Curso Alfabetiza o e Letramento

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1 Cursos Online EDUCA www.CursosOnlineEDUCA.com.br Acredite no seu potencial, bons estudos! Curso GratuitoAlfabetizao e Letramento Carga horria: 50hs

2 Contedo IntroduoSons e Letras Alfabetizando Alfabetizao e Letramento Mtodos Sintticos: da soletrao conscincia fonolgica As cartilhas e a alfabetizao Produo de Texto - Produo e Correo A aprendizagem da leitura Avaliao na Alfabetizao Polticas Pblicas e o Atendimento s crianas de 0 a 6 anosBibliografia/Links Recomendados 3 Introduo O QUE LETRAMENTO? Processo de aprendizado do uso da tecnologia da lngua escrita. Isto , a criana pode utilizar recursos da lngua escrita em momentos de fala, mesmo antes de ser alfabetizada. Esse aprendizado se d a partir da convivncia dos indivduos (crianas/adultos, crianas/crianas), com materiais escritos disponveis - livros, revistas, cartazes, rtulos de embalagens, entre outros -, e com as prticas de leitura e de escrita da sociedade em que se inscrevem. Esse processo acontece pela mediao de uma pessoa mais experiente atravs dos bens materiais e simblicos criados em sociedade. NVEL DE LETRAMENTO Este, determinado pela variedade de gneros de textos escritos que a criana ou adulto reconhece. A criana que vive em um ambiente em que se leem livros, jornais, revistas, bulas de remdios, enfim, e qualquer outro tipo de literatura (ou, em que se conversa sobre o que se leu, ou mesmo, em que uns leem para os outros em voz alta, leem para a criana enriquecendo com gestos e ilustraes), o nvel de letramento ser superior ao de uma criana cujos pais no so alfabetizados e no teve o privilgio de conviver com pessoas que pudessem favorecer este contato com o mundo letrado. ALFABETIZAO O processo de descoberta do cdigo escrito pela criana letrada 4 mediado pelas significaes que os diversos tipos de discursos tm para ela, ampliando seu campo de leitura atravs da alfabetizao. Antigamente, acreditava-se que a criana era iniciada no mundo da leitura somente ao ser alfabetizada, pensamento este ultrapassado pela concepo de letramento, que leva em conta toda a experincia que a criana tem com leitura, antes mesmo de ser capaz de ler os signos escritos. Atualmente, no se considera mais como alfabetizado quem apenas consegue ler e escrever seu nome, mas quem sabe escrever um bilhete simples. Portanto, letramento decorre das prticas sociais que leituras e escritas exigem nos diferentes contextos que envolvem a compreenso e expresso lgica e verbal. a funo social da escrita. Enquanto que a alfabetizao se refere ao desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita. Sons e Letras Aquisio do valor sonoro convencional Adquirirosvaloressonorosconvencionaispercebera correspondncia entregrafema e fonema,isto,apropriar-se do conhecimento de que existe uma relao entre o som /A/ e a letra A, o som /B/ e a letra B, e assim por diante, com todas as letras, que naturalmente esto inseridas em palavras, frases e textos. Um dos pontos fundamentais em relao aquisio dos valores sonorosconvencionaisaordemdecomplexidade.Ela crescente,no-linear,parcialecomdiversosramos.Issoquer dizerqueaaquisiopodeocorreremdiferentesordenseat simultaneamente,enohpossibilidadedesecontrolaresse processo. O fato de se organizar um processo apresentando as letras numa determinada ordem no garante a aprendizagem nessa ordem. O professorpodeficardesenvolvendoduranteummsafamlia ba-be-bi-bo-bueascrianaspodemestaradquirindovrias letras, inclusive o B com outras letras, exceto o B propriamente. Acompreensodessefatolevaaumamudanaemrelao prticapedaggica.Seoprofessorsabequeaorganizaoea sequenciaodoprocessonolevamaprendizagemnessa 5 ordem, por que organizar e levar seis meses ou mais para regular a apresentaodetodasasletrasparaascrianas? Maisreal apresentaroalfabeto(campodetrabalho)epermitirqueas crianasadquiramnasuaordemnaturaleemmuitomenos tempo!Quandosedesenvolveessaprtica,haliberaoda criana para reconstruir o sistema lingustico no seu tempo e, na maioria das vezes, esse tempo pequeno em comparao com o mtodo tradicional organizado. Interessanteaindaressaltarofatodeque,apesardomtodo tradicionalorganizadopeloprofessor,grandepartedosalunos reorganizaereconstroiosistemalingustico,masnose manifesta at ser liberados por seu professor. Um exemplo disso umgarotoque,diantedeumpotedegelia,leuCica.Em seguida,disse:Squeeunopossoler,porqueminha professora disse que o ci eu ainda no aprendi.

Realizando uma sondagem As investigaes sobre a psicognese da lngua escrita permitem aoprofessoratuarcomomediadornoprocessoensino-aprendizagemefornecerpistasparaoaprendiztornar-se alfabtico. Atividadeessencial,nesseprocesso,asondagemdiagnstica, quecapacitaoeducadoraconhecerashiptesesdascrianas envolvidasnoprocessodealfabetizao(pr-silbico, intermedirio I, silbico, silbico-alfabtico e alfabtico). Pararealizarasondagemescolhem-sequatropalavras(uma polisslaba,umatrisslaba,umadisslabaeumamonosslaba, nessaordem)eumafrasedeummesmocamposemntico (mesmo assunto). Por exemplo: dinossauro, jacar, gato e boi. O gatodormiunasala.Pede-se,ento,paraqueascrianas escrevam do jeito que souberem. O professor pode pedir s crianas que ao lado da palavra faam odesenho,queservircomondiceparaaleitura.Quandoo professor encontra dificuldade para realizar a leitura da escrita da criana, importante pedir para que ela leia, apontando as letras esinaiscorrespondentesfala.Outroelementoimportanteque podeservircomosondagemaescritadetextosespontneos 6 (escreverumahistria,comosouber).Nessecaso,aanliseda escritapodeserfeitaapartirdosseguintesparmetros:no-alfabtico, nvel intermedirio II e alfabtico). Apartirdomaterialinvestigadoemumasondagem,pode-se refletirsobreopensamentodacrianaepercebersuahiptese lingustica.Issopermiteaformaodegruposdetrabalho heterogneosepropostasdeatividadesdiversificadas,que objetivemadesestruturaodahiptesequeacrianatema respeitodalinguagemescrita,bemcomoaconstruodeuma nova hiptese, culminando na reconstruo do cdigo lingustico. Uma das formas de contribuir para esse trabalho utilizar jogos. Jogando se aprende a fazer de conta, representar uma coisa por outra,criarcdigos,perceberasletras.Apreende-seovalor sonoro convencional e reconstri o cdigo lingustico.

Para que se l? Parasentirotexto,dialogarcomseuautorou,simplesmente, parausufru-lo:semperguntas,semquestionamentos.a leitura-prazer. Parabuscarinformaes,coletardados.aleitura-pesquisa. Paraampliaodosconhecimentosapossar-sedoquejfoi construdopelahumanidade. Paraesclarecerdvidas,buscarrespostas.Pergunta-seao texto. 7 A leitura e a escrita de textos funcionais, cientficos e literrios, a partirdoconhecimentoedodomniodaspropriedades especficas de cada um a busca de coerncia, interna e externa, de coeso, de harmonia, de movimento e de estabelecimento de paralelosedeligaes,entreorealeoimaginrio,possvelou no,emsuasproduesescritas,soalgunspontosaser construdos. Viveremsociedadeexigeconhecereutilizar-sedediferentes materiais impressos que circulam ou que atropelam, visualmente, aspessoas:outdoor,propagandas,cartazes,panfletos,jornais, revistas,receituriomdico,placas,anncios,bilhetes,catlogo telefnico,circulares,ofcios,requerimentos,chequesemuitos outros. Permitiraexploraodestesmateriais(leituraeproduo) significapartirdarealidadedoseducandos,isto,doque cotidianosignifica,ainda,propiciar-lhesaoportunidadede ampliar e aprimorar a sua competncia lingustica, de se adaptar sociedade. Ascrianas,quevivemnumambienteestimulador, constantementeestorecebendoinformaessobreafuno social da escrita. ampliar a memria recordar aspectos e coisas que possam ser esquecidos(listadecompras,agenda). encontrarinformaesurgentes(endereos,telefones...) comunicar-se distncia (bilhete, recado, carta...). O texto tcnico-informativo exige escritor e leitor interessados em determinado tema. Permiteocrescimentodoindivduoenquantosersocialede cultura.Ostextoscientficos/informativospossibilitamnovas formasdepensamentotrazemnovosconhecimentos,permitem avanoscientficoseabuscadesoluesalternativas.So textosrelacionadoscomoconhecimentosistematizadoj produzido pelo homem nos diferentes campos da cincia. Permite acrescentar coisas ao que se sabe. O terceiro tipo de texto inclui um outro aspecto do letramento, que o prazeroso, o belo, o esttico da lngua a literatura. 8 Envolver-se com literatura permitir-se conhecer outros padres lingusticos,enxergaromundoatravsdeoutrosolhosede pensamentos,os maisdiversos.apresentar estilos, o como se utilizardalnguaescrita,deformaviva,commuitomovimentoe harmonia.Permiteviagensnotempopassadoefuturo envolvimentoemidiaseacontecimentosdenossaprpria escolha. Buscam-se,emumtexto,informaes,reflexes,pretextose prazer. Alfabetizando Quemseresponsabilizapelascrianasqueestonaescolae no esto aprendendo? Vivemos um momento importante na educao brasileira, porque demudana,enosemtempo.Hoje,osesforosdetodosos bem-intencionadosorganizam-sedamaneiraquepodempara combater uma cultura que no ltimo meio sculo dizimou milhes de crianas brasileiras: a cultura da repetncia. Mas enfrentamos, como em todos os grandes movimentos de mudana, armadilhas que,senoforempercebidas,atrasarooavanoqueestamos tentandofazeremdireoaumaeducaoeficienteedeboa qualidade para todos. Uma dessas armadilhas consiste em acreditar que, engajados na nova e boa palavra de ordem o aluno no deve ser reprovado, osprofessorespassaroaaprov-lo,enviando-oparaasrie seguintemunidodetodasascompetnciasnecessriaspara curs-lacomsucesso.Comoseatentonoofizessem simplesmentepordescasocomseuprpriotrabalho,oupor acreditarem que professor bom o que reprova. Essasituaocostumasermaisdramticanocontextodas primeirassriesdoEnsinoFundamental,quequandoso tomadas decises de importncia vital: se o aluno aprende a ler e a escrever nos dois primeiros anos e ser promovido, ou se ficar retidoali,anoapsano,atdesistirdaescolase,mesmosem aprender, ser promovido e engrossar o nmerodos que, cada vezmais,chegamanalfabetos4sriese,mesmo precariamentealfabetizadosesemnenhumacompetnciapara compreender textos mais complexos, classes inteiras de 4 srie 9 iniciaroosegmentoda58sriesparafracassardianteda necessidade de aprender por meio da leitura. Vemos,hoje,aenormedificuldadequeosprofessorestmde verificar o que os alunos j sabem e o que no sabem. H alunos queproduzemescritassilbico-alfabticasealfabticasna1 srie,noinciodoano,equepoderiamperfeitamente acompanharuma2srie,poispodemlere escrever,aindaque comprecariedade,masficamretidosporqueosprofessoresno tiveramcondiesdeavali-losadequadamenteeacabaram utilizando indicadores como letra bonita ou caderno bem-feito. Quandooprofessortrabalhacomessetipodeindicador,at mesmo avanos na aprendizagem acabam prejudicando o aluno. Porexemplo,quandooalunoaprendealer,comumqueele comece a errar na cpia. Isto , deixa de copiar letra por letra e comea a ler e a escrevergrandes blocos de palavras, em geral unidadesdesentido,oquefazcomquecometaerrosde ortografiaouescrevapalavrasgrudadas.Talfato,quena verdadeindicadordeprogresso,acabasendointerpretadocomo regresso, pois o professor no tem clara a diferena entre copiar e escrever. Na nossa cultura, a produo de multi-repetentes em massadecorredavisodequeoalunosempreresponsvel por sua aprendizagem. Essa maneira de olhar para a questo do fracassoescolar,emboranoproduzadiretamentearepetncia macia, certamente responsvel pela aceitao institucional do fenmeno,por sua naturalizao.Tantoque,quandose tratade crianas de apenas sete anos, consideradas jovens demais para tanta responsabilidade, a suposta falta de empenho transferida para a famlia. Adespeitodetodasasboasintenes,oatualesforode transformaodaeducaobrasileirasersugadopeloburaco negro da nossa incapacidade de alfabetizar os alunos no incio da escolaridade obrigatria (na verdade, o processo de alfabetizao comea bem antes e deveria estar presente na Educao Infantil, como costuma acontecer com os filhos da elite). Provadissoque,paradesesperodosquesabemparaonde isso sempre nos tem levado, estamos assistindo transformao dagenerosaideiadeprogressocontinuadanessaperverso que est tornando-se conhecida como promoo automtica. 10 Atualmente, com a progresso continuada, as classes continuam divididasentreosquevoeosquenovo,mascomuma pequena diferena: antes eram os que vo aprender e passar de anoeosquenovoaprendernempassardeanoeagora todos passam de ano, porm s alguns vo aprender.

