Relatório e Parecer age nº 057 2014 processo nº 2014 37749 PCPA
Convívio nº 2 2014
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1
Convívio Março e Abril de 2014
SS
EXPERIÊNCIA VIVIDA COM
A FAMÍLIA SERVITA
Nos primeiros dias de março,
enquanto as Escolas de Samba
desfilavam pelo Sambódromo no Rio
de Janeiro, nós da Família servita
(Servos de Maria, Servas de Maria
Reparadoras e Servas de Maria do
Brasil), deslizávamos nas linhas e
entrelinhas da Liturgia e Agiografia
da Ordem dos Servos de Maria em
Jacarepaguá - Rio de Janeiro/RJ.
Foram dias de estudos,
aprofundamento, reflexão, encontro e
partilha, marcados por uma
experiência de convivência fraterna
muito significativa para todos nós.
Um encontro que nos proporcionou
maior conhecimento sobre nossa
família religiosa, de forma mais
extensa e intensa a partir das nossas
origens: a Ordem dos Servos de
Maria, a vida e o testemunho dos
Santos e Santas, Beatos e Beatas da
grande Família Servita. Foi um
momento oportuno para aumentar os
laços de união entre nós: Servos e
Servas de Santa Maria.
Nosso encontro foi assessorado pelo
Frei Marcos R. Ruk e pelo Frei José
Milanez que compartilharam conosco
os seus conhecimentos e experiências,
a cerca do assunto, de forma orante,
reflexiva e descontraída.
Nas palavras do Frei Marcos, ao falar
de santidade, percebe-se que esta é
uma realidade encarnada que se
concretiza pelo testemunho de
homens e mulheres místicos/as. O
primeiro impulso dos primeiros Pais
da Ordem foi viver, com intensidade
e de forma radical, a santidade,
portanto, todos que se sentem
chamados a esta Família deveriam ser
motivados por esse ardor. Acrescenta
Frei Marcos: “santidade, em poucas
palavras, é o amor de Jesus a Deus e
ao próximo, animado e sustentado
pelo Espírito Santo. Portanto, aquilo
Noticiário das Servas de Maria Reparadoras
Ano 3 n. 02
Província Nossa Senhora AparecidaRua da Cascata, 47 - Tijuca
CEP.: 20530-080 Rio de Janeiro/ RJ.
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Convívio Março e Abril de 2014
SS
que o ser humano deve fazer para ser
santo é, viver intensamente esse amor
a Deus e ao próximo”.
A vida fraterna é, essencialmente,
expressão do “Reino de Deus”. Esta é
uma verdade teológica. E ao tratar da
fraternidade, Frei Marcos nos alerta
que a comunidade é a sua garantia e
ela possibilidade a comunidade viver
a santidade. Acrescenta ainda que a
comunidade, o coletivo, não foi o
essencial no início da fundação.
Primeiramente os sete primeiros Pais
viveram a fraternidade de forma
individual, assim como Santa Juliana;
fizeram uma experiência pessoal da
fraternidade.
Com o peso das estruturas, o peso da
individualidade está sufocando a
fraternidade, ela precisa de religiosos
mártires para que seja resgatada. Se
estamos dispostas/os a viver o ideal
evangélico, viver como nossos
fundadores viveram, estejamos
dispostos também a ser um/a mártir
da fraternidade. Pois, a própria
condição de limite nos faz sentir a
necessidade de viver em comunidade,
pois é esta condição que nos faz
perceber que o outro faz parte de nós.
Nossas manhãs foram iluminadas pela
sabedoria e experiência do Frei José
Milanez que delineou sobre a Liturgia
Servita, utilizando o material que nos
é próprio: hinos elaborados e
cantados a partir da história de vida
dos nossos santos e santas, beatos e
beatas. À medida que fomos
aprofundando a história da cada santo
e beato, fomos também degustando da
sensibilidade daqueles que
transformaram a história em oração
de louvor e ação de graças, em forma
de versos e poesias.
Em fim, foram dias de intensa
formação, vividos na comunhão
fraterna e no alargamento das nossas
relações, em que bebemos de nossas
fontes e fomos alimentados com
aquilo que nos é próprio.
Rubielly Vieira da Rocha (noviça)
Irmã M. Ana Aparecida Ferreira
Um homem com cara de
ressurreição, não de Sexta-feira
Santa
A Universidade Cândido Mendes,
Centro/RJ e o Centro Alceu Amoroso
Lima, no dia 17 de março
propiciaram uma Mesa redonda em
homenagem ao Pe. João Batista
Libânio, falecido em 30 de janeiro de
2014, aos 80 anos. Foi apresentada,
numa dimensão testemunhal por cada
participante, a prática pastoral e
reflexão teológica a partir da
realidade.
Temas e palestrantes:
“J. B. Libânio: Uma teologia a partir
do mundo e para o mundo” –
Cândido Mendes.
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Convívio Março e Abril de 2014
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“O teólogo amigo” – Chico Pinheiro
– Jornalista
Conheci o Pe. Libânio ainda jovem e
foi designado de “Tropa Mardita” do
Libânio, o grupo de jovens que
acreditava numa Igreja diferente,
mais humanizada, amiga, como ele
era conosco. O grupo se reunia para a
Missa, na Rua Álvares Cabral e ele
que nos ensinava: pura teologia! Ele
nos fez contatar com diversos autores
na área teológica que deram clareza e
profundidade teológica ao grupo,
ressaltando a ótica crítica sobre a
realidade.
Chico Pinheiro concluiu sua fala com
a poesia, Mineiro no Rio de Carlos
Drummond de Andrade.
Espírito de Minas, me visita,
e sobre a confusão desta cidade
onde voz e buzina se confundem,
lança teu claro raio ordenador.
Conserva em mim ao menos a metade
do que fui na nascença e a vida esgarça:
não quero ser um móvel num imóvel,
quero firme e discreto o meu amor,
meu gesto seja sempre natural,
mesmo brusco ou pesado, e só me punja
a saudade da pátria imaginária.
Essa mesma, não muito. Balançando
entre o real e o irreal, quero viver
como é de tua essência e nos segredas,
capaz de dedicar-me em corpo e alma,
sem apego servil ainda o mais brando.
Por vezes, emudeces. Não te sinto
a soprar da azulada serrania
onde galopam sombras e memórias
de gente que, de humilde, era orgulhosa
e fazia da crosta mineral
um solo humano em seu despojamento.
Outras vezes te invocam, mas negando-
te, como se colhe e se espezinha a rosa.
Os que zombam de ti não te conhecem
na força com que, esquivo, te retrais
e mais límpido quedas, como ausente,
quanto mais te penetra a realidade.
Desprendido de imagens que se rompem
a um capricho dos deuses, tu regressas
ao que, fora do tempo, é tempo infindo,
no secreto semblante da verdade.
Espírito mineiro, circunspecto
talvez, mas encerrando uma partícula
de fogo embriagador, que lavra súbito,
e, se cabe, a ser doido nos inclinas:
não me fujas no Rio de Janeiro,
como a nuvem se afasta e a ave se
alonga,
mas abre um portulano ante meus olhos
que a teu profundo mar conduza, Minas,
Minas além do som, Minas Gerais.
Amém!
“Teologia e Mistagogia em J. B.
Libânio” – Maria Clara Bingemer –
Teóloga:
Ao apresentá-la, Cândido Mendes
afirmou que Libânio a via como
“discípula preferida”, e ela continuou
dizendo que ele a “adotou” e a
introduziu no encantamento pela
Teologia que a tornou apaixonada até
hoje.
Ele era um teólogo que sabia ensinar
e ajudou a ter criticidade e beber da
fonte da teologia que a fez
compreender a comunhão com o
Ecumenismo, por ter sido formada
pelas Irmãs de Sion (muito amiga do
Pe. Libânio e numa de suas
comunidades que ele morreu, ao
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Convívio Março e Abril de 2014
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pregar Retiro, nas féria, o que fazia há
40 anos). Com elas, aprendeu a rezar
pela conversão dos judeus e com ele,
a liberdade de opção religiosa e o
respeito mútuo que encerram.
Nunca vou esquecer-me do “Já e
ainda Não” = dinâmica da teologia
do Reino de Deus.
Ele acompanhava cada um/a com
respeito e liberdade. Como dizia
Santo Agostinho: “Nas coisas
necessárias a unidade, sempre a
liberdade e na dúvida a caridade!”
Como teólogo mistagogo, Libânio era
um “teologão”! Tudo na vida dele era
centrado na Teologia. Hoje, a
sensação que dá é que a religião não
sabe qual é a sua praia... segundo a
que se segue, mas a clareza teológica
é que aponta por onde ir.
Pensar o Mistério revelado da fé era
a essência de sua vida: é homologia,
louvor, confessor da fé, organiza sua
confissão criticamente, ascese para
produzir sua reflexão.
Era mistagogo, conduzindo as
pessoas ao Mistério revelado da fé, na
espiritualidade estava a Teologia =
seiva do Mistério.
