Cosmogéne, Geometria Sagrada e Os Símbolos da Tradição (2014) - Hugo Martins

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    Cosmognese, Geometria Sagrada e os Smbolos da Tradio Comunidade Tergica Portuguesa

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    HUGO MARTINS

    COSMOGNESE, GEOMETRIA SAGRADAE OS SMBOLOS DA TRADIO

    COMUNIDADE TERGICA PORTUGUESASINTRA

    2014

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    COSMOGNESE, GEOMETRIA SAGRADAE OS SMBOLOS DA TRADIO

    (Subsdios ao estudo teosfico do Cosmos)

    HUGO MARTINS

    14.4.2014

    INTRODUO

    A utilizao da linguagem simblica como mtodo pedaggico neste estudo, nada mais

    do que a constatao de que o smbolo sempre foi o mtodo primrio e principal dos Iniciadospara expressar verdades transcendentais ou metafsicas. Como explica Roberto Lucola, svezes os smbolos revelam mais do que as palavras, tm a virtude de transmitir determinadosconceitos sem deturpar os seus fundamentos. No podem ser afectados pelo tempo, pelas modase suas invocaespossuem o carcter de eternidade. O Simbolismo Inicitico apela mais para oMental Abstracto (ou Superior) das criaturas humanas, o que abre um leque de interpretaesmuito amplo. E o sentido inicitico de toda a Obra que proclamamos direccionado ntima e

    perenemente ao Mental Superior do Homem, o qual muitas vezes para a maioria do pblicoinculto em matria espiritual ou inicitica aparenta ser um discurso confuso e complicado pormais que se o tente simplificar, inclusive recorrendo aos mais variados e usuais mtodos

    pedaggicos, mas a verdade que a regularidade das vidas humanas est centrada no Mental

    Inferior muito apegado ao Corpo Emocional (ou Astral), limitando a abertura da percepo pararealidades diferentes e imperceptveis porque superiores aos cincos sentidos comuns, tornando-seassim necessrias as prticas do estudo, meditao e ritualstica com o fim de desenvolver ochamado Corpo Causal, para alguns Veculo de Esprito Santo, para que o Homem consigavislumbrar o sentido de Eternidade presente em tudo e todas as coisas, incluindo nele prprio. OSimbolismo como imago fundamental ao referido Mental Superior, sustenta-se por sua vez naGeometria Sagrada, cincia sempre utilizada ao longo da Histria por eminentes cabalistas,gnsticos e alquimistas na compreenso e explicao da Criao, sendo uma das principaisCHAVES DO CONHECIMENTO SUPERIOR ou INICITICO, segundo as palavras deSebastio Vieira Vidal, tornando-se razo mais que suficiente para a utilizarmos como mtodo

    pedaggico neste estudo.

    Contudo, queremos deixar a observao de que o Cosmos aqui tratado segundo aconcepo teosfica, distinto do mesmo Cosmos da Fsica actual. Enquanto o fsico assumeque tudo o que conhecido na harmonia do Cosmos incriado e eterno, que existe agora deforma sempre igual num conjunto de leis resultantes de acidentes nunca inteiramente explicveismas cujos efeitos parecem no ter fim. Por outro lado, a concepo metafsica ou teosficaassume o Cosmos como eterno mas ao mesmo tempo criador. A sua anlise no se baseia s numconjunto de comparaes de medidas e grandezas do corpo do Universo conhecido atravs daMatemtica, mas tambm da constatao de leis universais como reflexo da Causa original erepercutindo no tempo futuro da prpria Criao. No fundo, a Criao o espelho do prprioCriador, que cria e recria ao longo de diversos fenmenos aparentemente inexistentes ou no

    perceptveis ao Gnero Humano comum, dando a ideia de estagnao e imutabilidade na varivelTempo. Contudo, no sendo o tempo dos homens o tempo dos Deuses, igualmente todas ascertezas de hoje no sero as do Amanh, facto justificado pelo princpio de que tudo mudana

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    ou mutvel e nada permanece eterno a no ser a prpria mudana ou mutao desenrolando-seindefinidamente sempre galgando estgios de perfeio de forma e de ser cada vez maiores ematematicamente mais completos que antes o que pressupe a presena de uma IntelignciaUniversal como Substncia da Vida e da Forma h qual os filosofias destas chamam Deus .Posto isto, s podemos conceber o Universo como sendo algo incriado e criador ele , ao

    mesmo tempo, o poema e o poeta, ele prprio.Tentaremos, portanto, explicar de forma sistematizada o tema em questo com o intuito

    de abrir algumas portas que eventualmente possam ou pudessem estar fechadas sobre o assunto,ou simplesmente confirmar e/ou recapitular o que anteriormente j era, por parte do leitor, umdado adquirido.

    O FOGO SAGRADO E O PRINCPIO DO COSMOS

    O maior, o mais nobre e o mais escondidotesouro do Universo o elemento Fogo

    Uma das grandes questes que sempre preocupou o Homem desde que passou a terpossibilidade de utilizar o dom da razo, foi o da origem de tudo e de todas a coisas, incluindodele mesmo. Compreendendo que ele prprio parte integrante da Matria constituda daSubstncia do Universo onde reside ou tem o ser, o seu objectivo derradeiro e supremo foisempre o de perceber o Princpio que sustm todo este imenso palco da Vida. A questofundamental que levou os filsofos da Antiguidade a reflectir sobre o significado da Vida e doCosmos de forma abrangente, foi a da origem das coisas existentes, a desse SubstratoPrimordial, esse Quid, essa Coisa que alimenta a Unidade fundamental que subjaze aos seres;Lei merc da qual tudo uno em essncia na sua multiplicidade de formas, todas as coisas so

    plurais sem no entanto haver descontinuidade singular entre os Mundos visvel e invisvel, o quetanto intriga filsofos e telogos cujas preocupaes fsicas e metafsicas mais de estar doque de ser. Compreender isto compreender a origem e essncia de tudo e de todos. Paracomearem esta dispora na compreenso do Princpio Original, os filsofos ocidentais olharame meditaram sobre a Natureza que se lhes apresentava diante dos olhos. No entanto, no sabendoqual era a Coisa que antecedeu a existncia de tudo, eles assumiram que a mesma haveria decerta forma estar presente no Mundo criado, iniciando-se assim uma cruzada filosfica naexplicao e busca da Origem Primordial encarnada num dos quatro elementos da Natureza Terra, gua, Fogo e Ar. Qual deles seria ento o elemento original?

    O estudo acerca da Natureza na investigao

    dos primeiros princpios naturais ou elementosclssicos por uma hermenutica fisiolgica, foiprotagonizado no perodo pr-socrtico pela EscolaJnica que desenvolveu-se em Mileto, na Jnia, nossculos VI e V a. C. Nesta, com seus principais

    pensadores e continuadores em conformidade relao de mestre e discpulo, encontramos os nomescelebrizados de Tales (o prncipe, como lhechamou Aristteles), Anaximandro, Anaxmenes,Anaxgoras, Arquelau e finalmente o obscuroHerclito. Dentre esses, o que maior relevncia teve e

    contributo deu para o esclarecimento da questo empauta, foi Herclito, assumindo que seria o Fogo aorigem de todas as coisas e o fim de todas elas, seja

