Desalojados pela ponte do pressa nas moradias€¦ · m pleno recesso parlamentar , o de-putado...

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Edição 632 - 22.07.2016 Informativo eletrônico semanal do mandato Desalojados pela ponte do Guaíba pedem pressa nas moradias Em audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Huma- nos e Legislação Participativa do Senado, moradores que serão de- salojados pelas obras da segunda ponte do Guaíba expressaram preocupação com a situação PÁGINA 02 Na busca por mais investimentos para Taquari Por intermediação do deputado estadual Adão Villaverde (PT), o prefeito de Taquari, Emanuel Hassen de Jesus (Maneco), e o vice-prefeito, André Brito, reuniram-se, na tarde desta sexta- feira (22), com o diretor-presidente da Corsan, Flavio Presser, para tratar de investimentos para o município e da execução de serviços do órgão na cidade.

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Edição 632 - 22.07.2016Informativo eletrônico semanal do mandato

Desalojadospela ponte doGuaíba pedempressa nasmoradiasEm audiência pública promovidapela Comissão de Direitos Huma-nos e Legislação Participativa doSenado, moradores que serão de-salojados pelas obras da segundaponte do Guaíba expressarampreocupação com a situação

PÁGINA 02

Na busca por maisinvestimentos para Taquari

Por intermediação do deputado estadual Adão Villaverde (PT),o prefeito de Taquari, Emanuel Hassen de Jesus (Maneco), e ovice-prefeito, André Brito, reuniram-se, na tarde desta sexta-feira (22), com o diretor-presidente da Corsan, Flavio Presser,para tratar de investimentos para o município e da execução deserviços do órgão na cidade.

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OBRAS DA SEGUNDA PONTE DO GUAÍBA

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m pleno recesso parlamentar, o de-putado Adão Villaverde (PT) foi o an-fitrião do Legislativo gaúcho que con-duziu uma audiência pública da Comis-são de Direitos Humanos e LegislaçãoParticipativa do Senado, sobre oreassentamento de cerca de 5 mil pes-soas que serão desalojadas pelas obrasda segunda ponte do Guaíba.

Realizado no plenarinho lotado daAssembleia Legislativa, com a presen-ça do senador Paulo Paim (PT/RS), oencontro buscou uma solução para mo-radores das ilhas e dos bairros Farra-pos e Humaitá, na zona norte da cida-de, que devem ser alojados em novasáreas de habitação.

“A ponte é importante para o estado,mas a situação dos moradores é priori-dade absoluta”, definiu Paim. “Inclusiveé preciso considerar a questão dos em-pregos vinculados à localização, como areciclagem que tem galpões nas regiões”.

Conforme Villaverde, como não é pos-sível dissociar a obra de engenharia daquestão social dos moradores é precisodesbloquear a paralisação no processo dereassentamento já que o governo interi-no anunciou a liberação de R$ 100 mi-lhões para o empreendimento.

Os moradores querem que a situa-ção seja resolvida antes da obra che-

gar na área terrestre. “Se isto não acon-tecer não vamos deixar pregarem umasó estaca na terra”, advertiu Liane Sou-za Farias, moradora das ilhas. O lídercomunitário Querildo Edson de Olivei-ra, da Vila Tio Zeca, acentuou que nin-guém sairá das casas sem a resoluçãopara todos. A moradora da ilha BeatrizGonçalves Pereira, a Bia, disse que nãoaceitarão mudanças do governo golpistaem relação aos acordos celebrados coma presidenta Dilma Rousseff. “Ninguémmais enrola o povo com promessas va-zias”, reiterou.

O presidente da CUT/RS, ClaudirNespolo, lamentou a ausência dos ou-tros dois senadores gaúchos e do go-verno do Estado em uma audiência ofi-cial do Senado da República. “Sartorifugiu e se entocou”, reforçou, esten-dendo a contrariedade à prefeitura dePorto Alegre que não esclarece, comtransparência, seu papel no processo.

Também criticou a falta dedetalhamento do DNIT sobre adestinação da verba de R$ 100 milhões.“Serão usados só para concreto ou paraas pessoas que vivem e trabalham nasilhas?”, interrogou.

