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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    Centro de Cincias da Educao

    Programa de Ps-Graduao em Educao

    Disciplina: Seminrio Especial (Sociologia da Infncia)

    Aluna: Patricia Demartini

    Contribuies da sociologia da infncia: focando o olhar.

    Este texto pretende trazer algumas reflexes sobre a discusso da sociologia da

    infncia e levanta algumas consideraes sobre as tendncias metodolgicas nas pesquisas

    que buscam as crianas como atores sociais. resultado das interlocues realizadas no

    Seminrio especial1oferecido aos alunos do programa de ps-graduao em educao da

    UFSC, o qual contou com a participao do professor Dr. Manuel Sarmento (Universidade

    do Minho- Portugal), da professora Dr. Jucirema Quinteiro (Ced- UFSC), da Professora

    Dr. Nadir Zago (UFSC) e Professor Dr. Maurcio da Silva (UFSC), e ainda a participaona defesa da dissertao de Mestrado de Jodete Fullgraf2. Inicialmente este texto busca no

    levantamento das contribuies dos estudos da lngua inglesa e da lngua francesa a

    discusso sobre o surgimento da sociologia da infncia, recuperando a discusso atual

    sobre a infncia e a necessidade da construo de uma sociologia da infncia.

    Foram indicados para leitura dois textos3que contriburam para melhor conhecer o

    panorama das produes sobre a sociologia da infncia.

    1Realizado nos dias 30 e 31 de outubro e 1 de novembro de 2001 no auditrio do Ncleo deDesenvolvimento Infantil da Universidade Federal de Santa Catarina.2A pesquisa intitula-se: A infncia de Papel e o Papel da Infncia.3MONTANDON, Cloptre. Sociologia da Infncia: balano dos trabalhos em lngua inglesa. Cadernos dePesquisa, N 112. Maro de 2001, p.33-60.SIROTA, Rgine. Emergncia de uma sociologia da infncia: evoluo do objeto e do olhar.Cadernos de

    Pesquisa, N 112. Maro de 2001, p 7-.

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    SIROTA (2001) busca em seu texto introduzir o debate sobre a emergncia de uma

    sociologia da infncia e contemplar a evoluo do objeto e das perspectivas de anlise

    registradas nos anos 90, focalizando a produo em lngua francesa.

    O surgimento deste objeto de pesquisa, de acordo com SIROTA resulta de

    diferentes elementos, marcado pela constatao de carncias e de fragmentao do objeto.

    Diante do que poderia ser uma das primeiras dificuldades da construo do objeto, a autora

    (p.8) aponta a de libert-lo, por um lado, do implcito, por outro desvincul-lo do combate

    militante, para faz-lo emergir por inteiro no discurso cientfico como objeto de

    trabalho.Esta dificuldade, como outras, foi emergindo na literatura francesa a partir do

    surgimento de novos objetos de pesquisa como gneroou a escolarizao dos filhos demigrantes.

    Em relao concepo de infncia, a autora coloca que na sociologia em geral e na

    sociologia da educao permaneceu a concepo de infncia durkheimiana, ou seja, a

    criana um vir a ser, considerada um ser futuro, uma pessoa em vias de formao,

    frgil, delicada.

    Esta infncia do vir a ser passou a ser investigada pelos socilogos a partir das

    instncias encarregadas do trabalho de socializao como a escola, a famlia, a justia, etc.

    Segundo SIROTA (p.9) principalmente por oposio a essa concepo da infncia,

    considerada como um simples objeto passivo de uma socializao regida por instituies,

    que vo surgir e se fixar os primeiros elementos de uma sociologia da infncia. Estes

    primeiros elementos, para a autora, so resultado de um movimento geral da sociologia

    que se volta para o ator, influncia da redescoberta da sociologia interacionista, das

    abordagens construtivistas que vo fornecer outras concepes tericas para a construo

    do objeto, ou seja, consideram a criana como ator no processo de conhecimento.

