De Pitágoras e os Pitagóricos.

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De Pitágoras e os Pitagóricos. Por: Juliano Gustavo Ozga. De Pitágoras de Samos, segundo Jâmblico e Diógenes Laércio, consta que o mesmo escreveu três obras: Sobre a Educação, Sobre a Política e Sobre a Naturez a, e o próprio Diógenes Laércio cita os seguintes tratados: Sobre o Universo, Tr atado Sacro, Sobre a Alma, Sobre a Piedade, Crotona e outros. Sobre os escritos de Pitágoras, consta que foram compilações de seu disc ípulo Filolau. A origem de Pitágoras também é discutida e contestada; alg

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De Pitgoras e os Pitagricos. Por: Juliano Gustavo Ozga. De Pitgoras de Samos, segundo Jmblico e Digenes Larcio, consta que o mesmo escreveu trs obras: Sobre a Educao, Sobre a Poltica e Sobre a Naturez a, e o prprio Digenes Larcio cita os seguintes tratados: Sobre o Universo, Tr atado Sacro, Sobre a Alma, Sobre a Piedade, Crotona e outros. Sobre os escritos de Pitgoras, consta que foram compilaes de seu disc pulo Filolau. A origem de Pitgoras tambm discutida e contestada; alguns afirmam qu e Pitgoras era de Samos, outros de Tireno; segundo Neantes, srio ou trio. A o rigem de Pitgoras de Pitgoras era: 1- de Samos ou; 2- da Sria. Na orientao dos historiadores e professores de Histria da Filosofia, consta que ele era de Samos. A escola pitagrica era aristocrtica; porm no se distinguia religio, filosofia e poltica. O elemento primordial da escola pitagrica era a concep o moral-religiosa. Sobre a mudana de Pitgoras de Samos para Crotona, podemos salientar: a s razes de liberdade; de submisso; do governo desptico e; deciso pessoal. A educao da escola de Pitgoras privava pela situao pblica e privad a, com base na estrutura poltica. Porm era esta mesma, sectria e aristocrtic a. Sendo assim, Pitgoras gozava de grande poder e credibilidade em Crotona. Mas esta posio lhe concedeu uma conspirao: sua fuga e refgio em Met aponto; baseada nas acusaes de Kton e seus homens. O elemento de argumentao de Kton contra Pitgoras era o poder do Demos. Sendo que kton pertencia aos c hamados acusmticos (auditores), que se beneficiariam da emancipao do Demos pa ra influenciar as decises polticas. Segundo a verso de Plutarco e Polbio, a evaso de Pitgoras de Samos para Metaponto ocorreu devido m administrao p blica de vrias cidades. Mas o que consta so as acusaes de Kton, por animosi dade poltica contra Pitgoras; e a doutrina de Pitgoras que se erradicou sobre a Grande grcia; o pitagorismo que se transformou em um estilo de vida, onde a questo tica e poltica dos pitagricos envolvesse a participao do governo no s negcios das cidades. A teoria pitagrica era situada na ao, formando uma fora educadora, b aseada na vontade e competncia dos adeptos. Os pitagricos prezavam pela vontad e e disposio poltica. A diviso enre os pitagricos era a seguinte: 1- Hipase: os acusmticos, que promoviam maior participao popular no governo e; 2- Almacos e Demcedes: que prezaram a manuteno dos costumes e os regulamento s ancestrais; era um governo mais conservador. Porm Kton derrota os pitagricos com a retrica e o discurso democrti co, onde os facilitadores foram: escolas pitagricas formadas por discpulos nem sempre talentosos; o que colocou a reputao das escolas pitagricas em questo; o sectarismo da escola pitagrica foi decisivo para a vitria de Kton e dos ora dores populares.

A Demosntrao Racional nas Matemticas. Como consta, a recepitividade de Pitgoras em Crotona foi engrandecida pela sua reputao de ser um senhor experiente, tendo suas vastas viagens como vantagem no aspecto do saber; onde viajar e conhecer os diferentes e ao mesmo tempo, os

