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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Engenharia Curso de Especialização em Construção Civil Andreza de Andrade Marciano Machado CONTRIBUIÇÃO AO PROCESSO DE ADEQUAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE À ABNT NBR15575:2013 Belo Horizonte, 2016.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Engenharia

Curso de Especialização em Construção Civil

Andreza de Andrade Marciano Machado

CONTRIBUIÇÃO AO PROCESSO DE ADEQUAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE À ABNT

NBR15575:2013

Belo Horizonte, 2016.

ANDREZA DE ANDRADE MARCIANO MACHADO

CONTRIBUIÇÃO AO PROCESSO DE ADEQUAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE À ABNT

NBR15575:2013

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Tecnologia e Gestão do Ambiente Construído do Departamento de Engenharia de Materiais e Construção, da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Pereira Andery

Belo Horizonte, 2016.

ANDREZA DE ANDRADE MARCIANO MACHADO

CONTRIBUIÇÃO AO PROCESSO DE ADEQUAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE À ABNT NBR15575:2013

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 21 de dezembro de 2016, ao

Curso de Especialização em Tecnologia e Gestão do Ambiente Construído,

aprovado pela banca examinadora constituída dos professores:

_____________________________________________ Prof. Dr. Paulo Roberto Pereira Andery

UFMG – Escola de Engenharia

_________________________________________

Prof. Dr. White José dos Santos UFMG – Escola de Engenharia

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, meu Criador e Luz da minha vida.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus por ser a direção da minha vida, o

sentido do meu viver, ao meu esposo Bruno, que com amor, dedicação, paciência e

compreensão sempre esteve ao meu lado, apesar da distância sempre foi minha

fortaleza.

A minha amada irmã Adriana e meu cunhado Kessley que foram os

incentivadores nesta minha conquista, sem vocês nada disso seria possível, aos

meus pais, que com muito amor me apoiaram.

Agradeço ao professor Dr. Paulo Roberto Pereira Andery pela atenção,

contribuição e confiança na realização deste trabalho. Aos demais professores pelos

ensinamentos e por compartilhar experiências que agregaram na minha formação

acadêmica e profissional.

Ao Herbert Glauco, com suas contribuições no formato do trabalho aos

padrões da ABNT, com orientações seguras e consistentes.

A minha amiga Kézia, que compartilhou comigo esta jornada e de forma

carinhosa enfrentou ao meu lado todos os desafios.

“É impossível progredir sem mudança, e

aqueles que não mudam suas mentes não

podem mudar nada”.

(George Bernard Shaw)

RESUMO

Este estudo tem por objetivo contribuir na adequação do sistema de gestão da qualidade proposto pelo novo Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras – SiAC com vistas à ABNT NBR 15575:2013. E dessa forma propor um fluxograma, bem como as ações necessárias para gestão das etapas de concepção, projeto e planejamento de execução de obras de edificações habitacionais que possa ser útil e aplicável a quaisquer tipos de empreendimentos. O crescente interesse e conscientização da importância da Norma de Desempenho para melhoria da qualidade das habitações brasileiras despertaram a motivação para o estudo, uma vez que, são exigências obrigatórias nas construções habitacionais. A inclusão dessas exigências no SiAC, projeto do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H, proposto para entrar em vigor em 2017, potencializou o interesse neste estudo, uma vez que as empresas certificadas no SiAC/ PBQP-H do segmento de edificações habitacionais terão que adequar-se diante da exigibilidade imposta. A metodologia utilizada nesta monografia foi a busca em indexadores por artigos científicos, livros, normas técnicas e dissertações onde se pretendeu subsidiar o desenvolvimento do trabalho para adequação da nova proposta do SiAC. Observou-se que o processo de adequação do sistema de gestão da qualidade requer mudanças de paradigmas na cultura brasileira da construção civil, ou seja, mudanças de hábitos na arte de construir, sendo necessário adotar soluções simultâneas e integradas de projeto, envolvendo esforços de todos os envolvidos nos empreendimentos. Dessa forma é possível atender as exigências impostas pelo novo SiAC de acordo com os métodos propostos. Palavras-chave: Norma de Desempenho. Sistema de Gestão da Qualidade. Certificação no SiAC/ PBQP-H. Construção civil. Qualidade.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Desempenho com e sem manutenção. ..................................................... 23

Figura 2: Resumo esquemático da estruturação da ABNT NBR 15575:2013. ......... 31

Figura 3: Estrutura das exigências do usuário. ........................................................ 32

Figura 4: Estrutura geral do PBQP-H. ...................................................................... 36

Figura 5: Estrutura Matricial dos projetos do PBQP-H. ............................................ 36

Figura 6: Ciclo do PDCA. ......................................................................................... 41

Figura 7: Ganhos na implantação do SiAC em construtoras. ................................... 43

Figura 8: Responsáveis pelo desempenho. ............................................................. 50

Figura 9: Mapa de Riscos......................................................................................... 52

Figura 10: Lista de Verificações para desenvolvimento/Recebimento de projetos. .. 54

Figura 11: Check List dos requisitos da ABNT NBR 15575:2013. ............................ 55

Figura 12: Plano de Controle Tecnológico. .............................................................. 57

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Níveis de desempenho da vida útil de projeto (VUP) ............................ 24

Quadro 2 – Aspectos essenciais para atendimento da VUP .................................... 25

Quadro 3 – Requisitos do usuário ............................................................................ 28

Quadro 4 – Requisitos de desempenho de uma edificação ..................................... 29

Quadro 5 – Elementos e instalação do edifício ........................................................ 30

Quadro 6 – Incumbências dos intervenientes ........................................................... 33

Quadro 7 – Requisitos do novo SiAC e ações propostas ......................................... 49

Quadro 8 – Atividades e ações para atender a ABNT NBR 15575:2013 ................. 50

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Balanço das empresas avaliadas no SiAC. ............................................. 38

Gráfico 2: Organismos de Avaliação de Conformidade ativos no Brasil em 2016 ... 39

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10

CAPITÚLO 1: CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................... 12

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTOS DA NORMA DE DESEMPENHO .......................... 19

2.1. CONCEITOS ................................................................................................... 19

2.1.1 Desempenho .............................................................................................. 19

2.1.2 Durabilidade ............................................................................................... 22

2.1.3 Vida Útil – VU ............................................................................................. 22

2.1.4 Vida Útil de Projeto – VUP ......................................................................... 23

2.2 A NORMA DE DESEMPENHO BRASILEIRA ABNT NBR 15575:2013 ........... 25

2.3 ESTRUTURA DA ABNT NBR 15575:2013 ...................................................... 27

2.3.1 Exigências do usuário ................................................................................ 27

2.3.2 Partes constituintes de uma edificação ...................................................... 30

CAPÍTULO 3: OS BENEFÍCIOS DO PBQP- H/ SIAC NA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 34

3.1 PROGRAMA BRASILEIRO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO

HABITAT – PBQP-H .............................................................................................. 34

3.1.1 Estrutura do PBQP-H ................................................................................. 35

3.2 SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE DE EMPRESAS DE

SERVIÇOS E OBRAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL – SIAC ..................................... 37

3.2.1 Princípios básicos do SiAC ........................................................................ 37

3.2.2 A implantação do Sistema de Gestão da Qualidade na construção civil .... 41

CAPÍTULO 4: PROPOSTA EM ATENDER A ADEQUAÇÃO DO SIAC COM

VISTAS À NORMA DE DESEMPENHO ................................................................... 46

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 59

APÊNDICE A – FLUXOGRAMA ............................................................................... 65

APÊNDICE B – PERFIL DE DESEMPENHO DA EDIFICAÇÃO (PDE) ................... 67

APÊNDICE C – DADOS DE ENTRADA DE PROJETOS - DESEMPENHO ............ 91

APÊNDICE D – PLANO DA QUALIDADE DA OBRA ............................................ 127

ANEXO A – MAPA DE RISCOS ............................................................................. 158

ANEXO B – PLANO DE CONTROLE TECNOLÓGICO (PCT) .............................. 161

10

INTRODUÇÃO

Os novos sistemas construtivos no Brasil nesses últimos anos, surgiram em

parte como alternativas do processo tradicional de construir, objetivando suprir o

déficit habitacional brasileiro, principalmente para a população de baixa renda. Com

isso, surgiu a consciência da avaliação do desempenho dessas soluções inovadoras

e do controle da qualidade da produção, visto que tais habitações apresentaram

precocemente problemas patológicos comprometendo a segurança, habitabilidade e

durabilidade (MITIDIERI FILHO; HELENE, 1998).

O momento vivido no setor da construção civil nesses últimos anos é de

transformação. A busca pela qualidade, gestão, tecnologia e sustentabilidade se

consolidaram entre as empresas da cadeia produtiva, visando o aumento da

produtividade e ganho na competitividade. O conceito de desempenho e sua

aplicação são de suma importância para a modernização da construção (SOUZA,

2015).

Da mesma forma, Camargos (2016 apud SENAI/MG; SINDUSCON/MG,

2016), acredita que a construção civil vem buscando a evolução dos seus processos

produtivos, adotando sistemas e materiais construtivos inovadores, além da maior

preocupação com a sustentabilidade, visando agregar a qualidade ao seu produto

final.

Mediante essa inovação, levantou-se a importância de entender as exigências

dos usuários e estudar através dos processos construtivos já existentes o

desempenho mínimo que as construções deveriam atender durante a vida útil

esperada, independentemente do sistema construtivo empregado (BORGES, 2008).

Na concepção de Fabricio e Ono (2015), transformar as exigências dos

usuários em requisitos e critérios de desempenho relativos à segurança, à

habitabilidade, à funcionalidade e à durabilidade, de forma mensurável e objetiva, foi

um desafio da Norma de Desempenho.

Levando em consideração as exigências quantitativas e qualitativas do

usuário, viu-se a possibilidade de construir um fluxo de trabalho para gestão das

etapas de concepção, projeto e planejamento da execução de obras habitacionais

no segmento de incorporação imobiliária a partir do referencial teórico da ABNT NBR

15.575:2013 e da proposta do novo Sistema de Avaliação da Conformidade de

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Serviços e Obras – SIAC que pudesse ser adotado a qualquer tipo de

empreendimento.

