Cyrino Et Al[1]. - Por - Macro Proteina - 2000

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ABSTRACT RESUMO RESUMO O propósito deste estudo foi analisar o efeito de duas situações alimentares distintas: dieta basal contendo 61 kcal/kg e 1,5 g de proteína/kg de peso corporal/dia (D1) e dieta hiperprotéica contendo cerca de 80 kcal/ kg e 2,5 g de proteína/kg de peso corporal/dia (D2), sobre os ganhos de massa e força muscular, em atletas de culturismo. Para tanto, 6 atletas do sexo masculino (26,1 ± 3,0 anos e 91,3 ± 17,4 kg), foram previamente selecionados. O período de aplicação de cada dieta foi de quinze dias consecutivos, dentro dos quais os atletas se mantiveram em regime normal de treinamento (rotina de seis dias de treinamento com um dia de descanso por semana, parcelada em peitoral, ombros e tríceps nos dias 1 e 4; costas, bíceps e antebraço nos dias 2 e 5; coxas, panturrilha e abdômen nos dias 3 e 6). Avaliações antropométricas foram realizadas na véspera dos três momentos do estudo (M1, M2 e M3). Da mesma forma, o teste de peso máximo (1RM) foi aplicado em cinco exercícios (extensões de tríceps com barra, desenvolvimento pela frente, supino, levanta- mento de terra e agachamento), com a finalidade de avaliar os níveis de força. A associação treinamento de força/suplementação protéica (M3/M1) resultou em ganhos significantes de força (14%) e massa muscular (4,9% ou 2,840 kg). Estes achados demonstram que a ingestão protéica entre 1,5 e 2,5 g de proteína/kg de peso corporal/dia parece ser adequada para o aumento de força e massa muscular, em atletas de culturismo. Palavras chave: culturismo; proteína; massa muscular; força muscular; treinamento de força. INCREASE OF STRENGTH AND MUSCLE MASS IN BODYBUILDERS WITH PROTEIN SUPPLEMENTATION Edilson Serpeloni Cyrino Centro de Educação Física e Desportos – FEF/UEL Nailza Maestá Faculdade de Medicina – UNESP/Botucatu Roberto Carlos Burini Faculdade de Medicina – UNESP/Botucatu — APOIO: CNPq/NutriSport do Brasil — ABSTRACT The purpose of this study was to analyze the effect of two different dietetics situations: basic diet designed with 61 kcal/kg and 1.5 g protein/kg of body weight/day (D1), and higher protein diet, designed with 80 kcal/kg and 2.5 g protein/kg of body weight/day (D2), on the gains of muscle mass and strength in body- builders. Thus, 6 male athletes (26.1 ± 3.0 years and 91.3 ± 17.4 kg) were selected early. The period of application of each diet was 15 consecutive days, in which the athletes performed their normal training (routine of six days of training and one day to rest per week, the training divided into chest, shoulders and triceps exercises in days 1 and 4; back, biceps and forearm in days 2 and 5; thigh, calves and abdominals in days 3 and 6). Anthropometric evaluations were performed during the day before the three moments of the study (M1, M2, M3). In the same way, the maximum weight test (1RM) was performed in five exercises (supine triceps extensions, military press, bench press, deadlift and squat), in order to evaluate the levels of strength. The association between resistance training and protein supplementation (M3/M1) resulted in significant gains of strength (14%) and muscle mass (4.9% or 2.840 kg). These findings showed that the protein intake between 1.5 and 2.5 g/kg of body weight/day seems appropriate to the increase of strength and muscle mass in bodybuilders. Key words: bodybuilding; protein; muscle mass; muscle strength; resistance training. AUMENTO DE FORÇA E MASSA MUSCULAR EM ATLETAS DE CULTURISMO SUPLEMENTADOS COM PROTEINA artigo original