A hermenêutica = interpretar o
Mistério, era o que ensinava com
sabedoria. Nunca impôs nada a
ninguém. Há vários caminhos e ele
alargava horizontes e mostrava a
Revelação através da história da
Salvação.
“Consigna criativa”. Era carinhoso,
atento, cuidadoso.
Sinto-me discípula: Libânio, mais que
professor, é meu mestre (que ensina
com a vida), Pai na Fé, que oferece a
mão e conduz ao Mistério revelado da
Fé.
Consola saber que encontrou com
Deus definitivamente no meio de
pessoas amigas e na fidelidade
incondicional à Teologia como
sempre viveu. Eu estava no exterior,
na família de meu marido e soube por
uma amiga. Escrevi um artigo para o
Jornal do Brasil, dizendo que me
deixou sem palavras, fui surpreendida
por sua morte súbita; ele que nadava,
era cuidadoso consigo mesmo e com
as pessoas... Mas, como escreveu
Guimarães Rosa, “As pessoas não
morrem, ficam encantadas!” e, eu
acredito na Ressurreição pensando na
alegria do Libânio, um homem que
chegou à glória e como discípulas/os,
nós temos a missão de difundir as
suas obras. Ele é pouco conhecido
internacionalmente, os seus livros
merecem ser traduzidos em outros
idiomas. Libânio como pessoa de
Ressurreição, não de sexta-feira
Santa, é a herança que ficou!
“As lógicas da cidade: o desafio do
mundo urbano para a pastoral e a
teologia em João Batista Libânio” -
Pe. José Oscar Beozo
Libânio nasceu em Belo
Horizonte/MG, ele era um homem da
cidade, não da área rural, mas o que
encanta é como se integrou num
bairro de periferia, a não-cidade de
Vespasiano e com os pés descalços,
revelou o Mistério da Fé além da
cidade. Foi por opção que ele
mergulhou em Vespasiano, periferia
de BH, e o povo pobre que mexeu
com Libânio.
A modernidade só chegou para alguns
privilegiados, e Vespasiano foi para
ele a escola para captar o outro lado
da cidade, a área não urbanizada.
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Convívio Março e Abril de 2014
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Comblin escreveu sobre isso e para
Libânio foi um desafio. Quando Dom
Serafim, então Arcebispo de BH,
convidou-o e ao Pe. Antoniazzi para
assessorarem o “Projeto Construir a
Esperança”, eles pediram ajuda de
todas as Paróquias, também nas
periferias, com um questionário sobre
a realidade e só então puderam
oferecer, embasada nas respostas, a
Pastoral Urbana de BH.
Toda boa Pastoral é Teologia
consistente. A Igreja como uma “rede
de trabalho”, pode oferecer
Movimentos populares, Pastoral das
Igrejas – Ecumenismo.
Em seu livro: “As lógicas da cidade”,
Libânio oferece uma nova
metodologia para a cidade, pois o
importante é a Ruptura. É necessário
romper com os anti-valores e de tudo
que não conduza a viver com ética
cristã. É preciso ser capaz de
interpretar os contra-valores da
cidade, de como viver a fé dentro da
cidade e como transformar a cidade
nas relações de pessoa a pessoa.
O valor central é a participação
através dos Movimentos sociais – a
Igreja se reconstrói com a releitura
popular da Bíblia. E aí, ele ressalta
Carlos Mesters como alguém que
ensina com propriedade, a unir fé e
vida, iluminada pela Palavra de Deus:
Leitura Orante da Palavra.
O desafio ético que a cidade suscita:
rupturas necessárias. O trabalho
fragmentado na lógica da
globalização é o poder como Serviço
que torna a Igreja Profética.
Libânio nos deixou uma nova lógica a
partir do que viveu em BH,
especialmente em Vespasiano.
“Pe. Libânio: rigor intelectual,
humanidade, compaixão e
generosidade – Profª Maria Helena
Arrochelas.
Geralmente, as pessoas que
conheceram o Pe. Libânio tinham um
apreço imediato por ele, comigo foi
mais demorado, não me senti a
princípio, nas reuniões do Grupo
Emaús, muito à vontade com sua
presença marcante, mas logo em
seguida ele me encantou com seu
jeito brincalhão e profundo de ensinar
a Teologia.
Disse que se admirou quando lhe
pediram para prefaciar dois livros
sobre sexualidade e segundo ele,
deram-lhe dor de cabeça. Confirmou
que Libânio tinha cara de
Ressurreição e não de sexta-feira da
Paixão.
O cultivo da formação” - Faustino
Teixeira – Prof. Dudu
Libânio alimentou minha opção pela
Teologia e conseguiu a manutenção
de meus cursos. Foi mais de uma vez
em Roma e visitou-me durante o
curso.
O Chico Pinheiro disse que na
“Cerimônia do Adeus imagina o
nosso altar vazio”... e assim foi.
Estava nesta cerimônia e o altar
estava sem ele presidindo, como
gostávamos de participar com ele em
Memorial da Paixão e Ressurreição
do Senhor.
Toda iniciação teológica foi com ele e
o dia 30 de janeiro de 2014, foi muito
denso. A internet se encheu de
notícias sobre ele. A vida é feita de
momentos festivos: chegadas e
partidas, êxtase, comunhão, (eu estou
esperando a chegada do nascimento
de minha netinha); mas a dura
realidade do que é nosso se torna
fluidez. Ainda mais uma vida que é
Santa! Aprender a celebrar a dor de
quem parte e é Santo, exemplaridade.
Libânio dá um toque de alegria, de
Ressurreição diante de um mundo
caótico.
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Convívio Março e Abril de 2014
SS
Liberdade: ele abriu caminho da
liberdade e ensinava o respeito à
diferença com exemplar ternura,
carinho, acolhedor de todas as
“vozes”. Iniciou-nos aos enigmas das
religiões. Nunca fechou a porta de seu
quarto e atendia quando se precisava
dele.
O Formador era o mestre inigualável
= da maiêutica = vir a ser,
propiciando o desabrochar do que
havia de melhor em cada um/a.
Conduzia ao discernimento, como
educador que era Guru; Mistagogo –
guiou-nos para o Mistério da
revelação.
O livro que escreveu sobre “Diálogo
das religiões”, Libânio me ajudou a
avaliar com muito carinho.
A cerimônia do Adeus na FAJE e em
Vespasiano – seu tesouro de coração
– expressou a fluidez de um Santo
que tenho a alegria de ter sido meu
formador. E concluiu com a poesia de
Rumi:
“Finalmente Partistes”. Um dia denso,
esse 30 de janeiro de 2014. Relia
esses dias o grande Rilke, talvez
pressentindo os toques do invisível.
Nós, diante dessa temporalidade que
nos ajuda a entender que a vida é feita
de chegadas e de partidas. Estamos
mais acostumados às chegadas, mas
diante das partidas manifesta-se toda
nossa fragilidade. Mas a vida é assim:
há os lindos momentos festivos, de
êxtase e de vitalidade que encantam e
de comunhão que irradia; mas há
também a dura constatação de que
aquilo que é nosso “flutua e
desaparece”. Não há como escapar
dessa “fluidez” diante da qual todos
prestaremos contas. Apesar de toda
dificuldade, creio que temos que
aprender também a nos alegrar com
as partidas, sobretudo com aquelas
que traduzem uma vida de
honestidade, de santidade, de beleza e
transparência. É assim que vejo esse
amigo querido, esse orientador
singular, esse santo na
exemplaridade: João Batista
Libânio. Quero deixar sua presença
bem viva junto a mim, sua alegria
solar e sua fé contagiante. Esses
valores ficam, e vencem a frágil
fluidez. Rûmî, dentre meus místicos
mais queridos, foi alguém que
conseguiu lidar com a morte de forma
mais doce e mais serena. E ele me
vem agora à lembrança:
“Finalmente partiste para o invisível.
Estranho rumo seguiste para deixar
este mundo.
A força de tuas asas rompeu a gaiola,
ganhastes os ares e voastes para o
mundo da alma.
Eras o falcão favorito do rei
nas mãos de alguma anciã,
mas ao ouvir o tambor
escapaste para o não-lugar.
Era um rouxinol entre corujas
mas a fragrância das rosas te
envolveu
e correste para o jardim (...)
Silêncio.
Liberta-te da dor da fala.
Não durmas, agora que encontraste
abrigo
Junto ao amigo querido.”
“Nós, seus eternos
discípulos,
sentiremos falta de
seu sorriso aberto,
de sua santidade contagiante e sua
presença amiga (...) Temos agora a
responsabilidade de dar continuidade
ao seu sonho, animados pela mesma
alegria e entusiasmo”, afirma o
teólogo.
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Convívio Março e Abril de 2014
SS
Libânio teve uma importância
fundamental ao firmar os valores e
exigências de uma vida religiosa
inserida no tempo, aberta aos
desafios, acesa para os dons do
Espírito. Com sua autoridade
indiscutível, ajudava as pessoas,
mesmo aquelas ainda inseguras, a
firmar tais valores na sua caminhada e
defendê-los com convicção. O seu
lindo trabalho em favor de uma
vocação lúcida e aberta. Isso fará
falta.
