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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Mourão, Mauro TrexlerUma Teoria da Felicidade: a força da genética, a força do comportamento, a

força da história./ Mauro Trexler Mourão – 2ª ed. – Maringá : Viseu, 2018.

ISBN 978-85-5454-181-1

1. Filosofia 2. Felicidade 3. Psicologia 4. Psicologia Positiva. 5. Desenvolvimen-to Pessoal. I Título.

CDU 15-0975CDD 100 / 159.947

Índice para catálogos sistemáticos:

1. Filosofia. 2. Felicidade. 3. Psicologia. 4. Psicologia Positiva. 5. Desenvolvimento Pessoal.

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de pro-cessos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem a permis-são expressa da Editora Viseu, na pessoa de seu editor (Lei nº 9.610, de 19.2.98).

Editor

Thiago Regina

Projeto Gráfico e Editorial

Rebeca Massaro

Revisão

Caio Silva

Copidesque

Jade Souza

Colaboração

Gyorgy Laszlo Gyuricza

Capa

Tiago Shima

Copyright © Viseu

Todos os direitos desta edição são

reservados à Editora Viseu

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Apresentação

“Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro.

Que ela possa vir com toda a simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos.”

Carlos Drummond de Andrade

Sim. Com certeza conheço a felicidade, mas admito que ela teimou em ser efêmera em minha vida. Digo isso porque passei praticamente a vida toda em estado de euforia e, para mim, essa alegria extrema seria o mesmo que felicidade – enfim um imenso equívoco, causador de enormes perdas.

A poderosa e incontrolável euforia permanente recheava minha cabeça com planos fantásticos... incontáveis projetos fabulosos que nunca se rea-lizavam.

A propósito, foi justamente minha aventura em direção ao meu verda-deiro eu – resultado das voltas da minha vida, dos estudos, das análises e das terapias - que me propiciou um razoável equilíbrio e que me levou a identificar o real sentido da minha vida: escrever.

Depois de muitos anos em poltronas e divãs de psicólogos, psiquiatras e psicanalistas de todas as linhas e, após estudar assiduamente a filosofia ou ciência da felicidade, hoje estou certo de que, além de ter encontrado um caminho, posso e devo passar adiante os ensinamentos que acumulei.

Mas, se o leitor me perguntasse se minha história de vida é de supe-ração, certamente eu afirmaria que sim. Além de tudo o que passei - de maravilhoso e de terrível - a esta altura e sendo advogado -, ter conseguido reajustar-me e conferido outra finalidade à minha vida, só posso considerar isso como superação.

Recentemente saí de casa a pé para comprar um livro. Por sorte conse-gui o último exemplar da livraria, sendo esse um livro muito importante para mim. Portanto, fiquei contente.

Voltando para casa uma chuva forte me pegou. Tomei um banho como

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não tomava há muitos anos. Era uma tarde de muito calor e deixar-se en-sopar na chuva foi uma delícia. Mas o detalhe que importa é que eu olhava para o céu enegrecido, respirava bem fundo e ia curtindo cada gota daquela chuva grossa. Felizmente o livro estava bem embrulhado e não se molhou.

Um dos elementos citados pelos estudiosos do tema é o exercício da “Presença”. Aceitar a chuva, senti-la tridimensionalmente, foi saborear o presente, coisa que eu não sabia fazer enquanto imerso no estado de eufo-ria. Estudar sobre a felicidade foi decorrência natural dessas experiências pessoais. Procurei abordar todos os aspectos, tentando ter uma visão 360 graus do tema.

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Introdução

“Quase sempre a maior ou menor felicidade depende do grau de decisão de ser feliz.”

Abraham Lincoln

Em UMA TEORIA DA FELICIDADE articulo ideias sobre a felicidade, incluindo desde os ensinamentos dos pensadores clássicos até os modernos estudos da Genética, da Psicologia Positiva, da Neurociência e da História.

A partir da intersecção de todas essas ideias, muitas vezes convergentes e, outras divergentes, é que encaminho minhas reflexões, buscando a essên-cia do que seja a felicidade.