O presente estudo abordará “Desempenho” e “Qualidade” das habitações,

temas de grande relevância na construção civil considerando que no cenário atual,

as empresas do ramo necessitam adequar-se às exigências estabelecidas pela

recente Norma de Desempenho e pelo novo SiAC, requisitos esses estabelecidos

pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e Governo Federal a fim de

promover a melhoria contínua do ambiente construído.

O objetivo principal desse estudo consiste em contribuir positivamente no

atendimento dos requisitos propostos no novo SiAC/PBQP-H com vistas aos

requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575: 2013.

Os objetivos específicos consistem no estudo preliminar exploratório sobre os

requisitos da proposta do novo SiAC, divulgada oficiosamente em dezembro de

2015 e propor um fluxograma para gestão das etapas de concepção, projeto e

planejamento da execução de obras de edificações habitacionais no segmento de

incorporação imobiliária que possa ser útil e aplicável a quaisquer tipos de

empreendimentos em atendimento à Norma de Desempenho.

A primeira parte da pesquisa baseia-se na revisão bibliográfica sobre o tema

desempenho e qualidade na construção civil para obras de edificações

habitacionais.

A estrutura dessa monografia é composta de quatro capítulos, sendo o

primeiro dedicado à contextualização do tema, o segundo discorre da importância da

Norma de Desempenho ABNT NBR 15575:2013 e sua aplicabilidade na construção

civil.

O capítulo 3 faz uma explanação do Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade no Habitat – PBQP-H com foco na relevância do projeto SiAC e sua

implantação nas construtoras, trazendo opiniões de profissionais sobre os benefícios

de ter um sistema de gestão da qualidade em organizações do segmento de

construção civil.

Finalmente, no capítulo 4 é desenvolvido um fluxograma com o intuito de

contribuir no atendimento da proposta do novo SiAC com vistas à Norma de

Desempenho ABNT NBR 15575:2013 para as incorporadoras imobiliárias.

12

CAPITÚLO 1: CONTEXTUALIZAÇÃO

O “boom” da construção civil no Brasil nestes últimos anos esteve

condicionado, no segmento de edificações residenciais, por medidas adotadas pelo

país que contribuíram para a recuperação da economia. Entre essas medidas, estão

a expansão do crédito imobiliário por instituições financeiras, incentivos do governo

para população de baixa renda em programas habitacionais, como “Minha Casa,

Minha Vida”, desoneração tributária de alguns materiais de construção e o aumento

de recursos para o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC (MONTEIRO

FILHA; COSTA; ROCHA, 2010).

Com as medidas adotadas pelo governo em suprir o déficit habitacional, em

especial a populações populares, fez com que as grandes incorporadoras e

construtoras brasileiras e até empresas estrangeiras direcionassem para o mercado

de habitações populares com produções em grande escala, percebendo como um

forte mercado no futuro não muito distante (BORGES, 2008).

Para Santos Filho (2015), a carência habitacional foi um dos motivos que

desencadeou os estudos sobre o desempenho no Brasil, tornando-se necessário

para a evolução da construção civil.

O aquecimento do mercado imobiliário por construções habitacionais de baixa

renda nos últimos anos fez com que os agentes envolvidos buscassem tecnologias

inovadores na construção que garantissem maior rentabilidade. Tais materiais e/ou

sistemas empregados, muitas vezes eram desprovidos de normas técnicas

prescritivas e apresentavam resultados catastróficos, com presença de

manifestações patológicas construtivas e envelhecimento precoce (BORGES e

SABBATINI, 2008).

Com a alta demanda em construções habitacionais populares, seja pelos

métodos tradicionais ou por produtos inovadores, essas habitações deveriam

assegurar a qualidade a fim de satisfazer o cliente, ou seja, o usuário final. Mas na

realidade, deparou-se com a alta demanda de materiais e serviços com baixa

qualidade, reflexo da grande exigência por preços módicos, da baixa qualificação de

mão de obra, da escassez de insumos com bom desempenho e do elevado grau de

13

desperdício, além da carência de textos normativos sobre novos desenvolvimentos

de processos construtivos (MITIDIERI FILHO; HELENE, 1998).

O surgimento de soluções inovadoras, ainda não avaliadas quanto à

adaptação das necessidades do usuário, acarretou em experiências desastrosas,

com graves prejuízos para todos os agentes da cadeia produtiva, sendo transferidos

aos usuários os problemas de patologia e os altos custos de manutenção e

reposição advindos do uso de novos produtos, sem avaliação prévia (GONÇALVES

et al., 2003).

Mediante esse cenário de baixa qualidade das habitações populares no

Brasil, levantou-se a questão da importância de garantir o desempenho das

edificações habitacionais, com intuito de evitar erros cometidos no passado

(BORGES; SABBATINI, 2008).

Segundo Borges (2008), requisitos mínimos de desempenho de uma

edificação, como durabilidade, garantia, vida útil, desempenho acústico e padrões

técnicos de qualidade deveriam ser questões de relevância para a sociedade

técnica, governo, instituições financeiras e entidades representativas do setor diante

do mercado cada vez mais competitivo, além de serem essenciais na integração da

política habitacional do país.

Com isso surgiu em 2007, o Sistema Nacional de Avaliação Técnica – SiNAT,

parte integrante do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

(PBQP-H) com o objetivo de avaliar novos produtos utilizados nos processos de

construção e, em 12 de maio de 2008, foi publicado a ABNT NBR 15575 –

Edificações Habitacionais: Desempenho - estabelecendo os requisitos mínimos de

desempenho a serem atendidos pelos construtores, projetistas e indústria de

materiais.

Com as dificuldades enfrentadas com a adequação da norma, a indústria da

construção civil conseguiu estender o prazo de exigibilidade da ABNT NBR 15575,

fazendo com que o comitê técnico atualizasse as metodologias de avaliação de

desempenho, sendo publicada sua revisão em 2013 estabelecendo os requisitos e

critérios de desempenho que se aplicam às edificações habitacionais com base nas

exigências do usuário, no que se refere aos sistemas que compõem as edificações,

independentemente dos materiais e dos sistemas construtivos utilizados (SANTOS

FILHO, 2015).

14

Para Bonim (2015 apud FABRÍCIO; ONO, 2015), o desenvolvimento de um

referencial para inovação estimula uma melhoria contínua da qualidade do ambiente

construído, além de permitir a diferenciação entre os incumbentes capazes ou não

de cumprir os requisitos e critérios formulados, melhorando assim a competição no

setor.

De acordo com Fabrício e Ono (2015) a Norma de Desempenho foi

estabelecida com base no comportamento ideal que o edifício e/ou seus sistemas

devem apresentar, independentemente dos materiais que os compõem, quando

submetidos a determinadas condições de uso e exposição.

É importante salientar que os parâmetros prescritivos para a construção de

uma habitação com o uso de sistema convencional já estavam definidos nas demais

normas técnicas brasileiras vigentes a fim de atender às exigências do usuário de

forma indireta, porém não existia uma norma técnica que traduzisse essas

exigências em requisitos (qualitativos) e critérios (quantitativos) (BORGES;

SABBATINI, 2008).

E quanto a novos produtos e sistemas construtivos propostos e até mesmo

implantados para esses fins? Esses careciam de textos referenciais que

especificassem as exigências mínimas a serem atendidas satisfatoriamente de um

edifício e suas partes. A ABNT NBR 15575:2013 vem para estruturar esses

parâmetros através de requisitos e critérios mínimos exigidos ao desempenho de um

empreendimento, além de exigir que as inovações tecnológicas de produtos e

sistemas construtivos propostos tenham um comportamento satisfatório em

utilização (desempenho) e tenham a capacidade de manter tal comportamento ao

longo da vida útil, em condições normais de uso, operação e manutenção (SANTOS

FILHO, 2015).

Como as normas técnicas não são leis, sob o ponto de vista jurídico, exceto

as que estão vinculadas a determinadas leis, cabe ao consumidor ser o próprio fiscal

e exigir que as mesmas sejam cumpridas conforme estabelecido no Código de

Defesa do Consumidor (CDC).

O Código de Defesa do Consumidor estabelece em seu artigo 39, a proibição

de lançar no mercado de consumo, produtos ou serviços que ferem às normas

estabelecidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se caso não existirem normas

específicas, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade

15

acreditada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (Conmetro) (BRASIL, 1990).

Atualmente, o Brasil vive uma estagnação no mercado econômico, sobretudo

na indústria da construção civil, registrando a maior queda em 2015 do seu Produto

Interno Bruto (PIB) nos últimos 12 anos.

Dentro desse cenário instável, construir um empreendimento viável e

conforme o desempenho esperado no padrão popular tem sido um desafio no setor

da construção civil. Para atendimento à Norma de Desempenho, há estimativas que

os empreendimentos gerem uma pequena alta nos custos da construção, em torno

de 5 a 7% de acréscimo no custo final da obra (FARIA, 2013).

A adequação aos requisitos mínimos de desempenho é incumbência dos

incorporadores e construtores, como também dos projetistas, fornecedores de

insumos, materiais, componentes e/ou sistemas, além dos usuários (ABNT NBR

15575-1, 2013).

Cada interveniente tem responsabilidade e participação em garantir o

desempenho mínimo das edificações, porém existe por parte desses a insciência de

suas responsabilidades, bem como quais os requisitos e critérios de avaliação de

desempenho das edificações aplicáveis deverão ser cumpridos. Essa falta de

conhecimento das partes envolvidas pode acarretar o descumprimento de tais

requisitos e até mesmo a transferência de responsabilidades e culpas (OKAMOTO;

MELHADO, 2014).

Para Borges (2008), os representantes da construção civil não estão atentos

ao tema de desempenho das edificações e que esse desempenho mínimo

obrigatório é benéfico ao país e aos demais envolvidos. Para o autor, a aplicação da

norma só será eficiente se os mesmos tiverem a percepção que sua utilização é um

valor em termos econômicos, técnicos e sociais para o Brasil.

