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MODELAGEM DE CONVERSORES CC-CC EMPREGANDO MODELO MÉDIO EM ESPAÇO DE ESTADOS ELETRÔNICA DE POTÊNCIA IVO BARBI EDIÇÃO DO AUTOR

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MODELAGEM DECONVERSORES CC-CC

EMPREGANDO MODELO MÉDIOEM ESPAÇO DE ESTADOS

ELETRÔNICA DE POTÊNCIA

IVO BARBIEDIÇÃO DO AUTOR

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Ivo Barbi

MODELAGEM DE

CONVERSORES CC- CC

EMPREGANDO MODELO

MÉDIO EM

ESPAÇO DE ESTADOS

Florianópolis

Edição do Autor

2015

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II

Ivo Barbi

Internet: http://www.ivobarbi.com

E-mail: [email protected]

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III

MODELAGEM DE

CONVERSORES CC- CC

EMPREGANDO MODELO

MÉDIO EM

ESPAÇO DE ESTADOS

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IV

B236m Barbi, Ivo

Modelagem de conversores CC-CC empregando

modelo médio em espaço de estados / Ivo Barbi. –

Florianópolis : [S. n.], 2014. 206 p. : il.

Inclui referência

1. Eletrônica de potência. 2. Circuitos elétricos lineares –

Análise.

3. Laplace, Transformadas de. 4. Conversores CC-CC. I. Título.

CDU: 621.314.22

Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-

14/071

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V

AGRADECIMENTOS

Ao Eng. Andreas M. P. Correa, por sua dedicação na

preparação desta edição, digitando o texto, editando figuras,

formatando e diagramando a edição final.

Ao Bruno Barbi, pela criação da capa.

Ao Diogo Duarte Luis, pelo apoio administrativo na

preparação desta edição.

Ao Prof. Cassiano Rech, da UFSM, pela sugestão do

título.

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VI

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VII

BIOGRAFIA DO AUTOR

Ivo Barbi nasceu em Gaspar, Santa Catarina, Brasil,

em 1949. Formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade

Federal de Santa Catarina em 1973. Obteve o título de Mestre

em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa

Catarina em 1976 e o título de Doutor em Engenharia Elétrica

pelo Institut National Polytechnique de Toulouse, França, em

1979.

Fundou a Sociedade Brasileira de Eletrônica de

Potência(SOBRAEP), o Instituto de Eletrônica de Potência da

Universidade Federal de Santa Catarina (INEP-UFSC) e o

Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência (COBEP).

É Pesquisador 1A do CNPq e Fellow IEEE.

Foi Editor Associado na área de Conversores Estáticos

de Potência do periódico internacional IEEE Transactions on

Industrial Electronics. e Editor Associado Convidado para

Edições Especiais do periódico IEEE Transactions on Power

Electronics.

Desde o mês de março de 2015, é professor visitante

do Departamento de Automação e Sistemas (DAS) da

Universidade Federal de Santa Catarina.

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VIII

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IX

Dedico este trabalho pequenino

ANTONIO BARBI,

nascido em 19/05/2015,

à sua mãe

ADRIANA S. S. BARBI

e aos meus outros filhos

Bernardo Barbi

Bruno Barbi

Beatriz Barbi

Isadora Barbi

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X

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XI

PREFÁCIO

Os conversores estáticos de energia elétrica, para serem

úteis nas mais diversas aplicações, devem ter suas variáveis

elétricas, tais como tensões, correntes e potências, devidamente

controladas.

Para escolher os controladores adequados e seus

parâmetros, o projetista do conversor precisa conhecer os

modelos de planta do estágio de potência do conversor, que

geralmente apresentam-se sob a forma de funções de

transferências. Essas funções de transferência são obtidas a

partir de equações diferenciais lineares, que resultam da

linearização de equações não lineares, em torno de pontos de

operação específicos, nos quais o conversar deverá operar.

Geralmente os conversores operam com frequências de

comutação elevadas, da ordem de várias dezenas de quilo-

hertz. No entanto, as dinâmicas envolvidas na troca de potência

entre as fontes e as cargas, ocorrem em baixas frequências, da

ordem de dezenas de hertz.

Uma das peculiaridades dos conversores estáticos cc-cc é

o fato de que em um período de operação, eles assumem

diversos estágios topológicos, cujos circuitos equivalentes são

lineares, representados por equações diferenciais de primeira

ou segunda ordem. Porém, o comportamento macroscópico, em

escala de tempo de suas respostas naturais do ponto de vista de

valores médios quase instantâneos, é quase sempre não linear.

Das diversas técnicas já propostas para a obtenção dos

modelos matemáticos dos conversores estáticos cc-cc, duas se

tornaram populares: (a) emprego do conceito de modelo médio

em espaço de estado, proposto por Midlebrook e Cuk em 1976

[1], e (b) conceito de chave PWM, proposto por Vorpérian em

1990 [4].

Cada uma das técnicas tem vantagens e desvantagens em

relação à outra. Porém, o método que utiliza modelo médio em

espaço de estado é atualmente o mais aceito e utilizado pela

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XII

comunidade internacional de especialistas em eletrônica de

potência.

O presente texto, despretensioso, incompleto e

certamente pleno de imperfeições, é resultado das reflexões do

autor sobre problemas de modelagem de conversores estáticos

cc-cc, devidamente amparadas por publicações clássicas da

área, de grande relevância técnica sobre o tema.

O texto pretende introduzir o assunto, de maneira simples

e resumida, através de exemplos, aos estudantes de engenharia

elétrica, sobretudo aos pós-graduandos da área de eletrônica de

potência e suas aplicações. Por isso o autor espera que o

material possa ser útil para essa comunidade. Espera também

que as imperfeições do texto não diminuam os benefícios que

ele possa trazer aos que desejam aprender a modelar e controlar

conversores estáticos cc-cc.

Todo e qualquer comentário, observação ou crítica que

possam contribuir para melhorar a qualidade do texto, serão

bem acolhidos pelo autor.

Florianópolis, agosto de 2015.

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XIII

Sumário

PREFÁCIO ..................................................................................................... XI

SUMÁRIO ..............................................................................................XIII

CAPÍTULO 1 ANÁLISE DE CIRCUITOS LINEARES .................... 17

1.1 INTRODUÇÃO. .................................................................................. 17

1.2 SOLUÇÃO EMPREGANDO A TRANSFORMADA DE LAPLACE. ........... 20

1.3 EXEMPLO NUMÉRICO. ..................................................................... 25

1.4 ANÁLISE DE UM CIRCUITO COM APENAS RESISTORES E CAPACITORES .............................................................................................. 27

CAPÍTULO 2 CIRCUITO RC CHAVEADO ...................................... 36

CAPÍTULO 3 CIRCUITO RC CHAVEADO ...................................... 41

CAPÍTULO 4 COVERSOR CC-CC ABAIXADOR A CAPACITOR

CHAVEADO 47

CAPÍTULO 5 CIRCUITO RL CHAVEADO ...................................... 58

CAPÍTULO 6 CIRCUITO LLR CHAVEADO .................................... 61

CAPÍTULO 7 CIRCUITO LC CHAVEADO ...................................... 67

CAPÍTULO 8 CIRCUITO VLR CHAVEADO ................................... 74

CAPÍTULO 9 MODELAGEM DO CONVERSOR BUCK ................ 81

9.1 INTRODUÇÃO. .................................................................................. 81

9.2 EQUACIONAMENTO DA PRIMEIRA ETAPA DE OPERAÇÃO. ............. 82

9.3 EQUACIONAMENTO DA SEGUNDA ETAPA DE OPERAÇÃO. ............. 83

9.4 ANALISE EM REGIME PERMANENTE. ............................................... 86

9.5 MODELO DE PLANTA PARA CONTROLE DA CORRENTE. .................. 89

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XIV

9.6 OBTENÇÃO DA FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA TENSÃO DE CARGA. ..................................................................................... 93

9.7 EXERCÍCIO PROPOSTO. ................................................................... 102

CAPÍTULO 10 MODELAGEM DO CONVERSOR BOOST .......... 103

10.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 103

10.2 CIRCUITO EQUIVALENTE PARA OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE. ........................................................................................... 108

10.3 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR PARA O CONTROLE DA CORRENTE ............................................................................................ 114

10.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR PARA O CONTROLE DE TENSÃO. ............................................................................................... 117

10.5 COMENTÁRIOS ADICIONAIS SOBRE A EXISTÊNCIA DE UM ZERO NO SEMIPLANO DIREITO. ................................................................................ 127

10.6 EXERCÍCIO PROPOSTO. ................................................................... 128

CAPÍTULO 11 MODELAGEM DO CONVERSOR

BUCK – BOOST...................................................................................... 130

11.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 130

11.2 OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES GENÉRICAS. ....................................... 132

11.3 ANALISE EM REGIME PERMANENTE. ............................................. 135

11.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA CORRENTE. 140

11.5 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA TENSÃO DE SAÍDA. 145

CAPÍTULO 12 CIRCUITO EQUIVALENTE DO CONVERSOR CC-

CC BIDIRECIONAL EM REGIME

PERMANENTE .......................................................................................152

12.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 152

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XV

12.2 OBTENÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE. ...................................... 154

CAPÍTULO 13 MODELAGEM DO CONVERSOR

BIDIRECIONAL ZETA-SEPIC ........................................................... 158

13.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 158

13.2 EQUAÇÕES GENÉRICAS. ................................................................. 160

13.3 CIRCUITO EQUIVALENTE PARA OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE. ........................................................................................... 162

13.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA CORRENTE DO CONVERSOR ZETA-SEPIC BIDIRECIONAL. .................................................. 166

CAPÍTULO 14 MODELAGEM DO CONVERSOR BOOST EM

CONDUÇÃO DESCONTÍNUA ............................................................. 175

14.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 175

14.2 EQUACIONAMENTO DO CONVERSOR BOOST OPERANDO EM CONDUÇÃO DESCONTÍNUA. ..................................................................... 176

14.3 ANÁLISE EM REGIME PERMANENTE. ............................................. 183

14.4 MODELO DE PLANTA PARA CONTROLE DA CORRENTE NO INDUTOR. 185

14.5 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA TENSÃO. .... 189

CAPÍTULO 15 CONVERSOR CC-CC MEIA PONTE MODULADO

EM FREQUÊNCIA ................................................................................ 194

15.1 INTRODUÇÃO. ................................................................................ 194

15.2 MODELAGEM POR ESPAÇO DE ESTADOS. ..................................... 197

15.3 MODELO PARA OPERAÇÃO EM REGIME PERMANENTE. ............... 202

15.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE DA CORRENTE. 205

CAPÍTULO 16 ANÁLISE DO ERRO COMETIDO AO SE

EMPREGAR O VALOR MÉDIO EM ESPAÇO DE ESTADOS ...... 209

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XVI

16.1 FONTE DE TENSÃO ALIMENTANDO INDUTÂNCIA PURA. ............... 209

16.2 FONTE DE TENSÃO ALIMENTANDO CARGA RL. ............................. 213

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 218

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17

CAPÍTULO 1

ANÁLISE DE CIRCUITOS LINEARES

1.1 INTRODUÇÃO.

Seja o circuito representado na Figura 1-1. Trata-se de

um circuito RLC série. No instante t=0, o interruptor S é

fechado.

Figura 1-1: Circuito RLC série.

O comportamento do circuito é definido pelas equações

diferenciais (1.1) e (1.2). A corrente no indutor iL e a tensão no

capacitor vc são as variáveis de estado do circuito.

LL C

diL R i v v

dt (1.1)

CL

dvC i

dt (1.2)

A partir de (1.1) e (1.2) obtém-se (1.3) e (1.4).

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18

CLL

vdi R vi

dt L L L (1.3)

C Ldv i

dt C (1.4)

As equações (1.3) e (1.4) podem ser representadas na

forma matricial, de acordo com a expressão (1.5).

11

0

10 00

L

L

C C

di Ri vdt L L

Ldv v v

Cdt

(1.5)

Sejam as definições descritas a seguir.

L

C

iX

v (1.6)

L

C

di

dtX

dv

dt

(1.7)

1

10

R

L LA

C

(1.8)

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19

10

0 0

B L (1.9)

vU

v (1.10)

Desse modo, na forma matricial, obtêm-se a equação

(1.11).

X AX BU (1.11)

Podem ocorrer situações em que as grandezas de saída

não sejam os estados, mas sim uma combinação deles.

Define-se então a equação (1.12).

Y CX DU (1.12)

onde Y é um vetor definido pelas grandezas desejadas. C e D

são matrizes com termos constantes.

Agrupando as equações (1.11) e (1.12) obtêm-se as

equações (1.13) e (1.14), conhecidas como equações de estado

do sistema.

X AX BU (1.13)

Y CX DU (1.14)

Costuma-se representar em diagrama de blocos as

equações de estado, de acordo com a Figura 1-2.

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20

Figura 1-2. Representação das equações de estado por diagrama de blocos.

1.2 SOLUÇÃO EMPREGANDO A TRANSFORMADA DE

LAPLACE.

Vamos, com o emprego da transformada de Laplace,

obter a solução da equação de estados que representa o

comportamento do circuito. Vamos ignorar a equação (1.14).

Seja a equação (1.15).

X A X B U (1.15)

Aplicando-se a transformada de Laplace, obtêm-se a

equação (1.16).

( ) ( ) ( )X s A X s B U s (1.16)

Mas,

( ) ( ) (0)X s s I X s X (1.17)

onde I é a matriz identidade. O vetor X(0) representa o estado

inicial das variáveis do circuito. Substituindo-se (1.17) em

(1.16) obtém-se (1.18).

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21

( ) (0) ( ) ( )s I X s X A X s B U s (1.18)

Assim:

( ) ( ) (0) ( )s I X s A X s X B U s (1.19)

( ) (0) ( )s I A X s X B U s (1.20)

Portanto:

1 1

( ) (0) ( )X s s I A X s I A B U s (1.21)

Por razões didáticas e para simplificar o problema, vamos

considerar nula a tensão de alimentação. Isto significa que o

vetor U=0. Portanto,

1

( ) (0)X s s I A X (1.22)

Resolve-se o sistema de equações representado por (1.22)

aplicando-se a transformada inversa de Laplace. Assim:

1( ) ( )X t X s (1.23)

11( ) (0)X t s I A X (1.24)

Como o vetor X(0) é formado por termos constantes,

podemos escrever:

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22

11( ) (0)X t s I A X (1.25)

Prosseguimos nossa análise como segue.

10

100

Rs L Ls I A

s

C

(1.26)

1

1

Rs

L Ls I A

sC

(1.27)

1

1

1

1

Rs

L Ls I A

sC

(1.28)

Invertendo-se a matriz definida pela equação (1.28),

obtêm-se:

2 21

2 2

1 1

( )

1 1

LRs C

LRs RCs LRs RCss I A

L C R Ls

LRs RCs LRs RCs

(1.29)

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23

Seja

2

R

L (1.30)

20

1

LC (1.31)

2 2 20 (1.32)

Com essas definições, após manipulação algébrica

adequada, obtêm-se:

2 2 2 21

2 2 2 2

1 /

( ) ( )

1 / (2 )

( ) ( )

s L

s ss I A

C s

s s

(1.33)

Deste modo:

0 02 2 2 2

1

0 02 2 2 2

/

( ) ( )(0)

/ (2 )

( ) ( )

L C

L C

sI V L

s ss I A X

I C s V

s s

(1.34)

Vamos considerar o caso de um sistema pouco

amortecido, de modo que . Aplicando-se a transformada

inversa de Laplace, obtêm-se:

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24

0

0

( )cos( )

X( )( )

cos( )

tt

L

tCt

e sen te t

ILtVe sen t

e tC

(1.35)

A expressão (1.35) pode ser reescrita como a expressão

(1.36).

( ) ( ) (0)X t t X (1.36)

onde

0

0

(0) stado inicalL

C

IX E

V (1.37)

( )( ) Vetor de estado

( )L

c

I tX t

v t (1.38)

( )cos( )

( )( )

cos( )

tt

tt

e sen te t

Lte sen t

e tC

(1.39)

A matriz ( )t é conhecida como matriz de transição de

estados.

Trata-se de um conceito muito importante, pois permite

conhecer os estados do sistema a qualquer instante, se as

condições iniciais forem conhecidas e se o sistema evoluir

livremente sem excitações nem perturbações.

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25

A partir das expressões deduzidas com o emprego das

equações de estado, podemos obter as expressões (1.40) e

(1.41).

00( ) cos( ) ( )t C

L L

Vi t e I t sen t

L (1.40)

00( ) ( ) cos( )t L

C C

Iv t e sen t V t

C (1.41)

1.3 EXEMPLO NUMÉRICO.

Vamos nesta seção apresentar um exemplo numérico e as

formas de onda resultantes.

Sejam os seguintes parâmetros e condições iniciais:

0 0

50 ; 20 ; 10

10 ; 200L C

L mH C F R

I A V V

Portanto:

0

2 20

100 /2

11000 /s

995 /s

49,8

0,02

RH

L

radLC

rad

L

C Siemens

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26

Desse modo,

100 1000

100 1000

( ) 10 cos(995 ) 4,02 (995 )

( ) 502,5 ( ) 200 cos( )

t tL L

t tC C

i t e t e sen t I

v t Ve sen t e t

As formas de onda resultantes, da corrente iL(t) e da

tensão vC(t), encontram-se representadas na Figura 1-3 e na

Figura 1-4 respectivamente.

