Curso de Cálculo João Sampaio
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Aula 1
Velocidade instantanea e derivadas
1.1 Velocidade instantanea
Um ponto m¶ovel M desloca-se ao longo de uma linha reta horizontal, a partir de umponto O.
O
s
M
s = s(t)s = 0 0 ∆1
s = s(t )0 s = s(t + t)0
∆ s
O deslocamento s, de M , em rela»c~ao ao ponto O, ¶e a distancia de O a M , se Mest¶a µa direita de O, e ¶e o negativo dessa distancia seM est¶a µa esquerda de O. Assim, s ¶epositivo ou negativo, conforme M se encontre, respectivamente, µa direita ou µa esquerdade O.
Com estas conven»c~oes, a reta passa a ser orientada, o que chamamos de eixo,sendo O sua origem.
O deslocamento s depende do instante de tempo t, ou seja, s ¶e uma fun»c~ao davari¶avel t:
s = s(t)
Em um determinado instante t0, o deslocamento de M ¶e s0 = s(t0). Em uminstante posterior t1, o deslocamento de M ¶e s1 = s(t1).
A velocidade m¶edia do ponto M , no intervalo de tempo [t0; t1] ¶e dada por
vm =s1 ¡ s0t1 ¡ t0 =
s(t1)¡ s(t0)t1 ¡ t0
Podemos tamb¶em escrever t1 = t0 + ¢t, ou seja, ¢t = t1 ¡ t0, e tamb¶em¢s = s(t1)¡ s(t0) = s(t0 +¢t)¡ s(t0).
1
Velocidade instantanea e derivadas 2
Teremos ent~ao
vm =s(t0 +¢t)¡ s(t0)
¢t=¢s
¢t
Por exemplo, vamos supor que s(t) = 12at2 (ponto m¶ovel uniformemente ace-
lerado). Assim, no instante t = 0 o ponto m¶ovel est¶a em s(0) = 12a ¢ 02 = 0.
A partir de um certo instante t0, temos uma varia»c~ao de tempo ¢t. Seja t1 =t0 + ¢t. Podemos ter ¢t > 0 ou ¢t < 0 (quando ¢t < 0, t1 antecede t0). Teremosent~ao
s(t1) = s(t0 +¢t) =1
2a(t0 +¢t)
2 =1
2¢ ¡at20 + 2at0¢t+ a(¢t)2¢
A varia»c~ao do deslocamento do ponto m¶ovel, nesse intervalo de tempo, ser¶a
¢s = s(t1)¡ s(t0) = 1
2at20 + at0¢t+
1
2a(¢t)2 ¡ 1
2at20
ou seja,
¢s = at0¢t+a(¢t)2
2
A velocidade m¶edia do ponto, no intervalo de tempo [t0; t1], ser¶a dada por
¢s
¢t=at0¢t+
a(¢t)2
2
¢t= at0 +
a¢t
2
Se ¢t ¼ 0, ent~ao tamb¶em teremos ¢s = at0¢t+ a(¢t)2
2¼ 0. No entanto,
¢s
¢t= at0 +
a¢t
2¼ at0
De um modo geral, de¯nimos a velocidade instantanea v(t0), do pontoM , no instantet0, como sendo o limite da velocidade m¶edia no intervalo de t0 a t0 +¢t, quando ¢ttende a zero (esta foi uma id¶eia de Isaac Newton), e escrevemos
v(t0) = lim¢t!0
¢s
¢t
No nosso exemplo,
v(t0) = lim¢t!0
µat0 +
a¢t
2
¶= at0
1.2 Derivada de uma fun»c~ao
Uma fun»c~ao f ¶e uma lei que associa cada valor x de um certo conjunto A (o dom¶³niode f), um ¶unico valor f(x) de um certo conjunto B (o contra-dom¶³nio de f). Neste
Velocidade instantanea e derivadas 3
curso, teremos sempre A ½ R e B ½ R. Veja tamb¶em a observa»c~ao 1.1, mais adiantenesta aula. Muitas vezes diremos \fun»c~ao f(x)", em lugar de \fun»c~ao f".
Dada uma fun»c~ao f(x), a fun»c~ao derivada f 0(x) (leia-se \f linha de x") ¶e a fun»c~aode¯nida quando consideramos, para cada x, sujeito a uma varia»c~ao ¢x6= 0, a varia»c~aocorrespondente de y = f(x),
¢y = ¢f = f(x+¢x)¡ f(x)
e ent~ao calculamos o valor limite da raz~ao
¢f
¢x=f(x+¢x)¡ f(x)
¢x
quando ¢x se aproxima inde¯nidamente de 0. Ou seja,
f 0(x) = lim¢x!0
¢f
¢x= lim
¢x!0f(x+¢x)¡ f(x)
¢x
Para um valor espec¶³¯co de x, digamos x = x0,
f 0(x0) = lim¢x!0
f(x0 +¢x)¡ f(x0)¢x
¶e a derivada de f (ou de f(x)), no ponto x0.
Como primeiro e importante exemplo, temos
Regra 1.1 Se f(x) = xn, n inteiro positivo, ent~ao f 0(x) = nxn¡1
Demonstra»c~ao. Da ¶algebra elementar, temos as seguintes f¶ormulas de fatora»c~ao:
b2 ¡ a2 = (b¡ a)(b+ a)b3 ¡ a3 = (b¡ a)(b2 + ab+ a2)b4 ¡ a4 = (b¡ a)(b3 + ab2 + a2b+ a3)
que o leitor pode veri¯car, simplesmente efetuando os produtos µa direita, e ent~ao sim-pli¯cando. De um modo geral, para n ¸ 4, vale a seguinte f¶ormula:
bn ¡ an = (b¡ a)(bn¡1 + abn¡2 + a2bn¡3 + ¢ ¢ ¢+ an¡3b2 + an¡2b+ an¡1) (1.1)
Sendo f(x) = xn, temos para ¢x6= 0,
¢f = f(x+¢x)¡ f(x) = (x+¢x)n ¡ xn (1.2)
Substituindo b = x+¢x e a = x, em 1.1, temos b¡ a = ¢x, e ent~ao obtemos
¢f = ¢x ¢ ((x+¢x)n¡1 + x ¢ (x+¢x)n¡2 + ¢ ¢ ¢+ xn¡2(x+¢x) + xn¡1)
Velocidade instantanea e derivadas 4
do que ent~ao
¢f
¢x= (x+¢x)n¡1 + x ¢ (x+¢x)n¡2 + ¢ ¢ ¢+ xn¡2(x+¢x) + xn¡1
Da¶³, lim¢x!0
¢f¢x= xn¡1 + xn¡1 + ¢ ¢ ¢+ xn¡1| {z }
n parcelas
= nxn¡1.
Portanto, (xn)0 = nxn¡1.
1.2.1 Nota»c~oes simb¶olicas para derivadas, habitualmente usadas
Sendo y = f(x), tamb¶em escrevemos ¢y = ¢f = f(x+¢x)¡ f(x), e denotamosdy
dx= (derivada de y em rela»c~ao a x) = lim
¢x!0¢y
¢x
Assim temosdy
dx= f 0(x). Indicamos ainda
f 0(x0) =µdy
dx
¶x=x0
=dy
dx
¯¯x=x0
A raz~ao¢y
¢x=f(x0 +¢x)¡ f(x0)
¢x
¶e a taxa de varia»c~ao m¶edia de y, em rela»c~ao a x, no intervalo [x0; x0 + ¢x] (ou nointervalo [x0 +¢x; x0], se ¢x < 0).
O valor
f 0(x0) =µdy
dx
¶x=x0
= lim¢x!0
¢y
¢x
¶e chamado de taxa de varia»c~ao (instantanea) de y em rela»c~ao a x, no ponto x = x0.
Outras nota»c~oes freqÄuentemente utilizadas para as derivadas (os s¶³mbolos abaixotem o mesmo signi¯cado):
f 0(x) (nota»c~ao de Lagrange)
(f(x))0
df
dx(nota»c~ao de Leibniz, leia-se \de f de x")
dy
dx(sendo y = f(x))
d
dx(f(x))
_x(t) (nota»c~ao de Newton, derivada de x em rela»c~ao µa vari¶avel t (tempo))
Velocidade instantanea e derivadas 5
Tamb¶em tem o mesmo signi¯cado as nota»c~oes para a derivada de f no ponto x0,
f 0(x0) (f(x))0jx=x0df
dx(x0)
dy
dx
¯¯x=x0
d
dx(f(x))jx=x0
Exemplo 1.1 De acordo com a regra 1.1, temos
(x)0 = (x1)0 = 1x1¡1 = x0 = 1, ou seja (x)0 = 1.
(x2)0 = 2x2¡1 = 2x.
(x3)0 = 3x3¡1 = 3x2.
(x100)0 = 100x99.
Observa»c~ao 1.1 (Intervalos da reta, e dom¶³nios das fun»c~oes que estudaremos)Aqui, e no restante do texto, estaremos assumindo sempre que nossas fun»c~oes s~ao fun»c~oesde uma vari¶avel real x, com valores f(x) reais, e est~ao de¯nidas em intervalos ou reuni~oesde intervalos de R, ou seja, tem os valores de x tomados em intervalos ou reuni~oes deintervalos.
Os intervalos de R s~ao conjuntos de uma das formas:
[a; b] = fx 2 R j a · x · bg (intervalo fechado de extremos a e b);
]a; b[ = fx 2 R j a < x < bg (intervalo aberto de extremos a e b);
[a; b[ = fx 2 R j a · x < bg (intervalo de extremos a e b, semi-aberto em b);
]a; b] = fx 2 R j a < x · bg (intervalo de extremos a e b, semi-aberto em a):
sendo a e b n¶umeros reais, com a < b. Os intervalos acima s~ao os intervalos limitados.
Os intervalos ilimitados s~ao conjuntos de uma das formas:
[a;+1[ = fx 2 R j x ¸ ag (intervalo fechado de a a +1);]a;+1[ = fx 2 R j x > ag (intervalo aberto de a a +1);]¡1; b] = fx 2 R j x · bg (intervalo fechado de ¡1 a b);
]¡1; b[ = fx 2 R j x < bg (intervalo aberto de ¡1 a b);
]¡1;+1[ = R (intervalo aberto de ¡1 a +1);sendo a e b n¶umeros reais.
Assim, por exemplo,
1. f(x) =px ¶e uma fun»c~ao que est¶a de¯nida para os valores reais de x para os
quaispx existe e ¶e um n¶umero real, ou seja, para x ¸ 0. Assim, dizemos que o
dom¶³nio ou campo de de¯ni»c~ao de f ¶e o intervalo D(f) = [0;+1[.
Velocidade instantanea e derivadas 6
2. f(x) = 1=x ¶e uma fun»c~ao que est¶a de¯nida para os valores reais de x para osquais 1=x existe e ¶e um n¶umero real, ou seja, para x6= 0. Assim, o dom¶³nio oucampo de de¯ni»c~ao de f ¶e o conjunto D(f) = R ¡ f0g, ou seja, a reuni~ao deintervalos ]¡1; 0[[ ]0;+1[.
3. f(x) =p2¡ x + 1p
x¡1 est¶a de¯nida para os valores reais de x para os quaisp2¡ x e 1=px¡ 1 existem e s~ao n¶umeros reais, ou seja, para x · 2 (2¡x ¸ 0)
e x > 1 (x¡ 1 > 0). Assim, o dom¶³nio ou campo de de¯ni»c~ao de f ¶e o intervaloD(f) =]1; 2].
Para um valor espec¶³¯co de x, digamos x = x0, no dom¶³nio de uma fun»c~ao f , aocalcularmos o limite
f 0(x0) = lim¢x!0
f(x0 +¢x)¡ f(x0)¢x
estamos supondo que algum intervalo aberto, contendo x0, tamb¶em ¶e parte do dom¶³niode f , de modo que x0 +¢x tamb¶em estar¶a no dom¶³nio de f quando ¢x for n~ao nuloe su¯cientemente pequeno.
1.3 Primeiras regras de deriva»c~ao (ou diferencia»c~ao)
Diferencia»c~ao ou deriva»c~ao de uma fun»c~ao ¶e o processo de c¶alculo da derivada da fun»c~ao.
Regra 1.2 Se f(x) ¶e uma fun»c~ao e c ¶e uma constante, ent~ao
(cf(x))0 = cf 0(x):
Ou seja, a derivada de uma constante vezes uma fun»c~ao ¶e a constante vezes a derivadada fun»c~ao.
Regra 1.3 Sendo f(x) e g(x) duas fun»c~oes,
(f(x) + g(x))0 = f 0(x) + g0(x):
Ou seja, a derivada de uma soma de duas fun»c~oes ¶e a soma das respectivas derivadas.
Demonstra»c~oes das propriedades 1.2 e 1.3. Alguns fatos sobre limites s~ao assumidosintuitivamente.
(cf(x))0 = lim¢x!0
cf(x+¢x)¡ cf(x)¢x
= lim¢x!0
c ¢ f(x+¢x)¡ f(x)¢x
= c ¢ lim¢x!0
f(x+¢x)¡ f(x)¢x
= c ¢ lim¢x!0
¢f
¢x= cf 0(x)
Velocidade instantanea e derivadas 7
[f(x) + g(x)]0 = lim¢x!0
[f(x+¢x) + g(x+¢x)]¡ [f(x) + g(x)]¢x
= lim¢x!0
[f(x+¢x)¡ f(x)] + [g(x+¢x)¡ g(x)]¢x
= lim¢x!0
·f(x+¢x)¡ f(x)
¢x+g(x+¢x)¡ g(x)
¢x
¸
= lim¢x!0
f(x+¢x)¡ f(x)¢x
+ lim¢x!0
g(x+¢x)¡ g(x)¢x
= lim¢x!0
¢f
¢x+ lim¢x!0
¢g
¢x= f 0(x) + g0(x)
Exemplo 1.2 Sendo f(x) = 2x3 ¡ 3x5, temos
f 0(x) = (2x3 ¡ 3x5)0= (2x3 + (¡3)x5)0= (2x3)0 + ((¡3)x5)0 ((f + g)0 = f 0 + g0)
= 2(x3)0 + (¡3)(x5)0 ((cf)0 = cf 0)
= 2 ¢ 3x2 + (¡3) ¢ 5x4 ((xn)0 = nxn¡1)
= 6x2 ¡ 15x4
Observa»c~ao 1.2 Por um argumento tal como no exemplo acima, temos tamb¶em(f(x)¡ g(x))0 = f 0(x)¡ g0(x).
Regra 1.4 A derivada de uma fun»c~ao constante ¶e 0: se f(x) = c = constante,ent~ao f 0(x) = (c)0 = 0.
Demonstra»c~ao. Sendo f(x) = c = constante, ent~ao
¢f = f(x+¢x)¡ f(x) = c¡ c = 0.Portanto, ¢f
¢x= 0
¢x= 0 (¢f
¢x¶e 0 mesmo antes de calcularmos o limite). Logo
lim¢x!0
¢f¢x= lim
¢x!00 = 0.
Assim, se c ¶e uma constante, (c)0 = 0.
Exemplo 1.3 Sendo y = ¡3t6 + 21t2 ¡ 98, calcular dydt.
Aplicando as regras acima estabelecidas, indicando por u0 a derivada de u emrela»c~ao a t,
dy
dt= (¡3t6 + 21t2 ¡ 98)0
= ¡18t5 + 42t
Velocidade instantanea e derivadas 8
Exemplo 1.4 Sendo y =1
x, calcular
dy
dx.
Temos y =1
x, e ent~ao
¢y =1
x+¢x¡ 1
x=x¡ (x+¢x)x(x+¢x)
= ¡ ¢x
x(x+¢x)
¢y
¢x= ¡ 1
x(x+¢x)
dy
dx= lim
¢x!0¢y
¢x= lim
¢x!01
x(x+¢x)= ¡ 1
x2
1.4 Problemas
1. A posi»c~ao de um ponto P sobre um eixo x, ¶e dada por x(t) = 4t2 + 3t¡ 2, comt medido em segundos e x(t) em cent¶³metros.
(a) Determine as velocidades m¶edias de P nos seguintes intervalos de tempo:[1; 1; 2], [1; 1; 1], [1; 1; 01], [1; 1; 001].
(b) Determine a velocidade de P no instante t = 1 seg.
(c) Determine os intervalos de tempo em que P se move no sentido positivoe aqueles em que P se move no sentido negativo. (P se move no sentidopositivo ou negativo se x(t) aumenta ou diminui, respectivamente, µa medidaem que t aumenta.)
2. Se um objeto ¶e lan»cado verticalmente para cima, com velocidade inicial 110m/seg,sua altura h(t), acima do ch~ao (h = 0), ap¶os t segundos, ¶e dada (aproximada-mente) por h(t) = 110t ¡ 5t2 metros. Quais s~ao as velocidades do objeto nosinstantes t = 3 seg e t = 4 seg? Em que instante o objeto atinge sua alturam¶axima? Em que instante atinge o ch~ao? Com que velocidade atinge o ch~ao?
3. Calcule f 0(x), para cada uma das fun»c~oes f(x) dadas abaixo, cumprindo asseguintes etapas
i. Primeiro desenvolva a express~ao ¢f = f(x+¢x)¡ f(x), fazendo as simpli-¯ca»c~oes cab¶³veis.
ii. Em seguida obtenha, uma express~ao simpli¯cada para ¢f¢x= f(x+¢x)¡f(x)
¢x.
iii. Finalmente, calcule o limite lim¢x!0
¢f
¢x.
(a) f(x) = 17¡ 6x(b) f(x) = 7x2 ¡ 5
Velocidade instantanea e derivadas 9
(c) f(x) = x3 + 2x
(d) f(x) =px
(e) f(x) =1
x+ 5
(f) f(x) = x5
(g) f(x) =6
x2
4. Usando as regras de deriva»c~ao estabelecidas, calcule as derivadas das seguintesfun»c~oes.
(a) f(t) = ¡6t3 + 12t2 ¡ 4t+ 7(b) f(t) = (3t+ 5)2 Sugest~ao: Primeiro desenvolva o quadrado.
(c) f(x) = (¡2x2 + 1)3 Sugest~ao: Primeiro desenvolva o cubo.
(d) f(x) = (3x2¡7x+1)(x2+x¡1) Sugest~ao: Primeiro desenvolva o produto.
(e) f(x) = x3 ¡ x2 + 155. Determine o dom¶³nio de cada uma das seguintes fun»c~oes. Represente-o como umintervalo ou uma reuni~ao de intervalos de R. No nosso contexto, o dom¶³nio deuma fun»c~ao f ¶e o conjunto de todos os n¶umeros reais x para os quais f(x) ¶e umn¶umero real.
(a) f(x) = x3 ¡ 5x+ 3(b) f(x) = ¡p4¡ x(c) f(x) = ¡p4¡ x2(d) f(x) =
px2 ¡ 5x+ 4
(e) f(x) =1p
2x¡ x2
1.4.1 Respostas e sugest~oes
1. (a) 11; 8; 11; 4; 11; 04; 11; 004 (cm/seg).
(b) 11 cm/seg
(c) P se move no sentido positivo quando t > ¡3=8, e no sentido negativo quandot < ¡3=8
2. 80m/seg e 70m/seg. Em t = 11 seg. Em t = 22 seg, com a velocidade de ¡110m/seg.3. (a) i. ¢f = ¡6¢x
ii. ¢f¢x = ¡6
iii. f 0(x) = ¡6(b) i. ¢f = 14x¢x+ 7(¢x)2
ii. ¢f¢x = 14x+ 7¢x
Velocidade instantanea e derivadas 10
iii. f 0(x) = 14x
(c) i. ¢f = (3x2 + 2)¢x+ 3x(¢x)2 + (¢x)3
ii. ¢f¢x = 3x
2 + 2 + 3x(¢x) + (¢x)2
iii. f 0(x) = 3x2 + 2
(d) i. ¢f =px+¢x¡px
ii. ¢f¢x =
px+¢x¡px¢x
iii. f 0(x) = 12px. Sugest~ao. Ao calcular o limite lim
¢x!0¢f¢x , o leitor chegar¶a
µa express~ao 0=0, que n~ao tem signi¯cado matem¶atico. Para contornar esteproblema, devemos \ajeitar" ¢f
¢x , atrav¶es das simpli¯ca»c~oes dadas abaixo.
¢f
¢x=
px+¢x¡px
¢x=
px+¢x¡px
¢x¢px+¢x+
pxp
x+¢x+px
=(x+¢x)¡ x
¢x ¢ (px+¢x+px) =1p
x+¢x+px
Aqui ¯zemos uso da identidade (pa¡pb)(pa+pb) = a¡ b.
(e) i. ¢f = 1x+¢x+5 ¡ 1
x+5 =¡¢x
(x+¢x+5)(x+5)
ii. ¢f¢x =
¡1(x+¢x+5)(x+5)
iii. f 0(x) = ¡ 1(x+5)2
(f) f 0(x) = 5x4
(g) f 0(x) = ¡12x3
4. (a) f 0(t) = ¡18t2 + 24t¡ 4(b) f 0(t) = 18t+ 30
(c) f 0(x) = ¡48x5 + 48x3 ¡ 12x(d) f 0(x) = 12x3 ¡ 12x2 ¡ 18x+ 8(e) f 0(x) = 3x2 ¡ 2x
5. (a) R
(b) ]¡1; 4](c) [¡2; 2](d) ]¡1; 1] [ [4;+1[(e) ]0; 2[
Aula 2
Derivadas e retas tangentes. Novasregras de deriva»c~ao
2.1 A derivada como inclina»c~ao de uma reta tangente
ao gr¶a¯co da fun»c~ao
Na aula anterior, o conceito de derivada foi apresentado atrav¶es do conceito de velocidadeinstantanea. Veremos agora uma interpreta»c~ao geom¶etrica da derivada, em rela»c~ao aogr¶a¯co da fun»c~ao y = f(x). Esta ¶e uma id¶eia de Fermat.
x ∆ x0
x0+
P0
Pf( )
∆ x
∆ y
α β
r
t
0
x
y
∆ xx0+
f( )x0
y = f(x)
Figura 2.1. A derivada da fun»c~ao f , em x0, ¶e a inclina»c~ao da reta t, tangente ao gr¶a¯code f em P0.
Fixado um valor x0, sendo de¯nido f(x0), seja ¢x 6= 0 um acr¶escimo (ou de-
11
Derivadas e retas tangentes. Novas regras de derivac»~ao 12
cr¶escimo) dado a x0. Sendo x1 = x0 +¢x, temos que a raz~ao
¢y
¢x=f(x0 +¢x)¡ f(x0)
¢x=f(x1)¡ f(x0)x1 ¡ x0
¶e o coe¯ciente angular da reta r, secante ao gr¶a¯co da curva y = f(x), passando pelospontos P0 = (x0; f(x0)) e P = (x1; f(x1)).
Observando os elementos geom¶etricos da ¯gura 2.1, temos que quando ¢x tendea 0, o ponto P tem como posi»c~ao limite o ponto P0, e a reta secante P0P ter¶a comoposi»c~ao limite a reta t, tangente ao gr¶a¯co de f no ponto P0.
Na ¯gura, temos ainda, da geometria anal¶³tica elementar,
tg ¯ = tangente do angulo ¯
= coe¯ciente angular (ou inclina»c~ao) da reta secante P0P
=¢y
¢x:
tg® = tangente do angulo ®
= coe¯ciente angular da reta t, tangente ao gr¶a¯co de f , no ponto P0:
Note aqui diferentes empregos (com diferentes signi¯cados) da palavra tangente: a tan-gente (trigonom¶etrica) do angulo ®, nos d¶a a inclina»c~ao, ou declividade, ou coe¯cienteangular, da reta t, que ¶e (geometricamente) tangente ao gr¶a¯co de f (ou que tangenciao gr¶a¯co de f) no ponto P0.
Quando ¢x tende a 0, ¯ tende a ®, e ent~ao ¢y¢x= tg ¯ tende a tg®.
Da¶³, lim¢x!0
¢y
¢x= tg®.
Assim, com este argumento geom¶etrico e intuitivo, interpretamos f 0(x0) = tg® comosendo o coe¯ciente angular (ou a inclina»c~ao) da reta t, tangente ao gr¶a¯co de f (ouseja, tangente µa curva y = f(x)) no ponto P0 = (x0; f(x0)).
Sabemos que a equa»c~ao de uma reta, de coe¯ciente angular m, passando por umponto P0 = (x0; y0), ¶e dada por
y ¡ y0 = m(x¡ x0):
Assim sendo, temos que a equa»c~ao da reta t, tangente µa curva y = f(x) no pontoP0 = (x0; y0) = (x0; f(x0)) ¶e dada por
y ¡ y0 = f 0(x0) ¢ (x¡ x0)Em geral, se queremos aproximar a fun»c~ao f(x), nas proximidades de x0, por uma
fun»c~ao da forma g(x) = ax+ b, tomamos g(x) = f(x0) + f0(x0) ¢ (x¡ x0). O gr¶a¯co
Derivadas e retas tangentes. Novas regras de derivac»~ao 13
de g ser¶a ent~ao a reta tangente ao gr¶a¯co de f no ponto P0. Dizemos que g(x) ¶e umalineariza»c~ao de f(x) nas proximidades de x0.
A reta normal µa curva y = f(x), no ponto P0 dessa curva, ¶e a reta que passa porP0 perpendicularmente µa curva. Isto, ¶e, r ¶e normal µa curva y = f(x), no ponto P0,quando r ¶e perpendicular µa reta tangente µa curva nesse ponto.
Lembre-se que se duas retas s~ao perpendiculares, tendo coe¯cientes angulares me m0, ent~ao m0 = ¡1=m.Assim, se f 0(x0) 6= 0, a equa»c~ao da reta r, normal µa curva y = f(x) no pontoP0 = (x0; y0) ¶e
y ¡ y0 = ¡ 1
f 0(x0)(x¡ x0)
Exemplo 2.1 Qual ¶e a equa»c~ao da reta t, que tangencia a par¶abola y = x2, no pontoP = (¡1; 1)? Qual ¶e a equa»c~ao da reta r, normal µa par¶abola nesse ponto?
1
1
-1
-1
x
y
P
t
r
Figura 2.2. Representa»c~ao gr¶a¯ca da curva y = x2 e das retas t e r, tangente e normalµa curva no ponto P = (¡1; 1).
Solu»c~ao. Sendo y = x2, temosdy
dx= 2x. Em P , temos x0 = ¡1. O coe¯ciente
angular da reta t ¶e dado por
dy
dx
¯¯x=¡1
= 2 ¢ (¡1) = ¡2:
Derivadas e retas tangentes. Novas regras de derivac»~ao 14
Assim, a reta t, tangente µa curva y = x2 no ponto P , tem equa»c~ao
y ¡ 1 = (¡2)(x¡ (¡1))
ou seja, y = ¡2x¡ 1.Para escrever a equa»c~ao da reta r, normal µa curva no ponto P , fazemos uso do
fato de que a declividade da reta r ¶e mr = ¡ 1mt
= 12.
Portanto, r tem equa»c~ao y ¡ 1 = 12(x+ 1), ou ainda y = 1
2x+ 3
2.
Na ¯gura 2.2 temos a representa»c~ao da curva y = x2 e das retas t e r, respecti-vamente tangente e normal µa curva no ponto P = (¡1; 1).
Exemplo 2.2 Determine o coe¯ciente angular da reta tangente ao gr¶a¯co de y =f(x) = x2 ¡ 4x, no ponto de abscissa (primeira coordenada) p. Em qual ponto a retatangente ao gr¶a¯co ¶e horizontal?
Solu»c~ao. O coe¯ciente angular da reta tangente µa curva y = x2 ¡ 4x, no pontode abscissa p, ¶e m = f 0(p). Como f 0(x) = 2x¡ 4, temos m = 2p¡ 4.
No ponto (p; f(p)) em que a reta tangente ¶e horizontal, temos m = 0, ou seja,f 0(p) = 0. Logo, p = 2. Assim, o ponto procurado ¶e (2;¡4).
2.2 Novas regras de deriva»c~ao
Regra 2.1 (Derivada de um produto)
(fg)0 = f 0g + fg0
Demonstra»c~ao. Temos
¢f = f(x+¢x)¡ f(x), ¢g = g(x+¢x)¡ g(x).Portanto
f(x+¢x) = f(x) + ¢f , g(x+¢x) = g(x) + ¢g.
Assim sendo
¢(fg) = f(x+¢x)g(x+¢x)¡ f(x)g(x)= (f(x) + ¢f)(g(x) + ¢g)¡ f(x)g(x)= f(x)g(x) + f(x)(¢g) + (¢f)g(x) + (¢f)(¢g)¡ f(x)g(x)= f(x)(¢g) + (¢f)g(x) + (¢f)(¢g)
Portanto
Derivadas e retas tangentes. Novas regras de derivac»~ao 15
¢(fg)
¢x= f(x)
¢g
¢x+¢f
¢xg(x) +
¢f
¢x(¢g)
= f(x)¢g
¢x+¢f
¢xg(x) +
¢f
¢x
¢g
¢x¢x
E assim,
lim¢x!0
¢(fg)
¢x= lim
¢x!0
µf(x)
¢g
¢x+¢f
¢xg(x) +
¢f
¢x
¢g
¢x¢x
¶= f(x)g0(x) + f 0(x)g(x) + f 0(x)g0(x) ¢ 0= f 0(x)g(x) + g0(x)f(x)
Portanto, (f(x)g(x))0 = f 0(x)g(x) + f(x)g0(x).
Observa»c~ao 2.1 Para um valor espec¶³¯co de x, digamos x = x0, temos
¢f = f(x0 +¢x)¡ f(x0).Embora n~ao tenhamos ainda mencionado, ¶e fato que se podemos calcular o limite
lim¢x!0
¢f¢x= f 0(x0), ent~ao temos lim
¢x!0¢f = 0.
De fato,
lim¢x!0
¢f = lim¢x!0
¢f
¢x¢¢x = f 0(x0) ¢ 0 = 0:
Exemplo 2.3 Daremos um exemplo para ilustrar a regra da derivada de um produto,que acabamos de deduzir. Considere p(x) = (x2 + x+ 2)(3x¡ 1)
Expandindo p(x), obtemos p(x) = 3x3 + 2x2 + 5x¡ 2, de onde obtemos p0(x) =9x2 + 4x+ 5.
Por outro lado, se aplicarmos a f¶ormula da derivada de um produto, obtemos
p0(x) = (x2 + x+ 2)0(3x¡ 1) + (x2 + x+ 2)(3x¡ 1)0= (2x+ 1)(3x¡ 1) + (x2 + x+ 2) ¢ 3= 9x2 + 4x+ 5
Regra 2.2 Sendo g uma fun»c~ao deriv¶avel, quando g6= 0 temosµ1
g
¶0= ¡ g
0
g2:
Demonstra»c~ao. Como na dedu»c~ao da propriedade 2.1, temos g(x+¢x) = g(x) + ¢g.
Derivadas e retas tangentes. Novas regras de derivac»~ao 16
Sendo y = 1=g(x), temos
¢y =1
g(x+¢x)¡ 1
g(x)
=1
g(x) + ¢g¡ 1
g(x)
=g(x)¡ (g(x) + ¢g)(g(x) + ¢g) ¢ g(x)
=¡¢g
(g(x) + ¢g) ¢ g(x)Logo,
¢y
¢x=¡¢g¢x
¢ 1
(g(x) + ¢g)g(x)
e portanto
dy
dx= lim
¢x!0¢y
¢x
= lim¢x!0
¡¢g¢x
¢ 1
(g(x) + ¢g)g(x)
= ¡g0(x) ¢ 1
(g(x))2= ¡ g0(x)
(g(x))2
Aqui, ¯zemos uso da observa»c~ao 2.1: sendo g deriv¶avel, temos lim¢x!0
¢g = 0.
Exemplo 2.4 Veri¯que que, sendo n um inteiro positivo, (x¡n)0 = ¡nx¡n¡1.Solu»c~ao. Aplicando o resultado da propriedade 2.2, temos
(x¡n)0 =µ1
xn
¶0= ¡ (x
n)0
(xn)2= ¡nx
n¡1
x2n= ¡nx¡n¡1
Regra 2.3 (Derivada de um quociente)µf
g
¶0=f 0g ¡ fg0g2
Demonstra»c~ao. Deixamos a dedu»c~ao desta regra para o leitor. Para deduzi-la, basta
escreverf
g= f ¢ 1
ge ent~ao combinar as regras (propriedades) 2.1 e 2.2.
Exemplo 2.5 Calcular y0, sendo y =x3 ¡ 1x3 + 1
Derivadas e retas tangentes. Novas regras de derivac»~ao 17
Solu»c~ao. Aplicando a f¶ormula para a derivada de um quociente, temos
y0 =µx3 ¡ 1x3 + 1
¶0=(x3 ¡ 1)0(x3 + 1)¡ (x3 + 1)0(x3 ¡ 1)
(x3 + 1)2
=3x2(x3 + 1)¡ 3x2(x3 ¡ 1)
(x3 + 1)2
=6x2
(x3 + 1)2
2.3 Problemas
1. Utilizando regras de deriva»c~ao previamente estabelecidas, calcule as derivadas dasseguintes fun»c~oes.
(a) f(x) =4x¡ 53x+ 2
(b) f(z) =8¡ z + 3z22¡ 9z
(c) f(w) =2w
w3 ¡ 7(d) s(t) = t2 +
1
t2
(e) f(x) =1
1 + x+ x2 + x3
(f) f(x) =x2 + 9x+ 2
7
2. Deduza a seguinte f¶ormula de deriva»c~ao:
(fgh)0 = f 0gh+ fg0h+ fgh0
De um bom palpite (chute) sobre como seria a f¶ormula para (f1f2 ¢ ¢ ¢ fn¡1fn)0.
3. Ache as equa»c~oes das retas tangentes ao gr¶a¯co de y =5
1 + x2, nos pontos
P = (0; 5), Q = (1; 5=2) e R = (¡2; 1). Esboce (caprichadamente) o gr¶a¯codessa curva, plotando pontos com os seguintes valores de x: ¡3, ¡2, ¡1, 0, 1,2 e 3. No mesmo sistema cartesiano, esboce tamb¶em as retas tangentes µa curvanos pontos P , Q e R.
4. Escreva as equa»c~oes das retas tangente e normal µa curva y = x3 ¡ 3x2 ¡ x + 5no ponto de abcissa x = 3.
5. Determine as equa»c~oes das retas t e n, respectivamente tangente e normal µa curvay = x2, no ponto de abcissa p.
Derivadas e retas tangentes. Novas regras de derivac»~ao 18
6. (Teste sua sensibilidade sobre derivadas) Esboce o gr¶a¯co de y = x2¡4, plotandoos pontos de abcissas (valores de x) ¡2, ¡1, 0, 1, 2 e 3. Em cada um dessespontos, esboce a reta tangente ao gr¶a¯co, e tente adivinhar o seu coe¯cienteangular. Marque seu chute ao lado do ponto. Em seguida, calcule cada coe¯cienteangular usando a derivada y0. Compare seu chute com a resposta exata.
2.3.1 Respostas e sugest~oes
1. (a) f 0(x) =23
(3x+ 2)2
(b) f 0(z) =¡27z2 + 12z + 70
(2¡ 9z)2
(c) f 0(w) =¡4w3 ¡ 14(w3 ¡ 7)2
(d) s0(t) = 2t¡ 2
t3
(e) f 0(x) = ¡ 1 + 2x+ 3x2
(1 + x+ x2 + x3)2
(f) f 0(x) =2x+ 9
7(Quando c ¶e uma constante, temos a regra
³fc
´0= f 0
c)
2. (f1f2 ¢ ¢ ¢ fn¡1fn)0 = f 01f2 ¢ ¢ ¢ fn¡1fn + f1f02 ¢ ¢ ¢ fn¡1fn + ¢ ¢ ¢ + f1f2 ¢ ¢ ¢ f 0n¡1fn +
f1f2 ¢ ¢ ¢ fn¡1f 0n.3. As equa»c~oes das tres retas s~ao, respectivamente, y = 5, 5x+2y¡10 = 0, e 4x¡5y+13 =0.
4. Reta tangente: y = 8x¡ 22. Reta normal: x+ 8y ¡ 19 = 0.5. t : y = 2px¡ p2;n : y = ¡ x
2p+1
2+ p2 (se p6= 0); n : x = 0 (se p = 0).
Aula 3
Deriva»c~ao em cadeia e deriva»c~aoimpl¶³cita
A regra da cadeia ¶e uma regra de deriva»c~ao que nos permite calcular a derivada deuma composi»c~ao (ou um encadeamento) de fun»c~oes, tais como f(g(x)) ou f(g(h(x))),conhecendo-se as derivadas f 0(x), g0(x) e h0(x).
Quando temos uma fun»c~ao composta, tal como y = (x3 + x ¡ 1)10, podemosdecompo-la em fun»c~oes elementares. Simplesmente escrevemos
y = u10; u = x3 + x¡ 1:
Na nota»c~ao de Leibniz, a regra da cadeia nos diz que
dy
dx=dy
du¢ dudx
No caso, teremos ent~ao
dy
dx=dy
du¢ dudx
= 10u9 ¢ (3x2 + 1)= 10(x3 + x¡ 1)9(3x2 + 1)
Repetindo tudo, passando da nota»c~ao de Leibniz para a nota»c~ao de Lagrange,temos
y = f(u); u = g(x)
e ent~ao
dy
dx=dy
du¢ dudx
= f 0(u) ¢ g0(x)= f 0(g(x)) ¢ g0(x)
19
Derivac»~ao em cadeia e derivac»~ao impl¶³cita 20
Regra 3.1 (Deriva»c~ao em cadeia) Se y = f(u) e u = g(x) ent~ao
dy
dx=dy
du¢ dudx
Em outras palavras, sendo y = f(g(x)), tem-se
y0 = [f(g(x))]0 = f 0(g(x)) ¢ g0(x):
Observa»c~ao 3.1 A id¶eia intuitiva que inspira a regra da cadeia ¶e a seguinte: sendoy = f(u) e u = g(x), temos ¢u = g(x+¢x)¡ g(x) e, ¢y = f(u+¢u)¡ f(u)
Assumindo, para simpli¯car, que ¢u6= 0 sempre que ¢x6= 0 (o que nem sempreocorre!), temos
¢y
¢x=¢y
¢u¢ ¢u¢x
Quando ¢x tende a 0, ¢u tamb¶em tende a 0 (observa»c~ao 2.1), e assim
lim¢x!0
¢y
¢x= lim
¢u!0¢y
¢u¢ lim¢x!0
¢u
¢x
e portantody
dx=dy
du¢ dudx
Nos dispensaremos da tarefa de fazer uma dedu»c~ao mais rigorosa da regra da cadeia,um procedimento poss¶³vel mas deveras so¯sticado.
Exemplo 3.1 Calculardy
dx, sendo y = ((x2 + 1)10 + 1)8.
Solu»c~ao. Escrevemos
y = u8; u = v10 + 1; v = x2 + 1
Assim, estamos compondo (encadeando) tres fun»c~oes. Aplicando a regra da cadeiatemos
dy
dx=dy
du¢ dudx
=dy
du¢ dudv¢ dvdx
= 8u7 ¢ 10v9 ¢ 2x= 160(v10 + 1)7(x2 + 1)9x
= 160x((x2 + 1)10 + 1)7(x2 + 1)9
Derivac»~ao em cadeia e derivac»~ao impl¶³cita 21
3.1 Derivadas de fun»c~oes dadas implicitamente
Muitas vezes, duas vari¶aveis x e y s~ao tais que, em um certo intervalo de valores de x,y depende de x, ou seja, y ¶e uma fun»c~ao da vari¶avel x, mas em lugar de uma f¶ormulay = f(x), temos uma equa»c~ao F (x; y) = c, inter-relacionando ambas as vari¶aveis, talcomo nos dois exemplos abaixo.
(1) x2 + y2 = 2
(2) x3 + y3 = x+ y + xy
µAs vezes, ¶e poss¶³vel resolver a equa»c~ao dada em y, ou seja, \isolar" y no primeiromembro da equa»c~ao, expressando explicitamente y como vari¶avel dependendo de x. Porexemplo, no caso da equa»c~ao (1), podemos fazer
y2 = 2¡ x2
e ent~aoy = §
p2¡ x2
Neste caso, deduzimos ent~ao que as fun»c~oes
y = f1(x) =p2¡ x2 e y = f2(x) = ¡
p2¡ x2
ambas satisfazem a equa»c~ao x2 + y2 = 2.
No caso da equa»c~ao (2), podemos veri¯car que, por exemplo, o par (1; 0) satisfaza equa»c~ao, mas n~ao nos ¶e ¶obvio como resolver a equa»c~ao em y e obter uma fun»c~aoy = f(x) satifazendo f(1) = 0 e x3 + (f(x))3 = x+ f(x) + xf(x).
No entanto, em ambos os casos, ¶e quase sempre poss¶³vel obter a derivadady
dx, em
um determinado ponto x0, se conhecemos tamb¶em o valor correspondente y0.
Para isto, derivamos ambos os membros da equa»c~ao F (x; y) = c, considerando y comofun»c~ao de x, e usamos as regras de deriva»c~ao, bem como a regra da cadeia, quandonecess¶ario.
Exemplo 3.2 Obtendody
dx, a partir da equa»c~ao x2 + y2 = 2, por deriva»c~ao impl¶³cita.
Denotaremos por (¤)0 a derivada da express~ao ¤ (a express~ao que estiver entreparenteses), em rela»c~ao a x. Inicialmente notamos que, sendo y uma fun»c~ao de x,temos, pela regra da cadeia, (y2)0 = 2y ¢ y0.
Para obtermosdy
dx(ou y0) no caso da equa»c~ao x2 + y2 = 2, fazemos
Derivac»~ao em cadeia e derivac»~ao impl¶³cita 22
x2 + y2 = 2
(x2 + y2)0 = (2)0
(x2)0 + (y2)0 = 0
2x+ 2yy0 = 0
yy0 = ¡xy0 = ¡x
y
Isto quer dizer que, se y ¶e fun»c~ao de x satisfazendo x2 + y2 = 2, ent~aody
dx= ¡x
y.
Como vimos, as fun»c~oes y = f1(x) =p2¡ x2 e y = f2(x) = ¡
p2¡ x2 ambas
satisfazem x2 + y2 = 2. Pela deriva»c~ao \impl¶³cita" efetuada acima, temos
1. Se y = f1(x), ent~aody
dx= ¡x
y= ¡ x
f1(x). Neste caso, y0 = ¡ xp
2¡ x2 ;
2. Se y = f2(x), ent~aody
dx= ¡x
y= ¡ x
f2(x). Neste caso, y0 =
xp2¡ x2
Exemplo 3.3 Obtendody
dx, a partir da equa»c~ao x3+ y3 = x2y2+ x+ y, por deriva»c~ao
impl¶³cita.
Para obtermosdy
dx(ou y0) no caso da equa»c~ao x3 + y3 = x2y2 + x+ y, fazemos
x3 + y3 = x2y2 + x+ y
(x3 + y3)0 = (x2y2 + x+ y)0
3x2 + 3y2y0 = (x2y2)0 + 1 + y0
3x2 + 3y2y0 = (x2)0y2 + x2(y2)0 + 1 + y0
3x2 + 3y2y0 = 2xy2 + x2 ¢ 2yy0 + 1 + y0
Obtemos ent~ao y0, deixando no primeiro membro somente os termos com y0:
3y2y0 ¡ 2x2yy0 ¡ y0 = 1 + 2xy2 ¡ 3x2(3y2 ¡ 2x2y ¡ 1)y0 = 1 + 2xy2 ¡ 3x2
y0 =1 + 2xy2 ¡ 3x23y2 ¡ 2x2y ¡ 1
Exemplo 3.4 Obter a reta tangente µa curva x3+y3 = x2y2+x+y no ponto P = (1; 0).
Note que o problema s¶o faz sentido porque o ponto (1; 0) de fato pertence µa curva:13 + 03 = 12 ¢ 02 + 1 + 0.
Derivac»~ao em cadeia e derivac»~ao impl¶³cita 23
Primeiro obtemosdy
dx, por deriva»c~ao impl¶³cita, a partir da equa»c~ao x3 + y3 =
x2y2 + x+ y.
Isto j¶a foi feito no exemplo anterior, em que calculamos y0 =1 + 2xy2 ¡ 3x23y2 ¡ 2x2y ¡ 1 .
O coe¯ciente angular da reta tangente procurada ¶e
dy
dx
¯¯x=1y=0
=1 + 2xy2 ¡ 3x23y2 ¡ 2x2y ¡ 1
¯¯x=1y=0
=1¡ 3¡1 = 2
Assim sendo, a reta procurada tem equa»c~ao y¡0 = 2(x¡1), ou seja, y = 2x¡2.
3.2 Derivada da fun»c~ao potencia f (x) = xr, sendo r
um n¶umero racional
Da ¶algebra elementar, temos
x1
2 =px (x ¸ 0)
x1
3 = 3px (x real qualquer)
x1
n = npx (n > 0, x ¸ 0 se n ¶e par, x qualquer se n ¶e ¶³mpar)
xp
q = qpxp (q > 0; quando q ¶e par, x ¸ 0 se p ¶e ¶³mpar positivo, e x > 0 se p ¶e impar
negativo)
Regra 3.2
(x1
n )0 =1
n¢ x 1
n¡1
ou seja,
( npx)0 =
1
nnpxn¡1
Regra 3.3 Sendo p e q inteiros, com q > 0,
(xp
q )0 =p
q¢ xpq¡1
Portanto, se r ¶e um expoente racional,
(xr)0 = rxr¡1
Demonstra»c~ao da regra 3.2.
Se y = x1
n , ent~ao yn = x.
Aplicando deriva»c~ao impl¶³cita obtemos
nyn¡1y0 = 1
Derivac»~ao em cadeia e derivac»~ao impl¶³cita 24
Portanto y0 =1
nyn¡1=1
n¢ y1¡n = 1
n¢ (x 1
n )1¡n =1
n¢ x 1¡n
n =1
n¢ x 1
n¡1
Demonstra»c~ao da regra 3.3.
Sendo p e q inteiros, q > 0, se y = xp
q , ent~ao yq = xp.
Por deriva»c~ao impl¶³cita, obtemos ent~ao
(yq)0 = (xp)0 ou, equivalentemente qyq¡1y0 = pxp¡1.