A vibração e entusiasmo com que
irradiava para as pessoas caminhos de
fé alternativos era única.
Encantava-nos também sua
disponibilidade para acolher a todos.
Sua porta estava sempre aberta... Isso
também fará falta. Nós, seus eternos
discípulos, sentiremos falta de seu
sorriso aberto, de sua santidade
contagiante e sua presença amiga.
Mas sabemos que foi acolhido no
carinho maior do Pai, no Mistério de
seu encanto. Temos agora a
responsabilidade de dar continuidade
ao seu sonho, animados pela mesma
alegria e entusiasmo”, declara o
professor e teólogo
Um teólogo irmão
A síntese sobre aquela noite
testemunhal, terminou com o Cândido
Mendes que a moderava, perguntando
se alguém mais gostaria de
acrescentar algo... Eu sentia um nó na
garganta e não consegui expressar o
que a emoção levava o coração à
boca..., mas gostaria de descrever
para o CONVÍVIO, o que significou
este homem na minha vida.
Eu o conheci nas aulas de Teologia,
na atual FAJE, que se denominava
ISI/BH. Era com entusiasmo e fervor
que transmitia o que o tornava
credível já no primeiro contato. A sua
simplicidade era cativante e
encantava o jeito sereno e alegre de
relacionar-se com toda pessoa que se
acercava dele. Num de meus
aniversários ele quis ir à nossa casa e
o fez, acompanhado pelo sobrinho de
Ir. Paula que morava com ele, o Pe.
Idinei, que era da mesma turma de
Monica e eu. A única restrição que
fez foi que não se colocasse cebola na
comida, pois lhe fazia mal. Ele foi
iluminado na celebração eucarística e
nos deixou admiradas de como
"implicava" com cada noviça e irmã,
para que todas participassem da festa
da vida com alegria de estar vivas!
Tive a graça de ser orientada
espiritualmente por ele, durante os 15
anos que morei no Noviciado, em
BH/MG. E foi ele que me ajudou a
assumir a Formação e me ensinando a
ter firmeza e ternura no processo de
cada formanda.
Uma vez, para explicar-se, ele
descreveu: Em comunidade, se
estiverem discutindo se esta parede
será pintada de azul ou verde, isto me
é indiferente, tanto faz. Mas se a
questão for essencial para a vida
cristã, eu luto por ela...
A gente ficou um bom tempo se
comunicando pela internet e li seus
livros com avidez, bebendo desta
fonte cristalina que me ajuda a ter
maior clareza teológica. Quando lhe
enviei o questionário sobre a
formação que nos ajudaria para o
segundo volume de nosso livro SMR
na América Latina, ele me respondeu:
Eu creio Tereza, que a formação
passa pelo relacionamento de amor
que conduzirá a formanda ao
relacionamento mais profundo com
Deus que é amor. No conhecimento
pessoal descobrirá que no mais
profundo de si mesma, Deus habita e
aí tudo se clareia. O mais importante
é a mistagogia da revelação da fé. E
aí Libânio era o formador nato!
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Convívio Março e Abril de 2014
SS
Agradeço a Deus por ter criado
Libânio e por ter me possibilitado que
ele fizesse parte da minha vida e de
tanta gente que se sente órfã, mas
nunca desamparada, pois há uma
partilha a ser feita de tudo que ele nos
legou para a posteridade: é
compromisso vital!
Ir. Tereza Maria Lacerda
Visita da Irmã M. Corina à
Comunidade de Codó – Maranhão
No dia 20 de março de 2014 na visita
de Irmã M. Corina Bressan, Priora
provincial, tivemos a oportunidade de
levá-la para conhecer a nova
realidade de missão da qual nós Irmãs
da comunidade Madre Elisa Andreoli
em Teresina, estamos em processo de
discernimento para fazermos uma
comunidade de extensão, seguindo as
orientações do último Capítulo
provincial.
Novos horizontes, novos caminhos
enchem nossos corações de esperança
de ir sem medo a novas realidades de
“periferias sociais e existenciais”
como nos chama a atenção o Papa
Francisco, fazendo memória ao
Mandato de Jesus: “Ide, pois, fazei
discípulos de todos os povos...” (Mt
28,19-20) uma Igreja “em
saída”como Abraão que aceitou para
partir rumo a uma nova terra (cf. Gn
12,1-3). Moisés ouviu o chamado de
Deus: “Vai, Eu te envio” (Ex 3,10).
Naquele “ide” de Jesus, estão
presentes os cenários e os desafios
sempre novos da missão
evangelizadora da Igreja, e hoje todas
nós somos chamadas a esta nova
“saída” missionária. Motivadas com
esse profundo desejo de responder ao
apelo de Jesus, e de Madre Elisa: “O
meu desejo é fazer com que Jesus
Cristo seja amado e conhecido por
muitos corações.”
Partirmos de madrugadinha, Ir.
Corina, Ir. Eva, Ir. Rita e Ir. Regina,
ao município de Codó no Estado do
Maranhão, onde nos recebeu com
muita alegria o Pe. Lucas Villela,
pároco da Paróquia São Pedro da qual
é o nosso desejo de dar a nossa
contribuição na evangelização. Após
um gostoso café, Pe. Lucas nos
acompanhou até a sede da Diocese
que fica em outro município vizinho
chamado Coroatá para nos
encontrarmos com o Bispo Dom
Sebastião Bandeira. Foram momentos
de alegria de uma acolhida
surpreendente por parte do bispo,
partilha no almoço, diálogo de
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Convívio Março e Abril de 2014
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esperança de novos horizontes tanto
para a Diocese como para nós.
Tivemos também a oportunidade de
conhecer alguns padres da diocese
que estavam na casa do bispo.
Ao voltarmos da casa do Bispo o
padre Lucas nos levou para ver um
pouco a extensão e a realidade da
Paróquia para que a Ir. Corina tivesse
uma visão da realidade. No final do
dia voltamos cansadas para Teresina,
mas felizes e esperançosas.
Que o Senhor nos indique e nos
confirme na missão e na alegria de
evangelizar no fascínio e na beleza da
Boa Nova de Jesus Cristo.
Ao lado da Ir. Corina é o Bispo Dom
Sebastião, entre Eva e Regina é o
padre Lucas e outro padre.
Ir. Rita Andrade
Construir história, descobrir quem
sou eu!
No final de semana, nos dias 22 e 23
de março de 2014, com muita alegria
a comunidade Nossa Senhora das
Dores de Capinzal realizou mais um
encontro vocacional, no qual
participaram jovens de Capinzal,
Joaçaba, Catanduvas e Campos
Novos.
O encontro aconteceu na Escola da
Fé, espaço disponibilizado pela
Paróquia São Paulo Apóstolo.
Algumas jovens chegam em grupo,
trazidas pelos pais que demostravam
grande alegria pelo interesse das
filhas em conhecer mais a Deus e
vida das Irmãs, outras chegam
sozinhas, mas com um grande sorriso
nos lábios. Isso encheu nosso coração
de esperança e alegria.
O tema principal do encontro foi:
Quem Sou Eu? Também buscamos
conversar sobre o que Deus quer de
mim, neste caminho que aos poucos
vamos construindo nossa história.
Toda a comunidade esteve envolvida
e dedicada, cada uma com suas
qualidades e seu tempo, todas e todo
trabalho foi de suma importância para
que o encontro saísse bem e as jovens
se encantassem pela vida SMR. A
participação de algumas pessoas do
Serviço de Animação Vocacional
(SAV) da paróquia também foi
importante, sem essas mulheres e
homens certamente nosso trabalho
seria menos rico e belo. Nosso muito
obrigada a eles.
Agradecemos a Deus por sua bondade
em continuar acreditando na
juventude á vida de esperança.
Agradecemos a Deus que continua
confiando a nós, jovens capazes de
sonhar e lutar por um mundo de paz e
justiça, onde todos vivem como
irmãos.
Obrigada per esse final de semana de
autoconhecimento, partilha, oração e
novas amizades que construímos.
Obrigada Senhor!
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Convívio Março e Abril de 2014
SS
Quem sou eu?
Eu às vezes não entendo!
As pessoas em um jeito
De falar de todo mundo
Que não deve ser direito.
Aí eu fico pensando
Que isso não está bem.
As pessoas são quem são,
Ou são o que elas têm?
Eu queria que comigo
Fosse tudo diferente.
Se alguém pensasse em mim,
Soubesse que eu sou gente.
Falasse do que eu penso,
Lembrasse do que eu falo,
Pensasse no que eu faço
Soubesse por que me calo!
Porque eu não sou o que visto.
Eu sou do jeito que estou!
Não sou também o que eu tenho.
Eu sou mesmo quem eu sou!
Pedro Bandeira
Chamaste- me: Eis-me aqui!