Receita de alfabetizao Pegueumacrianade6anoselaveabem.Enxge-acom cuidado,enrole-anumuniformeecoloque-asentadinhanasala deaula.Nasoitoprimeirassemanas,alimente-acomexerccios deprontido.Na9semanaponhaumacartilhanasmosda criana. Tome cuidado para que ela no se contamine no contato comlivros,jornais,revistaseoutrosperigososmateriais impressos. Abra a boca da criana e faa com que engula as vogais. Quando tiverdigeridoasvogais,mande-amastigar,umaauma,as palavrasdacartilha.Cadapalavradevesermastigada,no mnimo, 60 vezes, como na alimentao macrobitica. Se houver dificuldade para engolir, separe as palavras em pedacinhos. Mantenhaacrianaembanho-mariadurantequatromeses, fazendo exerccios de cpia. Emseguida,faacomqueacrianaengulaalgumasfrases inteiras. Mexa com cuidado para no embolar. 11 Ao fim do oitavo ms, espete a criana com um palito, ou melhor, apliqueumaprovadeleituraeverifiqueseeladevolvepelo menos70%daspalavrasefrasesengolidas.Seissoacontecer, considereacrianaalfabetizada.Enrole-anumbonitopapelde presente e despache-a para a srie seguinte. Seacriananodevolveroquelhefoidadoparaengolir, recomece a receita desde o incio, isto , volte aos exerccios de prontido. Repita a receita tantas vezes forem necessrias. Aofimdetrsanos,embrulheacrianaempapelpardoe coloque um rtulo: aluno renitente.

Alfabetizao sem receita Pegue uma criana de 6 anos ou mais, no estado em que estiver, suja ou limpa, e coloquea numa sala de aula onde existam muitas coisasescritasparaolhareexaminar.Servemjornais,livros, revistas,embalagens,propagandaeleitoral,latasvazias,caixas desabo,sacolasdesupermercado,enfim,vriostiposde materiais que estiverem ao seu alcance. Converse com a turma, troque ideias sobre quem so vocs e as coisas de que gostam e no gostam. Escreva no quadro algumas frasesqueforamditaseleia-asemvozalta.Peascrianas que olhemosescritosque existempora,naslojas,nosnibus, nas ruas, na televiso. Escreva algumas dessas coisas no quadro e leia-as para a turma. Deixeascrianascortaremletras,palavrasefrasesdosjornais velhosenoesqueademand-laslimparochodepois,para no criar problema na escola. Todososdiasleiaemvozaltaalgumacoisainteressante: historinha,poesia,notciadejornal,anedota,letrademsica, adivinhaes. Mostrealgunstiposdecoisasescritasqueelastalvezno conheam:umcatlogotelefnico,umdicionrio,umtelegrama, uma carta, um bilhete, um livro de receitas de cozinha. Desafieascrianasapensarsobreaescritaepensevoc tambm.Quandoelasestiveremescrevendo,deixe-asperguntar 12 ou pedir ajuda ao colega. No se apavore se uma criana estiver comendo letra: at hoje no houve caso de indigesto alfabtica. Acalme a diretora se ela estiver alarmada. Inventesuaprpriacartilha.Usesuacapacidadedeobservao paraverificaroquefunciona,qualomododeensinarqued certo na sua turma. Leia e estude voc tambm. Obs.:OstextosReceitadeAlfabetizaoeAlfabetizaosem receita tm circulado em cursos para professores, s vezes, sem indicaodaautoria.Forampublicados:noBoletimInformativo n.1,daSecretariaMunicipaldeEducaodoRiodeJaneiro, jul/1989peloBoletimCarpeDiem,CentrodeAperfeioamento dos Profissionais de Educao, Prefeitura de Belo Horizonte, ano IV, n.4, janfev/1994. Alfabetizao e Letramento No incio da dcada de 1980, os estudos acerca da psicognese dalnguaescritatrouxeramaoseducadoresoentendimentode queaalfabetizao,longedeseraapropriaodeumcdigo, envolveumcomplexoprocessodeelaboraodehiptesesa respeito da representao lingustica os anos que seguiram, com a emergnciadosestudossobreo letramento,foramigualmente frteisnacompreensodadimensosocioculturaldalngua escritaeseuaprendizado.Emestreitasintonia,ambosos movimentos,nassuasvertentesterico-conceituais,romperam definitivamente com a segregao dicotmica entre o sujeito que aprendeeoprofessorqueensina.Romperamtambmcomo reducionismo que delimitava a sala de aula como o nico espao de aprendizagem. Reforando os princpios antes propalados por Vygotsky e Piaget, aaprendizagemseprocessaemumarelaointerativaentreo sujeito e a cultura em que vive. Isso quer dizer que, ao lado dos processoscognitivosdeelaboraoabsolutamentepessoal (ningumaprendepelooutro),humcontextoquenos forneceinformaesespecficasaoaprendiz,comotambm motiva,dsentidoeconcretudeaoaprendizado,eainda condicionasuaspossibilidadesefetivasdeaplicaoeusonas situaesvividas.Entreohomemeossaberesprpriosdesua cultura,hquesevalorizarosinmerosagentesmediadoresda 13 aprendizagem(nosoprofessor,nemsaescola,embora estessejamagentesprivilegiadospelasistemtica pedagogicamenteplanejada,objetivoseintencionalidade assumida). Aconcepodeletramentocontribuiupararedimensionara compreenso que hoje temos sobre: a) as dimenses do aprender a ler e a escrever b) o desafio de ensinar a ler e a escrever c) o significado do aprender a ler e a escrever d) o quadro da sociedade leitora no Brasil e) as prprias perspectivas das pesquisas sobre letramento.

As dimenses do aprender a ler e a escrever Durantemuitotempoaalfabetizaofoientendidacomomera sistematizaodoB+A=BA,isto,comoaaquisiodeum cdigofundadonarelaoentrefonemasegrafemas.Emuma sociedadeconstitudaemgrandeparteporanalfabetose marcadaporreduzidasprticasdeleituraeescrita,asimples conscincia fonolgica que permitia aossujeitosassociarsonse letrasparaproduzir/interpretarpalavras(oufrasescurtas) pareciasersuficienteparadiferenciaroalfabetizadodo analfabeto. Comotempo,asuperaodoanalfabetismoemmassaea crescentecomplexidadedenossassociedadesfazemsurgir maioresemaisvariadasprticasdeusodalnguaescrita.To fortessoosapelosqueomundoletradoexercesobreas pessoas, que j no lhes basta a capacidade de desenhar letras oudecifrarocdigodaleitura.Seguindoamesmatrajetriados pases desenvolvidos, o final do sculo XX imps a praticamente todos os povos a exigncia da lngua escrita no mais como meta de conhecimento desejvel, mas como verdadeira condio para asobrevivnciaeaconquistadacidadania.Foinocontextodas grandestransformaesculturais,sociais,polticas,econmicas etecnolgicasqueotermoletramentosurgiu,ampliandoo sentido do que tradicionalmente se conhecia por alfabetizao. Hoje,toimportantequantoconhecerofuncionamentodo sistemadeescritapoderseengajaremprticassociais 14 letradas,respondendoaosinevitveisapelosdeumacultura grafocntrica. Maisdoqueexporaoposioentreosconceitosde alfabetizaoeletramento,MagdaSoares(In:Colello,2004: 10910)valorizaoimpactoqualitativoqueesteconjuntode prticassociaisrepresentaparaosujeito,extrapolandoa dimensotcnicaeinstrumentaldopurodomniodosistemade escrita:alfabetizaooprocessopeloqualseadquireo domniodeumcdigoedashabilidadesdeutiliz-loparalere escrever,ouseja:odomniodatecnologiadoconjuntode tcnicasparaexerceraarteecinciadaescrita.Aoexerccio efetivoecompetentedatecnologiadaescritadenomina-se letramento, que implica habilidades vrias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos. Porisso,aprenderalereaescreverimplicanoapenaso conhecimentodasletrasedomododedecodific-las(oude associ-las), mas a possibilidade de usar esse conhecimento em benefciodeformasdeexpressoecomunicao,possveis, reconhecidas,necessriaselegtimasemumdeterminado contexto cultural.

O desafio de ensinar a ler e a escrever Naanlisedaquestoemcomoconciliarduasvertentesda lnguaemumnicosistemadeensino,destacaremosdois embates: o conceitual e o ideolgico. 1) O embate conceitual Tendoemvistaaindependnciaeainterdependnciaentre alfabetizaoeletramento(processosparalelos,simultneosou no,masqueindiscutivelmentesecomplementam),alguns autorescontestamadistinodeambososconceitos, defendendo um nico e indissocivel processo de aprendizagem. Emumaconcepoprogressistadealfabetizao,oprocesso de alfabetizao incorpora a experincia do letramento e este no passadeumaredundnciaemfunodecomooensinoda lngua escrita j concebido. 15 precisoconheceromritotericoeconceitualdeambosos termos.Balizandoomovimentopendulardaspropostas pedaggicas (no raro transformadas em modismos banais e mal assimiladas),acompreensoquehojetemosdofenmenodo letramentopresta-setantoparabanirdefinitivamenteasprticas mecnicasdeensinoinstrumental,comoparaserepensarna especificidadedaalfabetizao.Naambivalnciadessa revoluoconceitual,encontra-seodesafiodoseducadoresem face do ensino da lngua escrita: o alfabetizar letrando. 2) O embate ideolgico Contagiada pela concepo de que o uso da escrita s legtimo se atrelada ao padro elitista da norma culta e que esta, por sua vez,pressupeacompreensodeuminflexvelfuncionamento lingustico,aescolatradicionalsemprepautouoensinopela progresso ordenada de conhecimento: aprender a falar a lngua dominante,assimilarasnormasdosistemadeescritapara,um dia(talveznunca),fazerusodessesistemaemformasde manifestaoprevisveisevalorizadaspelasociedade.Em sntese,umaprticareducionistapelovislingustico,e autoritria pelo significado poltico uma metodologia etnocntrica que, pela desconsiderao do aluno, mais se presta a alimentar o quadro do fracasso escolar.

O significado do aprender a ler Aopermitirqueaspessoascultivemoshbitosdeleiturae escritaerespondamaosapelosdaculturagrafocntrica, podendo inserir-se criticamente na sociedade, a aprendizagem da lngua escrita deixa de ser uma questo estritamente pedaggica paraalar-seesferapoltica,evidentementepeloque representa o investimento na formao humana. AhistriadoensinonoBrasil,adespeitodeeventuaisboas intenes e das ilhas de excelncia, tem deixado rastros de um ndice sempre inaceitvel de analfabetismo agravado pelo quadro nacional de baixo letramento.

