Convívio nº 2 2014

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1 Convívio Março e Abril de 2014 SS EXPERIÊNCIA VIVIDA COM A FAMÍLIA SERVITA Nos primeiros dias de março, enquanto as Escolas de Samba desfilavam pelo Sambódromo no Rio de Janeiro, nós da Família servita (Servos de Maria, Servas de Maria Reparadoras e Servas de Maria do Brasil), deslizávamos nas linhas e entrelinhas da Liturgia e Agiografia da Ordem dos Servos de Maria em Jacarepaguá - Rio de Janeiro/RJ. Foram dias de estudos, aprofundamento, reflexão, encontro e partilha, marcados por uma experiência de convivência fraterna muito significativa para todos nós. Um encontro que nos proporcionou maior conhecimento sobre nossa família religiosa, de forma mais extensa e intensa a partir das nossas origens: a Ordem dos Servos de Maria, a vida e o testemunho dos Santos e Santas, Beatos e Beatas da grande Família Servita. Foi um momento oportuno para aumentar os laços de união entre nós: Servos e Servas de Santa Maria. Nosso encontro foi assessorado pelo Frei Marcos R. Ruk e pelo Frei José Milanez que compartilharam conosco os seus conhecimentos e experiências, a cerca do assunto, de forma orante, reflexiva e descontraída. Nas palavras do Frei Marcos, ao falar de santidade, percebe-se que esta é uma realidade encarnada que se concretiza pelo testemunho de homens e mulheres místicos/as. O primeiro impulso dos primeiros Pais da Ordem foi viver, com intensidade e de forma radical, a santidade, portanto, todos que se sentem chamados a esta Família deveriam ser motivados por esse ardor. Acrescenta Frei Marcos: “santidade, em poucas palavras, é o amor de Jesus a Deus e ao próximo, animado e sustentado pelo Espírito Santo. Portanto, aquilo Noticiário das Servas de Maria Reparadoras Ano 3 n. 02 Província Nossa Senhora Aparecida Rua da Cascata, 47 - Tijuca CEP.: 20530-080 Rio de Janeiro/ RJ.

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Publicação trimestral das Servas de Maria Reparadoras.

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Convívio Março e Abril de 2014

SS

EXPERIÊNCIA VIVIDA COM

A FAMÍLIA SERVITA

Nos primeiros dias de março,

enquanto as Escolas de Samba

desfilavam pelo Sambódromo no Rio

de Janeiro, nós da Família servita

(Servos de Maria, Servas de Maria

Reparadoras e Servas de Maria do

Brasil), deslizávamos nas linhas e

entrelinhas da Liturgia e Agiografia

da Ordem dos Servos de Maria em

Jacarepaguá - Rio de Janeiro/RJ.

Foram dias de estudos,

aprofundamento, reflexão, encontro e

partilha, marcados por uma

experiência de convivência fraterna

muito significativa para todos nós.

Um encontro que nos proporcionou

maior conhecimento sobre nossa

família religiosa, de forma mais

extensa e intensa a partir das nossas

origens: a Ordem dos Servos de

Maria, a vida e o testemunho dos

Santos e Santas, Beatos e Beatas da

grande Família Servita. Foi um

momento oportuno para aumentar os

laços de união entre nós: Servos e

Servas de Santa Maria.

Nosso encontro foi assessorado pelo

Frei Marcos R. Ruk e pelo Frei José

Milanez que compartilharam conosco

os seus conhecimentos e experiências,

a cerca do assunto, de forma orante,

reflexiva e descontraída.

Nas palavras do Frei Marcos, ao falar

de santidade, percebe-se que esta é

uma realidade encarnada que se

concretiza pelo testemunho de

homens e mulheres místicos/as. O

primeiro impulso dos primeiros Pais

da Ordem foi viver, com intensidade

e de forma radical, a santidade,

portanto, todos que se sentem

chamados a esta Família deveriam ser

motivados por esse ardor. Acrescenta

Frei Marcos: “santidade, em poucas

palavras, é o amor de Jesus a Deus e

ao próximo, animado e sustentado

pelo Espírito Santo. Portanto, aquilo

Noticiário das Servas de Maria Reparadoras

Ano 3 n. 02

Província Nossa Senhora AparecidaRua da Cascata, 47 - Tijuca

CEP.: 20530-080 Rio de Janeiro/ RJ.

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que o ser humano deve fazer para ser

santo é, viver intensamente esse amor

a Deus e ao próximo”.

A vida fraterna é, essencialmente,

expressão do “Reino de Deus”. Esta é

uma verdade teológica. E ao tratar da

fraternidade, Frei Marcos nos alerta

que a comunidade é a sua garantia e

ela possibilidade a comunidade viver

a santidade. Acrescenta ainda que a

comunidade, o coletivo, não foi o

essencial no início da fundação.

Primeiramente os sete primeiros Pais

viveram a fraternidade de forma

individual, assim como Santa Juliana;

fizeram uma experiência pessoal da

fraternidade.

Com o peso das estruturas, o peso da

individualidade está sufocando a

fraternidade, ela precisa de religiosos

mártires para que seja resgatada. Se

estamos dispostas/os a viver o ideal

evangélico, viver como nossos

fundadores viveram, estejamos

dispostos também a ser um/a mártir

da fraternidade. Pois, a própria

condição de limite nos faz sentir a

necessidade de viver em comunidade,

pois é esta condição que nos faz

perceber que o outro faz parte de nós.

Nossas manhãs foram iluminadas pela

sabedoria e experiência do Frei José

Milanez que delineou sobre a Liturgia

Servita, utilizando o material que nos

é próprio: hinos elaborados e

cantados a partir da história de vida

dos nossos santos e santas, beatos e

beatas. À medida que fomos

aprofundando a história da cada santo

e beato, fomos também degustando da

sensibilidade daqueles que

transformaram a história em oração

de louvor e ação de graças, em forma

de versos e poesias.

Em fim, foram dias de intensa

formação, vividos na comunhão

fraterna e no alargamento das nossas

relações, em que bebemos de nossas

fontes e fomos alimentados com

aquilo que nos é próprio.

Rubielly Vieira da Rocha (noviça)

Irmã M. Ana Aparecida Ferreira

Um homem com cara de

ressurreição, não de Sexta-feira

Santa

A Universidade Cândido Mendes,

Centro/RJ e o Centro Alceu Amoroso

Lima, no dia 17 de março

propiciaram uma Mesa redonda em

homenagem ao Pe. João Batista

Libânio, falecido em 30 de janeiro de

2014, aos 80 anos. Foi apresentada,

numa dimensão testemunhal por cada

participante, a prática pastoral e

reflexão teológica a partir da

realidade.

Temas e palestrantes:

“J. B. Libânio: Uma teologia a partir

do mundo e para o mundo” –

Cândido Mendes.

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“O teólogo amigo” – Chico Pinheiro

– Jornalista

Conheci o Pe. Libânio ainda jovem e

foi designado de “Tropa Mardita” do

Libânio, o grupo de jovens que

acreditava numa Igreja diferente,

mais humanizada, amiga, como ele

era conosco. O grupo se reunia para a

Missa, na Rua Álvares Cabral e ele

que nos ensinava: pura teologia! Ele

nos fez contatar com diversos autores

na área teológica que deram clareza e

profundidade teológica ao grupo,

ressaltando a ótica crítica sobre a

realidade.

Chico Pinheiro concluiu sua fala com

a poesia, Mineiro no Rio de Carlos

Drummond de Andrade.

Espírito de Minas, me visita,

e sobre a confusão desta cidade

onde voz e buzina se confundem,

lança teu claro raio ordenador.

Conserva em mim ao menos a metade

do que fui na nascença e a vida esgarça:

não quero ser um móvel num imóvel,

quero firme e discreto o meu amor,

meu gesto seja sempre natural,

mesmo brusco ou pesado, e só me punja

a saudade da pátria imaginária.

Essa mesma, não muito. Balançando

entre o real e o irreal, quero viver

como é de tua essência e nos segredas,

capaz de dedicar-me em corpo e alma,

sem apego servil ainda o mais brando.

Por vezes, emudeces. Não te sinto

a soprar da azulada serrania

onde galopam sombras e memórias

de gente que, de humilde, era orgulhosa

e fazia da crosta mineral

um solo humano em seu despojamento.

Outras vezes te invocam, mas negando-

te, como se colhe e se espezinha a rosa.

Os que zombam de ti não te conhecem

na força com que, esquivo, te retrais

e mais límpido quedas, como ausente,

quanto mais te penetra a realidade.

Desprendido de imagens que se rompem

a um capricho dos deuses, tu regressas

ao que, fora do tempo, é tempo infindo,

no secreto semblante da verdade.

Espírito mineiro, circunspecto

talvez, mas encerrando uma partícula

de fogo embriagador, que lavra súbito,

e, se cabe, a ser doido nos inclinas:

não me fujas no Rio de Janeiro,

como a nuvem se afasta e a ave se

alonga,

mas abre um portulano ante meus olhos

que a teu profundo mar conduza, Minas,

Minas além do som, Minas Gerais.

Amém!

“Teologia e Mistagogia em J. B.

