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CURSONúcleo Comum

DISCIPLINAFilosofia e Ética

COORDENAÇÃO DE CURSOProfessor Antonio Carlos Juliato

DIREÇÃO ACADÊMICAProfessora Célia Jussani

DIREÇÃO GERALProfessor Florindo Corral

DIREÇÃO ADMINISTRATIVAGustavo Azzolini

AUTORProfessor Sandra Regina Giraldelli Ulrich

NÚCLEO DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO

COORDENADORA GERAL DE EADProfessora Silvia Regina Segato

DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINALProfessor Reinado Silveira Carvalho

REVISÃO FINALProfessora Meire Teresinha Muller

Proibida a reprodução total ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma

idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.

Diagramado no Brasil, 2014.

A Faculdade de Americana – FAM é mantida pela Associação Educacional Americanense, está situada Endereço: Av. Joaquim Boer, 733 – Americana-SP; CEP 13477-360 e foi Credenciada pela Portaria MEC nº 766/99 – DOU 18/05/1999. A história da IES começou quando os dirigentes do então Colégio Bandeirantes, atual Instituto Educacional de Americana, decidiram constituir uma nova entidade mantenedora, a Associação Educacional Americanense, que tem como mantida a Faculdade de Americana. O projeto de instalação da Faculdade de Americana – FAM foi resultado das condições econômico-educacionais que a região de Americana apresenta, além de experiência dos seus dirigentes como educadores atuantes. A Associação Educacional Americanense entende que o ensino, a pesquisa e a extensão não podem deixar de responder de forma dinâmica, eficiente e consequente aos problemas sociais que refletem as necessidades da comunidade local, regional e nacional. Para operacionalizar o projeto de criação dos cursos superiores, a entidade mantenedora consultou especialistas das diversas áreas do conhecimento. Assim, o projeto FAM foi idealizado com seriedade e acima de tudo com o compromisso de oferecer a universalidade do saber: caráter substancial das instituições que justificam suas funções na comunidade onde estão inseridas.

MISSÃO A missão da FAM é produzir e disseminar o conhecimento nos diversos campos do saber, contribuindo para o exercício pleno da cidadania mediante formação humanista, crítica e reflexiva, consequentemente preparando profissionais competentes e atualizados para o mundo do trabalho presente e futuro.

VISÃO "Tornar-se referência no ensino superior, promovendo o desenvolvimento da educação, cultura e conhecimento nas regiões do polo têxtil e metropolitana de Campinas".

VALORES• Ética, credibilidade e transparência; • Visão humanista entre ensino, pesquisa e extensão;• Compromisso social;• Comprometimento com a qualidade;• Gestão participativa;• Profissionalismo e valorização de recursos humanos;• Universalidade do conhecimento e fomento à interdisciplinaridade

Prezado (a) Aluno (a),

Seja bem-vindo (a) à FAM – Faculdade de Americana!

Sentimo-nos orgulhosos em tê-lo fazendo parte da história que estamos construindo.

Aluno ingressante, que está dando início a esta fase tão importante, ou você que dá continuidade aos seus estudos, esteja certo de que o seu sonho é parte das nossas metas e que estaremos trabalhando, constantemente, para torná-lo um profissional capaz e um cidadão completo.

Uma equipe empenhada também está à sua disposição para esclarecer quaisquer dúvidas que permaneçam em relação ao curso.

Desejamos a todos bons estudos!

PROF. FLORINDO CORRALDireção GeralFAM I Faculdade de Americana

Filosofia e Ética

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Nesta hunidade estudaremos sobre:

- Sócrates- Platão - Aristóteles- Consciência crítica

A FILOSOFIA E O CONHECIMENTO

Conteúdos e Habilidades

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No tema anterior, nosso propósito foi mostrar como a Filosofia busca respostas para as indagações humanas utilizando o pensamento filosófico. Desde que o homem se organizou em sociedades e iniciou a construção de seu conhecimento sobre o mundo o pensamento filosófico já existia, mesmo não sendo chamado de Filosofia.