Assim, y0 =pxp¡1
qyq¡1=pxpx¡1
qyqy¡1=pxpx¡1
qxpy¡1=p
qyx¡1 =
p
qxp=qx¡1 =
p
qxp
q¡1
Exemplo 3.5 Calcular a derivada de f(x) = 3p3x2 + 3x+ 5
Solu»c~ao. Temos f(x) = (3x2 + 3x+ 5)1
3 .
Aplicando deriva»c~ao em cadeia e a regra 3.3, temos
f 0(x) = [(3x2 + 3x+ 5)1
3 ]0
=1
3(3x2 + 3x+ 5)¡
2
3 (3x2 + 3x+ 5)0
=1
3(3x2 + 3x+ 5)¡
2
3 (6x+ 3)
= (3x2 + 3x+ 5)¡2
3 (2x+ 1)
=2x+ 1
(3x2 + 3x+ 5)2=3
=2x+ 1
3
p(3x2 + 3x+ 5)2
Solu»c~ao alternativa. Sendo y = f(x), temos
y =3p3x2 + 3x+ 5
e portantoy3 = 3x2 + 3x+ 5
Aplicando deriva»c~ao impl¶³cita, obtemos
3y2y0 = 6x+ 3, ou seja, y0 =6x+ 3
3y2
de onde
y0 =2x+ 1
( 3p3x2 + 3x+ 5)2
=2x+ 1
3
p(3x2 + 3x+ 5)2
Derivac»~ao em cadeia e derivac»~ao impl¶³cita 25
3.3 Problemas
1. Calculedy
dx
(a) y =
µx3
3+ 1
¶5+
µx2
2+ 1
¶4
(b) y =((x3 + 7)4 + x)5
x2 + 1
(c) y =
µx
x+ 1
¶10
2. Calcule as derivadas das seguintes fun»c~oes.
(a) f(x) = (x2 ¡ 3x+ 8)3
(b) f(x) =x
(x2 ¡ 1)4(c) F (v) = (17v ¡ 5)1000(d) s(t) = (4t5 ¡ 3t3 + 2t)¡2
(e) k(u) =(u2 + 1)3
(4u¡ 5)5
3. Determine (i) a equa»c~ao da reta tangente µa curva no ponto indicado e (ii) ospontos do gr¶a¯co em que reta tangente µa curva ¶e horizontal, nos casos
(a) y = (4x2 ¡ 8x+ 3)4, P = (2; 81).
(b) y = (2x¡ 1)10, P = (1; 1).
4. Se k(x) = f(g(x)), com f(2) = ¡4, g(2) = 2, f 0(2) = 3 e g0(2) = 5, calculek0(2).
5. Determine y0 sendo y uma fun»c~ao de x dada implicitamente pela equa»c~ao
(a) 2x3 + x2y + y3 = 1
(b)1
x2+1
y2= 1
(c) (y2 ¡ 9)4 = (4x2 + 3x¡ 1)2
6. Veri¯que primeiramente que o ponto P pertence µa curva dada e ache a equa»c~aoda reta tangente µa curva no ponto P .
(a) xy = ¡16, P = (¡2; 8);(b) 2x3 ¡ x2y + y3 ¡ 1 = 0, P = (2;¡3).
7. Calcule as derivadas das seguintes fun»c~oes.
Derivac»~ao em cadeia e derivac»~ao impl¶³cita 26
(a) f(x) = 3p8x3 + 27
(b) f(x) = (7x+px2 + 3)6
(c) f(t) =4
(9t2 + 16)2=3
(d) g(z) =3p2z + 3p3z + 2
(e) F (v) =5
5pv5 ¡ 32
8. Calcule dy
dxse
(a) 6x+pxy ¡ 3y = 4
(b) 3x2 + 3pxy = 2y2 + 20
9. Uma fun»c~ao ¶e par se f(¡x) = f(x) para todo x em seu dom¶³nio, e ¶e ¶³mpar sef(¡x) = ¡f(x) para todo x em seu dom¶³nio. Sendo f deriv¶avel, demonstre que(a) Se f ¶e par, ent~ao f 0 ¶e ¶³mpar (ou seja, se f(¡x) = f(x) para todo x no
dom¶³nio de f), ent~ao f 0(¡x) = ¡f 0(x);(b) Se f ¶e ¶³mpar, ent~ao f 0 ¶e par.
3.3.1 Respostas e sugest~oes
1. (a)dy
dx= 5x2
µx3
3+ 1
¶4+ 4x
µx2
2+ 1
¶3
(b)dy
dx=
5((x3 + 7)4 + x)4(12x2(x3 + 7)3 + 1)(x2 + 1)¡ 2x((x3 + 7)4 + x)5(x2 + 1)2
(c)dy
dx=
10x9
(x+ 1)11
2. (a) f 0(x) = 3(x2 ¡ 3x+ 8)2(2x¡ 3)
(b) f 0(x) =¡(7x2 + 1)(x2 ¡ 1)5
(c) F 0(v) = 17000(17v ¡ 5)999(d) s0(t) = ¡2(4t5 ¡ 3t3 + 2t)¡3(20t4 ¡ 9t2 + 2)
(e) k0(u) =(u2 + 1)2(4u2 ¡ 30u¡ 20)
(4u¡ 5)6
3. (a) (i) y ¡ 81 = 864(x¡ 2), (ii) (1; 1), (1=2; 0) e (3=2; 0).(b) (i) y ¡ 1 = 20(x¡ 1), (ii) (1=2; 0).
4. k0(2) = 15.
Derivac»~ao em cadeia e derivac»~ao impl¶³cita 27
5. (a) y0 =¡(6x2 + 2xy)x2 + 3y2
(b) y0 = ¡y3
x3
(c) y0 =(4x2 + 3x¡ 1)(8x+ 3)
4y(y2 ¡ 9)3
6. (a) 4x¡ y + 16 = 0(b) y + 3 = ¡36
23(x¡ 2)
7. (a) f 0(x) = 8x2(8x3 + 27)¡2=3 =8x2
3
p(8x3 + 27)2
(b) f 0(x) = 6(7x+px2 + 3)5
µ7 +
xpx2 + 3
¶
(c) f 0(t) =¡48t
3
p(9t2 + 16)5
(d) g0(z) =¡3 3p2z + 3
2p(3z + 2)3
+2
3p3z + 2 3
p(2z + 3)2
(e) F 0(v) = ¡5v4(v5 ¡ 32)¡6=5 = ¡5v45
p(v5 ¡ 32)6
8. (a) y0 =12pxy + y
6pxy ¡ x
(b) y0 =18x5=3y2=3 + y
12x2=3y5=3 ¡ x9. (a) Se f ¶e uma fun»c~ao par, temos a igualdade f(¡x) = f(x). Derivando ambos
os membros em rela»c~ao a x, temos [f(¡x)]0 = f 0(x). Por deriva»c~ao em cadeia,aplicada ao primeiro membro, temos f 0(¡x) ¢ (¡x)0 = f 0(x), logo ¡f 0(¡x) =f 0(x), ou seja f 0(¡x) = ¡f 0(x). Conclu¶³mos ent~ao que se f ¶e fun»c~ao par, suaderivada f 0 ¶e fun»c~ao ¶³mpar.
Aula 4
Limites. Uma introdu»c~ao intuitiva
Nos cap¶³tulos anteriores, ¯zemos uso de um limite especial para calcular derivadas:f 0(x) = lim
¢x!0f(x+¢x)¡f(x)
¢x.
Neste cap¶³tulo veremos os limites como ferramentas de estudo do comportamentode fun»c~oes reais, provendo informa»c~oes importantes sobre seus gr¶a¯cos.
A de¯ni»c~ao formal de limite ¶e matematicamente so¯sticada, requerendo muitashoras de estudo para ser entendida. O leitor interessado poder¶a encontr¶a-la em bonslivros-textos de c¶alculo. Ocorre por¶em que a de¯ni»c~ao de limite tem pouca ou nenhu-ma serventia quando queremos calcular limites. Faremos uma explora»c~ao intuitiva doconceito de limite e de suas propriedades, atrav¶es de exemplos e interpreta»c~oes gr¶a¯cas.
Exemplo 4.1 Considere a fun»c~ao f(x) = 2x+3. Quando x assume uma in¯nidade devalores aproximando-se mais e mais de 0, o n¶umero 2x + 3 assume uma in¯nidade devalores aproximando-se de 2 ¢ 0+ 3 = 3. Dizemos que o limite de f(x), quando x tendea 0, ¶e igual a 3, e escrevemos
limx!0
f(x) = 3
Suponhamos que f(x) ¶e uma fun»c~ao real de¯nida em uma reuni~ao de intervalos, eque x0 ¶e um ponto no interior ou no extremo de um desses intervalos. Os matem¶aticosdizem que lim
x!x0f(x) = L (L 2 R) quando podemos fazer f(x) arbitrariamente pr¶oximo
de L, tomando x su¯cientemente pr¶oximo de x0, mantendo x6= x0. No exemplo acima,podemos fazer f(x) pr¶oximo de 3 o quanto quisermos, bastando tomar x bem pr¶oximode 0.
Exemplo 4.2 Aqui temos uma lista de exemplos intuitivos.
28
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 29
1. limx!a
x = a (a 2 R)
2. limx!a
xn = an (n 2 N, a 2 R)
3. Sendo p(x) = anxn + an¡1xn¡1 + ¢ ¢ ¢+ a1x+ a0, (an; : : : ; a0 todos reais),
limx!x0
p(x) = anxn0 + an¡1x
n¡10 + ¢ ¢ ¢+ a1x0 + a0 = p(x0)
4. limx!2
x3 ¡ 3x2 + 1
=limx!2(x3 ¡ 3)
limx!2(x2 + 1)
=8¡ 34 + 1
= 1
De¯ni»c~ao 4.1 Nos exemplos acima, de limites com x tendendo a x0, tivemos semprex0 no dom¶³nio de f e lim
x!x0f(x) = f(x0). Quando isto ocorre, dizemos que f ¶e
cont¶³nua no ponto x0.
No pr¶oximo exemplo, temos um limite em que x! x0, mas x0 n~ao est¶a no dom¶³niode f .
Exemplo 4.3 Calcular limx!2
x3 ¡ 8x¡ 2 .
Solu»c~ao. Note que, sendo f(x) = x3¡8x¡2 , temos que 262 D(f). Quando x se aproxima
de 2, x3 se aproxima de 8. Um c¶alculo direto nos d¶a ent~ao
limx!2
x3 ¡ 8x¡ 2 =
0
0
Este resultado, 0=0, ¶e muito comum no c¶alculo de limites, e n~ao tem signi¯cado comovalor de um limite. A express~ao 0=0 ¶e um s¶³mbolo de indetermina»c~ao ocorrendo em umatentativa de c¶alculo de um limite. A ocorrencia desta express~ao signi¯ca que o limiteainda n~ao foi calculado.
Para evitar o s¶³mbolo de indetermina»c~ao 0=0, neste exemplo fazemos
limx!2
x3 ¡ 8x¡ 2 = limx!2
(x¡ 2)(x2 + 2x+ 4)x¡ 2
= limx!2(x2 + 2x+ 4) (pois x¡ 26= 0)
= 22 + 2 ¢ 2 + 4 = 12
Exemplo 4.4 (C¶alculo de um limite com mudan»ca de vari¶avel)
limx!0
3px+ 1¡ 1x
= ?
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 30
Um c¶alculo direto nos d¶a 0=0, uma indetermina»c~ao.
Fazendo y = 3px+ 1, temos y3 = x+ 1, e portanto x = y3 ¡ 1.
Quando x tende a 0, y tende a 1 (em s¶³mbolos: se x ! 0, ent~ao y ! 1). E a¶³temos
limx!0
3px+ 1¡ 1x
= limy!1
y ¡ 1y3 ¡ 1
= limy!1
y ¡ 1(y ¡ 1)(y2 + y + 1)
= limy!1
1
y2 + y + 1=1
3
4.1 Limites in¯nitos. Limites no in¯nito
Consideremos agora a fun»c~ao f(x) =1
x2. Temos que o dom¶³nio de f ¶e o conjunto dos
n¶umeros reais diferentes de 0: D(f) = R¡ f0g.Observe a tabela 4.1. Ali ¯zemos uso do fato de que f ¶e uma fun»c~ao par : f(¡x) =
f(x) para todo x 2 D(f).Na primeira coluna da tabela 4.1, temos valores de x cada vez mais pr¶oximos de
0. Na ¶ultima coluna, vemos que os valores correspondentes de f(x) tornam-se cadavez maiores. Neste exemplo, podemos fazer f(x) ultrapassar qualquer n¶umero positivo,tomando x su¯cientemente pr¶oximo de 0. Dizemos que o limite de f(x), quando xtende a 0 ¶e \+ in¯nito", e escrevemos
limx!0
f(x) = +1
ou seja,
limx!0
1
x2= +1
A interpreta»c~ao geom¶etrica de limx!0(1=x2) = +1 pode ser visualizada na ¯gura
4.1, onde temos um esbo»co do gr¶a¯co da curva y = 1=x2.
Agora observe a tabela 4.2. Notamos agora que, µa medida que x cresce inde¯nida-
mente, assumindo valores positivos cada vez maiores, f(x) =1
x2torna-se cada vez mais
pr¶oximo de 0. Isto tamb¶em ¶e sugerido pela ¯gura 4.1. Neste caso, dizemos que o limitede f(x), quando x tende a \+ in¯nito", ¶e igual a 0, e escrevemos
limx!+1
1
x2= 0
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 31
Tabela 4.1.
x x2 f(x) = 1x2
§1 1 1
§0; 5 0; 25 10025= 4
§0; 2 0; 04 1004= 25
§0; 1 0; 01 100
§0; 01 0; 0001 10000
§0; 001 0; 000001 1000000
2
1-1 x
y
2
8
16
4
-2 0
Figura 4.1. limx!0
1=x2 = +1, ou seja, µa medida que x se aproxima de 0, y = f(x)
torna-se cada vez maior. Tamb¶em limx!+1
1=x2 = 0, ou seja, µa medida em que x cresce,
tomando valores cada vez maiores, f(x) aproxima-se de 0. E ainda limx!¡1
1=x2 = 0.
Nas tabelas 4.1 e 4.2 tamb¶em ilustramos:
limx!0
x2 = 0 limx!+1
x2 = +1
Tamb¶em podemos facilmente inferir
limx!¡1
x2 = +1 limx!¡1
1
x2= 0
Com estes exemplos simples damos in¶³cio µa nossa ¶algebra de limites:
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 32
Tabela 4.2.
x x2 f(x) = 1x2
1 1 1
2 4 14= 0; 25
5 25 125= 0; 04
10 100 0; 01
100 10000 0; 0001
103 106 10¡6
(+1) + (+1) = +1 (¡1) + (¡1) = ¡1(§1)2 = +1 (+1)(¡1) = ¡1(+1)3 = +1 (¡1)3 = ¡1(¡1)(inteiro positivo par) = +1 (¡1)(inteiro positivo ¶³mpar) = ¡11
§1 = 0
+1+ c = +1 (c constante) ¡1+ c = ¡1 (c constante)
c ¢ (+1) =(+1 se c > 0
¡1 se c < 0c ¢ (¡1) =
(+1 se c < 0
¡1 se c > 0
+1c=
(+1 se c > 0
¡1 se c < 0
¡1c=
(+1 se c < 0
¡1 se c > 0
Mas aten»c~ao! Cautela com essa nova \aritm¶etica"! Os \resultados"
§1§1 , (+1)¡ (+1), (¡1) + (+1), 0 ¢ (§1)
s~ao novos s¶³mbolos de indetermina»c~ao. Nada signi¯cam como valores de limites. Sechegarmos a algum deles no c¶alculo de um limite, temos que repensar o procedimentode c¶alculo.
Exemplo 4.5 Calcular limx!+1
3x2 ¡ 2x¡ 1x3 + 4
Solu»c~ao. Uma substitui»c~ao direta nos d¶a
limx!+1
3x2 ¡ 2x¡ 1x3 + 4
=+1¡ (+1)¡ 1
+1+ 4
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 33
Para evitarmos s¶³mbolos de indetermina»c~ao, fazemos
limx!+1
3x2 ¡ 2x¡ 1x3 + 4
= limx!+1
x2(3¡ 2x¡ 1
x2)
x3(1 + 4x3)
= limx!+1
3¡ 2x¡ 1
x2
x(1 + 4x3)
=3¡ 2
+1 ¡ 1+1
+1(1 + 4+1)
=3¡ 0
+1 ¢ (1 + 0) =3
+1 = 0
Nos limites da forma limx!§1
p(x)
q(x), em que p(x) e q(x) s~ao polinomios em x, prevalecem
os termos de maior grau de ambos os polinomios, ou seja, se
p(x) = anxn + an¡1xn¡1 + ¢ ¢ ¢+ a1x+ a0;
q(x) = bmxm + bm¡1xm¡1 + ¢ ¢ ¢+ b1x+ b0
ent~ao limx!§1
p(x)
q(x)= lim
x!§1anx
n
bmxm.
Deixamos a dedu»c~ao disto para o leitor, como um exerc¶³cio.
Por exemplo, no exemplo que acabamos de estudar, bastar¶³amos fazer
limx!+1
3x2 ¡ 2x¡ 1x3 + 4
= limx!+1
3x2
x3= lim
x!+13
x=
3
+1 = 0
Mas aten»c~ao. Isto s¶o vale para limites de quocientes de polinomios, em quex! §1.
Exemplo 4.6 Calcular limx!¡1
(x5 ¡ x3)
Temos
limx!¡1
(x5¡x3) = (¡1)5¡ (¡1)3 = (¡1)¡ (¡1) = (¡1)+(+1), portantochegamos a um s¶³mbolo de indetermina»c~ao.
Podemos no entanto fazer
limx!¡1
(x5 ¡ x3) = limx!¡1
x5(1¡ 1x2) = +1 ¢ (1¡ 0) = +1.
Exemplo 4.7 Calcular limx!0
1
x.
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 34
Solu»c~ao. Aqui podemos ser induzidos a dizer, tal como no exemplo do limite limx!0
1x2,
que limx!0
1x¶e in¯nito. Ok, mas qual \in¯nito"? +1 ou ¡1 ? A resposta ¶e, neste caso,
nenhum dos dois!
Se x se aproxima de 0 por valores positivos, ent~ao 1=x tende a +1. Por¶em se xse aproxima de 0 assumindo somente valores negativos, ent~ao 1=x tende a ¡1 (j1=xj¯ca cada vez maior, por¶em 1=x mant¶em-se sempre < 0).
Neste caso, dizemos que n~ao existe o limite limx!0
1
x.
O comportamento da fun»c~ao f(x) =1
x, nas proximidades de x = 0, ser¶a melhor
estudado na pr¶oxima aula, quando introduziremos o conceito de limites laterais.
4.2 Ilustra»c~oes geom¶etricas da ocorrencia de alguns
limites
Na ¯gura 4.2 temos o esbo»co de um gr¶a¯co de uma fun»c~ao de¯nida no conjuntoR¡ fx0g, para a qual lim
x!x0f(x) = a e lim
x!x1f(x) = b = f(x1).
a
b
y = f(x)y
x0 x0 x
1
Figura 4.2. x0 n~ao est¶a no dom¶³nio de f , limx!x0
f(x) = a, e limx!x1
f(x) = b = f(x1)
Na ¯gura 4.3 temos o esbo»co de um gr¶a¯co de uma fun»c~ao de¯nida em todo oconjunto R, para a qual lim
x!+1f(x) = a e lim
x!¡1f(x) = b.
Na ¯gura 4.4 temos o esboco de um gr¶a¯co de uma fun»c~ao de¯nida em R¡ fag,para a qual lim
x!af(x) = +1. Na ¯gura 4.5 temos o esboco de um gr¶a¯co de uma
fun»c~ao de¯nida em R ¡ fag, para a qual limx!a
f(x) = ¡1. Na ¯gura 4.6 ilustramos oesboco de um gr¶a¯co de uma fun»c~ao de¯nida em R¡fag, para a qual lim
x!af(x) = ¡1,
limx!¡1
f(x) = b e limx!+1
f(x) = ¡1.
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 35
a
b
y = f(x)y
x0
Figura 4.3. limx!+1
f(x) = a, e limx!¡1
f(x) = b
a
y = f(x)
y
x0
Figura 4.4. limx!a
f(x) = +1
a
y = f(x)
y
x0
Figura 4.5. limx!a
f(x) = ¡1
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 36
a
y = f(x)
y
x0
b
Figura 4.6. limx!a
f(x) = ¡1, limx!¡1
f(x) = b, e limx!+1
f(x) = ¡1
4.3 Problemas
1. Calcule os limites.
(a) limx!2
x2 ¡ 4x¡ 2 (b) lim
x!1x2 ¡ x
2x2 + 5x¡ 7(c) lim
k!4k2 ¡ 16pk ¡ 2 (d) lim
h!0(x+ h)3 ¡ x3
h
(e) limh!¡2
h3 + 8
h+ 2(f) lim
z!101
z ¡ 10(g) lim
x!11
(x¡ 1)4 (h) limx!p2
(x2 + 3)(x¡ 4)
(i) limx!p2
15 (j) limx!1=2
2x2 + 5x¡ 36x2 ¡ 7x+ 2
(k) limx!¡2
x3 + 8
x4 ¡ 16 (l) lims!4
6s¡ 12s¡ 9
(m) limx!1
µx2
x¡ 1 ¡1
x¡ 1¶
(n) limh!0
4¡p16 + hh
(o) limt!¡1
(4t2 + 5t¡ 3)3(6t+ 5)4
(p) limh!0
(2 + h)¡2 ¡ 2¡2h
2. Demonstre que se
p(x) = anxn + an¡1xn¡1 + ¢ ¢ ¢+ a1x+ a0; e
q(x) = bmxm + bm¡1xm¡1 + ¢ ¢ ¢+ b1x+ b0;
sendo a0; : : : ; an; b0; : : : ; bn n¶umeros reais com an 6= 0 e bm6= 0, ent~ao
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 37
(a) limx!§1
p(x)
q(x)= lim
x!§1anx
n
bmxm
(b) limx!§1
p(x) = limx!§1
anxn
3. Calcule os limites.
(a) limx!+1
2x+ 3
x+ 3px
(b) limx!+1
3px2 + 1
x+ 1
(c) limx!+1
2x2 ¡ x+ 3x3 ¡ 8x¡ 5 (d) lim
x!¡12x2 ¡ 3x¡ 4p
x2 + 1
(e) limx!+1
(2x+ 3)3(2¡ 3x)2x5 + 5
(f) limx!+1
(px+ a¡px)
(g) limx!+1
(px2 + ax¡ x) (h) lim
x!+1(x+ 3
p1¡ x3)
(i) limx!+1
( 3px+ 8x3 ¡ 2x) (j) lim
x!+1x(px2 + 1¡ x)
4. Considerando as duas primeiras colunas da tabela 4.1, de valores para a fun»c~aog(x) = x2, Jo~aozinho argumentou que, quanto mais pr¶oximo de 0 ¶e o valor de x,mais pr¶oximo de ¡1 ¯ca g(x). Explique porque Jo~aozinho est¶a certo. Isto querdizer que lim
x!0g(x) = ¡1 ? Explique.
4.3.1 Respostas e sugest~oes
1. (a) 4 (b) 1=9 (c) 32 (d) 3x2 (e) 12 (f) n~ao existe (g) +1 (h) 5p2¡ 20 (i) 15
(j) ¡7 (k) ¡3=8 (l) ¡23 (m) 2 (n) ¡1=8 (o) ¡64 (p) ¡1=42. (a)
limx!§1
p(x)
q(x)= limx!§1
anxn³1 + an¡1
anx+ ¢ ¢ ¢+ a1
anxn¡1+ a0
anxn
´bmxm
³1 + bm¡1
bmx+ ¢ ¢ ¢+ b1
bmxm¡1+ b0
bmxm
´
= limx!§1
anxn
bmxm¢ limx!§1
1 + an¡1anx
+ ¢ ¢ ¢+ a1anxn¡1
+ a0anxn
1 + bm¡1bmx
+ ¢ ¢ ¢+ b1bmxm¡1
+ b0bmxm
= limx!§1
anxn
bmxm¢ limx!§1
1 + an¡1§1 + ¢ ¢ ¢+ a1
§1 + a0§1
1 + bm¡1§1 + ¢ ¢ ¢+ b1
§1 + b0§1
= limx!§1
anxn
bmxm¢ 1 + 0 + ¢ ¢ ¢+ 01 + 0 + ¢ ¢ ¢+ 0 = lim
x!§1anx
n
bmxm
3. (a) 2 (b) 0 (c) 0(d) +1.Sugest~ao: lim
x!¡12x2 ¡ 3x¡ 4p
x2 + 1= lim
x!¡1x2¡2¡ 3
x¡ 4
x2
¢qx2¡1 + 1
x2
¢ = limx!¡1
x2¡2¡ 3
x¡ 4
x2
¢jxjq1 + 1
x2
.
Agora, como x! ¡1, temos x < 0, e ent~ao jxj = ¡x.
Limites. Uma introduc»~ao intuitiva 38
(e) 72
(f) 0. Sugest~ao:px+ a¡px = (
px+ a¡px)(px+ a+px)p
x+ a+px
.
(g) a=2 (h) 0. Sugest~ao: Para contornar a indetermina»c~ao +1¡1, fa»cax+
3p1¡ x3 = (x+ 3
p1¡ x3)[x2 ¡ x ¢ 3
p1¡ x3 + ( 3p1¡ x3)2]
x2 ¡ x ¢ 3p1¡ x3 + ( 3p1¡ x3)2 , e use a identidade
(a+ b)(a2 ¡ ab+ b2) = a3 + b3.(i) 0. Sugest~ao: Aproveite a id¶eia usada na solu»c~ao do problema anterior, agora fazendouso da identidade (a¡ b)(a2 + ab+ b2) = a3 ¡ b3.(j) 1=2
Aula 5
Limites laterais
Para cada x real, de¯ne-se o valor absoluto ou m¶odulo de x como sendo
jxj =(
x se x ¸ 0¡x se x < 0
Por exemplo, jp2j = p2, j+ 3j = +3, j¡ 4j = 4, j0j = 0, j1 ¡ p2j = p2 ¡ 1 (pois1¡p2 < 0).
Para apresentar o conceito de limites laterais, consideraremos a fun»c~ao
f(x) = x+x
jxjcujo campo de de¯ni»c~ao (dom¶³nio) ¶e o conjunto R¡ f0g.
Se x > 0, jxj = x e portanto f(x) = x + 1. Se x < 0, jxj = ¡x e portantof(x) = x¡ 1. O gr¶a¯co de f ¶e esbo»cado na ¯gura 5.1.
1
1
-1 x
y
-1
2-2
-2
2
Figura 5.1. Esbo»co do gr¶a¯co de f(x) = x+ xjxj .
39
Limites laterais 40
Se x tende a 0, mantendo-se > 0, f(x) tende a 1. Se tende a 0, mantendo-se< 0, f(x) tende a ¡1.
Dizemos ent~ao que o limite de f(x), quando x tende a 0 pela direita, ¶e igual a 1,e denotamos
limx!0+
f(x) = 1
Dizemos tamb¶em que o limite de f(x), quando x tende a 0 pela esquerda, ¶e iguala ¡1, e denotamos
limx!0¡
f(x) = ¡1
De um modo geral, sendo f(x) uma fun»c~ao, se x0 est¶a no interior ou ¶e extremoinferior de um intervalo contido em D(f),
limx!x+
0
f(x) signi¯ca limx!x0x>x0
f(x)
Se x0 est¶a no interior ou ¶e extremo superior de um intervalo contido em D(f),
limx!x¡
0
f(x) signi¯ca limx!x0x<x0
f(x)
Exemplo 5.1
Consideremos agora a fun»c~ao f(x) = 1=x. Conforme j¶a observado no exemplo 4.7, aula4 (reveja-o), esta fun»c~ao n~ao tem limite quando x! 0.
Temos D(f) = R¡ f0g = ]¡1; 0[ [ ]0;+1[. Assim, 0 ¶e extremo superior dointervalo ]¡1; 0[½ D(f), e tamb¶em ¶e extremo inferior do intervalo ]0;+1[½ D(f).
1
1
-1 x
y
-1
2-2
-2
2
3
3
0
y=1/x
Figura 5.2. limx!0+ 1x= +1, limx!0¡ 1
x= ¡1
No esbo»co do gr¶a¯co de f , ¯gura 5.2, ilustramos a ocorrencia dos limites laterais
limx!0+
1
x= lim
x!0x>0
1
x= +1 lim
x!0¡1
x= lim
x!0x<0
1
x= ¡1
Limites laterais 41
(Tamb¶em ilustramos que limx!+1
1x= lim
x!¡11x= 0.)
Neste caso, ¶e conveniente denotar, introduzindo novos s¶³mbolos em nossa ¶algebrade limites,
limx!0+
1
x=1
0+= +1 lim
x!0¡1
x=1
0¡= ¡1
Observa»c~ao 5.1 Em geral, dizemos que
limx!x0
f(x) = 0+ se
(i) limx!x0
f(x) = 0, e
(ii) f(x) mant¶em-se > 0 quando x! x0, ou seja, f(x) > 0 para todo x su¯ciente-mente pr¶oximo de x0.
Dizemos que limx!x0
f(x) = 0¡ se
(i) limx!x0
f(x) = 0, e
(ii) f(x) mant¶em-se < 0 quando x! x0, ou seja, f(x) < 0 para todo x su¯ciente-mente pr¶oximo de x0.
Escrevemos ainda limx!x+
0
f(x) = 0+ para indicar que
(i) limx!x+
0
f(x) = 0, e (ii) f(x) > 0 quando x! x0 e x > x0.
Analogamente, podemos tamb¶em conceituar os casos
limx!x+
0
f(x) = 0¡, limx!x¡
0
f(x) = 0¡, e limx!x¡
0
f(x) = 0+.
Nossa ¶algebra de limites passa a contar agora com os seguintes novos resultados:
c
0+=
(+1 se c > 0
¡1 se c < 0
c
0¡=
(¡1 se c > 0
+1 se c < 0
Tamb¶em ¶e f¶acil intuir que
+10+
= +1 +10¡
= ¡1 ¡10+
= ¡1 ¡10¡
= +1
Exemplo 5.2
limx!1(x¡ 1)2 = 0+, portanto lim
x!11
(x¡ 1)2 =1
0+= +1.
Limites laterais 42
limx!0+
2x¡ 3x
=¡30+
= ¡1
limx!+1
5
x¡ 3 =5
+1 = 0+
Exemplo 5.3 Calcular limx!¡2+
x+ 2
jx+ 2j e limx!¡2¡
x+ 2
jx+ 2j
Solu»c~ao. Observe que x+ 2 > 0 se e somente se x > ¡2.Assim sendo, se x > ¡2, temos x+ 2 > 0 e ent~ao jx+ 2j = x+ 2.Por outro lado, se x < ¡2, temos x+ 2 < 0 e ent~ao jx+ 2j = ¡(x+ 2).Assim sendo, temos
limx!¡2+
x+ 2
jx+ 2j = limx!¡2x>¡2
x+ 2
jx+ 2j = limx!¡2x>¡2
x+ 2
x+ 2= lim
x!¡21 = 1
limx!¡2¡
x+ 2
jx+ 2j = limx!¡2x<¡2
x+ 2
jx+ 2j = limx!¡2x<¡2
x+ 2
¡(x+ 2) = limx!¡2
¡1 = ¡1
Observa»c~ao 5.2 A a¯rma»c~aolimx!x0
f(x) = a
¶e equivalente µa a¯rma»c~ao, simultanea, de que
limx!x+
0
f(x) = a e limx!x¡
0
f(x) = a
Se no entanto f(x) ¶e de¯nida para x > x0, mas n~ao ¶e de¯nida para x < x0, ent~ao
limx!x0 f(x) = a signi¯ca limx!x+0
f(x) = a
Por exemplo, limx!0px = 0, muito embora
px n~ao esteja de¯nida para x < 0.
Neste caso, a¯rmar que limx!0px = 0 signi¯ca que limx!0+
px = 0, j¶a que n~ao se
de¯ne o limite limx!0¡px
Observa»c~ao 5.3 (O gr¶a¯co de uma fun»c~ao cont¶³nua em [a; b])
No exemplo ao in¶³cio da aula, vimos que a fun»c~ao f(x) = x+ x=jxj tem limites lateraisdiferentes no ponto x0 = 0, sendo lim
x!0+f(x) = 1 e lim
x!0¡f(x) = ¡1. Assim, conforme
podemos vizualizar na ¯gura 5.1, o gr¶a¯co de f apresenta um salto no ponto 0.
Tamb¶em a fun»c~ao f(x) = 1=x tem um salto no ponto 0. Agora por¶em o salto ¶ein¯nito, sendo lim
x!0+f(x) = +1 e lim
x!0¡f(x) = ¡1.
Limites laterais 43
a x
y
b0
f(a)
f(b)
Figura 5.3. f ¶e cont¶³nua e diferenci¶avel no intervalo [a; b].
a x
y
b0
f(a)
f(b)
c d
Figura 5.4. f ¶e cont¶³nua no intervalo [a; b], mas n~ao tem derivadas nos pontos c e d.
Na aula 4, estivemos observando que a fun»c~ao f(x) = 1=x2 tem limite in¯nito noponto 0: lim
x!0f(x) = +1. Aqui, nas proximidades de 0, o gr¶a¯co \salta" para cima dos
dois lados, apresentando uma quebra na curva do gr¶a¯co.
Quando uma fun»c~ao f(x) ¶e cont¶³nua nos pontos de um intervalo [a; b], a curvay = f(x), a · x · b, gr¶a¯co de f no intervalo [a; b], n~ao apresenta quebras ou saltos.
Intuitivamente falando, podemos desenhar o gr¶a¯co ligando o ponto inicial A =(a; f(a)) ao ponto ¯nal B = (b; f(b)) sem tirarmos o l¶apis do papel, tal como na ¯gura5.3.
Observa»c~ao 5.4 (Uma fun»c~ao cont¶³nua pode n~ao ter derivada sempre) J¶a na ¯gu-ra 5.4 temos uma ilustra»c~ao de uma fun»c~ao cont¶³nua no intervalo [a; b] que, no entanto,n~ao tem derivada em dois pontos desse intervalo. Note que nos pontos correspondentesa c e d n~ao ¶e poss¶³vel tra»car retas tangentes ao gr¶a¯co de f .
Observa»c~ao 5.5 (Continuidade signi¯ca lim¢x!0
¢f = 0) Na observa»c~ao 2.1, aula 2,
vimos que, sendo x0 2 D(f), se existe f 0(x0) ent~ao lim¢x!0
¢f = 0. Na verdade, n~ao ¶e
necess¶ario termos f diferenci¶avel x0 para que tenhamos lim¢x!0
¢f = 0.
Limites laterais 44
A condi»c~ao necess¶aria e su¯ciente para que tenhamos lim¢x!0
¢f = 0 ¶e que f seja
cont¶³nua no ponto x0.
Vejamos: ¢f = f(x0 +¢x)¡ f(x0).Fazendo x = x0 + ¢x, temos ¢f = f(x) ¡ f(x0). Temos que ¢x ! 0 se e
somente se x! x0.
Se lim¢x!0
¢f = 0, ent~ao limx!x0
(f(x)¡ f(x0)) = 0, logolimx!x0
f(x) = limx!x0
[(f(x)¡ f(x0)) + f(x0)] = 0 + f(x0) = f(x0). Assim, f ¶e cont¶³nuaem x0.
Se f ¶e cont¶³nua em x0, limx!x0
f(x) = f(x0). Logo, limx!x0
(f(x) ¡ f(x0)) = 0, e
ent~ao lim¢x!0
¢f = 0.
Assim, lim¢x!0
¢f = 0, limx!x0
f(x) = f(x0).
Quando existe f 0(x0), temos lim¢x!0
¢f = 0 e ent~ao limx!x0
f(x) = f(x0), ou seja
Se f tem derivada em x0 ent~ao f ¶e cont¶³nua em x0.
No entanto, podemos ter f cont¶³nua em x0, sem ter derivada em x0. Veja proble-mas 5 e 6 abaixo.
5.1 Problemas
-1/2
-1
1 20 x
y
Figura 5.5.
Limites laterais 45
1. Na ¯gura 5.5 est¶a esbo»cado o gr¶a¯co de uma fun»c~ao y = f(x). Complete asigualdades:
(a) limx!1¡
f(x) = (b) limx!1+
f(x) = (c) limx!2¡
f(x) =
(d) limx!2+
f(x) = (e) limx!0¡
f(x) = (f) limx!0+
f(x) =
(g) limx!+1
f(x) = (h) limx!¡1
f(x) =
2. Em que pontos a fun»c~ao f do problema anterior ¶e de¯nida? Em quais pontos ¶econt¶³nua?
3. Calcule os limites laterais
(a) limx!¼¡
j¼ ¡ xjx¡ ¼ (b) lim
x!¼+j¼ ¡ xjx¡ ¼ (c) lim
x!8¡1
x¡ 8(d) lim
x!8+1
x¡ 8 (e) limx!2+
x2 ¡ 5x+ 42¡ x (f) lim
x!2+px¡ 2
4. Calcule os limites limx!¡3+
f(x), limx!¡3¡
f(x) e diga se existe o limite limx!¡3
f(x).
Diga tamb¶em se f ¶e cont¶³nua no ponto ¡3.
(a) f(x) =
8<:
1
2¡ 3x se x < ¡33px+ 2 se x ¸ ¡3
(b) f(x) =
8<:
9
x2se x · ¡3
3p4 + x se x > ¡3
5. Veri¯que que a fun»c~ao f(x) = jxj ¶e cont¶³nua em x0 = 0, mas n~ao existe f 0(0)(mostre que n~ao existe o limite lim
¢x!0f(0+¢x)¡f(0)
¢x). Mostre que existem os limites
laterais lim¢x!0+
f(0+¢x)¡f(0)¢x
e lim¢x!0¡
f(0+¢x)¡f(0)¢x
, chamados respectivamente de
derivada direita de f no ponto 0 (f 0(0+)) e derivada esquerda de f no ponto 0(f 0(0¡)). Esboce o gr¶a¯co de f e interprete geometricamente os fatos deduzidosacima.
6. Veri¯que que a fun»c~ao f(x) = 3px ¶e cont¶³nua em x0 = 0, mas lim
¢x!0f(0+¢x)¡f(0)
¢x=
+1. Neste caso, por abuso de linguagem, dizemos que f 0(0) = +1. Esboce ogr¶a¯co de f , tra»cando-o cuidadosamente atrav¶es dos pontos de abcissas 0, §1=8,§1, §8, e interprete geometricamente o fato de que f 0(0) = +1.
5.1.1 Respostas e sugest~oes
1. (a) ¡1 (b) ¡1=2 (c) +1 (d) 0 (e) ¡1 (f) ¡1 (g) ¡1=2 (h) ¡12. A fun»c~ao f ¶e de¯nida em R¡ f1g. ¶E cont¶³nua em R¡ f1; 2g.3. (a) ¡1 (b) 1 (c) ¡1 (d) +1 (e) +1 (f) 0
Limites laterais 46
4.
(a) limx!¡3+
f(x) = ¡1, limx!¡3¡
f(x) = 1=11. N~ao se de¯ne (n~ao existe) o limite
limx!¡3
f(x). f(¡3) = ¡1, mas como n~ao existe limx!¡3
f(x), f n~ao ¶e cont¶³nua no ponto
¡3.(b) lim
x!¡3+f(x) = 1, lim
x!¡3¡f(x) = 1, lim
x!¡3f(x) = 1. f ¶e cont¶³nua no ponto ¡3 pois
limx!¡3
f(x) = f(¡3).
5. Ao esbo»car o gr¶a¯co de f , notamos que f(x) = x, se x ¸ 0, e f(x) = x, se x · 0.Assim, f 0(0+) = 1 indica a presen»ca de uma reta tangente ao gr¶a¯co de f , \µa direita doponto (0; 0)", como sendo a reta tangente ao gr¶a¯co de y = x, x ¸ 0, no ponto (0; 0) (areta tangente a uma reta ¶e a pr¶opria reta). Analogamente, interpreta-se f 0(0¡) = ¡1.
6. f 0(0) = +1 signi¯ca que a reta tangente µa curva y = 3px, no ponto (0; 0), ¶e vertical.
Aula 6
Esbo»cando gr¶a¯cos: primeiros passos
Existe o processo simples de esbo»car-se o gr¶a¯co de uma fun»c~ao cont¶³nua ligando-seum n¶umero ¯nito de pontos P1 = (x1; f(x1)); : : : ; Pn = (xn; f(xn)), de seu gr¶a¯co, noplano xy. Mas este procedimento nem sempre revela as nuances do gr¶a¯co.
Nesta aula veremos como as derivadas s~ao ferramentas auxiliares no esbo»co dessesgr¶a¯cos, provendo informa»c~oes qualitativas que n~ao podem ser descobertas atrav¶es deuma simples plotagem de pontos.
6.1 Crescimento e decrescimento
x
f(x)
x
y
quando x cresce
f(x) cresce
1 2xx
f(x )1
f(x )2
0
Figura 6.1. f ¶e crescente em um certo intervalo I.
De¯ni»c~ao 6.1
1. A fun»c~ao f(x) ¶e crescente no intervalo I (I ½ R) se, nesse intervalo, quando xaumenta de valor, f(x) tamb¶em aumenta de valor.
Em outras palavras, f ¶e crescente se vale a implica»c~ao
x1 < x2 ) f(x1) < f(x2)
47
Esboc»ando gr¶aficos: primeiros passos 48
para quaisquer x1; x2 2 I.2. A fun»c~ao f(x) ¶e decrescente no intervalo I (I ½ R) se, nesse intervalo, quando
x cresce em valor, f(x) decresce.
Em outras palavras, f ¶e decrescente se vale a implica»c~ao
x1 < x2 ) f(x1) > f(x2)
para quaisquer x1; x2 2 I.
x
f(x)
x
y
quando x cresce
f(x) decresce
f(x )1
f(x )2
1 2xx
y=f(x)
0
Figura 6.2. f ¶e decrescente em um certo intervalo I.
Teorema 6.1 Suponhamos que f ¶e cont¶³nua no intervalo fechado [a; b] e tem derivadanos pontos do intervalo aberto ]a; b[.
1. Se f 0(x) > 0 nos pontos do intervalo aberto ]a; b[, ent~ao f ¶e crescente nointervalo [a; b].
2. Se f 0(x) < 0 nos pontos do intervalo aberto ]a; b[, ent~ao f ¶e decrescente nointervalo [a; b].
N~ao iremos demonstrar o teorema 6.1 aqui. Iremos apenas ilustrar geometricamente ofato de que esse teorema ¶e bastante plaus¶³vel.
Na ¯gura 6.3, em que f ¶e crescente em um certo intervalo [a; b], todas as retastangentes ao gr¶a¯co de f , no intervalo ]a; b[, s~ao inclinadas para a direita. Da¶³ oscoe¯cientes angulares dessas retas s~ao todos positivos. Como o coe¯ciente angular emum ponto P = (c; f(c)) ¶e f 0(c), temos f 0(c) > 0 para cada c 2]a; b[.
O comportamento de f 0(x) nos extremos do intervalo n~ao precisa ser levado emconsidera»c~ao. Na ¯gura 6.3, temos f 0(a) = 0 e f 0(b) = +1 (a reta tangente em(b; f(b)) ¶e vertical, lim
x!b¡f 0(x) = +1).
Na ¯gura 6.4, em que f ¶e decrescente em um certo intervalo [a; b], todas as retastangentes ao gr¶a¯co de f , no intervalo ]a; b[, s~ao inclinadas para a esquerda. Da¶³ os
Esboc»ando gr¶aficos: primeiros passos 49
a b
Figura 6.3. Os coe¯cientes angulares, das retas tangentes, sempre positivos, ¶e indicativode fun»c~ao crescente.
coe¯cientes angulares dessas retas s~ao todos negativos. Como o coe¯ciente angular emum ponto P = (c; f(c)) ¶e f 0(c), temos f 0(c) < 0 para cada c 2]a; b[.
O comportamento de f 0(x) nos extremos do intervalo n~ao precisa ser levado emconsidera»c~ao. Na ¯gura 6.4, temos f 0(a) = 0 e f 0(b) = ¡1 (a reta tangente em(b; f(b)) ¶e vertical, lim
x!b¡f 0(x) = ¡1).
a
b
Figura 6.4. Os coe¯cientes angulares, das retas tangentes, sempre negativos, ¶e indicativode fun»c~ao decrescente.
De¯ni»c~ao 6.2 (Pontos de m¶aximo e pontos de m¶³nimo locais)
Um ponto x0, no dom¶³nio da fun»c~ao f , ¶e um ponto de m¶³nimo local de f se existe umintervalo [a; b] contido no dom¶³nio de f , com a < x0 < b, tal que f(x) ¸ f(x0) paratodo x em [a; b].Isto ocorre, por exemplo, no caso em que existem intervalos [a; x0] e [x0; b] contidosem D(f) tais que f ¶e decrescente em [a; x0] e ¶e crescente em [x0; b]. Veja ¯gura 6.5.
Se, ao contr¶ario, f(x) · f(x0), para todo x em [a; b], x0 ¶e um ponto de m¶aximo localde f .Isto se d¶a, por exemplo, quando existem intervalos [a; x0] e [x0; b] contidos em D(f)tais que f ¶e crescente em [a; x0] e decrescente em [x0; b]. Veja ¯gura 6.6.
Esboc»ando gr¶aficos: primeiros passos 50
a bx0
f(x )0
Figura 6.5. x0 ¶e um ponto de m¶³nimo local. Note que f0(x0) = 0 se f tem derivada em
x0 pois, em um ponto de m¶³nimo local, a reta tangente ao gr¶a¯co deve ser horizontal.
a bx0
f(x )0
Figura 6.6. x0 ¶e um ponto de m¶aximo local. Note que f0(x0) = 0 se f tem derivada em
x0 pois, em um ponto de m¶aximo local, a reta tangente ao gr¶a¯co deve ser horizontal.
6.2 Derivadas de ordem superior e concavidades do
gr¶a¯co
Sendo f uma fun»c~ao, de¯nimos f 0 como sendo a fun»c~ao derivada de f , e f 00 (le-se \fduas linhas") como sendo a derivada da derivada de f , ou seja
f 00(x) = (f 0(x))0 = lim¢x!0
f 0(x+¢x)¡ f 0(x)¢x
¶E costume denotar tamb¶em, sendo y = f(x),
f 00(x) = f (2)(x) =d2y
dx2=d
dx
µdy
dx
¶
A nota»c~ao d2y
dx2¶e lida \de dois y de x dois".