No final, o senador Paim leu o quechamou de “carta compromisso” comsete propostas de encaminhamento co-

lhidas no debate:– avaliar o ingresso de ação popular;– criar o Plano Diretor da Ilhas;– destinar maior parte dos recursos

de R$ 100 milhões principalmente pararealocação e construção de moradiaspara afetadas;

– garantir 50% dos empregos nas obrasda construção da ponte para aproveita-mento da mão de obra dos moradores;

– assegurar o recadastramento coma participação das lideranças e associ-ações de moradores;

– obras não terão continuidade nemum milímetro nas terras onde estão asfamílias enquanto não for resolvida aquestão da moradia;

– agendar a continuidade do debate emuma comissão constituída por moradores,CUT RS, Sindicato dos Trabalhadores daIndústria da Construção, DNIT, Demhab,Construtora Queiroz Galvão, Senado,Assembleia Legislativo, governos do es-tado e do município, Crea/RS, MinistérioPúblico e Defensoria Pública da União.

O ex- deputado e ex-prefeito da capi-tal Raul Pont também acompanhou o de-bate que reuniu moradores, dirigentes doDNIT, do Demhab, do Sindicato dos Tra-balhadores na Indústria da ConstruçãoPesada do RS, promotores do MinistérioPúblico e da Defensoria Pública da União.

E

Comissão doSenadoapresenta‘cartacompromisso’com setepropostas paramoradoresdesalojados

O investimento da novaponte do Guaíba é impor-tante para a cidade. Mas aquestão social e da moradiadas famílias afetadas nãopode ser ignorada

Villaverde

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SÃO LEOPOLDO

Neste sábado (23) ocorre a XXVI festa daintegração, que arrecadará recursos em solidari-edade aos imigrantes. Na página do evento noFacebook, os organizadores da atividade desta-cam que "vivemos um período onde as migraçõesse tornaram um fenômeno universal. Porto Ale-gre é uma cidade que acolhe muitos destes imi-grantes, de várias nacionalidades, que esperamencontrar trabalho e um lugar para viver. Paraisto, necessitam de acolhida: documentação,apoio, alimentação, agasalhos, etc".

A festa da integração será na Igreja daPompeia (rua Dr. Barros Cassal, 220) a partir das19h. Saiba mais emhttps://www.facebook.com/events/1088167164573696/

Solidariedade ao imigrante

Projetos para ajuventude do município

Na tarde de terça-feira (19), o deputado estadual Adão Villaverderecebeu no gabinete o vereador de São Leopoldo e pré-candidato aolegislativo municipal Eduardo Moraes Dudu. No encontro, trataram deprojetos e ações para a juventude na região do Vale dos Sinos. Tambémestiveram presentes Ramiro Castro e Guilherme Louzada.

VIAMÃO

Projeto aprovado vai garantir mais segurança

Câmara Municipal de Viamão votoue aprovou na terça-feira (19), projetode lei 068/2016, de autoria do verea-dor Serginho Kumpfer (PT) que dispõesobre a contratação de vigilância arma-da 24 horas nas agências bancárias ecooperativas de crédito de Viamão.

“Este projeto não vai resolver o pro-blema da violência como um todo. Asegurança da população é dever do Es-tado que é responsável por equipamen-tos, tecnologia e recursos humanos. Ali-ás, muito diferente do que estamos vi-vendo!”, destacou o parlamentar.

Segundo ele, a implantação desta leino município vai ter três consequênciasmuito positivas: vai dar mais seguran-ça aos bancos e usuários após o horáriobancário; vai colaborar com a seguran-ça como um todo, porque vamos termais gente dedicada a este serviço evai gerar mais empregos.

“Os bancos não podem reclamar. Tra-ta-se do setor mais lucrativo quando o

país está em crescimento. E quando opaís está em crise é o setor que maislucra também. Ganham sempre! Nósdesejamos que o saldo da aprovaçãodeste projeto seja de mais segurançapara a comunidade e mais postos detrabalho para a categoria dos vigilan-tes”, enfatizou.

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Omissão e descaso provocamnove mortes em um só dia

tentados à vida provocaram setemortes brutais na quinta-feira em cár-cere privado, em um centro terapêuticode Arroio dos Ratos. Outra inaceitáveltragédia tirou a vida de duas mulheresno centro da capital.

No primeiro caso, tentou-secriminalizar os próprios dependentesquímicos em busca de reabilitação, pelaautoria do incêndio, e os funcionáriosdo estabelecimento pelo descaso e des-cuido com os pacientes.