Okamoto e Melhado (2014) constataram empresas despreparadas quanto ao

entendimento da Norma de Desempenho, que muito se difere das normas

prescritivas. Há dificuldades de incorporar os parâmetros de comportamento para os

produtos finais, uma vez que a norma não indica de que forma torna-se possível

atingir o resultado esperado.

No geral, as incorporadoras e construtoras são as responsáveis em assegurar

que os empreendimentos atendam aos requisitos mínimos de desempenho descritos

16

na referida Norma e para isso, é necessário que haja uma mudança comportamental

de todos os envolvidos.

Esse esforço para adequação à ABNT NBR 15.575:2013 deve ser iniciado

pelas empresas incorporadoras e construtoras com adoção de novas práticas de

projeto, exigindo dos seus fornecedores de serviços e materiais o cumprimento dos

requisitos sobre suas responsabilidades. Além disso, deverão definir as

especificações dos materiais e sistemas construtivos a serem adotados (OKAMOTO;

MELHADO, 2014).

É importante ressaltar o dever de elaborar e disponibilizar o Manual de Uso e

Operação para fins de guia de manutenção por parte dos usuários. Portanto, caberá

aos futuros usuários a realização da devida manutenção a fim de garantir o

desempenho e a vida útil dos sistemas que compõem a edificação adquirida (CBIC,

2016).

Além do desconhecimento e falta de valorização da referida Norma por parte

dos profissionais envolvidos, o setor da construção civil possui uma grande falha na

concepção dos empreendimentos, que corresponde à etapa inicial de uma obra.

Nessa fase, são necessárias verificações detalhadas do empreendimento, tais

como concepção e análise da viabilidade técnica e econômica da construção,

definição de produtos e sistemas construtivos a serem adotados, análise do aspecto

de sustentabilidade, dentre outros (SENAI/MG; SINDUSCON/MG, 2016).

Dentro da perspectiva de Franco e Agopyan (1993 apud FABRICIO, 2002), o

impacto negativo nos custos, prazos e qualidade das habitações são decorrentes

das decisões erradas tomadas na fase de concepção da obra.

No mesmo sentido, Almeida (1990) afirma que está comprovado que as

etapas de concepção e planejamento tem peso determinante no resultado positivo

das etapas subsequentes do ciclo de vida de uma edificação e decisivo no aumento

da lucratividade.

A realidade é que as construtoras elaboram um estudo preliminar muito

conciso, fazendo com que os mesmos sejam definidos ao longo da obra, muitas

vezes desprovidos de tempo e verba para escolhas corretas, acarretando

edificações mal executadas com alto índice de retrabalhos e a insatisfação do cliente

quanto ao bem adquirido.

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As falhas de âmbito gerencial, como falta de planejamento ou a adoção de

formas inadequados para planejar e controlar o sistema produtivo, dificultam o

alcance do desempenho sobre o aspecto da lucratividade (BALDINI, 2015).

Diante dessa dificuldade, é necessário que as empresas incorporadoras e

construtoras gerenciem seus projetos envolvendo as partes interessadas na fase

inicial da edificação e solicitando que projetistas e fornecedores de insumos sejam

qualificados e capazes de atender ao especificado, além de garantir o desempenho

mínimo dos seus produtos.

O estudo de sistemas construtivos na fase inicial da construção é de suma

importância para assegurar a viabilidade econômica da construção, pois permite

visualizar, de forma integrada, os vários elementos que interferem no custo da obra,

além de influenciar na decisão de métodos e técnicas construtivas mais eficientes.

(TOZZI; GALLEGO; TOZZI, 2009).

Para Okamoto e Melhado (2014), o desempenho é atendido em sua

integridade desde que haja contribuição e uma elaboração interdisciplinar entre os

diversos agentes da cadeia produtiva, com métodos alinhados, desde a aquisição do

terreno até as tomadas de decisões em projeto, envolvendo a escolha de

fornecedores, de materiais e de sistema construtivo a serem adotados, bem como as

corretas orientações aos usuários finais e a assistência técnica.

Outro ponto de relevância é a carência de infraestrutura tecnológica voltada

às necessidades da construção civil brasileira, especificamente laboratórios de

ensaios e testes tecnológicos para atendimento às exigências expostas pela referida

norma, além de ineficiência de interação entre as comunidades acadêmicas com

empresas da construção civil para o financiamento de estudos e pesquisas

referentes a novos materiais e sistemas construtivos (FABRÍCIO; ONO, 2015).

Para garantir melhorias no setor da construção civil brasileira, é importante

que os produtos a serem utilizados sejam certificados. Para isso, é necessária a

existência de laboratórios credenciados que desempenhem o papel de ensaiar

esses produtos e que possuam profissionais qualificados e equipamentos

adequados e calibrados (ASBEA, 2015).

Há a necessidade de laboratórios credenciados no país para garantir

aspectos referentes à confiabilidade e confidencialidade dos resultados, além da

rastreabilidade dos padrões utilizados. Em muitas cidades brasileiras não há

18

disponibilidade desses laboratórios, tendo que enviar às cidades mais próximas.

Logo, muitas vezes esses materiais e produtos são mal transportados, afetando

diretamente no resultado esperado e aumentando o custo do empreendimento.

Okamoto e Melhado (2014) também constataram que há dificuldades de

disponibilidade dos laboratórios credenciados em realizar ensaios de caracterização

dos produtos fornecidos pelas empresas, em razão da alta demanda e de poucos

laboratórios homologados no Brasil a dispor do serviço.

Deve-se ponderar também sobre a necessidade do incorporador e construtor

exigir que os materiais empregados nas construções sejam de qualidade e atendam

aos requisitos de conformidade, além de assegurar o controle desses materiais no

canteiro de obra.

Para garantir que os materiais atendam ao desempenho esperado, o

Ministério das Cidades em junho de 2014, criou o Sistema de Qualificação de

Empresas de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos – SiMAC no âmbito

do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H, visando

a evolução da qualidade.

Esse sistema tem como objetivo qualificar as empresas que fabricam,

importam e distribuem materiais, componentes e sistemas construtivos no setor da

construção civil, em atendimento às conformidades das normas técnicas vigentes

aplicáveis, facilitando aos construtores e incorporadores a checagem da qualificação

das empresas voluntárias, bem como as informações das características técnicas

dos seus produtos.

Dentre tantos aspectos a serem considerados sob o ponto de vista das

formas de comprovar o desempenho dos componentes, elementos e sistemas que

compõem o edifício, ou seja, o atendimento à Norma de Desempenho, seria possível

construir um fluxo de trabalho para gestão das etapas de concepção, projeto e

planejamento da execução de obras habitacionais no segmento de incorporação

imobiliária a partir do referencial teórico da ABNT NBR 15.575 e da proposta do novo

SiAC que pudesse ser adotado a qualquer tipo de empreendimento?

19

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTOS DA NORMA DE DESEMPENHO

2.1. Conceitos

Para entendimento dos fundamentos da ABNT NBR 15575:2013, é importante

abordar alguns conceitos de alta relevância tais como, desempenho, durabilidade,

vida útil e vida útil de projeto.

2.1.1 Desempenho

Segundo Mitidieri Filho e Helene (1998), o termo “desempenho” constitui de

um comportamento em utilização de um produto que deve apresentar determinadas

características e propriedades adequadas para cumprir a função ao qual foi

projetado quando sujeito a quaisquer tipos de influências ou ações durante sua vida

útil.

Para Souza (2015), o conceito de desempenho está caracterizado como um

produto definido cuja função é satisfazer as exigências do usuário

independentemente das condições de exposição durante sua vida útil.

No âmbito da construção civil, a palavra desempenho é definida como o

comportamento em utilização de uma edificação e seus sistemas, que varia em

função do local e ocupante, pois depende das condições de exposição que atendam

às exigências do usuário ao longo de sua vida útil (AMARAL NETO et al., 2013).

Nesse mesmo contexto, Borges e Sabbatini (2008) afirmam que a abordagem

mais aceita é a definida por Gibson, em 1982, como a capacidade prática de pensar

no que diz respeito a finalidade dos requisitos que a construção deve cumprir e não

da forma como esta deve ser erguida.

De forma geral, está associado ao modo como alguém ou alguma coisa se

comporta, tendo em conta sua eficiência e seu rendimento, de modo que possa ser

mensurável, ou melhor, está direcionado ao nível de desempenho desejado do

produto comparado a um desempenho entregue.

O conceito de desempenho vem sendo utilizado por longos anos, sendo

registrado no século XX a.c., através do Código de Hammurabi, o primeiro registro

20

de preocupação com o desempenho da edificação, que determinava se o construtor

construísse uma casa e ela viesse cair e matar o dono da casa, esse construtor

deveria ser morto, ou seja, apontando para qual deveria ser o desempenho

esperado em segurança estrutural das edificações (BORGES, 2008).

Mas no final da Segunda Guerra Mundial, esse conceito foi difundido por toda

a Europa. Como as cidades estavam destruídas por conta da guerra e a mão de

obra estava escassa, fez-se necessário o uso de novos sistemas construtivos que

desempenhasse a segurança estrutural das habitações (MITIDIERI FILHO;

HELENE, 1998).

Em 1953, foi estabelecido o “International Council for Research and

Innovation in Building and Construction” (ou CIB, Conselho Internacional para a

Construção) com o objetivo de estimular e facilitar a colaboração e o intercâmbio de

informações internacionais entre áreas de pesquisa e inovação na construção, com

a finalidade de reconstruir a Europa, representando assim, um marco na qualidade

das construções (CIB, 2016).

Do ponto de vista de Souza (2015), as primeiras questões sobre o conceito de

desempenho aplicado em edifício foram abordadas em 1962 no segundo congresso

do CIB pelo pesquisador inglês Lea Formula.

No Brasil, a evolução do conceito de desempenho surgiu na década de 80

com a chegada de novos sistemas construtivos para suprir o déficit habitacional

através de pesquisas realizadas pelo IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do

estado de São Paulo – para o Banco Nacional da Habitação e posteriormente para a

CEF – Caixa Econômica Federal, mas foi a partir da década de 90 que o conceito de

desempenho foi aplicado na concepção e execução das construções, impulsionado

por questões de sustentabilidade (BORGES; SABBATINI, 2008).