Na Figura 1-5 é mostrado o plano de fase, onde a

corrente iL(t) é representada em função da tensão vC(t).

Figura 1-3. Corrente em função do tempo, para o circuito da Figura 1-2.

Figura 1-4. Tensão nos terminais do capacitor, para o circuito da Figura 1.2.

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27

Figura 1-5. Plano de fase para as variáveis de estado do circuito representado na

Figura 1-2.

1.4 ANÁLISE DE UM CIRCUITO COM APENAS

RESISTORES E CAPACITORES

Seja o circuito mostrado na Figura 1-6. Desejamos

encontrar as expressões das correntes i1(t) e i2(t). V é uma tensão constante e a chave S é fechada no

instante t=0.

Todos os resistores, bem como os capacitores, são

idênticos entre si.

As tensões nos capacitores, vC1(t) e vC2(t), são as variáveis

de estado do sistema.

Vamos estudar o caso particular em que as condições

iniciais sejam nulas. Por inspeção do circuito podemos escrever

as equações (1.42) e (1.43).

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28

Figura 1-6. Circuito com resistores e capacitores.

1 1 21C

V V V Vi

R R (1.42)

1 2 22C

V V Vi

R R (1.43)

Mas,

11C

dvi C

dt (1.44)

e

22C

dvi C

dt (1.45)

Portanto,

11 22

dvRC V V V

dt (1.46)

21 22

dvRC V V

dt (1.47)

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29

Seja

RC (1.48)

Portanto,

1 1

2 2

2 1

1 2 0

v v v

v v (1.49)

Ou ainda,

1 1

2 2

2 / 1 / /

1 / 2 / 0

v v v

v v (1.50)

Desse modo,

V A V B U (1.51)

onde,

1

2

vV

v (1.52)

1

2

vV

v (1.53)

2 / 1 /

1 / 2 /A (1.54)

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30

/

0

vB U (1.55)

Também por inspeção pode-se escrever:

11

V Vi

R (1.56)

1 22

V Vi

R (1.57)

Portanto,

1 1

2 2

1 / 0 /

1 / 1 / 0

i R v V R

i R R v (1.58)

Seja

1

2

ii

i (1.59)

1 / 0

1 / 1 /

RC

R R (1.60)

/

0

V RD U (1.61)

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31

Portanto:

i C V D U (1.62)

Resumindo-se as expressões (1.51) e (1.61), obtêm-se

V A V B U (1.63)

i C V D U (1.64)

que é a forma geral da representação de estado.

Verificamos que nosso circuito, que é um sistema de

segunda ordem linear e invariante no tempo, está sendo

descrito matematicamente por um sistema formado por duas

equações diferenciais lineares com coeficientes constantes.

Vamos então resolver essas equações.

Aplicando-se a transformada de Laplace na equação

(1.63) obtém-se a equação (1.65).

( ) (0) ( ) ( )sV s V A V s B U s (1.65)

Desse modo:

( ) (0) ( )s I A V s V B U s (1.66)

Ou ainda:

1 1

( ) (0) ( )V s s I A V s I A B U s (1.67)

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32

Seja (0) 0V , nossa hipótese inicial. Assim:

Mas,

1

1

2 1

1 2

s

s I A

s

(1.68)

Portanto,

1

2 2

1

2 2

2

2 1 2 1

2

2 1 2 1

s

s ss I A

s

s s

(1.69)

( )

0

V

B U s s (1.70)

Assim,

2

1

2

20

2 1( )

02 1

V s

s ss I A B U s

V

s s

(1.71)

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33

Desse modo,

2

1

2

2

2

2 1( )

( )

2 1

V s

s sV s

V s V

s s

(1.72)

Aplicando-se a transformação inversa de Laplace na

equação (1.67) obtêm-se a equação (1.73).

1( ) ( )V t V s (1.73)

Desse modo,

3

1( ) 4 36

t tVV t e e (1.74)

2

2( ) 1 26

t tVV t e e (1.75)

Nosso objetivo é encontrar as correntes I1(t) e I2(t). A partir da expressão (1.64), obtemos:

i C V D U (1.76)

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34

Portanto,

1 1

2 2

( ) 1 / 0 ( ) /

( ) 1 / 1 / ( ) 0

i t R v t V R

i t R R v t (1.77)

Assim,

11

( )( )

V v ti t

R (1.78)

1 22

( ) ( )( )

v t V ti t

R (1.79)

Substituindo as expressões (1.74) e (1.75) em (1.78) e

(1.79) obtemos:

3

1( ) 2 36

t tVi t e e

R (1.80)

2( ) 1 3

3

tVi t e

R (1.81)

Observar-se que para t 1 2( ) ( ) ,3

Vi i

R como era

esperado.

Sejam os seguintes parâmetros, escolhidos a título de

ilustração:

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35

100

1000

10

V V

C F

R

As correntes i1(t) e i2(t), em função do tempo, encontram-

se representadas na Figura 1-7, para esses parâmetros.

Figura 1-7. Evolução das correntes do circuito representado na Figura 1-6.

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36

CAPÍTULO 2

CIRCUITO RC CHAVEADO

Seja o circuito representado na Figura 2-1.

Figura 2-1- Circuito RC Chaveado.

O interruptor ideal S é comandado pelo sinal

representado na Figura 2-2.

Figura 2-2. Sinal de comando do interruptor S.

O interruptor S encontra-se fechado quando 1S e

aberto quando 0S . O período de funcionamento é TS.

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37

Desse modo,

no intervalo 0,

no intervalo 0 ,

1 S

SS

DT

DT

S

T

A variável D, definida por (2.1), é denominada razão

cíclica.

1tD

T (2.1)

Vamos supor que o capacitor C esteja inicialmente

carregado e que sua tensão inicial seja VC0.

Se S permanecer fechado continuamente (D=1), a tensão

vc(t) e a corrente ic(t) serão representadas pelas expressões (2.2)

e (2.3).

0

t

Ccv V et (2.2)

0Cc

tVi e

Rt (2.3)

A expressão (2.2) é a solução da equação diferencial

linear de primeira ordem representada por (2.4).

( ) ( )

0c cdv t v tC

dt R (2.4)

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38

Com essas informações desejamos obter a expressão da

tensão do capacitor em função do tempo, para o interruptor S

operando com D 1.

Durante um ciclo de operação, o circuito assume dois

estados topológicos mostrados na Figura 2-3.

Figura 2-3. Estados topologicos do circuito.

Durante o intervalo de tempo 1Δt , S encontra-se fechado

e parte da energia armazenada no capacitor é dissipada em R.

Os dois estágios topológicos mostrados na Figura 2-2 são

representados pelas equações diferenciais lineares de primeira

ordem (2.5) e (2.6) respectivamente.

( ) ( )

0c cdv t v tC

dt R (2.5)

( )

0cdv tC

dt (2.6)

Vamos multiplicar todos os termos de (2.5) por D e todos

os termos de (2.6) por (1-D). Em seguida vamos somar as duas

equações.

Assim:

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39

( ) ( )

0c cdv t v tD C D

dt R (2.7)

( )

1 0cdv tD C

dt (2.8)

Portanto:

( )

( ) 0cc

dv t DC v t

dt R (2.9)

A expressão (2.9) representa o circuito mostrado na

Figura 2-4

Figura 2-4. Circuito equivalente.

Seja o resistor equivalente definido pela expressão (2.10).

eq

RR

D (2.10)

Observe que o valor da resistência equivalente Req é

inversamente proporcional à razão cíclica D.

Desse modo, o efeito do chaveamento é um aumento da

resistência aparente do resistor do circuito.

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40

A constante de tempo do circuito com chaveamento é

eq eqR C (2.11)

eq

R C

D (2.12)

Ou ainda,

eqD

(2.13)

Podemos interpretar o efeito do chaveamento como o

aumento da constante de tempo do circuito.

Assim, como 1D , .eq

Com o emprego da técnica descrita, obtém-se um único

circuito linear, para um valor dado de D , que representa os

dois estados topológicos do circuito, associados aos dois

estados de condução do interruptor. Dito de outra forma, o

circuito original, chaveado, passa a ser representado por um

circuito sem interruptor, com variáveis contínuas.

Cada estado topológico, para D constante, é

representado por um circuito linear, descrito por uma equação

diferencial linear.

O circuito equivalente é também linear, onde as variáveis

(estados) são valores médios quase instantâneos. O método

empregado contem aproximações e introduz erro. O erro é

tanto menor quanto menor for o período de chaveamento em

relação à constante de tempo original do circuito.

Simulações realizadas mostram que para 0,10ST

o

erro cometido é menor que 1%.

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41

CAPÍTULO 3

CIRCUITO RC CHAVEADO

Seja o circuito representado na Figura 3-1.

Figura 3-1. Circuito RC chaveado.

O capacitor C1 encontra-se inicialmente carregado e sua

tensão inicial é VC10. C2 encontra-se descarregado. t

S é aberto e fechado com alta frequência de valor

constante. A razão cíclica D é considerada constante.

Ao longo do tempo, parte da energia inicialmente

acumulada em C1 é transferida para C2, e parte dela é

transformada em calor no resistor R.

Desejamos encontrar as expressões que representem os

valores médios quase instantâneos das tensões vC1(t) e vC2(t).

Em um período de operação, o circuito possui dois

estágios topológicos representados na Figura 3-2.

Figura 3-2. Estados topológicos do conversor: (a) intervalo DT e (b) intervalo

( 1 – D ) T.

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42

Vamos equacionar cada um desses estágios topológicos.

a) Primeiro Estágio: 0 t DT

11

( )cdv tC i

dt (3.1)

22

( )cdv tC i

dt (3.2)

1 2( ) ( )C Cv t v ti

R R (3.3)

Portanto,

1 1 21

( ) ( ) ( )c C Cdv t v t v tC

dt R R (3.4)

2 1 22

( ) ( ) ( )c C Cdv t v t v tC

dt R R (3.5)

b) Segundo Estágio: DT t T

11

( )0cdv t

Cdt

(3.6)

22

( )0cdv t

Cdt

(3.7)

Vamos multiplicar (3.4) e (3.5) por D. Assim:

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43

11 1 2

( )( ) ( )c

C C

dv t D DDC v t v t

dt R R (3.8)

22 1 2

( )( ) ( )c

C C

dv t D DDC v t v t

dt R R (3.9)

Do mesmo modo, vamos multiplicar (3.6) e (3.7) por

(1-D). Assim,

11

( )1 0cdv t

D Cdt

(3.10)

22

( )1 0cdv t

D Cdt

(3.11)

Adicionando (3.6) com (3.10) obtemos (3.12).

11 1 2

( )( ) ( )C

C C

dv t D DC v t v t

dt R R (3.12)

Adicionando (3.8) com (3.11) obtemos (3.13).

22 1 2

( )( ) ( )C

C C

dv t D DC v t v t

dt R R (3.13)

Desse modo (3.12) e (3.13) formam um sistema de

equações diferenciais de primeira ordem, representado pelas

equações (3.14).

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44

11 1 2

22 1 2

( )( ) ( )

( )( ) ( )

CC C

CC C

dv t D DC v t v t

dt R R

dv t D DC v t v t

dt R R

(3.14)

Seja o resistor equivalente definido pela expressão (3.15).

eq

RR

D (3.15)

Então,

1 1 21

2 1 22

( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( )

C C C

eq eq

C C C

eq eq

dv t v t v tC

dt R R

dv t v t v tC

dt R R

(3.16)

O sistema de equações (3.16) representa o circuito

mostrado na Figura 3-3, contínuo, válido para valores médios

quase instantâneos.

Figura 3-3. Circuito equivalente para valores médios quase instantâneos.

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45

Verificamos que devido à ação do chaveamento, o valor

da resistência aparente é modificado e representado pela

expressão (3.17).

eq

RR

D (3.17)

A constante de tempo do circuito resultante é

representada pela expressão (3.18).

eqR C (3.18)

onde

1 2

1 2

C CC

C C (3.19)

Seja VC10 a tensão inicial no capacitor C1. O capacitor C2

encontra-se inicialmente descarregado.

Então a corrente através do resistor equivalente durante o

regime transitório é dada pela equação (3.20).

10( )t

eq

C

R

Vi t e (3.20)

As tensões sobre os capacitores C1 e C2, em seus valores

médios quase instantâneos, são representadas pelas expressões

(3.21) e (3.22), respectivamente.

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46

1 1 2

1 2

10( )t

CCv t C C e

C C

V (3.21)

12

1

1

2

0( ) 1t

CC

C Vv t e

C C (3.22)

O procedimento apresentado nos permitiu, a partir da

representação por equações de estado de um circuito chaveado

com dois estágios topológicos lineares, encontrar valores

médios das variáveis de estado, que por sua vez representam

um circuito equivalente não chaveado ou contínuo. Este é o

princípio geral que iremos encontrar na modelagem dos

diversos circuitos que serão apresentados nos capítulos

subsequentes deste texto.

A partir das equações (3.21) e (3.22) podemos observar

que após o período transitório, quando a corrente do circuito se

anula, as tensões 𝑉𝑐1 e 𝑉𝑐2 tornam-se iguais entre si, com o

valor dado pela expressão (3.23).

10 11 2

1 2

CC C

V CV V

C C

(3.23)

Portanto, os valores das tensões finais nos capacitores

não dependem do valor do resistor R, nem da frequência de

comutação ou da razão cíclica. Dependem apenas do valor da

tensão inicial no capacitor C1 e das capacitâncias de C1 e C2.

Porém a duração do período transitório depende desses

parâmetros.

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47

CAPÍTULO 4

COVERSOR CC-CC ABAIXADOR A

CAPACITOR CHAVEADO

Seja o circuito representado na Figura 4-1. Trata-se de

um conversor CC-CC abaixador, empregando apenas

capacitores, interruptores e suas resistências parasitas, portanto

sem o emprego de dispositivos magnéticos, como indutores ou

transformadores. Nosso objetivo é obter suas características

fundamentais, como ganho estático e circuito equivalente,

empregando a técnica de valores médios em espaço de estado.

Figura 4-1. Conversor CC-CC abaixador a capacitor chaveado.

Os interruptores, considerados ideais, são comandados de

acordo com os sinais mostrados na Figura 4-2.

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48

Figura 4-2. Sinais de comando dos interruptores do circuito representado na

Figura 4-1.

Nosso objetivo é encontrar um circuito linear

equivalente, válido para valores médios quase instantâneos, que

permita determinar o comportamento do conversor.

Num ciclo completo de funcionamento, o conversor

assume dois estados topológicos. Durante o intervalo de tempo

(0, DT), o circuito equivalente é representado pela Figura 4-3.

Figura 4-3. Circuito equivalente para o primeiro estágio topológico.

Durante o intervalo de tempo (DT,T), o circuito

equivalente é representado pela Figura 4-4.

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49

Figura 4-4. Circuito equivalente para o segundo estágio topológico.

Vamos primeiramente obter as equações que representam

o primeiro estágio de operação (Figura 4-3).

1 211

1 1 1

C CC

v vvi

R R R (4.1)

2 1 212

1 1 1

C C CC

o

v v vvi

R R R R (4.2)

11 1

CC

dvC i

dt (4.3)

22 2

CC

dvC i

dt (4.4)

Substituindo a equação (4.1) em (4.3) e a equação (4.2)

em (4.4) obtemos (4.5) e (4.6):

1 1 2 11

1 1 1

C C Cdv v v vC

dt R R R (4.5)

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50

2 1 12 2

1 1 1

1 1C CC

o

dv v vC v

dt R R R R (4.6)

A seguir, vamos equacionar o circuito representado pela

Figura 4-4.

1 21

1 1

C CC

v vi

R R (4.7)

2 1 22

1 1

C C CC

o

v v vi

R R R (4.8)

11 1

CC

dvC i

dt (4.9)

22 2

CC

dvC i

dt (4.10)

Portanto,

1 1 21

1 1

C C Cdv v vC

dt R R (4.11)

2 12 2

1 1

1 1C CC

o

dv vC v

dt R R R (4.12)

Vamos representar os modelos obtidos na forma

matricial, de acordo com as expressões (4.13) e (4.14) para os

intervalos de tempo (0, DT) e (DT,T) respectivamente.

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51

111

1 1 1 1

2 2 12

11 1

1 1

1 1 1

C

C

C C

o

vdvC R R v Rdt

dv v vC

Rdt R R R

(4.13)

11

1 1 1

2 22

1 1

1 1

1 1 1

C

C

C C

o

dvC R R vdt

dv vC

dt R R R

(4.14)

As expressões (4.13) e (4.14), escritas na forma compacta

são representadas pelas expressões (4.15) e (4.16).

1 1 1K X A X B U (4.15)

2 2 2K X A X B U (4.16)

onde,

1

2

C

C

vX

v (4.17)

é o vetor de estado, sendo VC1 e VC2 os estados do circuito.

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52

1 1

1

1

1 1

1 1

1 o

o

R RA

R R

R R R

(4.18)

1 1

2

1

1 1

1 1

1 o

o

R RA

R R

R R R

(4.19)

1

1 0

0 1B (4.20)

2 0B (4.21)

1

1

1

1

v

RU

v

R

(4.22)

Vamos multiplicar as expressões (4.15) e (4.16) por D e

por (1-D) respectivamente.