As respostas que encontramos há muitos anos ainda são válidas até hoje e muitos conhecimentos, tais como a matemática e as ciências, foram preocupações dos filósofos. Esse percurso possibilitou a construção de uma visão de mundo, do que percebemos como realidade e do que entendemos como verdade, sendo assim, saber utilizar o pensamento filosófico é importante para todo ser humano!Pode-se dizer que Filosofia é um modo de pensar, uma maneira diferente de se colocar no mundo, é fazer perguntas, buscar soluções para problemas, questionar-se sobre si mesmo, sobre o mundo em que vive. Você pode iniciar o seu percurso com perguntas simples, como “o que é”, “porque é” e “como é”. Essas são as interrogações filosóficas, a partir das quais você consegue questionar as verdades e a realidade a sua volta, buscando respostas mais significativas em um movimento que se torna contínuo. Esse percurso também pode significar que você nunca chegará a uma verdade absoluta, pois sempre será possível continuar as indagações filosóficas e aprender outras faces da realidade. Por isso que a Filosofia é, então, um movimento de questionamento do conhecimento cotidiano e das crenças.

Leitura Obrigatória

Filosofia é um modo de pensar, uma maneira diferente de se colocar no mundo, é fazer perguntas, buscar soluções para problemas, questionar-se sobre si mesmo, sobre o mundo em que vive.

“O ato de filosofar começou a surtir efeito naquelas comunidades primitivas que frequentemente recorriam a mitos para explicar os fenômenos não compreendidos” (GALLO, 2003, p. 15).

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Então, o que você tem que fazer é colocar-se a pensar! O saber nasce diante da descoberta do mundo e, para descobrir o mundo, é preciso despertar seu interesse pelo desconhecido: sair das tarefas diárias, colocar-se em uma nova perspectiva. A primeira condição do pensamento filosófico é duvidar das certezas, não aceitar o que já está pronto, se admirar com a vida, despertar o interesse pelo novo, pelo desconhecido buscar respostas àquilo que o inquieta!Os gregos foram os primeiros a repensarem a Filosofia. Segundo Chauí (2005, p. 25), a Filosofia surgiu na Grécia quando alguns gregos, insatisfeitos com as respostas que a tradição lhes dera, buscaram explicações na razão humana, ou seja, perceberam que a verdade do mundo e dos humanos não era algo que precisasse ser revelada a alguns escolhidos pelas divindades, mas que o próprio homem, por meio do raciocínio, pode atingir o conhecimento.

A Filosofia surgiu na Grécia quando alguns gregos, insatisfeitos com as respostas que a tradição lhes dera, buscaram explicações na razão humana, ou seja, perceberam que a verdade do mundo e dos humanos não era algo que precisasse ser revelada a alguns escolhidos pelas divindades, mas que o próprio homem, por meio do raciocínio, pode atingir o conhecimento.

Platão e Aristóteles, Academia

Fonte: Wikipedia

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Para entender a relação entre a Filosofia e o conhecimento e como podemos exercitar a atitude filosófica, vamos conhecer três grandes pensadores do período clássico grego: Sócrates, Platão e Aristóteles.

Períodos da Filosofia Grega

1. Período pré-socrático ou cosmológico (final do séc. VII ao final do século V a.C.): a Filosofia se ocupa fundamentalmente em refletir sobre a origem do mundo e as causas das transformações na Natureza;

2. Período socrático ou antropológico (final do séc. V e séc. IV a.C.): a Filosofia investiga as questões humanas, isto é, a ética, a política e as técnicas, e busca compreender qual o lugar do homem no mundo;

3. Período sistemático (final do séc. IV ao final do séc. III a.C.): a Filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado nos dois períodos anteriores e se preocupa em demonstrar que tudo pode ser objeto do conhecimento filosófico, desde que as leis do pensamento e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas para oferecer os critérios da verdade e da ciência;

4. Período helenístico ou greco-romano (final do séc. III a.C. até o século VI d.C.): a Filosofia se ocupa sobretudo com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus.