Analogamente, de¯nem-se
f 000(x) = f (3)(x) = (f 00(x))0 =d3y
dx3=d
dx
µd2y
dx2
¶
e para cada n ¸ 2
f (n)(x) = (f (n¡1)(x))0 =dny
dxn=d
dx
µdn¡1ydxn¡1
¶
Esboc»ando gr¶aficos: primeiros passos 51
De¯ni»c~ao 6.3
1. O gr¶a¯co de y = f(x) ¶e concavo para cima (ou tem concavidade voltada paracima) no intervalo aberto I se, exceto pelos pontos de tangencia, a curva y =f(x) est¶a, nesse intervalo, sempre no semi-plano acima de cada reta tangente aela nesse intervalo (veja ¯gura 6.7).
Dizemos que o intervalo I ¶e aberto quando I tem uma das formas: ]a; b[, ]a;+1[,]¡1; b[.
2. O gr¶a¯co de y = f(x) ¶e concavo para baixo (ou tem concavidade voltada parabaixo) no intervalo aberto I se, exceto pelos pontos de tangencia, a curva y =f(x) est¶a, nesse intervalo, sempre no semi-plano abaixo de cada reta tangentea ela (veja ¯gura 6.8).
x
Figura 6.7. Neste gr¶a¯co a curva y = f(x) ¶e concava para cima, para valores de x emum certo intervalo aberto I. Isto quer dizer que, exceto pelos pontos de tangencia, acurva y = f(x) (para x 2 I) est¶a sempre no semi-plano acima de cada reta tangentea ela. Neste caso, µa medida em que x cresce, cresce tamb¶em o coe¯ciente angular dareta tangente µa curva no ponto (x; f(x)), na ¯gura passando de negativo a positivo.
x
Figura 6.8. Neste gr¶a¯co a curva y = f(x) ¶e concava para baixo, para valores de x emum certo intervalo aberto I. Isto quer dizer que, exceto pelos pontos de tangencia, acurva y = f(x) (para x 2 I) est¶a sempre no semi-plano abaixo de cada reta tangentea ela. Neste caso, µa medida em que x cresce, decresce o coe¯ciente angular da retatangente µa curva no ponto (x; f(x)), na ¯gura passando de positivo a negativo.
Esboc»ando gr¶aficos: primeiros passos 52
Teorema 6.2 Sendo f(x) deriv¶avel duas vezes nos pontos do intervalo aberto I,
1. se f 00(x) > 0 para todo x 2 I, ent~ao a curva y = f(x) ¶e concava para cima emI;
2. se f 00(x) < 0 para todo x 2 I, ent~ao a curva y = f(x) ¶e concava para baixo emI.
N~ao demonstraremos o teorema 6.2 aqui, mas faremos a seguinte observa»c~ao.
Se f 00(x) > 0 nos pontos x 2 I ent~ao, pelo teorema 6.1, a fun»c~ao f 0(x) ¶e crescenteem I. Assim, f 0(x) cresce µa medida em que x cresce, como na ¯gura 6.7. Desse modo,temos a curva y = f(x) concava para cima em I.
Se f 00(x) < 0 nos pontos x 2 I ent~ao, pelo teorema 6.1, a fun»c~ao f 0(x) ¶edecrescente em I. Assim, f 0(x) decresce µa medida em que x cresce, como na ¯gura 6.8.Desse modo, temos a curva y = f(x) concava para baixo em I.
De¯ni»c~ao 6.4 (Pontos de in°ex~ao da curva y = f(x))O ponto P = (x0; f(x0)) ¶e um ponto de in°ex~ao da curva y = f(x) se esta curva ¶econcava para cima (ou para baixo) em um intervalo ]®; x0[ (® real ou ¡1) e concavapara baixo (respectivamente, para cima) em um intervalo ]x0; ¯[ (¯ real ou +1).Isto quer dizer que o ponto P = (x0; f(x0)) ¶e um ponto de mudan»ca do sentido deconcavidade do gr¶a¯co de f . Veja ¯gura 6.9.
x
P
x0
Figura 6.9. P ¶e um ponto de in°ex~ao do gr¶a¯co de f .
Tendo em vista o resultado do teorema 6.2, se f 00(x) ¶e cont¶³nua, os candidatos apontos de in°ex~ao s~ao os pontos (x; f(x)) para os quais f 00(x) = 0.
Exemplo 6.1 Consideremos a fun»c~ao f(x) = x2 ¡ 3x.
Temos f 0(x) = 2x ¡ 3 e f 00(x) = 2. Assim, f e suas derivadas f 0 e f 00 s~ao todascont¶³nuas em R.
Analisando a varia»c~ao de sinal de f 0(x), deduzimos:
f 0(x) > 0, 2x¡ 3 > 0, x > 3=2
Assim, f(x) ¶e crescente no intervalo x ¸ 3=2 (ou seja, no intervalo [3=2;+1[).Por outro lado, f(x) ¶e decrescente no intervalo ]¡1; 3=2].Desse modo, em x0 = 3=2, temos um ponto m¶³nimo local, que acontece ser o
ponto de m¶³nimo de f(x). Note que f 0(3=2) = 0, pois se x0 ¶e um ponto de m¶aximo ou
Esboc»ando gr¶aficos: primeiros passos 53
m¶³nimo local, de uma fun»c~ao deriv¶avel, a reta tangente ao gr¶a¯co em (x0; f(x0)) deveser horizontal.
Como f 00(x) = 2 > 0 para todo x, o gr¶a¯co de f tem a concavidade semprevoltada para cima.
Com os elementos deduzidos acima, notando que f(3=2) = ¡9=4, e que 0 e 3 s~aoas ra¶³zes de f (solu»c~oes da equa»c~ao f(x) = 0), temos o esbo»co da curva y = x2 ¡ 3xna ¯gura 6.10.
1 2 3
3/2
-9/4
-2
-1
0 x
y
Figura 6.10.
Aqui levamos em conta tamb¶em que limx!+1
f(x) = +1 e limx!¡1
f(x) = +1.
Exemplo 6.2 Consideremos a fun»c~ao f(x) = x3 ¡ 3x2.
Temos f 0(x) = 3x2¡6x e f 00(x) = 6x¡6. Assim, f e suas derivadas f 0 e f 00 s~ao todascont¶³nuas em R.
Analisando a varia»c~ao de sinal de f 0(x), deduzimos:
f 0(x) = 3x(x¡ 2) > 0, x < 0 ou x > 2
Assim, f(x) ¶e crescente no intervalo ]¡1; 0] e tamb¶em ¶e crescente no intervalo[2;+1[, sendo decrescente no intervalo [0; 2]. Desse modo 0 ¶e ponto de m¶aximo localde f e 2 ¶e ponto de m¶³nimo local. Repare que 0 e 2 s~ao ra¶³zes de f 0(x). Assim, nospontos (0; f(0)) = (0; 0) e (2; f(2)) = (2;¡4) as retas tangentes ao gr¶a¯co de f s~aohorizontais.
Analisando a varia»c~ao de sinal de f 00(x), temos
f 00(x) = 6x¡ 6 > 0, x > 1
Assim, a curva y = x3 ¡ 3x2, gr¶a¯co de f , tem concavidade voltada para cima quandox > 1, e para baixo quando x < 1. O ponto P = (1; f(1)) = (1;¡2) ¶e ponto dein°ex~ao do gr¶a¯co.
Esboc»ando gr¶aficos: primeiros passos 54
1 2 3
-2
-1
0
x
y
-4
Figura 6.11.
Com os elementos deduzidos acima, notando que 0 e 3 s~ao as ra¶³zes de f (solu»c~oesda equa»c~ao f(x) = 0), temos o esbo»co da curva y = x3 ¡ 3x2 na ¯gura 6.11.
Aqui levamos em conta tamb¶em que limx!+1
f(x) = +1 e limx!¡1
f(x) = ¡1.
6.3 Problemas
Cada uma das fun»c~oes f(x) dadas abaixo tem como dom¶³nio todo o conjunto R. Paracada uma delas,
(a) Calcule f 0(x) e determine os intervalos em que f ¶e crescente e aqueles em que f¶e decrescente;
(b) Determine os pontos de m¶aximo locais e os pontos de m¶³nimo locais de f , bemcomo os valores de f(x) nesses pontos;
(c) Calcule f 00(x) e determine os intervalos em que a curva y = f(x) ¶e concava paracima e aqueles em que ela ¶e concava para baixo;
(d) Determine os pontos de in°ex~ao da curva y = f(x);
(e) Calcule as ra¶³zes de f (solu»c~oes da equa»c~ao f(x) = 0), quando isto n~ao for dif¶³cil;
(f) Calcule os limites limx!+1
f(x) e limx!¡1
f(x).
(g) A partir dos dados coletados acima, fa»ca um esbo»co bonito do gr¶a¯co de f .
1. f(x) = ¡x2 + 2x+ 1
Esboc»ando gr¶aficos: primeiros passos 55
2. f(x) = x3 ¡ 6x2 + 9x3. f(x) = 3x4 ¡ 4x3 ¡ 12x2 + 8
4. f(x) =x2 + 3
x2 + 1
5. f(x) = 2x3 ¡ 9x2 + 12x¡ 6
6. f(x) =4x
x2 + 1
6.3.1 Respostas e sugest~oes
1. (a) f 0(x) = ¡2x+2. f % (¶e crescente) em ]¡1; 1], e & (¶e decrescente) em [1;+1[.(b) 1 ¶e ponto de m¶aximo local de f . f(1) = 2. (c) f 00(x) = ¡2. A curva y = f(x)¶e sempre concava para baixo. (d) A curva y = f(x) n~ao tem pontos de in°ex~ao.(e) As ra¶³zes de f s~ao 1 ¡ p2 ¼ ¡0; 6 e 1 + p2 ¼ 2; 4. (f) lim
x!+1 f(x) = ¡1,lim
x!¡1 f(x) = ¡1.
2. (a) f 0(x) = 3x2¡12x+9. f % em ]¡1; 1],& em [1; 3], e% novamente em [3;+1[.(b) 1 ¶e ponto de m¶aximo local de f , 3 ¶e ponto de m¶³nimo local. f(1) = 4, f(3) = 0.(c) f 00(x) = ¡6x¡ 12. A curva y = f(x) ¶e _ (concava para baixo) em ]¡1; 2[ e ^(concava para cima) em ]2;+1[. (d) P = (2; 2) ¶e o ¶unico ponto de in°ex~ao do gr¶a¯code f . (e) As ra¶³zes de f s~ao 0 e 3. (f) lim
x!+1 f(x) = +1, limx!¡1 f(x) = ¡1.
3. (a) f 0(x) = 12x3 ¡ 12x2 ¡ 24x = 12(x3 ¡ x2 ¡ 2x). f & em ]¡1;¡1], % em [1; 0],& em [0; 2] e % em [2;+1[. (b) ¡1 e 2 s~ao pontos de m¶³nimo locais de f , 0 ¶e pontode m¶aximo local. f(¡1) = 3, f(0) = 8, f(2) = ¡24. (c) f 00(x) = 36x2 ¡ 24x¡ 24 =12(3x2 ¡ 2x ¡ 2). A curva y = f(x) ¶e ^ em ] ¡1; x1[ e em ]x2;+1[, e ¶e _ em]x1; x2[, sendo x1 = (1 ¡ p7)=3 ¼ ¡0; 5 e x2 = (1 +
p7)=2 ¼ 1; 2. (d) Os pontos
de in°ex~ao do gr¶a¯co s~ao (x1; f(x1)) e (x2; f(x2)). (e) As ra¶³zes de f n~ao podem serdeterminadas com facilidade. Gra¯camente, poderemos notar que f tem uma raiz entre0 e 1, e uma outra entre 2 e 3. (f) lim
x!+1 f(x) = +1, limx!¡1 f(x) = +1.
4. (a) f 0(x) =¡4x
(x2 + 1)2. f % em ]¡ 1; 0], e & em [0;+1[. (b) 0 ¶e ponto de
m¶aximo local de f . f(0) = 3. (c) f 00(x) =4(3x2 ¡ 1)(x2 + 1)3
. A curva y = f(x) ¶e ^ em
]¡1;¡p3=3[ e em ]p3=3;+1[, e ¶e_ em ]¡p3=3;p3=3[. (d) Os pontos de in°ex~aodo gr¶a¯co s~ao (¡p3=3; 5=2) e (p3=3; 5=2), sendo p3=3 ¼ 0; 6. (e) f n~ao tem ra¶³zes:f(x) > 0 para todo x real. (f) lim
x!+1 f(x) = 1, limx!¡1 f(x) = 1.
5. (a) f 0(x) = 6x2¡ 18x+12 = 6(x2¡ 3x+2). f % em ]¡1; 1], & em [1; 2], e % em[2;+1[. (b) 1 ¶e ponto de m¶aximo local de f , 2 ¶e ponto de m¶³nimo local. f(1) = ¡1,f(2) = ¡2. (c) f 00(x) = 12x¡ 18 = 6(2x¡ 3). A curva y = f(x) ¶e ^ em ]3=2;+1[e ¶e _ em ]¡1; 3=2[. (d) O ponto de in°ex~ao do gr¶a¯co ¶e (3=2;¡3=2). (e) As ra¶³zes
Esboc»ando gr¶aficos: primeiros passos 56
de f n~ao podem ser determinadas com facilidade. Gra¯camente, poderemos notar quef tem uma raiz entre 2 e 3 (f) lim
x!+1 f(x) = +1, limx!¡1 f(x) = ¡1.
6. (a) f 0(x) =4(1¡ x2)(1 + x2)2
. f & em ]¡1;¡1], % em [¡1; 1], e & em [1;+1[. (b) ¡1¶e ponto de m¶³nimo local de f , 1 ¶e ponto de m¶aximo local. f(¡1) = 2, f(1) = 2. (c)f 00(x) =
8x(x2 ¡ 3)(1 + x2)3
. A curva y = f(x) ¶e _ em ]¡1;¡p3[, ^ em ]¡ p3; 0[, _em ]0;
p3[ e ^ em
p3;+1[. (d) Os pontos de in°ex~ao do gr¶a¯co s~ao (¡p3;¡p3),
(0; 0) e (p3;p3) (e) A ¶unica ra¶³z de f ¶e 0. (f) lim
x!+1 f(x) = 0, limx!¡1 f(x) = 0.
Esbo»cos dos gr¶a¯cos:
1.
1 2 3-1 0 x
y
2
-2
2.
1 2 3
2
0 x
y
4
3.
1 2 30
x
y
-1-2
10
-20
-10
(2,-24)
8(-1,3)
4.
0 1 2
2
x
y
3 4-1-2-3
3
5.
1 2 3
4
0 x
y
2
-2
-4
-6
6.
0 1 2
2
x
y
3 4-1-2-3
-2
Aula 7
Esbo»cando gr¶a¯cos: zeros nodenominador e retas ass¶³ntotas
Na aula 6, estivemos concentrados no estudo de fun»c~oes cont¶³nuas em R, com derivadasprimeira e segunda tamb¶em cont¶³nuas.
Nesta aula, estaremos voltando nossa aten»c~ao para fun»c~oes alg¶ebricas. Uma fun»c~ao¶e alg¶ebrica quando sua f¶ormula f(x) envolve todas ou algumas das quatro opera»c~oesracionais +, ¡, £ e ¥, e eventualmente extra»c~oes de ra¶³zes n-¶esimas ( np ).
Na verdade, as fun»c~oes da aula 6 s~ao tamb¶em fun»c~oes alg¶ebricas.
As fun»c~oes alg¶ebricas que estaremos estudando agora, por¶em, tem uma ou v¶arias dasseguintes peculiaridades:
(i) o denominador na f¶ormula de f(x) se anula para um ou mais valores de x;
(ii) para alguns valores de x, f ¶e cont¶³nua em x, mas f 0 n~ao o ¶e;
(iii) para alguns valores de x, f e f 0 s~ao cont¶³nuas em x, mas f 00 n~ao o ¶e;
(iv) quando x ! +1 (ou quando x ! ¡1), a curva y = f(x) aproxima-seinde¯nidamente de uma reta (chamada reta ass¶³ntota da curva y = f(x)). (Osgr¶a¯cos das fun»c~oes dos problemas 4 e 6, p¶agina 55, tem ass¶³ntotas horizontais).
A apresenta»c~ao desses novos aspectos no esbo»co de gr¶a¯cos de fun»c~oes ser¶a feitaatrav¶es de exemplos. Vamos a eles.
Exemplo 7.1 Esbo»car o gr¶a¯co de f , sendo f(x) =2x+ 1
x¡ 2 , ou seja, esbo»car a curva
y =2x+ 1
x¡ 2 .
Detectando ass¶³ntotas verticais
Repare que D(f) = R¡ f2g.
57
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 58
Agora, limx!2+
f(x) = limx!2x>2
=5
0+= +1, e lim
x!2¡f(x) = lim
x!2x<2
=5
0¡= ¡1
Esses limites laterais, sendo in¯nitos, detectam que a reta vertical de equa»c~aox = 2 ¶e uma ass¶³ntota vertical do gr¶a¯co de f . Mais precisamente, esses limites lateraisdetectam que
quando x ! 2+, os pontos correspondentes, no gr¶a¯co, \sobem" no plano xy, aproxi-mando-se inde¯nidamente dessa reta. Quando x! 2¡, os pontos do gr¶a¯co \descem"no plano xy, tamb¶em aproximando-se inde¯nidamente da reta ass¶³ntota.
Crescimento e decrescimento
Temos
f 0(x) =(2x+ 1)0(x¡ 2)¡ (x¡ 2)0(2x+ 1)
(x¡ 2)2 =2(x¡ 2)¡ (2x+ 1)
(x¡ 2)2
Portanto
f 0(x) =¡5
(x¡ 2)2Assim sendo f 0(x) < 0 para todo x em D(f) = R¡ f2g. Esta fun»c~ao f n~ao pode term¶aximos nem m¶³nimos locais.
Temos o seguinte diagrama de sinais de f 0 e intervalos de crescimento e decresci-mento de f :
f
f _ '
f (2)
2 x_
∃
Concavidades do gr¶a¯co
Temos
f 00(x) =· ¡5(x¡ 2)2
¸0= [¡5(x¡ 2)¡2]0 = 10(x¡ 2)¡3
Temos o seguinte diagrama de sinais de f 00 e dire»c~oes de concavidades do gr¶a¯co de f :
f _ '' 2
xy = f(x)
+
Como 262 D(f), o gr¶a¯co n~ao tem ponto de in°ex~ao.Comportamento no in¯nito (outras ass¶³ntotas)
limx!+1
f(x) = limx!+1
2x+ 1
x¡ 2 = 2
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 59
Tamb¶em limx!¡1
f(x) = 2
Assim, a reta y = 2 ¶e uma ass¶³ntota horizontal µa direita e µa esquerda do gr¶a¯code f .
Esbo»co do gr¶a¯co de f , com base nos aspectos estudados acima: ¯gura 7.1
2
4
y = 2
-4
-2
0
-4 -2
862 4
8
6
x = 2
Figura 7.1.
Exemplo 7.2 Esbo»car o gr¶a¯co de y =x2 ¡ 2x+ 2x¡ 1 .
Detectando ass¶³ntotas verticais
Repare que D(f) = R¡ f1g.
Agora, limx!1+
x2 ¡ 2x+ 2x¡ 1 =
1
0+= +1, e lim
x!1¡x2 ¡ 2x+ 2x¡ 1 =
1
0¡= ¡1
A reta vertical de equa»c~ao x = 1 ¶e uma ass¶³ntota vertical do gr¶a¯co da curvay = x2¡2x+2
x¡1 .
Quando x est¶a pr¶oximo de 1, pontos da curva \sobem" no plano xy, aproximando-se da ass¶³ntota, µa direita, e \descem", aproximando-se da ass¶³ntota, µa esquerda.
Crescimento e decrescimento. M¶aximos e m¶³nimos locais
Temos
y0 =(x2 + 2x+ 2)0(x¡ 1)¡ (x¡ 1)0(x2 + 2x+ 2)
(x¡ 1)2
=(2x¡ 2)(x¡ 1)¡ (x2 ¡ 2x+ 2)
(x¡ 1)2 =x2 ¡ 2x(x¡ 1)2
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 60
Portanto
y0 =x2 ¡ 2x(x¡ 1)2 =
x(x¡ 2)(x¡ 1)2
Assim, y0 = 0 para x = 0 e para x = 2.
As ra¶³zes do numerador de y0 s~ao 0 e 2, enquanto que 1 ¶e raiz do denominador.Al¶em disso, em cada um dos intervalos ]¡1; 0[, ]0; 1[, ]1; 2[ e ]2;+1[, a derivada y0mant¶em-se positiva ou negativa.
Este fato nos ¶e garantido por um teorema da An¶alise Matem¶atica, chamado teo-rema do anulamento, ou teorema de Bolzano, que enuncia
Teorema de Bolzano Se uma fun»c~ao cont¶³nua f n~ao tem ra¶³zes em um intervalo,ent~ao f(x) mant¶em-se positiva ou negativa em todos os pontos x do intervalo.
Com base nessas observa»c~oes, para analisar a varia»c~ao de sinais de y0 podemosrecorrer ao seguinte argumento:
Quando x ¶e muito grande, y0 > 0. Assim, y0 > 0 no intervalo x > 2. Quando x passapor 2, y0 troca de sinal. Portanto, y0 < 0 para 1 < x < 2. Quando x passa por 1, y0
n~ao muda de sinal porque o termo x¡1 aparece elevado ao quadrado no denominador.Assim sendo, temos ainda y0 < 0 no intervalo 0 < x < 1. Ao passar por 0, y0 trocade sinal novamente e temos ent~ao y0 > 0 quando x < 0.
Temos ent~ao o seguinte diagrama de sinais de y0 e intervalos de crescimento edecrescimento de y:
y
y' _
y(1)
2 x_
∃
10+ +
pto deminlocal
pto demaxlocal
y' = 0y' = 0
Temos ent~ao que y cresce em ]¡1; 0], decresce em [0; 1[ e em ]1; 2], e cresce em[2;+1[.
Concavidades e in°ex~oes do gr¶a¯co
Temos
y00 =·x2 ¡ 2x(x¡ 1)2
¸0=(x2 ¡ 2x)0(x¡ 1)2 ¡ [(x¡ 1)2]0(x2 ¡ 2x)
(x¡ 1)4
=(2x¡ 2)(x¡ 1)2 ¡ 2(x¡ 1)(x2 ¡ 2x)
(x¡ 1)4
=(2x¡ 2)(x¡ 1)¡ 2(x2 ¡ 2x)
(x¡ 1)3 =2
(x¡ 1)3
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 61
y'' _ 1
xy = y(x)
+
Temos o seguinte diagrama de sinais de y00 e dire»c~oes de concavidades da curva y = y(x):
Como n~ao h¶a y para x = 1, o gr¶a¯co n~ao tem ponto de in°ex~ao.
Comportamento no in¯nito (outras ass¶³ntotas)
limx!+1
y(x) = limx!+1
x2 ¡ 2x+ 2x¡ 1 = lim
x!+1x2
x= lim
x!+1x = +1
Temos ainda limx!¡1
y(x) = limx!¡1
x2
x= lim
x!¡1x = ¡1
Assim, a curva n~ao tem ass¶³ntota horizontal.
Esbo»co do gr¶a¯co de f , com base nos elementos coletados acima: ¯gura 7.2
1
2
-2
-1
0
-4 -2
31 2
4
3
x = 1
-3
y
x
Figura 7.2.
Ass¶³ntotas inclinadas!
H¶a algo mais que pode ser destacado no gr¶a¯co esbo»cado na ¯gura 7.2: a exis-tencia, at¶e aqui insuspeita, de uma ass¶³ntota inclinada (tamb¶em chamada ass¶³ntotaobl¶³qua).
Se limx!+1
[f(x)¡ (ax+ b)] = 0, para certos n¶umeros reais a e b, temos que a retay = ax+ b ¶e uma ass¶³ntota do gr¶a¯co de f µa direita, uma ass¶³ntota inclinada se a6= 0.
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 62
Neste caso, µa medida em que x cresce, tornando-se muito grande, com valorespositivos, f(x) torna-se cada vez mais pr¶oximo de ax+ b.
Por raz~oes an¶alogas, a reta y = ax+b ¶e uma ass¶³ntota do gr¶a¯co de f , µa esquerda,quando lim
x!¡1[f(x)¡ (ax+ b)] = 0.
Como determinar os coe¯cientes a e b ?
Para determinar a, note que se limx!§1
[f(x)¡ (ax+ b)] = 0, ent~ao
limx!§1
f(x)
x= lim
x!§1[f(x)¡ (ax+ b)] + (ax+ b)
x
= limx!§1
f(x)¡ (ax+ b)x
+ limx!§1
ax+ b
x
=0
+1 + a = a
Assim, se a reta y = ax+ b ¶e uma ass¶³ntota do gr¶a¯co de f ent~ao
limx!+1
f(x)
x= a ou lim
x!¡1f(x)
x= a
Para determinar b, basta agora calcularmos
limx!§1
(f(x)¡ ax) = b
No caso da curva que estamos estudando,
limx!§1
f(x)
x= lim
x!§1y
x= lim
x!§1x2 ¡ 2x+ 2x(x¡ 1)
= limx!§1
x2 ¡ 2x+ 2x2 ¡ x = lim
x!§1x2
x2= 1
e assim obtemos a = 1.
Al¶em disso,
limx!§1
µx2 ¡ 2x+ 2x¡ 1 ¡ ax
¶= lim
x!§1
µx2 ¡ 2x+ 2x¡ 1 ¡ x
¶
= limx!§1
x2 ¡ 2x+ 2¡ x(x¡ 1)x¡ 1
= limx!§1
¡x+ 2x¡ 1 = ¡1
e assim obtemos b = ¡1.Portanto, a reta y = x¡ 1 ¶e ass¶³ntota inclinada da curva.Com base nos elementos coletados acima, incluindo a informa»c~ao adicional sobre
a ass¶³ntota inclinada, temos um novo esbo»co, mais preciso, da curva da ¯gura 7.2, na¯gura 7.3.
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 63
1
2
-2
-1
0
-4 -2
31 2
4
3
x = 1
-3
y
x
y = x - 1
Figura 7.3.
Exemplo 7.3 Esbo»car o gr¶a¯co de y = f(x) = (x+ 2) 3
p(x¡ 3)2.
O gr¶a¯co desta fun»c~ao f n~ao apresenta ass¶³ntotas verticais, visto que a fun»c~ao f¶e cont¶³nua em todo o conjunto R, isto ¶e, em todos os pontos de R.
Crescimento e decrescimento. M¶aximos e m¶³nimos locais
Temos y = (x+ 2) 3p(x¡ 3)2.
Para calcular y0, primeiro faremos
y = (x+ 2)(x¡ 3)2=3
Desse modo, pela regra da derivada de um produto,
y0 = (x¡ 3)2=3 + (x+ 2) ¢ 23(x¡ 3)¡1=3
Agora, para facilitar os c¶alculos, colocamos em evidencia a fra»c~ao 1=3, e tamb¶em apotencia de x¡ 3 de menor expoente:
y0 =1
3(x¡ 3)¡1=3 ¢ [3(x¡ 3)1 + 2(x+ 2)]
=1
3(x¡ 3)¡1=3 ¢ (5x¡ 5)
=5
3(x¡ 3)¡1=3 ¢ (x¡ 1)
Para termos clareza quanto aos sinais de y0, reescrevemos y0 usando radicais:
y0 =5(x¡ 1)3 3px¡ 3
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 64
Note que a fun»c~ao f ¶e cont¶³nua em todos os pontos de R, mas f 0(x) n~ao se de¯nequando x = 3.
As ra¶³zes do numerador e do denominador de y0 s~ao 1 e 3, sendo y0 = 0 parax = 1.
Temos ent~ao o seguinte diagrama de sinais de y0, e correspondentes intervalos decrescimento e decrescimento de f :
y
y'
y'(3)
3 x_
∃
1+ +
pto demaxlocal
y' = 0
pto deminlocal
Temos ent~ao que f cresce em ]¡ 1; 1], decresce em [1; 3] e cresce novamenteem [1;+1[. Aqui temos algo novo: f n~ao tem derivada em x0 = 3, mas x0 = 3 ¶e umponto de m¶³nimo local de f ! Como ¶e a geometria do gr¶a¯co de f nas proximidadesdo ponto x0 = 3 ? A resposta a esta quest~ao vir¶a com o estudo das concavidades dogr¶a¯co.
Concavidades e in°ex~oes da curva
Temos
y00 =·5
3(x¡ 3)¡1=3 ¢ (x¡ 1)
¸0
=¡59(x¡ 3)¡4=3(x¡ 1) + 5
3(x¡ 3)¡1=3
=5
9(x¡ 3)¡4=3[¡(x¡ 1) + 3(x¡ 3)1]
=5
9(x¡ 3)¡4=3(2x¡ 8)
=10
9(x¡ 3)¡4=3(x¡ 4)
Assim,
f 00(x) =10(x¡ 4)9 3
p(x¡ 3)4
Temos o seguinte diagrama de sinais de y00 e dire»c~oes de concavidades do gr¶a¯code f (resista µa tenta»c~ao de simpli¯car o radical 3
p( )4) :
y'' _ 4
xy = f(x)
+3 _
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 65
O ponto (4; f(4)) = (4; 6) ¶e ponto de in°ex~ao do gr¶a¯co.
Deixamos ao leitor a veri¯ca»c~ao de que o gr¶a¯co de f n~ao tem retas ass¶³ntotas noin¯nito, pois lim
x!§1f(x)x= +1.
Com base nos elementos coletados acima, temos um esbo»co da curva y = f(x)na ¯gura 7.4.
6
-2
4
0
2
31 2 4
-3
y
x
-2
Figura 7.4.
Neste esbo»co levamos em conta as aproxima»c~oes f(1) = 3 3p4 ¼ 3 ¢ (1; 6) = 4; 8,
f(0) = 2 3p9 ¼ 2 ¢ (2; 1) = 4; 2. Levamos em conta tamb¶em que ¡2 e 3 s~ao ra¶³zes de f
(isto ¶e, solu»c~oes de f(x) = 0).
Note que, antes e pouco depois de x0 = 3, o gr¶a¯co tem concavidade voltadapara baixo. Como f decresce em [1; 3] e cresce em [3;+1[, temos, no gr¶a¯co de f , aforma»c~ao de um \bico" agudo no ponto (3; 0). Isto explica a inexistencia de derivadaem x0. N~ao h¶a reta tangente ao gr¶a¯co no ponto (3; 0).
Observa»c~ao 7.1 (O gr¶a¯co de f em pontos com derivadas in¯nitas)
Quando f ¶e cont¶³nua em um intervalo contendo um ponto x0 no seu interior, e f0 ¶e
cont¶³nua em todos os pontos desse intervalo, exceto em x0 e, al¶em disso, limx!x0
f 0(x) =
+1 ou ¡1, temos uma reta vertical tangente ao gr¶a¯co de f em P = (x0; f(x0)).Estes dois casos s~ao ilustrados na ¯gura 7.5.
Quando limx!x+
0
f 0(x) = +1 e limx!x¡
0
f 0(x) = ¡1, o gr¶a¯co forma um bico em P =(x0; f(x0)), tal como no ponto (3; 0) da ¯gura 7.4 ou no ponto P do gr¶a¯co µa esquerdana ¯gura 7.6. Quando lim
x!x+0
f 0(x) = ¡1 e limx!x¡
0
f 0(x) = +1, temos novamente umbico em P , s¶o que agora apontando para cima, tal como no gr¶a¯co µa direita na ¯gura7.6.
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 66
x
P
x 0 x
P
x 0
Figura 7.5. µA esquerda, limx!x0 f0(x) = ¡1. µA direita, limx!x0 f 0(x) = +1
x
P
x 0x
P
x 0
Figura 7.6. µA esquerda, limx!x+0
f 0(x) = +1, e limx!x¡0
f 0(x) = ¡1. µA direita,limx!x+
0
f 0(x) = ¡1, e limx!x¡0
f 0(x) = +1
7.1 Problemas
Um importante teorema sobre fun»c~oes cont¶³nuas, chamado teorema de Bolzano ou teo-rema do anulamento, enuncia o seguinte:
Teorema de Bolzano Se f ¶e uma fun»c~ao cont¶³nua no intervalo [a; b], com f(a) < 0e f(b) > 0 (ou com f(a) > 0 e f(b) < 0), ent~ao f tem uma raiz no intervalo ]a; b[,isto ¶e, existe x0, a < x0 < b, tal que f(x0) = 0.
Na p¶agina 60, desta aula, temos uma vers~ao equivalente desse teorema.
Este teorema est¶a ilustrado nos gr¶a¯cos das fun»c~oes (cont¶³nuas) dos problemas 3e 5, p¶agina 56, da aula 6. A fun»c~ao do problema 3 satisfaz f(0) > 0 e f(1) < 0, etamb¶em f(2) < 0 e f(3) > 0, o que lhe garante a existencia de uma raiz entre 0 e 1, ede uma outra entre 2 e 3. J¶a a fun»c~ao do problema 5 possui uma raiz no intervalo ]2; 3[.
1. Usando o teorema do anulamento, enunciado acima, mostre que
(a) f(x) = x5 + x+ 1 possui uma raiz no intervalo ]¡ 1; 0[.(b) A equa»c~ao x3 ¡ 4x+ 2 = 0 tem tres ra¶³zes reais distintas entre si.
2. Mostre que todo polinomio p(x), de grau ¶³mpar, com coe¯cientes reais, tem aomenos uma raiz real.Sugest~ao. Considere os limites lim
x!+1p(x) e lim
x!¡1p(x).
Para cada uma das fun»c~oes dadas abaixo,
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 67
(a) Determine o dom¶³nio da fun»c~ao e, com base nisto, veri¯que se a curva y = f(x)tem retas ass¶³ntotas verticais.
(b) Calcule f 0(x) e determine os intervalos em que f ¶e crescente e aqueles em que f¶e decrescente;
(c) Determine os pontos de m¶aximo locais e os pontos de m¶³nimo locais de f , bemcomo os valores de f(x) nesses pontos;
(d) Calcule f 00(x) e determine os intervalos em que a curva y = f(x) ¶e concava paracima e aqueles em que ela ¶e concava para baixo;
(e) Determine os pontos de in°ex~ao da curva y = f(x);
(f) Calcule as ra¶³zes de f (solu»c~oes da equa»c~ao f(x) = 0), quando isto n~ao for dif¶³cil;
(g) Veri¯que se a curva y = f(x) tem retas ass¶³ntotas horizontais ou inclinadas.
(h) A partir dos dados coletados acima, fa»ca um esbo»co bonito do gr¶a¯co de f .
(i) Indique os pontos do gr¶a¯co onde a reta tangente ¶e vertical e os pontos onde inexistetal reta tangente (procure por pontos onde f ¶e cont¶³nua, mas f 0 n~ao ¶e de¯nida).
3. f(x) =x
x2 ¡ 2
4. f(x) =x2
1 + x
5. f(x) =3px2 ¡ 1
6. f(x) = 3p1¡ x3
7. f(x) = 3p6x2 ¡ x3
8. f(x) = 2x¡ 2 3px3 + 1
7.1.1 Respostas e sugest~oes
Para os problemas de 3 a 8, daremos como resposta apenas as derivadas primeira e segunda,e o esbo»co do gr¶a¯co.
3. f 0(x) = ¡ x2 + 2
(x2 ¡ 2)2 , f00(x) = ¡2x
3 + 12x
(x2 ¡ 2)3
4. f 0(x) =2x+ x2
(1 + x)2, f 00(x) =
2
(1 + x)3
5. f 0(x) =2
3 3px, f 00(x) =
¡293px4
Esboc»ando gr¶aficos: zeros no denominador e retas ass¶³ntotas 68
6. f 0(x) =¡x2
3
p(1¡ x3)2 , f
00(x) =¡2x
3
p(1¡ x3)5
7. f 0(x) =4x¡ x2
3
p(6x2 ¡ x3)2 , f
00(x) =¡8x2
3
p(6x2 ¡ x3)5
8. f 0(x) = 2¡ 2x2
3
p(x3 + 1)2
, f 00(x) =¡4x
3
p(x3 + 1)5
Esbo»cos dos gr¶a¯cos:
3.
2√−−
2√−−− 0 x
y
4.
-1 0 x
y
y = x - 1
x = - 1
(-2,-4)
5.
x
y
(0,-1)
1-1
6.
x
y
(0,1)
-1
(1,0)
y = -x
7.
x
y
(4,2
2 (6,0)
y = -x + 2
2
0
√43
)_
Dado num¶erico: 3p4 ¼ 1;6
8.
x
y
(0,-2)
1/2 ,
(-1,2)
0
3
√ __
-__
( 1/23
√ __
-4__
)
Dado num¶erico: 3
p1=2 ¼ 0;8
Aula 8
M¶aximos e m¶³nimos
Nesta aula estaremos explorando procedimentos estrat¶egicos para determinar os valoresextremos de uma fun»c~ao f , ou seja, o valor m¶aximo e o valor m¶³nimo de uma fun»c~aof , em um intervalo I ½ R, sem recorrer a um esbo»co do gr¶a¯co de f nesse intervalo.
Um teorema da An¶alise Matem¶atica, conhecido na literatura como Teorema deWeierstrass, nos garante:
(Teorema de Weierstrass) Se uma fun»c~ao f ¶e cont¶³nua em um intervalo fechado[a; b] (sendo a e b n¶umeros reais), ent~ao existem pontos x0 e x1 em [a; b] tais quef(x0) e f(x1) s~ao, respectivamente, os valores m¶aximo e m¶³nimo de f(x), para x em[a; b].
Os pontos x0 e x1 aos quais se refere o teorema de Weierstrass s~ao chamadosponto de m¶³nimo de f e ponto de m¶aximo de f , respectivamente. O teorema ¶e ilustradona ¯gura 8.1.
Elucidando os conceitos aqui apresentados, sendo I ½ D(f) um intervalo (limitado ouilimitado), dizemos que
1. f(x0) ¶e o valor m¶³nimo de f (ou de f(x)) em I se
f(x0) · f(x), para todo x em I:
2. f(x1) ¶e o valor m¶aximo de f (ou de f(x)) em I se
f(x1) ¸ f(x), para todo x em I:Por exemplo, no intervalo I = [¡1;+1[, a fun»c~ao dada por f(x) = x2 tem um
ponto de m¶³nimo x0 = 0, sendo f(0) = 0 seu valor m¶³nimo, pois x2 ¸ 0 para todox 2 I. Nesse intervalo, f n~ao tem valor m¶aximo pois lim
x!+1f(x) = +1.
69
M¶aximos e m¶³nimos 70
x
y
0 b
y = f(x)
a xx1
Figura 8.1. A fun»c~ao f , cont¶³nua em [a; b], tem x0 e x1 como seus pontos de m¶³nimo ede m¶aximo, respectivamente.
8.1 Estrat¶egias para determinar m¶aximos e m¶³nimos
de uma fun»c~ao cont¶³nua, em um intervalo
Como determinar os pontos de um intervalo fechado [a; b], onde uma fun»c~ao cont¶³nuaf atinge seus valores m¶aximo e m¶³nimo? Uma solu»c~ao deste problema seria esbo»car ogr¶a¯co de f nesse intervalo, conforme as estrat¶egias desenvolvidas nas aulas 6 e 7, eent~ao localizar os valores extremos de f . Mas como determinar os valores m¶aximo em¶³nimo de f , no intervalo [a; b], sem recorrer ao estudo do esbo»co de seu gr¶a¯co? ¶Eisto que trataremos de responder.
Recapitulando um conceito introduzido na aula 6, diremos que x0 ¶e um ponto dem¶³nimo local de f se existe um intervalo aberto I ½ D(f), com x0 2 I, tal que
f(x0) · f(x), para todo x em I
E neste caso, f(x0) ¶e um valor m¶³nimo local de f .Analogamente, diremos que x1 ¶e um ponto de m¶aximo local de f , e que f(x1) ¶e umvalor m¶aximo local de f , se existe um intervalo aberto I ½ D(f), com x1 2 I, tal que
f(x1) ¸ f(x), para todo x em I
Teorema 8.1 Se f tem derivada em um intervalo aberto I, e se x0 2 I ¶e ponto dem¶³nimo local de f , ent~ao f 0(x0) = 0. Se x1 2 I ¶e ponto de m¶aximo local de f , ent~aof 0(x1) = 0.
Demonstra»c~ao. Mostraremos que f 0(x0) = 0, usando a de¯ni»c~ao de derivada.
Tome ¢x6= 0, com x0 +¢x 2 I.Ent~ao f(x0) · f(x0 +¢x) e da¶³ ¢f = f(x0 +¢x)¡ f(x0) ¸ 0.
Se ¢x > 0, temos¢f
¢x¸ 0, e se ¢x < 0, temos ¢f
¢x· 0.
Temos f 0(x0) = lim¢x!0
¢f
¢x.
M¶aximos e m¶³nimos 71
Neste caso, f 0(x0) = lim¢x!0+
¢f
¢x= lim
¢x!0¡¢f
¢x.
Mas lim¢x!0+
¢f
¢x= lim
¢x!0¢x>0
¢f
¢x¸ 0 e lim
¢x!0¡¢f
¢x= lim
¢x!0¢x<0
¢f
¢x· 0.
Logo, f 0(x0) ¸ 0 e f 0(x0) · 0, e portanto f 0(x0) = 0.Deixamos ao leitor a dedu»c~ao do resultado para pontos de m¶aximo locais.
Observemos que se x0 ¶e um ponto de m¶³nimo (absoluto) de f , ent~ao x0 tem uma dasseguintes caracter¶³sticas:
(i) x0 ¶e tamb¶em um ponto de m¶³nimo local de f , e f tem derivada em x0. Nestecaso, conforme o teorema 8.1, f 0(x0) = 0.
(ii) x0 ¶e um ponto de m¶³nimo local de f , mas f n~ao tem derivada no ponto x0.
(iii) x0 ¶e um dos extremos do intervalo [a; b], ou seja, x0 = a ou x0 = b.
Os casos (i), (ii) e (iii) s~ao ilustrados na ¯gura 8.2.
a bx0
a = bx0a bx0
(i) (ii) (iii)
Figura 8.2. Pontos de m¶³nimo t¶³picos.
a bx1
a = bx1a bx1
(i) (ii) (iii)
Figura 8.3. Pontos de m¶aximo t¶³picos.
M¶aximos e m¶³nimos 72
Analogamente, se x1 ¶e um ponto de m¶aximo de f , ent~ao x1 tem uma das tres seguintescaracter¶³sticas:
(i) x1 ¶e tamb¶em um ponto de m¶aximo local de f , e f tem derivada em x1. Nestecaso, conforme o teorema 8.1, f 0(x1) = 0.
(ii) x1 ¶e um ponto de m¶aximo local de f , mas f n~ao tem derivada no ponto x1.
(iii) x1 ¶e um dos extremos do intervalo [a; b], ou seja, x1 = a ou x1 = b.
Esses casos s~ao ilustrados na ¯gura 8.3.
Um n¶umero real x ¶e chamado um ponto cr¶³tico de f quando f 0(x) = 0 ou quando f¶e cont¶³nua em x mas n~ao existe f 0(x).
Assim, um ponto de m¶aximo ou de m¶³nimo de uma fun»c~ao f , em um intervalo [a; b],¶e um ponto cr¶³tico de f ou uma das extremidades do intervalo.
Exemplo 8.1 Determinar os valores m¶aximo e m¶³nimo de f(x) = 2x3+ 3x2 ¡ 12x, nointervalo [¡3; 3].
Solu»c~ao. A fun»c~ao f ¶e cont¶³nua no intervalo [¡3; 3]. Temos f 0(x) = 6x2 + 6x¡ 12 =6(x2 + x¡ 2). As solu»c~oes de f 0(x) = 0 s~ao x1 = ¡2 e x2 = 1. Estes s~ao os pontoscr¶³ticos de f no intervalo [¡3; 3]. Calculando os valores de f nos extremos do intervaloe nos pontos cr¶³ticos, temos:
f(x1) = f(¡2) = 20, f(x2) = f(1) = ¡7, f(¡3) = 9 e f(3) = 45.Assim sendo, por compara»c~ao dos valores obtidos, o ponto de m¶³nimo de f , para
¡3 · x · 3, ¶e xmin = x2 = 1, sendo f(1) = ¡7 o valor m¶³nimo de f nesse intervalo.J¶a o ponto de m¶aximo de f , para ¡3 · x · 3, ¶e xmax = 3, sendo f(3) = 45 o valorm¶aximo de f nesse intervalo. Como ilustra»c~ao, temos um esbo»co do gr¶a¯co de f , nointervalo [¡3; 3], na ¯gura 8.4.
-3 -2 1 3
-7
45
x
y
9
20
Figura 8.4.
M¶aximos e m¶³nimos 73
Exemplo 8.2 Determinar os valores m¶aximo e m¶³nimo de f(x) =3px2 ¢ (x ¡ 2)2, no
intervalo ¡1 · x · 1.
Solu»c~ao. A fun»c~ao f ¶e cont¶³nua no intervalo [¡1; 1]. f 0(x) = 4(2x2 ¡ 5x+ 2)3 3px
.
Temos f 0(x) = 0 se e somente se x = 2 ou x = 1=2.
Agora, 0 tamb¶em ¶e um ponto cr¶³tico de f , uma vez que f ¶e cont¶³nua no ponto 0,mas n~ao se de¯ne f 0(0).
Assim, Como 262 [¡1; 1], os pontos cr¶³ticos de f s~ao x1 = 1=2 e x2 = 0.Calculando os valores de f nos extremos do intervalo e nos pontos cr¶³ticos, temos:
f(x1) = f(1=2) =9
4 3p4¼ 1; 4 ( 3
p4 ¼ 1; 6), f(0) = 0, f(¡1) = 9 e f(1) = 1.
Portanto, f(0) = 0 ¶e o valor m¶³nimo de f , enquanto que f(¡1) = 9 ¶e seu valorm¶aximo.
Quest~ao Como determinar os pontos de um intervalo I ½ D(f), nos quais f atingeseus valores m¶aximo e m¶³nimo, se I ¶e um intervalo aberto ou ilimitado, e f ¶e cont¶³nuaem I?Neste caso, a resposta ¶e:Sendo f cont¶³nua em um intervalo I, comparamos os valores de f nos extremos queefetivamente pertencem ao intervalo com os valores de f nos seus pontos cr¶³ticos desseintervalo. Comparamos ainda esses valores com os limites de f(x) quando x tende aextremos que n~ao pertencem ao intervalo.
