DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · tema ao mesmo tempo em que propõe novas perspectivas de...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
IES – UNICENTRO - GUARAPUAVA
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
PROPOSTA DE MATERIAL DIDÁTICO
CADERNO PEDAGÓGICO
AVALIAÇÃO FORMATIVA: FUNDAMENTAÇÃO E POSSÍVEIS APLICAÇÕES
INÊS CHIARANI CARBONARI
MARIÓPOLIS – PR
2010
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
IES – UNICENTRO - GUARAPUAVA
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
PROPOSTA DE MATERIAL DIDÁTICO
CADERNO PEDAGÓGICO
AVALIAÇÃO FORMATIVA: FUNDAMENTAÇÃO E POSSÍVEIS APLICAÇÕES
INÊS CHIARANI CARBONARI
Proposta de Material Didática apresentado ao
Programa de Desenvolvimento Educacional
PDE da SEED – Paraná e UNICENTRO
Orientadora – Professora Ms. Isabel Cristina
Neves.
MARIÓPOLIS – PR
2010
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SUMÁRIO
PROPOSTA DE MATERIAL DIDÁTICO – CADERNO PEDAGÓGICO
1 – Identificação................................................................................................................ 05
2 – Título ......................................................................................................................... 05
3 – Apresentação............................................................................................................. 05
4 – Objetivo..................................................................................................................... 07
5 – Encaminhamento Metodológico............................................................................... 07
6 - Unidades de Trabalho:............................................................................................... 07
Unidade I
Fundamentar e refletir sobre o Ato de Avaliar, no dia-a-dia do ser humano................. 07
- Sugestões de livros sobre o tema Avaliação................................................................. 10
- Sugestões de filmes sobre o tema Avaliação................................................................ 16
- Sugestões de sítios sobre o tema Avaliação................................................................. 22
Unidade II
Apresentação do Projeto de Implementação Pedagógica na Escola: A Avaliação na
Legislação........................................................................................................................ 24
- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96)................................. 25
- Deliberação 007/99 do Conselho Estadual de Educação do Estado do Paraná............ 26
- Recuperação de Estudos................................................................................................ 28
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Unidade III
Desafios para Mudanças na forma de Avaliar................................................................. 32
-Por que é tão difícil mudar?.......................................................................................... 33
- Por que a avaliação não está ajudando a mudar?......................................................... 33
- É possível avaliar de outra forma?................................................................................ 34
Unidade IV
Construindo um conceito de Avaliação Formativa......................................................... 37
Unidade V
Critérios e instrumentos avaliativos para a melhoria da prática pedagógica.................. 41
- O Portfólio como instrumentos de Avaliação no Processo Ensino Aprendizagem...... 45
- O Feedback enquanto instrumento de Avaliação......................................................... 49
Unidade VI
Perspectivas para vivenciar uma nova proposta de Avaliação em nossas escolas.......... 51
7 - Referências Bibliográficas......................................................................................... 57
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PROPOSTA DE MATERIAL DIDÁTICO
CADERNO PEDAGÓGICO
1 - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
PROFESSORA PDE: Inês Chiarani Carbonari
ÁREA PDE: Pedagogia
NRE: Pato Branco
PROFESSORA ORIENTADORA DA IES: Isabel Cristina Neves
IES VINCULADA : Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO : Colégio Estadual Presidente Arthur da Costa e
Silva – Ensino Fundamental e Médio. Município - Mariópolis - Pr
PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO : Professores do Colégio Estadual Presidente
Arthur da Costa e Silva – Ensino Fundamental e Médio.
2 - TÍTULO: AVALIAÇÃO FORMATIVA: FUNDAMENTAÇÃO E POSSÍVEIS
APLICAÇÕES
3 - APRESENTAÇÃO
A construção deste Material Didático na forma de Caderno Pedagógico, faz parte
do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, instituído pela Secretaria de Estado
da Educação do Paraná (SEED), com o apoio da Secretaria de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior (SETI), como uma política inovadora de Formação
Continuada das professoras e dos professores da rede pública estadual.
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A participação dos professores neste programa constituem-se de atividades e
tarefas que devem ser cumpridas sob a orientação e acompanhamento do professor
Orientador da Instituição de Ensino Superior - IES, como a elaboração do plano ou
proposta de estudo, construção da proposta de intervenção na escola, onde será elaborado
materiais didático-pedagógicos e/ou outra modalidade pedagógica, dirigir e acompanhar
um grupo trabalho em rede(via internet – Programa Moodle), além de cursos e outros
eventos promovidos pela SEED e Universidades parceiras.
Este programa de formação continuada proporciona aos professores da rede
pública estadual subsídios teórico-práticos para o desenvolvimento de ações educacionais
sistematizadas, que possam ser avaliadas em seu processo e em seu produto e que resultem
em redimensionamento da prática educativa.
A temática deste trabalho é a Avaliação da Aprendizagem Escolar, com o título:
A Avaliação Formativa: Fundamentação e possíveis Aplicações.
Julgamos importante compreender e analisar, os estudiosos sobre o tema:
Avaliação da Aprendizagem Escolar, e articular essa teoria com as práticas desenvolvidas
no interior da escola, buscando oferecer um ensino de qualidade significativo, pautado em
valores éticos, políticos e sociais, respeitando-se a diversidade, demonstrando assim,
compromisso no encaminhamento e na efetivação de ações direcionadas ao sucesso do
aluno.
O Caderno Pedagógico foi construído a partir da compilação de textos de
diversos autores de renome na temática abordada. Os textos constituíram-se como apoio na
elaboração dos questionamentos, fundamentando teoricamente as análises propostas e a
articulação teórico-prática e a prática avaliativa vivenciada no contexto escolar, também de
referencial teórico significativo na elucidação dos conceitos e aprofundamento da temática,
bem como na construção das atividades propostas.
Portanto, que as leituras e atividades apresentadas para discussão e debate, sirvam
de subsídios para novos encaminhamentos, resultando em práticas avaliativas que levem à
melhoria do processo ensino-aprendizagem e conseqüentemente ao avanço e sucesso do
aluno.
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4 - OBJETIVO
O objetivo da presente proposta de Material Didático é analisar as concepções e
conceitos de avaliação em suas dimensões teórico-práticas, para constituir instrumento de
aperfeiçoamento do processo ensino aprendizagem.
5 - ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
O Caderno Pedagógico constitui-se em atividades que requer aulas presenciais
com a participação dos professores.
O estudo de textos será com a fundamentação teórica do próprio caderno através
de leituras.
Será utilizado a pesquisa-ação dentro de uma abordagem dialética por se tratar de
um projeto de intervenção.
Faz-se necessária pesquisa através de entrevistas com professores que atuam em
sala de aula; pesquisa documental se utilizando de leituras de documentos como LDB e
Deliberações do Conselho Estadual de Educação do Estado do Paraná, que regulamentam
o Sistema de Avaliação Escolar.
6 - UNIDADES DE TRABALHO:
UNIDADE I:
FUNDAMENTAR E REFLETIR SOBRE O ATO DE AVALIAR, NO DIA-A-DIA
DO SER HUMANO.
Objetivo:
- Conceituar teóricos, que pesquisam o tema Avaliação.
- Refletir sobre o ato de avaliar no cotidiano da vida do ser humano.
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O ato de avaliar é um fato freqüente nas atividades humanas; está presente de
maneira espontânea, e expressa os parâmetros de atitudes na vida familiar, no trabalho e
enfim na sociedade em que está inserido.
Para Hoffmann,(2001) define:
a avaliação é substancialmente reflexão, capacidade única e exclusiva do ser humano. De pensar sobre seus atos, de analisá-los, julgá-los, interagindo com o mundo e com os outros seres, influindo e sofrendo influências pelo seu pensar e agir. Não há tomada de consciência que não influencie a ação. Uma avaliação reflexiva auxilia a transformação da realidade avaliada. (HOFFMANN, 2001, p.10)
O termo avaliação educacional entrou para o vocabulário do universo das escolas,
com os trabalhos de Ralph Tyler, por volta de 1940 (citado em Vianna, 2000), quando este
desenvolveu análises sobre uma nova concepção de aprendizagem. O autor percebeu a
avaliação como um meio para se estabelecer comparações entre os resultados e os
objetivos educacionais. Desse modo, a avaliação passa a ser vista como uma atividade
prática.
O ato de avaliar é um fato freqüente nas atividades humanas; está presente de
maneira espontânea, ou expressando os parâmetros de alguma instituição. Esse ato está
incorporado ao sistema educativo mundial, para ser mais preciso, ao sistema escolar
mundial, pois faz parte do contexto dos administradores das escolas, professores, alunos e
famílias.
Na visão de Gadotti, (1984):
Avaliação é inerente e imprescindível, durante todo processo educativo que se realize em um constante trabalho de ação-reflexão, porque educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos para superar as contradições, comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente. (GADOTTI, 1984, p. 90)
O ato de avaliar é comum ao cotidiano das pessoas. No dia-a-dia as pessoas estão
avaliando algo, alguém ou a si próprias. Lima (2003, p. 6) chama atenção para esse fato
quando lembra que:
Avaliar é uma das atividades mais comuns na vida cotidiana de todo ser humano e é um componente fundamental no processo de desenvolvimento humano. No processo de avaliação o ser humano lança mão, desde a infância, de suas experiências vividas, do que sabe, do que percebe, dos
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conhecimentos acumulados, presentes em seu meio, e aos quais ele tem acesso, dos instrumentos culturais, das várias formas de agir que ele constituiu através da experiência cultural. (LIMA 2003, p. 6).
O fato de estar presente no cotidiano, de ser perpassado pelo senso comum já
coloca a necessidade de compreender a avaliação da aprendizagem escolar por uma
perspectiva mais ampla, considerada em sua especificidade institucional, visto que a
avaliação se constitui no conjunto da ação pedagógica. Luckesi (2005, p. 10), observou
que:
a prática da avaliação da aprendizagem não se dava em separado do projeto pedagógico, mas sim o retratava e, ainda, epistemologicamente, a avaliação não existe por si, mas para a atividade a qual serve, e ganha conotações filosóficas, políticas e técnicas da atividade que subsidia. ( LUCKESI 2005, p. 10).
Nos últimos anos, a avaliação assumiu grande importância nas políticas dos
governos, devido ao crescimento das avaliações externas, como forma de medir a evolução
educacional de um país, e, conseqüentemente, as escolas também passaram a trabalhar com
um olhar voltado para essas avaliações externas.
Uma necessidade do contexto educacional é fazer com que nossa prática
educativa seja desenvolvida, de maneira coerente, e que esteja comprometida com a
promoção da transformação social e a formação de cidadãos conscientes. Para alcançarmos
esse objetivo, a avaliação não pode ser um ato mecânico, no qual o professor dá atividades,
o aluno as realiza, sendo lhe dado um conceito para transmitir a medição do conhecimento.
A avaliação tem que ser um ato, no qual a reflexão seja inerente, contribuindo para a
construção de competências técnicas e sócio-político-culturais.
De acordo com Luckesi (2005), o processo avaliativo está relacionado ao
contexto mundial educacional da época: "(...) não se dá nem se dará num vazio conceitual,
mas sim dimensionada por um modelo teórico de mundo e, conseqüentemente de
educação, que possa ser traduzido em prática pedagógica" (p. 28).
Assim, avaliação, para estar a serviço da qualidade educacional, deve entre
outros, cumprir o seu papel de promoção do ensino, o qual irá guiar os passos do educador.
Ela precisa possuir o caráter de contribuição para a formação do aluno e, não apenas,
classificar e medir aprendizagens.
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� SUGESTÕES DE LITERATURA: LIVROS, REVISTA, ROTEIROS DE
FILMES E VÍDEOS:
o LIVROS:
� Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições.
O professor Luckesi é, sem dúvida, um dos mais conceituados especialistas
brasileiros no tema da Avaliação da Aprendizagem. Este livro traz estudos críticos sobre o
tema ao mesmo tempo em que propõe novas perspectivas de análise e ação.
A Avaliação da Aprendizagem Escolar encontra no livro abordagens sociológicas,
políticas e pedagógicas, numa tentativa de compreender sua fenomenologia e clarear
conceitos e definições.
Referência:
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições. 16 ed. São Paulo: Cortez, 2005.
� Avaliação Dialógica - desafios e perspectivas.
O livro de Eustáquio Romão, na perspectiva de uma escola cidadã, na qual se
desenvolve uma educação libertadora, nos mostra que não se justifica mais uma avaliação
punitiva, de caráter unicamente disciplinar e classificatório. A leitura nos leva a acreditar
numa nova forma de avaliar – uma forma dialógica, do ponto de vista de uma pedagogia
dialética, escapando das dicotomias categóricas e buscando alternativas numa visão
educacional compromissada com o processo de descoberta coletiva e que a avaliação se
transforma em mais um momento de aprendizagem tanto para o professor quanto para o
aluno.