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    ABSTRACT

    RESUMORESUMOO propsito deste estudo foi analisar o efeito de duas situaes alimentares distintas: dieta basal contendo61 kcal/kg e 1,5 g de protena/kg de peso corporal/dia (D1) e dieta hiperprotica contendo cerca de 80 kcal/kg e 2,5 g de protena/kg de peso corporal/dia (D2), sobre os ganhos de massa e fora muscular, em atletasde culturismo. Para tanto, 6 atletas do sexo masculino (26,1 3,0 anos e 91,3 17,4 kg), foram previamenteselecionados. O perodo de aplicao de cada dieta foi de quinze dias consecutivos, dentro dos quais osatletas se mantiveram em regime normal de treinamento (rotina de seis dias de treinamento com um dia dedescanso por semana, parcelada em peitoral, ombros e trceps nos dias 1 e 4; costas, bceps e antebrao nosdias 2 e 5; coxas, panturrilha e abdmen nos dias 3 e 6). Avaliaes antropomtricas foram realizadas navspera dos trs momentos do estudo (M1, M2 e M3). Da mesma forma, o teste de peso mximo (1RM) foiaplicado em cinco exerccios (extenses de trceps com barra, desenvolvimento pela frente, supino, levanta-mento de terra e agachamento), com a finalidade de avaliar os nveis de fora. A associao treinamento defora/suplementao protica (M3/M1) resultou em ganhos significantes de fora (14%) e massa muscular(4,9% ou 2,840 kg). Estes achados demonstram que a ingesto protica entre 1,5 e 2,5 g de protena/kg depeso corporal/dia parece ser adequada para o aumento de fora e massa muscular, em atletas de culturismo.

    Palavras chave: culturismo; protena; massa muscular; fora muscular; treinamento de fora.

    INCREASE OF STRENGTH AND MUSCLE MASS IN BODYBUILDERSWITH PROTEIN SUPPLEMENTATION

    Edilson Serpeloni CyrinoCentro de Educao Fsica e Desportos FEF/UEL

    Nailza MaestFaculdade de Medicina UNESP/Botucatu

    Roberto Carlos BuriniFaculdade de Medicina UNESP/Botucatu

    APOIO: CNPq/NutriSport do Brasil

    ABSTRACTThe purpose of this study was to analyze the effect of two different dietetics situations: basic diet designedwith 61 kcal/kg and 1.5 g protein/kg of body weight/day (D1), and higher protein diet, designed with 80kcal/kg and 2.5 g protein/kg of body weight/day (D2), on the gains of muscle mass and strength in body-builders. Thus, 6 male athletes (26.1 3.0 years and 91.3 17.4 kg) were selected early. The period ofapplication of each diet was 15 consecutive days, in which the athletes performed their normal training(routine of six days of training and one day to rest per week, the training divided into chest, shoulders andtriceps exercises in days 1 and 4; back, biceps and forearm in days 2 and 5; thigh, calves and abdominals indays 3 and 6). Anthropometric evaluations were performed during the day before the three moments of thestudy (M1, M2, M3). In the same way, the maximum weight test (1RM) was performed in five exercises(supine triceps extensions, military press, bench press, deadlift and squat), in order to evaluate the levels ofstrength. The association between resistance training and protein supplementation (M3/M1) resulted insignificant gains of strength (14%) and muscle mass (4.9% or 2.840 kg). These findings showed that theprotein intake between 1.5 and 2.5 g/kg of body weight/day seems appropriate to the increase of strengthand muscle mass in bodybuilders.

    Key words: bodybuilding; protein; muscle mass; muscle strength; resistance training.

    AUMENTO DE FORA E MASSA MUSCULAR EM ATLETASDE CULTURISMO SUPLEMENTADOS COM PROTEINA

    art

    igo

    orig

    inal

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    INTRODUO

    A quantidade de protena diettica recomenda-da pela maioria dos comits especializados em nutri-o tem variado entre 0,8 (Canadian Department ofNational Health and Welfare, 1983; US Food and Nu-trition Board, 1989; Food and Agricultural Organiza-tion, 1985), 1,0 (Australian National Health and Me-dical Research Council, 1987; Dutch Nutrition Board,1988 - para mulheres) e 1,2 g/kg de peso corporal/dia (Dutch Nutrition Board, 1988 - para homens) paratodos os indivduos adultos sadios, independente doestilo de vida, idade, peso, composio corporal e tipode atividade fsica (LEMON, 1991).

    Atualmente, existem muitas controvrsias so-bre a utilizao destas recomendaes em pratican-tes regulares de atividades fsicas diferenciadas e,principalmente, em atletas de culturismo, visto queestas recomendaes basearam-se, primeiramente, emclculos do balano nitrogenado (nitrognio consu-mido menos o excretado), porm, de indivduos es-sencialmente sedentrios.

    Vrios autores (BUTTERFIELD & CALLOWAY,1984; DRAGAN et al., 1985; LEMON et al., TARNO-POLSKY et al., 1992; TARNOPOLSKY et al., 1988)advogam a suplementao protica para melhoriado desempenho fsico, tanto pelo poder energticodos aminocidos (nos exerccios de resistncia),como pela melhoria do processo anablico, aumen-tando a disponibilidade de aminocidos essenciaispara gerar acrscimo de massa muscular, aceleran-do a taxa de recuperao durante o treinamento(nos exerccios de fora).