Fonte: CHAUÍ, 2005, p. 38-39.

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Sócrates

Sócrates nasceu e viveu em Atenas entre 469 e 399 a.C. e é considerado um marco divisório na história da filosofia grega (veja quadro acima). Consta que era filho de um escultor e uma parteira, e não deixou nada escrito, mas seu pensamento nos chegou através de escritos de seus discípulos e adversários. Foi considerado um modelo de filósofo, andava pelas ruas conversando com as pessoas, quando exercitava a filosofia como um exercício do pensamento, do questionamento, da interrogação. Para ele, o autoconhecimento era fundamental, questionava a posição do homem, fazendo a afirmação de que antes de conhecer as coisas “conhece-te a ti mesmo”.

Sua intenção era questionar as opiniões, fazê-las passar por uma análise criteriosa e pelo pensamento filosófico. Por isso, vivia pelas ruas e interrogar, fazia perguntas e forçava-as a usar a razão, permitindo que o exercício filosófico as levasse ao conhecimento. O homem busca o saber, exatamente porque não sabe: “Só sei que nada sei”. Essa é a afirmação, segundo Sócrates, nos faz perceber que o homem sempre se estará em busca das verdades.

A Morte de Socrates

Fonte: Wikipedia

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Para agir correto é necessário ampliar os nossos conhecimentos, buscar a distinção entre o certo e o errado, e isto só acontece quando nos utilizamos da razão, alcançando a felicidade real e não baseada em aparências (para ser feliz é preciso fazer os outros felizes).Sócrates foi considerado um subversivo, um “corruptor de jovens”, porque ele dialogava com todas as camadas sociais de sua época, contrariando os valores dominantes da sociedade ateniense. Por isso, foi perseguido, julgado e condenado a morte. Aceitou a sua sentença (foi condenado a beber um veneno extraído de uma planta chamada cicuta), comentando “A vida não examinada não merece ser vivida”, pois era melhor morrer a deixar de filosofar. Imagine como Sócrates conseguiu que a Filosofia prosperasse em uma época dominada por injustiças e pelo senso comum. Não deve ter sido fácil, não é mesmo? Então, se você quer saber mais sobre esse filósofo e sua história, verifique no final da unidade links e vídeos importantes....

Sócrates, tal como sua mãe parteira, possuía o talento de ajudar as pessoas a dar à luz ao conhecimento que residia em suas mentes.

Ao eleger o diálogo como método de investigação, Sócrates foi o primeiro filósofo a se preocupar não só com a verdade mas com o modo como se pode chegar a ela. Eis por que ele é considerado por muitos o modelo clássico de professor.(Márcio Ferrari. Revista Nova Escola)

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Platão

Platão, também ateniense, viveu entre 428 e 347 a.C. e era de origem aristocrática. Conheceu Sócrates quando tinha vinte anos, foi seu discípulo e amigo durante oito anos, até a morte do mestre. Destacou-se desenvolvendo o pensamento filosófico através de diálogos, com vários personagens que conversavam entre si e defendiam ideias diferentes. Na maioria de suas obras, Sócrates era a personagem principal, como veremos adiante. Platão fundou sua própria escola filosófica, a Academia, nos jardins construídos por seu amigo Academus. Essa escola foi uma das primeiras instituições permanentes de ensino superior do mundo ocidental, tal como a universidade hoje, que se dedicava à pesquisa científica e filosófica, e ainda funcionava como um centro de formação política (Cotrim, 2006, p. 90).Platão é o primeiro filósofo a examinar sistematicamente o problema do conhecimento. Embora haja controvérsia sobre vários pontos da noção de conhecimento em Platão, os historiadores são consensuais sobre o fato de Platão ter delimitado um critério formal para o saber: a razão. Embora Sócrates não tenha deixado nenhuma obra escrita, ele aparece com vivacidade nos famosos diálogos de Platão, em que leva seus discípulos a descobrirem por si mesmos a verdade. Esse método é a dialética socrática. Platão atribui a Sócrates todos os seus ensinamentos, por isso não se pode distinguir o que é a criação de um ou de outro.