Referência:
ROMÃO, José Estáquio. Avaliação Dialógica: desafios e perspectivas. 3. ed.São Paulo: Cortez, 2001.
� Reprovação Escolar: renúncia à educação.
Vitor Paro também enfoca a avaliação da aprendizagem no contexto do fracasso
escolar, questionando a prática da reprovação, para ele legitimada pelo próprio sistema
educativo. Descreve a avaliação como processo permanente e necessário à realização da
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vida humana em sociedade. Procura estabelecer quais os fatores que influenciam a
resistência à aprovação, abre caminho para perceber o processo de avaliação como algo
dinâmico, que requer uma interação dialética permanente entre os sujeitos nele envolvidos.
Referência:
PARO , Vitor Henrique. Reprovação escolar: renúncia à educação. 2. ed. São Paulo: Xamã, 2003.
� Avaliação da Aprendizagem: concepções e práticas de
formadores de professores.
A professora Ms Isabel Cristina Neves enfatiza o trabalho em defesa de uma
avaliação na perspectiva crítico-formativa, pois entende que a avaliação está
intrinsecamente ligada ao aperfeiçoamento do processo educativo. Tece reflexões que
remetem à compreensão da avaliação da aprendizagem como elemento inerente a uma
opção política a ser tomada pelos educadores, uma vez que é vista, em seu trabalho, como
ato de inclusão, um ato humanitário, cujo sentido é o da emancipação humana e social.
Referência:
NEVES, Isabel Cristina. Avaliação da Aprendizagem: Concepções e práticas de formadores de professores. Guarapuava: Unicentro, 2008.
� Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-
escola à universidade.
A avaliação mediadora, enquanto uma intervenção entre educadores e educandos,
teorizada por Jussara Hoffmann, parte do pressuposto da necessidade da observação
individual da produção de cada aluno, acompanhando o processo da construção do
conhecimento e da investigação teórica deste processo, no contexto dos estágios evolutivos
do pensamento e das experiências vividas pelo aluno.
Acredita que a interação entre educador e educando quanto às possibilidades de
reorganização conjunta do saber pode transformar o ato avaliativo em um momento
prazeroso de descoberta e troca de conhecimentos.
Referência:
HOFFMANN. Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 14. ed. Porto Alegre: Mediação, 1998.
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� Avaliação Educacional: regulação e emancipação: para uma
sociologia das políticas avaliativas contemporâneas.
Nesta obra, o autor traz questões relativas ás políticas contemporâneas da
educação, numa perspectiva sociológica, a centralidade das mudanças no campo da
avaliação educacional. Defende ser urgente resgatar a avaliação formativa, em um contexto
coletivo para compreender o específico, buscando mudanças necessárias no processo
educacional.
Referência:
AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação educacional: regulação e emancipação: para uma sociologia das políticas avaliativas contemporâneas. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2000.
� Escola, Currículo e avaliação.
A avaliação é alvo de indagações, de reflexões, de experimentação, de controvérsia. A
concepção de avaliação ligada à idéia de fracasso escolar é trabalhada por Maria Teresa
Esteban, que destaca a questão do erro dentro do processo de ensino e de aprendizagem,
trazendo à tona a questão do fracasso escolar, propondo a construção de uma perspectiva
de avaliação voltada ao sucesso escolar, que vá além da constatação da não-aprendizagem.
Referência:
ESTEBAN, Maria. Teresa. O que sabe quem erra? Reflexões sobre a avaliação escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
� A Avaliação Desmistificada
Há ainda algo a dizer sobre a avaliação? Sem dúvida. Com a condição de não
acrescentar um discurso a tantos outros, mas de tentar recolocar o que se disse e escreveu
nos últimos trinta anos para mostrar o essencial.
Permitir aos educadores, e a todos que estão envolvidos com a avaliação escolar,
colocá-la a serviço de uma dinâmica que permitirá possibilidade de interação, de troca,
entre avaliador e avaliado, constituindo-se, assim, um processo de dupla dimensão: como
um processo de comunicação consistente e como um processo de pedagogia eficaz.
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Compreender o que está em jogo na avaliação na escola para descobrir estratégias
de ação. Este é o enfoque desta obra.
Referência:
HADJI, Charles. A Avaliação Desmistificada. Ed. ARTMED, Porto Alegre, 2001.
� Avaliação Emancipatória: desafio à teoria e à prática de
avaliação e reformulação de currículo.
A autora caracteriza a função emancipatória como um processo de descrição,
análise e crítica de uma dada realidade, visando transformá-la. Destina-se à avaliação de
programas educacionais ou sociais. Ela está situada numa vertente político-pedagógica
cujo interesse primordial é emancipador, ou seja, libertador, visando procurar a crítica, de
modo a libertar o sujeito de condicionamentos deterministas. O compromisso principal
desta avaliação é o de fazer com que as pessoas direta ou indiretamente envolvidas em uma
ação educacional escrevam a sua ‘própria história’ e gerem as suas próprias alternativas de
ação.
Referência:
SAUL, Ana Maria. Avaliação Emancipatória: desafio à teoria e à prática de avaliação e reformulação de currículo. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
� Prova Amanhã! A avaliação entre a teoria e a realidade.
Prova amanhã! Propõe uma reflexão sobre os dilemas relacionados à avaliação
que os professores costumam enfrentar.
Para proceder à avaliação é necessário um grande conhecimento teórico sobre
procedimentos e instrumentos, mas, sobretudo um conhecimento profissional reconstruído
a partir da reflexão da prática avaliativa. Se vala a pena consolidar determinadas práticas
ou então substituí-las. Se todo o processo se realiza sob a perspectiva do aumento da
profissionalidade do professor, cabe dizer da avaliação que ela contém em si mesma valor
formativo. Como Dino Salinas nos proporciona neste livro escrito com inteligência e bom
humor.
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Referência:
SALINAS, Dino. Prova Amanhã! A avaliação entre a teoria e a realidade. Trad. Magda Schwartzhaupt Chaves. Porto Alegre: Artmed, 2004.
� Avaliação da Aprendizagem: Práticas de Mudanças – por
uma práxis transformadora.
No decorrer desta obra, o autor da ênfase, às múltiplas possibilidades de
intervenção em resgatar a dignidade, a auto-estima, a potência do educador, para que
perceba a importância de sua participação, começando pelo âmbito pedagógico.
Mostra que como não há uma forma perfeita de avaliação, há necessidade de
alimentarmos uma atitude ao mesmo tempo de humildade e de ousadia: não ter medo de
fazer, não deixar de avaliar, de criar dispositivos avaliativos que forneçam a efetiva
aprendizagem, e estar aberto à crítica, ter presente que qualquer prática de avaliação é
sempre uma aproximação, o que demanda diálogo autêntico.
Insiste que não adianta o professor mudar apenas sua prática: há que mudar sua
postura como um todo, pois pode fazer coisas novas, mas no esquema antigo. A partir
deste processo de mudança de postura, os docentes podem inovar no contexto onde atuam,
ao mesmo tempo em que comprometem com as mudanças mais amplas do sistema
educacional e social.
A avaliação pode ser um poderoso instrumento de mudança, colocando-se a
serviço da autêntica aprendizagem e desenvolvimento mais pleno do ser humano, pautada
num projeto de libertação radical.
Referência:
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da Aprendizagem: Práticas de Mudança por uma Práxis Transformadora. 5. ed. São Paulo: Libertad, 2003. (Cadernos Pedagógicos do Libertad; v. 6).
� Avaliação do processo Ensino-Aprendizagem
Este livro aborda a avaliação focalizando-a do ponto de vista da sala de aula, no
nível do processo ensino-aprendizagem. Com o objetivo de oferecer aos professores e a
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todos aqueles que trabalham com Educação uma orientação prática sobre as técnicas de
avaliação mais usadas, ajudando-os a compreender a avaliação como um processo
contínuo.
Essa orientação está embasada em esquemas de referência teóricos, permitindo ao
professor repensar a sua prática na sala de aula. Isso porque a ação educativa não é algo
pronto e definitivo; pelo contrário, suscita muitos questionamentos, discussões, planos e
realizações. O processo ensino-aprendizagem exige um contínuo repensar e um constante
recriar.
Esta obra de abordagem objetiva e didática, tem como objetivo estimular os
professores a aperfeiçoar seu sistema de avaliação, tornando-o mais eficiente, assim
contribuindo para melhoria e eficácia do processo ensino-aprendizagem.
Referência:
HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem. 6.ed. São Paulo: Ática, 2002.
� O Jogo do Contrário em Avaliação
Neste livro a autora faz um convite para que se faça um “jogo do contrário” em
avaliação. Um convite a fazer diferença nas escolas, valorizando as diferenças e buscando
estratégias pedagógicas diferentes para cuidar da aprendizagem de todos os alunos.
Convida a repensar as práticas avaliativas, valorizando, o jeito diferente de ser dos alunos,
buscando estratégias pedagógicas inovadoras para promover oportunidades dignas de
aprendizagem.
Tem como objetivo desenvolver os caminhos que se vêm perseguindo em termos
da avaliação mediadora em três tempos: o tempo da admiração dos alunos, o tempo da
reflexão sobre suas tarefas e manifestações de aprendizagem e o tempo da reconstrução das
práticas avaliativas, relatando fundamentos e exemplos de estudos de casos de alunos
acompanhadas em programas de assessoria que coordena e que serviram de subsídios para
tais considerações.
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Referência:
HOFFMANN. Jussara. O Jogo do Contrário em avaliação. Porto Alegre: Editora Mediação, 2005.
o REVISTA DE CIRCULAÇÃO
Título da Notícia: "O objetivo da avaliação é intervir para melhorar" Cipriano Carlos
Luckesi
Cipriano Carlos Luckesi é um dos nomes de referência em avaliação da
aprendizagem escolar, assunto no qual se especializou ao longo de quatro décadas. Nessa
trajetória, que começou pelo conhecimento técnico dos instrumentos de medição de
aproveitamento, o educador avançou para o aprofundamento das questões teóricas,
chegando à seguinte definição de avaliação escolar: "Um juízo de qualidade sobre dados
relevantes para uma tomada de decisão". Portanto, segundo essa concepção, não há
avaliação se ela não trouxer um diagnóstico que contribua para melhorar a aprendizagem.
O Prof. Luckesi concedeu uma entrevista à Nova Escola detalhando vários pontos
da avaliação, estudioso renomado neste assunto, apresenta a avaliação diagnóstica como
um dos elementos chaves no processo de ensino e de aprendizagem. Imperdível!
Fonte: Nova Escola, n.º191, abr/2006
Consulte o site www.novaescola.com.br
o ROTEIROS DE FILMES
� Quarta B: Filme brasileiro, lançado em 2005 e dirigido por
Marcelo Galvão.
A professora de uma escola primária, o diretor, o zelador e quinze pais estão
reunidos na mesma sala para discutir um tabu: o que fazer ao encontrar drogas com um
aluno de 10 anos? Há uma proposta de todos tentarem entrar no universo das crianças que
usam drogas e experimentarem juntos. Acusações, intrigas e muitas revelações vêm à tona
enquanto cada um deles tenta proteger a própria família.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Quarta_B. Acesso em: 01.05.2010.
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� Um Homem Novo
Danny DeVito é Bill Rago, um publicitário em crise que acaba de perder o
emprego. O novo trabalho que consegue é como instrutor numa base do exército, onde
deve ensinar jovens recrutas a interpretar textos, usar o raciocínio e fazer uma análise
crítica sobre o que lêem. Depois de muito esforço sem conseguir despertar o interesse dos
alunos, ele decide usar Shakespeare. Finalmente conquista seus alunos, que transformam
Hamlet num musical rap.
http://br.cinema.yahoo.com/filme/9963/sinopse/umnovohomem.
Acesso em: 01.05.2010.
� Entre os Muros da Escola
Um professor tenta estimular seus alunos em sala de aula, mas enfrenta problemas
com a falta de educação e o descaso deles em aprender algo.Vale uma menção: há uma
cena formidável no final do filme, quando o professor Marin, no último dia de aula,
pergunta aos seus alunos o que aprenderam durante o ano. A resposta de uma das alunas
chama atenção. Quando perguntada se gostava dos livros que lia no colégio respondeu que
achava todos inúteis, que preferia escolher por conta própria. Então o professor pergunta: e
qual livro que você leu e gostou? “A República, de Platão”, responde a aluna. A resposta
não poderia ser mais surpreendente. Sinal que nem tudo está perdido. Vencedor da Palma
de Ouro no Festival de Cannes, Entre os Muros da Escola se mostra uma contundente
“aula” de reflexão sobre as práticas pedagógicas e as diferentes maneiras de se lidar com o
problema. Filme obrigatório para professores e educadores e que, não tenho dúvidas, deve
virar tema de estudo em sala de aula. François Bégaudeau, protagonista de Entre os Muros
da Escola, é também o autor do livro o qual o filme foi baseado.