    Em 1994, KUHN realizou estudo sobre o efei-to do trabalho de carga no metabolismo dos ami-nocidos em 8 indivduos saudveis e verificou queo exerccio intenso aumenta a demanda do organis-mo humano para a ingesto de protena dietticade alto valor biolgico.

    Outros estudos (LEMON et al., 1992; TARNOPOL-SKY et al., 1992) em jovens do sexo masculino suge-

    rem maior necessidade protica para praticantes detreinamento com pesos ou contra-resistncia (fora).Segundo tais autores, esta necessidade seria em tor-no de 1,2 a 1,7 g/kg de peso corporal por dia.

    Uma justificativa que parece bastante razo-vel para isso que o esforo gerado pelo treinamen-to de fora induz ao processo de hipertrofia muscu-lar (aumento da massa muscular), mediante umamaior reteno de aminocidos, que somente pos-svel pela obteno de um balano nitrogenado po-sitivo. Entretanto, nem todos os pesquisadores con-cordam com a necessidade de dietas hiperproticas(LEMON et al., 1992), preferindo aceitar que a ativi-dade fsica regular promove melhoria na economiatotal de nitrognio, facilitando sua fixao.

    Segundo TARNOPOLSKY et al. (1988), culturis-tas de elite consumindo dietas altamente proticas(2,77 g/kg de peso corporal/dia) tm demonstradoelevado balano nitrogenado positivo. Hipoteticamen-te, este alto consumo de protenas poderia resultarem maior ganho de massa muscular e fora, visto queo consumo de aminocidos induzido pelo treinamen-to estimularia o aumento da sntese protica.

    Com base nas informaes apresentadas aci-ma, o propsito deste estudo foi investigar as poss-veis adaptaes nos nveis de fora e massa muscu-lar geradas, em trinta dias de experimento, pela as-sociao entre o treinamento com pesos e dois regi-mes dietticos diferenciados, contendo cerca de 1,5e 2,5 g de protena/kg de peso corporal/dia respec-tivamente, em atletas de culturismo.

    CASUSTICA E MTODOSSujeitos

    Seis atletas de culturismo, na faixa etria dos22-29 anos (26,07 2,98 anos), do sexo masculino,foram previamente selecionados para fazer parte doestudo. Como pr-requisitos para incluso no expe-rimento foram consideradas as seguintes condies:possuir experincia mnima de 3 (trs) anos de pr-

    CYRINO, MAEST & BURINI

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    tica em exerccios de sobrecarga, estar em fase detreinamento para hipertrofia muscular, no ser fu-mante, no ser etilista, no fazer uso de esteridesanablicos ou similares, alm de no apresentar his-trico de doenas metablicas.

    Todos foram convenientemente informadossobre a proposta do estudo e procedimentos a queseriam submetidos e assinaram declarao de con-sentimento esclarecido.

    Protocolo de treinamentopara hipertrofia

    O protocolo de treinamento foi aplicado porseis semanas consecutivas, sendo que as duas sema-nas iniciais (fase de pr-treinamento) serviram paraa equiparao dos nveis de condicionamento mus-cular dos atletas e as quatro subseqentes visaram oaumento da massa muscular (fase de treinamentohipertrfico ou de aumento do volume muscular).

    O protocolo adotado foi o classicamente utili-zado nos treinamentos de culturismo em fase de hi-pertrofia, envolvendo programao de treinamentode seis dias consecutivos intercalados por um dedescanso. Este protocolo englobou trs programa-es de treinamento: A, B e C.

    Cada programao constou de trs exerccios porgrupamento muscular, com quatro sries para cadaexerccio. O nmero de repeties empregadas foi 12/10/8/6 RM, respectivamente, sendo utilizado o mto-do de treinamento com cargas variveis, conhecidocomo meia pirmide (adaptado do mtodo de pirmi-de crescente descrito por RODRIGUES & ROCHA, 1985).As excees foram os exerccios para os grupos mus-culares da panturrilha (15-20 repeties), antebrao(12-15) e abdmen (20-30), por apresentarem carac-tersticas distintas das dos demais grupamentos (con-jugam fora e resistncia muscular).

