Contribuição do açúcar a História de Alagoas

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7/24/2019 Contribuição do açúcar a História de Alagoas http://slidepdf.com/reader/full/contribuicao-do-acucar-a-historia-de-alagoas 1/523 MOACIR MEDEIROS DE SANTANA CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DO AÇÚCAR EM ALAGOAS MUSEU DO AÇÚCAR RECIFE 1970

Transcript of Contribuição do açúcar a História de Alagoas

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    1/523

    MOACIR

    MEDEIROS

    DE

    SANTANA

    CONTRIBUIO

    HISTRIA

    DO

    ACAR

    EM

    ALAGOAS

    MUSEU

    DO

    ACAR

    RECIFE

    1970

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    2/523

    Assegura

    Manuel Digues

    Jnior.'

    em

    Prefcio,

    que este

    livro

    traz

    no

    apenas

    unia

    contribuio para

    a

    hist-

    ria

    do acar

    nas

    Alagoas;

    traz,

    isto

    sim.

    toda

    uma soma

    de

    revelaes

    e

    d,*

    dados

    ou

    elementos

    que

    at hoje

    no

    haviam

    sido

    explorados ,

    afirman-

    do

    que

    seu

    autor

    havia se tornado

    o

    maior

    conhecedor

    da

    histria

    das

    Ala-

    goas, no

    por ouvir dizer ou

    por repe-

    tir

    o

    que os

    antigos

    j

    disseram, mas

    por

    pesquisar, investigar,

    estudar,

    com-

    parar , ajuntando que na

    modstia

    de

    uma

    contribuio

    Moacir

    Medeiros

    de

    SanfAna

    oferece

    muita coisa nova,

    ainda

    no

    dita. inexplorada pelos

    que

    o

    antecederam

    (...), indispensvel

    pa-

    ra

    quem quer

    conhecer

    a

    histria

    das

    Alagoas

    naquilo

    que

    ainda

    hoje

    lhe

    para

    interpretao

    de

    seu

    passado

    indispensvel

    e

    inalienvel

    de sua

    formao

    econmica

    ou

    social:

    o

    a-

    car ou

    a

    cana-de-acar .

    No

    captulo

    Variedades e

    doenas

    pela

    primeira

    vez

    se

    conta, e

    com ri-

    queza

    de

    pormenores, a

    histria da

    introduo

    de

    variedades

    de

    canas

    no

    Brasil,

    particularmente em

    Alagoas,

    bem

    assim

    das

    doenas e

    pragas que

    atacaram

    a

    gramnea.

    Da

    introduo

    dos

    instrumentos

    aratrios

    em

    Alagoas,

    bem

    como

    da

    irrigao,

    trata pormenorizadamente

    O

    trato

    da

    terra,

    que igualmente

    nar-

    ra,

    pela

    primeira vez

    em

    trabalho

    no

    gnero,

    a histria

    das experincias

    de

    adubao

    qumica

    ali

    procedidas

    na

    dcada

    inicial do

    sculo.

    Braos

    livres

    e

    escravos

    discorre so-

    bre

    a

    mo-de-obra

    utilizada

    na

    agro-

    indstria do

    acar

    onde,

    no

    passado,

    a

    presena

    do

    negro

    escravo

    era

    uma

    constante.

    Tambm

    historia

    a

    introdu-

    o

    do

    brao

    livre na lavoura

    cana-

    vieira,

    que

    em

    Alagoas

    ocorreu

    muito

    antes

    do que no

    Sul

    do

    pas,

    inclusive

    forada

    pela escassez de

    fora de

    tra-

    balho,

    decorrente

    da

    exportao

    de

    es-

    cravos, principalmente

    para atender

    demanda

    de mo-de-obra de

    So

    Paulo

    e

    Rio

    de

    Janeiro,

    que

    a partir

    dos mea-

    dos do sculo XIX haviam

    comeado

    a

    substituir

    a

    lavoura

    da

    cana-de-acar

    pela

    do caf.

    Em

    A

    monocultura

    da

    cana-de-a-

    car

    vem

    focalizado

    este

    problema,

    que

    se acha

    vinculado

    a um

    outro,

    o

    do

    latifndio.

    Este

    teve,

    como

    se sabe,

    maior

    incremento

    com

    as

    usinas,

    mas

    o

    captulo

    se

    refere

    a documentos,

    da

    fase

    dos

    engenhos,

    referentes

    ao

    as-

    sunto,

    inclusive

    um

    de

    1826,

    que

    trata

    dos

    meios

    mais

    possveis

    para

    au-

    mento

    da

    agricultura ,

    que

    vivia

    en-

    to

    enfraquecida,

    em

    face

    de

    no

    terem

    os

    povos

    que

    a

    frequentam

    ter-

    ras

    prprias

    para

    lavrar.

    (...)

    por

    se

    acharem

    as

    terras

    do

    termo

    (Macei)

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    CONTRIBUIO HISTRIA

    DO

    ACAR EM

    ALAGOAS

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    Do

    Autor

    Publicadas:

    Os

    estudos

    histricos

    e

    os

    arquivos

    em

    Alagoas.

    Macei,

    1962.

    A

    imprensa

    oficial

    em

    Alagoas.

    Macei,

    1962.

    Pequena histria

    da

    Biblioteca

    Pblica

    Estadual.

    Macei,

    1965.

    O

    historiador

    Melo

    Moraes.

    Macei,

    1966.

    Uma

    associao

    centenria

    (Associao

    Comercial

    de

    Macei) Macei,

    1966-

    Benedito Silva

    e sua

    poca

    (Biografia do compositor

    do

    Hino

    de

    Alagoas) Macei,

    1966.

    Contribuio

    histria do

    acar em

    Alagoas. Recife,

    1970.

    A

    publicar:

    A

    imprensa

    maceioense

    no

    sculo

    XIX

    (Prmio

    Cidade

    de

    Macei

    1959).

    Dicionrio bibliogrfico

    alagoano.

    Vultos

    literrios

    da

    provncia.

    Em preparo:

    Velhas

    e

    novas

    usinas alagoanas.

    O

    negro

    em

    Alagoas.

    A

    Guerra

    dos

    Cabanos

    em

    Alagoas.

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    MOACIR

    MEDEIROS

    DE

    SANTANA

    DIRETOR DO

    ARQUIVO

    PBLICO

    DE

    ALAGOAS

    CONTRIBUIO

    HISTRIA

    DO

    ACAR

    EM

    ALAGOAS

    Prefcio

    de

    MANUEL

    DIGUES

    JNIOR

    INSTITUTO DO

    ACAR

    E

    DO

    LCOOL

    MUSEU DO

    ACAR

    RECIFE

    1970

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    SUMARIO

    Prefcio

    Nota

    Introdutria

    Primeira

    Parte

    FUNDAMENTOS

    HISTRICOS DA ECONOMIA ALAGOANA

    I

    Exportao:

    primeiros

    tempos

    II

    Comrcio estrangeiro

    em

    Alagoas

    III

    Pecuria

    IV

    Algodo:

    cultivo

    e

    indstria

    V

    Indstria

    de

    construo

    naval

    Segunda

    Parte

    A

    CANA-DE-ACAR

    EM

    ALAGOAS

    I

    Variedades

    e

    doenas

    II

    Um

    novo

    mtodo

    de

    plantio

    III

    O

    trato da

    terra

    IV

    Braos livres

    e

    escravos

    V

    A

    monocultura

    da

    cana-de-acar

    Terceira

    Parte

    O

    ACAR

    EM

    ALAGOAS

    I

    Engenhos

    II

    Progresso

    tecnolgico

    III

    A

    decadncia

    do

    engenho

    IV

    Engenhos

    centrais

    e

    usinas

    V

    Os

    Mornay

    em

    Alagoas

    Bibliografia

    ndice

    remissivo e

    de

    assuntos

    ndice

    Onomstico

    ndice

    dos

    quadros

    e

    anexos

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    ABREVIATURAS

    usadas

    nas

    referncias

    bibliogrficas

    Peridicos

    AIN

    Auxiliar

    da

    Indstria

    Nacional

    (O)

    BA

    Brasil

    Aucareiro

    BIJN

    Boletim

    do

    Instituto

    Joaquim

    Nabuco

    de

    Pesqui-

    sas

    Sociais

    DC

    Desenvolvimento

    &

    Conjuntura

    ES

    Estudos Sociais

    JA

    Jornal

    de

    Alagoas

    JAG

    Jornal

    do

    Agricultor

    RA

    Revista Agrcola

    RAPA

    Rev.

    Arquivo

    Pblico

    Alagoas

    RAPP

    Rev.

    Arquivo

    Pblico

    (Pernambuco)

    RBM

    Rev.

    Brasileira

    de

    Municpios

    RIAGP

    Rev. Inst.

    Arqueolgico,

    Histrico

    e

    Geogrfico

    Pernambucano

    RIHA

    Rev.

    Instituto

    Histrico

    de

    Alagoas

    RIHGB

    Rev. Inst. Histrico e

    Geogrfico Brasileiro

    Corresp.

    ativa do

    Governo

    da

    Provncia Alagoas

    (mss)

    LAI

    Autoridades

    do

    Imprio

    LAP

    Autoridades

    da

    Provncia

    LGM

    Governadores

    Militares

    LM

    Ministrios

    LMGE

    Ministrios

    da

    Guerra

    e

    dos

    Estrangeiros

    LMI

    Ministrio

    do

    Imprio

    LMIA

    Ministrios

    do

    Imprio

    e

    da

    Agricultura

    LMJ

    Ministrio

    da

    Justia

    LMRI

    Ministrios

    do

    Reino

    e

    do

    Imprio

    LRA

    Reparties

    Arrecadadoras

    LRP

    Reparties da

    Provncia

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    10/523

    Corresp.

    passiva do

    Governo

    da Provncia

    Alagoas

    (mss)

    AA

    Abaixo-assinados

    AE

    Autoridades

    Estaduais

    AF

    Autoridades

    Federais

    ALF

    Alfndegas

    ALG

    Algodo:

    sua inspeo

    ALP

    Assembleia Legislativa

    Provincial

    AP

    Autoridades

    da

    Provncia

    ARJ

    Avisos

    Reservados

    da

    Justia

    ARPB

    Agncias

    de

    Rendas

    em

    Pernambuco e

    Bahia

    AS

    Associaes

    CD

    Comandantes

    de

    Destacamentos

    CDI

    Corpo

    Diplomtico

    CL

    Colnia

    Leopoldina

    CM

    Cmaras

    Municipais

    CO

    Comandantes

    de

    Ordenanas

    CP

    Capitania do

    Porto

    CPO

    Chefe

    de

    Polcia

    CROP

    Corresp.

    da

    Repartio

    de

    Obras

    Pblicas

    Liv.