Platão

Fonte: Wikipedia

A Academia de Platão sobreviveu mais de 800 anos, até que os romanos a consideraram uma ameaça ao recém adotado cristianismo (LAW, 2008).

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Platão e a teoria das ideias

Platão nos auxilia a entender como se desenvolve o conhecimento humano e a busca pela verdade. O filósofo grego quis nos mostrar o quanto é difícil chegar ao conhecimento, que requer muitos sacrifícios. Ora, isso não te parece familiar?Segundo Platão, o processo do conhecimento se desenvolve por meio da passagem de dois mundos:

1) O mundo das sombras e das aparências: aquele que podemos perceber ao nosso redor, dominado pelas sensações (cinco sentidos – audição, visão, olfato, paladar, tato). As sensações nos dão a ideia que temos da realidade. Veja o exemplo: quando temos um sonho ruim, um pesadelo ou se temos uma agradável notícia, pedimos a alguém: “me belisca para ver se estou sonhando!”, se a pessoa ao seu lado realmente levar você a sério e te beliscar, certamente irá doer e você terá a sensação de que está acordada, portanto, a dor trará a ideia de realidade.

O mito da caverna de Platão

Fonte: Wikipedia

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2) O mundo das ideias e das essências: para ultrapassar a esfera das sensações precisamos atingir o plano da razão, da sabedoria, do conhecimento. É nesse plano, segundo Platão, que encontraremos a verdade. Esse plano é perfeito, imutável, não podemos tocá-lo, não é concreto, só o pensamento nos leva até ele. Só a filosofia é capaz de nos conduzir até esse mundo. Para explicar esse processo que nos leva ao conhecimento, leia o texto abaixo:

O Mito da Caverna1

Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semiobscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa a alta fogueira externa. Entre ele e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes*. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas. Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela os prisioneiros enxergam na parede no fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginavam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora

1 - Adaptado da obra A República, Livro VII, de Platão. Disponível em: <http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=796 >.

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da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna. Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda a sua vida, não vira senão sombra de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade. Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.

* Imagine que a caverna é uma sala de cinema escura, o fio de luz, a luminosidade lançada pelo projetor, e as imagens no fundo da parede da caverna, um filme que está sendo projetado numa tela.

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O trecho acima apresentado é do diálogo intitulado A República, um dos mais importantes e mais extensos escritos por Platão. Esse diálogo foi dividido em dez partes ou “livros” e esse trecho inicia o livro VII, muito conhecido como Alegoria da caverna ou Mito da caverna. A República é um diálogo entre Sócrates e seus amigos, que apresentam o método dialético de investigação filosófica.A alegoria apresentada é uma forma de mostrar como a Filosofia deve proceder. Mas, o que Platão quer nos mostrar? O interior da caverna simboliza o mundo sensível, que nós acreditamos, mundo ilusório e enganador, porque as sombras são comparadas à realidade. Os homens que ali vivem, presos de costas para a fonte de luz, apenas veem as suas próprias sombras e as do mundo atrás deles, projetadas na parede em frente. Assim se acostumaram com as sombras e passam a acreditar que as projeções são a realidade. Um dos habitantes presos consegue se libertar das correntes que os prendem às sombras ilusórias, descobre a luz de verdade (o mundo das ideias). Ao olhar a realidade iluminada pelo sol consegue compreender que a realidade está fora da caverna e não dentro. Volta ao meio dos outros habitantes na caverna, mas é hostilizado, pois ninguém acredita em sua verdade. Este é o filósofo!

A República é um diálogo entre Sócrates e seus amigos, que apresentam o método dialético de investigação filosófica.