Disponível em: [email protected]. Acesso em 01.05.2010.
� O Homem Sem Face
Informações Técnicas:
Título no Brasil: O Homem Sem Face
Título Original: The Man Without a Face
País de Origem: EUA
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Gênero: Drama
Tempo de Duração: 116 minutos
Ano de Lançamento: 1993
Chuck Norstadt (Nick Stahl) é um garoto de 12 anos, órfão de pai e um estranho no
ninho familiar. Sua mãe (Margaret Whotton) coleciona fracassos conjugais e uma de suas
meias-irmãs, Gloria (Fay Masterson), mostra-se agressiva com ele. Para Chuck, só há uma
alternativa: ingressar no colégio militar. O garoto é reprovado no exame preparatório, mas
ninguém de sua família se importa. Ele conhece o ex-professor Justin McLeod (Mel
Gibson) que foi desfigurado por um acidente automobilístico e vive retirado, evitando os
vizinhos. No início, McLeod rejeita qualquer contato com o menino, mas depois decide
ajudá-lo a se preparar para o exame. A amizade ente os dois trará a tona fatos que o ex-
professor prefere esquecer. O que ele tem a esconder?
Acesso em: 01.05.2010.
� O Sorriso de Mona Lisa
Informações Técnicas:
Título no Brasil: O Sorriso de Mona Lisa
Título Original: Mona Lisa Smile
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 125 minutos
Ano de Lançamento: 2003
Katharine Watson (Julia Roberts) é uma recém-graduada professora que consegue
emprego no conceituado colégio Wellesley, para lecionar aulas de História da Arte.
Incomodada com o conservadorismo da sociedade e do próprio colégio em que trabalha,
Katharine decide lutar contra estas normas e acaba inspirando suas alunas a enfrentarem os
desafios da vida.
http://www.sonypictures.com/movies/ monalisasmile. Acesso em: 01.05.2010.
� O Triunfo
Informações Técnicas:
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Título no Brasil: A História de Ron Clark / O Triunfo
Título Original: The Ron Clark Story / The Triumph
País de Origem: EUA / Canadá
Gênero: Drama
Classificação etária: 14 anos
Tempo de Duração: 95 minutos
Ano de Lançamento: 2006
Estúdio/Distrib.: California Home Vídeo
Direção: Randa Haines
Matthew Perry é um jovem professor impaciente, porém talentoso, que deixa sua
casa na zona rural da Carolina do Norte para se aventurar a dar aulas nas escolas de Nova
York. Enquanto luta para manter seu otimismo ao se defrontar com um obstáculo após o
outro, ele desistirá de tudo para retornar à sua casa com o rabo entre as pernas, ou realizará
sua ambição e transformar o futuro de alguns dos mais difíceis e vulneráveis garotos da
cidade?
Disponível em: http://www.tnt.tv/title/?oid=633246. Acesso em: 01.05.2010
� A Voz do Coração
Pierre Morhange (Jacques Perrin) é um famoso maestro que retorna á sua cidade natal
ao saber do falecimento de sua mãe. Lá ele encontra um diário mantido por seu antigo
professor de música, Clémente Mathieu (Gérard Jugnot),através do qual passa a relembrar
sua própria infância, mais exatamente a década de 40, quando passou a participar de um
coro organizado pelo professor, revelando seus dotes musicais.
� O Clube do Imperador
Informações Técnicas:
Título original:The Emperor's Club
Gênero:Drama
Duração:01 hs 49 min
Ano de lançamento: 2002
Direção: Michael Hoffman
Roteiro: Neil Tolkin, baseado em curta-metragem de Ethan Canin
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Produção: Marc Abraham e Andy Karsch
Música: James Newton Howard
Fotografia: Lajos Koltai
Direção de arte: Dennis Bradford
Site oficial:http://www.theemperorsclub.com/
Sinopse:
William Hundert (Kevin Kline) é um professor da St. Benedict's, uma escola
preparatória para rapazes muito exclusiva que recebe como alunos a nata da sociedade
americana. Lá Hundert dá lições de moral para serem aprendidas, através do estudo de
filósofos gregos e romanos. Hundert está apaixonado por falar para os seus alunos que "o
caráter de um homem é o seu destino" e se esforça para impressioná-los sobre a
importância de uma atitude correta. Repentinamente algo perturba esta rotina com a
chegada de Sedgewick Bell (Emile Hirsch), o filho de um influente senador. Sedgewick
entra em choque com as posições de Hundert, que questiona a importância daquilo que é
ensinado. Mas, apesar desta rebeldia, Hundert considera Sedgewick bem inteligente e acha
que pode colocá-lo no caminho certo, chegando mesmo a colocá-lo na final do Senhor
Julio Cesar, um concurso sobre Roma Antiga. Mas Sedgewick trai esta confiança
arrumando um jeito de trapacear.
� Escritores da Liberdade (Freedom Writers)
Informações Técnicas
Título no Brasil: Escritores da Liberdade
Título Original: Freedom Writers
País de Origem: Alemanha / EUA
Gênero: Drama
Classificação etária: Livre
Tempo de Duração: 122 minutos
Ano de Lançamento: 2007
Estúdio/Distrib.: UIP
Direção: Richard LaGravenese
Site Oficial: http://www.freedomwriters.com
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Sinopse
O Filme é baseado no livro "The Freedom Writer's Diaries: How a Teacher and
150 Teens Used Writing to Change Themselves and the World Around Them" ("O Diário
dos Escritores da Liberdade: Como uma Professora e 150 Adolescentes Usaram a Escrita
para Mudá-los e o Mundo ao seu Redor") escrito pela professora do ensino médio Erin
Gruwell e seus alunos. No livro, Gruwell e seus alunos, que eram consideráveis incapazes
de aprender, realizam uma atividade que mudará suas vidas, abrirá seus olhos para o
mundo e os fará crescer em espírito, contra a ignorância, a incompreensão, e as forças
negativas em suas vidas. O filme se passa em um período em que estourava nas ruas a
guerra interracial americana, onde para os jovens da classe de Gruwell, era difícil
conseguir sobreviver o dia a dia da guerra entre as raças no meio da rua. E é a partir do
respeito e a forma de tratar os alunos como nenhum outro professor havia tratado, ou seja,
escutando-os como adultos que estavam se formando que ela conquista um a um.
Começando pelo estudo do livro "O Diário de Anne Frank" e o Holocausto, os alunos saem
em busca de heróis pelo mundo. Enquanto escrevem seus projetos, os alunos saem em
busca de se tornarem eles mesmo esses heróis e, descobrem o poder da tolerância, tem a
oportunidade de recuperar suas vidas desfeitas e mudar seu mundo.
Para saber mais:
Avaliação
http://www.youtube.com/watch?v=08h3gwHvPBM, acesso em 26/12/2009
Avaliação: Prêmio ou Punição?
http://www.youtube.com/watch?v=6rHvpwKOpQg, acesso em 26/12/2009
Avaliação: construção ou julgamento?
http://www.youtube.com/watch?v=j4qufQaJIwI, acesso em 19/01/2010
O Ponto Avaliar
http://www.youtube.com/watch?v=y6BCljHcjL8, acesso em 19/01/2010
Avaliação: Lúcia Glória
http://www.youtube.com/watch?v=A90GwF-5bAk, acesso em 19/01/2010
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Luckesi
http://www.youtube.com/watch?v=slL3EW7ntAE, acesso em 20/01/2010
o SÍTIOS:
www.luckesi.com.br
Neste sítio, do Prof. Carlos Cipriano Luckesi, doutor em Educação, podemos
encontrar artigos, publicações, entrevistas, textos para reflexão e uma sessão de perguntas
e respostas acerca do tema: Avaliação da Aprendizagem. O site remete ao blog do autor.
www.pedrodemo.blog.uol.com.br
Neste sítio Prof. Pedro Demo, disponibiliza textos e entrevistas sobre várias
temáticas dentro da área da educação, inclusive sobre a Avaliação da Aprendizagem. Seu
blog possui reflexões atuais sobre o tema e ainda remete ao seu site que possui uma lista de
artigos e publicações.
www.editoramediacao.com.br
Neste sítio, a doutora em Educação e especialista em Avaliação, Jussara
Hoffmann, disponibiliza uma série de publicações, além de textos e entrevistas que
refletem especificamente sobre a Avaliação da Aprendizagem.
Para refletir:
Uma adaptação de Michaele Quimn Patton, da Fábula traduzida pela professora
Clarilza Souza, nos mostra a importância de se ter claro os critérios de Avaliação, em todos
os momentos da vida do ser humano.
“Era uma vez...
Uma rainha que vivia em um grande castelo. Ela tinha uma varinha mágica que
fazia as pessoas bonitas ou feias, alegres ou tristes, vitoriosas ou fracassadas. Como todas
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as rainhas, ela também tinha um espelho mágico. Um dia, querendo avaliar sua beleza,
também ela perguntou ao espelho:
- Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu?
O espelho olhou bem para ela e respondeu:
- Minha rainha, os tempos estão mudando. Esta não é uma resposta assim tão
simples. Hoje em dia para responder a sua pergunta eu preciso de alguns elementos mais
claros.
Atônita, a rainha não sabia o que dizer. Só lhe ocorreu pergunta
- Como assim?
- Veja bem, respondeu o espelho. – Em primeiro lugar, preciso saber por que Vossa
Majestade fez essa pergunta.
Ou seja, o que pretende fazer com minha resposta. Pretende apenas levantar dados
sobre o seu ibope no castelo? Pretende examinar seu nível de beleza, comparando-o com o
de outras pessoas, ou sua avaliação visa ao desenvolvimento de sua própria beleza, sem
nenhum critério externo? É uma avaliação considerando a norma ou critérios
predeterminados? De toda forma é preciso, ainda que Vossa Majestade me diga se pretende
fazer uma classificação dos resultados.
E continuou o espelho?
- Além disso, eu preciso que Vossa Majestade me defina com que bases devo fazer
essa avaliação. Devo considerar o peso, a altura, a cor dos olhos, o conjunto? Quem deve
consultar para fazer essa análise? Por exemplo: se consultar somente os moradores do
castelo, vou ter uma resposta; por outro lado, se utilizar parâmetros nacionais, poderei ter
outra resposta. Entre a turma da copa ou mesmo entre os anões, a Branca de Neve ganha
estourado. Mas, se perguntar aos seus conselheiros, acho que minha rainha terá o primeiro
lugar. Depois, ainda tem o seguinte - continuou o espelho: - Como vou fazer essa
avaliação? Devo utilizar análises continuadas? Posso utilizar alguma prova para verificar o
grau dessa beleza? Utilizo a observação?
Finalmente. Concluiu o espelho: - Será que estou sendo justo? Tantos são os
pontos a considerar...
(adaptação de Michaele Quimn Patton, traduzida pela professora Clarilza Souza).
Discussão:
a) No contexto das práticas educativas, como podemos refletir esta fábula?
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b) Que elementos teórico-metodológicos podem subsidiar, projetar e implementar a
organização do trabalho escolar?
c) Nesse contexto, que lugar assume o professor como profissional da educação?
UNIDADE II:
APRESENTAÇÃO DO PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA NA
ESCOLA: A AVALIAÇÃO NA LEGISLAÇÃO
Objetivo:
- Apresentar ao colegiado, projeto de implementação pedagógica e analisar os dispositivos
legais sobre o processo de avaliação na educação básica a fim de utilizá-los a favor dos
alunos da escola pública com direito a uma educação de qualidade.
Nessa unidade apresentaremos aos professores o Projeto de Implementação
Pedagógica na Escola e analisaremos pontos e artigos pertinentes, em relação à avaliação
da aprendizagem e recuperação de estudos, a saber:
- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96);
- Deliberação 007/99 do Conselho Estadual de Educação do Estado do Paraná que
vem ao encontro da construção de uma avaliação comprometida com a qualidade de
ensino.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) e Deliberação
007/99 do Conselho Estadual de Educação do Estado do Paraná vem considerar os
aspectos legais da avaliação, o qual normatiza a avaliação do aproveitamento escolar e
propõem recuperação de estudos e promoção dos alunos. Definem também com muita
clareza que a avaliação deve ser um instrumento de acompanhamento da construção da
aprendizagem, num processo contínuo e cumulativo, que venha a incorporar todos os
resultados obtidos durante o período letivo, não podendo ser aceita como um simples
instrumento classificatório.