Assim,

1 1 1DK X DA X DB U (4.23)

2 2(1 ) (1 )D K X D A X (4.24)

Vamos analisar a operação em regime permanente.

Portanto, 0.X Desse modo,

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53

1 10 DA X DB U (4.25)

20 (1 )D A X (4.26)

Portanto:

1 1

1

1 1

1

1 1 1

11

11 1

1 1

1

1 1

(1 ) 01

o

o

o

o

R RD

R R

R R R

Dv

R R RD

DvR R

RR R R

(4.27)

O sistema representado por (4.27) pode ser simplificado,

resultando na equação (4.28).

1

1

11

1 1

1

1 1

(1 ) 01

o

o

o

o

D R R

R

D vD R R

D vR

(4.28)

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54

Assim:

1

1

11

(1 ) (1 )

0(1 ) (1 )

o

o

o

o

D D

R RD D

R

D DD v

R RD D D v

R

(4.29)

Após as devidas manipulações algébricas, obtêm-se as

expressões (4.30) e (4.31).

1 2 1(1 2 ) 0C Cv D v D v (4.30)

11 2 11 2 0o

C C

o

R RD v v D v

R (4.31)

Manipulações algebricamente se expressões (4.30) e

(4.31), obtemos a expressão (4.32).

2

21 1

2 (1 )

1 2

C

o

o

v D D

v R RD

R

(4.32)

Seja o caso particular em que 0,5D . Portanto,

12

1 2o

C

o

R vv

R R (4.33)

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55

A expressão (4.33) mostra que o ganho ideal do

conversor apresentado é igual a 0,5. O valor real do ganho é

ligeiramente menor que 0,5, devido à queda de tensão no

resistor série equivalente 1R .

A expressão (4.33) representa o circuito equivalente

mostrado na Figura 4-5.

Figura 4-5. Circuito equivalente do conversor CC-CC abaixador a capacitor

chaveado.

Para razão cíclica diferente de 0,5 o circuito equivalente

encontra-se representado na Figura 4-6.

Figura 4-6. Circuito equivalente para 0,5.D

Desse modo, pode-se escrever a expressão (4.34).

0

1

0,5 o

o eq

v R

v R R (4.34)

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56

Mas, como foi demonstrado anteriormente:

21 1

2 (1 )

1 2

o

o

o

v D D

v R RD

R

(4.35)

Igualando-se a expressão (4.34) com (4.35) e

manipulando-se algebricamente, obtêm-se a expressão (4.36).

124( )

eq

RR

D D (4.36)

Ou ainda,

2

1

1

4( )

eqR

R D D (4.37)

Na Figura 4-7 é representado o valor de 1/eqR R em

função da razão cíclica D.

Figura 4-7. Resistência equivalente em função da razão ciclica D.

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57

Observa-se que o valor mínimo da resistência equivalente

ocorre para 0,5D . Por isso esses conversores geralmente são

projetados para operar com esse valor de D .

Pode-se também demonstrar que o valor de eqR depende

da frequência de chaveamento do circuito, além da razão

cíclica D . Para 0,5D , o modelo obtido é válido se for

respeitada a restrição:

1 1ST R C (4.38)

ou ainda

1 1

1Sf

R C (4.39)

Na análise apresentada, foi considerada muito grande a

capacitância do capacitor C2.

Na análise apresentada a título de exemplo, todos os

componentes foram considerados ideais, exceto o capacitor C1

cuja resistência é R1. Contudo, o procedimento pode ser

facilmente estendido para as situações em que as demais não

idealidades sejam incluídas.

Essa análise que acabamos de apresentar, serve para

mostrar a eficiência do método do valor médio em espaço de

estado, na análise dos conversores CC-CC a capacitor

chaveado, que de outra forma seria complexa e demorada.

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58

CAPÍTULO 5

CIRCUITO RL CHAVEADO

Seja o circuito representado na Figura 5-1.

Figura 5-1. Circuito RL paralelo com interruptor.

O interruptor S é ideal e opera com frequência constante

e razão cíclica D.

Em um ciclo de operação ocorrem dois estágios

topológicos para os intervalos de tempo (0,DT) e (DT,T)

respectivamente, mostrados na Figura 5-2.

Figura 5-2. Estagios topológicos para o circuito RL paralelo.

Os dois estágios são representados pelas equações

diferenciais (5.1) e (5.2), respectivamente.

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59

0LdiL

dt (5.1)

0LL

diL R i

dt (5.2)

Vamos multiplicar (5.1) e (5.2) por D e (1-D)

respectivamente, obtendo (5.3) e (5.4).

0LdiD L

dt (5.3)

(1 ) (1 ) 0LL

diD L D R i

dt (5.4)

Somando (5.3) com (5.4) obtemos (5.5).

(1 ) 0LL

diL D R i

dt (5.5)

A equação diferencial (5.5) representa o circuito

mostrado na Figura 5-3.

Figura 5-3. Circuito equivalente do circuito RL paralelo com interruptor.

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60

Seja,

eR (1 )q D (5.6)

Assim:

0Leq L

diL R i

dt (5.7)

Seja LoI o valor da corrente inicial no indutor.

Resolvendo-se a equação diferencial (5.7) obtêm-se a

expressão (5.8).

( )t

L Loi t I e (5.8)

Onde,

eR (1 )q

L L

D R (5.9)

Verificamos então que o chaveamento modifica e

controla o valor da resistência equivalente e consequentemente

da constante de tempo do circuito.

A hipótese fundamental empregada na modelagem, mais

uma vez, é o período de chaveamento ser muito menor que a

constante de tempo definida pelos parâmetros do circuito, R e

L, como geralmente ocorre nos circuitos reais.

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61

CAPÍTULO 6

CIRCUITO LLR CHAVEADO

Seja o circuito representado na Figura 6-1. São adotadas

as mesmas condições de operação do circuito estudado no

CAPÍTULO 5.

Seja 1L oI a corrente inicial em 1L , com o sentido indicado

na Figura 6-1. Seja nula a corrente inicial em 2L .

Deseja-se obter o circuito equivalente que represente a

evolução das grandezas médias quase instantâneas do circuito,

em função do tempo, em regime permanente.

Figura 6-1. Circuito LLR em paralelo com interruptor.

Os dois estágios topológicos, para os intervalos de tempo

(0, DT) e (DT, T) encontram-se representados na Figura 6-2.

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62

Figura 6-2. Estágios topologicos do circuito LLR.

As equações para o intervalo (DT, T) são:

11

LdiL V

dt (6.1)

22

LdiL V

dt (6.2)

1 2L LV Ri Ri (6.3)

Portanto,

11 1 2

LL L

diL R i R i

dt (6.4)

22 1 2

LL L

diL R i R i

dt (6.5)

Para o intervalo (0, DT) são obtidas as equações:

11 0Ldi

Ldt

(6.6)

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63

12 0Ldi

Ldt

(6.7)

Na forma matricial, para os intervalos de tempo (DT, T) e

(0, DT), o circuito é representado pelas equações (6.8) e (6.9),

respectivamente.

11

1

2 22

L

L

L L

diL

R R idt

di R R iL

dt

(6.8)

e

11

22

0

0

L

L

diL

dt

diL

dt

(6.9)

Multiplicando-se (6.8) por (1-D) e (6.9) por D obtém-se:

11

1

2 22

(1 )(1 ) (1 )

(1 ) (1 )(1 )

L

L

L L

diD L

D R D R idt

di D R D R iD L

dt

(6.10)

11

22

0

0

L

L

diD L

dtdi

D Ldt

(6.11)

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64

Somando-se (6.10) com (6.11) obtêm-se (6.12).

11

1

2 22

(1 ) (1 )

(1 ) (1 )

L

L

L L

diL

D R D R idt

di D R D R iL

dt

(6.12)

Ou ainda:

11 1 2(1 ) (1 )L

L L

diL D R i D R i

dt (6.13)

22 1 2(1 ) (1 )L

L L

diL D R i D R i

dt (6.14)

Seja,

(1 )eqR D R (6.15)

Assim:

11 1 2

Leq L eq L

diL R i R i

dt (6.16)

22 1 2

Leq L eq L

diL R i R i

dt (6.17)

As expressões (6.16) e (6.17) representam o circuito

equivalente mostrado na Figura 6-3.

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65

Figura 6-3. Circuito equivalente para o circuito original LLR.

Pode-se então concluir que o chaveamento modifica o

valor da resistência aparente do circuito, definida pela

expressão (6.15).

O circuito resultante representa os valores médios quase

instantâneos das tensões e correntes do circuito.

Resolvendo-se o sistema de equações diferencias (6.16) e

(6.17) obtém-se as expressões seguintes.

1 2

1 1

1 2

( )

t

L L o

L L e

I t IL L

(6.18)

2 1 1

1 2

1

( )

t

L L o

e

I t I LL L

(6.19)

1( )t

R L oI t I e (6.20)

onde,

eq

eq

L

R (6.21)

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66

(1 )eqR D R (6.22)

1 2

1 2

eq

L LL

L L (6.23)

Verifica-se que o valor final de ( )RI t é igual zero.

Contudo, os valores finais de 1( )LI t e 2( )LI t são não nulos.

A partir da análise das equações (6.24) e (6.25), pode-se

concluir que após o transitório, ou seja, para um tempo muito

grande, as correntes nos dois indutores tornam-se iguais entre

si, com os valores definidos pelas equações (6.26) e (6.27).

𝐼𝐿1 = 𝐼𝐿10.𝐿1

𝐿1+𝐿2 (6.26)

𝐼𝐿2 = 𝐼𝐿10.𝐿1

𝐿1+𝐿2 (6.27)

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67

CAPÍTULO 7

CIRCUITO LC CHAVEADO

Seja o circuito representado na Figura 7-1, com todos os

seus componentes ideais.

Figura 7-1. Circuito LC chaveado.

A corrente inicial no indutor L é ILo e a tensão inicial no

capacitor C é VCo.

Os interruptores S1 e S2 são comandados de acordo com

os sinais representados na Figura 7-2.

Figura 7-2. Sinais de comando dos interruptores S1 e S2.

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68

Os estágios topológicos, para um ciclo de operação,

encontram-se representados na Figura 7-3.

Figura 7-3. Estágios toplogicos para um período de operação do circuito.

Durante o intervalo de tempo (0, DT) o circuito é

representado pelas equações (7.1) e (7.2).

0LdiL

dt (7.1)

0CdvC

dt (7.2)

Durante o intervalo de tempo (DT, T) o circuito é

representado pelas equações (7.3) e (7.4).

LC

diL v

dt (7.3)

CL

dvC i

dt (7.4)

Os dois sistemas de equações são representados na forma

matricial pelas equações (7.5) e (7.6), respectivamente.

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69

0 0

0 0

L

L

C C

diL

idt

dv vC

dt

(7.5)

0 1

1 0

L

L

C C

diL

idt

dv vC

dt

(7.6)

Multiplicando-se (7.5) por D, (7.6) por (1-D) e somando-

se, obtêm-se as equações (7.7) e (7.8).

(1 )LC

diL D v

dt (7.7)

(1 )CL

dvC D i

dt (7.8)

As equações (7.7) e (7.8) representam o circuito

mostrado na Figura 7-4.

Figura 7-4. Circuito equivalente do circuito LC chaveado.

Manipulando-se a equação (7.8) obtêm-se

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70

(1 )

C L

Dv i dt

C (7.9)

Substituindo-se (7.9) em (7.7) obtêm-se (7.10).

2(1 )L

L

di DL i dt

dt C (7.10)

Seja,

2(1 )

eq

CC

D (7.11)

Assim,

1L

L

eq

diL i dt

dt C (7.12)

Ou ainda,

L

eq L

diL C i dt

dt (7.13)

Portanto:

2

2L

eq L

d iL C i

dt (7.14)

A expressão (7.14) representa o circuito equivalente

mostrado na Figura 7-5.

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71

Figura 7-5. Circuito equivalente final do circuito LLC chaveado.

Desse modo, podemos concluir que o chaveamento

produz um capacitor variável, dependente da razão cíclica.

Como 0 1D , então eqC C .

Encontramos assim uma maneira de obter um capacitor

cuja capacitância é maior que o valor da capacitância do

capacitor físico.

A partir da equação (7.7) é possível encontrar a equação

(7.15).

(1 )

L C

Ddi v dt

L (7.15)

Portanto,

(1 )

L C

Di v dt

L (7.16)

Substituindo-se (7.16) em (7.8) obtêm-se.

2(1 )C

C

dv DC v dt

dt L (7.17)

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72

Portanto:

2

2 2(1 )C

C

d vC Lv

D dt (7.18)

Seja,

2(1 )

eq

LL

D (7.19)

Portanto:

2

2C

eq C

d vC L v

dt (7.20)

O circuito equivalente representado pela equação (7.20) é

mostrado na Figura 7-6.

Figura 7-6. Ciruito equivalente alternativo para o circuito LC chaveado.

Neste caso, podemos interpretar o efeito do chaveamento

como a modificação da indutância equivalente do circuito

original.

A pulsação do circuito chaveado é definida pela equação

(7.21).

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73

2

1

1

LC

D

(7.21)

Portanto:

1 D

LC (7.22)

Seja,

1

oLC

(7.23)

Portanto,

1 oD (7.24)

A expressão mostra o efeito da razão cíclica sobre a

frequência natural do circuito.

A análise apresentada, mais uma vez, demonstra a

eficácia e a simplicidade que o método de modelo médio em

espaço de estado proporciona, na análise de circuitos elétricos

chaveados.

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74

CAPÍTULO 8

CIRCUITO VLR CHAVEADO

Seja o circuito representado na Figura 8-1. O interruptor

é ideal e opera com razão cíclica D.

Figura 8-1. Circuito com resistor chaveado.

Os dois estados topológicos para os intervalos (0, DT) e

(DT, T) encontram-se representados na Figura 8-2.

Figura 8-2. Estados topologicos para um período de operação do circuito VLR

chaveado.

Os dois estágios são representados pelas equações (8.1) e

(8.2) respectivamente.

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75

di

L vdt

(8.1)

( )di

L v R i tdt

(8.2)

Multiplicando-se (8.1) por D e (8.2) por (1-D), e

somando-se, obtêm-se as expressões (8.3) e (8.4).

di

D L D vdt

(8.3)

(1 ) (1 ) (1 )di

D L D v D R idt

(8.4)

Adicionando-se (8.3) e (8.4) obtêm-se (8.5).

(1 )di

L v D R idt

(8.5)

A equação (8.5) representa o circuito mostrado na Figura

8-3.

Figura 8-3. Circuito equivalente do circuito VLR chaveado.

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76

A resposta a um degrau da tensão de entrada é dada pela

equação (8.6).

( ) 1 eq

t

RVi t e

R (8.6)

onde:

(1 )eqR D R (8.7)

Deve-se observar que o circuito mostrado na Figura 8-3 é

genérico, sendo valido para tensão V com qualquer forma de

onda. É também é valido tanto para operação em regime

permanente quanto para transitório.

O circuito equivalente em regime permanente para tensão

continua de entrada é mostrado na Figura 8-4.

Figura 8-4. Circuito equivalente para tensão continua.

O circuito equivalente para alimentação senoidal

encontra-se representado na Figura 8-5.

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77

Figura 8-5. Circuito equivalente para tensão alternada senoidal.

A impedância Z é definida pela expressão (8.8).

(1 )Z D R j L (8.8)

Para razão cíclica D constante, o circuito resultante da

análise, mostrado na Figura 8-3, é invariante no tempo.

É possível, a partir de um ponto de operação, introduzir

pequena perturbação na razão cíclica D.

Seja a equação (8.9), obtida anteriormente.

Vamos introduzir uma perturbação muito pequena em D,

e obter a resposta no tempo.

(1 )di

L v D R idt

(8.9)

oD D D (8.10)

Oi I i (8.11)

Substituindo as equações (8.10) e (8.11) em (8.9)

obtemos a equação (8.12).

1O o O

dL I i v R D D I i

dt (8.12)

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78

Desenvolvendo-se (8.12) obtêm-se (8.13).

(1 )Oo O

dI d iL L v R D D I i

dt dt (8.13)

Assim,

(1 ) (1 )Oo O o

O

dI d iL L v R D I R D i

dt dtD I R D i R

(8.14)

Seja 0D i . Assim:

(1 )o O

d iL R D i R D I

dt (8.15)

Aplicando-se a transformada de Laplace, obtêm-se:

( ) (1 ) ( ) ( )o OL s i s R D i s D s R I (8.16)

Portanto,

(1 ) ( ) ( )o OL s R D i s D s R I (8.17)

Assim:

( )

( ) (1 )O

o

R Ii s

D s s L R D (8.18)

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79

Desse modo,

( )

(1 )( )O

o

RIi s

R DD ss

L

(8.19)

Seja,

( )D

D ss

(8.20)

Portanto,

( )(1 )

O

o

D R Ii s

R Ds L s

L

(8.21)

Assim,

( ) 1(1 )

t

O

o

Di t I e

D (8.22)

sendo

(1 )o

L

R D (8.23)

Mas

(1 )

o

o

VI

R D (8.24)

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80

Portanto

2( ) 1

(1 )

t

o

V Di t e

R D (8.25)

A expressão (8.25) representa a resposta do circuito

diante de uma pequena perturbação na razão cíclica D , em

torno de um ponto de operação inicial, definido pela razão

cíclica inicial Do.