Mas onde estava a fiscalização res-ponsável pela integridade de funciona-mento da instituição de saúde? Ondeestavam os competentes representan-tes dos órgãos públicos encarregados de

alvarás, extintores de incêndio carre-gados? E quem deveria ver, e não viu, ogradeamento, o excesso de drogasmedicamentosas e a ausência demonitores?

Mais ainda: como a Secretaria Esta-dual da Saúde não investiga e fechatodas estas “clinicas” que conduzemsuas atividades em total desacordo coma reforma antimanicomial que acaboucom metodologias medievais de aten-dimento a estes doentes?

No caso da queda da marquise, tam-bém na quinta-feira, igualmente omi-tiram-se os que deviam conferir o res-guardo da estrutura que avança no pas-seio público.

Onde estavam os fiscais doescoramento necessário?

E os que deveriam controlar a colo-cação de tapumes na calçada, afastan-do os riscos para os transeuntes?

Nos dois episódios somaram-se orelaxamento da iniciativa privada coma incompetência e negligência do setorpúblico.

É o casamento perfeito para a repe-tição das tragédias que temos assistido.

Devido principalmente à impunida-de que se repete, sem penalizaçãoexemplar de todos os responsáveis, sónos resta esperar pelas próximas mor-tes que envergonharão uma sociedadeque se cala e consente.

Dois casos de falta de fiscalização das autoridades públicas e de descaso da iniciativa privadaresultaram em nove vidas perdidas, famílias destruídas e vergonha para a sociedade omissa

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Incêndio quematou 7 em

centro dereabilitação

reabre debatesobre

comunidadesterapêuticas

Débora Fogliatto

morte de sete pacientes em umcentro de reabilitação para usuários deálcool e outras drogas em Arroio dos Ra-tos, no interior do Rio Grande do Sul,trouxe à tona a discussão sobre o tipode atendimento feito nesses locais, cha-mados também de comunidades tera-pêuticas. O Conselho Regional de Psi-cologia do Rio Grande do Sul (CRPRS)lançou nota lamentando o ocorrido,apontou que o Centro Novos Horizon-tes (CNH) não estava cadastrado na en-tidade e destacou que há diversas clí-nicas em situação muito precária no

Estado. Já a Secretaria Estadual de Saú-de (SES) informou que também nãomantém convênio com o Centro, masconsiderou esse modelo de estabeleci-mento como locais que “apresentamresultado na conquista e manutenção daabstinência”.

Segundo informações da Brigada Mi-litar, cerca de 40 pessoas estavam nacasa no momento em que o fogo come-çou, por volta da 1h desta quinta-feira(21). As sete vítimas estavam em uma“área de contenção”, que era gradea-da, e não conseguiram sair após o início

das chamas. Apenas uma delas foi atin-gida pelo fogo; as outras seis vítimasmorreram intoxicadas com a fumaça. Odelegado de Arroio dos Ratos, PedroUrdangarin, afirmou que três funcioná-rios da clínica serão autuados em fla-grante como responsáveis pelo incêndio.

Para o Conselho, comunidades tera-pêuticas desse tipo são uma “preocupa-ção constante”, devido ao grande nú-mero de irregularidades identificadas.

A

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VIDAS PERDIDAS

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FORA TEMER

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Democratas convocam para ato dodia 31 na Redenção em Porto Alegre

golpe aplicado pela direita brasi-leira vai além de tirar Dilma Rousseff eo PT da presidência da República. Alia-do aos empresários, a mídiamonopolista, o PMDB e seus parceiros –representando a direita fascista, que-rem acabar com os direitos dos traba-lhadores, com as políticas sociais con-quistadas nos governos Lula e Dilma eprivatizar o estado brasileiro.

O povo continua nas ruas protestan-do, impedindo a retirada de direitos,exigindo FORA TEMER. Atos, manifes-tações, caminhadas e protestos conti-nuam em todos os recantos do País. Poronde a presidenta eleita passa milha-res vão as ruas demonstrar seu apoio echamar o “VOLTA DILMA”.

