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ANDRÉ SETTI PERSIANE Deformação do arco longitudinal medial em participantes assintomáticos após fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego Dissertação apresentada ao curso de Pós- Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Pesquisa em Cirurgia. São Paulo 2019

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ANDRÉ SETTI PERSIANE

Deformação do arco longitudinal medial em participantes assintomáticos após

fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico

randomizado cego

Dissertação apresentada ao curso de Pós-

Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Pesquisa

em Cirurgia.

São Paulo

2019

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ANDRÉ SETTI PERSIANE

Deformação do arco longitudinal medial em participantes assintomáticos após

fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico

randomizado cego

Dissertação apresentada ao curso de Pós-

Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Pesquisa

em Cirurgia.

Área de concentração: Reinserção Social

Orientadora: Profa. Dra. Vera Lúcia dos

Santos Alves

São Paulo

2019

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Persiane, André Setti Deformação do arco longitudinal medial em participantes assintomáticos após fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego./ André Setti Persiane. São Paulo, 2019.

Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Pesquisa em Cirurgia.

Área de Concentração: Reinserção Social Orientadora: Vera Lucia dos Santos Alves 1. Pé cavo 2. Pé chato 3. Terapia por estimulação elétrica

4. Estimulação elétrica BC-FCMSCSP/63-19

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DEDICATÓRIA

À Deus, por iluminar e guiar meus passos diariamente, levantar-me e dar forças

quando julguei impossível.

À minha esposa, Ariela, pela compressão, apoio, incentivo e ser minha fortaleza, o

que não deixou que eu desistisse dos meus sonhos e objetivos.

À minha família, principalmente meus pais e avós, por ser a base, perpetuar o

discernimento, incentivarem, torcer e rezar pelo meu sucesso.

Aos amigos de trabalho da Clubfisio, pelo incentivo, oportunidade, por serem críticos

e pela busca constante do conhecimento, isso não nos deixa parar.

À Universidade Paulista – UNIP pela oportunidade de permitir que eu transmita

meus conhecimentos a futuros fisioterapeutas.

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“O cientista não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz

as verdadeiras perguntas.”

Lévi-Straus C

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AGRADECIMENTOS

À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na pessoa do Provedor

Dr. Antonio Penteado Mendonça, pela oportunidade e por fazer parte da minha vida.

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na

pessoa do Diretor Prof. Dr. Paulo Carrara de Castro, por perpetuar o saber.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), na

pessoa do presidente Anderson Ribeiro Correa, pelo fomento que sustenta a

pesquisa.

À Unidade Estratégica de Serviço de Ortopedia e Traumatologia, na pessoa do Prof.

Dr. Ivan Chakkour, pelo acolhimento.

À minha orientadora, Prof. Dra. Vera Lúcia dos Santos Alves, pela confiança,

oportunidade e conhecimento transmitido.

Ao Serviço de Fisioterapia Musculoesquelética, por ser a base de todo meu

conhecimento, pelo estimulo de ser melhor e buscar sempre o melhor, serei

eternamente grato.

Aos funcionários da Pós-Graduação, Secretária e Núcleo de Apoio a Pesquisa da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pelo apoio e

orientação.

À minha família pela motivação e incentivo constante.

Aos amigos do Grupo de Pesquisa, que buscam diariamente aperfeiçoar o

conhecimento e a literatura em prol de um bem maior, o paciente.

Aos pacientes, que motivam o meu aperfeiçoamento constante para proporcionar

sempre o melhor.

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ABREVIATURAS E SÍMBOLOS AALM Ângulo do Arco Longitudinal Medial

AbDM Abdutor do Dedo Mínimo

AbH Abdutor do Hálux

ÂBIPPÓSD Ângulo do arco longitudinal medial bipodal pós direito

ÂBIPPÓSE Ângulo do arco longitudinal medial bipodal pós esquerdo

ÂBIPPRÉD Ângulo do arco longitudinal medial bipodal pré direito

ÂBIPPRÉE Ângulo do arco longitudinal medial bipodal pré esquerdo

ACPÓSD Área de contato pós-direito

ACPÓSE Área de contato pós-esquerdo

ACPRÉD Área de contato pré-direito

ACPRÉE Área de contato pré-esquerdo

AdH Adutor do hálux

ALM Arco longitudinal medial

AN Altura do navicular

ANBIPPÓSD Altura do navicular bipodal pós-direito

ANBIPPÓSE Altura do navicular bipodal pós-esquerdo

ANBIPPRÉD Altura do navicular bipodal pré-direito

ANBIPPRÉE Altura do navicular bipodal pré-esquerdo

ANSEDPÓSD Altura do navicular sedestação pós-direito

ANSEDPÓSE Altura do navicular sedestação pós-esquerdo

ANSEDPRÉD Altura do navicular sedestação pré-direito

ANSEDPRÉE Altura do navicular sedestação pré-esquerdo

ANTEPÉPÓSD Antepé pós-direito

ANTEPÉPÓSE Antepé pós-esquerdo

ANTEPÉPRÉD Antepé pré-direito

ANTEPÉPRÉE Antepé pré-esquerdo

ANTPÓS Anterior pós

ANTPRÉ Anterior pré

ÂSEDPÓSD Ângulo do arco longitudinal medial sedestação pós-direito

ÂSEDPÓSE Ângulo do arco longitudinal medial sedestação pós-

esquerdo

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ÂSEDPRÉD Ângulo do arco longitudinal medial sedestação pré-direito

ÂSEDPRÉE Ângulo do arco longitudinal medial sedestação pré-

esquerdo

DMPÓSD Dinamometria manual pós-direito

DMPÓSE Dinamometria manual pós-esquerdo

DMPRÉD Dinamometria manual pré-direito

DMPRÉE Dinamometria manual pré-esquerdo

DPPÓSD Duração do passo pós-direito

DPPÓSE Duração do passo pós-esquerdo

DPPRÉD Duração do passo pré-direito

DPPRÉE Duração do passo pré-esquerdo

ECD Extensor curto dos dedos

ECH Extensor curto do hálux

EENM Eletroestimulação neuromuscular

FCD Flexor curto dos dedos

FCH Flexor curto do hálux

FDM Flexor dedo mínimo

FLH Flexor longo do hálux

ICT Instabilidade crônica do tornozelo

ID Interósseos dorsais

IP Interósseos plantares

LADODPÓS Lado direito pós

LADODPRÉ Lado esquerdo pré

LADOEPÓS Lado esquerdo pós

LADOEPRÉ Lado esquerdo pré

LF Linha de Feiss

LFBIPPÓSD Linha de Feiss bipodal pós-direito

LFBIPPÓSE Linha de Feiss bipodal pós-esquerdo

LFBIPPRÉD Linha de Feiss bipodal pré-direito

LFBIPPRÉE Linha de Feiss bipodal pré-esquerdo

LFSEDPÓSD Linha de Feiss sedestação pós-direito

LFSEDPÓSE Linha de Feiss sedestação pós-esquerdo

LFSEDPRÉD Linha de Feiss sedestação pré-direito

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LFSEDPRÉE Linha de Feiss sedestação pré-esquerdo

LUM Lumbricais

MMII Membros inferiores

OSCAPPÓSD Oscilação anteroposterior pós-direito

OSCAPPÓSE Oscilação anteroposterior pós-esquerdo

OSCAPPÓSG Oscilação anteroposterior pós-corpo

OSCAPPRÉD Oscilação anteroposterior pré-direito

OSCAPPRÉE Oscilação anteroposterior pré-esquerdo

OSCAPPRÉG Oscilação anteroposterior pré-corpo

OSCLLPÓSD Oscilação laterolateral pós-direito

OSCLLPÓSE Oscilação laterolateral pós-esquerdo

OSCLLPÓSG Oscilação laterolateral pós-corpo

OSCLLPRÉD Oscilação laterolateral pré-direito

OSCLLPRÉE Oscilação laterolateral pré-esquerdo

OSCLLPRÉG Oscilação laterolateral pré-corpo

PMÁXPÓSD Pressão máxima pós-direito

PMÁXPÓSE Pressão máxima pós-esquerdo

PMÁXPRÉD Pressão máxima pré-direito

PMÁXPRÉE Pressão máxima pré-esquerdo

PMÉDPÓSD Pressão média pós-direito

PMÉDPÓSE Pressão média pós-esquerdo

PMÉDPRÉD Pressão média pré-direito

PMÉDPRÉE Pressão média pré-esquerdo

POSTPÓS Posterior pós

POSTPRÉ Posterior pré

QP Quadrado plantar

RETROPÉPÓSD Retropé pós-direito

RETROPÉPÓSE Retropé pós-esquerdo

RETROPÉPRÉD Retropé pré-direito

RETROPÉPRÉE Retropé pré-esquerdo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 01

1.1. Revisão da literatura 03

2. OBJETIVOS 11

2.1. Objetivo geral 12

2.2. Objetivos específicos 12

3. CASUÍSTICA E MÉTODO 13

3.1. Avaliação do arco longitudinal medial 15

3.1.1. Altura do navicular 16

3.1.2. Linha de Feiss 17

3.1.3. Ângulo do arco longitudinal medial 18

3.2. Baropodometria 18

3.3. Força muscular do flexor longo do hálux 20

3.4. Grupo controle 21

3.5. Grupo exercício 21

3.6. Grupo exercício e EENM 25

3.7. Análise estatística 26

4. RESULTADOS 28

5. DISCUSSÃO 37

6. CONCLUSÃO 43

7. ANEXOS 45

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51

LISTAS E APÊNDICE 62

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1. INTRODUÇÃO

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A biomecânica do pé interfere na postura corporal e distribuição das pressões

articulares e plantar o que contribui para uma marcha dentro dos padrões

fisiológicos, sendo os arcos do pé essenciais para o bom funcionamento do corpo e

bem-estar (1-6).

O arco longitudinal medial (ALM) é a principal estrutura de suporte de carga e

absorção de choque. Alterações nessa estrutura podem causar dor, influenciar a

biomecânica do membro e alterar pressões plantares em indivíduos com lesões nos

pés ou até mesmo em outras articulações dos membros inferiores (4,7-10).