O quadro da sociedade leitora no Brasil 16 Domesmomodocomotransformaramasconcepesdelngua escrita,redimensionaramasdiretrizesparaaalfabetizaoe ampliaram a reflexo sobre o significado dessa aprendizagem, os estudossobreo letramento obrigam-nosa reconfiguraro quadro da sociedade leitora no Brasil. Aoladodondicenacionalde16.295.000analfabetosnopas (IBGE,2003),importaconsiderarumcontingentedeindivduos que,emboraformalmentealfabetizados,soincapazesdeler textos longos, localizar ou relacionar suas informaes. Os motivos pelos quais tantos deixam de aprender a ler e a escrever Se descartssemos as explicaes mais simplistas que culpam o alunopelofracassoescolarseadmitssemosqueoschamados problemasdeaprendizagemseexplicammuitomaispelas relaesestabelecidasnadinmicadavidaestudantilseo desafio do ensino pudesse ser enfrentado a partir da necessidade decompreenderoalunoparacomeleestabelecerumarelao dialgica,significativaecompromissadacomaconstruodo conhecimento se as prticas pedaggicas pudessem transformar asiniciativasmeramenteinstrucionaisemintervenes educativassetudoissoocorresse,talvezfossepossvel compreendermelhorosignificadoeaverdadeiraextensoda no aprendizagem e do quadro de analfabetismo no Brasil. Do ponto de vista dos alunos, o repdio tarefa, escola e muito provavelmenteescritafoiumareaocontraaimplcita proposta de fazer parte de um mundo ao qual nem todos podem terlivreacesso:omundodamedicina,dapossibilidadedeser acompanhado por um mdico e da compra de remdios. Adesconsideraodossignificadosimplcitosdoprocessode alfabetizaoolongoedifcilcaminhoqueosujeitopouco letradotemapercorrer,areaodeleemfacedaartificialidade das prticas pedaggicas e a negao do mundo letrado acaba por expulsar o aluno da escola, um destino cruel, mas evitvel se oprofessorsouberinstituiremclasseumainteraocapazde mediarastenses,negociarsignificadoseconstruirnovos contextos de insero social.

17 Perspectivas das pesquisas sobre letramento Embora o termo letramento remeta a uma dimenso complexa e plural das prticas sociais de uso da escrita, a apreenso de uma dadarealidade,sejaeladeumdeterminadogruposocialoude um campo especfico de conhecimento motivou a emergncia de inmerosestudosarespeitodesuasespecificidades.porisso que,nosmeioseducacionaiseacadmicos,vemossurgira referncia no plural letramentos. Emboraaindanodicionarizado,otermoletramentofoiusado pela1vezporMaryKato,em1986,naobraNomundoda escrita: uma perspectiva psicolingstica (So Paulo, tica). Dois anosdepois,passaarepresentarumreferencialnodiscursoda educao,aoserdefinidoporTfouniemAdultosno alfabetizados:oavessodoavesso(SoPaulo,Pontes)e retomado em publicaes posteriores. No embate conceitual, a evidncia desse paralelismo, possvel porquepodemostercasosdepessoasletradaseno alfabetizadas(indivduosque,mesmoincapazesdelere escrever,compreendemospapissociaisdaescrita,distinguem gnerosoureconhecemasdiferenasentrealnguaescritaea oralidade)oupessoasalfabetizadasepoucoletradas(aqueles que,mesmodominandoosistemadaescrita,poucovislumbram suas possibilidades de uso). Emumasociedadecomoanossa,omaiscomumquea alfabetizao seja desencadeada por eventos de letramento, tais como ouvir histrias, observar cartazes, conviver com prticas de trocadecorrespondncia,etc.Noentanto,possvelque indivduoscombaixonveldeletramento(noraromembrosde comunidadesanalfabetasouprovenientesdemeioscom reduzidas prticas de leitura e escrita) s tenham a oportunidade devivenciar tais eventos na ocasio de ingresso na escola, com o incio do processo formal de alfabetizao. Mtodos Sintticos: da soletrao conscincia fonolgica Juntando as letras: soletrao ACartadoABC (semindicaodeautoroudata):olivrinho apresentaprimeiroosalfabetosdeletrasmaisculase minsculas de imprensa e de letras cursivas. A ideia ensinar os trs tipos mais comuns de slabas existentes em portugus, como 18 consoante-vogal(ba,na,ma),vogal-consoante(al,ar,na), consoante-consoante-vogal (fla, bla, tra ). O objetivo maior da soletrao ensinar a combinatria de letras e sons, partindo de unidades simples, as letras, o professor tenta mostrarqueessas,quandosejuntam,representamsons,as slabas, que por sua vez formam palavras. Omtodobaseia-senaassociaodeestmulosvisuaise auditivos,valendo-seapenasdamemorizaocomorecurso didtico o nome da letra associado forma visual, as slabas soaprendidasdecor,ecomelasseformampalavrasisoladas fora do contexto. Quanto daria por um daqueles duros bancos onde me sentava, nas mos aCarta do ABC,acartilhadesoletrar,separarvogaiseconsoantes.Repassarfolhaporfolha, gaguejandoasliesnumaprendizadodemoradoetardio.Afinalvenceremudarde livro. Excerto do poema Voltei de Cora Coralina (2001), poeta goiana, nascida em 1889.

Ba-be-bi-bo-bu: silabao Omtodotemosmesmosdefeitosdasoletrao:nfase excessiva nos mecanismos de codificao e decodificao, apelo excessivomemriaenocompreenso,poucacapacidade de motivar os alunos para a leitura e a escrita. CartilhadaInfncia (ThomazGalhardo,1979):depoisdemostraras vogaiseosditongos,apresentaasslabasva-ve-vi-vo-vu, embaralhando-as nas duas linhas seguintes. Seguem-se palavras formadas de trs letras (vai-viu-vou) e finalmente onze vocbulos contendoasslabasestudadascadaliosecompletacom algumas frases sem ligao entre si, escritas sem a maiscula na palavrainicialesempontuao:vovviuaave,aavevivee voa, vov v o ovo e outras do gnero. Aordemdeapresentao:primeiro,ascincoletrasque representamasvogais,depoisosditongos,emseguidaas slabasformadascomasletrasv,p,b,f,d,t,l,j,m,n.As chamadasdificuldadesortogrficasaparecemdomeioparao fimdacartilha,incluindoosdgrafos,asslabastravadas (terminadas por consoantes), as letras g, c, z, s, e x. 19

Mtodos fnicos Ensina-seoalunoaproduziroralmenteossonsrepresentados pelasletraseauni-losparaformaraspalavras.Parte-sede palavrascurtas,formadasporapenasdoissonsrepresentados porduasletras,paradepoisestudardetrsletrasoumais.A nfaseensinaradecodificarossonsdalngua,naleitura,ea codific-la, na escrita. Atualmente,osmtodosfnicostendemaapresentarpequenas frases, a partir da 2 ou 3 folha, para que os alunos desenvolvam gradativamente habilidades de leitura mais complexas. Esterecursovisaahabituaroalunoaextrairocontedo significativodapalavralidaesuperarumadeficinciaainda comum no mtodo (Rizzo apud Carvalho, 2005: 25). MtododaAbelhinha (AlziraS.Brasil,LciaMarquesPinheiroe Risoleta Ferreira Cardoso criaram o mtodo em 1965): apresenta o mtodo misto do tipo fontico. Ossonssoapresentadoscomo"barulhos"queocorrem,o mesmo acontecendo com a reunio de dois sons em slabas. Da reunio de dois sons, a criana passa a trs, e vai lendo palavras cadavezmaisextensasdepoisexpresses,sentenase historinhas. Duasrecomendaesdasautoras:nodizeronomedasletras, pois seria cair na soletrao e no fazer a unio de fonemas com todasasvogais,poisseriaasilabao,prejudicandoaleitura mais tarde. Apersonagemabelhinha,quednomeaomtodo,temocorpo emformadeuma(emletracursiva)eapresentaosom /aaaaaaa/ (a vogal prolongada para facilitar o reconhecimento) aletrairepresentadapelotroncodeumndio,outro personagem de histrias e assim por diante. Ospersonagenssodesenhadosparasugerirotodooupartes das formas estilizadas das letras. Hportantoumaassociaodetrselementospersonagem forma da letra som da letra (fonema). A alfabetizao se faz por sntese ou fuso dos sons para formar a palavra. 20 ACasinhaFeliz (criado pela pedagoga Iracema Meireles na dcada de1950):acredita naaprendizagempor meio dojogo,propondo que a saladeaula fosse umespao paraa criatividadee a livre expresso das crianas. Mtodo: associar a forma da letra a um personagem, o qual, por suavez,representavadeterminadosom.Oessencialque conduzafigura-fonemacapazdefazersempre,sefor consoante,oimprescindvelbarulhinho.Tudomaisjogo, dramatizao, atividade criadora.

Cuidados a considerar na aplicao dos mtodos fnicos Osdoismtodosapresentadospropemassociaesvisuaise auditivascomaformaeossonsdasletrasetmomritode recomendarautilizaoerecursosexpressivosdevoz, gesticulao,desenho,teatro,etc.paradespertarointeresse infantil. Ambos giram em torno de histrias contadas oralmente e omaterialescritorigorosamentecontroladoparaapresentar apenasaspalavrascujadecodificaojfoi,ouestsendo, ensinada. Umaspectodiscutveldosmtodosqueashistriasdos manuais, criadas com o objetivo de apresentar as relaes letra-som numa determinada seqncia, so muito artificiais. preciso professoresexperientes,combonsrecursosnarrativos,paradar vidaahistriasdidticas,emqueossonsorasoassociados formadasletras,oraaosnomesdospersonagens,oraaum barulhinho produzido por eles. Naaplicaodosmtodosfnicos,amaiordificuldadetcnica tentar articular os sons das consoantes isoladas, pois de fato elas sganhamsonsquandoestoacompanhadasdeumavogal. Existemalgumasconsoantes,comoo/f/eo/v/,quepodemser prolongadascomcertafacilidade,dandoaimpressoquese fundemcomasvogaisqueasacompanham.Masnoocaso damaioriadasoutrasquessoouvidasclaramentequando acompanhadas das vogais. Conscinciafonolgica:acapacidadededistinguiremanipularos sonsconstitutivosdalnguaeconsistenacapacidadepara focalizar os sons da fala, independentemente do sentido. 21 Parareconhecerograudeconscinciafonolgicadacriana, algunsindicadoressoahabilidadedeidentificaronmerode slabas das palavras e de reconhecer rimas e aliteraes (slabas que se repetem no incio de uma srie de palavras). Cada palavra faladaformadaporumasriedefonemas,representadosna escritapelasletrasdoalfabetoeapercepodestes desenvolvida no processo de alfabetizao. As cartilhas e a alfabetizao Mtodos globais: aprender a ler a partir de histrias ou oraes Conhecererespeitarasnecessidadeseinteressesdacriana partir da realidade do aluno e estabelecer relaes entre a escola e a vida social so diretrizes do pensamento escolanovista. Mtodosativosaprenderfazendo,liberdadeparacriare participaodacriananoplanejamentodoensinosoalgumas das estratgias recomendadas. AEscolaNovavalorizavaaleitura,asbibliotecas,ogostopelos livros, e trouxe uma inovao importante para os alfabetizadores: adefesadosmtodosglobaiscomafundamentaotericada crenasegundoaqualacrianatemumavisosincrtica(ou globalizada)darealidade,ouseja,tendeaperceberotodo,o conjunto, antes de captar os detalhes. Decroly (1929) enfatizava a compreenso do significado desde a etapainicialdaalfabetizaoenoacapacidadededecodificar ou de dizer o texto em voz alta. A alfabetizao deveria comear porunidadesamplas,comohistriasoufrases,parachegarem nvel de letra e de som, mas sem perder de vista o texto original e seu significado.

Mtodo de contos Umdosmtodosmaisantigosodecontoscomeouaser aplicado nosEstadosUnidosnofimdosculo XIX.Consisteem iniciaroensinodaleituraapartirdepequenashistrias, adaptadas ou especialmente criadas pelo professor. Apresentada ahistriacompleta,otextodesmembradoemfrasesou oraes,queacrianaaprendeareconhecerglobalmenteea repetir, numa espcie de pr-leitura. 22 Aseguir,vemaetapadereconhecimentodaspalavras.Depois dissoquesealcanaaetapadedivisodaspalavrasem slabasefinalmenteacomposiodenovaspalavrascomas slabas estudadas. Oprocessoenvolveanlisedaspartesmaiores(otexto,as frases)parachegarspartesmenores(palavras,slabas),por isso o mtodo global tambm chamado analtico. AprofessoraLciaCasasanta(apudCarvalho,2005)assim descreveu as etapas do mtodo: 1) fase do conto 2) fase da sentenciao 3) fase das pores de sentido 4) fase da palavrao 5) fase da silabao ou dos elementos fnicos. Omtodonopreviaautilizaodelivrodidtico,oque constitua uma dificuldade paraosprofessores,que deviamcriar textos e preparar materiais didticos.