    Registro

    DE

    Diversos

    do

    Exterior

    DP

    Delegados

    de

    Polcia

    EFA

    Estrada

    de

    Ferro

    Alagoas Railway

    ENG

    Engenheiros

    da

    Provncia

    JF

    Junta

    da

    Fazenda

    JM

    Juzes Municipais

    JP

    Juzes de

    Paz

    MAA

    Ministrio

    da Agricultura.

    Avisos

    ME

    A

    Ministrio

    dos Estrangeiros.

    Avisos

    MFA

    Ministrio

    da

    Fazenda.

    Avisos

    MIA

    Ministrio

    do Imprio. Avisos

    MJ

    Ministrio

    da

    Justia. Avisos

    MMA

    Ministrio

    da

    Marinha.

    Avisos

    MN

    Ministrios

    OP

    Obras

    Pblicas

    PP

    Presidentes

    de

    Provncia

    RM

    Regimento

    de Milcias

    TF

    Tesouraria

    da

    Fazenda

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    11/523

    PREFACIO

    Do

    muito

    que

    j

    se

    tem

    escrito

    sobre

    o

    acar

    ou a

    cana

    de

    acar

    no

    Brasil

    ou,

    em

    particular,

    no

    Nordeste,

    histria

    ou

    sociologia,

    folclore ou

    poltica, ecologia

    ou

    geografia,

    se

    poderia

    deduzir que

    tudo

    j

    estava

    dito.

    Poderia

    deduzir-se,

    mas

    no

    verdadeiro.

    Muito se

    tem

    repetido;

    o

    que os

    primei*

    ros

    cronistas

    disseram

    se vem repisando

    pelos

    tempos

    afora.

    O

    que historiadores disseram,

    no

    sculo

    passado

    ou

    neste, con-

    tinua sendo dito e

    repetido.

    A histria, neste

    campo

    o

    do

    acar

    ou

    da

    cana

    de

    acar

    nada

    renovou.

    Quer

    dizer,

    nada

    acrescentou de

    novo. Interpretao

    sociolgica

    acerca do

    acar,

    e

    seu

    papel na

    formao

    da

    sociedade

    brasileira,

    ou

    da

    nordestina,

    em

    especial,

    tambm

    tem sido

    quase

    repetida.

    De

    novo

    pouca

    coisa se

    acrescentou.

    Por que? Claro

    que

    a

    pesquisa

    no

    Brasil ainda

    engatinha;

    documentos,

    papis, relatrios,

    correspondncia

    dormem

    serena-

    mente

    nos arquivos.

    Se as

    traas

    no

    os

    destroem,

    so

    esque-

    cidos

    nas gavetas. E

    o

    que

    pior

    quanto no

    j

    foi

    vendido

    a quilo? ou dado

    a

    amigos que

    fizeram

    coleo de

    autgrafos

    ou

    separaram coisas curiosas

    ou

    pitorescas,

    botando

    o resto

    fora?

    Quanta coisa no h, nos

    arquivos, nos

    cartrios,

    aguardando

    seja

    descoberta para

    refazer

    as

    histrias

    contadas

    at

    hoje

    Quanta

    coisa

    no

    surpreenderia retificando o

    lugar

    comum, comumente,

    semcerimonio

    smente,

    repetido

    Do

    sculo

    XIX, em

    particular,

    est quase

    tudo

    por

    escre-

    ver.

    E quero

    esclarea-se logo

    referir-me

    to s

    ao a-

    car ou

    cana

    de

    acar, em

    sua

    dimenso

    histrica,

    sociolgica,

    ecolgica,

    e

    no

    apenas econmica.

    Poderamos

    dizer

    simples-

    mente

    em sua

    viso

    histrica.

    E

    seria

    o

    bastante. Histria

    a

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    12/523

    compreendemos

    aqui

    no

    sentido

    mais

    amplo

    possvel:

    o

    material

    indispensvel, a

    fonte

    irrecorrvel,

    para

    se

    interpretar

    sociolo-

    gicamente

    ou

    economicamente

    ou ecologicamente o

    fato.

    No

    caso,

    o

    que

    se

    passa,

    ou se

    passou,

    com

    o

    acar.

    Ainda

    no

    se

    explorou

    devidamente

    o

    que

    h de

    precioso

    e

    continuamos

    a nos

    referir

    to

    s

    ao

    sculo XIX

    como

    informao,

    como

    fato,

    como

    documento,

    nas

    falas

    ou

    rela*

    trios

    presidenciais

    das

    Provncias.

    Relatrios

    de

    Inspetores

    de

    Higiene ou de

    Instruo ou

    de

    Obras.

    Correspondncia

    con-

    sular ou

    entre

    os

    governos

    provinciais

    e os

    ministrios.

    Corres-

    pondncia

    de

    outra

    natureza

    tambm

    guardada

    em

    arquivos,

    igualmente.

    Pouco ou

    nada

    tem sido

    explorado

    este

    material

    de

    sentido

    histrico, imprescindvel

    para

    reconstituir

    o

    passado

    novecentista do

    Brasil.

    E

    que

    mundo

    de

    coisas

    a

    se

    encon-

    traria: as

    falas

    ou

    relatrios

    presidenciais

    so

    um

    manancial,

    quase

    ainda virgem, apenas

    aqui

    ou ali tocado,

    aqui ou ali uti-

    lizado

    e

    explorado.

    E nessa documentao,

    fixando

    o

    quase

    dia-a-dia da

    administrao

    tais

    falas

    ou

    relatrios

    so

    cons-

    tantes

    porque

    o

    presidente

    ao

    deixar a

    administrao

    fazia

    o

    seu

    relatrio

    h

    informaes

    e

    elementos capazes

    de

    contri-

    buir

    para toda

    uma reconstituio

    hoje histrica.

    Se

    ainda

    h

    muito

    que pesquisar,

    que

    investigar nos

    ar-

    quivos,

    que

    rebuscar

    nessas

    falas''

    presidenciais,

    de

    louvar

    os que

    vo

    enfrentando

    as

    dificuldades

    e

    procurando

    o

    que

    h

    nos

    arquivos.

    O

    caso,

    por exemplo,

    desse moo

    que

    hoje

    traz,

    com

    este

    livro,

    no

    apenas

    uma

    contribuio

    para

    a

    histria do

    acar

    nas

    Alagoas;

    traz,

    isto

    sim,

    toda

    uma

    soma

    de

    revela-

    es

    e

    de dados

    ou

    elementos

    que

    at hoje

    no haviam

    sido

    explorados.

    Moacir

    Medeiros

    de

    Sant

    9

    Ana um pesquisador

    nato;

    nato

    e,

    sobretudo,

    honesto.

    E

    se

    tornou

    hoje

    descul-

    pem a

    franqueza

    os mestres

    o

    maior conhecedor

    da

    histria

    das

    Alagoas,

    no por

    ouvir

    dizer

    ou por repetir

    o

    que

    os

    antigos

    j

    disseram,

    mas

    por pesquisar,

    investigar,

    estudar,

    comparar.

    O

    que,

    alis,

    faz

    neste

    volume,

    que

    tenho a

    honra

    de

    apre-

    sentar,

    com

    a

    satisfao de

    quem

    j

    teve

    e

    bem sei

    as

    difi-

    culdades,

    grandes

    e

    quase

    intransponveis

    dificuldades

    a

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    13/523

    pachorra

    de pesquisar

    sobre

    os

    velhos

    bangiis alagoanos, pro-

    curando

    dar uma

    contribuio

    que

    representou

    o

    primeiro

    estu-

    do

    srio acerca do engenho

    de

    acar

    e

    por

    extenso,

    de

    todo

    o

    acar

    no

    passado

    das

    Alagoas:

    em sua

    histria,

    em

    sua

    sociedade,

    em

    sua

    poltica,

    em

    sua

    atividade cultural.

    Na

    modstia

    de uma

    contribuio

    traz Moacir

    Medeiros

    de SanfAna elementos novos,

    arrancados

    de

    velhos documentos

    do

    Arquivo

    alagoano,

    para

    informar muita

    coisa que

    se

    igno-

    rava. Para

    dizer

    muita

    coisa de

    que mal

    se

    tinha

    notcia.

    Para

    aclarar

    muitos

    pontos

    at

    ento

    em

    dvida.

    Muito

    do que

    eu

    no

    pude

    dizer,

    em

    O

    bang

    nas

    Alagoas,

    justamente

    pela

    carncia

    no

    caso, mais

    pelo

    desconhecimento

    das

    fontes,

    pde

    ele

    agora

    revelar

    e

    informar

    .

    O

    que

    se

    denomina

    modes-

    tamente de

    Contribuio

    se

    transforma num estudo

    que

    j

    se

    torna

    indispensvel

    para

    o

    conhecimento

    do

    passado

    aucareiro

    das

    Alagoas,

    revelando-nos

    fatos

    e coisas mal

    entrevistos,

    e

    quase sempre

    no

    registrados

    at

    agora.

    Do

    que

    se

    pode

    dedu*

    zir,

    consequentemente, a

    importncia

    deste

    volume.

    Claro que um

    historiador

    no

    faz,

    por

    si

    s,

    uma

    histria.

    Histria

    se

    escreve

    pelo

    trabalho

    continuado das

    geraes.

    Varnhagen

    estaria

    incompleto sem

    as

    notas

    que

    Capistrano

    e

    Rodolfo

    Garcia

    lhe

    acrescentaram.

    Um

    historiador

    ergue

    os

    alicerces,

    os primeiros

    muramentos; outros

    vm seguidamente

    lhe

    acrescentar

    os

    andaimes, levantar

    os

    andares

    e

    as

    paredes.