O foot core system é um novo paradigma proposto em 2015 que compara o

sistema de estabilidade da coluna vertebral com o do pé. Há três subsistemas

ligados a esta teoria: passivo, composto pelos ossos do pé, fáscia plantar e

ligamentos; neural, composto por receptores musculotendíneos locais e globais,

ligamentares e plantares cutâneos; e o subsistema ativo, composto pelos músculos

intrínsecos, que são estabilizadores locais e extrínsecos sendo essenciais para

movimentos globais (11).

O sistema ativo ganha destaque ao promover flexibilidade e rigidez ao corpo e

aos arcos através da estabilidade local, além de ser o grande alvo de atuação do

fisioterapeuta. Os músculos intrínsecos irão promover suporte dinâmico local para o

pé e para o ALM e músculos extrínsecos como o tibial posterior e flexor longo do

hálux e também contribuem para essa estabilidade (11-13).

Diversos exercícios são propostos para aumentar a ativação muscular com

foco na contribuição ativa local e no subsistema ativo, porém devido à dificuldade de

contração desses músculos e percepção pelo indivíduo, a eletroestimulação

neuromuscular (EENM) torna-se um recurso aliado ao fortalecimento e é

recomendada para reabilitação com foco na contribuição desses músculos. O uso da

EENM nos músculos intrínsecos, além de suas capacidades musculares naturais de

contração, resulta em aumento da altura e diminuição do comprimento do ALM, o

que sugere que esses músculos têm capacidade de controlar a deformação e rigidez

do ALM (14-19).

Atualmente, as evidências não são claras quanto as alterações causadas pelo

fortalecimento dos músculos intrínsecos e extrínsecos sobre a deformação do ALM,

além da contribuição da EENM associada aos exercícios desses músculos, sendo

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localizados apenas trabalhos com baixa qualidade metodológica e com alto risco de

viés sobre o tema.

1.1. Revisão da literatura

A anatomia normal do pé humano é composta por 28 músculos intrínsecos

separados em quatro camadas na face plantar, sendo a primeira composta pelo

flexor curto dos dedos (FCD), abdutor do hálux (AbH) e abdutor do dedo mínimo

(AbDM). A segunda é composta pelo quadrado plantar (QP) e lumbricais (LUM). A

terceira compreende o adutor do hálux (AdH), flexor curto do hálux (FCH) e flexor do

dedo mínimo (FDM) e a quarta os três interósseos plantares (IP) (11,20).

Os músculos intrínsecos dorsais do pé podem ser divididos em duas

camadas, sendo a superficial constituída pelo extensor curto do hálux (ECH) e

extensor curto dos dedos (ECD) e a profunda pelos músculos interósseos dorsais

(ID) (18,20).

O músculo AbH tem como principal função adução e flexão do hálux, o FCD a

flexão dos pequenos dedos, o AbDM realiza a abdução e flexão do quinto dedo. O

QP é responsável pela flexão dos pequenos dedos e os LUM por realizar a

estabilização desses. O FCH, realiza a flexão do hálux, o músculo AdH, pode ser

divido em cabeça oblíqua e transversa e realizam abdução do primeiro raio e

estabilizam o ante pé e o arco transverso, já o FDM realiza flexão do quinto dedo.

Os músculos IP e ID promovem estabilidade. Os ECD e ECH realizam extensão dos

pequenos dedos e do hálux, respectivamente (21).

Como um conjunto, os músculos intrínsecos desempenham papel importante

no suporte do ALM durante a marcha e um pequeno papel na posição relaxada (22).

As duas primeiras camadas de músculos intrínsecos estão dispostas a contribuir

para os arcos longitudinais, medial e lateral, enquanto outras camadas estão

dispostas a contribuir para os arcos transversais, anterior e posterior (11).

Os músculos intrínsecos apresentam características e formatos distintos, em

relação ao comprimento das fibras, o músculo extensor curto do segundo dedo é o

mais longo com 28,0mm e o IP é o mais curto com 13,6mm. O AbH é o músculo com

mais comprimento (115,8mm) e o mais curto é a cabeça transversa do AdH com

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24,8mm. O volume muscular é variado, sendo o maior e o do músculo AbHcom

15,2cc e o menor 5° lumbrical com 0,4cc. O AbH é o músculo com maior área de

secção transversa com 6,68cm², seguido pela cabeça oblíqua do AdH, com 4,94cm²

e pelo AbDM com 3,79cm². A menor área de secção transversa é do 5° lumbrical

com 0,18cm² (20).

Alterações fisiológicas relacionadas à idade ocorrem nesses músculos, onde

idosos (> 60 anos) obtiveram piores resultados em relação a força, espessura e área

de secção transversa quando comparados à adultos jovens (23).

O formato do pé também pode trazer alterações a esse grupo muscular. Um

estudo com 49 indivíduos com pé plano e 49 com pé normal avaliados com

ultrassom para analisar a espessura e área de secção transversa de alguns

músculos do pé e tornozelo demonstram que indivíduos com pé plano tinham

menores valores para os músculos AbH e FCH (24).

Deformidades no ante pé, como o hálux valgo também leva a alterações

importantes, como demonstrado por Lobo et al (25), o qual avaliam 20 indivíduos com

hálux valgo e 20 sem hálux valgo e identificam que a área de secção transversa e

espessura do AbH e FCD estava comprometida nos indivíduos que sofriam com a

deformidade.

Distúrbios metabólicos também podem influenciar os músculos intrínsecos.

Em estudo transversal Kumar et al (26), demonstram que indivíduos com Diabetes

Mellitus tipo II apresentam redução significativa na espessura dos músculos

intrínsecos.

Bus et al (27) também realizam estudo transversal com objetivo de comparar a

área de secção transversal dos intrínsecos do pé em pacientes com polineuropatia

diabética e em indivíduos não diabéticos. Através da utilização da imagem de

ressonância magnética, identificam que os com neuropatia possuíam atrofia.

Cheuy et al (28) avaliam 34 participantes com neuropatia diabética e

identificam que o volume total dos músculos do ante pé estavam associados com

deformidades nas articulações metatarso falangeanas. Concluem que a deterioração

dos músculos intrínsecos do pé pode contribuir para o desenvolvimento de

deformidades.

Lesões no tornozelo, como a instabilidade crônica do tornozelo (ICT) também

podem promover alterações nesses músculos, onde indivíduos com ICT

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apresentaram atrofia dos intrínsecos e extrínsecos do pé quando comparados aos

controles saudáveis (29).

A avaliação da força dos músculos intrínsecos tem sido alvo de discussão

para identificar métodos mais confiáveis, visto a dificuldade na avaliação. Uma

revisão sistemática foi conduzida por Soysa et al (22) com objetivo de avaliar

diferentes métodos usados para medir a força intrínseca dos músculos do pé.

Através do trabalho conduzido por Soysa et al (22), podemos identificar

métodos diretos de avaliação, como dinamometria manual dos dedos, o teste de

aderência de papel, pressões plantares e teste intrínseco positivo, além de métodos

indiretos como através da imagem de ressonância magnética, tomografia

computadorizada, ultrassonografia, eletromiografia e biopsia muscular.

É possível concluir que não existe um método padrão ouro para mensurar a

força muscular intrínseca do pé, sendo destacadas limitações da avaliação direta

como avaliação da força de flexores globais dos dedos (devido à dificuldade de

isolar músculos intrínsecos dos extrínsecos). Dos métodos indiretos, destaca-se a

incapacidade de medir diretamente a força muscular, por serem capazes de avaliar

a morfologia muscular, padrões de ativação e propriedades histoquímicas (22).

Abe et al (30), com uma amostra de 17 homens e 17 mulheres entre 20 e 35

anos, com o objetivo de analisar a relação entre variáveis morfológicas e funcionais

com desempenho físico, identificou correlação positiva entre força muscular flexora

dos dedos com o desempenho em um teste de 10 metros de caminhada máxima.

Concluem que os músculos flexores dos dedos desempenham importante função na

velocidade da caminhada.

Além disso, o músculo flexor curto dos dedos apresenta-se como contribuinte

para estabilidade postural, Okai et al (31) com objetivo de caracterizar e quantificar

efeitos do flexor curto dos dedos no balanço postural. Identificam que com a

contração induzida eletricamente o flexor curto dos dedos foi capaz de alterar o

centro de pressão.

Os achados de Okai et al (31), corroboram com os encontrados por Zhang et al

(32), que tinha como objetivo examinar a correlação entre morfologia dos músculos do

pé e desempenho do equilíbrio durante a postura unipodal. Os autores encontram

correlação negativa entre a espessura do músculo abdutor do hálux e a oscilação

anteroposterior e médio-lateral, ou seja, quanto maior espessura desse músculo,

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menor era a oscilação, o que sugere que o fortalecimento dos músculos intrínsecos

pode ser uma maneira eficiente de melhorar o equilíbrio.

Os exercícios para os músculos intrínsecos do pé têm sido amplamente

descritos associados à flexão do dedo, com tarefas de puxar uma toalha ou pegar

uma bola de gude com os dedos, porém esses exercícios trabalham músculos

extrínsecos como o flexor longo do hálux e dedos. Atualmente o exercício de “short

foot” ou pé curto tem sido descrito como alternativa para ativar de forma mais

precisa os músculos intrínsecos (33), o que diminui a ativação dos músculos

extrínsecos, além disso, torna-se um exercício mais funcional, visto os dedos

estarem em contato constante com o solo.

Essa nova alternativa de trabalho dos músculos intrínsecos ganhou amplo

destaque na literatura em 2015 quando foi publicado um novo paradigma por

McKeon et al (11), baseado no conceito pré-descrito para a região da coluna por

Panjabi (34), o que define como foot core system ou sistema central do pé, em três

subsistema (neural, passivo e ativo).

O subsistema neural engloba receptores musculotendíneos, tanto locais

quanto globais, os ligamentares, incluem a fáscia plantar e os cutâneos plantares. O

subsistema passivo compreende ossos dos arcos, fáscia plantar e ligamentos. O

subsistema ativo e de maior atenção, compreende músculos intrínsecos do pé,

considerados estabilizadores locais e os extrínsecos considerados produtores de

movimentos. No subsistema ativo foi alertada a importância do trabalho dos

músculos intrínsecos e suas implicações para reabilitação, o que cria novos

conceitos para reabilitação do pé e tornozelo e até mesmo para o membro inferior

como um todo (11).