Libânio” – Maria Clara Bingemer –

Teóloga:

Ao apresentá-la, Cândido Mendes

afirmou que Libânio a via como

“discípula preferida”, e ela continuou

dizendo que ele a “adotou” e a

introduziu no encantamento pela

Teologia que a tornou apaixonada até

hoje.

Ele era um teólogo que sabia ensinar

e ajudou a ter criticidade e beber da

fonte da teologia que a fez

compreender a comunhão com o

Ecumenismo, por ter sido formada

pelas Irmãs de Sion (muito amiga do

Pe. Libânio e numa de suas

comunidades que ele morreu, ao

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pregar Retiro, nas féria, o que fazia há

40 anos). Com elas, aprendeu a rezar

pela conversão dos judeus e com ele,

a liberdade de opção religiosa e o

respeito mútuo que encerram.

Nunca vou esquecer-me do “Já e

ainda Não” = dinâmica da teologia

do Reino de Deus.

Ele acompanhava cada um/a com

respeito e liberdade. Como dizia

Santo Agostinho: “Nas coisas

necessárias a unidade, sempre a

liberdade e na dúvida a caridade!”

Como teólogo mistagogo, Libânio era

um “teologão”! Tudo na vida dele era

centrado na Teologia. Hoje, a

sensação que dá é que a religião não

sabe qual é a sua praia... segundo a

que se segue, mas a clareza teológica

é que aponta por onde ir.

Pensar o Mistério revelado da fé era

a essência de sua vida: é homologia,

louvor, confessor da fé, organiza sua

confissão criticamente, ascese para

produzir sua reflexão.

Era mistagogo, conduzindo as

pessoas ao Mistério revelado da fé, na

espiritualidade estava a Teologia =

seiva do Mistério.

A hermenêutica = interpretar o

Mistério, era o que ensinava com

sabedoria. Nunca impôs nada a

ninguém. Há vários caminhos e ele

alargava horizontes e mostrava a

Revelação através da história da

Salvação.

“Consigna criativa”. Era carinhoso,

atento, cuidadoso.

Sinto-me discípula: Libânio, mais que

professor, é meu mestre (que ensina

com a vida), Pai na Fé, que oferece a

mão e conduz ao Mistério revelado da

Fé.

Consola saber que encontrou com

Deus definitivamente no meio de

pessoas amigas e na fidelidade

incondicional à Teologia como

sempre viveu. Eu estava no exterior,

na família de meu marido e soube por

uma amiga. Escrevi um artigo para o

Jornal do Brasil, dizendo que me

deixou sem palavras, fui surpreendida

por sua morte súbita; ele que nadava,

era cuidadoso consigo mesmo e com

as pessoas... Mas, como escreveu

Guimarães Rosa, “As pessoas não

morrem, ficam encantadas!” e, eu

acredito na Ressurreição pensando na

alegria do Libânio, um homem que

chegou à glória e como discípulas/os,

nós temos a missão de difundir as

suas obras. Ele é pouco conhecido

internacionalmente, os seus livros

merecem ser traduzidos em outros

idiomas. Libânio como pessoa de

Ressurreição, não de sexta-feira

Santa, é a herança que ficou!

“As lógicas da cidade: o desafio do

mundo urbano para a pastoral e a

teologia em João Batista Libânio” -

Pe. José Oscar Beozo

Libânio nasceu em Belo

Horizonte/MG, ele era um homem da

cidade, não da área rural, mas o que

encanta é como se integrou num

bairro de periferia, a não-cidade de

Vespasiano e com os pés descalços,

revelou o Mistério da Fé além da

cidade. Foi por opção que ele

mergulhou em Vespasiano, periferia

de BH, e o povo pobre que mexeu

com Libânio.

A modernidade só chegou para alguns

privilegiados, e Vespasiano foi para

ele a escola para captar o outro lado

da cidade, a área não urbanizada.

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Comblin escreveu sobre isso e para

Libânio foi um desafio. Quando Dom

Serafim, então Arcebispo de BH,

convidou-o e ao Pe. Antoniazzi para

assessorarem o “Projeto Construir a

Esperança”, eles pediram ajuda de

todas as Paróquias, também nas

periferias, com um questionário sobre

a realidade e só então puderam

oferecer, embasada nas respostas, a

Pastoral Urbana de BH.

Toda boa Pastoral é Teologia

consistente. A Igreja como uma “rede

de trabalho”, pode oferecer

Movimentos populares, Pastoral das

Igrejas – Ecumenismo.

Em seu livro: “As lógicas da cidade”,

Libânio oferece uma nova

metodologia para a cidade, pois o

importante é a Ruptura. É necessário

romper com os anti-valores e de tudo

que não conduza a viver com ética

cristã. É preciso ser capaz de

interpretar os contra-valores da

cidade, de como viver a fé dentro da

cidade e como transformar a cidade

nas relações de pessoa a pessoa.

O valor central é a participação

através dos Movimentos sociais – a

Igreja se reconstrói com a releitura

popular da Bíblia. E aí, ele ressalta

Carlos Mesters como alguém que

ensina com propriedade, a unir fé e

vida, iluminada pela Palavra de Deus:

Leitura Orante da Palavra.

O desafio ético que a cidade suscita:

rupturas necessárias. O trabalho

fragmentado na lógica da

globalização é o poder como Serviço

que torna a Igreja Profética.

Libânio nos deixou uma nova lógica a

partir do que viveu em BH,

especialmente em Vespasiano.

“Pe. Libânio: rigor intelectual,

humanidade, compaixão e

generosidade – Profª Maria Helena

Arrochelas.

Geralmente, as pessoas que

conheceram o Pe. Libânio tinham um

apreço imediato por ele, comigo foi

mais demorado, não me senti a

princípio, nas reuniões do Grupo

Emaús, muito à vontade com sua

presença marcante, mas logo em

seguida ele me encantou com seu

jeito brincalhão e profundo de ensinar

a Teologia.

Disse que se admirou quando lhe

pediram para prefaciar dois livros

sobre sexualidade e segundo ele,

deram-lhe dor de cabeça. Confirmou

que Libânio tinha cara de

Ressurreição e não de sexta-feira da

Paixão.

O cultivo da formação” - Faustino

Teixeira – Prof. Dudu

Libânio alimentou minha opção pela

Teologia e conseguiu a manutenção

de meus cursos. Foi mais de uma vez

em Roma e visitou-me durante o

curso.

O Chico Pinheiro disse que na

“Cerimônia do Adeus imagina o

nosso altar vazio”... e assim foi.

Estava nesta cerimônia e o altar

estava sem ele presidindo, como

gostávamos de participar com ele em

Memorial da Paixão e Ressurreição

do Senhor.

Toda iniciação teológica foi com ele e

o dia 30 de janeiro de 2014, foi muito

denso. A internet se encheu de

notícias sobre ele. A vida é feita de

momentos festivos: chegadas e

partidas, êxtase, comunhão, (eu estou

esperando a chegada do nascimento

de minha netinha); mas a dura

realidade do que é nosso se torna

fluidez. Ainda mais uma vida que é

Santa! Aprender a celebrar a dor de

quem parte e é Santo, exemplaridade.

Libânio dá um toque de alegria, de

Ressurreição diante de um mundo

caótico.

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Liberdade: ele abriu caminho da

liberdade e ensinava o respeito à

diferença com exemplar ternura,

carinho, acolhedor de todas as

“vozes”. Iniciou-nos aos enigmas das

religiões. Nunca fechou a porta de seu

quarto e atendia quando se precisava

dele.

O Formador era o mestre inigualável

= da maiêutica = vir a ser,

propiciando o desabrochar do que

havia de melhor em cada um/a.

Conduzia ao discernimento, como

educador que era Guru; Mistagogo –

guiou-nos para o Mistério da

revelação.

O livro que escreveu sobre “Diálogo

das religiões”, Libânio me ajudou a

avaliar com muito carinho.

A cerimônia do Adeus na FAJE e em

Vespasiano – seu tesouro de coração

– expressou a fluidez de um Santo

que tenho a alegria de ter sido meu

formador. E concluiu com a poesia de

Rumi:

“Finalmente Partistes”. Um dia denso,

esse 30 de janeiro de 2014. Relia

esses dias o grande Rilke, talvez

pressentindo os toques do invisível.

Nós, diante dessa temporalidade que

nos ajuda a entender que a vida é feita

de chegadas e de partidas. Estamos

mais acostumados às chegadas, mas

diante das partidas manifesta-se toda

nossa fragilidade. Mas a vida é assim:

há os lindos momentos festivos, de

êxtase e de vitalidade que encantam e

de comunhão que irradia; mas há

também a dura constatação de que

aquilo que é nosso “flutua e

desaparece”. Não há como escapar

dessa “fluidez” diante da qual todos

prestaremos contas. Apesar de toda

dificuldade, creio que temos que

aprender também a nos alegrar com

as partidas, sobretudo com aquelas

que traduzem uma vida de

honestidade, de santidade, de beleza e

transparência. É assim que vejo esse

amigo querido, esse orientador

singular, esse santo na

exemplaridade: João Batista

Libânio. Quero deixar sua presença

bem viva junto a mim, sua alegria

solar e sua fé contagiante. Esses

valores ficam, e vencem a frágil

fluidez. Rûmî, dentre meus místicos

mais queridos, foi alguém que

conseguiu lidar com a morte de forma

mais doce e mais serena. E ele me

vem agora à lembrança:

“Finalmente partiste para o invisível.