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    por transformao, seja por sublimao, seja por condensao. Impe-se acrescentar aqui que elereferia-se ao Fogo Csmico, Primordial, de que o Fogo Elemental era a expresso mais densa ouvisvel. O Fogo prope-se como uma corrente em que h curso e recurso, ou seja, uma oposiodos contrrios pela qual os seres se geram, e por cuja concordncia os mesmos seres vo seintegrando de novo no seio do Oceano eterno. Esta converso dos opostos, explica o filsofo,

    ocorria por um movimento de cima para baixo mediante o qual oFogo, aEnergia da Vida, secondensava no Cosmos manifestado, visvel, mas tambm havendo o seu movimentocomplementar de baixo para cima, que permitia ao denso, Terra, se rarefazer

    progressivamente regressando ao estado primordial de Fogo Invisvel como primeiro aspecto daSubstncia Absoluta. Portanto, seria como Fogo que o Esprito desceria Matria e por ele aMatria remontaria ao Esprito funcionando como o Agente Universal, responsvel pelamanifestao da Vida. No fundo, trata-se do mesmo Princpio Flogstico ou Agni, o FogoSagrado e Divino progenitor do Cosmos manifestado, como j afirmavam os Vedasou EscriturasSagradas do Oriente, no qual se fundamenta a Unidade na Multiplicidade csmica dando razo ecoerncia sua coexistncia mtua. S percorrendo a Via do Fogo Sublimador que se atinge aUnidade Primordial, o Princpio Original de tudo e todas as coisas, por tratar-se de progredir na

    compreenso do que seja a intimidade da Energia Vital manifestada como luz, calor e chama. penetrar na essncia do Invisvel, na realidade ntima das coisas, evoluir na Senda daIntegrao, o Caminho que vai da Conscincia Humana Conscincia Divina, da Personalidade Individualidade, ao Eu Superior, o Ego Espiritual. Assim, tal como a Cincia acadmicaassume a gua como a geradora da Vida Fsica, a Tradio Inicitica das Idades assume o Fogocomo gerador da gua pelo Vento e a Terra dando a humidade que se cristaliza como lquido,

    pelo que ele o gerador da Vida imanente e transcendente, o invisvelIgnis Vitae. J o grandepoeta portugus, Lus Vaz de Cames, afirmava que o Amor fogo que arde sem se ver, assimesboando magnificamente a ideia do invisvel, do misterioso que o Amor (todos o sentem quando sentem mas no o vem) associado ao Princpio gerador do mesmo, o FogoSagrado, o Fogo Purificador, a Alma Gloriosa do Sol ou Anima Ignis. Tambm o jesutailuminado e grande Paiu ou Pai dos ndios tupis e tupinambs brasileiros, Padre AntnioVieira, disse o mesmo sobre o Fogo no seu quinto volume de Sermes: o maior, o mais nobre e omais escondido tesouro do Universo o quarto elemento, o Fogo. Na realidade, repetimos, ele

    referia-se ao Fogo Primordial, tambm chamadoVayu, Surya e Fohat nas Escrituras Vdicas onde amaioria dos filsofos clssicos greco-latinos foi bebera inspirao, a comear por Pitgoras at chegar aPlato. O mesmo levaria nos sculos XIV-XVI osmsticos Rosacruzes a destacarem-no atravs dologogrifo I.N.R.I., com o significado latino de Ignis

    Natura Renovatur Integra (Pelo Fogo se renova aNatureza inteira), ou mesmo na alegoria hermticada misteriosa salamandra que vive e se banha naslabaredas do fogo, expressiva do Fogo Secretoutilizado pelos Alquimistas da Idade Mdia, tambmconhecidos como Filsofos do Fogo, mas no fundo

    ambas as alegorias expressando a mesma realidade do Principio Flogstico ou Fogo Espiritualda Natureza (segundo Paracelso), genesaco e oculto em tudo e todas as coisas.

    Sim, glria, muita glria a ti, Agni, Alma Gloriosa do Sol!

    O LOGOS E A LEIDeus Uno em Essncia, Trino em Manifestao e Sptulo em Evoluo

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    Compreendendo que o Princpio Original manifestou-se na Natureza atravs do Fogo,podemos dar agora incio ao estudo da Cosmognese, debruando-nos sobre o conceito deSubstncia. Todo o efeito tem uma causa, e toda a causa tem uma origem. Torna-se assiminevitvel fazer a pergunta: qual , portanto, a primeira causa de todas? A origem das origens, o

    principio de tudo? No h outra forma de conceber esse princpio fundamental como no sendo o

    de algo primordial, que no tem princpio nem tem fim, no tem passado, presente nem futuroporque transcende o tempo, no sustentado por nada porque que se sustenta a si mesmo, notem uma causa porque ela a sua prpria causa a causa per si. A essa concepo dado onome de Substncia Primordial. Nas diversas tradies vrios nomes foram dados ao mesmoconceito, como: oAbsoluto, oAin-Suph, o Svayambhuva, o Tudo-Nada, etc. Essa Substncia a

    plenitude abarcante de tudo. Os Sistemas Solares e toda a matria que os constitui nada mais sodo que a condensao ou materializao da Substncia Primordialque est na origem de todasas manifestaes, sejam elas de carcter fsico, emocional, mental ou espiritual. Contudo, nesteestado ela no um Ser, muito pelo contrrio, precisamente o no-Ser, razo suficiente paracriticar-se as diversas concepes religiosas de um Deus pessoal, antropomrfico, as quaistentaram fazer do seu Criador a sua prpria criao. A Sabedoria Inicitica ensina-nos que a

    Substncia Primordial o no-Ser, que passando do estado passivo ou indiferenciado para oactivo manifestado transforma-se no Ser, designado pelos orientais como TAT ou Aquilo.Enquanto imanifestada a Substncia eterna, mas ao entrar em actividade passa a ser limitada,com tempo de manifestao cclica, peridica, com princpio e fim bem definidos. Da dizer-se,nos meios ocultistas, que o Eterno antes de se manifestar apresenta-se no Espao Sem Limites,enquanto j manifestado apresenta-se noEspao Com Limites. A Substncia Primordial passa dono-Ser para o Ser atravs da sua primeira manifestao a polarizao. Para que tudo sejacriado ou manifestado, torna-se necessrio a polarizao. No pode haver manifestao sem

    polarizao. No entanto, a Fora que gera a separao, a dualidade, um verdadeiro mistrio dosdeuses, s sabemos que acontece, no entanto no sabemos como. seno como manifestao

    peridica da Unidade Indivisvel como Deus Pai-Me. Para todo o efeito, o certo que essapolarizao da Substncia Universal gera dois Centros Csmicos activos, conhecidos na tradiooriental pelos nomes de PURUSHA e PRAKRITI. O plo positivo Purusha, que na nossalngua corresponde aoEsprito, e o plo negativo Prakriti, ou aMatria. Tanto o Esprito comoa Matria no so permanentes. S existem durante um perodo de Manifestao Universal,chamado pelos brahmanes ou sacerdotes hindus deDia de Brahm, e tambm deManuntaraou

    Manvantara. No fundo,Brahmexpressa a Manifestao, o que j se polarizou, o que existe noMundo das Formas. Enquanto Parabrahm, que significa aquilo que est alm ou acima,expressa o Imanifestado, o que est alm de Brahm. Como diz Roberto Lucola, a origemsubjectiva de Brahm. Chegados a este ponto, podemos dar ao leitor um entendimentosimblico atravs da Geometria Sagrada. A Substncia Primordial e o estado de Imanifestao,

    Parabrahm, representam-se simbolicamente por um crculo, que expressa o Todo, o Absoluto,o Eterno, a Unidade de tudo e de todas as coisas e seres. Segundo a Geometria Sagrada, o crculo a figura matriz de que podem ser geradas todas as outras figuras, portanto, a figura primaz ou

    ponto de partida para as outras formas geomtricas. Segundo os cabalistas, melhor que o crculoser mesmo a prpria esfera aquela que melhor expressa o sentido de totalidade, visto no

    possuir princpio nem fim. No que diz respeito aos smbolos da Tradio, os antigos alquimistasexpressavam esta realidade atravs da alegoria da serpente mordendo a prpria cauda,designada como Ouroboros, dando tambm o sentido de movimento perptuo sem limites,infinito, tal como caracterizada a Substncia Primordial.

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    A partir do momento que a Substncia Primordial se manifesta e ocorre a polarizao, oEspao deixa de ser ilimitado e passa a ser limitado. Todos os Universos manifestados pelo Todosero delimitados por uma borda externa, separando o manifestado do que no est manifestado.Essa misteriosa regio do daqui no se passa, leva o nome tradicional de Ovo de

    Hiranyagharba,Ponto Layaou Ovo urico de Brahm. Corresponde aoPrimeiro Tronoou

    Primeira Diferenciao Divina comoPai Eternopara alm do qual s o Imanifestado ouEspaoSem Limites . Do ponto de vista geomtrico, simbolizado por um crculo com um pontocentral. Este smbolo muito profundo. Genericamente, diz-se que representa o Germe no Ovo,a Essncia na Matriz. O Eterno, obedecendo Lei Cclica de Manifestao, quando inicia acriao de um novo Universo ou de um novo Sistema Solar, delimita determinado espao, talcomo analogamente um construtor delimita a rea onde a construo vai ocorrer. Ao delimitar oespao que ser palco de um novo trabalho evolucional, por certo o Grande Arquitecto doUniverso no usar uma cerca mas algo incompreensvel para ns que os Iniciados chamam

    Akasha ou Segundo Trono, Mundo Intermedirio, Matriz que contm a Essncia da Vida e porisso chamada de Me Universal (Mulaprakriti, a raiz da Matria em todas as suas gradaes),

    portanto, sendo algo que separar o que vai manifestar-se daquilo que continuar imanifestado,

    que em ltima anlise o prprioEterno. Da a famosa afirmao de Plato: Deus geometriza.