Durante a descrição do subsistema ativo, McKeon et al (11) destacam a

importância dos músculos intrínsecos e descrevem o exercício de pé curto com

clareza e de forma precisa, além da sua importância para reabilitação e assim

começaram a levantar novos questionamentos sobre exercícios para esse grupo.

Como no trabalho de Jung et al (15), onde os autores pretendiam comparar a

atividade do músculo AbH e o AALM durante o exercício de puxar a toalha e o pé

curto durante as posições sentado e em apoio unipodal. Para isso, avaliaram 20

sujeitos com pés normais e demonstraram que a atividade eletromiográfica do AbH

foi maior durante o exercício de pé curto. Na posição em apoio unipodal, o músculo

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trabalhou significativamente mais do que na sentada, além disso, o AALM foi menor

durante o exercício de pé curto comparado ao de puxar a toalha, o que sugere que o

exercício de pé curto é mais útil para ativação do músculo AbH.

Gooding et al (14), realizam estudo descritivo de laboratório onde utilizou oito

colegiais saudáveis com o intuito de descrever as mudanças na ativação dos

músculos intrínsecos plantares após quatro exercícios distintos – pé curto, extensão

dos dedos, extensão do hálux e extensão do segundo ao quinto dedo.

Utilizam imagens de ressonância magnética em T2 antes e após uma série de

40 repetições de cada exercício e demonstram que o exercício pé curto aumenta a

ativação do QP em 16,7% e do AbDM de 34,9%. O exercício de extensão dos dedos

resultou em aumento na ativação de 17,3% para os interósseos e LUM e 35,2% para

o AbDM (14).

O exercício de extensão do primeiro dedo apresentou valores menores de

ativação com 13,1% e 18,1% para o FCH e FCD, respectivamente, já o de extensão

do segundo ao quinto dedo, resultou em aumento de 8,9% para os interósseos e

LUM e 22,5% para o AbDM. Os autores concluem que todos os exercícios são

efetivos para aumento da ativação dos músculos intrínsecos (14).

Conforme se aumenta demandas posturais o recrutamento dos músculos

intrínsecos aumenta de forma substancial, isso foi demonstrado por Kelly et al (35),

que avaliam com eletromiografia o quadrado plantar, flexor curto dos dedos e

abdutor do hálux em três diferentes posições – sentado, apoio bipodal e apoio

unipodal. Conclui-se que quanto maior a demanda, maior é recrutamento muscular

(14).

Kelly et al (19) em um estudo laboratorial sobrecarregou o ALM de nove

indivíduos saudáveis com zero a 150% do peso corporal através de um dispositivo

localizado na região distal da coxa com o participante na posição sentada.

Avaliaram a AN, comprimento do ALM e atividade eletromiografia do AbH, QP

e FCD e verificam que com o aumento da carga, reduz da AN e posteriormente

alongamento do AbH, FCD e QP. Em relação a atividade eletromiográfica, foi

evidenciado aumento com 50%, 75% e 100% do peso corporal para o FCD, QP e

AbH, respectivamente. Além disso, ocorreu aumento na ativação progressiva para

todos os músculos com o aumento da carga. Concluiu-se que os intrínsecos

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alongam em resposta a deformação do ALM, enquanto a ativação muscular

incrementa consideravelmente à medida do acréscimo da carga.

O trabalho para esses músculos ganha destaque na prática clínica e

literatura, vistos serem importantes contribuintes ao ALM quando temos a falha de

estruturas passivas (36), o que demonstra a importância da interação descrita por

McKeon et al (11) no novo paradigma da reabilitação do pé e tornozelo.

Com isso, é possível identificarmos diversos trabalhos com foco nesse grupo

muscular, como o trabalho de Jung et al (16) onde trataram 28 sujeitos com pé plano,

divididos em três grupos – órtese, exercícios pé curto e combinação de órtese e

exercício pé curto por oito semanas cada – e demonstram que a realização de

exercício associado à órtese promove efeitos mais eficazes na área de secção

transversa do AbH e a força do flexor do hálux, sendo o exercício associado à órtese

recomendado para essa população.

Lynn et al (37), realizam um ensaio clínico randomizado com três grupos –

exercício pé curto, exercício puxar a toalha e controle – com oito participantes cada,

onde realizaram 100 repetições dos exercícios por quatro semanas e demonstram

que todos grupos melhoraram a quantidade de movimento médio-lateral do centro

de pressão no membro dominante, em relação ao não dominante. Somente os

grupos que realizam exercício têm diminuição do movimento médio-lateral do centro

de pressão.

Em 2013, Mulligan et al (38), realizam uma série de casos com 21 indivíduos

assintomáticos (42 pés) com quatro semanas de fortalecimento dos músculos

intrínsecos através do exercício pé curto em domicílio, três minutos por dia, onde o

paciente era encorajado à aumentar a demanda corporal (sentado para bipodal para

unipodal), conforme sentisse facilidade em realizar o exercício e identificam que

após intervenção houve melhora da AN, índice da altura do arco, teste da

musculatura intrínseca e no equilíbrio unipodal avaliado pelo Star Excursion Balance

Test, exceto na direção anterior.

Hashimoto et al (39), descrevem uma série de 12 casos, onde os participantes

realizavam 200 repetições por dia de flexão dos dedos com três quilos, três vezes

por semana por um período de oito semanas e relataram melhora significativa na

força dos dedos, comprimento do arco longitudinal e transversal, além de aumento

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da distância no salto em única perna, salto vertical e tempo de arranque de 50

metros.

Yoo et al (40), em relato de caso com um homem de 38 anos com neuroma de

Morton no pé esquerdo, descrevem dois exercícios – adução do antepé com flexão

da articulação inter falangeana, sendo sustentada a posição por cinco segundos e

flexão dos dedos – 50 vezes por dia durante duas semanas e ao término da

intervenção apresentam maior limiar de dor por pressão, aumento da AN e do pico

de pressão na região metatarso falangeana.

Após a publicação do novo paradigma para reabilitação de pé e tornozelo,

especialistas publicaram recomendações clínicas para integração desses para

lesões de membros inferiores e recomenda a utilização da eletroestimulação

neuromuscular como recurso para contribuir aos exercícios, para facilitar a

percepção e potencializar o exercício (18).

A utilização da eletroestimulação já havia produzido resultados positivos no

trabalho laboratorial de Kelly et al (19), onde avaliam através da cinemática nove

participantes homens saudáveis. Com utilização de corrente contínua eletro

estimularam o abdutor do hálux, flexor curto dos dedos e quadrado plantar com

eletrodos intramusculares e demonstraram que a eletroestimulação aumentou a

altura do navicular e diminuiu o comprimento do ALM. Além da eletroestimulação do

abdutor do hálux deslocar o centro de pressão posterior e lateralmente para ambas

condições e a eletroestimulação do flexor curto dos dedos e quadrado plantar

produzirem desvio posterior no centro de pressão para ambas condições.

A eletroestimulação dos músculos intrínsecos também alterou o movimento

do calcâneo e do primeiro metatarso em ambas as condições de carregamento.

Concluem que a ativação desses músculos produz alterações significativas nos

ângulos do metatarso e calcâneo, aumenta a rigidez do ALM, e o torna importante

durante atividades de locomoção (19).

Ebrecht et al (41), randomizam 74 participantes em três grupos: EENM (n=19),

controle passivo (n=15) e controle ativo (n=40). O grupo EENM utilizou corrente

sinusoidal com frequência de 85Hz, quatro segundos de contração e oito segundos

de descanso durante 15 contrações, duas vezes por semana por oito semanas. O

grupo controle ativo realizou corrida com treino minimalista. Não foi identificado

nenhuma alteração entre grupos para a área de secção transversa do AbH, AN e

Page 20: Deformação do arco longitudinal medial em participantes ... · fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego Dissertação apresentada ao curso

10

fadiga, avaliada pela AN antes de depois de corrida em esteira. Alguns erros

metodológicos podem ser destacados como à alocação dos participantes e

cegamento do avaliador, além de erros clínicos como utilização da EENM sem a

realização de exercício, o que a torna ineficaz.

Com base nos trabalhos apresentados e na literatura disponível, não existem

trabalhos com elevado nível de evidência e que comparam a utilização da EENM

com exercícios resistidos de forma isolada, portanto a presente pesquisa objetiva

identificar alterações promovidas pela corrente russa e exercícios resistidos isolados

no comportamento do pé com diferentes análises.

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11

2. OBJETIVOS

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2.1. Geral

Avaliar a influência da corrente russa associada ao fortalecimento muscular

para deformação do arco longitudinal medial em indivíduos assintomáticos.

2.2. Específico

Avaliar a distribuição de carga nos pés após programa de fortalecimento.

Avaliar a pressão plantar estática e dinâmica após programa de

fortalecimento.

Avaliar oscilação no plano frontal e sagital após programa de fortalecimento.

Avaliar a força muscular do flexor longo do hálux após programa de

fortalecimento.

Page 23: Deformação do arco longitudinal medial em participantes ... · fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego Dissertação apresentada ao curso

13

3. CASUÍSTICA E MÉTODO

Page 24: Deformação do arco longitudinal medial em participantes ... · fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego Dissertação apresentada ao curso

14

Foi realizado um ensaio clínico randomizado controlado cego com

participantes recrutados por meio de mídia social e avaliados no serviço de

fisioterapia musculoesquelética de um hospital universitário de janeiro de 2017 a

março de 2018.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com CAAE:

62766716.4.0000.5479 (Apêndice 1) e incluída no Registro Internacional de Ensaios

Clínicos (Clinical Trial) sob NCT03117244 (Apêndice 2).

Critérios de inclusão: indivíduos de ambos os sexos entre 18 e 40 anos,

sedentários (sem prática de atividade física regular), sem lesões prévias nos pés e

tornozelos e histórico de lesões em membros inferiores (MMII) nos últimos 12

meses.

Critérios de exclusão: indivíduos que possuem pé plano rígido, valgo de calcâneo

acima de 10º e histórico de alterações neurológicas.