Dia 31 de julho, voltaremos às ruasem grande ato nacional, reunindo todas

as forças que lutam contra o golpe e exi-gem a volta da democracia em nossoPaís. O PT/RS, junto com a Frente Bra-sil Popular, o Povo Sem Medo, a CUT, aCTB, o Levante e tantos outros, convo-ca toda sua militância, filiados e lide-ranças para estarem no ato do dia 31 dejulho, a partir das 14horas, no Parqueda Redenção, em Porto Alegre, pelo FORATEMER e NENHUM DIREITO A MENOS.

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Para favorecer Temer, Folha omitiu opção ‘novas eleições’ em pesquisa

o sábado (16), a Folha de São Paulodivulgou em seu site os resultados dapesquisa Datafolha, encomendada pelojornal, com a manchete “Para 50% dosbrasileiros, Temer deve ficar; 32% pe-dem volta de Dilma”. Segundo a pes-quisa, apenas 4% dos brasileiros nãoqueriam nenhum dos dois, 3% preferi-am novas eleições, 2% deram outrasrespostas e 9% disseram não saber. Noentanto, segundo revelou o site TheIntercept, do jornalista americana GleenGreenwald – o mesmo que revelou osdocumentos secretos vazados porEdward Snowden -, os entrevistados ti-nham apenas duas opções de respostana pesquisa, ou Temer ou Dilma, e nãoa opção novas eleições, que apareciana frente em pesquisas anteriores.

A última pesquisa feita pelo

N

LEVANTAMENTO MANIPULADO

Datafolha, antes da votação doimpeachment, foi realizada em 9 deabril e apontava que 60% dos entrevis-tados desejavam a renúncia de Temerapós o impeachment de Dilma, e 79%defendiam novas eleições após a saída

de ambos. Isto é, novas eleições era aopção preferida de quatro a cada cincoentrevistados, não a permanência deTemer, o que representaria uma quedasem precedentes estatísticos caso ape-nas 3 a 100 brasileiros preferissem no-vas eleições dois meses depois.

Ao divulgar os resultados definitivosda pesquisa, o Datafolha apontou: “En-tre a volta de Dilma e a continuidadede Temer à frente do governo, 50% ava-liam que, para o Brasil, seria melhor queo peemedebista continuasse no cargoaté 2018, e 32% gostariam que Dilmavoltasse. Uma parcela de 9% não opi-nou, e outros 9% apontaram outras res-postas”.

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ARTIGOS

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O golpe entre a legalidade e a legitimidade*

FRANKLIN CUNHA**

esta altura é oportuno lembrarmosconceitos estabelecidos por GiorgioAgamben que acentuam as diferençasentre legalidade e legitimidade. Se acrise que atravessa nossa sociedade étão grave, é porque, primeiro, perde-mos a consciência dessas diferenças e,segundo, porque a crise não só questi-ona a legalidade das instituições comotambém a legitimidade delas.

As instituições atuais não se encon-tram deslegitimadas porque caíram nailegalidade, mas, pelo contrário, a ile-galidade está tão difundida e generali-zada porque os poderosos perderam aconsciência e a necessidade de sua le-gitimidade.

E Agamben avisa ser inútil enfren-tar a crise social através da ação dopoder judicial, embora este seja neces-sário. A crise que golpeia a legitimida-de não pode ser resolvida exclusiva-mente no plano das leis vigentes. E ahipertrofia do direito que pretende le-gislar sobre tudo e sobre todos pode até

ajudar a perdermos a legitimidade fun-damental por excessos de legalidadesformais. A tentativa da modernidade defazer coincidir legalidade e legitimida-de, buscando assegurar pelo direitopositivo a legitimidade de um poder, éabsolutamente frustrante, como provao processo de decadência de nossas ins-tituições democráticas. O "livrinho"pode ditar regras, mas não legitima nin-guém e nada.

Na perspectiva da ideologia liberaldominante, o falso paradigma do mer-cado dito autorregulado substituiu ajustiça e afirma que é possível gover-nar uma sociedade cada vez maisingovernável segundo critérios exclusi-vamente técnicos. A sociedade só podefuncionar se a justiça não for uma meraideia, impotente diante de um merca-do cruelmente desregulado que não levaem conta as contingências sociais,emparedadas num plano técnico-econô-mico, incapaz de equilibrar os princípi-os coordenados, mas radicalmente he-

terogêneos, princípios da legitimidadee legalidade os quais constituem um dospatrimônios mais valiosos estabeleci-dos pela Revolução Francesa.