    E no raro

    nesta

    tarefa

    que

    complementa

    precisa

    revisar

    o

    que

    foi

    feito

    antes.

    o

    trabalho

    da

    pesquisa,

    continuado, ininter-

    rupto,

    insubstituvel

    . Muitas

    vezes

    o

    historiador

    v apenas,

    num

    documento,

    um

    aspecto

    ou

    uma

    informao

    que,

    no

    momento^

    lhe interessa

    de

    maneira

    quase

    exclusiva. Outro

    explora,

    de-

    pois,

    o

    mesmo

    documento,

    e da

    tira ovos

    elementos,

    s

    vezes

    um

    fato

    inesperado,

    uma interpretao distinta

    da

    anterior.

    Assim

    tem sido,

    neste

    contnuo

    de

    reviso

    histrica,

    o

    trabalho

    dos

    historiadores,

    na

    sequncia

    do

    tempo,

    atualizando-se

    o

    que

    foi

    dito, no

    raro

    retificando

    e

    reformulando,

    muitas vezes com-

    pletando

    o

    que

    os antepassados

    disseram,

    no

    legado

    decerto

    sem-

    pre

    valioso

    e

    indispensvel

    do

    que

    deixaram

    escrito.

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    14/523

    Na

    histria

    a

    tarefa

    da pesquisa

    ininterrupta.

    Nenhum

    historiador

    pode

    considerar

    sua

    obra completa. H

    sempre

    um

    elemento a

    descobrir, a encontrar,

    que

    retifica

    ou

    aclara

    o

    dito

    anterior.

    De

    modo

    que

    as

    contribuies

    so

    sempre

    recebidas

    como

    qualquer

    coisa

    que vem,

    se no atualizar,

    ao

    menos

    escla-

    recer o

    que

    ficou

    no tempo passado.

    No caso

    deste estudo

    de

    Moacir

    Medeiros

    de

    Sant'Ana

    no se trata

    de contribuio ape-

    nas com

    esse

    fim

    ou

    por

    isso;

    ao

    contrrio:

    contribuio

    que

    traz muita

    coisa nova, ainda

    no

    dita,

    inexplorada

    pelos

    que

    o

    antecederam.

    como

    uma renovao,

    mais

    que

    uma

    reviso,

    acerca do acar nas Alagoas.

    Veja-se, por

    exemplo,

    que

    o

    autor

    no

    explora

    a

    temtica

    clssica

    da

    histria

    tambm

    clssica:

    vir

    cronologicamente

    refe-

    rindo os

    fatos,

    reconstituindo

    os

    acontecimentos.

    Moacir

    Me-

    deiros

    de Sant

    9

    Ana pega

    certos aspectos

    da

    cultura

    da

    cana

    ou

    da

    indstria

    do

    acar

    e os

    situa,

    na

    viso

    histrica,

    no

    quadro

    de

    nossa

    formao

    econmica

    ou

    de

    nossa

    vida

    societria.

    No

    se

    apegou

    cronologicamente

    aos

    fatos

    nem

    se

    preocupou

    com

    datas

    e

    nomes, muito

    embora datas

    e

    nomes apaream

    muitas

    vezes,

    e

    com uma

    considervel

    importncia,

    pela

    prpria natu-

    reza

    dos

    temas

    abordados.

    No

    se preocupou

    com

    perodo

    co-

    lonial

    ou

    imperial;

    nem

    com

    a

    sequncia

    administrativa.

    O

    que

    o

    preocupou

    foram

    os

    fatos,

    possveis

    de serem

    arrancados

    dos

    documentos, em sua

    extraordinria

    maioria

    ainda

    inditos

    ou,

    pelo

    menos,

    desconhecidos

    do

    grosso

    pblico,

    e os

    interpretou,

    Deu-lhes

    a

    vestimenta do

    historiador,

    e

    os trouxe

    colao

    his-

    trica; tirou-os

    do

    esquecimento

    e

    lhes

    deu

    a

    colocao

    que

    na-

    turalmente

    lhes

    cabia

    no

    processo

    histrico

    da

    economia

    au-

    careira

    .

    S este

    dizer

    se

    me

    afigura

    suficiente

    para

    mostrar

    a

    im-

    portncia

    deste

    volume

    modestamente

    apresentado como

    uma

    contribuio.

    Se contribuio,

    ,

    de

    fato,

    uma

    contribuio

    j

    hoje

    indispensvel para quem

    quer

    conhecer

    a

    histria das

    Alagoas

    naquilo

    que

    ainda

    hoje

    lhe

    para interpretao de

    seu

    passado

    indispensvel

    e inalienvel

    de

    sua

    formao

    eco-

    nmica

    ou

    social:

    o

    acar,

    ou

    a cana

    de

    acar.

    Pois no

    se

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    15/523

    pode

    falar

    em

    histria das

    Alagoas

    sem

    referir o

    acar;

    no

    se

    pode

    escrever

    o

    passado

    econmico ignorando

    a

    presena

    do

    acar;

    no se

    pode

    descrever

    a sociedade

    colonial

    ou imperial

    sem

    lig-la

    ao

    domnio

    do

    acar;

    enfim,

    no se

    pode

    ignorar,

    na

    histria

    das

    Alagoas,

    qualquer

    a

    dimenso que

    se a

    estude

    ou a interprete,

    esta

    presena

    imperial,

    soberanamente

    domi-

    nante, quase

    absorvente, como

    o

    prprio massap

    da

    terra

    que

    alimentou os

    canaviais:

    a do

    acar,

    desde

    a prtica

    agrcola

    no

    que

    se

    refere

    cana

    de

    acar,

    at

    industrializao

    ou

    ao

    comrcio, no

    que

    diz respeito

    ao

    acar.

    So

    dois

    aspectos

    o

    da agricultura

    e o

    da

    indstria

    a

    que

    o

    Autor d natural

    importncia.

    E no

    poderia

    ser

    dife-

    rente.

    Da

    agricultura

    aborda

    o

    Autor

    alguns

    temas

    realmente

    pouco explorados

    at

    agora,

    mas

    que, na

    histria

    da

    sociedade

    canavieira,

    tem

    uma

    posio importante

    pelo

    que

    refletem

    na

    produo.

    De um lado,

    os

    temas relacionados

    com a tcnica

    agronmica

    que,

    em

    geral,

    tem

    sido

    esquecida:

    as

    variedades

    de

    cana, os mtodos de

    plantio,

    o

    trato

    da

    terra;

    do

    outro

    lado,

    o

    que

    se

    refere

    ao

    elemento

    humano,

    ou seja,

    o

    homem que

    trabalha

    a

    terra,

    e

    o

    exclusivismo

    da

    lavoura,

    criando

    os

    natu-

    rais

    problemas

    sociais e econmicos

    decorrentes

    da

    monocultura.

    Como velho

    e

    quase

    aposentado

    pesquisador

    de

    assuntos

    aucareiros,

    creio

    ser,

    neste

    estudo,

    a primeira

    vez

    que

    vejo

    contado

    o

    que

    se

    refere

    a

    variedades

    de canas

    e

    sua

    introduo

    no

    Brasil.

    O tema

    no

    tratado

    apenas

    quanto

    s

    Alagoas;

    Moacir

    Medeiros

    de San?

    Ana estendeu-o

    ao pas, em seu todo.

    Parece-me, a

    esse

    respeito,

    trabalho

    originalmente

    nico,

    pois

    descreve

    a

    introduo

    de

    variedades de

    cana no Brasil, utili-

    zando

    uma

    documentao

    at

    ento

    inexplorada. Talvez

    o

    mesmo

    se

    possa

    dizer

    quanto a

    pragas

    e

    doenas

    na cana

    de

    acar

    .

    No

    que se

    refere,

    especificamente,

    indstria,

    no

    apenas

    aborda

    o

    que trata

    das

    tcnicas

    de

    produo

    os

    engenhos,

    a

    tecnologia,

    os

    engenhos

    centrais e

    as

    usinas,

    como

    tambm

    estuda

    a

    contribuio

    que

    para

    melhoria da tcnica

    deram

    alguns

    especialistas.

    De

    modo

    particular

    refere-se

    aos

    Mornay,

    cuja

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    16/523

    presena no

    Nordeste

    foi

    expressiva

    no

    fomento

    da

    economia

    aucareira.

    Ingleses

    de

    origem

    francesa,

    fixaram-se

    na

    regio

    o

    pai

    e

    trs

    filhos

    e

    a

    se tornaram

    uma

    famlia,

    da

    qual

    o

    ento presidente

    da

    Provncia

    das Alagoas,

    Souza

    Carvalho,

    em

    1862,

    podia

    dizer:

    cuja

    inteligncia

    e atividade

    se

    tm

    exercido

    de

    modo

    utilssimo

    ao

    progresso

    do

    Brasil .

    Dessa

    referncia

    do

    ofcio

    presidencial

    se pode deduzir

    que

    se trata

    realmente

    de

    especialistas

    com contribuies

    de

    mrito

    para

    a

    economia

    do acar nas

    Alagoas.

    Dos

    Mornay,

    alis,

    pouca

    coisa

    se

    sabia at agora;

    e

    muita

    coisa

    nos

    revela

    o

    estudo

    de

    Moacir

    Medeiros

    de San?

    Ana.

    Outro

    aspecto interessante,

    que

    me

    parece

    tambm

    pela

    primeira

    vez

    revelado

    e

    j

    agora

    no

    que toca

    ao

    aperfeioa-

    mento

    do

    processo

    tecnolgico

    o

    que trata

    da

    introduo

    do

    engenho

    a vapor nas

    Alagoas.

    Com

    base em

    referncia

    encontrada em

    relatrio

    presidencial,

    havia

    eu

    informado,

    em

    O

    bang

    nas

    Alagoas, uma

    certa

    data

    para

    a

    introduo

    do

    vapor nos engenhos alagoanos.

    J

    agora, utilizando

    informa-

    es

    de um documentrio

    de

    natureza

    policial ,

    Moacir

    Me-

    deiros

    de San?Ana

    pde

    recuar

    esta

    data:

    o

    primeiro engenho

    a

    vapor

    funcionou,

    realmente,

    cinco anos antes

    do

    que havamos

    eu

    e

    igualmente outros

    autores

    acreditado,

    ou seja

    em

    1846,

    no

    engenho Vrzea

    do

    Souza,

    em Camaragibe.

