Da Criança-sintoma (Dos Pais) Ao Sintoma Da Criança

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  • 7/24/2019 Da Criana-sintoma (Dos Pais) Ao Sintoma Da Criana

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    DA CRIANA-SINTOMA (DOS PAIS) AO SINTOMA DA CRIANA

    Silvia Abu-Jamra Zornig *

    RESUMOO trabalho pretende discutir o lugar dos pais na clnica psicanaltica com crianas,reconhecendo a ligao fundamental entre a criana e a demanda parental, o ue fa!com ue seu sintoma deva ser ouvido como entrelaado "s uest#es dos pais, ainda ueno se esgotando nas mesmas$%alavras chave& criana, sintoma, psican'lise

    ABSTRACT(his paper intends to discuss the parents) position in the analtic practice +ith children,recogni!ing the essential connection bet+een the child and the parental demand$ (he

    child)s smptom must be considered as related to the parents) issues, but not be reducedto them$e +ords& child, smptom, pschoanalsis

    * outora em %sicologia .lnica pela %/.-0io, %rofessora da %/.-0io, %sicanalista daSociedade de %sican'lise 1rac ole$

    A clnica psicanaltica com crianas nos confronta com uma uesto fundamental& 2possvel a psican'lise se constituir em uma pr'tica de sub3etivao para um su3eito em

    processo de estruturao, ue necessita de adultos na funo de pais para se constituir4Seria dese3'vel intervir neste tempo de construo, 3' ue a clnica psicanaltica 2referendada por um tempo retroativo, do a-posteriori4

    5o h' uma resposta simples a esta uesto, at2 porue este parado6o funda a clnicacom crianas$ 7reud 89:;:ncia estrutural da criana frente a seus cuidadoresfundamentais, fa!endo com ue a desconsiderao deste ?n@ sintom'tico possainviabili!ar o tratamento da criana$

    Banonni 89:CD

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    analista em relao " sua pr@pria infEnciancias te@ricas implcitas nadireo clnica escolhida por diferentes autores$ O c2lebre debate entre Anna 7reud eBelanie lein 2 uma ilustrao fundamental de como velhas discuss#es mant>m suaatualidade por ressaltarem os parado6os e impasses desta clnica$

    Assim, enquanto para Anna Freud (1964) as foras a enfrentar na cura de umaneurose infantil so no s internas, mas parcialmente externas em funo dafraqueza do supere!o da criana, para"lein o aparel#o ps$quico se encontraconstitu$do desde as ori!ens atra%&s dos mecanismos de pro'eo e intro'eo$ Ouse3a, a partir de tais constata#es te@ricas,Anna Freud ir pri%ile!iar a %ertente

    peda!!ica na anlise de uma criana, atra%&s da orientao de pais, enquanto "lein%ai desconsiderar a influncia dos pais da realidade, ' que seu maior interesse %airecair so*re a ima!em internalizada dos pais e a %ida fantasmtica da criana+

    0osemberg 89::F

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    esta fi6a sua e6ist>ncia num lugar determinado pelos pais em seu sistema de fantasias edese3os$ A criana procura responder ao enigma dos significantes obscuros propostos

    pelos adultos, se identificando ao ue 3ulga ser ob3eto do dese3o materno, tentandopreencher a falta estrutural do Outro e evitar a angNstia de castrao 8assuno dapr@pria falta

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    5o entanto, apesar de Bannoni 89:CD< ressaltar o endereamento do sintoma infantilcomo um apelo de reconhecimento ao pai, ela tamb2m insiste na necessidade de oanalista no se dei6ar sedu!ir pela demanda parental procurando intervir ao nvel darealidade e desconsiderar a dimenso fundamental, simb@lica, do sintoma$ ?O sintoma 2uma linguagem ue nos cabe decifrar$ O indivduo prop#e a sua uesto por interm2dio

    de seus pais, para eles ou contra eles, di! a autora 8p$DM

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    pode escolher responder a esta demanda e integrar a criana " sua ideologia, colocando-se numa posio ortop2dica, ou 8referido a uma 2tica do dese3o< procurar elaborar 3untoaos pais e " criana esta demanda sociali!ada como uma no-demanda analtica,diferenciando a demanda dos pais da possibilidade de uma uesto analtica referida "criana$

    %ara o autor, este trabalho reuer o atendimento dos pais sem a presena da criana ementrevistas preliminares, para possibilitar a elaborao de um trabalho de luto$ Guto pela

    perda da iluso de ue uma criana real poderia corresponder " imagem da criananarcsica do dese3o, da criana ue os pais dese3ariam ter sido, mas no foram e ueesperavam resgatar atrav2s de seu filho$

    As entrevistas preliminares possibilitam tamb2m a ruptura do assu3eitamento dos pais "criana, " medida ue esta ocupa o lugar de Bestre do go!o dos pais 8=is Ba3est, theRabncia material ou em termos de imagin'riosocial, ou ainda pela ao simb@lica e6ercida por eles no estabelecimento da estruturado su3eito$ Assim, nas entrevistas preliminares os pais e a criana se enlaam numcampo transferencial Nnico, onde e6iste circulao de palavras e efeitos entre eles, e

    onde o desaparecimento de um sintoma na criana provoca efeitos sobre os pais e vice-versa$

    Ista observao no visa retirar da criana a possibilidade de estabelecer uma relaoanaltica, 3' ue entendemos ue o sintoma da criana decorre no s@ da relaoimagin'ria inconsciente estabelecida com os pais, mas principalmente de sua articulaoentre o lugar proposto por eles e a construo de sua neurose infantil atrav2s de suas

    produ#es fantasm'ticas em seu percurso edpico$ 5o pretendemos tamb2m advogaruma clnica baseada na psicologia do desenvolvimento, onde o papel do analista seconfunde com uma funo pedag@gica de adeuar a criana "s e6pectativas do meioambiente$

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    %retendemos, no entanto, demonstrar ue a singularidade do processo analtico de umacriana se d' em funo desta ?amarrao entre ela e as demandas e6teriores a ela,fa!endo com ue o analista, ainda ue privilegiando trabalhar com o fator infantil, no

    possa desconsiderar estes fatores na transfer>ncia$

    :re" (67;;)refora esta noo, ao indicar ue em funo da especificidade da criana,ou se3a, Qdo fato de os pais da realidade exercerem uma forte influncia so*re ela, &necessrio com*inar o tratamento psicanal$tico da criana com al!um tra*al#oefetuado com os pais, so* o risco da anlise se tornar in%i%el pela resistnciaexercida pelos pais)$

    %oderamos avanar neste argumento retomando a noo freudiana sobre aprematurao biol@gica do ser humano ue fa! com ue o beb> necessite de ?uma a3udae6terna para redu!ir as tens#es pulsionais de seu aparelho psuico e ue estabeleauma relao de depend>ncia afetiva a seus cuidadores fundamentais como garantia desobreviv>ncia fsica e psuica$ :erenc

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    criana possam diferenciar suas quest=es, imprimindo um cun#o sin!ular e @nico 3ssuas narrati%as+

    0I7I05.1AS R1RG1OT0U71.AS

    Ralbo, T$ 89::

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    %aris& dtitions Isuisses %schanaltiues$

    Zornig, S$ 89::9