Def auditiva7 a

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uma abordagem de (Des)Envolvimento

Deficiência auditiva:

Agrupamento de Escolas de Mealhada

Conselho de turma 7ºA9 de novembro de 2011

Docente de Educação Especial: Lúcia Ferreira

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Sumário:Breve abordagem teórica acerca da problemática da surdez.

Consequências da surdez na leitura e escrita do surdo.

Estratégias a implementar no trabalho escolar.

Sugestões no domínio da intervenção pedagógica.

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“A audição é a via fundamental através da qual a criança desenvolve normalmente a fala e a linguagem e que é a base de muitas aprendizagens posteriores. As alterações da audição podem causar, em qualquer idade, problemas de comunicação...

Bautista, R. (1997)

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“…o ouvido desempenha a função mais importante que os órgãos da fala…” Sousa, 2011

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Conceito

Deficiência auditiva é o nome utilizado para indicar perda de audição ou diminuição na capacidade de escutar os sons. Qualquer problema que ocorra em algumas das partes do ouvido pode levar a uma deficiência na audição.

Podemos considerar surdo o indivíduo que tem uma perda auditiva ... e que dificilmente adquirirá a linguagem oral sem um trabalho/treino específico para utilização da audição residual e da fala.

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CausasCausas congénitas:

Hereditárias As síndromes geneticamente determinadas

Pré-natais (durante a gestação)

Desordens genéticas, consangüinidade, doenças infecto-contagiosas (como a toxoplasmose, a sífilis e a rubéola), uso de drogas e álcool pela mãe,

desnutrição ou carência alimentar materna, hipertensão ou

diabetes durante a gestação e exposição à radiação.

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Peri-natais (durante o nascimento)

Anóxica (falta de oxigenação), prematuridade, traumas do parto, estrangulamento de cordão umbilical, icterícia grave no recém-nascido e infecção hospitalar.

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Pós-natais (depois do nascimento)

Infecções (como meningite, sarampo, otites…), o uso de medicamentos ototóxicos em excesso e sem

orientaçãomédica, a exposição excessiva a

ruídose a sons muito altos (Pair), o traumatismo craniano e o trauma acústico (surdez causada por pancada

na região da orelha, estouro de uma

bomba ou tiro próximo do ouvido)

Causas adquiridas:

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Categorias

Condutiva: causada por um problema localizado no ouvido externo e/ou médio, que tem por função "conduzir" o som até o ouvido interno.

Neurossensorial: decorrente de lesão no ouvido interno. Neste caso há uma diminuição na capacidade de receber os sons, provocada por um problema no mecanismo de percepção do som desde o ouvido interno até o cérebro.

Mista: quando o problema está localizado em ambos os mecanismos numa mesma pessoa.

Central: Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no Sistema Nervoso Central.

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Surdez ligeira - entre 20 e 40 dB

Surdez média/moderada - entre 40 e 60 dB

Surdez severa - entre 60 e 90 dB

Surdez profunda -90 a 100 dB

GRAUS DE PERDA AUDITIVA

Classificação BIAP (Bureau International d’Audiophonologic)

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Categorias

Surdez ligeira: o aluno apresenta uma perda de 20 até 40 dB, não percebe todos os fonemas das palavras, é considerado desatento e solicita com frequência a repetição do que lhe dizem. A deficiência não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá causar algum problema de articulação ou dificuldade na leitura e escrita.

Surdez média/moderada: o aluno apresenta uma perda auditiva de 41 a 55 dB, é necessária uma voz de certa intensidade para que seja percebida, ao telefone não escuta com clareza, trocando muitas vezes a palavra ouvida por outra foneticamente semelhante (pato/rato). Nesse caso é frequente o atraso da linguagem.

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Surdez severa: o aluno apresenta uma perda auditiva entre 60 e 90 dB. Já não escuta sons importantes do dia-a-dia (o telefone tocar, a campainha, a televisão. Percebe, mas não entende a voz humana, não distingue os sons (fonemas) da fala. A compreensão verbal vai depender em grande parte da aptidão para utilizar a percepção visual (leitura labial).

Surdez profunda: o aluno apresenta uma perda auditiva acima de 91 dB, não percebe nem identifica a voz humana, impedindo que adquira a linguagem oral. Escuta apenas os sons graves que transmitem vibração (trovão, helicóptero). Esta perda é considerada muito grave e necessita de intervenção especializada desde a mais tenra idade para que possa adquirir a linguagem oral.