    Se

    nestas duas

    partes

    a da

    agricultura

    e

    a

    da inds-

    tria

    h

    toda

    uma contribuio

    nova

    para

    conhecimento

    do

    assunto

    tratado,

    no

    menos se

    pode dizer

    da

    primeira parte,

    de-

    dicada

    ao

    conhecimento

    histrico

    da economia

    aucareira,

    no

    que particulariza

    o

    comrcio,

    a

    presena

    da

    pecuria

    e

    do

    algo-

    do em

    suas relaes

    com

    o

    acar,

    os

    preos,

    enfim

    o

    quadro

    que,

    a

    partir

    da emancipao

    das Alagoas,

    em

    1817,

    caracte-

    riza

    economicamente a

    histria

    do

    acar

    na ento Provncia

    e

    hoje Estado.

    Porque

    justamente

    este

    perodo

    que

    o

    Autor

    toma para seu estudo:

    o

    que

    se

    inicia com a emancipao

    das

    Alagoas.

    Quando

    Alagoas

    comea

    a

    governar-se

    diretamente,

    autnoma

    e

    livre,

    com

    a

    iniciativa

    de

    seus

    prprios

    filhos.

    Os

    aspectos

    histricos

    desses

    captulos

    no se

    situam

    numa

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    17/523

    enumerao

    cronolgica

    de

    datas

    ou

    de

    fatos; os

    temas

    focali-

    zados

    referem-se

    especificamente

    ao

    processo

    econmico,

    visto

    justamente

    em

    sua

    dimenso

    histrica,

    e

    partindo

    da

    anlise

    de

    documentos,

    oficiais

    em

    sua

    maioria,

    atravs

    dos

    quais

    ressurge

    toda

    a

    histria

    do perodo.

    E

    a

    est

    outro

    aspecto

    que

    merece

    ser

    salientado

    neste

    livro:

    o da

    documentao

    utilizada.

    Moacir

    Medeiros

    de SantAna

    utiliza

    fontes,

    em sua

    quase

    exclusividade,

    inditas.

    So

    documentos

    de

    um

    arquivo que

    deve

    a ele

    mesmo

    sua

    prpria

    ressurreio:

    o

    arquivo

    do

    Esta-

    do.

    Eram

    documentos

    papis

    oficiais,

    correspondncia

    mi-

    nisterial,

    ofcios

    consulares,

    enfim

    fontes

    ainda

    inditas

    que

    viviam

    abandonados,

    esquecidos, ofertados

    gratuitamente

    s

    traas.

    le

    conseguiu

    o

    milagre

    de

    recuper-los,

    de

    organiz-

    los, de

    agrup-los;

    e

    principalmente

    o

    de

    estud-los

    e

    analis-

    los,

    interpretando,

    com

    eles,

    uma

    fase

    bem

    larga

    da

    histria

    alagoana naquilo que lhe

    ,

    do

    ponto

    de vista

    econmico,

    funda-

    mental:

    a do

    acar.

    Pois

    o

    Arquivo

    Pblico

    de Alagoas

    o

    que

    graas

    a

    Moacir

    Medeiros

    de

    SanfAna.

    Seria

    este

    o

    melhor

    elogio

    que

    se

    lhe poderia

    fazer,

    se

    seu

    trabalho,

    de

    fundo

    em grande

    parte

    material

    o

    da

    recupe-

    rao e

    o da arrumao

    desses

    documentos

    preciosos, mas

    at

    ento

    esquecidos

    no

    tivesse

    sido

    completado

    pelo de

    car-

    ter

    intelectual:

    o

    do

    aproveitamento, por

    le

    prprio,

    do

    que

    se

    refere

    economia

    aucareira.

    O

    que

    constitui um

    verda-

    deiro

    chamado

    aos

    historiadores

    e aos

    cronistas das Alagoas

    para

    que

    corram

    a

    esse

    manancial,

    que

    o

    utilizem, que

    o

    ex-

    plorem,

    e

    que assim

    possam

    dar,

    aos

    quadros da

    histria

    ala-

    goana,

    uma

    reconstituio mais

    autntica, na

    caracterizao

    dos

    fatos

    luz

    dessa

    documentao,

    quase

    toda

    indita, conse-

    quentemente

    original

    e

    quase virgem

    para

    ser

    devidamente

    es-

    tudada

    e

    interpretada. Estudo

    e interpretao

    da histria

    ala-

    goana,

    que

    est

    reclamando

    se

    faa

    com a maior urgncia.

    Contudo,

    suas

    pesquisas no se

    restringiram

    s

    fontes

    en-

    contradas nas

    Alagoas. Outros

    arquivos,

    sobretudo no Rio

    de

    Janeiro

    e no

    Recife, foram

    investigados.

    Tambm

    a muita

    coisa

    foi

    encontrada e

    revelada,

    com

    o que

    o

    Autor

    levantou,

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    18/523

    de

    fato,

    um

    acervo

    de

    informaes

    rico

    e

    variado. Foram,

    porm, as

    fontes

    do

    Arquivo Pblico

    de Alagoas sua

    base

    principal,

    em

    especial

    porque

    quase

    totalmente ainda

    inexplo-

    rado.

    E

    quase

    mesmo

    perdido, pelo

    descuido

    com

    que,

    duran-

    te

    muitos

    anos,

    foram

    tratados

    os

    documentos ali

    reunidos.

    Creio que

    este

    ,

    afinal

    de

    contas,

    um outro

    mrito

    dessa

    Contribuio

    :

    o

    de

    abrir

    perspectivas para

    novos estudos,

    com

    base

    na documentao

    que

    o

    Arquivo

    Pblico

    oferece ao

    pes-

    quisador,

    historiador ou cronista,

    que

    queira investigar

    o

    pas-

    sado

    alagoano.

    No

    s do

    ponto

    de

    vista

    econmico,

    a con-

    tribuio

    do

    algodo,

    da

    pecuria,

    o

    papel da

    administrao

    pblica, os

    problemas

    de

    educao,

    de sade pblica,

    de

    ini-

    ciativas

    tecnolgicas

    ;

    tambm na

    paisagem

    humana

    regional,

    a

    presena

    de

    estrangeiros,

    a

    vivncia

    social, as

    relaes

    de

    tra-

    balho

    numa

    sociedade

    escravocrata,

    a

    implantao

    do trabalho

    livre.

    Tudo

    isso,

    acredito,

    proporcionar

    ao

    pesquisador

    novos

    elementos

    para estudo e

    interpretao

    do

    passado alagoano,

    sobretudo

    a

    partir

    do sculo

    XIX.

    Sculo

    repita-se

    de

    importncia

    considervel

    na

    vida alagoana,

    como,

    de

    resto,

    na

    de todo

    o

    Brasil, mas

    ainda

    no

    devidamente

    pesquisado

    e

    estudado

    de crer

    que as

    pistas

    aqui

    indicadas,

    em

    documentos

    ainda

    no explorados,

    tero

    oportunidade

    de abrir

    novos

    aspec-

    tos para

    estudo

    do

    passado

    alagoano

    .

    o

    que

    se

    pode

    deduzir

    da

    leitura

    dessa

    Contribuio

    que,

    com

    nome

    to

    modesto

    e

    to simples,

    representa,

    na

    realidade,

    a abertura

    de

    novos

    co-

    nhecimentos

    na

    histria

    alagoana

    no

    que

    esta

    tem

    de

    particular

    ligao

    e

    ligao

    to

    ntima,

    to

    constante,

    to

    definidora

    com

    a economia

    do acar.

    Rio

    de

    Janeiro,

    julho

    de

    1969.

    MANUEL

    DIGUES

    JNIOR

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    19/523

    NOTA INTRODUTRIA

    Em

    1986

    o

    engenheiro-agrnomo

    Evaldo Inojosa. ento

    Presidente

    do

    Sindicato

    da

    Indstria do Acar,

    no

    Estado

    de

    Alagoas,

    nos

    formulou

    convite

    para

    a

    elaborao

    de uma

    histria

    do acar

    em

    nosso

    Estado.

    A

    17

    de agosto

    do

    citado

    ano,

    em

    correspondncia

    diri-

    gida

    quele Presidente, frisamos o

    quanto

    seria

    difcil

    a

    obten-

    o

    de

    documentos

    bsicos

    destinados

    elaborao

    do

    pre-

    tendido trabalho, haja

    vista

    o

    desaparecimento

    dos

    arqui-

    vos

    das

    entidades

    s

    quais

    sempre

    estiveram

    ligados os

    pro-

    blemas

    da

    agro-indstria

    do

    acar

    em

    Alagoas,

    a

    exemplo

    do

    Comcio

    Agrcola do Quitunde

    e

    Jetituba

    (fundado

    em

    23

    de

    maio

    de

    1375)

    ; da

    Sociedade

    de Agricultura

    Alagoana

    (instalada a 23

    de

    maro

    de

    1904)

    ;

    da

    Comisso

    de

    Vendas

    dos

    Usineiros

    de

    Alagoas

    (instituda

    em outubro

    de

    1933),

    para

    n^o

    falar

    no

    documentrio

    dos

    antigos engenhos

    e

    usi-

    nas

    e outros

    rgos

    que

    tiveram estreita

    ligao

    com

    a

    la-

    voura

    canavieira alagoana, privando assim

    os

    estudioso: i

    histria

    regional

    de

    documentrio

    insubstituvel.

    Mas

    ao

    dirigirmos

    a

    aludida correspondncia

    de

    17

    de

    agosto

    j

    nos

    encontrvamos

    a

    braos

    desde

    o

    incio

    do

    ano

    com as

    pesquisas

    para

    o

    preparo

    de

    um

    estudo

    acerca

    da

    Asscciao

    Comercial

    de Macei,

    para ser

    divulgado

    no

    centenrio

    de

    sua instalao,

    a

    7

    de setembro

    do

    mesmo

    ano,

    cuja

    histria, logo

    ao

    iniciarmos

    as investigaes,

    compro-

    vamos entrelaar-se

    intimamente

    corn

    a do

    acar e

    do al-

    godo

    em Alagoas.

    Principalmente

    a

    do

    acar,

    que

    tem

    sempre

    constitudo

    o

    termmetro

    das

    finanas

    do

    Estado.

