Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) · Segue um pequeno trecho do discurso:...
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Plantinga,Alvin Deus,aliberdadeeomal/AlvinPlantinga Tradução:DesidérioMurcho.–SãoPaulo:VidaNova,2012. Títulooriginal:God, Freedom, and Evil. ISBN978-85-275-0511-6
1.Deus2.Deus–Exitência3.Deuseomal 4.Religião–Filosofia5.TeodicéiaI.Título.
12-12501 CDD-212.1
Índicesparacatálogosistemático:1.Deus:Existência:Filosofiadareligião212.1
Copyright©1974,AlvinPlantingaTítulooriginal:God, Freedom, and EvilTraduzidoapartirdaediçãopublicadaem1977pelaW.B.EERDMANSPUBLISHINGCOMPANY
1.aedição:2012
PublicadonoBrasilcomadevidaautorizaçãoecomtodososdireitosreservadosporSOCIEDADERELIGIOSAEDIÇÕESVIDANOVA,CaixaPostal21266,SãoPaulo,SP,04602-970www.vidanova.com.br|[email protected]
Proibidaareproduçãoporquaisquermeios(mecânicos,eletrônicos,xerográficos,fotográficos,gravação,estocagemembancodedadosetc.),anãoseremcitaçõesbrevescomindicaçãodefonte.
ISBN978-85-275-0511-6
ImpressonoBrasil|Printed in Brazil
SUPERVISÃOEDITORIALMarisaK.A.deSiqueiraLopes
COORDENAÇÃOEDITORIALJonasMadureiraREVISÃOMariúMadureiraLopes
COORDENAÇÃODEPRODUÇÃOSérgioSiqueiraMoura
REVISÃODEPROVASUbevaldoG.Sampaio
DIAGRAMAÇÃOSKEditoração
CAPAMagnoPaganelli
Sumário
Prefácioàediçãoemportuguês...................................................... 009
Introdução...................................................................................... 013
Parte I ATEOLOGIA NATURAL..................................... 017
a. O problema do mal................................................................ 019
01.Eisaquestão:porqueDeuspermiteomal?................... 022
02.Oteístacontradiz-se?...................................................... 024
03.Podemosmostrarquenãoháaquiinconsistência?......... 039
04.Adefesadolivre-arbítrio................................................ 045
05.TinhaDeuspoderparacriarqualquermundopossívelquelheaprouvesse?............................................ 051
06.PoderiaDeustercriadoummundocombemmoral,massemmalmoral?.................................... 063
07.Depravaçãotransmundialeessência............................... 067
08.Adefesadolivre-arbítriovindicada............................... 073
09.ÉaexistênciadeDeuscompatívelcomaquantidadedemalmoralquehánomundo?.................. 074
10.ÉaexistênciadeDeuscompatívelcomomal“natural”?...................................................... 077
11.AexistênciadomaltornaimprovávelqueDeusexista?.............................................................. 079
b. Outros argumentos ateológicos........................................... 085
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Parte II TEOLOGIA NATURAL.......................................... 095
a. O argumento cosmológico .................................................... 097 b. O argumento teleológico....................................................... 103 c. O argumento ontológico........................................................ 109
01.AobjeçãodeGaunilo...................................................... 11302.ArespostadeAnselmo.................................................... 11503.AobjeçãodeKant........................................................... 11704.AirrelevânciadaobjeçãodeKant................................... 12305.Oargumentoreformulado.............................................. 12406.Afalhafatal..................................................................... 12707.Umaversãomodaldoargumento.................................. 13108.Afalhaimportuna........................................................... 13209.Oargumentoreformulado.............................................. 13510.Oargumentotriunfante.................................................. 138
Prefácio à edição em português
desdeadécadade80, a filosofia cristã vempassandoporumarenovaçãoque,emcertamedida,temrevolucionadoouniverso
acadêmico-filosófico.Ofilósofonorte-americanoAlvinPlantingaé, semdúvida,umdos responsáveispor essemovimento.Em7deabrilde1980,arevistaTimepublicouumamatériaintituladaModernizing the Case for God[AmodernizaçãodadefesadeDeus].Ointeressedamatériaeranoticiaressaincrívelrevoluçãoentreosfilósofos contemporâneos, dentre os quais Plantinga foi colocadocomofiguradedestaque:
Deus?ElenãotinhasidoderrubadodoscéusporMarx,banidodoinconscienteporFreudedadocomomortoporNietzsche?Darwinnãootinhaexpulsadodomundoempírico?Nãoébemassim!Deusestá de volta em meio a uma silenciosa revolução do pensamentoedaargumentaçãoquedificilmentealguémpoderiaterprevistoháduasdécadas.Omais intriganteéqueessemovimentonãopartiude teólogosoucristãoscomuns—muitosdosquais sequer jamaisaceitaram que Deus estivesse realmente em apuros —, mas partiunitidamente dos círculos intelectuais de filósofos acadêmicos, cujoconsenso há muito tinha banido o Todo-poderoso das discussõesmaisproveitosas.1
1“ModernizingtheCaseforGod”,Time115,no14(April7,1980):65.
