cURTA-METRAGEM

DOSSIER DE APRESENTAÇÃO

sinopse

sinopse de trabalho

Os estalos dos escapes ecoam pela planície deserta. Três rapazes matam o tempo num descampado com poeira nos olhos. Visitam imaginários de imperadores tatuados e conhecem uma rapariga numa bomba de gasolina. Querem conquistar o tempo e alcançar o topo do mundo.

Alex (21) encontra-se com o Tiago (19) numa lagoa. O Tiago saiu há pouco da água e ainda tem o cabelo a pingar. Era para ali que iam quando faltavam às aulas e fazia calor. Por meio de uma voz off do Alex, personagem que assume a figura de contador de históri-as ao longo do filme, ouvimos a história de dois colegas deles que morreram afogados naquela água e o consequente protesto que fizeram À porta da escola por causa do con-trolo acrescido que começou a haver nas entradas e saídas dos alunos. Chega o terceiro elemento do grupo, o Pedro (20) que os chama.

Os três rapazes montam as suas motas e seguem para o seu sítio normal, um des-campado nas redondezas. Alex partilha com o espectador as suas motivações: “Vou alcançar o topo do mundo. Com todos os meus amigos atrás de mim”. São para eles, estas viagens de mota uma perseguição a um conceito que eles sabem ser abstracto mas que partilham há já tanto tempo que acabou por ficar. No descampado, o Pedro repara na nova tatuagem do Tiago, um molar no cotovelo. Esta descoberta despoleta no Alex a partilha de um outro conto: a história de um jovem imperador que se tatuava para continuar mais tempo no trono. Era um símbolo de poder, quantas mais marcas tivesse no corpo. Este tornou-se tão obcecado que o sangue que lhe corria nas veias era da cor da tinta.

No entanto, com as brincadeiras todas no descampado, há agora uma necessidade de abastecer as motas. Numa bomba de gasolina, ao fim do dia, os rapazes conhecem Beatriz (21) que lá trabalha sozinha para ganhar um dinheiro extra. Alex fala com o Tiago e percebe que estas viagens de mota já estão a acabar quando descobre que ele vai ter de vender a mota por causa do novo trabalho que arranjou. Enquanto abastece, Pedro conversa com Beatriz e vê nela o seu topo do mundo. Deixa os outros dois rapazes para trás quando ela lhe diz que se quer ir embora dali. O Alex não reage bem a este abandono por parte do amigo e deixa também o Tiago na bomba, seguindo a alta velocidade no senti-do contrário ao de Pedro e Beatriz.

Alex segue novamente para a lagoa. Lá, já de noite, encontra uma rave no meio do canavial. Uma festa de despedida.

FOTOGRAFIA

NOTA DE INTENÇÕES

Não sabemos que diálogos este filme vai gerar. Mas sabemos que queremos chegar perto dos nossos. Àqueles que saltariam na mota com o Pedro; os que aceitariam a companhia do Alex para uma viagem sem rumo; os que não seriam capazes de dizer que não ao Tiago. Aos que sentem que se estão a aproximar do fim de uma fase e prestes a entrar no começo de outra. Que à sua frente têm um enorme abismo e sabem que o têm de ultrapassar. Mas aqui, no nosso filme, estão a desfrutar da ideia vertiginosa e encanta-da de estar neste limite e a desfrutar da adrenalina que vem com o mesmo. Sabermos que nos estão a tirar o chão debaixo dos nossos pés; estamos a ser empurrados para fazer algo e só queremos é dar o maior berro possível, mas que ninguém ouça. Queremos partir a loiça toda, fazer o maior estardalhaço, abanar tudo e todos, rebentar com tudo que mexe connosco e com os nossos. Queremos o animalesco e o visceral contidos, prestes a explo-dir. O plano e o tempo a rasgar pelas costuras.

Somos um grupo de colegas, amigos uns dos outros, unidos pela circunstância que é a escola de cinema, mas com pelo menos um objetivo em comum – fazer este filme. Não nos interessam estruturas narrativas e definir linearidades. Não queremos contar histórias, para tal, estaríamos a escrever um livro. Queremos envolver o espectador em cenários desmedidos, ambientes infinitos e mundos imaginários.

Procuramos trabalhar com aqueles que se identificam com o projeto e encarnem as personagens. Trabalhar com malta da nossa idade e de quem gostamos. Malta efusiva e prestes a explodir com a energia que têm e as ganas ferozes de fazer coisas. Visamos explorar o trabalho dos corpos, dos modelos, de cada um dos personagens. Como eles se relacionam consigo mesmos e com os que os rodeiam. Beber da nossa juventude, da nossa espontaneidade e autenticidade.

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