O resultado final das Mani Pulite naItália foi de ordem legal, mas não in-teiramente legítimo. Isto porque aque-las ações judiciais exigidas e aclama-das pela mídia e pela classe média aca-baram por deslegitimar todos os parti-dos políticos e enfim a democracia ita-liana acabou parindo a bufoneriaberlusconiana fascista.

Hoje ouvimos vozes que fazem cam-panha para políticos da extrema direi-ta ideológica e combatem movimentossociais de reivindicação de salários ede posse de terras. Mas, felizmente,nosso midiático Berlusconi não maiscunha suas falsas moedas.

*Artigo publicado no jornal Zero Hora em 19

de julho de 2016

**Médico, membro da Academia Rio-Grandense

de Letras

N

De volta aoparaíso*

crise passou. Como que por mági-ca. Um truque que nem Mister M co-nhece. O céu carregado desanuviou. Atempestade se foi. Já não cai um mi-nistro de Michel Temer por semana. Atése especula que mais um acusado decorrupção assumirá a pasta do Turismo.Quem se importa? O país vai bem.Quem baterá panelas? A hora é de paci-ficação. Panela no fogo. A mídia anun-cia sinais de retomada da confiança pelomercado. Nada de substancial foi fei-to, mas o mercado está maiscontentinho. O FMI já prevê crescimen-to de 0,5 no PIB de 2017. Aqui e ali,ouvem-se denúncias de irregularidades.O jornalista norte-americano GlennGreenwald acusou o jornal Folha deS.Paulo de manipulação escandalosa deuma pesquisa de opinião para favore-

A

JUREMIR MACHADO**

cer Michel Temer. Sumiu a opção pornovas eleições. Greenwald observoudepois da pesquisa do DataFolha: ‘‘Amanchete principal impressa pela Fo-lha, que rapidamente se alastrou pelopaís como era de se esperar, dizia quemetade do país deseja que Temer per-maneça como presidente até o fim domandato que seria de Dilma no final de2018’’. Que salto. O jornalista, porém,não se convenceu: ‘‘Esse resultado nãofoi apenas surpreendente por conta daampla hostilidade com relação a Temerrevelada pelas pesquisas anteriores,mas também porque simplesmente nãofaz sentido’’.

Nada faz sentido. Ou faz sentidoempresas como Odebrecht e Globo re-ceberem isenção de impostos durantea Olimpíada do Rio de Janeiro? Essenorteamericano só pode ser comunis-ta. Fica metendo o bedelho em nossascoisas. Segundo ele, ‘‘apenas 3% dosentrevistados disseram que desejavama realização de novas eleições, e ape-nas 4% disseram que não queriam nemTemer nem Dilma como presidentes,porque nenhuma dessas opções de res-

posta encontrava-se disponível na pes-quisa’’. Uau! Que é isso, DataFolha?Glenn Greewald foi mais fundo: ‘‘É sim-plesmente incorreto alegar (como fez ográfico da Folha) que apenas 3% dosbrasileiros acreditam que ‘novas elei-ções são o melhor para o país’, já quea pesquisa não colocou essa perguntaaos entrevistados. E ainda mais preju-dicial: é completamente incorreto dizerque ‘50% dos brasileiros acreditam quea permanência de Temer seja melhorpara o país’ até o fim do mandato deDilma. Só é possível afirmar que 50%da população deseja a permanência deTemer se a única outra opção for o re-torno de Dilma’’. Michel Temer acenacom reformas da Previdência e da le-gislação trabalhista. Pretende, enfim,dar cabo da Era Vargas. FHC não conse-guiu. O mercado esfrega as mãos.

*Artigo publicado no jornal Correio do Povo

em 21 de julho de 2016

**Professor e jornalista

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SUL21 - ENTREVISTA

Porto Alegre vive “total ausência degestão pública”, avalia Raul Pont

Único dos pré-candidatos à Prefei-tura de Porto Alegre que já exerceuo cargo anteriormente (1997-2000),o petista Raul Pont tenta, quase 20anos depois, voltar ao posto. Ele, quetambém já foi vice-prefeito, deputa-do estadual e federal, avalia que asituação da política nacional, como afastamento da presidenta DilmaRousseff, influencia diretamente naseleições municipais.