O texto define com clareza que a avaliação se constitui num instrumento para
que o professor estude os dados da aprendizagem e do seu trabalho visando uma tomada de
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decisões sobre o aperfeiçoamento da aprendizagem, como também fornece elementos para
que se reformule o currículo de ensino e repense suas metodologias.
Para Luckesi (2005, p. 150), registra que “avaliação é um instrumento que auxilia
o professor verificar os resultados que estão sendo obtidos, assim como fundamentar as
decisões que devem ser tomadas para que os resultados sejam construídos”. Quando isso
não acontece, ou seja, quando a avaliação é executada fora do processo de ensino e com
objetivo exclusivamente de atribuição de notas e conceitos, pode-se dizer que os alunos
inseridos neste contexto podem acabar fracassados no âmbito escolar. Se a avaliação não
for diagnóstica, ela não terá como objetivo a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno e
não contribuirá para seu crescimento.
- LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (L DB 9394/96);
Considerando os aspectos legais da avaliação. A primeira referência que cabe
observar é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Nº 9394/96. No Capítulo II,
destinado à educação básica, Seção I, nas Disposições gerais, vem ao encontro da
construção de uma avaliação comprometida com a qualidade:
Art. 12 – Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu
sistema de ensino, terão a incumbência de:
I – elaborar e executar sua proposta pedagógica;
IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V – promover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento.
Art. 13 – Os docentes incumbir-se-ão:
II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
III – zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.
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A avaliação qualitativa contínua é reconhecida na atual LDB (Lei 9.394/96)
Art. 24, inciso V, são estabelecidos os critérios da verificação do rendimento escolar:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo,
para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de
ensino em seus regimentos.
DELIBERAÇÃO 007/99 DO CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DO
ESTADO DO PARANÁ.
Ainda considerando os aspectos legais é preciso ter em conta a Deliberação,
007/99, da Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná, que normatiza a
avaliação do aproveitamento escolar propondo-lhe, recuperação de estudos e promoção de
alunos, do Sistema Estadual de Ensino, em Nível do Ensino Fundamental e Médio. No
capítulo destinado a avaliação do aproveitamento escolar consta que:
Art. 1.° A avaliação deve ser entendida como um dos aspectos do ensino pelo qual o
professor estuda e interpreta os dados da aprendizagem e de seu próprio trabalho, com as
finalidades de acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, bem
como diagnosticar seus resultados e atribuir-lhes valor.
§ 1.° - A avaliação deve dar condições para que seja possível ao professor tomar decisões
quanto ao aperfeiçoamento das situações de aprendizagem
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§ 2.° - A avaliação deve proporcionar dados que permitam ao estabelecimento de ensino
promover a reformulação do currículo com adequação dos conteúdos e métodos de ensino.
§ 3.° - A avaliação deve possibilitar novas alternativas para o planejamento do
estabelecimento de ensino e do sistema de ensino como um todo.
Art. 2.° – Os critérios de avaliação, de responsabilidade dos estabelecimentos de ensino,
devem constar do regimento Escolar, obedecida a legislação vigente.
Parágrafo Único – Os critérios de avaliação do aproveitamento escolar serão elaborados
em consonância com a organização curricular do estabelecimento de ensino.
Art. 3.° – A avaliação do aproveitamento escolar deverá incidir sobre o desempenho do
aluno em diferentes situações de aprendizagem.
§ 1.° - A avaliação utilizará técnicas e instrumentos diversificados.
§ 2.° - O disposto neste artigo aplica-se a todos os componentes curriculares, independente
do respectivo tratamento metodológico.
§ 3.° - É vedada a avaliação em que os alunos são submetidos a uma só oportunidade de
aferição.
Art. 4.° - A avaliação deve utilizar procedimentos que assegurem a comparação com
parâmetros indicados pelos conteúdos de ensino, evitando-se a comparação dos alunos
entre si.
Art. 5.° - Na avaliação do aproveitamento escolar, deverão preponderar os aspectos
qualitativos da aprendizagem, considerada a interdisciplinariedade e a
multidisciplinaridade dos conteúdos.(...)
Art. 6 – Para que a avaliação cumpra sua finalidade educativa, deverá ser contínua,
permanente e cumulativa.
Numa clara oposição à tendência tradicional o parágrafo único da Deliberação
esclarece que se deve dar “[...] relevância à atividade crítica, à capacidade de síntese e à
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elaboração pessoal, sobre a memorização.” E, ainda, no Art. 6.°, que a avaliação para
cumprir sua finalidade educativa, “deverá ser contínua, permanente e cumulativa.”
De acordo com Demo (1991, p. 24)
a avaliação contínua e cumulativa ajuda o aluno a aprender, possibilitando a intervenção do professor “O professor precisa tirar a limpo todos os dias se seus alunos estão aprendendo, não só porque isto é de ofício, mas igualmente porque os dados disponíveis gritam que a aprendizagem é mínima. É para distribuir este processo de cuidado da aprendizagem do aluno que a avaliação comparece como procedimento essencial. ( DEMO 1991, p. 24)
A avaliação na legislação nacional e estadual se constitui num aspecto do ensino,
instrumento para que o professor estude os dados da aprendizagem, e do seu próprio
trabalho visando a tomada de decisões sobre o aperfeiçoamento da aprendizagem, como
também fornece elementos para que o estabelecimento de ensino reformule o currículo e
repense as metodologias.
RECUPERAÇÃO DE ESTUDOS: Em Busca Do Sucesso Dos Alunos Na Sua
Aprendizagem
Os momentos de recuperação de estudos devem ser oportunizados quando o
professor perceber que a aprendizagem não se efetivou de forma plena, é preciso buscar
ações pedagógicas variadas, determinando o que será revisto, a fim de garantir a
efetivação do processo de ensino e de aprendizagem, criando condições de envolvimento
dos alunos nas atividades, estimulando e fazendo intervenções que produzam
aprendizagens.
A LDB 9394/96 trata da Recuperação de Estudos nos seguintes artigos:
Art.12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu
sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V - promover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento.
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Art.13. Os docentes incumbir-se-ão:
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV- estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.
A avaliação qualitativa contínua é reconhecida na atual LDB (Lei 9.394/96)
Art.24
V - A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os
de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo,
para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de
ensino em seus regimentos.
A Deliberação 007/99 – CEE em seu capítulo II discorre sobre a Recuperação de
Estudos:
Art. 10 - O aluno cujo aproveitamento escolar for insuficiente poderá obter a aprovação
mediante recuperação de estudos, proporcionando obrigatoriedade pelo estabelecimento.
Parágrafo único – A proposta de recuperação de estudos deverá indicar a área de estudos e
os conteúdos da disciplina em que o aproveitamento dos alunos for considerado
insuficiente.
Art. 11 – A recuperação é um dos aspectos da aprendizagem no seu desenvolvimento
contínuo, pela qual o aluno, com aproveitamento insuficiente, dispõe de condições que lhe
possibilitem a apreensão de conteúdos básicos.
§ 1.° - O processo de recuperação deverá ser descrito no regimento escolar.
Art. 12 – O estabelecimento de ensino deverá proporcionar recuperação de estudos,
preferencialmente concomitante ao período letivo, assegurando as condições pedagógicas
definidas no Artigo 1° desta Deliberação.
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Art. 13 – A recuperação de estudos deverá constituir um conjunto integrado ao processo de
ensino, além de se adequar às dificuldades dos alunos.
Parágrafo único – A recuperação de estudos realizada durante o ano letivo será considerada
para efeito de documentação escolar.
Paro (2003, p.136 ), defende que:
os estudos de recuperação devem integrar-se ao processo de ensino e aprendizagem, pois, se a recuperação paralela for considerada um momento a parte, separada do processo escolar normal, constituir-se-á mais um remendo do que uma solução, visto que , se os resultados apontam que parte dos alunos não conseguiu o desempenho esperado, dá-se-lhe reforço e recuperação. Deve-se tomar medidas que evitem o problema, tornando o ensino efetivamente eficaz, em vez de só remediá-lo. ( PARO, 2003, p.136)
De acordo com Vasconcellos (2003, p.82)
a Recuperação de Estudos consiste na retomada de conteúdos durante o processo de ensino e de aprendizagem, permitindo que todos os alunos tenham oportunidades de apropriar-se do conhecimento historicamente acumulado, por meio de metodologias diversificadas e participativas. A recuperação, o acompanhamento da aprendizagem é um direito do aluno. No entanto, os professores não devem fazer a recuperação apenas para cumprir uma formalidade legal, mas como expressão do seu compromisso com a aprendizagem dos alunos. Muitas vezes, há uma simples recuperação da “nota” e não do fundamental que é a aprendizagem. Todavia, enquanto existir nota, a recuperação da aprendizagem deverá repercutir na recuperação da nota.( VASCONCELLOS 2003, p.82)
Vasconcellos (2003, p. 81) cita os seguintes tipos de recuperação:
Recuperação no Ato de Ensino: através de uma metodologia interativa em sala, de aulas participativas, o professor observa os alunos ao longo da aprendizagem e, em função das dificuldades identificadas, desencadeia abordagens diversificadas do mesmo conteúdo. Recuperação no Processo: retomada dos assuntos; exercícios, atividades, tarefas; atendimento durante atividades em sala; roteiro de orientação de estudo extra-sala de aula, de acordo com as carências; trabalhos de grupo em sala.
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Atividades Específicas de Recuperação: aulas no contraturno; trabalho de monitoria; professores montando plantão de duvidas. Recuperação de aprendizagens Prévias não ocorridas: espaço de recuperação logo no início do período letivo, para trabalhar conceitos básicos. .( VASCONCELLOS 2003, p.81)
Segundo Hoffmann, (2001, p.25), devemos ter claro que:
estudos paralelos de recuperação consistem em momentos planejados e articulados ao andamento dos estudos do cotidiano da sala de aula [...] Tomar como elemento de discussão, em pequenos grupos, respostas de alunos a uma tarefa individual, onde revelam hipóteses em construção ou necessidade de complementação, pode ser uma excelente atividade de recuperação [...] Explicações adicionais, novos exercícios ou textos para a turma, são alternativas didáticas do cotidiano da escola que irão ajudar alguns alunos em suas dificuldades (HOFFMANN 2001, p.25).
A prática cotidiana tem demonstrado que a recuperação geralmente acontece ao
final do processo, quando se aplica uma “prova” e ao perceber que o aluno “tirou” uma
nota inferior à média, lhe é solicitado um trabalho gerando uma nota apenas pela entrega,
independente do conteúdo que apresente. Em sentido contrário a esta prática.
Para que ocorra a Recuperação de Estudos é necessário o acompanhamento do
professor, sendo fundamental a compreensão de que a aprendizagem ocorre a partir da
existência, pela mediação das pessoas por meio das relações sociais, tendo claro que todos
os sujeitos são singulares, únicos, com características diferenciadas e, portanto, cada um se
apropria do conhecimento de acordo com suas especificidades. A utilização de
instrumentos avaliativos serão vias para perceber os conteúdos que não foram apreendidos
e que deverão ser retomados no processo de recuperação de estudos.
Discussão:
a) De que forma o professor pode efetivar a avaliação, para atender a Deliberação 007/99,
em seu artigo 6º que estabelece: “Para que a avaliação cumpra sua finalidade educativa,
deverá ser contínua, permanente e cumulativa.”
b) Na Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 e Deliberação 007/99, a recuperação é vinculada
aos conteúdos e não aos instrumentos, assim sendo, os critérios de avaliação que estão
propostos na Proposta Pedagógica Curricular, no Plano de Trabalho Docente e no Projeto
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Político Pedagógico da escola podem ter influência na prática avaliativa e no planejamento
do professor?
c) É possível diminuir a distância entre o que a LDB estabelece e a prática avaliativa
vigente na maioria das escolas?
UNIDADE III
DESAFIOS PARA MUDANÇAS NA FORMA DE AVALIAR
Objetivo:
- Identificar as possibilidades de mudanças na prática da avaliação escolar, para reverter o
baixo nível de qualidade da educação escolar.
Analisando o papel político da avaliação, tem se criticado muito as práticas
avaliativas dos professores, mais instrumental, faltando apontar caminhos concretos na
perspectiva crítica. O que fazer para superar as práticas autoritárias de avaliação. Como
avançar para além do discurso e traduzir em ações a nova visão de avaliação.