    De acordo com o levantamento feito por SIROTA (2001), uma das primeiras

    publicaes4 em francs Infncias e Cincias Sociais que tenta revelar o objeto,

    expressam claramente um afastamento da concepo de infncia durkheimiana, pois trata-

    se de romper a cegueira das cincias sociais para acabar com o paradoxo da ausncia das

    crianas na anlise cientifica da dinmica social com relao a seu ressurgimento nas

    prticas consumidoras e no imaginrio social (p.11) Decorre da a proposta de Javeau de

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    trabalhar para o conhecimento da infncia como um grupo social em si, como um povo

    com traos especfico(p.11), ou seja, defendendo a existncia de uma etnografia da

    infncia.

    A emergncia de uma sociologia da infncia, de acordo com a autora, pode ser

    sinalizada a partir da apario da noo de ofcio de criana ou seja, o desafio de levar a

    srio a criana, rompendo com a sociologia clssica.

    MONTADON (2001) fazendo um balano dos trabalhos sobre a infncia publicados

    em lngua inglesa, aponta a emergncia de um novo campo de estudos: a sociologia da

    infncia. Parte da perspectiva da infncia como uma construo social especifica, com uma

    cultura prpria e que, portanto, merece ser considerada nos seus traos especficos. No seuestudo, a autora discorre que, embora, o interesse pelos estudos das crianas existe h

    muito tempo5, a partir de 1980 que esses os pesquisadores da rea vem sentindo a

    emergncia da discusso desses estudos. As pesquisas sobre as crianas a partir do ponto de

    vista delas prprias e no o ponto de vista das famlias e dos professores, ainda so poucas,

    embora o interesse dos socilogos e outros pesquisadores sobre o tema estejam

    intensificando-se a partir das ltimas dcadas.

    Para apresentar a diversidade das questes exploradas pelos socilogos, a autora

    utilizou categorias estabelecidas por Frones (1994): os trabalhos que tratam das relaes

    entre geraes, queles que estudam as relaes entre crianas, os que abordam as crianas

    como um grupo social e os diferentes dispositivos institucionais dirigidos s crianas.

    MONTADON observa (p. 36) que os trabalhos do tema sobre as relaes entre

    geraes, apresentam uma ruptura com as abordagens clssicas da socializao e adotam

    a concepo das crianas como atores. Embora estes trabalhos coloquem as crianas em

    lugar de destaque, so amparados por uma abordagem unilateral da socializao.

    Em relao ao tema das crianas e dos dispositivos institucionais criados para

    elas, a autora verifica que os estudos tiveram como objetivo ver se as instituies (escolas,

    escolas de primeira infncia, etc,.) cumprem bem a sua funo, ou seja, os estudos desse

    4Datada em 1994.5Segundo a autora, os primeiros trabalhos sociolgicos sobre crianas foram nos Estados Unidos na dcadade 20, os quais estavam relacionadas, entre outros aspectos, com os problemas da infncia, trabalho infantil,deficincias mentais.

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    tema buscam conhecer a influencia dessas instituies sobre as crianas6. Estes trabalhos

    partem da perspectiva que as crianas so sujeitos e ao mesmo tempo sujeitadas7 nas

    relaes que estabelecem, pois os adultos no so os nicos a criar a realidade nessas

    instituies, as crianas intervem muito, no so passivas nas relaes com os adultos e

    com o meio que as rodeia.

    Os estudos sobre o tema as relaes entre crianas 8 segundo a autora (p.43):

    foram os que mais contriburam para uma tomada de conscincia do interesse por uma

    sociologia da infncia e da inadequao dos paradigmas existentes. Aponta a realizao de

    vrias pesquisas que do vozes s crianas, buscando saber mais sobre as interaes,

    significaes, argumentaes que as crianas produzem.MONTADON (p.47) discorre que os trabalhos do tema crianas como grupo

    social apontam as questes mais controversas, difceis de resolver, mais cruciais para o

    reconhecimento de uma sociologia da infncia.Estes trabalhos tentam esclarecer a posio

    da infncia como grupo social e a posio desse grupo nos diversos contextos da vida

    cotidiana e nas estruturas do poder poltico e econmico.

    Nesse balano sobre os trabalhos publicados na lngua inglesa, a autora coloca que

    possvel observar que os trabalhos buscam estudar as crianas como seres atuais e no seres

    futuros.

    MONTADON (p.48) coloca ainda, que a variao de temticas emergem no

    momento em que a infncia passa a ser considerada como uma categoria scia que

    constitui um objeto sociolgico em si.