unificantes/iguais universais, era motivo de respeito por sua reputao. Viajar na concepo de Pitgoras era estar em contato com diferentes culturas, p odendo assim ter acesso investigao do desconhecido, como conhecido tudo qu e do exterior, ou por externo; um saber alm de nossas fronteiras do entendime nto. O viajar era o experimentar e o praticar. As matemticas de Pitgoras abrangiam: a geometria, proveniente do Egito; a aritmtica, oriunda dos Fencios e; a astronomia, herdada dos Caldeus. Pitgoras pode ser definido como um ser que se fundamentara na: 1 . Geometria; 2 . Na harmonia do Universo. A base das matemticas de Pitgoras eram os compndios esotricos egpcios, cald eus e fencios. A sabedoria ou extraordinrio saber de Pitgoras era orientado pelo mximo de po tncia das faculdades superiores como o olho, ouvido e o intelecto. O que expres sa a sabedoria de Pitgoras a vida certo-correta de acesso pesquisa, as cin cias matemticas. Essa mesma viso era expressa pela natureza e seus ensinamentos transmitidos pel os mestres. Assim a tradio do saber arcaico e esotrico em um grau superior. Pitgoras preservava o aspecto especulativo da geometria, baseado na investiga o racional no-emprica mediante abstrao e demonstrao, expressos pelas figur as geomtricas. Assim Pitgoras descobriu uma estrutura de formas (geomtricas [?]) no universo. Para Pitgoras, o universo era regido pela harmonia expressa nos princpios num ricos. O gerar e o perecer eram a apresentados como: o um e o dois geram o trs, no qua l perecem. Nesse caso, os nmeros representavam as propores perfeitas (physis) no qual era integrada a noo de justia como sendo a juno de duas igualdades , resultando em outra igualdade. O nmero quatro (4) era expresso simblica da justia, sendo o nmero dois (2) elevado ao quadrado (2), resultaria em outro n mero par igual; sendo assim o smbolo da juno das igualdades como a justia en tre os semelhantes. Os nmeros pitagricos se referiam s matemticas e msica. A filosofia natura l de Pitgoras expressa por: 1- Natureza: estrutura encontrada na cadeia numrica; concordncia entre os prin cpios numrico/matemticos/geomtricos/musicais com os princpios da natureza o u cosmos; 2- Harmonia da esferas do universo(?): nmeros, harmonia, msica e natureza. Isso transformara Pitgoras em uma celebridade: mitos, filosofia, cincia e reli gio, sendo considerado um precursor da polimatia (detentor de vrios conhecimen tos; mas no um conhecimento passivo e sim um cultivo da inteligncia e seu dese nvolvimento latente e potencial, onde a demonstrao no-emprica e puramente in telectual tinha peso importante). A Escola Pitagrica. A escola pitagrica se detinha na educao de homens, mulheres, jovens e crianas, onde se destaca o papel primordial e importante da mulher na escola p itagrica. A escola pitagrica era dividida em dois grupos: 1- os acusmticos/auditores: aqueles que recebiam os preceitos (conhecim entos) atravs da fala, sem preocupao com a exatido e preciso dos detalhes; 2- os matemticos (de mathema): estudo mais elaborado e exato; princpio s racionais do conhecimento. Onde mathema estava relacionado ao aprendizado e instruo, no sentido ativo e passivo. Esotrico, ou seja, interno e profundo. Os mathemticos eram estudantes das cincias dos nmeros. Os acusmticos recebiam um ensino oral, baseado na memria das sentenas, tendo-as como divina

s; tratava-se de um recepo passiva, sem demonstrao e raciocnio por ser just ificados os preceitos. A memria era a base fundamental para os acusmticos, era o depositrio do conhecimento, base de informaes sobre o que estudavam; os ac usmticos tratavam a memria como algo importante para a cincia, experincia e sabedoria. A forma de apresentao dos preceitos eram os orculos, sentenas breves e concisas, tanto para a sabedoria nobre como para a mais simples. A cincia dos pitagricos era dividida em msica, medicina, advinhao ( protetizao/predio). A medicina era a ocupao com as dietas, esforo e alimentao; receosos s operaes cirrgicas e cauterizaes. Sobre a msica, essa era fundamental para a sade. A harmonia era a orde m do cosmos e equilbrio (isonomia) em geral do ser humano. O equilbrio humano representava a harmonia csmica/ordem csmica. O homem microcsmico era a expresso do universo, ou seja, da harmonia m acrocsmica. A sade perfeita erao equilbrio e harmonia entre os opostos operantes d o sistema orgnico humano. Prem entre essas condies, aparecem os pitagoristas/pitagorizantes, qu e eram praticantes excessivos das dietas dos pitagricos; disclupos/ginastas fa nticos e excedentes nas prticas das dietas. Outra referncia escola pitagrica a tica; no havia distino entr e tica e poltica. A tica pitagrica era uma preparao do sujeito/indivduo p ara o exerccio na polis; porm essa tica abrangia todo o contexto da polis: a moral, a poltica, a amizade. A tica era o conjunto/composto do que era esperad o e cobrado do sujeito enquanto membro da polis. Isso tambm era uma questo int erna entre os pitagricos que eram membros das escolas pitagricas. A escola pitagrica e todo seu conjunto era uma micro-representao da p olis (macro-representao). A escola pitagrica representa o ideal da polis, por m em uma perspectiva menor, em menor proporo, mas com o ideal da polis (macro -representao em proporo/perspectiva maior). A educao pitagrica era dividida entre: 1- a educao das crianas: ensino da escrita e da msica; 2- a educao dos adolescentes: ensino das leis e costumes da cidade; 3- a educao dos adultos: participao nos negcios e cargos pblicos; 4- a educao dos velhos: decises delicadas, funcionamento dos tribunai s e deliberaes comuns, pondo em prtica toda a sua cincia. A autoridade, a justia e as leis eram pontos obrigatrios no ensino pit agrico. A autoridade esta ligada boa administrao, com participao do gover no, que na viso pitagrica era uma autoridade soberana livremente consentida. A autoridade do governo devia ser exercida por vontade de ambas as parte s, tanto governante como governados, com a educao sendo um acordo voluntrio e ntre a vontade do mestre e do discpulo. A vontade valida a finalidade do exerc cio das cincias e das artes. A autoridade e a lei na polis indispensvel para o indivduo humano, s endo esse mesmo por natureza desmedido e submetido aos instintos, aos desejos e todas outras paixes. O ser humano carece de instabilidade e versatilidade, sempre propenso a agir como bem entende. Diferente do cosmos que opera de forma contnua em relao harmnica, se ndo cclica e sucessivamente regulado pelo destino e necessidade. Porm, como o cosmos, a polis pode ser orientada por uma harmonia semelh ante ao cosmos; o que necessrio, mas por acordo de vontades, e no por posi o externa. Ao mesmo tempo, as autoridades seriam a partes que reprime (positivament e) as vrias pulses, impedindo o choque/conflito entre os cidados; seria uma a utoridade sobre as pulses, um moderador e tambm um princpio ordenador. Para Pitgoras, a autoridade dos deuses seria um fundamento da justia, podendo assim instaurar um estado (ordem) e leis (regncia), partindo para a justia e r egras jurdicas.

