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Carlos Gesner Alves Copyright 2010
Curso Bsico de Harmonia
Carlos Gesner Alves Copyright 2010
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1 - INTRODUO
A harmonia pode ser definida como a relao vertical das notas musicais executadas
simultaneamente. Existe uma concepo harmnica que denominada de
Tradicional, j que suas regras e sistemas tm como base a herana que nos deixou
os contrapontistas medievais. A supremacia dessa concepo harmnica tem sido
longa, pois dentro deste conceito, com maiores ou menores discrepncias, esto os
Tratados de Harmonia.
Um conceito mais recente o da Harmonia Funcional, onde um determinado acorde
possui uma funo, que depende da sua relao com os demais acordes da estrutura
harmnica e esta com um centro tonal.
Na verdade, princpios de ordem e estruturao harmnica representam apenas as
caractersticas de um determinado estilo, de uma determinada poca da histria da
msica, no servindo de regras aplicveis a outro estilo de outra poca.
No haveria coisa mais condenvel, sob o ponto de vista pedaggico e artstico, do
que um mtodo de ensino que, em vez de revelar ao aluno o objetivo das leis
musicais, seu desenvolvimento e sua relatividade, apresentasse as mesmas como
valores absolutos e incontestveis. H.J. Koellreuter
2 O SOM
Antes de qualquer considerao a respeito de harmonia necessrio compreender
alguns aspectos relacionados ao som, que a propsito, a matria-prima com a qual
se ocupa constantemente o msico. O som um fenmeno acstico que consiste na
propagao de ondas sonoras produzidas por um corpo que vibra em um meio
elstico. O som musical propriamente dito o resultado de vibraes regulares
enquanto que as vibraes irregulares produzem o rudo.
Para que este fenmeno exista so necessrias trs coisas, estreitamente
interdependentes: uma fonte sonora, um meio elstico que propaga o efeito e um
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aparelho receptor. Um som poder ser produzido quando por algum processo, um
objeto vibra, tornando-se uma fonte sonora. Ao vibrar, este objeto libera certa
quantidade de energia para um meio elstico. Esta energia se propaga neste meio,
atingindo um aparelho receptor.
a) Fonte Sonora Os corpos vibrantes nos instrumentos musicais podem produzir
vibraes atravs de uma corda esticada, coluna de ar ou membrana.
b) Propagao do som (meio elstico) Dentre os inmeros meios elsticos
existentes vamos considerar apenas o ar que de fato o que nos interessa quando
relacionado ao estudo dos sons musicais. De uma maneira bem sucinta basta dizer
que, uma fonte sonora em vibrao, transmite uma parte de sua energia vibratria
s molculas de ar que esto ao seu redor. Estas molculas passam a efetuar um
movimento, tambm vibratrio, transmitindo s demais molculas a sua volta, o
mesmo tipo de movimento. Este processo se transmite no ar, com uma velocidade
de aproximadamente 340 metros por segundo.
c) Aparelho receptor Existem inmeros aparelhos receptores de ondas sonoras,
mas sem dvida o mais importante deles o ouvido humano. O processo auditivo
bem mais complexo do que imaginamos. Na verdade ouvimos com o crebro. O
ouvido simplesmente capta as ondas sonoras (vibraes) e as converte em impulsos
nervosos, a linguagem do crebro.
Para uma melhor compreenso do fenmeno vibratrio basta observamos a corda de
um violo quando perturbada. Movimenta-se de um lado para outro, um
determinado nmero de vezes por segundo. A essa quantidade de movimentos por
segundo dado o nome de vibrao, que por sua vez utiliza a unidade de medida
chamada Hertz (Hz - ciclos por segundo).
Quanto maior ou menor o nmero de vibraes por segundo, mais agudo ou grave
ser o som. importante salientar que o ouvido humano capaz de identificar, sons
que vo aproximadamente de 20 a 20.000 Hertz. O nmero de sons que o ouvido
percebe e analisa como som musical, est numa faixa aproximada de 16 a 4.000
Hertz. onde podemos encontrar os 97 sons que formam o que chamamos de
Escala Geral.
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2.1 - Propriedades fsicas do som
Altura a propriedade do som de ser grave, mdio ou agudo.
Intensidade a propriedade do som de ser fraco ou forte. Caracteriza-se
pela amplitude da vibrao. Por exemplo, quando tocamos uma corda com
mais fora, a amplitude da vibrao maior e consequentemente o volume do
som tambm ser maior. Quanto maior for amplitude maior ser o som.
Essa intensidade do som medida em Decibis (Db).
Timbre a qualidade do som que nos permite reconhecer sua origem.
atravs dele que diferenciamos o som dos vrios instrumentos. O timbre est
relacionado com a srie harmnica, produzida pelo som emitido. O timbre,
ou seja, a personalidade do som definida pela maior ou menor presena
de cada um destes componentes na srie harmnica.
