interioridade e paixão pelo Reino de Deus. No nosso viver missionário, interagem continua-mente essas dimensões. Conhecer-se a si mesmo, o seu próprio eu interior, os modos de se relacionar... comporta viajar até à parte mais íntima de si e trabalhar intensamente a vida espiri-tual. Por outro lado, o caminho leva cada um a tornar-se mais acolhedor e transparente diante da realidade e do mistério de si mesmo, dos outros, das coisas e dos ambientes, dos aconteci-mentos, das situações da vida, de Deus. Superando os obstáculos da dispersão e de um viver super/cial, o missionário torna-se mais capaz de autodisciplina, paciência, perseverança e alegria, e en-tra em relação positiva consigo mesmo, com a solidão e com os outros. Por esse caminho torna-se uma pessoa reno-vada, uni/cada na direção da paixão da sua vida: Jesus Cristo, os pobres, a vida, a história, a missão com todos os seus desa/os.

Na peugada de S. Daniel Comboni

Depois da Páscoa, passámos três se-manas em Verona e Limone sul Garda, nos ambientes que formaram o caráter apaixonado de S. Daniel Comboni.

A casa muito pobre em que nasceu e cresceu Comboni, em Limone sul Gar-da, assim como a escola-seminário que frequentou em Verona, com mestres de grande competência e santidade, reacenderam em nós o fogo e a alegria

de sermos missionários e continua a inspirar-nos a pedir que o Senhor suscite nas famílias, nos jovens e nos adultos um amor que os impulsione também a eles a se oferecerem, para levarem o abraço misericordioso e o beijo do amor aos irmãos que jazem sem esperança nas trevas da falta de fé e sob injustiça e violência.

Na igreja de Limone, tudo fala do santo missionário que lá foi batizado um dia depois de nascer e aonde vol-tava sempre que regressava da África Central.

Renovar-se para servir melhorTodos os anos, o Instituto comboniano organiza um curso de renovação para os seus missionários. Forma-se um grupo internacional de combonianos espalhados pelos continentes onde têm missões. Chegam com experiências de vida missionária longas e muito diversificadas.

Em Verona e Bréscia vivemos um fecundo e fraterno contacto com os missionários idosos e doentes. Cito, entre todos, o nosso P.e Manuel João Correia. Do púlpito da sua doença, canta, sorri e dá coragem a toda a gente. Oferece a vida pelas vocações.

Estes encontros renovaram-nos a alma missionária. Somos missionários dando a Cristo a nossa vida toda pelos irmãos, seja quando temos juventude e força, seja quando idade avançada e doença nos convidam a viver pelo Reino como Eucaristia na união com Cristo Cruci/cado.

O terceiro momento forte do curso de renovação foi uma peregrinação à Terra de Jesus, mas disso falarei no próximo número.

Casa onde nasceu S. Daniel Comboni, em Limone sul Garda, atualmente Centro de Espiritualidade Missionária Comboniana

P.e Manuel João Correia (à direita), no púlpito da sua doença, canta, sorri e dá coragem a toda a gente

P.e Manuel João Correia (à direita) no

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linha direta

No dia 6 de maio de 2017, acorreram ao Seminário das Missões, em Viseu, antigos alunos combonianos de vários pontos do País e do mundo. Por volta das 10h00 já havia abraços próprios dos reencontros. Meia hora depois, co-meçou o encontro. Cantou-se o hino da associação. Foram lembrados os ausentes. Fizeram-se as apresentações por ano de entrada no seminário e por grupo. Foi marcante rever os que celebravam 50 e 60 anos desse início de caminhada vocacional com os Combonianos!

De seguida, o Ir. José Manuel S. Duarte falou da sua missão na Colômbia e agora bem perto do centro de Lisboa, em Camarate. O P.e José Vieira, superior provincial, evocou

No dia 24 de junho, faleceu o missionário comboniano português P.e Rogério Artur de Sousa. Tinha 84 anos. Natural de Sargaçais, Aguiar da Beira, ali foi sepultado no dia 26.

O P.e Rogério foi o primeiro padre comboniano português. Depois de ter feito o seu noviciado e a Teologia em Itália, foi ordenado pelo bispo D. José da Cruz Moreira Pinto, na Igreja do Seminário das Missões, em Viseu a 27 de julho de 1958 (onze anos depois da chegada dos Combonianos a Portugal e à diocese viseense).

Faleceu o P.e Rogério de SousaEm 1960 foi destinado a Moçam-

bique, onde /cou dois anos. Regres-sou a Portugal e fez parte da redação da revista Além-Mar em 1963 e 1964. Voltou a Moçambique em 1967 e per-maneceu lá vinte anos, interrompidos apenas com a ordem de expulsão daquele país em 13 de abril de 1974, mas a que pôde voltar logo após a revolução do dia 25 desse mês.