O modelo para Pitgoras era o governo natural, expresso pela ordem e harmonia, a plicado ao mundo humano; uma sntese reflexiva do cosmos, produzindo uma ordem e harmonia social perante o acordo mtuo de vontades. Assim cria-se o estado, bas eado na justia (igualdade harmnica). A justia no aceita desigualdades (contrrio-opostos), ela est baseada na igu aldade e reciprocidade. A justia baseada na reciprocidade, era a idia de acord o com base na livre vontade entre cidados, simbolizando a justia e liberdade, como um juramento ao estado (ordem) regulado pelas vontades individuais. Sendo a ssim, os direitos garantem os juramentos e os deuses eram os guardies dos ju ramentos. Baseado na ordem e harmonia csmica (macrocsmica) tem-se a harmonia social/orde m social (microcsmica); da autoridade dos deuses provm a autoridade dos govern os ou dos estados: A. ordem csmica - B. ordem social; A1. Autoridade dos deuses - B1. Autoridade do governo/estado. Tomando-se isso, podemos caracterizar a ordem e autoridade do governo e a liberdade e reciprocidade de vontades dos governados, como a paidia, mas no como uma imposio e sim como um deciso consciente e convicta do indivduo. Sobre os ensinamentos de Pitgoras, esses eram divididos em dois tipos: a dial guesthai sob forma bem detalhada e; a dialguesthai sob forma simblica. A dialguesthai expressa por sob a forma simblica era um mtodo tcnico de ensinamento, baseado em cdigos secretos internos (esotricos), inteligveis aos profanos ou estranhos. Era a conhecida regra do silncio; depois de saber o segredo, deve-se calar-se. Eis um dos motivos pelo qual desconhecemos os mtodos de sua pedagogia o u Paidia. Praticar o silncio era uma prtica; saber ouvir a natureza um exer ccio; praticar o silncio, a imobilidade da alma e a msica tinham papel import ante na prtica do silncio; a imobilidade da alma, saber ouvir a harmonia da m sica era um exerccio para a concentrao e reflexo do conhecer a si mesmo, era uma terapia do silncio, para poder ouvir o que estava na natureza extrema, no mundo fsico e ao mesmo tempo ouvir a natureza humana. Assim, o silncio era nec essidade para o acesso e ao da atividade intelectual. Os pitagricos no aceitavam a divulgao do conhecimento secreto para o pblico profano, por motivos econmicos, como o caso de Hipase, que materializo u o conhecimento dos doze pentgonos em uma tbua; transformou o conhecimento te rico em algo material, tendo um castigo ou sendo ele prprio, Hipase, seu casti gador e punidor; porm permitiam vender o conhecimento ou ensinar-se, no caso de ter-se tornado pobre, no entanto, isso era um interesse da comunidade secreta e por isso era aceito. Quem no era considerado aceito ou digno na escola, no po deria ter acesso ao conhecimento, e o conhecimento era para os escolhidos, e ao serem escolhidos e aceitos, eles eram obrigados a guardar silncio sobre a sabed oria arcaica. Porm Pitgoras, de algum recebeu este conhecimento, ou foi revel ao dos deuses, e por isso ele detinha o direito a propriedade privada do conhe cimento.

============================================================== Referncia Bibliografica: Spinelli, Miguel. Filosofos pre-socraticos : primeiros mestres da filosofia e da ciencia grega. 2. ed. PUBLICAO Porto Alegre, RS : EDIPUCRS, 2003.