Foi disponibilizado informativo no setor de fisioterapia musculoesquelética e o

participante entrava em contato com um dos pesquisadores que agendava uma

visita para avaliação.

Os participantes que concordassem em participar da pesquisa foram

instruídos quanto ao estudo e assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido (Anexo 1). Sessenta e três participantes responderam o chamado,

sendo três excluídos por não cumprirem os critérios do estudo.

Sessenta participantes foram acompanhados e randomizados com base em

tabela de números aleatórios gerados por computador (www.randomization.com),

designados para um dos três grupos possíveis, sendo:

• Grupo exercício: 20 participantes que realizaram o protocolo com

exercícios de fortalecimento de músculos intrínsecos e extrínsecos do pé.

• Grupo EENM: 20 participantes que realizaram o protocolo com

exercício de fortalecimento de músculos intrínsecos e extrínsecos do pé associado à

corrente russa.

• Grupo controle: 20 participantes que foram acompanhados por seis

semanas, sem nenhuma intervenção.

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15

O avaliador pré e pós-intervenção não conhecia a alocação dos participantes,

sendo assim considerado cego, o mesmo não tinha acesso ao processo de

randomização, sendo que os participantes foram instruídos a não passar

informações para o avaliador referente a intervenção.

Todos participantes foram submetidos ao mesmo protocolo de avaliação

(Anexo 2) antes e após o período de intervenção que consistiu de seis semanas em

todos os grupos, com o mesmo avaliador a realizar as duas etapas para coleta de

dados.

3.1. Avaliação do ALM

O participante permanecia em sedestação em uma cadeira onde seu quadril,

joelho e tornozelo estavam à 90°. O avaliador identificou os seguintes pontos de

referência anatômicos: centro do maléolo medial, tuberosidade do navicular e a

cabeça do primeiro metatarso, com pontos marcados com caneta permanente (Fig.

1).

A partir da marcação, o avaliador realizou a palpação dos aspectos lateral e

medial do tálus, com a articulação subtalar sendo mantida em posição neutra. A

seguir foram feitas as seguintes mensurações: Altura do Navicular (AN), Linha de

Feiss (LF) e Ângulo do ALM (AALM).

Em seguida o avaliador solicitou para o participante ficar em ortostatismo em

apoio bipodal onde o examinador realizou novamente as mensurações da AN, LF e

AALM com a articulação subtalar em posição relaxada. Todas as mensurações

foram realizadas apenas uma vez em cada posição. Não houve intervalo entre as

mensurações.

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16

3.1.1. Altura do Navicular

Para a mensuração da AN foi utilizada régua para medida da distância

perpendicular entre o piso e a tuberosidade do navicular (Fig. 2) com o paciente em

sedestação com a articulação subtalar em neutro e ortostatismo em apoio bipodal

com a subtalar relaxada (42).

Sell et al (43) reportaram um coeficiente de correlação intraclasse (ICC)

variando de 0,73 a 0,96 para confiabilidade inter e intra-avaliador. A mensuração foi

significativamente associada com a mensuração radiográfica correspondente

(Pearson r =0.79) (44).

FIGURA 1. Pontos de referência anatômicos. 1: centro do maléolo medial. 2:

Tuberosidade do navicular. 3: cabeça do primeiro metatarso. Fonte: Serviço de

fisioterapia - ISCMSP.

1

2

3

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17

3.1.2. Linha de Feiss

Para mensuração da LF foi traçada linha entre o centro do maléolo medial e a

cabeça do primeiro metatarso. Em seguida, a régua foi utilizada para medir a

distância perpendicular em centímetros entre o tubérculo do navicular e a linha do

maléolo medial para a cabeça do primeiro metatarso (Fig. 3). Caso a tuberosidade

do navicular estivesse acima da linha, a distância medida foi considerada positiva,

se estivesse abaixo da linha, a distância foi considerada negativa (42).

Atualmente não existem estudos que mostram a confiabilidade deste teste.

FIGURA 2. Demonstração da mensuração da Altura do Navicular (AN). Fonte:

Serviço de fisioterapia - ISCMSP.

FIGURA 3. Demonstração da mensuração da Linha de Feiss (LF). Fonte: Serviço

de fisioterapia - ISCMSP.

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18

3.1.3. Ângulo do Arco Longitudinal Medial

Para a mensuração do AALM, o centro do goniômetro (Goniômetro em

plástico transparente com duas réguas de 20 cm, com sistema de transferidor de

zero a 360° com medidas aproximadas de 0,20 x 0,05 (CxL) – marca Carci) foi

colocado na tuberosidade do navicular, e as extremidades do goniômetro indicavam

para o centro do maléolo medial e a cabeça do primeiro metatarso (Fig. 4) (42).

O ângulo do ALM pode ser interpretado da seguinte maneira: quanto menor o

ângulo formado, mais baixo é o ALM e quanto maior o ângulo formado, maior é o

ALM (42).

Jonson et al (45) relataram ICC de 0,90 para análise intra-avaliador e 0,81 para

análise inter-avaliador.

3.2. Baropodometria

As análises baropodométricas estáticas e dinâmicas foram realizadas com

Baropodômetro Eletrônico (Plataforma Footwork, Arkipelago, Brasil). Para a análise

estática, foi solicitado ao participante ficar sobre a plataforma sem sapatos, com os

membros superiores ao longo do corpo, olhar a frente sendo fixado um ponto na

FIGURA 4. Demonstração da mensuração do Ângulo do Arco Longitudinal Medial

(AALM). Fonte: Serviço de fisioterapia - ISCMSP.

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19

parede a um metro de distância e na altura da região dos olhos do participante. Foi

realizada uma coleta de dados para cada participante.

Para análise dinâmica, a plataforma foi posicionada sobre o solo em local

plano com 1,5 metros equivalentes de cada lado, para que o participante pudesse

caminhar. Inicialmente o participante foi convidado a caminhar sobre a plataforma

sem registro e instruído para caminhar olhando para o horizonte e mantendo o

tamanho e velocidade do passo conforme o habitual, para que acostumasse com a

ação e posteriormente foi realizada a coleta dos dados.

Uma análise para cada pé do participante foi realizada, primeiro para o pé

direito e em seguida para o pé esquerdo. Os participantes foram instruídos a olhar

para o horizonte a não alterar a velocidade da marcha e tamanho do passo.

A representação do posicionamento da plataforma baropodométrica e das

distâncias utilizadas para a realização da baropodometria estática e dinâmica são

apresentadas na Fig. 5.

Após o término da avaliação, o avaliador com acesso pelo computador ao

software próprio da baropodometria, transpassava os dados a mão para a ficha do

participante.

FIGURA 5. Posicionamento da plataforma baropodométrica e distâncias utilizadas

para realização da baropodometria estática e dinâmica. Fonte: Serviço de

fisioterapia - ISCMSP.

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3.3. Força muscular do Flexor Longo do Hálux

Para mensurar a força do flexor longo do hálux, foi utilizado dinamômetro

(modelo 01165 – Manual Muscle Tester, Lafayette Instrument, USA), posicionado

sobre uma caixa de madeira de 120 x 60 x 10cm (CxLxA), para proporcionar

estabilidade ao dispositivo e membros inferiores durante a medição.

O paciente foi posicionado em sedestação sobre uma cadeira, com o quadril,

joelho e tornozelo à 90º, sendo a parte distal da coxa e região da cabeça dos

metatarsos estabilizados com cinta, além de velcro posicionado na região do

calcâneo do paciente, o qual faria barulho caso ocorresse movimento de flexão

plantar, evitando assim, compensações geradas por outros grupos musculares.

Somente a falange distal do hálux ficou apoiada no dinamômetro, conforme

demonstrado na Fig. 6, e foi obtida média de três tentativas de aperto.

FIGURA 6. Demonstração da avaliação da força do flexor longo do hálux. Fonte:

Serviço de fisioterapia - ISCMSP.

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3.4. Grupo controle

Os participantes foram instruídos a manter as suas atividades de vida diária

normalmente e não foi aplicada nenhuma intervenção ou orientação.

3.5. Grupo exercício

O protocolo de exercícios era composto por sete exercícios, realizados duas

vezes por semana. Os participantes foram acompanhados por seis semanas com

alteração nas repetições ou tempo de isometria após a quarta semana.

Foram realizados dois exercícios de músculos extrínsecos, sendo um para o

músculo tibial posterior e outro para o flexor longo do hálux e três variações distintas

do short-foot, sendo duas com contração e relaxamento (uma bipodal e outra

unipodal) e outra com manutenção da contração (unipodal).

As três variações do short-foot foram realizadas em sedestação, com quadril,

joelho e tornozelo à 90º e dois exercícios em ortostatismo que envolviam músculos

intrínsecos e extrínsecos com contração sustentada, sendo um de forma bipodal e

outro unipodal. A descrição inicial e final de todos exercícios e periodização semanal

são apresentados na Tab. 1 e Fig. 7 a 12.

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TABELA 1. Descrição e periodização semanal dos exercícios de fortalecimento dos

músculos intrínsecos e extrínsecos do pé.

Fig. Descrição Posição Periodização semanal

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª

7 Tibial

posterior

Sedestação

na maca

3x15r 3x15r 3x15r 3x15r 3x30r 3x30r

8 Flexor longo

do hálux

Sedestação

na maca

3x15r 3x15r 3x15r 3x15r 3x30r 3x30r

9 Intrínsecos Sedestação

bipodal

3x15r 3x15r 3x15r 3x15r 3x30r 3x30r

10 Intrínsecos Sedestação

unipodal

3x15r 3x15r 3x15r 3x15r 3x30r 3x30r

10 Intrínsecos Sedestação

unipodal

3x30” 3x30” 3x30” 3x30” 3x60” 3x60”

11 Intrínsecos e

extrínsecos

Ortostatismo

bipodal

3x30” 3x30” 3x30” 3x30” 3x60” 3x60”

12 Intrínsecos e

extrínsecos

Ortostatismo

unipodal

3x30” 3x30” 3x30” 3x30” 3x60” 3x60”

NOTA: r = repetições. “= segundos.

FIGURA 7. Exercício para tibial posterior em CCA. A: Posição inicial: dorsiflexão e

eversão. B: Posição final: flexão plantar e inversão. Fonte: Serviço de fisioterapia -

ISCMSP.