    Apesar da delimitao do Ovo de Brahm, Aquilo que est dentro dele aindaconstitudo de Substncia Primordial indiferenciada, portanto, em estado de Caos ou Informe.Contudo, a parcela que fica delimitada pelo Eterno acarreta j consigo o Germe da Criao,simbolizado precisamente peloponto no centro do crculo. Contudo, nessa fase a diferena entreEsprito e Matria ainda no ocorreu, ambos so a mesma Essncia. Aquilo que designadocomo um aspecto de Parabrahm, Mulaprakriti, a raiz de toda a Matria, ganha forma como

    Prakritiapenas no perodo de Manvantara, e volta a desaparecer quando retorna ao perodo dePralaya (perodo de Repouso ou Noite de Brahm). Na realidade, mesmo aps a polarizaoEsprito e Matria no deixam de ser uma s e mesma coisa, por partilharem da mesma Essncia,e o que os distingue to-s o seu estado de configurao ou grau vibratrio caracterizado nadensidade dos diversos graus ou Planos Csmicos, desde o mais grosseiro ao mais subtil. Soidnticos em natureza mas diferentes em gradao. Este fenmeno da Manifestao ocorre paraque se d o milagre da Criao e da Vida. Como tal, o que ento vai acontecer o Esprito

    precisar de um veculo para manifestar-se, veculo esse que s a Matria pode proporcionar. Porsua vez, a Matria, se no for animada pelo Esprito morre e volta novamente ao estado catico

    primitivo. Se tudo isso assim no fosse, tanto o Esprito como a Matria no passariam desimples abstraces sem a complementao mtua.

    Do ponto de vista geomtrico, a melhor imagem encontrada para representar apolarizao de Purusha e Prakriti sem sombra de dvidas a famosssima vesica piscis.Tambm apelidada de amndoa msticaou, literalmente, bexiga de peixe, aquela figura que se

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    produz quando dois crculos de dimetro igual so desenhados um a partir do centro do outro.Em termos geomtricos sagrados, trata-se do ponto de derivao do tringulo equiltero e dalinha recta que parte do crculo.

    No seu sentido mais arcaico, segundo alguns especialistas, representa os rgos genitaisdaDeusa-Me, como ponto fsico de origem da Vida. Razo essa que levou-a a ocupar posio

    privilegiada na construo de edifcios sagrados e que ainda hoje podemos observar claramentenas catedrais e mosteiros da Idade Mdia, tornando-se assim expressiva do carcter feminino daIgreja (donde o evoco Santa Madre Igreja) ao mesmo tempo com Cristo circunspecto, emreferncia Sua dupla natureza (humana e divina) que tanta discusso gerou nos diversosconclios da Histria Eclesistica. Inclusivamente, na perseguio propagada contra os cristosque naturalmente levou os mesmos a adoptarem o secretismo e a discrio, o smbolo tomado

    para tal efeito foi exactamente o peixe ou ichthys, termo proveniente do grego helenstico, tomando aspecto atravs da forma geomtrica da vesica piscis, associada ao famoso

    milagre da multiplicao dos peixes (ou seja, da multiplicao dos seguidores da Igreja doCiclo de Peixes). A referida identificao entre irmos cristos procedia-se com o desenho dosinal em alguma superfcie de forma partilhada, onde o primeiro tomava a iniciativa de desenharum arco e o segundo, para identificar-se e corresponder ao primeiro, completava com umsegundo arco contrrio, constituindo por fim a figura do peixe. O sinal do peixe apesar de tersido largamente utilizado pelo Cristianismo adveio da Geometria Sagrada greco-egpcia,inclusive tendo sido instrumento matemtico pitagrico que Arquimedes, no sculo III a. C,utilizou designando-o de medida do peixe. Alm disso, a religio crist nasceu e desenvolveu-se atravs de uma relao astrolgica de profundo significado cabalstico ou inicitico, sendo o

    perodo designativo dela exactamente aErade Peixesdonde resultou toda a mitologia simblica volta do AVATARA Jesus Cristo como Pescador (Piscatoris Animas).

    Contudo, essa figura geomtricaencontra-se em quase todas as culturas doMundo, e no hemisfrio ocidental a suaimportncia est sobretudo envolvida coma Arquitectura por ser o ponto de partidadonde derivam todas as demais figurasgeomtricas, e da ser considerada a medos slidos geomtricos regularestradicionalmente conhecidos como os cinco

    slidos platnicos.

    Ela tambm designativa doSegundo Logos Criador, equivalente

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    Segunda Pessoa ou HipstaseAmor-Sabedoriada Trindade crist,Deus Filho, e a razo paraque a imagem de Cristo tenha sido utilizada na vesica piscisem modo de vincar na alma doscrentes a mxima bblica: Ningum vai ao Pai seno por Mim (Joo, 14:6). Alm disso, ocarcter feminino do smbolo define o Segundo Trono ou Mundo Celeste intermedirio entre oMundo Divino e o Mundo Terrestre, tal qual a Me Celestial intermediria entre o Pai nas

    Alturas (da Substncia Absoluta) e o Filho nas Profundezas (da Matria Substancial).Chegando a este ponto, o Divino Logos Criador para estruturar o Mundo das Formas

    requisita a Sua prpria Lei sptula para o efeito, ou seja, o Seu Pensamento ou Programa deEvoluo para determinado perodo de Manifestao e que noMundo Humano expresso como Leis, Mandamentos, Preceitos,etc. Segundo o Venervel Mestre JHS, a Suprema Unidade aomanifestar-se multiplicou-se por Sete (multiplicou-se sem sedividir). Esses Sete so conhecidos na literatura inicitica como osSete Dhyan-Choans Superiores, os Sete Anjos da Presena, os Sete

    Luzeiros, os Sete Filhos de Brahm ou o Eterno, etc. As

    designaes variam conforme as tradies culturais e religiosaslocais, mas sendo o contedo ou essncia o mesmo. Paracompreendermos melhor esta realidade, o melhor smbolo que

    podemos utilizar do sacrossanto pelicano que depenica a suaprpria carne para alimentar as suas crias motivo que levou-o aser smbolo moral da Misericrdia e da Caridade ou Amor eassim mesmo expressando o supremo sacrifcio do Logos nico(Parabrahman) que retira de Si mesmo a Substncia Primordial

    (Svabhvat) para formar o Logos Criador do Universo (Brahman) e dar origem aos SeteAutogerados ouDhyan-Choans Superiores.

    A Substncia Primordial passar ento pelas sete diferenciaes fundamentais indo darorigem aos Sete Planos Csmicos com os respectivos Sub-Planos, s Hierarquias em plenasfunes na criao dos Reinos, bem assim como s Rondas, Cadeias e Sistemas. No entanto,estando o Logos ainda no Plano das Causas e dos Arqutipos, o Plano ou a Matriz aconstruir na Matria como Mundo das Formas tem primeiro de ser idealizado, sendo aquilo a quese d o nome de Ideao Divina vindo a justificar a mxima hermtica de que o Universo

    Mental(no sentido de substncia material mais refinada, sendo assim o veculo fsico mental daprimeira Ideia de Deus manifestado. Razo pela qual Moiss quando perguntou Divindade seno dormia, Ela lhe respondeu que se deixasse um momento sequer de sonhar ou de pensar, o

    Mundo inteiro desapareceria instantaneamente). Geometricamente, existe uma maneira deconseguirmos vislumbrar um pouco desta realidade metafsica, ou seja, na forma do Tringulo

    Sagrado gerado pela adio de um terceiro crculo (expressivo do Terceiro Aspecto Divino ouTerceiro Logos Criador) sobre os dois sobrepostos na vesica piscis, anteriormente referidos.Unindo os pontos de interseco teremos ento o Tringulo Sagrado que originou a famosaTetraktys, que representava para os pitagricos a raiz e a origem da Natureza eterna, imagem doTodo em movimento na Natureza, resumindo todo o processo da Ideao Divina na Criaocomo a Unidade (primeira linha), a Dualidade (segunda linha), a Harmonia (terceira linha) e porfim oKosmos(Cosmos) ou Ordem Divina (quarta linha) que definir a cruz doManvantara( )e todo o principio quaternrio da Matria, como os Quatro Elementos (Terra, gua, Fogo e Ar)de que se constitui o Quaternrio Inferior do Homem, vulgarmente denominado porPersonalidade (Fsico, Vital, Emocional e Mental Concreto), etc. Filologicamente,personalidadeadvm do greco-latino persona, mscara, e nisto a matria a mscara ou veste mayvica