Semelhantemente, Souza (2015) afirma que a aplicação prática do conceito

de desempenho foi realizada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de

São Paulo através de normas elaboradas dos componentes utilizados na construção

civil e desenvolvimento de diretrizes para avaliação de desempenho de sistemas

construtivos inovadores para habitações térreas unifamiliares.

Para Borges e Sabbatini (2008), o conceito de desempenho é sistemático e

imprevisível e sempre satisfará uma parte dos usuários num determinado tempo,

sendo improvável a satisfação de todos.

21

Percebe-se que o significado de “desempenho” tem uma visão muito subjetiva

e ampla, já que pode variar de um indivíduo para o outro, pois depende diretamente

do resultado esperado de cada usuário (exigência) e dos cuidados no uso

(manutenção) ao longo da vida útil determinada, além de depender das condições

de exposição do ambiente da construção, ou seja, o que é bom para um usuário,

pode não ser bom para outro.

A ABNT NBR 15575:2013 afirma que desempenho é o comportamento em

uso de uma habitação e de seus sistemas e que a avaliação desse desempenho

consiste em verificar a adequação ao uso, destinado a cumprir a função proposta

através dos requisitos e critérios de desempenho que compreendem

respectivamente, as condições qualitativas e quantitativas dos atributos das

edificações necessárias para atender às exigências do usuário, independentemente

das soluções técnicas adotadas.

Segundo Souza (2015) a avaliação de desempenho incide em antever o

desempenho eficaz do edifício e dos seus sistemas quando em utilização normal de

uso.

Para Mitidieri Filho e Helene (1998), a partir de um conjunto de requisitos e

critérios de desempenho, através de uma combinação de métodos de avaliação que

permitem verificar se a edificação atende às condições estabelecidas, pode-se

avaliar o desempenho de um edifício e suas partes constituintes a fim de verificar

seu comportamento potencial, quando em utilização normal.

A Norma de Desempenho estabelece também diferentes níveis de

desempenho que as edificações devem atender em função das necessidades

básicas de segurança, saúde, higiene e de economia, sendo esses classificados em

mínimos (M), intermediário (I) e superior (S).

Segundo Santos Filho (2015), a ABNT NBR 15575:2013 estabelece três

níveis de desempenho para diferentes sistemas da edificação, sendo o mínimo

aplicado as necessidades básicas do usuário e indispensável. O nível intermediário

e superior atribui a maior qualidade dos sistemas e elementos que compõem o

edifício.

Na sequência, alguns dos principais conceitos relativos ao desempenho são

brevemente abordados.

22

2.1.2 Durabilidade

A International Organization for Standardization – ISO 13823:2008 afirma que

durabilidade é a capacidade de uma estrutura e dos sistemas que a compõem de

atenderem às condições de desempenho para as funções às quais foram planejadas

ao longo de sua vida útil, sob influências das ações ambientais ou por decorrência

do desgaste natural em atendimento às manutenções especificadas.

De forma semelhante, a ABNT NBR 15575:2013 conceitua durabilidade como

a eficácia da edificação e as partes que a integram em cumprir o desempenho de

suas funções durante todo o ciclo de vida, atendendo as manutenções

especificadas.

O conceito de durabilidade consiste em um período expresso por tempo em

que um produto cumpre com eficiência as funções a que foi destinado, num nível de

desempenho igual ou superior ao esperado. Para isso, é necessária a correta

utilização bem como as devidas manutenções em obediência às recomendações do

fornecedor (CBIC, 2013).

Enfim, a durabilidade está associada diretamente à vida útil da edificação,

dependendo positivamente das propriedades e características dos materiais e/ou

componentes envolvidos, das condições de exposição e da qualidade no uso e

operação atendendo às necessidades de manutenções impostas.

2.1.3 Vida Útil – VU

De acordo com a ABNT NBR 15575:2013, a vida útil compreende ao período

de tempo que uma edificação e seus sistemas cumprem a função para as quais

foram projetadas, considerando as devidas manutenções conforme especificado no

Manual de Uso, Operação e Manutenção.

A vida útil de qualquer sistema, componentes e/ou elementos de uma

edificação está condicionada ao tempo, ou seja, ao ciclo de vida ao qual foi

predeterminado para durar quando submetido às devidas manutenções pré-

definidas de forma que atenda às exigências do usuário, ou seja, corresponde à uma

medida temporal da durabilidade da edificação (ABNT NBR 15575-1, 2013).

23

Essas manutenções são de suma importância para garantir o desempenho

requerido, conforme demostrado na figura 1 que ilustra bem esse conceito a fim de

garantir ou até mesmo estender a vida útil de projeto (VUP).

Figura 1: Desempenho com e sem manutenção. Fonte: Possa e Demoliner, 2013.

Portanto, destaca-se a importância do Manual de uso e Operação, no qual

deve constar todas informações pertinentes às manutenções do imóvel adquirido,

evitando transtornos decorrentes do mau uso e manutenções incorretas por parte do

usuário, afim de garantir a vida útil de projeto da edificação.

2.1.4 Vida Útil de Projeto – VUP

A vida útil de projeto trata-se de uma estimativa de tempo que compõe a vida

útil da edificação, sendo que sua eficiência depende diretamente dos cuidados de

utilização da habitação e das condições de exposição, entre outros. Essa VUP deve

constar nos projetos.

Para Amaral Neto et al. (2013), a VUP compreende ao tempo estimado que

um edifício e suas partes são capazes de cumprir o desempenho normativo, imposto

na fase de projeto, considerando as devidas manutenções. É importante não

confundir com tempo de vida útil, durabilidade e prazo de garantia legal ou

contratual.

24

De acordo com a ABNT NBR 15575-1:2013, a vida útil de projeto consiste no

período estipulado de tempo para o qual um sistema é projetado, considerando o

aspecto econômico do usuário em relação ao nível de desempenho estabelecido.

A referida norma também afirma que a VUP está relacionada com a escolha

do usuário pela melhor relação do custo versus benefício do bem adquirido, porém o

usuário, muitas vezes não tem consciência de suas escolhas, optando muitas vezes

por um menor investimento inicial, mas menos duráveis, podendo ocasionar um

maior custo de reposição no futuro.

Mediante isso, foi estabelecida a vida útil de projeto em dois níveis (mínima e

superior), sendo a mínima obrigatória, levando em consideração as limitações de

recurso de investimento e as necessidades de proteção básica para o usuário em

relação à durabilidade e aos custos de manutenção, a fim de garantir, por um tempo

estimado, o desempenho aceitável da habitação (ABNT NBR 15575-1, 2013).

Ao analisar a literatura, encontra-se divergência quanto à interpretação do

nível de desempenho da vida útil de projeto. Possan e Demoliner (2013) afirmam

que a Norma de Desempenho sugere três níveis de desempenho – mínimo,

intermediário e superior – a VUP, quando na verdade, a ABNT NBR 15575-1:2013

propõe-se a classificação da VUP em dois níveis, mínimo e superior, sendo o

mínimo obrigatório para cada um dos sistemas que a compõem, conforme

especificado no quadro 1, de modo que tenham uma durabilidade potencial

compatível com o nível de desempenho da VUP escolhido pelo usuário.

Quadro 1 – Níveis de desempenho da vida útil de projeto (VUP)

Sistema VUP* (anos)

Mínimo Superior

Estrutura ≥ 50 ≥ 75

Pisos internos ≥ 13 ≥ 20

Vedação vertical externa ≥ 40 ≥ 60

Vedação vertical interna ≥ 20 ≥ 30

Cobertura ≥ 20 ≥ 30

Hidrossanitário ≥ 20 ≥ 30

Nota: * Considerando periodicidade e processos de manutenção segundo a ABNT NBR 5674 e especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção entregue ao usuário elaborado em atendimento à norma ABNT NBR 14037.

Fonte: ABNT NBR 15575-1, 2013.

25

Para atendimento efetivo da vida útil de projeto (VUP) do edifício habitacional

estabelecida, é necessário que seja cumprido simultaneamente os seguintes

aspectos essenciais entre os intervenientes (projetista, incorporador, construtor e

usuário) conforme citado no quadro 2.

Quadro 2 – Aspectos essenciais para atendimento da VUP

Aspectos essenciais para atendimento da VUP Incumbência

Emprego de componentes e materiais de qualidade compatível com a VUP; Projetista, incorporador e

construtor Execução com técnicas e métodos que possibilitem a obtenção da VUP;

*Cumprimento em sua totalidade dos programas de manutenção corretiva e preventiva;

Usuários *Atendimento aos cuidados preestabelecidos para se fazer um uso correto do edifício;

*Utilização do edifício em concordância ao que foi previsto em projeto.

Nota: * Para cumprimento desse aspecto, é necessário que estejam informados no manual de uso, operação e manutenção do edifício conforme ABNT NBR 5674, a ser entregue pelo empreendedor ao usuário.

Fonte: ABNT NBR 15575-1, 2013.

Um fator relevante a ser considerado sobre a vida útil de projeto é a

importância da análise do custo da vida útil da edificação durante a concepção do

empreendimento pelos construtores, incorporadores e projetistas, propiciando

alternativas que conduzem menores investimentos em manutenções e reparos

durante o ciclo de vida da habitação por parte dos usuários.

2.2 A Norma de Desempenho Brasileira ABNT NBR 15575:2013

A Norma Brasileira de Desempenho surgiu em 12 de maio de 2008 para

edifícios de até 5 pavimentos, com uma tolerância de 2 anos de aplicabilidade no

setor da construção civil, tendo como objetivo atender às necessidades do usuário

quanto ao comportamento em uso da edificação e não na prescrição de como são

construídos, independentemente dos materiais ou sistemas construtivos

empregados.

Com a necessidade de reavaliar padrões realmente executáveis pelo

mercado, a referida norma passou por um processo de revisão e se tornou exigível

26

em julho de 2013, sendo aplicável para qualquer edificação habitacional, excetuando

obras de reformas, obras de “retrofit” e edificações provisórias.