Anacusia: é a falta total de audição.

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IMPLANTE COCLEAR

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É uma prótese auditiva ativada por estimulação elétrica que tem por objetivo codificar os sons e a fala de forma a que o sistema nervoso central os possa detetar e implantar.

O processo de reabilitação é a fase mais prolongada do processo (ex: terapia da fala, ambientes potenciadores de desenvolvimento de linguagem…).

IMPLANTE COCLEAR

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A criança surda implantada apesar de ter mais possibilidades de desenvolvimento linguístico oral do que os surdos profundos aparelhados, continua a ser surda.

IMPLANTE COCLEAR

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Depende de vários fatores:

Tipo;Grau;Surdez pré-linguística

ou pós-linguística.

CONSEQUÊNCIAS DA SURDEZ NA

LINGUAGEM E NO COMPORTAMENTO

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Procedimentos Educacionais

Há várias metodologias específicas no ensino de surdos: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo.

Oralismo: tem como objetivo a integração da criança surda com os ouvintes, propondo o desenvolvimento da língua oral. Este método valoriza a utilização de próteses na reeducação auditiva, inclusive na dos surdos profundos, paraestimular os resíduos auditivos através da amplificação dos sons. A aprendizagem da fala é ponto central e para desenvolvê-la algumas técnicas específicas são utilizadas, são elas:

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Treino auditivo: estimulação auditiva para reconhecimento e discriminação de ruídos, sons ambientais e sons da fala.

Desenvolvimento da fala: exercícios para a mobilidade e tonicidade dos órgãos envolvidos na fonação (lábios, mandíbula, língua) e exercícios de respiração e relaxamento.

Leitura labial: treino para a identificação da palavra falada por outra pessoa por meio dos movimentos dos lábios (leitura labial) aliados à expressão facial. Alguns obstáculos da leitura labial: deficiência visual, distância, posição de quem fala, má articulação, fonemas homorgânicos, entre outros.

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Opções Educativas

Comunicação Total: defende a ideia de que o surdo pode e deve utilizar todas as formas de comunicação (gestos naturais, português sinalizado, Língua Gestual Portuguesa – LGP, alfabeto datilológico, fala, leitura labial, leitura e escrita) para desenvolver-se lingüisticamente. Possui flexibilidade no uso de comunicação oral e gestual.

Bilinguismo: esta abordagem assume a LGP como a primeira língua do surdo, devendo ser aprendida o mais cedo possível para depois ter contato com a segunda língua - o idioma (língua) oficial do país – a Língua Portuguesa. Essa corrente defende o uso das duas Línguas no processo educacional da pessoa surda.

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IntervençãoLíngua Gestual PortuguesaÉ o idioma utilizado pelos surdos. Língua de modalidade gestual-visual (porque utiliza a visão para captar a mensagem e movimentos das mãos e expressões corporal e facial para se comunicar) que possui estrutura e gramática própria, tendo a mesma denominação e status da língua oral-auditiva (sistema fonológico representado pelos fonemas de uma língua, concretizados pela articulação dos sons da fala). A Língua Gestual não é uma língua universal.

LGP ≠ alfabeto gestual

O intérprete de LGP tem a função de facilitar a comunicação entre o estudante surdo, o professor e os outros estudantes da turma, interpretando a mensagem recebida em Língua Portuguesa oral e/ou escrita e convertendo-a em LGP e vice-versa.

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Leitura e escrita…

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• A leitura inicia-se da mesma forma na criança surda e ouvinte, porém com uma série de diferenças substanciais à partida: Pobreza de vocabulário pelo déficit

linguístico; Escasso conhecimento da estrutura

sintáctica; Dificuldades de acesso ao código

fonológico; Limitação da capacidade de antecipação,

de inferência e de organização.

• Os surdos dominam a mecânica da leitura mas sem compreensão do que lêem…

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• Desenvolvimento da leitura ideovisual (logótipos, anúncios, cartazes, televisão…).

• Recurso à leitura a partir da experiência da criança, vinculando-a à vida diária (ex: escrever e interpretar pequenas frases/textos de acordo com as suas vivências, adaptar textos com redução/adequação de vocabulário…).