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81

CAPÍTULO 9

MODELAGEM DO CONVERSOR BUCK

9.1 INTRODUÇÃO.

Neste capítulo, vamos empregar a técnica do modelo

médio em espaço de estado, para obter os modelos do

conversor CC-CC conhecido como conversor Buck, que

incluirão circuito equivalente, análise em regime permanente e

funções de transferência para o controle da corrente do indutor

e da tensão do capacitor ou da carga.

Seja o conversor Buck ideal alimentando carga resistiva,

mostrado na Figura 9-1.

Figura 9-1. Conversor Buck ideal.

O mesmo circuito com a introdução de algumas não

idealidades encontra-se representado na Figura 9-2.

Figura 9-2. Conversor Buck com componentes não ideais.

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82

As não idealidades são as seguintes:

Resistência do interruptor S

Queda de tensão no diodo

Resistência do indutor L

S

D

L

R

V

R

Vamos estudar o caso em que o conversor esteja

operando em condução continua e frequência de chaveamento

constante.

Seja D a razão cíclica. Os dois circuitos equivalentes para

os intervalos de tempo (0, DT) e (DT, T) encontram-se

representados na Figura 9-3.

Figura 9-3. Estados topológicos do conversor Buck, para os intervalos de tempo

(1,DT) e (DT,T), respectivamente.

9.2 EQUACIONAMENTO DA PRIMEIRA ETAPA DE

OPERAÇÃO.

O primeiro estágio topológico mostrado na Figura 9-3(a)

é representado pelas seguintes equações:

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83

1L

S L L L C

diL R i R i v v

dt (9.1)

C CL

o

dv vC i

dt R (9.2)

A representação matricial das equações (9.1) e (9.2) é

dada pela equação (9.3).

1

1

11 0

LS L

L

C Co

di R RLi vdt

dv vC R

dt

(9.3)

Multiplicando todos os termos da equação (9.3) por D

obtemos:

11

0

LS L

L

CC

o

diD R R DD L

i D vdtD

D vdvD C R

dt

(9.4)

9.3 EQUACIONAMENTO DA SEGUNDA ETAPA DE

OPERAÇÃO.

A segunda etapa operação, mostrada na Figura 9-3(b), é

representada pelas equações (9.5) e (9.6).

LL L C D

diL R i v v

dt (9.5)

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84

C CL

o

dv vC i

dt R (9.6)

As equações (9.5) e (9.6) representadas na forma

matricial são dadas pela equação (9.7)

1

11 0

LL

L D

C Co

di RLi vdt

dv vC R

dt

(9.7)

Multiplicando-se os termos da equação (9.7) por (1-D)

obtemos a equação (9.8).

(1 ) (1 )(1 )

(1 )(1 )

(1 )

(1 )

0

LL

L

C Co

D

di D R DD Lidt

DDdv v

D C Rdt

D v

(9.8)

Vamos então somar a equação (9.7) com a equação (9.8).

Como,

(1 )

(1 )

L LL

CC C

di didiD L LD L

dt dtdt

dvdv dvD CD C C

dtdt dt

(9.9)

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85

Obtêm-se,

1

(1 ) (1 )

(1 )(1 )

(1 )

0 0

LLS L

L

CCoo

D

di D R DD R R DLidt

DDDD vdv

C RRdt

D v D v

(9.10)

Manipulando-se a equação (9.10) obtêm-se (9.11).

1

1

11

(1 )

0

LS L

L

CCo

D

di D R RLidt

vdvC R

dt

D v D v

(9.11)

Pode-se ainda representar o modelo por duas equações de

primeira ordem, ou seja:

1 (1 )LS L L C D

diL D R R i v D v D v

dt (9.12)

( )C C

L

o

dv t vC i

dt R (9.13)

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86

As equações (9.12) e (9.13) representam o circuito

mostrado na Figura 9-4,

Figura 9-4. Circuito medio equivalente do conversor buck.

Onde,

1 (1 ) DV D v D v (9.14)

S LR D R R (9.15)

O circuito representado na Figura 9-4, obtido com o

emprego da técnica de modelo médio em espaço de estados, é

válido para grandezas médias quase instantâneas, e

consequentemente também para operação em regime

permanente.

9.4 ANALISE EM REGIME PERMANENTE.

Em regime permanente, 0Ldi

dt e 0Cdv

dt. Desse modo,

o circuito equivalente para operação em regime permanente

para valores médios encontra-se representado na Figura 9-5.

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87

Figura 9-5. Circuito equivalente para operação em regime permanente.

A corrente oI é definida pela expressão (9.16).

1 (1 ) Do

S L o

D v D vI

D R R R (9.16)

Desse modo,

o o oV R I (9.17)

e

1 (1 )o Do

S L o

R D v D vV

D R R R (9.18)

Interessa-nos obter o ganho estático G, definido pela

expressão (9.19).

1

oVG

V (9.19)

Manipulando-se algebricamente a equação (9.18), obtêm-

se a equação (9.20).

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88

1

(1 ) Do

S L o

vR D D

vG

D R R R (9.20)

Para o conversor ideal, 0.S L DR R v Portando, a partir

da equação (9.20) obtêm-se a equação (9.21).

G D (9.21)

A expressão (9.20) representa o ganho em função da

resistência de carga oR . Muitas vezes é preferível conhecer o

ganho estático em função da corrente de carga. Vamos então

obter tal expressão, como segue.

Sejam as seguintes definições:

oo

o

VR

I (9.22)

1

S oo

R II

V (9.23)

LL

S

RR

R (9.24)

1

DD

VV

V (9.25)

Substituindo-se (9.22), (9.23), (9.24) e (9.25) em (9.20),

obtêm-se a expressão (9.26).

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89

(1 ) (1 )D L oG D D v D R I (9.26)

A expressão (9.26) representa a característica

normalizada do conversor Buck não ideal em regime

permanente.

Para o conversor ideal 0DV e 0oI (pois 0SR ).

Portanto,

G D (9.27)

A equação (9.26) claramente indica que no conversor real

a tensão de saída varia com a corrente de carga, mesmo para

tensão de entrada constante. Por isso é necessário o emprego de

controle da tensão em malha fechada.

9.5 MODELO DE PLANTA PARA CONTROLE DA

CORRENTE.

Seja o sistema representado na Figura 9-6.

Figura 9-6. Controle da corrente do coversor buck.

O capacitor C e a resistência de carga Ro foram

substituídos por uma fonte de tensão ideal 𝑉0. Deseja-se

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90

controlar o valor da corrente IL. A variável de entrada é a razão

cíclica D.

Desejamos então obter a função de transferência.

( )( )

( )LI s

F SD s

(9.28)

Seja oV o valor da tensão da fonte utilizada como carga.

Portanto C oV V e 0CdV

dt. Com essas restrições, a partir

das equações (9.12) e (9.13) obtêm-se a equação (9.29).

1 (1 )LS L L C D

diL D R R i v D v D v

dt (9.29)

Como D é variável no tempo, estamos diante de uma

equação diferencial linear com coeficientes variáveis. Para que

se possa obter a função de transferência desejada, deve-se obter

uma equação diferencial linear com coeficientes constantes.

Vamos então introduzir uma pequena perturbação na

razão cíclica D, definida pela equação (9.30), e obter a

resposta na corrente.

oD D D (9.30)

Desse modo,

L Lo LI I i (9.31)

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91

Portanto:

1

1

(1 )

( )

Lo LS L o S L L

L o D

D

dI d iL L D R R I D R R i

dt dt

D R I D v D v

D v v

(9.32)

admitindo-se que 0Loi D .

Manipulando-se a equação (9.32) obtêm-se a expressão

(9.33).

1( )LS L L S o D

d iL D R R i D R I D v v

dt (9.33)

Aplicando-se a transformada de Laplace em todos os

termos, obtêm-se.

1

( ) ( ) ( )

( ) ( )

L S L L S o

D

s L i s D R R i s R I D s

v v D s (9.34)

Desse modo,

1( ) ( )S L L D S os L D R R i s v v R I D s (9.35)

Portanto:

1( )

( )D S oL

S L

v v R Ii s

D s s L D R R (9.36)

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92

Mas,

1 D S o oD v v D R I v (9.37)

Portanto:

1o

D S o

Vv v R I

D (9.38)

Substituindo (9.37) em (9.36) obtêm-se (9.39).

( )

( )oL

S L

Vi s

D s D s L D R R (9.39)

Ou ainda,

( )

( )oL

S L

Vi s

D s D R RL D s

L

(9.40)

Seja,

S L

L

D R R (9.41)

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93

Portanto,

( )

1( )oL Vi s

D sL D s

(9.42)

No caso de um conversor ideal a equação se torna

( )

( )oL Vi s

D s L D s (9.43)

Mas 1oV

VD

. Então,

1( )

( )Li s V

D s L s (9.44)

que é uma expressão comumente encontrada na literatura.

9.6 OBTENÇÃO DA FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA

O CONTROLE DA TENSÃO DE CARGA.

Foi demonstrado que os dois estágios topológicos para os

intervalos 0, sDT e , s sDT T são representados pelas

equações (9.45) e (9.46), respectivamente.

1 1X A X B U (9.45)

2 2X A X B U (9.46)

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94

Foi também obtida à expressão (9.47).

1 2 1 21 1X A D A D X B D B D U (9.47)

Vamos adotar as seguintes definições:

x X x (9.48)

d D d (9.49)

onde X representa o vetor de estados e D representa a razão

cíclica, para um ponto de operação. As variáveis x e drepresentam pequenas alterações alternadas do vetor de

estados e da razão cíclica em torno desse ponto de operação.

Portanto:

x X x (9.50)

Mas 0X . Portanto:

x x (9.51)

Vamos substituir as expressões (9.48), (9.49) e (9.50) na

expressão geral (9.47), resultando na expressão (9.52).

1 2

1 2

1

1

X x A D d A D d X x

B D d B D d U (9.52)

Vamos desenvolver cada membro separadamente. Assim.

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95

1 2

1 2 1 2

1 2 1 2

1

1

1

A D d A D d X x

A D A D X A A d X

A D A D x A A d x

(9.53)

Mas 1 2 0A A d x

Portanto,

1 2

1 2

1

1

X A D A D X

B D B D U (9.54)

Como 0X , pode-se escrever a expressão (9.55).

1 2

1 2

1

1 0

A D A D X

B D B D U (9.55)

Vamos desenvolver o segundo termo da equação (9.52),

definida pela expressão (9.56).

1 2 1P B D d B D d U (9.56)

Desse modo,

1 1 2 21P B D B d B D B d U (9.57)

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96

Portanto,

1 2

1 2

1P B D B D U

B d B d U (9.58)

Combinando-se as expressões (9.52), (9.55) e (9.58)

obtêm-se (9.59).

1 2

1 2 1 2

1x A D A D x

A A X d B B U d (9.59)

A expressão (9.59) representa um sistema de equações

diferenciais, lineares e invariantes no tempo de 1ª ordem e

descreve o comportamento do conversor para pequenas

componentes alternadas em torno do ponto de operação

definido por X e D .

Vamos em seguida utilizar essa expressão para a

obtenção da função de transferência que estamos procurando.

Foram obtidas, no inicio do capitulo, as expressões (9.60)

e (9.61).

1

1

1 10

S L

LL

CC

o

R Rv

ii L LL

vvC R C

(9.60)

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97

1(1 )

1 10

LD

LL

CC

o

RD v

ii L LL

vvC R C

(9.61)

Vamos admitir, para simplificar nossa analise, que

0D SV R .

Desse modo.

1 2

1

1 1

L

o

R

L LA A

C R C

(9.62)

2 0B (9.63)

1

1

0

v

B L (9.64)

Portanto, substituindo-se as equações (9.62), (9.63) e

(9.64) em (9.59) obtêm-se (9.65).

1 1x A x B U d (9.65)

Aplicando-se a transformada de Laplace em (9.65)

obtêm-se a expressão (9.66).

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98

1 1( ) ( ) ( )s x s A x s B U d s (9.66)

onde é a matriz identidade. Portanto:

1 1( ) ( )x s s A B U d s (9.67)

ou ainda,

1

1 1( ) ( )x s s A B U d s (9.68)

Mas,

1

1

1 1

L

o

Rs

L Ls A

sC R C

(9.69)

Portanto:

1

1

(1 )1

( )( )

o o

o o L

L C R s C Rs A

L R R C R L sM s (9.70)

Sendo,

2

1( )

o L o L o

M sR R L s C R R s L C R s

(9.71)

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99

e

( )

( )

0

v d s

B U d s L (9.72)

Com as expressões (9.70) e (9.72) obtêm-se (9.73).

(1 ) ( )( ) 1

( )( ) ( )

oL

C o

V C R s d si s

M sV s V R d s (9.73)

Portanto:

( )

( )( )

oC

V R d sV s

M s (9.74)

Desse modo,

( )

( ) ( )C oV s R

Vd s M s

(9.75)

2

1

( ) 1 1

o

o LL

o o

R

M s R RRL C s s

C R L L C R

(9.76)

Seja o LR R .

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100

Portanto:

2

( )

( ) 1 1

C

L

o

V s V

d s RL C s s

C R L L C

(9.77)

Sejam as seguintes definições:

1o

L C (9.78)

1

2

L

o

o

R

C R L (9.79)

Assim:

2

2 2

( )

( ) 2C o

o o

V s V

d s s s (9.80)

A função de transferência (9.80) relaciona a resposta na

tensão de carga, causada por uma pequena perturbação

alternada da razão cíclica em torno de um ponto de operação.

Como o conversor Buck com interruptores ideais, do

ponto de vista dos valores médios quase instantâneos,

comporta-se linearmente, as condições iniciais não aparecem

na equação final obtida.

O mesmo resultado seria obtido através da análise do

circuito equivalente deduzido anteriormente e reproduzido na

Figura 9-7.

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101

Figura 9-7. Circuito equivalente do conversor Buck.

Se 0D SV R , obtêm-se o circuito equivalente mostrado

na Figura 9-8.

Devido à própria natureza do conversor Buck, nenhum

dos parâmetros do circuito equivalente simplificado depende da

razão cíclica, o que não acontece com muitos outros

conversores.

Figura 9-8. Circuito equivalente do conversor Buck para 0D SV R .

Com o emprego da equação (9.80), pode-se definir a

estrutura e os parâmetros do controlador da tensão de saída ou

da carga.

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102

9.7 EXERCÍCIO PROPOSTO.

O leitor é convidado a obter a função de transferência

( )

( )oV s

d s, para o conversor Buck representado na Figura 9-9, onde

é adicionada a resistência serie equivalente do capacitor de

filtragem, além das demais não idealidades já mencionadas.

Figura 9-9. Conversor Buck não ideal com a inclusão da resistência do

capacitor.

O leitor deverá concluir que a resistência RC do capacitor

introduzirá um zero na função de transferência F(s).

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103

CAPÍTULO 10

MODELAGEM DO CONVERSOR BOOST

10.1 INTRODUÇÃO.

Neste capítulo, iremos empregar a técnica do modelo

médio em espaço de estados, para obter os circuitos

equivalentes, ganho estático e funções de transferência do

conversor Boost, representado na Figura 10-1.

Figura 10-1. Conversor Boost.

Na Figura 10-1, RL representa a resistência do indutor L,

Rs representa a resistência do interruptor S e VD representa a

queda de tensão no diodo D.

Vamos analisar o conversor operando em condução

contínua (MCC). Durante um ciclo de operação o conversor

assume dois estados topológicos, representados na Figura 10-2

para os intervalos de tempo (0, DTS) e (DTS, TS),

respectivamente.

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104

Figura 10-2. Estados topológicos do conversor Boost.

Durante o primeiro intervalo de tempo, representado na

Figura 10-2(a), o comportamento do circuito é descrito pelas

equações (10.1) e (10.2).

1L

L s L

diL R R i V

dt (10.1)

C C

o

dv VC

dt R (10.2)

As mesmas equações, na forma matricial, são

representadas pela expressão (10.3).

1

10

100

L s

LL

CC

o

R R

ii LVL

VV

C R

(10.3)

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105

O estágio topológico mostrado na Figura 10-2(b) é

descrito pelas equações (10.4) e (10.5).

1L

L L D C

diL R i V V V

dt (10.4)

C CL

o

dv VC i

dt R (10.5)

Portanto:

1 CL DL L

vR V Vi i

L L L (10.6)

CLC

o

viv

C C R (10.7)

com a representação matricial dada pela expressão (10.8).

1

11

1 10

L

LLD

CC

o

R

ii L LV VL

vvC C R

(10.8)

Sejam as seguintes definições:

L

C

ix

v (10.9)

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106

L

C

ix

v (10.10)

1

0

10

L s

o

R R

LA

C R

(10.11)

2

1

1 1

L

o

R

L LA

C C R

(10.12)

1

10

0 0

B L (10.13)

2

1 1

0 0

B L L (10.14)

1

D

VU

V (10.15)

Podemos então escrever para os dois estágios

topológicos:

1 1x A x B U (10.16)

2 2x A x B U (10.17)

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107

Multiplicando a equação (10.16) por D e (10.17) por

(1 -D), obtemos as equações (10.18) e (10.19),

respectivamente.

1 1D x A D x B D U (10.18)

2 21 1 1D x A D x B D U (10.19)

Adicionando-se as duas equações, obtêm-se:

1 2

1 2

1

1

x A D A D x

B D B D U (10.20)

Seja,

1 2 1A A D A D (10.21)

1 2 1B B D B D (10.22)

Portanto:

x A x B U (10.23)

A equação na forma matricial (10.23), formada por duas

equações diferenciais lineares de primeira ordem, descreve o

comportamento do conversor, para grandezas médias quase

instantâneas.