Segundo Santos Filho (2015), a Norma de Desempenho Brasileira é um

referencial para avaliação de produtos e/ou sistemas inovadores tecnológicos na

construção civil, além de contribuir significativamente na redução da relatividade das

condições favoráveis de habitabilidade das construções e no embasamento

judiciário em processos movidos entre consumidores e construtores, tornando-se um

instrumento a mais para dar amparo e proteção ao consumidor.

A Norma de Desempenho foi responsável por alavancar o setor da construção

civil, introduzindo a abordagem de desempenho no lugar do caráter prescritivo,

sempre com o foco de garantir o conforto e segurança do usuário, além de gerar um

incentivo à inovação e sustentabilidade condicionado com a qualidade, e estabelecer

as responsabilidades dos agentes envolvidos, tais como incorporadores, projetistas,

construtores, fabricantes e usuário pelo desempenho da habitação (SANTOS FILHO,

2015).

Para Borges e Sabbatini (2008), a Norma de Desempenho se diferencia das

normas técnicas brasileiras, pois a abordagem de desempenho está atrelada a

resultados requeridos e não às formas de como atingi-lo, exigindo dos

incorporadores e construtores um maior comprometimento na geração dos

resultados desejados, o que nem sempre ocorre, pois, os mesmos estavam mais

preocupados com o aumento do custo do empreendimento e principalmente com

relação à questão de responsabilidade legal pelo desempenho solicitado.

Segundo os autores acima referidos, o grande desafio do uso do desempenho

na construção civil foi qualificar e quantificar de forma clara e objetiva as

necessidades do usuário, de forma que transformasse as suas exigências,

respectivamente em requisitos e critérios independentemente das condições de

exposição que a edificação está sujeita, e sobretudo, que essas construções sejam

viáveis economicamente dentro da expectativa dos interessados.

Da mesma forma, Borges (2008) acredita que foi desafiador a tradução das

necessidades dos usuários em requisitos e critérios dentro de determinadas

condições de exposição e uso, de tal forma que esses parâmetros possam ser

medidos e viáveis economicamente dentro da realidade brasileira.

27

Do ponto de vista de Camargos (2016 apud SENAI/MG; SINDUSCON/MG,

2016), ao estabelecer a incumbência dos intervenientes, a Norma de Desempenho

proporciona uma interação dos profissionais envolvidos na cadeia produtiva,

tornando-se um fator determinante de inovação na cultura da construção civil.

Na percepção de Santos Filho (2015), ao esclarecer as responsabilidades

atribuídas pela Norma, houve a redução da subjetividade, o qual acredita ser um dos

fatores de modificação relevante. Além dessa, a inclusão de responsabilidades dos

fornecedores de insumos, materiais, componentes e/ou sistemas na norma foi

fundamental para dar respaldo às decisões de projeto e garantir o desempenho

exigido.

Além de estabelecer as incumbências das partes envolvidas e relacionar as

normas técnicas prescritivas pertinentes, a Norma de Desempenho representa a

transformação na arte de construir, pois para que seus requisitos sejam atendidos, é

necessária uma mudança comportamental dos intervenientes nas fases que

antecedem a execução da obra (ASBEA, 2015).

Diante de tantas considerações sobre a importância da Norma de

Desempenho no setor da construção civil, conclui-se que ela representa um marco

regulatório sobre o desempenho na construção habitacional brasileira, não em

termos prescritivos, mas na obrigatoriedade da edificação em atender às

necessidades do usuário ao longo de sua vida útil, estimulando uma mudança

cultural da cadeia produtiva, objetivando a valorização da fase de elaboração de

projeto e planejamento da obra, além de estimular produtos inovadores na

construção, repercutindo ainda sobre a importância da adequada manutenção ao

longo da vida útil da habitação.

2.3 Estrutura da ABNT NBR 15575:2013

2.3.1 Exigências do usuário

A Norma de Desempenho foi estruturada levando em consideração as

exigências do usuário com relação à edificação, estabelecidas na ISO 6241 –

Performance Standards in Building: principles for their preparation and factors to be

considered em 1984, contemplando os requisitos de desempenho conforme

28

especificado no quadro 3, os quais traduzem nos seguintes aspectos: segurança,

habitabilidade e sustentabilidade.

Quadro 3 – Requisitos do usuário

Requisitos do usuário – ISO 6241:1984

Categoria dos requisitos Exemplos

1 Estabilidade

Resistência mecânica as ações estáticas ou dinâmicas, isoladas ou em combinação, aos impactos de causa intencional ou acidental; Efeitos cíclicos e/ou de fadiga; Manutenção do seu estado de equilíbrio natural físico-químico, após ações perturbadoras.

2 Resistência ao fogo Riscos de eclosão de fogo e propagação das chamas; Efeitos fisiológicos da fumaça e do calor; Tempos de: alarme, evacuação e sobrevivência.

3 Resistência ao uso Segurança contra os agentes agressivos; Segurança durante movimentos e circulações; Segurança contra intrusões nas áreas comuns.

4 Estanqueidade Estanqueidade à água; Estanqueidade ao ar, gás, poeira, fumaça, som, luz etc.

5 Conforto higrotérmico Controle da temperatura do ar, radiação térmica, velocidade do ar e umidade relativa; Controle das condensações.

6 Pureza e qualidade do ar Ventilação adequada ao ar; Controle de odores; Cuidados com a pureza do ar.

7 Conforto acústico

Controle dos ruídos externos e internos; Isolamento acústico dentro dos níveis exigidos e necessários; Inteligibilidade do som; Tempo de reverberação admissível.

8 Conforto tátil Propriedades das superfícies (rugosidade, secura etc.); Possibilidade de dissipação da descarga de eletricidade estática.

9 Conforto visual

Provisão ou controle da luz natural e artificial; Possibilidade de escurecimento; Insolação; Iluminação requisitada, liberdade para a claridade, contraste de iluminação e estabilidade da luz; Aspectos dos espaços e superfícies quanto a: cor, textura, regularidade e homogeneidade; Contato visual com o mundo externo e interno.

10 Conforto

antropodinâmico

Limitação e aceleração ou vibração de objetos; Conforto de uso do espaço em áreas com vento intenso; Aspectos do desenho relativos à resistência humana, agilidade, maneabilidade e ergonomia; Facilidade de movimentos; Habilidade manual na operação de portas, janelas e controle de equipamentos.

11 Higiene

Facilidade, cuidado com a limpeza do ambiente; Cuidado com a higiene pessoal; Abastecimento de água; Purificação da água, do ar; Limitação de materiais e substâncias contaminantes.

12 Adaptações dos espaços

à utilização Número, dimensões, geometria, subdivisão e ligações de espaços; Facilidade de mobiliar e flexibilidade.

13 Durabilidade Conservação do desempenho durante a vida útil, desde que a manutenção seja efetuada regularmente.

14 Economia Despesas de concepção e de construção, despesas de funcionamento e de manutenção; Despesas de demolição.

Fonte: FAU/USP, 2016.

29

Com base na ISO 6241:1984, a Norma de Desempenho brasileira prevê para

a edificação 12 requisitos que devem desempenhar uma ou mais funções

necessárias a satisfazer as exigências do usuário, adaptados segundo à realidade

brasileira conforme demostrado no quadro 4.

Quadro 4 – Requisitos de desempenho de uma edificação

Itens ISO 6241: 1984 ABNT NBR 15575:2013

1 Estabilidade Desempenho estrutural

2 Resistência ao fogo Segurança contra incêndio

3 Resistência ao uso Segurança no uso e na operação

4 Estanqueidade Estanqueidade

5 Conforto higrotérmico Desempenho térmico

6 Conforto acústico Desempenho acústico

7 Conforto visual Desempenho lumínico

8 Durabilidade Durabilidade e manutenabilidade

9 Higiene Sáude, higiene e qualidade do ar

10 Conforto tátil Funcionalidade e acessibilidade

11 Adaptações dos espaços à utilização

12 Conforto antropométrico Conforto tátil e antropodinâmico

13 Pureza e qualidade do ar Adequação ambiental

14 Economia

Fonte: Possan e Demoliner, 2013.

Segundo Borges (2015), a Norma ISO 6241:1984 possui uma lacuna quanto à

sustentabilidade das edificações, pois ele acredita que as questões ambientais não

eram relevantes na época de sua elaboração em 1984, diferentemente dos dias

atuais, que o destaque ambiental é um assunto primordial para alcançar cada vez

mais construções sustentáveis a fim de minimizar os impactos do setor da

construção civil no meio ambiente.

Transformar o ambiente natural em ambiente construído sem causar

destruição ao meio ambiente é um desafio no segmento da construção civil. Como

as questões ambientais não é o foco desse estudo, não será abordado esses

aspectos.

30

2.3.2 Partes constituintes de uma edificação

De acordo com Souza (2015), a Norma ISO 6241:1984 considera subsistema

como um conjunto de partes do edifício, que preenche uma ou várias funções, e

elemento como um agregado de componentes usados em conjunto,

independentemente da sua função.

Afirma também, que os edifícios podem desempenhar várias funções,

dependendo da finalidade a que se destinam, e se decompõem, em termos de

funcionalidade, em elementos e instalações, os quais devem cumprir um conjunto de

funções para o qual foi projetado, atendendo a uma ou mais exigências do usuário.

Por sua vez, esses elementos e instalações são formados por componentes e

materiais, cuja finalidade é cumprir funções específicas quanto à sua aplicação na

edificação.

Para compreensão da estrutura da Norma de Desempenho, é importante

conhecer as partes constituintes do edifício. O quadro 5 relata bem a definição das

partes do edifício a fim de compreender a divisão da Norma de Desempenho quanto

à aplicação do conceito no edifício.