    Dada

    a

    exiguidade

    de

    tempo

    evolumos

    para

    a

    ideia da

    reconstituio tanto

    quanto

    possvel

    completa

    e

    exata da

    capital

    maceioense naquele

    longnquo ano

    de

    1866,

    quando

    a

    Associao

    Comercial de

    Macei surgiu,

    seguida

    de

    um

    his-

    trico

    dos

    seus

    primeiros

    anos

    de

    funcionamento,

    reservan-

    do

    para

    posterior

    trabalho

    os

    informes relativos

    agro-inds-

    tria

    aucareira

    alagoana.

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    20/523

    20

    MOACIR

    MEDEIROS

    DE

    SANTANA

    Pudemos,

    ento,

    aquilatar

    a

    importncia

    do acervo

    do-

    cumental

    do

    Arquivo

    Pblico

    de

    Alagoas,

    que

    a

    incria

    ou

    desinteresse

    de

    certos

    governantes

    no foram

    suficientes

    paia

    destruir,

    e

    que

    viria depois servir

    de

    base fundamental

    ela-

    borao

    deste

    estudo.

    No

    ser,

    pois,

    exagero

    afirmar

    que sem

    le

    este

    trabalho

    no

    seria

    escrito.

    Nos dois

    anos

    e

    meio

    que

    estivemos

    em

    regime

    de

    tempo

    integral

    dedicado

    ao

    preparo deste

    trabalho

    as surpresas

    dos

    achados

    de

    relevncia cresciam

    medida

    que avanam

    as

    nossas

    pesquisas

    de

    mxima amplitude,

    efetuadas

    numa

    m-

    dia

    de

    12

    horas

    dirias.

    (*)

    Estas

    investigaes, porm,

    no

    se

    restringiram

    Pro-

    vncia.

    Durante

    os

    meses

    de

    julho

    e

    agosto

    de

    1967

    estive-

    mos no

    Rio

    de

    Janeiro, onde empreendemos pesquisas,

    igual-

    mente

    em jornadas de

    12

    horas, nas

    bibliotecas

    da

    Socieda-

    de

    Nacional de

    Agricultura,

    Ministrio

    das

    Relaes

    Exterio-

    res

    (Itamarati),

    Instituto

    Histrico

    e

    Geogrfico

    Brasileiro,

    Gabinete

    Portugus

    de

    Leitura,

    na

    Biblioteca

    Nacional

    e

    no

    Arquivo

    Nacional.

    Tambm

    pesquisamos no

    Recife,

    nas

    bibliotecas

    do

    Museu

    do

    Acar

    e

    do

    Gabinete

    Portugus

    de

    Leitura.

    Das

    investigaes

    procedidas

    no

    Rio

    de

    Janeiro

    resultou

    a

    coleta

    de

    preciosos

    informes

    recolhidos

    em

    antigos

    peri-

    dicos,

    a

    respeito

    da

    indstria aucareira no

    Brasil, quase

    de

    todo

    desconhecidos

    dos

    nossos

    historiadores

    do

    acar,

    ape-

    nas

    parcialmente

    aproveitados

    por

    Jernimo

    de Viveiros

    nu-

    ma

    srie

    de

    artigos

    estampados

    no

    Brasil Aucareiro

    a

    partir

    de

    setembro de

    1944,

    subordinada

    ao

    ttulo

    O

    acar atra-

    vs

    do

    peridico

    O

    Auxiliador

    da

    Indstria Nacional .

    Dividido

    o

    presente estudo

    em

    trs

    partes,

    a primeira

    delas

    Fundamentos

    histricos

    da

    economia

    alagoana

    constitui

    praticamente

    parte

    introdutria.

    Se

    bem

    que

    de

    acar tratem

    seus

    dois

    primeiros

    cap-

    tulos

    Exportao: primeiros

    tempos

    e Comrcio

    Es-

    trangeiro em

    Alagoas

    ,

    atravs

    dos quais damos

    conhe-

    (*)

    Durante seu transcurso,

    ao

    lado

    de

    informes

    pertinentes

    indstria

    aucareira

    alagoana, encontramos

    material

    indito

    to

    extenso

    quan-

    to

    importante,

    para um

    estudo

    histrico

    sobre O

    negro

    em

    Alagoas,

    bem

    assim

    para

    outro,

    a

    respeito

    da

    Guerra

    dos

    Cabanos

    em

    Alagoas,

    apenas

    citada

    de

    raspo

    nos

    compndios

    de

    histria,

    luta

    fratricida

    que

    de

    1832

    a

    1835

    ensanguentou

    a

    zona

    norte

    da

    antiga

    Provncia,

    onde

    se

    achava

    na

    poca levantado

    o

    maior

    nmero

    entre

    os quais

    os

    melhores

    dos

    nossos

    engenhos

    de

    fabricar

    acar.

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    21/523

    CONTRIBUIO HISTRIA DO

    ACAR EM

    ALAGOAS

    21

    cimento

    da

    exportao

    direta

    daquele

    produto

    para

    o

    exte-

    rior,

    desde

    a

    poca

    da

    nossa

    emancipao

    poltica,

    bem

    assim

    do

    monoplio do comrcio aucareiro

    exercido

    em Macei

    por

    firmas

    estrangeiras,

    notadamente

    inglesas,

    a

    incluso

    dos

    de-

    mais captulos na parte

    referida

    Pecuria ;

    Algodo:

    cultivo

    e

    indstria

    e

    Indstria

    de

    construo

    naval

    vi-

    sou

    antes

    de tudo

    a divulgao

    de

    material

    indito,

    face

    sua

    importncia

    primordial

    para

    estudos

    acerca

    da

    histria

    econmica

    de

    Alagoas,

    cuja

    bibliografia

    sumamente escassa.

    Nas

    duas outras

    partes

    A

    cana-de-acar

    em

    Alagoas

    e O

    acar em Alagoas

    ,

    nos

    limitamos a enfocar quase

    que

    unicamente

    a

    histria

    da

    agro-indstria

    em

    nosso

    Estado

    a

    partir

    do

    sculo

    XIX,

    mesmo

    porque

    muito pouco

    h,

    na

    verdade,

    a se

    acrescentar

    ao histrico

    acerca de

    seus

    primr-

    dios

    a

    respeito

    dos quais

    rareiam

    os

    documentos

    ,

    j

    minuciosa

    e

    magistralmente

    tratados por Manuel

    Digues

    Jnior

    em

    O

    bangii

    nas Alagoas.

    (**)

    i

    No

    preparo

    do

    presente

    estudo

    a nossa

    preocupao

    maior

    foi

    a

    de

    utilizar documentos inditos. Da constitui-

    rem-se

    principalmente

    deles

    as

    fontes

    das

    quais fizemos

    uso,

    todas

    elas

    integrantes

    do

    acervo

    do Arquivo

    Pblico

    de

    Alagoas

    .

    A parte consultada

    desse documentrio,

    constituda

    por

    cerca

    de 200.000 peas, no s

    nos

    permitiu carrear novos

    elementos

    para

    a

    histria

    do

    acar

    em

    Alagoas, como

    serviu

    para

    dirimir

    algumas dvidas acerca

    dela

    existentes, corri-

    gindo declaraes

    inexatas,

    algumas at

    consagradas.

    Infelizmente

    no pudemos

    dar ao

    captulo

    Engenhos

    centrais

    e

    usinas

    um desenvolvimento

    mais

    pormenorizado,

    em

    virtude

    de

    apenas

    a

    usina

    Sinimbu

    haver

    respondido

    a

    questionrio

    que preparamos, enviado

    atravs

    do

    Sindicato

    da

    classe,

    abrangendo

    aspectos

    histricos,

    sociais

    e

    econmi-

    cos

    de

    cada

    uma

    daquelas nossas fbricas de acar.

    Tais respostas

    nos

    possibilitariam

    apresentar

    uma

    viso

    global

    da evoluo

    da

    indstria

    aucareira

    alagoana.

    (**)

    J

    se

    achava

    este

    livro em

    fase

    de

    concluso,

    quando

    recebemos

    novo comunicado

    do

    nosso

    prestimoso

    informante

    Fernando

    Jos da

    Rocha

    Cavalcanti,

    radicado

    no Recife,

    dizendo da

    existncia de

    documentrio

    relacionado

    com

    o

    assunto

    que

    tratamos,

    levantado

    ultimamente em arquivos

    de

    Portugal

    pelo historiador pernambu-

    cano

    Flvio

    Guerra

    do

    qual este

    publicou

    catlogo

    ,

    material

    em

    parte

    microfilmado para o

    Arquivo Pblico Estadual de Per-

    nambuco .

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    22/523

    22

    MOACIR

    MEDEIROS

    DE

    SANTANA

    No

    poderamos

    deixar

    de

    formular

    nossos

    agradecimen-

    tos a

    determinadas

    pessoas,

    a

    comear

    por Evaldo

    Inojosa,

    esclarecido

    homem de

    empresa,

    a

    quem

    coube

    sugerir

    a

    rea-

    lizao

    deste

    livro;

    a

    Francisco

    Oiticica

    Presidente

    do

    Instituto

    do

    Acar e

    do

    lcool

    , e a

    Luiz

    da

    Rosa

    Oiticica

    Diretor

    do

    Museu

    do

    Acar

    ,

    entusiastas das

    promo-

    es

    culturais, sem o

    concurso dos quais

    no

    poderia haver

    esta

    ido

    adiante;

    a

    Fernando

    Jos

    da

    Rocha

    Cavalcanti,

    pelas

    copiosas

    informaes

    que nos

    prestou

    com

    uma

    solicitude

    realmente

    incomum

    ,

    extradas

    do

    arquivo

    da

    famlia Ro-

    cha

    Cavalcanti,

    principalmente

    sobre

    a

    usina S&r-a

    Grande;

    ao

    socilogo e

    historiador

    Manuel

    Digues

    Jnior

    pelo

    incen-

    tivo

    e

    interesse

    que

    sempre demonstrou

    pelo andamento das

    medidas

    preparatrias

    para

    a

    execuo desta

    obra;

    a

    Jos

    Maria

    de

    Carvalho

    Veras,

    Diretor

    do

    Departamento

    Estadual

    de

    Estatstica,

    pelos

    dados que nos

    forneceu;

    a

    Tobias

    Medei-

    ros,

    antigo

    Secretrio da

    Junta

    Comercial

    do Estado,

    por

    nos

    haver

    gentilmente

    permitido

    consultar

    o

    arquivo

    daquela

    entidade;

    a

    Nelson Tenrio, Presidente

    da

    Associao

    dos

    Produtores

    de

    Aca~*

    do

    Estado

    de

    Alagoas,

    por haver

    faci-

    litado

    ao

    autor

    a realizao

    de uma parte

    das

    pesquisas;

    Cooperativa

    dos

    Usineiros

    de

    Alagoas,

    da

    qual

    somos funcio-

    nrio

    nas

    pessoas

    de

    seus

    Diretores

    Osman

    Loureiro,

    Jos

    Carlos

    Correia

    Maranho,

    Jos Otvio Moreira Filho e Olival

    Tenrio

    Costa

    ,

    que

    a

    pedido de Evaldo

    Inojosa nos

    ps

    disposio

    do

    Sindicato

    da

    Indstria

    do

    Acar, no

    Estado de

    Alagoas, permitindo

    assim

    a

    continuidade

    que

    exigem

    os

    tra-

    balhos de pesquisa.