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FIGURA 8. Exercício para flexor longo do hálux. A: Posição inicial B: Posição final.

Fonte: Serviço de fisioterapia - ISCMSP.

FIGURA 9. Exercício para intrínsecos em sedestação bipodal. Fonte: Serviço de

fisioterapia - ISCMSP.

FIGURA 10. Exercício para intrínsecos em sedestação unipodal. Fonte: Fonte:

Serviço de fisioterapia - ISCMSP.

Serviço de fisioterapia musculoesquelética.

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FIGURA 11. Exercício para intrínsecos em ortostatismo bipodal. Fonte: Serviço

de fisioterapia - ISCMSP.

FIGURA 12. Exercício para intrínsecos em ortostatismo unipodal. Fonte: Serviço

de fisioterapia - ISCMSP.

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3.6. Grupo exercício e EENM

O protocolo de exercícios associado à EENM foi o mesmo utilizado pelo grupo

exercício, sendo que durante os exercícios isolados para o músculo tibial posterior,

flexor longo do hálux e intrínsecos (Fig. 7-10) foi associado uma corrente

despolarizada, bifásica, simétrica com pulsos retangulares de média frequência

modulada em baixa, por meio de gerador de pulsos (Sonophasys EUS.0503, KLD

Biosistemas, São Paulo, Brasil), como demonstra a Fig. 13.

A frequência portadora foi de 2500 Hz, de modulação de 50 Hz, ciclo de

trabalho de 20%, rampa de subida e descida de um segundo e tempo on e off

obtendo relação de 1:1 respectivamente, sendo o tempo on proporcional ao gasto

para a realização da série de exercício. A corrente foi mantida ligada durante o

tempo on e o aparelho permaneceu no paciente até o término da série do exercício.

Foram utilizados dois eletrodos autoadesivos (Eletrodo Autoadesivo Valutrode

5x5cm, Arktus, Santa Tereza do Oeste, Paraná, Brasil) que foram colocados no

início e fim do ventre muscular de acordo com aplicação mioenergética nos

músculos tibial posterior e músculos intrínsecos do pé e para o flexor longo do hálux

FIGURA 13. Gerador de pulsos (Sonophasys EUS.0503, KLD Biosistemas, São

Paulo, Brasil). Fonte: Serviço de fisioterapia - ISCMSP.

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26

foi utilizado um eletrodo no ponto motor muscular e o outro eletrodo dispersivo distal,

como demonstra a Fig. 14.

Após as seis semanas de intervenção, todos os procedimentos de avaliação

foram repetidos pelo mesmo examinador.

3.7. Análise estatística

Para determinação do tamanho da amostra foi utilizado o teste de análise de

variância (ANOVA), onde foi adotado nível de significância de 5% e poder de teste

de 80%.

Os valores de referência foram retirados de estudo piloto, onde utilizou-se

como desfecho principal a AN. Adotou-se diferença em relação à média de 20% e o

desvio padrão de 0,75. Para esses valores foi encontrado n de 16 por grupo. Para

atender a premissa de perda dos participantes, adotamos n de 20 participantes por

grupo.

A análise estatística do conjunto de dados foi realizada pelo programa

StatisticalPackage for Social Sciences (SPSS) 13.1.

FIGURA 14. Aplicação mioenergética para o músculo Fonte: Serviço de

fisioterapia - ISCMSP.

FIGURA 14. Colocação dos eletrodos para aplicação da corrente russa. A: tibial

posterior. B: flexor longo do hálux. C: intrínsecos do pé. Fonte: Serviço de

fisioterapia - ISCMSP.

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Para comparação da evolução entre avaliação inicial e reavaliação de cada

grupo e entre grupos foi observada a distribuição da normalidade por meio do teste

de Shapiro-Wilk, sendo considerado valor de significância de 5%.

Para interpretação da evolução intra e intergrupos foram utilizados a mediana

(mínimo – máximo) e teste estatístico Kruskal Wallis nas observações não

paramétricas e nas observações paramétricas foi utilizada média (desvio padrão) e

teste estatístico ANOVA. O nível de significância utilizado foi ≤ 0,05.

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4. RESULTADOS

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No estudo a amostra foi composta por 60 participantes, sendo que 50

completaram todo o período de avaliação e seguimento, como demonstra a Fig. 15

43.

A Tab. 2 apresenta as características da amostra. Não houve diferença entre

os grupos para idade (anos), peso (kg), altura (cm) e IMC, demonstrando

homogeneidade entre os grupos.

Os dados pré e pós-intervenção para ambos os pés do AALM, AN e LF são

apresentados na Tab. 3, Tab. 4 e Tab. 5, respectivamente. Não houve diferença

estatística entre os grupos para todas as análises.

A Tab. 6 e Tab. 7 apresentam os dados pré e pós-intervenção da

baropodometria estática e estabilometria, respectivamente. Não houve diferença

estatística entre os grupos para todas as análises.

Os resultados da avaliação baropodométrica dinâmica são apresentados na

Tab. 8. Não houve diferença estatística entre os grupos para as análises.

Os dados da dinamometria manual do FLH são apresentados na Tab. 9. Não

houve diferença estatisticamente significante entre os grupos para a análise.

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Avaliação de elegibilidade (n=63)

Grupo Exercício Alocados para intervenção (n=20)

Grupo EENM Alocados para intervenção (n=20)

Grupo Controle Alocados para intervenção (n=20)

Randomização (n=60)

Intervenção interrompida (falta de disponibilidade dos participantes) (n=4)

Intervenção interrompida (falta de disponibilidade dos participantes) (n=2)

Perda do acompanhamento (não conseguimos contato) (n=4)

Análise (n=16) Análise (n=18) Análise (n=16)

Inscriçã

o

An

ális

e

Alo

ca

ção

Aco

mp

an

ha

men

to

FIGURA 15. Diagrama de fluxo do progresso através das fases de ensaio aleatório paralelo de três grupos (ou seja, inscrição, alocação de intervenção, acompanhamento e análise de dados). EENM: eletroestimulação neuromuscular (46).

Excluído (n=3) >40 anos (n=1) Cirurgia prévia no tornozelo (n=1) Pé plano rígido (n=1)

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TABELA 2. Dados antropométricos separados por grupo (n=48).

Variável Exercício (n= 16)

EENM (n=18)

Controle (n=16)

p

Idade (anos) 26 (5) 27 (5) 26 (5) ,519

Sexo (F/M) 11/5 14/4 12/4

Altura (metros) 1,65 (0,1) 1,65 (0,1) 1,65 (0,1) ,930

Peso (kg) 60,8 (9,9) 69,3 (18,8) 65,2 (13,4) ,367

IMC (kg/m²) 22,1 (2,2) 25,1 (5,2) 23,7 (3,7) ,171

NOTA: Valores apresentados em média (DP). F: feminino. M: masculino. IMC: Índice

de Massa Corpórea. DP: Desvio Padrão.

TABELA 3. Resultados das medidas do ângulo do arco longitudinal medial entre os grupos.

Variável Exercício (n=16) EENM (n=18) Controle (n=16) p

ÂSEDPRÉD 150 (144 a 155) 146 (142 a 150) 146 (140 a 151) 0,439

ÂBIPPRÉD 149 (144 a 153) 144 (140 a 148) 146 (141 a 150) 0,318

ÂSEDPÓSD 151 (147 a 155) 148 (146 a 151) 149 (146 a 153) 0,555

ÂBIPPÓSD 148 (138-159) 146 (138-158) 150 (136-155) 0,344

ÂSEDPRÉE 151 (143 a 158) 148 (145 a 151) 150 (145 a 155) 0,730

ÂBIPPRÉE 149 (142 a 155) 144 (141 a 147) 147 (142 a 152) 0,336

ÂSEDPÓSE 150 (146 a 154) 148 (147 a 150) 151 (145 a 156) 0,626

ÂBIPPÓSE 149 (145 a 153) 144 (141 a 147) 147 (143 a 151) 0,186

NOTA: Dados não paramétricos são expressos em mediana (mín-máx) e utilizado teste estatístico de Kruskal Wallis. Para dados paramétricos foi utilizado média (IC 95%) e realizado teste estatístico ANOVA. Â: Ângulo do ALM. SED: sedestação. BIP: Bipodal. PRÉ: pré-intervenção. PÓS: pós-intervenção. D: direito. E: esquerdo. Valores expressos em graus

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TABELA 4. Resultados das medidas da altura do navicular entre os grupos.

Variável Exercício (n=16) EENM (n=18) Controle (n=16) p

ANSEDPRÉD 5,0 (4,6 a 5,3) 5,0 (4,7 a 5,3) 5,2 (4,8 a 5,6) 0,520

ANBIPPRÉD 4,3 (4,0 a 4,7) 4,1 (3,8 a 4,4) 4,5 (4,0 a 5,0) 0,295

ANSEDPÓSD 5,3 (3,8-6,0) 5,0 (4,3-6,2) 5,5 (4,3-6,4) 0,595

ANBIPPÓSD 4,4 (4,1 a 4,8) 4,3 (4,0 a 4,6) 4,7 (4,3 a 5,1) 0,236

ANSEDPRÉE 5,0 (4,6 a 5,5) 4,8 (4,5 a 5,1) 5,2 (4,8 a 5,6) 0,285

ANBIPPRÉE 4,3 (4,1 a 4,7) 4,0 (3,8 a 4,3) 4,5 (4,0 a 5,1) 0,146

ANSEDPÓSE 5,1 (4,8 a 5,5) 4,9 (4,6 a 5,3) 5,3 (4,8 a 5,7) 0,408

ANBIPPÓSE 4,5 (4,2 a 4,8) 4,3 (3,9 a 4,6) 4,7 (4,2 a 5,1) 0,260

NOTA: Dados não paramétricos são expressos em mediana (mín-máx) e utilizado teste estatístico de Kruskal Wallis. Para dados paramétricos foi utilizado média (IC 95%) e realizado teste estatístico ANOVA. AN: altura do navicular. SED: sedestação. BIP: Bipodal. PRÉ: pré-intervenção. PÓS: pós-intervenção. D: direito. E: esquerdo. Valores expressos em centímetros

TABELA 5. Resultados das medidas da linha de Feiss entre os grupos.