• Ativar ideias e conhecimentos prévios• Acompanhar o texto de representações gráficas • Selecionar textos adequados ao seu nível de

compreensão (aumento gradual do grau de exigência). • Reforçar a descriminação da composição das

palavras• Acompanhar os textos de glossários• Refletir sobre os processos implicados na leitura• Usar a LGP

ESTRATÉGIAS

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• Frases muito simples e curtas.• As frases têm mais palavras de conteúdo

(nomes e verbos) do que palavras de função (artigos, preposições, conjunções…).

• Grande pobreza de vocabulário.• Uso inadequado de tempos nas frases.• Erros de concordância, de género, número e

pessoa.• Muitas dificuldades no uso de frases

compostas.

CARACTERÍSTICAS DA ESCRITA DO SURDO

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Uso escasso de pronomes.

Falta de coordenação de ideias.

Uso incorrecto dos sinais de pontuação.

Frases estereotipadas.

Erros frequentes de omissão, substituição, adição e troca da ordem das palavras.

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“Eu chamar Telefonar bombeiro vai chegar as pessoas andar o fogo.” (aluno, 15 anos)

= Vou chamar o bombeiro pelo telefone e vão chegar pessoas para apagar o fogo.

ALGUNS EXEMPLOS:Escrever: Para quê? Para quem?

Como?

“Bom dia! Sim, falto porque exame também apresentar. Desculpa, esqueço disser.” (Formador, adulto)

= Bom dia! Sim, falto, porque tenho exame e vou apresentar um trabalho. Desculpa, esqueci-me de dizer.

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Matemática…

Os problemas devem-se mais à privação experiencial, problemas comunicativos e linguísticos, escassez de trabalho nesta área e tarefas muitas vezes simplificadasAs capacidades cognitivas melhoram sempre que não há componentes verbaisDificuldades derivadas da competência linguística: contagem em ordem inversa, conceitos de oposição, igualdade, semelhança, maior ou menor que… e nos enunciados matemáticosDificuldades na localização espacio-temporal derivadas do déficit auditivo

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Adquirem o número natural mais lentamenteNão tem problemas com a adição mas revelam dificuldades na subtraçãoNos enunciados dos problemas tendem a sobre simplificar, ignorar formas linguísticas, enganar-se com as palavras-chave e desconhecem as orações condicionaisTendem a fazer adições sucessivas

em vez de multiplicaçõesTêm dificuldade com a representação

gráfica das formas geométricas e em associá-las ao ambiente

CARACTERÍSTICAS DO ALUNO SURDO NA ÁREA DA MATEMÁTICA

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Sugestões…Ensinar os diferentes significados de termos matemáticosTrabalhar o conceito de subtração como o inverso da somaPersonalizar a explicação oral do enunciado ou destacar conceitos chave do problemaPedir para rever o problema e a soluçãoEnsinar explicitamente o vocabulário geométrico, manipulando  objetos e relacionando com o mundo realTrabalhar com padrões geométricos, permite a percepção de regularidades e a compreender o que é ritmo (conceito importantíssimo para a noção de tempo);Os padrões geométricos permitem “visualizar” o ritmo, percebendo os conceitos de duração e sucessão e estabelecer relações entre eles

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Ao serem capazes de descobrir como será a figura seguinte, os alunos estarão utilizando experiências anteriores, realizando uma abstração.Utilizar vistas de objetos como: o mapa de uma cidade, a planta de uma residência e o desenho de um trajeto …, pois auxiliam no desenvolvimento da percepção espacial, comunicação visual e etc.

O Ensino da Geometria 1) desenvolve a coordenação visuo-motora; 2) Contribui para a criança adquirir senso de organização e orientação espacial; 3) Auxilia na leitura e compreensão de gráficos, mapas e outras informações típicas da nossa sociedade.