Como refor»co estrat¶egico na pesquisa de m¶aximos e m¶³nimos locais, temos tamb¶emo seguinte teorema.
Teorema 8.2 Sendo f uma fun»c~ao cont¶³nua, com f 0 tamb¶em cont¶³nua, em um in-tervalo aberto I, e x0 um ponto de I,
1. se f 0(x0) = 0 e f 00(x0) > 0, ent~ao x0 ¶e um ponto de m¶³nimo local de f ;
2. se f 0(x0) = 0 e f 00(x0) < 0, ent~ao x0 ¶e um ponto de m¶aximo local de f ;
x0
x x0x
(x ) = 0 (x ) > 00
0'"ff
(x ) = 0 (x ) < 00
0'"ff
Figura 8.5.
N~ao faremos a demonstra»c~ao do teorema 8.2 aqui, mas faremos a seguinte obser-va»c~ao geom¶etrica, que o torna intuitivamente ¶obvio.
M¶aximos e m¶³nimos 74
Se f 0(x0) = 0, a reta tangente ao gr¶a¯co de f , em P = (x0; f(x0)), ¶e horizontal.
Se, al¶em disso, f 00(x0) > 0, temos a concavidade do gr¶a¯co de f , em P , voltadapara cima, e assim x0 ¶e um ponto de m¶³nimo local de f . Se f
00(x0) < 0, a concavidadedo gr¶a¯co de f , em P , ¶e voltada para baixo, e x0 ¶e ent~ao um ponto de m¶aximo localde f . Estas duas possibilidades s~ao ilustradas na ¯gura 8.5.
Exemplo 8.3 Determinar os valores m¶aximo e m¶³nimo de f(x) = x+1
x, para x > 0.
Solu»c~ao. Estamos procurando os valores m¶aximo e m¶³nimo de f no intervalo ]0;+1[.Temos f 0(x) = 1¡ 1
x2, e portanto f 0(x) = 0 (com x > 0) se e somente se x = 1.
Agora, limx!0+
f(x) = 0 +1
0+= +1 e lim
x!+1f(x) = +1. Portanto, f n~ao tem
valor m¶aximo em ]0;+1[.
Temos ainda f 00(x) =2
x3e f 00(1) > 0. Assim, x1 = 1 ¶e ponto de m¶³nimo local de
f . Como f n~ao tem outros pontos cr¶³ticos, 1 ¶e o ponto de m¶³nimo global de f , sendof(1) = 2 o valor m¶³nimo de f no intervalo ]0;+1[.
8.2 Aplica»c~oes a problemas de otimiza»c~ao
Exemplo 8.4 Qual ¶e a maior ¶area retangular que pode ser cercada com 200m de telade arame?
Solu»c~ao.
(Passo 1) Analisamos o problema, e desenhamos um diagrama incluindo toda a infor-ma»c~ao. Introduzimos vari¶aveis.
Fazemos isto na ¯gura 8.6
x x
y
y
Figura 8.6. O per¶³metro do retangulo ¶e 2x+ 2y.
(Passo 2) Expressamos a quantidade a ser maximizada como uma fun»c~ao de umavari¶avel. Determinamos o dom¶³nio dessa fun»c~ao a partir das condi»c~oes do problema.
M¶aximos e m¶³nimos 75
A ¶area do retangulo deve ser maximizada, sob a condi»c~ao de que o per¶³metro ¶e200m.
Essa ¶area ¶e dada por A = xy. Como y = 100¡ x, temosA = A(x) = x(100¡ x)
e, nas condi»c~oes do problema, temos 0 · x · 100.(Passo 3) Determinamos o ponto de m¶aximo e o valor m¶aximo da fun»c~ao, no intervaloem que ela est¶a de¯nida.
Usando os procedimentos discutidos anteriormente, sendo A(x) = 100x ¡ x2,temos A0(x) = 100¡ 2x.
A0(x) = 0 se e somente se x = 50. Temos A(50) = 50 ¢ (100¡50) = 502 = 2500.Temos ainda A(0) = A(100) = 0 (valor m¶³nimo da ¶area).
Assim, o valor m¶aximo de A(x) ¶e atingido quando x = 50m. Assim, o retangulode per¶³metro 200m, com ¶area m¶axima, ¶e um quadrado de 50m de lado.
Exemplo 8.5 Uma grande caixa deve ser constru¶³da cortando-se quadrados iguais dosquatro cantos de uma folha retangular de zinco, de 3m por 8m, dobrando-se os quatrolados (abas laterais) para cima e soldando-se as arestas verticais que ¯caram justapostas.Encontre o maior volume poss¶³vel para esta caixa.
Solu»c~ao.
(1) Um diagrama contendo todas as informa»c~oes do problema, bem como a introdu»c~aode uma vari¶avel, ¶e mostrado na ¯gura 8.7
8 - 2x
3 - 2x
x
x
8 - 2x
3 - 2x
Figura 8.7.
(2) O volume da caixa da ¯gura 8.7 ¶e dado por
V = V (x) = x(8¡ 2x)(3¡ 2x); para 0 · x · 3=2
(3) V 0(x) = 0 se e somente se x = 2=3 ou x = 3 (esta ¶ultima solu»c~ao est¶a descartada,pois 362 D(V )).
M¶aximos e m¶³nimos 76
O ¶unico ponto cr¶³tico de V ¶e 2=3. Nas extremidades do dom¶³nio temos V = 0.Como V ¸ 0, o ponto cr¶³tico s¶o pode ser m¶aximo local, e portanto m¶aximo absoluto.
Assim, x = 2=3 ¶e ponto de m¶aximo de V , e as dimens~oes da caixa de volumem¶aximo s~ao 20=3, 5=3 e 2=3m, tendo ela volume 200=27m3.
Exemplo 8.6 Deseja-se construir uma lata cil¶³ndrica totalmente fechada, de volume v,gastando-se, em sua confec»c~ao, a menor quantidade de material poss¶³vel. Determine araz~ao entre a altura e o diametro dessa lata.
Solu»c~ao.
(1) Diagramas contendo todas as informa»c~oes do problema, bem como a introdu»c~ao deuma vari¶avel, est~ao na ¯gura 8.8
r
h
área da base
área do topo 2π r
2π r
π 2 r
h
=
=
π 2 r h=
área da superfícielateral
v 2π r= h
área da superfície externa total2π r +
2π r π 2 r h+=
Figura 8.8.
(2) A superf¶³cie externa total da lata cil¶³ndrica, ilustrada na ¯gura 8.8, ¶e dada por
S = 2¼r2 + 2¼rh
Como ¼r2h = v, temos h =v
¼r2, e ent~ao
S = S(r) = 2¼r2 +2v
r
sendo S(r) de¯nida somente para r > 0.
(3) S 0(r) = 4¼r ¡ 2vr2.
S 0 = 0 se e somente se r = 3
rv
2¼, e este ¶e o ¶unico ponto cr¶³tico de S no intervalo
r > 0.
Temos tamb¶em que limr!0
S(r) = +1 e limr!+1
S(r) = +1. Assim, S(r) n~ao temvalor m¶aximo, e seu ¶unico ponto cr¶³tico s¶o pode ser ponto de m¶³nimo local. Isto ¶e
con¯rmado observando-se que S 00(r) = 4¼ +4v
r3> 0 para todo r > 0. Portanto, o
M¶aximos e m¶³nimos 77
gr¶a¯co de S = S(r) tem convavidade voltada para cima, o que con¯rma r = 3
rv
2¼como seu ponto de m¶³nimo local, e tamb¶em ponto de m¶³nimo absoluto da fun»c~ao S.
Sendo r = 3
pv=(2¼), temos
h
r=
v
¼r3=
v
¼
µ3
rv
2¼
¶3 = v
¼³ v2¼
´ = 2
Portanto, h = 2r, ou seja, a altura da lata deve ser igual ao diametro da base sequisermos minimizarmos o material a ser gasto em sua confec»c~ao.
Este ¶e o padr~ao, ao menos aproximado, de algumas latas de conservas, tais comolatas de creme de leite e de leite condensado. Por quest~oes de praticidade, muitas latasfogem deste padr~ao, como por exemplo as latas de ¶oleo comest¶³vel.
8.3 Problemas
Encontre os pontos de m¶aximo e de m¶³nimo, bem como os valores m¶aximo e m¶³nimo,das fun»c~oes dadas, nos intervalos indicados.
1. f(x) = 3px(x+ 4), x 2 [¡4; 2]
Resposta. xmin = ¡1, xmax = 2, f(¡1) = ¡3, f(2) = 6 3p2 ¼ 7; 6.
2. f(x) = x2 + 2x¡ 4, x 2 [¡2; 2].Resposta. xmin = ¡1, xmax = 2, f(¡1) = ¡5, f(2) = 4.
3. f(x) =x
1 + x2, x 2 R.
Resposta. xmin = ¡1, xmax = 1, f(¡1) = ¡1=2, f(1) = 1=2.
4. f(x) =x
1¡ x2 , x6= §1.Resposta. f n~ao tem m¶aximo, nem m¶³nimo.
Resolva os seguintes problemas de otimiza»c~ao.
1. Um recipiente de lata, de forma cil¶³ndrica e aberto no topo, deve ter capacidadede v litros. Determine a raz~ao entre a altura h e o diametro d da base de modoque a quantidade de lata usada na sua fabrica»c~ao seja a menor poss¶³vel.
Resposta. h = d=2.
M¶aximos e m¶³nimos 78
2. Um estudante quer construir um viveiro retangular para seu hamster, usando aparede de um comodo como um dos lados e cercando os demais tres lados com 3metros de tela dispon¶³veis, obtendo a maior ¶area retangular poss¶³vel. Quais devemser as dimens~oes de seu viveiro?
Resposta. O viveiro deve ter 1;5m na frente e 0;75m nos lados.
3. Determinar as dimens~oes de um cilindro, de volume m¶aximo, inscrito em umaesfera de raio R.
Sugest~ao. Fa»ca um desenho visualizando o cilindro de per¯l dentro da esfera. Nodesenho, voce ter¶a um retangulo dentro de um c¶³rculo. Demarque a altura h docilindro, e diametro da sua base, 2r. Demarque tamb¶em o raio R da esfera. Useo teorema de Pit¶agoras obter rela»c~oes entre h e r. O volume do cilindro ¶e dadopor V = (¶area da base) ¢ (altura) = ¼r2 ¢ h.Resposta. r = raio da base =
q23R. h = altura do cilindro =
p2r.
4. Determinar as dimens~oes de um cilindro, inscrito em uma esfera de raio R, cuja¶area da superf¶³cie externa total ¶e a m¶axima poss¶³vel.
Resposta. r = raio da base =q
5+p5
10R, h = 2
q5¡p510R.
5. Na elipse x2
a2+y2
b2= 1, inscreva um retangulo, de
¶area m¶axima, com dois de seus lados paralelosao eixo x (e os outros dois paralelos ao eixo y).Sugest~ao. Os quatro v¶ertices do retangulo, to-dos pertencentes µa elipse, ser~ao pontos (x; y),(¡x; y), (x;¡y) e (¡x;¡y).
x
y
(a,0)(-a,0)
(0,b)
(0,-b)
Resposta. O retangulo tem dimens~oesp2a e
p2b.
6. Quer-se construir um tanque de a»co para armazenar g¶as propano, com a forma deum cilindro circular reto, com um hemisf¶erio (semi-esfera) em cada extremidade.Se a capacidade desejada para o tanque ¶e 100 dec¶³metros c¶ubicos (litros), quaisas dimens~oes que exigem a menor quantidade de a»co ? (Despreze a espessura dasparedes do tanque).
Resposta. O tanque deve ser esf¶erico, de raio 3
p75=¼ ¼ 2; 88 metros.
7. Qual ponto da par¶abola y = x2 + 1 est¶a mais pr¶oximo do ponto A = (3; 1) ?Sugest~ao. A distancia de um ponto qualquer P = (x; y) ao ponto A ¶e dada pord =
p(x¡ 3)2 + (y ¡ 1)2. Se P ¶e um ponto da par¶abola, temos y = x2 + 1,
e ent~ao d =p(x¡ 3)2 + x4. Como d ¸ 0, temos que d ter¶a seu valor m¶³nimo
quando d2 assumir seu valor m¶³nimo. Assim, basta procurarmos o valor m¶³nimode f(x) = (x¡ 3)2 + x4. Resposta. (1; 2).
8. Um veterin¶ario tem 100m de tela de arame. Com isto deseja construir seis canis,primeiro cercando uma regi~ao retangular e depois subdividindo essa regi~ao em seis
M¶aximos e m¶³nimos 79
retangulos menores, atrav¶es de cinco cercas divis¶orias internas, paralelas a umdos lados. Que dimens~oes externas, dessa regi~ao retangular, maximizam sua ¶areatotal, se o veterin¶ario gasta os 100m de tela nessa constru»c~ao ?
Resposta. 25m por 50=7 ¼ 7; 14m.9. Ao procurar o ponto da hip¶erbole x2¡ y2 = 1 mais pr¶oximo da origem, Jo~aozinhoraciocinou da seguinte maneira.
Temos que procurar, dentre os pontos da hip¶erbole, aquele para o qual d =px2 + y2 tem valor m¶³nimo. Como d ¸ 0, d ser¶a m¶³nimo quando d2 for m¶³nimo.
Agora, sendo P = (x; y) um ponto da hip¶erbole, temos y2 = x2 ¡ 1, logo d2 =x2 + y2 = 2x2 ¡ 1.Procurando o valor m¶³nimo de d2 = f(x) = 2x2 ¡ 1, calculamos f 0(x) = 4x.Temos f 0(x) = 0 se e somente se x = 0. Para x = 0 por¶em, temos y2 = 02¡1 =¡1, uma impossibilidade. Logo, n~ao h¶a nenhum ponto da hip¶erbole cuja distanciaµa origem seja m¶³nima.
Explique o erro no racioc¶³nio de Jo~aozinho,j¶a que um esbo»co da hip¶erbole (fa»ca-o) re-vela que os pontos (§1; 0) s~ao seus pontosmais pr¶oximos da origem. Sugest~ao. Paraquais valores de x de¯ne-se d?
x y= 1
a b
2
2 2
2__ ___
(-a,0)
(0,b)
(0,-b)
x
y
(a,0)
Aula 9
Fun»c~oes exponenciais e logar¶³tmicas.Uma revis~ao e o n¶umero e
Nesta aula faremos uma pequena revis~ao das fun»c~oes f(x) = ax e g(x) = loga x, sendoa uma constante real, a > 0 e a6= 1. Faremos ainda uma apresenta»c~ao do n¶umero e,uma constante importante da matem¶atica universit¶aria.
9.1 Pequena revis~ao de potencias
Sabemos que, sendo a um n¶umero real positivo,
a1=n = npa e am=n = n
pam
se m;n 2 Z, e n > 0. Assim de¯ne-se a potencia de base a e expoente p, ap (le-se \aelevado a p"), para todo p 2 Q.
Se ® ¶e um n¶umero irracional, existe uma seqÄuencia de n¶umeros racionais que tendea ® (uma seqÄuencia de aproxima»c~oes de ® por n¶umeros racionais), ou seja, existe umaseqÄuencia de n¶umeros racionais
®1; ®2; ®3; : : : ; ®n; : : :
tal que limn!+1
®n = ®.
Por exemplo, se ® =p2 ¼ 1;414213562, existe uma seqÄuencia de aproxima»c~oes
dep2, cujos cinco primeiros termos s~ao dados na primeira coluna da tabela abaixo:
80
Func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas. Uma revis~ao e o n¶umero e 81
®1 = 1;4 (®21 = 1;96) j®1 ¡ ®j ¼ 0;014213562 < 0;1®2 = 1;41 (®22 = 1;9881) j®2 ¡ ®j ¼ 0;004213562 < 0;01®3 = 1;414 (®23 = 1;999396) j®3 ¡ ®j ¼ 0;000213562 < 0;001®4 = 1;4142 (®24 = 1;99996164) j®4 ¡ ®j ¼ 0;000013562 < 0;0001®5 = 1;41421 (®25 = 1;99998992) j®5 ¡ ®j ¼ 0;000003562 < 0;00001
Uma calculadora nos fornece uma aproxima»c~ao dep2 com 12 casas decimais:
p2 ¼
1;414213562373. A seqÄuencia acima, de aproxima»c~oes sucessivas dep2, ¶e tal que
j®n ¡p2j < 10¡n, e assim lim
n!+1j®n ¡
p2j = 0, e ent~ao lim
n!+1®n =
p2 (a segunda
coluna da tabela acima sugere que limn!+1
®2n = 2).
Sendo a 2 R, a > 0, e sendo ® um n¶umero irracional, e ®1; ®2; ®3; : : : umaseqÄuencia de racionais com limite ®, a® ¶e de¯nido como o limite da seqÄuencia
a®1 ; a®2 ; a®3; a®4; : : :
Por exemplo, 2p2 ¶e o limite da seqÄuencia
21; 21;4; 21;41; 21;414; : : :
Uma calculadora nos fornece as aproxima»c~oes:
21 = 2
21;4 = 214=10 =10p214 ¼ 2; 6390
21;41 = 2141=100 =100p2141 ¼ 2; 6574
21;414 = 21414=1000 ¼ 2; 664721;4142 = 214142=10000 ¼ 2; 6651
No que diz respeito a potencias de base real positiva e expoente real, temos asseguintes boas propriedades, que aceitaremos sem demonstra»c~ao:
Se a 2 R, a > 0, e x; y 2 R
ax ¢ ay = ax+y(ax)y = axy
a¡x =1
ax; ax¡y =
ax
ay; a0 = 1
ax ¢ bx = (ab)x; se tamb¶em b > 0
Func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas. Uma revis~ao e o n¶umero e 82
9.2 A fun»c~ao exponencial
Sendo a um n¶umero real, positivo, a 6= 1, de¯ne-se a fun»c~ao exponencial de base apor
f(x) = ax; para todo x 2 RTomamos a6= 1 pela simples raz~ao de que 1x = 1 para todo x 2 R, o que torna
ax constante no caso em que a = 1 (fun»c~oes constantes n~ao s~ao classi¯cadas comofun»c~oes exponenciais). Al¶em disso, tomamos a > 0 porque, se a < 0, ax n~ao se de¯nepara uma in¯nidade de valores reais de x. Por exemplo, se a = ¡4 ent~ao, para cadan 2 N, n ¸ 1, a1=2n = (¡4)1=2n = 2n
p¡4 n~ao se de¯ne como n¶umero real.Assumiremos que, se a > 0 e a 6= 1, a fun»c~ao exponencial dada por f(x) = ax, ¶econt¶³nua em R, isto ¶e,
limx!x0
ax = ax0 ; para todo x0 2 R
Assumiremos tamb¶em que se a > 1, a fun»c~ao f(x) = ax ¶e crescente, com limx!+1
ax =
+1, e se 0 < a < 1 a fun»c~ao ¶e decrescente, com limx!+1
ax = 0+(= 0).
Na ¯gura 9.1 temos esbo»cos dos gr¶a¯cos de f(x) = 2x e g(x) =¡12
¢x.
(a)
1
1
-1 x
y
1/2
2
2-2
4
0
(b)
1
1
-1 x
y
1/2
2
2-2
4
0
Figura 9.1. Gr¶a¯cos de (a) y = 2x, (b) y = (1=2)x.
Temos agora as seguintes novidades na ¶algebra de limites:
Se a > 1, a+1 = +1, a¡1 = 1
a+1=
1
+1 = 0+ (= 0)
Se 0 < a < 1, a+1 = 0+ (= 0), a¡1 =1
a+1=1
0+= +1
Por exemplo,
limx!+1
2x = 2+1 = +1, limx!¡1
2x = 2¡1 = 0, limx!+1
¡12
¢x=¡12
¢+1= 0, lim
x!¡1¡12
¢x=
Func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas. Uma revis~ao e o n¶umero e 83
¡12
¢¡1= 2+1 = +1.
9.3 Logaritmos e fun»c~oes logar¶³tmicas
Se a > 0, a 6= 1, e x > 0, o logaritmo de x na base a, denotado por loga x, ¶e oexpoente ao qual devemos elevar a para obtermos x, ou seja
loga x = y se e somente se ay = x
Assim sendo,
aloga x = x
Por exemplo,
log2 8 = 3, pois 23 = 8;
log9 27 =32, pois 93=2 =
p93 = 33 = 27;
log214= ¡2, pois 2¡2 = 1=4;
log1=2 16 = ¡4, pois¡12
¢¡4= 16;
log2 5 ¼ 2; 3219, pois 22;3219 ¼ 4; 9999.log2 5 n~ao ¶e um n¶umero racional, pois se log2 5 =
mn, com m e n inteiros positivos,
ent~ao 2m=n = 5. Da¶³, 2m = (2m=n)n = 5n, o que ¶e imposs¶³vel pois 2m ¶e par e 5n ¶e¶³mpar.
Listamos aqui, sem dedu»c~ao, algumas propriedades elementares dos logaritmos:
Sendo x e y reais positivos, z real, e a > 0; a6= 1,
loga(xy) = loga x+ loga y
logax
y= loga x¡ loga y
loga xz = z ¢ loga x
loga x1=z =
loga x
z(se z6= 0)
loga x =logb x
logb a; (se b > 0; b6= 1) (mudan»ca de base)
Assim, por exemplo, a passagem dos logaritmos decimais (base 10) para os logar-itmos de base 2 ¶e dada por
log2 x =log10 x
log10 2=log x
log 2
Sendo a fun»c~ao f(x) = ax cont¶³nua e crescente quando a > 0, e decrescentequando 0 < a < 1, temos que loga x ¶e de¯nida para todo x > 0.
Func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas. Uma revis~ao e o n¶umero e 84
Por exemplo, f(x) = 2x ¶e crescente, 22 = 4 e 23 = 8. Pela continuidade de f , aimagem do intervalo [2; 3], pela fun»c~ao f , ¶e o intervalo [4; 8]. Existe ent~ao x0 2 [2; 3]tal que 2x0 = 5. Assim, log2 5 = x0. Portanto, realmente existe o n¶umero real log2 5.
Al¶em disso, se a > 0, loga ¶e crescente, e se 0 < a < 1, loga ¶e decrescente.
Na ¯gura 9.2, temos esbo»cos dos gr¶a¯cos de f(x) = log2 x e g(x) = log1=2 x.
Admitiremos que f(x) = loga x ¶e cont¶³nua no seu dom¶³nio ]0;+1[, ou seja,
se x0 > 0 ent~ao limx!x0
loga x = loga x0
Al¶em disso, temos ainda (con¯ra isto observando os gr¶a¯cos da ¯gura 9.2).
limx!0+
loga x = loga(0+) =
(¡1 se a > 0
+1 se 0 < a < 1
bem como tamb¶em (con¯ra observando os gr¶a¯cos da ¯gura 9.2)
limx!+1
loga x = loga(+1) =(+1 se a > 0
¡1 se 0 < a < 1
(a)
1
1
-1
x
y
1/2
2
2
-2
4
0
(b)
1
1
-1
x
y
1/2
2
2
-2
40
Figura 9.2. Gr¶a¯cos de (a) y = log2 x, (b) y = log1=2 x.
9.4 O n¶umero e
Na matem¶atica universit¶aria, h¶a duas constantes num¶ericas muito importantes. S~ao elaso n¶umero pi, ¼ ¼ 3; 14159 , e o n¶umero e, e ¼ 2; 71828 .
Func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas. Uma revis~ao e o n¶umero e 85
O n¶umero e ¶e de¯nido como sendo o limite
e = limn!+1n2N
µ1 +
1
n
¶n
Pode ser demonstrado que o n¶umero e ¶e irracional.
Observe a tabela de valores (aproximados) de¡1 + 1
n
¢n, para n = 1, 10, 100,
1000, 10000, 100000, dada abaixo.
Tabela 9.1.
n 1=n 1 + 1n
¡1 + 1
n
¢n1 1 2 21 = 2
10 0; 1 1; 1 (1; 1)10 ¼ 2; 59374100 0; 01 1; 01 (1; 01)100 ¼ 2; 704811000 0; 001 1; 001 (1; 001)1000 ¼ 2; 7169210000 0; 0001 1; 0001 (1; 0001)10000 ¼ 2; 71815100000 0; 00001 1; 00001 (1; 00001)100000 ¼ 2; 71828
Note que limn!+1
¡1 + 1
n
¢= 1 + 1
+1 = 1.
Assim, podemos enganosamente intuir que, quando n ¶e muito grande,¡1 + 1
n
¢n ¼1n = 1 (mesmo calculadoras de boa qualidade podem nos induzir a este erro). Nestecaso, nossa intui»c~ao ¶e falha, pois pode ser demonstrado que o n¶umero an =
¡1 + 1
n
¢ncresce µa medida em que n cresce, sendo a1 = 2, e 2 < an < 3 para cada n ¸ 2. Natabela 9.1, ilustramos o fato de que
quando n ¶e muito grande,
µ1 +
1
n
¶n¼ 2; 71828
Assim sendo, temos um novo s¶³mbolo de indetermina»c~ao: 1§1 .
Vamos admitir, sem demonstra»c~ao, que tamb¶em, para x real
limx!+1
¡1 + 1
x
¢x= e
Neste caso, podemos deduzir:
Proposi»c~ao 9.1
limx!¡1
µ1 +
1
x
¶x= e
Func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas. Uma revis~ao e o n¶umero e 86
Demonstra»c~ao. De fato, fazendo a mudan»ca de vari¶avel
x = ¡(y + 1)temos y = ¡x¡ 1, e portanto x! ¡1 se e somente se y ! +1.
Assim, sendo
limx!¡1
µ1 +
1
x
¶x= lim
y!+1
µ1¡ 1
y + 1
¶¡(y+1)
= limy!+1
µy
y + 1
¶¡(y+1)
= limy!+1
µy + 1
y
¶y+1
= limy!+1
µ1 +
1
y
¶y+1
= limy!+1
µ1 +
1
y
¶y¢ limy!+1
µ1 +
1
y
¶= e ¢ 1 = e
Como conseqÄuencia, temos tamb¶em
Proposi»c~ao 9.2
limx!0
(1 + x)1
x = e
Demonstra»c~ao. Mostraremos que
limx!0+
(1 + x)1
x = e, e limx!0¡
(1 + x)1
x = e.
Pondo ® = 1=x, temos que x! 0+ se e somente se ®! +1. Da¶³
limx!0+
(1 + x)1
x = lim®!+1
µ1 +
1
®
¶®= e
Al¶em disso, x! 0¡ se e somente se ®! ¡1. Da¶³, pela proposi»c~ao 9.1,
limx!0¡
(1 + x)1
x = lim®!¡1
µ1 +
1
®
¶®= e
Se x > 0, chama-se logaritmo natural ou logaritmo neperiano de x ao logaritmo
lnx = loge x
Como e ¼ 2; 71828 > 1, a fun»c~ao f(x) = lnx ¶e crescente e seu gr¶a¯co tem,qualitativamente, a forma do gr¶a¯co de g(x) = log2 x, ¯gura 9.2 a.
Func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas. Uma revis~ao e o n¶umero e 87
A passagem dos logaritmos naturais para os logaritmos decimais (base 10) ¶e dadapor
log10 x =loge x
loge 10=lnx
ln 10
9.5 Problemas
1. Calcule os seguintes limites. Lembre-se que 1§1 ¶e um s¶³mbolo de indetermina»c~ao.
(a) limx!+1
¡1 + 2
x
¢xSugest~ao. Para contornar a indetermina»c~ao 1+1, fa»ca 1 + 2
x= 1 + 1
y
(b) limx!+1
¡x1+x
¢xSugest~ao. Para contornar a indetermina»c~ao 1+1, fa»ca x
1+x= 1 + 1
y
(c) limx!¡1
¡2x+32x+1
¢x+1(d) lim
x!+1¡3x+12x+3
¢x(e) lim
x!¡1¡3x+12x+3
¢x(f) lim
x!¡1¡1¡ 1
3x
¢2xRespostas. (a) e2 (b) 1=e (c) e (d) +1 (e) 0 (f) 1=
3pe2
2. Mostre que, sendo a > 0, limh!0
ah¡1h= ln a.
Sugest~ao: Trate o caso a = 1 em separado. Para a 6= 1, fa»ca a mudan»ca devari¶avel ah ¡ 1 = z, e ent~ao h = ln(z + 1)= ln a.
3. Usando o resultado do problema anterior, calcule
(a) limn!+1
n ¢ ¡a1=n ¡ 1¢ (sendo a > 0, a6= 1)(b) lim
x!0eax¡1x
Sugest~ao. limx!0
eax¡1x
= limx!0(a ¢ eax¡1
ax) = a ¢ lim
x!0eax¡1ax
(c) limx!0
eax¡ebxx
Sugest~ao. limx!0
eax¡ebxx
= limx!0
(eax¡1)¡(ebx¡1)x
(d) limx!0
eax¡1ebx¡1
Respostas. (a) ln a (b) a (c) a¡ b (d) a=b
4. Sendo f(x) = 21
x , calcule os limites laterais limx!0+
f(x) e limx!0¡
f(x).
Resposta. +1 e 0, respectivamente.
5. Sendo g(x) =1
1 + 21
x¡a
, calcule os limites laterais limx!a+
g(x) e limx!a¡
g(x).
Resposta. 0 e 1, respectivamente.
Aula 10
Derivando fun»c~oes exponenciais elogar¶³tmicas
Nesta aula estaremos deduzindo as derivadas das fun»c~oes f(x) = ax e g(x) = loga x,sendo a uma constante real, a > 0 e a6= 1.
O que faz do n¶umero e uma constante t~ao especial ? A resposta est¶a no seguinteteorema
Teorema 10.1
1. Se f(x) = ex, ent~ao f 0(x) = ex. Ou seja, a derivada da fun»c~ao exponencial debase e coincide com a pr¶opria fun»c~ao.
2. Se f(x) = ax (a > 0, a6= 1), ent~ao f 0(x) = ax ¢ ln a.Demonstra»c~ao. Seja f(x) = ex. Ent~ao
lim¢x!0
¢f
¢x= lim
¢x!0f(x+¢x)¡ f(x)
¢x= lim
¢x!0ex+¢x ¡ ex
¢x
= lim¢x!0
ex ¢ e¢x ¡ ex¢x
= lim¢x!0
ex ¢ e¢x ¡ 1¢x
= ex ¢ lim¢x!0
e¢x ¡ 1¢x
= ex ¢ 1 = ex
Para justi¯car o ¶ultimo passo na dedu»c~ao acima, nos resta demonstrar:
Proposi»c~ao 10.1
limh!0
eh ¡ 1h
= 1
88
Derivando func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas 89
Demonstra»c~ao. Faremos o c¶alculo do limite atrav¶es de uma interessante mudan»ca devari¶avel.
Fazendo eh ¡ 1 = z, temos eh = 1 + z, e ent~ao h = loge(1 + z)Assim sendo, h! 0 se e somente se z ! 0, e ent~ao
limh!0
eh ¡ 1h
= limz!0
z
loge(1 + z)= lim
z!01
loge(1 + z)
z
= limz!0
1
loge
h(1 + z)1=z
i = 1
loge e=1
1= 1
Portanto, sendo f(x) = ex, temos lim¢x!0
¢f¢x= ex.
Para calcular a derivada de ax, fazemos
ax = eloge ax
= ex loge a = ex ln a = e(ln a)x
Pela regra da cadeia, (eu)0 = eu ¢ u0, logo(ax)0 =
£e(ln a)x
¤0= e(ln a)x ¢ ((ln a)x)0 = e(ln a)x ¢ ln a = ax ln a
Quanto a fun»c~oes logar¶³tmicas, temos o seguinte
Teorema 10.2
1. (lnx)0 =1
x2. (ln jxj)0 = 1
x
3. (loga x)0 =
1
x ln a4. (loga jxj)0 =
1
x ln a
Demonstra»c~ao. Se y = lnx, ent~ao y = loge x, e portanto x = ey.
Por deriva»c~ao impl¶³cita em rela»c~ao a x, temos (x)0 = (ey)0, logo 1 = ey ¢ y0.
Portanto y0 =1
ey=1
x, ou seja, (lnx)0 = 1=x.
Assim sendo, (loga x)0 =
µlnx
ln a
¶0=(lnx)0
ln a=
1
x ln a.
Para derivar ln jxj, ou loga jxj, lembremo-nos de que jxj = x quando x > 0, ejxj = ¡x quando x < 0. Assim, se x > 0, reca¶³mos nos itens 1 e 3.
Se x < 0, (ln jxj)0 = (ln(¡x))0 = 1¡x ¢ (¡x)0 = ¡1
x¢ (¡1) = 1
x. O item 4 ¶e
deduzido analogamente.
Proposi»c~ao 10.2 Sendo ® uma constante real, racional ou irracional, e x > 0,
(x®)0 = ®x®¡1
Derivando func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas 90
Demonstra»c~ao. Se y = x® ent~ao ln y = lnx® = ® lnx.
Por deriva»c~ao impl¶³cita, em rela»c~ao a x, temos (ln y)0 = (® lnx)0.
Logo,1
y¢ y0 = ® ¢ 1
x.
Portanto, y0 = y ¢ ® ¢ 1x= ®x® ¢ 1
x= ®x®¡1.
No exemplo seguinte, fazemos uso da fun»c~ao ln para derivar uma fun»c~ao exponen-cial de base e expoente vari¶aveis.
Exemplo 10.1 (Uma fun»c~ao exponencial de base e expoente vari¶aveis) Calculara derivada de f(x) = xx.
Solu»c~ao. Sendo y = xx, temos ln y = lnxx = x ¢ lnx.Derivando ambos os membros em rela»c~ao a x, temos
(ln y)0 = (x ¢ lnx)01
y¢ y0 = lnx+ x ¢ (lnx)0
y0 = yµlnx+ x ¢ 1
x
¶= xx(1 + lnx).
Portanto (xx)0 = xx(1 + lnx).
10.1 Problemas
1. Calcule as derivadas das seguintes fun»c~oes.
(a) y = e¡3x (b) y = e4x+5 (c) y = ax2
(d) y = 7x2+2x
(e) y = ex(1¡ x2) (f) y = ex¡1ex+1
(g) y = x1=x (h) y = x¼¼x
Respostas.(a) ¡3e¡3x (b) 4e4x+5 (c) 2xax
2
lna (d) 2(x+1)7x2+2x ln 7 (e) ex(1¡2x¡x2)
(f) 2ex
(ex+1)2(g) x1=x ¢ 1¡lnx
x2(h) ¼x¼¡1¼x + x¼¼x ln¼
2. Calcule as derivadas das seguintes fun»c~oes.
(a) y = ln jax+ bj (b) y = loga(x2 + 1) (c) y = ln ex
1+ex
(d) y = ln 1+x2
1¡x2 (e) y = ln jx2 + 2xj (f) y = log10(3x2 + 2)5
(g) y = x lnx (h) y = (lnx)3 (i) y = ln(x+px2 + ¸) (¸6= 0)
(j) y = log10(lnx) (k) y = 12aln¯a+xa¡x¯(a6= 0)
Respostas. (a) aax+b (b) 2x
(x2+1) ln a(c) 1
1+ex (d) 4x1¡x4 (e) 2x+1
x2+x
(f) 30x(3x2+2) ln 10
(g) 1 + lnx (h) 3(lnx)2
x(i) 1p
x2+¸(j) 1
x lnx ln 10 (k) 1a2¡x2
Derivando func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas 91
3. Calcule y0, calculando ln y, expandindo o segundo membro, utilizando propriedadesde logaritmos, e ent~ao derivando implicitamente.
(a) y = 3
qx(x2+1)(x¡1)2 (b) y = (x+1)2
(x+2)3(x+3)4(c) y = x(1+x2)p
1¡x2
(d) y =q(3x2 + 2)
p6x¡ 7
Respostas. (a) 133
qx(x2+1)(x¡1)2 ¢
³1x+ 2x
x2+1¡ 2
x¡1´
(b) ¡ (x+1)(5x2+14x+5)(x+2)4(x+3)5
(c) 1+3x2¡2x4p
(1¡x2)3 (d)³
3x3x2+2
+ 32(6x¡7)
´q(3x2 + 2)
p6x¡ 7
4. Calcule dy=dx, se y = f(x) ¶e de¯nida implicitamente pela equa»c~ao
(a) 3y ¡ x2 + ln(xy) = 2 (b) x ln y ¡ y lnx = 1 (c) exy ¡ x3 + 3y2 = 11Respostas. (a) dy
dx= (2x2¡1)y
x(3y+1)(b) dy
dx= y2¡xy ln y
x2¡xy lnx (c) dydx= 3x2¡yexy
xexy+6y
5. Determine a equa»c~ao da reta tangente µa curva y = x2+ln(2x¡5) no ponto dessacurva de abcissa 3. Resposta. y = 8x¡ 15
6. Mostre que a fun»c~ao y = C1e¡x + C2e¡2x ¶e solu»c~ao da equa»c~ao diferencial
y00 + 3y0 + 2y = 0.
7. A posi»c~ao s de um ponto m¶ovel P sobre um eixo horizontal s ¶e dada por s(t) =t2¡ 4 ln(1+ t), t ¸ 0, sendo s dado em cent¶³metros e t em segundos. Determinea velocidade e a acelera»c~ao do ponto P em um instante t qualquer. Determineos intervalos de tempo em que o ponto P se move (a) para a esquerda, isto ¶e,
em dire»c~ao contr¶aria µa do eixo s, e (b) para a direita. Resposta. v(t) = 2(t2+t¡2)t+1
,
a(t) = 2 + 4(t+1)2
. (a) 0 · t < 1, (b) t > 1.
8. Esboce o gr¶a¯co de f(x) = e1=x, analisando a fun»c~ao f atrav¶es de derivadas ec¶alculos de limites apropriados.
Resposta.
1 2 3-1-2
2
4
6
0 x
y
A reta x = 0 (eixo y) ¶e ass¶³ntota ver-
tical do gr¶a¯co (somente para x > 0).
A reta y = 1 ¶e ass¶³ntota horizontal do
gr¶a¯co.
f 0(x) = ¡e1=x=x2f 00(x) = e1=x(2x+ 1)=x4
9. Esboce o gr¶a¯co de f(x) = 21+e1=x
¡1, analisando a fun»c~ao f atrav¶es de derivadase c¶alculos de limites apropriados.
Derivando func»~oes exponenciais e logar¶³tmicas 92
Resposta.
1 2 3
-1-2-3
1
-1
0
x
y
¶E ¶util saber que f ¶e uma fun»c~ao¶³mpar, ou
seja, f(¡x) = ¡f(x), para cada x6= 0
(veri¯que).
f 0(x) =2e1=x
x2(1 + e1=x)2
f 00(x) =¡2e1=x[e1=x(2x¡ 1) + 2x+ 1]
(1 + e1=x)3x4
Dado num¶erico. Ra¶³zes de f 00: ¼ §0; 4.Sendo f uma fun»c~ao ¶³mpar, temos que f 0 ¶e uma fun»c~ao par (f 0(¡x) = f 0(x)), e f 00 ¶etamb¶em fun»c~ao ¶³mpar (veja problema 9, aula 3).
10. (a) Qual n¶umero real ¶e maior, (0; 1)0;1 ou (0; 2)0;2 ?
(b) Qual ¶e o menor valor de xx, sendo x real e positivo?
Respostas. (a) (0; 1)0;1 > (0; 2)0;2 (b) (1=e)1=e. Sugest~ao para ambos os itens.Veri¯que os intervalos de crescimento e de decrescimento de f(x) = xx.
11. Mostre que ¼e < e¼, sem o uso de m¶aquinas de calcular.
Sugest~ao. Considere f(x) =lnx
x. Mostre que f ¶e crescente no intervalo ]0; e] e
decrescente no intervalo [e;+1[. Use ent~ao o fato de que ¼ > e.
Aula 11
Fun»c~oes trigonom¶etricas e o\primeiro limite fundamental"
Nesta aula estaremos fazendo uma pequena revis~ao de fun»c~oes trigonom¶etricas e apre-sentando um limite que lhes determina suas derivadas.
11.1 Pequena revis~ao de trigonometria
11.1.1 Trigonometria geom¶etrica
Consideremos os triangulos ABC e A0B0C 0 da ¯gura 11.1. Os dois triangulos s~aosemelhantes, pois seus angulos internos s~ao iguais (congruentes). Assim, temos
AB
AC=AB0
AC 0;
BC
AC=B0C 0
AC 0;
BC
AB=B0C 0
AB0
Assim, sendo ABC um triangulo retangulo, como na ¯gura 11.1 as raz~oes ABAC,
BCAC
e BCAB
dependem somente da abertura µ = A.
A
C
B
C'
B'
θ
Figura 11.1.
Chamamos
93
Func»~oes trigonom¶etricas e o primeiro limite fundamental 94
cosseno de µ = cos µ =AB
AC=cateto adjacente ao angulo µ
hipotenusa
seno de µ = sen µ =BC
AC=cateto oposto ao angulo µ
hipotenusa
tangente de µ = tg µ =BC
AB=
cateto oposto ao angulo µ
cateto adjacente ao angulo µ
Deduz-se imediatamente que tg µ =sen µ
cos µ.
Da trigonometria do ensino m¶edio, s~ao bem conhecidos os valores
µ cos µ sen µ tg µ
0 1 0 0
30±p3=2 1=2 1=
p3
45±p2=2
p2=2 1
60± 1=2p3=2
p3
90± 0 1 n~ao se de¯ne
Se_PQ ¶e um arco de um c¶³rculo de raio r, correspondente a um angulo central de
abertura ®, o comprimento c de_PQ ¶e dado por
c = r ¢ (medida de ® em radianos)
P
Q
αc
r
O
Figura 11.2. c = r ¢ ® (quando ® ¶e medido em radianos).
Assim, o comprimento c do arco_PQ ¶e diretamente proporcional a r e a ®. Quando
® = 360±, temos
c = comprimento da circunferencia = 2¼ ¢ r
Assim sendo,
360± = 360 graus = 2¼ radianos, ou seja 180± = ¼
Func»~oes trigonom¶etricas e o primeiro limite fundamental 95
Se r = 1 = uma unidade de comprimento, o comprimento c do arco_PQ ¶e
simplesmente a medida de ® em radianos.
A ¶area do setor circular de angulo central ® tamb¶em ¶e proporcional a ®. Quando® = 2¼, temos a ¶area de um c¶³rculo de raio r: A = ¼r2. Assim, um setor circular de
abertura ®, tem ¶area A® =®
2¢ r2 (® em radianos).
11.1.2 Trigonometria anal¶³tica
Para de¯nir as fun»c~oes trigonom¶etricas de vari¶avel real, consideramos um sistema carte-siano ortogonal de coordenadas no plano. Nele, consideramos a circunferencia deequa»c~ao x2 + y2 = 1 (de centro em (0; 0) e raio 1). Esta circunferencia ¶e o quechamaremos de c¶³rculo trigonom¶etrico.
Dado um n¶umero real ®, tomamos A = (1; 0) e demarcamos, no c¶³rculo trigo-nom¶etrico, um ponto P® tal que a medida do percurso de A a P®, sobre o c¶³rculotrigonom¶etrico, ¶e igual a j®j (¯gura 11.3). Teremos o percurso AP® passando uma ouv¶arias vezes pelo ponto A, quando j®j > 2¼.
A partir do ponto A, o percurso_AP® ¶e feito no sentido anti-hor¶ario (contr¶ario ao
sentido do movimento dos ponteiros do rel¶ogio) se ® > 0, e ¶e feito no sentido hor¶ario(no mesmo sentido do movimento dos ponteiros do rel¶ogio) se ® < 0. Tal percurso ¶eum arco orientado. Dizemos que ® ¶e a medida alg¶ebrica do arco orientado AP®.
Assim, por exemplo, P¼ = P¡¼ = (¡1; 0), P¼=2 = (0; 1), P¡¼=2 = (0;¡1),P¼=4 = (
p2=2;
p2=2), P¼=3 = (
p3=2; 1=2), e P0 = (1; 0) = P2¼ = P2n¼, para cada
inteiro n.
Sendo ® 2 R, consideremos P® = (x®; y®), de¯nido como acima. De¯nimos
x® = cos® = cosseno de ®;
y® = sen® = seno de ®
Para estendermos a de¯ni»c~ao de tangente de ® a arcos orientados ®, tomamosum eixo y0, paralelo ao eixo y, de origem O0 = A, orientado positivamente para cima,no qual usaremos a mesma escala de medidas do eixo y. Sendo ® 2 R, consideramosa reta OP®. Se ®6= ¼
2§ n¼, para todo n 2 Z, esta reta intercepta o eixo y0 em T®.
Sendo t® a abcissa de T® no eixo y0, de¯nimos
t® = tg® = tangente de ®
Assim sendo, tg® =sen®
cos®.
Se 0 < ® < ¼=2, os valores cos®, sen®, e tg® coincidem com aqueles dasde¯ni»c~oes geom¶etricas de cosseno, seno e tangente, dadas na se»c~ao 11.1.1.
Tamb¶em de¯nem-se as fun»c~oes trigonom¶etricas
Func»~oes trigonom¶etricas e o primeiro limite fundamental 96
A=(1,0)
P
α
x
α
y
O
(x ,y )α α=
Figura 11.3.
O' = A
P
αx
α
y
O
'
Tα
y
Figura 11.4. No sistema Oxy, T® = (1; t®) = (1; tg®).
cotangente de ® = cotg® =cos®
sen®(®6= n¼; 8n 2 Z)
secante de ® = sec® =1
cos®(®6= ¼
2+ n¼; 8n 2 Z)
cossecante de ® = cosec® =1
sen®(®6= n¼; 8n 2 Z)
Na ¯gura 11.5, ilustramos geom¶etricamente as seis fun»c~oes trigonom¶etricas de umarco ® no primeiro quadrante, isto ¶e, satisfazendo 0 < ® < ¼=2.
Listamos abaixo algumas f¶ormulas ¶uteis, envolvendo as fun»c~oes trigonom¶etricas.Aqui e sempre, cos2 a = (cos a)2, sen2 a = (sen a)2, tg2 a = (tg a)2, etc.
1. cos2 a+ sen2 a = 1 (isto porque x2a + y2a = 1)
2. 1 + tg2 a = sec2 a (dividindo-se ambos os membros da equa»c~ao 1 por cos2 a)1+cotg2 a = cosec2 a (dividindo-se ambos os membros da equa»c~ao 1 por sen2 a)
Func»~oes trigonom¶etricas e o primeiro limite fundamental 97
A
P
αx
α
y
O
'
'
tg
cos α
α
sec α
cotg α
sen ααcosec
1
y
x
Figura 11.5. Geometria das seis fun»c~oes trigonom¶etricas, no primeiro quadrante.