    (ilusria) em que se oculta o actor verdadeiro, ou seja, a Mnada Divina (ou Trade Superiorcomo Invididualidade). Alm disso, a Tetraktystambm constituiu o esqueleto das dezsefirotesou emanaes da rvore da Vida, da Morte e da Sabedoria dos cabalistas judeus, bem como

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    expressiva do Tetragramaton e do logogrifo mstico dos Rosacruzes anteriormente referido I.N.R.I. Inclusivamente, constata-se nessa interaco geomtrica dos trs crculos exactamentesete compartimentos, designativos dos j referidos Sete OriginaisouDhyan-Choans Superiores,que no dizer do professor Sebastio Vieira Vidal reflectem os sete espelhos csmicos doSegundo Trono (Mundo Intermedirio), por sua vez, nos Sete Planos Csmicos do Terceiro

    Trono (Mundo das Formas).

    Portanto, antes da Manifestao propriamente dita, quando ainda no havia Vida

    organizada, o Logos formou na Sua Mente tudo que viria a realizar. Plasmou-o no Seu PlanoMentale criou um novo Universo, segundo a LEI Una, Trina e Sptula como os Trs Aspectosdo Logos ou Pessoas de uma s Entidade (Trs Pessoas distintas mas Uma s verdadeira)oLogos nico e Criador. Em virtude desse fenmeno, que se afirma que o Logos Omnipotente,OmniscienteeOmnipresente, pois a Sua Mente est em Tudo e o Tudo est na Sua Mente que o Todo. Toda a geometria apresentada at aqui coloca exactamente em evidncia a LEI (137,transpondo as letras para algarismos), justificando a mxima de JHS quando afirma que Deus Uno em Essncia, Trino em Manifestao e Sptulo em Evoluo.

    No entanto, o carssimo leitor poder questionar para que servir todo este megaEsquema Divino e que relao tem com as nossas vidas prticas, limitadas e ordinrias como sefossem situaes distintas, onde o Homem nasce por acaso ou acidente csmico e Deus continua,se continua e acaso existe, a engendrar esquemas indefinidos no esquisso do Cosmos? Narealidade, o grande objectivo da Lei de Deus ou o seu Pensamento Programtico o de promovera individualizao dos seres humanos, transformando-se de espritos virginais em espritosamadurecidos, o que s ter efeito com a sua auto-conscientizao e consequente evoluo

    como vida e conscincia individuais, e para tal necessrio que as Mnadas recolham o mximode experincias no Mundo material em diferentes estados de conscincia, para que ao mesmotempo esta actue vibratoriamente sobre a matria que constitui os seus corpos de manifestao,

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    imprimindo-lhe a noo de Ser permitindo a sua ascenso ao Esprito, como o mais verdadeiroprocesso de transmutao alqumica. Simplificando, o Esquema Divino inteiro apela a que aVida exista de forma ao Homem aprender nela e dela recolher os melhores e maiores proveitos,no grandioso palco de experincias que o Mundo das Formas, na labuta constante detransformao da Vida-Energia em Vida-Conscincia. No vemos outra razo para a Vida

    existir seno luz da evoluo do Homem, tendo por fim ltimo torn-lo tambm Deus (Sereiscomo Deus, Gnesis, III:5). Para tal fim, torna-se portanto necessrio em todo o Mundoidealizado e criado pelo Logos nico, o Eterno, o cumprimento da Sua LEI. Quem actua emcontrrio actua contra a LEI de Deus, e sofrer, ou melhor, sofreremos todos com isso

    A IDEAO CSMICA E A ATOMIZAO

    A Matria como um espelho no qual o Eterno se mira

    Como vimos, antes da Manifestao o Logos formou na Sua Mente tudo que viria a

    realizar essa a Ideao Divina. Ao conceber o Universo, plasmou-o no Seu Plano MentalCsmico, designadoMahatpelos Iniciados hindus. Esta criao do novo Universo pela poderosaVontade da Mente do Logos , como j dissemos, a chamada Ideao Csmica. Por sua vez, a

    Ideao Csmicatorna-se activa atravs dos Sete Logos Planetrios agindo comoDhyan-ChoansSuperiores, tambm chamados Luzeiros, Autogerados, etc., perfilando nas Sete HierarquiasCriadoras doRaio Divinodas quais brotaram as correspondentes Sete Hierarquias Criadoras do

    Raio Primordialdo Universo, segundo a Cosmognese de Akbel. Todos os seres humanos estosob a gide de um desses Centros que determinam o Raioa que a pessoa pertence. O conjuntodos Sete Logos sintetizado por um OITAVO, que na linguagem aghartina chamado JAVA-AGAT.Assim, o Logos nico constitui-se de um conjunto de elevadssimas Conscincias quecriam toda a Natureza nas suas mltiplas facetas: Reinos, Planos, Devas, etc.

    Idealizado o Esquema Divino, inicia-se ento o raiar do novo Dia de Brahma, o novoManvantara. Foi assim que o Verbo se fez Carneou encarnou desde o Espao Sem LimitesaoEspao Com Limitessoba aco da Sua poderosa Fora conscienteque, sabendo muito bem oque estava a fazer, separou a regio do Ser (onde se desenvolvem os Sistemas, Cadeias, Rondas,etc.) daquela outra do no-Ser (que sendo Tudo-Nada o Absoluto Incognoscvel ou aSubstncia Absoluta). Criou-se ento a barreira intransponvel (s transposta pelos grandes

    Dhyan-Choans e aflorada pelos excelsos Dhyanis-Budhas), ou seja, o Ovo de Hiranyagharbaseparando o que est manifestado do que permanece imanifestado, e desde da promoveu-se todaa diferenciaoda Matria. O que estava no interior da Esfera ou Ovo passou a ser chamado deCosmos, e o que estava fora foi chamado de Caos, ou tambm de Brahm e Parabrahm

    respectivamente. Essa diferenciao da Substncia Primordial caracterizou-se por um processode atomizao, sendo fraccionada em mirades de minsculas partculas denominadas tomos

    primordiais.

    A massa desses tomos primordiaisformou o 1. Plano Csmico, indo servir de unidadesindivisveis desde os quais se constituram os tomos dos restantes Planos Csmicos,conglomerados em graus de maior ou menor densidade. Neste sentido, a Matria constituinte donosso Plano Fsico denso, ou seja, o 7. Plano Csmico, abissalmente grosseiracomparativamente subtileza atmica que define o 1. Plano Csmico, sendo razo suficiente

    para que ele ser considerado Supra-Espiritual ou Divino. Aspartculas primordiaisconstituintesdo 1 Plano Csmico foram denominadas de Adi,quesignifica primognito, o mais velho,

    por terem surgido como o primeiro Hlito de Brahme dado origem a toda a manifestao donosso Universo. Alm disso, so entendidas como pedaos de Deusou fraces oriundas deTAT, como afirmam os Iniciados hindus com justa razo, porque TAT significa Aquilo

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    originador dos Tatvas como as medidas dAquilo, ou as medidas de Deus com as quaisParabrahm se limita como Brahm. O conjunto dos sete Tatvas ou elementos subtis daNatureza animado por Prana ou oAlento Vitalcomo Fluxo de Vida emanado do 1. Aspectodo Logos manifestado (Brahm ou Pai) que se densifica medida que desce ao Plano maisdenso da Manifestao tomando Forma, ou 3. Aspecto (Shiva ou Esprito Santo) do mesmo

    Logos manifestado, o qual est sempre transformando em activas as foras latentes da Naturezaadormecidas no seio de Parabrahm, incrementando-lhes a Conscincia como 2. Aspecto(VishnuouFilho) deBrahm. Com tudo isto, pode muito bem afirmar-se que Deus multiplicou-se como Humanidade para que a Humanidade se unifique novamente em Deus.