Este foi o tema da singela, mas muito
significativa celebração vivida pala
comunidade Nossa Senhora das
Dores, de Capinzal, no domingo dia
23 de março de 2014. Neste dia
celebramos e acolhemos a jovem
Giovana de Oliveira Silva como
vocacionada em experiência em nossa
comunidade.
Todas nós damos graças ao Bom
Deus que continua confiando em nós,
que continua chamando jovens, que
com coragem buscam dizer seu sim
respondendo à voz do Senhor que diz:
“Vem e segue-me”!
Dispomo-nos a acompanhar essa
jovem cheia de vida e alegria para
que encontre em Jesus Cristo uma
resposta para a sua busca de segui-Lo
no serviço do Reino.
Rezamos a Deus para que nos ilumine
e pedimos a todas as Irmãs para que
rezem conosco! E que o Senhor
ilumine os passos de Giovana.
Obrigada Senhor.
Comunidade N. Srª das Dores
Capinzal/SC
Um mês de experiência em Cristo
Quem que não gosta de experimentar
coisas novas, ainda mais quando
descobre seu chamado que ecoa no
coração? Para mim está sendo muito
bom fazer esta experiência, pois a
cada dia me sinto renovada com
muito ardor pelas coisas do Alto, e
muito feliz, pois Jesus está presente a
cada dia na minha vida. Antes, muitas
vezes senti que estava faltando
alguma coisa, tinha a sensação de
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Convívio Março e Abril de 2014
SS
estar meio perdida, sem rumo. Sinto
que desde o dia em que cheguei
aprendi muita coisa, uma delas é
enxergar o rosto de Cristo
transparecido em cada pessoa,
sobretudo naqueles que passam por
alguma dor.
Jesus dá a missão, mas também dá a
condição e saciarmos a nossa sede das
coisas do Alto. É se redescobrindo
que a gente vê quão grande é o amor
de Jesus por nós e que também se
consegue acompanhar toda trajetória
dos rastos deixados na areia da vida.
Foi muito bom fazer esta caminha,
porque foi ai que eu percebi o rosto
de Cristo transparecido em cada
pessoa que me ajudou e me apoiou
nesta longa caminhada junto com a
Mãezinha do Céu Aparecida que me
confiou seu amor grandioso que
mesmo tão difícil fazer esta
caminhada, mas com o amor
misericordioso de Jesus foi alcançado
esta graça.
Quando surge o entusiasmo no
coração, uma voz nos enche de
alegria e esperança o que me move é
saber que de muitas formas poderei
doar a minha vida a serviço do reino
de Deus, compartilhando a dor do
próximo, pois é muito gratificante ver
o sorriso no rosto de alguém que só se
via em lágrimas. Experimentar esse
novo projeto é deixar com que Jesus
adentre o mais profundo do coração e
faça sua morada. Eterno é seu amor e
tão misericordioso, Jesus nos enche
de alegria quando nos revela o
Espírito Santo que é a fonte de dons e
talentos tão presente na vida de cada
uma de nós, dando a inteligência para
usá-los com sabedoria. É Ele que me
faz perceber que em tudo está a sua
obra de vida.
Giovana de Oliveira Silva
Manhã de espiritualidade com
religiosas/os da CRB Regional do
Rio de Janeiro
No dia 05 de abril as Irmãs M. Isa e
M. Jessica participaram da manhã de
espiritualidade, promovida pela CRB
Regional do Rio de Janeiro, a qual foi
assessorada pelo padre Carlos
Palácio, que partilhou sobre a
Evangelliu Gaudium, Exortação
Apostólica sobre o anúncio do
Evangelho no mundo atual.
O assessor iniciou dizendo que hoje
se fala de uma desertificação
espiritual, a qual atinge a família e a
sociedade, mas a alegria do
Evangelho não é uma alegria
qualquer.
Ao introduzir o tema da Exortação
Evangelliu Gaudium, ressaltou que o
Papa Francisco foi eleito num
contexto de sofrimento, de situações
de dor na Igreja, mas que ele é um
homem de fé e de esperança. Os
homens e mulheres de hoje estão
saturados de doutrinas e teorias, eles
buscam testemunhas vivas e é
12
Convívio Março e Abril de 2014
SS
justamente isto que eles se têm
encontrado no Papa Francisco.
Eis, portanto, uma síntese de alguns
dos principais pontos da Exortação
comentados pelo padre Palácio.
A Evangelli Gaudium, do ponto de
vista pastoral, é uma Exortação
apostólica que se coloca numa atitude
de pastor, de quem está aí para
conduzir, guiar as pessoas. De fato,
trata-se de um documento que se
chama exortação. É um convite, é um
apelo, onde ninguém escapa, sejam os
cardeais, os bispos, os padres e até
mesmo o Papa. Trata-se de algo
especial porque toca a vida, o
coração.
1. A ALEGRIA DO EVANGELHO enche
o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. [...] Com Jesus
Cristo, renasce sem cessar a alegria. [...]
Esse encanto é que enche de
alegria, mas não se trata de uma
alegria fácil. Trata-se de algo bem
profundo. A alegria do evangelho não
é qualquer tipo de sentimento. Há
cristãos que vivem uma quaresma
perpétua, ou seja, não chegam à
Páscoa. A alegria do evangelho é
compatível com momentos de
tristeza. A adesão de Jesus enche de
sentido na vida.
Alegria – Pode atravessar
momentos de tristeza, de dor, sem que
ela desapareça. Essa alegria consiste
em vivermos a vida num nível
superior, mas nem por isso com
menor intensidade. Algo para ter
muito presente, porque o risco do
mundo moderno é confundir a alegria
com o prazer, com o êxito. Esse risco
nos atinge também como cristãos. Por
isso é que temos o trabalho de
discernir o que está dentro da gente,
desmascarar o que está no coração. 2. O grande risco do mundo atual, com
sua múltipla e avassaladora oferta de
consumo, é uma tristeza individualista
que brota do coração comodista e
mesquinho, da busca desordenada de
prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha
nos próprios interesses, deixa de haver
espaço para os outros, já não entram os
pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor,
nem fervilha o entusiasmo de fazer o
bem. Este é um risco, certo e permanente, que correm também os
crentes. Muitos caem nele,
transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida. Esta
não é a escolha duma vida digna e plena,
este não é o desígnio que Deus tem para
nós, esta não é a vida no Espírito que jorra do coração de Cristo ressuscitado.
O Papa buscou essa alegria do
Evangelho, na alegria do evangelizar.
Necessidade interna: eu tenho que
levar esta alegria aos outros. Isto não
é sair por aí gritando, mas é com a
vida, testemunho, tomado por essa
alegria de Jesus. Tomar a decisão de
se deixar encontrar por ele, não fugir,
não esconder-se, não ter medo dele.
Esse Documento do Papa tem um
alcance programático, não se trata de
uma Exortação para esquentar o
coração e desaparecer, trata-se de um
programa de vida de todo cristão. A
etapa evangelizadora marcada pela
alegria indica o caminho.
11. Um anúncio renovado proporciona
aos crentes, mesmo tíbios ou não praticantes, uma nova alegria na fé e
uma fecundidade evangelizadora. Na
realidade, o seu centro e a sua essência são sempre o mesmo: o Deus que
manifestou o seu amor imenso em Cristo
morto e ressuscitado. Ele torna os seus
fiéis sempre novos; ainda que sejam idosos, «renovam as suas forças. Têm
asas como a águia, correm sem se
cansar, marcham sem desfalecer» (Is 40,31). Cristo é a «Boa-Nova de valor
eterno» (Ap 14, 6), sendo «o mesmo
ontem, hoje e pelos séculos» (Hb 13, 8),
mas a sua riqueza e a sua beleza são inesgotáveis. Ele é sempre jovem, e fonte
13
Convívio Março e Abril de 2014
SS
de constante novidade. A Igreja não
cessa de se maravilhar com a
«profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência de Deus» [...] Jesus Cristo
pode romper também os esquemas
enfadonhos em que pretendemos
aprisioná-Lo, e surpreende-nos com a sua constante criatividade divina.
Sempre que procuramos voltar à fonte e
recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas,
métodos criativos, outras formas de
expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado
para o mundo atual. Na realidade, toda a
ação evangelizadora autêntica é sempre
«nova».
Faz tempo que a gente não ouvia
de um Papa um desafio tão profundo.
Ter criatividade de não repetir o
passado. Ele convida a todos a serem
ousados, criativos.
16. [...] Os temas relacionados com a
evangelização no mundo atual, que se poderiam desenvolver aqui, são
inumeráveis. [...] Penso, aliás, que não
se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre
todas as questões que dizem respeito à
Igreja e ao mundo. Não convém que o Papa substitua os episcopados locais no
discernimento de todas as problemáticas
que sobressaem nos seus territórios.
Neste sentido, sinto a necessidade de proceder a uma salutar
«descentralização».
Radical descentralização do poder.