Conhecer verdadeiramente nossa individualidade (Sócrates) e a luta para que nosso jardim floresça (Voltaire), dependerá do próprio modo de agir de cada um. A felicidade deve ser sentida naturalmente, mas sem nos esquecermos de que também deve ser compreendida e praticada – afinal, a felicidade uma vez tornada consciente, pode propiciar uma vida melhor.

Existem muitas abordagens extremamente marcantes, criativas e úteis sobre a Felicidade humana. Entre tantas outras, são as óticas de Platão, Aristóteles, Epicuro, Sêneca, Descartes, Maquiavel, Roterdã, More, Voltai-re, Rousseau, Freud, Jung, Dostoiévski, Frankl, Chopra, Seligman, Diener, Dolan, Mihaly, Gilbert, Bauman, Harari, Schoch, Marinoff, Shinyashiki, Olavo de Carvalho, Pondé, A. Cury, Gikovate, Cortella, Barros Filho, Kar-nal.

Nesse sentido, o texto passa uma visão panorâmica encadeando o pen-sar filosófico, a Genética, a Psicologia, a História em relação a Felicidade.

Inicio este livro com o conceito que os filósofos deram à felicidade desde Thales de Mileto até os dias atuais. A concepção dos filósofos sobre a felici-dade ao longo da história é fundamental para se ter uma ideia geral sobre o tema.

A seguir vêm as proposições ordenadas num grande tripé: A Força da Genética; A Força do Comportamento (Psicologia Positiva e Comporta-

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mento Humano) e A Força da História (Bifurcação Pós-Iluminista e Outras Forças Históricas).

Com esse formato, meu objetivo é expor a intensidade e a maneira como essas três forças interagem e influenciam a configuração da felicidade.

A Genética é o momento divisor de águas entre a “História do Universo” e o surgimento da vida complexa na Terra e do Homo Sapiens na borda de uma galáxia localizada numa borda do cosmos. Sob o plano científico, a genética atualmente é considerada a influência preponderante na felici-dade humana e também por isso é o tema que vem logo após os conceitos básicos.

Note-se que o Projeto Genoma Humano (2003) conseguiu mapear os 25 mil genes formadores do ser humano. Veja-se que o Projeto Genoma Humano se for comparado aos primeiros passos do homem na crosta lunar (que em 1969 de forma colossal trouxeram conhecimentos incomensurá-veis particularmente para a física, a química, a biologia, a astronomia, a cosmologia, as telecomunicações, a engenharia espacial), o Genoma Hu-mano parece se revelar ainda mais revolucionário.

Resta agora a tarefa - já iniciada -, de decifrar a razão e a função de cada um desses milhares de genes. Uma vez concluída, o resultado mudará o entendimento do homem sobre si mesmo, talvez de uma forma bem mais profunda do que Freud e outros alcançaram.

Considero o Comportamento (tanto a cabeça de cada indivíduo quanto a abordagem que se faz sobre a vida) como assuntos fundamentais e que devem ser analisados conjuntamente, por isso vêm logo após os capítulos que tratam da genética. A base inicial vem da recente ciência chamada Psi-cologia Positiva. Há pouco mais de vinte anos, Martin Seligman e outros entusiastas começaram a pesquisar a felicidade. Desses estudos, atualmen-te, derivam muitas abordagens afinadas relacionadas a esse campo. Dessa forma, trato inúmeros prismas da psicologia tradicional, da psicologia con-temporânea, concatenadas com a Psicologia Positiva.

Optei por ordenar as partes como as apresento, por um critério subjeti-vo, ainda que fundamentado, conforme minha compreensão da temática. Senão vejamos.

Antes de o homem e de sua consciência existirem, já haviam registros arqueológicos com os quais pudemos deduzir a história da Terra e, conse-quentemente, a evolução do ser humano. Entre 80.000 e 50.000 anos, como

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resultado da Revolução Cognitiva, o homem adquire sua própria consci-ência. Portanto, confere coexistência entre o mundo real e o mundo idea-lizado. É a partir daí que surgem seus comportamentos típicos. E somente na era pós-revolução cognitiva, quando o ser humano passa a abstrair e a idealizar imagens, é que o homem começa a fazer e a escrever sua história.