Por isso, também, defende uma ali-ança do campo da esquerda quevotou contra o impeachment, reunin-do PT, PCdoB, PSOL e PDT, em um pos-sível segundo turno contra algumcandidato identificado com a direi-ta. Para o primeiro turno, Pont rela-ta que o partido busca aliança como PCdoB, que compõe a Frente Bra-sil Popular com o PT, e aposta na par-ceria com movimentos sociais e dejuventude.

“Com uma defesa da democracia,luta prioritária pelos direitos sociais,porque nós representamosefetivamente os setores populares, euma defesa das funções do Estado,das empresas públicas”, afirmou. Eleainda critica a gestão atual, desdeo governo de José Fogaça, passan-do pelas administrações de JoséFortunati com o vice Sebastião Melo,os quais menciona que transforma-ram o Orçamento Participativo emalgo “para inglês ver”, ou seja, quenão tem real influência nas decisõesda cidade.

O ex-prefeito também mencionadiscussões que estão em alta nacapital gaúcha, como o Cais Mauá,a segurança pública e o déficithabitacional. “Eu parto da ideia deque o Cais tem que voltar a ser apro-priado por Porto Alegre”, declarou,garantindo que gostaria de rever oscontratos da empresa queatualmente tem a concessão de usodo espaço. “Acho que a primeiracoisa é mudar esse contrato e de-nunciar esse contrato. Depois tem adiscussão de se o estado ou a pre-feitura serão o administrador, e euvou retomar a luta para que o muni-cípio passe a gerenciar essa área”,assegurou.

Sul21 – Como está a articulação do PTpara alianças?Raul Pont – Todos os nossos esforçosestão sendo feitos no sentido de ter umaaliança programática, ideológica, coe-rente. E por isso que o principal é a re-lação com o PCdoB, com quem estamosjuntos na Frente Brasil Popular, a qualentendemos ser uma experiência mui-to rica, que permite uma ampliação,chegar a outros setores além das áreaspartidárias mais definidas. E isso tam-bém nos facilitaria, ter um governo commais coesão interna e capacidade delevar adiante um projeto, coisa que agente sente as dificuldades e os proble-mas com o atual mandato. É uma admi-nistração completamente feudalizada,onde cada partido, cada grupo puxa parao seu lado, não há uma unidadeprogramática que permita construir po-líticas públicas, principalmente quandose precisa de redes de relações fortesentre várias secretarias para otimizar oresultado. Nós queremos que o nosso go-verno expresse efetivamente uma iden-tidade programática sólida. E isso nãosó os nossos partidos possuem, mas euacho que aquela plataforma apresenta-da pela Frente Brasil Popular nos permi-te ampliar essa Frente com setores não-partidários, com o movimento sindical,juventude, aqueles setores que lutam porquestões específicas da cidade, como éo meio-ambiente, o caso da Fazenda do

Arado, os grupos mobilizados em tornodo Cais Mauá, os grupos da mobilidadeurbana. Nós queremos ter uma coesãoprogramática sólida, forte e uma capa-cidade de diálogo com esses setores.Ainda não formalizamos a relação com oPCdoB, mas pretendemos fazê-la em bre-ve, talvez nesta semana gente já tenhamarcado uma data comum para conven-ção. Com uma defesa da democracia,luta prioritária pelos direitos sociais,porque nós representamos efetivamen-te os setores populares, e uma defesadas funções do Estado, das empresaspúblicas. A plataforma base da FrenteBrasil Popular tem sido uma referênciamuito forte para nós.

Sul21 – O Orçamento Participativo foicriado nos governos do PT. Como fa-zer para que volte a ser forte e passea usar ferramentas mais atuais, comoas redes sociais e internet?Raul Pont – O OP no sistema presencial,que não acho que ficou velho, detemáticas e regionais, pode e deve serampliado com estas formas novas, prin-cipalmente o estímulo à participaçãoatravés das redes, as consultas maisrápidas que isso nos possibilita, o ca-ráter mais massivo das consultas.

Leia mais em http://goo.gl/HGdi0I

Joana Berwanger/Sul21

Débora Fogliatto

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MEMÓRIA

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deputado Adão Villaverde (PT) manifestou, em sua con-ta no Twitter, tristeza e pesar pelo falecimento, na quarta-feira (20), do jornalista Danilo Ucha, aos 72 anos. “Faleceuo querido jornalista Danilo Ucha, do Jornal do Comércio, dig-no profissional, amigo e cidadão. Pêsames à família”, es-creveu o deputado.