Mtodo ideovisual de Decroly Um dos mais conhecidos mtodos globais, o ideovisual, foi criado no incio do sculo XX por Ovide Decroly (1871-1932). Asbasesdesuafilosofiadeeducaoeram:respeito personalidade da criana, a seus interesses, a seu ritmo natural e modospeculiaresdeveromundo.Pregavaaimportnciada atividade, da ao e da cooperao. Decrolypropsqueoensinosedesenvolvesseporcentrosde interessee,emprincpio,oprogramaescolardeveriaincluir conhecimentosimediatamenteligadoscriana:suas necessidades bsicas no meio em que vive. Experimentou um mtodo de aprendizagem de leitura que punha emjogooquechamavafunodeglobalizao.Funoque explicavaacapacidadedacrianadecaptarasformas globalmente,justificariacomearaaprendizagemporfrases (unidadesdesentido)emlugardeletras(elementosgrficos isolados sem significao). 23 Seumtodo:oalunoreconheciaaforma,odesenhototal,a imagemgrficadafrase.Emseguida,aprendiaadistinguiras palavras,pormeiodaobservaodesemelhanasediferenas entre elas em seguida as slabas, depois as letras.

Mtodo Natural Freinet ClestinFreinet(1896-1966)acreditavaqueainteligncia,o gesto,asensibilidadedesenvolvem-seatravsdalivre expresso,dotrabalhomanual,daexperimentao.Sua pedagogiaconsisteemestimularareflexo,acriatividade,o trabalho, a cooperao e a solidariedade. SeuMtodoNaturaldeaprendizagemdalnguapartedo pressuposto que: a criana ler e escrever com interesse textos relacionadoscomsuasexperincias.Dessaforma,seumtodo naturalnocomportafasesouetapas,comoacontececom outraspropostas,acrianaaprendealerlendo,aescrever, escrevendo. Paraeleaescritaealeituratmumsignificadosocial,existem paraserviraohomememsuaslutas,noseutrabalho,na expressodesuasideias.Emlugardeatividadespuramente formais,propunhaqueosalunos,desdetenraidade, escrevessem e lessem para ser compreendidos e para entrar em relao com os outros.

A metodologia de base lingustica ou psicolingustica Achamada Metodologia debase lingstica propeensinar a ler apartirdeoraes.Foielaboradonadcadade1970porum grupo de professores coordenado pela professora Helena Gryner. Aspremissasdomtodoso:respeitarafasede desenvolvimento cognitivo e afetivo em que a criana se encontra etornaroalunosujeitodoprocesso,cabendosempreaelea iniciativaeadescoberta.Oprocessodealfabetizaodeve comearpelaproduoereconhecimentodefrasessugeridas pelas prprias crianas. Paradarincioalfabetizaopropriamentedita,aprofessora escolheumaouduasoraesproduzidaspelascrianas,que 24 devemconterpalavrascuidadosamenteescolhidasparaatender a trs critrios: 1) Critrio dedificuldade: comear pelo mais fcil em matria de relaes letra-som e de padres silbicos. As primeiras palavras-chaveapresentadasdevemserformadasdefonemascomo/b/, /p/, /d/, /v/ e /f/, representados pelas letras b, p, d, v e f , que tm omesmosom,independentementedaposionapalavra.So oscasosemquehumarelaobiunvocaentreosfonemase osgrafemas.Quantoaotipodeslaba,omaisfcilomais comum,ouseja,consoantevogal(comoempa,da,va,etc.) padres silbicos mais complexos viro pouco a pouco. 2)Critriodealternnciaentreofcileodifcil:omtodo recomendaquenosedeixeparaaetapafinaldoprocessode alfabetizao as chamadas dificuldades ortogrficas. Asletrasquepodemrepresentarmaisumsom,conformeo contextocomos,m,l,xeoutrasdevemseralternadascom aquelas consideradas mais fceis. 3)Critriodeprodutividade:selecionarpalavras-chaveque depoisdedesmembradasemslabaspermitamformarumbom nmero de palavras novas. Alfabetizao a partir de palavras-chave Omtododapalavraopropeoensinodasprimeirasletrasa partir de palavras-chave, destacadas de uma frase ou texto mais extenso. As palavras destacadas so desmembradas em slabas, as quais, recombinadas entre si, formam novos vocbulos. Mtodo Natural de Helosa Marinho Apia-seemJonhDewey,Decrolyeoutrosescolanovistasque ressaltamaimportnciadaatividadedacriananoprocessode ensino-aprendizagem. Os passos de aplicao so os seguintes: 1)Aprofessorausaabundantementeaescrita.Registra,vista dosalunos,fatosocorridosnasaladeaula,oualgoditopelas crianas.Escrevebilhetes,convites,avisosdestinadosaospais. 2)Estimulaapercepodossonsiniciaisefinaisdepalavras 25 ditasoralmente,utilizandotcnicasemateriaisquepermitam descobrirsemelhanasediferenasentresons,atravsda comparao. 3)Formaumvocabulriobsicode35a40palavras(apenas substantivos e verbos) que a criana deve aprender a reconhecer globalmente, em sentenas e pequenos textos, qualquer que seja suaposionostextos. 4)Levaacrianaadescobrirosomdentrodapalavraea associarosomletra. 5)Estimulaacrianaalereaescreverpalavrasnovascom compreensoerapidez,incentivaaleituracomofontede informao e de prazer, e a escrita como instrumento de registro de ideias e de comunicao. Mtodo Paulo Freire AmetodologiapropostaporPauloFreiretambmseclassifica como palavrao, com a importante diferena de que as palavras geradoras(palavras-chave)apresentadasaosadultos analfabetossopesquisadasnouniversovocabulardeles prprios. Os procedimentos tcnicos do mtodo so: 1)Aoplanejarumtrabalhodealfabetizaoemdeterminada rea,deve-sefazerumlevantamentodouniversovocabularda populao,selecionandoumgrupode17a20palavrasdeuso frequente,relevantesparaapopulaoequeapresentamas combinaesbsicasdosfonemasepadressilbicos.So estasaspalavrasgeradoras,queconstituiropontosdepartida dos debates entre os participantes dos crculos de cultura. 2)Paradarincioalfabetizao,ocoordenadordocrculode cultura deve apresentar algumas imagens (em slides ou cartazes) que propiciem o debate sobre as noes de cultura e de trabalho. Estasimagensrepresentamoprodutodotrabalhodoshomens sobre a matria da natureza: suas ferramentas, utenslios de uso dirio, suas moradias. Oobjetivofazercomqueosalunosreconheamasiprprios como criadores de cultura. 3)Paraensinarasrelaesentreletrasesons,opontode partida a palavra geradora, que decomposta em slabas. Em 26 seguida,apresentaseafichadescoberta,emqueaparecemas famlias silbicas correspondentes. Paraaprofessora,sejaqualforomtodoescolhido,o conhecimentodassuasbasestericascondioessencial, importantssima,masnosuficiente.Aboaaplicaotcnicade ummtodoexigeprtica,tempoeatenoparaobservaras reaes das crianas, registrar os resultados, ver o que acontece nodia-a-diaeprocurarsoluoparaosproblemasdosalunos que no acompanham. Alm de conhecer o mtodoem si, preciso que o professor se pergunte: O que realmente tenho emvista ao ensinar a ler? O que estou buscando? Que usos da leitura e da escrita pretendo que o aluno venha a praticar? De que materiais disponho ou estou disposto a criar?Comoascrianasserelacionamcomaescrita,oque sabemsobreoassunto?Comoeuprpriomerelacionocoma leitura, a escrita e o mtodo? Produo de Texto - Produo e Correo Produzirrealizar,criar,fabricartextoumdesenho,uma palavra,umafraseouumconjuntodelasque,dentrodeum contexto, transmite um significado ou uma idia. Produzir textos inerentecriana.Antesmesmodeconhecerletras,elaconta umfato,descreveumpasseio,ditaregrasdeumabrincadeira, entre outras coisas. Em sua rotina diria, ela produz texto oral. Seumundoumemaranhadodepalavrasqueaquelesquea cercamconseguementenderapenasporqueelasefaz entender.Existeumdilogonaturalquesemanifesta,por exemplo,quandoame,pornoentenderoqueacrianadiz, pede que ela repita ou mostre, tendo em vista auxiliar o filho. Entretanto,naescola,acrianaprecisaobedeceraregrasde espao,seqnciaelgica,aliadassregrasortogrficase gramaticaisnodefinidasparaela.Algumasvezes,oalunono escreve porque no sabe o qu ou sobre o qu quer escrever, ou porque no est motivado, independentemente de saber escrever ounooutrasvezes,eleescreveapenasparasatisfazeruma exignciadoprofessor.Assim,acrianasenegaaproduzirou noseesforamuitoparaisso.E,ento,comeaobloqueio: escreve pouco ou no escreve. 27 Acrianapassaporfasesnaproduo,todasigualmente importantesparaela,eoprofessordeverequereressas produes de maneira gradativa no que se refere dificuldade de execuo,ouseja,parachegaraelaborarumtexto individualmente,comformaecontedoprprios,acriana precisa,antes,trabalhartextoscoletivamenteouempequenos grupos, sob a orientao do professor, com base em modelos de escritacorretosevariadosquantoforma(poesia,contos, msica, trava-lngua, etc.). Semdvida,muitomaisgratificantelerumtextoquese desenvolve dentro dos padres convencionais da ortografia, mas isso no deve ser a primeira e a principal preocupao, porque a escritaconsideradacorreta,nospadresdanormaculta,no estpautadanaoralidade,eapenascomoexercciooaluno poder perceber isso e se corrigir. Acrianaprecisaserincentivadaasoltar-separaescrever,a revelarseuinterior,atranscreversuasexperincias,arelatar fatosdoseumundosemterquesepreocuparcomcorrees, riscosvermelhosenotasbaixas:simplesmenteescreveroque lhe d maior prazer e saber que, com isso, est se comunicando. Seja qual for a reao do professor ao ler um texto, o importante queeletentetraduziroqueoalunoquistransmitir.Seno conseguirentender,oprofessordevepedirqueacrianafaaa leitura. Atualmente,existeumapreocupaomaiorcomaproduode textosdesdeosprimeirosanosdeescolaridadee,depoisde observarnossosalunos,podemosconcluirqueacrianapode escrever um texto desde o primeiro dia de aula. Em geral, no muitofciloentendimentodessestextosiniciaisporpartedo professor, e para que isso no acontea, para que o aluno tenha retorno do seu trabalho, preciso conversar com a criana sobre o que ela escreveu. Noprecisofecharfamliassilbicasnemdesenvolverregras gramaticaisantesdaproduo.Acrianadeveescreverda maneiracomoentendequesejaaescritae,aospoucos,aoser desenvolvidososcontedos,elamesmasecorrigirou,seum determinado erro persistir, dever ser direcionado correo. 28 Osalunosseinteressammaisporumainformaoearetm melhorseelafizerpartedeumtodo:elesvivemomomentoto intensamentequetudooqueretiradodeumassuntocentral, comsignificadoparaeles,farpartedestemomentotobem vivenciado. Portanto,notmsentidoatividadescomotrabalharcomlistas infindveisdepalavrascommesmadificuldadegramatical, trabalhar pginas inteiras de treinos ortogrficos, separar slabas dedezenasdepalavrascomdgrafosefazercpias quilomtricas.Umaatividademuitolongaerepetitivacansa, desanima,desestimulaedesinteressa.Palavrassoltas,sem significadoesemadequaoimediataperdem-senoespaodo papel,desaparecemsobavistacomamesmarapidezcomque foram escritas. comumouvirdeprofessoresquecertoaluno,depoisdetanto treinoeexerccio,aindaescreveuerradodeterminadapalavra. Treinou como? Para qu? Todoequalquercontedosobrequestesgramaticaisdeveser extradodeumcontexto,deumassuntodeinteressecomum para que se tornesignificativo, interessante e objetivo,e o aluno tem,nomnimo,osoitoanosdoNvelIparaentenderessas questes de maneira ampla. Tratando-sedeproduodetexto,omecanismomaisou menosomesmo.Diantedapropostadoprofessor imprescindvelqueoalunoentendaosobjetivosequeira participardaatividade.Elesecolocaperguntasdotipo:Oque escrever? Como? Para qu? Para quem? Vriosassuntosquepodemdarmargemproduoaparecem, simplesmente,narotinadiria:umalunoquesemachucou,um dente de leite que caiu, algum que fez uma visita classe, uma excursoouumpasseioqueosalunosfizeramnofimde semana,umcaptulodenovelaquealgumassistiu,etc.Mas, apesardavariedadedostemas,svezesestesnose aproximam da expectativa do professor e os alunos no atingem o objetivo especfico que ele queria atingir. Nessasocasies,ascrianasprecisamdeumestmulo, envolvendoas de tal maneira que o registro, a produo escrita e/ ouamanifestaogrficasobredeterminadoassuntoda 29 expectativadoprofessorsejamconsideradosimportantes, cabendo ao professor direcionar a expresso oral. Comjogos,msicas,adivinhaes,brincadeirasderoda, trabalhosartsticos,histria,parlendas,poesias,etc.oprofessor pode,enamaioriadasvezesconsegue,levarascrianas escolha do tema.

