DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - …... corpo é o instrumento de expressão do bailarino. ......

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

UNIDADE DIDÁTICADANÇA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO COMUM

MARECHAL CÂNDIDO RONDON2010

UNIDADE DIDÁTICA

DANÇA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO COMUM

MARECHAL CÂNDIDO RONDON2010

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AGRADECIMENTO

A Éctor Thomaz Martins Rodrigues pelas ilustrações desta Unidade Didática.

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professora PDE: Celia Martins Rodrigues

Área PDE: Educação Física

NRE: Toledo

Professor Orientador: Prof. Dr. Gustavo André Borges

IES vinculada: Unioeste

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Figura 1 - Dança com deficientes auditivos.

Fonte: Rodrigues (2010).

Quando falamos da dança, inicialmente as pessoas idealizam “corpos perfeitos” numa

sincronia de movimentos, onde o belo é estabelecido dentro de um determinado padrão estético,

ou seja, prevalece o corpo magro, medidas proporcionais, musculatura a vista, pele da cor

branca, cabelos claros e longos. Enfim, dentro da concepção de beleza eurocêntrica. Esta

concepção estética não ocorre por acaso, pois entre os séculos XV e XVI a dança foi marcada

pela transição de uma dança popular, para uma dança erudita, em que os movimentos foram

marcados e codificados, surgindo então o balé, que com o passar do tempo se denominou de

clássico.

Convém ressaltar que o balé era dançado e apreciado inicialmente apenas pela elite

econômica e intelectual, ou pela nobreza e classe burguesa. Nessa época foi lançado um manual

publicado em francês com o nome de Tratado Elementar de Dança, no qual o objetivo era

ensinar a se alcançar a perfeição técnica e o equilíbrio, tornando-se um livro essencial para o

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entendimento da dança e o conhecimento das danças européias naquele período (FEREIRA,

2002).

Atualmente a dança também encontrou seu espaço enquanto estilo de dança, ou

concepção estética. Um novo estilo de dança que incorpora os elementos técnicos fundamentais

do balé clássico, mas em uma nova forma de expressão, é denominada de dança

contemporânea. Esse estilo busca a total liberdade corporal, em uma nova linguagem, no qual o

corpo é o instrumento de expressão do bailarino. Laban (apud FERREIRA, 2002) foi o primeiro

coreógrafo a realizar trabalhos dentro dessa nova dança.

A dança contemporânea, portanto, pode ser referida como uma dança da nova ou pós

modernidade, com características ou elementos técnicos semelhantes ao estilo moderno, como a

liberdade de expressão, da técnica, com o descompromisso da rigidez estética e baseada no

improviso. Faz fusão de vários estilos, como o hip-hop, dança de rua, o jazz, entre outros, tendo

como base a dança clássica. Definimos a mesma também pela ousadia em ironizar o modo de

vida do cotidiano.

A dança não se restringe a ser vivenciada por pessoas ditas normais. Atualmente

encontramos grupos formados por bailarinos que apresentam diferentes deficiências, como por

exemplo as físicas, intelectuais, auditivas e visuais. Entre os grupos com deficiências físicas,

podemos citar a dança de cadeira de rodas, desenvolvida por grupos de dança independente,

vinculados principalmente às universidades, às escolas especiais, aos centros de reabilitação e a

algumas escolas de danças isoladas. Esses grupos de sujeitos demonstram que a dança pode

levar os seus bailarinos e expectadores a concepção estética e emoções que nunca haviam

chegado antes.

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Figura 2 - Dança com deficiente físico.

Fonte: Rodrigues (2010).

Mas ainda existem muitos preconceitos em relação aos bailarinos que apresentam algum

tipo de deficiência, pois para o expectador muitas vezes ainda surge um sentimento de

desconforto e piedade à expressão artística do bailarino, no qual os mesmos são observados e

avaliados pela exposição de suas limitações físicas, como se no primeiro momento fossem

incapazes. E quando os mesmos mostram sua superação nessa linguagem corporal, uma platéia

atônita não sabe como se comportar, pois não estão acostumados a vivenciarem a expressão

corporal de maneira diferenciada, e sim, apenas de forma padronizada.