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108

10.2 CIRCUITO EQUIVALENTE PARA OPERAÇÃO EM

REGIME PERMANENTE.

Em regime permanente, 0x . Portanto,

0 A x B U (10.24)

Vamos inicialmente obter a matriz A.

1 2 1A A D A D (10.25)

Portanto,

1 10

1 10

LL s

o o

R D DD R R

L LLA

D DD

CR C CR

(10.26)

Assim,

1

1 1

s L

o

DD R R

L L LA

D

C C R

(10.27)

Em seguida vamos obter a matriz B.

1 2 1B B D B D (10.28)

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109

110

0 0 0 0

DD DB L L L (10.29)

Desse modo,

11

0 0

D

B L L (10.30)

Substituindo as expressões (10.27) e (10.30) em (10.24),

obtemos (10.31).

1

1

0

1 10

11

0 0

s L

L

C

o

D

D R R D

iL LD v

C C R

DV

L LV

(10.31)

Manipulando-se adequadamente a expressão (10.32),

obtêm-se as expressões (10.32) e (10.33).

11 1

0 s LL C D

D DD R R Vi v V

L L L L (10.32)

10 C

L

o

vDi

C C R (10.33)

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110

Ou ainda:

1 1 1D s L L CV D V D R R i D v (10.34)

0 1C o Lv R D i (10.35)

As equações (10.34) e (10.35) representam o circuito

equivalente mostrado na Figura 10-3.

Figura 10-3. Circuito equivalente do conversor Boost.

Com as expressões (10.34) e (10.35) obtêm-se a

expressão (10.36), que representa o conversor boost operando

em regime permanente.

2

1 01 1D s L L LV D V D R R i R D i (10.36)

A equação (10.36) representa o circuito equivalente

mostrado na Figura 10-4.

Pode-se também obter um circuito equivalente referido

para o lado da carga. Vamos dividir a equação (10.36) por

(1- D), resultando na equação (10.37).

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111

Figura 10-4. Circuito equivalente do conversor Boost.

10 1

1 1s L

D L L

D R RVV i R D i

D D (10.37)

ou ainda,

102

1 11 1

s LD L L

DR RVV D i R D i

D D (10.38)

A equação (10.38) representa o circuito equivalente

mostrado na Figura 10-5.

Figura 10-5. Circuito equivalente do conversor Boost visto pelo lado da carga.

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112

Se considerarmos o conversor ideal,

0D S LV R R

Desse modo,

1

(1 )o

VV

D (10.39)

ou ainda,

1

1

(1 )oV

V D (10.40)

que é a expressão clássica do ganho estático do conversor boost

ideal.

Vamos em seguida obter a expressão do ganho do

conversor a partir da análise do circuito equivalente em regime

permanente mostrado na Figura 10-5.

Por inspeção, pode-se obter:

1

2

(1 )

(1 )

oo D

S Lo

RVV V

D R RDR

D

(10.41)

Ou ainda,

2

21 1

(1 )1

(1 ) (1 )o oD

S L o

V R DV

V D V D R R R D (10.42)

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113

Na Figura 10-6 são representadas curvas do ganho do

conversor boost em função da razão cíclica, tomando oR como

parâmetro.

Foram adotados os seguintes parâmetros a título de

exemplo:

1

1 ; 1 ;

0,5 ; 100 .D L

S

V V R

R V V

Foram traçadas duas curvas, para 100oR e 𝑅0 =

50Ω, respectivamente. Verifica-se que a curva do ganho, na

presença das não idealidades dos componentes do conversor,

afasta-se muito da curva ideal, para 0,5D .

Figura 10-6. Ganho estático do conversor Boost em função da razão ciclica.

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114

10.3 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR PARA

O CONTROLE DA CORRENTE

O modelo completo, na forma de equações de estados,

obtido anteriormente é:

x A x B u (10.43)

Fazendo as devidas substituições, com o emprego dos

resultados anteriormente obtidos, encontramos a expressão

(10.44).

1

(1 )

1 1

(1 )

0

S L

LL

CC

o

D

D R R Dii L L

D vv

C C R

V D V

L

(10.44)

Normalmente a dinâmica da corrente no indutor é muito

mais rápida que a dinâmica da tensão no capacitor. Por isso,

para a obtenção da função de transferência para o controle da

corrente vamos admitir que C oV V , portanto com valor

constante.

Consequentemente, dv

0C

dt.

Desse modo, a expressão (10.44), adquire a forma da

equação (10.45).

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115

1(1 ) (1 )LS L L o D

diL DR R i D V V D V

dt (10.45)

A equação (10.45) representa o circuito equivalente

mostrado na Figura 10-7.

Figura 10-7. Circuito equivalente do conversor Boost para tensão constante na

carga.

Vamos introduzir componentes alternadas de pequenas

amplitudes d e Li em torno do ponto de operação definido por

Do e IL. Desse modo:

L L Li I i (10.46)

oD D d (10.47)

Substituindo as equações (10.46) e (10.47) em (10.45)

obtemos as expressão (10.48).

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116

(1 )

(1 )

L Lo S L L S L

o S L L S L C

C D D

di dIL L D R R I d R I

dt dt

D R R i d R i D V

d V D V d V

(10.48)

Mas,

0S Ld R i (10.49)

0LdIL

dt (10.50)

e

1(1 ) (1 ) 0o S L L o CD R R I D V D V V (10.51)

Portanto:

Lo S L L o D S L

diL D R R i V V d d R I

dt (10.52)

Aplicando a transformada de Laplace obtemos:

( ) ( )o S L L o D S LsL D R R i s V V R I d s (10.53)

Desse modo:

( )

( )o D S LL

o S L

V V R Ii s

d s s L D R R (10.54)

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117

Para o caso particular de um conversor ideal,

0D S LV R R . Portanto,

( )

( )oL Vi s

d s s L (10.55)

que é uma expressão muito conhecida e normalmente

empregada na definição da estrutura e dos parâmetros dos

controladores de corrente do conversor Boost.

10.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DO CONVERSOR PARA

O CONTROLE DE TENSÃO.

Seja a Figura 10-8, na qual se encontra incluída uma

malha de controle da tensão da carga do conversor Boost.

Figura 10-8. Conversor Boost com controle de tensão.

Nosso objetivo é controlar a tensão de saída ov do

conversor. Necessitamos, para definir a estrutura e os

parâmetros do controlador, uma função de transferência que

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118

relacione a razão cíclica, que é variável de entrada, com a

tensão de carga.

Essa função ( )F s é definida pela expressão (10.56).

( )

( )( )

ov sF s

d s (10.56)

( )d s perturbação da razão cíclica, em torno de um

ponto de operação.

ov resposta da tensão de carga, na forma de pequena

componente alternada em torno de um ponto de operação.

Foi obtida anteriormente a equação (10.57).

1 2

1 2 1 2

1x A D A D x

A A X B B U d (10.57)

Seja

1 2 1A A D A D (10.58)

Portanto:

1 2 1 2x A x A A X B B U d (10.59)

Aplicando-se a transformada de Laplace obtêm-se a

expressão (10.60).

1 2 1 2( ) ( ) ( )sIx s Ax s A A X B B U d s (10.60)

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119

Portanto,

1

1 2 1 2( ) ( )x s sI A A A X B B U d s (10.61)

Desse modo,

1

1 2 1 2

( )

( )

x ss I A A A X B B U

d s (10.62)

onde

( )

( ) ( )

( )( )

( )

L

c

i s

x s d s

v sd s

d s

(10.63)

Definindo:

1

( )( )

( )Li s

F sd s

(10.64)

2

( )( )

( )cv s

F sd s

(10.65)

Obtêm-se

1

2

( )( )

( )( )

F sx s

F sd s (10.66)

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120

A matriz A , já obtida anteriormente, é representada a

seguir, pela expressão (10.67).

1

1 1

s L

o

D R R D

L LA

D

C C R

(10.67)

Portanto:

1

1 1

s L

o

DD R Rs

L Ls I A

Ds

C C R

(10.68)

1 2

1

10

sR

L LA A

C

(10.69)

1

1

10

0 0 D

VB U L

V (10.70)

1

2

1 1

0 0 D

VB U L L

V (10.71)

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121

Portanto,

1 2

0

DV

B B U L (10.72)

A matriz X representa os estados iniciais, e é definida

pela expressão (10.73).

Lo

Co

IX

V (10.73)

Portando:

1 2

1

10

s

Lo

Co

RIL LA A XV

C

(10.74)

Ou,

1 2

s Lo Co

Lo

R I V

L LA A XI

C

(10.75)

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122

Desse modo:

1 2 1 2

s Lo Co D

Lo

R I V V

L L LA A X B B UI

C

(10.76)

Substituindo as expressões (10.76) e (10.68) na expressão

(10.62) , obtemos (10.77).

1

1

2

1

( )

1( ) 1

s L s Lo Co D

Lo

o

DDR R R I V Vs

F s L L L L LD IF s

sCC CR

(10.77)

Nosso objetivo é encontrar a função 2( )F s . É necessário

para isso inverter a primeira matriz e a multiplicarmos pela

segunda.

Para tornar menos penosa tal manipulação algébrica,

vamos admitir que 0D SV R , ou seja, estamos considerando

os interruptores ideais e concentrando todas as perdas na

resistência LR do indutor.

Desse modo,

1

2

( ) 1

( ) 1( )

o Lo o o o o o o

Co L o

F s V I R DI R CR V s R

F s D V R sL IM s (10.78)

Onde:

2 2( ) (1 ) ( )L o o L oM s R D R L CR R s R CLs (10.79)

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123

Portanto:

2 2

2

1( )

(1 ) ( )Co L o

L o o L

o o

D V R sL IF s

R D R L CR Rs CLs

R R

(10.80)

que é a expressão que estávamos procurando.

Em muitas aplicações pode-se ignorar o efeito da

resistência do indutor e assumir que 0LR . Sob essa hipótese,

a partir da expressão (10.80) encontramos a expressão (10.81).

2 2

1( )

( ) (1 )

o Co Lo

o

D V s L Iv s

Ld s C L s s DR

(10.81)

Os valores iniciais CoV , D e LoI não são independentes

entre si, ou seja,

(1 )

CoLo

o

VI

D R (10.82)

Substituindo a expressão (10.82) em (10.81) obtemos

(10.83).

2 2

1(1 )( )

( ) (1 )

CoCo

o o

o

s L VD V

D Rv s

Ld s C L s s DR

(10.83)

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124

Portanto,

2

2 2

(1 )1

(1 )( )

( ) (1 )

CoCo

o o

o

s L V DD V

D Rv s

Ld s C L s s DR

(10.84)

Dividindo todos os termos da equação (10.84) por

2(1 )D obtemos (10.85).

2

2

2 2

11 (1 )( )

( ) 1(1 ) (1 )

Co

o o

o

V s L

D R Dv s

C L Ld s s sD R D

(10.85)

Mas,

121 1

CoV V

D D (10.86)

Portanto:

2

12

2

2 2

1(1 )( )

( ) 11

(1 ) (1 )

o o

o

sL

R DVv s

d s CL LDs s

D R D

(10.87)

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125

Seja

2(1 )

eq

LL

D (10.88)

2 1o

eqC L (10.89)

o eq

R

L (10.90)

Portanto:

2

12 2

2

1(1 )( )

( ) 11

o o

o o

s L

R DVv s

d s s sD (10.91)

Uma importante característica do conversor Boost

aparece na equação (10.91), ou seja, a existência de um zero no

semiplano direito, característica de sistemas de fase não

mínima. De acordo com a expressão (10.91), a pulsação de

ocorrência do zero mencionado é representada pela expressão

(10.92).

2(1 )o

z

R DW

L (10.92)

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126

Portanto,

2(1 )

2o

z

R Df

L (10.93)

Ou ainda,

2

oz

eq

Rf

L (10.94)

onde zf representa a frequência de ocorrência do zero.

Recomenda-se que o leitor, tendo a compreensão

adequada do funcionamento do conversor, interprete

fisicamente a origem desse zero no semiplano direito.

Para situações em que 0LR , a função de transferência

em questão, tem a forma da expressão (10.95).

2

2

1( )

( )1

o Z

o o

s

v sG

d s s s (10.95)

Onde,

12

1

VG

D (10.96)

2(1 ) o L

z

D R R

L (10.97)

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127

2

11

1

Lo

o

D R

L C D R (10.98)

2(1 )

( )o L

o o L

D R R

C R R L (10.99)

Desse modo a equação (10.91) torna-se um caso

particular da equação (10.95) quando 0LR .

Recomenda-se que o leitor deduza a expressão (10.95) a

titulo de exercício.

10.5 COMENTÁRIOS ADICIONAIS SOBRE A EXISTÊNCIA

DE UM ZERO NO SEMIPLANO DIREITO.

Os resultados obtidos indicam a existência de um zero no

semiplano direito cuja frequência é dada pela expressão

(10.100).

2

oz

eq

Rf

L (10.100)

Esta expressão mostra que para uma resistência de carga

dada, a frequência zf diminui com o aumento da indutância

equivalente eqL .

Então, o impacto desse zero, tanto na dinâmica, quanto

na estabilidade, é maior para valores elevados de L .

Sejam os seguintes parâmetros a título de exemplo.

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128

1

2

100

0,5

50

20

200

8001

102

o

S

eq

oz

eq

V V

D

R

f kHz

L mH

LL mH

D

Rf Hz

L

Seja 0,05d (degrau na razão cíclica).

O resultado de uma simulação é mostrado na Figura 10-9.

No instante 0,3t s , o degrau de razão cíclica é aplicado.

Verifica-se que a corrente no indutor L começa a crescer

imediatamente.

A tensão de saída, porém, primeiramente decresce, antes

de iniciar seu crescimento. Esse crescimento, que neste caso

particular significativo, é causado pelo zero no semiplano

direito, que neste exemplo ocorre na frequência de 10Hz .

10.6 EXERCÍCIO PROPOSTO.

O leitor é convidado a modelar, empregando a técnica de

espaço de estados, o conversor boost representado na Figura

10-10, no qual é introduzida a resistência CR , série equivalente

do capacitor. Poderá ser constatado através da analise, que CR

introduz um zero na função de transferência ( )

( )

v s

d s, porem no

semiplano esquerdo. Esse zero, porém, normalmente ocorre

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129

com frequência alta e tem pouco efeito na estabilidade e na

dinâmica do conversor, podendo quase sempre ser ignorado.

Figura 10-9. Resposta transitória de uma perturbação na razão cíclica.

Figura 10-10 Conversor Boost com a inclusão da resistência do capacitor.

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130

CAPÍTULO 11

MODELAGEM DO CONVERSOR

BUCK – BOOST

11.1 INTRODUÇÃO.

Neste capitulo, iremos empregar a técnica do modelo

médio em espaço de estados, para modelar o conversor CC-CC

não isolado, abaixador-elevador, conhecido como conversor

buck-boost

Seu circuito ideal, portanto sem nenhuma perda,

encontra-se representado na Figura 11-1.

Figura 11-1. Conversor buck-boost ideal.

O mesmo circuito com a inclusão de algumas não

idealidades encontra-se representado na Figura 11-2.

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131

Figura 11-2. Conversor buck-boost com não idealidades.

Os dois estados topológicos para os intervalos de tempo

(0, )SDT e ( , )S SDT T , para a operação em condução continua,

encontram-se representados na Figura 11-3.

Figura 11-3. Estágios topológicos do conversor Buck-boost operando em

condução continua.

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132

11.2 OBTENÇÃO DAS EQUAÇÕES GENÉRICAS.

Durante o intervalo de tempo (0, )SDT

o conversor é

descrito pelas expressões (11.1) e (11.2).

1( )Ls L L

diL R R i V

dt (11.1)

C C

o

dv VC

dt R (11.2)

Durante o intervalo de tempo ( , )S SDT T , o comportamento

do circuito é representado pelas expressões (11.3) e (11.4).

Ls L C D

diL R i V V

dt (11.3)

C CL

o

dv VC i

dt R (11.4)

Vamos reescrever os dois sistemas de equações

diferenciais lineares de primeira ordem representando-os na

forma matricial, de acordo com as expressões (11.5) e (11.6).

1

( )0

1 00

s L

LL

CC

o

R R

i Vi L

VvC R

(11.5)

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133

1

1 1 0

L

L DL

CC

o

R

i Vi L L

VvC C R

(11.6)

Podemos representar estas equações diferenciais da

forma compacta, de acordo com as equações (11.7) e (11.8).

1 1x A x B u (11.7)

2 2x A x B u (11.8)

onde

1

( )0

10

s L

o

R R

LA

C R

(11.9)

2

1

1 1

L

o

R

L LA

C C R

(11.10)

1

1

1 0

0 0 D

VB u

V (11.11)

1

2

0 1

0 0 D

VB u

V (11.12)

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134

L

C

ix

v (11.13)

L

C

ix

v (11.14)

Seja a expressão (11.15), geral, já definida em capítulos

anteriores.

1 2 1 21 1x A D A D x B D B D u (11.15)

ou ainda

x A x B u (11.16)

onde

1 2 1A A D A D (11.17)

1 2 1B B D B D (11.18)

Com o emprego da equação (11.17) obtemos a equação

(11.19).