Sugestes para produo A produo de texto no deve ser trabalhada isoladamente pelo contrrio, devemse aproveitar o assunto, o tema ou a palavra que estosendotrabalhadosparaintercalaraproduo.Sobesse ponto de vista, a produo de texto apenas mais uma atividade a ser executada pelos alunos. A seguir, algumas idias de atividades de produo de texto para serdesenvolvidascomosalunos.Comotodasasoutras sugestes,essastambmnosorgidas:ficaacritriodo professoradapt-las,deacordocomonvelemquese encontramosalunos.Sugerimos,tambm,queasprodues sejamarquivadasemumcadernoespecfico,demaneiraqueo progressodoalunopossaserpercebidoeavaliadocommaior segurana pelo professor. Escreverseunomeedesenharvocmesmo. Desenhar o pai ou a me e escrever meu Pai ou minha Me, deacordocomodesenho. Desenharsuacasa,suafamliaeescreverosnomes. Desenharseusamigoseescreverseusnomes. Desenharseusbrinquedoseescreverseusnomes. Escrever a respeito do brinquedo ou da brincadeira de que mais gosta. Escreversobreseuanimalpreferido e depoisfazero desenho. Fazerodesenhodeumanimaldequetemmedoeescrever sobre ele. Desenharsuaclasseeseuscolegaseescreversobreeles. Fazer umdesenhocombase numahistria contadae copiaro ttulo. Depois de ouvir uma histria, fazer o desenho e escrever o que quisersobreela. Escreveroquequisersobreumadatacomemorativa. 30 Montarpersonagenscommaterialdesucatae,emgrupo, produzirumahistriaoral.Desenharospersonagensutilizando sucataetranscreverahistria. Fazer uma histria tomando por base um Banco de Palavras. A classe decide sobre o que vai escrever e sugere as palavras que entraro na histria o professor escreveas num papel manilha ou nalousa paraqueascrianaspossamrecorrera elasdurantea produo. Recortarletrasdejornaiserevistasmontarseunomee escreverumafraseoutexto. Recortarletraseformarpalavras.Emseguida,fazerum desenho e escrever uma frase ou um texto que se refira palavra formada. Escrever sobre um fato da atualidade (ecolgico, social, poltico, policial,etc.).Oprofessorpodeaproveitarumanotciadejornal ouumaperguntadeumalunoparaproporotema. Depoisdeassistiraumfilmeemvdeo,escreverahistria. Escreversobreoquegostariadeserquandocrescere desenhar. Escolher uma figura, recortar e colar em uma folha. Em seguida, escreversobreela. Fazerumamontagemeescreversobreela. Escreversobreumafigura:oprofessorrecortaumapartede umafiguradeobjeto,animal,alimentooubrinquedoecolaem folhadelinguagem.Oalunodeveidentificarafigura(distino parte/todo)eescreversobreaparteousobreotodo. EscreversobreumassuntodeCinciaseSadeemontarum livrinho. O professor promove e coordena uma discusso sobre o tema.Emseguida,ascrianasfazemumtextocoletivoeo transcrevem para o livro, onde fazem as ilustraes. Ao terminar, cadacrianateroseulivro. Fazer um livro sobre o arco-ris: cada folha ter uma cor pintada ouumrecortecoloridodetecido,papel,plstico,etc.Oaluno escreve o nome da cor e o que ela significa para ele. Fazer o Jornal da Classe. Cada aluno faz um trabalho que pode serproduo,cruzadinha,adivinhaes,receita,desenhopara serpintado,desenhoparaligarospontos,etc.Soba orientao doprofessor,elesselecionamostrabalhosemontamo jornalzinho.Cadaalunotranscreveseutrabalhoparaafolhade estncileassina.Oprofessortambmpodecontribuircom alguma atividade. Com o tempo, o jornal poder ser feito em nvel 31 deano,perodoouescola. Escreverumlivro.Oprofessordobraasfolhasdepapelsulfite nomeio,formandoolivroegrampeia.Cadaalunoescreveuma histria e transcreve cada frase em uma pgina, faz os desenhos, elaboraacapa,escreveottuloeassina. Fazerumdesenhocombolinhasdepapeldesedaeescrever sobreele. Contarumsonhoqueteveeescreversobreele. Escreversobreumaexperinciavivenciada.Porexemplo,um passeiofeira,aozoolgico,etc. Escreversobreumanimalquefoitrazidoparaaclasse.Um aluno,oualgumdaescola,traz,escondido,umanimal(oufoto dele)enodizqual.Ascrianasconversamcomo donopara saber os hbitos, a alimentao, a utilidade, etc. do bicho e, pelas caractersticas, tentam descobrir qual o animal. As informaes socompletadaspeloprofessorcomocontedodeCinciase sade e, em seguida, as crianas fazem um Banco de Palavras.

Aproduodetextooprincipalelementodeavaliaodo professor.Quandooalunoconseguesecomunicardentrodos padresdaescrita,ficafcilparaoprofessorfazeruma avaliao,masquandosoalunosabeoqueescreveuouo que pensa que escreveu, o professor precisa procurar entender otexto,pedindoqueoalunofaaaleitura,apontandoparaa escrita. Deacordocomarelaoqueoalunofizerentrealeituraea escrita na hora do relato, o professor conseguir avaliar, primeiro, ahipteseemqueoalunoseencontraemrelao aprendizageme,depois,aproduoquantocriatividade, seqncia lgica dos fatos, coerncia, concluso da histria e aos conceitos referentes ortografia. neste momento, tambm, que o professorsentirse o aluno est bloqueado,ouno,para escrever. A correo da produo no deve inibir a criao, mas deve, sim, serfeitademaneiragradativaparaqueoalunotenhatempode elaborarnovashiptesesparaoseventuaiserrosecontinue escrevendo. Por isso, a correo deve ser coerente com a etapa doprocessoemqueoalunoseencontraeoprofessordeve procurar respeitar essa etapa, adequando sua correo. 32 No faz sentido, por exemplo, fixar-se em erros ortogrficos se os alunos ainda esto passando pela hiptese silbica. Quando o aluno no consegue estabelecer uma seqncia lgica naescrita,quandonoexpressasuasidiascomcoernciae clareza,precisoqueoprofessortrabalhenosentidode desenvolvertaiscapacidades.Aexpressodasidiasmuito importanteparaodesenvolvimentointegraldacrianaedeve anteceder preocupao com a escrita correta das palavras. Noqueserefereaoselementosa sercorrigidos,devemselevar em considerao duas questes distintas: a da macroestrutura e a da microestrutura. A primeira envolve a coerncia no sentido do texto e a segunda trata da coeso na forma, na estrutura fsica. Portanto,otrabalhocomamacrodeveantecederaquelecoma microestrutura. Oserrosconstantesdemonstramalgicacomqueacriana estlidandonaquelemomentoesoindicadoresdocampode aodoprofessor.Enquantoelanosuperarouadequarsua hiptese, no adianta insistir na correo repetitiva, que acabar criandodvidas(umavezqueelanocompreende,ainda,a explicao),econseqentementeumaatituderetradadiantedo texto. Cadahiptesedosnveisdeaprendizagemapresentauma pequenasriedeerrospadroquesoresolvidosquandoa crianasecolocanovaspossibilidades.Porexemplo:muitas palavrassofrem,almdainfluncia regional,vciosda falaque acrianaprocuratranscrevercomexatido,comofal(falar), bolu(bolo),pexi(peixe),papu(papel),etc.,etaiserross serosanadosquandoacrianapuderdiferenciaralngua escrita da oral. Outro exemplo: quando a criana, ao escrever, emenda palavras ouseparaletrasdeumamesmapalavra,elademonstrater compreendidoqueaescritaarepresentaodafalae,do mesmomodoquenoseparamostodasaspalavrasquando falamos,elaprocurarepresentarasegmentaotalqualela acontece na fala, transferindo isso para a escrita. Com o tempo, a prpria criana sente que precisa escrever de maneira que todos entendam(deacordocomanormaculta-padro)e,neste 33 momento, ela intensifica a compreenso de que a escrita tem um valor social muito importante: a comunicao. Apartirdomomentoemqueoalunosetornaalfabtico, oportuno fazer um trabalho ortogrfico e sinttico. Sabemos muito bemqueasregrasdeortografiasomuitasenofcilparaa crianaassimil-las:atmesmons,adultosortogrficos, sentimosanecessidadederecorreraodicionriosemvrias ocasies.Sabemostambmqueaspalavrascomasquaisa crianatemmaioraproximao,oumaisfamiliaridade,so assimiladas com mais facilidade.