Estranho rumo seguiste para deixar

este mundo.

A força de tuas asas rompeu a gaiola,

ganhastes os ares e voastes para o

mundo da alma.

Eras o falcão favorito do rei

nas mãos de alguma anciã,

mas ao ouvir o tambor

escapaste para o não-lugar.

Era um rouxinol entre corujas

mas a fragrância das rosas te

envolveu

e correste para o jardim (...)

Silêncio.

Liberta-te da dor da fala.

Não durmas, agora que encontraste

abrigo

Junto ao amigo querido.”

“Nós, seus eternos

discípulos,

sentiremos falta de

seu sorriso aberto,

de sua santidade contagiante e sua

presença amiga (...) Temos agora a

responsabilidade de dar continuidade

ao seu sonho, animados pela mesma

alegria e entusiasmo”, afirma o

teólogo.

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Libânio teve uma importância

fundamental ao firmar os valores e

exigências de uma vida religiosa

inserida no tempo, aberta aos

desafios, acesa para os dons do

Espírito. Com sua autoridade

indiscutível, ajudava as pessoas,

mesmo aquelas ainda inseguras, a

firmar tais valores na sua caminhada e

defendê-los com convicção. O seu

lindo trabalho em favor de uma

vocação lúcida e aberta. Isso fará

falta.

A vibração e entusiasmo com que

irradiava para as pessoas caminhos de

fé alternativos era única.

Encantava-nos também sua

disponibilidade para acolher a todos.

Sua porta estava sempre aberta... Isso

também fará falta. Nós, seus eternos

discípulos, sentiremos falta de seu

sorriso aberto, de sua santidade

contagiante e sua presença amiga.

Mas sabemos que foi acolhido no

carinho maior do Pai, no Mistério de

seu encanto. Temos agora a

responsabilidade de dar continuidade

ao seu sonho, animados pela mesma

alegria e entusiasmo”, declara o

professor e teólogo

Um teólogo irmão

A síntese sobre aquela noite

testemunhal, terminou com o Cândido

Mendes que a moderava, perguntando

se alguém mais gostaria de

acrescentar algo... Eu sentia um nó na

garganta e não consegui expressar o

que a emoção levava o coração à

boca..., mas gostaria de descrever

para o CONVÍVIO, o que significou

este homem na minha vida.

Eu o conheci nas aulas de Teologia,

na atual FAJE, que se denominava

ISI/BH. Era com entusiasmo e fervor

que transmitia o que o tornava

credível já no primeiro contato. A sua

simplicidade era cativante e

encantava o jeito sereno e alegre de

relacionar-se com toda pessoa que se

acercava dele. Num de meus

aniversários ele quis ir à nossa casa e

o fez, acompanhado pelo sobrinho de

Ir. Paula que morava com ele, o Pe.

Idinei, que era da mesma turma de

Monica e eu. A única restrição que

fez foi que não se colocasse cebola na

comida, pois lhe fazia mal. Ele foi

iluminado na celebração eucarística e

nos deixou admiradas de como

"implicava" com cada noviça e irmã,

para que todas participassem da festa

da vida com alegria de estar vivas!

Tive a graça de ser orientada

espiritualmente por ele, durante os 15

anos que morei no Noviciado, em

BH/MG. E foi ele que me ajudou a

assumir a Formação e me ensinando a

ter firmeza e ternura no processo de

cada formanda.

Uma vez, para explicar-se, ele

descreveu: Em comunidade, se

estiverem discutindo se esta parede

será pintada de azul ou verde, isto me

é indiferente, tanto faz. Mas se a

questão for essencial para a vida

cristã, eu luto por ela...

A gente ficou um bom tempo se

comunicando pela internet e li seus

livros com avidez, bebendo desta

fonte cristalina que me ajuda a ter

maior clareza teológica. Quando lhe

enviei o questionário sobre a

formação que nos ajudaria para o

segundo volume de nosso livro SMR

na América Latina, ele me respondeu:

Eu creio Tereza, que a formação

passa pelo relacionamento de amor

que conduzirá a formanda ao

relacionamento mais profundo com

Deus que é amor. No conhecimento

pessoal descobrirá que no mais

profundo de si mesma, Deus habita e

aí tudo se clareia. O mais importante

é a mistagogia da revelação da fé. E

aí Libânio era o formador nato!

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Agradeço a Deus por ter criado

Libânio e por ter me possibilitado que

ele fizesse parte da minha vida e de

tanta gente que se sente órfã, mas

nunca desamparada, pois há uma

partilha a ser feita de tudo que ele nos

legou para a posteridade: é

compromisso vital!

Ir. Tereza Maria Lacerda

Visita da Irmã M. Corina à

Comunidade de Codó – Maranhão

No dia 20 de março de 2014 na visita

de Irmã M. Corina Bressan, Priora

provincial, tivemos a oportunidade de

levá-la para conhecer a nova

realidade de missão da qual nós Irmãs

da comunidade Madre Elisa Andreoli

em Teresina, estamos em processo de

discernimento para fazermos uma

comunidade de extensão, seguindo as

orientações do último Capítulo

provincial.

Novos horizontes, novos caminhos

enchem nossos corações de esperança

de ir sem medo a novas realidades de

“periferias sociais e existenciais”

como nos chama a atenção o Papa

Francisco, fazendo memória ao

Mandato de Jesus: “Ide, pois, fazei

discípulos de todos os povos...” (Mt

28,19-20) uma Igreja “em

saída”como Abraão que aceitou para

partir rumo a uma nova terra (cf. Gn

12,1-3). Moisés ouviu o chamado de

Deus: “Vai, Eu te envio” (Ex 3,10).

Naquele “ide” de Jesus, estão

presentes os cenários e os desafios

sempre novos da missão

evangelizadora da Igreja, e hoje todas

nós somos chamadas a esta nova

“saída” missionária. Motivadas com

esse profundo desejo de responder ao

apelo de Jesus, e de Madre Elisa: “O

meu desejo é fazer com que Jesus

Cristo seja amado e conhecido por

muitos corações.”

Partirmos de madrugadinha, Ir.

Corina, Ir. Eva, Ir. Rita e Ir. Regina,

ao município de Codó no Estado do

Maranhão, onde nos recebeu com

muita alegria o Pe. Lucas Villela,

pároco da Paróquia São Pedro da qual

é o nosso desejo de dar a nossa

contribuição na evangelização. Após

um gostoso café, Pe. Lucas nos

acompanhou até a sede da Diocese

que fica em outro município vizinho

chamado Coroatá para nos

encontrarmos com o Bispo Dom

Sebastião Bandeira. Foram momentos

de alegria de uma acolhida

surpreendente por parte do bispo,

partilha no almoço, diálogo de

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Convívio Março e Abril de 2014

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esperança de novos horizontes tanto

para a Diocese como para nós.

Tivemos também a oportunidade de

conhecer alguns padres da diocese

que estavam na casa do bispo.

Ao voltarmos da casa do Bispo o

padre Lucas nos levou para ver um

pouco a extensão e a realidade da

Paróquia para que a Ir. Corina tivesse

uma visão da realidade. No final do

dia voltamos cansadas para Teresina,

mas felizes e esperançosas.

Que o Senhor nos indique e nos

confirme na missão e na alegria de

evangelizar no fascínio e na beleza da

Boa Nova de Jesus Cristo.

Ao lado da Ir. Corina é o Bispo Dom

Sebastião, entre Eva e Regina é o

padre Lucas e outro padre.

Ir. Rita Andrade

Construir história, descobrir quem

sou eu!

No final de semana, nos dias 22 e 23

de março de 2014, com muita alegria

a comunidade Nossa Senhora das

Dores de Capinzal realizou mais um

encontro vocacional, no qual

participaram jovens de Capinzal,

Joaçaba, Catanduvas e Campos

Novos.

O encontro aconteceu na Escola da

Fé, espaço disponibilizado pela

Paróquia São Paulo Apóstolo.

Algumas jovens chegam em grupo,

trazidas pelos pais que demostravam

grande alegria pelo interesse das

filhas em conhecer mais a Deus e

vida das Irmãs, outras chegam

sozinhas, mas com um grande sorriso

nos lábios. Isso encheu nosso coração

de esperança e alegria.

O tema principal do encontro foi:

Quem Sou Eu? Também buscamos

conversar sobre o que Deus quer de

mim, neste caminho que aos poucos

vamos construindo nossa história.

Toda a comunidade esteve envolvida

e dedicada, cada uma com suas

qualidades e seu tempo, todas e todo

trabalho foi de suma importância para

que o encontro saísse bem e as jovens

se encantassem pela vida SMR. A

participação de algumas pessoas do

Serviço de Animação Vocacional

(SAV) da paróquia também foi

importante, sem essas mulheres e

homens certamente nosso trabalho

seria menos rico e belo. Nosso muito

obrigada a eles.