Regressado a Portugal, fez parte de várias comunidades combonianas no nosso país. Encontrava-se atualmente em Viseu.

P.e Rogério de Sousa (à direita) e o seu irmão, P.e José, ambos missionários combonianos

Jornadas Missionárias NacionaisNos dias 16 e 17 de setembro, realizam-se as Jornadas

Missionárias Nacionais no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima. Em pleno centenário das aparições, escolheu-se como tema «Missão do Coração ao Coração, do Coração de Maria ao coração de todos».

Atualmente, ouve-se falar muito de afetos, de coração, de gramática do amor... Na Bíblia, o coração é a sede dos afetos e dos sentimentos que brotam do interior da pessoa: amor, desejo, alegria, tristeza, irritação, coragem, medo, con/ança, orgulho, inteligência, imaginação, memória. S. Lucas a/rma que Maria conservava todas as coisas no seu coração (Lc 2, 19).

Nestas jornadas haverá conferências, testemunhos e momentos de oração, que falarão da missão como ordem de um amor de proximidade que imprime um estilo de relação. Viver a missão à maneira de um coração que se faz próximo é ser revelador d’Aquele que nos habita e ser

presença, denúncia e esperança, como Maria fez no seu Magni"cat (Lc 1, 46-55).

Para informações e inscrições, usar os contactos: telefone 218 148 428, correio eletrónico [email protected] ou consultar www.opf.pt/index.php/jornadas-missionarias.

P.e António Lopes

Obras Missionárias Pontifícias

Encontro de antigos alunosas celebrações dos 70 anos da presença da congregação em Portugal e fez o ponto de situação. O P.e Manuel Augusto apresentou o livro Missionários Combonianos em Portugal:

Uma história singular. Alguns antigos alunos apresentaram o seu testemunho. O Fernando Paulo foi um deles e deu conta do seu projeto missionário em Moçambique.

A Eucaristia foi presidida pelo P.e Joaquim Pereira. Seguiu-se a confraternização. No regresso a casa, todos nos sentíamos animados a manter vivo o espírito comboniano que animou a nossa adolescência e juventude.

António Pinheiro

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Ação de Deusno Instituto comboniano

S. Daniel Comboni imaginou sem-pre o Instituto para as Missões Afri-canas por ele fundado como interna-cional e fez esforços para isso. De tal modo que, em 1879, doze anos após a fundação, este tinha membros de doze nacionalidades e três continentes.

Todavia, com o tempo, acentuaram--se as discrepâncias entre os missio-nários italianos e os provenientes da Europa Central (Áustria, Alemanha, Eslovénia), seja nos métodos seguidos na formação, seja na prática nas mis-sões. Na base havia tensões culturais e sociais, que conduziriam à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Nesta, a vitória dos italianos deixou feridas e ressentimentos que corroeram ainda mais as relações.

Em 1923, quando o Instituto tinha 56 anos de vida, deu-se a sua divisão em duas congregações autónomas: os italianos mantiveram o nome Filhos do Sagrado Coração de Jesus (atri-buído em 1885), os austro-alemães denominaram-se Missionários Filhos do Sagrado Coração (MFSC).

Em 1961, decorriam os trabalhos em ordem à beati/cação de S. Daniel Com-boni. O Papa João XXIII recomendou ao P.e Gaetano Briani, superior-geral dos FSCJ, dois passos necessários: em primeiro lugar, a reuni/cação das duas congregações; depois, um estudo sério sobre o fundador, com carácter cientí/co. E foi assim que se começou a redescobrir e a recuperar a /gura de Comboni como fundador comum.

Entre 1967 e 1979, cinco reuniões magnas dos dois institutos – os capí-tulos gerais – deram passos decididos e decisivos em ordem à reuni/cação, concordando na mesma origem, no mesmo carisma e na mesma /nalidade missionária. Deste período subsiste um símbolo: na tarde de 2 de setembro de 1975, sobre a colina de Josefstal, em Ellwangen (Alemanha), em clima de festa, foi plantado o robusto carvalho da reunião. A 22 de junho de 1979, dá-se a assinatura formal da reuni-/cação. Elaborou-se uma nova regra de vida e aprovou-se o nome do novo instituto: Missionários Combonianos do Coração de Jesus (MCCJ). Após 56 anos de separação, chegava-se à tão desejada unidade e, por graça de Deus, mais conscientes das fontes da sua identidade: o Coração de Jesus e S. Comboni.