    A ATOMIZAO E A FLOR DA VIDA (ASSINATURA DO CRIADOR)

    A Flor da Vida tambm conhecida como Flor de Ouro, foi e utilizada em vriosedifcios de natureza tradicional ou inicitica, como se repara na sua gravura estampada sobre o

    portal do pombal da Quinta do Conventinho dos Arrbidos de Loures, ou mesmo na tampa

    sepulcral de um rabino importante, coevo do Infante D. Henrique, no Museu Paroquial de Vilado Bispo, Algarve. Ela como smbolo tem a sua origem real no que se segue.

    Os tomos primordiais, sendo pedaos de Deusou fraces oriundas de TAT, possuemem si mesmos a essncia ou o selo de Deus na Criao, sendo essa assinatura ou selo da

    prpria Criao o que torna, por sua vez, uma Obra de Autor incgnito MaximusSuperiusIncognitus. No entanto, mais uma vez atravs da Geometria Sagrada pode-se fazer alguma luzsobre esta realidade transcendente que todas as religies, ou pelo menos a maior parte delas,vieram a figurar na linguagem muda dos smbolos. A Doutrina Secretatambmdenomina ostomos primordiais ouAdi(s) de borbulhas ou bolhas. O Logos Supremo, ao iniciar a suaObra, tinha ao seu dispor uma infinita quantidade dessas borbulhas ou partculasde Adique

    podiam, e podem, ser operadas pelo exerccio da Sua poderosa Vontade. Assim sendo, Eleorganizou os sete grandes Planos Csmicos a partir dessa Matria-PrimaMulaprakritiao seudispor, Planos esses que, numa fase mais avanada da Evoluo, serviriam de cenrio para asMnadas se enriquecerem por infindas experincias vividas com o intuito de ganharem maisconscincia. Segundo a mesma Doutrina Secreta, esses Planos Csmicos no esto separados

    nem sobrepostos, eles interpenetram-se. Contudo, esse facto s ocorre porque a unidade bsicada atomizao, ou seja, os tomos primordiais (Adi) tambm expressam a mesma Lei daUnidade. Vejamos como do ponto de vista geomtrico:

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    Tal como vimos anteriormente, tambm geometricamente se configuram os Trs LogosPlanetrios como constituintes dos Trs Aspectos do Logos nico e Criador do Universo, devido relao entre o nmero de compartimentos gerados pela interseco dos crculos repercutir nonmero de crculos gerados na fase seguinte. A atomizao imprimir na Matria a Lei sptulado Terceiro Logos, caracterizado pelo seu Terceiro Aspecto (Actividade Inteligente), em sete

    unidades fundamentais (sete crculos intersectados entre si), com o tomo primordial (Adi)resultando geometricamente na belssima figura da Flor da Vida ou deOuro, matriz dos SetePlanos Csmicos. Segundo a Sabedoria Divina, esses Sete Planos Csmicos gerados a partir daunidade fundamental, Adi, foram originados por seis Impulsos sucessivos, tal qual os seis Diasda Criao descritos no Antigo Testamento, sendo que Deus repousou no stimo (Gnesis 2:2,3), facto assinalado na cultura judaica como o dia do descanso, o Sabat, que constitui o

    sbado como o stimo dia da semana. Atravs desses seis Impulsos foram gerados os Planos:Anupadaka,Atm,Budhi,Mental,AstraleFsico. Tambm nisso a criao dos Planos Csmicosrespeita a mesma regra geomtrica anteriormente descrita, como a nica capaz de justificar ainterpenetrao existente entre os Planos. Assim, o 1. crculo representativo deAdiunir-se-, naforma da msticaFlor da Vida, com o 7. crculo (tal como Deus repousa no stimo dia, unindo-

    se com a sua Criao), desta maneira indo unir-se o Princpio com o Fim, o Alfa com o mega, aUnidade com a Diversidade, o Todo com o Tudo. Consequentemente, nesse stimo Impulso (oucrculo) invs de dissociar-se parte do Plano anterior para a formao do Plano Fsico, o processo

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    reverte permitindo a reunio dos tomos que formavam o 1. Sub-Plano do Plano Fsico,denominado Sub-Plano Atmico. Assim, como ltimo Alento, o stimo Impulso permite formaraquilo a que a Cincia Inicitica chama de proto-elementos(proto, em grego, significa antes,designando os elementos subtis existentes antes de gerarem os elementos qumicos conhecidos)no seu nmero cabalstico de 111, os quais associados entre si deram origem a todo Universo

    material que conhecemos. Em termos de tradio popular, a melhor imagem que encontramospara se compreender essa realidade septenria e a interligao dos respectivos Planos Csmicos atravs da famosa boneca russa Matrioska. A sua imagem feminina aqui simblica da MatriaCsmica organizada nos sete Planos interpenetrados, facto simbolizado nas sete bonecas (algunsconjuntos so de oito, como se tratasse de uma oitava sntese das sete) colocadas uma dentro dasoutras, desde a maior (exterior) at menor (a nica que no oca), em guisa da Matria serinterpenetrada pelo Esprito por sete gradaes, graus, degraus, etapas, etc., como acontece comos sete Planos da Matria Csmica estarem organizados do mais grosseiro ao mais subtil, ouseja, do Fsico ou Prakriti ao Adi. Alm disso, o facto de as bonecas serem iguais mas de

    propores diferentes e se fecharem uma sobre as outras, representa belissimamente o princpioda Unidade na Multiplicidade. Aquilo mesmo a que os budistas designam de sistema Tulkuou

    de inter-relao entre princpios iguais, e os hermetistas greco-latinos expressaram na divisaOmnia ab Uno(O Todo igual Unidade).

    Formados os sete Planos Csmicos a partir da unidade fundamental, Adi, oprimognito, desde a menor maior densidade, pode-se agora compreender melhor a razo dos

    tomos que constituem a matria do 2. Plano Anupadaka serem formados cada um porconglomerados de 49 bolhas Adi (7x7), desenvolvendo-se progressivamente at ao 7. PlanoFsico com 13.841.287.201 partculas de Adi. O quadro seguinte, da autoria de Roberto Lucola,descreve em sntese o que foi anteriormente explicado:

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    Numa segunda fase, os Planos subdividiram-se em 7 Sub-Planoscada um. Assim como o1. Plano Adi foi dando origem aos demais Planos, por sua vez, numa escala menor os Planosforam subdividindo-se e criando os respectivos Sub-Planos. Todos os primeiros Sub-Planos dequalquer Plano so sempre designados de Sub-Plano Atmico, que sempre o Sub-Plano maissubtil do respectivo Plano Csmico. S se conhecem os nomes dos Sub-Planos do nosso Plano

    Fsico, designados como:Atmico, Subatmico, Etrico, Radiante, Gasoso, Lquido eSlido. Ostomos dos primeiros Sub-Planos tm sempre o mesmo peso atmico (dado na tabela anterior) eso chamados de tomos fundamentais do Plano. Contudo, temos sempre de considerarembutidos nesses os tomos primordiais que so os tomos ADI, indivisveis e dos quais seoriginam todos os restantes Planos.

    Aps a formao dos Sub-Planos, toda a organizao da Matria informe trabalhada porFOHAT (a Fora dinmica da Ideao Csmica) transformando-a no veculo da EssnciaMondica, impregnando nos tomos caractersticas positivas e negativas possibilitando aatraco e repulso entre eles, semelhante ao que acontece com a energia elctrica (Fohat defacto entendido como o Esprito da Electricidade quepolarizou-se em positivo e negativo

    indo assumir sete aspectos correspondentes aos sete estados e respectivos elementos subtis daMatria, os Tatvas, e da falar-se nos SETE FOHATS). No fundo, esta Energia Primordial surgecomo o brao actuante da Mente Csmica e razo suficiente para ser considerada nasEstnciasde Dzyan o Mensageiro de Deus, tambm conhecida dos Iniciados como Aquele que tudo

    penetraou o Construtor dos Construtores.