Agradecemos a Deus por sua bondade

em continuar acreditando na

juventude á vida de esperança.

Agradecemos a Deus que continua

confiando a nós, jovens capazes de

sonhar e lutar por um mundo de paz e

justiça, onde todos vivem como

irmãos.

Obrigada per esse final de semana de

autoconhecimento, partilha, oração e

novas amizades que construímos.

Obrigada Senhor!

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SS

Quem sou eu?

Eu às vezes não entendo!

As pessoas em um jeito

De falar de todo mundo

Que não deve ser direito.

Aí eu fico pensando

Que isso não está bem.

As pessoas são quem são,

Ou são o que elas têm?

Eu queria que comigo

Fosse tudo diferente.

Se alguém pensasse em mim,

Soubesse que eu sou gente.

Falasse do que eu penso,

Lembrasse do que eu falo,

Pensasse no que eu faço

Soubesse por que me calo!

Porque eu não sou o que visto.

Eu sou do jeito que estou!

Não sou também o que eu tenho.

Eu sou mesmo quem eu sou!

Pedro Bandeira

Chamaste- me: Eis-me aqui!

Este foi o tema da singela, mas muito

significativa celebração vivida pala

comunidade Nossa Senhora das

Dores, de Capinzal, no domingo dia

23 de março de 2014. Neste dia

celebramos e acolhemos a jovem

Giovana de Oliveira Silva como

vocacionada em experiência em nossa

comunidade.

Todas nós damos graças ao Bom

Deus que continua confiando em nós,

que continua chamando jovens, que

com coragem buscam dizer seu sim

respondendo à voz do Senhor que diz:

“Vem e segue-me”!

Dispomo-nos a acompanhar essa

jovem cheia de vida e alegria para

que encontre em Jesus Cristo uma

resposta para a sua busca de segui-Lo

no serviço do Reino.

Rezamos a Deus para que nos ilumine

e pedimos a todas as Irmãs para que

rezem conosco! E que o Senhor

ilumine os passos de Giovana.

Obrigada Senhor.

Comunidade N. Srª das Dores

Capinzal/SC

Um mês de experiência em Cristo

Quem que não gosta de experimentar

coisas novas, ainda mais quando

descobre seu chamado que ecoa no

coração? Para mim está sendo muito

bom fazer esta experiência, pois a

cada dia me sinto renovada com

muito ardor pelas coisas do Alto, e

muito feliz, pois Jesus está presente a

cada dia na minha vida. Antes, muitas

vezes senti que estava faltando

alguma coisa, tinha a sensação de

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11

Convívio Março e Abril de 2014

SS

estar meio perdida, sem rumo. Sinto

que desde o dia em que cheguei

aprendi muita coisa, uma delas é

enxergar o rosto de Cristo

transparecido em cada pessoa,

sobretudo naqueles que passam por

alguma dor.

Jesus dá a missão, mas também dá a

condição e saciarmos a nossa sede das

coisas do Alto. É se redescobrindo

que a gente vê quão grande é o amor

de Jesus por nós e que também se

consegue acompanhar toda trajetória

dos rastos deixados na areia da vida.

Foi muito bom fazer esta caminha,

porque foi ai que eu percebi o rosto

de Cristo transparecido em cada

pessoa que me ajudou e me apoiou

nesta longa caminhada junto com a

Mãezinha do Céu Aparecida que me

confiou seu amor grandioso que

mesmo tão difícil fazer esta

caminhada, mas com o amor

misericordioso de Jesus foi alcançado

esta graça.

Quando surge o entusiasmo no

coração, uma voz nos enche de

alegria e esperança o que me move é

saber que de muitas formas poderei

doar a minha vida a serviço do reino

de Deus, compartilhando a dor do

próximo, pois é muito gratificante ver

o sorriso no rosto de alguém que só se

via em lágrimas. Experimentar esse

novo projeto é deixar com que Jesus

adentre o mais profundo do coração e

faça sua morada. Eterno é seu amor e

tão misericordioso, Jesus nos enche

de alegria quando nos revela o

Espírito Santo que é a fonte de dons e

talentos tão presente na vida de cada

uma de nós, dando a inteligência para

usá-los com sabedoria. É Ele que me

faz perceber que em tudo está a sua

obra de vida.

Giovana de Oliveira Silva

Manhã de espiritualidade com

religiosas/os da CRB Regional do

Rio de Janeiro

No dia 05 de abril as Irmãs M. Isa e

M. Jessica participaram da manhã de

espiritualidade, promovida pela CRB

Regional do Rio de Janeiro, a qual foi

assessorada pelo padre Carlos

Palácio, que partilhou sobre a

Evangelliu Gaudium, Exortação

Apostólica sobre o anúncio do

Evangelho no mundo atual.

O assessor iniciou dizendo que hoje

se fala de uma desertificação

espiritual, a qual atinge a família e a

sociedade, mas a alegria do

Evangelho não é uma alegria

qualquer.

Ao introduzir o tema da Exortação

Evangelliu Gaudium, ressaltou que o

Papa Francisco foi eleito num

contexto de sofrimento, de situações

de dor na Igreja, mas que ele é um

homem de fé e de esperança. Os

homens e mulheres de hoje estão

saturados de doutrinas e teorias, eles

buscam testemunhas vivas e é

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Convívio Março e Abril de 2014

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justamente isto que eles se têm

encontrado no Papa Francisco.

Eis, portanto, uma síntese de alguns

dos principais pontos da Exortação

comentados pelo padre Palácio.

A Evangelli Gaudium, do ponto de

vista pastoral, é uma Exortação

apostólica que se coloca numa atitude

de pastor, de quem está aí para

conduzir, guiar as pessoas. De fato,

trata-se de um documento que se

chama exortação. É um convite, é um

apelo, onde ninguém escapa, sejam os

cardeais, os bispos, os padres e até

mesmo o Papa. Trata-se de algo

especial porque toca a vida, o

coração.

1. A ALEGRIA DO EVANGELHO enche

o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. [...] Com Jesus

Cristo, renasce sem cessar a alegria. [...]

Esse encanto é que enche de

alegria, mas não se trata de uma

alegria fácil. Trata-se de algo bem

profundo. A alegria do evangelho não

é qualquer tipo de sentimento. Há

cristãos que vivem uma quaresma

perpétua, ou seja, não chegam à

Páscoa. A alegria do evangelho é

compatível com momentos de

tristeza. A adesão de Jesus enche de

sentido na vida.

Alegria – Pode atravessar

momentos de tristeza, de dor, sem que

ela desapareça. Essa alegria consiste

em vivermos a vida num nível

superior, mas nem por isso com

menor intensidade. Algo para ter

muito presente, porque o risco do

mundo moderno é confundir a alegria

com o prazer, com o êxito. Esse risco

nos atinge também como cristãos. Por

isso é que temos o trabalho de

discernir o que está dentro da gente,

desmascarar o que está no coração. 2. O grande risco do mundo atual, com

sua múltipla e avassaladora oferta de

consumo, é uma tristeza individualista

que brota do coração comodista e

mesquinho, da busca desordenada de

prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha

nos próprios interesses, deixa de haver

espaço para os outros, já não entram os

pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor,

nem fervilha o entusiasmo de fazer o

bem. Este é um risco, certo e permanente, que correm também os

crentes. Muitos caem nele,

transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta

não é a escolha duma vida digna e plena,

este não é o desígnio que Deus tem para

nós, esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado.

O Papa buscou essa alegria do

Evangelho, na alegria do evangelizar.

Necessidade interna: eu tenho que

levar esta alegria aos outros. Isto não

é sair por aí gritando, mas é com a

vida, testemunho, tomado por essa

alegria de Jesus. Tomar a decisão de

se deixar encontrar por ele, não fugir,

não esconder-se, não ter medo dele.

Esse Documento do Papa tem um

alcance programático, não se trata de

uma Exortação para esquentar o

coração e desaparecer, trata-se de um

programa de vida de todo cristão. A

etapa evangelizadora marcada pela

alegria indica o caminho.

11. Um anúncio renovado proporciona

aos crentes, mesmo tíbios ou não praticantes, uma nova alegria na fé e

uma fecundidade evangelizadora. Na

realidade, o seu centro e a sua essência são sempre o mesmo: o Deus que

manifestou o seu amor imenso em Cristo

morto e ressuscitado. Ele torna os seus

fiéis sempre novos; ainda que sejam idosos, «renovam as suas forças. Têm

asas como a águia, correm sem se

cansar, marcham sem desfalecer» (Is 40,31). Cristo é a «Boa-Nova de valor

eterno» (Ap 14, 6), sendo «o mesmo

ontem, hoje e pelos séculos» (Hb 13, 8),

mas a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis. Ele é sempre jovem, e fonte

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Convívio Março e Abril de 2014

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de constante novidade. A Igreja não

cessa de se maravilhar com a

«profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência de Deus» [...] Jesus Cristo

pode romper também os esquemas

enfadonhos em que pretendemos

aprisioná-Lo, e surpreende-nos com a sua constante criatividade divina.

Sempre que procuramos voltar à fonte e

recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas,

métodos criativos, outras formas de

expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado

para o mundo atual. Na realidade, toda a

ação evangelizadora autêntica é sempre

«nova».