1
-1
π0 π /2
π/23
π2
π-
x
yy = sen x
1
-1
π0 π/2
π /23
π2
π-
x
y
/2
y = cos x
-1
π0 π /2
π /23π-
x
y
/2
1
π /4
y = tg x
Figura 11.6. Gr¶a¯cos das fun»c~oes seno, cosseno e tangente.
3. sen(a+ b) = sen a cos b+ sen b cos asen(a¡ b) = sen a cos b¡ sen b cos a
Func»~oes trigonom¶etricas e o primeiro limite fundamental 98
cos(a+ b) = cos a cos b¡ sen a sen bcos(a¡ b) = cos a cos b+ sen a sen b
4. cos(¡a) = cos a, sen(¡a) = ¡ sen atg(¡a) = sen(¡a)
cos(¡a) =¡ sen acos a
= ¡ tg a
5. sen 2a = sen(a+ a) = 2 sen a cos acos 2a = cos(a+ a) = cos2 a¡ sen2 a
6. cos a = sen¡¼2¡ a¢, sen a = cos
¡¼2¡ a¢
11.2 O primeiro limite fundamental
Vamos admitir que as seis fun»c~oes trigonom¶etricas s~ao cont¶³nuas nos pontos onde est~aode¯nidas.
Na pr¶oxima aula estaremos de¯nindo as fun»c~oes trigonom¶etricas inversas e cal-culando as derivadas de todas as fun»c~oes trigonom¶etricas. Para calcular a derivada desenx, e ent~ao calcular as derivadas das demais fun»c~oes trigonom¶etricas, deduziremosprimeiramente o seguinte resultado, chamado na literatura do c¶alculo de primeiro limitefundamental.
Proposi»c~ao 11.1 (Primeiro limite fundamental)
limx!0
senx
x= 1
Demonstra»c~ao. Seja ® um n¶umero real, 0 < ® < ¼=2, e consideremos, no c¶³rculo
trigonom¶etrico, o arco_AP de comprimento ®, sendo A = (1; 0) e P = P®.
Sejam P 0 a proje»c~ao ortogonal do ponto P no eixo x (PP 0 ? Ox), e T a interse»c~aoda reta OP com o eixo y0 das tangentes.
Temos ent~ao PP 0 <_AP , ou seja sen® < ®.
Al¶em disso, a ¶area do setor circular AOP ¶e dada por A® =®2r2 = ®
2.
A ¶area do triangulo OAT ¶e dada por ¢ = 12OA ¢ AT = tg®
2.
Obviamente A® < ¢, da¶³®2< tg®
2, e portanto ® < tg®.
Sumarizando, sendo 0 < ® < ¼=2,
sen® < ® < tg®
Func»~oes trigonom¶etricas e o primeiro limite fundamental 99
A
P
αx
y
O
T
P'
y'
1
Figura 11.7.
Como sen® > 0, temos ent~ao 1 <®
sen®<tg®
sen®=
1
cos®. Comparando os inversos
dos tres termos, obtemos
cos® <sen®
®< 1
Para ¡¼=2 < ® < 0 tamb¶em valem as desigualdades acima, j¶a que, se 0 < ® < ¼=2,
cos(¡®) = cos® esen(¡®)¡® =
¡ sen®¡® =
sen®
®.
Agora faremos uso de um teorema sobre limites (que s¶o pode ser demonstrado apartir de um tratamento formal da teoria de limites), o teorema do confronto ou teoremado sandu¶³che:
Teorema 11.1 (Teorema do confronto, ou teorema do sandu¶³che) Sendo I ½R um intervalo, sendo a 2 I, e f , g e h fun»c~oes de¯nidas para x 2 I, x 6= a, sef(x) · g(x) · h(x) para todo x 2 I; x6= a, e se lim
x!af(x) = lim
x!ah(x) = L, ent~ao
limx!a
g(x) = L. Vale o mesmo resultado para limites laterais (neste caso, a pode ser o
extremo inferior ou superior do intervalo I). Vale o mesmo resultado se a = +1 ou¡1.
No nosso caso, temos f(®) = cos®, g(®) =sen®
®e h(®) = 1, todas de¯nidas
para ¡¼=2 < ® < ¼=2, ®6= 0, satifazendo f(®) < g(®) < h(®).Temos lim
®!0f(®) = lim
®!0cos® = 1, e lim
®!0h(®) = lim
®!01 = 1.
Portanto lim®!0
g(®) = 1, ou seja,
lim®!0
sen®
®= 1
Veremos adiante que o resultado limx!0
senx
x= 1, primeiro limite fundamental, ¶e
imprescind¶³vel para a dedu»c~ao das derivadas das fun»c~oes trigonom¶etricas. Note que as
Func»~oes trigonom¶etricas e o primeiro limite fundamental 100
desigualdades senx < x < tg x, empregadas no c¶alculo desse limite, s¶o fazem sentidose x 2 R, quando ent~ao jxj ¶e a medida de um arco orientado (em radianos), em umc¶³rculo trigonom¶etrico.
O segundo limite fundamental ¶e aquele j¶a visto na aula 9, limn!+1
¡1 + 1
n
¢n= e.
11.3 Problemas
1. Calcule os seguintes limites, lembrando-se de que limx!0
senxx= 1.
(a) limx!0
sen(x=3)
x(b) lim
x!0sen ax
bx(c) lim
t!0sen2 2t
t2(d) lim
x!¼senx
x¡ ¼(e) lim
t!0sen2 t
1¡ cos t (f) limx!0
x cotg x (g) limx!0
1¡ cos axbx
(h) limx!0
sen 3x
sen 5x
(i) limx!+1
x sen2
x(j) lim
x!+1senx
x(k) lim
x!0x ¢ cos(1=x)
Respostas. (a) 1=3. Sugest~ao. Fa»ca limx!0
sen(x=3)x
= limx!0
3 ¢ sen(x=3)x=3 (b) a=b (c) 4
(d) ¡1. Sugest~ao. Fa»ca primeiramente a mudan»ca de vari¶avel x ¡ ¼ = y. (e) 1.
Sugest~ao. limt!0
sen2 t1¡cos t = limt!0
sen2 t(1+cos t)(1¡cos t)(1+cos t) (f) 1 (g) 0 (h) 3=5 (i) 2 (j) 0.
Sugest~ao. Se x > 0, ¡ 1x· senx
x· 1
x(k) 0. Sugest~ao. Mostre que lim
x!0jx cos(1=x)j =
0, considerando que jx cos(1=x)j · jxj, e use o teorema do confronto (teorema 11.1).
Aula 12
Derivando fun»c~oes trigonom¶etricas
Nesta aula estaremos deduzindo derivadas de fun»c~oes trigonom¶etricas. Estaremos tam-b¶em apresentando as fun»c~oes trigonom¶etricas inversas e deduzindo suas derivadas.
Admitiremos que as seis fun»c~oes trigonom¶etricas s~ao cont¶³nuas nos pontos ondeest~ao de¯nidas.
Recordemo-nos de que, pela proposi»c~ao 11.1, aula 11, temos o primeiro limitefundamental,
limh!0
senh
h= 1
Como conseqÄuencia, deduziremos agora as derivadas das fun»c~oes seno e cosseno.
Teorema 12.1
(sen x)0 = cosx
(cosx)0 = ¡ senxDemonstra»c~ao. Seja f(x) = senx. Consideremos ent~ao, fazendo ¢x = h,
¢f
¢x=f(x+ h)¡ f(x)
h=sen(x+ h)¡ senx
h
=senx cosh+ senh cosx¡ senx
h
= senx ¢ cosh¡ 1h
+ cosx ¢ senhh
f 0(x) = limh!0
f(x+ h)¡ f(x)h
= senx ¢ limh!0
cos h¡ 1h
+ cosx ¢ limh!0
senh
h
101
Derivando func»~oes trigonom¶etricas 102
Agora, temos limh!0
senh
h= 1, e
limh!0
cosh¡ 1h
= limh!0
(cosh¡ 1)(cosh+ 1)h(cosh+ 1)
= limh!0
(cos2 h¡ 1)h(cosh+ 1)
= limh!0
¡ sen2 hh(cosh+ 1)
= limh!0
senh
h¢ limh!0
¡ senhcosh+ 1
= 1 ¢ 02= 0
Portanto, f 0(x) = (senx) ¢ 0 + (cosx) ¢ 1 = cosx.Assim (sen x)0 = cosx, para todo x 2 R.Agora, cosx = sen
¡¼2¡ x¢. Por deriva»c~ao em cadeia,
(cosx)0 =hsen
³¼2¡ x
´i0= cos
³¼2¡ x
´¢³¼2¡ x
´0= (senx) ¢ (¡1) = ¡ senx
Proposi»c~ao 12.1
(tg x)0 = sec2 x
(cotg x)0 = ¡ cosec2 x(sec x)0 = secx tg x
(cosec x)0 = ¡ cosecx cotg xDemonstra»c~ao. Para deduzir estas novas f¶ormulas, basta fazer uso das rela»c~oes
tg x =senx
cosx; cotg x =
cosx
senxsecx =
1
cosx; cosecx =
1
senx
e aplicar a regra de deriva»c~ao de um quociente,³uv
´0=u0v ¡ uv0v2
. Deixamos o prazer
da descoberta para o leitor.
12.1 Fun»c~oes trigonom¶etricas inversas
e suas derivadas
A fun»c~ao arco-seno. Para cada n¶umero real a, ¡1 · a · 1, existe um ¶unico arcoorientado ®, ¡¼=2 · ® · ¼=2, tal que sen® = a.
Dizemos que ® ¶e o arco cujo seno ¶e a, ou que ® ¶e o arco-seno de a, e denotamosisto por
® = arc sen a
Sumarizando,
Derivando func»~oes trigonom¶etricas 103
® = arc sen a se e somente se
(sen® = a
¡¼=2 · ® · ¼=2
A
αx
y
O
π/2
π /2-
a
α = arc sen a
Assim, por exemplo (con¯ra),
arc sen 1 =¼
2; arc sen
p3
2=¼
3; arc sen
µ¡12
¶= ¡¼
6; arc sen(¡1) = ¡¼
2
A fun»c~ao arco-cosseno. Para cada n¶umero real a, ¡1 · a · 1, existe um ¶unico arcoorientado ¯, 0 · ¯ · ¼, tal que cos¯ = a.
β
x
y
O
π
a
β = arc cos a
Dizemos que ¯ ¶e o arco cujo cosseno ¶e a, ou que ¯ ¶e o arco-cosseno de a, edenotamos isto por
¯ = arccos a
Sumarizando,
¯ = arccos a se e somente se
(cos¯ = a
0 · ¯ · ¼
Derivando func»~oes trigonom¶etricas 104
Assim, por exemplo, arccos 1 = 0, arccos(p2=2) = ¼=4, arccos(¡1=2) = 2¼=3,
arccos(¡1) = ¼.A fun»c~ao arco-tangente. Para cada n¶umero real a, ¡1 < a < +1, existe um ¶unicoarco orientado °, ¡¼=2 < ° < ¼=2, tal que tg ° = a.
Dizemos que ° ¶e o arco cuja tangente ¶e a, ou que ° ¶e o arco-tangente de a, edenotamos isto por
° = arc tg a
γx
y
O
π /2
π/2-
aγ = arc tg a
y'
Sumarizando,
° = arc tg a se e somente se
(a = tg °
¡¼=2 < ° < ¼=2Assim, de¯nem-se as fun»c~oes arc senx e arccosx, para¡1 · x · 1, e arc tg x para
todo x 2 R. Algumas calculadoras cient¶³¯cas chamam essas fun»c~oes pelas teclas INVSIN , INV COS , INV TAN , e µas vezes pelas teclas SIN¡1 , COS¡1 , TAN¡1 .
Proposi»c~ao 12.2
(arc senx)0 =1p1¡ x2 ; ¡1 < x < 1
(arccos x)0 = ¡ 1p1¡ x2 ; ¡1 < x < 1
(arc tg x)0 =1
1 + x2; ¡1 < x < +1
Demonstra»c~ao.
Sendo ¡1 < x < 1,
y = arc senx se e somente se sen y = x; e ¡ ¼=2 < y < ¼=2
Derivando func»~oes trigonom¶etricas 105
Por deriva»c~ao impl¶³cita da equa»c~ao sen y = x, temos
(sen y)0 = 1) (cos y) ¢ y0 = 1) y0 =
1
cos y=
1p1¡ sen2 y =
1p1¡ x2
Portanto (arc senx)0 =1p1¡ x2 .
Para ¡1 < x < 1, y = arccosx se e somente se cos y = x, e 0 < y < ¼.Por deriva»c~ao impl¶³cita temos
(cos y)0 = 1) ¡(sen y) ¢ y0 = 1) y0 = ¡ 1
sen y=
1p1¡ cos2 y = ¡
1p1¡ x2
Portanto (arccosx)0 = ¡ 1p1¡ x2 .
Finalmente, para x 2 R,
y = arc tg x se e somente se tg y = x; e ¡ ¼=2 < y < ¼=2
Por deriva»c~ao impl¶³cita temos
(tg y)0 = 1) (sec2 y) ¢ y0 = 1) y0 =
1
sec2 y=
1
1 + tg2 y= ¡ 1
1 + x2
Portanto (arc tg x)0 =1
1 + x2.
12.2 Problemas
1. Sendo f(x) = senx, mostre que f 0(x) = cosx, fazendo uso da f¶ormula
sen p¡ sen q = 2 sen p¡ q2
cosp+ q
2
para calcular o limite de
¢f
¢x=f(x+¢x)¡ f(x)
¢x=sen(x+¢x)¡ senx
¢x
quando ¢x! 0.
Derivando func»~oes trigonom¶etricas 106
y
x
ϕ
d
AO
Figura 12.1.
2. A distancia d = OA (veja ¯gura 12.1) que um proj¶etil alcan»ca, quando disparadode um canh~ao com velocidade inicial v0, por um cano inclinado com um angulode eleva»c~ao ' em rela»c~ao ao ch~ao (horizontal), ¶e dada pela f¶ormula
d =v0gsen 2'
sendo g a acelera»c~ao da gravidade local. Qual ¶e o angulo ' que proporcionaalcance m¶aximo? Resposta. 45±.
3. Calcule as derivadas das seguintes fun»c~oes.
(a) y = secpx¡ 1 (b) y = cosec(x2 + 4)
(c) y = cotg(x3 ¡ 2x) (d) f(x) = cos 3x2
(e) y =cos 4x
1¡ sen 4x (f) g(x) = cos2 3x (cos2 a signi¯ca (cos a)2)
(g) y = tg2 x sec3 x (h) f(x) = tg3(3x+ 1)
(i) y = x2 sec2 5x (j) f(x) = ln j cosecx+ cotg xj(k) y = e¡3x tg
px (l) g(x) = ln(ln sec 2x)
(m) y = xsenx (n) f(x) = ln j secx+ tg xjRespostas. (a) sec
px¡1 tgpx¡12px¡1 (b) ¡2x cosec(x2 + 4) cotg(x2 + 4)
(c) ¡(3x2 ¡ 2) cosec2(x3 ¡ 2x) (d) ¡6x sen 3x2 (e) 41¡sen 4x (f) ¡3 sen 6x
(g) 3 tg3 x sec3 x+ 2 tg x sec5 x (h) 9 tg2(3x+ 1) sec2(3x+ 1)
(i) 2x sec2 5x+10x2 sec2 5x tg 5x (j) ¡ cosecx (k) e¡3x sec2
px
2px
¡3e¡3x tgpx (l)2 tg 2xln sec 2x (m) xsenx
¡cosx ¢ lnx+ senx
x
¢(n) secx
4. Calcule as derivadas das seguintes fun»c~oes.
(a) y = arc senpx (b) f(x) = (1 + arccos 3x)3 (c) f(x) = ln arc tg x2
(d) y = 3arc senx3
(e) g(x) = (tg x)arc tg x
Respostas. (a) 1=(2pxp1¡ x) (b) ¡9(1 + arccos 3x)2=p1¡ 9x2
(c) 2x(1+x4) arc tg x2 (d) (3 ln 3)x2 ¢ 3arc senx3=p1¡ x6
(e) (tg x)arc tg x[cotg x sec2 x arc tg x+ (ln tg x)=(1 + x2)]
5. Determine y0 por deriva»c~ao impl¶³cita.
(a) y = x sen y (b) ex cos y = x ey (c) x2 + x arc sen y = yex
Derivando func»~oes trigonom¶etricas 107
Respostas. (a) y0 = sen y1¡x cos y (b) y0 = ex cos y¡ey
ex sen y+xey
(c) y0 =p1¡ y2(yex ¡ arc sen y ¡ 2x)
x¡ exp1¡ y2
6. Esboce os gr¶a¯cos das fun»c~oes, analisando-as previamente atrav¶es de derivadas elimites apropriados.(a) y = x+ senx (b) y = arc tg x (c) y = x+ arc tg x
Respostas. (Daremos as derivadas como suporte µas solu»c~oes.)(a) y0 = 1 + cosx, y00 = ¡ senx. Ao pesquisar retas ass¶³ntotas do gr¶a¯co, voce vai sedeparar com os limites lim
x!§1senxx. Use o seguinte racioc¶³nio. Como ¡1 · senx · 1
para todo x 2 R, temos ¡1x· senx
x· 1
x, para todo x > 0. Da¶³, usando um teorema de
confronto (sandu¶³che), temos limx!+1
senxx= 0. Calcule tamb¶em lim
x!¡1senxx.
(b) y0 = 11+x2
, y00 = ¡2x(1+x2)2
(c) y0 = 1 + 11+x2
, y00 = ¡2x(1+x2)2
(a)y
x
2π π 3π
2
π
π
3π
(b)y
x
/2π
/2π-
1
/4π
0
(c)y
x
π/2π
π
/2π
/2π-
/2π-
Aula 13
Limites indeterminados e as regrasde L'Hopital
Nesta aula, estaremos apresentando as regras de L'Hopital, regras para calcular limitesindeterminados, da forma 0=0 ou 1=1, usando derivadas. Estaremos tamb¶em exami-nando gr¶a¯cos de fun»c~oes envolvendo fun»c~oes exponenciais.
Diremos que o limite limx!a
f(x)=g(x) tem a forma indeterminada 0=0, se o quociente
de fun»c~oes reais f(x)=g(x) est¶a de¯nido em um conjunto da forma I ¡ fag (sendo Ium intervalo, e a uma extremidade ou ponto interior de I), f(x) e g(x) s~ao cont¶³nuase deriv¶aveis para x6= a, e lim
x!af(x) = lim
x!ag(x) = 0.
Diremos que o limite limx!a
f(x)=g(x) tem a forma indeterminada1=1, se o quocientede fun»c~oes reais f(x)=g(x) est¶a de¯nido em um conjunto da forma I ¡ fag (sendo Ium intervalo, e a uma extremidade ou ponto interior de I), f(x) e g(x) s~ao cont¶³nuase deriv¶aveis para x6= a, e lim
x!af(x) = §1, lim
x!ag(x) = §1.
Os mesmos conceitos s~ao de¯nidos analogamente se tivermos x! a+ ou x! a¡,ou ainda se a = §1.
S~ao duas as chamadas regras de L'Hopital. Uma para formas indeteminadas 0=0 eoutra para formas indeterminadas 1=1. Ambas podem ser enunciadas conjuntamenteem um ¶unico teorema (que n~ao demonstraremos).
Teorema 13.1 (Regras de L'Hopital) Se limx!a
f(x)=g(x) tem uma forma indeter-
minada 0=0 ou 1=1, ent~ao
limx!a
f(x)
g(x)= lim
x!af 0(x)g0(x)
caso o limite limx!a
f 0(x)=g0(x) exista (sendo ¯nito ou in¯nito). O mesmo vale se a ¶e
substitu¶³do por a+ ou a¡, ou se a = +1 ou ¡1.
108
Limites indeterminados e as regras de L'Hopital 109
Exemplo 13.1 Calcular limx!2
x2 ¡ x¡ 23x2 ¡ 5x¡ 2
Solu»c~ao. Um c¶alculo direto nos d¶a a forma indeterminada 0=0. Pelo m¶etodo tradicional,usando fatora»c~oes, fazemos
limx!2
x2 ¡ x¡ 23x2 ¡ 5x¡ 2 = limx!2
(x¡ 2)(x+ 1)(x¡ 2)(3x+ 1) = limx!2
x+ 1
3x+ 1= 3=7
Aplicando regras de L'Hopital, n~ao necessitamos da fatora»c~ao:
limx!2
x2 ¡ x¡ 23x2 ¡ 5x¡ 2 = limx!2
(x2 ¡ x¡ 2)0(3x2 ¡ 5x¡ 2)0 = limx!2
2x¡ 16x¡ 5 = 3=7
No caso de quociente de polinomios, n~ao precisamos das regras de L'Hopital, masµas vezes as regras de L'Hopital s~ao nosso ¶unico recurso para o c¶alculo de um limite:
Exemplo 13.2 Calcular limx!0
x¡ senxx3
O limite ¶e indeterminado, da forma 0=0, a agora n~ao podemos colocar em evidencianenhuma potencia de x. Aplicando L'Hopital, temos
limx!0
x¡ senxx3
= limx!0
(x¡ senx)0(x3)0
= limx!0
1¡ cosx3x2
(= 0=0, aplicamos novamente L'Hopital)
= limx!0
senx
6x= 1=6 (usando lim
x!0senx
x= 1)
Exemplo 13.3 Calcular limx!+1
e2x
x3
Aqui temos uma indetermina»c~ao da forma 1=1. Aplicando L'Hopital, temos
limx!+1
e2x
x3= lim
x!+1(e2x)0
(x3)0
= limx!+1
2e2x
3x2(=1=1, aplicamos novamente L'Hopital)
= limx!+1
(2e2x)0
(3x2)0
= limx!+1
4e2x
6x(=1=1, aplicamos novamente L'Hopital)
= limx!+1
8e2x
6=+16= +1
Limites indeterminados e as regras de L'Hopital 110
No c¶alculo de limites, sabemos que tamb¶em 0 ¢ 1 e (+1)¡ (+1) s~ao s¶³mbolosde indetermina»c~ao. No caso 0 ¢ 1 tamb¶em podemos aplicar regras de L'Hopital, ap¶osuma manipula»c~ao conveniente das fun»c~oes no limite.
Suponhamos que limx!a
f(x)¢g(x) ¶e indeterminado na forma 0¢1, isto ¶e, limx!a
f(x) =
0 e limx!a
g(x) =1.Neste caso, primeiramente fazemos
limx!a
f(x) ¢ g(x) = limx!a
f(x)
1=g(x)= 0=0
e ent~ao, aplicando L'Hopital, calculamos
limx!a
f 0(x)(1=g(x))0
ou ent~ao
limx!a
f(x) ¢ g(x) = limx!a
g(x)
1=f(x)=1=§1
e ent~ao, por L'Hopital, calculamos
limx!a
g0(x)(1=f(x))0
Exemplo 13.4 Calcular limx!0+
x ¢ lnx.
Temos limx!0+
x ¢ lnx = 0 ¢ (¡1). Recorde-se que limx!0+
lnx = ¡1 (veja aula 9).
Neste caso, fazemos
limx!0+
x ¢ lnx = limx!0+
lnx1x
(= ¡1=+1)
= limx!0+
(lnx)0¡1x
¢0 = limx!0+
1=x
¡1=x2 = limx!0+
(¡x) = 0
13.1 Novos s¶³mbolos de indetermina»c~ao
Estudaremos agora procedimentos para lidar com os s¶³mbolos de indetermina»c~ao 00,10
e 11.
Em toda a literatura de matem¶atica universit¶aria, adota-se, ainda que sub-liminar-mente µas vezes, a de¯ni»c~ao 00 = 1. No c¶alculo de limites no entanto, 00 ¶e um s¶³mbolode indetermina»c~ao. O exemplo abaixo explica porque.
Consideremos a fun»c~ao f(x) = xk=lnx (k constante), de¯nida para x > 0. Vimosna aula 9, que lim
x!0+lnx = ln 0+ = ¡1.
Limites indeterminados e as regras de L'Hopital 111
Assim, utilizando ¶algebra de limites, temos limx!0+
f(x) = 0k= ln 0+
= 0k=¡1 = 00.
No entanto, f(x) = xk= lnx = eln(xk= lnx) = e
k
ln x¢lnx = ek, ou seja, f(x) ¶e a fun»c~ao
constante ek, e portanto limx!0+
f(x) = ek.
Tamb¶em s~ao formas indeterminadas, ou seja, s¶³mbolos de indetermina»c~ao, as ex-press~oes 11 e 10.
Suponhamos que o limite limx!a
f(x)g(x) tem uma das formas indeterminadas 00,10
ou 11. Aqui deveremos ter f(x) > 0 no dom¶³nio da fun»c~ao f g.
Em qualquer um desses casos, fazemos
f(x)g(x) = eln f(x)g(x)
= eg(x)¢ln f(x)
e ent~aolimx!a
f(x)g(x) = eL
sendoL = lim
x!a[g(x) ¢ ln f(x)]
Para as formas indeterminadas 00, 10 e 11, o limite L = limx!a[g(x) ¢ ln f(x)]
ter¶a sempre a forma indeterminada 0 ¢ 1 (ou 1 ¢ 0), e reca¶³mos ent~ao em um casoanteriormente estudado.
Exemplo 13.5 Calcular limx!0
xx (aqui, x! 0 signi¯ca x! 0+).
Solu»c~ao. Aqui temos uma indetermina»c~ao 00. Seguindo procedimento descrito acima,fazemos
xx = elnxx
= ex¢lnx
e ent~ao limx!0+
xx = eL, sendo L = limx!0+
x lnx.
Pelo exemplo 13.4, L = 0 e portanto limx!0+
xx = e0 = 1
Exemplo 13.6 Calcular limx!0(1 + sen 2x)1=x.
Aqui temos uma indetermina»c~ao 11.
Fazemos (1 + sen 2x)1=x = eln(1+sen 2x)1=x
= e1
x¢ln(1+sen 2x). Ent~ao
limx!0(1 + sen 2x)1=x = eL, sendo
L = limx!0
1
x¢ ln(1 + sen 2x) = lim
x!0ln(1 + sen 2x)
x(= 0=0).
Aplicando L'Hopital,
Limites indeterminados e as regras de L'Hopital 112
limx!0
ln(1 + sen 2x)
x= lim
x!0[ln(1 + sen 2x)]0
(x)0= lim
x!01
1 + sen 2x¢ 2 cos 2x = 2.
Portanto limx!0(1 + sen 2x)1=x = e2.
As regras de L'Hopital, nos casos de indetermina»c~ao 0=0 e 1=1, dizem quelimx!a
f(x)=g(x) = limx!a
f 0(x)=g0(x), mas somente quando este ¶ultimo limite ¶e efetivamente
comput¶avel.
No exemplo abaixo, temos uma indetermina»c~ao 1=1 para a qual a regra deL'Hopital n~ao se aplica porque o limite lim
x!af 0(x)=g0(x) n~ao existe, mas o limite
limx!a
f(x)=g(x) ¶e calcul¶avel.
Exemplo 13.7 Calcular limx!+1
x+ senx
x.
Solu»c~ao. Temos senx ¸ ¡1, da¶³ x+ senx ¸ x¡ 1 para todo x 2 R.Logo lim
x!+1(x+ senx) ¸ lim
x!+1(x¡ 1) = +1. Assim sendo, lim
x!+1(x+ senx) =
+1, e o limite limx!+1
x+ senx
x¶e indeterminado na forma 1=1.
Aplicando L'Hopital, consideramos limx!+1
(x+ senx)0
(x)0= lim
x!+1(1 + cosx). Este
limite n~ao existe (n~ao ¶e ¯nito nem in¯nito) pois quando x cresce inde¯nidamente, cosx¯ca oscilando inde¯nidamente entre ¡1 e +1.
Entretanto limx!+1
senx
x= 0, pois, sendo x > 0, como ¡1 · senx · 1,
¡1x· senx
x· 1
x
Como limx!+1
1
x= 0, temos 0 · lim
x!+1senx
x· 0, e portanto lim
x!+1senx
x= 0.
Assim, limx!+1
x+ senx
x= lim
x!+1
³1 +
senx
x
´= 1 + 0 = 1
13.2 Novos casos de gr¶a¯cos envolvendo fun»c~oes ex-
ponenciais. Dois exemplos
Exemplo 13.8 Esbo»car o gr¶a¯co de f(x) = 2xe¡x2
.
Solu»c~ao. Temos D(f) = R = ]¡1;+1[, e f 0(x) = 2e¡x2¡4x2e¡x2 = 2e¡x2(1¡2x2).Os pontos cr¶³ticos de f s~ao §p2=2. Lembremo-nos de que, por deriva»c~ao em cadeia,(eu)0 = eu ¢ u0.
Limites indeterminados e as regras de L'Hopital 113
Assim, Temos f 0(x) > 0 se ¡p2=2 < x < p2=2, e f 0(x) < 0 se x > p2=2 ouse x < ¡p2=2. Portanto f ¶e crescente em [¡p2=2;p2=2], e decrescente em cada umdos intervalos [
p2=2;+1[ e ]¡1;¡p2=2].
x1 = ¡p2=2 ¶e um ponto de m¶³nimo local de f , e x2 =p2=2 ¶e um ponto de
m¶aximo local de f . Temos f(¡p2=2) = ¡p2e¡1=2 e f(p2=2) = p2e¡1=2. Para o
esbo»co do gr¶a¯co, usaremosp2e¡1=2 ¼ 1; 4 ¢ 0; 6 = 0; 84
f 00(x) = ¡12xe¡x2 + 8x3e¡x2 = 4e¡x2(2x3 ¡ 3x) = 4e¡x2x(2x2 ¡ 3).f 00(x) = 0 se e somente se x = §p6=2 ou x = 0.A varia»c~ao de sinais de f 00, com a correspondente an¶alise das concavidades do
gr¶a¯co de f , ¶e dada no diagrama abaixo.
y'' _
xy = f(x)
+_ √6/2√6/2- + 0
S~ao pontos de in°ex~ao do gr¶a¯co os pontos P1 = (¡p6=2;¡p6e¡3=2), P2 =(0; 0) e P3 = (
p6=2;
p6e¡3=2). Temos,
p6=2 ¼ 1; 3, f(¡p6=2) = ¡p6e¡3=2 ¼
¡2; 5 ¢ 2; 2 ¼ ¡0; 6, f(0) = 0 e f(p6=2) = p6e¡3=2 ¼ 0; 6.Pesquisando a existencia de ass¶³ntotas do gr¶a¯co temos
limx!§1
2xe¡x2
= §1 ¢ e¡1 = §1 ¢ 0.Para evitarmos a indetermina»c~ao, fazemos
limx!§1
2xe¡x2
= limx!§1
2x
ex2(=
11).
Aplicando regras de L'Hopital, temos
limx!§1
2x
ex2= lim
x!§1(2x)0
(ex2)0= lim
x!§12
2xex2=
2
§1 = 0.
Assim, a reta y = 0 (eixo x) ¶e ass¶³ntota horizontal do gr¶a¯co de f .
Com base nos elementos estudados, o gr¶a¯co de f ¶e esbo»cado na ¯gura 13.1.
2 x
y
1
1
-1
Figura 13.1.
Limites indeterminados e as regras de L'Hopital 114
Exemplo 13.9 Esbo»car o gr¶a¯co de f(x) = xx, x > 0.
Solu»c~ao. Do exemplo 13.5, temos limx!0+
xx = 1. Esta ¶e uma informa»c~ao relevante para
esbo»carmos o gr¶a¯co de f nas proximidades de 0.
No exemplo 10.1, da aula 9, obtivemos f 0(x) = xx(1 + lnx).
Assim, f 0(x) = 0 se e somente se lnx = ¡1, isto ¶e, x = e¡1 = 1=e. Comolnx = loge x tem base e > 1, a fun»c~ao ln ¶e crescente, e portanto f 0(x) > 0 quandolnx > ¡1, logo para x > e¡1 = 1=e, e f 0(x) < 0 para x < 1=e.
Da¶³, a fun»c~ao xx ¶e decrescente no intervalo ]0; 1=e] e crescente no intervalo[1=e;+1[, sendo 1=e um ponto de m¶³nimo local (e absoluto) de f . Temos aindaf(1=e) = (1=e)1=e ¼ 0; 7.
Finalmente, f 00(x) = xx ¢ [(1=x)+(1+lnx)2], e assim f 00(x) > 0 para todo x > 0,e ent~ao o gr¶a¯co de f tem concavidade sempre voltada para cima.
Obviamente limx!+1
xx = +1. O gr¶a¯co de f ¶e esbo»cado na ¯gura 13.2.
2
y
1
1
4
x
0 1/e
Figura 13.2.
Al¶em disso,
limx!+1
f(x)
x= lim
x!+1xx
x= lim
x!+1xx¡1 = +1
e portanto o gr¶a¯co de f n~ao tem ass¶³ntotas.
13.3 Problemas
1. Calcule os seguintes limites, aplicando regras de L'Hopital se necess¶ario.
Limites indeterminados e as regras de L'Hopital 115
(a) limx!0
x cosx¡ senxx3
(b) limx!+1
lnx3px
(c) limx!1
x3 ¡ 2x2 ¡ x+ 2x3 ¡ 7x+ 6 (d) lim
x!+1xne¡x (n inteiro positivo)
(e) limx!¡1
xne¡x (n inteiro positivo) (f) limx!0+
x lnx
(g) limx!0
ln(sen 2x)
ln(sen 3x)(h) lim
x!0(x2)x
(i) limx!0(1 + 3x)1=x (j) lim
x!1x1=(x¡1)
(k) limx!0(cosx)1=x (l) lim
x!+1x¸e¡x (¸ real positivo)
Respostas. (a) ¡1=3. (b) 0. (c) 1=2. (d) 0. (e) +1 se n ¶e par, ¡1 se n ¶e¶³mpar. (f) 0. (g) 1. (h) 1. (i) e3. (j) e. (k) 1. (l) 0.
2. Calcule as equa»c~oes das retas ass¶³ntotas do gr¶a¯co de cada uma das seguintesfun»c~oes.
(a) f(x) =lnx3px
(b) y =¡1 + 1
x
¢x(c) y = 2x ¢ e¡1=x
(d) y = x2e¡x (e) y =senx
x
Respostas. (a) y = 0, e x = 0. (b) y = e. (c) x = 0, e y = 2x¡ 1. (d) y = 0.(e) y = 0.
3. Esboce os gr¶a¯cos das seguintes fun»c~oes.
(a) y = 2xe¡x (b) y = e¡x2
(c) y = 2x2e¡x2
(d) y =2 ln(2x)
x.
Respostas. (Daremos as derivadas como suporte µas solu»c~oes.)(a) y0 = 2(1¡ x)e¡x, y00 = 2(x¡ 2)e¡x, (b) y0 = ¡2xe¡x2 , y00 = (4x2 ¡ 2)e¡x2(c) y0 = 4xe¡x2(1¡ x2), y00 = 4e¡x2(1¡ 5x2 + 2x4)(os zeros de y00 s~ao §1
2
p5§p17, sendo aproximadamente §0; 5 e §1; 5).
(d) y0 = 2[1¡ ln(2x)]=x2, y00 = 2[¡3 + 2 ln(2x)]=x3.(a)
2
y
x1 3
-1
-2
-3
0
Dados num¶ericos. 2e¡1 ¼ 0;74e¡2 ¼ 0;5.
(b)
1-1 0
1
x
y
Dados num¶ericos. e¡1=2 ¼ 0;6.
Limites indeterminados e as regras de L'Hopital 116
(c)
1
y
x20-1-2
1
Dados num¶ericos. f(0;5) ¼ 0;4f(1;5) ¼ 0;5
(d)
2
y
1
x
3 4 5
1
2
-1
-2
-3
0
e3/2
/2e/2
Dados num¶ericos. e=2 ¼ 1;4e3=2=2 ¼ 2;2.
Aula 14
Taxas relacionadas. Diferenciais
14.1 Taxas relacionadas
Na linguagem do c¶alculo diferencial, se uma vari¶avel u ¶e fun»c~ao da vari¶avel v, a taxa
de varia»c~ao (instantanea) de u, em rela»c~ao a v, ¶e a derivadadu
dv.
Em v¶arias problemas de c¶alculo, duas ou mais grandezas vari¶aveis est~ao rela-cionadas entre si por uma equa»c~ao. Por exemplo, na equa»c~ao v1=v2 = (sen µ1)=(sen µ2),temos quatro vari¶aveis, v1, v2, µ1 e µ2, relacionadas entre si.
Se temos vari¶aveis, digamos u, v e w, relacionadas entre si por uma equa»c~ao,podemos ainda ter as tres como fun»c~oes de uma ¶unica vari¶avel s. Por deriva»c~ao impl¶³cita,ou µas vezes, por deriva»c~ao em cadeia, podemos relacionar as v¶arias derivadas du
ds, dvdse
dwds, ou ainda, por exemplo, du
dv, dvdw, etc. Problemas em que duas ou mais grandezas
vari¶aveis est~ao inter-relacionadas, e nos quais s~ao levadas em conta as taxas de varia»c~oesinstantaneas, de algumas grandezas em rela»c~ao a outras, s~ao chamados, na literaturado c¶alculo, de problemas de taxas relacionadas.
Exemplo 14.1 Um tanque tem a forma de um cone invertido, tendo altura H e raio dotopo circular igual a R. Encontrando-se inicialmente vazio, o tanque come»ca a encher-sede ¶agua, a uma vaz~ao constante de k litros por minuto. Exprima a velocidade com quesobe o n¶³vel da ¶agua (dh=dt), em fun»c~ao da profundidade h. Com que velocidade a¶agua sobe no instante em que h = 0 ?
Solu»c~ao. O volume da ¶agua quando esta tem profundidade h ¶e dado por V = 13¼r2h,
sendo r o raio da superf¶³cie (circular) da ¶agua. Veja ¯gura 14.1.
Sendo R o raio do topo da caixa, e H sua altura, por raz~oes de semelhan»ca detriangulos, temos r=R = h=H, da¶³ r = Rh=H.
117
Taxas relacionadas. Diferenciais 118
H
h
R
r H
h
R
r
Figura 14.1.
Assim sendo, obtemos
V =1
3¼
µRh
H
¶2h =
¼R2
3H2h3
A taxa de varia»c~ao do volume de ¶agua no tempo, isto ¶e, sua vaz~ao, ¶e constante, ou sejadV
dt= k (litros por minuto).
Por deriva»c~ao em cadeia, temosdV
dt=dV
dh¢ dhdt. Como
dV
dt= k, temos ent~ao
k =¼R2
H2h2 ¢ dh
dt, ou seja,
dh
dt=kH2
¼R2¢ 1h2
Assim, estabelemos que a velocidade de subida do n¶³vel da ¶agua ¶e inversamenteproporcional ao quadrado de sua profundidade.
Quando h = 0, temos, dhdt= +1. Na pr¶atica, este resultado nos diz que nossa
modelagem matem¶atica n~ao nos permite determinar a velocidade de subida da ¶agua noinstante em que o tanque come»ca a encher-se.
Exemplo 14.2 Uma escada de 5m de comprimento est¶a recostada em uma parede. Abase da escada escorrega, afastando-se da parede a uma taxa (velocidade) de 2 cm/seg.Com que velocidade cai o topo da escada, no momento em que a base da escada est¶aa 3m da parede ?
Solu»c~ao. Na ¯gura 14.2 temos um diagrama geom¶etrico para o problema, em que deno-tamos por x e y as distancias da base e do topo da escada µa base da parede, respecti-vamente.
Temosdx
dt= 2 (cm/seg).
Taxas relacionadas. Diferenciais 119
x
y
5
escada vistade perf il
Figura 14.2.
Pelo teorema de Pit¶agoras, x2+y2 = 25, da¶³, derivando implicitamente em rela»c~ao
a t, temos 2x ¢ dxdt+ 2y ¢ dy
dt= 0, ou seja,
y ¢ dydt= ¡x ¢ dx
dt
Quando x = 3m = 300 cm, temos y = 4m = 400 cm, e ent~aody
dt= ¡1;5 cm/seg.
Nesse instante, a velocidade com que o topo da escada cai ¶e 1;5 cm/seg.
14.2 Diferenciais
Quando uma fun»c~ao f(x) ¶e deriv¶avel em um ponto x0, temos
lim¢x!0
f(x0 +¢x)¡ f(x0)¢x
= f 0(x0)
Assim, se chamamosf(x0 +¢x)¡ f(x0)
¢x¡ f 0(x0) = "
teremos lim¢x!0
" = 0.
Assim, sendo ¢f = f(x0 +¢x)¡ f(x0), temos ¢f = f 0(x0)¢x+ " ¢¢x.Como " ¼ 0 quando j¢xj ¶e su¯cientemente pequeno, temos, para um tal ¢x, a
aproxima»c~ao¢f ¼ f 0(x0) ¢¢x
Taxas relacionadas. Diferenciais 120
Chama-se diferencial de f em x0 a express~ao simb¶olica
df(x0) = f0(x0) dx
O produto f 0(x0) ¢ ¢x ¶e o valor da diferencial de f no ponto x0, df(x0), quandodx = ¢x.
A express~ao dx, diferencial da vari¶avel x, pode assumir qualquer valor real. A im-portancia da diferencial ¶e que quando dx = ¢x e este ¶e su¯cientemente pequeno,temos
¢f ¼ dfou, mais explicitamente,
f(x0 +¢x)¡ f(x0) ¼ f 0(x0)¢x
e em geral, ¶e mais f¶acil calcular f 0(x0) ¢¢x do que f(x0 +¢x)¡ f(x0).Nos prim¶ordios do c¶alculo, matem¶aticos diziam que dx seria uma varia»c~ao \in-
¯nitesimal" de x, atribu¶³da a x0, e que df(x0) seria a varia»c~ao in¯nitesimal, sofrida porf(x0), correspondente µa varia»c~ao dx atribu¶³da a x0. Esses matem¶aticos chegavam aescrever \f(x+ dx)¡ f(x) = f 0(x) dx".
Ainda hoje, muitos textos de c¶alculo para ciencias f¶³sicas, referem-se a \um ele-mento de comprimento dx," \um elemento de carga el¶etrica dq," \um elemento demassa dm," \um elemento de ¶area dA," etc., quando querem referir-se a quantidades\in¯nitesimais" dessas grandezas.
Na ¯gura 14.3 temos uma interpreta»c~ao geom¶etrica da diferencial de uma fun»c~aof em um ponto x0, quando dx assume um certo valor ¢x.
x ∆ x0
x0 +
P0
Pf( )
∆x
∆ y
t
x
y
∆ xx0+
f( )x0
dy
Q
dx =
Figura 14.3. Note que, quanto menor ¢x, melhor a aproxima»c~ao dy ¼ ¢y. Na ¯gura,t ¶e a reta tangente ao gr¶a¯co de f no ponto (x0; f(x0)). As coordenadas do ponto Q,sobre a reta t, s~ao x0 +¢x e f(x0) + f
0(x0)¢x (veri¯que).
Taxas relacionadas. Diferenciais 121
Sumarizando, quando x sofre uma varia»c~ao ¢x,
1. ¢y = f(x+¢x)¡ f(x) ¶e a varia»c~ao sofrida por f(x);2. dy = f 0(x)¢x ¶e a diferencial de f , em x, para dx = ¢x;
3. ¢y ¼ dy, se ¢x ¶e su¯cientemente pequeno.Convenciona-se dizer ainda que
4.¢x
x¶e a varia»c~ao relativa de x, correspondente µa varia»c~ao ¢x;
5.¢y
y¼ dy
y¶e a varia»c~ao relativa de y = f(x), correspondente µa varia»c~ao ¢x,
sofrida por x.
Exemplo 14.3 Mostre que se h ¶e su¯cientemente pequeno, vale a aproxima»c~ao
pa2 + h ¼ a+ h
2a(a > 0)
Com tal f¶ormula, calcule valores aproximados dep24 e
p104. Compare com resultados
obtidos em uma calculadora.
Solu»c~ao. Sendo y = f(x) =px, usamos a aproxima»c~ao ¢y ¼ dy.
Temos ¢y = f(x+¢x)¡ f(x) e dy = f 0(x) dx = 1
2pxdx.
Tomando x = a2 e dx = ¢x = h, teremospa2 + h¡
pa2 ¼ h
2a, e portanto
pa2 + h ¼ a+ h
2a
Temos ent~aop24 =
p52 + (¡1) ¼ 5 + ¡1
2 ¢ 5 = 4;9, ep104 =
p102 + 4 ¼ 10 + 4
2 ¢ 10 = 10;2.
Por uma calculadora, obter¶³amosp24 ¼ 4;898979 e p104 ¼ 10;198039.
Dizemos que um n¶umero real x est¶a representado em nota»c~ao cient¶³¯ca quandoescrevemos x na forma x = a ¢10n, com 1 · jaj < 10 e n inteiro (positivo ou negativo).Assim, por exemplo, em nota»c~ao cient¶³¯ca temos os n¶umeros 2; 46 ¢ 10¡5 e 4; 584 ¢ 1011,enquanto que, convertendo µa nota»c~ao cient¶³¯ca os n¶umeros ¡0; 023 ¢108 e 452; 36 ¢103,teremos
¡0;023 ¢ 108 = ¡2;3 ¢ 106, e 452;36 ¢ 103 = 4;5236 ¢ 105.
Taxas relacionadas. Diferenciais 122
Exemplo 14.4 Estimar, em nota»c~ao cient¶³¯ca, uma aproxima»c~ao de1
(n+ 1)2¡ 1
n2,
quando n = 1028.
Solu»c~ao. (uma calculadora pode n~ao dar conta desta tarefa)
Sendo f(x) =1
x2, temos df = ¡ 2
x3dx.
1
(n+ 1)2¡ 1
n2= f(n+ 1)¡ f(n) = ¢f , para x = n e ¢x = 1.
Pela aproxima»c~ao ¢f ¼ df , teremos, quando n = 1028,
¢f ¼ f 0(n)¢x = ¡ 2n3=¡21084
= ¡2 ¢ 10¡84.
Exemplo 14.5 Quando estima-se que a medida de uma grandeza ¶e M unidades, composs¶³vel erro de E unidades, o erro relativo dessa medi»c~ao ¶e E=M . O erro relativo damedi»c~ao indica o erro m¶edio (cometido na medi»c~ao) por unidade da grandeza.