    Segundo os pesquisadores portugueses PINTO & SARMENTO (1997, p. 33), os

    estudos sobre crianas, a partir da dcada de 90, ultrapassaram os campos tradicionais da

    medicina e da psicologia do desenvolvimento para considerar o fenmeno social da

    infncia. As marcas histricas vo constituir diferentes infncias, porque no existe uma

    nica, e sim, em mesmos espaos tem-se diferentes infncias, resultado de realidades que

    esto em confronto.

    6considerando-as como atores7Este termo foi utilizado pelo Professor Dr. Manoel Sarmento em sua fala no seminrio especial.8Tema que autora chamou tambm de o mundo da infncia: interaes e cultura das crianas

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    SARMENTO (1997) chama de paradoxo da infnciao fato de que nunca se teve

    tantos direitos construdos ao mesmo tempo em que tem tantas crianas sem os direitos

    garantidos. Algumas crianas tm seus direitos garantidos, a condio econmica

    fundamental para est garantia. A conscincia pblica j sabe que a criana sujeito de

    direitos, mas coloca a responsabilidade na famlia e na sociedade, as quais tornaram-se

    conformadas e ento, submissas. O paradoxo mais uma vez se faz presente, a garantia dos

    diretos das crianas passa pelos adultos.

    SARMENTO (2001) ao analisar as mudanas contemporneas que implicam no

    estatuto social da infncia, discorre sobre o processo de globalizao, o qual tem

    influenciado diretamente nas diferentes infncias. Para o autor a infncia globalizada,tanto pelos processos polticos (as legislaes que regulam as instituies), pelos processos

    econmicos com a criao de um mercado de produtos para a infncia, como tambm pelos

    processos culturais e sociais, ou seja, com a influncia dos mitos criados a partir de

    programas internacionais de televiso e a prpria institucionalizao dos cotidianos das

    crianas: a difuso das escolas.

    Em relao ao propsito da institucionalizao dos cotidianos das crianas,

    SARMENTO (2001, p. 21) afirma:

    No deixa de ser duplamente paradoxal que a progressiva domicializaodo trabalho dos adultos tenha como contraponto a tambm a progressivasada das crianas do espao domstico,por efeito da institucionalizaodos quotidianos e tempos de vida, e que a permanncia das crianas eminstituies (a escola, sobretudo) tenda a tornar-se muito mais estvel doque a presena dos adultos num emprego. Por efeito da mobilidadeexistente e do desemprego. H desse modo, como que uma troca de posiesentre geraes.

    Em sua fala durante o Seminrio Especial SARMENTO exps que o instrumento

    fundamental para a institucionalizao da infncia foi a criao da escola pblica, em

    particular da escola de massas, isto , da escola orientada para todos e para todas. A criao

    da escola seguiu um modelo universal, ou seja, independente das variaes polticas, dos

    contextos geogrficos, apresentando-se com caractersticas muito similares em todo o

    mundo.

    Nesse sentido, ROCHA (1999, p.43 ) em estudo sobre a trajetria das pesquisas no

    Brasil levanta este mesmo ponto, ou seja, que a modernidade inaugurou a educao da

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    criana em outros espaos, agregando a esta educao um carter mais institucional e

    normalizador, as instituies educativas passam a justificar sua atuao com base em

    princpios cientficos voltados para o enquadramento e o controle social.

    Nesse mesmo estudo, ROCHA (1999. p.135) aponta que nesta perspectiva de

    enquadramento social, baseada em sujeitos idealizados e contextos naturalizados ou

    concretizadas em pesquisas que privilegiam o indivduo e o estabelecimento de padres de

    desenvolvimento e aprendizagem, vem cedendo lugar nestes anos noventa a uma pesquisa

    que cada vez mais leva em conta em suas abordagens s dimenses contextuais do seu

    objeto estudado.

    A autora aponta que principalmente no final deste sculo a delimitao da infnciapor um recorte etrio definido por oposio ao adulto pela pouca idade, pela imaturidade ou

    pela integrao inadequada est sendo contestada. Comeando a surgir um outro conceito

    de criana, atravs da contextualizao, da heterogeneidade e da considerao das

    diferentes formas de insero da criana na realidade, o que representa um novo momento

    na modernidade.