    Em toda a Criao e respectiva Manifestao, quando um Maha-Manvantara chega aoseu trmino e os Sistemas Planetrios e Solares com as suas respectivas Cadeias e Globos, osmesmos vo sendo desagregados por processo contrrio, nomeadamente o da desagregaoatmica levada a efeito pela aco consciente do prprio Logos. por isso que se diz que toda aManifestao considerada como Obra de carcter mayvico, pois tal como o Logos Criador

    agregou todas as partculas tambm as pode desagregar na hora prevista para o fim de um CicloCsmico, fazendo com que um e todos os Planos se desagreguem desaparecendo novamente naSubstncia Primordial donde se originaram. de facto uma Opus Magnumdo Alquimista Maior,o Supremo Criador, laborando na sua retorta csmica que o Universo com o Poder do FogoDivino e a sua Divina Mente agindo sobre a Matria imperfeita, gradual e taxativamente aolongo das diversas operaes hercleas ou Cadeias e Rondas, antropogenicamente falando,cujo fim na Terra alcanar a Perfeio da Obra, o Ouro Filosfico, ou por outra, a futura RaaDourada Humana, aBimnica!

    Aps a actuao do 3. Aspecto do LogosActividade Inteligentena criao dos setePlanos Csmicos, em seguida entra em aco a segunda Emanaoproveniente do 2. Aspecto

    do Logos, designadoAmor-Sabedoriaou tambm Virgem-Me, responsvel pela criao os SeteReinos da Natureza (1. ReinoElemental, 2. Reino Elemental, 3. Reino Elemental, Mineral,Vegetal, Animal e Hominal) que vo habitar e evoluir nos Planos j criados na 1. Etapa.Contrariamente classificao acadmica que conta somente quatro Reinos e classifica o ReinoHumano como 4., este classificado como 7. na classificao teosfica por contar no quatromas sete Reinos. Esse Influxo de Vida ou Onda de Vida desce atravs dos vrios Planos jcriados permanecendo em cada um deles o perodo de uma Cadeia, fenmeno esse conhecido porDESCIDA DA ESSNCIA MONDICA. Como resultado dessas duas Emanaes podemosento afirmar que o Terceiro Logos criou o cenrio, o ambiente, os Planos, enquanto o SegundoLogos colocou em cena os principais artistas, que so as criaturas que formaro os respectivossete Reinos.

    A 3. Emanaoprocedente do 1. Logos, que o Aspecto Vontade, s entra em acoquando as duas Emanaes anteriores j tiverem criado os sete Planos e os sete Reinos. Existeuma diferena entre as 1. e 2. Emanaes do Logos e a 3.. A 1. e 2. Emanaes desceram

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    trabalhando na construo dos Planose Reinos na Substncia Virgem do

    Espao Com Limites, tendo sido umaevoluo trabalhosa e lenta atravsdesses Planos e Sub-Planos at

    atingir-se o grau mximo dematerializao no Plano Fsico.Quanto descida da 3. Emanao,esta trata-se do puro Esprito

    Mondico ou de Deus, no sendomais necessria essa contaminaocom os Planos inferiores. Quandouma Mnada se integra nos veculosde natureza mais densa, porque jhouve uma profunda subtilizao dosmesmos. Assim, a descida feita

    directamente e com rapidez. Segundoos sbios Iniciados, no Plano

    Anupadaka que se encontram asreferidas Mnadas que iro descersobre os Planos Csmicos indoconstituir as Centelhas Divinas quehabitam o interior de todos ns,caracterizando assim a parte imortalou Essncia Espiritual do Homem.Embora as Mnadas tenham as suas

    razes emAdi, o seu habitat noPlanoAnupadaka, e da a razo de tambm ser chamadoPlanoMondico. Contudo, as Mnadas no saem literalmente do seu Mundo (Anupadaka). L elasesto agrupadas segundo as suas Tnicas ou Raios, que basicamente so sete, para captar ostomos permanentes que lhes permitiro criar veculos, projectando o seu Raio de Vida nosMundos Inferiores. No entanto, permanecem sempre no Seio do Pai enquanto os seus Raiosfluem como tentculos no oceano da Matria, agindo sobre tomos permanentesousementesaolongo de toda a Evoluo a fim de formarem as suas respectivas personalidades, a cada vida mais

    justas e perfeitas, com que se manifestaro no Plano Fsico denso.

    Chegados a este ponto, podemos finalmente compreender a plenitude da LEI de Deus ouo Logos e a sua Criao. Como vimos anteriormente, Deus Uno (1) em Essncia, Trino (3) em

    Manifestao e Sptulo (7) em Evoluo, de que resulta o nmero cabalstico 137, contudo, esta

    idealizao constitui o princpio arquetipal do Esquema Divino. Ela est presente apenas noMundo Arquetipal, tambm denominado de 2. Trono ou Mundo Intermedirio do Logos nicoe Criador. Assim, a aco do Logos no Mundo das Formas ou 3. Trono, ocorrer de formainversa na emanao das Ondas de Vida no 3. Aspecto do mesmo Logos Actividade(7), 2.Aspecto Amor-Sabedoria(3), e 1. Aspecto Vontade(1), auferindo assim o mesmo nmerocabalstico (137) mas de forma espelhada ou inversa, como seja, 731, que gematricamenteconstitui a palavra LEI. Eis a razo por que se afirme que a Matria como um espelho na qualo Eterno se mira. No fundo, a criao do Mundo das Formas tem por finalidade reflectir os

    Mundos Subjectivos, e quanto mais polido for esse espelho mais facetasdos mesmos haveroreflectidas e maior ser a nitidez das imagens, at finalmente a imagem confundir-se com o que reflectido indo formar uma coisa nica. Como explica Roberto Lucola, os antigos Iniciadosgregos, em sua sabedoria, expressavam esta verdade atravs da mitolgica Deusa Vnus-Urniase mirando eternamente em seu espelho. Espelho meu, espelho meu

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    O COSMOS E A SUA EVOLUO SEPTENRIA

    Em prosseguimento da explicao da criao do Cosmos pelos Logos nico e Criador,resta agora compreender como essa projeco da Mente de Deus, Mahat, repercute sobre aMatria ao longo do Espao e do Tempo. Ao abordar este parmetro, inevitvel utilizar a

    sptula Lei Divina pela qual o Logos se expressa na evoluo da sua Obra. Como vimos, o SolOculto(tambm chamado deLogos nico) ao projectar-se f-lo por meio de 3 Raios sucessivos(Vontade, Amor-Sabedoria e Actividade) que por sua vez foram originar 7 Centros chamados

    Logos Csmicos(Elohimou Logoi). Estes 7 Logos, segundo asRevelaes de JHS, tambm sodenominados de os Sete Originais. Profundo mistrio envolve esta Hierarquia de Logos do RaioDivino, nada se sabe sobre ela a no ser o que o Anjo da Luz denominou no Livro-RevelaoColquio Amoroso, como os Sete Originais:

    Sete Ishwaras e 49 Planetrios. Sete Originais formam um Sistema de Sis em torno doCentral que o Oceano sem Praias.

    Esse Oceano sem Praiassegundo a mesma fonte, o Oitavo Sistema, o conjunto dosseteSisem torno do Sol Centralou Logos nico. Constitui o mais alto aspecto da manifestao daDivindade. o ponto donde tudo se origina, a fonte que deu origem a tudo o que existe, seja denatureza concreta ou abstracta. Segundo o Professor Sebastio Vieira Vidal, esses Sete Originaisreflectem-se nos sete espelhos csmicos do Segundo Trono que so os Ishwaras, ouLuzeirosem nosso idioma. Estesformam o chamadoMundo Intermedirioda Me Divina. Respeitando oque afirma a Tradio SecretaouPrimordial, o Segundo Trono chamado de a Grande Maya

    porque separa o Filho do Pai, sendo que o Filho o Mundo onde se processa a EvoluoHumana, tambm designado por Terceiro Trono. O Pai o Mundo Espiritual, conhecido tambm

    por Primeiro Trono. Portanto, Ela a intermediria entre o Pai e o Filho, e da, na concepomatrstica, o designativo de Scal Coelinuma aluso a Maria, Me do Salvador, do Avatara ou

    Messiah, como verdadeira Escada do Cu, referencia mstica Me de Jesus, pela qual aDivindade desceu Terra e pela qual a Humanidade, por sua intermediao privilegiada, ascende imerso no Todo Divino, na Divindade Uno-Trina, diferente nas suas Trs Hipstases masigual na essncia da sua Unidade.Razo suficiente para So Bernardo de Claraval dirigir-se tofamiliarmente a Nossa Senhora atravs de laudes pequenas, ladainhas, ou litanias, panegricos deternura e de singelas declaraes de amor Me Divina. Ainda sobre o Segundo Trono ou