    As cargas utilizadas foram compatveis com onmero de repeties mximas estipuladas para cadaexerccio, o que correspondeu a cerca de 70-85% de1RM. Todas as cargas foram aferidas individualmente

    em cada exerccio atravs do teste de peso mximo, naltima semana da fase de pr-treinamento. Estas car-gas sofreram reajustes peridicos, de acordo com osganhos complementares de fora e as adaptaes pro-vocadas pela seqncia de treinamentos. Desse modo,foram mantidas as intensidades iniciais do trabalho.

    A programao A foi composta por exercciospara os grupamentos musculares do peitoral, om-bros e trceps, sendo repetida no primeiro e quartodia de treinamento semanal.

    A programao B envolveu exerccios para osgrupamentos musculares das costas, bceps braquiale antebrao, sendo repetida no segundo e quintodia. Por fim, a programao C foi composta por exer-ccios para os grupamentos musculares das coxas,pernas e abdmen, sendo repetida no terceiro e sex-to dia de treinamento semanal.

    O intervalo de recuperao permitido entre assries, em cada exerccio, foi de sessenta a noventasegundos; entre os exerccios de um mesmo grupa-mento muscular, de dois a trs minutos; e entre osexerccios para grupamentos musculares diferentes,nunca foi inferior a cinco minutos.

    Teste de fora muscularO teste escolhido para a avaliao dos nveis

    de fora muscular, nos diferentes momentos do es-tudo (M1 - incio; M2 - fim da aplicao do 1

    o regime

    diettico; M3 - fim da aplicao do 2o regime diet-

    tico), foi o teste de peso mximo (1RM), descritopor CLARKE (1973), por ser a tcnica mais emprega-da para essa finalidade (MAYHEW et al., 1995).

    Para tanto, foram escolhidos cinco exerccioscomumente utilizados nos programas de treinamen-to de musculao de atletas de culturismo, de acor-do com sua abrangncia, ou seja, maior nmero degrupamentos e feixes musculares envolvidos na rea-lizao dos movimentos, permitindo assim a utiliza-o de sobrecargas mais elevadas. Foram eles: ex-tenses de trceps com barra (supine triceps extensi-ons), desenvolvimento pela frente (military press),

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    supino (bench press), levantamento de terra (dea-dlift) e agachamento (squat).

    Para a obteno de 1RM, em cada exerccio,foram utilizadas um mximo de trs tentativas, res-peitando-se um intervalo de recuperao entre cadauma de 3 a 5 minutos, no intuito de garantir a efici-ncia do teste mediante o restabelecimento das fon-tes energticas primrias utilizadas durante o esfor-o, ou seja, o sistema dos fosfagnios (ATP-CP).

    A carga mxima foi definida como sendo aque-la que pudesse ser deslocada apenas uma nica vez,em uma amplitude completa de movimento (combi-nao entre as aes musculares concntrica e ex-cntrica), mantendo-se a tcnica de execuo consi-derada correta.

    Ingesto alimentare protocolo diettico

    Com a finalidade de conhecer a alimentaodiria de cada um dos atletas foram utilizados osmtodos de recordatrio de 24 horas e registro ali-mentar de 3 dias, avaliando-se a quantidade e quali-dade dos alimentos ingeridos, a partir de tabelas decomposio qumica dos alimentos (FRANCO, 1989).

    A partir da, conhecidos os hbitos alimenta-res dos atletas, coube a uma nutricionista a elabora-o de duas dietas, comuns aos hbitos alimentaresdestes. A primeira, de composio habitual, deno-minada de D1, continha cerca de 61 kcal/kg de pesocorporal/dia e 1,5 g/kg de peso corporal/dia de pro-tena (integral). A segunda (D2), elaborada a partirde D1, foi acrescida de carboidratos acompanhadosda suplementao de 1 g/kg de peso corporal/dia deaminocidos (Amino 2000), resultando em 2,5 g deprotena/kg de peso corporal/dia e 80 kcal/kg depeso corporal/dia. A ingesto de protena dietticafora calculada assumindo-se que cada grama de ni-trognio eqivale a 6,25 g de protena.

    A dieta D1 foi elaborada com arroz, feijo, fran-go grelhado, batata cozida, alface, leo de soja, leite,nescau, po, margarina, fcula, mel, banana, laranjae suco de laranja, contendo cerca de 10,2% de prote-na, 12,2% de lipdeos e 77,6% de carboidratos.

    A dieta D2, por sua vez, ofereceu aproximada-mente 13% de protena, 13% de lipdeos e 74% decarboidratos a partir dos alimentos mencionados emD1,

    com o acrscimo de macarro caseiro cozido, alho,

    azeite de oliva e goiabada. Todos os alimentos foramselecionados, adquiridos, temperados, cozidos, por-cionados e distribudos individualmente aos atletas,pela nutricionista, para serem fracionados em 6 (seis)refeies dirias (desjejum, colao, almoo, lanche,jantar e ceia). As eventuais sobras foram computa-das no clculo da ingesto diria.

