Democracia 3.0: Interação entre governo e cidadãos mediada por tecnologias digitais
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DEMOCRACIA 3.0
Interação entre governos e cidadãos mediada por tecnologias digitais
Dissertação de Mestrado em Design de Informação e Interação – Universidade de Brasília – Programa de Pós Graduação em Design
Adriana Veloso Meireles
Orientador: Prof. Dr. Rogério José Camara
Co-orientador: Prof. Dr. Tiago Barros Pontes e Silva
Brasília, 2015
Palavras chave
design de interação, participação social,
consultas online, tecnologia, democracia
Resumo
Este trabalho parte de um relato histórico da participação por meios digitais no Brasil, com foco em consultas
públicas interativas, ou seja, aquelas em que os cidadãos conversam entre si. Para iniciar a análise observamos o
processo da formação das preferências e o ativismo orientado à causas para então conceituar uma crise da
democracia representativa, tanto no contexto nacional como global. Destacamos as parceiras para governos
abertos como um marco na tentativa de resposta dos Estados à uma demanda da população por mais
protagonismo na construção de políticas públicas. Abordamos a tecnologia com foco na participação, para então
conceituar o design de interação. Pontuamos como esta área do conhecimento pode colaborar com a elaboração
e desenvolvimento de ambientes de participação mais interativos, que se aproximem mais da realidade dos
cidadãos. Fechamos o trabalho propondo um roteiro para a construção de consultas interativas a partir de uma
perspectiva dialógica com foco em uma democracia mais direta, mediada por tecnologias digitais. Concluímos
apresentando tendências de uma eventual democracia digital, com destaque para uma representação política
mais fluída e o uso de tecnologias para participação que extrapolam a Internet.
Sumário
1 - Introdução
2 – Participação, democracia e transformação social
3 – Democracia 3.0
4 – Consultas interativas: Métodos e técnicas de análise
5 – Resultados e discussão
6 – Roteiro para consultas interativas online
7 - Conclusão
8 - Referências bibliográficas
1 - Introdução
Imagem: Democracy OS
Objetivo geral
Identificar variáveis relevantes na elaboração de
ambientes digitais de participação social a partir de
uma investigação acerca das consultas públicas
interativas realizadas pelo Governo Federal
Objetivos específicos
● Identificar estruturas de interação para a participação social mediada pela
tecnologia;
● Mapear iniciativas de consultas públicas interativas realizadas pelo
governo brasileiro;
● Avaliar as interfaces das consultas identificadas a partir do referencial
teórico adotado;
● Verificar a percepção dos usuários com relação a facilidade de uso da
interface e estrutura de interação;
● Propor um conjunto de recomendações para ambientes digitais de
participação social.
Metodologia
Abordagem sistêmica
• Entrevistas semi estruturadas para captar a visão dos gestores;
• Análise instrínseca para mapeamento de consultas interativas jã realizada no âmbito do governo federal;
• Teste de usabilidade de caráter exploratório para captar a percepção e interação dos jovens;
• Análise dos testes a partir do método de avaliação de comunicabilidade para verificar o diálogo entre as plataformas e as pessoas;
• Questinário online para captar a percepção dos ativistas.
Ativismo orientado a causas
2 - Participação, democracia e transformação social
Participação Social
9 instâncias e mecanismos de participação
Crise da democracia representativa
Outubro de 1988
Tecnologia e transformação social
3 - Democracia 3.0
Transparência
Suporte de ordenamento jurídico
Accountability
Responsabilização
Participação CidadãConselhos:
Controle Social + Política de presença
Tecnologia e inovação
TICs no Brasil
Domicílios com internet
Telefone celular
Aquisição de computador
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
200520102013
Consultas públicas interativas
Consultas públicas interativas
Design de interação
Usabilidade
“Experiência do usuário”
Princípios do design de interação
4 – Consultas interativas: Métodos e técnicas de análise
Visão sistêmica
Visão dos gestores1. Na sua opinião quais foram os principais pontos positivos e negativos das
consultas?
2. Quais plataformas nacionais e internacionais você acha que podem inspirar inovações nas consultas públicas realizadas pelo governo brasileiro?
3. Em termos técnicos quais são as limitações de infra estrutura que podem dificultar a viabilidade de adoção de tecnologias inovadoras nas consultas públicas realizadas pelo governo?
4. Em um mundo ideal, em que não existem restrições tecnológicas, qual plataforma você recomendaria para a adoção e desenvolvimento por parte do governo? Porque?
Mapeamento● Tema e público da consulta;● Natureza (portaria, regulamentação de lei, anteprojeto, etc);● Objetivo da consulta (referendar uma decisão já tomada, construir um
projeto de lei ou instrução normativa, revisar leis, buscar opinião das pessoas);
● Metodologia de consulta (por etapas, debate estruturado, comentário por parágrafo, voto de prioridades, concordar/discordar, wiki survey);
● Tecnologia adotada (Wordpress, Noosfero, integração com redes sociais, uso de recursos multimídia);
● Interface e modelo conceitual de participação (metodologia de interação, navegabilidade, usabilidade, formatos e níveis de participação, levando em conta os princípios de design de interação e critérios ergonômicos de usabilidade);
● Resultados em termos de; participação quantitativa e qualitativa, aplicabilidade dos resultados, feedback aos participantes, implementação de política pública.