Dessa forma, a dança como um dos conteúdos das aulas de educação física possui um

papel relevante no processo pedagógico da inclusão pelo movimento e não deve ser traduzida

apenas como mero conteúdo estruturante curricular. A dança e a educação física possuem em

comum o movimento corporal humano intencional, e tanto uma como a outra, utilizam a

expressão corporal como linguagem. Quando adequamos a dança para os alunos que

apresentam deficiências, em suas especificidades inclusivas, não a estamos descaracterizando,

apenas estamos expandindo suas possibilidades de ação.

Para Miranda (1994, p. 8) as atividades de dança não devem ser “tratadas como

conteúdo específico, mas sim como atividades motoras utilizadas para a consecução dos

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objetivos da educação física”. Então quando se pensa na dança como conteúdo da educação

física escolar, ela deve prestar-se aos seus propósitos e finalidades da educação física que é

promover as relações interpessoais, a autoconfiança, valorizando o que cada indivíduo é capaz

de fazer em função de suas possibilidades e limitações pessoais, além de prepará-lo enquanto

cidadão crítico. Neste sentido, a dança não se caracteriza como um campo de conhecimento

isolado, que objetiva formar um (a) ou bailarino (a).

Figura 3 - Dança com deficiente visual

Fonte: Rodrigues (2010).

Como sabemos da existência de inúmeras deficiências, elegemos nesta unidade didática,

atividades direcionadas para alunos que apresentam deficiência física, deficiência visual e

surdez, salientando que as atividades poderão ser aplicadas mesmo que na sala de aula não

existam alunos que apresentam deficiências. Pois o objetivo desta unidade é desmistificar

preconceitos, levando os alunos do ensino comum, a refletirem e perceberem que os alunos que

apresentam deficiências, não devem ser tratados com indiferença e privados das atividades

devidas suas limitações. Ao contrário, devem ser participantes ativos, onde prevaleça a

criatividade, o companheirismo e os envolvidos sejam livres do preconceito e a discriminação.

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Sendo assim, antes de iniciar as atividades específicas de expressão corporal e dança, é

importante que os alunos que não apresentam deficiências, realizem algumas atividades de

sensibilização, com o objetivo de experimentarem as sensações que seus colegas com

deficiências vivenciam em seu cotidiano. Dessa maneira, foram elaboradas atividades

específicas de sensibilização para cada área das deficiências a serem trabalhadas nesta unidade

didática. Após serão trabalhadas atividades inclusivas de expressão corporal, objetivando o

trabalho da dança.

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ATIVIDADES DE SENSIBILIZAÇÃO

01) DEFICIÊNCIA FÍSICA

Nome da atividade:

Passeio Diferente.

Objetivo:

Fazer com que os alunos percebam a sensação de estarem limitados fisicamente dos membros

inferiores.

Organização da atividade:

Espaço externo para andar com a(s) cadeira (s) de roda.

Material:

Uma ou mais cadeiras de roda.

Descrição da atividade:

Um aluno será o cadeirante, o qual será conduzido por um colega em um percurso determinado

pelo professor. Ao retornar trocam-se as posições.

Obs: caso na escola não tenha nenhum cadeirante, poderá se emprestar uma cadeira de roda de

alguma pessoa física ou entidade.

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02) DEFICIÊNCIA VISUAL

Nome da atividade:

Condução.

Objetivo:

Levar os alunos a perceberem os espaços sem o auxílio do sentido da visão (sensibilização).

Organização da atividade:

Em duplas.

Materiais:

Uma venda para cada dupla.

Descrição da atividade:

Um dos alunos estará com os olhos vendados, o qual irá segurar no braço de seu companheiro.

Este o guiará por um trajeto determinado pelo professor (espaço externo da escola). Após

terminarem o trajeto, trocar de condutor. Quando todos os alunos fizerem o percurso, realizar

uma reflexão a respeito desta experiência.

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03) SURDEZ

Nome da atividade:

Amigo.

Objetivo:

Levar os alunos a desenvolverem a percepção auditiva.

Organização da atividade:

Em círculo, sentados no chão ou cadeira. Apenas um aluno ficará ao centro, com os olhos

vendados.

Materiais:

Uma venda para os olhos.