Sugestes para efetuar a correo Paratrabalharamacroestrutura,oprofessorpodedesenvolver atividades que envolvam sequncia e ordenao de objetos, fatos enmeros.Essetrabalhoenvolveaorganizaododia-a-dia, das atividades e tambm a organizao do raciocnio lgico. Nomomentodacorreosistematizada,oprofessorpode trabalhartantocomoalunoindividualmente,quantocoma classe,isto,podetrabalharcadaproduocomseuescritor outrabalhar,comaclassetoda,umaproduoescolhidapelas crianas. Corrigir um texto sozinho tarefa muito difcil para o aluno, e at elechegaramelhorarconscientementeumtexto,deveserfeito um trabalho oral. Para chegar autocorreo, o professor precisa trabalharprimeirocomaclasse,depoiscomgruposmenorese, finalmente,comcadaalunoindividualmente,paraque,relendo seutexto,acrianapossafazerumaautocrticaconscientede seutrabalho,terconhecimentodaexpectativadoprofessore conseguir a autocorreo. Paracorrigirerrosortogrficosnumaproduooprofessorpode optarporcircularpalavraserradaselist-lascorretamenteno finalfazerumamarcanamargemdalinhaemquehouvererro paraqueoalunoodescubralistarnalousaaspalavrasque aparecemerradasmuitasvezesepedirqueosalunosas registrememordemalfabticaincentivarefacilitarousodo dicionrioe,sempre,requererqueoalunoleiaotextoefaaa correo. Alm disso, pode reunir os alunos em pequenos grupos 34 elev-losadescobrirqualseriaamaneiracertadeescreveras palavraserradas,anteriormentesublinhadas.Asistematizao das regras deve ser desenvolvida com base no texto produzido, e noocontrrio,isto,pedirproduodetextobaseadaem regras pr-concebidas. Outratcnicadecorreoquepodeserusadacomalunos alfabticosareescrita.Oprofessorpodetrabalharacorreo de um texto na lousa, em cartolina, em papel manilha, ou mesmo numafolhadelinguagem,seacorreoforindividualsefor coletiva, o texto deve ser fixado na metade da lousa. Oescritordotextointeragecomseuscolegasecomo professor,trocandoexperinciaseponderandohiptesesat chegar a concluses mais corretas, sem que, com isso, precise mudaraideiaoriginal.Asdificuldadesvariamdecrianapara crianaecombasenessasdiferenasqueainterao acontece:advidadeumalunopodeseracertezadeoutro. Normalmente,a classe estabelececomeste aluno,o autor,uma relao positiva e enriquecedora: a socializao do saber. Oprofessordeveserodesafianteeomediadorquandoas discusses se perdem ou quando o assunto foge do conceito das crianas, equilibrando a participao e orientando as correes j discutidas.Aospoucos,naoutrametadedalousa,otextovai sendo reescrito pelo professor ou por um aluno. O objetivo da reescrita fazer o aluno perceber que conseguiu se comunicarque,senecessrio,seutextopodeserescritode outra maneira a fim de que outras pessoas o entendam melhor e quepodeterummodelocorrigidodesuacriao,sema necessidadedeverseuoriginalrabiscado.Aconstnciadesse trabalhoajudaadespertarautocrticadacriananahorade escrever. Enfim, muito importante que a criana no se iniba ao escrever, transcreva suas ideias, ponha em conflito suas hipteses, sintase respeitada na maneira como se comunica e seja corrigida quando necessrio.Elaprecisachegaraescreverortograficamentede maneirasatisfatria,masnosernosprimeirosanosde escolaridadequeelaatingirestenvel.Precisamosdar-lhe tempoeproporcionarcondiesparaqueoaperfeioamento ocorra. 35 Aortografiaumapartedagramticaqueapresentaaspectos regrados(MantesdePeB,porexemplo)eno-regrados (palavrasescritascomS,Z,CH,X).Osregradospodemser reconstrudospeloaluno,porquefazempartedeum conhecimento lgicomatemtico j os no-regrados se referem a um conhecimento social-arbitrrio formando a imagem mental da palavra,ouseja,constituindoorepertriodaspalavrasmais utilizadasetendoconscinciadecomosoescritas, independentementedamaneiracomosofaladas. Compreendendoaquestoda imagemmental,possvelentenderporqueamaioriadas crianaspassaanosfazendocpiaseditadoseaindaassim escreve errado. Autocorreoumprocedimentodetransformaodaimagem mentalqueascrianastmdaspalavrasnoqueserefere ortografia.Consistenacomparaodapalavraescrita incorretamente pelo aluno com a forma ortograficamente correta, naobservaodoscontrastesenacorreodoqueestiver diferente. Uma forma de preparar a autocorreo sublinhar e/ ou numerar as palavras que necessitam de correo e escrev-las no final da pgina. Em seguida, devolver o texto criana para que ela faa acomparao,ocontrasteeacorreo.Emturmasmais adiantadas,podemseassinalaraspalavrasepedirqueoaluno procure no dicionrio. Junto com os alunos, o professor estabelece um cdigo para ser usadodurantealeituraavaliatria.Assim,emvezdecorrigiro texto,oprofessorapenasindica,comessecdigo,oslocaisem queoalunofaraautocorreo.Vejamosalgunsexemplosde cdigos que podem ser adotados: 36 interessante que, numa escola, todos os professores adotem o mesmocdigoemtodasassries,afimdefacilitarotrabalho nos anos posteriores. A aprendizagem da leitura Ler no deve se resumir a decifrar caracteres, distinguir smbolos esinais,unirletraseemitirsonscorrespondentes:issomuito mais um trabalho de discriminao visual e auditiva que antecede aleiturapropriamentedita.Ler,almdedecifrar,interpretara mensagem, atribuir a ela uma vivncia pessoal e interioriz-la. Aleiturafazpartedarotinadiriadacrianaeelanoespera receber instrues de outra pessoa para inici-la. Placas, letreiros, programas de TV, embalagens, marcas, ttulos e todososobjetosconstantesnoseudia-a-diatransmitemuma significaoprpriaesetornamtofamiliaresquesualeitura espontnea,podendoocorrermuitoantesdadecifraodos cdigos. Porexemplo,amaioriadascrianaslapalavraCocaCola, decifrando, ou no, sua escrita. No entanto, na escola, algumas crianas ficam bloqueadas para a leitura,principalmentequandosoapresentadostextospouco significativosparaelas.Asaladeauladevedarcontinuidade leituraprazerosa,aquelaqueestimulaacriana,queaguasua 37 curiosidade,sensibilizando-adealgumamaneira.Ascrianas demonstram ser leitores atentos, curiosos e observadores, desde queomaterialaserlidosejainteressanteedesafiesua inteligncia. Bilhetesecomunicadosdirigidosaospaisdevemserlidosjunto comascrianas,semprequepossvel.Materialescrito,como livrosdehistrias,revistas,jornais,folhetos,gibis,artigos,livros didticosdediferentesanosescolaresprecisamestarpresentes na classe, no importando se a criana est pronta para l-los. Intuitivamente, ela escolhe o material escrito de acordo com suas necessidadeseoptaporlivroscommaioroumenornmerode desenhos, pginas e letras. Muitasvezes,acrianaescolheumlivroetroca-ologoem seguidasemterfeitoumbomusodeleporque,certamente, aquelematerialaindanopareciasersuficientemente interessanteounoeraadequadoaoseuestgiodeleitor. Ainda assim, o aluno precisa ter liberdade de escolher e de usar diferentesmodelosdeescritae issodeveserfeito demodoque elenosinta,desdeoincio,queafinalidadedaleituraa aquisio de habilidades de decodificao. O professor precisa incentivar o gosto pela leitura porque ela a basedaescrita,procurandodesenvolver,noaluno,aleitura crtica,paraquepossaquestionareopinarsobreocontedo implcito e explcito do texto. Ainterpretaono devese resumir a,simplesmente, completar frases transcritas diretamente do texto ou a responder perguntas que,visivelmente,possibilitam(oudirecionampara)umanica resposta, mas deve, sim, estar baseada no que o texto transmite aoalunoenquantoindivduo,paraque,depois,elepossa externarsuasopinies.Aofazeraleitura,oprofessorprecisa respeitarasinterfernciasdoalunoegarantirque,dealguma forma, ele participe do texto que est sendo lido. Leiturasdeletrasdemsica,receitasdeculinria,contosde fada,regrasdejogos,histriasvivenciadaspelaclasse, manchetesdejornal,embalagenseavisossoelementosque oferecemumabaseinteressanteparasefazer,almda interpretao,asatividadesdegramtica,oumesmoquaisquer outros trabalhos ligados s diferentes reas de estudo. 38 Discute-seousodetextosliterrios,comosefossemdidticos, ematividadesligadasaoexercciodalngua.Noentanto,aps trabalharaleituradevriasmaneiras,novimosnem percebemosqualquerimpedimentonautilizaodequalquer texto,desdequesejaagradvelaoaluno,emdiferentes situaes.Aocontrrio,osresultadosforamsurpreendentes bons, visto que, quando o texto no do interesse do aluno, todo o trabalho fica prejudicado, tanto em nvel terico quanto prtico.

Sugestes para leitura Leituras individual ou coletiva. Leituras silenciosa ou em voz alta. Ler o que est fixado nas paredes: ler e interpretar o material que faz parte do ambiente alfabetizador. Ler textos que a criana tem na memria (pseudoleitura). Ler palavras ou frases que formam o Banco de Palavras. Ler textos produzidos pelos prprios alunos e fazer a interpretao oral ou escrita. Recortar de jornais e revistas somente as palavras ou frases que saiba ler e fazer a leitura para o professor. Ler um texto e reduzir (resumir) as informaes. Ler frases fora de ordem e organizlas, tornando o texto coerente. Com o professor, fazer a leitura dialogada: o professor l um texto e incentiva o dilogo, lanando perguntas e desafiando os alunos a sugerir uma continuidade para a histria. Antecipar uma histria com base no ttulo e/ ou na capa do livro.

A escolha dos textos Que textos escolher para as crianas? No momento de comear o ensino sistemtico da leitura, o tema e os significados do texto escolhido so decisivos. Paracrianasde6anos,queestoiniciandooprocessode alfabetizao, cheias de curiosidade e disposio para aprender, hmuitasescolhas:histrias,poemas,travalnguas,canesde roda. 39 Em se tratando de crianas grandes, repetentes, que j passaram porvriosmtodosecartilhas,deve-seconversarsobreavida deles, o que fazem fora da escola, se trabalham, do que gostam, etc.Nessecaso,talvezumanotciasobrefutebol,umaletrade rapoudeumacano,umapiada,umanncioouumbilhete sejam mais atraentes. Trata-se de dar a essas crianas a certeza de que esto avanando, aprendendo coisas novas, at porque a maioriajpassoupormuitasexperinciasfrustrantesej conhece os nomes das letras, alm de algumas palavras simples ouslabas.Deveseraflitivoparaessascrianastersemprea sensao de comear do zero, portanto bom escolher um texto diferente, usado na vida social, que seja uma novidade para elas.

Deve-se trabalhar com os textos das prprias crianas? Sejaqualforotipodeturma,textosoraisproduzidospelas crianas e escritos pelo professor tambm podem servir de ponto de partida para o trabalho de alfabetizao. Como comear a estudar o texto? Escrevaotextonalousa,numacartolinagrandeouempapel manilha.Faaumaleituranormal,fluenteeconversecoma turmasobreotexto.Emseguida,faaaleituradidtica, apontandoaspalavrascomodedooucomargua,mostrando os espaos em branco entre as palavras. Mostre aos alunos que quandofalamosaspalavrasparecememendadasumasnas outras.Assim,aseparaoentreaspalavras,osespaos existentesentreelasnopapelsoumadascaractersticasda lngua escrita.

Como fazer para mostrar os sons das letras? Aprender a ler envolve aprender que as letras representam sons, que a mesma letra pode representar mais de um som de acordo com o contexto e o mesmo som pode ser representado por mais deumaletra.Noumaquestodeadivinhaodacriana, conhecimentosistemtico,quetemqueserpassadoporuma pessoa que conhea o cdigo alfabtico. 40 Quando que elas vo comear a ler realmente? Ascrianasestarolendoquandoforemcapazesdeperceber comoasletrasfuncionampararepresentarossonsdalnguae aomesmotempo possamentendero quedizo texto.Paraisso, pode-se sistematizar o ensino da leitura e da escrita, comeando pelo texto natural, significativo (e no por um texto acartilhado) e caminhargradativamentenadireodoconhecimentode palavras, slabas, letras e regras ortogrficas.