Quadro 5 – Elementos e instalação do edifício

1. Estrutura

1.1 Fundações

1.2 Estrutura portante

2. Vedações Verticais

2.1 Vedações verticais externas (Fachadas)

2.2 Vedações verticais internas

3. Vedações Horizontais

3.1 Vedações horizontais externas (Coberturas, Pisos externos)

3.2 Vedações horizontais internas (Forros, Pisos internos)

4. Escadas, rampas de acesso

4.1 Escadas e rampas de acesso externas

4.2 Escadas e rampas de acesso internas

5. Instalações

5.1 Instalações de distribuição e evacuação de águas

5.2 Instalações elétricas

5.3 Instalações térmicas e de ventilação

5.4 Instalação de distribuição de gás

5.5 Instalação de telecomunicações

5.6 Instalação de transporte eletromecânico

5.7 Instalação de segurança (para-raios, contra incêndios, contra intrusões)

Fonte: Souza, 2015.

31

A Norma de Desempenho foi estruturada a partir dos elementos do edifício e

estabelece um conjunto de requisitos e critérios de desempenho para o edifício

como um todo e para seus sistemas, expresso respectivamente em termos

qualitativos e quantitativos, com base nas exigências do usuário independentemente

do seu sistema construtivo e das condições de exposição a ele impostas.

A norma estabelece em cada requisito e critério, diferentes métodos de

avaliação, tais como: análise de projetos, ensaios laboratoriais, protótipos e

simulação computacional, além de referenciar as exigências presentes em diversas

normas técnicas brasileiras prescritivas.

O objetivo dos métodos avaliativos definidos na norma é garantir que as

exigências do usuário sejam atendidas com a finalidade de medir o desempenho dos

sistemas que integram a edificação, conforme ilustrado na figura 2.

Figura 2: Resumo esquemático da estruturação da ABNT NBR 15575:2013. Fonte: ASBEA, 2013.

A Norma de Desempenho estabelece que os requisitos de desempenho,

traduzido a partir das exigências do usuário, devem ser atendidos de forma a

garantir segurança, habitabilidade e sustentabilidade, tendo para cada uma dessas

solicitações particulares, os seguintes fatores conforme especificados na figura 3.

32

Figura 3: Estrutura das exigências do usuário. Fonte: ABNT NBR 15575-1, 2013.

A ABNT NBR 15575:2013 foi dividida em seis partes:

─ Parte 1: Requisitos gerais;

─ Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais;

─ Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos;

─ Parte 4: Sistemas de vedações verticais externas e internas;

─ Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas;

─ Parte 6: Sistemas Hidrossanitários.

Cada uma dessas partes representam os sistemas que compõem o edifício.

Para cada sistema são identificadas as exigências do usuário aplicáveis e

estabelecidos os requisitos, critérios e métodos de avaliação específicos para o

atendimento dessas necessidades.

Além disso, a parte 1: Requisitos gerais – relata sobre os objetivos, premissas

e conceitos gerais sobre o tema e sobre a definição das exigências comuns a

diferentes elementos da construção, bem como suas interações e interferências.

REQUISITOS DO USUÁRIO

SEGURANÇA HABITABILIDADE SUSTENTABILIDADE

Segurança estrutural

Segurança contra o fogo

Segurança no uso e operação

Estanqueidade

Desempenho térmico

Desempenho acústico

Desempenho lumínico

Saúde, higiene e qualidade do ar

Funcionalidade e acessibilidade

Conforto tátil e antropodinâmico

Durabilidade

Manutenabilidade

Impacto ambiental

33

Vale ressaltar que a Norma de Desempenho se refere a habitações sem

limitação no número de pavimentos, exceto quando citadas as exigências relativas

somente a habitações com até cinco pavimentos.

Os requisitos da Norma ABNT 15575:2013 exige ações concretas dos

intervenientes envolvidos, estabelecendo suas incumbências no processo de

habitação em atendimento ao nível de desempenho pretendido conforme

especificadas no quadro 6.

Quadro 6 – Incumbências dos intervenientes

Intervenientes Incumbências

Incorporador Identificação dos riscos previsíveis na época de projeto;

Providenciar os estudos técnicos requeridos e prover as informações

necessárias aos projetistas;

Elaborar o manual de uso, operação e manutenção para o proprietário e síndico.

Construtor Elaborar o manual de uso, operação e manutenção para o proprietário e síndico.

Usuário Realizar as manutenções previstas conforme a ABNT NBR 5674 e o manual de

operação, uso e manutenção, ou documento similar.

Projetista Estabelecer a vida útil de projeto (VUP) de cada sistema;

Especificar materiais, produtos e processos que atendam o desempenho mínimo

estabelecido na ABNT NBR 15575.

Fornecedor de

insumo, material,

componente e; ou

sistema

Caracterizar o desempenho de acordo com a norma ABNT NBR 15575;

Indicar a vida útil previsto e os cuidados na operação e na manutenção, etc.

Seguir as normas técnicas brasileiras aplicáveis, ou caso não haja norma,

comprovar o desempenho de seus produtos com base na ABNT NBR 15575 ou

em normas específicas internacionais ou estrangeira.

Fonte: ABNT NBR 15575, 2013.

34

CAPÍTULO 3: OS BENEFÍCIOS DO PBQP- H/ SiAC NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

3.1 Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H

Em decorrência do elevado crescimento no mercado imobiliário no Brasil

nestes últimos anos, a busca pela competitividade acarretou a falta de qualidade e

produtividade nesse setor, fazendo-se necessário a conquista pela qualidade na

construção civil (BALDINI, 2015).

Para Fernandes (2011), a globalização da economia acarretou na

necessidade de padronização dos sistemas construtivos que garantisse a qualidade

do produto. Portanto, com a finalidade de controlar e assegurar a qualidade dos

processos, produtos, materiais e sistemas no setor da construção civil, o Governo

Federal em parceria com a Caixa Econômica Federal criou o Programa Brasileiro da

Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H, cujo objetivo está na melhoria da

qualidade e produtividade do habitat e na modernização produtiva, visando a busca

por um novo ambiente tecnológico e de gestão.

Segundo Benetti, Siliprandi e Jabur (2011), o programa PBQP-H tem a

finalidade de propor uma organização no setor da construção civil, com o objetivo de

expandir os conceitos de qualidade, gestão e organização da produção.

O PBQP-H foi instituído em 18 de dezembro de 1998 para cumprimento dos

compromissos firmados pelo Brasil na assinatura da Carta de Instambul, por meio da

Portaria nº. 134, do Ministério do Planejamento e Orçamento, sendo no ano de 2000

estabelecida a integração das áreas de saneamento e infra-estrutura urbana,

transformando o significado do "H" do Programa que referenciava "Habitação" para

"Habitat", conceito mais amplo e que reflete melhor sua nova área de atuação.

(BRASIL, 2016).

O PBQP-H engloba um conjunto de ações baseadas nas normas

internacionais da Série ISO 9000, entre as quais se destacam: avaliação da

conformidade de empresas de serviços e obras, qualificação de materiais e serviços,

laboratórios credenciados, normalização técnica, avaliação de novas tecnologias,

35

transparência ao consumidor e promoção da comunicação entre os setores

envolvidos (BRASIL, 2016).

A expectativa do Brasil com a implantação do programa, era trazer para o

segmento da construção civil maior competitividade, que pudesse proporcionar

soluções mais acessíveis e de melhor qualidade, sobretudo na produção

habitacional de baixa renda que representava uma parcela significativa do déficit

habitacional brasileiro, além de propiciar menores custos e otimização do uso de

recursos públicos.

De acordo com Baldini (2015), a carência de recursos financeiros e

administrativos no investimento em programas de qualidade e produtividade acaba

dificultando a vantagem competitiva para o pequeno construtor, sendo mais

favorável para as empresas de maior porte.

Segundo Benetti, Siliprandi e Jabur (2011), a alta competitividade na

construção civil induz as empresas a investirem em programas de qualidade para

usufruírem de produtos com durabilidade, confiabilidade e custos mais baixos.

A adesão ao PBQP-H de forma voluntária por parte dos interessados

propiciou a possibilidade de financiamentos em instituições financeiras, tanto

públicas quanto privadas, participação em programas como “Minha Casa Minha

Vida” e em processos licitatórios, que tem como pré-requisito a certificação do

PBQP-H.

A atuação integrada do poder público (municipais, estaduais e federal), a

parceria entre agentes públicos e privados e principalmente a participação de toda

sociedade civil em assegurar que as ações do poder público estejam de acordo com

as necessidades da população são princípios de grande relevância do PBQP-H

(BRASIL, 2016).

3.1.1 Estrutura do PBQP-H

O PBQP-H está inserido na Secretaria Nacional de Habitação do Ministério

das Cidades conforme especificado na figura 4.

36

Figura 4: Estrutura geral do PBQP-H. Fonte: BRASIL, 2016.

O programa foi disposto a partir de uma estrutura matricial de seus projetos,

sendo composto por:

─ Coordenações;

─ Representantes Estaduais;

─ Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação (CTECH);

─ Grupo de Assessoramento Técnico (GAT).

O organograma das responsabilidades e autoridades que compõem o

programa PBQP-H está disposto na figura 5.

Figura 5: Estrutura Matricial dos projetos do PBQP-H. Fonte: BRASIL, 2016.

37

Este estudo se limita somente no Sistema de Avaliação da Conformidade de

Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil - SiAC, portanto não será

abordado o Sistema de Qualificação de Materiais, Componentes e Sistemas

Construtivos – SiMaC e nem o Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos

Inovadores – SiNAT.

3.2 Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras

da Construção Civil – SiAC

O SiAC é um dos projetos no âmbito do PBQP-H, cujo objetivo é avaliar a

conformidade do sistema de gestão da qualidade das empresas de serviços e obras

no segmento da construção civil, levando em consideração o escopo de atuação

dessas empresas, tendo como base referencial a norma ABNT NBR ISO 9001,

visando na melhoria da qualidade, produtividade e sustentabilidade das construções.

Foi instituído em 15 de março de 2005 pela Portaria nº 118 e revisado em 05

de dezembro de 2012 pela Portaria nº 582, regido pelo Ministério das Cidades. O

SiAC é composto por:

─ Regimento Geral: especifica a estrutura e as atividades básicas do Sistema;

─ Regimento Específico: contêm as informações para cada especialidade técnica,

incluindo seus subsetores.

─ Referenciais Normativos específicos de cada especialidade técnica: contêm

requisitos do sistema de gestão da qualidade para obras de edificações, obras de

saneamento básico, obras viárias e obras de arte especiais.