    Em sua tese de doutorado QUINTEIRO (2000) coloca que as sociedades, em geral,

    organizam-se centradas nos adultos ao invs de pensar tambm nas necessidades das

    crianas. A escola que o lugar de crianaacaba por apresentar-se como a responsvel

    em transmitir as normas da sociedade a qual est inserida e assim tambm contribu na

    determinao da infncia e dos limites etrios:

    Como a prpria infncia se tornou uma categoria social eintelectual, os estgios da infncia, tornaram-se visveis. Osestgios da infncia foram inventados pelos professores aodefinirem noes do que uma criana pode aprender ou deveaprender, e em que idade, foram em parte derivadas do conceitode currculo seriado: isto , do conceito de pr requisitoQUINTEIRO (2000, p. 31): .

    A escola fundamental faz com que a criana deixe de ser criana para ser aluno,

    deixe de brincar para aprender ou construir conhecimentos considerados culturalmente

    essenciais, e enquanto isso, as crianas so introduzidas em um mundo estranho e

    adultocntrico. Neste sentido, torna-se menos importante conhecer quem so as crianas

    que freqentam as escolas, as diferentes culturas, os diferentes contextos; fazendo com que

    a responsabilidade pelo fracasso escolar recaia sobre o aluno ou sobre o professor que teve

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    uma precria formao. A escola, em geral, trata as crianas como se todas fossem iguais e

    devessem aprender da mesma maneira e alm disso,

    quando se convive com o cotidiano de diferentes escolas, comoso homogneos os rituais, os smbolos, a organizao doespao e dos tempos, as comemoraes de datas cvicas, asfestas de expresses corporais etc. Mudam as culturas sociaisde referncia, mas a cultura da escola parece gozar de uma

    capacidade de se auto-construir independentemente e seminteragir com estes universos. possvel detectar umcongelamento da cultura da escola que, na maioria dos casos, atorna estranha aos seus habitantes. (CANDAU, apud

    QUINTEIRO, 2000, p. 3)

    A autora em sua fala no Seminrio Especial aponta a necessidade de ajustar o foco

    para alm da psicologia do desenvolvimento e para a construo de uma sociologia da

    infncia no Brasil, para buscar conhecer mais sobre as culturas infantis, sobre como

    brincam as crianas, sobre as relaes que estabelecem com os pais, com a escola , com a

    cidade, etc. Nesse sentido, coloca que preciso reinventar novos mtodos de investigao

    para conhecer mais sobre as crianas, sugere o uso do vdeo, dirio das crianas,

    genealogias (levantamento das articulaes com as famlias para conhecer as histrias de

    vida), anlise pictrica, ou seja, apelo imaginao metodolgica a partir do compromisso

    com uma idia de infncia como construo social.

    SILVA (2001) em sua tese de doutorado intitulada Assalto Infncia no Mundo

    amargo da Cana-de-acar: onde est o lazer/ldico? O gato comeu? busca conhecer o

    usufruto do tempo de lazer/ldico das crianas trabalhadoras da zona da mata canavieira de

    Pernambuco. Desenvolve a anlise dos dados partindo da discusso sobre a hiptese que o

    trabalho infantil rouba a infncia ou a torna precria. Discute as relaes entre trabalho elazer, trabalho e tempo livre, e lazer/ldico na infncia das crianas trabalhadoras.

    Trazendo ainda, muitas reflexes sobre o trabalho infantil diante da perspectiva neoliberal,

    a globalizao e o modo de produo capitalista.

    A partir dessas contribuies dos autores sobre as pesquisas e as discusses sobre a

    infncia, observa-se que as crianas esto presentes desde o incio da humanidade, no

    entanto a infncia enquanto uma categoria social vem sendo construda no decorrer da

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    histria, desse modo, o sentimento de infncia no uma condio natural, mas uma

    condio criada pela histria, enquanto que, o ser criana possui uma origem natural e

    biolgica - no depende da posio social, da cultura ou gnero, um efeito exclusivo da

    idade. Nesse sentido a infncia, o ser criana varia de sociedade para sociedade, e mesmo

    dentro de uma mesma sociedade encontram-se diferenas. O ser criana diferentemente

    vivido, depende do sexo da criana, da raa, da classe social, etc.