O Papa tem uma palavra, mas não é a
única para tudo. Os bispos é quem
conhece a vida da Igreja na América
Latina, não o Papa. Com isso ele está
numa atitude de grande abertura. A
Igreja tem que deixar de ser o centro,
pois o centro é um único: Jesus
Cristo, portanto, a Igreja tem que sair
de si mesma. Nós temos que sair da
nossa própria comunidade e
acomodação.
14. [...] Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o
anunciar, sem excluir ninguém, e não
como quem impõe uma nova obrigação,
mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece
um banquete apetecível. A Igreja não
cresce por proselitismo, mas «por
atração».
O Papa diz que esse movimento
tem que nos levar como Igreja para
sairmos de nós mesmos, um
movimento de saída para a verdadeira
conversão. A conversão da Igreja é
justamente sair de si mesma, deixar
de ser o centro. Essa fidelidade é para
a própria vocação de ser Igreja.
25. Não ignoro que hoje os documentos
não suscitam o mesmo interesse que
noutras épocas, acabando rapidamente esquecidos. Apesar disso sublinho que,
aquilo que pretendo deixar expresso
aqui, possui um significado programático e tem consequências
importantes. Espero que todas as
comunidades se esforcem por atuar os
meios necessários para avançar no caminho duma conversão pastoral e
missionária, que não pode deixar as
coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma «simples administração».
Constituamo-nos em «estado permanente
de missão», em todas as regiões da terra
Trata-se de descobrir e começar a
descobrir esta alegria e sentimos que
Jesus Cristo nos convida e nos envia.
Evangelizar com a vida é justamente
dar-se com a vida.
33. A pastoral em chave missionária
exige o abandono deste cômodo critério pastoral: «fez-se sempre assim».
Convido todos a serem ousados e
criativos nesta tarefa de repensar os
objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas
comunidades. Uma identificação dos
fins, sem uma condigna busca comunitária dos meios para os alcançar,
está condenada a traduzir-se em mera fantasia. [...]
14
Convívio Março e Abril de 2014
SS
O Papa pede para romper com as
estruturas e buscar rumos novos.
Temos que ter coragem de mexer com
tudo.
24. A Igreja «em saída» é a comunidade de discípulos missionários que
«primeireiam», que se envolvem, que
acompanham, que frutificam e festejam. Primeireiam – desculpai o neologismo –,
tomam a iniciativa! A comunidade
missionária experimenta que o Senhor
tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (cf.1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à
frente, sabe tomar a iniciativa sem medo,
ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos
para convidar os excluídos. Vive um
desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado
a misericórdia infinita do Pai e a sua
força difusiva. Ousemos um pouco mais
no tomar a iniciativa! Como consequência, a Igreja sabe «envolver-
se». Jesus lavou os pés aos seus
discípulos. O Senhor envolve-Se e envolve os seus, pondo-Se de joelhos
diante dos outros para os lavar; mas,
logo a seguir, diz aos discípulos: «Sereis
felizes se o puserdes em prática» (Jo13, 17). Com obras e gestos, a comunidade
missionária entra na vida diária dos
outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e
assume a vida humana, tocando a carne
sofredora de Cristo no povo. Os evangelizadores contraem assim o
«cheiro de ovelha», e estas escutam a
sua voz. Em seguida, a comunidade
evangelizadora dispõe-se a «acompanhar». Acompanha a
humanidade em todos os seus processos,
por mais duros e demorados que sejam. Conhece as longas esperas e a
suportação apostólica. A evangelização
patenteia muita paciência, e evita deter-se a considerar as limitações. Fiel ao
dom do Senhor, sabe também
«frutificar». A comunidade
evangelizadora mantém-se atenta aos frutos, porque o Senhor a quer fecunda.
Cuida do trigo e não perde a paz por
causa do joio. O semeador, quando vê
surgir o joio no meio do trigo, não tem
reações lastimosas ou alarmistas.
Encontra o modo para fazer com que a Palavra se encarne numa situação
concreta e dê frutos de vida nova, apesar
de serem aparentemente imperfeitos ou
defeituosos. O discípulo sabe oferecer a vida inteira e jogá-la até ao martírio
como testemunho de Jesus Cristo, mas o
seu sonho não é estar cheio de inimigos, mas antes que a Palavra seja acolhida e
manifeste a sua força libertadora e
renovadora. Por fim, a comunidade evangelizadora jubilosa sabe sempre
«festejar»: celebra e festeja cada
pequena vitória, cada passo em frente na
evangelização. No meio desta exigência diária de fazer avançar o bem, a
evangelização jubilosa torna-se beleza
na liturgia. A Igreja evangeliza e se evangeliza com a beleza da liturgia, que
é também celebração da atividade
evangelizadora e fonte dum renovado impulso para se dar.
A Igreja quer que todos venham
para ela, para dentro, mas o Papa diz
para sair, é a ação missionária da
Igreja. O Papa destaca seis verbos
importantes: Sair; Primeirear;
Envolver; Acompanhar; Frutificar;
Festejar. Cada um desses verbos
aponta para a missão.
Primeirear: Os bispos têm que ter
cheiro de ovelha, ou seja, têm que se
misturar com as pessoas, para saber o
que elas vivem.
Acompanhar as pessoas, aproximar
para acolhê-las para que se sintam
acolhidas, para que experimentem
que Deus as acolhe. Deixar que as
pessoas se sintam acolhidas no que
são, para depois acompanhá-las.
Frutificar – nem sempre a gente
ver os frutos. Cuidar do trigo e não
perder a paz por causa do joio. Não
há como fugir disso.
Nós fomos acostumados a ser
prefeitos, mas a perfeição consiste em
ter a raça e a coragem de ir até o fim,
não desistir, não parar. Não tem nada
15
Convívio Março e Abril de 2014
SS
de moralismo. A gente se omite
muitas vezes por medo de errar. O
que temos que saber é reconhecer o
erro. Não podemos ficar paralisadas
por causa do medo de errar.
Festejar – a comunidade eclesial
celebra e festeja cada pequena vitória.
Nós não estamos acostumados para
isso. Festejar cada pequena vitória,
isso tem que ser reconhecido,
celebrado. A imagem da Igreja que
aparece nestes 6 verbos é diferente da
que estamos acostumados.
27. Sonho com uma opção missionária
capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a
linguagem e toda a estrutura eclesial se
tornem um canal proporcionado mais à
evangelização do mundo atual que à auto-preservação. A reforma das
estruturas, que a conversão pastoral
exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais
missionárias, que a pastoral ordinária
em todas as suas instâncias seja mais
comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante
de «saída» e, assim, favoreça a resposta
positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade. [...]
Opção missionária capaz de
transformar tudo. Na Vida Religiosa a
superiora deve ficar ora à frente ora
no meio. Ela não é o centro. A figura
de bispos e pastores, também na VR
exige uma verdadeira conversão. O
Papa dá o exemplo de
desprendimento ao sair do palácio
pontifício e ir morar na casa de
hospedagem Santa Marta. O Papa
Francisco rompeu com isso e,
certamente, incomodou muita gente.
O grande mérito de Bento XVI foi
reconhecer que não tinha condição de
continuar. Com este gesto ele
devolveu a dimensão humana da
Igreja. Essa conversão que o Papa
Francisco está fazendo é uma
verdadeira conversão. Aparentemente
ele não tocou nas estruturas, mas as
abalou. Ele está transmitindo ao povo
cristão de que o Papa é bispo de
Roma e que não tem que se meter em
tudo. Ele está trabalhando com o
desmantelamento de uma estrutura
que não pertencia a ninguém. Ele se
torna pastor e não um chefe de estado.
Ele não se mistura e não se identifica
com isso.
37. São Tomás de Aquino ensinava que,
também na mensagem moral da Igreja, há uma hierarquia nas virtudes e ações
que delas procedem. Aqui o que conta é,
antes de mais nada, «a fé que atua pelo
amor» (Gl 5, 6). As obras de amor ao próximo são a manifestação externa mais
perfeita da graça interior do Espírito:
«O elemento principal da Nova Lei é a graça do Espírito Santo, que se
manifesta através da fé que opera pelo
amor». Por isso afirma que, relativamente ao agir exterior, a
misericórdia é a maior de todas as
virtudes: «Em si mesma, a misericórdia é
a maior das virtudes; na realidade, compete-lhe debruçar-se sobre os outros
e – o que mais conta – remediar as
misérias alheias. Ora, isto é tarefa especialmente de quem é superior; é por
isso que se diz que é próprio de Deus
usar de misericórdia e é, sobretudo nisto, que se manifesta a sua onipotência».
A onipotência de Deus é deixar-se
seduzir pela miséria humana.
Conclusão para nós: Jesus se
aproxima de maneira adequada a cada
pessoa. Temos que nos apegar ao que
Jesus diz para ajudar as pessoas a
caminhar. A Eucaristia é alimento
para a vida e não um prêmio para os
bons. O confessionário não é uma
câmara de tortura.