O raio r de uma bolinha de a»co ¶e medido, com a medi»c~ao sujeita a at¶e 1% deerro. Determine o maior erro relativo que pode ocorre na aferi»c~ao de seu volume.
Solu»c~ao. O volume de uma bola de raio r ¶e dado por V = 43¼r3.
Sendo V = 43¼r3, temos dV = 4¼r2 dr.
O erro ¢V , na aferi»c~ao do volume, correspondente ao erro ¢r na medi»c~ao doraio, quando ¢r ¶e bem pequeno, ¶e aproximadamente dV . Temos ent~ao
¢V
V¼ dV
V=4¼r2(¢r)
(4=3)¼r3=3¢r
r
Para ¢rr= §0;01 (erro m¶aximo relativo na medi»c~ao do raio), temos ¢V
V¼ §0;03, e
portanto 3% ¶e o maior erro poss¶³vel na medi»c~ao do volume.
Observa»c~ao 14.1 Se o gr¶a¯co de f afasta-se muito rapidamente da reta tangente aoponto (x0; f(x0)), quando x afasta-se de x0, a aproxima»c~ao ¢y ¼ dy pode falhar, quan-do tomamos um valor de ¢x que julgamos su¯cientemente pequeno, por n~ao sabermosqu~ao \su¯cientemente pequeno" devemos tom¶a-lo. Isto pode ocorrer quando a derivadaf 0(x0) tem valor absoluto muito grande.
Como um exemplo, seja f(x) = x100.
Temos f(1;08) = (1;08)100 ¼ 2199;76, por uma calculadora con¯¶avel (con¯ra).No entanto, o uso de diferenciais nos d¶a f(1+¢x) ¼ f(1)+f 0(1)¢x = 1+100¢x,
e portanto, para ¢x = 0;08, f(1;08) ¼ 1 + 100 ¢ 0;08 = 9.A raz~ao dessa discrepancia ¶e que f 0(1) = 100, o que torna o gr¶a¯co de f com
alta inclina»c~ao no ponto x0 = 1. Nesse caso, somente um valor muito pequeno de ¢x
Taxas relacionadas. Diferenciais 123
torna v¶alida a aproxima»c~ao ¢f ¼ df . Por exemplo, (1;0005)100 ¼ 1;0513, por umacalculadora, enquanto que, (1;0005)100 ¼ 1; 05, pela aproxima»c~ao ¢f ¼ df .
14.3 Problemas
14.3.1 Problemas sobre taxas relacionadas
1. Um tanque tem a forma de um cone invertido, tendo altura de 5m e raio da base(isto ¶e, do topo) de 1m. O tanque se enche da ¶agua µa taxa de 2m3/min. Com quevelocidade sobe o n¶³vel da ¶agua no instante em que ela tem 3m de profundidade ?Resposta. 50
9¼m/min ¼ 1; 77m/min.
2. O g¶as de um bal~ao esf¶erico escapa µa raz~ao de 2 dm3/min. Mostre que a taxa devaria»c~ao da superf¶³cie S do bal~ao, em rela»c~ao ao tempo, ¶e inversamente propor-cional ao raio. Dado. A superf¶³cie de um bal~ao de raio r tem ¶area S = 4¼r2.
3. Considere um avi~ao em voo horizontal, a umaaltura h em rela»c~ao ao solo, com velocidadeconstante v, afastando-se de um observador Aque se encontra em terra ¯rme. Seja µ a ele-va»c~ao angular do avi~ao, em rela»c~ao ao solo, apartir do observador. Determine, como fun»c~aode µ, a taxa de varia»c~ao de µ em rela»c~ao aotempo. Resposta. dµ
dt= ¡ v
hsen µ.
h
θ A
4. Um ponto m¶ovel desloca-se, em um sistema de coordenadas cartesianas, ao longoda circunferencia x2+y2 = r2 (r constante) com uma velocidade cuja componenteem x ¶e dada por dx
dt= y (cm/seg). Calcule a componente da velocidade em y,
dy
dt. Seja µ o deslocamento angular desse ponto m¶ovel, medido a partir do ponto
(1; 0) no sentido anti-hor¶ario. Calcule a velocidade angular dµdt. Em que sentido
o ponto se desloca sobre a circunferencia, no sentido hor¶ario ou no anti-hor¶ario ?Respostas. dy
dt= ¡x, dµ
dt= ¡1 (rad/seg), portanto o ponto se desloca no sentido
anti-hor¶ario.
5. Prende-se a extremidade A de umahaste de 3m de comprimento auma roda de raio 1m, que gira nosentido anti-hor¶ario µa taxa de 0; 3radianos por segundo. A outra ex-tremidade da haste est¶a presa a umanel que desliza livremente ao longode um outra haste que passa pelocontro da roda. Qual ¶e a velocidadedo anel quando A atinge a alturam¶axima ? Resposta. ¡0; 3m/seg.
y
x0
θ
x
A
B
3m1m
Taxas relacionadas. Diferenciais 124
6. No exemplo 14.2, uma escada de 5m de comprimento est¶a recostada em umaparede. Mostre que ¶e ¯sicamente imposs¶³vel manter a base da escada escorregan-do-se, afastando-se da parede a uma velocidade constante, at¶e o momento em queo topo da escada toque o ch~ao. Sugest~ao. Avalie a velocidade com que o topo daescada toca o ch~ao.
14.3.2 Problemas sobre diferenciais
1. Se w = z3 ¡ 3z2 + 2z ¡ 7, use a diferencial dw para obter uma aproxima»c~ao davaria»c~ao de w quando z varia de 4 a 3; 95. Resposta. ¢w ¼ ¡1; 30.
2. Estima-se em 8 polegadas o raio de um disco plano circular, com margem de errode §0; 06 polegadas. Ulizando diferenciais, estime a margem de erro no c¶alculo da¶area do disco (uma face). Qual ¶e o erro relativo no c¶alculo dessa ¶area ? Resposta.¢A ¼ dA = 3; 84¼ polegadas quadradas, com erro relativo de 1; 5%.
3. Usando diferenciais, deduza a f¶ormula aproximada 3pa3 + h ¼ a + h
3a2. Utilize-a
para calcular aproxima»c~oes de 3p63 e 3
p65. (Compare com os resultados obtidos
em uma calculadora eletronica.) Respostas. 3; 98 e 4; 02.
4. Mostre que aplicando-se uma ¯na camada de tinta de espessura h, µa superf¶³cie deuma bola esf¶erica de ¶area externa S, o volume da esfera sofre um acr¶escimo deaproximadamente S ¢ h.
5. A ¶area A de um quadrado de lado s ¶e dada por s2. Para um acr¶escimo ¢s de s,ilustre geometricamente dA e ¢A¡ dA.Resposta. dA ¶e a ¶area da regi~ao sombreada.
¢A¡ dA ¶e a ¶area do quadrado menor, queaparece no canto superior direito.
∆
s
s
Aula 15
Integrais inde¯nidas
15.1 Antiderivadas
Sendo f(x) e F (x) de¯nidas em um intervalo I ½ R, dizemos queF ¶e uma antiderivada ou uma primitiva de f , em I, se F 0(x) = f(x)
para todo x 2 I.Ou seja, F ¶e antiderivada ou primitiva de f se F ¶e uma fun»c~ao cuja derivada ¶e f .
Como primeiros exemplos, temos
f(x) primitiva de f(x)
3x2 x3
2 2x
ex ex
senx ¡ cosx
Observa»c~ao 15.1 Se F ¶e antiderivada de f em I, e c ¶e uma constante, ent~ao F + ctamb¶em ¶e uma antiderivada de f em I.
De fato, se F 0(x) = f(x), para todo x 2 I, ent~ao[F (x) + c]0 = F 0(x) = f(x), e portanto F (x) + c tamb¶em ¶e uma antiderivada de
f(x) em I.
Assim, por exemplo x3, x3 + 5 e x3 ¡p2 s~ao primitivas de 3x2.Veremos agora que, em um intervalo I, duas primitivas de uma mesma fun»c~ao
diferem entre si por uma constante.
Proposi»c~ao 15.1 Se F1 e F2 s~ao antiderivadas de f , em I ½ R, ent~ao existe c 2 Rtal que F1(x) = F2(x) + c, para todo x 2 I.
125
Integrais indefinidas 126
Para demonstrar a proposi»c~ao 15.1, faremos uso do seguinte resultado.
Lema 15.1 Se f ¶e cont¶³nua no intervalo [a; b] e f 0(x) = 0 para todo x 2]a; b[, ent~aof ¶e constante em [a; b], ou seja, existe c 2 R tal que f(x) = c para todo x 2 [a; b].
Poder¶³amos aceitar o lema 15.1 como evidente e seguir adiante. No entanto, estelema ¶e conseqÄuencia de um teorema importante sobre fun»c~oes deriv¶aveis, conhecidocomo teorema do valor m¶edio. Como tornaremos a fazer uso do teorema do valor m¶ediomais adiante, julgamos oportuno cit¶a-lo agora.
Teorema 15.1 (Teorema do valor m¶edio) Suponhamos que f ¶e uma fun»c~ao con-t¶³nua no intervalo [a; b] e deriv¶avel no intervalo ]a; b[. Ent~ao existe w 2 ]a; b[ tal que
f(b)¡ f(a)b¡ a = f 0(w)
Aceitaremos este teorema sem demonstra»c~ao, e faremos uma interpreta»c~ao ge-om¶etrica de seu resultado.
O quocientef(b)¡ f(a)b¡ a ¶e a taxa de varia»c~ao m¶edia,
¢f
¢x, da fun»c~ao f , no inter-
valo [a; b], sendo ¢x = b¡ a e ¢f = f(b)¡ f(a).Ele ¶e o coe¯ciente angular da reta passando por A = (a; f(a)) e B = (b; f(b)).
O teorema do valor m¶edio diz que essa taxa de varia»c~ao m¶edia ¶e tamb¶em a taxa devaria»c~ao instantanea de f , em rela»c~ao a x, df=dx, em algum ponto w no interior dointervalo. Em termos geom¶etricos, a inclina»c~ao da reta AB coincide com a inclina»c~aode uma reta tangente ao gr¶a¯co de f em um ponto (w; f(w)), para algum w 2 ]a; b[ .A ¯gura 15.1 ilustra o teorema do valor m¶edio.
a
y
b0
f(a)
f(b)
w
A
B
Figura 15.1.f(b)¡ (f(a)
b¡ a = f 0(w).
Uma interpreta»c~ao cinem¶atica do teorema do valor m¶edio ¶e a seguinte: a velocidadem¶edia de um ponto m¶ovel, em movimento retil¶³neo, no intervalo de tempo [t1; t2],coincide com sua velocidade instantanea em algum instante t0 2 ]t1; t2[, isto ¶e,
¢s
¢t=s(t2)¡ s(t1)t2 ¡ t1 = s0(t0) em um instante t0, com t1 < t0 < t2
Integrais indefinidas 127
Por exemplo, se um carro, com velocidade vari¶avel, faz um percurso de 180 kmem duas horas, sua velocidade m¶edia ¶e 180km
2h= 90 km/h. Intuitivamente, sabemos que
em algum instante do percurso, seu veloc¶³metro acusar¶a a velocidade instantanea de90 km/h.
Demonstra»c~ao do lema 15.1. Suponhamos f 0(x) = 0 para todo x 2 I, sendo I ½ R umintervalo.
Mostraremos que, quaisquer que sejam x1 e x2 em I, x1 < x2, tem-se f(x1) =f(x2), e portanto f ¶e constante em I.
Temos f cont¶³nua em [x1; x2] e deriv¶avel em ]x1; x2[.
Pelo teorema do valor m¶edio,f(x2)¡ f(x1)x2 ¡ x1 = f 0(w) para algum w 2 ]x1; x2[ .
Como f 0(w) = 0, temos f(x1) = f(x2), e nossa demonstra»c~ao termina aqui.
Demonstra»c~ao da proposi»c~ao 15.1. Suponhamos que, F 01(x) = F02(x) = f(x) para todo
x 2 I, I um intervalo de R.Consideremos a fun»c~ao ' = F1 ¡ F2.Ent~ao, '0(x) = F 01(x)¡ F 02(x) = f(x)¡ f(x) = 0, para todo x 2 I.Pelo lema 15.1, ' ¶e constante no intervalo I.
Assim, existe c 2 R tal que F1(x)¡ F2(x) = c para todo x 2 I.Portanto F1(x) = F2(x) + c, para todo x 2 I.
De¯ni»c~ao 15.1 (Integral inde¯nida) Sendo F uma primitiva de f no intervalo I,chama-se integral inde¯nida de f , no intervalo I, µa primitiva gen¶erica de f em I,F (x) + C, sendo C uma constante real gen¶erica. Denotamos tal fato porZ
f(x) dx = F (x) + C
Nesta nota»c~ao, omite-se o intervalo I.
15.2 Integrais imediatas
Coletaremos agora algumas integrais inde¯nidas cujo c¶alculo ¶e imediato.
Proposi»c~ao 15.2
1.Rx® dx =
x®+1
®+ 1+ C, se ®6= ¡1.
2.
Z1
xdx = ln jxj+ C.
Integrais indefinidas 128
3.Rsenx dx = ¡ cosx+ C.
4.Rcosx dx = senx+ C.
5.Rex dx = ex + C.
6.Rax dx =
ax
ln a(a > 0; a6= 1).
7.Rsec2 x dx = tg x+ C.
8.Rcosec2 x dx = ¡ cotg x+ C.
9.Rsecx ¢ tg x dx = secx+ C.
10.Rcosecx ¢ cotg x dx = ¡ cosecx+ C.
11.
Z1
1 + x2dx = arc tg x+ C.
12.
Z1p1¡ x2 = arc senx+ C.
Para a dedu»c~ao das integrais acima, basta veri¯car que a derivada do segundomembro, em cada igualdade, ¶e a fun»c~ao que se encontra sob o sinal de integra»c~ao.Como exemplos,
se ®6= ¡1,µx®+1
®+ 1
¶0= (®+ 1) ¢ x
®+1¡1
®+ 1= x®.
(ln jxj)0 = 1=x:se x > 0, (ln jxj)0 = (lnx)0 = 1=x;se x < 0, (ln jxj)0 = (ln(¡x))0 = 1
¡x ¢ (¡x)0 = 1=x.
(ax)0 = ax ¢ ln a, logoµax
ln a
¶0=ax ln a
ln a= ax.
15.3 Manipula»c~oes elementares de integrais
SuponhamosRf(x) dx = F (x) + C1, e
Rg(x) dx = G(x) + C2. Ent~ao
1. [F (x) +G(x)]0 = F 0(x) +G0(x) = f(x) + g(x), logoR(f(x)+g(x)) dx = F (x)+G(x)+C =
Rf(x) dx+
Rg(x) dx (C = C1+C2).
2. Sendo k uma constante real, [k ¢ F (x)]0 = k ¢ F 0(x) = k ¢ f(x), logoRkf(x) dx = kF (x) + C = k
Rf(x) dx (kC1 = C)
Integrais indefinidas 129
Reunimos os fatos acima, com outros tamb¶em ¶uteis, na seguinte proposi»c~ao.
Proposi»c~ao 15.3 SeRf(x) dx = F (x) + C e
Rg(x) dx = G(x) + C, ent~ao, sendo
a; b 2 R, a6= 0,1.R[f(x) + g(x)] dx = F (x) +G(x) + C
2.Rk ¢ f(x) dx = k ¢ F (x) + C
3.Rf(x+ b) dx = F (x+ b) + C
4.Rf(x¡ b) dx = F (x¡ b) + C
5.Rf(b¡ x) dx = ¡F (b¡ x) + C
6.
Zf(ax) dx =
1
aF (ax) + C
7.
Zf(ax+ b) dx =
1
aF (ax+ b) + C
Demonstra»c~ao. As duas primeiras propriedades j¶a foram deduzidas acima. Das cincopropriedades restantes, as quatro primeiras s~ao conseqÄuencias imediatas da ¶ultima, a¶unica que deduziremos.
Por hip¶otese, F 0(x) = f(x).
Logo [F (ax+ b)]0 = F 0(ax+ b) ¢ (ax+ b)0 = af(ax+ b), de ondeµ1
aF (ax+ b)
¶0=1
a¢ af(ax+ b) = f(ax+ b).
Portanto
Zf(ax+ b) dx =
1
aF (ax+ b) + C.
15.4 Exemplos elementares
1.Rcosx dx = senx+ C. Logo,
(a)Rcos 3x dx = 1
3sen 3x+ C
(b)Rcos¡2x¡ 3¼
2
¢dx = 1
2sen
¡2x¡ 3¼
2
¢+ C
2.Rex dx = ex + C. Logo,
(a)Rex¡5 dx = ex¡5 + C
(b)Re2¡x dx = ¡e2¡x + C
(c)Re5x dx = 1
5e5x + C
3. CalcularRtg2 x dx.
Integrais indefinidas 130
Rsec2 x dx = tg x+ C.
Temos cos2 x+ sen2 x = 1, logo 1 + tg2 x = sec2 x.
Logo,Rtg2 x dx =
R(sec2 x¡ 1) dx = R sec2 x¡ R 1 dx = tg x¡ x+ C
4. CalcularR(5 cosx+ cos 5x) dx.Z
(5 cos x+ cos 5x) dx = 5
Zcosx dx+
Zcos 5x dx
= 5 senx+1
5sen 5x+ C
5. CalcularRsenx cosx dx.
Temos sen 2x = 2 senx cosx, logo senx cosx = 12sen 2x. Da¶³Z
senx cosx dx =1
2
Zsen 2x dx
=1
2¢ 12(¡ cos 2x) + C = ¡1
4cos 2x+ C
6. Calcular
Z px+ 1
xdx.
Z px+ 1
xdx =
Z µpx
x+1
x
¶dx
=
Z px
xdx+
Z1
xdx
=
Zx¡1=2 dx+
Z1
xdx
=x1=2
1=2+ ln jxj+ C = 2px+ ln jxj+ C
15.5 Integra»c~ao por mudan»ca de vari¶avel ou
integra»c~ao por substitui»c~ao
Suponhamos que Zf(x) dx = F (x) + C (15.1)
Suponhamos que x = '(t) ¶e uma fun»c~ao deriv¶avel de t, para t em um intervaloI ½ R.
Integrais indefinidas 131
Na aula 14 de¯nimos a diferencial de x, como sendo
dx =dx
dtdt = '0(t) dt
No contexto daquela aula, a diferencial dx foi de¯nida como uma boa aproxima»c~aode ¢x, quando dt = ¢t ¶e su¯cientemente pequeno.
Neste cap¶³tulo, a diferencial ter¶a um sentido simb¶olico, sendo empregada quandorealizamos troca de vari¶aveis no c¶alculo de integrais.
Suponhamos de¯nida em I a fun»c~ao composta f('(t)).
Como veremos agora, podemos substituir x = '(t) na express~ao 15.1, fazendodx = '0(t) dt, ou seja, de 15.1 obtemosZ
f('(t)) ¢ '0(t) dt = F ('(t)) + C (15.2)
De fato, aplicando deriva»c~ao em cadeia,
d
dt[F ('(t))] =
d
dx[F (x)] ¢ dx
dt= F 0(x) ¢ '0(t)= F 0('(t)) ¢ '0(t)= f('(t)) ¢ '0(t)
logo,Rf('(t)) ¢ '0(t) dt = F ('(t)) + C.
PortantoZf(x) dx = F (x) + C =)
Zf('(t)) ¢ '0(t) dt = F ('(t)) + C
pela mudan»ca de vari¶avel x = '(t), tomando-se dx = '0(t) dt.
Na pr¶atica, quando calculamosRf('(t))'0(t) dt, tendo-se as considera»c~oes acima,
passamos pela seqÄuencia de igualdades:Zf('(t))'0(t) dt =
Zf(x) dx = F (x) + C = F ('(t)) + C
Algumas vezes, no entanto, fazendo x = '(t), passamos por uma seqÄuencia de igual-dades Z
f(x) dx =
Zf('(t))'0(t) dt = F ('(t)) + C = F (x) + C
fazendo uso da integral \mais complicada"Rf('(t)'0(t) dt para ¯nalmente calcularR
f(x) dx. Isto ¶e o que ocorre em substitui»c~oes trigonom¶etricas, assunto que ser¶aestudado adiante.
Integrais indefinidas 132
Neste caso, estamos assumindo implicitamente queZf('(t)) ¢ '0(t) dt = F ('(t)) + C =)
Zf(x) dx = F (x) + C
o que ¶e justi¯cado desde que possamos tamb¶em expressar tamb¶em t = Ã(x), comofun»c~ao inversa e deriv¶avel de x = '(t), para que possamos, ao ¯nal dos c¶alculos, obtera integral inde¯nida como fun»c~ao de x, a partir de sua express~ao em fun»c~ao de t.
Exemplo 15.1 Calcular
Z1p3¡ 2xdx.
Solu»c~ao. Come»camos fazendo a substitui»c~ao u = 3¡ 2x.
Ent~ao du =du
dx¢ dx = (3¡ 2x)0 dx = ¡2dx.
Portanto dx = ¡12du.
Assim, temosZ1p3¡ 2xdx =
Z1pu¢µ¡12
¶du = ¡1
2
Zu¡1=2 du = ¡1
2¢ u
¡1=2+1
¡12+ 1
+ C
= ¡u1=2 + C = ¡pu+ C = ¡p3¡ 2x+ C
Exemplo 15.2 CalcularRtg x dx.
Solu»c~ao.
Ztg x dx =
Zsenx
cosxdx.
Como (cosx)0 = ¡ senx, tomamos u = cosx, e teremosdu = (cosx)0dx = ¡ senx dx.Assim,Ztg x dx =
Zsenx
cosxdx =
Z ¡1udu = ¡ ln juj+ C = ¡ ln j cosxj+ C
Exemplo 15.3 CalcularRsecx dx.
Solu»c~ao. Calcularemos esta integral por uma substitui»c~ao que requer um truque esperto.Zsecx dx =
Zsecx ¢ (secx+ tg x)
secx+ tg xdx =
Zsec2 x+ secx ¢ tg x
secx+ tg xdx
Aplicamos a mudan»ca de vari¶avel
u = secx+ tg x
e teremos du = (secx+ tg x)0dx = (secx tg x+ sec2 x)dx.
Logo,
Zsecx dx =
Z1
udu = ln juj+ C = ln j secx+ tg xj+ C.
Integrais indefinidas 133
Exemplo 15.4 CalcularRcosecx dx.
Solu»c~ao. Imitando o truque usado no exemplo anterior, o leitor poder¶a mostrar queRcosecx dx = ¡ ln j cosecx+ cotg xj+ C.
Exemplo 15.5 Calcular
Zxpx2 + 5
dx.
Solu»c~ao. Note que (x2 + 5)0 = 2x. Isto sugere fazermos
u = x2 + 5, de onde du = 2x dx, ou seja, x dx =1
2du.
Temos ent~aoZxpx2 + 5
dx =
Z1pu¢ 12du =
1
2
Zu¡1=2du = u1=2 + C =
px2 + 5 + C
15.6 Ampliando nossa tabela de integrais imediatas
Com a ¯nalidade de dinamizar o c¶alculo de integrais inde¯nidas, ampliaremos a listade integrais imediatas da se»c~ao 15.2, adotando como integrais \imediatas" as quatroseguintes, que deduziremos em seguida.
Proposi»c~ao 15.4 Sendo a > 0, e ¸6= 0,
1.
Zdx
a2 + x2=1
aarc tg
x
a+ C.
2.
Zdx
a2 ¡ x2 =1
2aln
¯¯a+ xa¡ x
¯¯+ C.
3.
Zdxpa2 ¡ x2 = arc sen
x
a+ C.
4.
Zdxpx2 + ¸
= ln jx+px2 + ¸j+ C
Demonstra»c~ao.
Zdx
a2 + x2=1
a2
Z1
1 + (xa)2dx
Fazendo xa= y, temos dx = a dy, e ent~aoZ
dx
a2 + x2=1
a2
Za
1 + y2dy =
1
a
Z1
y2 + 1dy
=1
aarc tg y + C =
1
aarc tg
x
a+ C
Integrais indefinidas 134
Para deduzir a segunda integral, lan»camos m~ao da decomposi»c~ao
1
a2 ¡ x2 =12a
a+ x+
12a
a¡ x
Assim sendo,Z1
a2 ¡ x2 dx =1
2a
Z1
a+ xdx+
1
2a
Z1
a¡ x dx
=1
2aln ja+ xj ¡ 1
2aln ja¡ xj+ C
=1
2alnja+ xjja¡ xj + C =
1
2aln
¯¯a+ xa¡ x
¯¯+ C
Para deduzir a terceira integral, fazemos uso da integral inde¯nidaZ1p1¡ x2 dx = arc senx+ C
e procedemos a uma mudan»ca de vari¶avel, tal como no c¶alculo da primeira integralacima. O leitor poder¶a completar os detalhes.
Para deduzir a quarta integral, apelaremos para um recurso nada honroso. Mos-traremos que
(ln jx+px2 + ¸j)0 = 1p
x2 + ¸
De fato, sendo u = x+px2 + ¸, e sendo (
pw)0 = 1
2pw¢ w0, temos
(ln jx+px2 + ¸j)0 = (ln juj)0 = 1
u¢ u0
=1
x+px2 + ¸
¢ (x+px2 + ¸)0
=1
x+px2 + ¸
¢ (1 + 1
=2px2 + ¸
¢ =2x)
=1
x+px2 + ¸
¢px2 + ¸+ xpx2 + ¸
=1px2 + ¸
15.6.1 Nossa tabela de integrais imediatas
Adotaremos como integrais imediatas as integrais da tabela 15.1 dada a seguir. Estatabela inclui as integrais imediatas da proposi»c~ao 15.2, as integrais calculadas nos exem-plos 15.3 e 15.4, e as integrais da proposi»c~ao 15.4.
Integrais indefinidas 135
Tabela 15.1. Tabela ampliada de integrais imediatas (nas ¶ultimas linhas, a > 0 e ¸6= 0).Rx® dx =
x®+1
®+ 1+ C, (®6= ¡1)
Z1
xdx = ln jxj+ C
Rsenx dx = ¡ cosx+ C R
cos x dx = senx+ C
Rex dx = ex + C
Rax dx =
ax
ln a(a > 0; a6= 1)
Rsec2 x dx = tg x+ C
Rcosec2 x dx = ¡ cotg x+ C
Rsecx ¢ tg x dx = secx+ C R
cosecx ¢ cotg x dx = ¡ cosecx+ C
Rsecx dx = ln j secx+ tg xj+ C R
cosecx dx = ¡ ln j cosecx+ cotg xj+ C
Rtg x dx = ¡ ln j cosxj+ C R
cotg x dx = ln j senxj+ CZ
1
1 + x2dx = arc tg x+ C
Z1p1¡ x2dx = arc senx+ CZ
dx
a2 + x2=1
aarc tg
x
a+ C
Zdx
a2 ¡ x2 =1
2aln
¯¯a+ xa¡ x
¯¯+ C.
Zdxpa2 ¡ x2 = arc sen
x
a+ C
Zdxpx2 + ¸
= ln jx+px2 + ¸j+ C
15.7 Problemas
Calcule as seguintes integrais inde¯nidas, utilizando, quando necess¶ario, mudan»ca devari¶aveis. Sempre que julgar conveniente, fa»ca uso da tabela de integrais inde¯nidas databela 15.1.
1.R(x+
px) dx. Resposta. x
2
2+ 2x
px
3+ C.
2.R ³
3px¡ x
px
4
´dx. Resposta.
¡6px¡ 1
10x2px¢+ C.
3.Rx2 dxpx. Resposta. 2
5x2px+ C.
Integrais indefinidas 136
4.R ³x2 + 1
3px
´2dx. Resposta. x
5
5+ 3
4x2
3px2 + 3 3
px+ C.
5.Rsen ax dx. Resposta. ¡ cosax
a+ C.
6.Rlnxxdx. Resposta. ln
2 x2+ C.
7.R
1sen2 3x
dx. Resposta. ¡ cotg 3x3
+ C.
8.R
dx3x¡7 . Resposta.
13ln j3x¡ 7j+ C.
9.Rtg 2x dx. Resposta. ¡1
2ln j cos 2xj+ C.
10.Rcotg(5x¡ 7)dx. Resposta. 1
5ln j sen(5x¡ 7)j+ C.
11.Rcotg x
3dx. Resposta. 3 ln j sen x
3j+ C.
12.Rtg' sec2 'd'. Resposta. 1
2tg2 '+ C. Sugest~ao. Fa»ca u = tg'.
13.Rex cotg ex dx. Resposta. ln j sen exj+ C. Sugest~ao. Fa»ca u = ex.
14.Rsen2 x cosx dx. Resposta. sen
3 x3+ C. Sugest~ao. Fa»ca u = senx.
15.Rcos3 x senx dx. Resposta. ¡cos4 x
4+ C.
16.R
x dxp2x2+3
. Resposta. 12
p2x2 + 3 + C. Sugest~ao. Fa»ca u = 2x2 + 3.
17.R
x2 dxpx3+1
. Resposta. 23
px3 + 1 + C.
18.Rsenx dxcos3 x
. Resposta. 12 cos2 x
+ C.
19.Rcotg xsen2 x
dx. Resposta. ¡cotg2 x2
+ C.
20.R
dxcos2 x
ptg x¡1 . Resposta. 2
ptg x¡ 1 + C.
21.R
sen 2xdxp1+sen2 x
. Resposta. 2p1 + sen2 x+ C. Sugest~ao. Fa»ca u = 1 + sen2 x.
22.Rarc senx dxp
1¡x2 . Resposta. arc sen2 x
2+ C.
23.Rarccos2 xdxp
1¡x2 . Resposta. ¡arccos3 x3
+ C.
24.R
x dxx2+1
. Resposta. 12ln(1 + x2) + C.
25.R
x+1x2+2x+3
dx. Resposta. 12ln(x2 + 2x+ 3) + C.
26.R
cosx2 senx+3
dx. Resposta. 12ln(2 senx+ 3) + C.
27.R
dxx lnx
. Resposta. ln j lnxj+ C. Sugest~ao. Fa»ca u = lnx.
28.R2x(x2 + 1)4 dx. Resposta. (x
2+1)5
5+ C.
Integrais indefinidas 137
29.Rtg4 x dx. Resposta. tg
3 x
3¡ tg x+ x+ C.
Sugest~ao. Mostre que tg4 x = tg2 x ¢ tg2 x = sec2 x ¢ tg2 x¡ sec2 x+ 1.30.
Rdx
cos2 x(3 tg x+1). Resposta. 1
3ln j3 tg x+ 1j+ C.
31.R
tg3 xcos2 x
dx. Resposta. tg4 x
4+ C.
32.Re2xdx. Resposta. 1
2e2x + C.
33.Rxax
2
dx. Resposta. ax2
2 ln a+ C.
34.R
ex
3+4exdx. Resposta. 1
4ln(3 + 4ex) + C.
35.R
dx1+2x2
. Resposta. 1p2arc tg(
p2x) + C.
36.R
dxp1¡3x2 . Resposta.
1p3arc sen(
p3x) + C.
37.R
dxp16¡9x2 . Resposta.
13arc sen 3x
4+ C.
38.R
dx9x2+4
. Resposta. 16arc tg 3x
2+ C.
39.R
dx4¡9x2 . Resposta.
112ln¯2+3x2¡3x
¯+ C.
40.R
dxpx2+9
. Resposta. ln(x+px2 + 9) + C.
41.Rx2dx5¡x6 . Resposta.
16p5ln¯x3+
p5
x3¡p5
¯+ C.
Sugest~ao. Fa»ca x6 = (x3)2, e ent~ao u = x3.
42.R
xdxp1¡x4 . Resposta.
12arc senx2 + C. Sugest~ao. Fa»ca u = x2.
43.R
xdxx4+a4
. Resposta. 12a2arc tg x
2
a2+ C.
44.R
cosx dxa2+sen2 x
. Resposta. 1aarc tg
¡senxa
¢+ C.
45.R
dx
xp1¡ln2 x
. Resposta. arc sen(lnx) + C.
46.Rarccosx¡xp
1¡x2 dx. Resposta. ¡12(arccosx)2 +
p1¡ x2 + C.
47.Rx¡arc tg x1+x2
dx. Resposta. 12ln(1 + x2)¡ 1
2(arc tg x)2 + C.
48.R p1+
pxp
xdx. Resposta. 4
3
p(1 +
px)3 + C.
49.Rcos3 xsen4 x
dx. Resposta. 1senx
¡ 13 sen3 x
+ C.
Sugest~ao. Fa»caRcos3 xsen4 x
dx =Rcos2 x¢cosxsen4 x
dx =R (1¡sen2 x) cosx
sen4 xdx, e ent~ao u =
senx.
Aula 16
Integra»c~ao por partes
H¶a essencialmente dois m¶etodos empregados no c¶alculo de integrais inde¯nidas (primi-tivas) de fun»c~oes elementares. Um deles ¶e a integra»c~ao por substitui»c~ao, explorada naaula 15, que retomaremos adiante, em novos casos. O outro m¶etodo ¶e chamado deintegra»c~ao por partes, que exploraremos nesta aula.
Suponhamos que u = u(x) e v = v(x) s~ao duas fun»c~oes deriv¶aveis em um certointervalo I ½ R. Ent~ao, para cada x em I, temos
[u(x) ¢ v(x)]0 = u0(x) ¢ v(x) + u(x) ¢ v0(x)
Assim sendo, Z[u0(x)v(x) + u(x)v0(x)] dx = u(x)v(x) + C
ou seja, Zv(x)u0(x) dx+
Zu(x)v0(x) dx = u(x)v(x) + C
Podemos escrever aindaZu(x)v0(x) dx = u(x)v(x)¡
Zv(x)u0(x) dx (16.1)
aqui considerando que a constante gen¶erica C j¶a est¶a impl¶³cita na ¶ultima integral.
Sendo u = u(x) e v = v(x), temos
du = u0(x) dx e dv = v0(x) dx, e passamos a f¶ormula 16.1 µa forma abreviada
Zu ¢ dv = u ¢ v ¡
Zv ¢ du (16.2)
As f¶ormulas 16.1 e 16.2 s~ao chamadas f¶ormulas de integra»c~ao por partes.
138
Integrac»~ao por partes 139
Exemplo 16.1 CalcularRx senx dx.
Solu»c~ao. Tomaremos u = x, e dv = senx dx.
Teremos du = 1 dx = dx, e v =Rsenx dx.
Para os prop¶ositos da integra»c~ao por partes, basta tomar v = ¡ cosx, menospre-zando a constante arbitr¶aria da integral v =
Rsenx dx, pois uma tal escolha da fun»c~ao
v ¶e su¯ciente para validar a f¶ormula 16.2.
Temos ent~ao Zx senx dx =
Zu ¢ dv
= u ¢ v ¡Zv ¢ du
= x ¢ (¡ cosx)¡Z(¡ cosx) dx
= ¡x cosx+Zcosx dx
= ¡x cosx+ senx+ C
Exemplo 16.2 CalcularRx lnx dx.
Solu»c~ao. Tomamos u = lnx, e dv = x dx.
Teremos du =1
xdx, e v =
Rx dx. Tomamos v =
x2
2.
Temos ent~ao Zx lnx dx =
Zu ¢ dv
= u ¢ v ¡Zv ¢ du
=x2
2¢ lnx¡
Zx2
2¢ 1xdx
=x2
2¢ lnx¡
Zx
2dx
=x2
2¢ lnx¡ x
2
4+ C
Exemplo 16.3 CalcularRarc tg x dx.
Solu»c~ao. Faremos u = arc tg x, e dv = dx.
E ent~ao du =1
1 + x2dx, v = x. Da¶³,
Integrac»~ao por partes 140
Zarc tg x dx =
Zu dv = uv ¡
Zv du
= x ¢ arc tg x¡Zx ¢ 1
1 + x2dx
Para calcular a integral J =
Zx ¢ 1
1 + x2dx, procedemos a uma mudan»ca de vari¶avel:
Fazendo w = 1 + x2, temos dw = 2x dx, e ent~ao x dx = 12dw. Da¶³,
J =
Zx ¢ 1
1 + x2dx =
Z1
wdw = ln jwj+ C = ln(1 + x2) + C.
Portanto,Rarc tg x dx = x ¢ arc tg x¡ ln(1 + x2) + C.
16.1 Um estrat¶egia para integrar por partes
Poder¶³amos dizer que o prop¶osito da integra»c~ao por partes ¶e transferir o c¶alculo de umaintegral
Ru ¢ dv para o c¶alculo de uma integral R v ¢ du (a qual espera-se que saibamos
calcular), pela f¶ormula de integra»c~ao por partes,Ru dv = uv ¡ R v du.
Ao integrar por partes, uma integral da formaRf(x)g(x) dx, devemos sempre
escolher, dentre as duas fun»c~oes da express~ao f(x)g(x) dx, uma delas como sendo ofator u e a outra como parte de uma diferencial dv.
Em outras palavras, podemos fazer u = f(x) e dv = g(x) dx, ou u = g(x) edv = f(x) dx (ou ainda u = f(x)g(x) e dv = 1 dx !). Mas esta escolha n~ao pode serfeita de modo aleat¶orio. Temos que ser espertos em nossa escolha para que, ao passarmosda integral
Ru dv para a integral
Rv du, passemos a uma integral tecnicamente mais
simples de ser calculada.
Uma sugest~ao que funciona bem na grande maioria das vezes ¶e escolher as fun»c~oesu e v segundo o crit¶erio que descreveremos abaixo. Ele foi publicado como uma pequenanota em uma edi»c~ao antiga da revista American Mathematical Monthly.
Considere o seguinte esquema de fun»c~oes elementares:
L I A T ELogar¶³tmicas Inversas de Alg¶ebricas Trigonom¶etricas Exponenciais
trigonom¶etricas
No esquema acima, as letras do anagrama LIATE s~ao iniciais de diferentes tiposde fun»c~oes.
Uma estrat¶egia que funciona bem ¶e: ao realizar uma integra»c~ao por partes, esco-lher, dentre as duas fun»c~oes que aparecem sob o sinal de integral,
Integrac»~ao por partes 141
² como fun»c~ao u: a fun»c~ao cuja letra inicial de caracteriza»c~ao posiciona-se mais µaesquerda no anagrama;
² como formando a diferencial dv: a fun»c~ao cuja letra inicial de caracteriza»c~aoposiciona-se mais µa direita no anagrama.
Sumarizando, u deve caracterizar-se pela letra mais pr¶oxima de L, e dv pela letramais pr¶oxima de E.
Esta estrat¶egia j¶a foi adotada nos exemplos desenvolvidos anteriormente !
1. Na integralRx senx dx, exemplo 16.1, ¯zemos
u = x (Alg¶ebrica) e dv = senx dx (Trigonom¶etrica).No anagrama LIATE, A precede T.
2. Na integralRx lnx dx, exemplo 16.2, ¯zemos
u = lnx (Logar¶³tmica) e dv = x dx (Alg¶ebrica).No anagrama LIATE, L precede precede A.
3. Na integralRarc tg x dx, exemplo 16.3, ¯zemos
u = arc tg x (Inversa de trigonom¶etrica), e dv = 1 dx (Alg¶ebrica).No anagrama LIATE, I precede A.
Passaremos agora a um exemplo interessante e imprescind¶³vel.
Exemplo 16.4 CalcularRex senx dx.
Solu»c~ao. Seguindo a sugest~ao dada acima, faremos
u = senx (trigonom¶etrica), dv = ex dx (exponencial). T vem antes de E noanagrama LIATE.
Temos ent~ao du = (senx)0dx = cosx dx, e tomamos v = ex. Da¶³,Zex senx dx =
Zu dv = uv ¡
Zv du
= ex senx¡Zex cosx dx
Parece que voltamos ao ponto de partida, n~ao ¶e mesmo? Passamos da integralRex senx dx µa integral
Rex cosx dx, equivalente µa primeira em n¶³vel de di¯culdade.
Continuaremos, no entanto, a seguir a receita do anagrama.
Na integral J =Rex cosx dx faremos
u = cosx, dv = ex dx. (Estas fun»c~oes u e v s~ao de¯nidas em um novo contexto.Referem-se µa esta segunda integral.)
Integrac»~ao por partes 142
Teremos du = (cosx)0dx = ¡ senx dx, e v = ex, e ent~ao
J =
Zex cosx dx =
Zu dv = uv ¡
Zv du
= ex cosx¡Z(¡ senx)ex dx
= ex cosx+
Zex senx dx
O resultado ¯nal ¶e interessante. Chamando I =Rex senx dx,
I =
Zex senx dx = ex senx¡ J
= ex senx¡µex cos x+
Zex senx dx
¶= ex senx¡ ex cosx¡ I
Portanto,I = ex senx¡ ex cosx¡ I
ou seja,2I = ex senx¡ ex cosx+ C
e ent~ao obtemos
I =1
2(ex senx¡ ex cosx) + C
Exemplo 16.5 CalcularR p
a2 ¡ x2 dx (a > 0).
Aqui podemos integrar por partes, mas o anagrama LIATE n~ao nos ¶e de serventia, j¶aque a integral involve apenas express~oes alg¶ebricas.
Faremos u =pa2 ¡ x2, dv = dx.
Ent~ao du =¡xpa2 ¡ x2dx, e tomamos v = x. Da¶³,
I =
Z pa2 ¡ x2 dx =
Zu dv
= uv ¡Zv du
= xpa2 ¡ x2 ¡
Z ¡x2pa2 ¡ x2dx
= xpa2 ¡ x2 +
Zx2pa2 ¡ x2dx
Integrac»~ao por partes 143
Agora fazemosZx2pa2 ¡ x2dx =
Z ¡(a2 ¡ x2) + a2pa2 ¡ x2 dx
= ¡Z
a2 ¡ x2pa2 ¡ x2dx+
Za2pa2 ¡ x2dx
= ¡Z p
a2 ¡ x2 dx+ a2Z
1pa2 ¡ x2dx
= ¡I + a2Z
1pa2 ¡ x2dx
= ¡I + a2 ¢ arc sen xa+ C
Portanto,
I = xpa2 ¡ x2 ¡ I + a2 ¢ arc sen x
a+ C
de onde ent~ao Z pa2 ¡ x2 dx = I = x
2
pa2 ¡ x2 + a
2
2arc sen
x
a+ C
Um modo mais apropriado de abordar integrais com express~oes da forma x2 §a2, ou a2 ¡ x2, ser¶a retomado adiante, quando ¯zermos um estudo de substitui»c~oestrigonom¶etricas.
16.2 Problemas
1. Repetindo procedimento an¶alogo ao usado no exemplo 16.5, mostre queZ px2 + ¸ dx =
x
2
px2 + ¸+
¸
2ln jx+
px2 + ¸j+ C
2. Calcule as seguintes integrais.
(a)Rxex dx. Resposta. ex(x¡ 1) + C.
(b)Rlnx dx. Resposta. x(lnx¡ 1) + C.
(c)Rxn lnx dx (n6= ¡1). Resposta. xn+1
n+1
¡lnx¡ 1
n+1
¢+ C.
(d)Rln(1 + x2) dx. Resposta. x ln(x2 + 1)¡ 2x+ 2arc tg x+ C.
(e)Rx arc tg x dx. Resposta. 1
2[(x2 + 1) arc tg x¡ x] + C.
(f)Rarc senx dx. Resposta. x arc senx+
p1¡ x2 + C.
(g)R p
1¡ x2 dx. Resposta. 12arc senx+ x
2
p1¡ x2 + C.
Sugest~ao. Imite os procedimentos usados no exemplo 16.5.
Integrac»~ao por partes 144
(h)Rx arc senx dx. Resposta. 1
4[(2x2 ¡ 1) arc senx+ xp1¡ x2] + C.
(i)Repx dx. Resposta. 2e
px(px¡ 1) + C.
(j)Rarc tg
px dx. Resposta. (x+ 1) arc tg
px¡px+ C.
Sugest~ao. Ao deparar-se comR
x2px(1+x)
dx, fa»ca z =px.
(k)Rarc sen
pxp
xdx. Resposta. 2
px arc sen
px+ 2
p1¡ x+ C.
(l)Rarc sen
pxx+1
dx. Resposta. x arc senp
xx+1
¡px+ arc tgpx+ C.Sugest~ao. N~ao se deixe intimidar. Comece fazendo u = arc sen
pxx+1,
dv = dx.
(m)Rx cos2 x dx. Resposta. x
2
4+ 1
4x sen 2x+ 1
8cos 2x+ C.
Sugest~ao. cos2 x = 12(1 + cos 2x).
(n)R(x2 + 7x¡ 5) cos 2x dx.Resposta. (x2 + 7x¡ 5) sen 2x
2+ (2x+ 7)cos 2x
4¡ sen 2x
4+ C.
(o)Reax cos bx dx. Resposta. 1
a2+b2eax(b sen bx+ a cos bx) + C.
(p)Reax sen bx dx. Resposta. 1
a2+b2eax(a sen bx¡ b cos bx) + C.
(q)Rx arc senxp1¡x2 dx. Resposta. x¡
p1¡ x2 arc senx+ C.
(r)Rarc senxx2
dx.
Resposta. 12ln¯1¡p1¡x21+p1¡x2
¯¡ 1
xarc senx+C = ln
¯1¡p1¡x2
x
¯¡ 1
xarc senx+C.
Sugest~ao. Fa»caR
1xp1¡x2dx =
Rx
x2p1¡x2dx, quando necess¶ario, e ent~ao
z =p1¡ x2.
(s)Rln(x+
p1 + x2) dx. Resposta. x ln(x+
p1 + x2)¡p1 + x2 + C.
(t)R
x arc senxp(1¡x2)3dx. Resposta.
arc senxp1¡x2 +
12ln¯1¡x1+x
¯+ C.
3. Ao calcular a integralR1xdx, Jo~aozinho procedeu da seguinte maneira.
Fazendo u = 1x, e dv = dx, podemos tomar v = x, e teremos du = ¡ 1
x2dx.Z
1
xdx =
Zu dv = uv ¡
Zv du
=1
x¢ x¡
Zx
µ¡ 1x2
¶dx = 1 +
Z1
xdx
Sendo J =R1xdx, temos ent~ao J = 1 + J , logo 0 = 1.
Onde est¶a o erro no argumento de Jo~aozinho ?
4. Mostre que
Zx2
(x2 + ¸)2dx =
¡x2(x2 + ¸)
+
Zdx
x2 + ¸.