Platão Divide o mundo entre:

Mundo Sensível e Mundo Inteligível

Fonte: Wikipedia

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O objetivo dessa alegoria é mostrar o que é a educação dos indivíduos. Para atingir o conhecimento é preciso percorrer um caminho doloroso, é necessária uma transformação radical, pela qual todo indivíduo se vê de outra forma: é preciso um longo processo para acostumar os olhos à luz do sol fora da caverna. Dentro da caverna temos o homem comum preso às coisas do cotidiano, do lado de fora, encontramos o homem sábio (filósofo) que se volta para a objetividade, descortinando um universo diante de si. Quando o sábio (filósofo), tomado pelo conhecimento (verdade), resolve voltar para dentro da caverna e libertar seus habitantes, ele é hostilizado. Certamente, Platão traçou o desconforto do homem sábio quando é obrigado a conviver com os homens comuns, não acreditam nele, não o levam a sério.

Segundo Platão, buscar o Bem é estar acima dos interesses individuais. Afirma que o filósofo – aquele que se dedica ao Bem – deve governar, pois sabem perfeitamente distinguir o visível do inteligível, a imagem da realidade, o falso do verdadeiro, sem levar em conta seus interesses, porque governa em nome do Bem.

O filósofo, portanto, não é simplesmente um teórico: ele deve mudar seu modo de viver, para seguir o Bem, e é esse conhecimento que o torna apto. Essa forma de pensar ainda é relevante para uma reflexão filosófica.

Reflita:E não foi exatamente esse o destino de Sócrates? E quantos cientistas, inventores e revolucionários do pensamento tiveram de enfrentar esse destino ao longo da história?

“A educação, segundo a concepção platônica, visava a testar as aptidões dos alunos para que apenas os mais inclinados ao conhecimento recebessem a formação completa para ser governantes. Essa era a finalidade do sistema educacional planejado pelo filósofo, que pregava a renúncia do indivíduo em favor da comunidade. O processo deveria ser longo, porque Platão acreditava que o talento e o gênio só se revelam aos poucos” (Marcio Ferrari, Revista Nova Escola).

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Reflita:Não é algo assim que ainda queremos, de algum modo, preservar numa democracia?

Fonte: Platão e o mundo das ideias. Disponível em:

<http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=796>.

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Aristóteles

Aristóteles não era ateniense, nasceu em Estagira, ao norte da Grécia, viveu entre 384 e 322 a.C. e seu pai era médico do rei Filipe, da Macedônia. Aos dezoito anos foi para Atenas e ingressou na Academia de Platão, onde permaneceu por vinte anos como aluno e professor, até a morte de Platão.Muito competente era o mais qualificado para assumir a direção da Academia, mas foi recusado pelo fato de não ser ateniense. Então, deixou Atenas e aceitou o convite para instruir Alexandre o Grande quando menino, herdeiro do Império macedônio. Com a morte do rei Filipe II, pai de Alexandre, Aristóteles voltou para Atenas e fundou sua própria escola – Liceu. Abandonou Atenas após a morte de Alexandre e sua ligação com os macedônios não era aceita entre os gregos. (COTRIM, 2006)

Aristóteles.

Fonte: Wikipedia

Alexandre Magno ou Alexandre, o Grande: filho de Filipe II, da Macedônia, tornou-se imperador aos 20 anos de idade, foi aluno de Aristóteles e se destacou por tornar a Macedônia o centro de um dos maiores impérios do mundo antigo, expandindo-o em direção da Ásia e da África; fundiu a cultura grega (helênica) com a oriental (Alexandre, o Grande. Disponível em: http://www.sohistoria.com.br/biografias/alexandre/ ).

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Aristóteles é considerado o filósofo que, na cultura grega, organizou, sistematizou e ordenou as várias ciências. Apaixonado pela biologia, dedicou vários estudos sobre a natureza e à classificação dos seres vivos. Apesar de aluno de Platão, Aristóteles discordava de seu mestre, pois rejeitava a teoria das ideias, segundo a qual o mundo que acreditamos ser real não passa de sombras ou ilusões da verdadeira realidade, que se encontra no mundo das ideias.Gallo (2003, p 19) nos explica como a lógica aristotélica influenciou o pensamento ocidental até hoje:

Outra inovação por parte de Aristóteles foi no campo da lógica, criando um método que denominou de silogismo, por exemplo: todas as criaturas vivas são mortais. O homem é um ser vivo. Portanto, todo homem é mortal. São duas premissas e uma conclusão, que leva a uma forma de raciocínio dedutiva. Dessa forma, Aristóteles dá importância à observação empírica (prática) dos fenômenos desse mundo, mostrando que o conhecimento deve se fundar no que podemos experimentar, diferente de Platão. Ainda diferenciando-se desse autor, Aristóteles elaborou a escrita de forma dissertativa, procurando argumentar segundo as leis da lógica.