Variável Exercício (n=16) EENM (n=18) Controle (n=16) p

LFSEDPRÉD -1,9 (-2,3 a -1,5) -1,9 (-2,2 a -1,7) -1,7 (-2,1 a -1,4) 0,662

LFBIPPRÉD* -2,0 (-2,5 a-0,5) -2,0 (-2,8 a -0,4) -1,7 (-3,4 a 1,8) 0,639

LFSEDPÓSD* -1,8 (-2,4 a 1,5) -2,0 (-3,0 a -1,1) -2,0 (-2,5 a -0,5) 0,198

LFBIPPÓSD* -1,9 (-2,5 a -0,5) -2,0 (-3,1 a -1,0) -1,7 (-2,5 a 1,8) 0,221

LFSEDPRÉE* -1,9 (-3,4 a 0,4) -2,0 (-2,6 a -0,5) -1,9 (-3,0 a 1,5) 0,298

LFBIPPRÉE* -1,8 (-3,3 a 0,3) -2,1 (-2,7 a 0,7) -1,8 (-2,7 a 2,3) 0,348

LFSEDPÓSE* -1,5 (-2,3 a 1,4) -1,8 (-3,0 a -1,4) -1,8 (-3,0 a 0,0) 0,102

LFBIPPÓSE* -1,6 (-2,3 a 1,5) -1,8 (-3,0 a -0,7) -1,9 (-3,0 a 0,0) 0,275

NOTA: *Dados não paramétricos são expressos em mediana (mín a máx) e utilizado teste estatístico de Kruskal Wallis. Para dados paramétricos foi utilizado média (DP) e realizado teste estatístico ANOVA. LF: Linha de Feiss. SED: sedestação. BIP: Bipodal. PRÉ: pré-intervenção. PÓS: pós-intervenção. D: direito. E: esquerdo. Valores expressos em centímetros

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TABELA 6. Resultados dos dados da avaliação baropodométrica estática entre os grupos.

Variável Grupo 1 (n=16) Grupo 2 (n=18) Grupo 3 (n=16) p

PMÉDPRÉD (kgf/cm²)

0,33 (0,23-0,42) 0,33 (0,25-0,42) 0,33 (0,19-0,44) 0,700

PMÉDPÓSD (kgf/cm²)

0,30 (0,23-0,42) 0,34 (0,21-0,46) 0,38 (0,17-0,53) 0,413

PMÉDPRÉE (kgf/cm²)

0,33 (0,23-0,42) 0,30 (0,20-0,50) 0,35 (0,17-0,49) 0,613

PMÉDPÓSE (kgf/cm²)

0,30 (0,19-0,43) 0,36 (0,26-0,46) 0,36 (0,16-0,58) 0,227

PMÁXPRÉD (kgf/cm²)

1,01 (0,62-1,42) 1,07 (0,69-1,58) 1,20 (0,45-1,79) 0,420

PMÁXPÓSD (kgf/cm²)

1,08 (0,57-1,54) 1,18 (0,53-1,63) 1,32 (0,52-1,69) 0,390

PMÁXPRÉE (kgf/cm²)

1,08 (0,61-1,62) 1,04 (0,48-2,15) 1,14 (0,4-1,78) 0,978

PMÁXPÓSE (kgf/cm²)

1,09 (0,52-1,69) 1,22 (0,76-1,81) 1,29 (0,43-1,71) 0,622

ACPRÉD (cm) 73,25 (63,84-

99,76) 86,13 (50,73-

136,3) 77,72 (54,72-

113,1) 0,188

ACPÓSD (cm) 80,4 (71,3 a

89,4) 90,2 (77,2 a

103,1) 84,1 (76,6 a

91,7) 0,360

ACPRÉE (cm) 72,7 (65,3 a

80,1) 86,4 (74,1 a

98,7) 76,7 (69,7 a

83,8) 0,092

ACPÓSE (cm) 77,8 (67,4 a

88,3) 87,4 (73,4 a

101,4) 78,0 (71,2 a

84,8) 0,333 RETROPÉPRÉD (%)

58% (51% a 64%)

61% (56% a 65%)

59% (55% a 63%) 0,628

RETROPÉPÓSD (%)

58% (44%-77%) 60% (39%-74%) 64% (44%-71%) 0,743

RETROPÉPRÉE (%)

64% (21%-76%) 62% (41%-83%) 58% (42%-77%) 0,840

RETROPÉPÓSE (%)

57% (49% a 64%)

62% (55% a 69%)

66% (63% a 69%) 0,094

ANTEPÉPRÉD (%)

42% (36% a 49%)

39% (35% a 44%)

41% (37% a 45%) 0,628

ANTEPÉPÓSD (%)

43% (23%-56%) 41% (26%-61%) 37% (29%-56%) 0,743

ANTEPÉPRÉE (%)

37% (24%-79%) 38% (17%-59%) 43% (23%-58%) 0,840

ANTEPÉPÓSE (%)

43% (36% a 51%)

38% (31% a 45%)

34% (31% a 37%) 0,094

ANTPRÉ (%) 40% (26%-76%) 39% (24%-52%) 41% (29%-55%) 0,855

ANTPÓS (%) 43% (37% a

48%) 38% (34% a

42%) 37% (34% a

41%) 0,173

POSTPRÉ (%) 61% (24%-74%) 61% (48%-76%) 59 (45%-71%) 0,855

POSTPÓS (%) 57% (52% a

63%) 62% (58% a

66%) 63% (59% a

66%) 0,173

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TABELA 6. Resultados dos dados da avaliação baropodométrica estática entre os grupos “continuação”.

LADODPRÉ (%) 52% (50% a

55%) 52% (50% a

54%) 52% (50% a

53%) 0,910

LADODPÓS (%) 52% (49% a

54%) 50% (47% a

52%) 52% (50% a

54%) 0,302

LADOEPRÉ (%) 48% (45% a

50%) 48% (46% a

50%) 48% (47% a

50%) 0,910

LADOEPÓS (%) 48% (46% a

51%) 50% (48% a

53%) 48% (46% a

50%) 0,302

NOTA: Dados não paramétricos são expressos em mediana (mín-máx) e utilizado teste estatístico de Kruskal Wallis. Para dados paramétricos foi utilizado média (IC95%) e realizado teste estatístico ANOVA. PMÉD: pressão média. PMÁX: pressão máxima. AC: área de contato. RETROPÉ: retropé. ANTEPÉ: antepé. ANT: anterior. POST: posterior. LADOD: membro direito. LADO E: membro esquerdo. PRÉ: pré-intervenção. PÓS: pós-intervenção. E: esquerdo. D: direito. Kgf/cm²: kilograma de força por centrímetro quadrado. cm: centímetro. %: porcentagem

TABELA 7. Resultados dos dados da avaliação estabilométrica entre os grupos.

Variável Exercício (n=16) EENM (n=18) Controle (n=16) p

OSCAPPRÉE 1,779 (1,049-

2,853) 1,486 (0,967-

3,671) 1,662 (0,881-

3,819) 0,391

OSCAPPÓSE 2,658 (1,084-

8,394) 1,803 (0,984-

8,590) 1,912 (1,041-

3,019) 0,344

OSCAPPRÉD 1,781 (0,963-

4,720) 1,889 (0,888-

3,223) 1,634 (0,983-

2,933) 0,967

OSCAPPÓSD 2,331 (1,177-

8,258) 1,765 (0,875-

6,048) 1,790 (0,697-

4,141) 0,200

OSCAPPRÉG 1,667 (0,922-

3,164) 1,491 (0,713-

2,622) 1,379 (0,783-

3,052) 0,567

OSCAPPÓSG 2,042 (0,824-

5,956) 1,435 (1,140-

7,033) 1,559 (0,695-

3,084) 0,242

OSCLLPRÉE 0,271 (0,128-

0,617) 0,252 (0,129-

0,770) 0,291 (0,139-

0,875) 0,603

OSCLLPÓSE 0,362 (0,098-

2,415) 0,336 (0,100-

2,439) 0,330 (0,172-

0,941) 0,992

OSCLLPRÉD 0,301 (0,126-

0,608) 0,297 (0,102-

0,880) 0,299 (0,125-

1,381) 0,963

OSCLLPÓSD 0,365 (0,187-

1,039) 0,342 (0,089-

14,104) 0,360 (0,163-

0,922) 0,663

OSCLLPRÉG 0,828 (0,503-

2,218) 1,002 (0,386-

3,037) 0,850 (0,514-

2,621) 0,877

OSCLLPÓSG 1,102 (0,599-

3,725) 1,027 (0,462-

9,518) 1,035 (0,621-

3,922) 0,889

NOTA: Dados expressos em mediana (mín-máx) e utilizado teste estatístico de Kruskal Wallis. OSC: Oscilação. AP: antero-posterior. LL: latero-lateral. PRÉ: pré-intervenção. PÓS: pós-intervenção. E: esquerdo. D: direito. G: corpo. Os valores são expressos em centímetros

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TABELA 8. Resultados dos dados da avaliação baropodométrica dinâmica entre os grupos.