46. A Igreja «em saída» é uma Igreja
com as portas abertas. Sair em direção
aos outros para chegar às periferias humanas não significa correr pelo
mundo sem direção nem sentido. Muitas
vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr de parte a ansiedade para olhar nos olhos e
16
Convívio Março e Abril de 2014
SS
escutar, ou renunciar às urgências para
acompanhar quem ficou caído à beira do
caminho. Às vezes, é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas
abertas para, quando este voltar, poder
entrar sem dificuldade
Nós não somos controladores da
graça, uma espécie de alfândega (o
que você tem na bagagem). A Igreja
não tem que ter medo de se sujar, de
entrara na lama. Saiamos para
anuncia Jesus Cristo. É necessário
sermos conscientes de que estamos
condicionados pelo que se respira na
cultura ambiente – o individualismo,
o isolamento, a busca do prazer.
93. O mundanismo espiritual, que se esconde por detrás de aparências de
religiosidade e até mesmo de amor à
Igreja, é buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar
pessoal. É aquilo que o Senhor
censurava aos fariseus: «Como vos é possível acreditar, se andais à procura
da glória uns dos outros, e não procurais
a glória que vem do Deus único?» (Jo 5,
44). É uma maneira sutil de procurar «os próprios interesses, não os interesses de
Jesus Cristo» (Fl 2, 21). Reveste-se de
muitas formas, de acordo com o tipo de pessoas e situações em que penetra. Por
cultivar o cuidado da aparência, nem
sempre suscita pecados de domínio
público, pelo que externamente tudo parece correto. Mas, se invadisse a
Igreja, «seria infinitamente mais
desastroso do que qualquer outro mundanismo meramente moral».
Os quatro princípios para ligar
com as tensões bipolares da
sociedade, ou seja, a parte da questão
da justiça social, economia de
mercado baseada no financeiro. O que
vale é o manejo da bolsa. O Papa
denuncia isto, ele faz atenção ao bem
dos indivíduos.
Princípios:
1. O tempo é superior ao espaço. Dar
tempo às pessoas é muito mais
importante do que ocupar os espaços.
2. A unidade deve prevalecer sobre o
conflito, mas isto não nega que a
sociedade está atravessada por
conflitos. Temos que buscar sempre a
unidade na diversidade.
3. A realidade é mais importante do
que a ideia. A teoria vem depois da
prática. A vida tem sempre razão. A
realidade é mais importante.
Respeitar o concreto da realidade é o
primeiro passo.
4. O todo é superior à parte, não é a
soma das partes. Essa questão é
vivida por todos nós. Temos um
horizonte universal, temos que
aprender a universalizar. Temos que
ser evangelizadores com o Espírito.
Nem mística sem compromisso nem
discurso sem evangelizar. A vida tem
que sentir que ela pertence à
comunidade do povo cristão. No
Evangelho, o que Jesus faz é
mergulhar na vida do outro.
Qual é o reflexo que essas atitudes
todas deixam na nossa vida?
Limites na
Perspectiva
Psicológica
Podemos dizer que
uma pessoa alcança
maturidade
psicológica quando
administra bem as suas frustrações,
seus sentimentos e quando possui
tolerância às suas decepções.
17
Convívio Março e Abril de 2014
SS
O processo de amadurecimento
psicológico passa inicialmente pela
infância, quando a criança expressa
”quero fazer apenas o que gosto”;
“não quero fazer o que não gosto”; ou
seja, exerce a sua vontade
independentemente da aprovação dos
outros. É a fase do egocentrismo
infantil. “Eu existo para mim e
basta!” Podemos ver isso claramente
numa criança de três anos de idade:
bate os pés, rola no chão num
comportamento de birra, por
exemplo. Na verdade, ela solicita
“limite”, pois limite significa amor,
equilíbrio e proteção.
Coragem, pais! Nesta fase, é preciso
muita firmeza e determinação, senão
o “pequeno ditador” comanda a vida
de vocês e a vida se torna um caos!
Sabemos que é difícil dizer “não” a
esse “pequeno ser” quando se chega a
casa depois de um dia intenso de
trabalho, não é verdade?! Mas essa
criança com atitudes indesejáveis está
pedindo uma única coisa: amor!
Quando se ama verdadeiramente, dar
limites é uma questão de coerência,
cuidados e segurança psicológica.
Portanto, não tenham medo de
exercer a autoridade de vocês!
Estabelecer regras, normas, dar-lhes
uma estrutura é oferecer possibilidade
de organizar-se internamente.
Muitas são as famílias que não
conseguem administrar o processo de
discernir o que é certo e o que é
errado. Alcançar o equilíbrio entre a
rigidez e o excesso de permissividade
é o grande desafio! A rigidez anula,
desqualifica, deprime. A
permissividade aliena, desestrutura.
Logo, torna-se fundamental usar o
bom senso e a firmeza.
À medida que o ser humano vai
crescendo, aprende que “nem tudo o
que gosta, pode fazer; que algumas
coisas de que gosta e pode fazer
devem ser adiadas para um
determinado momento; depois, às
vezes, tem que fazer coisas de que
não gosta, mas é necessário fazer”.
Tudo isso faz parte da nossa limitada
condição humana. E, sem dúvida, do
nosso processo de maturidade
psicológica.
É no exercício da interação com
outras pessoas que a criança e o
adolescente vão adquirindo outros
conceitos importantes para o seu
desenvolvimento psicoemocional, por
exemplo, o altruísmo. De fato, as
ciências do comportamento
confirmam que o indivíduo cresce
psicologicamente à medida que sai de
si mesmo e vai ao encontro do outro;
é o reconhecimento do outro. É na
relação com o semelhante, que é
“diferente de mim e igual a mim”,
que o processo de maturidade
psíquica se solidifica! “Só o amor
permite a diversidade - ou distinção,
salvando a igualdade e tornando
possível a unidade.” (Chiara Lubich).
Sendo assim, pais, não tenham medo
de “frustrar” seus filhos. Vocês
estarão ajudando-os a serem pessoas
saudáveis, inteiras, realizadas,
maduras.
“As pessoas que se autorrealizam,
com efeito, têm relacionamentos
interpessoais mais profundos do que
outras. Elas são mais capazes de
coesão, de amor, de identificação
perfeita com os outros, de reduzir as
barreiras do ego na medida em que
as outras pessoas a isso favoreçam.”
(Maslow).
Emi Rodrigues
Psicóloga Escolar
Valores no
cotidiano da
Escola
Os valores existem
porque são a base
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Convívio Março e Abril de 2014
SS
na qual se estrutura o ser humano.
Isso justifica a necessidade de se ter
uma educação baseada em valores.
É no ambiente escolar, através da
convivência cotidiana, que os alunos
passam a incorporar princípios
básicos de tolerância, justiça,
solidariedade, amor e respeito,
reproduzindo tal postura na sociedade
em que vive.
Algumas escolas vêm, a cada dia
mais, valorizando a capacidade
cognitiva, deixando de explorar e
valorizar as qualidades, mas a
construção do conhecimento deve
integrar as condições humanas, corpo,
mente e sentimentos.
O maior desafio para a escola é
articular um trabalho, nas diferentes
áreas de conhecimento, que esteja
fundamentado nos valores. Porém,
cabe lembrar que não existem
atividades específicas para trabalhar
valores. É uma questão de atitude
constante, que envolve todas as áreas
e todos os momentos da escola: o
momento da chegada, recreio, saída,
enfim, a vida escolar.
É também de fundamental
importância saber lidar com os
conflitos do dia a dia da escola. Esses
momentos são oportunos para discutir
valores e regras.
Os educadores precisam dar bons
exemplos. Tudo pode ser melhorado
sempre, mas infelizmente nem
sempre é assim. Capacitando os
alunos, eles sairão da escola melhores
do que chegaram. Esse é o papel da
escola: formar um ser humano
melhor, que saiba conviver com os
outros.
“Pensamos que a tarefa da educação é
formar seres humanos para o
presente, seres nos quais qualquer
outro ser humano possa confiar e
respeitar, seres capazes de pensar
tudo e de fazer tudo o que é preciso
como um ato responsável a partir de
sua consciência social.”
(Humberto Maturana)
As famílias e as outras instituições
também têm um papel significativo
no desenvolvimento moral e na
formação de atitudes. A transmissão
de valores é uma das preocupações
que todo pai deve ter ao educar.
Como fazer isso no dia a dia?
Existe uma certeza: não há valores
que se sustentem sem bons exemplos.
A família oferece à criança todas as
condições para desenvolver os
principais valores, pois existe ali um
vínculo emocional muito forte. Um
ambiente familiar com moralidade,
respeito e exemplos positivos formará
uma criança com valores presentes e
bem definidos. E a escola colabora
fazendo a manutenção constante dos
valores apresentados em cada
contexto familiar.