A avaliação da aprendizagem constitui um sério problema educacional há muito
tempo, mas ganhou ênfase em função do avanço da reflexão crítica que apontou os
enormes estragos da prática classificatória e excludente: os elevadíssimos índices de
reprovação e evasão, aliados a um baixíssimo nível de qualidade da educação escolar, tanto
em termos de apropriação do conhecimento quanto de formação de uma cidadania ativa e
crítica.
Uma das condições essenciais para agir e intervir no sentido de promover a
aprendizagem é defendida por Méndez (2001) que afirma:
Avaliar somente no final, ou por unidade de tempo ou conteúdo, é chegar tarde para garantir a aprendizagem contínua e oportuna. Neste caso e neste uso, a avaliação só chega a tempo para qualificar, condição para a qualificação, que é o passo prévio para seleção e exclusão racional. (...) Se fazemos da avaliação um exercício contínuo, não há razão para o fracasso, pois sempre chegaremos a tempo para agir e intervir inteligentemente no momento oportuno, quando o sujeito necessita de nossa orientação e de
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nossa ajuda para evitar que qualquer falha detectada torne-se definitiva. (MÉNDEZ, 2001, p.17).
Segundo Vasconcellos (2003, pg.12) “o professor, espera sugestões, propostas,
orientações para sua tão desafiadora prática; muitos gostariam até de algumas “receitas”;
sabemos que estas não existem, dada a dinâmica e complexidade da tarefa educativa”.
Nesta busca do educador existe muita resistência as mudanças.
POR QUE É TÃO DIFÍCIL MUDAR?
A necessidade de mudanças nos remete a reflexão, a elaboração teórica, mas
percebemos que, o que tem maior força na prática da escola não está escrito em lugar
algum, essa prática enfatiza um currículo oculto como premiar os bons, preparar para os
exames ( vestibular), cumprir o programa, ter domínio da classe , agradar os pais, entender
que ser bom professor é ser temido pela classe.
POR QUE A AVALIAÇÃO NÃO ESTÁ AJUDANDO A MUDAR?
A avaliação no seu autêntico sentido, está sofrendo um processo de mudança pois
é a principal desencadeadora da atividade transformador
Segundo Vasconcellos( 2003,p.19) :
No cotidiano escolar, a avaliação ocupa um espaço enorme; afirma-se que a avaliação é feita para mudar; avalia-se tanto, investe-se tanto com instrumentos ( provas, testes) e registros (notas, conceitos) e, no entanto, as coisas não mudam... Por que a avaliação não está ajudando a mudar? (VASCONCELLOS 2003, p. 19).
Considerando que vários fatores influenciam na avaliação, como: o objeto a ser
avaliado, a forma que é aplicada e os critérios para o julgamento. Constatamos que não
existe clareza, em termos de avaliação existem muitos vícios, e para essa mudança não
depende só do domínio do conhecimento. Existem professores com aprofundamento
teórico muito rico, mas com uma cultura preconceituosa, que analisam a realidade com
uma estrutura muito fechada, e uma leitura rígida, com dificuldades em apreender o
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movimento real. A avaliação que deveria ser uma mediação que transforma a prática, está
montada em bases equivocadas.
Muito comum também é avaliar apenas o aluno, com isso limitamos a
avaliação e não percebemos o problema na sua totalidade, como: currículo, condições de
trabalho, proposta pedagógica.
O conteúdo solicitado na avaliação da aprendizagem através de
instrumentos não conseguem perceber se realmente está se construindo o conhecimento,
que tipo de operação mental , muitas vezes leva a memorização mecânica por parte dos
alunos. A forma com que esta avaliação acontece no cotidiano da escola, geralmente é
classificatória, avalia-se o momento e não o processo, não considerando o mais importante
que é a construção do conhecimento e da cidadania.
A mudança em avaliação não pode se dar de maneira isolada ela deve estar
articulada com a mudança de metodologias de trabalho em sala de aula, com a organização
da escola, do sistema de ensino e da própria sociedade.
É POSSÍVEL AVALIAR DE OUTRA FORMA?
Novas práticas de avaliação estão se dando em muitas instituições e sistemas de
ensino. São muitos os esforços para alterar essas práticas, embora nem todas as mudanças
são para o melhor. Muitas tentativas de práticas inovadoras têm se dado de forma
equivocada, os elementos estruturantes não são captados, existe o risco de retrocesso ao
invês de avanço.
Construir uma autêntica práxis transformadora.
Para isso é preciso mudar a postura, o que implica a alteração tanto da concepção
quanto da prática, o que significa a construção da práxis transformadora. A práxis é a
articulação entre a ação e a reflexão, que nos leva a transformação da realidade. Um
aspecto importante da práxis é o reconhecimento de que o sujeito ao interferir no mundo
não modifica apenas o mundo, mas também se modifica.
Na tarefa que se coloca, a partir disto, Vasconcellos ( 2003, p.21) aponta para três
direções:
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.Fortalecimento: valorizar as práticas inovadoras existentes para que tenham uma duração tal que permita o resgate da esperança na mudança, bem como possam servir de referência a quem está querendo mudar; . Avanço: criar novas práticas, descobrir outras alternativas; superar equívocos; radicalizar as opções na direção emancipatória; . Crítica : não baixar guarda em relação à presença e influência da avaliação tradicional; não se deixar seduzir pelos discursos genéricos; ter muita cautela com os argumentos “pragmáticos” (ah, nós também não concordamos, mas é a exigência dos tempos presente). (VASCONCELOS 2003, p.21).
A grande preocupação é com a mudança na prática do professor. É comum os
docentes estarem marcados pelo discurso da dificuldade da impotência. Isto é
conseqüência da forma que essa mudança necessária da avaliação chega a eles, muitas
vezes através de imposições, sem discussão coletiva, marcadas pelo idealismo, sem visão
da realidade concreta, sem alteração nas condições de trabalho, sem investimento na
formação, mudanças simplesmente pelo modismo, desclassificando toda a prática anterior.
Existe também as diferenças internas dos grupos: visões parciais, cobranças equivocadas,
mudanças de maneira dispersa, fragmentada, contraditórias. Constata-se que os problemas
são de vários tipos: a forma de implantação destas mudanças, condições materiais
disponibilizadas e formas de pensamento dos professores.
O papel do professor no processo de mudança da avaliação da aprendizagem é
essencial, pois, ele é o coordenador do processo, que se efetiva na sala de aula. É o
professor que estará no dia-a-dia na sala de aula, e se não estiver convencido, o trabalho
ficará só de superfície. Não significa que ele é o único responsável pelas mudanças, a
equipe de apoio dos estabelecimentos de ensino tem o dever de propor, subsidiar, interagir,
questionar, problematizar, efetivando a decisão coletiva.
Ser sujeito é uma perspectiva muito interessante, mas muito exigente também:
sair do comodismo, correr riscos, assumir responsabilidades, se capacitar, enfrentar
conflitos, etc.
Segundo Paro (2003, p.48)
No senso comum, dentro e fora da escola, o que importa não é a formação de personalidades, não se busca saber se o aluno aprendeu e o que aprendeu, mas se ele foi aprovado nos exames. Os próprios pais, quando denotam interesse pela vida escolar do filho, é para perguntarem se tiraram boas notas, se passaram de ano, se conseguirão ser aprovados no
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vestibular; não se estão logrando preparar-se para uma vida melhor, para si e para a sociedade, a partir da apropriação da cultura ( PARO 2003, p.48).
Atualmente existe uma busca por mudanças no paradigma de avaliação, já que no
modelo tradicional de ensino baseado na abordagem do comportamento, a avaliação limita-
se a verificar, por meio dos exames, se o aluno assimilou os conhecimentos que lhe foram
transmitidos, podendo ser comparada ao que Freire denomina de “educação bancária”, na
qual o professor/avaliador deposita conhecimentos prontos, esperando que os alunos
avaliados reproduzam os conhecimentos recebidos. A aprendizagem é passiva e individual,
os aprendizes não são levados a refletir sobre o que está sendo ensinado, sobre as
aplicações das informações que lhes são transmitidas. Este modelo não prepara os
aprendizes para solucionarem problemas da vida real que irão enfrentar fora das salas de
aula, e tão pouco para construírem seus conhecimentos, ou se comunicarem e trabalharem
em grupo.
Neste contexto, é necessário rever as práticas pedagógicas e, consequentemente,
as concepções e práticas de avaliação. Segundo Gipps (1998, p. 19):
Está em curso uma mudança de paradigma na área de avaliação, passando de um modelo de testes e exames que valoriza a medição das quantidades aprendidas de conhecimentos transmitidos, para um modelo em que os aprendizes terão oportunidade de demonstrar o conhecimento que construíram, como construíram, o que entendem e o que podem fazer, isto é, um modelo que valoriza as aprendizagens quantitativas e qualitativas no decorrer do próprio processo de aprendizagem (GIPPS, 1998. p. 109).
A avaliação neste novo paradigma deixa de ser apenas um instrumento de
verificação da aprendizagem para atuar diretamente no processo de ensino-aprendizagem,
de forma contínua, ao longo de todo o processo. Segundo Cerny (2001), o grande avanço
que se coloca hoje para a avaliação é “constituir-se como parte do processo de ensino
aprendizagem, permeando e auxiliando todo este processo, não mais como uma atividade
em momentos estanques e pontuais”.
Discussão:
a) Quais as expectativas quanto as mudanças nos paradigmas da Avaliação?
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b) Por que é tão difícil mudar a imagem da avaliação como uma prática perversa de seleção
e exclusão nas escolas?
UNIDADE IV
CONSTRUINDO UM CONCEITO DE AVALIAÇÃO FORMATIVA
Objetivos:
- Aprofundar e conceituar a avaliação formativa a fim de possibilitar sua aplicação, no
processo de ensino e aprendizagem.
- Enfocar a avaliação da aprendizagem como processo de construção e aquisição do
conhecimento visando o crescimento intelectual do aluno.
O primeiro a empregar a expressão “Avaliação Formativa”, foi o americano
Michael Scriven, na obra Metodologia da Avaliação (1967). De acordo com o educador
norte-americano, somente por meio de uma observação sistemática do educando, o
educador conseguirá aprimorar as atividades em sala de aula, garantindo ao aluno que
aprenda em igualdade de condições. Na abordagem de Scriven a avaliação compreende um
processo ininterrupto e o emprego de estratégias apropriadas para avaliar o aluno.
Segundo Hadji (2001) a avaliação formativa “não é um modelo científico, nem
um modelo de ação diretamente operatório. Não é mais do que uma utopia promissora,
capaz de orientar o trabalho dos professores no sentido de uma prática avaliativa colocada,
tanto quanto possível, a serviço das aprendizagens”.
Avaliação Formativa é uma modalidade fundamentada no diálogo, que possui
como objetivo, o reajuste constante do processo de ensino. Exige muito envolvimento por
parte do professor; exige-lhe uma disponibilidade de tempo, que vai além do dispensado no
momento das aulas, pois entre suas atividades, passa a ser necessária, a construção de
registro sobre cada aluno e a atualização desse registro, sempre que novos dados surgirem.
É fundamental planejar as atividades que serão desenvolvidas pelos alunos e elaborar
estratégias individualizadas.
Há uma busca por uma avaliação formativa, que segundo Perrenoud, pode ser
entendida como:
38
Toda prática de avaliação contínua que pretenda melhorar as aprendizagens em curso, contribuindo para o acompanhamento e orientação dos alunos durante todo seu processo de formação. É formativa toda a avaliação que ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver, que participa da regulação das aprendizagens e do desenvolvimento no sentido de um projeto educativo. ( PERRENOUD, 1999. p. 103).
Também existe uma busca por uma avaliação que ajude na formação de pessoas
capazes de realizar tarefas, de construir novos conhecimentos e de resolver problemas.
Nesse enfoque a avaliação passa a ter uma possibilidade de interação, de troca, de
negociação entre avaliador e avaliado, constituindo-se, assim, um processo de dupla
dimensão: como um processo de comunicação consistente e como um processo de
negociação didática.
A avaliação formativa contribui para o processo ensino-aprendizagem, segundo
Esteban (2005):
Avaliar o aluno deixa de significar fazer um julgamento sobre a sua aprendizagem, para servir como momento capaz de revelar o que o aluno já sabe os caminhos que percorreu para alcançar o conhecimento demonstrado, seu processo de construção do conhecimento, o que o aluno não sabe e o caminho que deve percorrer vir, a saber, o que é potencialmente revelado em seu processo, suas possibilidades de avanço e suas necessidades para a superação, sempre transitória, do não saber, possa ocorrer. (ESTEBAN, 2005, p. 19).
A avaliação formativa pode ser entendida como toda prática de avaliação contínua
que pretenda melhorar as aprendizagens, contribuindo para o acompanhamento e
orientação dos alunos durante todo seu processo de formação.