Variável Exercício (n=16) EENM (n=18) Controle (n=16) p

PMÉDPRÉE (kgf/cm²)

1,11 (0,89-1,90) 1,08 (0,70-1,89) 1,10 (0,72-1,69) 0,722

PMÉDPÓSE (kgf/cm²)

1,14 (0,83-1,54) 1,12 (0,82-1,65) 1,16 (0,84-1,49) 0,955

PMÉDPRÉD (kgf/cm²)

1,18 (0,83-1,88) 1,06 (0,70-1,61) 1,12 (0,73-1,57) 0,803

PMÉDPÓSD (kgf/cm²)

1,20 (1,07 a 1,33) 1,24 (1,11 a 1,38) 1,19 (1,08 a 1,30) 0,784

PMÁXPRÉE (kgf/cm²)

2,56 (1,85-4,48) 2,46 (1,73-4,52) 2,71 (2,06-4) 0,994

PMÁXPÓSE (kgf/cm²)

2,71 (2,06-4,35) 2,55 (1,98-4,28) 2,91 (2,15-4,74) 0,790

PMÁXPRÉD (kgf/cm²)

2,66 (2,04-4,54) 2,54 (2,15-3,84) 2,61 (1,91-3,65) 0,707

PMÁXPÓSD (kgf/cm²)

2,96 (2,66 a 3,27) 3,10 (2,69 a 3,52) 2,90 (2,67 a 3,13) 0,651

DPPRÉE (ms) 790 (610-1050) 767,5 (680-2110) 750 (590-1570) 0,511

DPPÓSE (ms) 772,5 (722,6 a

822,4) 821,7 (778,3 a

865,0) 790 (723,3 a

856,7) 0,373

DPPRÉD (ms) 799,4 (744,8 a

854,0) 851,1 (781,7 a

920,5) 788,8 (723,9 a

853,6) 0,290

DPPÓSD (ms) 760,6 (712,3 a

808,9) 849,4 (772,4 a

926,5) 797,50 (736,8 a

858,2) 0,122

ACPRÉE (cm²) 785 (620-1010) 106,29 (67,86-

140,94) 90,48 (73,66-

121,22) 0,269

ACPÓSE (cm²) 92,97 (83,34 a

102,59) 106,76 (94,22 a

119,31) 96,02 (87,41 a

104,63) 0,126

ACPRÉD (cm²) 92,63 (71,34-

143,26) 105,56 (72,50-

153,12) 95,70 (80,04-

132,82) 0,186

ACPÓSD (cm²) 90,77 (76,95-

144,42) 105,13 (75,40-

161,24) 102,37 (76,56-

131,08) 0,418

NOTA: Dados não paramétricos são expressos em mediana (mín-máx) e utilizado teste estatístico de Kruskal Wallis. Para dados paramétricos foi utilizado média (IC95%) e realizado teste estatístico ANOVA. PMÉD: pressão média. PMÁX: pressão máxima DP: duração do passo. AC: área de contato. PRÉ: pré-intervenção. PÓS: pós-intervenção. E: esquerdo. D: direito.

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36

TABELA 9. Resultados dos dados da dinamometria manual do flexor longo do hálux entre os grupos.

Variável Exercício (n=16) EENM (n=18) Controle (n=16) p

DMPRÉD (kg) 5,7 (2,2-12,5) 4,1 (2,0-8,3) 5,4 (2,4-25,9) 0,174

DMPÓSD (kg) 5,6 (2,4-15,5) 4,9 (2,8-9,5) 5,9 (1,9-27,9) 0,587

DMPRÉE (kg) 4,7 (1,8-11,2) 4,5 (2,6-6,2) 3,7 (1,4-23,5) 0,539

DMPÓSE (kg) 6,0 (2,7-15,3) 5,1 (2,7-8,8) 5,2 (1,4-30,0) 0,399

NOTA: Dados expressos em mediana (mín-máx) e utilizado teste estatístico de Kruskal Wallis. DM: dinamometria manual. PRÉ: pré-intervenção. PÓS: pós-intervenção. E: esquerdo. D: direito.

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37

5. DISCUSSÃO

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38

No presente estudo, a adição da EENM ao exercício não se mostrou superior

ao exercício isolado e ao grupo controle para as análises do ALM, pressões

estáticas e dinâmicas, oscilações corpóreas e força do músculo flexor longo do

hálux.

Esse é o primeiro estudo, com metodologia mais acurada para minimizar

riscos de viés para utilização da EENM e o exercício para alterações no pé em

indivíduos assintomáticas, o que demonstra os reais efeitos produzidos por esse

trabalho que ganha força na literatura e prática clínica atual.

A motivação para esse estudo derivou das dúvidas clínicas quanto a

utilização do recurso de EENM adicionada aos exercícios, além de evidenciar

clinicamente o paradigma para a reabilitação proposto por McKeon et al (11) e as

recomendações clínica propostas por McKeon et al (18), visto não existir estudos com

alto poder metodológico e baixo risco de viés, tornando-se necessário a realização

de um estudo nesse formato.

Com uma amostra de conveniência de 21 participantes, Mulligan et al (38)

demonstram melhoras em testes do ALM e equilíbrio dinâmico após programa

domiciliar de quatro semanas de exercícios para os músculos intrínsecos do pé, com

evolução da demanda postural controlada pelo participante.

Esses dados não corroboram com os achados atuais, visto não encontrarmos

diferenças nas mensurações do ALM após o período de intervenção, porém

podemos destacar que no trabalho de Mulligan et al (38) não houve um grupo de

comparação para identificarmos se essas alterações são melhores do que não

realizar nenhuma atividade.

Em outra série de casos com amostra de conveniência de 12 homens

saudáveis, Hashimoto et al (39) avaliam o comprimento do ALM e do arco transverso,

a força dos músculos intrínsecos após programa de oito semanas com 200

repetições ao dia, três vezes por semana com uma carga de três quilos para os

músculos intrínsecos e demonstram aumento da força e diminuição do comprimento

dos arcos, achados que não vão de encontro com o estudo, onde não foram

encontradas alteração da força do músculo extrínseco FLH e sem alterações nas

mensurações do ALM.

O estudo de Hashimoto et al (39) apresenta algumas falhas metodológicas

como não ter grupo de comparação, não destacar o cegamento do avaliador e não

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39

deixar clara a forma de avaliação da força muscular, o que pode influenciar na

confiabilidade dos resultados do estudo.

O trabalho que mais chama atenção é o estudo de Kelly et al (19), onde iniciam

o despertar da literatura para a capacidade dos músculos intrínsecos controlar o

ALM e a eficácia da EENM em auxiliar nesse processo. Com a utilização de corrente

contínua e eletroestimulando o AbH, FCD e QP identificam alterações momentâneas

na AN e comprimento do ALM mensuradas através de cinemática 3D, despertando a

capacidade dos músculos intrínsecos em controlar a rigidez e deformação do ALM.

Clinicamente, durante a utilização da EENM é possível identificar alterações na

estrutura do pé, porém isso não é comprovado de forma cientifica após protocolo de

EENM, como identificado neste estudo. O trabalho de Kelly et al (19) é um estudo

laboratorial, portanto seus resultados não podem ser utilizados com propriedade

para intervenção, devendo ser utilizado como base para trabalhos clínicos futuros,

como este.

Ebrecht et al (41), com trabalho melhor desenhado metodologicamente, porém

com uma alocação desproporcional entre os três grupos, não encontram diferenças

significativas entre os desfechos analisados, como AN, área de secção transversa

do AbH e fadiga, avaliado pelo AN. Além disso, não fica clara a utilização da EENM,

pois os pacientes não realizaram exercícios durante a aplicação, o que torna ineficaz

sua utilização.

A utilização da EENM em músculos saudáveis é um tema controverso na

literatura, estudos demonstram que associar a EENM ao exercício é mais eficaz que

o exercício isolado (47-49), enquanto que outros trabalhos não demonstram diferenças

entre ambos (50-51). Uma revisão sistemática com meta-análise não demonstrou

diferenças entre exercícios voluntários e exercícios associados à EENM, concluindo

que a EENM não adiciona efeitos ao fortalecimento de músculos saudáveis (52).

A hipótese dos resultados semelhantes entre ambas intervenções em

indivíduos saudáveis pode ser o fato dessa população não apresentar alterações

neurais ou no trofismo muscular, sendo os dois sistemas alvos da utilização da

EENM, portanto, não acrescentando efeitos a um sistema integro (53-54).

O treinamento do músculo tibial posterior e flexor longo do hálux foi realizado

em cadeia cinética aberta em nosso protocolo, porém as mensurações do ALM são

realizadas em cadeia cinética fechada e a função desses músculos diferem nas

Page 50: Deformação do arco longitudinal medial em participantes ... · fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego Dissertação apresentada ao curso

40

cadeias cinéticas, sendo mais funcional o seu treinamento em cadeia cinética

fechada ou na forma utilizada para o desfecho analisado.

Em relação aos músculos intrínsecos, mesmo com a evolução dos seus

exercícios para formas mais funcionais, ainda podemos fazer críticas ao seus

fortalecimento, visto grande parte dos músculos estarem ativos a partir de 40% do

ciclo da marcha (início da fase de impulso da marcha), onde temos o

desprendimento do calcanhar em relação ao solo e inicia a extensão dos dedos,

porém o exercício de shoort-foot trabalha esses músculos somente com o pé todo

no solo, deixando de trabalha-los quando o calcanhar deixou de ter contato com o

solo e quando os dedos estão em extensão, sendo nessa fase o momento onde

esses músculos contribuem juntamente com a fáscia plantar para a elevação do

ALM (55).

A frequência de treinamento é um ponto importante a ser discutido frente ao

estudo, visto ser realizado fortalecimento muscular duas vezes por semana, porém a

literatura é controversa quanto a frequência ideal de exercícios para ganho de força

muscular. Uma recente revisão sistemática com meta-análise fez análise de

subgrupos e identificou que a frequência de treinamento produzia melhores

resultados para exercícios multiarticulares, de membros superiores, para adultos

jovens e para o sexo feminino, não possuindo relação da frequência com o ganho de

força para exercícios uniarticulares, dos membros inferiores, para uma população

adulta de meia idade e idosos e sexo masculino (56).

Com base nos dados da revisão sistemática previamente mencionada e

analisando nosso estudo, não é possível concluir que a frequência de duas vezes

por semana de treinamento foi equivocada. A população estudada – adultos jovens

– e o sexo feminino, que representa 74% da nossa amostra estudada, seriam

beneficiados de um aumento da frequência de treinamento semanal, porém a

utilizamos exercícios uniarticulares e de membros inferiores, e esse subgrupo não

demonstrou efeitos positivos quando expostos a uma frequência semanal maior de

treinamento (56).

Algumas limitações podem ser identificadas no presente estudo como não

classificar os diferentes tipos de pés nos participantes – normal, pronado e supinado

– porém não existem dados de normalidade para a população estudada, os dados

existentes são de uma coorte dinamarquesa (42), o que difere em etnia e

Page 51: Deformação do arco longitudinal medial em participantes ... · fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego Dissertação apresentada ao curso

41

antropometria, podendo influenciar os resultados. Outra limitação é não utilizar

medidas dinâmicas para o ALM, porém mensurações em apoio unipodal não

apresentam confiabilidade, mas poderiam ser utilizadas mensurações durante

marcha, corrida e atividades de maior demanda corporal, mas isso requer recursos

tecnológicos, o que encarece o estudo. Com esse tipo de intervenção, não se torna

possível o cegamento do fisioterapeuta e do paciente, visto ser técnicas ativas,

tornando-se inviável o cegamento.