Sugestes didticas para melhorar a competncia textual e a expresso oral Parfrase:pediraoalunoquedigaamesmacoisalidadeum outro jeito, que conte uma histria, narrada pela professora, com suas prprias palavras. Resumo:proporresumosoraisdeumahistria,umcaptulode novela ou uma notcia. Ensinar que no resumo destacamos aquilo queconsideramosmaisimportante,oquerealmentenopode faltar. Produodeumtextoapartirdeumttulodado:ttulosde histriasconhecidascomohistriasdefadas,lendas,fbulas, etc. podem ser usados para iniciar a atividade. Classificaodosdiversostiposdetextos:cadavezque apresentarumtexto,explicardequetipodetextosetrata:uma narrativa, uma poesia, um texto didtico, uma notcia jornalstica, um anncio, uma receita. Brincadeirascompalavras:pediradoisalunosquedigamcada qual uma palavra e a partir da deixar a turma criar uma histria. Reproduodehistrias:Noexemploabaixo,hmuitas repetiesemodosdedizertpicosdalnguaoral.Histrias assimpodemserretrabalhadasparaficardeacordocomas convenes da escrita. A bruxa tava fazendo comida. Ela botou o dedo no fogo, ela queimou. A foi passear na gua, viu o jacar. O jacar comeu ela, a ele levou pro mar, a, ela caiu l dentro e foi embora. (Teixeira apud Carvalho, 2005: 56) 41 Avaliao na Alfabetizao Namedidaemqueforpossvel,oprofessordeveobservaro trabalhodiriodeseusalunos,circulandopelaclasse, conversando e discutindo a respeito das atividades. Aobservaoatentaindicaaoprofessorfatores importantssimos,como:adequaodoassunto,tempode execuo,interesseindividualedaclasse,conclusodas atividades.Assim,aobservaoporpartedoprofessorserve paraavaliarnososeutrabalho,mastambmodeseus alunosumindicadorparaacontinuidade,ouno,desua prtica pedaggica. De maneira geral, avaliar a qualidade dos trabalhos executados mais coerente do que atribuir valores numricos a eles, visto que, muitasvezes,esseprocedimentonosuficientepara representar a realidade dos alunos no que se refere apreenso de conceitos e contedos. Infelizmente, nosso ano escolar interrompido por frias no ms de dezembro, o que pressupe que uma etapa de aprendizagem foicumprida,enemsempreissoreal.Nodecorrerdoano, temosqueavaliaroalunoquantitativa,numricae estatisticamente. O processo de avaliao muito delicado, porque dele depende, inclusive,aposturadoaluno:aceitaoourevolta.importante queoalunotenhaconhecimentodostiposedosmodosde avaliao (contnua e diversificada) do professor e saiba por que lheforamatribudosdeterminadosconceitosoudeterminada mdia. Antesdeefetuaraavaliao,precisamosnoscolocaralgumas perguntaseprdeterminarasrespostasparaqueosalunosno se sintam prejudicados: Oquequeremosavaliar?Memria,ateno,raciocnio, interpretao, leitura, sistematizao, criatividade, assimilao do contedo. Comoqueremosavaliar?Objetivaousubjetivamente,demodo parcial ou imparcial, quantitativa ou qualitativamente, visando aos contedosousfasesdedesenvolvimento. Porqueavaliar?Paradeterminarnossaprticaouparasaber os resultados dessa prtica com relao aos nossos alunos, para 42 completar tarjetas e boletins, para colaborar com a estatstica da Educao,para detectarnossasdificuldadese/ouas denossos alunos, para buscar uma nova orientao nas mudanas tericas e prticas, para confirmar a eficincia da nossa prtica de ensino. Vamosavaliaroindivduoseparadamenteouumalunoem relao classe? Devo consider-lo independentemente ou devo compar-lo com o grupo ou com os alunos de outra classe? Avaliarnopressupeerros,falhas,defeitos,massimenvolve determinarovalordaaoeducadoraeodesenvolvimento individualdecadaum.Avaliarsignificadescobriroalunoem relao a ele mesmo. A coerncia da avaliao no que se refere ao modo de sentir e de serdacrianafortalecearelaoprofessor-aluno:oprofessor colabora com o desenvolvimento do aluno e se sente feliz com o progressodotrabalhodeleoalunoaceitacomsatisfaoas intervenes do professor e se sente produtivo e confiante. Invariavelmente, o processo de avaliao est relacionado com a maneiracomooprofessorvomundoecomomodelodidtico queutiliza.Emgeral,quandosefalaemavaliao,pensa-se imediatamentenoprocessodeavaliaotradicional,emquea escola assume o papel autoritrio, fechado, cclico, e o professor manda, ensina e julga. Quando se pensano processo de avaliao, impossvel deixar derefletirsobreoerro.Oerrotornaaspessoasvulnerveise uma questo desconfortante, que cria culpas e pecados. Para compensar a culpa, normalmente h uma complacncia em relao a ele, ao mesmo tempo que h uma preocupao em no comet-lo. O erro ope-se ao acerto, que considerado verdadeiro e bom. Dopontodevistapiagetiano,osconceitossoconstrudosnum processo de autoregulao. Regulaooconjuntodeaspectosdoprocessosegundoos quaisprecisamoscorrigirascoisas.Humobjetivoaser alcanado e algumas aes levam a esse objetivo outras aes, aquelasquenolevamaoobjetivo,devemserrepensadase corrigidas.Assim,apreocupaomaiornodeveseroerroo 43 queimportaaaoeofeedbackqueoerrodesencadeiano processo. Acrianaqueerraestconvivendocomumahiptesede trabalho no-adequada. Nem por isso deixa de estar num momento evolutivo no processo de aquisio de conhecimento. Ao educador cabe diagnosticar o erro e, por meio dele, observar comtransparnciaodesenvolvimentodeseualuno.Apartir dessaobservaoelepodecriarconflitosparadesestabilizaras certezasehiptesesnoadequadasqueacrianatemsobre determinadoassunto,eassimpermitirseudesenvolvimento cognitivo. Em outras palavras: Oprocessodeavaliaoestrelacionadomaneiracomo professorealunovemomundo,comomodelodidticoque utilizam.Assim,temos:avaliaodiagnstica,formativae somativa. Alm de diagnosticar o erro, cabe ao professor ajudar o aluno a reformularsuashipteseslingusticas. Oalunoconstrioconhecimentonumcontnuoprocessode autorregulao. Polticas Pblicas e o Atendimento s crianas de 0 a 6 anos Analisandoasltimasdcadas,pode-seenfatizarque,desde 1988,constata-sequatromarcosimportantesparaavalorizao da criana e de sua educao, no Brasil: a Constituio de 88; o EstatutodaCrianaedoAdolescente(ECA);aLeiOrgnicade Assistncia Social (LOAS), de 1993; e a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional 9394/96 (LDBEN). Noentanto,nodesprezandoaimportnciadosdemaismarcos referidos, sero analisados, neste captulo, a Constituio de 88 e aLDBEN,porestaremmaisrelacionadoscomoobjetodeste mdulo,queversasobreaaprticadoprofessor,nocampoda Educao Infantil. Pela Constituio de 88, a criana passa a ter direito educao pblica,quedeveserassegurada,desdeoseunascimentoe deve ser diferenciada da educao familiar e social. O que antes 44 eraconsideradocomofavordoEstadoedireitodafamlia,toma outrosentido,poisacriana,agora,passaatergarantias fundamentaisparaoseudesenvolvimentointegral,enquanto cidado, em processo de formao. As transformaes ocorridas no mbito da Educao Infantil vm seconfigurandoaoladodaslutasrealizadaspelosmovimentos sociais e, tambm pelo [...] rico processo polticopedaggico que envolveu variados setores sociais. (OLIVEIRA, 2002, p.35). A conquista do direito constitucional educao das crianas pequenas e a ampliao da rede de creches e pr-escolas so conseqncias diretas da organizao popular, sejanomovimentodasmulheres,sejanasassociaesdemoradoresou,ainda,na organizao dos trabalhadores em sindicatos. (SILVA, 1999, p. 50). AConstituioFederaldeterminaqueacrianadeveservista comosujeitodedireitose,assim,elapassaaserreconhecida comocidademdesenvolvimento,requerendo,ento,uma atenoindividualizada.Segundoessepreceitoconstitucional, lhe assegurado, o acesso a uma Educao Infantil de qualidade quecontribuaparaseudesenvolvimentoefetivo.Ascrechese pr-escolaspassamasermencionadas,noreferidodocumento normativo, no captulo referente educao. Segundo Silva (2001), a constatao, nesse perodo, do elevado ndicedeprofissionaisdaeducaoleigos,provocaumdebate emtornodaqualidadedoatendimentooferecidoemcrechese pr-escolas e, tambm, da necessidade de uma melhor formao dos profissionais da educao para as crianas de 0 a 6 anos de idade. AquestodoprofissionaldaEducaoInfantiladquire,ento,centralidade,tantodo pontodevistadaqualidadedotrabalhodesenvolvidocomacriana,quantodo reconhecimentodequeaEducaoInfantil,especialmenteacreche,fazparteda educao. (SILVA, 2001, p.11). Com a conscientizao do direito educao e o reconhecimento dequeacrianade0at6anosnecessitadeumaformao integral, em seus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social, queextrapolaoslimitesdaeducaofamiliar,abre-secaminho paratodaumanovaperspectivaeducacional.Dessaforma, constata-seumarelativavalorizaodosprofissionaisque exercemafunodeeducarecuidar,nasinstituiesde Educao Infantil. 45 Apartirdeento,vemseobservandodeummodogeral,um reconhecimento da importncia da educao de crianas de 0 a 6 anos.Nestesentido,cresceaconscientizaodequeas questesculturais,sociaisefamiliares,tambm,sodegrande importncia no desenvolvimento do indivduo. Apesardocompromissocomumresultadoescolarqueaescolapriorizaeque,em geral, resulta numa padronizao, esto em jogo na Educao Infantil as garantias dos direitosdascrianasaobemestar,expresso,aomovimento,segurana, brincadeira, natureza, e tambm ao conhecimento produzido e a produzir (ROCHA, 2001, p. 32). Essanovamaneiradevalorizaraeducaodacrianasignifica umgrandeavanoquesetraduz,noreconhecimentodaslutas sociaisque reivindicavamo direito educao,paraascrianas pequenas. ALeideDiretrizeseBasesdaEducaoNacionalde1996 promove um grande avano no campo em apreo, pois o ensino infantilpassaaserreconhecidocomoaprimeiraetapada Educao Bsica. Contudo,apesar disso,percebe-se que essa educao,ainda, poucoreconhecidaevalorizadapelosgestoresdaspolticas pblicas.SegundoinformaescontidasnoAtlasdo DesenvolvimentoHumanonoBrasil,em2000,referidaspor Rodrigues(2003),aEducaoInfantilosetormaisvulnervel da educao brasileira. Noatualcontexto,comojfoimencionado,osdocumentos normativosenfatizamqueacrianadeveserreconhecidacomo sujeito socialdedireitosequecrechesepr-escolasdevemser garantidasatodos,contudo,nemsempreessepreceitolegal, vem sendo cumprido. SegundoCampos(2002),noBrasil,humadistnciaentrea legislao e a realidadena qual estamosinseridos.Assimpode-seconstatarpontosdecontrasteentreoqueestnopapeleo que se observa no real, isto , entre o proclamado e o realizado. Outra caracterstica de nossos instrumentos legais e de nossa prtica de planejamento a opo por diretrizes amplas e a ausncia de previso de mecanismos operacionais efetivosquegarantamaaplicaodaquelesprincpiosnarealidade,nadireo implcita nos objetivos gerais. (CAMPOS, 2002, p.28). 46 Nadcadade90,opaspassaporproblemaspolticose econmicos, o que acarretou conteno de despesas, sobretudo, no campo educacional. Nesseperodo,aspolticaseducacionaisnoPaspassamaser influenciadaspeloBancoMundial(BM).Apartirdeento, constata-setantoacarnciadeinvestimentosnaEducao Infantil,quantoamudanadodiscursoquedeixadeenfatizara educaoeocuidadoparapriorizarosndicesde desenvolvimento infantil. Assim, nas duas gestes de FHC, a Educao Infantil preterida, a favor da universalizao do Ensino Fundamental. Vale registrar, quenoreferidoGoverno,dadograndeincentivospropostas paraaexpansodaEducaoInfantil,atravsdemodelosno formais de ensino. Assim,aeducaoquederaumaarrancadaem88,comeaa sofrer retrocessos, devido crise vigente. Campos (2002) explica queosretrocessossedevemfaltadeumalegislaoque completasse e regulamentasse os setores educacionais e, sendo, tambm, decorrentes: [...]dafaltadeimplementaodoqueseencontradefinidoemlei,tudoissotendo como pano de fundo um discurso que denuncia a Constituio de 88 como entrave ao desenvolvimentoequepregaadesresponsabilizaodoEstadoemrelaoauma gama de esferas de ao pblica (CAMPOS, 2002, p.28). O processo de descentralizao das responsabilidades do Estado e,muitasvezes,asuaomisso,serviramparatransferiras responsabilidades governamentais para as ONGS (Organizaes no Governamentais) e para instituies de carter privado. Poroutrolado,oqueeraderesponsabilidadedopoderpblico federale/ouestatalpassouaserdosmunicpiosquenamaioria das vezes, no possuem condies adequadas para arcar com o custeio da Educao Infantil e do Ensino Fundamental, conforme lhes tem sido atribudo. A Constituio j referida deixa isso claro no art. 208. Inciso IV, o deverdoestadocomaeducaoserefetivadomediantea garantiade:IV-atendimentoemcrechesepr-escolass crianas de zero a seis anos de idade. 47 Noentanto,aConstituio,aoregulamentaraemenda constitucionaln.14,noart.211,2,asseguraqueessa responsabilidadepassaaserdosmunicpios.Osmunicpios atuaroprioritariamentenoEnsinoFundamentalenaEducao Infantil. AConstituiode1988,noartigoacimacitado,enftica garantindoa igualdade desses dois nveis de ensino. Entretanto, na Lei 9394/96, no seu artigo 11, Inciso V, h uma contradio no queserefereaoatendimentoigualitrioEducaoInfantil, quandoseexplicita[...]e,comprioridade,oEnsino Fundamental. Dessa forma, os municpios incumbir-se-o de: [...] oferecer a Educao Infantil em creches e pr-escolas, e, com prioridade, o Ensino Fundamental,permitidaaatuaoemoutrosnveisdeensinosomentequando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua rea de competncia e com recursos acima dos percentuais vinculados pela Constituio Federal a manuteno e desenvolvimento do ensino. (LDBEN, art.11, Inciso V, p. 9). Portanto, quando se analisa o art. 212, da Constituio, no seu 3,compreende-se,melhor,aprioridadedadaaoEnsino Fundamental, na distribuio de recursos financeiros, pelo fato de eleserobrigatrio,poisseconstituicomoumdireitopblico subjetivo. Assim, percebe-se, mais uma vez, uma secundarizao da Educao Infantil, pois segundo a LDB, em vigor, a educao nesse nvel de ensino um direito e no uma obrigao nem do Estado, nem do indivduo. Segundo Vieira (2003), [...] cabe ao Estado, sobretudo, ao poder pblicomunicipal,oferecerscrianaspequenasoportunidades de acesso s instituies infantis educativas, compartilhando com a famlia a sua educao e socializao. Nas Disposies Transitrias da LDB, de 1996, no seu art. 87, foi institudaadcadadaeducao,acontarapartirdasua publicao. Segundoopargrafo3,destedocumento,cadamunicpioe, supletivamente, o Estado e a Unio, devero: I - matricular todos os educandos a partir de sete anos de idade e, facultativamente, a partir dos seis anos, no Ensino Fundamental. Entretanto,noart.30,daSeoIIqueversasobreaEducao Infantil explicitado que esse nvel de ensino ser oferecido em 48 [...],dandonfase,maisumavez,aodescasoparacoma educao das crianas pequenas. Oproblemaestligadoconstruoformallingstica,isto:a EducaoInfantilcontinuasendoumdireito,comoumaoferta, masatenderdemandaprerrogativadoEnsinoFundamental. Sendo assim,a criao decreches, umareivindicao antigado MovimentoPr-creches,defendidaprincipalmentepelas mulheres, continua no sendo, totalmente, contemplada, pois no se tem conseguido atender grande demanda e s necessidades efetivas das famlias. De acordo com o artigo 7 da Constituio Federal, inciso XXV, direitos do trabalhadores/trabalhadoras: a assistncia gratuita aos filhosedependentes,desdeonascimentoatos6anosde idade,emcrechesepr-escolas,enfatizandoqueessedireito dasprpriascrianas.Destaforma, esse preceito normativo tem sido pouco atendido. Considera-sequeasreflexes,debateseconquistasque afetaram, positivamente, o ethos da Educao Infantil precisa ser consideradopelosgestoresdaspolticaspblicas,paraque sejamminimizadasasdiferenasdetratamentoexistentesentre esse nvel de ensino e o Ensino Fundamental. importante ressaltar, que no se est discutindo a importncia, ou no, da faixa etria dos 7 aos 14 anos, ou em outras palavras, aetapacorrespondenteobrigatoriedadeegratuidadede ensino.Atporque,tem-seconscinciadosproblemas enfrentadosporessaetapadoensino,principalmente,em relaocriaodepolticasefetivas,quegarantamumensino pblicodequalidade,poisosndicesdeevasoerepetncia, ainda,somuitorepresentativos.Trata-sededefendera importnciadaEducaoInfantil,inclusive,paraamelhoriado Ensino Fundamental. Observa-se,queatualmente,osgestoresdaspolticaspblicas, pelomenosnoplanododiscurso,tmsepreocupadomaiscom as propostas e direcionamentos para a Educao Infantil. Assim, foram elaborados, no perodo de 1997-98, os Referenciais CurricularesNacionaisparaaEducaoInfantil(RCNEI),que viabilizou,umcertodirecionamento,paraesseensino.Todavia, grande parte das escolas tem usado o documento como mtodo, 49 commuitaortodoxia,nolevandoemconsideraoacultura organizacional da instituio. O documentocitadofoiconcebidopara se tornaruma referncia paraasescolas,objetivandoredirecionarotrabalhopedaggico, paraobtenodeumamaiorqualidade.Nessesentido,buscou orientaroprofessornoseutrabalhodeplanejar,criarem dinmicaseprocessoseducativos,compatveiscomo desenvolvimentodacriana,seguindoasinteneseducativas pr-estabelecidas. SegundoessasDiretrizese,emconsonnciacomaLDBEN,a EducaoInfantil,seconstituicomo1etapadaeducao bsica,passaaserorganizada,daseguinteforma:I-creches, ouentidadesequivalentes,paracrianasdeattrsanosde idades; II- pr-escolas, para as crianas de quatro a seis anos de idade ( LDBEN, art.30, 1996, p.17). Osmencionadosreferenciaisapontamparaasuperaodo enfoque assistencialista, na medida em que conferem uma maior importnciaaocarterpedaggico,daEducaoInfantil. importantesalientarqueosRCNEItmsuscitadomuitos questionamentos,poisnocontemplaarealidadeeas necessidadesdamaioriadasescolasbrasileiras,existeuma polmicanombitodessesreferenciais,poisodocumento:no contemplaaformaodosprofissionaisparaessenvelde ensino;desconsideraasdiversasprticaseexperincias acumuladas pelos docentes da Educao Infantil. Adivisoporidades,propostapelosreferenciais,emborapossa parecer arbitrria, vista sob a tica da teoria do desenvolvimento humano,objetivaatenderaosaspectossociais,emocionais, cognitivos, que possuem similaridades dentro de cada faixa etria da criana. Contudo, persiste ainda, certa confuso quanto s nomenclaturas referentesdivisoeclassificaodasidades,nonvelde ensino em apreo. Geralmente, a creche destinada s crianas de 0 a 3 anos e, a pr-escola,destina-sefaixaetriaentre4e6anos,masessa divisoorganizativapodevariarconformeregies,escolas,etc. Essa indeterminao advm, tambm, das diferentes concepes priorizadastantoporentidadesassistencialistaseeducacionais, 50 quantoporinstituiespblicaseprivadas.Atualmente,se observacertapreocupao,nosentidodesebuscaruma homogeneizao entre as diferentes classificaes. Rosemberg (2002) ressalta que, nem a Constituio de 88, nem a LDBEN,conceituamediferenciamascrechesdaspr-escolas, no sentido de deixar claro, os pontos em que eles se aproximam ou se afastam, a no ser pela idade, como j foi citado. NaEducaoInfantilessadivisoporidadesvemcausando problemas, na medida em que,algumas crianas, so obrigadas amudardeinstituio,principalmente,nascreches,porno pertenceremmaisfaixaetriacompreendidaentre0a3anos. Como pontua Campos, essasmudanasprovocam,muitasvezes,dificuldadesadicionaisparaasfamlias, principalmentenosgrandescentros,poisirmosdediferentesidadestmde freqentarunidadesseparadas,emhorriosnemsemprecompatveis.(CAMPOS, 2002, p.29). Portanto,importantenogeneralizar,poismuitasescolasj esto preocupadas em unificar esse atendimento, centralizando-o nosdenominadosCentrosdeEducaoInfantil,quevisam oferecer uma educao que relacione educao com cuidado. Campos(2002),afirmaquejexistemcasosdeprefeituras,que estooferecendoatendimentoscrianasde0a6anos,nesse formato. A assistncia adequada e integrada para as crianas de at quatro anos deixa muito a desejar, tanto em nvel quantitativo, quantoemqualitativo;isso,talvezpossaserexplicadopelaj relatada histria das creches, no Brasil.