( ) (1 )

(1 ) 1

s L

o

D R R D

L LA

D

C C R

(11.19)

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135

Com o emprego da equação (11.18) obtemos a equação

(11.20).

(1 )

0 0

D DB (11.20)

Portanto,

1

( ) (1 )

(1 ) 1

(1 )

0 0

s L

LL

CC

o

D

D R R D

ii L LD Vv

C C R

D D V

V

(11.21)

11.3 ANALISE EM REGIME PERMANENTE.

Em regime permanente, 0L ci v . Portanto, a partir da

expressão (11.21) obtêm-se:

1

0 ( ) 1

1

s L L C

D

D R R i V D

V D V D (11.22)

0 1 CL

o

VD i

R (11.23)

Rearranjando-se as equações (11.22) e (11.23) obtêm-se:

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136

1 1 ( ) 1D s L L CV D V D D R R i V D (11.24)

1C o LV R D i (11.25)

As equações (11.24) e (11.25) representam o circuito

equivalente mostrado na Figura 11-4.

Figura 11-4. Circuito equivalente para o conversor buck-boost em regime

permanente.

Manipulando-se adequadamente as expressões (11.24) e

(11.25) obtêm-se a equação (11.26).

2

1 1 ( ) 1D s L L o LV D V D DR R i R D i (11.26)

Portanto:

2

1 1 1D s L o LV D V D D R R R D i (11.27)

A equação (11.27) representa o circuito equivalente

mostrado na Figura 11-5.

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137

Figura 11-5. Circuito equivalente do conversor Buck-boost em regime

permanente.

A partir da Figura 11-5 obtêm-se:

1

2

1

1

DL

s L o

D V D VI

D R R R D (11.28)

1o LI D I (11.29)

1

2

1 1

1

D

o

s L o

D D V D VI

D R R R D (11.30)

Como

o o oV R I (11.31)

obtêm-se

1

2

1 1

1

o D

o

s L o

R D D V D VV

D R R R D (11.32)

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138

Portanto:

2

1

1 1

1

o Do

s L o

R D D D VV

V D R R R D (11.33)

onde

1

DD

VV

V (11.34)

Para o conversor ideal 0S L DR R V . Portanto:

1 1

oV D

V D (11.35)

que é a expressão mais difundida para o cálculo do ganho do

conversor, válida para o conversor ideal ou sem perdas.

O circuito mostrado na Figura 11-5 é referido para o lado

da fonte de entrada. É possível, e muitas vezes conveniente,

referi-lo circuito para o lado da carga.

Vamos retomar a expressão (11.27), reescrita a seguir.

2

1 1 1D s L o LV D V D D R R R D I (11.36)

Com o rearranjo adequado obtemos:

12 2

11 1 1

s LD o L

DRV D RV R I D

D D D (11.37)

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139

A equação (11.37) representa o circuito mostrado na

Figura 11-6.

Figura 11-6. Circuito equivalente do conversor buck-boost em regime permante.

O circuito equivalente obtido evidencia que se

0D S LV R R ,

1 1

oV D

V D (11.38)

Em um conversor ideal, o ganho depende apenas da razão

cíclica. Em um conversor real, ele depende da razão cíclica e

da resistência de carga.

A título de exemplo, na Figura 11-7, são representadas

curvas de ganho em função de D, para diferentes valores de

resistência de carga. Foram empregados os seguintes

paramentos:

11 ; 100

0,5 ; 1D

S L

V V V V

R R

Para o traçado das curvas foi empregada a equação

(11.33).

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140

Figura 11-7. Ganho estático do conversor buck-boost em função de D.

11.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE

DA CORRENTE.

Vamos admitir que a dinâmica da corrente no indutor L

seja muito mais rápida que a dinâmica da tensão de saída, ou

do capacitor de filtragem associado em paralelo com a

resistência de carga.

Podemos então admitir que a tensão VC seja constante,

para a obtenção da função de transferência que relaciona a

corrente no indutor com a razão cíclica.

Portanto, 0CdV

dt. Seja C oV V . Então, a partir da

equação (11.21) obtemos:

1

( ) 1

1

Ls L L o

D

diL DR R i D V

dt

V D V D

(11.39)

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141

Portanto:

1( ) 1 1Ls L L o D

diL DR R i D V V D V D

dt (11.40)

Seja,

d D d (11.41)

L L Li I i (11.42)

Substituindo as expressões (11.41) e (11.42) em (11.40)

obtemos:

11 1

L Ls L L L

o D

dI diL L D d R R I i

dt dt

D d V D d V D d V

(11.43)

Assim,

1 1

1

1

L Ls L L s L L

s L s L o o

D D

dI diL L D R R I D R R i

dt dt

d R I d R i D V d V

D V d V D V d V

(11.44)

Seja 0s Ld R i . Portanto:

1L

s L L s L o D

diL DR R i dR I dV V V d

dt (11.45)

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142

Aplicando a transformada de Laplace obtemos:

1( ) ( ) ( )L s L L o D s LsLi s DR R i s V V V R I d s (11.46)

Então,

1( ) ( )s L L o D s LsL DR R i s V V V R I d s (11.47)

Ou ainda,

1( )

( )o D s LL

s L

V V V R Ii s

d s s L D R R (11.48)

Para o conversor ideal, onde 0S L DR R V , a partir da

equação (11.48) obtêm-se:

S L Li D i d I (11.49)

Portanto:

SL L

i di I

D D (11.50)

1 SL Ldidi I dd

dt D dt D dt (11.51)

A partir da equação (11.45), para 0S L DR R V

obtemos a expressão (11.52).

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143

1L Ddi V Vd

dt L (11.52)

Desse modo,

11 S L Ddi I V Vddd

D dt D dt L (11.53)

1( )

( )S oi s V V

d s s L (11.54)

Em muitas aplicações, como em retificadores com

correção ativa do fator de potência, deseja-se controlar a

corrente de entrada, como mostra Figura 11-8.

Figura 11-8. Controle da corrente de entrada do conversor buck-boost.

Sabemos que

S Li D i (11.55)

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144

Portanto,

S S L LI i D d I i (11.56)

1S odi V V ddD d

dt L dt (11.57)

Aplicando-se a transformada de Laplace, obtêm-se:

1. ( ) ( ) ( )oS L

V Vs i s D d s s I d s

L (11.58)

Assim:

1( )

( )o LS

D V V s L Ii s

d s s L (11.59)

Mas

1 o oD V V V (11.60)

Desse modo,

( )

( )S o Li s V s L I

d s s L (11.61)

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145

Observa-se nesta função de transferência a existência de

um zero no semiplano esquerdo, cuja frequência de ocorrência

depende do valor da corrente LI no indutor.

Recomenda-se ao leitor a obtenção da função de

transferência ( )

( )Si s

d s com a inclusão dos parâmetros RS, RL e VD, a

título de exercício.

11.5 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE

DA TENSÃO DE SAÍDA.

Nosso objetivo é obter a função de transferência

( )

( )( )

ov sF s

d s (11.62)

Onde:

( )d s Pequena perturbação da razão cíclica, em torno

de um ponto de operação, e

ov Resposta na tensão de carga.

Seja a equação (11.63) obtida anteriormente.

1 2 1 2

x A x

A A X B B U d (11.63)

onde

1 2 1A A D A D (11.64)

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146

Aplicando-se a transformada de Laplace na expressão

(11.63) obtemos

1

1 2 1 2( ) ( )x s sI A A A X B B U d s (11.65)

sendo

1

1 1

s L

o

D R R D

L LA

D

C C R

(11.66)

Portanto,

1

1 1

s L

o

DD R Rs

L Ls I A

Ds

C C R

(11.67)

1 2

1

10

s

Lo

Co

RIL LA A XV

C

(11.68)

1

1 2

1 1

0 0 D

VB B U L L

V (11.69)

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147

Portanto,

1

1 2 1 2

s CoLo D

Lo

R VI V V

L LA A X B B UI

C

(11.70)

Para reduzir o tamanho das equações, vamos admitir que

0D SV R e 0LR .

Invertendo-se a matriz s I A e fazendo-se a

substituição na equação (11.64) obtêm-se (11.71).

1

2 2

(1 )( )

( )( ) (1 )

o o L o

o L L

o o

V V D R s L Iv s

L C R R Rd s C L s s DR R

(11.71)

Para o caso particular em que 0LR , obtêm-se.

1

2 2

(1 )( )

( ) (1 )

o o o

o

V V D s L Iv s

Ld s C L s s DR

(11.72)

Dividindo-se o numerador e o denominador por 2(1 )D

encontra - se:

1

2

2

2 2

( ) (1 ) (1 )

( )1

(1 ) (1 )

o o

o

o

V V s L I

v s D D

C L s L sd s

D R D

(11.73)

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148

Seja N(s) o numerador da equação (11.73). Portanto:

1

2( )

(1 ) (1 )o o

V V s L IN s

D D (11.74)

Mas,

1 11 1

1 1o

DV V

V V DD D

(11.75)

1 121 1

oV V V

D D (11.76)

Como

12

1

(1 )( ) 1

1 (1 )o o

o

V V s L I DN s

D V V D (11.77)

Obtemos:

12

1

( ) 1(1 )1

o

o

s L IVN s

V V DD (11.78)

Sabemos que

oo

o

VI

R (11.79)

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149

Portanto,

1 1(1 ) (1 )o o

o o o

s L I Vs L

V V D R V V D (11.80)

Mas,

1

1o

DV V

D (11.81)

Desse modo,

21 (1 ) (1 )

o

o o

s L I s L D

V V D R D (11.82)

Portanto:

12 2

( ) 1(1 )1 o

V s L DN s

R DD (11.83)

Substituindo (11.83) em (11.73), obtemos (11.84).

2

12

2

2

1(1 )( )

( ) 11

(1 ) (1 )

o o

o

s L D

R DVv s

d s C L L sDs

D R D

(11.84)

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150

Seja

2

2 1o

D

C L (11.85)

1o

o

R DQ

L (11.86)

21o

Z

R D

L D (11.87)

Pode-se então escrever:

12 2

2

1( )

( ) 11

o z

o o

s

Vv s

d s s sD

Q

(11.88)

A exemplo do que já encontramos no conversor boost,

também neste caso temos um zero no semiplano direito, cuja

frequência de ocorrência é dada pela expressão (11.89).

2z

zf (11.89)

Assim:

2(1 )

2o

z

R Df

L D (11.90)

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151

Seja

12

1o

VG

D (11.91)

Portanto

2

2

1( )

( )1

o Zo

o o

s

v sG

d s s s (11.92)

que é a função de transferência que necessitamos para o

controle da tensão na saída ou na carga do conversor boost.

O leitor é convidado a demonstrar que para 0LR :

2(1 ) 2 1o Lz

D R D R

D L (11.93)

2

2

2

1 L

oo

RD

R

L C (11.94)

2(1 )

( )o L

o o L

D R R

C R R L (11.95)

21

22

(1 ) 2 1

(1 )

o L o

o

o L

V D R D R RG

D R R (11.96)

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152

CAPÍTULO 12

CIRCUITO EQUIVALENTE DO

CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL

EM REGIME PERMANENTE

12.1 INTRODUÇÃO.

Neste capítulo, empregando o modelo médio em espaço

de estados, vamos encontrar o circuito equivalente para o

conversor CC-CC bidirecional operando em regime

permanente. O conversor ideal é mostrado na Figura 12-1(a).

Figura 12-1. Conversor CC-CC bidirecional ideal.

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153

Os sinais de comando dos interruptores encontram-se

representados na Figura 12-1(b).

O mesmo circuito, com a inclusão das resistências

responsáveis pelas perdas de condução, encontra-se

representado na Figura 12-2.

Figura 12-2. Conversor CC-CC bidirecional com a inclusão das resistências

responsáveis pelas perdas de condução.

1 1

2

R Resistência interna da fonte V

Resistência do indutor L mais resistência interna da fonte V

Resistência dos emicondutores

L

S

R

R s

Vamos considerar o conversor operando em regime

permanente. Para 0Li , a potência é transferida da fonte 1V

para a fonte 2V e vice-versa.

O valor da tensão 2V é sempre menor, ou no limite teórico

igual, a 1V .

Para valores constantes de 1V e 2V , é a razão cíclica D

quem define o valor e o sentido da corrente Li , portanto

também da potência P.

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154

12.2 OBTENÇÃO DO CIRCUITO EQUIVALENTE.

Nosso objetivo é encontrar um circuito equivalente do

conversor, para operação em regime permanente, que nos

permita obter o valor médio da corrente Li em função da razão

cíclica D.

Os dois estados topológicos, para os intervalos de tempo

(0, )DT e ( , )DT T encontram-se representados na Figura 12-3

(a) e (b), respectivamente.

Figura 12-3. Estágios topológicos para o conversor CC-CC bidirecional.

Esses estágios topológicos são representados pelas

equações (12.1) e (12.2) respectivamente.

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155

LS L L

diL R R R i V V

dt 1 1 2( ) (12.1)

LS L L

diL R R i V V

dt 1 2( ) (12.2)

Multiplicando-se a equação (12.1) por D e a equação

(12.2) por (1-D), obtêm-se as equações (12.3) e (12.4)

respectivamente.

LS L L

diD L D R R R i D V D V

dt 1 1 2( ) (12.3)

LS L L

diD L D R R i

dt

D V D V

1 2

1 1 ( )

1 1

(12.4)

Como o circuito opera em regime permanente,

LdiL

dt 0 (12.5)

Portanto:

S L LD R R R i DV DV 1 1 20 ( ) (12.6)

S L LD R R i D V D V 1 20 1 ( ) 1 1 (12.7)

Somando-se a equação (12.5) com a equação (12.6),

obtêm-se a equação (12.8).

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156

S L LD R R R i D V DV 1 1 20 ( ) . (12.8)

A equação (12.8) representa o circuito equivalente

representado na Figura 12-4.

Figura 12-4. Circuito equivalente para o conversor CC-CC bidirecional em

regime permanente.

Portanto:

L

S L

D V VI

D R R R

1 2

1

(12.9)

O símbolo LI representa o valor médio da corrente na

fonte 2V .

Para 0LI , obtemos:

o

VD

V 2

1

(12.10)

Portanto, para oD D , 0LI e 𝑃 > 0.

Para oD D ,

0LI e 𝑃 < 0.

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157

A curva típica que representa a corrente média LI em

função de D é mostrada na Figura 12-5, para tensões 𝑉1 e 𝑉2

constantes. Multiplicando-se a corrente LI pela tensão 𝑉2, pode-

se, com a mesma curva escalonada, representar a potência

transferida da fonte 𝑉1 para a fonte 𝑉2 ou vice-versa.

Figura 12-5. Valor médio da corrente na fonte V2 em função da razão cíclica D,

para o conversor CC-CC bidirecional.

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158

CAPÍTULO 13

MODELAGEM DO CONVERSOR

BIDIRECIONAL ZETA-SEPIC

13.1 INTRODUÇÃO.

Seja o conversor representado na Figura 13-1.

Figura 13-1. Conversor bidirecional Zeta-Sepic.

Trata-se do conversor Zeta-Sepic bidirecional,

interligando duas fontes de tensão 1V e 2V . O sentido da

corrente 1Li , define o sentido do fluxo de potência.

Para 1 0Li , a potência P é transferida da fonte 1V para a

fonte 2V e vice-versa.

A tensão da fonte 2V pode ser menor, igual ou superior à

tensão da fonte 1V . Além disso, 2L pode ser substituído por um

transformador, o que proporciona isolamento entre as duas

fontes.

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159

O sentido e o valor da potência trocada entre as duas

fontes são controlados pela razão cíclica.

Desejamos encontrar um circuito equivalente que nos

permita obter uma relação entre o valor médio da corrente 1Li e

a razão cíclica.

Vamos substituir o circuito representado na Figura 13-1

pelo circuito mostrado na Figura 13-2.

S representa um interruptor bidirecional ideal. Rrepresenta a resistência de cada um dos indutores. Vamos

admitir, para simplificar a análise, que os dois indutores sejam

idênticos. As fontes 1V e 2V , e o capacitor C são considerados

ideais.

Os sinais de comando estão representados na Figura

13-3.

Figura 13-2. Conversor Zeta-Sepic bidirecional com a inclusão das perdas de

condução.

Figura 13-3. Sinais de comando dos interruptores do conversor bidirecional

Zeta-Sepic.

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160

13.2 EQUAÇÕES GENÉRICAS.

Os dois estágios topológicos que ocorrem durante um

período de operação encontram-se representados na Figura

13-4.

Figura 13-4. Estágios topológicos do conversor Zeta-Sepic bidirecional: (a)

invervalo (0,DT) e (b) invervalo (DT,T).

As variáveis de estado de nosso sistema são as correntes

nos indutores 1i e 2i , e a tensão no capacitor CV .

O estado topológico para o intervalo de tempo (0, DTS) é

descrito pelas equações (13.1), (13.2) e (13.3).

11 1 1

diL R i V

dt (13.1)

2Cdv

C idt

(13.2)

22 2 C

diL R i V

dt (13.3)

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161

O estado topológico complementar, para o intervalo

(DTS, TS), é descrito pelas equações (13.4), (13.5) e (13.6).