2.2 Diapaso Normal Escala Geral
Chama-se diapaso normal a nota l (440hz) que se escreve no segundo espao
da clave de Sol, e que funciona como base de afinao para os instrumentos da
orquestra. Escala geral o conjunto de todos os sons musicais que o ouvido pode
classificar e analisar. Compreende 97 sons, sendo o mais grave o 5 D abaixo do
diapaso normal e o mais agudo o 4 D desse mesmo diapaso.
Para que seja possvel designar a altura exata dos sons, sem auxilio da pauta e das
claves, dado cada nota um nmero de ordem.
Primeiro dado um nmero a cada nota D da escala geral; Assim o quinto
D abaixo do diapaso normal recebe o nmero de D -1 e o 4 D acima
recebe o nmero D 7;
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De acordo com a altura dos sons, a Escala Geral se divide em cinco regies:
Regio subgrave ou gravssima D-1 ao D1.
Regio grave D1 ao D2
Regio mdia D2 ao D4
Regio aguda D4 ao D5
Regio super-aguda ou agudssima D5 ao D7
As trs regies, grave, mdia e aguda formam a REGIO CENTRAL e abrange assim,
quatro oitavas, iniciando no D1 e terminando no D5. Dentro dessa regio
encontram-se todas as vozes e a extenso dos principais instrumentos de cordas.
3 - SRIE HARMNICA
Uma corda posta em vibrao gera no apenas um som fundamental, mas inmeros
sons que acompanham este som gerador. Isto acontece porque esta corda vibra
como um todo, como se estivesse dividida ao meio, em trs partes, em quatro partes
e assim sucessivamente. Este som fundamental, portanto acompanhado destes
inmeros sons que so chamados, sons harmnicos ou sons concomitantes,
formando uma srie de sons. Teoricamente a srie harmnica infinita, mas os
primeiros 16 sons so suficientes para sua compreenso e aplicao prtica. Estes
so os sons da srie harmnica, ao tomar como ponto de partida, ou como
fundamental, a nota D1:
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Estes sons harmnicos produzem uma srie de intervalos entre cada par de sons
sucessivos, que diminuem progressivamente. Assim 2/1 a oitava justa; 3/2 quinta
justa; 4/3 a quarta justa; 5/4 a tera maior; 6/5 tera menor. A partir do
harmnico de ordem sete, iremos encontrar intervalos de segundas cada vez
menores. As mais importantes so as segundas maiores 9/8 e 10/9, chamadas
respectivamente de tom grande e tom pequeno. A segunda menor 16/15 chama-se
semitom diatnico ou semitom maior. O intervalo 25/24 chama-se semitom
cromtico ou semitom menor. importante observar que, quanto mais um som se
afasta do som gerador, mais dissonante ele se torna.
3.1 - Operaes com intervalos musicais
Os intervalos esto representados na srie harmnica por meio de fraes
imprprias, isto , fraes em que o numerador maior do que o denominador, por
exemplo, 9/8, 3/2, 15/11, etc. O numerador representa a ordem do harmnico e o
denominador o nmero do intervalo a partir do qual desejamos medir. possvel
formar um novo intervalo a partir de outros intervalos. Exemplo:
a) Intervalo de oitava (2/1) pode ser formado por uma tera menor (6/5) e
uma sexta maior (5/3), ou uma stima menor (9/5) com uma segunda maior (10/9).
6/5x5/3 = 6/3 = 2/1 9/5x10/9 = 10/5 = 2/1
b) Intervalo de quinta (3/2) pode ser formado por uma tera maior e uma
tera menor.
5/4x6/5 = 6/4 = 3/2
c) Intervalo de nona (9/4) pode ser formado por duas quintas justas.
3/2x3/2 = 9/4
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4 TOM, SEMITOM E ACIDENTES MUSICAIS
Definio de Semitom Um Semitom (ou Meio Tom) a menor distncia entre duas notas, portanto, o menor intervalo possvel.
Definio de Tom Tom o intervalo de dois semitons.
Acidentes So alteraes que ocorrem na altura dos sons.
Alteraes descendentes
Bemol ( ) abaixa um semitom;
Dobrado bemol ( ) abaixa dois semitons; Alteraes ascendentes
Sustenido ( ) sobe um semitom;
Dobrado sustenido - eleva dois semitons. Quando se quer desfazer uma alterao, seja ela ascendente ou descendente, usa-se
a alterao chamada bequadro ( ).
5 INTERVALOS
Intervalo a distncia (diferena de altura) entre dois sons. Conforme o nmero de
sons que abrange, o intervalo pode ser de: 2, 3, 4, 5 e assim sucessivamente.
Os intervalos podem ser:
a) Meldico - quando os sons so ouvidos sucessivamente. Os intervalos meldicos
tambm se classifica