    Os atletas receberam cada uma das dietas du-rante 15 (quinze) dias consecutivos, iniciando-se porD1. Durante todo o experimento a ingesto de guafoi ad libitum.

    Avaliao antropomtrica

    O peso corporal (P) e a estatura (A) foram afe-ridos de acordo com os procedimentos descritos porGORDON et al. (1988). A partir das medida de peso eestatura calculou-se o ndice de massa corprea (IMC)por meio do quociente peso corporal/estatura

    2, sen-

    do o peso corporal expresso em quilogramas (kg) e aestatura em metros (m).

    A composio corporal foi obtida pela tcni-ca de espessura do tecido celular subcutneo. Paratanto, foram aferidas as seguintes dobras cutne-as: abdominal (AB), suprailaca (SI), subescapular(SE), tricipital (TR), perna-medial (PM) e coxa (CX)de acordo com as tcnicas descritas por HARRISONet al. (1988), com exceo da dobra abdominal de-terminada paralelamente ao eixo longitudinal docorpo, aproximadamente dois centmetros direitada borda lateral da cicatriz umbilical (GUEDES,1994). O percentual de gordura foi estimado pelafrmula de SIRI (1961), a partir da equao espe-cfica de Guedes (1985) para o clculo da densida-de corporal.

    Foram avaliadas tambm as circunferncias debrao relaxado (CB), brao contrado (CBC), ante-

    CYRINO, MAEST & BURINI

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    brao (CAT), abdmen (CAB), perna (CP) e coxa (CC)de acordo com as tcnicas convencionais, descritaspor CALLAWAY et al. (1988). As excees foram ascircunferncias de coxa, tomada no ponto meso-fe-mural (RODRIGUES & ROCHA, 1985) e brao contra-do, tomada no ponto meso-umeral, no final de umacontrao voluntria mxima do bceps, de acordocom a tcnica descrita por FRANA & VVOLO (1987).

    A rea muscular do brao (AMB) foi calculadaa partir da seguinte equao (FRISANCHO, 1984):

    AMB (cm2) = {[CB (cm) - p.TR (cm)]

    2/4.p} - 10

    A massa muscular (MM), em gramas, foi calcu-lada de acordo com a equao proposta por MARTINet al. (1990):

    MM = A(0,0553.Gt2 + 0,0987. Gf

    2 + 0,0331Gc

    2) - 2445

    onde A a estatura, Gt a circunferncia de

    coxa corrigida pela sua respectiva dobra cutnea, Gf

    a circunferncia mxima de antebrao e Gc a cir-

    cunferncia mxima de panturrilha corrigida peladobra cutnea de perna medial, sendo todas as me-didas em cm. As correes das circunferncias foramfeitas sendo elas subtradas por p vezes as respecti-vas dobras cutneas (JELLIFFE & JELLIFFE, 1969).

    Todas essas medidas foram aferidas nos trsmomentos do estudo: M1 (na vspera do incio da

    aplicao do protocolo diettico D1), M2 (no ltimodia de aplicao de D1) e M3 (no ltimo dia de apli-cao de D2).

    Anlise estatstica

    Os resultados obtidos nos trs momentos doestudo foram agrupados em valores de mdia e des-vio-padro e as diferenas foram contrastadas medi-ante anlise de varincia para medidas repetidas(ANOVA). O teste de Scheff foi empregado para alocalizao das diferenas entre os tratamentos nosdiferentes momentos, sendo adotado como nvel designificncia p < 0,05.

    RESULTADOS

    Os resultados antropomtricos encontram-se nastabelas 1 e 2. Dados relativos composio corporal:peso (P), estatura (A), ndice de massa corprea (IMC),percentagem de gordura corporal (% gordura), reamuscular do brao (AMB), massa muscular (MM) epercentagem de massa muscular (% MM), encontram-se na tabela 1. Os valores das dobras cutneas tricipi-tal (TR), suprailaca (SI), abdominal (AB), subesca-pular (SE), perna medial (PM) e de coxa (CX) e dascircunferncias de brao relaxado (CB), brao contra-do (CBC), antebrao (CAT), abdmen (CAB), perna(CP) e coxa (CC) so apresentados na tabela 2.