Introduzir jogos cooperativos no ensino de geometriaNão eliminar um conteúdo a prioriUsar apoio visual

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Adaptações curriculares

a)Adaptações Metodológicas e Didáticas ( Incidem sobre agrupamentos de alunos, nos métodos, nas técnicas e estratégias de ensino-aprendizagem, na avaliação e nas atividades programadas)

b)Adaptações nos Conteúdos Curriculares no Processo Avaliativo ( São adaptações individuais dentro da programação regular, considerando os objetivos, os conteúdos e os critérios de avaliação para responder às necessidades do aluno)

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Os professores devem fornecer ao aluno informação escrita focando os pontos essenciais de cada uma das áreas curriculares:

Capítulo da matéria. Referência a uma aula específica. Registos escritos no quadro. Suporte visual. Resumos e/ou esquemas da matéria. Imagens. Expressões corporais e faciais …

Adaptações Metodológicas e Didáticas

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Falar de forma clara, com boa dicção, lentamente, mas evitando um discurso monótono.

Usar novos vocábulos (sinónimos) quando o aluno não percebe uma palavra.

Dar mais tempo para a realização das tarefas e/ou tarefas mais reduzidas.

No que respeita aos trabalhos de casa, cada professor deve assegurar se o aluno entendeu claramente a tarefa a realizar e se a registou no caderno.Mais tempo na realização das fichas de avaliação.Apoio na interpretação das perguntas.Ensinar comportamentos de cariz social.

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Valorização de atitudes na sala de aula.Colocar o aluno ao lado de um colega que o possa orientar a copiar do quadro, quando o docente de Educação Especial não está na aula.

Posicionar o aluno na sala de aula de frente para o professor (1ª ou 2ª carteira), afastado de zonas mais “ruidosas” e nunca de frente para a luz. Introduzir atividades individuais complementares para o aluno alcançar os objetivos comuns aos demais colegas.

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Adaptações nos Conteúdos Curriculares no Processo Avaliativo

Eliminar atividades que não beneficiem o aluno ou que restrinjam a sua participação ativa.Introduzir objetivos intermédiosSuprimir objetivos e conteúdos curriculares que não possam ser alcançados pelo aluno, não comprometendo, contudo as competências gerais de ciclo.Cada docente deve realizar uma planificação geral com as adequações curriculares individuais e as condições especiais de avaliação em matriz usada no Agrupamento.

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As fichas de avaliação e/ou fichas de trabalho devem ser adaptadas com questões diretas e objetivas, com glossário se necessário, com recurso à imagem, exercícios de escolha múltipla e de verdadeiro/falso...Os textos para interpretação devem ser criteriosamente selecionados e adaptados com glossário.Nas respostas abertas, o aluno não deverá ser penalizado por erros de forma na escrita (falta de partículas de ligação na frase, falta de concordância sujeito - predicado ...). Deve evitar-se formulação de questões do tipo (identifica, relaciona, interpreta) substituindo-as por outras mais simples para que o aluno saiba claramente o que se pretende.

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Utilizar todas as possibilidades sensoriais do alunoFacilitar todo tipo de possibilidades expressivasUsar a linguagem escrita para a aprendizagem do oralUsar a linguagem com diferentes intenções: pragmática. Conversar acerca de como se conversa Manter expectativas adequadas acerca do alunoInforma-lo antes das mudanças ou situações novas.O aluno deve ter apoio dentro e fora da sala, em disciplinas a definir em Conselho de Turma.Podem aproveitar-se as horas de Formação Cívica e de Estudo Acompanhado para trabalhar individualmente com docente de Educação Especial.

Considerar ainda…

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"A gaivota cresceu e voa com suas próprias asas. Olho do mesmo modo como que poderia escutar. Meus olhos são meus ouvidos. Escrevo do mesmo modo que me exprimo por sinais. As minhas mãos são bilíngues. Ofereço-lhes a minha diferença. Meu coração não é surdo a nada neste duplo mundo..." 

Emmanuelle Laborrit, O grito da gaivota  

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"Nós não devemos deixar que as incapacidades das pessoas nos impossibilitem de reconhecer as

suas habilidades."

( Hallahan e Kauffman, 1994) 

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Bibliografia:

NEMBRI, Armando, SILVA , Angela (2010). Ouvindo o silêncio. Porto Alegre: Editora Mediação

RUELA, Angélica (2000). O aluno surdo na escola Regular. Lisboa: IIE

SOUSA, Alberto (2011). Problemas de audição e atividades pedagógicas. Lisboa: Intituto Piaget.

BAUTISTA, Rafael (coord) (1997). Necessidades Educativas Especiais. Dinalivro.

LABORRIT, Emmanuelle (2000). O grito da gaivota. Lisboa: Caminho.