    Para os educadores e pesquisadores preocupados com a construo da pedagogia da

    infncia e da pedagogia da educao infantil a discusso sobre a sociologia da infncia

    torna-se extremamente pertinente medida que traz a criana concreta e real, ou seja,

    contribui para saber mais sobre os diferentes modos de vida das crianas, as diferentesinfncias, as culturas infantis, sobre como vem sendo a institucionalizao das infncias,

    como tambm est sendo a falta da institucionalizao. Para sabermos mais sobre as

    crianas, surgem as propostas de descentralizar o olhar do adulto, ou seja, dar voz a estas

    crianas. Mas como ouvir crianas? quais os recursos metodolgicos para se garantir a

    cientificidade? Como deve ser a relao adulto-pesquisador e criana-sujeito? No caso das

    crianas que no falam, como saber mais sobre elas? Como fazer a recolha da voz das

    crianas respeitando princpios ticos, sendo que estes princpios ainda esto em

    construo? Outro desafio o prprio tempo, como fazer pesquisa etnogrfica com este

    tempo de pesquisa?

    As pesquisas indicam cada vez mais a necessidade de uma sociologia da infncia, a

    fim de instrumentalizar os pesquisadores, para dar vozes s crianas, ou seja, saber mais

    sobre o que gostam, o que desejam, o que pensam, etc. A sociologia da infncia est sendo

    construda. um movimento de ida e vinda aos diversos campos disciplinares, sendo que ,

    o ponto comum o desafio metodolgico, pois temos a clareza que no podemos avanar

    na construo de uma pedagogia sem conhecer as crianas. A possibilidade de afirmar uma

    pedagogia da educao infantil e da infncia est na posio de conhecermos as crianas,

    sendo que uma grande dificuldade est com as crianas pequenas, as quais ainda no

    desenvolveram a linguagem oral, embora a comunicao no se d apenas pela via da

    elaborao da linguagem oral, mas sim pelas vrias linguagens e nesse caso no temos

    ainda uma metodologia e ainda os instrumentos utilizados tm enfrentado questionamentos

    enquanto a cientificidade. Talvez um caminho seja a construo de grupos

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    multidisciplinares de estudos e pesquisas, no Brasil no temos est tradio. Frentes de

    pesquisa e grupos de pesquisas representam um horizonte no sentido de construir uma

    trajetria de pesquisas e a prpria continuao dessas.

    Partindo destas discusses sobre criana, infncia, pode-se avanar na reflexo

    sobre a formao do profissional de educao infantil, ou seja,conhecer as crianas e as

    diferentes infncias torna-se fundamental quando se fala em formar professores e

    professoras para trabalhar com crianas de 0 a 6 anos de idade. Como a metodologia de

    pesquisa est em construo, essa prtica de formao tambm vem sendo construda. So

    caminhos novos que apontam para uma qualidade no atendimento institucionalizado das

    crianas.

    BIBLIOGRAFIA

    PINTO, Manoel; SARMENTO, Manoel Jacinto (Org). As Crianas e a Infncia: definindo

    conceitos, delimitando campos. In: As crianas: contexto e identidades. Braga,

    Portugal: Centro de Estudos da Criana, 1997.

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    Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educao (Tese de

    Doutorado), 2000.

    MONTANDON, Cloptre. Sociologia da Infncia: balano dos trabalhos em lngua

    inglesa. Cadernos de Pesquisa, N 112. FCC, So Paulo - Maro de 2001, p.33-60.

    ROCHA, Eloisa Acires Candal. A Pesquisa em educao infantil no Brasil: trajetria

    recente e perspectivas de consolidao de uma pedagogia.Florianpolis: UFSC,

    Centro de Cincias da Educao, Ncleo de Publicaes, 1999.

    SILVA, Maurcio Roberto. O Assalto Infncia no Mundo Amargo da Cana-de-

    acar: onde est o lazer/ldico? O gato comeu? Tese de Doutoramento.

    Campinas:UNICAMP, 2000.

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    SIROTA, Rgine. Emergncia de uma sociologia da infncia: evoluo do objeto e do

    olhar.Cadernos de Pesquisa, N 112. FCC, So Paulo, Maro de 2001, p 7-31.