─ Requisitos Complementares: contêm informações para os diferentes subsetores

de cada especialidade técnica;

─ Certificados de conformidade;

─ Declaração de Adesão ao PBQP-H.

3.2.1 Princípios básicos do SiAC

O SiAC tem como princípios fundamentais: abrangência nacional, caráter

progressivo e pró-ativo, flexibilidade, confidencialidade, transparência,

38

independência e parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e

Tecnologia – INMETRO (BRASIL, 2016).

O SiAC apresenta três níveis de avaliação de caráter evolutivo, proporcional

ao patamar de qualidade que a empresa optar em implantar, sendo eles:

─ Nível de adesão: corresponde ao nível de acesso ao sistema. A empresa se

compromete na implantação do sistema de gestão da qualidade conforme o

Regimento específico de sua especialidade técnica definida. Esse compromisso

se concretiza através da Declaração de Adesão, ficando a empresa de serviços e

obras responsável legalmente com a veracidade das informações concedidas.

Neste nível não é necessário a realização de auditoria para emissão do certificado

de adesão. Vale ressaltar que a referida declaração tem vigência de 12 meses,

sendo improrrogável, além de permitir a participação da empresa uma única vez.

─ Níveis “A” e “B”: corresponde aos níveis evolutivos do sistema. A empresa é

avaliada quanto ao atendimento dos requisitos aplicáveis no Referencial

Normativo do SiAC – Execução de Obras, sendo o nível “A” o mais completo dos

níveis propostos.

Os dados fornecidos pelo SiAC apresentam o crescimento de empresas que

buscam a certificação no PBQP-H: SiAC conforme demostrado no gráfico 1.

Balanço das Empresas avaliadas no SiAC

Gráfico 1: Balanço das empresas avaliadas no SiAC. Fonte: GALINDO, 2015.

39

A adesão das construtoras no SiAC/PBQP-H tem demostrado resultados

positivos de aceitação e credibilidade ao programa, correspondendo atualmente

mais de 3000 certificações ativas no segmento de obras e serviços de construção.

Os certificados de conformidades do Sistema nos níveis “A” e “B” só podem

ser emitidos por Organismo de Avaliação da Conformidade – OAC, credenciado pelo

INMETRO e autorizados pela Comissão Nacional.

O ciclo de duração da certificação, que envolve auditorias de certificação e

auditorias de supervisão compreende a 36 meses, porém a validade se restringe a

12 meses, sendo necessário a empresa renovar a cada ano.

A quantidade de Organismos Acreditados pelo Inmetro em situação ativa no

Brasil ainda é pequena em relação ao número de empresas que aderiram ao SiAC,

conforme dados demostrados no gráfico 2.

Gráfico 2: Organismos de Avaliação de Conformidade ativos no Brasil em 2016

Fonte: Adaptado do BRASIL, 2016.

A avaliação da conformidade nos requisitos normativos fez-se necessário

para propiciar confiabilidade para a sociedade de que sistemas, produtos,

processos, serviços e pessoas atendam aos requisitos especificados (FERNANDES,

2011).

40

O autor afirma também, que as empresas com maior visão gerencial estão em

busca da implantação dos Sistemas Integrados de Gestão (Sistemas de Gestão da

Qualidade, Sistema de Gestão Ambiental, Segurança e Saúde Ocupacional e

Responsabilidade Social).

Para Baldini (2015), a certificação do PBQP-H é uma excelente estratégia de

marketing, propiciando maior confiabilidade tanto no mercado, como também para

os seus colaboradores, fornecedores, consumidores, comunidade e governo.

Na concepção de Depexe e Paladini (2012), a busca pela certificação da

qualidade nas empresas no setor da construção civil se intensificou no Brasil nos

últimos anos devido a dois fatores, internos e externos. Os motivos internos

abrangem a melhoria dos processos da empresa, mitigação dos custos, diminuição

de desperdício e aumento da produtividade. Já os motivos externos correspondem

pela exigência do mercado e de organismo governamental, como requisito contratual

ou pela acirrada concorrência no setor.

O número de empresas que buscam a certificação como estratégia de gestão

voltada para a qualidade é pequeno, na realidade, as empresas buscam a

implantação do sistema de gestão da qualidade devido às exigências impostas pelo

governo, agentes financiadores ou até mesmo dos próprios clientes mediante

requisito contratual (WILLIAMS, 2004).

Na mesma linha de pensamento, Corrêa (2002) acredita que o avanço

significativo de construtoras que buscam a certificação do PBQP-H em todo o Brasil

é decorrente da imposição por parte de instituições públicas, como requisito para

que as empresas possam concorrer a processos licitatórios e obter financiamentos

junto à Caixa Econômica Federal.

Para Depexe e Paladini (2012), a maioria das empresas não enxergam a

gestão da qualidade como ferramenta para melhoria contínua dos seus processos,

visando a satisfação dos seus clientes e a obtenção de ganhos competitivos e

financeiros. Segundo os autores, o foco está em cumprir os requisitos do SiAC,

muitas vezes com muitas burocracias impostas por elas mesmas, para garantir os

benefícios da certificação com instituições financeiras e governamentais do que na

melhoria da qualidade do seu produto e processos.

41

3.2.2 A implantação do Sistema de Gestão da Qualidade na construção civil

O Referencial normativo do SiAC foi baseado nos princípios de gestão da

qualidade descritos na Norma International Organization for Standardization – ISO

9000, que consiste no foco no cliente, liderança, engajamento das pessoas,

abordagem de processo, melhoria, tomada de decisão baseada em evidência e

gestão de relacionamento (ABNT NBR ISO 9001, 2015).

A abordagem do processo fundamentada no SiAC tem como filosofia seguida

o ciclo de Deming ou também conhecido como Ciclo do Plan-Do-Check-Act (PDCA)

conforme figura 6.

Figura 6: Ciclo do PDCA. Fonte: Portal Administração, 2016.

De acordo com a ABNT NBR ISO 9001 (2015), o ciclo PDCA consiste

resumidamente em:

─ Plan (Planejar): etapa que estabelece os objetivos, processos e recursos

necessários pautados em atender os requisitos dos clientes.

─ Do (Fazer): etapa de implantação do que foi planejado.

─ Check (Checar): etapa de monitoramento dos processos, produtos e serviços

resultantes em relação à política, objetivos e requisitos estabelecidos.

─ Act (Agir): etapa que executa ações de melhoria.

Na concepção de Campos (1995 apud Baldini, 2015), qualidade é o

atendimento de forma confiável, segura e no tempo certo aos requisitos do cliente.

Da mesma forma Fernandes (2011), afirma que qualidade é a adequação ao

uso e que os sistemas de gestão da qualidade têm como principal objetivo atender

aos requisitos do cliente em busca de melhorias contínuas a fim de garantir a plena

satisfação do cliente, entretanto não adianta ter um sistema de qualidade que atenda

42

aos requisitos da ISO 9001 se o resultado final não cumprir às necessidades e

expectativas do cliente.

Já Jornada (2011 apud Fernandes, 2011), acredita que a qualidade está

diretamente ligada à padronização dos processos, pois acredita que só há qualidade

se houver a correta especificações de insumos, do produto final, dos métodos de

produção e medição dos atributos-chave.

De acordo com Benetti, Siliprandi e Jabur (2011), a gestão da qualidade vem

se concretizando como uma das estratégias essenciais adotadas pelas empresas no

segmento da construção civil diante dos novos condicionantes que se configuram e

no aumento da competitividade.

No Brasil, houve um crescimento gradativo da implantação do sistema de

gestão da qualidade, devido à evolução da importância da qualidade para a

permanência das empresas no mercado cada vez mais competitivo, tornando-se

crucial a busca pela melhoria contínua da qualidade e produtividade.

De acordo com Fernandes (2011), a sociedade tem uma concepção de que a

qualidade não é mais um diferencial competitivo, mas uma obrigação das

organizações e um direito do cidadão.

Da mesma forma, Queiroz (2010) aponta a qualidade não apenas como um

diferencial, mas como exigência do consumidor num cenário de acirrada

concorrência no mercado imobiliário.

Em decorrência do crescimento elevado no mercado imobiliário, acarretando

uma alta competitividade no setor, a exigência por produtos e serviços com

qualidade é efetiva para a permanência das empresas no mercado, obrigando-as a

buscarem táticas diferenciadas e criativas para elevar o grau de satisfação do cliente

(BALDINI, 2015).

Segundo Melgaço et al. (2004), os sistemas de gestão da qualidade

embasados na ISO 9001 tem contribuído positivamente na gestão de projeto,

trazendo o conhecimento dos requisitos dos clientes, melhorando a coordenação de

projetos e garantindo maior integração entre projeto e execução das obras.

A falta de gestão em empreendimentos na construção civil, ambiente de altas

incertezas, variações climáticas imprevisíveis e alta rotatividade da mão de obra,

geram um alto nível de desperdício de materiais, baixos níveis de produtividade,

dificuldade para cumprir prazos e custos acordados, dentre tantos outros. Com a

43

necessidade de ampliar e conservar uma posição no mercado, as construtoras têm

implantado o sistema de gestão da qualidade com o objetivo de sanar problemas

que surgem nos seus processos produtivos (BALDINI, 2015).

Para Queiroz (2010), os ganhos da implantação de um sistema de gestão da

qualidade dentro de uma construtora são bem significativos como apresentado na

figura 7.

Figura 7: Ganhos na implantação do SiAC em construtoras. Fonte: Queiroz, 2010.

Na concepção de Queiroz (2010), através de pesquisas realizadas, verificou

que o PBQP-H: SiAC proporciona vários benefícios para as empresas, tais como:

melhoria da qualidade, aumento da produtividade e ganhos na competitividade.

Esses ganhos possibilitarão à empresa se destacar frente ao mercado em que atua

e obter uma melhoria contínua dos seus processos.

Segundo Andery et al. (2002), a implantação de um Sistema de Gestão da

Qualidade – SGQ contribui positivamente na melhoria dos processos da

organização, na diminuição de retrabalhos, na mitigação das perdas e desperdícios

de materiais e tempo no canteiro de obras e possibilita um melhor fluxo de

informações entre os envolvidos na cadeia produtiva.