    Seja-me

    permitido,

    por

    fim,

    registrar

    meu

    reconhecimen-

    to

    minha

    esposa

    ris

    e s

    minhas

    filhas

    Miran

    e

    Ftima,

    bem

    como

    minha

    sobrinha

    Cludia:

    a

    primeira

    pela dedi-

    cao,

    compreenso

    e

    estmulo

    demonstrados

    no

    decorrer

    do

    preparo

    deste

    estudo;

    s

    demais

    pelas

    poucas

    queixas

    que

    me

    fizeram por

    no

    haver

    eu

    podido participar

    intensamente

    de nossos

    divertimentos familiares,

    durante

    o mesmo

    perodo.

    Estendemos nosso reconhecimento

    a

    Abelardo

    Buarque

    de

    Ivma, Agesislau Machado,

    Carlos

    de

    Gusmo,

    Hamilton

    Soutinho,

    Jos

    Clvis

    de Andrade,

    Osman

    Loureiro

    e

    Werther

    Brando, pela

    boa

    vontade

    com

    que

    nos

    emprestaram

    livros,

    e a Jos

    Casado

    Silva

    pela

    reviso

    gramatical

    feita

    nos

    ori-

    ginais

    deste

    estudo.

    Macei,

    maro

    de 1969.

    Moacir

    Medeiros

    de

    SantfAna

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    23/523

    PRIMEIRA PARTE

    FUNDAMENTOS

    HISTRICOS

    DA

    ECONOMIA

    ALAGOANA

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    24/523

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    25/523

    EXPORTAO:

    PRIMEIROS

    TEMPOS

    A

    Histria

    Econmica

    das Alagoas independente

    come-

    a

    em

    1819,

    ano

    em que

    seu

    primeiro

    governante,

    o

    Tenente

    Coronel

    Sebastio

    Francisco

    de Mello

    e

    Pvoas,

    assumiu

    as

    rdeas da administrao.

    Oficial efetivo

    de

    Infantaria

    adido

    ao

    Estado

    Maior

    do

    Exrcito,

    Mello

    e

    Pvoas fora

    nomeado Governador

    da

    nova

    Capitania

    aos

    28

    anos

    de

    idade, pelo

    prprio

    decreto

    que

    con-

    cedera

    a

    emancipao

    poltica

    s

    Alagoas,

    em

    16

    de setem-

    bro de

    1817.

    ratificado por outro, datado

    de

    12 de janeiro

    de

    1818.

    Entretanto,

    somente

    a

    27

    de

    dezembro

    seguinte

    o

    neto

    do

    Marqus

    de

    Pombal desembarcou

    na

    enseada

    de

    Jaragu,

    dirigindo-se

    ento

    vila

    das

    Alagoas,

    onde

    no

    dia

    22

    de

    ja-

    neiro

    de

    1819

    tomou posse

    do cargo

    para

    o

    qual

    fora

    nomeado.

    A

    esse

    tempo

    contava

    Alagoas

    com

    oito

    vilas,

    quatro

    junto

    a

    beira mar (Macei,

    Porto Calvo,

    Porto

    de

    Pedras e

    Poxim)

    e

    quatro no

    interior

    (Alagoas,

    Anadia,

    Atalaia

    e

    Penedo) .

    A

    sua populao

    (podia) montar

    a

    cento

    e

    dez

    mil

    habitantes.

    As suas

    principais produes

    (eram)

    acar,

    algodo, couros,

    alguns

    legumes

    de toda a

    qualidade, farinha

    de

    mandioca, azeite

    de

    mamona,

    madeiras de construo na-

    val

    e

    algum taboado de

    louro

    e

    vinhtico . Assim descrevia

    o

    prprio Governador,

    em 20

    de

    julho

    de

    1819,

    o

    estado

    da

    Capitania

    em

    exposio

    enviada

    ao Ministro

    da

    Guerra.

    (1)

    Correspondncia

    do

    Tenente Coronel

    Francisco

    de

    Ser-

    queira

    e

    Silva,

    Comandante

    de

    Ordenanas

    das

    Alagoas, da-

    tada

    de

    24 de maro

    de

    1819,

    d

    notcia

    da

    realizao

    de

    um

    recenseamento

    na gesto

    de

    nosso

    primeiro

    governante.

    Atra-

    vs

    dela

    aquele militar

    encaminhou ao

    Governador

    da

    Capi-

    tania

    o

    Mapa

    do

    qual consta

    o

    numeramento

    dos

    habitan-

    tes

    desta

    Vila

    desde

    o

    Bomfim at

    o

    Tuntum

    com suas

    com-

    petentes classificaes

    de cada

    uma

    das

    pessoas

    na

    forma

    do

    Mapa

    que

    por

    V.

    Exa. foi

    enviado , bem

    assim

    a

    Relao

    que

    contm

    o

    nmero

    das

    casas

    de

    telhas

    da

    Vila

    das

    Alagoas

    e

    seu

    territrio,

    capazes

    de

    habitao... ,

    igualmente

    rela-

    tiva

    quela

    regio.

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    26/523

    26

    MOACIR

    MEDEIROS DE SANTANA

    Infelizmente,

    anexo

    quela

    correspondncia

    de

    24

    de

    maro,

    apenas

    hoje

    resta no

    Arquivo

    Pblico

    de

    Alagoas

    a

    citada

    relao,

    por

    onde

    se

    verifica

    que

    existiam

    naquela vila

    484

    casas,

    das

    quais 25

    eram assobradadas.

    (2)

    A

    24

    de

    novembro

    de

    1819

    Mello

    e

    Pvoas

    dirigiu-se

    aos

    Capites-Mores

    de

    todas as

    vilas

    da

    Capitania

    das

    Alagoas,

    pedindo o

    preenchimento

    de

    Mapas

    da

    populao, exportao

    e

    importao

    das

    mencionadas vilas

    e

    respectivos termos,

    os

    quais me

    dever

    V.

    Mc.

    enviar

    infalivelmente

    at

    o

    dia

    31

    de

    janeiro

    prximo

    futuro, tempo

    em

    que todos

    os

    anos

    cum-

    prir

    igual

    remessa .

    (3)

    De

    um

    mapa remetido

    no ano de

    1816

    ao

    Desembargo

    do

    Pao

    pelo

    Ouvidor

    Antnio

    Jos

    Ferreira Batalha,

    consta

    o

    nmero

    de

    habitantes

    adultos

    da

    ento

    Comarca

    das

    Alagoas

    89.598

    ,

    aos

    quais

    o

    Conselheiro

    Antnio

    Rodrigues

    Veloso

    de

    Oliveira,

    no

    Mapa

    do

    Arcebispado

    de

    Pernambu-

    co

    e

    seus sufragneos ,

    de

    1819,

    acrescentou 22.384

    habitan-

    tes,

    a

    quarta

    parte da

    populao

    da

    primeira contagem,

    re-

    ferentes

    aos

    menores

    de sete anos;

    tropa paga

    e

    s

    mui-

    tas pessoas

    adultas

    no

    descritas .

    (4)

    Excessivo,

    contudo,

    foi

    o

    nmero

    de

    escravos consignado

    naquele

    mesmo

    Mapa,

    ou

    sejam,

    69.094,

    mais

    de

    cento

    e

    sessenta

    por

    cento

    da

    populao

    livre,

    estimada

    em

    42.879

    pessoas,

    exagero

    patenteado

    pela

    proporo

    da

    populao

    es-

    crava

    dos

    censos

    posteriores.

    (5)

    Em ofcio de

    11

    de

    maro

    de

    1820,

    atravs

    do qual o Pre-

    sidente

    da

    Provncia das

    Alagoas

    encaminhou

    ao

    Ministro

    da

    Fazenda requerimento

    de

    Francisco

    Solano

    da

    Fonseca,

    Es-

    crivo

    da Casa

    de

    Arrecadao

    dos

    Direitos

    Nacionais

    da

    Vila

    de

    Macei,

    (*)

    vamos

    encontrar

    preciosos informes

    a

    res-

    peito

    do crescimento

    da

    exportao

    atravs

    do

    porto

    de

    Ja-

    ragu,

    sobre

    a

    evoluo

    do

    comrcio no

    s

    da

    florescente

    vila

    de

    Macei

    como tambm

    de

    toda a Provncia.

    Do

    citado requerimento consta

    que

    aquele cargo

    fora

    criado a 14

    de

    abril

    de 1819,

    tendo

    sido

    nele

    provido

    o supli-

    (*)

    A

    Junta

    da

    Real Fazenda,

    criada

    por Carta

    Rgia

    de

    15

    jun.

    1818,

    foi instalada

    a 16 fev.

    1819,

    quando

    em sesso da referida

    Junta,

    mandou-se

    alfandegar

    mercadorias de

    importao.

    |Liv. 112, f.

    39

    v,

    est.

    20,

    do APA|.

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    27/523

    CONTRIBUIO

    HISTRIA

    DO

    ACAR

    EM

    ALAGOAS

    27

    cante

    a

    5

    de junho

    de 1820.