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AlémdamatériadaTime,quedeixabemclaroquePlantingafoi o pivô dessa “silenciosa revolução”2, há também outros teste-munhos de filósofos profissionais que reconhecemopapel crucialdePlantinganessemovimentoderenovaçãodafilosofiacristã.Porexemplo,JamesF.Sennett,seguindoasindicaçõesdeKellyJ.Clark,lembraquePlantingaestavanocentrodedoiseventoscatalisadoresquedãotestemunhodosucessodessefenômeno.OprimeirofoiafundaçãodaSociety of Christian Philosophers[SociedadedeFilósofosCristãos],em1978.Naépoca,asociedadechegouacontarcommaisde1.100membros.Plantingafoiseuterceiropresidente,depoisdeWilliamAlstoneRobertAdams.3OsegundofoiaapresentaçãoeapublicaçãodeAdvice to Christian Philosophers[Conselhoaosfiló-sofoscristãos],afamosaaulainauguraldePlantinga,ministradanaocasiãoemqueassumiuacátedraJohnA.O’BriencomoprofessordefilosofianaUniversidadedeNotreDame,em4denovembrode1983. Nesse discurso histórico, Plantinga desafiou os filósofos dacomunidadecristãaselibertaremdaagendaedaspreocupaçõesdomundofilosóficonãoteísta.Segueumpequenotrechododiscurso:
Filósofoscristãos,entretanto,sãoosfilósofosdacomunidadecristã;eépartedesuatarefacomofilósofoscristãosserviràcomunidadecris-tã.Masacomunidadecristãtemsuasprópriasperguntas,suaspró-priaspreocupações,seusprópriostópicosdeinvestigação,suaprópriaagendae seupróprioprogramadepesquisa.Filósofoscristãosnãodevemextrairinspiraçãomeramentedaquiloqueacontecenasuni-versidadesdePrinceton,BerkeleyouHarvard,pormaisatrativasebrilhantesquesejam;poistalvezessasquestõesetemáticasnãose-jamasúnicas,ounãoapenasasúnicas,sobreasquaiselesdevessemrefletir como filósofos da comunidade cristã. Há temas filosóficosaosquaisacomunidadecristãdevesededicaretemasoutrosaosquais
2“[Plantingaé]omaisdestacadofilósofoprotestanteortodoxonorte-americanoafavordaexistênciadeDeus.”Ibid.,p.66.
3Cf.JamesF.Sennett(ed.),The Analytic Theist: an Alvin Plantinga reader.GrandRapids,Michigan/Cambridge,UK:Eerdmans,1998,p.xii.
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eladevesededicarfilosoficamente.Eéóbvioqueosfilósofoscristãossãoaquelesquedevemfazerotrabalhofilosóficonecessário.Seelesconcentraremseusmaioresesforçosemtópicospopularesdomundofilosóficonãocristão,negligenciarãoumapartecrucialecentraldesuatarefacomofilósofoscristãos.Oqueénecessárioaquiémais inde-pendência,maisautonomiaemrelaçãoaosprojetosepreocupaçõesdomundofilosóficonãoteísta.4
Nacomunidadecristã,tantoopastorquantooteólogosãodesa-fiadosalidarcomquestõesfilosóficaspormeiodousodeferramentasdaexperiênciapastoraledateologia;porém,comodissePlantinga,hátambémespaçoparaosquesãodesafiadosalidarcomtaisquestõespormeiodousodeferramentasdaprópriafilosofia.Estessãooscha-mados“filósofoscristãos”.Porexemplo,oassimchamado“problemadomal”éumaquestãofilosóficaquedeverecebernãosomenteumtratamentopastoraleteológico,mastambémfilosófico,i.e.,umtrata-mentoquerecorreaferramentasdaprópriafilosofia.