Descrição da atividade:

O aluno do centro irá chegar perto de um colega. Este irá pronunciar a palavra “AMIGO”. O

aluno que está vendado tentará descobrir o nome do colega que falou a palavra, apenas pelo

som de sua voz. Se acertar troca de lugar com o mesmo. Se errar, continua ao centro e reinicia o

jogo.

Variação:

Pode-se definir anteriormente qualquer palavra ou outro som (como por exemplo, um latido, um

mugido, uma buzina, etc.) a ser pronunciada pelo grupo.

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ATIVIDADES INCLUSIVAS DE EXPRESSÃO CORPORAL E DANÇA NAS AULAS DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

ATIVIDADE 01:

Nome da atividade:

Reproduzir o rítmo.

Objetivo:

Levar os alunos a trabalhar a expressão corporal, criatividade, coordenação motora ampla e

ritmo, através da dança. (inclusão de alunos com deficiência física, deficiência visual ou surda).

Organização da atividade:

Alunos espalhados na quadra ou ambiente fechado.

Materiais:

Aparelho se som e ritmos variados de música.

Descrição da atividade:

Os alunos ficarão espalhados, sendo que o professor iniciará, ficando à frente dos mesmos. Ao

som da música proposta o professor irá realizar um movimento no ritmo da mesma. Os demais

alunos irão reproduzir todos ao mesmo tempo o movimento. Ao final de um minuto o professor

chamará um número qualquer (por exemplo, o número “5”), o qual deverá criar outro

movimento, e todos deverão reproduzir. Assim sucessivamente. Nesta atividade poderá

participar também o aluno surdo, pois mesmo não ouvindo a música, ele reproduzirá o

movimento, observando seus colegas.

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Variação da atividade:

O professor poderá chamar os alunos na sequência numérica.

ATIVIDADE 02:

Nome da atividade:

Fotografia.

Objetivo:

Desenvolver nos alunos a criatividade e a expressão corporal. (inclusão de alunos com

deficiência física, deficiência visual ou surda).

Materiais:

Aparelho de som e músicas (preferencialmente mais lentas).

ORGANIZAÇÃO DA ATIVIIDADE:

Alunos em duplas espalhados pela quadra ou ambiente fechado.

DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE:

Cada aluno com um colega (o qual poderá apresentar deficiência física, visual ou surdez). Ao

iniciar a música os alunos estarão em uma posição inicial, sendo que a mão de um, deverá tocar

qualquer parte do corpo do outro (por exemplo: as costas, a perna, o pé, a cabeça, o braço, etc.)

Assim toda vez que é tocado pelo seu colega deverá criar outra posição, e assim

sucessivamente, dando idéia de “parar para uma foto”.

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ATIVIDADE 03:

Nome da atividade:

Dançando com objetos.

Objetivo:

Levar os alunos a desenvolver sua criatividade, expressão corporal espontaneidade e ritmo.

(inclusão de alunos com deficiência física, deficiência visual ou surda).

Materiais: aparelho de som, músicas e objetos variados (podem-se utilizar os objetos presentes

na sala de aula).

Organização da atividade:

Alunos espalhados pela quadra de vôlei ou ambiente fechado.

Descrição da atividade:

O professor irá pedir para que cada aluno pegue um objeto que quiser (por exemplo: lápis,

estojo, cinto, cadeira, apagador, régua sapato, etc.). De posse do objeto escolhido, o professor

irá colocar uma música, onde os alunos irão interagir e dançar com este objeto. (o professor

poderá fazer anteriormente uma demonstração). Todos os alunos que apresentam deficiências

poderão participar.

Variação da atividade:

Pode-se pedir para os alunos formarem grupos e desenvolverem uma coreografia com os

objetos escolhidos, para apresentarem para seus colegas.

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ATIVIDADE 04:

Nome da atividade:

Cadeira que dança.

Objetivo:

Levar os alunos a desenvolver sua criatividade, expressão corporal e ritmo. (inclusão de alunos

com deficiência física).

Materiais:

Aparelho de som e músicas variadas.

Organização da atividade:

Alunos espalhados na quadra, em círculo. No centro deste, um aluno cadeirante.