    Ento

    a

    exportao

    registra

    o documento

    era excessivamente

    diminuta

    e

    quase todo

    o

    comrcio

    de

    cabotagem;

    foi-se

    aumentando

    gradualmente

    e,

    de dez

    a

    doze

    mil

    sacos

    (de algodo)

    que saam

    pela ensea-

    da

    de

    Jaragu,

    tem

    chegado nos

    ltimos

    trs

    anos

    (1827

    a

    1829)

    a

    26

    e

    28

    mil. Por

    outro lado

    acrescenta

    aquele

    funcionrio

    alfandegrio

    ,

    com

    o

    crescimento

    da

    vila

    de

    Macei,

    e

    estabelecimento

    de

    casas

    inglesas,

    cresceram

    os

    preos

    dos

    vveres

    a

    ponto

    de

    oferecer

    grande

    dificuldade

    de

    subsistncia.

    (6)

    Com

    destino

    a

    portos

    europeus

    de 1819

    a

    1823

    saram,

    da

    enseada

    de

    Jaragu,

    22 embarcaes

    carregadas

    de

    gne-

    ros

    de

    produo local.

    (7)

    Em

    1824,

    o

    primeiro

    ano

    aps

    aquele

    perodo,

    e

    acerca

    do

    qual possumos informes precisos,

    daqui

    zarparam

    16 em-

    barcaes

    para

    diversos

    portos

    da

    Europa,

    levando

    1.028 cai-

    xas,

    39 barricas

    e

    4 fechos de acar;

    13.309

    arrobas

    de algo-

    do; 1.369

    couros

    e

    100 meios

    de

    sola,

    o

    que

    representa,

    em

    mdia,

    mais de

    200

    %

    de

    acrscimo

    no

    nmero

    de

    navios

    de

    longo

    curso

    sados

    do

    ancoradouro

    da

    vila.

    (8)

    Dois

    anos

    depois, em

    1826,

    este nmero

    decrescera para

    10 embarcaes,

    que levaram

    302 caixas

    de acar,

    contra

    426

    caixas

    do

    ano

    anterior,

    sendo

    que

    uma

    dessas

    embarca-

    es

    se

    destinara

    ao

    porto

    norte-americano de

    Boston;

    em

    1827

    elevara-se para

    22

    a

    quantidade

    das

    que seguiram

    para

    o

    exterior;

    em

    1828,

    para

    31;

    em

    1829

    observa-se

    uma

    dimi-

    nuio

    para

    16,

    e

    em

    1830

    apenas

    registrou-se

    a

    sada de

    9

    embarcaes.

    (9)

    Entre

    os

    anos

    de

    1831

    e

    1832

    tudo

    indica ter sofrido

    au-

    mento

    a

    exportao

    atravs do

    porto

    de

    Macei,

    j

    que

    o

    Pre-

    sidente Manoel

    Lobo

    de

    Miranda

    Henriques,

    em

    correspon-

    dncia

    dirigida

    ao

    Ministrio

    da

    Fazenda,

    em

    setembro

    de

    1832,

    afirmou que

    ento

    ali se

    carregam em

    diretura

    para

    Europa,

    de 20

    a

    30

    embarcaes .

    (10)

    A

    despeito

    de

    se

    achar Alagoas

    encravada

    entre dois

    grandes

    centros comerciais que

    a

    comprimiam

    Pernambu-

    co

    e

    Bahia

    ,

    atravs

    dos

    quais

    exportava

    parte

    da sua

    pro-

    duo

    de

    acar e

    algodo,

    desde cedo

    a nova

    Capitania, logo

    depo

    Is

    Provncia,

    comeara

    a

    exportar aqueles

    e

    outros

    pro-

    dutos direi

    amente

    para

    os portos

    estrangeiros.

    Do

    ano

    de 1824

    a

    mais

    recuada

    informao

    estatstica

    acerca

    da

    exportao

    alagoana para

    o

    exterior.

    A

    2

    de

    janei-

    ro

    saa de Jaragu, com

    destino

    a

    um

    dos

    maiores portos

    da

    Inglaterra,

    o de

    Liverpool,

    o

    brigue

    ingls Alice ,

    carregado

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    28/523

    28

    MOACIR

    MEDEIROS DE

    SANTANA

    com

    746

    arrobas de

    algodo.

    Idntico

    destino demandaram

    outras

    embarcaes

    inglesas

    que

    da Provncia zarparam

    du-

    rante todo

    aquele

    ano,

    transportando

    um

    total de

    13.151 ar-

    robas

    de

    algodo,

    170

    caixas

    de acar

    e

    299

    couros

    salgados.

    Para

    a

    possesso

    inglesa

    de

    Gibraltar

    seguiu

    o

    brigue

    brasileiro

    Esprito Santo , em

    15

    de

    maro, conduzindo 245

    caixas

    e

    39 barricas

    de

    acar,

    158

    arrobas de

    algodo,

    1.140

    couros e

    100

    meios

    de

    sola

    e,

    a

    18

    de junho

    seguinte,

    o

    brigue

    ingls James ,

    com 110

    caixas

    de

    acar.

    Com

    destino

    ao

    porto

    de

    Cowes,

    na

    ilha

    inglesa

    de

    Wight,

    no

    Canal

    da

    Mancha,

    levou

    o

    brigue

    Traves , em

    11 de

    maio,

    334

    caixas e

    4

    fechos

    de

    acar.

    Trieste,

    porto

    da

    Itlia,

    foi

    o

    destino

    do brigue

    ingls

    Meridian ,

    zarpado

    em

    16

    de

    setembro,

    levando

    a

    bordo

    169

    caixas

    e

    4 fechos

    de

    acar.

    (11)

    Em

    outra

    fonte

    documental

    fomos encontrar informe

    in-

    teressante:

    o

    da

    exportao

    de 800

    cocos,

    para

    Liverpool,

    ao

    que

    tudo

    indica

    um

    dos primeiros

    embarques

    de

    tal gnero,

    levados

    pelo

    brigue

    ingls

    Union ,

    sado

    de Jaragu

    em

    7

    de

    fevereiro

    de 1826.

    (12)

    Do Livro

    de

    registro

    de

    termos

    de sada

    de

    embarcaes

    do

    porto

    de

    Jaragu,

    do

    perodo

    de

    1825

    a

    1837,

    (13)

    extra-

    mos

    os

    informes

    utilizados

    no

    quadro

    da

    pgina

    seguinte.

    Destinado

    a

    Hamburgo,

    a 7

    de

    julho de

    1844 saiu do

    porto

    de

    Jaragu

    o

    brigue

    Emma ,

    tripulado

    por

    nove

    pes-

    soas, levando

    carregamento

    de

    acar.

    (14)

    Como se

    verifica,

    para

    vrios

    portos

    do

    Imprio

    Britni-

    co

    (Londres,

    Liverpool, Falmouth,

    Cowes, Alexandria e

    Gi-

    braltar),

    exportvamos

    algodo,

    acar, pau-brasil,

    couros

    salgados,

    meios

    de

    sola

    e

    coco; para

    a

    Blgica,

    acar

    e algo-

    do;

    para

    alguns

    portos

    dos

    Estados

    Unidos

    da

    Amrica do

    Norte

    (Boston,

    Filadlfia

    e Nova

    Iorque),

    acar

    e

    couros

    salgados; para

    Hamburgo,

    na

    poca

    cidade livre,

    mandva-

    mos acar;

    para

    Trieste, ento

    pertencente

    ustria, igual-

    mente acar

    e,

    finalmente,

    para Portugal

    (Lisboa

    e

    Alco-

    baa),

    este ltimo

    produto

    e

    mais

    algodo,

    couros

    salgados,

    madeira

    de marcenaria

    e

    aguardente.

    O

    incipiente

    comrcio

    dos

    primrdios

    da

    Capitania

    das

    Alagoas era

    constantemente

    embaraado

    pelos

    corsrios.

    No

    dia

    4 de

    setembro

    de

    1819

    a

    sumaca So

    Joo

    Diligente ,

    comandada

    pelo

    mestre

    Joo

    Batista

    Pereira

    e

    de

    proprie-

    dade

    de

    Antnio

    Jos

    Teixeira,

    da

    Praa

    da

    Bahia,

    foi

    abor-

    dada nas

    costas

    alagoanas,

    entre

    o

    Peba

    e

    Coruripe,

    por uma

    escuna

    com

    bandeira

    norte-americana,

    armada com

    duas pe-

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    29/523

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  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    30/523

    30

    MOACIR

    MEDEIROS DE

    SANTANA

    as

    calibre

    seis,

    duas

    pequenas

    coronadas de

    pio

    proa

    e

    quinze

    homens

    de

    tripulao.

    Da

    equipagem e

    passageiros

    da

    sumaca

    foi

    tomada toda

    a

    roupa

    e

    dinheiro, alm

    dos

    mantimentos,

    inclusive

    uma

    caixa de

    acar, e

    lanados

    ao

    mar

    seis

    sacos

    de

    algodo.

    Relatando

    o

    acontecido

    ao Conde

    de Palma,

    Governador

    da

    Capitania

    da

    Bahia,

    o

    Governador das Alagoas pediu

    um

    cruzeiro

    sobre estas

    costas , nica

    providncia

    capaz

    de

    im-

    pedir

    a

    ao

    dos

    piratas.

    (15)

    Os

    corsrios

    viviam ento

    rondando

    as

    costas

    alagoanas,

    tanto assim que

    em

    outra

    participao

    dirigida

    ao

    Governa-

    dor da

    Capitania

    de

    Pernambuco, Pvoas

    d

    notcia

    de

    dois

    deles

    que

    navegavam

    to perto

    da

    terra,

    que tm sido vistos

    de

    vrios

    pontos

    dela (Provncia)

    .

    (16)

    Em

    abril

    de

    1820

    eram

    tantos que o

    governante

    das

    Alagoas declarou

    que,

    ten-

    do

    de

    sair

    em

    comboio,

    do

    porto

    de

    Jaragu

    para

    o

    da

    Bahia,

    algumas

    embarcaes mercantes que estavam

    carregadas,

    no

    se

    animava

    a

    ordenar

    a

    sada debaixo

    s da salvaguarda do

    brigue de guerra

    Escuna Real ,

    ao

    servio desta Capitania

    por

    ordem

    da

    Corte,

    por

    ser

    fora

    muito

    inferior

    dos

    refe-

    ridos corsrios ,

    razo pela

    qual pediu

    a

    remessa

    de

    um

    dos

    vasos

    de

    guerra

    estacionados

    na

    Bahia,

    para

    reforar

    o

    men-

    cionado

    comboio.