    Momentos Dietticos Parmetros

    M1 M2 M3

    P (kg) 91,27 17,40 94,03 17,54 a 95,70 18,12 b, c

    A (cm) 179,25 9,20 179,25 9,20 179,25 9,20 IMC (kg/m2) 28,18 3,28 29,05 3,26

    a 29,55 3,34 b, c % Gordura 16,22 4,62 16,66 4,83 17,41 4,65 b, c AMB (cm2) 100,32 17,26 102,90 16,96 107,13 19,06

    b

    MM (kg) 58,51 7,74 59,91 7,93 61,35 8,80 b % MM 64,72 4,43 64,29 4,17 64,59 3,84

    Diferenas significativas: aM2 M1;

    bM3 M1;

    cM3 M2 (p < 0,05) Onde: P = peso corporal, A = estatura, IMC = ndice

    de massa corporal, AMB = rea muscular do brao, MM = massa muscular.

    Tabela 1 Caractersticas antropomtricas de atletas de culturismo nos trs momentos dietticos.

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    Aumentos significativos, entre cada momen-

    to do estudo, foram encontrados nas variveis P,

    IMC, SI e CAB. De forma idntica, o % gordura,

    AMB, MM, CB, CBC, CC e CP tambm sofreram eleva-

    es significativas ao longo dos trinta dias de ex-

    perimento; contudo, as diferenas se deram entre

    M3/M2 e/ou M3/M1. Vale ressaltar que o aumento

    da massa muscular no perodo experimental foi de

    Momentos Dietticos Parmetros

    M1 M2 M3

    TR (mm) 10,07 2,01 9,83 1,88 10,33 2,66 SI (mm) 15,52 9,61 17,43 10,31a 19,32 10,28 b, c AB (mm) 19,93 6,70 20,12 7,64 20,38 7,53 SE (mm) 18,85 4,87 19,53 4,81 19,20 4,77 PM (mm) 12,10 4,64 12,53 5,00 13,80 6,08 CX (mm) 19,92 9,05 19,50 8,77 20,38 8,60 CB (cm) 40,28 3,32 40,65 3,23 41,48 3,47 b, c CBC (cm) 41,98 3,35 42,55 3,41 43,28 3,66 b, c CAB (cm) 91,60 8,13 92,65 8,28 a 94,42 8,28 b, c CAT (cm) 31,85 1,83 32,31 1,66 32,75 1,80 b CC (cm) 65,20 5,01 65,78 5,05 66,65 5,41 b, c CP (cm) 41,10 2,91 41,52 2,87 42,08 2,95 b, c

    Diferenas significativas: aM2 M1;

    bM3 M1;

    cM3 M2 (p < 0,05)

    Onde: TR = dobra cutnea tricipital, SI = dobra cutnea suprailaca, AB = dobra cutnea abdominal,SE = dobra cutnea subescapular, PM = dobra cutnea de perna medial, CX = dobra cutnea de coxa,CB = circunferncia de brao relaxado, CBC = circunferncia de brao contrado, CAB = circunferncia abdo-minal, CAT = circunferncia de antebrao, CC = circunferncia de coxa, CP = circunferncia de panturrilha.

    Tabela 2 Dobras cutneas e circunferncias de atletas de culturismo nos trs momentos dietticos.

    Tabela 3 Ingesto diettica de atletas de culturismo antes e durante o estudo.

    Parmetros Momentos Dietticos Pr Experimento M1/M2 M2/M3

    kcal/dia 5014,17 701,45 5505,40 920,02 7499,68 1287,94b, c kcal/kg de PC/dia 55,39 3,47 60,59 2,33a 79,96 1,76b, c

    g protena/dia 139,01 25,06 140,45 24,01 235,65 41,18b, c g prot/kg de PC/dia 1,53 0,05 1,54 0,05 2,51 0,05b, c

    Dif. Sig.: aM1/M2 Pr Experimento;

    bM2/M3 Pr Experimento;

    cM2/M3 M1/M2 (p < 0,05)

    2840 g (4,9%), dos quais 1440 g (2,5%) no pero-

    do de suplementao protica (M3/M2), enquanto

    a rea muscular do brao aumentou 6,8% (M1/M3).

    Esses aumentos foram acompanhados da elevao

    de cerca de 1,2 pontos percentuais na adiposidade

    corprea (tabela 1), sendo a maioria (0,75) no l-

    timo momento diettico (M3/M2), conseqente ao

    acmulo suprailaco (tabela 2).