Interação dos jovens
1) Se cadastrar no site.2) Encontrar o trecho sobre “dados sensíveis” da consulta do anteprojeto de Proteção de
Dados Pessoais.3) Comentar um trecho do texto da consulta do anteprojeto de Proteção de Dados
Pessoais. 4) Encontrar o debate sobre “tarifa zero”, ou “zero rating” na consulta da regulamentação
do Marco Civil da Internet.5) Criar uma nova pauta na consulta sobre a Regulamentação do Marco Civil da Internet.6) Comentar uma contribuição já existente da consulta da regulamentação do Marco Civil
da Internet.7) Concordar ou discorde de uma contribuição de outro participante da consulta da
regulamentação do Marco Civil da Internet.8) Compartilhar sua contribuição no Facebook ou Twitter.
http://participacao.mj.gov.br
Engenharia Semiótica
Socorro! - quando as pessoas não conseguem realizar a tarefa, mesmo recorrendo a ajuda do sistema.Cadê? - quando as pessoas tentam realizar uma ação, mas não encontram onde realizá-la.E agora? - quando as pessoas não sabem o que fazer em seguida.O que é isto? - quando a pessoa não identifica o signoEpa! - quando realiza uma ação indesejada e tenta desfazê-la de imediato.Onde estou? - quando tenta realizar uma ação que não é apropriada para aquele contexto.Assim não dá. - quando tenta seguir por um caminho e percebe que não conseguirá fazê-lo dessa forma.Por que não funciona? - quando insiste em repetir uma ação que não produz o efeito esperado.Ué, o que houve? - quando o sistema não dá retorno à pessoa.Para mim está bom… - quando completa a tarefa com algum erro.Desisto.- quando a pessoa acha que não irá completar a tarefa.Vai de outro jeito. - quando não entende o caminho projetado e tenta de outra forma realizar a ação.Não, obrigado. - quando o usuário decide ir por um caminho alternativo, compreendendo o que foi projetado.
Percepção dos ativistas
5 – Resultados e discussão
Análise das consultas interativas
Classificação indicativa
Consulta
Número de comentários Número de visitas
Marco Civil da Internet 2000* 18.500
Classificação Indicativa 2305 13.500
Proteção de Dados
Pessoais
795 14 mil
Código do Processo Civil 2500 20 mil
Código Comercial 149 29.179
Sistema Público de
Ouvidorias
461 12.979
Consultas do Ministério da Justiça
Consulta
Início Fim Número de
contribuições
Modernização da Lei de Direitos
Autorais
14/6/2010 31/8/2010 7863
Consulta Pública das Metas do Plano
Nacional de Cultura
21/9/2011 20/10/2011 645
Plano Setorial de Artesanato 22/8/2014 9/10/2014 208
Plano Setorial de Design 9/10/2014 23/10/2014 35
Plano Setorial de Moda 29/10/2014 12/11/2014 88
Plano Setorial de Arquivos 29/10/2014 05/12/2014 32 comentários e
62 votos
Consultas do Ministério da Cultura
Consulta
Início Fim Número de
contribuições
Política Nacional de Participação
Social
18/7/2013 6/9/2013 700*
Net Mundial 20/3/2014 17/4/2014 295 e 281.529
votos
Plano Institucional de Dados Abertos e
Espaciais do Ministério da Justiça
15/4/2014 2/5/2014 ND
Minuta da resolução que institui o GT
Sociedade Civil - Parceria para o
Governo Aberto
2/4/2014 5/5/2014 68
Projeto de Lei Orçamentária 2015 16/5/2014 16/6/2014 ND
Manual do Ofertante do Software
Público
16/6/2014 16/7/2014 ND
Consultas da SGP
Consultas abertas
Análise intrínseca e teste de usabilidade
Teste exploratório
Perfil dos voluntários
Público engajado
Perfil dos voluntários
Público engajadpo
Principais pontos
• Destaque para a ausência do eixo de fiscalização na consulta da regulamentação do Marco Civil da Internet;
• Excesso de telas para chegar ao debate;• Beleza da interface;• Palavras participe e comente direcionando para
a mesma ação;
6 – Roteiro para consultas interativas
Visão sistêmica
Diferentes níveis de participação
Diferentes níveis de participação
Preparar a participação
Participação para além da internet
Representação líquida
Parlamento a serviço do povo
Inclusão Digital via dispositivos móveis
Repensar a internet, a inclusão e a participação social sob a ótica da computação ubíqua
7 - Conclusão
Objetivos, metodologia e resultados
• Diagnóstico das plataformas que abrigaram estas consultas sob a perspectiva da usabilidade de design de interação.
• Variáveis: tema, objetivo, natureza e público da consulta, metodologias e tecnologias adotadas, modelo conceitual de participação. Resultados e termos de efetividade e feedback a seus participantes.
• Roteiro ou o que levar e conta ao promover uma consulta interativa.
Contribuições
• Mapeamento inédito das consultas publicas interativas realizadas pelo governo federal brasileiro;
• Análise das metodologias e modelos conceituais de interação utilizados nas plataformas de consultas;
• Diagnóstico da presença de requisitos de usabilidade e de interatividade nas interfaces e fluxo de navegação dos portais de participação brasileiros;
• Conjunto de recomendações para a elaboração de consultas interativas;
• Indicativos de tendências para não apenas consultas, mas sistemas para democracia digital.
Próximos passos
• Investigação acerca do papel de intermediação das instituições participativas em face a tecnologia digital;
• Participação para além da Internet;• Tecnologia para outros mecanismos de
participação ampliando a transparência e accountability.
Obrigada!
Adriana Veloso Meireles