    (17)

    A

    11

    de

    junho

    de

    1820,

    na

    altura

    da chamada Barra

    da

    Lagoa,

    a

    galera Thelemaco ,

    de

    que

    era

    mestre

    Antnio

    Pereira Osrio,

    foi tomada por um bergantim

    pirata,

    armado

    com

    quacorze

    coronadas

    de

    doze

    e

    duas

    peas

    de

    dezoito,

    com

    uma

    tripulao de cerca de 80

    homens,

    norte-americanos

    ou

    ingleses, que

    conservou

    a

    bordo

    a

    tripulao

    de

    sua

    presa

    por

    trs

    dias,

    abandonando-a

    depois

    em

    uma lancha

    sem lerne

    nem

    remos,

    mas

    que assim

    mesmo

    deu

    costa

    alagona.

    (18)

    Os

    ousados

    corsrios

    chegaram

    ao

    cmulo

    de

    atacar

    as

    embarcaes fundeadas

    em

    Barra Grande.

    O

    Governador

    Pvoas

    mandou

    ento

    postar

    em

    cima

    de

    um estrado,

    naquele

    local, duas

    peas de

    calibre

    12,

    com

    seus

    reparos

    e

    compe-

    tente

    palamenta, onde ainda

    se

    achavam

    no

    ano

    de

    1822.

    (19)

    Em

    1854

    a

    exportao

    de

    maior

    vulto

    na

    provncia

    era

    a

    do acar e

    a do

    algodo;

    a

    importao,

    a

    de

    fazenda

    e

    g-

    neros,

    na

    maioria

    estrangeiros,

    feita

    uma

    e

    outra

    por

    inter-

    mdio

    das

    Provncias

    de Pernambuco

    e

    Bahia .

    As

    transaes

    comerciais

    com

    o

    estrangeiro

    eram

    mais

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    31/523

    CONTRIBUIO

    HISTRIA

    DO

    ACAR

    EM

    ALAGOAS

    31

    de

    exportao

    do

    que de

    importao,

    sendo

    raros

    os

    navios

    estrangeiros

    que

    trazem

    fazendas

    para

    a

    Alfndega

    de

    Ma-

    cei, o que

    tem

    causado

    alguma

    decadncia

    no

    fraco

    comr-

    c

    :

    .o

    desta

    Provncia.

    (20)

    Tal

    estado

    de

    coisas

    somente

    viria

    melhorar

    no

    fim

    da

    dcada

    de

    70,

    precisamente

    a

    partir

    de 13

    de dezembro

    de

    1373,

    com

    a

    inaugurao

    da

    navegao

    direta,

    regular,

    para

    os

    portos

    do

    Velho

    Continente.

    REFERNCIAS

    BIBLIOGRFICAS

    (1)

    LMGE.

    1819/33,

    liv.

    115,

    est.

    20

    (2)

    CO.

    1819/21, mao

    6,

    est.

    9.

    (3)

    LAP.

    1819/25,

    f.

    123,

    liv.

    110,

    est. 20.

    (4)

    OLIVEIRA,

    Antnio Rodrigues

    Veloso de.

    A

    igreja

    do

    Brasil

    RIHGB.

    Rio, I

    o

    trim.

    1866,

    p.

    159.

    (5)

    COSTA,

    Craveiro.

    Os

    inquritos

    censitrios

    em Alagoas.

    RIHA

    Macei, ano

    53,

    v. X,

    1925,

    p.

    73.

    (6)

    LAI. 1828/35,

    f.

    25,

    liv.

    122, est. 20.

    (7)

    MFA.

    1821/36

    (Representao

    da

    Cmara

    da Vila

    de Macei,

    de

    5

    jul. 1823,

    anexa

    ao Aviso

    de

    23 out.

    1823) mao

    237,

    est. 11.

    8)

    ALF. 1821/36

    (Mapa das embarcaes

    que

    saram

    do porto

    da Vila

    de

    Mace

    da

    Prov. Alagoas em

    1824,

    anexo

    ao

    of. do

    Juiz

    da

    Alfn-

    dega

    ao

    Presid.

    Prov.,

    de

    27

    mai. 1825) mao

    136, est. 8.

    9)

    LIVRO

    registro

    termos

    sada

    embarcaes

    do porto

    de

    Jaragu.

    1825/17,

    do

    APA;

    PRESIDENTES

    DE ALAGOAS.

    Corresp.

    dirigida

    ao Mm.

    Imprio.

    1826/29 (Mapa

    anexado

    ao

    of.

    de

    6

    mar.

    1827,

    da

    Contadoria Geral

    do

    Tesouro

    Nacional)

    IJJ

    9-279,

    do

    Arquivo

    Na-

    cional,

    Rio de

    Janeiro.

    (10)

    LAI.

    1828/35,

    f.

    54,

    cit.

    (11)

    ALF.

    1821/36,

    mapa

    e

    mao cit. ref. 8.

    (12)

    LIVRO

    registro

    termos sada, cit.

    ref. 9.

    (13)

    Ibidem.

    (14) CD. 1843/52

    (Parte

    da

    visita

    da

    embarcao

    que

    saiu deste

    porto

    de

    Jaragu,

    de

    7

    jul.

    1844)

    mao

    162,

    est.

    8.

    (15)

    LMG.

    1819/24,

    f. 6,

    liv. 111,

    est.

    20.

    (16)

    Ibid.,

    f.

    8.

    (17)

    Ibid..

    f.

    13 (Of.

    de

    Mello

    e

    Pvoas

    ao

    Governador

    da

    Capitania

    da

    Bahia,

    de

    19

    abr. 1820).

    18)

    Ibid., f.

    14

    (Of.

    de Pvoas

    ao

    Gov. da

    Capitania

    da

    Bahia,

    de

    23

    jun.

    1820).

    (19)

    LMGE.

    1819/33,

    f. 24 (Of.

    a

    Junta do

    Governo

    Alagoas

    ao

    Min.

    Guerra,

    de

    15 abr.

    1822)

    liv.

    115, est.

    20.

    (20)

    LMI. 1853/57

    (Of. do

    Presidente

    Prov.,

    de

    15

    mar.

    1854)

    liv.

    217,

    est.

    20.

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    32/523

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    33/523

    COMRCIO

    ESTRANGEIRO EM ALAGOAS

    J

    em

    1820 existiam negociantes ingleses

    em Macei,

    o

    que

    no

    deixa

    de

    representar

    um atestado

    do

    desenvolvimen-

    to

    comercial

    da ento

    vila

    e

    da

    prpria

    Provncia.

    Foi,

    alis,

    britnico o

    primeiro

    Vice-Cnsul

    a

    exercer

    suas

    funes nas

    Alagoas,

    e que,

    a

    exemplo

    dos

    demais

    a

    seguir

    acreditados

    na

    Provncia,

    fixou-se

    em

    Macei,

    naturalmente

    devido

    ao

    fato de

    a

    se encontrar

    o

    melhor

    porto

    da

    regio,

    o

    de

    Jaragu.

    Baldwin

    Sealy,

    natural

    da vila de Randon,

    ao

    sudoeste

    da cidade

    de Cork,

    no

    Reino

    da

    Irlanda,

    era o

    nome

    do

    Vice-

    Cnsul de

    Sua

    Majestade

    Britnica,

    nomeado

    em

    Londres

    a

    7

    de

    novembro

    de

    1821,

    por Henrique

    Chamberlain,

    Cnsul

    Geral

    daquela

    nao

    no

    Brasil,

    cujo

    ato

    foi

    confirmado

    em

    5

    de

    janeiro

    do

    ano

    seguinte

    por

    D.

    Joo

    VI.

    Tendo

    entrado

    em

    exerccio

    do

    cargo

    a

    22

    de

    maio

    de

    1822,

    (1)

    retirou-se

    do

    pas

    em

    agosto

    de

    1838,

    por

    motivo

    de

    sade,

    sendo subs-

    titudo

    por Arthur

    Mac

    Hardy,

    cirurgio

    escocs,

    aqui

    che-

    gado

    em

    4 de

    dezembro

    de

    1827,

    sucedido

    logo

    depois

    nas

    funes,

    pelo

    comerciante

    britnico

    Diogo

    Burnett.

    No ano

    de 1830

    algumas

    casas inglesas

    aqui estabele-

    cidas

    (em

    Macei)

    e

    as

    nicas

    quase

    que carregavam

    para

    a

    Europa ,

    eram

    filiais

    de

    matrizes

    da

    Bahia.

    (2)

    A

    colnia

    britnica

    em

    Macei

    j

    devia

    contar,

    em

    1825,

    com

    nmero

    suficiente

    de membros para

    justificar

    a

    ideia

    da

    edificao

    de

    um

    cemitrio

    para

    os fiis

    da

    Igreja

    Epis-

    copal

    da

    Inglaterra, haja

    vista

    que naquele

    ano

    o

    Governo

    Britnico

    adquiriu

    terreno

    para esse

    fim,

    na

    praia

    de

    Jara-

    gu,

    atual

    Avenida Duque

    de

    Caxias.

    Em 1835

    podia

    no ser

    numerosa aquela

    colnia, mas

    se

    destacava

    das

    demais pela

    arrogncia de seus

    membros.

    Tanto

    assim que,

    encaminhando

    requerimento

    dirigido

    Pre-

    sidncia

    da

    Provncia

    das

    Alagoas

    por

    negociantes

    britni-

    cos,

    em

    que

    pediam

    a indenizao de moeda

    de

    cobre

    falsa

    recolhida

    em

    1829

    Junta da

    Fazenda,

    por

    ordem

    do

    Govr-

  • 7/24/2019 Contribuio do acar a Histria de Alagoas

    34/523

    34

    MOACIR

    MEDEIROS DE

    SANTANA

    no,

    o

    Presidente

    Jos

    Joaquim

    Machado

    de

    Oliveira,

    em

    of-

    cio

    ao

    Ministrio da

    Fazenda, datado

    de 31 de

    janeiro

    do

    citado

    ano

    de

    1835,

    solicitou

    ao titular

    daquela

    pasta,

    o

    Mi-

    nistro

    Manoel