Sugest~ao. Fa»ca
Zx2
(x2 + ¸)2dx =
Zx|{z}u
¢ x
(x2 + ¸)2dx| {z }
dv
.
Integrac»~ao por partes 145
5. Usando o resultado do problema 4, calcule (considere a > 0)
(a)
Zx2
(x2 + a2)2dx. (b)
Zx2
(a2 ¡ x2)2dx.
Respostas. (a) ¡x2(x2+a2)
+ 12aarc tg x
a+ C. (b) x
2(a2¡x2) ¡ 14aln¯a+xa¡x¯+ C.
6. Mostre que Zdx
(x2 + ¸)2=
x
2¸(x2 + ¸)+1
2¸
Zdx
x2 + ¸
Sugest~ao.R
dx(x2+¸)2
=R (x2+¸)¡x2
(x2+¸)2dx.
7. Usando a redu»c~ao mostrada no problema 6, calcule as integrais (considere a > 0).
(a)
Zdx
(x2 + a2)2. (b)
Zdx
(a2 ¡ x2)2 .
Respostas. (a) x2a2(x2+a2)
+ 12a3arc tg x
a+ C. (b) x
2a2(a2¡x2) +14a3ln¯a+xa¡x¯+ C.
8. CalculeRx arc tg x(x2+1)2
dx. Resposta. x4(x2+1)
+ 14arc tg x¡ 1
2arc tg x1+x2
+ C.
Aula 17
Integrais de¯nidas e oTeorema Fundamental do C¶alculo
17.1 A integral de¯nida
Seja y = f(x) uma fun»c~ao cont¶³nua em um intervalo fechado [a; b].
Subdividamos o intervalo [a; b] atrav¶es de n + 1 pontos x0; x1; x2; : : : ; xn¡1; xn,tais que
a = x0 < x1 < x2 < ¢ ¢ ¢ < xn¡1 < xn = bO conjunto de pontos } = fx0 = a; x1; x2; : : : ; xn¡1; xn = bg constitui uma subdivis~aoou parti»c~ao do intervalo [a; b].
Tomemos ainda pontos c1; c2; c3; : : : ; cn¡1; cn em [a; b], tais que
c1 2 [x0; x1] = [a; x1];c2 2 [x1; x2];...
ci 2 [xi¡1; xi];...
cn 2 [xn¡1; xn]:Sejam
¢x1 = x1 ¡ x0¢x2 = x2 ¡ x1
...
¢xi = xi ¡ xi¡1...
¢xn = xn ¡ xn¡1
146
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 147
E formemos a soma
S = f(c1)¢x1 + f(c2)¢x2 + ¢ ¢ ¢+ f(cn)¢xn =nPi=1
f(ci)¢xi.
Esta ¶e uma soma integral de f , no intervalo [a; b], correspondente µa parti»c~ao }, eµa escolha de pontos intermedi¶arios c1; : : : ; cn.
Note que, quando f(x) > 0 em [a; b], a soma integral de f , S =nPi=1
f(ci)¢xi, ¶e
a soma das ¶areas de n retangulos, sendo o i-¶esimo retangulo, para 1 · i · n, de base¢xi e altura f(ci). Isto ¶e ilustrado na ¯gura 17.1.
a = x
x
x x x x xc c c c
∆∆ ∆ ∆0 1 2 3 n-1 nn1 2 3
x1
x2
x3
xn
f(c3)
f(c2)
f(c1)
f(cn)
. . . . .
y = f(x)
y
= b
Figura 17.1.
Seja ¢ o maior dos n¶umeros ¢x1, ¢x2, : : : , ¢xn. Escrevemos
¢ = maxf¢x1;¢x2; : : : ;¢xng = max¢xiTal ¢ ¶e tamb¶em chamado de norma da parti»c~ao }.
¶E poss¶³vel demonstrar que, quando consideramos uma sucess~ao de subdivis~oesa = x0 < x1 < ¢ ¢ ¢ < xn = b, do intervalo [a; b], fazendo com que ¢ = max¢xi torne-se mais e mais pr¶oximo de zero (e o n¶umero n, de sub-intervalos, torne-se cada vezmaior), as somas integrais S, correspondentes a essas subdivis~oes, v~ao tornando-se cadavez mais pr¶oximas de um n¶umero real °, chamado integral de¯nida de f , no intervalo[a; b] e denotado por
R baf , ou por
R baf(x) dx.
Em outras palavras, quando formamos uma seqÄuencia de parti»c~oes }1, }2, : : : ,}k, : : : , do intervalo [a; b], de normas respetivamente iguais a ¢1, ¢2, : : : , ¢k, : : : ,associando a cada parti»c~ao um conjunto de pontos intermedi¶arios (os ci's), e forman-
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 148
do ent~ao uma seqÄuencia de somas integrais S1; S2; : : : ; Sk; : : : , sendo limk!+1
¢k = 0,
teremos limk!+1
Sk = ° =R baf , para algum n¶umero real °.
De modo mais simpli¯cado, a integral de¯nida de f , de a at¶e b (ou no intervalo [a; b])¶e o n¶umero real
° =
Z b
a
f(x) dx = lim¢!0
S = limmax¢xi!0
nXi=1
f(ci)¢xi
Observa»c~ao 17.1 Se f(x) > 0 no intervalo [a; b], quando max¢xi ! 0, o n¶umero k,de sub-intervalos tende a 1.
Os retangulos ilustrados na ¯gura 17.1 tornam-se cada vez mais estreitos e nu-merosos µa medida em que max¢xi torna-se mais e mais pr¶oximo de 0.
Neste caso, limmax¢xi!0
Pn
i=1 f(ci)¢xi de¯nir¶a a ¶area compreendida entre a curva
y = f(x), o eixo x, e as retas verticais x = a, x = b.
Sumarizando,
Se f(x) > 0 em [a; b], temos
Z b
a
f(x) dx = (¶area sob o gr¶a¯co de f , de x = a at¶e x = b)
Observa»c~ao 17.2 Por outro lado, se f(x) < 0 para todo x 2 [a; b], teremos R baf(x) dx
= ¡A, sendo A a ¶area (positiva) da regi~ao plana compreendida entre o eixo x, o gr¶a¯code f , e as retas x = a e x = b.
Note que, neste caso, feita uma subdivis~ao a = x0 < x1 < x2 < ¢ ¢ ¢ < xn = b, eescolhidos os pontos c1; c2; : : : ; cn, com ci 2 [xi¡1; xi], para i = 1; 2; : : : ; n, teremos
nXi=1
f(ci)¢xi < 0
pois f(ci) < 0 para cada i, e ¢xi > 0 para cada i.
Observa»c~ao 17.3 Se o gr¶a¯co de f , no intervalo [a; b], ¶e como o gr¶a¯co esbo»cadona ¯gura 17.2, ent~ao, sendo A1, A2, A3 e A4 as ¶areas (positivas) indicadas na ¯gura,teremos Z b
a
f(x) dx = A1 ¡A2 +A3 ¡A4
Observa»c~ao 17.4 Pode-se demonstrar que se f ¶e cont¶³nua em [a; b], o limite
limmax¢xi!0
Pn
i=1 f(ci)¢xi =R baf n~ao depende das sucessivas subdivis~oes a = x0 < x1 <
¢ ¢ ¢ < xn = b, e nem das sucessivas escolhas de pontos c1; c2; : : : ; cn, com ci 2 [xi¡1; xi]para cada i.
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 149
A1
A 2
A3
A 4
x
y
y = f(x)
ba
Figura 17.2.R baf = A1 ¡ A2 +A3 ¡ A4.
Observa»c~ao 17.5 Se, para uma fun»c~ao g, de¯nida em [a; b], n~ao necessariamentecont¶³nua, existir o limite lim
max¢xi!0Pn
i=1 g(ci)¢xi (xi's e ci's tal como antes), dizemos
que g ¶e integr¶avel em [a; b], e de¯nimos, tal como antes,
Z b
a
g(x) dx = limmax¢xi!0
nXi=1
g(ci)¢xi
Exemplo 17.1 Sendo f(x) = x2, calcularR 10f(x) dx, ou seja, determinar a ¶area com-
preendida entre a par¶abola y = x2 e o eixo x, no intervalo 0 · x · 1.
Para calcular a integral pedida, vamos primeiramente subdividir o intervalo [0; 1] em nsub-intervalos de comprimentos iguais a ¢x = 1=n, ou seja, tomaremos
x0 = 0, x1 = 1=n, x2 = 2=n, : : : , xn¡1 = (n¡ 1)=n e xn = n=n = 1.Neste caso, ¢x1 = ¢x2 = ¢ ¢ ¢ = ¢xn = 1=n.Tomaremos ainda ci = xi = i=n, para i = 1; 2; : : : ; n.
Teremos a soma integral
S =nXi=1
f(ci)¢xi =nXi=1
f(i=n) ¢ 1n
=
nXi=1
µi
n
¶2¢ 1n=
nXi=1
i2
n3
=1
n3
nXi=1
i2 =12 + 22 + ¢ ¢ ¢+ n2
n3
Pode ser demonstrado que 12 + 22 + ¢ ¢ ¢+ n2 = 16n(n+ 1)(2n+ 1), fato que usaremos
aqui.
Assim, como ¢x! 0 se e somente se n!1, temos
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 150
Z 1
0
f(x) dx =
Z 1
0
x2 dx = limmax¢xi!0
nXi=1
f(ci)¢xi
= limn!1
12 + 22 + ¢ ¢ ¢n2n3
= limn!1
n(n+ 1)(2n+ 1)
6n3=2
6=1
3
A ¶area procurada ¶e igual a 1=3 (de unidade de ¶area).
Proposi»c~ao 17.1 Se f ¶e cont¶³nua no intervalo [a; b], sendo m eM os valores m¶aximoe m¶³nimo de f , respectivamente, no intervalo [a; b], ent~ao
m(b¡ a) ·Z b
a
f(x) dx ·M(b¡ a)
a b xA B
m
M
B'A'
B"A"
y
Figura 17.3. m(b¡ a) · R baf ·M(b¡ a).
Abaixo, faremos uma demonstra»c~ao da proposi»c~ao 17.1. Antes por¶em, daremosuma interpreta»c~ao geom¶etrica dessa proposi»c~ao, no caso em que f > 0 em [a; b]. Da¯gura 17.3, em que m e M s~ao, respectivamente, os valores m¶³nimo e m¶aximo de f(x)para x 2 [a; b], temos¶area ABB0A0 · (¶area sob o gr¶a¯co de f , no intervalo [a; b]) · ¶area ABB00A00.
Da¶³,
m(b¡ a) ·Z b
a
f(x) dx ·M(b¡ a)
Demonstra»c~ao da proposi»c~ao 17.1. Tomando-se uma subdivis~ao qualquer de [a; b],
a = x0 < x1 < ¢ ¢ ¢ < xn = be tomando-se pontos ci 2 [xi¡1; xi], para i = 1; 2; : : : ; n, temos
nXi=1
f(ci)¢xi ·nXi=1
M¢xi
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 151
pois f(ci) ·M , e ¢xi > 0, para cada i. Da¶³,nXi=1
f(ci)¢xi ·nXi=1
M¢xi =MnXi=1
¢xi =M(b¡ a)
poisnXi=1
¢xi = ¢x1 +¢x2 + ¢ ¢ ¢+¢xn = b¡ a
Logo,
limmax¢xi!0
nXi=1
f(ci)¢xi ·M(b¡ a)
e portanto Z b
a
f(x) dx ·M(b¡ a)
Analogamente, deduzimos queR baf(x) dx ¸ m(b¡ a).
Assumiremos sem demonstra»c~ao as seguintes propriedades.
Proposi»c~ao 17.2 Se f e g s~ao cont¶³nuas em [a; b], ent~ao, sendo k uma constante ea < c < b,
1.R ba(f(x) + g(x)) dx =
R baf(x) dx+
R bag(x) dx
2.R bak ¢ f(x) dx = k ¢ R b
af(x) dx
3.R caf(x) dx+
R bcf(x) dx =
R baf(x) dx
4. se f(x) · g(x), para todo x 2 [a; b], ent~ao R baf(x) dx · R b
ag(x) dx
Observa»c~ao 17.6 Sendo f cont¶³nua em [a; b], s~ao adotadas as seguintes conven»c~oes(de¯ni»c~oes).
(i)R aaf(x) dx = 0
(ii)R abf(x) dx = ¡ R b
af(x) dx
Adotadas essas conven»c~oes, a proposi»c~ao 17.2, acima enunciada, continua ver-dadeira qualquer que seja a ordem dos limites de integra»c~ao a, b e c, podendo ainda doisdeles (ou os tres) coincidirem.
Teorema 17.1 (Teorema do valor m¶edio para integrais) Se f ¶e cont¶³nua no in-tervalo [a; b], existe c 2 [a; b] tal que
Z b
a
f(x) dx = f(c) ¢ (b¡ a)
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 152
Adiante faremos a demonstra»c~ao deste teorema. Uma interpreta»c~ao geom¶etricado teorema do valor m¶edio para integrais, no caso em que f(x) > 0 em [a; b], ¶e feita na¯gura 17.4.
f(c)
a b xA B
B'A'
y
c
Figura 17.4. Teorema do valor m¶edio para integrais:R baf = (¶area sob o gr¶a¯co de f)
= (¶area ABB0A0) = f(c)(b¡ a).
Para demonstrarmos o teorema do valor m¶edio para integrais, usaremos o Teoremado valor intermedi¶ario.
a b x
f(a)
f(b)
y
y0
x0
Figura 17.5. Para cada y0, tal que f(a) · y0 · f(b), existe x0 2 [a; b] tal quef(x0) = y0.
Teorema 17.2 (Teorema do valor intermedi¶ario) Seja f uma fun»c~ao cont¶³nua nointervalo [a; b]. Para cada y0, tal que f(a) · y0 · f(b), existe x0 2 [a; b] tal quef(x0) = y0.
Ilustramos geometricamente o teorema do valor intermedi¶ario na ¯gura 17.5.
Como conseqÄuencia do teorema do valor intermedi¶ario, temos o teorema do anu-lamento, j¶a explorado na aula 7, µa p¶agina 66:
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 153
(Teorema do anulamento) Sendo a < b, e f cont¶³nua em [a; b], se f(a) < 0 ef(b) > 0 (ou se f(a) > 0 e f(b) < 0), ent~ao a fun»c~ao f possui uma raiz no intervalo[a; b].
Demonstra»c~ao. Como f(a) < 0 < f(b), pelo teorema do valor intermedi¶ario, existex0 2 [a; b] tal que f(x0) = 0.Demonstra»c~ao do teorema 17.1. Sendo f cont¶³nua no intervalo [a; b], pelo teorema deWeierstrass, p¶agina 69, aula 8, existem m;M 2 R tais que m = minff(x) j x 2 [a; b]ge M = maxff(x) j x 2 [a; b]g. Al¶em disso, existem pontos x1; x2 2 [a; b] tais quef(x1) = m e f(x2) =M .
Pela proposi»c~ao 17.1,
m(b¡ a) ·Z b
a
f(x) dx ·M(b¡ a)
Da¶³,
m · 1
b¡ aZ b
a
f(x) dx ·M
Sendo ® = 1b¡aR baf(x) dx, como f(x1) = m · ® ·M = f(x2), pelo teorema do valor
intermedi¶ario, existe c 2 [a; b] (c entre x1 e x2) tal que f(c) = ®. Logo,
f(c) =1
b¡ aZ b
a
f(x) dx
e portanto Z b
a
f(x) dx = f(c)(b¡ a)
17.2 O teorema fundamental do c¶alculo
Teorema 17.3 (Teorema fundamental do c¶alculo, primeira vers~ao) Seja fuma fun»c~ao cont¶³nua no intervalo [a; b]. Para cada x 2 [a; b], seja
'(x) =
Z x
a
f(t) dt
Ent~ao'0(x) = f(x); 8x 2 [a; b]
Uma das conseqÄuencias imediatas do teorema fundamental do c¶alculo ¶e que
Toda fun»c~ao cont¶³nua f , em um intervalo [a; b], possui uma primitiva (ou anti-derivada)em [a; b], sendo ela a fun»c~ao ', de¯nida por '(x) =
R xaf(t) dt, para cada x 2 [a; b].
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 154
Demonstra»c~ao do teorema fundamental do c¶alculo, primeira vers~ao.
Para x em [a; b], e ¢x6= 0, com x+¢x em [a; b], temos
¢' = '(x+¢x)¡ '(x) =Z x+¢x
a
f(t) dt¡Z x
a
f(t) dt
=
Z x+¢x
a
f(t) dt+
Z a
x
f(t) dt =
Z x+¢x
x
f(t) dt
(Veja ¯guras 17.6a e 17.6b.)
(a)
a b x
y
x
ϕ (x)
y = f(x)
(b)
a b x
y
x
y = f(x)
∆x + x
∆ϕ
Figura 17.6. (a) Interpreta»c~ao geom¶etrica de '(x), x 2 [a; b]. (b) Interpreta»c~ao ge-om¶etrica de ¢', para ¢x > 0.
Pelo teorema do valor m¶edio para integrais, existe w entre x e x+¢x tal queZ x+¢x
x
f(t) dt = f(w) ¢ [(x+¢x)¡ x]
Assim sendo,¢' = '(x+¢x)¡ '(x) = f(w)¢x
o que implica¢'
¢x= f(w); para algum w entre x e x+¢x
Temos w! x quando ¢x! 0. Como f ¶e cont¶³nua,
'0(x) = lim¢x!0
¢'
¢x= lim
¢x!0f(w) = lim
w!xf(w) = f(x)
Como conseqÄuencia do teorema fundamental do c¶alculo, primeira vers~ao, temos asua segunda vers~ao, tamb¶em chamada f¶ormula de Newton-Leibniz. Ele estabelece umaconex~ao surpreendente entre as integrais inde¯nidas e as integrais de¯nidas.
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 155
Teorema 17.4 (Teorema fundamental do c¶alculo, segunda vers~ao) Sendo fuma fun»c~ao cont¶³nua no intervalo [a; b],
se
Zf(x) dx = F (x) + C ent~ao
Z b
a
f(x) dx = F (b)¡ F (a)
Demonstra»c~ao. Pelo teorema fundamental do c¶alculo, primeira vers~ao, temos quea fun»c~ao '(x) =
R xaf(t) dt, a · x · b, ¶e uma primitiva de f(x) no intervalo [a; b], ou
seja, '0(x) = f(x).
SeRf(x) dx = F (x) + C, temos tamb¶em F 0(x) = f(x). Logo, pela proposi»c~ao
15.1 existe uma constante k tal que
'(x) = F (x) + k; para todo x em [a; b]
Agora, '(a) =R aaf(t) dt = 0. Logo, F (a) + k = 0, de onde ent~ao k = ¡F (a).
Assim sendo, Z x
a
f(t) dt = '(x) = F (x)¡ F (a)
Quando x = b, temos Z b
a
f(x) dx = F (b)¡ F (a)
¶E costume denotar [F (x)]ba = F (x)jba = F (b)¡ F (a).Ou seja, sendo
Rf(x) dx = F (x) + C, temos
R baf(x) dx = F (x)jba = F (b)¡ F (a).
Exemplo 17.2 Calcular a ¶area compreendida entre a curva y = senx e o eixo x, para0 · x · ¼.
Solu»c~ao.Como senx ¸ 0 quando 0 · x · ¼,temos que a ¶area procurada ¶e dada pelaintegral A =
R ¼0senx dx.
TemosRsenx dx = ¡ cosx+ C.
0 x
y
π
y = sen x
2 unidades de área
Logo, A =R ¼0senx dx = [¡ cos x]¼0 = (¡ cos ¼)¡(¡ cos 0) = 1+1 = 2 (unidades
de ¶area).
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 156
17.2.1 Integra»c~ao de¯nida, com mudan»ca de vari¶avel
Veremos agora que, quando fazemos mudan»ca de vari¶avel (integra»c~ao por substitui»c~ao),no caso de uma integral de¯nida, podemos ¯nalizar os c¶alculos com a nova vari¶avelintroduzida, sem necessidade de retornar µa vari¶avel original. Para tal, ao realizarmos amudan»ca de vari¶avel, trocamos adequadamente os limites de integra»c~ao.
Suponhamos que y = f(x) de¯ne uma fun»c~ao cont¶³nua em um intervalo I, coma; b 2 I, e que x = '(t) ¶e uma fun»c~ao de t deriv¶avel em um certo intervalo J ½ R,satisfazendo
1. f('(t)) 2 I quando t 2 J .2. '(®) = a, '(¯) = b, para certos ®; ¯ 2 J ;3. '0(t) ¶e cont¶³nua em J ;
Sendo F (x) uma primitiva de f(x) em I, temosRf(x) dx = F (x) + C, e como
vimos, tomando x = '(t), teremos dx = '0(t) dt, eRf('(t))'0(t) dt = F ('(t)) + C.
Ent~ao, Pelo teorema fundamental do c¶alculo,
Z b
a
f(x) dx = F (x)jba = F (b)¡ F (a) = F ('(¯))¡ F ('(®))
= F ('(t))j¯® =Z ¯
®
f('(t)) ¢ '0(t) dt
Exemplo 17.3 CalcularR 1¡1 x
p1 + x2 dx.
Fazendo u = 1 + x2, calculamosRxp1 + x2 dx = 1
3
p1 + x2 + C.
Pelo teorema fundamental do c¶alculo,R 1¡1 x
p1 + x2 dx = 1
3
p1 + x2
¯1¡1 =
p83¡
p83= 0.
Por outro lado, poder¶³amos ter trocado os limites de integra»c~ao, ao realizar amudan»ca de vari¶avel. O resultado seria:
para x = ¡1, u = 2; e para x = 1, u = 2 (!). Ent~aoR 1¡1 x
p1 + x2 dx =
R 22
pu ¢ 1
2du = 0.
Exemplo 17.4 Calcular a ¶area delimitada pela circunferencia de equa»c~ao x2+ y2 = a2.
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 157
Para calcular a ¶area A desse c¶³rculo, basta calcular a ¶area sob o semi-c¶³rculoy =
pa2 ¡ x2, acima do eixo x, entre os pontos x = ¡a e x = a, ou seja, calcular
A=2 =
Z a
¡a
pa2 ¡ x2 dx
Faremos a substitui»c~ao x = a sen t, ¡¼=2 · t · ¼=2.Para t = ¡¼=2, x = ¡a; para t = ¼=2, x = a.Teremos ent~ao dx = a cos t dt, a2 ¡ x2 = a2 cos2 t e, como cos t ¸ 0 no intervalo
[¡¼=2; ¼=2], pa2 ¡ x2 = a cos t.Logo,
R a¡apa2 ¡ x2 dx = R ¼=2¡¼=2 a
2 cos2 t dt.
Temos cos2 t+ sen2 t = 1 e cos2 t¡ sen2 t = cos 2t, logocos2 t = 1
2(1 + cos 2t).
Assim,Z a
¡a
pa2 ¡ x2 dx =
Z ¼=2
¡¼=2a2 cos2 t dt
=a2
2
Z ¼=2
¡¼=2(1 + cos 2t) dt
=a2
2
·t+
1
2sen 2t
¸¼=2¡¼=2
=a2
2
·¼
2+1
2sen¼
¸¡ a
2
2
·¡¼2+1
2sen(¡¼)
¸=¼a2
2
E portanto a ¶area do c¶³rculo ¶e A = ¼a2.
17.2.2 Integra»c~ao de¯nida, por partes
Suponhamos que u = u(x) e v = v(x) s~ao fun»c~oes deriv¶aveis no intervalo [a; b], com asderivadas u0(x) e v0(x) cont¶³nuas em [a; b].
Temos (u ¢ v)0 = u0 ¢ v + u ¢ v0 = uv0 + vu0, e ent~aoR ba[u(x)v(x)]0 dx =
R bau(x)v0(x) dx+
R bav(x)u0(x) dx.
Pelo teorema fundamental do c¶alculo,R ba[u(x)v(x)]0 dx = u(x)v(x)jba. PortantoR b
au(x)v0(x) dx = u(x)v(x)jba ¡
R bav(x)u0(x) dx.
Em nota»c~ao abreviada,
Z b
a
u dv = uvjba ¡Z b
a
v du
Integrais definidas e o Teorema Fundamental do C¶alculo 158
17.3 Problemas
Calcule as integrais de¯nidas listadas abaixo.
1.R 1¡1
dx1+x2
. Resposta. ¼=2.
2.R p2=20
dxp1¡x2 . Resposta. ¼=4.
3.R ¼=30
tg x dx. Resposta. ln 2.
4.R x1dtt. Resposta. lnx.
5.R x0sen t dt. Resposta. 1¡ cosx.
6.R ¼=20
senx cos2 x dx. Resposta. 1=3.
7.R ¼=20
dx3+2 cosx
. Resposta. ¼
2p5. Sugest~ao. Use a identidade cosx =
1¡tg2 x2
1+tg2 x2
, fa»ca
u = tg x2, e x
2= arc tg u.
8.R 41
xdxp2+4x
. Resposta. 3p2=2.
9.R 1¡1
dx(1+x2)2
. Resposta. ¼4+ 1
2. Sugest~ao. Fa»ca x = tg u.
10.R 51
px¡1xdx. Resposta. 4¡ 2 arc tg 2.
11.R ¼=20
cosx dx6¡5 senx+sen2 x . Resposta. ln
43.
12. Calcule a integralR t0
pa2 ¡ x2 dx (0 · t · a), sem usar antiderivadas, interpre-
tando-a como ¶area sob a curva (semi-c¶³rculo) y =pa2 ¡ x2, e acima do eixo x,
no intervalo [0; t] (¯gura 17.7).
x
y
t0
a
Figura 17.7.
Resposta. t2
pa2 ¡ t2 + a2
2arc sen t
a. Sugest~ao. Subdivida a ¶area a ser calculada
em duas regi~oes, como sugere a ¯gura.
Aula 18
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicasde integra»c~ao
18.1 Completando quadrados
Da nossa tabela ampliada de integrais imediatas, tabela 15.1, p¶agina 135, temos asintegrais da tabela 18.1 abaixo.
Tabela 18.1. (a > 0, ¸6= 0)
Zdx
a2 + x2=1
aarc tg
x
a+ C
Zdx
a2 ¡ x2 =1
2aln
¯¯a+ xa¡ x
¯¯+ C.Z
dxpa2 ¡ x2 = arc sen
x
a+ C
Zdxpx2 + ¸
= ln jx+px2 + ¸j+ C
Voltaremos nossa aten»c~ao agora ao c¶alculo das integrais
I1 =
Zdx
ax2 + bx+ cI2 =
Z(Ax+B)dx
ax2 + bx+ c
I3 =
Zdxp
ax2 + bx+ cI4 =
Z(Ax+B)dxpax2 + bx+ c
nas quais, a, b, c, A e B s~ao n¶umeros reais, e a6= 0.Veremos que, para calcular cada uma das integrais I1, I2, I3, e I4, tudo (ou quase
tudo) que temos a fazer ¶e completar um quadrado em ax2 + bx + c, e ent~ao usar apequena tabela de integrais 18.1.
159
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 160
Lembramos que completar um quadrado em ax2+ bx+ c ¶e escrever este trinomiodo segundo grau na forma a(x+m)2 + n.
Primeiramente, colocamos o coe¯ciente a em evidencia:
ax2 + bx+ c = a
µx2 +
b
ax+
c
a
¶
Completamos ent~ao o quadrado em x2 +b
ax+
c
a:
x2 + ¯x+ ° =
µx+
¯
2
¶2+
µ° ¡ ¯
2
4
¶
Fazemos ent~ao, para o c¶alculo de uma das integrais I1, I2, I3, e I4, a substitui»c~ao
u = x+¯
2; du = dx
e teremosx2 + ¯x+ ° = u2 § k2
ax2 + bx+ c = a(u2 § k2)
Agora, a menos de alguns pequenos ajustes, recairemos em integrais da tabela18.1.
Exemplo 18.1 Calcular
Zdx
2x2 + 3x+ 1.
Solu»c~ao. Come»camos fazendo
2x2 + 3x+ 1 = 2
µx2 +
3
2x+
1
2
¶= 2
"µx+
3
4
¶2¡ 9
16+1
2
#
= 2
"µx+
3
4
¶2¡ 1
16
#= 2
"u2 ¡
µ1
4
¶2#
sendo u = x+ 3=4.
Como du = dx,Zdx
2x2 + 3x+ 1=
Zdu
2hu2 ¡ ¡1
4
¢2i = 1
2
Zdu
u2 ¡ ¡14
¢2= ¡1
2
Zdu¡
14
¢2 ¡ u2 = ¡1
2¢ 1
2 ¢ 14
ln
¯¯ 14 + u14¡ u
¯¯+ C (tabela 18.1)
= ¡ ln¯¯1 + 4u1¡ 4u
¯¯+ C = ¡ ln
¯¯ 1 + 4x+ 31¡ (4x+ 3)
¯¯+ C
= ¡ ln¯¯4x+ 44x+ 2
¯¯+ C = ¡ ln
¯¯2x+ 22x+ 1
¯¯+ C = ln
¯¯2x+ 12x+ 2
¯¯+ C
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 161
Exemplo 18.2 Calcular
Zx¡ 1p1¡ x¡ x2dx.
Solu»c~ao. Come»camos fazendo
1¡ x¡ x2 = ¡(x2 + x¡ 1) = ¡"µx+
1
2
¶2¡ 14¡ 1#
= ¡"µx+
1
2
¶2¡ 54
#= ¡
24µx+ 1
2
¶2¡Ãp
5
2
!235
=
Ãp5
2
!2¡µx+
1
2
¶2
Sendo, u = x+ 1=2, du = dx, e x = u¡ 1=2,
Zx¡ 1p1¡ x¡ x2dx =
Zx¡ 1r³p
52
´2¡ ¡x+ 1
2
¢2dx
=
Zu¡ 3=2r³p52
´2¡ u2
du
=
Zur³p52
´2¡ u2
du¡ 32
Z1r³p52
´2¡ u2
du
= I ¡ 12J
sendo I =
Zuq
(p5=2)2 ¡ u2
du, e J =
Z1q
(p5=2)2 ¡ u2
du.
Para o c¶alculo de I, fazemos w = (p5=2)2 ¡ u2, e ent~ao dw = ¡2u du, e temos
I =
Zur³p52
´2¡ u2
du =
Z ¡12dwpw
= ¡pw + C
= ¡
vuutÃp52
!2¡ u2 = ¡
p1¡ x¡ x2 + C
Por sua vez,
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 162
J =
Z1r³p52
´2¡ u2
du = arc senup5=2
+ C
= arc sen2up5+ C = arc sen
2x+ 1p5
+ C
Portanto,Zx¡ 1p1¡ x¡ x2dx = I ¡
1
2J
= ¡p1¡ x¡ x2 ¡ 1
2arc sen
2x+ 1p5
+ C
18.2 Algumas integrais envolvendo fun»c~oes
trigonom¶etricas
18.2.1 Integrais da formaRsenm x cosn xdx, m e n inteiros n~ao
negativos
Primeiro caso: m ou n ¶e um inteiro ¶³mpar
Consideremos J =Rsenm x cosn x dx.
Sendo m e n inteiros n~ao negativos, no caso em que o expoente m ¶e ¶³mpar,teremos m = 2k + 1, e ent~ao
J =
Zsen2k+1 x cosn x dx
=
Zsen2k x cosn x senx dx
=
Z(sen2 x)k cosn x senx dx
=
Z(1¡ cos2 x)k cosn x senx dx
Agora fazemos cosx = t, e ent~ao dt = ¡ senx dx, obtendo
J =
Z(1¡ t2)ktn(¡dt) = ¡
Z(1¡ t2)ktn dt
que ¶e uma integral de um polinomio em t.
Se m ¶e par, mas n ¶e ¶³mpar, transformamos a integral J em uma integral de umpolinomio, por um procedimento an¶alogo.
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 163
Exemplo 18.3 Calcular J =Rsen6 x cos5 x dx.
Solu»c~ao.
J =
Zsen6 x cos5 x dx =
Zsen6 x cos4 x cosx dx
=
Zsen6 x(cos2 x)2 cosx dx =
Zsen6 x(1¡ sen2 x)2 cosx dx
=
Zt6(1¡ t2)2 dt, sendo t = senx, dt = cosx dx.
Teremos ent~ao
J =
Zt6(1¡ 2t2 + t4) dt =
Z(t6 ¡ 2t8 + t10) dt
=t7
7¡ 2t
9
9+t11
11+ C
=sen7 x
7¡ 2 sen
9 x
9+sen11 x
11+ C
Segundo caso: m e n s~ao ambos pares
Neste caso, abaixamos os graus das potencias de fun»c~oes trigonom¶etricas, mediante asrela»c~oes
cos2 a =1 + cos 2a
2sen2 a =
1¡ cos 2a2
(18.1)
ou seja, fazemos
J =
Zsenm x cosn x dx =
Zsen2k x cos2` x dx
=
Z(sen2 x)k(cos2 x)` dx
=
Z µ1¡ cos 2x
2
¶kµ1 + cos 2x
2
¶`dx
Exemplo 18.4 Calcular I =Rsen4 x cos2 x dx.
Solu»c~ao.I =Rsen4 x cos2 x dx =
R(sen2 x)2 cos2 x dx
Fazendo uso das rela»c~oes trigonom¶etricas 18.1, temos
I =
Z µ1 + cos 2x
2
¶2µ1 + cos 2x
2
¶dx
=
Z µ1¡ 2 cos 2x+ cos2 2x
4
¶µ1 + cos 2x
2
¶dx
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 164
=1
8
Z(1 + cos 2x¡ cos2 2x+ cos3 2x) dx
=1
8
Zdx¡ 1
8
Zcos 2x dx¡ 1
8
Zcos2 2x dx+
1
8
Zcos3 2x dx
Calculando separadamente as quatro integrais, temos:
I1 =Rdx = x (juntaremos adiante todas as constantes em uma s¶o)
I2 =Rcos 2x dx = 1
2sen 2x
I3 =
Zcos2 2x dx =
Z1 + cos 4x
2dx (cos2 a = 1+cos 2a
2)
=1
2
Zdx+
1
2
Zcos 4x dx
=x
2+1
2¢ 14sen 4x =
x
2+1
8sen 4x
I4 =
Zcos3 2x dx (potencia de cosseno, de expoente ¶³mpar!)
=
Zcos2 2x cos 2x dx =
Z(1¡ sen2 2x) cos 2x dx
=
Z(1¡ t2) ¢ dt
2(t = sen 2x, dt = 2 cos 2x dx, logo cos 2x dx = dt
2)
=1
2
µt¡ t
3
3
¶=sen 2x
2¡ sen
3 2x
6
Finalmente,
I =
Zsen4 x cos2 x dx =
1
8(I1 ¡ I2 ¡ I3 + I4)
=1
8x¡ 1
16sen 2x¡ 1
16x¡ 1
64sen 4x+
1
16sen 2x¡ 1
48sen3 2x+ C
=x
16¡ sen 4x
64¡ sen
3 2x
48+ C
18.3 F¶ormulas de redu»c~ao (ou de recorrencia)
As f¶ormulas de redu»c~ao, ou f¶ormulas de recorrencia, freqÄuentemente encontradas emt¶abuas de integrais, s~ao em geral obtidas atrav¶es de integra»c~ao por partes.
Nos exemplos abaixo, deduziremos duas delas e ilustraremos como s~ao usadas.
Exemplo 18.5 Sendo n ¸ 2, deduzir a f¶ormula de redu»c~aoZsecn x dx =
tg x secn¡2 xn¡ 1 +
n¡ 2n¡ 1 ¢
Zsecn¡2 x dx (18.2)
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 165
Solu»c~ao. Seja In =Rsecn x dx. Temos
In =
Zsecn x dx =
Zsecn¡2 x| {z }
u
sec2 x| {z }dv
dx = uv ¡Zv du
Sendo u = secn¡2 x dx, temos
du = (n¡ 2) secn¡3 x ¢ (sec x)0dx = (n¡ 2) secn¡3 x ¢ secx tg x dx= (n¡ 2) secn¡2 x tg x dx
Sendo dv = sec2 x dx, tomamos v = tg x. Da¶³
In = uv ¡Zv du
= tg x secn¡2 x¡Ztg x ¢ (n¡ 2) secn¡2 x tg x dx
= tg x secn¡2 x¡ (n¡ 2)Zsecn¡2 x tg2 x dx
Agora, sendo J =Rsecn¡2 x tg2 x dx, temos
J =
Zsecn¡2 x(sec2 x¡ 1)dx =
Z(secn x¡ secn¡2 x)dx
=
Zsecn x dx¡
Zsecn¡2 x dx = In ¡ In¡2
Assim sendo,
In = tg x secn¡2 x¡ (n¡ 2)J
= tg x secn¡2 x¡ (n¡ 2)(In ¡ In¡2)de onde
[1 + (n¡ 2)]In = tg x secn¡2 x+ (n¡ 2)In¡2e portanto
In =tg x secn¡2 xn¡ 1 +
n¡ 2n¡ 1In¡2
ou seja, Zsecn x dx =
tg x secn¡2 xn¡ 1 +
n¡ 2n¡ 1
Zsecn¡2 x dx
Exemplo 18.6 Empregando a f¶ormula de redu»c~ao 18.2, calcule as integraisRsec3 x dx,R
sec4 x dx, eRsec5 x dx.
Aplicando a f¶ormula 18.2, que acabamos de deduzir acima, temos, quando n = 3,Zsec3 x dx =
tg x secx
2+1
2
Zsecx dx
=tg x secx
2+1
2ln j secx+ tg xj+ C
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 166
Aplicando a f¶ormula 18.2, para n = 4, temosZsec4 x dx =
tg x sec2 x
3+2
3
Zsec2 x dx
=tg x sec2 x
3+2
3tg x+ C
Para n = 5, temosZsec5 x dx = I5 =
tg x sec3 x
4+3
4I3
=tg x sec3 x
4+3
4
µtg x secx
2+1
2I1
¶
=tg x sec3 x
4+3 tg x secx
8+3
8ln j secx+ tg xj+ C
Exemplo 18.7 Deduza a f¶ormula de recorrenciaZcosn x dx =
1
nsenx cosn¡1 x+
n¡ 1n
Zcosn¡2 x dx
e ent~ao, usando-a, calculeRcos4 x dx e
Rcos7 x dx.
Solu»c~ao. Zcosn x dx =
Zcosn¡1 x| {z }
u
cosx dx| {z }dv
= uv ¡Zv du
Sendo u = cosn¡1 x, temos du = ¡(n¡ 1) cosn¡2 x senx dx.Sendo dv = cosx dx, podemos tomar v = senx. Ent~aoZ
cosn x dx = senx cosn¡1 x+ (n¡ 1)Zcosn¡2 x sen2 x dx
= senx cosn¡1 x+ (n¡ 1)Zcosn¡2 x(1¡ cos2 x) dx
= senx cosn¡1 x+ (n¡ 1)µZ
cosn¡2 x dx¡Zcosn x dx
¶
Logo,Zcosn x dx = senx cosn¡1 x+ (n¡ 1)
Zcosn¡2 x dx¡ (n¡ 1)
Zcosn x dx
Da¶³,
n
Zcosn x dx = senx cosn¡1 x+ (n¡ 1)
Zcosn¡2 x dx
e ent~ao Zcosn x dx =
1
nsenx cosn¡1 x+
n¡ 1n
Zcosn¡2 x dx
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 167
Deixamos para o leitor a aplica»c~ao desta f¶ormula, para obterZcos4 x dx =
1
4senx cos3 x+
3
8senx cos x+
3x
8+ CZ
cos7 x dx =1
7senx cos6 x+
6
35senx cos4 x+
8
35senx cos2 x+
16
35senx+ C
18.4 Problemas
Integrais que requerem completamento de quadrados
1.R
dxx2+2x+5
. Resposta. 12arc tg x+1
2+ C.
2.R
dx3x2¡2x+4 . Resposta.
1p11arc tg 3x¡1p
11+ C.
3.R
dxx2¡6x+5 . Resposta.
14ln¯x¡5x¡1¯+ C.
4.R
6x¡73x2¡7x+11 dx. Resposta. ln j3x2 ¡ 7x+ 11j+ C.
5.R
3x¡1x2¡x+1 dx. Resposta.
32ln(x2 ¡ x+ 1) + 1p
3arc tg 2x¡1p
3+ C.
6.R
dxp2¡3x¡4x2 . Resposta.
12arc sen 8x+3p
41+ C.
7.R
dxp3x2+5x
. Resposta. 1p3ln j6x+ 5 +p12(3x2 + 5x)j+ C.
8.R
x+3p3+4x¡4x2 dx. Resposta. ¡1
4
p3 + 4x¡ 4x2 + 7
4arc sen 2x¡1
2+ C.
9.R
2ax+bpax2+bx+c
dx. Resposta. 2pax2 + bx+ c+ C.
Integrais envolvendo fun»c~oes trigonom¶etricas
1.Rsen3 x dx. Resposta. 1
3cos3 x¡ cos x+ C.
2.Rsen5 x dx. Resposta. ¡ cosx+ 2
3cos3 x¡ 1
5cos5 x+ C.
3.Rcos4 x sen3 x dx. Resposta. ¡1
5cos5 x+ 1
7cos7 x+ C.
4.Rcos3 xsen4 x
dx. Resposta. cosecx¡ 13cosec3 x+ C.
Sugest~ao. Use o mesmo procedimento descrito µa pagina 162, para o c¶alculo daintegral
Rsenm x cosn x dx, quando m ou n ¶e um expoente ¶³mpar.
5.Rsen4 x dx. Resposta. 3
8x¡ sen 2x
4+ sen4x
32+ C.
6.Rcos6 x dx. Resposta. 1
16
³5x+ 4 sen 2x¡ sen3 2x
3+ 3
4sen 4x
´+ C.
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 168
7.Rsen4 x cos4 x dx. Resposta. 1
128
¡3x¡ sen 4x+ sen 8x
8
¢+ C.
Sugest~ao. senx cosx = 12sen 2x.
8.Rtg3 x dx. Resposta. tg
2 x
2+ ln j cosxj+ C.
Sugest~ao. tg3 x = tg x tg2 x = tg x(sec2 x¡ 1).9.Rsec3 x dx. Resposta. 1
2secx tg x+ 1
2ln j secx+ tg xj+ C.
Sugest~ao.Rsec3 x dx =
Rsecx|{z}u
sec2 x dx| {z }dv
. Depois, use a identidade tg2 x =
sec2 x¡ 1. Alternativamente, podemos fazerRsec3 x dx =
R1
cos3 xdx =
Rcosxcos4 x
dx =R
cosxdx(1¡sen2 x)2 , e ent~ao u = senx.
10.Rsec4 x dx. Resposta. tg x+ 1
3tg3 x+ C.
Sugest~ao. sec4 x = sec2 x sec2 x = (1 + tg2 x) sec2 x.
11.R
sen3 x3pcos4 x
dx. Resposta. 35cos5=3 x+ 3 cos¡1=3 x+ C.
12.R
dx4¡5 senx . Resposta.
13ln¯tg x
2¡2
2 tg x2¡1
¯+ C.
Sugest~ao. Use a identidade senx =2 tg x
2
1 + tg2 x2
(temos tamb¶em cosx =1¡tg2 x
2
1+tg2 x2
).
Fa»ca tg x2= u, com x
2= arc tg u e ent~ao dx = 2
1+u2du.
13.Rsen2 xdx1+cos2 x
. Resposta.p2 arc tg
³tg xp2
´¡ x+ C.
Sugest~ao. Como 1 + tg2 x = sec2 x, deduzimos cos2 x = 11+tg2 x
e
sen2 x = cos2 x tg2 x = tg2 x1+tg2 x
. Fa»ca t = tg x, x = arc tg t.
14.Rsen ax cos bx dx (a6= b). Resposta. ¡ cos(a+b)x
2(a+b)¡ cos(a¡b)x
2(a¡b) + C.
Sugest~ao. Considere as f¶ormulas abaixo, e some-as membro a membro.
sen(a+ b)x = sen ax cos bx+ sen bx cos ax
sen(a¡ b)x = sen ax cos bx¡ sen bx cos ax
15.Rsen ax sen bx dx (a6= b). Resposta. sen(a¡b)x
2(a¡b) ¡ sen(a+b)x2(a+b)
+ C
Sugest~ao. Desenvolva cos(a+ b)x e cos(a¡ b)x, e subtraia, membro a membro,uma f¶ormula da outra.
Ampliando o repert¶orio de t¶ecnicas de integrac»~ao 169
F¶ormulas de redu»c~ao
1. Deduza a f¶ormula de recorrenciaZtgn x dx =
tgn¡1 xn¡ 1 ¡
Ztgn¡2 x dx
e ent~ao, usando-a, calcule
(a)Rtg5 x dx. Resposta. tg
4 x
4¡ tg2 x
2¡ ln j cosxj+ C.
(b)Rtg6 x dx. Resposta. tg
5 x
5¡ tg3 x
3+ tg x¡ x+ C
Sugest~ao.Rtgn x dx =
Rtgn¡2 x tg2 x dx =
Rtgn¡2 x(sec2 x¡ 1) dx.
2. Deduza as f¶ormulas de recorrencia
(a)
Zsenn x dx = ¡1
ncosx senn¡1 x+
n¡ 1n
Zsenn¡2 x dx
(b)
Zxneax dx =
1
axneax ¡ n
a
Zxn¡1eax dx
Aula 19
Substitui»c~oes trigonom¶etricas efun»c~oes racionais
19.1 Substitui»c~oes trigonom¶etricas
As substitui»c~oes trigonom¶etricas s~ao substitui»c~oes empregadas em integrais envolvendouma das express~oes
pa2 ¡ x2,pa2 + x2, epx2 ¡ a2, nas quais a vari¶avel x ¶e substitu¶³da
(correspondentemente) por uma das fun»c~oes a sen µ, a tg µ, e a sec µ.
(a)
xa
√ 2 x 2a -
θ
(b)
x
a
√ 2x 2a-
θ
Figura 19.1. Em (a) xa= sen µ, dx = a cos µ dµ,
pa2¡x2a
= cos µ. Em (b), ax= cos µ, ou
xa= sec µ, dx = a sec µ tg µ dµ,
px2¡a2a
= tg µ. Em ambos os casos, a raiz quadrada dadiferen»ca de quadrados ¶e um cateto.
Os tres procedimentos de substitui»c~oes trigonom¶etricas, habitualmente usados, s~aoilustrados geom¶etricamente nas ¯guras 19.1 e 19.2.
Exemplo 19.1 CalcularR p
a2 ¡ x2 dx.