De acordo com o site do Jornal do Comércio, do qual Uchaera editor do Painel Econômico, ele morreu enquanto dormiaem casa, segundo seus familiares. O obituário do JC infor-ma que Ucha tinha mais de 50 anos de profissão e era umdos mais importantes jornalistas do Rio Grande do Sul. Co-meçou a carreira no jornal A Plateia, de Santana do Livra-mento, cidade onde nasceu, e teve passagens pelo Diário deNotícias, Folha da Tarde, Veja, Zero Hora, TVE, RadioFarroupilha, Rádio Guaíba, O Estado de São Paulo, GazetaMercantil, e ainda como correspondente em Porto Alegre parao Correio da Manhã (RJ).

Ele assinava a coluna no JC há 14 anos, dirigia o Jornal daNoite (com veiculação mensal), que completaria 30 anos emagosto. Além disso, mantinha o blog cordeiro&vinho. Agastronomia regional era um dos seus temas prediletos. Uchaconhecia muito a agropecuária e se dedicava à ovinocultura.Autor de vários livros-reportagem, atuou nos principais veí-culos de comunicação do País. Também foi um dos dirigentesda Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (Coojornal),sobre a qual escreveu um ensaio importante, e cobriu a Guer-ra das Malvinas, nos anos de 1980.

Deputado lamenta perda do jornalista Danilo Ucha

O colunista do Jornal do Comércio Affonso Ritter foi colegade Danilo Ucha no JC e, antes disto, na Zero Hora. “Outraquestão que nos aproximava era o vinho, como enófilos”,destaca. A última reunião de Ucha e Affonso ocorreu nessaterça-feira, na posse do presidente do BRDE, Odacir Klein.“Na ocasião eu o abracei, nunca imaginava que seria o últimoabraço”, diz Ritter. O colunista salienta que Ucha era umapessoa espetacular e um profissional sério e competente.

"Uma notícia muito, muito triste. Faleceu nesta madru-gada o meu querido amigo Danilo Ucha. Eu que nunca tiveproblemas com as palavras, agora não as tenho. Começa-mos juntos no jornalismo", postou com emoção o tambémcolunista do jornal Fernando Albrecht.

Ucha era diabético, hipertenso e já havia passado por cirur-gia cardíaca. Ele deixa a mulher, Maria Jair Fontoura Mazei, comquem vivia desde 1964, cinco enteados, 11 netos e 8 bisnetos.

Dupla cidadaniaMuito ligado à terra natal, Santana do Livramento, Ucha

trazia de lá algumas amizades que manteve por toda a vida.Um de seus principais parceiros era o também jornalistaElmar Bones, editor do Jornal Já, que conheceu ainda nomovimento estudantil santanense na década de 1960. “Uchaera, antes de tudo, um homem bom. Perdemos um grandejornalista”, lamenta Bones, a quem Ucha chamava pelo ape-lido de “Bicudo”.

O jornalista e amigo afirma também que ainda não con-seguiu mensurar a perda. “Não caiu a ficha”, comenta Bones,ressaltando a surpresa com o falecimento já que Ucha conti-nuava trabalhando normalmente até ontem. “Ele trabalhavao tempo inteiro”, relembra o amigo. Depois do colégio, am-bos vieram juntos a Porto Alegre em 1964, após terem sidodestituídos da diretoria da União Santanense de EstudantesSecundários pela ditadura civil militar. Na Capital, cursaramJornalismo na então Faculdade de Filosofia da UFRGS, e tra-balharam juntos na Folha da Tarde.

Entre as principais memórias, Bones ressalta a organiza-ção dos Jogos Internacionais da Primavera em Livramentonos anos 1960. Ideia de Ucha e executada pela entidade es-tudantil, o evento reuniu equipes de escolas de toda a fron-teira, de cidades como Rivera, Tacuarembó e Alegrete.

O

Abaixo, reprodução da sensível e bela homenagemdo jornalista Fernando Albrecht ao colega de jornal,de trajetória profissional e de vida Danilo Ucha, noJornal do Comércio de quinta-feira (21).

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