Descrição da atividade:

O professor irá colocar uma música (começar com uma música lenta). Todos, exceto o

cadeirante, serão numerados. Ao iniciar a música todos os alunos irão realizar movimentos de

acordo com o ritmo da música. Quando o professor chamar um número do grupo, o aluno

solicitado irá se dirigir até o centro e juntamente com o cadeirante, irão criar alguns

movimentos, até o professor chamar outro aluno do grupo, que irão criar outros movimentos e

assim sucessivamente. O professor poderá trocar os ritmos das músicas para facilitar a criação

dos movimentos.

Variação da atividade:

O professor poderá chamar vários números de uma só vez.

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ATIVIDADE 05:

Nome da atividade:

Bailando sobre as cadeiras.

Objetivo:

Fazer com que os alunos desenvolvam sua expressão corporal, ritmo e criatividade. (inclusão de

alunos com deficiência física).

Materiais:

Aparelho de som, as cadeiras da sala de aula.

Organização da atividade:

Na sala de aula ou espaço maior. Todos deverão estar sentados em suas cadeiras, dispostos

aleatoriamente.

Descrição da atividade.

O professor irá colocar variados ritmos de música, e os alunos deverão criar movimentos de

expressão corporal, sentados em suas cadeiras.

Variações da atividade:

1- Poderão fazer grupos, onde alguns alunos ficarão sentados em suas cadeiras e outros não.

Sendo que durante a música deverá ocorrer uma interação entre todos do grupo.

2- O professor também poderá trabalhar apenas com uma música e após cada grupo ter criado

um movimento, poderão fazer uma coreografia final, na união de todos os grupos.

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ATIVIDADE 06:

Nome da atividade:

Dançando na escuridão.

Objetivo:

Levar os alunos a desenvolverem sua percepção visual, sua espontaneidade e capacidade

criativa. (inclusão de alunos com deficiência visual).

Materiais:

Aparelho de som, apenas uma música selecionada pelo professor e alunos. Vendas para os

olhos.

Organização da atividade:

Dividir os alunos em trios espalhados pela quadra, ou ambiente fechado.

Descrição da atividade:

Um dos alunos do trio estará com os olhos vendados. Ao iniciar a música, cada trio irá criar

movimentos de dança, onde os três possam se interagir. A um determinado tempo, o professor

pedirá para um trio unir-se a outro e dar continuidade à coreografia.

Variações da atividade:

1- O professor poderá dar comando para junção dos trios, até todos estarem em uma mesma

coreografia.

2- Todos os alunos estarão com os olhos vendados, e ao som de ritmos variados, deverão

dançar.

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ATIVIDADE 07:

Nome:

Dança do CHEP-CHEP.

Objetivo:

Levar os alunos a desenvolverem sua criatividade, coordenação e expressão corporal. (inclusão

do aluno surdo).

Materiais:

Nenhum.

Organização da atividade:

Os alunos estarão em círculo na quadra ou sala de aula.

Descrição da atividade:

O professor primeiramente ensina a letra da música:

Primeira parte:

“Quando Fui a Nova Iorque visitar a minha tia, ela me ensinou a dançar o Chep-Chep”

Segunda parte:

“Dança o Chep-Chep, dança o Chep-Chep, dança o Chep-Chep, mas dança bem”.

Metodologia:

O professor orienta que na primeira parte, todos devem estar na posição em pé e se

movimentam livremente. Na segunda parte o professor pára na frente de um aluno e dança seu

estilo, o aluno deverá repetir o gesto do professor. Em seguida este aluno também irá parar na

frente de outro colega e dança ao seu jeito, até que todos tenham passado pela posição de

imagem e espelho. Ao final pode-se dançar em formação de trenzinho com o professor ou um

aluno à frente, orientando os movimentos. O aluno deve repetir os gestos corretamente. O

professor e os alunos podem usar sua criatividade para criar variações para esta atividade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, E. L. Dança em cadeira de rodas; os sentidos dos movimentos na dança como linguagem não-verbal. Campinas: Cbdr, 2002.

MIRANDA, M. L. de J. A dança como conteúdo específico nos cursos de educação física e como área de estudo no ensino superior. Revista Paulista de Educação Física, vol8, n.2, jul./dez. 1994, p. 3-13.

GONÇALVES, M. A. S. Sentir, pensar e agir – corporeidade e educação. Campinas: Papirus, 1994.

RODRIGUES, É. T. M. Ilustrações das figuras da Unidade Didática. 2010.

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