11 1 1 2C

diL R i V V V

dt (13.4)

1Cdv

C idt

(13.5)

22 2 2

diL R i V

dt (13.6)

Vamos multiplicar as equações (13.1), (13.2) e (13.3) por

D e as equações (13.4), (13.5) e (13.6) por (1 )D . Obtemos

então:

11 1 1

diD L D R i D V

dt (13.7)

2Cdv

D C D idt

(13.8)

22 2 C

diD L D R i D V

dt (13.9)

e

11 1

1 2

1 1 1

1 1

C

diD L D Ri D V

dt

D V D V

(13.10)

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162

11 1CdvD C D i

dt (13.11)

22 2 21 1 1

diD L D R i D V

dt (13.12)

13.3 CIRCUITO EQUIVALENTE PARA OPERAÇÃO EM

REGIME PERMANENTE.

Em regime permanente 2 2 0L L CV V I . Portanto

1 2 0Cdvdi di

dt dt dt. Desse modo podemos escrever:

1 10 D R i D V (13.13)

20 D i (13.14)

20 CD R i D V (13.15)

e,

1 1 20 1 1 1 1CD Ri D V D V D V (13.16)

10 1 D i (13.17)

2 20 1 1D R i D V (13.18)

Somando (13.13) com (13.16), (13.14) com (13.17) e

(13.15) com (13.18) obtemos:

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163

1 1 21 1CV R I D V D V (13.19)

2 10 1D I D I (13.20)

2 21CD V D V R I (13.21)

onde 1I , 2I e CV , são valores médios.

A partir da equação (13.20) obtemos:

2 1

1 DI I

D (13.22)

Substituindo (13.22) em (13.21) obtemos:

2 1

11C

DD V D V R I

D (13.23)

Com as expressões (13.19) e (13.23), após manipulações

algébricas apropriadas, obtemos:

1 21 2

1 1

1 1

V V DI R

D D D D (13.24)

Multiplicando todos os termos da equação (13.24) por

(1 )D obtemos:

2

1 2 1

1 11

D DV V I R

D D (13.25)

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164

A equação (13.25) representa o circuito equivalente

mostrado na Figura 13-5,

Figura 13-5. Circuito equivalente do conversor Zeta-Sepic bidirecional em

regime permanente.

onde

2

e

1R 1q

DR

D (13.26)

Para o caso particular em que 0,5D obtêm-se:

eR 2q R (13.27)

A partir da expressão (13.25) obtemos:

1 2

1 2

1

11

DV V

DI

DR

D

(13.28)

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165

A equação (13.28) mostra que para valores dados de 1V ,

2V e R , pode-se controlar o valor e o sentido da corrente 1I ,

agindo sobre a razão cíclica D. Portando o valor da razão

cíclica determina o valor e o sinal da potência processada.

Seja o seguinte exemplo numérico:

1 2 100

1

V V V

R

A curva mostrada na Figura 13-6 representa o valor da

corrente média 1I , na fonte 1V , em função da razão cíclica D .

Pode-se verificar que para D maior que 0,5, a potência é

positiva, portanto fluindo da fonte 1V para a fonte 2V . Além

disso, verifica-se que nesse caso, há uma relação linear entre a

razão cíclica D e a potência processada.

Por outro lado, para D menor que 0,5, a potência torna-

se negativa e flui de 2V para 1V . Observa-se, porém, que nessa

região, a relação entre a razão cíclica e a potência processada

não é linear. Além disso, há uma razão cíclica onde ocorre um

valor máximo para a potência processada. Portanto, esse é o

valor mínimo possível para a razão cíclica.

Figura 13-6. Valor médio de 1I em função da razão cíclica D .

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166

13.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE

DA CORRENTE DO CONVERSOR ZETA-SEPIC

BIDIRECIONAL.

Nosso objetivo é encontrar a função de transferência

(13.29) que relaciona componentes alternadas de pequenas

amplitudes.

1( )( )

( )

i sF s

d s (13.29)

A partir da equação obtida no inicio deste capitulo,

podemos escrever para o intervalo (0, DTS):

1

1 1

2 2

0 0

10 0

01

0 0C C

RV

Li i LR

i iL C

v v

C

(13.30)

Para o intervalo (DTS,TS) podemos escrever:

1 1 1 2

2 2 2

10

0 0

01

0 0C C

R

L Ci i V VR

i i VL

v v

C

(13.31)

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167

Podemos ainda escrever, para os dois intervalos de tempo

em questão:

1 1X A X B U (13.32)

2 2X A X B U (13.33)

Onde:

1

0 0

10

10 0

R

LR

AL C

C

(13.34)

2

10

0 0

10 0

R

L C

RA

L

C

(13.35)

1

10 0

0 0 0

0 0 0

LB (13.36)

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168

2

1 10

10 0

0 0 0

L L

BL

(13.37)

Seja:

1 2A A D A D (13.38)

Portanto:

10

0

10

DR

L LR D

AL L

D D

L C

(13.39)

Seja

1 2 1B B D B D (13.40)

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169

Assim:

110

10 0

0 0 0

D

L L

DB

L (13.41)

Já conhecemos a equação na forma matricial, escrita a

seguir:

1 2 1 2x A x A A X B B U d (13.42)

Onde:

d

Re

Perturbação na razão ciclica

X Vetor de estado inicial

x sposta do vetor deestadoem torno do estado inicial

Desse modo:

10

20

Co

I

X I

V

(13.43)

Vamos obter 1 2A A e 1 2B B , como segue.

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170

1 2

10 0

10 0

1 10

L

A AL

C C

(13.44)

1 2

10 0

10 0

0 0 0

L

B BL

(13.45)

Portanto:

2

21 2 1 2

10 20

Co

Co

V V

L LV V

A A X B B UL L

I I

C

(13.46)

Aplicando a transformada de Laplace na equação (13.42)

obtemos a equação (13.47).

1

1 2 1 2( ) ( )x s sI A A A X B B U d s (13.47)

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171

Mas,

10

0

1

DRs

L LR D

s I A sL L

D Ds

L C

(13.48)

Portanto:

1

2

1

22

10 20

10

(s)

(s) 0

(s)1

Co

Co

CL L

D V VRs

L LL LiV VR D

i sL L L L

vD I ID

sCL C

(13.49)

Assim:

11 2

22

10 20

( ) 10( )

( )0

( )

1( )

( )

Co

Co

L LC

i s D V Vsd s LL

V Vi s Ds

L Ld s

D I IDv ss

CL Cd s

(13.50)

Como o conversor é bidirecional, vamos assumir que:

10 20 0L LI I (13.51)

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172

Por outro lado, em regime permanente,

1CoV V (13.52)

e

2 11

DV V

D (13.53)

Desse modo:

12

1Co

VV V

D (13.54)

Substituindo-se (13.51) e (13.54) em (13.50) obtêm-se

(13.55).

1 1

12 1

( )

( ) 1( )

( ) 10( )

( )C

i s Vd s Di s V

s I Ad s D

v s

d s

(13.55)

Realizando-se as operações matemáticas indicadas,

obtém-se a função de transferência representada pela expressão

(13.56), válida para perturbações de pequena amplitude, em

torno de um ponto de operação.

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173

2

1 1

2

( )

1( ) 1 2 (1 )

CLs CRs Di s V

Dd s R sL CLs CRs D D (13.56)

Lembramos que para obter a expressão (13.56), nós

admitimos as seguintes hipóteses simplificativas:

1 2

1 2

10 20

)

)

) 0

L L L

L L

a R R R

b L L L

c I I

Para 0,4 0,7,D pode-se admitir que

1 2 (1 )D D D (13.57)

Portanto:

1 1( ) 1

( ) 1

i s V

d s D R sL (13.58)

que é a equação de um sistema linear de primeira ordem.

A representação em diagramas de blocos é mostrada na

Figura 13-7.

Figura 13-7. Representação por diagrama de blocos da planta de corrente do

conversor Zeta-Sepic bidirecional.

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174

A equação (13.58) também representa o circuito

representado pela Figura 13-8.

Figura 13-8. Circuito equivalente resultante para o conversor Zeta-Sepic

bidirecional.

A função de transferência obtida nos permite determinar

a estrutura e os parâmetros do controlador de corrente para o

conversor Zeta-Sepic interligando duas fontes de tensão

contínua ou dois barramentos de tensão contínua.

O leitor é convidado, a título de exercício, a obter a

função de transferência para o controle da corrente, para o caso

em que as resistências dos indutores não sejam iguais.

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175

CAPÍTULO 14

MODELAGEM DO CONVERSOR BOOST

EM CONDUÇÃO DESCONTÍNUA

14.1 INTRODUÇÃO.

O conversor Boost, a exemplo de outros conversores CC-

CC, pode operar tanto em condução continua (MCC) quanto

em condução descontínua (MCD). Quem determina a escolha

do modo de operação é a aplicação do conversor.

No Capítulo 11, apresentamos a modelagem do conversor

Boost operando em condução contínua. Neste capitulo iremos

aplicar a técnica do modelo médio em espaço de estados, para

esse conversor operando em condução descontínua.

Seja o conversor Boost operando em condução

descontínua, representado na Figura 14-1. Na Figura 14-2 são

mostradas a corrente e a tensão no indutor.

Figura 14-1. Conversor Boost operando em condução descontinua.

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176

Figura 14-2. Formas de onda para o conversor Boost operando em condução

descontinua.

Observamos a existência de três estados topológicos, ao

invés dos dois que ocorrem em condução contínua.

A duração do primeiro estado topológico, igual a 1d T , é

imposta pelo sinal de controle, que define o valor de 1d . A

duração dos demais estados topológicos depende de diversos

parâmetros do circuito e de seu ponto de operação. Por isso,

para este modo de operação, a abordagem empregada para

modelar os conversores operando em condução contínua deve

ser devidamente adaptada.

14.2 EQUACIONAMENTO DO CONVERSOR BOOST

OPERANDO EM CONDUÇÃO DESCONTÍNUA.

Os três estágios topológicos para condução descontínua

encontram-se representados na Figura 14-3.

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177

Figura 14-3. Estágios topológicos para o conversor boost operando em

condução desconínua.

Os três estágios topológicos são descritos pelos sistemas

de equações apresentados a seguir.

a) Intervalo 10, d T .

1Ldi

L Vdt

(14.1)

C Cdv vC

dt R (14.2)

b) Intervalo 1 1 2,d T d d T

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178

1L

C

diL V V

dt (14.3)

C CL

dv vC i

dt R (14.4)

c) Intervalo 1 2 ,d d T T

0LdiL

dt (14.5)

C Cdv vC

dt R (14.6)

Vamos multiplicar as equações de cada intervalo pela sua

duração relativa, o que resulta nas equações seguintes.

a) Intervalo (0, d1T)

1 1 1Ldi

d L d Vdt

(14.7)

11

C Cdv d vd C

dt R (14.8)

b) Intervalo (d1T, (d1+ d2)T)

2 2 1 2L

C

did L d V d V

dt (14.9)

22 2

C CL

dv d vd C d i

dt R (14.10)

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179

c) Intervalo ((d1+ d2)T, T)

1 21 0Ldid d

dt (14.11)

1 2

1 2

11 CC

d d vdvd d C

dt R (14.12)

Somando as equações (14.7), (14.9) e (14.11) obtemos a

equação (14.13).

1 2 1 2

1 1 2 2 1

1L L L

C

di di did L d L d d L

dt dt dtd V d V d V

(14.13)

Portanto:

2 1 2 1L

C

diL d V d d V

dt (14.14)

onde Li e CV são valores médios quase instantâneos.

Somando-se as equações (14.8), (14.10) e (14.12)

obtemos a equação (14.15).

1 2 1 2

1 2 2 1 2

1

1

C C C

C C CL

dV dV dVd C d C d d C

dt dt dt

V V Vd d i d d d

R R R

(14.15)

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180

Como consequência obtém-se:

2C C

L

dV VC d i

dt R (14.16)

Portanto as equações de estado para o conversor Boost

operando em condução descontínua, em termos de grandezas

médias quase instantâneas, são representadas pelas equações

(14.17) e (14.18).

2 1 2 1L

C

diL d V d d V

dt (14.17)

2C C

L

dV VC d i

dt R (14.18)

Observamos a presença da variável 2d nas equações,

além da variável 1d . Vamos em seguida expressar 2d em

função de Li e 1d para eliminá-las das equações.

Lembremos que o produto 2 Ld i , representa o valor

médio quase instantâneo da corrente no diodo D .

O valor médio da corrente no indutor é definido pela

equação (14.19).

1 2

2P

L

i d di (14.19)

Portanto, o valor médio da corrente no diodo é definido

pela equação (14.20).

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181

2

1 2

D L

di i

d d (14.20)

A corrente média quase instantânea no capacitor é

definida pela expressão (14.21).

CC D

Vi i

R (14.21)

Portanto:

C CD

dV VC i

dt R (14.22)

Ou ainda,

2

1 2

C CL

dV VdC i

dt d d R (14.23)

A corrente de pico Pi é definida pela equação (14.24).

11P

Vi d T

L (14.24)

Portanto, substituindo (14.23) em (14.19) obtemos:

1 2

2 L

P

id d

i (14.25)

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182

e

2 1

1 1

2 LL id d

V d T (14.26)

Substituindo a expressão (14.26) em (14.17) obtemos:

1

1 1 1

21 CL L

C

Vdi L iL d V

dt V d T V (14.27)

Substituindo a equação (14.26) em (14.18) obtemos:

21 1

2C C

L

dV Vd T VC i

dt L R (14.28)

A partir das equações (14.27) e (14.28) podemos escrever

as equações (14.29) e (14.30) na forma de equações de estado.

1

1 1

21 C CL L V d Vdi i

dt d T V L (14.29)

21 1

2C CLdV Vi d T V

dt C L C R C (14.30)

As expressões (14.29) e (14.30) são o modelo do

conversor Boost operando em condução descontínua, onde as

variáveis, que no caso são os estados do sistema, são

representadas por seus valores médios quase instantâneos.

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183

14.3 ANÁLISE EM REGIME PERMANENTE.

Em regime permanente, 0CL dVdi

dt dt. Portanto, a partir

das equações gerais (14.17) e (14.18) obtemos as equações

(14.31) e (14.32).

1

20 1 CL

C

VI fD V

D V (14.31)

210

2C

L

VD VI

L f R (14.32)

Foram feitas as seguintes substituições:

1 D

L L

C C

d

i I

v V

Nosso objetivo principal é a obtenção de uma expressão

para o ganho estático, definido pela equação (14.33).

1

CVG

V (14.33)

Para isso, deve-se resolver o sistema de equações

algébricas (14.31) e (14.32).

A partir de (14.31) obtemos:

21

20 2 L C

L

L f VL f I D V

R (14.34)

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184

Portanto:

21

22 L C

L

L f VL f I D V

R (14.35)

A partir da equação (14.31) obtemos:

2

1

0 2 1 CL C

VL f I D V

V (14.36)

Substituindo a equação (14.35) em (14.36) obtemos:

2

2

1 1

2 20C CL LV VL f L f

DV R V R

(14.37)

Com 1

CVG

V, obtemos:

2 22 20L LL f L f

G G DR R

(14.38)

Desse modo,

2 2 02 L

RG G D

L f (14.39)

Resolvendo a equação (14.39) encontramos a expressão

do ganho G , dado pela expressão (14.40).

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185

21 1 21

2 2

D RG

L f (14.40)

Fazendo a manipulação algébrica adequada encontramos

a expressão para a corrente LI , dada pela expressão (14.41).

1

2 1L

D V GI

L f G (14.41)

14.4 MODELO DE PLANTA PARA CONTROLE DA

CORRENTE NO INDUTOR.

Seja a Figura 14-4.

Figura 14-4. Controle da corrente no indutor do conversor boost.

O conversor boost opera em condução descontinua e tem

como carga uma fonte de tensão OV no lugar do par RC .

Para a escolha da estrutura e dos parâmetros do

controlador, é necessário obter a função de transferência

(14.42) que relaciona a corrente no indutor L com a razão

cíclica, para componentes alternadas de pequena amplitude.

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186

( )

( )( )

Li sF S

d s (14.42)

Seja a equação (14.29) reapresentada a seguir.

1

1 1

21 C CL L V d Vdi i

dt d T V L (14.43)

Como a carga é uma fonte de tensão oV , vamos fazer:

C oV V (14.44)

Portanto:

1

1 1

21 o oL L V d Vdi i

dt d T V L (14.45)

Seja

1

oVG

V (14.46)

Desse modo:

1 1

1

21L Ldi i d V G

Gdt d T L

(14.47)

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187

Seja

1 1 1d D d (14.48)

L Lo Li I i (14.49)

Multiplicando todos os termos da equação (14.45) por 1d

obtemos a equação (14.50).

2 11 1

21L Ldi i V G

d G ddt T L

(14.50)

Mas,

L L Ldi dI di

dt dt dt (14.51)

Como 0LdI

dt obtemos:

L Ldi di

dt dt (14.52)

Assim,

1 1 1L Ldi di

d D ddt dt

(14.53)

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188

Seja 1 0Ldid

dt. Portanto:

1 1L Ldi di

d Ddt dt

(14.54)

22

1 1 1d D d (14.55)

Como 21 0d obtemos:

2 21 1 1 12d D d D (14.56)

Fazendo essas substituições na equação (14.50) obtemos

(14.57).