Na avaliação formativa a ênfase é dada à compreensão dos processos cognitivos
utilizados pelo aluno, que analisados e interpretados qualitativamente, dão condições ao
prosseguimento do processo ensino-aprendizagem. Há uma preocupação em contextualizar
os processos de ensino, de aprendizagem e de avaliação.
Avaliação Formativa fundamenta-se nos processos de aprendizagem, em seus
aspectos cognitivos, afetivos, em aprendizagens significativas que se aplicam em diversos
contextos e se atualizam o quanto for preciso para que se continue aprender. Este enfoque
tem um princípio fundamental: deve-se avaliar o que se ensina, encadeando a avaliação no
mesmo processo de ensino-aprendizagem.
39
Para tornar a avaliação formativa, no entanto, a informação de como ela será
realizada deverá ser acessível e fazer sentido aos alunos, tornando-se uma informação útil
que alimente o diálogo entre os envolvidos no processo. Hoffmann (1995, p.12) afirma:
Minhas investigações sobre avaliação sugerem fortemente que a contradição entre o discurso e a prática de alguns educadores e, principalmente a ação classificatória e autoritária, exercida pela maioria, encontra explicação na concepção de avaliação do educador, reflexo de sua estória de vida como aluno e professor. [...] Temos de desvendar contradições e equívocos teóricos dessa prática, construindo um “ressignificado” para a avaliação e desmistificando-a de fantasmas de um passado ainda muito em voga. ( HOFFMANN 1995, p.12).
Nesse sentido a avaliação deve ser desenvolvida e selecionada com o propósito de
informar a ação subseqüente de professores e alunos; deve informar os professores quanto
à melhoria de seus processos de ensino e deve mostrar aos alunos o que sabem, indicar-
lhes o melhor caminho para continuar aprendendo e torná-los mais responsáveis e
protagonistas de sua própria aprendizagem.
Saul, (2000, p. 61), enfatiza que:
a avaliação, assim entendida, assume o compromisso de levar os alunos a gerarem sua própria história e, conseqüentemente, gerarem suas próprias linhas de ação e pesquisa para incorporação de novos saberes e fazeres. Uma proposta de avaliação se situa nesse movimento dialético entre a construção do conhecimento no contexto da vida cotidiana pessoal, social e escolar do aluno, construindo em ambos uma visão de totalidade de si e do mundo. (SAUL, 2000, p. 61).
A avaliação assim vista, como um diagnóstico contínuo e dinâmico, torna-se um
instrumento fundamental para repensar e reformular os métodos, os procedimentos e as
estratégias de ensino para que realmente o aluno aprenda.
Desse modo assim se expressa Hoffmann, (2000, p. 82).
a avaliação formativa leva o professor a observar, a compreender e a sistematizar as intervenções pedagógicas necessárias para cada aluno, com o propósito de otimizar as aprendizagens: é a reflexão sobre a ação, fundamentada em prática avaliativa que tem “por finalidade principal o auxílio ao aluno,concebendo-o como responsável e participante do processo educativo, no sentindo de favorecer-lhe a tomada de consciência sobre suas conquistas e dificuldades e de apontar-lhe alternativas possíveis de evolução. (HOFFMANN, 2000, p. 82).
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Nesta perspectiva a avaliação formativa ajuda o aluno a aprender e o professor a
ensinar e reavaliar todas as etapas do processo ensino-aprendizagem, possibilitando assim,
o acompanhamento da aquisição e domínio das competências, e adequar o ensino às
necessidades de ajustes na aprendizagem e no desenvolvimento do aluno.
A avaliação formativa tem como objetivo identificar problemas na aprendizagem é
utilizada durante o processo de ensino. É também um tipo de avaliação com perguntas,
feedback imediato para as respostas ensinando conforme corrige. É como se fosse um
controle de qualidade pelo qual avalia-se o professor, o aluno e o instrumento utilizado no
processo ensino-aprendizagem. Caso negativo, o professor poderá mudar de estratégias e
verificar quais mudanças precisam ser feitas para assegurar que os alunos realmente
aprendam.
Diversos autores estrangeiros e brasileiros têm enfocado a avaliação formativa
como possibilidade de melhoria do desempenho.
A avaliação formativa serve para o professor, através das informações colhidas,
reorientar a sua prática, ou seja, que a informação produzida seja reinvestida na melhoria
do processo pedagógico; ao aluno para que compreenda a aprendizagem não como um
produto de consumo mas um produto a construir, e de que ele próprio tem um papel
fundamental nessa construção. Nesse sentido, Demo (2002, p. 18-19) expõe:
avaliamos, entre outras coisas, para saber da distância entre o lugar que ocupa no momento o aluno e o lugar onde deveria estar. Pretendemos descobrir os motivos por que não aprende e gostaríamos que, sabendo disso, pudesse recuperar a posição onde deveria estar. (...) com tal diagnóstico na mão, é possível estabelecer a estratégia mais adequada para deixar a posição desfavorável e caminhar para outra mais favorável, que também precisa ser classificada. (...) para garantir que o aluno que não aprende possa ter preservado o direito de aprender. ( DEMO, 2002, p. 18-19).
A avaliação que tem por objetivo diagnosticar a situação de aprendizagem do
educando e deve subsidiar a melhoria da qualidade do desempenho; é processual,
admitindo que o educando pode não possuir determinado conhecimento num momento e,
se trabalhado, pode apresentar o conhecimento em outro momento; é dinâmica, não
classificando o educando em um determinado nível de aprendizagem, mas diagnostica a
41
situação para melhorá-la a partir de novas decisões pedagógicas; é inclusiva, não
selecionando alunos melhores de piores, mas sim subsidiando a busca de meios pelos quais
todos possam aprender aquilo que é necessário para o próprio desenvolvimento do
educando e é democrática, porque inclui todos. A prática avaliativa na escola está a serviço
de todos visando a aprendizagem e o desenvolvimento de todos e isso tudo exige uma
prática pedagógica dialógica entre educadores e educandos, tendo em vista estabelecer uma
aliança negociada, um pacto de trabalho construtivo entre todos os sujeitos da prática
avaliativa. (Luckesi, 2005).
A avaliação formativa ajuda o aluno a aprender e a desenvolver as competências
adquiridas ao longo do processo. Ocorre durante o processo ensino-aprendizagem É interna
ao processo, contínua e interativa e é centrada no aluno. Também tem caráter diagnóstico.
A avaliação formativa consiste na prática da avaliação contínua realizada durante
o processo educativo, com a finalidade de melhorar as aprendizagens. A observação do
professor tem como ponto de partida a perspectiva daquele que aprende, o critério
transforma-se numa ferramenta de trabalho que evolui. É um elemento fundamental do
processo educativo, no entanto as novas formas de ensinar não trazem consigo ainda as
novas formas de avaliar.
Discussão:
a) Elaborar uma proposta de avaliação formativa, primando pela qualidade do processo de
ensino e de aprendizagem? E quais ações coletivas deverão ser postas em prática, para que
isto realmente se concretize?
UNIDADE V
CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS AVALIATIVOS PARA A MELHORI A DA
PRÁTICA PEDAGÓGICA
Objetivo:
- Estabelecer critérios e instrumentos avaliativos articulados plano de trabalho, à proposta
pedagógica da escola para que o professor possa constatar a importância de ações
coerentes entre todos os segmentos da escola.
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Na presente unidade, analisaremos alguns instrumentos avaliativos, em especial,
portfólios e feedback, como o objetivo de tornar a aprendizagem mais significativa,
destacando entre outras formas de avaliar, a avaliação formativa entre todos os elementos
envolvidos no processo.
A avaliação tem sido a temática mais discutida e polêmica das últimas décadas. O
surgimento de diferentes critérios e instrumentos de avaliação tem sensibilizado os
educadores que estão numa constante busca para melhorar as estratégias de verificar e
aquisição do conhecimento dos educandos e o desempenho do seu trabalho.
Cada vez mais, os conceitos pedagógicos estão sendo aliados ao pressuposto de
que o educando deve estar consciente de seus processos de pensamento e de como lidar
com a sua própria aprendizagem. Isso implica que se faça uma reflexão do processo de
construção de saberes e sua avaliação.
Para Luckesi (2005, p. 93):
O ato de avaliar implica coleta, análise e síntese dos dados que configuram o objeto da avaliação, acrescido de atribuição de valor ou qualidade, que se processa a partir da comparação da configuração do objeto avaliado com um determinado padrão de qualidade previamente estabelecido para aquele tipo de objeto. O valor ou qualidade atribuídos ao objeto conduzem a uma tomada de posição a seu favor ou contra ele. E o posicionamento a favor ou contra o objeto, ato ou curso da ação, a partir do valor ou qualidade atribuídos, conduz a uma decisão nova: manter o objeto como está ou atuar sobre ele. (LUCKESI 2005, p. 93)
A reflexão sobre a prática escolar cotidiana deve servir para subsidiar novos
encaminhamentos, pois, entendemos que a avaliação não deve servir somente para
quantificar dados e diagnosticar a realidade escolar, mas, a partir deles, buscar a melhoria
do processo ensino-aprendizagem, dentro de uma perspectiva transformadora.
Acreditamos que instrumentos avaliativos como o “portfólios e feedback”
podem auxiliar na conquista de uma avaliação formativa mais socializadora, mais
reveladora, e menos fragmentada para o contexto real onde os atos de ensinar e aprender
adquirem materialidade.
Criar instrumentos que viabilizem uma visão menos fragmentada do modo como
o educando se organiza em termos de aquisição do conhecimento é o primeiro passo para a
conquista de uma prática educativa mais consciente e democrática, que no lugar de tentar
43
padronizar subjetividades, como se fosse possível colocá-las em uma forma, tenta
construir, despertar identidades, valorizando as diferenças, cujas contribuições são valiosas
para o processo de ensino-aprendizagem.
Hoffmann, propõem que o professor deveria se utilizar da avaliação durante todo
o processo de ensino-aprendizagem, observando como o aluno está se apropriando do
conhecimento, quais as dificuldades que enfrentam, que reformulações em seu método de
ensino devem ser feitas. Ou seja, a avaliação passa a ser um instrumento de regulação da
aprendizagem.
Instrumentos de avaliação para autora (2008, p. 119) são:
são registros de diferentes naturezas. Ora é o aluno que é levado a fazer seus próprios registros, expressando o seu conhecimento em tarefas, testes, desenhos, trabalhos e outros instrumentos elaborados pelo professor. Ora é o professor quem registra o que observou do aluno, fazendo anotações e outros apontamentos. Quanto mais freqüentes e significativos forem tais registros, nos dois sentidos, melhores serão as condições do professor de adequar as ações educativas às possibilidades de cada grupo e de cada aluno. (HOFFMANN, 2008, p. 119)
Instrumentos avaliativos são todas as manifestações dos alunos que permitem ao
professor acompanhar o processo ensino-aprendizagem, como por exemplo: testes,
trabalhos, tarefas, resenhas, textos, pesquisas, trabalhos em grupos, apresentação oral,
expressão corporal, etc. A observação do professor quando registrada em forma de
conceito ou notas torna-se um instrumento avaliativo.
Quanto à diversificação dos instrumentos avaliativos tem uma função estratégica
na coleta de um maior número e variedade de informações sobre o trabalho docente e os
percursos de aprendizagens. (Luckesi, 2005, p.178), diz;
um instrumento de avaliação da aprendizagem não tem que ser nem mais fácil nem mais difícil do que aquilo que foi ensinado e aprendido. Usar uma linguagem clara e compreensível para salientar o que se deseja pedir. Sem confundir a compreensão do educando no instrumento de avaliação. Para responder ao que pedimos, o educando necessita saber com clareza o que estamos solicitando. Ninguém responder uma pergunta, caso não a compreenda (LUCKESI, 2005, p.178).
44
Assim sendo, diversificar instrumentos permite ao professor a obtenção de um
número variado de informações e que possibilitam ao aluno diferentes formas de
expressão. Nenhum instrumento de avaliação é completo quando isolado.
Os instrumentos de avaliação são importantes quando servem de dados de
acompanhamento do aprendizado do aluno. Por isso, eles devem vir sustentados por uma
metodologia que defina as intenções e formas de agir do professor ao avaliar. Para cada
conteúdo, deve-se ter claro o que, dentro dele, se deseja efetivamente ensinar e, portanto, o
que avaliar.
Para Luckesi (2005, p. 176),
Por meio dos instrumentos de avaliação da aprendizagem, o educando poderá se autocompreender com a ajuda do professor, mas este também poderá se autocompreender no seu papel pessoal de educador, no que se refere ao seu modo de ser, às habilidade para a profissão, seus métodos, seus recursos didáticos, etc. (LUCKESI, 2005, p.176).