Os resultados encontrados podem servir como base para futuros estudos,

voltados para população sintomática, onde demonstrou-se nenhuma adição da

EENM no ALM, pressões plantares estáticas e dinâmicas e força muscular, portanto,

visando economia em gastos e tempo, não se torna necessário a utilização de um

grupo EENM, a não ser que esse seja o objetivo do estudo.

No atual estudo não foi realizado a análise intra-grupo por não fazer parte do

objetivo do estudo, além de não ter validade quando a análise inter-grupos não

apresentou diferenças estatisticamente significante, mostrando que as intervenções

não diferem entre si.

Estudos futuros devem concentrar-se no controle motor desses músculos, ou

seja, devem ser ativos no momento certo – fase de apoio e impulso da marcha e

corrida – e as intervenções devem ser voltadas para isso também. Exercícios que

envolvam sua contração nessas fases e com interação com os músculos do tríceps

sural devem ser o alvo das terapêuticas voltadas para o pé e tornozelo, visto serem

importantes na estabilização do pé, servindo como alavanca rígida para a ação do

tríceps sural. Além disso, deve-se diminuir a atenção quanto a sustentação do ALM,

principalmente estática e focar na sua de deformação dinâmica, sendo que a

deformação deve ocorrer, porém de forma controlada e não duradoura, senão levará

a sobrecargas locais e globais.

O fortalecimento desses músculos deve ser estudado em pacientes

sintomáticos para as disfunções do pé e tornozelo e até mesmo como incremento

para lesões dos membros inferiores como um todo, visto alterações proximais

influenciarem seguimentos distais, sendo o inverso verdadeiro também. Porém, os

desfechos dos trabalhos devem ser melhores analisados e projetados pelos

pesquisadores, permitindo o envolvimento do paciente e do público na pesquisa,

garantindo que o desenho de pesquisa seja relevante, de forma a avaliar realmente

Page 52: Deformação do arco longitudinal medial em participantes ... · fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego Dissertação apresentada ao curso

42

os desfechos importantes aos pacientes e não somente de interesse dos

pesquisadores (57).

Page 53: Deformação do arco longitudinal medial em participantes ... · fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego Dissertação apresentada ao curso

43

6. CONCLUSÃO

Page 54: Deformação do arco longitudinal medial em participantes ... · fortalecimento muscular com e sem corrente russa: ensaio clínico randomizado cego Dissertação apresentada ao curso

44

O protocolo de fortalecimento muscular dos músculos intrínsecos e

extrínsecos do pé associados ou não a corrente russa não promoveu benefícios

para o ALM, pressões plantares estáticas e dinâmicas, oscilação no plano frontal e

sagital e na força muscular do FLH em indivíduos assintomáticos.

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7. ANEXOS

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7.1. Anexo 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Sr(a)__________________________________________________________

Você está sendo convidado (a) a participar como voluntário (a) da pesquisa

intitulada “A eficácia de um protocolo de fortalecimento muscular do pé sobre a

capacidade de controlar a deformação do arco longitudinal medial” a ser realizada

por André Setti Persiane; trata-se de um trabalho de dissertação de mestrado, do

Curso de pós-graduação em Pesquisa em Cirurgia da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (FCMSCSP), sob orientação

da Profa. Dra. Vera Lúcia dos Santos Alves. O objetivo dessa pesquisa é avaliar a

influência da eletroestimulação neuromuscular associada ou não ao fortalecimento

muscular para a sustentação do arco longitudinal medial em pacientes

assintomáticos. A altura do ALM será avaliado através da, altura do navicular, linha

de Feiss e ângulo da ALM. Será avaliada as pressões estáticas e dinâmicas através

da baropodometria e a força muscular do flexor longo do hálux. Será aplicada

também uma ficha de avaliação com dados sobre peso, altura, idade, gênero,

profissão, histórico de lesões músculo-esqueléticas e neurológicas.

Sua participação não é obrigatória, e a qualquer momento você poderá

desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum

prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a Instituição.

Não há riscos previstos para esta pesquisa, em caso de dano pessoal,

diretamente causado pelos procedimentos ou tratamentos propostos neste estudo, o

participante tem direito a tratamento médico, bem como às indenizações legalmente

estabelecidas. Após o término da pesquisa, os participantes receberão uma cartilha

de orientações e exercícios para realizar no dia-a-dia.

O pesquisador responsável é o André Setti Persiane que pode ser encontrado

na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, situada na Rua Dr. Cesário

Mota Jr., 112 – Vila Buarque, CEP 01221-020 - São Paulo/SP, pavilhão Fernandinho

Simonsen, sala 28, ou pelo telefone celular (11) 97168-5307, que fica a sua

disposição qualquer fase do estudo. A Profa. Dra. Vera Lúcia dos Santos Alves pode

ser encontrada no mesmo endereço, ou pelo número (11) 99970-7013.

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Não há nenhum custo ou qualquer tipo de pagamento por sua participação.

Seus dados serão estudados juntamente com os de outros voluntários; dessa

maneira está garantido o sigilo, impossibilitando sua identificação. O pesquisador se

compromete a utilizar os dados e materiais coletados somente nesta pesquisa.

Acredito ter sido suficientemente informado (a) a respeito das informações

que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo: “A eficácia de um

protocolo de fortalecimento muscular do pé sobre a capacidade de controlar a

deformação do arco longitudinal medial”. Eu discuti com o aluno André Setti

Persiane, orientado pela Profa. Dra. Vera Lúcia dos Santos Alves sobre minha

decisão de participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os

propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, os desconfortos e

riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou

claro também que minha participação é isenta de despesas. Concordo

voluntariamente em participar desta pesquisa e poderei retirar o meu consentimento

a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízos ou

perdas de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento

nesse serviço.

São Paulo, ____/____/____

Assinatura do sujeito da pesquisa: __________________________________

Assinatura datestemunha:_________________________________________

Para casos de voluntários, analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de deficiência auditiva ou visual.

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.

André Setti Persiane:_____________________________________________

Prof. Dra. Vera Lúcia dos Santos Alves:______________________________

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7.2. Anexo 2. Ficha de coleta de dados

FICHA DE AVALIAÇÃO

Nº da ficha: _______

Nome:_______________________________________________DN: / /

Idade: __________ Gênero: ( ) M ( ) F Pé dominante: ( ) D ( ) E

Peso:________ Altura: ________ Tamanho do pé: _______

Cirurgia nos MMII: ( ) Sim ( ) Não Data: ___/___/____ Lesões prévias nos pés/tornozelos: ( ) Sim ( ) Não Data: ___/___/____ Lesões prévias nos joelhos: ( ) Sim ( ) Não Data: ___/___/____ Lesões prévias no quadril: ( ) Sim ( ) Não Data: ___/___/____ Lesões no aparelho locomotor: ( ) Sim ( ) Não Data: ___/___/____ Distúrbios cardíacos: ( ) Sim ( ) Não Data: ___/___/____ Distúrbios neurológicos: ( ) Sim ( ) Não Data: ___/___/____ Medicamentos:________________________________________________________

DESTINADO AO AVALIADOR

Ângulo do calcâneo: Direito: _______ º Esquerdo: _______º

AVALIAÇÃO ARCO LONGITUDINAL MEDIAL Avaliação 1

Pé Direito Esquerdo

Posição Bipodal Unipodal Bipodal Unipodal

Ângulo da APM (º)

Altura do Navicular (cm)

Linha de Feiss (cm)

Ângulo da APM: ângulo formado pela cabeça do primeiro metatarso, tuberosidade do navicular e centro do maléolo

medial. Altura do Navicular: distância perpendicular entre o piso e a tuberosidade do navicular. Linha de Feiss: mensurar a

distância perpendicular em centímetros entre o tubérculo do navicular e a linha formada entre o centro do maléolo medial e a

cabeça do primeiro metatarso. Navicular acima da linha, media é considerada positiva. Navicular abaixo da linha, medida

considerada negativa.

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Avaliação 2

Pé Direito Esquerdo

Posição Bipodal Unipodal Bipodal Unipodal

Ângulo da APM (º)

Altura do Navicular (cm)

Linha de Feiss (cm)

Teste Arco baixo severo

Arco baixo Normal Arco alto Arco alto severo

AN (cm) <2.7 2.7 à 3.5 3.6 à 5.5 5.6 à 6.4 > 6.4

LF (cm) < -3.3 -3.3 à -2.5 -2.6 à -1.2 -1.3 à -0.4 > -0.4

AAPM (º) <121 121 à 130 131 à 152 153 à 162 >162

Teste Muito flexível

Flexível Normal Rígido Muito rígido

AN (cm) > 2.3 2.3 à 1.8 1.8 à 0.6 0.6 à 0.0 < 0.0

LF (cm) > 1.3 1.3 à 0.9 0.9 à -0.1 -0.1 à -0.6 < -0.6

AAPM (º) >19 19 à 13 13 à -1 -1 à -7 < -7

BAROPODOMETRIA

Avaliação Estática

Avaliação Avaliação 1 Avaliação 2

Direito Esquerdo Direito Esquerdo

Pressão média

Pressão máxima

Área de contato

Distribuição de massa

Avaliação 1 Avaliação 2

Direito Esquerdo Direito Esquerdo

Retropé

Antepé

Anterior

Posterior

Direito

Esquerdo

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Oscilação Avaliação 1 Avaliação 2

Ântero-Posterior

Latero-lateral direito

Latero-lateral esquerdo

Avaliação Dinâmica

Avaliação 1

Pressão média

Pressão máxima

Tempo de contato

Duração do passo

Superfície

Avaliação 2

Pressão média

Pressão máxima

Tempo de contato

Duração do passo

Superfície

DINAMOMETRIA MANUAL

Avaliação 1 Avaliação 2

Tentativa Direito Esquerdo Direito Esquerdo

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LISTAS E APÊNDICE

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Apêndice 1

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Apêndice 2