    Mundo da Grande Maya, ele constitui o Plano Bdhico, o Plano dos Arqutipos ou daIdeoplasmao Csmica, com uma profundssima relao, como vimos, Me Divina Allamirah expressada pela sacrossanta Taa do Santo Graal ou Saint Vaisel (no Altar doTemplo), smbolo sacrossanto onde ocorrem as mais sublimes, espirituais e msticas fuses esublimaes alqumicas, em correspondncia analgica no Homem com seu aspecto coracional

    onde vibram os mais elevados sentimentos de Amor pelo seu Centro Cardaco (ChakraAnahata). Todo o Segundo Trono claramente de natureza feminina, e como tal compreende-sea razo de ser a Sacerdotisa a abrir o Ritual, destapando a Noiva Divina, a ser a intermediriaentre o Guardio e o Sacerdote, e entre o Sacerdote e o Guardio e a Corte de Munindras, efinalmente ser ela a encerrar a Cerimnia, velando novamente o Santo Graal (Noiva Divinaenvolta no Vu cerleo do Akasha). No entanto, a intenode alcanar o Segundo Trono, almde compreender os Arqutipos em que o Mundo Fsico est sustentado, na realidade a deultrapassar a Grande Maya, o Plano Intermedirio, e atingir o Reino puramente espiritual do Pai,o Primeiro Trono. verdadeiramente uma demanda, e da todas as histrias medievais dedemandas por cavaleiros andantes, como homos viator perseguindo ora o Santo Graal, ora aDama desejada. Tal demanda caracteriza-se sobretudo por uma guerra, por uma batalha interior

    procurar vencer, superar a condio passional afectivo-emocional e dominar a rebeldia mentalinferior, pois s assim se lograro as condies internas para o encontro efectivo com o Pai queexiste no imo de todos ns, to-s aguardando o momento solene da derradeira Unio. Quando

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    isso acontece, o discpulo ilumina-se integralmente, transforma-se num Andrgino Perfeito. OChakra Cardaco passa a ter alm dos doze raios ou ptalas mais duas. Segundo os sbioshindus, nessas duas novas ptalas encontram-se a Deusa Lakshimi e o Bodhisattwa, queexpressam oAndroginismo Perfeito apangio da Raa Futura.

    Simbolicamente, alm da Flor da Vida, que um belssimo smbolo geomtricoassinalando com perfeio o mistrio dos Sete Originais, outro dos smbolos tradicionais querepresenta bastante bem a projeco desses Sete Originais no 2. Trono, por sua vezmanifestando-se como LEI no 3. Trono que o Mundo dos Efeitos para o 1. que o dasCausas, aMenorahjudaica, o reconhecido Candelabro de Sete Chamas.

    A Evoluo propriamente dita ocorre no 3. Trono, que o Plano Fsico ou damaterializao do Oitavo Sistema (1. Trono). Assim, temos o Sol Oculto e os Sete Originaiscomo 1. Trono, a formao do Sistema Solar no 2. Trono e a do Sistema Planetrio no 3.Trono. O quadro seguinte sintetiza o que ficou dito:

    Por conseguinte, um Sistema Planetrio constitudo por sete Cadeias que tm como SolCentral um Logos Original representando o Logos nico, e dirigindo cada uma dessas seteCadeias tem-se um Logos Planetrio, tambm chamado Ishvara ouDhyan-Choan, que sendoSete so as expresses manifestadas dos Sete Originais. O leitor poder perguntar agora: qual ento a diferena entre Logos Solar e Logos Planetrio, visto regerem-se pela mesma Leisptula? Um a projeco arquetipal do Logos nico no 2. Trono, e o outro a manifestao doLogos nico (Oitavo Sistema) no 3. Trono. Por fim, no Colquio Amoroso fala-se em 49Planetrios, em virtude do Sistema Solar completo ser composto de 7 Sistemas Planetrios que

    perfazem o total de 49 Cadeias, cada uma delas dirigida por um Logos Planetrio que age por 49

    Globos assistidas por 49 Planetrios de Rondas ou Kumaras. Cada Planetrio de Rondacorresponde a um Luzeiro agindo no campo humano. Temos, assim, sintetizado brevemente oSistema de Evoluo Csmica, restando ver como ele seja propriamente dito.

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    O Sistema de Evoluo Planetria, como j dissemos, relaciona-se com o trabalhorealizado no 3. Trono, o qual por ser o Plano mais denso do Universo nele as conscincias ficaminibidas ou limitadas pelas condies que a matria grosseira impe, assim limitando toda aEvoluo o que exige a necessidade de haverem Hierarquias Divinas destinadas a colaborar na

    plasmao do Programa de Evoluo do Logos na Matria atravs das Cadeias, Globos, Rondas,

    Raas, etc. do 2. Tronoque provm as Energias Csmicas, obedecendo a regras rgidas, parao Mundo Fsico do 3. Trono. de l que procedem os Seres Celestiais. l onde se processa atransformao da Conscincia Una Maior em conscincias mltiplas menores. A raiz dosAvataras e dos Kumaras est no 2. Trono. Sobre esta questo, temos trs smbolos tradicionaisquereflectem muito bem a relao entre os 2. e 3. Tronos: a Balana, ancora e aAmpulheta.A Balanamede o Potencial manifestativo de Deus. A ncorademarca o local, o Espao damanifestao de Deus. E aAmpulhetadetermina o Tempo, os Ciclos, as Eras, as Idades.

    no 3. Trono que o Eterno vai demarcando a Evoluo geral atravs dos Ciclos, grandese pequenos, onde cada Cadeia, Ronda, Raa, Sub-Raa, etc., tem o seu tempo registado nogrande Relgio Csmico. As prprias foras subtis da Natureza, os Tatvas, vibram obedecendo

    rigorosamente a horrios. O mesmo acontece com os movimentos dos corpos celestes em suasrbitas. Tambm os Iniciados programam sempre determinados Rituais em consonncia com oRitmo Csmico. E assim mesmo os acontecimentos de grande transcendncia, tais como os

    Julgamentos de Fim de Ciclo, de comeo e final de um Trabalho Avatrico, de determinadasFundaes Esotricas, etc.

    Posto tudo, no 3. Trono quepontificar o Supremo Arquitecto ou Visvakarman,expressando os valores do Sol Central do 1. Tronona escala relativa Terra. Segundo as antigastradies iniciticas, Ele o Logos Activo conhecido como Jehovah, Grande Arquitecto doUniverso(G.A.D.U.), etc. assim designado por estar num Plano genuinamente em construo(posto a Matria ainda no estar inteiramente formada, faltando realizar os trs estados

    elementais), sendo o 8. Logos Planetrio relativamente aos 7 Espritos Planetriosdirigentesdas 7 Rondas de cada Cadeia. Por isso que os livros mais sagrados, particularmente o Livro deDuat depositado na Biblioteca Central desse Mundo, afirmam que o Supremo Arquitectocaminha de Sistema em Sistema, de Cadeia em Cadeia levando at ao fim a jornada da

    Evoluo, por ser a expresso mxima do Logos do Sistema Solar (Para-Ishwara) que, como jvimos, constitudo por 7 Sistemas Planetrios. Como sabemos, cada Sistema Planetrio formado por uma srie de 7 Cadeias. Cada Cadeia, por sua vez, dirigida por um Planetrio deCadeia(Ishwara), projeco doPlanetrio Soberanodo respectivo Sistema Planetrio de que aCadeia faz parte, o qual o mesmoIshwara exercendo funes supremas nesse Sistema numeral(no 3. Sistema foi o 3. Ishwaraque o mesmo da 3. Cadeia, por exemplo). O Planetrio daCadeiatem a coadjuv-lo 7 Planetrios de Rondas (Kumaras). Cada Cadeia constituda por 7

    Globos que so dirigidos pelos 7 Espritos Planetrios de Rondas, os quais so as projeces oumanifestaes dos mesmos dos 7 Espritos Planetrios de Cadeias. EssesKumaras Primordiaisprojectam-se na Terra comoKumaras SubsidiriosouDhyanis-Kumarasrelacionados direcoe evoluo das sete Raa-Mes; por sua vez, osDhyanis-Kumarasprojectam-se e actuam pelos 7

    Dhyanis-Budhas dirigentes das sete Sub-Raas de cada Raa-Me. Sendo que cada Dhyani-Budha tem 7 Dharanis em sua volta, associados aos 7 Ramos Raciais de cada Sub-Raa, elesformam um Sistema Geogrfico. Da o nmero de Dharanis ser 49. Em suma, toda e qualquermodalidade de manifestao sempre projeco de algo que est acima, agindo num processonumeral de Tulkuismo at chegar ao Logos nico que a Origem de tudo o que existemanifestado.