A ESCOLARIZAO DE CRIANAS DE 6 ANOS Na contemporaneidade, vrias mudanas vm ocorrendo no nvel da Educao Infantil, principalmente, no que tange organizao dosestabelecimentosestaduaisemunicipaisquese estruturavam pelo sistema da seriao. Atualmente, tem se dado a prioridade aos ciclos que agrupam os alunos por faixas etrias e,nocicloinicial,emalgumasredes,crianasde6anos passaram a ser incorporadas. AampliaodoEnsinoFundamentalparanoveanos,no explicitadanaConstituioFederalde88e,nem,naLDBEN.O 51 artigo32destaLeiexplicitaqueoEnsinoFundamental,com duraomnimade8anos,obrigatrioegratuitonaescola pblica. No entanto, o artigo 87, no seu Inciso I - 3, explica que cadaMunicpioe,supletivamente,oEstadoeaUnio,dever matricular todos os educandos, a partir de sete anos de idade e, facultativamente, a partir dos seis anos, no Ensino Fundamental. ComomencionaRosemberg(2001),entreosanosde1995a 1999, o percentual de crianas de 6 anos matriculadas no Ensino Fundamentalpassoude19,7%para22,3%.Entretanto,essa inclusovemsendofeita,deformaintempestiva,semodevido planejamento. Apesar de algumas iniciativas, podese afirmar, que agrandemaioriadosprofessores,nofoienemestsendo preparada,paraassumirestedesafio.Entretanto,atualmente,j possvelperceberumamaiorpreocupaocomessa preparao. Contudo,depoimentosdeprofissionaisdaeducaodenunciam queessainclusogeraproblemas:carnciadeprofessores qualificadosparatrabalharcomaEducaoInfantil;faltade mobilirioerecursosdidticosapropriadosespecificidade dessafaixaetriae,atmesmo,faltadeespao,emalgumas escolas,parainstalarsalasparaaEducaoInfantil,havendo inclusive,casosnosquaisusadaumaespciedeensino itinerante; ou seja, uma turma fica no ptio, enquanto a outra fica na sala, havendo, aps de certo tempo, um rodzio. Noentanto,pode-selevantarahiptese,dequeessaincluso sejamaisumajogadapoltica,paradesviaraverbadoEnsino Fundamental para a Educao Infantil, j que o FUNDEF (Fundo de Manuteno e Desenvolvimento de Ensino Fundamental e de Valorizao do Magistrio), no contempla o nvel infantil e, este, no conta com recursos prprios de financiamento. ComopontuaOliveira(2003a,p.151),OfatodoFundefno financiar a EducaoInfantil[...]temlevado muitosmunicpiosa distorceremasuarealidadeeducacional,rebaixando artificialmenteaidadedoinciodoEnsinoFundamental,oque traz muitos prejuzos para os estudantes sendo contrria idade legal,previstaparaaprimeiraetapadaeducaobsica,que de 0 a 6 anos. 52 notrioqueaoincluircrianasde6anos,noEnsino Fundamental,fazsenecessriaadefiniodoprocessode aprendizagem. Essa incluso, por outro lado, contraria a LDBEN, deacordocomoMovimentoInterfrunsdeEducaoInfantil (2002), pois se trabalha, novamente, na perspectiva da educao compensatria,que temcomo metao combatereprovaoe evasona1srie,semhaverumarealpreocupaoparacom as crianas pequenas. Dessaforma,aEducaoInfantil,previstanosdocumentos normativosparaoatendimentodecrianasde0a6anos,se reduziria, a apenas um ano, no caso das escolas pblicas. Emdecorrncia,pode-seafirmarque,opoderpblico,se desobriga, com essa decantada incluso, de garantir o ensino, na faixa etria de 0 a 5 anos, que como se sabe, fundamental para o desenvolvimento das crianas. SegundoRizzo(1982),JooHenriquePestalozzijdefendiaa ideia de que a criana comeasse a sua aprendizagem, desde o nascimento e que a infncia no um mero perodo de latncia e espera para se tornar adulto. Diante de pensamentos como esse, percebe-se a importncia de investimentos concretos nessa fase do desenvolvimento, pois a Educao Infantil se constitui como o principal alicerce na formao do homem. Bibliografia/Links Recomendados -Vdeos:https://www.youtube.com/user/ceelufpe e https://www.youtube.com/user/Cnamarcos

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