1 1 11

2 1 2LLG idi D V G d

Ddt T L

(14.57)

pois

1

1

2 10L

C

L I GD V

D T (14.58)

Portanto, a partir de (14.57) obtemos:

1 1

1

2 1 2LLG idi V Gd

dt D T L (14.59)

Aplicando a transformada de Laplace obtemos:

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189

11

1

2 1 2( ) ( )L

G V Gs i s d s

D T L (14.60)

Assim:

1

1

2( ) 1

( ) 2 1oL Vi s

d s L Gs

D T

(14.61)

Pode-se demonstrar que:

1

1

2 1o

L

G D V

D T L I (14.62)

sendo LI o valor médio inicial da corrente no indutor.

Portanto:

1 1

2( )

( )oL

o

L

Vi s

d s D VL s

L I

(14.63)

que é a função de transferência procurada.

14.5 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE

DA TENSÃO.

Para se definir a estrutura e os parâmetros do controlador

da tensão de saída, é necessário obter a função de transferência

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190

que a relacione com a variável de controle, que é a razão

cíclica.

A partir da linearização das equações (14.17) e (14.18)

obtém-se a equação (14.64).

1

L

L

C C

diVidt A Bddv v

dt

(14.64)

Com 1V é constante, 1 0V .

As matrizes A e B são definidas pelas equações (14.65) e

(14.66).

2 1 2

1 1

G G

D T D R TA

C R C

(14.65)

21

21

2

1

2

G VG

L G LB

D T VD T

L C L C

(14.66)

Seja a representação compacta na forma matricial.

X A X B U (14.67)

Aplicando a transformada de Laplace obtemos a equação

(14.68).

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191

( ) ( )s I A X s B U s (14.68)

Portanto:

1

( ) ( )X s s I A B U s (14.69)

onde

( )( )

( )L

C

i sx s

v s (14.70)

2 2 2

1 1

G Gs

DT DRTsI A

sC RC

(14.71)

21

1

21

2

( )1( )

( )

2

G VG

V sL G LB U s

d sD T VD T

L C L C

(14.72)

Como 1 0V , obtemos:

1

1

2

( ) ( )

G V

LB U s d sD T V

L C

(14.73)

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192

Desse modo,

1

2 2

1 21

2 2

DR CRTS CGRsI A

DR T R C G DTS (14.74)

onde

2 2 2 11 2 2 GGLC S s

RC DT DT DTRC (14.75)

Com as equações (14.69), (14.74) e (14.75) obtemos a

função de transferência desejada, dada pela expressão (14.76).

1

2

2

( )

( ) 2 2 11 2( 1)

C

DTV sV s D T

d s GGLC S s

RC DT DTRC

(14.76)

Normalmente

2 2 1 1G

T C R C (14.77)

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193

Portanto:

2

2

( )

( ) 2 1 2 1C

K sV s D T

d s G Gs s

D T D T R C

(14.78)

Sendo

1D T VK

L C (14.79)

Verifica-se a existência de um zero no semiplano direito,

que ocorre na frequência definida pela expressão (14.80).

z

ff

D (14.80)

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194

CAPÍTULO 15

CONVERSOR CC-CC MEIA PONTE

MODULADO EM FREQUÊNCIA

15.1 INTRODUÇÃO.

Neste capítulo vamos modelar o conversor CC-CC meia

ponte, isolado, modulado em frequência(FM), representado na

Figura 15-1, portanto uma situação diferente dos casos

anteriores, nos quais os conversores eram modulados por

largura de pulso (PWM).

Figura 15-1. Conversor CC-CC meia ponte modulado em frequencia.

Vamos assumir que todos os componentes sejam ideais e

que a relação de transformação do transformador seja unitária.

Vamos também considerar infinitamente grande a

indutância de magnetização do transformador, de tal modo que

ela possa ser ignorada em nossa análise. Desse modo, o

conversor equivalente é o que está representado na Figura 15-2.

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195

Figura 15-2. Conversor CC-CC meia ponte ideal referido ao lado primário do

transformador de isolamento, com modulação FM.

Este conversor opera com razão cíclica constante e igual

0,5 . A potência transferida da fonte 1V para a carga,

representada pelo resistor R , é controlada pela frequência de

comutação. Estamos, portanto, diante de modulação em

frequência (FM ).

As formas de onda relevantes para operação em regime

permanente encontram-se representadas na Figura 15-3.

Durante o intervalo de tempo 10, d T o conversor é

representado pelo circuito equivalente representado pela Figura

15-4(a). Durante o intervalo de tempo 1 , d T T , o seu

funcionamento é representado pelo circuito equivalente

mostrado na Figura 15-4(b).

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196

Figura 15-3. Formas de onda para o conversor CC CC meia ponte modulado em

frequencia.

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197

Figura 15-4. Circuitos lineares equivalentes para os dois estágios topológicos do

conversor.

15.2 MODELAGEM POR ESPAÇO DE ESTADOS.

Durante o intervalo de tempo 10, d T o funcionamento

do conversor é descrito pelas equações (15.1) e (15.2).

1L

C

diL v V

dt (15.1)

C CL

dv vC i

dt R (15.2)

Durante o intervalo de tempo 1 , d T T seu

funcionamento é representado pelas equações (15.3) e (15.4).

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198

1L

C

diL v V

dt (15.3)

C CL

dv vC i

dt R (15.4)

Vamos multiplicar as equações (15.1) e (15.4) por 1d e

as equações (15.3) e (15.4) por 2d . Obtemos assim as

equações (15.5), (15.6), (15.7) e (15.8).

1 1 1 1L

C

did L d v d V

dt (15.5)

11 1

C CL

dv d vd C d i

dt R (15.6)

2 2 2 1L

C

did L d v d V

dt (15.7)

22 2

C CL

dv d vd C d i

dt R (15.8)

Somando (15.5) com (15.7) e (15.6) com (15.8) obtemos:

1 2 1 2 1 2 1L

C

did d L d d v d d V

dt (15.9)

1 2 1 2 1 2C C

L

dv vd d C d d i d d

dt R (15.10)

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199

Onde,

1 2 1d d (15.11)

Vamos substituir Li e Cv pelos seus valores médios quase

instantâneos, Li e Cv , respectivamente. Desse modo, obtemos

as equações (15.12) e (15.13).

1 2 1L

C

diL v d d V

dt (15.12)

C CL

dv vC i

dt R (15.13)

Como

1 2 1d d (15.14)

2 11d d (15.15)

Concluímos que

1 2 12 1d d d (15.16)

Substituindo a expressão (15.16) em (15.12) obtemos

1 12 1Lc

diL v d V

dt (15.17)

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200

C CL

dv vC i

dt R (15.18)

Portanto:

11

2 1cL vdi dV

dt L L (15.19)

C CLdv vi

dt C R C (15.20)

No sistema de equações obtido, aparece a variável 1d .

Contudo, a variável de controle é a frequência de comutação.

Vamos então realizar as alterações necessárias para que a

frequência apareça nas equações.

O valor da corrente Li , a partir da Figura 15-3 é dado

por:

1 2

2P

L

i d di (15.21)

Ou,

2P

L

ii (15.22)

Mas

11

CP

V vi d T

L (15.23)

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201

Sendo,

2ST

T (15.24)

Portanto:

11

2C

L S

V vi d T

L (15.25)

Desse modo,

1

1

2L

C

L fd i

V v (15.26)

Substituindo a equação (15.26) na equação (15.19)

obtemos:

1

1

4 1CL L

C

vdi f iV

dt L V v L (15.27)

C CLdv vi

dt C R C (15.28)

Ou ainda:

1 1

1

4 CLL

C

vdi V Vf i

dt V v L L (15.29)

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202

C CLdv vi

dt C R C (15.30)

O conversor é então representado por um sistema de duas

equações diferenciais não lineares de primeira ordem, válido

tanto para regime permanente quanto para regime transitório de

baixa frequência.

15.3 MODELO PARA OPERAÇÃO EM REGIME

PERMANENTE.

Em regime permanente,

CL dvdi

dt dt 0 (15.31)

Portanto:

1 1

1

40 C L

C

V V fI V

L V V L (15.32)

0 CL VI

C R C (15.33)

Os símbolos CV e LI representam as variáveis de estado

em regime permanente.

A partir da equação (15.32) obtemos a equação (15.34).

11

1

4 LC

C

V LfIV V

V V (15.34)

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203

Portanto,

1 1

1 1 1

4 C CLV V V VL f I

V V V (15.35)

Seja o ganho estático, definido pela equação (15.36).

1

CVG

V (15.36)

Desse modo,

1

41 1LL f I

G GV

(15.37)

Mas

CL

VI

R (15.38)

Portanto,

1

41 1CVL f

G GR V

(15.39)

Ou ainda:

4

1 1L f

G G GR

(15.40)

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204

Desse modo,

241

L fG G

R (15.41)

Portanto:

2 41 0

L fG G

R (15.42)

A partir da equação (15.42) obtemos

24 2

1L f L f

GR R

(15.43)

Foi definido que:

2 sf f (15.44)

Desse modo,

24 2

1s sL f L fG

R R (15.45)

Com a expressão (15.45) podemos determinar o ganho

estático do conversor, em função dos parâmetros do circuito e

da variável de controle, que é a frequência de comutação sf .

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205

15.4 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA PARA O CONTROLE

DA CORRENTE.

Vamos considerar o caso em que a carga seja uma fonte

de tensão ideal, podendo ser um banco de baterias ou um

barramento de tensão contínua, com capacidade de absorver

energia.

No modelo obtido, representado pelas equações (15.29) e

(15.30), isto equivale a:

0C

C o

dv

dt

C

v V

Desse modo a partir da equação (15.29) obtemos:

1

1

4 1oL L

o

Vdi f iV

dt L V V L (15.46)

Ou ainda:

11

1

4 oL L

o

V Vdi V f i

dt V V L (15.47)

Desse modo:

14

1oL

L

V Vdif i

dt G L (15.48)

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206

Como vemos, trata-se de uma equação diferencial não

linear. Para obtermos a função de transferência que buscamos,

devemos linearizar a equação em torno de um ponto de

operação.

Seja

ˆf F f (15.49)

ˆL L Li I i (15.50)

Portanto:

ˆ ˆL L Lf i F f I i (15.51)

Seja:

ˆ ˆ 0f i (15.52)

Então,

ˆˆL L L Lf i F I F i f I (15.53)

Por outro lado,

ˆ

L L Ldi dI di

dt dt dt (15.54)

Como 0LdI

dt, obtemos

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207

ˆ

L Ldi di

dt dt (15.55)

Substituindo (15.51) e (15.55) em (15.48) obtemos:

ˆ 4 ˆ ˆ 01

LL L

diI f i F

dt G (15.56)

ˆ 4 4 ˆˆ1 1

LL L

diF i I f

dt G G (15.57)

Aplicando a transformada de Laplace obtemos:

44 ˆˆ ˆ( ) ( ) ( )1 1

LL L

Is i s F i s f s

G G (15.58)

Assim,

44 ˆˆ ( ) ( )1 1

LL

IFs i s f s

G G (15.59)

Desse modo:

4ˆ ( ) 1ˆ 4( )

1

L

L

Ii s G

Ff s sG

(15.60)

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208

Mas,

114

1L

G VI

G L F (15.61)

Portanto:

1ˆ 1( )ˆ 4( )

1

LG Vi s

Ff s L F sG

(15.62)

Normalmente,

42

1

Ff

G (15.63)

Desse modo:

1

2

ˆ 1 (1 )( )ˆ 4( )L

G G Vi s

L Ff s (15.64)

Podemos então afirmar que há uma relação de

proporcionalidade entre ˆ ( )Li s e ˆ( )f s para um ponto de

operação dado, não havendo polos nem zeros, portanto não

havendo dinâmica representada na função de transferência

obtida.

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209

CAPÍTULO 16

ANÁLISE DO ERRO COMETIDO AO SE

EMPREGAR O VALOR MÉDIO EM

ESPAÇO DE ESTADOS

16.1 FONTE DE TENSÃO ALIMENTANDO INDUTÂNCIA

PURA.

Seja o circuito representado na Figura 16-1, formado por

uma fonte de tensão alimentando uma indutância pura.

Figura 16-1. Circuito tomado como exemplo para análise do erro.

Sejam as formas de onda representadas na Figura 16-2.

A tensão ( )V t tem forma de onda retangular, com

amplitudes iguais a 1V e 2V e com durações 1d T e 2d T ,

respectivamente. Sabemos que:

1 2 1d d (16.1)

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210

Figura 16-2. Tensão e corrente no indutor L do circuito anterior.

Seja 0I o valor inicial da corrente no indutor.

Desse modo,

1 11 1 0

d VI d T I

L (16.2)

2 22 1 2

d VI I d T

L (16.3)

Portanto:

1 1 2 22 1 2 0

d V d VI d T d T I

L L (16.4)

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211

Seja

2 0i I I (16.5)

Portanto:

1 1 2 21 2

d V d Vi d d T

L (16.6)

Mas,

1 1 2 2V d V d V (16.7)

onde V representa o valor médio da tensão de alimentação.

Podemos então escrever:

V

i TL

(16.8)

A Figura 16-3(a) e a Figura 16-3(b) representam as duas

etapas de operação para um período de funcionamento.

A Figura 16-3(c) representa um único circuito

equivalente para o período total, onde a tensão de alimentação

é igual ao valor médio da tensão ( )V t .

Podemos então concluir que a variação liquida da

corrente do circuito equivalente é idêntica à soma das variações

das correntes dos intervalos de tempo de 10, d T e 1 , d T T .

Desse modo, a técnica do valor médio em espaço de

estado, para este caso, não introduz nenhum erro.

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212

O comportamento das correntes do circuito original e do

circuito equivalente, para um intervalo de tempo com vários

períodos, encontra-se representado na Figura 16-4.

Figura 16-3. Circuitos equivalentes.

Figura 16-4. Correntes nos circuitos equivalentes.

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213

16.2 FONTE DE TENSÃO ALIMENTANDO CARGA RL.

Vejamos o que ocorre em um circuito RL , mostrado na

Figura 16-5.

Figura 16-5. Circuito RL.

Vamos analisar o comportamento da corrente ( )i t com

condição inicial nula, ou seja, no primeiro período de

funcionamento As formas de onda relevantes encontram-se

representadas na Figura 16-6.

Figura 16-6. Tensão e corrente do circuito representado na figura 16.5.

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214

As correntes instantâneas 1( )i t e 2( )i t , para os intervalos

de tempo 1d T e 1(1 )d T são exponenciais. Os valores de 1I

e 2I são determinados pelas equações (16.9) e (16.10).

11

1 1d TV

I eR

(16.9)

2 2

22 1 1

d T d TVI I e e

R (16.10)

Portanto:

2 2 2

1 22 1 1

d T d T d TV VI e e e

R R (16.11)

onde 2I representa o valor final da corrente ( )i t para t T .

Portanto é igual à variação liquida da corrente ( )i t para

condição inicial nula.

Vamos então analisar o circuito para valores médios

quase instantâneos, representado na Figura 16-7, no qual a

mesma carga RL é alimentada por uma tensão constante, igual

ao valor médio da tensão ( )v t .

Figura 16-7. Circuito RL equivalente para valores médios quase instantâneos.

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215

A corrente ( )xi t encontra-se representada na Figura 16-8,

juntamente com as correntes 1( )i t e 2( )i t .

O valor final da corrente ( )xi t é definido pela equação

(16.12).

1 1 2 2 1T

X

d V d VI e

R (16.12)

Figura 16-8. Correntes dos circuito anteriores.

Podemos observar que 2xI I . De fato, para a situação

apresentada, 2( )xI t I . Podemos então concluir que ao substituir

o circuito original pelo seu equivalente que representa valores

médios em espaço de estado, estamos cometendo um erro,

definido pela equação (16.13), para a situação estudada, ou

seja, o primeiro período de funcionamento do circuito.

2%

2

100%xI I

I (16.13)

Seja o seguinte exemplo numérico.

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216

1

2

1

100

100

0,7

10

10

V V

V V

d

L mH

R

Com o emprego da expressão (16.13) foi obtida a curva

representada na Figura 16-9, na qual o erro percentual é

representado em função da grandeza definida pela equação

(16.14), ou seja, o período de funcionamento dividido pela

constante de tempo do circuito.

T

(16.14)

onde a constante de tempo é definida pela expressão (15.15).

L

R (16.15)

Verifica-se que o erro é igual a 10% para 0,17e igual

a 1% para 0,02 . Podemos então concluir que quem

determina o erro é a relação entre o período de funcionamento

ou de comutação, e a constante de tempo do circuito.

Quanto menor essa relação, menor será o erro. Se a carga

for uma indutância pura, como foi o caso do circuito mostrado

na Figura 16-1, a constante de tempo será infinita e o erro será

portando nulo, independentemente do valor do período ou da

frequência de comutação.

È importante observar que as ondulações das tensões e

correntes (ou dos estados) não são representadas pelo modelo

médio em espaço de estados, como era de se esperar.

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217

Figura 16-9. Erro percentual em função de .

Embora o circuito analisado seja muito simples, ele gera

resultados importantes que indicam que o emprego de valores

médios em espaço de estado é adequado para modelar um

conversor estático real, desde que o período de comutação seja

significativamente menor que as constantes de tempo do

circuito.

O leitor é convidado a verificar, tanto analiticamente

quanto por simulação, o efeito da constante de tempo do

circuito na evolução da corrente para transitórios de longa

duração e de que forma o erro se propaga, e qual sua

consequência tanto para os valores da corrente quanto para

defasagens.

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