Faz tempo que a gente não ouvia

de um Papa um desafio tão profundo.

Ter criatividade de não repetir o

passado. Ele convida a todos a serem

ousados, criativos.

16. [...] Os temas relacionados com a

evangelização no mundo atual, que se poderiam desenvolver aqui, são

inumeráveis. [...] Penso, aliás, que não

se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre

todas as questões que dizem respeito à

Igreja e ao mundo. Não convém que o Papa substitua os episcopados locais no

discernimento de todas as problemáticas

que sobressaem nos seus territórios.

Neste sentido, sinto a necessidade de proceder a uma salutar

«descentralização».

Radical descentralização do poder.

O Papa tem uma palavra, mas não é a

única para tudo. Os bispos é quem

conhece a vida da Igreja na América

Latina, não o Papa. Com isso ele está

numa atitude de grande abertura. A

Igreja tem que deixar de ser o centro,

pois o centro é um único: Jesus

Cristo, portanto, a Igreja tem que sair

de si mesma. Nós temos que sair da

nossa própria comunidade e

acomodação.

14. [...] Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o

anunciar, sem excluir ninguém, e não

como quem impõe uma nova obrigação,

mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece

um banquete apetecível. A Igreja não

cresce por proselitismo, mas «por

atração».

O Papa diz que esse movimento

tem que nos levar como Igreja para

sairmos de nós mesmos, um

movimento de saída para a verdadeira

conversão. A conversão da Igreja é

justamente sair de si mesma, deixar

de ser o centro. Essa fidelidade é para

a própria vocação de ser Igreja.

25. Não ignoro que hoje os documentos

não suscitam o mesmo interesse que

noutras épocas, acabando rapidamente esquecidos. Apesar disso sublinho que,

aquilo que pretendo deixar expresso

aqui, possui um significado programático e tem consequências

importantes. Espero que todas as

comunidades se esforcem por atuar os

meios necessários para avançar no caminho duma conversão pastoral e

missionária, que não pode deixar as

coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma «simples administração».

Constituamo-nos em «estado permanente

de missão», em todas as regiões da terra

Trata-se de descobrir e começar a

descobrir esta alegria e sentimos que

Jesus Cristo nos convida e nos envia.

Evangelizar com a vida é justamente

dar-se com a vida.

33. A pastoral em chave missionária

exige o abandono deste cômodo critério pastoral: «fez-se sempre assim».

Convido todos a serem ousados e

criativos nesta tarefa de repensar os

objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas

comunidades. Uma identificação dos

fins, sem uma condigna busca comunitária dos meios para os alcançar,

está condenada a traduzir-se em mera fantasia. [...]

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Convívio Março e Abril de 2014

SS

O Papa pede para romper com as

estruturas e buscar rumos novos.

Temos que ter coragem de mexer com

tudo.

24. A Igreja «em saída» é a comunidade de discípulos missionários que

«primeireiam», que se envolvem, que

acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam – desculpai o neologismo –,

tomam a iniciativa! A comunidade

missionária experimenta que o Senhor

tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf.1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à

frente, sabe tomar a iniciativa sem medo,

ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos

para convidar os excluídos. Vive um

desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado

a misericórdia infinita do Pai e a sua

força difusiva. Ousemos um pouco mais

no tomar a iniciativa! Como consequência, a Igreja sabe «envolver-

se». Jesus lavou os pés aos seus

discípulos. O Senhor envolve-Se e envolve os seus, pondo-Se de joelhos

diante dos outros para os lavar; mas,

logo a seguir, diz aos discípulos: «Sereis

felizes se o puserdes em prática» (Jo13, 17). Com obras e gestos, a comunidade

missionária entra na vida diária dos

outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e

assume a vida humana, tocando a carne

sofredora de Cristo no povo. Os evangelizadores contraem assim o

«cheiro de ovelha», e estas escutam a

sua voz. Em seguida, a comunidade

evangelizadora dispõe-se a «acompanhar». Acompanha a

humanidade em todos os seus processos,

por mais duros e demorados que sejam. Conhece as longas esperas e a

suportação apostólica. A evangelização

patenteia muita paciência, e evita deter-se a considerar as limitações. Fiel ao

dom do Senhor, sabe também

«frutificar». A comunidade

evangelizadora mantém-se atenta aos frutos, porque o Senhor a quer fecunda.

Cuida do trigo e não perde a paz por

causa do joio. O semeador, quando vê

surgir o joio no meio do trigo, não tem

reações lastimosas ou alarmistas.

Encontra o modo para fazer com que a Palavra se encarne numa situação

concreta e dê frutos de vida nova, apesar

de serem aparentemente imperfeitos ou

defeituosos. O discípulo sabe oferecer a vida inteira e jogá-la até ao martírio

como testemunho de Jesus Cristo, mas o

seu sonho não é estar cheio de inimigos, mas antes que a Palavra seja acolhida e

manifeste a sua força libertadora e

renovadora. Por fim, a comunidade evangelizadora jubilosa sabe sempre

«festejar»: celebra e festeja cada

pequena vitória, cada passo em frente na

evangelização. No meio desta exigência diária de fazer avançar o bem, a

evangelização jubilosa torna-se beleza

na liturgia. A Igreja evangeliza e se evangeliza com a beleza da liturgia, que

é também celebração da atividade

evangelizadora e fonte dum renovado impulso para se dar.

A Igreja quer que todos venham

para ela, para dentro, mas o Papa diz

para sair, é a ação missionária da

Igreja. O Papa destaca seis verbos

importantes: Sair; Primeirear;

Envolver; Acompanhar; Frutificar;

Festejar. Cada um desses verbos

aponta para a missão.

Primeirear: Os bispos têm que ter

cheiro de ovelha, ou seja, têm que se

misturar com as pessoas, para saber o

que elas vivem.

Acompanhar as pessoas, aproximar

para acolhê-las para que se sintam

acolhidas, para que experimentem

que Deus as acolhe. Deixar que as

pessoas se sintam acolhidas no que

são, para depois acompanhá-las.

Frutificar – nem sempre a gente

ver os frutos. Cuidar do trigo e não

perder a paz por causa do joio. Não

há como fugir disso.

Nós fomos acostumados a ser

prefeitos, mas a perfeição consiste em

ter a raça e a coragem de ir até o fim,

não desistir, não parar. Não tem nada

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Convívio Março e Abril de 2014

SS

de moralismo. A gente se omite

muitas vezes por medo de errar. O

que temos que saber é reconhecer o

erro. Não podemos ficar paralisadas

por causa do medo de errar.

Festejar – a comunidade eclesial

celebra e festeja cada pequena vitória.

Nós não estamos acostumados para

isso. Festejar cada pequena vitória,

isso tem que ser reconhecido,

celebrado. A imagem da Igreja que

aparece nestes 6 verbos é diferente da

que estamos acostumados.

27. Sonho com uma opção missionária

capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a

linguagem e toda a estrutura eclesial se

tornem um canal proporcionado mais à

evangelização do mundo atual que à auto-preservação. A reforma das

estruturas, que a conversão pastoral

exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais

missionárias, que a pastoral ordinária

em todas as suas instâncias seja mais

comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante

de «saída» e, assim, favoreça a resposta

positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade. [...]

Opção missionária capaz de

transformar tudo. Na Vida Religiosa a

superiora deve ficar ora à frente ora

no meio. Ela não é o centro. A figura

de bispos e pastores, também na VR

exige uma verdadeira conversão. O

Papa dá o exemplo de

desprendimento ao sair do palácio

pontifício e ir morar na casa de

hospedagem Santa Marta. O Papa

Francisco rompeu com isso e,

certamente, incomodou muita gente.

O grande mérito de Bento XVI foi

reconhecer que não tinha condição de

continuar. Com este gesto ele

devolveu a dimensão humana da

Igreja. Essa conversão que o Papa

Francisco está fazendo é uma

verdadeira conversão. Aparentemente

ele não tocou nas estruturas, mas as

abalou. Ele está transmitindo ao povo

cristão de que o Papa é bispo de

Roma e que não tem que se meter em

tudo. Ele está trabalhando com o

desmantelamento de uma estrutura

que não pertencia a ninguém. Ele se

torna pastor e não um chefe de estado.

Ele não se mistura e não se identifica

com isso.

37. São Tomás de Aquino ensinava que,

também na mensagem moral da Igreja, há uma hierarquia nas virtudes e ações

que delas procedem. Aqui o que conta é,

antes de mais nada, «a fé que atua pelo

amor» (Gl 5, 6). As obras de amor ao próximo são a manifestação externa mais

perfeita da graça interior do Espírito:

«O elemento principal da Nova Lei é a graça do Espírito Santo, que se

manifesta através da fé que opera pelo

amor». Por isso afirma que, relativamente ao agir exterior, a

misericórdia é a maior de todas as

virtudes: «Em si mesma, a misericórdia é

a maior das virtudes; na realidade, compete-lhe debruçar-se sobre os outros

e – o que mais conta – remediar as

misérias alheias. Ora, isto é tarefa especialmente de quem é superior; é por

isso que se diz que é próprio de Deus

usar de misericórdia e é, sobretudo nisto, que se manifesta a sua onipotência».