Autoavaliação deve estar presente em todos os momentos da vida, uma vez que é
o ato de julgar o próprio desempenho de aluno e professores. O professor deve se auto-
avaliar, revendo seus instrumentos utilizados na sua prática avaliativa. Esses instrumentos
precisam ser utilizados, de forma a melhorar e viabilizar os registros de avaliação das
trajetórias de aprendizagem do aluno e de sua prática pedagógica. E a autoavaliação do
aluno para avaliar o professor deve servir como subsídio para a sua própria autoavaliação,
momento este que servirá para refletir sobre a relação e interação entre educando e
educador.
É preciso repensar os padrões educacionais que ainda carregam uma avaliação
classificatória e excludente, não diferente dos processos utilizados nos vestibulares, que
não medem a capacidade do aluno, mas o momento da prova, sem considerar todo o
conhecimento que é incorporado com as experiências cognitivas durante anos de estudos.
Refletir sobre esses pontos requer consciência do papel do professor, a fim de
envolver o aluno na construção do saber, na efetivação da aprendizagem. Um planejamento
deve ser organizado para a efetivação de uma avaliação formativa e, assim, guiar as ações
do professor. Essas ações devem incluir tarefas contextualizadas, que levem os alunos a
estabelecerem relações para solucioná-las, conduzindo-os ao desenvolvimento de seus
45
conhecimentos. Tarefas que proponham problemas complexos para os mesmos resolverem,
aplicando os conhecimentos veiculados pelos conteúdos curriculares.
Criar instrumentos avaliativos que viabilizem uma visão menos fragmentada e
mais emancipatória, é o primeiro passo para a conquista de uma prática educativa mais
consciente e democrática, pois a avaliação é vista como um processo abrangente da
existência humana que implica uma reflexão crítica no sentido de captar seus avanços, suas
dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão, tendo como função o processo
transformador da educação na sociedade.
Apontaremos aqui alguns dos instrumentos que podem ser utilizados para uma
prática avaliativa de cunho formativo viabilizando uma função de realimentação dos
procedimentos de ensino, cujas contribuições são de grande valia para o processo
educativo, portfólios e feedback .
Os instrumentos avaliativos, que serão utilizados deverão ser claros para os
alunos, na sua aplicação. Os instrumentos avaliativos devem corrigidos, analisando as
estratégias cognitivas utilizadas pelos alunos.
O PORTFÓLIO COMO INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NO PROCE SSO
ENSINO APRENDIZAGEM
O portfólio (do inglês) é uma modalidade de avaliação retirada do campo das
artes e que com o objetivo de criar novas formas de avaliação para o desenvolvimento das
inteligências artísticas. Difundiu-se no âmbito escolar na década de 90, principalmente nos
Estados Unidos.
Seu conceito inicial surgiu na história das artes, como um conjunto de trabalhos
de um artista ou de fotos de ator ou modelo usado para divulgações das produções entre os
clientes. Se tornou um instrumento muito útil pela possibilidade de poder comprovar os
trabalhos individuais e as suas capacidades criadoras e artísticas. Os artistas e os fotógrafos
iniciantes colocam amostras de suas produções, as quais apresentam a qualidade e a
abrangência do seu trabalho, de modo que seja apreciado por especialistas e professores.
Em educação o portfólio apresenta várias possibilidades; uma dela é a sua construção pelo
aluno. É uma coleção das produções do aluno, as quais apresentam as evidências da sua
46
aprendizagem. É organizado pelo próprio aluno, para que ele e o professor, em conjunto,
possam acompanhar o seu processo.
Portfólio (segundo o Novo Dicionário Século XXI de Aurélio B. de Holanda
Ferreira 1999, é uma pasta de cartão usada para guardar papéis, desenhos, estampas etc.),
portanto, é uma pasta onde se guardam todos os materiais produzidos pelo estudante, é
uma seleção de tudo aquilo que formalmente se pode apresentar para avaliação.
Alves (2003, p. 104) define portfólio como:
O portfólio é uma compilação apenas dos trabalhos que o estudante entenda relevantes, após um processo de análise crítica e devida fundamentação. O que é importante não é o portfólio em si, mas o que o estudante aprendeu ao criá-lo ou, dito de outro modo, é um meio para atingir um fim e não um fim em si mesmo.Constata-se que o portfólio é, simultaneamente, uma estratégia que facilita a aprendizagem e permite a avaliação (ALVES 2003, p.104) .
O portfólio como instrumento reflete a crença de que os estudantes aprendem
melhor, e de uma forma mais integral, a partir de um compromisso com as atividades
ocorridas durante um período de tempo significativo e que se constrói sobre conexões
naturais com os conhecimentos escolares.
Os Estados Unidos começaram, a partir dos anos 90, a utilizar o portfólios de
ensino para a avaliação, tanto formativa como somativa.
No Brasil esse instrumento de avaliação está sendo usado pelos professores dos
cursos de formação de docente, para registro de ações e reflexões, principalmente nos
estágios supervisionados. Também na educação básica, há escolas fazendo uso dessa
estratégia para acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes,
especialmente na educação infantil.
Segundo Villas Boas (2007, p. 206):
O portfólio é um procedimento de avaliação muito rico e que devidamente utilizado, extrapola o seu propósito avaliativo e passa a ser o próprio eixo orientador do trabalho pedagógico, tendo em vista os princípios em que se baseia. (VILLAS BOAS, 2007, P.206)
No início do uso do portfólio, havia uma expectativa de que o material servisse
como instrumento avaliativo, diagnóstico e classificatório. Após um caminho percorrido o
portfólio passou a ser entendido como facilitador da construção, reconstrução e
47
reelaboração do processo de ensino. Sua elaboração pelo estudante, oferece oportunidade
de refletir sobre o processo na compreensão da realidade, ao mesmo tempo em que
possibilita introduzir mudanças necessárias, imediatas e contínuas, por parte do professor e
do estudante.
Em relação à avaliação, o portfólio permite aos professores considerarem o trabalho de forma processual, superando a visão pontual das provas e testes, integrando-o no contexto do ensino como uma atividade complexa baseada em elementos de aprendizagem significativa e relacional. E considera-se, também, que a ação de aprendizagem é algo próprio, que pertence ao estudante, uma vez que é ele quem decide quais trabalhos e momentos são representativos em sua trajetória enquanto os relaciona, numa tentativa de dotar de coerência as atividades de ensino com as finalidades de aprendizagem a que se havia proposto.(ALVES 2003, p. 106).
O portfólio serve para vincular a avaliação ao trabalho pedagógico em que o
aluno participa da tomada de decisões, de modo que ele formule suas próprias idéias, faça
escolhas e não apenas cumpra as prescrições do professor e da escola. A avaliação, nesse
contexto, compromete-se com a aprendizagem de cada aluno e deixa de ser classificatória e
unilateral. Esse instrumento é uma das possibilidades de criação da prática avaliativa
comprometida com a formação do cidadão capaz de pensar e de tomar decisões.
Ao construir o portfólio devemos, segundo Villas Boas (2007, p.208) observar as
seguintes orientações:
. Deve ser construído pelo próprio aluno, possibilitando-lhe fazer escolhas e tomar decisões; . Essa construção é feita por meio da reflexão, porque o aluno analisa constantemente as suas produções e é estimulado a realizar atividades complementares, por ele selecionadas. . Esse processo favorece o desenvolvimento da criatividade, porque o aluno escolhe a maneira de organizar o portfólio e busca maneiras diferentes de aprender. . Enquanto assim trabalha, ele está permanentemente avaliando o seu progresso. A auto-avaliação é, então um componente importante. . O trabalho pedagógico e a avaliação deixam de ser de responsabilidade exclusiva do professor. A parceria passa a ser um princípio norteador das atividades. . A vivência desse processo dá oportunidade ao aluno de desenvolver sua autonomia diante do trabalho. Ele percebe que pode trabalhar de forma independente e que não precisa ficar sempre aguardando orientação do professor. Formam-se, assim, o cidadão e o trabalhador capaz de ter inserção social crítica. (VILLAS BOAS 2007, p.208).
48
Ao ser avaliado o portfólio, é necessário que professores e alunos, em conjunto
definam os critérios de avaliação, levando em consideração os aspectos e os propósitos,
baseados nos mesmos critérios, pois a construção do portfólio deve ser avaliado pelos dois
segmentos, professor e aluno.
O portfólio como instrumento de avaliação quando usado adequadamente,
segundo Villas Boas (2007, p.209)
favorece a prática da avaliação formativa, voltada para o desenvolvimento do aluno, do professor e da escola. Além disso, seu uso permanente faz com que deixe de ser apenas um procedimento de avaliação e passe a ser a própria organização do trabalho pedagógico de toda a escola e o da “sala de aula”. (VILLAS BOAS 2007, p.209)
Essa é a razão da organização de dossiês do aluno, portfólios, relatórios de
avaliação, essas nomenclaturas referem-se, à organização de uma coletânea de registros
sobre aprendizagens do aluno que favoreçam ao professor, aos próprios alunos e famílias
uma visão evolutiva do processo.
O instrumento portfólio, segundo Hoffmann, (2005, p.133):
Torna-se significativo pelas intenções de quem o organiza. Não há sentido em coletar trabalhos dos alunos para mostrá-los aos pais ou como instrumento burocrático. Ele precisa constituir-se em um conjunto de dados que expresse avanços, mudanças conceituais, novos jeitos de pensar e de fazer, alusivos à progressão do estudante. Essa “coleção” irá expressar, implicitamente, o valor conferido ao professor a cada um desse momentos. Reúnem-se expressões de sentido do aluno que servem para subsidiar e complementar a análise de sua progressão. (HOFFMANN 2005, p.133)
A organização de um portfólio, significativo passa pelo entendimento de uma
concepção mediadora de avaliação, pois o seu significado não é demonstrativo ou
ilustrativo de etapas de aprendizagem, mas elucidativo e depende, para tanto, de uma
escolha adequada e da clareza de seus propósitos.
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O FEEDBACK ENQUANTO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO
Um feedback fundamentado numa perspectiva de avaliação formativa tem como
prioridade as orientações quanto os processos de ensino e construções dos alunos, após um
planejamento, que conduza ao trabalho de desenvolvimento das estratégias cognitivas, as
quais serão adotadas para atingir o objetivo da educação, que é a construção de
aprendizagens.
A interação e a comunicação entre alunos e professores são fundamentais para o
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Através dessa comunicação os alunos
se conscientizam de seus progressos e sobre quais caminhos deverão seguir para sanar suas
dificuldades. Os alunos necessitam de orientações sistemáticas, a respeito de seu
desempenho, para que possam melhorar as suas aprendizagens. Eles necessitam de
feedback
A construção da autoestima do aluno, não está centrado no erro, mas sim, no
caminho que o aluno deve seguir para alcançar bons resultados, para construir
aprendizagens, deve ser expresso de maneira equilibrada nas formas oral, escrita e
focando os conteúdos específicos. O professor deve dar esse retorno sobre suas
aprendizagens é um direito de todo aluno e, é fundamental para a aprendizagem. Ele
precisa ter clareza dos resultados que se espera e a partir destes, redimensionar sua prática,
revendo seus objetivos, conteúdos e metodologias, pois o ato educativo depende de novos
encaminhamentos primando pela ação pedagógica.
Para Hadji (2001, p.110)
os feedabacks constituem-se uma forma rica de o professor dar um retorno aos alunos, tornando-se uma via para tornar a avaliação mais formativa, captando as reações dos alunos, suas questões sobre o sentido e o alcance do que foi dito pelo avaliador, seus pedidos de explicação sobre as apreciações e as notas.( HADJI, 2001, p.110)
Nessa perspectiva a prática pedagógica se dá quando o professor corrige fazendo
o feedback escrito com o intuito de o aluno perceber os erros e os acertos. O mais
importante é que a comunicação professor-aluno assume um papel central em um contexto
de avaliação formativa, pois o feedback pode servir de guia no sentido de superar erros e
conseguir aprendizagens mais significativas.
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A comunicação entre alunos e professores é fundamental para o desenvolvimento
do processo ensino-aprendizagem. É pela comunicação que os alunos se conscientizam de
seus progressos e sobre quais caminhos seguir para sanar suas dificuldades. Os alunos
necessitam de orientações sistemáticas, a respeito de seu desempenho, para que possam
melhorar as suas aprendizagens. Eles necessitam de feedback.