    CYRINO, MAEST & BURINI

  • REVISTA TREINAMENTO DESPORTIVO 15

    O maior ganho de peso corporal ocorreu no pri-meiro perodo diettico (M2/M1), embora o maior gan-ho de massa muscular tenha ocorrido no segundo (M3/M2) (tabela 1). O incremento ponderal total atingiu4430 g, ou seja, 1370 g/m

    2 de superfcie corprea.

    A ingesto diettica habitual dos atletas no pr-experimento acha-se na tabela 3, assim como a inges-to calculada nos trs momentos do estudo. A ingestocalrica e protica total, bem como a relativa ao pesocorporal, aumentou significativamente a partir do se-gundo protocolo diettico (D2), ao passo que a pro-poro kcal/protena ingerida foi de 36,3; 39,2 e 31,9,respectivamente, para os momentos M1, M2 e M3.

    Em todos os exerccios estudados houve umaumento significativo nos nveis de fora muscular,o que ficou evidenciado pela elevao das cargas noteste de peso mximo (1RM). A variao foi signifi-cante principalmente entre M1/M3, atingindo 14%(tabela 4). O incremento verificado entre os momen-tos M3 e M1 obedeceu seguinte ordem: agacha-mento (17%) > levantamento de terra (11,2%) >extenses de trceps (11%) > supino (10,4%) > de-senvolvimento pela frente (5,8%).

    De forma semelhante, o ndice de fora relati-va dos atletas estudados (IF), representado pela rela-

    o entre a carga total levantada nos cinco exercci-os (CL) e o peso corpreo (tabela 1) elevou-se signi-ficativamente em 8,9% durante o experimento (M3/M1) (tabela 4).

    DISCUSSO

    Devido ao nmero reduzido de atletas seleciona-dos, optou-se pela aplicao de dois regimes dietticosdiferentes, de forma consecutiva e no no sistema cru-zado (cross-over). No entanto, houve a preocupao deque o perodo de aplicao de cada regime dietticofosse de quinze dias, para que fossem evitadas interfe-rncias da dieta precedente sobre os resultados.

    A superestimao do balano nitrogenado poderefletir adaptao insuficiente dieta e relativa-mente comum em todos os estudos dessa natureza.Segundo HEGSTED (1975), perodos adaptativos dedez dias so, provavelmente, adequados quando dadiminuio da ingesto protica. Por outro lado,perodos iguais ou superiores a duas semanas sonecessrios para estabilizao metablica quando aingesto protica aumentada. No entanto, quandoo incremento protico for pequeno (< 1 g/kg de pesocorporal/dia) e, principalmente, na forma de p, dezdias so suficientes (TARNOPOLSKY et al., 1988).

    Momentos Dietticos Parmetros

    M1 M2 M3

    Extenses de trceps (kg) 54,33 11,20 58,00 10,51a 59,67 10,54 b Desenvolvimento (kg) 91,33 7,66 93,00 7,24 96,67 6,41 b, c

    Supino (kg) 108,67 16,52 118,00 16,00 a 120,00 15,75 b Levantam. de terra (kg) 155,00 24,81 165,00 24,55 a 172,33 22,89 b

    Agachamento (kg) 172,33 20,37 190,00 17,89 201,60 25,63 b CL (kg) 570,00 44,07 624,00 38,80 a 650,33 44,44 b

    IF 6,38 0,94 6,79 0,99 6,95 1,01 b

    Tabela 4 Fora absoluta e relativa de acordo com o teste de 1RM em atletas de culturismo nos trsmomentos do estudo.

    Diferenas significativas: aM2 M1;

    bM3 M1;

    cM3 M2 (p < 0,05)

    Onde IF = CL/P, sendo IF = ndice de fora relativa, CL = carga total levantada (kg) e P = peso corporal (kg)

  • 16

    O aumento da fora e da massa muscular coma utilizao de dietas hiperproticas, em atletas defora, tem sido relatado em alguns estudos (DRA-GAN et al., 1985; DRAGAN et al., 1992; LEMON etal., 1992; TARNOPOLSKY et al., 1988; TARNOPOL-SKY et al., 1992). No entanto, existem grandes con-trovrsias sobre esse assunto, visto que a quanti-dade de protena utilizada, o tempo de aplicaoda dieta, os protocolos de treinamento emprega-dos, a composio da amostra, o tempo de prticados indivduos estudados, alm de outros fatoresintrnsecos e extrnsecos, se apresentam de manei-ras bastante distintas.