A onipotência de Deus é deixar-se

seduzir pela miséria humana.

Conclusão para nós: Jesus se

aproxima de maneira adequada a cada

pessoa. Temos que nos apegar ao que

Jesus diz para ajudar as pessoas a

caminhar. A Eucaristia é alimento

para a vida e não um prêmio para os

bons. O confessionário não é uma

câmara de tortura.

46. A Igreja «em saída» é uma Igreja

com as portas abertas. Sair em direção

aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo

mundo sem direção nem sentido. Muitas

vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr de parte a ansiedade para olhar nos olhos e

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Convívio Março e Abril de 2014

SS

escutar, ou renunciar às urgências para

acompanhar quem ficou caído à beira do

caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas

abertas para, quando este voltar, poder

entrar sem dificuldade

Nós não somos controladores da

graça, uma espécie de alfândega (o

que você tem na bagagem). A Igreja

não tem que ter medo de se sujar, de

entrara na lama. Saiamos para

anuncia Jesus Cristo. É necessário

sermos conscientes de que estamos

condicionados pelo que se respira na

cultura ambiente – o individualismo,

o isolamento, a busca do prazer.

93. O mundanismo espiritual, que se esconde por detrás de aparências de

religiosidade e até mesmo de amor à

Igreja, é buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar

pessoal. É aquilo que o Senhor

censurava aos fariseus: «Como vos é possível acreditar, se andais à procura

da glória uns dos outros, e não procurais

a glória que vem do Deus único?» (Jo 5,

44). É uma maneira sutil de procurar «os próprios interesses, não os interesses de

Jesus Cristo» (Fl 2, 21). Reveste-se de

muitas formas, de acordo com o tipo de pessoas e situações em que penetra. Por

cultivar o cuidado da aparência, nem

sempre suscita pecados de domínio

público, pelo que externamente tudo parece correto. Mas, se invadisse a

Igreja, «seria infinitamente mais

desastroso do que qualquer outro mundanismo meramente moral».

Os quatro princípios para ligar

com as tensões bipolares da

sociedade, ou seja, a parte da questão

da justiça social, economia de

mercado baseada no financeiro. O que

vale é o manejo da bolsa. O Papa

denuncia isto, ele faz atenção ao bem

dos indivíduos.

Princípios:

1. O tempo é superior ao espaço. Dar

tempo às pessoas é muito mais

importante do que ocupar os espaços.

2. A unidade deve prevalecer sobre o

conflito, mas isto não nega que a

sociedade está atravessada por

conflitos. Temos que buscar sempre a

unidade na diversidade.

3. A realidade é mais importante do

que a ideia. A teoria vem depois da

prática. A vida tem sempre razão. A

realidade é mais importante.

Respeitar o concreto da realidade é o

primeiro passo.

4. O todo é superior à parte, não é a

soma das partes. Essa questão é

vivida por todos nós. Temos um

horizonte universal, temos que

aprender a universalizar. Temos que

ser evangelizadores com o Espírito.

Nem mística sem compromisso nem

discurso sem evangelizar. A vida tem

que sentir que ela pertence à

comunidade do povo cristão. No

Evangelho, o que Jesus faz é

mergulhar na vida do outro.

Qual é o reflexo que essas atitudes

todas deixam na nossa vida?

Limites na

Perspectiva

Psicológica

Podemos dizer que

uma pessoa alcança

maturidade

psicológica quando

administra bem as suas frustrações,

seus sentimentos e quando possui

tolerância às suas decepções.

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Convívio Março e Abril de 2014

SS

O processo de amadurecimento

psicológico passa inicialmente pela

infância, quando a criança expressa

”quero fazer apenas o que gosto”;

“não quero fazer o que não gosto”; ou

seja, exerce a sua vontade

independentemente da aprovação dos

outros. É a fase do egocentrismo

infantil. “Eu existo para mim e

basta!” Podemos ver isso claramente

numa criança de três anos de idade:

bate os pés, rola no chão num

comportamento de birra, por

exemplo. Na verdade, ela solicita

“limite”, pois limite significa amor,

equilíbrio e proteção.

Coragem, pais! Nesta fase, é preciso

muita firmeza e determinação, senão

o “pequeno ditador” comanda a vida

de vocês e a vida se torna um caos!

Sabemos que é difícil dizer “não” a

esse “pequeno ser” quando se chega a

casa depois de um dia intenso de

trabalho, não é verdade?! Mas essa

criança com atitudes indesejáveis está

pedindo uma única coisa: amor!

Quando se ama verdadeiramente, dar

limites é uma questão de coerência,

cuidados e segurança psicológica.

Portanto, não tenham medo de

exercer a autoridade de vocês!

Estabelecer regras, normas, dar-lhes

uma estrutura é oferecer possibilidade

de organizar-se internamente.

Muitas são as famílias que não

conseguem administrar o processo de

discernir o que é certo e o que é

errado. Alcançar o equilíbrio entre a

rigidez e o excesso de permissividade

é o grande desafio! A rigidez anula,

desqualifica, deprime. A

permissividade aliena, desestrutura.

Logo, torna-se fundamental usar o

bom senso e a firmeza.

À medida que o ser humano vai

crescendo, aprende que “nem tudo o

que gosta, pode fazer; que algumas

coisas de que gosta e pode fazer

devem ser adiadas para um

determinado momento; depois, às

vezes, tem que fazer coisas de que

não gosta, mas é necessário fazer”.

Tudo isso faz parte da nossa limitada

condição humana. E, sem dúvida, do

nosso processo de maturidade

psicológica.

É no exercício da interação com

outras pessoas que a criança e o

adolescente vão adquirindo outros

conceitos importantes para o seu

desenvolvimento psicoemocional, por

exemplo, o altruísmo. De fato, as

ciências do comportamento

confirmam que o indivíduo cresce

psicologicamente à medida que sai de

si mesmo e vai ao encontro do outro;

é o reconhecimento do outro. É na

relação com o semelhante, que é

“diferente de mim e igual a mim”,

que o processo de maturidade

psíquica se solidifica! “Só o amor

permite a diversidade - ou distinção,

salvando a igualdade e tornando

possível a unidade.” (Chiara Lubich).

Sendo assim, pais, não tenham medo

de “frustrar” seus filhos. Vocês

estarão ajudando-os a serem pessoas

saudáveis, inteiras, realizadas,

maduras.

“As pessoas que se autorrealizam,

com efeito, têm relacionamentos

interpessoais mais profundos do que

outras. Elas são mais capazes de

coesão, de amor, de identificação

perfeita com os outros, de reduzir as

barreiras do ego na medida em que

as outras pessoas a isso favoreçam.”

(Maslow).

Emi Rodrigues

Psicóloga Escolar

Valores no

cotidiano da

Escola

Os valores existem

porque são a base

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Convívio Março e Abril de 2014

SS

na qual se estrutura o ser humano.

Isso justifica a necessidade de se ter

uma educação baseada em valores.

É no ambiente escolar, através da

convivência cotidiana, que os alunos

passam a incorporar princípios

básicos de tolerância, justiça,

solidariedade, amor e respeito,

reproduzindo tal postura na sociedade

em que vive.

Algumas escolas vêm, a cada dia

mais, valorizando a capacidade

cognitiva, deixando de explorar e

valorizar as qualidades, mas a

construção do conhecimento deve

integrar as condições humanas, corpo,

mente e sentimentos.

O maior desafio para a escola é

articular um trabalho, nas diferentes

áreas de conhecimento, que esteja

fundamentado nos valores. Porém,

cabe lembrar que não existem

atividades específicas para trabalhar

valores. É uma questão de atitude

constante, que envolve todas as áreas

e todos os momentos da escola: o

momento da chegada, recreio, saída,

enfim, a vida escolar.

É também de fundamental

importância saber lidar com os

conflitos do dia a dia da escola. Esses

momentos são oportunos para discutir

valores e regras.

Os educadores precisam dar bons

exemplos. Tudo pode ser melhorado

sempre, mas infelizmente nem

sempre é assim. Capacitando os

alunos, eles sairão da escola melhores

do que chegaram. Esse é o papel da

escola: formar um ser humano

melhor, que saiba conviver com os

outros.

“Pensamos que a tarefa da educação é

formar seres humanos para o

presente, seres nos quais qualquer

outro ser humano possa confiar e

respeitar, seres capazes de pensar

tudo e de fazer tudo o que é preciso

como um ato responsável a partir de

sua consciência social.”

(Humberto Maturana)

As famílias e as outras instituições

também têm um papel significativo

no desenvolvimento moral e na

formação de atitudes. A transmissão

de valores é uma das preocupações

que todo pai deve ter ao educar.

Como fazer isso no dia a dia?

Existe uma certeza: não há valores

que se sustentem sem bons exemplos.

A família oferece à criança todas as

condições para desenvolver os

principais valores, pois existe ali um

vínculo emocional muito forte. Um

ambiente familiar com moralidade,

respeito e exemplos positivos formará

uma criança com valores presentes e

bem definidos. E a escola colabora

fazendo a manutenção constante dos

valores apresentados em cada

contexto familiar.