O feedback precisa ser planejado e estruturado, para que se integre aos processos
de aprendizagens dos alunos. Precisa ser bem mais do que uma simples mensagem. É
necessário que os fatores da aprendizagem, que precisam ser comunicados aos alunos,
sejam realmente percebidos por eles, para que, possam tornar-se autônomos, em seu
processo de construção do conhecimento. O feedback precisa se materializar, na expressão
de uma ação, ou de um conjunto de ações, que o aluno deverá desenvolver, para melhorar a
sua aprendizagem. Os alunos devem compreender o feedback e relacioná-lo com a
qualidade dos trabalhos que desenvolvem e a utilizá-lo como um guia, uma orientação dos
caminhos, que deverá seguir para continuar sua trajetória na construção do conhecimento.
Deve, ainda, orientar os alunos e ajudá-los a ultrapassarem as suas eventuais dificuldades,
por meio da ativação de seus processos cognitivos e metacognitivos.
Muitos são os instrumentos de avaliação propostos pelo grupo de estudos da
SEED, porém o que se observa é que os professores ainda não fazem uso dessas atividades.
Por mais que se tenha discutido propostas inovadoras para a avaliação tornar-se um
instrumento eficaz e colaborador do processo de ensino, ainda encontram-se em nossas
escolas professores amedrontados e cheios de dúvidas.
Portanto, cabe aos professores buscarem, em suas práticas pedagógicas,
instrumentos avaliativos inovadores, proporcionando aos alunos desafios para incentivá-los
a buscarem novas descobertas na arte de avaliar.
Discussão:
a) Você considera a auto-avaliação importante como um dos instrumentos da avaliação da
prática pedagógica do professor?
b) Nas atuais práticas avaliativas os instrumentos de avaliação levam o professor observar
os problemas de aprendizagem, e ajudam apontar os conteúdos que não foram apreendidos
e que deverão ser retomados no processo de recuperação?
51
UNIDADE VI
PERSPECTIVAS PARA VIVENCIAR UMA NOVA PROPOSTA DE AV ALIAÇÃO
EM NOSSAS ESCOLAS
Objetivo:
- Refletir acerca da atividade docente, como pode ser aperfeiçoada, visando um
desempenho eficaz e de qualidade, e sua interferência na aprendizagem dos discentes.
Avaliar é um processo difícil de ser executado na prática educativa. O professor,
muitas vezes, não tem condições de mensurar e nem de qualificar o conhecimento de seus
alunos. Procura, por meio de instrumentos avaliativos, formas diferenciadas para averiguar
se de fato o aluno aprendeu ou não. Mas, há momentos que essas averiguações dão certo e
há momentos que ficam a desejar do ponto de vista dos objetivos esperados pelo professor
na sala de aula.
De acordo com Haydt, (2002 p. 10-11):
Durante um certo tempo, o termo avaliar foi usado como sinônimo de medir... Mas essa abordagem, que identificava avaliação com medida, logo deixou transparecer sua limitação: é que nem todos os aspectos da avaliação podem ser medidos. (...) Testar significa submeter a um teste ou experiências, isto é, consiste em verificar o desempenho de alguém ou alguma coisa... (...) Medir significa determinar quantidade, a extensão ou grau de alguma coisa, tendo como base um sistema de unidades convencionais. (...) Avaliar é julgar ou fazer apreciação de alguém ou alguma coisa tendo como base uma escala de valores. (HAYDT, 2002, p. 10-11).
Entender a diferença entre testar, medir e avaliar é de fundamental relevância para
o professor. Acompanhar o desempenho dos alunos, interpretar os resultados, ora de forma
qualitativa, ora quantitativamente é necessário para que o processo ensino-aprendizagem
ocorra de forma significativa para o aluno.
Entre os muitos desafios da escola pública, salienta-se a necessidade de superação
da reprovação escolar e dos baixos níveis de qualidade de aprendizagem na educação
básica, o que pressupõe a implementação de políticas públicas fundadas sobre princípios
voltados aos interesses educacionais das camadas populares. Destacamos a gestão
52
democrática, como condição para a elaboração, execução e avaliação coletiva do Projeto
Político-Pedagógico, o qual tem como pressuposto uma concepção de avaliação,
comprometida com a aprendizagem de todos os alunos e, portanto, diagnóstica, contínua e
formativa.
A avaliação da aprendizagem escolar tem sido um dos pontos de maior destaque
no campo educativo, tanto pelas discussões teóricas sobre o tema como pelas necessidades
de mudança na cultura avaliativa praticada diariamente por grande parte dos docentes,
acentuando o fracasso escolar.
As práticas avaliativas devem estar integradas com todo o trabalho educativo
desenvolvido, garantindo de fato que todos os alunos aprendam, evitando formas
tradicionais usualmente aplicadas para classificar, selecionar e carimbar simplesmente
aprovado ou reprovado, submetendo muitas vezes o aluno a situações desagradáveis e
complexas que revertem-se em sentimentos negativos e traumáticos que carrega por toda a
vida.
Consideramos, portanto, a necessidade de mudança nas práticas desenvolvidas
que levem a essa transformação do discurso a uma prática efetiva, garantindo a todos os
alunos aprendizagem, permanência e sucesso na escola.
Entendemos que mudar para uma prática efetiva, requer do docente, mudança
também de postura, e que precisa ser repensada e analisada atentamente, uma vez que
depende de si próprio, segundo Vasconcellos (2005, p.68):
o educador deve rever sua prática pedagógica, pois a origem de muitos problemas de sala de aula encontra-se aqui. Deve procura desenvolver um conteúdo mais significativo e uma metodologia mais participativa, de tal forma que diminua a necessidade de recorrer à nota como instrumento de coerção. Enquanto o professor não mudar a forma de trabalhar em sala de aula, dificilmente conseguirá mudar a prática de avaliação formal, decorativa, autoritária, repetitiva, sem sentido. (VASCONCELLOS, 2005, p.68).
Transformar a prática avaliativa significa questionar a educação desde as suas
concepções, seus fundamentos, sua organização, suas normas burocráticas. Significa
mudanças conceituais, redefinição de conteúdos, das funções docentes, entre outras.
As ações precisam sempre ser coletivas, do contrário, não se fundamentam, e não
se concretizam, a avaliação é parte do nosso trabalho diário, é uma discussão que deve
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envolver o coletivo da escola, para que todos (direção, equipe pedagógica, pais, alunos)
assumam seus papéis e se concretize um trabalho pedagógico relevante para a formação
dos alunos.
Propostos durante todo o ano, avaliações, seminários, relatórios, autoavaliações,
teatros, cartazes e debates mostram o que os alunos aprenderam ao longo do processo.
Essas ferramentas são instrumentos úteis quando servem para o professor redirecionar a
prática e oferecer pistas sobre estratégias ou como trabalhar conteúdos de ensino.
Entretanto, o professor deve lembrar sempre de estabelecer e respeitar princípios
e critérios refletidos coletivamente, referenciados no projeto político pedagógico, na
proposta curricular e em suas convicções acerca do papel social que desempenha a
educação escolar. Este é o lado da legitimação política do processo de avaliação e que
envolve também o coletivo da escola.
Para isso, é fundamental que um novo olhar se amplie diante dos professores para
que percebam a importância de refletirem sobre suas práticas avaliativas desenvolvidas até
momento, compreendendo, assim, que a avaliação escolar é fundamental para o processo
ensino–aprendizagem, deve ser vista como um segmento da proposta pedagógica que
subsidia a construção do conhecimento acompanha a ação pedagógica, norteia o
planejamento, indicando caminhos de sucesso e superação de dificuldades no ensino e na
aprendizagem.
Para Luckesi, (2005,p. 99).
a prática da avaliação da aprendizagem, em seu sentido pleno, só será possível na medida em que se estiver efetivamente interessado na aprendizagem do educando, ou seja, há que se estar interessado em que o educando aprenda aquilo que está sendo ensinado. Parece um contra senso essa afirmação, na medida em que podemos pensar que quem está trabalhando no ensino está interessado em que os educandos aprendam. Todavia não é o que ocorre. ( LUCKESI, 2005,p. 99).
Sob essa ótica Luckesi (2005, p. 100) afirma:
a avaliação só pode funcionar efetivamente num trabalho educativo com estas características. Sem esta perspectiva dinâmica de aprendizagem para o desenvolvimento, a avaliação não terá espaço; terá espaço, sim, a verificação, desde que ela só dimensione o fenômeno sem encaminhar decisões. A avaliação implica a retomada do curso de ação, se ela não tiver satisfatório, ou a sua reorientação, caso esteja se desviando. A avaliação é
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um diagnóstico da qualidade dos resultados intermediários ou finais; a verificação é uma configuração dos resultados parciais ou finais. A primeira é dinâmica, a segunda, estática. ( LUCKESI, 2005,p. 100).
Dessa forma a avaliação faz parte do planejamento educacional, assim como, o
planejamento educacional faz parte da avaliação, mantendo entre si, uma relação dialética.
Ressaltamos que ambos devem estar relacionados ao Projeto-Político-Pedagógico da
escola, que seguindo os princípios filosóficos da educação nacional, tem como pressuposto
básico atender aos objetivos da comunidade escolar e da sociedade. Assim como, os
objetivos, os conteúdos, a metodologia e o modelo de avaliação contida no plano da escola,
em cada disciplina e nas atividades desenvolvidas, estão atreladas ao projeto educativo da
escola.
Luckesi, (2005, p.118), coloca que:
Enquanto o planejamento é o ato pelo qual decidimos o que construir, a avaliação é o ato crítico que nos subsidia na verificação de como estamos construindo o nosso projeto. A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar, por isso, contribui em todo o percurso da ação planificada. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva político-social, como também na seleção de meios alternativos e na execução do projeto, tendo em vista a sua construção. Ou seja, a avaliação, como crítica de percurso, é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como o é no redimensionamento da direção da ação. (LUCKESI, 2005 , p.118).
A prática avaliativa deve estar contemplada no projeto político pedagógico,
atendendo aos objetivos explicitados, bem como, seus princípios, direcionados às
necessidades e interesses de cada realidade.
É necessário uma reestruturação no processo avaliativo escolar, em que a prática
conservadora de avaliar o aluno por meio de notas se desvencilha da realidade atual, se
fazendo necessário um desvirtuamento do foco de ensino da aprendizagem voltado por
notas, para um sistema em que o aluno, o professor e a comunidade sejam peças
fundamentais no processo avaliativo.
Em nossas escolas estão cristalizadas as práticas de provas e exames como recurso
para classificar e selecionar os educandos. A uma distância entre aluno professor, fundado
em uma filosofia de caça e caçador, em que a avaliação julga o aluno pelo resultado que
quase sempre é mediado por notas.
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A avaliação deve ser transformadora, participativa, diagnóstica e investigativa.
Deve avaliar como o aluno atingiu o conhecimento, por quais caminhos percorreram e ao
mesmo tempo avaliar as possibilidades de avanço e as necessidades encontradas por cada
aluno para alcançar o conhecimento. Deve propiciar momento de mudança, de progresso
para interferir na redefinição de novos rumos e caminhos que serão percorridos pelo aluno
no processo educativo.
Os professores estão aos poucos se desvencilhado de uma prática didática voltada
apenas à avaliação quantitativa, e vem se construindo uma avaliação voltada para a
quantificação dos saberes.
O professor deve estar atento aos aspectos afetivos e culturais do estudante, não
só aos cognitivos, pois os processos de avaliação vêm impregnados de emoções e
aspirações. Durante muito tempo, analisou-se a avaliação desvinculada desse fator de
afetividade e o que ocorria era uma análise errônea, porque há uma dialética entre o afetivo
e o cognitivo.
A medida que o saber consegue ter espaço importante, o processo de
aprendizagem torna-se significativo de modo a provocar mudanças comportamentais e
exercer influência na formação de indivíduos mais críticos para enfrentar a realidade em
que vivemos e juntos professores e educandos, criarmos a busca pela construção de um
novo horizonte educacional.
Os educadores só conseguirão transpor para o cotidiano escolar o senso
qualitativo que deve ter o ato avaliativo, quando compreenderem as razões das condições
objetivas de existência e essas razões estiverem relacionadas a uma prática em que tanto os
sujeitos avaliados como os próprios avaliadores, exercitarem novas formas de avaliar,
preocupando-se com o fator humano e social. Sob tais condições a avaliação se constituirá
um instrumento reorganizador da sociedade, e serviço da emancipação coletiva e da
construção da cidadania em todos os âmbitos e níveis da sociedade e da educação.
Discussão:
a) De que forma o professor deve trabalhar para mudar as atuais práticas avaliativas
desvinculadas do conhecimento?
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b) Qual deve ser o papel da avaliação no processo de construção do conhecimento pelo
aluno?
c) Como deve agir o coletivo do espaço escolar para que a avaliação cumpra com o seu
papel formador?
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