A Genética é abordada logo a seguir porque é a responsável pelo surgi-mento da vida na Terra e do Homo Sapiens em particular.

Por fim, depois do Comportamento, a História também deve ser pon-derada como um elemento importante e impactante sobre a Felicidade. Na abordagem histórica discuto até que ponto as enormes mudanças políticas, geopolíticas, etc. influenciam a felicidade geral de um povo e consequente-mente o bem estar subjetivo e objetivo (felicidade) de cada indivíduo.

Busquei escrever o texto de maneira coloquial, sendo claro que existem pontos que são mais complexos e requerem uma linguagem mais técnica e outros, mais simples, que merecem uma redação mais corrente. O leitor ainda irá notar, a presença de alguns neologismos a que me vi obrigado a criar, para poder explanar determinados conceitos unitários (geralmente uso hífen para unir duas ou mais palavras). Em nossa língua, esse é um padrão mais raro, diferente por exemplo, das línguas germânicas.

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PRÓLOGO

“Quando o espírito inerente ao humanismo é extendido a tudo, animado e inanimado, neste universo, eu chamo a isto Neo-Humanismo. Este Neo-Hu-manismo vai elevar o humanismo ao universalismo: amor por todos os seres

criados deste universo”

P. R. Sarkar

“A adrenalina da ilusão faz sonhar; A loucura da razão faz sorrir;

A efemeridade da paixão faz chorar.”

João Vitor Rocha

Milhões de pessoas, hoje em dia, buscam freneticamente a adrenalina. Essa procura insana, iniciada em meados do século XX e típica do XXI, tornou-se uma epidemia mundial.

O fato é que as pessoas precisam preencher seus vazios psíquicos e es-pirituais e acreditam que vivendo a base de adrenalina vão solucionar essas carências como num passe de mágica. É evidente que as razões dessas frus-trações, entre tantas outras, estão na desconcertante ideologia consumista, na hiper-comunicabilidade e na alta velocidade da vida superficial contem-porânea criada artificialmente para alienar o indivíduo.

Assim, uma enorme parcela do vazio interior das pessoas é simplesmen-te fabricada pela civilização que desenvolvemos.

Mais de 2 mil anos atrás, quando os antigos gregos começaram a refletir sobre o que constitui a ‘boa vida’, a felicidade era uma virtude cívica que exigia ser cultivada constantemente. Agora, tornou-se direito nato de to-dos: engula um comprimido e fique feliz! Faça yoga e encontre a verdadeira paz! Contrate um consultor de vida e reconquiste sua autoestima!

Perdemos o contato com as antigas tradições da felicidade e perdemos a habilidade de compreender sua natureza essencialmente moral. Entre Pla-tão e Prozac, a felicidade deixou de ser uma realização superior e tornou-se um direito.

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Na atualidade, existem centenas e centenas de ideias inovadoras pairan-do sobre o mundo. São ideias filosóficas, ambientais, humanistas, políticas, psicológicas, sobre Geografia Humana, comportamentais, tecnológicas, te-ológicas, cosmológicas etc.

Imagine o som de uma música universal repleta de temas e melodias variadas.

Então, lembre-se dos sons da ópera até poucas décadas atrás. Sua beleza e sabedoria alcançava apenas poucas pessoas. Mas os “tenores-pop” Carre-ras, Plácido e Pavarotti souberam com maestria fazer chegar aos ouvidos de milhões a mensagem mágica (e realista...) da ópera. Alguns outros exem-plos desse processo de popularização da cultura, seriam as séries televisivas baseadas em Nelson Rodrigues, Graciliano Ramos etc., na crítica musical de Nelson Motta, na cosmologia de Carl Sagan, na História do Brasil de Laurentino Gomes, na Língua Portuguesa de Cipriano Pasquale Neto, na economia de Ricardo Amorim, na política de Joice Hasselman, Marco An-tônio Villa, Boris Casoy, Reinaldo Azevedo, na medicina de Dráuzio Va-rella e muitos outros...