ÉexatamenteissoquePlantingaofereceemDeus, a liberdade e o mal.Nestaobra,elemostracomooproblemadomal—umaquestãofilosófica com implicaçõesdiretas sobre a experiênciapastoral e ateologiacristã—podereceberumtratamentofilosófico,emespe-cial,umtratamentoquelançamãodeferramentasdalógicamodaledasemânticademundospossíveis.
Aobraestádivididaemduaspartes.Naprimeiraparte,Plantingafazumacríticaàateologianatural,aoapresentartantoargumentosparamostrarqueaexistênciadeDeusedomalnãoimplicamumacontradiçãoquantoargumentosparamostrarqueaexistênciadeDeus,talcomoécompreendidapelasgrandesreligiõesmonoteís-tas,écompatívelcomaexistênciadomalnomundo.Nasegundaparte,Plantingafazumacríticaaosprincipaisargumentosdateo-logianatural(osargumentoscosmológico,teleológicoeontológico),
4Ibid.p.298-299.
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acompanhadadeumaanálisemaispormenorizadaebastanteinsti-gantedochamado“argumentoontológico”.
Umaúltimapalavradeveserditasobreaclarezadotexto.Apesardeusarferramentasdafilosofia,olivroqueoleitortememmãosnãoédirecionadoapenasafilósofosprofissionais.Comoopróprioautorfazquestãodemencionar,olivrofoiescritoprincipalmenteparaoleitorcomum,oteólogoeoprincipianteemfilosofia.ÉnotóriooesforçodePlantingaparaexplicarcadaproposiçãoeargumentodeformaclaraesimplestantoquantopossível.Seoleitortiverpaciên-ciadeacompanharseuraciocínio,seguindoàriscaasorientaçõesdoautorebuscandocompreendercadapassodesuaargumentação,nofinaldaleitura,arecompensaseráinevitável.Afinal,afilosofianãoéumadisciplinaquesededicaafalaroquetodomundojásabecompalavrasqueninguémentende.
Jonas Madureira
Editor
introdução
este livro discute e exemplifica a filosofia da religião, ou seja, areflexãofilosóficasobretemascentraisdareligião.Areflexãofilo-
sóficasobreessestemas(quenãodiferemuitodosimplespensamen-toárduo)temumahistórialonga:remontapelomenosaoséc.va.C.,quandoalgunsgregospensaramlongaearduamentesobreareligiãoquehaviamrecebidodosseusantecessores.Naeracristã,essarefle-xãofilosóficacomeçanoprimeiroousegundoséculocomospaisdaigrejaprimitiva,oucoma“Patrística”,comotambéméconhecida;etemcontinuadodesdeentão.
Ocoraçãodemuitasdasgrandesreligiõescristianismo,ju-daísmo,islamismo,porexemploéacrençaemDeus.ClaroqueessasreligiõesreligiõesteístasdiferementresiquantoaomododeconceberDeus.Atradiçãocristã,porexemplo,dáênfaseaoamoreàbenevolênciadeDeus;naperspectiva islâmica,poroutro lado,Deus temumcaráterum tantomais arbitrário.Entreos teólogosalegadamentecristãostambémháultrassofisticadosqueproclamamlibertarocristianismodacrençaemDeus,procurandosubstituí-lapelaconfiançano“Seremsi”ouno“FundamentodoSer”,oualgoparecido.Todavia,continuaaseremgrandeparteverdadeiroqueacrençaemDeuséofundamentodessasgrandesreligiões.
Ora,acrençaem DeusnãoéomesmoqueacreditarqueDeusexiste,ouqueháalgocomoDeus.AcreditarqueDeusexisteéaceitarsimplesmenteumaproposiçãodeumdadogêneroumaproposiçãoqueafirmaqueháumserpessoalque,digamos,sempreexistiudes-deaeternidade,étodo-poderoso,perfeitamentesábio,perfeitamente