Zoraia J. Rabelo da Silveira Pedagoga/Psicopedagoga
Diretora do Colégio Elisa Andreoli
Caminhada penitencial em
preparação à Páscoa
No dia 12 de abril, a Pastoral Escolar
- Movimento Reparação do Colégio
Elisa Andreoli, juntamente com o
colégio Menino Jesus fizeram a
experiência dos discípulos de Emáus
após a ressurreição de Jesus (Lc
19
Convívio Março e Abril de 2014
SS
24,13-35) da caminhada e da partilha
do pão. Foi um momento apropriado
por ser a semana de preparação para a
páscoa, momento de reflexão, de
alegria e também de encontro com o
outro. Percorremos os 12 quilômetros
finais de um dos trajetos conhecidos
na Arquidiocese de Florianópolis/SC
como “Caminhos da Fé”, entre os
municípios de São Pedro de Alcântara
e Angelina/SC.
Hoje são poucas as manifestações
religiosas na espiritualidade cristã
com tanto significado como uma
caminhada. O caminhante silencia e
acalma o seu coração e ao mesmo
tempo coloca os pés no chão. Seus
pés tocam a realidade. A caminhada
renova, refaz, reconstrói os sonhos e
reafirma os valores à medida que o
ser caminha e silencia. Jesus
percorreu grande parte dos seus
caminhos a pé. Caminhar nos faz
encontrar as pessoas, admirar a
natureza, ouvir o canto dos pássaros e
os passos de outros irmãos que vão e
vem conosco. Profundamente
significativas são as caminhadas pelo
mundo afora, como o “Caminho de
Santiago de Compostela” na Espanha
que se tornou famoso por transformar
as vidas de quem caminha e de quem
observa e atende aos peregrinos.
Sempre pensando na formação de
cidadãos conscientes, participativos e
com uma conduta pautada em valores
cristãos, o Colégio Elisa Andreoli
procura contribuir oportunizando
momentos reflexivos com o objetivo
de proporcionar condições para que a
pessoa se conscientize da necessidade
do respeito entre todos, através da
convivência do grupo, cumprindo,
assim, com o papel da escola em
favorecer uma aprendizagem
significativa na formação de seres
humanos.
Essas atividades nos fortalecem como
grupo e especialmente nos
enriquecem como experiência de
vida. São momentos intensos de
convivência, partilha e de acolhida
mútua. Isso nos é extremamente
importante, pois saímos de nosso
ambiente e vamos ao encontro do
OUTRO. Dessa forma, a nossa
espiritualidade se expande, ganhando
uma nova dimensão, a missão. Esses
momentos nos impulsionam a
continuar a caminhada tendo presente
o Amor de Deus nos conduzindo e a
proteção de Maria que nos mostra o
caminho da paz e do amor entre as
pessoas.
A equipe agradece a participação de
todos neste evento. Vamos aguardar o
próximo!
Um abraço fraternal!
Isabel Cristina Nogueira
Coordenadora do SOR/Pastoral
CONTRIBUIR RECEBER
Uma canção bonita chamada
Sementes traz uma expressão
lindíssima: “semente, de que árvore
você nasceu”. Utilizei-a com um
grupo de mulheres lideres do Circulo
bíblico, pois eu estava diante de
20
Convívio Março e Abril de 2014
SS
várias sementes já árvores frondosas -
a idade média era 60/70anos – e estas
permaneceram durante uma hora
acolhendo e partilhando sobre
Motivação, a reflexão desenvolvida.
Então, contribui levando no pen
draive, curtos vídeos, texto bíblico e
vários slydes com explicações. Além
disso, levei Irmã Tereza que
contribuiu com pertinência com suas
experiências e conhecimento do tema.
Este grupo de mulheres sementes,
também nos incluindo claro, estava
consciente da reciprocidade. Elas
participando/acolhendo “as falas”,
nós duas Ir. Tereza e eu contribuindo
e recebendo ao ouvi-las e olhá-las
relembrando aquelas pessoas que
contribuem ainda hoje na manutenção
da dinâmica da vida.
CONTRIBUIR RECEBER
Movimento necessário para celebrar
as duas mulheres/sementes da nossa
família religiosa. Falo de Elisa e
Dolores. Quanto mais as divulgarmos,
certamente surgirão, pessoas
“antenadas, conectadas, ligadas,
envolvidas” no seguimento ao
Mestre, Amigo Amado “O vivente”
dentro das nossas comunidades,
conosco!
Atitude possível para que
sintonizadas entre nós as vocações,
seja consagrada, seja associada... B R O T E M,
C R E S Ç A M, M U L T I P L I Q U E M –S E!
Portanto, vamos CONTRIBUIR
RECEBER?
Ir. M. Monica
“Quero viver mergulhada em um
Deus que é Vida em mim”
Esta frase revela uma experiência
bela e forte que vivi na missão
intercongregacional, promovida pela
CRB de Minas Gerais, no Norte do
Estado no período da Semana Santa.
Sim, quero, a cada dia da minha vida,
viver mergulhada em Deus que é vida
em mim, porque, só assim,
conseguirei levar ao meu irmão o
Cristo ressuscitado.
Nesta missão da Semana Santa, na
Paróquia de Machacalis, Diocese de
Teófilo Otone, tentei, como Serva de
Maria Reparadora, responder ao
convite de Jesus: “estendei o Reino
até os confins da terra”, e a exemplo
de Madre Elisa, cooperar na
evangelização entre os povos onde a
igreja não está ainda estabelecida ou
se encontra em condição de
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insuficiência, querendo ser presença
de amor a serviço da vida.
A missão me proporcionou viver algo
totalmente novo na minha vida e
caminhada. Uma realidade que me
cerca, que está diante dos meus olhos,
mas que, muitas vezes estou como
que cega diante dela. A missão para
mim é estar sempre pronta para partir
e caminhar, deixar tudo, sair de mim
mesma. Jesus Cristo é a Palavra viva
do Pai que deve ser comunicada, é a
luz do mundo que deve ser colocada
sobre o candeeiro a fim de que
ilumine a todos, é o Caminho da vida
que deve ser mostrado a todo ser
humano.
Vivi estes dias em missão com um
povo que necessita de alguém que o
escute, que tem sede de Cristo
ressuscitado; um povo de coração
largo, um povo simples, humilde,
acolhedor; que abriu as portas de suas
casas e me acolheu como irmã, como
filha, etc. Para mim foi uma
experiência única, que me ajudou a
querer continuar dando o meu sim a
Deus a cada novo amanhecer, o
desejo de segui-lo na totalidade da
minha fé com entusiasmo. Que o
Cristo Ressuscitado mantenha viva
em mim, a chama do seu amor, para
que eu seja uma verdadeira
testemunha da sua presença.
A missão me proporcionou ver de
perto o quanto a cultura indígena
ainda sofre preconceitos nos espaços
públicos. Em uma visita que fiz em
um hospital público, vi a dor nos
olhos de tantos índios que lá
encontrei. Verdadeiros crucificados.
Está mais do que na hora do índio ser
visto como um cidadão, com sua
cultura própria. Esteja trabalhando na
cidade ou caçando na mata, o índio
nunca deixa de se índio.
Vivemos uma época em que a
consciência de que o mundo passa por
transformações profundas, é cada dia
mais forte. Esta realidade provoca em
muitas pessoas e grupos sentimentos,
sensações e desejos contraditórios: ao
mesmo tempo que causa insegurança,
medo e conformismo, também
provoca indignação e estimula a
novidade e a esperança, mobilizando
as melhores energias criativas para a
construção de um mundo diferente,
mais humano e solidário.
Precisamos ir além de nossos medos e
preconceitos e enxergar o outro com
os olhos de Deus. A verdade de Deus
precisa iluminar a vida de todos.
Nosso dever, enquanto cristãos, é
levar Cristo aos irmãos e irmãs,
independentemente de quem seja, de
onde mora ou de sua formação
cultural. Respeitar e interagir com
eles, aceitando sua cultura e sua
história para que em Jesus, todas as
pessoas tenham as condições
necessárias ao seu pleno
desenvolvimento, ou seja, “tenham
vida e vida em abundância”.
Rubielly V. da Rocha - Noviça
Experiência do Ressuscitado entre
as montanhas de MG
Foi o forte desejo de fazer a
experiência do Ressuscitado em meio
às montanhas mineiras e a sede de
cantar o Aleluia da Ressurreição com
um povo simples, humildes e cheio
do desejo de participar do triunfo
pascal, que levou um grupo de 45
pessoas, religiosas/os e leigos, para o
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Norte de Minas Gerais, de 11 a 21 de
abril de 2014, precisamente para a
diocese de Teófilo Otone, paróquia de
Machacalis.
Esta é uma paróquia constituída por
04 municípios: Machacalis (sede da
paróquia), Santa Helena, Umburatiba
e Bertópoles. É uma região que conta
com a presença das seguintes etnias:
negros, mestiços e índios da tribo
“Maxacalis”, a qual deu nome ao
município. Há comunidades 100%
quilonbolas, assim como há também,
comunidades indígenas que ainda
vivem sua cultura de forma bem
original, falam apenas sua língua
nativa e não sabem o português.