As raízes santas do Instituto

Daniel Comboni /cou para a História como uma /gura muito importante na vida religiosa da África. Levou o Evangelho a partes onde nunca ti-nha chegado. Treinou missionários africanos para serem apóstolos de si mesmos. Combateu o tráfico de escravos. Estabeleceu missões onde a evangelização se fazia na igreja e nas escolas pro/ssionais, pela catequese e pela promoção humana.

A Igreja reconheceu o pioneirismo de Comboni, o seu discipulado de Jesus Cristo, muito semelhante ao do apóstolo S. Paulo no entusiasmo, e a sua paternidade na fé. Por isso, foi beati/cado a 17 de março de 1996 e canonizado em outubro de 2003.

P.e Romeo Ballan

Missionário comboniano

Na história do Instituto comboniano, há três acontecimentos que sublinham a importância da ação de Deus: a divisão em dois ramos, em 1923, a reunificação e a nova regra de vida, em 1979, e a canonização de Comboni, em 2003.

na vida religiosa da África

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Jovens em missão (JIM)

FAMÍLIA COMBONIANAPropriedade: Missionários Combonianos do Coração de Jesus Pessoa Colectiva n.º 500139989Diretor: Bernardino Frutuoso (CP 10020)Redação: Fernando Félix (CP 2838)/Carlos Reis (CP 4073)Gra%smo: Luís FerreiraArquivo: Amélia Neves

Redação e Administração: Calç. Eng. Miguel Pais, 91249-120 LISBOARedação: Tel. 213 955 286 E-mail: [email protected]: Manuel Ferreira HortaAdministração: Fax: 213 900 246E-mail: [email protected]

Nº de registo: 104210Depósito legal: 7937/85Impressão:Jorge Fernandes, Lda.Rua Quinta do Conde Mascarenhas, 92825-259 CHARNECA DA CAPARICATiragem: 29.500 exemplares

O Papa Francisco desa/a a Igreja ao propor e decidir a realização de um sínodo dos bispos sobre «Os Jovens, a Fé e o Discernimento Vocacional», que terá lugar em outubro de 2018. Até lá, convida e desa/a os jovens a re)etir e a parti-cipar respondendo aos questionários preparativos. «Eu quis que vós estivésseis no centro da atenção, porque vos trago no coração», escreveu o Papa Francisco, que acrescentou: «Vêm-me à mente as palavras de Deus a Abraão: “Sai da tua terra, deixa a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar” (Gn. 12,1).»

O JIM decide pôr-se a caminho, responder aos desa/os do Papa Francisco, com a nossa re)exão, estudo, oração e participando na preparação do sínodo. A outra dimensão do nosso contributo é continuar em missão, ação de vida e serviço na alegria do Evangelho.

Agarra a missão…

Somos um movimento juvenil de cariz especi/camente missionário e inspiração na espiritualidade de S. Daniel Comboni vivido em Família Comboniana. A nossa vida respira missão e fortalece-se em missão pois, como diz o papa: «Não existe vocação que não seja ordenada para a missão acolhida com Amor e com entusiasmo.»

A nossa ação missionária no que resta do ano pastoral em curso prevê várias atividades:Missão Jovem: Realiza-se na Maia, nos dias 1 e 2 de julho,

sob o tema «Com Maria, cuidamos da casa comum! É hora de agir!»Semp’abrir: É a caminhada jovem de Coimbra até Fáti-

ma, de 18 a 22 de julho, organizada pelo JIM Norte com o tema «Como Maria, põe-te a caminho…», e que termina associando-se à Peregrinação Anual da Família Combo-niana a Fátima.

Missão +: Realiza-se na paróquia de Camarate, de 19 a 27 de agosto. Seguindo o tema «Com Maria, cuidamos da casa comum», é uma bela experiência de missão nas periferias perto de nós, vivida em grupo e com a participação e apoio da comunidade paroquial!Fé e Missão em Carapira: De 17 de agosto a 14 de setem-

bro, nove membros do grupo vocacional comboniano Fé e Missão farão missão em Moçambique. Será uma vivência comunitária em que se recebe e se dá, em que se partilha a vida e a fé, em que se constrói a Igreja uns com os outros e com as pessoas que se encontram.

Sai do sofá e agarra a missão

Estes nove membros do grupo vocacional comboniano Fé e Missão farão missão em Moçambique, em agosto e setembro

Alé

m-M

ar

O nosso grito de entrada em 2018, para os jovens que decidem juntar-se ao movimento juvenil da Família Comboniana, JIM–Jovens em Missão, é «Sair do sofá». É este o lema do nosso itinerário formativo e de ação missionária para o ano pastoral 2017-2018.