São milhares de ideias e de estudiosos ao redor do mundo trabalhando nesse leque de sabedorias que conjugam um tipo de binômio Neo-Conhe-cimento (Neo-Sabedoria)/Neo-Humanismo. Mesmo dentro das questões filosóficas e psicológicas diretamente ligadas à Felicidade, cientistas, filó-sofos, psicólogos, sociólogos, economistas, historiadores, linguistas, jorna-listas, políticos etc. vêm contribuindo decisivamente tanto para o avanço como para a difusão dessas ideias.

Somente no Brasil, temos muitos filósofos-pop que concorrem para a difusão da Filosofia e dos estudos acerca da Felicidade. Apenas para lem-brar alguns: Giannetti, Karnal, Cortella, Clovis de Barros Filho, Pondé, Olavo de Carvalho e muitos outros...

A propósito, “Filósofo”, antes de ser quem traz um certificado enqua-drado, é aquele que articula e traz ideias interessantes. Como exemplo dis-so, são os pensadores acima citados: Giannetti (economista), Karnal (his-toriador), Olavo de Carvalho (filósofo autodidata). Nos EUA e no mundo, entre centenas, estão Paul Dolan (economista) e Daniel Kahneman (Isra-elense, prêmio Nobel de Economia sem ser economista, mas sim psicólo-go) entre tantos. E ainda outros europeus como Luc Ferry, Alain de Botton e Zygmunt Bauman.

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Guardadas as características e as proporções, é como se os novos filóso-fos-pop fossem como os novos-iluministas dos séculos XX e XXI. Sua mis-são é a de ‘iluminar’ as mentes de todas as gentes, não numa direção única, mas ao contrário, marcadamente plurissignificativa, dialética – e sempre na mão da história e no sentido de um mundo melhor.

Aliás, vale lembrar que a Filosofia é filha da dúvida, do questionamento, da busca de sentido ser. Ela começa a surgir 700 a.C., em seguida é eclip-sada pela era das trevas (Idade Média), somente vindo a ressurgir em ra-zão de uma humanidade em crise que acaba recebendo uma convincente promessa de redenção através da filosofia do Iluminismo (e passado esse momento de agudíssimo pensamento racionalista, novamente a filosofia deixa de estar no centro das preocupações humanas). Se bem observarmos, é justamente após a Grande Guerra, depois da reconstrução dos países de-vastados e ainda, depois da queda do Muro, que o homem mais uma vez volta a duvidar do sentido da realidade e passa a reavaliar um sem número de valores. Ou seja, estamos vivendo uma “terceira onda filosófica”1 que volta a ser a grande portadora para viabilizar uma civilização envolta em sua mais complexa crise. Em síntese, a filosofia também é filha da crise.

Afinal, como se sabe, não é possível ensinar Filosofia, mas é possível ensinar a filosofar!...

Entender, de maneira puramente entrópica, que o ser humano é uma espécie condenada a auto aniquilação, ao sofrimento perpétuo ou à des-truição planetária é, no mínimo, uma ideia inconsistente.

Enfim, o fato assombroso é que em apenas vinte e poucos anos de pes-quisa acerca da Psicologia Positiva e ciências afins, os conceitos iniciais des-sa nova ciência foram desenvolvidos e irradiados gigantescamente para mi-lhares de centros acadêmicos e de estudos e, o mais relevante de tudo, é que a quantidade e o valor das descobertas daí decorrentes foram vertiginosas – essa é uma grande informação para a humanidade. Um conhecimento verdadeiramente transformador.

No meu caso, aprofundar os estudos sobre a Felicidade me aproximou bastante dela.

1 Na verdade, quando falamos da “terceira onda filosófica”, essa é uma nomenclatura superficial, por assim dizer, existem três magnitudes para as chamadas ondas filosóficas: as mi-cro-ondas, as ondas e as macro-ondas filosóficas. E esse tema será abordado no meu próximo livro UMA TEORIA DA FELICIDADE – CONEXÕES FILOSÓFICAS.