    A elevao da ingesto protica em 69,5% eda relao protena/energia em 16,3% observada nopresente estudo resultou em ganho significativo demassa muscular (2840 g), embora o perodo de apli-cao das dietas tenha sido relativamente curto.Segundo RASH & PIERSON (1962), muitos estudosapontam a necessidade de perodos superiores a 8semanas para que se manifestem modificaes nestesentido. Alteraes semelhantes s verificadas nestetrabalho, porm relacionadas ao ganho de massacorporal magra, foram observadas por CONSOLAZIOet al. (1975); DRAGAN et al. (1985); DRAGAN et al.(1992); e LEMON et al. (1992), em protocolos fsi-cos/dietticos similares.

    Os 4,9% de ganho de massa muscular observa-dos nos trinta dias de protocolo fsico/diettico fo-ram associados ao ganho de fora muscular (14%). interessante discriminar que 50,7% do ganho mus-cular foi obtido na ltima quinzena, ou seja, na vi-gncia da suplementao de aminocidos na propor-o de 31,9 kcal/g de protena ingerida.

    Por outro lado, o maior aumento nos nveis defora muscular ocorreu entre M1/M2 (9,5%). Assim,embora tenha havido boa concordncia entre o gan-ho de fora (14%) e massa muscular (4,9%) no per-odo estudado (30 dias) no se pode concluir sobre oefeito ergognico da suplementao de aminocidos

    no protocolo de treinamento empregado. Experimen-tos semelhantes realizados por outros autores mos-traram ganhos de fora muscular inferiores (DRAGANet al., 1985) ou superiores (KRAUT e cols apud BUC-CI, 1993) ao presente estudo.

    Segundo FLECK & KRAEMER (1997) a foramuscular pode aumentar em decorrncia de dois fa-tores, hipertrofia muscular e adaptaes neurais. Jem 1964, WARD & FISH demonstraram que mudan-as nas circunferncias dos membros no acompa-nhavam os aumentos de fora muscular. Logo, o au-mento de fora produzido entre M1/M2, no presenteestudo, pode ser atribudo muito mais s possveisadaptaes neurais ao treinamento do que propria-mente ao processo de hipertrofia muscular, visto queo maior desenvolvimento muscular foi verificado sub-seqentemente, entre M2/M3.

    A razo ganho de massa muscular : ganho demassa gorda foi de 1,79. Entretanto, o que chamoua ateno foi a magnitude em que ocorreram essesganhos, tendo em vista o curto perodo de aplicaode cada dieta (quinze dias consecutivos), embora setratasse de dietas altamente hipercalricas, o queteoricamente facilitaria sensivelmente o aumento damassa corporal total.

    Um outro aspecto extremamente relevante que os ganhos de fora e massa muscular foramverificados em atletas que j possuam um desen-volvimento muscular bastante acentuado no inciodo experimento, muito superior ao da populaode esportistas de outras modalidades ou de no es-portistas (SPENST et al., 1993), o que poderia vir areduzir sensivelmente os resultados, por possveislimitaes genticas.

    Nesse sentido, vrios estudos desenvolvidos porpesquisadores europeus (HKKINEN, 1985; HKKI-NEN et al., 1987; HKKINEN et al., 1988) comprova-ram que causar modificaes na fora e na composi-o corporal em atletas de fora, durante um ou doisanos de treinamento, muito mais difcil do que em

    CYRINO, MAEST & BURINI

  • REVISTA TREINAMENTO DESPORTIVO 17

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    CONCLUSO

    Os dados encontrados neste estudo sugeremque a ingesto protica entre 1,5 e 2,5 g de prote-na/kg de peso corporal/dia, associada ao treinamentocom pesos, pode contribuir de forma significativapara o aumento de fora e massa muscular. Tais acha-dos vm ao encontro das necessidades dos atletas de

    culturismo em perodos no competitivos (fase detreinamento hipertrfico), quando o principal obje-tivo gerar aumento significativo no volume corpo-ral, custa, predominantemente, do desenvolvimentoda massa muscular.

    Finalmente, vale ressaltar que a utilizaode dietas hipercalricas e hiperproticas, comoas empregadas no presente estudo, com os atle-tas em perodo de treinamento para hipertrofia,desacompanhadas de treinamento aerbio regu-lar pode comprometer negativamente a aparn-cia esttica, mediante o aumento nos depsitosde gordura corporal subcutnea, dificultando oprocesso de definio muscular, durante o pero-do pr-competitivo.

  • 18

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    Edilson Serpeloni CyrinoFEF/Centro de Educao Fsica e Desportos Universidade Estadual de LondrinaCaixa Postal 6001 CEP 86051-990 Londrina PRe-mail: [email protected]

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