Aristóteles é considerado o filósofo que, na cultura grega, organizou, sistematizou e ordenou as várias ciências. Apaixonado pela biologia, dedicou vários estudos sobre a natureza e à classificação dos seres vivos.

Percebemos que, no pensamento de Aristóteles, existe um esforço de

ordenação. Ele estabeleceu uma certa ordem lógica na classificação

do mundo da natureza e afirmou que, para chegar a certas conclusões

sobre ela, era preciso estabelecer certos princípios. Por exemplo: todas

as criaturas vivas são mortais. O homem é um ser vivo. Portanto, todo

homem é mortal. Essa é a forma do que ele chamou de silogismo,

e a lógica formal sistematizada por Aristóteles é a que rege nosso

pensamento até hoje.

Ética, lógica, metafísica, meteorologia, física, economia, psicologia são alguns dos termos e disciplinas que Aristóteles utilizou e que perduram até hoje.

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Procuramos traçar aqui como se dá a atitude filosófica, tomando como ponto de reflexão a visão de três filósofos pertencentes à Grécia Antiga, que contribuíram para entendermos a relação entre a filosofia e o conhecimento. Platão foi aluno de Sócrates, Aristóteles foi aluno de Platão, viveram épocas muito próximas, e elaboraram ideias bem diferentes um do outro. Também foi nosso propósito demonstrar que a filosofia é uma forma de conhecimento, em meio a tantos outros (o mito, a religião, a ciência). Ainda hoje as formas de conhecimento coexistem, junto com outras. A ciência prevalece na atualidade, como uma forma de conhecimento que busca explicar o mundo de maneira racional, sistematizada, organizada. Pode-se dizer que as ciências hoje são filhas da filosofia, pois partiram do mesmo pressuposto: a tentativa de buscar explicações racionais para responder as inquietações humanas, desenvolvendo métodos próprios, constituindo-se áreas próprias de saber. Sobre esse assunto, conclui Gallo (2003, p. 21):

A característica básica da ciência, portanto, é ter um único método

aplicado a vários objetos; muda o objeto, muda a ciência. Já a filosofia,

como vimos, pode ser construída de várias maneiras (não tem um

método único) e possui vários objetos de estudo (de fato, qualquer

coisa pode ser objeto de estudo filosófico. Fica claro, então, que,

embora as ciências tenham surgido da filosofia, hoje elas constituem

formas de conhecimento diferentes. Mas tanto a filosofia como as

ciências caracterizam-se por buscar um conhecimento verdadeiro,

fundamentado racionalmente e que não se contente com explicações

imediatas e definitivas.

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Consciência crítica2

Um outro aspecto que nos coloca frente à questão do conhecimento é a ideia de consciência – capacidade humana de estar no mundo ciente de algo (com ciência de algo). A consciência humana permite fazer a nossa inteligência ocupar-se dela mesma, ou seja, o homem é capaz de apropriar-se do seu saber, avalia-lo e desenvolve-lo. Nossa descendência humana pertence ao homo sapiens sapiens, que significa “homem que sabe que sabe”, ou seja, temos conhecimento de nosso saber. O homem é o único ser vivo que possui a capacidade de imaginar algo, projetar e transformar esse algo em realidade. Vejamos um exemplo: imagine a sua formatura! Daqui há algum tempo seu percurso acadêmico finalizará: você estará recebendo o seu diploma e, se for de sua vontade, haverá uma festa, você estará muito bem vestido, sua família ao redor, encerrando um processo de conhecimento que se inicia nesse momento de sua vida e que você desejou. Tudo isso pode tornar-se realidade, você é capaz de transformar essa imagem em realidade, não é mesmo?O homem, em função da sua insegurança, das suas angústias e das suas dúvidas, iniciou o processo de questionamento com o mundo e consigo mesmo em busca da verdade, procurando dar soluções aos seus problemas.