Zoraia J. Rabelo da Silveira Pedagoga/Psicopedagoga

Diretora do Colégio Elisa Andreoli

Caminhada penitencial em

preparação à Páscoa

No dia 12 de abril, a Pastoral Escolar

- Movimento Reparação do Colégio

Elisa Andreoli, juntamente com o

colégio Menino Jesus fizeram a

experiência dos discípulos de Emáus

após a ressurreição de Jesus (Lc

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19

Convívio Março e Abril de 2014

SS

24,13-35) da caminhada e da partilha

do pão. Foi um momento apropriado

por ser a semana de preparação para a

páscoa, momento de reflexão, de

alegria e também de encontro com o

outro. Percorremos os 12 quilômetros

finais de um dos trajetos conhecidos

na Arquidiocese de Florianópolis/SC

como “Caminhos da Fé”, entre os

municípios de São Pedro de Alcântara

e Angelina/SC.

Hoje são poucas as manifestações

religiosas na espiritualidade cristã

com tanto significado como uma

caminhada. O caminhante silencia e

acalma o seu coração e ao mesmo

tempo coloca os pés no chão. Seus

pés tocam a realidade. A caminhada

renova, refaz, reconstrói os sonhos e

reafirma os valores à medida que o

ser caminha e silencia. Jesus

percorreu grande parte dos seus

caminhos a pé. Caminhar nos faz

encontrar as pessoas, admirar a

natureza, ouvir o canto dos pássaros e

os passos de outros irmãos que vão e

vem conosco. Profundamente

significativas são as caminhadas pelo

mundo afora, como o “Caminho de

Santiago de Compostela” na Espanha

que se tornou famoso por transformar

as vidas de quem caminha e de quem

observa e atende aos peregrinos.

Sempre pensando na formação de

cidadãos conscientes, participativos e

com uma conduta pautada em valores

cristãos, o Colégio Elisa Andreoli

procura contribuir oportunizando

momentos reflexivos com o objetivo

de proporcionar condições para que a

pessoa se conscientize da necessidade

do respeito entre todos, através da

convivência do grupo, cumprindo,

assim, com o papel da escola em

favorecer uma aprendizagem

significativa na formação de seres

humanos.

Essas atividades nos fortalecem como

grupo e especialmente nos

enriquecem como experiência de

vida. São momentos intensos de

convivência, partilha e de acolhida

mútua. Isso nos é extremamente

importante, pois saímos de nosso

ambiente e vamos ao encontro do

OUTRO. Dessa forma, a nossa

espiritualidade se expande, ganhando

uma nova dimensão, a missão. Esses

momentos nos impulsionam a

continuar a caminhada tendo presente

o Amor de Deus nos conduzindo e a

proteção de Maria que nos mostra o

caminho da paz e do amor entre as

pessoas.

A equipe agradece a participação de

todos neste evento. Vamos aguardar o

próximo!

Um abraço fraternal!

Isabel Cristina Nogueira

Coordenadora do SOR/Pastoral

CONTRIBUIR RECEBER

Uma canção bonita chamada

Sementes traz uma expressão

lindíssima: “semente, de que árvore

você nasceu”. Utilizei-a com um

grupo de mulheres lideres do Circulo

bíblico, pois eu estava diante de

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Convívio Março e Abril de 2014

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várias sementes já árvores frondosas -

a idade média era 60/70anos – e estas

permaneceram durante uma hora

acolhendo e partilhando sobre

Motivação, a reflexão desenvolvida.

Então, contribui levando no pen

draive, curtos vídeos, texto bíblico e

vários slydes com explicações. Além

disso, levei Irmã Tereza que

contribuiu com pertinência com suas

experiências e conhecimento do tema.

Este grupo de mulheres sementes,

também nos incluindo claro, estava

consciente da reciprocidade. Elas

participando/acolhendo “as falas”,

nós duas Ir. Tereza e eu contribuindo

e recebendo ao ouvi-las e olhá-las

relembrando aquelas pessoas que

contribuem ainda hoje na manutenção

da dinâmica da vida.

CONTRIBUIR RECEBER

Movimento necessário para celebrar

as duas mulheres/sementes da nossa

família religiosa. Falo de Elisa e

Dolores. Quanto mais as divulgarmos,

certamente surgirão, pessoas

“antenadas, conectadas, ligadas,

envolvidas” no seguimento ao

Mestre, Amigo Amado “O vivente”

dentro das nossas comunidades,

conosco!

Atitude possível para que

sintonizadas entre nós as vocações,

seja consagrada, seja associada... B R O T E M,

C R E S Ç A M, M U L T I P L I Q U E M –S E!

Portanto, vamos CONTRIBUIR

RECEBER?

Ir. M. Monica

“Quero viver mergulhada em um

Deus que é Vida em mim”

Esta frase revela uma experiência

bela e forte que vivi na missão

intercongregacional, promovida pela

CRB de Minas Gerais, no Norte do

Estado no período da Semana Santa.

Sim, quero, a cada dia da minha vida,

viver mergulhada em Deus que é vida

em mim, porque, só assim,

conseguirei levar ao meu irmão o

Cristo ressuscitado.

Nesta missão da Semana Santa, na

Paróquia de Machacalis, Diocese de

Teófilo Otone, tentei, como Serva de

Maria Reparadora, responder ao

convite de Jesus: “estendei o Reino

até os confins da terra”, e a exemplo

de Madre Elisa, cooperar na

evangelização entre os povos onde a

igreja não está ainda estabelecida ou

se encontra em condição de

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Convívio Março e Abril de 2014

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insuficiência, querendo ser presença

de amor a serviço da vida.

A missão me proporcionou viver algo

totalmente novo na minha vida e

caminhada. Uma realidade que me

cerca, que está diante dos meus olhos,

mas que, muitas vezes estou como

que cega diante dela. A missão para

mim é estar sempre pronta para partir

e caminhar, deixar tudo, sair de mim

mesma. Jesus Cristo é a Palavra viva

do Pai que deve ser comunicada, é a

luz do mundo que deve ser colocada

sobre o candeeiro a fim de que

ilumine a todos, é o Caminho da vida

que deve ser mostrado a todo ser

humano.

Vivi estes dias em missão com um

povo que necessita de alguém que o

escute, que tem sede de Cristo

ressuscitado; um povo de coração

largo, um povo simples, humilde,

acolhedor; que abriu as portas de suas

casas e me acolheu como irmã, como

filha, etc. Para mim foi uma

experiência única, que me ajudou a

querer continuar dando o meu sim a

Deus a cada novo amanhecer, o

desejo de segui-lo na totalidade da

minha fé com entusiasmo. Que o

Cristo Ressuscitado mantenha viva

em mim, a chama do seu amor, para

que eu seja uma verdadeira

testemunha da sua presença.

A missão me proporcionou ver de

perto o quanto a cultura indígena

ainda sofre preconceitos nos espaços

públicos. Em uma visita que fiz em

um hospital público, vi a dor nos

olhos de tantos índios que lá

encontrei. Verdadeiros crucificados.

Está mais do que na hora do índio ser

visto como um cidadão, com sua

cultura própria. Esteja trabalhando na

cidade ou caçando na mata, o índio

nunca deixa de se índio.

Vivemos uma época em que a

consciência de que o mundo passa por

transformações profundas, é cada dia

mais forte. Esta realidade provoca em

muitas pessoas e grupos sentimentos,

sensações e desejos contraditórios: ao

mesmo tempo que causa insegurança,

medo e conformismo, também

provoca indignação e estimula a

novidade e a esperança, mobilizando

as melhores energias criativas para a

construção de um mundo diferente,

mais humano e solidário.

Precisamos ir além de nossos medos e

preconceitos e enxergar o outro com

os olhos de Deus. A verdade de Deus

precisa iluminar a vida de todos.

Nosso dever, enquanto cristãos, é

levar Cristo aos irmãos e irmãs,

independentemente de quem seja, de

onde mora ou de sua formação

cultural. Respeitar e interagir com

eles, aceitando sua cultura e sua

história para que em Jesus, todas as

pessoas tenham as condições

necessárias ao seu pleno

desenvolvimento, ou seja, “tenham

vida e vida em abundância”.

Rubielly V. da Rocha - Noviça

Experiência do Ressuscitado entre

as montanhas de MG

Foi o forte desejo de fazer a

experiência do Ressuscitado em meio

às montanhas mineiras e a sede de

cantar o Aleluia da Ressurreição com

um povo simples, humildes e cheio

do desejo de participar do triunfo

pascal, que levou um grupo de 45

pessoas, religiosas/os e leigos, para o

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Convívio Março e Abril de 2014

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Norte de Minas Gerais, de 11 a 21 de

abril de 2014, precisamente para a

diocese de Teófilo Otone, paróquia de

Machacalis.

Esta é uma paróquia constituída por

04 municípios: Machacalis (sede da

paróquia), Santa Helena, Umburatiba

e Bertópoles. É uma região que conta

com a presença das seguintes etnias:

negros, mestiços e índios da tribo

“Maxacalis”, a qual deu nome ao

município. Há comunidades 100%

quilonbolas, assim como há também,

comunidades indígenas que ainda

vivem sua cultura de forma bem

original, falam apenas sua língua

nativa e não sabem o português.