No exemplo 16.5, aula 16, ¯zemos o c¶alculo desta integral, usando integra»c~ao por partes.Refaremos seu c¶alculo agora, usando uma substitui»c~ao trigonom¶etrica, baseando-nos noesquema geom¶etrico da ¯gura 19.1 (a).
170
Substituic»~oes trigonom¶etricas e func»~oes racionais 171
x
a
√ 2 x 2a +
θ
Figura 19.2. A raiz quadradapa2 + x2 ¶e interpretada geometricamente como sendo a
hipotenusa do triangulo retangulo de catetos x e a. Agora, xa= tg µ, dx = a sec2 µ dµ,
epa2+x2
a= sec µ.
Observando as rela»c~oes trigonom¶etricas da ¯gura 19.1 (a), fazemos
x
a= sen µ;
pa2 ¡ x2a
= cos µ; dx = a cos µ dµ
Temos ent~ao Z pa2 ¡ x2 dx =
Za2 cos2 µ dµ
Usando a rela»c~ao cos2 µ = 12(1 + cos 2µ), temos
Za2 cos2 µ dµ =
a2
2
Z µ1
2+1
2cos 2µ
¶dµ =
a2µ
2+a2
4sen 2µ + C
Agora substitu¶³mos
µ = arc senx
a; sen 2µ = 2 sen µ cos µ =
2xpa2 ¡ x2a2
e obtemos Z pa2 ¡ x2 dx = a2
2arc sen
x
a+x
2
pa2 ¡ x2 + C
No caso de uma integral de¯nida, ao realizar a mudan»ca de vari¶avel, podemostamb¶em trocar os limites de integra»c~ao, tal como ilustrado no seguinte exemplo.
Exemplo 19.2 CalcularR 30
p9 + x2 dx.
Para desenvolver a estrat¶egia de substitui»c~aotrigonom¶etrica, lan»camos m~ao do diagrama aolado. Teremosx3= tg µ, dx = 3 sec2 µ dµ, e3p9+x2
= cos µ, ou seja,p9 + x2 = 3 sec µ.
x
3
√ x 2+
θ
9
Substituic»~oes trigonom¶etricas e func»~oes racionais 172
Sendo x = 3 tg µ, tomamos µ assumindo valores de 0 a ¼=4, e teremos x per-correndo os valores de 0 a 3.
Teremos ent~aoR 30
p9 + x2 dx =
R ¼=40
3 sec µ ¢ 3 sec2 µ dµ = 9 R ¼=40
sec3 µ dµ.
Conforme vimos no exemplo 18.5, aula 18,Zsec3 µ dµ =
sec µ tg µ
2+1
2ln j sec µ + tg µj+ C
Assim,Z 3
0
p9 + x2 dx = 9
Z ¼=4
0
sec3 µ dµ
= 9
·sec µ tg µ
2+1
2ln j sec µ + tg µj
¸¼=40
= 9
·sec(¼=4) tg(¼=4)
2+1
2ln j sec(¼=4) + tg(¼=4)j
¸
¡ 9·sec 0 tg 0
2+1
2ln j sec 0 + tg 0j
¸
= 9
"p2
2+1
2ln(p2 + 1)
#¡ 9
·0 +
1
2ln 1
¸=9p2
2+9
2ln(p2 + 1)
19.2 Integra»c~ao de fun»c~oes racionais
Nesta se»c~ao estudaremos o c¶alculo de integraisRp(x)q(x)
dx, em que p(x) e q(x) s~ao
polinomios em x. Tais fun»c~oes p(x)=q(x) s~ao chamadas fun»c~oes racionais.
Quando o grau de p(x) ¶e maior que, ou igual ao grau de q(x), devemos primeira-mente dividir p(x) por q(x),
p(x) q(x)
R(x) Q(x)
obtendo quociente Q(x) e resto R(x), de forma que
p(x) = q(x)Q(x) +R(x)
sendo R(x) = 0 ou um polinomio de grau menor que o grau do polinomio divisor q(x).
Neste caso,p(x)
q(x)=q(x)Q(x) +R(x)
q(x)= Q(x) +
R(x)
q(x)
e ent~aoRp(x)q(x)
dx =RQ(x) dx+
RR(x)q(x)
dx.
Por exemplo, suponhamos que queremos calcular
I =
Z2x4 + x3 ¡ 6x2 + 3x+ 1
x3 ¡ 3x+ 2 dx
Substituic»~oes trigonom¶etricas e func»~oes racionais 173
Como o grau do numerador ¶e maior que o grau do denominador, devemos primeiramenteproceder µa divis~ao de polinomios abaixo, na qual obteremos Q(x) = 2x + 1 e R(x) =2x¡ 1.
2x4 + x3 ¡ 6x2 + 3x+ 1 x3 ¡ 3x+ 22x4 + ¡ 6x2 + 4x 2x+ 1
x3 ¡ x+ 1x3 ¡ 3x+ 2
2x¡ 1
Teremos ent~ao
I =
Z(x3 ¡ 3x+ 2)(2x+ 1) + 2x¡ 1
x3 ¡ 3x+ 2 dx =
Z(2x+ 1) dx+
Z2x¡ 1
x3 ¡ 3x+ 2 dx
Assim sendo, precisamos apenas estudar integrais de fun»c~oes racionais pr¶oprias, isto¶e, fun»c~oes racionais em que o grau do numerador ¶e menor que o grau do denominador.
19.2.1 Decompondo fun»c~oes racionais em fra»c~oes parciais
Primeiro caso. O denominador tem ra¶³zes reais, distintas entre si.
Suponhamos que na fun»c~ao racional pr¶opria p(x)=q(x) o denominador, sendo de graun, fatora-se em produtos lineares distintos
q(x) = (x¡ r1)(x¡ r2) ¢ ¢ ¢ (x¡ rn)ou ent~ao
q(x) = (a1x+ b1)(a2x+ b2) ¢ ¢ ¢ (anx+ bn)tendo, os n fatores lineares, ra¶³zes distintas entre si.
Ent~ao aplicamos um resultado da ¶algebra de fra»c~oes racionais que diz que, nestecaso, existem constantes A1; A2; : : : ; An, tais que
p(x)
q(x)=
p(x)
(a1x+ b1)(a2x+ b2) ¢ ¢ ¢ (anx+ bn) =A1
ax + b1+
A2a2x+ b2
+ ¢ ¢ ¢+ Ananx+ bn
sendo os coe¯cientes das fra»c~oes parciais, A1; A2; : : : ; An, determinados de maneira¶unica.
Neste caso,Zp(x)
q(x)dx =
ZA1
a1x+ b1dx+ ¢ ¢ ¢+ An
anx+ bndx
=A1a1ln ja1x+ b1j+ ¢ ¢ ¢+ An
anln janx+ bnj+ C
Substituic»~oes trigonom¶etricas e func»~oes racionais 174
Exemplo 19.3 Calcular
Zx2 ¡ 3
(x2 ¡ 4)(2x+ 1) dx.
Solu»c~ao. Come»camos fazendo
x2 ¡ 3(x2 ¡ 4)(2x+ 1) =
x2 ¡ 3(x¡ 2)(x+ 2)(2x+ 1) =
A
x¡ 2 +B
x+ 2+
C
2x+ 1
Para calcular os coe¯cientes A, B e C, somamos as tres fra»c~oes parciais µa direita,igualando a soma µa fun»c~ao racional original.
x2 ¡ 3(x2 ¡ 4)(2x+ 1) =
A(x+ 2)(2x+ 1) +B(x¡ 2)(2x+ 1) + C(x¡ 2)(x+ 2)(x¡ 2)(x+ 2)(2x+ 1)
Observando que os denominadores s~ao iguais, devemos obter A, B e C de modo atermos a igualdade (identidade) de polinomios
x2 ¡ 3 = A(x+ 2)(2x+ 1) +B(x¡ 2)(2x+ 1) + C(x¡ 2)(x+ 2)
Desenvolvendo o produto µa direita e comparando os coe¯cientes dos termos de mesmograu, chegaremos a tres equa»c~oes lineares nas inc¶ognitas A, B e C. Mas podemos tomarum atalho. J¶a que os polinomios µa esquerda e µa direita s~ao iguais, eles tem o mesmovalor para cada x real.
Tomando x = ¡2, obtemos B(¡2¡ 2)(¡4 + 1) = 1, e ent~ao B = 1=12.Tomando x = 2, obtemos A ¢ 20 = 1, e ent~ao A = 1=20.Tomando x = ¡1=2, obtemos C(¡1
2¡2)(¡1
2+2) = ¡15=4, e ent~ao C = 11=15.
Repare que os valores de x, estrategicamente escolhidos, s~ao as ra¶³zes de(x2 ¡ 4)(2x+ 1).
Assim,Zx2 ¡ 3
(x2 ¡ 4)(2x+ 1) dx =Z1=40
x¡ 2 dx+Z1=12
x+ 2dx+
Z11=15
2x+ 1dx
=1
40ln jx¡ 2j+ 1
12ln jx+ 2j+ 11
30ln j2x+ 1j+ C
Segundo caso. O denominador tem somente ra¶³zes reais, mas algumas ra¶³zesm¶ultiplas.
No pr¶oximo exemplo ilustramos uma decomposi»c~ao, em fra»c~oes parciais, de uma fun»c~aoracional pr¶opria, cujo denominador tem apenas ra¶³zes reais, tendo por¶em ra¶³zes m¶ultiplas.
Exemplo 19.4 Calcular
Zx2
(2x¡ 1)(x+ 1)3 dx.
Substituic»~oes trigonom¶etricas e func»~oes racionais 175
Aqui, a raiz ¡1, do denominador, ¶e de multiplicidade 3. A decomposi»c~ao, em fra»c~oesparciais, que funciona neste caso, ¶e da forma
x2
(2x¡ 1)(x+ 1)3 =A
2x¡ 1 +B
(x+ 1)3+
C
(x+ 1)2+
D
x+ 1
na qual teremos A, B, C e D determinados de maneira ¶unica.
Como antes, primeiramente somamos as fra»c~oes parciais:
x2
(2x¡ 1)(x+ 1)3 =A(x+ 1)3 +B(2x¡ 1) + C(2x¡ 1)(x+ 1) +D(2x¡ 1)(x+ 1)2
(2x¡ 1)(x+ 1)3
Tendo µa esquerda e µa direita o mesmo denominador, teremos:
A(x+ 1)3 +B(2x¡ 1) + C(2x¡ 1)(x+ 1) +D(2x¡ 1)(x+ 1)2
Quando x = ¡1, temos ¡3B = 4, logo B = ¡4=3.Quando x = 1=2, temos A ¢ 27
8= 1
4, logo A = 2=27.
Tendo esgotado, para valores de x, as ra¶³zes de (2x¡ 1)(x+ 1)3, tomamos agoravalores de x que n~ao produzam, em nossos c¶alculos, valores num¶ericos muito grandes.
Tomando x = 0, temos A¡B ¡ C ¡D = 0, e tomando x = 1, temos8A+B + 2C + 4D = 1. Logo,(
C +D = 3827
2C + 4D = 5227
e ent~ao C = 3127, D = 7
27.
Assim,Zx2
(2x¡ 1)(x+ 1)3 dx =Z
2=27
2x¡ 1 dx+Z ¡4=3(x+ 1)3
dx+
Z31=27
(x+ 1)2dx+
Z7=27
x+ 1dx
=1
27ln j2x¡ 1j+ 2
3(x+ 1)2¡ 31
27(x+ 1)+7
27ln jx+ 1j+ C
Como um outro exemplo de decomposi»c~ao em fra»c~oes parciais, em um caso dera¶³zes reais m¶ultiplas no denominador, se tivermos que calcularZ
x3 ¡ 2x+ 1(3x¡ 2)2(5x+ 1)3(1¡ 7x) dx
devemos primeiramente fazer
x3 ¡ 2x+ 1(3x¡ 2)2(5x+ 1)3(1¡ 7x) =
A
(3x¡ 2)2+B
3x¡ 2+C
(5x+ 1)3+
D
(5x+ 1)2+
E
5x+ 1+
F
1¡ 7x
Substituic»~oes trigonom¶etricas e func»~oes racionais 176
Terceiro caso. O denominador tem ra¶³zes complexas n~ao reais.
Um terceiro caso de decomposi»c~ao, em fra»c~oes parciais, ocorre quando o denominadortem fatores quadr¶aticos irredut¶³veis (fatores de grau 2 sem ra¶³zes reais), como no exemplo
p(x)
q(x)=
3x2 ¡ x(x¡ 2)3(x2 + x+ 4)(x2 + 1)
em que x2 + x+ 4 e x2 + 1 n~ao tem ra¶³zes reais.
Neste caso, devemos fazer
3x2 ¡ x(x¡ 2)2(x2 + x+ 4)(x2 + 1) =
A
(x¡ 2)3 +B
(x¡ 2)2 +C
x¡ 2 +Dx+ E
x2 + x+ 4+Fx+G
x2 + 1
e proceder tal como antes, na busca dos coe¯cientes A a G.
Ou seja, na decomposi»c~ao em fra»c~oes parciais, para os fatores lineares no denomi-nador seguimos as regras anteriores, mas sobre cada fator quadr¶atico vai um polinomiodo primeiro grau Mx+N .
E se tivermos, no denominador, potencias de fatores quadr¶aticos irredut¶³veis, tal
como na integral
Zx5 + 3x¡ 5
(x2 ¡ 3x+ 4)2(x2 + 2)3(3x¡ 5) dx ?
Neste caso, notando que x2 + 3x¡ 5 e x2 + 2 n~ao tem ra¶³zes reais, fazemosx5 + 3x¡ 5
(x2 ¡ 3x+ 4)2(x2 + 2)3(3x¡ 5) =Ax+B
(x2 ¡ 3x+ 4)2 +Cx+D
x2 ¡ 3x+ 4+Ex+ F
(x2 + 2)3+Gx+H
(x2 + 2)2+Ix+ J
x2 + 2+
K
3x¡ 5Este ¶e um c¶alculo deveras longo. Na pressa, devemos recorrer a uma boa t¶abua deintegrais ou um bom aplicativo computacional.
Observa»c~ao 19.1 Na verdade, esse tipo de decomposi»c~ao funciona mesmo se os fatoresquadr¶aticos tem ra¶³zes reais, desde que estas n~ao sejam ra¶³zes de outros fatores dodenominador.
Por exemplo, no c¶alculo de
Zx3 ¡ 2
(x2 ¡ 4)(2x+ 1) dx, podemos fazer a decom-posi»c~ao
x2 ¡ 3(x2 ¡ 4)(2x+ 1) =
Ax+B
x2 ¡ 4 +C
2x+ 1
e ir µa busca dos coe¯cientes A, B e C, como anteriormente.
Substituic»~oes trigonom¶etricas e func»~oes racionais 177
A integral
ZMx+N
(ax2 + bx+ c)ndx
Ainda resta esclarecer como lidar com integrais do tipo
ZMx+N
(ax2 + bx+ c)ndx (a > 0),
em que o trinomio ax2 + bx+ c n~ao tem ra¶³zes reais.
Adotando o procedimento estudado na se»c~ao 18.1, aula 18, completamos o quadra-do no trinomio ax2 + bx+ c, colocando-o na forma a(x+ ®)2 + ¯, e pela mudan»ca devari¶avel u = x+ ®, du = dx, chegaremos aZ
Mx+N
(ax2 + bx+ c)ndx =
Z¸u+ °
(u2 + k2)ndu = ¸
Zu du
(u2 + k2)n+ °
Zdu
(u2 + k2)n
para certos coe¯cientes ¸ e °.
A integral I =R
udu(u2+k2)n
¶e calculada mediante uma mudan»ca de vari¶avel simples:
t = u2 + k2, dt = 2u du, u du = 12dt, e ent~ao I = 1
2
Rdttn.
J¶a o c¶alculo da integral J =R
du(u2+k2)n
requer uma substitui»c~ao trigonom¶etrica.
u
k
√ 2 k 2u +
θ
Fazemos u = k tg µ, du = k sec2 µ dµ. Teremos kpu2+k2
= cos µ, e ent~ao
J =
Zcos2n µ
k2nsec2 µ dµ =
1
a2n¡1
Zcos2n¡2 µ dµ
e fazemos o uso da f¶ormula de recorrencia
cosm x dx =1
mcosm¡1 x senx+
m¡ 1m
Zcosm¡2 x dx
F¶ormulas de recorrencia para
ZMx+N
(ax2 + bx+ c)ndx
Uma boa t¶abua de integrais nos fornecer¶a
Zdx
(x2 + k2)n=
x
2k2(n¡ 1)(x2 + k2)n¡1 +2n¡ 3
2k2(n¡ 1)Z
dx
(x2 + k2)n¡1(19.1)
Substituic»~oes trigonom¶etricas e func»~oes racionais 178
bem como tamb¶em (aqui ¸ pode ser uma constante negativa)
Zdx
(x2 + ¸)n=
x
2¸(n¡ 1)(x2 + ¸)n¡1 +2n¡ 32¸(n¡ 1)
Zdx
(x2 + ¸)n¡1(19.2)
De um modo mais geral, encontramos tamb¶em, em uma boa t¶abua de integrais,o seguinte resultado.
Sendo a > 0, n ¸ 2, e ¢ = b2 ¡ 4ac6= 0,Zdx
(ax2 + bx+ c)n=
¡(2ax+ b)¢ ¢ (n¡ 1)(ax2 + bx+ c)n¡1 +
¡2a(2n¡ 3)¢ ¢ (n¡ 1)
Zdx
(ax2 + bx+ c)n¡1(19.3)
Tamb¶em encontramos
ZMx+N
(ax2 + bx+ c)ndx =
Z M2a (2ax+ b) + (N ¡ b
2a)
(ax2 + bx+ c)ndx
=M
2a
Z(2ax+ b) dx
(ax2 + bx+ c)n+
µN ¡ b
2a
¶Zdx
(ax2 + bx+ c)n(19.4)
sendo
Z(2ax+ b) dx
(ax2 + bx+ c)n=
Zdu
upela substitui»c~ao u = ax2 + bx+ c, du = (2ax+ b) dx.
19.3 Problemas
Substitui»c~oes trigonom¶etricas
Calcule as seguintes integrais, atrav¶es de substitui»c~oes trigonom¶etricas.
1.R p
a2¡x2x2
dx. Resposta. ¡pa2¡x2x
¡ arc sen xa+ C.
2.R
dx
x2p1+x2
. Resposta. ¡p1+x2
x+ C.
3.R p
x2¡a2x
dx. Resposta.px2 ¡ a2 ¡ a arccos a
x+ C.
4.R
dxp(a2+x2)3
. Resposta. x
a2pa2+x2
+ C.
Integra»c~ao de fun»c~oes racionais
Calcule as seguintes integrais de fun»c~oes racionais. Trabalhe todos os c¶alculos, evitandousar as f¶ormulas de recorrencia do fechamento da aula.
Substituic»~oes trigonom¶etricas e func»~oes racionais 179
1.R
2x¡1(x¡1)(x¡2) dx. Resposta. ln
¯(x¡2)3x¡1
¯+ C.
2.R
x dx(x+1)(x+3)(x+5)
. Resposta. 18ln¯
(x+3)6
(x+5)5(x+1)
¯+ C.
3.R
x4 dx(x2¡1)(x+2) . Resposta.
x2
2¡ 2x+ 1
6ln¯x¡1(x+1)3
¯+ 16
3ln jx+ 2j+ C.
4.R
dx(x¡1)2(x¡2) . Resposta.
1x¡1 + ln
¯x¡2x¡1¯+ C.
5.R
x¡8x3¡4x2+4x dx. Resposta.
3x¡8 + ln
(x¡2)2x2
+ C.
6.R
dxx(x2+1)
. Resposta. ln jxjpx2+1
+ C.
7.R
dxx3+1
. Resposta. 16ln (x+1)2
x2¡x+1 +1p3arc tg 2x¡1p
3+ C.
8.R
4x2¡8x(x¡1)2(x2+1)2 dx. Resposta.
3x2¡1(x¡1)(x2+1) + ln
(x¡1)2x2+1
+ arc tg x+ C.
Recorrencia em integrais de fun»c~oes racionais
Use as f¶ormulas de recorrencia 19.1 a 19.4 para mostrar que
1.
Z2x¡ 1(x2 + 4)3
dx =¡2x¡ 1632(x2 + 4)2
¡ 3x
128(x2 + 4)¡ 3
256arc tg
x
2+ C
2.
Zdx
(x2 ¡ 4x+ 5)4=
2x¡ 412(x2 ¡ 4x+ 5)3+
5(2x¡ 4)48(x2 ¡ 4x+ 5)2+
5(2x¡ 4)32(x2 ¡ 4x+ 5)+
5
16arc tg(x¡2)+C
Aula 20
Aplica»c~oes selecionadas da integralde¯nida
20.1 ¶Area de uma regi~ao plana
Suponhamos que f e g s~ao duas fun»c~oes cont¶³nuas no intervalo [a; b], sendo f(x) ¸ g(x),para todo x 2 [a; b].
Para x 2 [a; b], consideramos, apoiada µa esquerda no ponto x, uma fatia retangularvertical, de base ¢x, e altura h(x) = f(x)¡ g(x), como na ¯gura 20.1. A ¶area dessafatia ser¶a dada por ¢A = [f(x)¡ g(x)]¢x.
a bx
y
x
y = f(x)
∆
x
y = g(x)
A = [f(x) - g(x)]∆ x∆
Figura 20.1.
Se subdividirmos o intervalo [a; b] em v¶arios sub-intervalos de comprimento ¢x, esobre cada um deles constru¶³rmos uma ¶area ¢A, como acima, teremos a ¶area entre asduas curvas, compreendida entre as retas verticais x = a e x = b, dada aproximadamentepor X
¢A =X[f(x)¡ g(x)]¢x
180
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 181
onde, pelo bem da simplicidade, estamos omitidindo ¶³ndices do somat¶ario.
A ¶area entre as duas curvas, compreendida entre as retas verticais x = a e x = b,ser¶a dada pelo limite de tais somas integrais, quando ¢x! 0, ou seja, ser¶a dada por
A = lim¢x!0
X[f(x)¡ g(x)]¢x =
Z b
a
[f(x)¡ g(x)] dx
Sendo ¢A = [f(x) ¡ g(x)]¢x, ¶e costume simbolizar dA = [f(x) ¡ g(x)]dx.Temos ent~ao A =
R badA.
¶E costume dizer que dA = [f(x)¡ g(x)] dx ¶e um elemento in¯nitesimal de ¶area,de altura f(x)¡ g(x), sobre um elemento in¯nitesimal de comprimento dx. O s¶³mbolode integra»c~ao,
R, prov¶em da forma de um arcaico S, e tem o signi¯cado de \soma (veja
isto:Roma) de um n¶umero in¯nito de quantidades in¯nitesimais" . Assim, se f(x) ¸ 0,R b
af(x) dx corresponde, grosso modo, a uma soma de elementos in¯nitesimais de ¶area,
de alturas f(x), e base dx, com x \variando" de a at¶e b.
Exemplo 20.1 Calcular a ¶area delimitada pelas curvas y = x2 e y =px.
2
y
√
y = x
y = x
x0
1
1
Figura 20.2.
Solu»c~ao. As curvas dadas se interceptam em x0 = 0 e em x1 = 1 (solu»c~oes de x2 =
px).
Para 0 · x · 1, temos px ¸ x2. Veja ¯gura 20.2.Assim sendo, a ¶area entre as duas curvas ¶e dada por
A =R 10[px¡ x2] dx = R 1
0[x1=2 ¡ x2] dx =
h23x3=2 ¡ x3
3
i10= 2
3¡ 1
3= 1
3.
20.2 M¶edia ou valor m¶edio de uma fun»c~ao
Seja f uma fun»c~ao cont¶³nua no intervalo [a; b]. Em [a; b] tomemos os n + 1 pontosigualmente espa»cados
x0 = a < x1 < x2 < : : : < xn¡1 < xn = b
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 182
isto ¶e, tais que
x1 ¡ x0 = x2 ¡ x1 = : : : = xn ¡ xn¡1 = ¢x = b¡ an
A m¶edia aritm¶etica dos n+ 1 valores f(x0); f(x1); f(x2); : : : ; f(xn), ¶e dada por
¹n =f(x0) + f(x1) + ¢ ¢ ¢+ f(xn)
n+ 1
De¯niremos a m¶edia da fun»c~ao f , no intervalo [a; b], como sendo
¹f = limn!1
¹n
Mostraremos que
¹f =
R baf(x) dx
b¡ a
De fato, sendo ¢x =b¡ an, temos
¹n =f(x0) + f(x1) + ¢ ¢ ¢+ f(xn)
n+ 1
=f(x0)
n+ 1+
1
¢x
µf(x1)¢x+ f(x2)¢x+ ¢ ¢ ¢+ f(xn)¢x
n+ 1
¶
=f(x0)
n+ 1+
n
b¡ aµf(x1)¢x+ f(x2)¢x+ ¢ ¢ ¢+ f(xn)¢x
n+ 1
¶
=f(x0)
n+ 1+
1
b¡ a ¢n
n+ 1(f(x1)¢x+ f(x2)¢x+ ¢ ¢ ¢+ f(xn)¢x)
Logo, como os pontos x0(= a); x1; : : : ; xn¡1; xn(= b) subdividem o intervalo [a; b] emn sub-intervalos, todos de comprimento ¢x = (b¡ a)=n.
limn!1
¹n = limn!1
f(x0)
n+ 1+
1
b¡ a ¢ limn!1n
n+ 1¢ limn!1
ÃnXi=1
f(xi)¢x
!
= 0 +1
b¡ a ¢ 1 ¢Z b
a
f(x) dx =1
b¡ aZ b
a
f(x) dx
Exemplo 20.2 Determine o valor m¶edio de f(x) = x2, no intervalo a · x · b.
Solu»c~ao. O valor m¶edio de f em [a; b], ¶e dado por
¹f =1
b¡ aZ b
a
x2 dx =1
b¡ ax3
3
¯¯b
a
=1
b¡ aµb3
3¡ a
3
3
¶
=(b¡ a)(a2 + ab+ b2)
3(b¡ a) =a2 + ab+ b2
3
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 183
20.3 Volume de um s¶olido
xxa b
x∆
A(x)
V∆ = A(x) x∆.
A(x)
Figura 20.3.
Na ¯gura 20.3, para cada x, a · x · b, um plano perpendicular a um eixo x corta ums¶olido (uma batata ?) determinando no s¶olido uma sec»c~ao transversal de ¶area A(x). Dex = a at¶e x = b, s~ao determinadas as ¶areas de todas todas as sec»c~oes transversais desses¶olido, sendo b¡ a o seu \comprimento". Qual ¶e o seu volume ?
Suponhamos que o intervalo [a; b] ¶e subdividido em n sub-intervalos, todos decomprimento ¢x = (b¡ a)=n.
Se x ¶e um ponto dessa subdivis~ao, determina-se um volume de uma fatia \cil¶³n-drica", de \base" com ¶area A(x) e \altura" ¢x,
¢V = V (x) ¢¢xUma aproxima»c~ao do volume do s¶olido ¶e dado pelo somat¶orio desses v¶arios volumescil¶³ndricos,
V »=X
¢V =Xx
A(x) ¢¢x
sendo o somat¶orio aqui escrito sem os habituais ¶³ndices i, para simpli¯car a nota»c~ao.Quanto mais ¯nas as fatias \cil¶³ndricas", mais pr¶oximo o somat¶orio estar¶a do volume dos¶olido, sendo seu volume igual a
V = lim¢x!0
X¢V = lim
¢x!0
XA(x) ¢¢x =
Z b
a
A(x) dx
Os cientistas de ¶areas aplicadas costumam dizer que dV = A(x) ¢ dx ¶e um elementoin¯nitesimal de volume, constru¶³do sobre um ponto x, de um \cilindro" de ¶area da baseA(x) e altura (espessura) \in¯nitesimal" dx. Ao \somar" os in¯nitos elementos de
volume, temosR badV =
R baA(x) dx igual ao volume do s¶olido.
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 184
Exemplo 20.3 Qual ¶e o volume de um tronco de piramide, de altura h, cuja base ¶e umquadrado de lado a e cujo topo ¶e um quadrado de lado b ?
Solu»c~ao. Posicionemos um eixo x perpendicular µas duas bases. Cada ponto (altura) x,demarcada nesse eixo, corresponde, no tronco de piramide, a uma sec»c~ao transversalquadrada, de tal modo que x = 0 corresponde µa base quadrada de lado a, e x = hcorresponde ao topo quadrado de lado b. Veja ¯gura 20.4.
x
a
b
x = 0
x = h
b
a
h
Figura 20.4.
Procurando uma fun»c~ao a¯m, f(x) = mx + n, tal que f(0) = a e f(h) = b.encontramos f(x) = a+ b¡a
hx.
A ¶area da sec»c~ao transversal, na altura x, ¶e dada por
A(x) =
µa+
b¡ ahx
¶2
O volume do tronco de piramide ¶e ent~ao
V =
Z h
0
A(x) dx =
Z h
0
µa+
b¡ ahx
¶2dx
Fazendo u = a + b¡ahx, temos du = b¡a
hdx. Al¶em disso, u = a para x = 0, e u = b
para x = h, e ent~ao
V =
Z h
0A(x) dx =
h
b¡ aZ b
a
u2 du =h
b¡ a ¢u3
3
¯¯b
a
=h
3(b¡ a)(b3 ¡ a3) = h
3(a2 + ab+ b2)
Note que o volume do tronco de piramide ¶e 1=3 do produto de sua altura pelo valorm¶edio das ¶areas das sec»c~oes transversais (veja exemplo 20.2). Conforme um antigopapiro, esta f¶ormula j¶a era conhecida pela antiga civiliza»c~ao eg¶³pcia do s¶eculo 18 a.C.
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 185
20.3.1 Volume de um s¶olido de revolu»c~ao
Quando rotacionamos uma regi~ao do plano xy em torno do eixo x ou do eixo y, real-izando uma volta completa, o lugar geom¶etrico descrito pelos pontos da regi~ao ¶e o quechamamos um s¶olido de revolu»c~ao.
Suponhamos que um s¶olido de revolu»c~ao ¶e obtido rotacionando-se, em torno doeixo x, uma regi~ao plana delimitada pelas curvas y = f(x), y = g(x), e pelas retasverticais x = a e x = b, sendo f(x) ¸ g(x) para a · x · b.
Para cada x 2 [a; b], um plano perpendicular ao eixo x, cortando este no pontox, determina no s¶olido de revolu»c~ao uma sec»c~ao transversal. Esta sec»c~ao transversal ¶eobtida pela revolu»c~ao completa, em torno do eixo x, do segmento vertical AxBx, sendoAx = (x; g(x)) e Bx = (x; f(x)). Veja ¯gura 20.5
A ¶area dessa sec»c~ao transversal ser¶a nada mais que a ¶area de uma regi~ao planacompreendida entre dois c¶³rculos concentricos de centro (x; 0), sendo um menor, de raiog(x), e outro maior, de raio f(x). Como a ¶area de um c¶³rculo de raio r ¶e ¼r2, temosque a ¶area A(x), da sec»c~ao transversal do s¶olido de revolu»c~ao, ¶e dada por
A(x) = ¼[f(x)]2 ¡ ¼[g(x)]2
xa b x
AX
BX
y
y = g(x)
y = f(x)
g(x)
x
f(x)
x180°
Figura 20.5.
Portanto, o volume do s¶olido de revolu»c~ao ser¶a
V =
Z b
a
A(x) dx =
Z b
a
(¼[f(x)]2 ¡ ¼[g(x)]2) dx
Se a regi~ao plana for delimitada pelo gr¶a¯co de y = f(x), pelo eixo x, e pelasretas x = a e x = b, teremos g(x) = 0, e ent~ao
V =
Z b
a
¼[f(x)]2 dx
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 186
Exemplo 20.4 Calcule o volume de uma esfera de raio a.
A esfera de raio a pode ser interpretada como o s¶olido obtido pela revolu»c~ao da regi~aosemi-circular x2 + y2 · a2, y ¸ 0, em torno do eixo x. Uma tal regi~ao ¶e delimitadapelas curvas y =
pa2 ¡ x2, e y = 0, com ¡a · x · a. Assim, aqui, f(x) = pa2 ¡ x2
e g(x) = 0, sendo ent~ao
dV = A(x) dx = ¼[f(x)]2 dx = ¼(a2 ¡ x2) dxo elemento de volume a integrar.
Portanto,
V =
Z a
¡a¼(a2 ¡ x2) dx = ¼
·a2x¡ x
3
3
¸a¡a= ¼
µa3 ¡ a
3
3
¶¡ ¼
µ¡a3 + a
3
3
¶=4
3¼a3
20.4 Comprimento de uma curva
Consideremos agora a curva y = f(x), gr¶a¯co de uma fun»c~ao cont¶³nua f , para a · x ·b.
Para calcular o comprimento dessa curva, primeiramente particionamos o intervalo
[a; b] em n sub-intervalos de comprimento ¢x =b¡ an, atrav¶es de pontos
a = x0; x1; : : : ; xn¡1; xn = b
Em seguida consideramos, no gr¶a¯co, os n+ 1 pontos correspondentes,
A0 = (x0; f(x0)); A1 = (x1; f(x1)); : : : ; An¡1 = (xn¡1; f(xn¡1)); An = (xn; f(xn))
xa bx
A0
yy = f(x)
...A1
A2
An-1
An
1 x2 xn-1
x0 xn
∆s1
∆s2
∆sn
Figura 20.6.
Sendo ¢si = dist(Ai¡1; Ai), para i = 1; : : : ; n, temos que uma aproxima»c~ao docomprimento da curva ¶e dada pela soma
Pn
i=1¢si =Pn
i=1 dist(Ai¡1; Ai).
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 187
Agora,
dist(Ai¡1; Ai) =p(xi ¡ xi¡1)2 + (f(xi)¡ f(xi¡1))2
=p(¢x)2 + (¢f)2 =
s1 +
µ¢f
¢x
¶2¢¢x
Assumindo que f ¶e diferenci¶avel no intervalo [a; b], pelo teorema do valor m¶edio, teorema15.1, aula 12,
¢f
¢x=f(xi)¡ f(xi¡1)xi ¡ xi¡1 = f 0(ci)
para algum ci compreendido entre xi¡1 e xi. Assim,
nXi=1
¢si =nXi=1
p1 + (f 0(ci))2 ¢¢x
Esta ¶e uma soma integral de '(x) =p1 + (f 0(x))2, no intervalo [a; b], correspondente
µa subdivis~ao a = x0; x1; : : : ; xn¡1; xn = b, com uma \escolha" de pontos intermedi¶ariosc1; c2; : : : ; cn. Veja de¯ni»c~ao µa aula 17.
Supondo f 0(x) cont¶³nua no intervalo [a; b], temos ent~ao que o comprimento da curvay = f(x), a · x · b, ¶e dado por
s = lim¢x!0
X¢s = lim
¢x!0
nXi=1
p1 + (f 0(ci))2 ¢¢x =
Z b
a
p1 + (f 0(x))2 dx
A id¶eia intuitiva que d¶a a integral para o comprimento de arco ¶e ilustrada na ¯gura20.7. Para um elemento in¯nitesimal de comprimento dx, corresponde uma varia»c~aoin¯nitesimal em y, dy. O elemento in¯nitesimal de comprimento de arco, ds, correspon-dente µa varia»c~ao dx, ¶e dado pelo teorema de Pit¶agoras:
ds =p(dx)2 + (dy)2 =
s1 +
µdy
dx
¶2dx =
p1 + (f 0(x))2 dx
x
y
dx
dyds
Figura 20.7.
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 188
20.5 ¶Area de uma superf¶³cie de revolu»c~ao
Consideremos a curva y = f(x), gr¶a¯co de uma fun»c~ao f cont¶³nua, a qual assumiremosque tem derivada f 0 tamb¶em cont¶³nua, para a · x · b.
Rotacionando-se essa curva em torno do eixo x, obtemos uma superf¶³cie de revo-lu»c~ao. Para o c¶alculo de sua ¶area, primeiramente particionamos o intervalo [a; b] em n
sub-intervalos de comprimento ¢x =b¡ an, atrav¶es de pontos a = x0, x1, : : : , xn¡1,
xn = b.
Tomando-se dois pontos dessa subdivis~ao, xi¡1 e xi, consideramos os pontos cor-respondentes no gr¶a¯co de f , Ai¡1 = (xi¡1; f(xi¡1) e Ai = (xi; f(xi)). Este procedi-mento geom¶etrico est¶a ilustrado na ¯gura 20.6.
Rotacionando-se o segmento Ai¡1Ai em torno do eixo x, obtemos um tronco decone, de geratriz lateral ¢si = Ai¡1Ai, sendo f(xi¡1) e f(xi) os raios de sua base e deseu topo. Veja ¯gura 20.8
Ai
x
f(x )
A i -1
i -1f(x )
i
Figura 20.8.
A ¶area da superf¶³cie lateral de um tronco de cone, de geratriz lateral ` e raios r eR no topo e na base, ¶e dada por ¼(r + R)`. Assim, rotacionando o segmento Ai¡1Ai,em torno do eixo x, como acima, a superf¶³cie resultante ter¶a ¶area
¢Si = ¼[f(xi¡1) + f(xi)] ¢¢sie a ¶area da superf¶³cie de revolu»c~ao, da curva y = f(x), a · x · b, em torno do eixo x,ser¶a dada por
S = lim¢x! 0X
¢Si
Agora, como argumentado na se»c~ao anterior (con¯ra),
¢si = Ai¡1Ai =p1 + [f 0(ci)]2¢x
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 189
para algum ci entre xi¡1 e xi. Assim sendo,
¢Si = ¼[f(xi¡1) + f(xi)] ¢¢si= ¼[f(xi¡1) + f(xi)] ¢
p1 + [f 0(ci)]2¢x
Assim,
S = lim¢x!0
X¢Si
= lim¢x!0
X¼[f(xi¡1) + f(xi)] ¢¢si
= lim¢x!0
X¼[f(xi¡1) + f(xi)] ¢
p1 + [f 0(ci)]2¢x
E pode ser mostrado que este ¶ultimo limite ¶e igual a
lim¢x!0
X2¼f(ci) ¢
p1 + [f 0(ci)]2¢x =
Z b
a
2¼f(x)p1 + (f 0(x))2 dx
Assim, a ¶area da superf¶³cie de revolu»c~ao resultante ¶e dada por
S =R ba2¼f(x)
p1 + (f 0(x))2 dx
20.6 Centro de gravidade de uma ¯gura plana
Se temos, em um plano ou no espa»co n pontos P1; P2; : : : ; Pn, tendo massas m1; m2;: : : ; mn, respectivamente, o centro de massa ¹P , do sistema de n pontos, ¶e dado por
¹P =
Pn
i=1miPiPn
i=1mi
ou seja, ¹P = (¹x; ¹y), sendo
¹x =
Pn
i=1mixiPn
i=1mi
e ¹y =
Pn
i=1miyiPn
i=1mi
Consideremos uma regi~ao plana, delimitada pelos gr¶a¯cos das fun»c~oes cont¶³nuasy = f(x) e y = g(x), e pelas retas verticais x = a e x = b, sendo f(x) ¸ g(x) paraa · x · b.
Olhando essa regi~ao como uma placa plana, de espessura desprez¶³vel, suponhamosque ela possui densidade super¯cial (massa por unidade de ¶area) ± constante.
Particionando-se o intervalo [a; b], em intervalos de comprimento ¢x = b¡an,
atrav¶es dos pontos x0 = a; x1; : : : ; xn = b, aproximamos essa regi~ao por uma reuni~aode retangulos, como na ¯gura 20.9, sendo cada retangulo de altura f(x)¡ g(x) e base¢x, sendo aqui x o ponto m¶edio do intervalo [xi¡1; xi].
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 190
a b
x
y
x
y = f(x)
∆
x
y = g(x)
A = [f(x) - g(x)]∆ x∆
i -1 x i
x
Px
Figura 20.9.
Esse retangulo elementar tem ¶area ¢A = (f(x)¡ g(x))¢x, seu centro de massa¶e o ponto Px =
³x; f(x)+g(x)
2
´, sendo sua massa dada por
¢m = ± ¢¢A = ±(f(x)¡ g(x))¢x
O centro de massa da reuni~ao de todos esses retangulos elementares coincide como centro de massa dos pontos Px, atribuindo-se a cada ponto a massa ¢m do seuretangulo.
Assim, uma aproxima»c~ao do centro de massa da regi~ao plana considerada, o centrode massa dos v¶arios retangulos elementares, ¶e dada por
P =
P¢m ¢ PxP¢m
=
P± ¢¢A ¢ PxP± ¢¢A =
P¢A ¢ PxP¢A
Agora,
¢A ¢ Px = ¢A ¢µx;f(x) + g(x)
2
¶
= (f(x)¡ g(x))¢x ¢µx;f(x) + g(x)
2
¶
=
µx(f(x)¡ g(x))¢x; (f(x)¡ g(x)) ¢ f(x) + g(x)
2¢x
¶
=
µx(f(x)¡ g(x))¢x; 1
2([f(x)]2 ¡ [g(x)]2) ¢¢x
¶
Finalmente, o centro de massa ¹P da regi~ao plana considerada, ser¶a dado por
¹P = lim¢x!0
P = lim¢x!0
P¢A ¢ PxP¢A
Portanto, passando ao limite, nas duas coordenadas de P , chegamos a ¹P = (¹x; ¹y),sendo
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 191
¹x =
R bax(f(x)¡ g(x)) dxR ba(f(x)¡ g(x)) dx
¹y =
R ba12([f(x)]2 ¡ [g(x)]2) dxR ba(f(x)¡ g(x)) dx
20.7 Problemas
¶Areas de regi~oes planas
1. Calcule a ¶area delimitada pelas curvas y2 = 9x e y = 3x. Resposta. 1=2.
2. Calcule a ¶area delimitada pelas curvas xy = a2, x = a, y = 2a (a > 0) e o eixox. Resposta. a2 ln 2.
3. Calcule a ¶area delimitada pela curva y = x3, pela reta y = 8 e pelo eixo y.Resposta. 12.
4. Calcule a ¶area total delimitada pelas curvas y = x3, y = 2x e y = x. Resposta.3=2.
5. Calcule a ¶area delimitada pela elipse x2
a2+ y2
b2= 1. Resposta. ¼ab.
Sugest~ao. A ¶area ¶e delimitada pelos gr¶a¯cos de fun»c~oes y = § ba
pa2 ¡ x2, com
¡a · x · a. Fa»ca a substitui»c~ao x = a sen t. Na integral resultante, use af¶ormula de redu»c~ao de potencias cos2 a = 1+cos 2a
2.
6. Calcule a ¶area delimitada pela curva fechada (hipocicl¶oide) x2=3 + y2=3 = a2=3.Resposta. 3
8¼a2.
Sugest~ao. A ¶area ¶e delimitada pelos gr¶a¯cos de fun»c~oes y = §pa2=3 ¡ x2=3, com
¡a · x · a. Fa»ca a substitui»c~ao x = a sen3 µ, com ¡¼=2 · µ · ¼=2. Na
integral resultante, use as f¶ormulas de redu»c~ao de potencias cos2 a =1 + cos 2a
2,
sen2 a =1¡ cos 2a
2.
Valor m¶edio de uma fun»c~ao cont¶³nua
Determinar o valor m¶edio da fun»c~ao dada, no intervalo especi¯cado.
1. f(x) = x2, a · x · b. Resposta. ¹f = 13(a2 + ab+ b2).
2. f(x) =px, a · x · b (0 · a < b). Resposta. 2(a+b+
pab)
3(pa+pb).
3. f(x) = cos2 x, 0 · x · ¼=2. Resposta. 1=2.
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 192
Volumes de s¶olidos
Em cada problema, calcule o volume do s¶olido obtido por revolu»c~ao, conforme descrito.
1. A elipsex2
a2+y2
b2= 1 gira em torno do eixo x. Resposta. 1
3¼ab2.
2. O segmento de reta da origem (0; 0) ao ponto (a; b) gira ao redor do eixo x,obtendo-se assim um cone. Resposta. 1
3¼a2b.
3. A regi~ao plana delimitada pelahipocicl¶oide x2=3+ y2=3 = a2=3 giraao redor do eixo x.Resposta. 32¼a3=105.
x
y
a
a
-a
-a
0
x y2/3 2/3
+ = a2/3
4. O arco de sen¶oide y = senx, 0 · x · ¼, gira em torno do eixo x. Resposta.¼2=2.
5. A regi~ao delimitada pela par¶abola y2 = 4x, pela reta x = 4 e pelo eixo x, gira emtorno do eixo x. Resposta. 32¼.
Comprimentos de curvas
Calcule os comprimentos das curvas descritas abaixo.
1. Hipocicl¶oide (veja ¯gura) x2=3 + y2=3 = a2=3. Resposta. 6a.
2. y = 1pax3=2, de x = 0 a x = 5a. Resposta. 335a=27.
3. y = lnx, de x =p3 a x =
p8. Resposta. 1 + 1
2ln 3
2.
4. y = 1¡ ln(cosx), de x = 0 a x = ¼=4. Resposta. ln tg 3¼8.
Aplicac»~oes selecionadas da integral definida 193
¶Areas de superf¶³cies de revolu»c~ao
Em cada problema, calcule a ¶area da superf¶³cie obtida por revolu»c~ao da curva dada emtorno do eixo especi¯cado.
1. y2 = 4ax, 0 · x · 3a, rotacionada em torno do eixo x. Resposta. 563¼a2.
2. y = 2x, 0 · x · 2,(a) rotacionada em torno do eixo x (b) rotacionada em torno do eixo y.
Respostas. (a) 8¼p5 (b) 4¼
p5.
3. y = senx, 0 · x · ¼, rotacionada em torno do eixo x.Resposta. 4¼[
p2 + ln(
p2 + 1)].
Centro de massa (ou de gravidade) de uma regi~ao plana
Determine as coordenadas do centro de gravidade da regi~ao plana especi¯cada.
1. Regi~ao no primeiro quadrante, delimitada pela elipse x2
a2+ y2
b2= 1 (x ¸ 0, y ¸ 0).
Resposta. (¹x; ¹y) =¡4a3¼; 4b3¼
¢.
2. ¶Area delimitada pela curva y = 4¡ x2
4e o eixo x. Resposta.(¹x; ¹y) = (0; 8=5).
3. ¶Area delimitada pela par¶abola y2 = ax e pela reta x = a. Resposta. (¹x; ¹y) =(3a=5; 0).