2 - Baseado em COTRIM, 2006, p. 42-43.

Aristóteles.

Fonte: Wikipedia

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O ser humano coloca-se, então, diante de um contínuo processo de reconhecer-se no mundo e reconhecer o mundo em si mesmo. Como assim?Podemos avaliar o processo de consciência de um indivíduo em três etapas:

- Consciência do si: “conhece-te a ti mesmo” já dizia Sócrates. A consciência de si mesmo exige meditação, concentração. Você exercita o conhecimento de si mesmo?

- Consciência do outro: exige um olhar atento, reconhecer no outro algo que o faz diferente de nós. Mas cuidado! Conhecer o outro exige o cuidado com o pré-julgamento, ou seja, entender o outro na sua diferença, na sua essência, “como ele é” e não como “eu gostaria que ele fosse”.

- Consciência crítica: exige a interação das duas percepções anteriores: refletir sobre si mesmo e olhar atentamente o mundo.

Assim, a conscientização faz do homem um ser dinâmico, eterno

caminhante destinado à procura e ao encontro da realidade. Caminhante

cuja estrada é feita de harmonia e do conflito com o ser, o saber e o

fazer, dimensões essenciais da existência humana.

(COTRIM, 2006, p. 42).

O ser humano coloca-se diante de um contínuo processo de reconhecer-se no mundo e reconhecer o mundo em si mesmo.

Excesso de reflexão sobre si mesmo, sem atenção sobre o mundo,

conduz ao isolamento, ao egocentrismo, à decepção e, fatalmente, à

amargura de viver. Porém, uma excessiva consciência do outro, sem a

devida compensação na reflexão de si mesmo, pode levar-nos à perda

da identidade pessoal, à falta de amor próprio. Nesse caso, a busca do

equilíbrio é fundamental.

(VIEIRA; LANDEIRA, 2010, p. 32)

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O caminho para a consciência é a REFLEXÃO! Refletir é uma atitude fundamental na compreensão da realidade.

Leia o artigo de Lucas Pereira Matos. A alegoria da caverna e seu mito hoje. Revista Pandora Brasil, Número 34, p. 68-78. Setembro de 2011. Disponível em: <http://abricoteiros-do-brasil/revista_pandora/filosofia_34/lucas.pdf >. Acesso em: 18 abr. 2014. O artigo pretende analisar o mito da caverna, de Platão, com a atualidade.

Veja a Coleção Grandes Pensadores, da Revista Nova Escola, Editora Abril. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/pensadores/.Biografia e pensamento de educadores que fizeram história, da Grécia Antiga aos dias de hoje, organizados em ordem alfabética, incluindo biografia, contexto histórico e referências sobre os autores. Sugerimos a leitura dos artigos que tratam dos filósofos estudados nessa unidade, todos redigidos por Marcio Ferrari:

Links Importantes

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Sócrates: o mestre em busca da verdade; Platão: o primeiro pedagogo, e Aristóteles: o defensor da instrução pela virtude.

LEITURAS COMPLEMENTARES

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna. Leia o capítulo 8 - A reflexão filosófica / Primeira parte: O que é filosofia?

CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática. Leia a Introdução – Para que Filosofia?

COTRIM, Gilberto. Fundamentos de Filosofia: história e grandes temas. 16 ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2006. Sugerimos o capítulo 6: A filosofia da Grécia clássica ao helenismo. Item: Platão de Atenas – das aparências ao mundo das ideias, p. 89 a 92.

Todas essas obras encontram-se disponíveis para empréstimo na Biblioteca Central da FAM.

Sugerimos a série Ser ou não ser? Apresentada no programa Fantástico, da Rede Globo de televisão. Apresentada pela filósofa e psicanalista Viviane Mosè, procura trazer temas da filosofia para uma linguagem cotidiana.