    Na actualidade do Sistema de Evoluo Universal, encontramo-nos na 4. Ronda do 4.Globo da 4. Cadeia Terrestre do 4. Sistema de Evoluo. A Terra, designada Bhumi nasEstncias de Dzyan, realiza 7 Encarnaes ou Manifestaes no Sistema de Evoluo, as quais

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    correspondem s referidas sete Cadeias cada uma com os respectivos sete Globos (perfazendoento 49 Globos no total). Muito embora os sete Globos da Cadeia existam simultaneamente, unsluminosos e outros obscuros ou inactivos, a Onda de Vida s anima um de cada vezsucessivamente at chegar ao stimo Globo, iniciando-se ento nova Cadeia aps um Perodo deRepouso ouPralayade igual durao ao doManvantaraou Perodo de Actividade. Aps as sete

    Rondas nos sete Globos da Cadeia Planetria, todos os seus Princpios Espirituais alcanados edesenvolvidos so enviados para um Centro Laya, a partir do qual e com os quais se formar oGlobo A da futura Cadeia assim insuflando-lhe a Vida. O mesmo d-se nos demais Globos daCadeia, sempre sucessivamente nas diversas Rondas num permanente processo de Evoluo.

    No pretendendo entrar em demasiados pormenores, o que interessa saber neste estudo que noactual Globo D desta 4. Ronda Terrestre existem 7 Raas-Mes, que 4 j se manifestaram edesenvolveram, estando em pleno desenvolvimento a 5. Sub-Raa Teutnicada 5. Raa-Me

    Ariana, e que o ponto mais baixo de materializao e de maior densidade de toda estaEvoluo Septenria deu-se na 4 Raa-Me, conhecida tradicionalmente por Atlante. Portanto,foi pelos trs primeiros Globos da Cadeia que descemos, no sentido da materializao, manifestao no Plano Fsico denso correspondente ao quarto Globo, e ser pelos trs Globos

    seguintes (dos quais s fazemos ideia do que sejam graas s Revelaesdo Futuro oferecidaspor Akbel sua Corte) que gradativamente nos subtilizaremos cada vez mais nos tornando purosseres espirituais. , pois, neste ponto inferior ou 4. Globo, a nossa Terra (Bhumi), que nosencontramos, sendo o ponto axial que contm potencialmente todos os valores espirituais emateriais entremesclados ou entrecruzados como uma verdadeira Cruzeta Csmica.

    Quando completar o seu Ciclo Evolutivo na 7. Ronda, ou seja, quando se completar a 4.Cadeia Terrestre, a Terra deter-se- num ponto do Espao determinado pela Lei. Ela setransformar num Globo gneo animado pela Energia Electromagntica de Kundalini, o FogoCriador ou do Esprito Santo que hoje sustm e mantm a Terra. Este Fogo est activo fixado

    como Ncleo Electromagntico no Centro da Terra e est destinado a constituir-se no Futurolongnquo um Globo gneo ouFlogstico. Um dos smbolos tradicionais e iniciticos queexpressa muito bem esse acontecimento futuro, o do caduceu, constando de uma serpente de

    prata e de uma serpente de ouro enroscadas em torno de um basto de ferro. Este smbolo, almde expressar o deus Mercrio intermedirio entre os deuses e os homens nos Mistrios e nasMitologias greco-latina, igualmente representa o estado evolucional cosmognico presente efuturo. Todo o processo de materializao do Esprito, como foi referido, desde a Ronda deSaturno at actual Terrestre, perfaz a primeira serpente de prata (correspondendo na Alquimia

    Argiopeiaou a fbrica filosfica da Prata), processo esse denominado pelos Iniciados hindusdePrivitti-Margaou Caminho de Ida, no sentido de descida,estabelecendo-se ento o pontointermdio ou, como explica Roberto Lucola, a Terra como piv da Evoluo, e portanto da

    viragem ou curvatura, marcada simbolicamente pelo basto de Hermes ou Mercrio, para oprocesso oposto e complementar, iniciando-se ento a espiritualizao da Matria, factocaracterizado ento pela segunda serpente de ouro (que na Alquimia corresponde Crisopeiaou

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    a fbrica filosfica do Ouro), processo denominado deNivritti-Margaou Caminho de Volta,no sentido de subida, pelos restantes Globos correspondentes a Vnus, Mercrio e Jpiter,estabelecendo-se no final de todo esse processo transcendente a integrao completa do LogosPlanetrioem quem somos e temos o nosso ser, parafraseando Santo Agostinho ao LogosSolar, tudo isso expresso nos smbolos do magnfico Caduceu de Enoch, Thot, Hermes,

    Hrcules, Mercrio ou o mesmo Akbel, a ponto de um seu Livro-Revelao escrito em 1959levar precisamente o ttulo Livro de Herakles. Assim, esse emblema o justifica o expoentemximo da siglaavatricaJHS, pois que o vau, vale ou intermedirio deus Hermes nada mais que a expresso do caminho intermdio ou equilibrante da Evoluo Mondicaat meta finalda sua reintegrao no Pai ou Logos Eterno, no Plano Mahaparanirvnico, Adi ou Divino,correspondendo aos Campos Elseos, ao Olimpo, Paradhesa, Paradaiza ou Paraso como amesma Jerusalm Celeste, etc., que no seio da Terra representada por Shamballahou o seu SolInterno, caminho esse percorrido desde o ponto inferior (Saturno) do basto ou brahmananda

    at ao ponto superior (Jpiter), assim secriando gradualmente a UnidadeSuprema ou Metstase Avatrica do

    Homem (HJS) com o Divino (JHS). Porisso o Quinto Bodhisattwa Jeffersusafirmou que Eu sou o Caminho, aVerdade e a Vida; ningum vai ao Pai

    seno por Mim (Joo 14:6). E Akbeldisse mais: Eu sou a Verdade do

    Mestre, o Caminho do Discpulo e aVida da Escola! Na teologia crist sigla I ou JHS apenas dada osignificado latino de Iesus HominumSalvator, Jesus Salvador dos Homens,contudo, ela verdadeiramente muitomais abrangente e transcendente, sendosempre indicativa de toda aManifestao Avatrica ou do Espritode Verdade. Por fim, no final do nossoSistema de Evoluo Planetria teremos7 Globos Luminosos, 7 verdadeirosMundos Celestiais, e no fim do SistemaSolar brilharo 49 esplendorosos SoisEspirituais, como resultado final da

    Evoluo Universal.Chegados a este ponto de

    situao, acordamos em encerrar esteestudo sobre a Cosmognese de Akbel,

    para que no se torne demasiado extensoe complexo ao estudante e leitor. Noentanto, cremos que os pontos principaissobre to fascinante e amplo assunto

    foram abordados ainda que de forma sinttica e concisa, como igualmente ficou evidenciada aprovenincia dos diversos smbolos das vrias tradies sadas da Fonte nica e eterna daTradio Primordial, ou por outra, da Teosofiacomo Sabedoria Divina. Muito ficou dito e muitomais certamente haveria a dizer, portanto, resta deixar o convite a que novas reflexes e estudosvenham a ser realizados sobre este profundo mas sem dvida aliciante tema.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Scalae Coeli (Escada do Cu), por Vitor Manuel Adrio. In Portugal, os Mestres e aI nici ao, Editora Occidentalis, Lisboa, Portugal, Agosto de 2008, eTerra Nostra, os Mestres ea I nici ao, Madras Editora, So Paulo, Brasil, 2013.

    Cadernos F iat Lux n.os 1, 2 e 3, por Roberto Lucola. So Loureno, Minas Gerais, Brasil,Dezembro 1994, Abril 1995, Junho 1995.

    Monografias do Grau Yaman.os15, 16, 17 e 18 da Comunidade Tergica Portuguesa.

    Akbel Novo Pramantha a Luzir (Novo Paluz), por Sebastio Vieira Vidal, 1965. Edio daComunidade Tergica Portuguesa, 2014.

    F ilosofia Grega Pr-Socrti ca, por Pinharanda Gomes. 4 Edio,1994, Guimares Editores,Lisboa.

    Geometr ia Sagrada

    Simbolismo e Inteno nas Estruturas Reli giosas, por Nigel Pennick.Editora Pensamento, So Paulo,1980.