Fui destinada a uma comunidade rural

do município de Umburatiba,

comunidade de “Córrego do

Muquém”. A caminho de Muquém,

participamos da celebração da Missa

de Ramos na comunidade de Nova

Esperança, às 15 horas e às 17 horas

já estávamos na comunidade de

destino: Muquém. Esta é uma

pequena comunidade, formada por

pessoas simples, humildes,

esperançosas, animadas e de muita fé.

O meio de sobrevivência do povo

desta região é a pecuária. Há grandes

áreas desmatadas para o plantio de

pastos para o gado. As famílias vivem

da comercialização do leite e algumas

pessoas têm criatórios de peixes. Não

há outra fonte de renda, porém, todas

cultivam muitas árvores frutíferas

próximo às suas casas e mandioca

para a própria subsistência.

Os meios de transportes mais comuns

nesta região são cavalos e jumentos.

São utilizados no manejo da terra, na

condução do leite até os resfriadores,

no transporte de materiais e de

pessoas para seus trabalhos nas

fazendas, para a visita aos vizinhos,

parentes e amigos e até para a igreja.

Foram 09 dias de visitas às famílias,

aos doentes, aos idosos; de encontros

com crianças, adolescentes e com

grupos de reflexão; de realização de

oficinas de artesanato e de

celebrações dos diversos momentos

solenes da Semana Santa. Foram dias

de muita alegria, de partilha, de

silêncio, de profunda oração, de

vivência fraterna, etc.

O povo de Muquém tem grande sede

da Palavra de Deus, é um povo que

cultiva costumes e tradições religiosas

dos seus antepassados, que pratica o

jejum e a penitência com muita

piedade, sobretudo na semana santa,

que vive sua fé de uma forma bem

particular. Foi com esse povo que vivi

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Convívio Março e Abril de 2014

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a semana santa de uma forma muito

semelhante às minhas origens. O

Mistério Pascal era revelado a cada

dia no rosto de cada irmão e irmã que

encontrávamos, que visitávamos, em

cada conversa e partilha de

experiência de vida, em cada gesto de

amor, de solidariedade e de perdão.

A pessoa mais idosa da comunidade é

dona Maria que tem 90 anos, a qual

nos acompanhou em todos os lugares,

subindo e descendo ladeiras, de dia

ou de noite e não perdeu uma

celebração. É uma mulher de muita

fé, de uma vivacidade invejável, de

uma serenidade de anjo, de uma

beleza interior incalculável. É um

verdadeiro exemplo de cristã e de

mulher comprometida.

Agradeço ao bom Deus por me ter

concedido tão grande graça, agradeço

pela bonita iniciativa da CRB/MG

que nos oportunizou fazer esta linda

experiência, agradeço ainda às

minhas irmãs de comunidade e da

Congregação em geral, pelo apoio,

incentivo e pela comunhão. Que o

Senhor Ressuscitado continue nos

abençoando para que sejamos

também geradoras de vida.

Ir. Ana Aparecida Ferreira

Missão: Semana Santa

Em sintonia ao apelo do Papa

Francisco, que nos convoca a sairmos

de nossas comodidades e ir para as

periferias, algumas Congregações, em

nome da CRB Regional/RJ,

acolheram ao convite e partiram no

dia 16 de abril rumo às comunidades

Nossa Senhora das Graças e São

Sebastião, situadas no Borel e

Chácara do Céu, Zona norte da cidade

do Rio de Janeiro.

Na noite de quarta feira, dia 16,

participamos da celebração

eucarística no Santuário de São

Camilo, na Usina, onde o pároco fez

o envio das Irmãs que se dispuseram

a sair de suas comunidades religiosas

para vivenciar o Tríduo pascal com as

famílias empobrecidas das

comunidades supracitadas.

Na manhã do dia 17, quinta-feira,

iniciamos as visitas às famílias, com

as quais exercitamos o sentido da

escuta de suas dores e alegrias. Ao

término de cada visita fizemos

orações e bênçãos da família e dos

lares. À noite celebramos a Eucaristia

e a cerimônia do Lava-pés com os

que puderam ir à capela.

No dia 18, sexta- feira, continuamos

as visitas e à tarde fomos para a

comunidade Chácara do Céu, onde a

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Convívio Março e Abril de 2014

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outra parte do grupo de Religiosas

estava hospedada numa pequena

Escola da Comunidade. Os jovens nos

ajudaram a contemplar a Paixão e

Morte de Jesus Cristo através das

estações da Via-Sacra nas ruas. Ao

final desta, todos os participantes

concluíram a peregrinação no interior

da Capela, na qual fora feita a

celebração da Paixão, coordenada

pelas Irmãs.

Ao amanhecer do dia 19, Sábado

Santo, dois grupos de Irmãs,

juntamente com alguns membros

destas comunidades subiram uma alta

montanha a fim de contemplar o

Cruzeiro no alto do Morro, sinal de

muita luta e resistência diante da dor

e sofrimento de tantas famílias

vítimas da Ditadura Militar e do

tráfico de drogas. Depois de uma

breve memória das pessoas que

derramaram seu sangue naquele local,

damos um simbólico abraço na cruz

como sinal de solidariedade a todos

os moradores que resistiram e que

continuam enfrentando ventos

contrários à vida. Cantamos hinos,

salmos e o Pai Nosso dos Mártires e

torturados. Descemos a montanha e

partilhamos o almoço com as Irmãs

que estava hospedadas na Chácara do

Céu.

À tarde continuamos a visita e

orações com as famílias. À noite,

como não havia sacerdote na

Comunidade do Borel, esperamos a

chegada do Círio pascal, o qual fora

aceso no Fogo Novo na comunidade

Chácara do Céu, onde havia a

presença de um sacerdote presidindo

a Eucaristia no mesmo horário da

nossa celebração. Com muita fé e

animação o nosso grupo presidiu a

celebração da Vigília pascal e

partilhou o Pão consagrado na

Quinta-feira Santa.

Ao final da celebração partilhamos os

alimentos com a família que nos

abrigou durante estes dias de chuva e

de sol. A nossa equipe foi composta

por seis Irmãs que ficou hospedado na

casa do casal Miramar e Detinha, o

qual nos acolheu com muita alegria,

disponibilidade e simpatia. A doação

desta família comoveu-nos e ajudou-

nos refletir sobre o sentido da

partilha, um dom muito evidente nas

pessoas de vida simples. O gesto de

oferecer todo o que tem foi uma lição

de vida e de desprendimento, pois

além de disponibilizar todo o seu

tempo para estar conosco nesta

missão, os mesmos dispuseram tudo o

que tinham para que sentíssemos em

nossas próprias casas. Ao final da

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Convívio Março e Abril de 2014

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ceia de Páscoa, alegres e muito

agradecidas nós descemos o Morro

em direção à Paróquia São Camilo.

Na manhã do Domingo, dia 20,

saímos em procissão com o

Santíssimo pelas ruas do bairro e, em

seguida, celebramos a Eucaristia com

as Comunidades da Paróquia, na qual

houve uma confraternização das

Irmãs, dos coordenadores das Capelas

e dos Padres Camilianos.

Retornamos às nossas comunidades

religiosas com o coração aquecido

pelo Fogo Novo do Ressuscitado. A

Ele o nosso Louvor hoje e sempre!

ANIVERSÁRIOS

Março

07. Ir. M. Amélia Antonello

23. Ir. M. Ida Marcon

27. Ir. M. Lúcia F. de Sousa

Abril

06. Ir. M. Aparecida Mesquita

12. Ir. M. Carmen Andrioni

22. Ir. Maria de Jesus Eiras

23. Ir. M. Irma Terezinha Pizoni

23. Ir. Tereza Maria Lacerda

26. Ir. M. Benícia F. dos Santos

Maio

10. Ir. M. Adelaide Frigo

17. Ir. M. Attília Dambroz

19. Ir. M. Helena Frigo

22. Ir. M. Firmina P. Vieira

26. Ir. M. Helena da Silva Cunha

Parabéns pelos 99 anos de vida Irmã

Amélia

Parabéns pela sua vida, Irmã Amélia.

Que a sua vida continue sendo uma

mensagem do amor de Deus.

Que o seu coração pulse sempre mais

forte; seus olhos continuem brilhando

e seus lábios sorrindo.

Que os seus dias sejam inspiradores

para quem está à sua volta.

FELIZ ANIVERSÁRIO A TODAS

AS IRMÃS!

Sumário

Experiência vivida com a Família Servita 01

Um homem com cara de Ressurreição 02

Teologia e Mistagogia em J. B. 03

As lógicas das cidades 04

O cultivo da formação 05

Um teólogo irmão 07

Visita ao Maranhão 08

Construir história 09

Chamaste-me 10

Quem sou eu? 10

Um mês de experiência 10

Manhã de espiritualidade 11

Limites na perspectiva psicológica 16

Valores no cotidiano da escola 17

Caminhada penitencial 18

Construir – receber 19

Quero viver mergulhada em Deus 20

Experiência do Ressuscitado 21

Missão: Semana Santa 23

Aniversários 25