Ser ou não ser – Sócrates: só sei que nada sei. Viviane Mosè. Rede Globo. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=0fFuJgs04Oo >.

Ser ou não ser – Platão, o Mito da caverna. Viviane Mosè. Rede Globo. Disponível em: <http://youtu.be/ei-kSPL4Lg4 >.

Vídeos Importantes

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Ser ou não ser – Aristóteles e a lógica. Viviane Mosè. Rede Globo. Disponível em: <http://youtu.be/22bjBDaLNBc >.

Outra forma de entender os filósofos clássicos são os vídeos da Univesptv – canal de comunicação da Universidade Virtual do Estado de São Paulo.

Sócrates: breve vida e obra. Univesptv. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=lquq1Wypk_4 >.

Aristóteles: breve vida e obra. Univesptv. Disponível em: <http://youtu.be/CwKeyqNLA3s >.

Platão: breve vida e obra, Univesptv. Disponível em: <http://youtu.be/wV5v4R8aHvw >.

O mito da caverna – Platão. Disponível em: <http://youtu.be/2S0_-EQO8wc >.

Nesta unidade procuramos estabelecer uma relação entre a filosofia nascente, na Grécia Antiga e os caminhos do conhecimento e como nós podemos nos aproximar do “ato de filosofar” por meio de fazer perguntas – perguntas/problemas. Como a Filosofia é uma atividade em constante transformação, apresentamos três grandes pensadores gregos e como viveram a atividade filosófica – cada um à sua maneira. Sócrates, um mestre a frente de seu tempo, utilizou do diálogo para instigar cidadãos atenienses a pensar. Platão, discípulo de Sócrates, criou a Academia, um lugar de reflesão sobre o conhecimento, em especial, que como percebemos a realidade e a verdade. Escreveu obras

Finalizando

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nas quais Sócrates é a personagem principal. Aristóteles, aluno de Platão, divergiu de seu mestre sobre a teoria das ideiais, incorporou a natureza em suas análises e instituiu os primeiros alicerces para o surgimento da ciência no mundo moderno. Por fim, trouxemos a relação entre o conhecimento e a consciência humana, que nos permite entender que temos capacidade de observar o mundo a nossa volta, dar significados a ele, apropriarmos do saber de nossos antepassados, ou seja, produzir conhecimentos. Este tema será melhor abordado na próxima unidade.

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AcademiaEscola filosófica fundada por Platão em 387 a.C., nos jardins de seu amigo Academos. Fechada no ano 529 por ordem do imperador romano Justiniano.

AlegoriaSignifica algo como “dizer de outro modo”.

ConhecimentoÉ um termo que designa, em filosofia, o processo pelo qual o sujeito apreende um objeto. O conhecimento sensível nos é dado por meio dos sentidos já o inteligível depende do uso da razão e tem como objeto tipos gerais, e não individuais e concretos, segundo Platão.

FilosofiaPode-se dizer que a filosofia consiste em pensar sobre o pensamento (crenças e conhecimento); uma definição mais específica é que a filosofia consiste em pensar racional e criticamente, de modo mais ou menos sistemático, sobre a natureza do mundo em geral (metafísica ou teoria da existência), da justificação de crenças (epistemologia ou teoria do conhecimento), e da conduta de vida a adotar (ética ou teoria dos valores).

LógicaA ciência dos pensamentos enquanto pensamentos, prescindindo dos outros aspectos e dos outros elementos que se relacionam com eles, e que formam os objetos de outras ciências.

MetafísicaOu filosofia primeira constitui a parte mais importante de toda doutrina filosófica, já que investiga os princípios e causas últimas da realidade, a essência do ser ou “o ser como ser”.

Glossário

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SaberErudição, sabedoria, experiência da vida, do mundo. Aquilo que se sabe. Filosoficamente é a certeza de estar convencido e poder se explicar em toda a sua plenitude uma verdade de ordem diversa daquelas que se atingem por meio da razão.