Fui destinada a uma comunidade rural
do município de Umburatiba,
comunidade de “Córrego do
Muquém”. A caminho de Muquém,
participamos da celebração da Missa
de Ramos na comunidade de Nova
Esperança, às 15 horas e às 17 horas
já estávamos na comunidade de
destino: Muquém. Esta é uma
pequena comunidade, formada por
pessoas simples, humildes,
esperançosas, animadas e de muita fé.
O meio de sobrevivência do povo
desta região é a pecuária. Há grandes
áreas desmatadas para o plantio de
pastos para o gado. As famílias vivem
da comercialização do leite e algumas
pessoas têm criatórios de peixes. Não
há outra fonte de renda, porém, todas
cultivam muitas árvores frutíferas
próximo às suas casas e mandioca
para a própria subsistência.
Os meios de transportes mais comuns
nesta região são cavalos e jumentos.
São utilizados no manejo da terra, na
condução do leite até os resfriadores,
no transporte de materiais e de
pessoas para seus trabalhos nas
fazendas, para a visita aos vizinhos,
parentes e amigos e até para a igreja.
Foram 09 dias de visitas às famílias,
aos doentes, aos idosos; de encontros
com crianças, adolescentes e com
grupos de reflexão; de realização de
oficinas de artesanato e de
celebrações dos diversos momentos
solenes da Semana Santa. Foram dias
de muita alegria, de partilha, de
silêncio, de profunda oração, de
vivência fraterna, etc.
O povo de Muquém tem grande sede
da Palavra de Deus, é um povo que
cultiva costumes e tradições religiosas
dos seus antepassados, que pratica o
jejum e a penitência com muita
piedade, sobretudo na semana santa,
que vive sua fé de uma forma bem
particular. Foi com esse povo que vivi
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a semana santa de uma forma muito
semelhante às minhas origens. O
Mistério Pascal era revelado a cada
dia no rosto de cada irmão e irmã que
encontrávamos, que visitávamos, em
cada conversa e partilha de
experiência de vida, em cada gesto de
amor, de solidariedade e de perdão.
A pessoa mais idosa da comunidade é
dona Maria que tem 90 anos, a qual
nos acompanhou em todos os lugares,
subindo e descendo ladeiras, de dia
ou de noite e não perdeu uma
celebração. É uma mulher de muita
fé, de uma vivacidade invejável, de
uma serenidade de anjo, de uma
beleza interior incalculável. É um
verdadeiro exemplo de cristã e de
mulher comprometida.
Agradeço ao bom Deus por me ter
concedido tão grande graça, agradeço
pela bonita iniciativa da CRB/MG
que nos oportunizou fazer esta linda
experiência, agradeço ainda às
minhas irmãs de comunidade e da
Congregação em geral, pelo apoio,
incentivo e pela comunhão. Que o
Senhor Ressuscitado continue nos
abençoando para que sejamos
também geradoras de vida.
Ir. Ana Aparecida Ferreira
Missão: Semana Santa
Em sintonia ao apelo do Papa
Francisco, que nos convoca a sairmos
de nossas comodidades e ir para as
periferias, algumas Congregações, em
nome da CRB Regional/RJ,
acolheram ao convite e partiram no
dia 16 de abril rumo às comunidades
Nossa Senhora das Graças e São
Sebastião, situadas no Borel e
Chácara do Céu, Zona norte da cidade
do Rio de Janeiro.
Na noite de quarta feira, dia 16,
participamos da celebração
eucarística no Santuário de São
Camilo, na Usina, onde o pároco fez
o envio das Irmãs que se dispuseram
a sair de suas comunidades religiosas
para vivenciar o Tríduo pascal com as
famílias empobrecidas das
comunidades supracitadas.
Na manhã do dia 17, quinta-feira,
iniciamos as visitas às famílias, com
as quais exercitamos o sentido da
escuta de suas dores e alegrias. Ao
término de cada visita fizemos
orações e bênçãos da família e dos
lares. À noite celebramos a Eucaristia
e a cerimônia do Lava-pés com os
que puderam ir à capela.
No dia 18, sexta- feira, continuamos
as visitas e à tarde fomos para a
comunidade Chácara do Céu, onde a
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outra parte do grupo de Religiosas
estava hospedada numa pequena
Escola da Comunidade. Os jovens nos
ajudaram a contemplar a Paixão e
Morte de Jesus Cristo através das
estações da Via-Sacra nas ruas. Ao
final desta, todos os participantes
concluíram a peregrinação no interior
da Capela, na qual fora feita a
celebração da Paixão, coordenada
pelas Irmãs.
Ao amanhecer do dia 19, Sábado
Santo, dois grupos de Irmãs,
juntamente com alguns membros
destas comunidades subiram uma alta
montanha a fim de contemplar o
Cruzeiro no alto do Morro, sinal de
muita luta e resistência diante da dor
e sofrimento de tantas famílias
vítimas da Ditadura Militar e do
tráfico de drogas. Depois de uma
breve memória das pessoas que
derramaram seu sangue naquele local,
damos um simbólico abraço na cruz
como sinal de solidariedade a todos
os moradores que resistiram e que
continuam enfrentando ventos
contrários à vida. Cantamos hinos,
salmos e o Pai Nosso dos Mártires e
torturados. Descemos a montanha e
partilhamos o almoço com as Irmãs
que estava hospedadas na Chácara do
Céu.
À tarde continuamos a visita e
orações com as famílias. À noite,
como não havia sacerdote na
Comunidade do Borel, esperamos a
chegada do Círio pascal, o qual fora
aceso no Fogo Novo na comunidade
Chácara do Céu, onde havia a
presença de um sacerdote presidindo
a Eucaristia no mesmo horário da
nossa celebração. Com muita fé e
animação o nosso grupo presidiu a
celebração da Vigília pascal e
partilhou o Pão consagrado na
Quinta-feira Santa.
Ao final da celebração partilhamos os
alimentos com a família que nos
abrigou durante estes dias de chuva e
de sol. A nossa equipe foi composta
por seis Irmãs que ficou hospedado na
casa do casal Miramar e Detinha, o
qual nos acolheu com muita alegria,
disponibilidade e simpatia. A doação
desta família comoveu-nos e ajudou-
nos refletir sobre o sentido da
partilha, um dom muito evidente nas
pessoas de vida simples. O gesto de
oferecer todo o que tem foi uma lição
de vida e de desprendimento, pois
além de disponibilizar todo o seu
tempo para estar conosco nesta
missão, os mesmos dispuseram tudo o
que tinham para que sentíssemos em
nossas próprias casas. Ao final da
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ceia de Páscoa, alegres e muito
agradecidas nós descemos o Morro
em direção à Paróquia São Camilo.
Na manhã do Domingo, dia 20,
saímos em procissão com o
Santíssimo pelas ruas do bairro e, em
seguida, celebramos a Eucaristia com
as Comunidades da Paróquia, na qual
houve uma confraternização das
Irmãs, dos coordenadores das Capelas
e dos Padres Camilianos.
Retornamos às nossas comunidades
religiosas com o coração aquecido
pelo Fogo Novo do Ressuscitado. A
Ele o nosso Louvor hoje e sempre!
ANIVERSÁRIOS
Março
07. Ir. M. Amélia Antonello
23. Ir. M. Ida Marcon
27. Ir. M. Lúcia F. de Sousa
Abril
06. Ir. M. Aparecida Mesquita
12. Ir. M. Carmen Andrioni
22. Ir. Maria de Jesus Eiras
23. Ir. M. Irma Terezinha Pizoni
23. Ir. Tereza Maria Lacerda
26. Ir. M. Benícia F. dos Santos
Maio
10. Ir. M. Adelaide Frigo
17. Ir. M. Attília Dambroz
19. Ir. M. Helena Frigo
22. Ir. M. Firmina P. Vieira
26. Ir. M. Helena da Silva Cunha
Parabéns pelos 99 anos de vida Irmã
Amélia
Parabéns pela sua vida, Irmã Amélia.
Que a sua vida continue sendo uma
mensagem do amor de Deus.
Que o seu coração pulse sempre mais
forte; seus olhos continuem brilhando
e seus lábios sorrindo.
Que os seus dias sejam inspiradores
para quem está à sua volta.
FELIZ ANIVERSÁRIO A TODAS
AS IRMÃS!
Sumário
Experiência vivida com a Família Servita 01
Um homem com cara de Ressurreição 02
Teologia e Mistagogia em J. B. 03
As lógicas das cidades 04
O cultivo da formação 05
Um teólogo irmão 07
Visita ao Maranhão 08
Construir história 09
Chamaste-me 10
Quem sou eu? 10
Um mês de experiência 10
Manhã de espiritualidade 11
Limites na perspectiva psicológica 16
Valores no cotidiano da escola 17
Caminhada penitencial 18
Construir – receber 19
Quero viver mergulhada em Deus 20
Experiência do Ressuscitado 21
Missão: Semana Santa 23
Aniversários 25