Para Souza, Guidugli Filho e Andery (2004), o sistema de gestão da

qualidade representa um marco na construção civil, pois acreditam que essas

mudanças são significativas diante dos benefícios que o sistema proporciona, tais

44

como: mitigação dos custos, desperdícios e retrabalhos, melhor organização no

canteiro de obra, mão de obra motivada, melhoria no relacionamento entre

construtoras e demais agentes envolvidos da cadeia produtiva, a busca por inovação

tecnológicas e aumento da satisfação do cliente.

Da mesma forma Baldini (2015) afirma que a adoção do SGQ proporciona

uma série de vantagens para as empresas, sobretudo na organização interna e no

controle administrativo com boas práticas de projeto, ocasionando alta produtividade,

redução dos custos e desperdícios, além de melhorar a credibilidade junto a seus

clientes.

Para Benetti, Salundri e Jabur (2011), as principais vantagens das empresas

em adotar o programa consistem no aperfeiçoamento organizacional, na melhoria do

planejamento gerencial, na eficiência dos processos técnicos e de obras, no

aumento dos padrões de qualidade, ganhos na produtividade e redução de

desperdícios.

A maioria das dificuldades enfrentadas por empresas na implantação de um

Sistema de Gestão da Qualidade estão centralizadas na mão de obra,

principalmente em relação a empreiteiros. Diante disso, acreditam que o

investimento na qualificação e capacitação dos seus colaboradores e melhoria do

meio ambiente de trabalho são fatores fundamentais para o sucesso de qualquer

organização (SOUZA; GUIDUGLI FILHO; ANDERY, 2004).

Baldini (2015) acredita que a dificuldade mais relevante enfrentada pelas

empresas durante o processo de implantação do sistema de gestão da qualidade é a

resistência por parte da mão de obra quanto ao atendimento dos procedimentos

padronizados.

De acordo com Reis (1998 apud Souza, Guidugli Filho e Andery, 2004), para

as empresas alcançarem vantagem na competitividade, é necessário a conciliação

de suas expectativas com as necessidades dos seus colaboradores, o que resultará

no engajamento da mão de obra e um maior comprometimento no funcionamento do

seu SGQ.

Cardoso et al. (1999) afirmam que o êxito da implementação do Sistema de

Gestão da Qualidade dentro das empresas corresponde diretamente com o

engajamento da direção e das pessoas dentro da organização.

45

Diante das considerações por muitos estudiosos no assunto, a principal razão

da implantação do sistema de gestão da qualidade em muitas empresas foi devido à

exigência imposta por instituições financeira para a concessão de financiamentos e

por ser um requisito contratual de muitas licitações públicas.

Entretanto, na medida que foram inserindo o conceito e os requisitos na

organização, puderam vivenciar mudanças significativas na cultura organizacional de

construir, usufruindo assim, de vários benefícios, tais como: credibilidade no

mercado, confiabilidade dos agentes envolvidos, qualidade do produto final, redução

de desperdícios, engajamento dos colaboradores, melhoria dos processos

operacionais e ganhos na competitividade. Esses benefícios são visíveis quando há

o comprometimento da Alta Direção no Sistema.

Diante do envolvimento na implantação do SGQ em muitas empresas, há

uma dificuldade muito grande na manutenção do sistema, em razão de possuir um

sistema de gestão engessado, muitas vezes impostos por consultores da qualidade

e não coerentes com a realidade da empresa.

A revisão da norma ISO 9001 em 2015, referencial normativo do PBQP-H,

vêm para conscientizar que o Sistema de Gestão da Qualidade deve ser embasado

no entendimento e no adequado gerenciamento dos processos da organização em

atingir os resultados pretendidos de acordo com seu direcionamento estratégico,

além de abordar a mentalidade de risco, visando tirar proveito das oportunidades e

prevenir resultados indesejáveis.

Muitas são as especulações da revisão do SiAC do PBQP-H para a real

necessidade de abordagem do desempenho das edificações, bem como trazer a

nova visão da abordagem do processo de gestão trazida pela ISO 9001:2015.

No próximo capítulo, será abordado a proposta de revisão do SiAC em

atendimento à Norma de Desempenho, bem como as contribuições para os

empreendimentos de incorporação imobiliária a fim de cumprirem os requisitos

propostos no novo Referencial Normativo SiAC.

46

CAPÍTULO 4: PROPOSTA EM ATENDER A ADEQUAÇÃO DO

SiAC COM VISTAS À NORMA DE DESEMPENHO

A proposta do novo Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de

Serviços e Obras da Construção Civil – SiAC agregou em seu conteúdo as

exigências da ABNT NBR 15575:2013, correlacionando várias outras normas

técnicas prescritivas tendo como objetivo elevar os patamares da qualidade e

produtividade da construção civil.

As mudanças propostas pelo SiAC no âmbito do Programa Brasileiro da

Qualidade e Produtividade no Habitat – PBQP-H contribuirá efetivamente no

atendimento da Norma de Desempenho ABNT NBR 15575:2013, pois propiciará a

disseminação dos requisitos e critérios voltados ao desempenho das edificações no

setor da construção civil, pois há no mercado atual mais de 3.000 empresas

certificadas no SiAC/PBQP-H.

O presente estudo aborda as principais alterações propostas no Regimento

do SiAC para o ano de 2017, com o objetivo de contribuir positivamente no

atendimento do sistema de gestão da qualidade no que tange as exigências do

usuário quanto ao desempenho das habitações.

A metodologia proposta no estudo prático para aplicação do novo SiAC no

segmento de incorporação imobiliária consiste em:

─ Analisar os riscos do entorno quanto a sua exposição e uso;

─ Medir o nível do ruído no local e entorno, com objetivo de definir a classe de ruído

do empreendimento;

─ Levantar os dados climáticos do local e simular o desempenho de verão e de

inverno do empreendimento;

─ Fazer a simulação da iluminação natural do empreendimento;

─ Fazer um estudo e análise do solo, com objetivo de especificar a fundação e seu

impacto no lençol freático;

─ Analisar os resultados obtidos por laudos e relatórios técnicos e manter esses

documentos comprobatórios;

─ Definir a vida útil de projeto (VUP) e níveis de desempenho dos sistemas que

compõem o empreendimento;

47

─ Realizar ensaios em protótipo para validação de materiais e sistemas

construtivos, caso não tenha sido validade em projeto similar;

─ Elaborar o Perfil de Desempenho do Empreendimento;

─ Elaborar as diretrizes dos projetos com relação ao desempenho do

empreendimento desejável. Os projetistas devem emitir uma declaração de

atendimento à ABNT NBR 15575:2013 e demais normas técnicas prescritivas

aplicáveis ao projeto solicitado, além de especificar materiais e processos

construtivos obedecendo a Norma de Desempenho, bem como informar as

especificações quanto ao uso e manutenções apropriadas;

─ Analisar criticamente os projetos, levando em consideração o atendimento a

Norma de Desempenho;

─ Validar e aprovar o projeto;

─ Elaborar o Plano da Qualidade da Obra;

─ Elaborar o Plano de Controle Tecnológico;

─ Inspecionar e controlar os materiais e serviços considerados críticos ao

desempenho do empreendimento na obra. Os ensaios devem ser realizados

conforme especificação do Plano de Controle Tecnológico;

─ Executar ações de correção, caso os ensaios realizados na obra não alcance o

desempenho especificado em projeto.

A seguir, são apresentadas as adequações dos requisitos propostos no

referencial normativo de Nível “A” do novo SiAC segundo Galindo (2015), para obras

de edificações habitacionais visando assegurar o desempenho previsto em projeto.

─ Plano da Qualidade da Obra (Item 7.1.1): deve constar o Plano de Controle

Tecnológico de materiais a serem aplicados e serviços a serem executados, levando

em consideração os requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575:2013 definidos

nos projetos;

─ Determinação dos requisitos relacionados à obra (Item 7.2.1): deve

considerar os requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575:2013 definidos nos

projetos;

─ Entradas de projeto (Item 7.3.2): aplica-se a empresas construtoras que

executam seus projetos internamente ou subcontratam os mesmos. A empresa

construtora deve elaborar o Perfil de Desempenho da Edificação – PDE, que

contempla o conjunto de requisitos e seus respectivos níveis de desempenho –

48

mínimo (M), intermediário (I) ou superior (S), referente ao desempenho estrutural,

estanqueidade, desempenho térmico, desempenho acústico e desempenho

lumínico.

─ Saídas de projeto (7.3.3): deve apresentar evidências dos meios definidos para o

atendimento dos requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575:2013, nos níveis

indicados no Perfil de Desempenho da Edificação, mediante análise de desempenho

esperado das soluções projetadas.

─ Validação de projeto (7.3.6): deve considerar o atendimento dos requisitos de

desempenho da ABNT NBR 15575:2013.

─ Análise crítica de projetos fornecidos pelo cliente (Item 7.3.8): deve

evidenciar os meios definidos para atendimento aos requisitos legais e normas

técnicas aplicáveis, mediante análise de desempenho esperado das soluções

projetadas.

─ Processo de aquisição (Item 7.4.1): deve considerar a capacidade do

fornecedor para atender os requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575:2013,

com base nas informações por ele fornecidas.

─ Processo de qualificação de fornecedores (Item 7.4.1.1): deve ser

considerado como critério de qualificação do fornecedor de material controlado, o

fornecimento de declaração de conformidade acompanhada de relatórios de ensaios

demonstrando atendimento do mesmo às condições previstas nas normas de

especificação e na ABNT NBR 15575:2013, quando esta trouxer exigências

complementares.

─ Informações para aquisição (Item 7.4.2): os requisitos de aquisição

especificados devem considerar os requisitos de desempenho da ABNT NBR

15575:2013 definidos nos projetos da edificação.

─ Controle de operações (Item 7.5.1): o Manual de Uso, Operação e Manutenção

deve levar em conta as exigências da ABNT NBR 15575-1:2013 e da ABNT NBR

14037:2014.

─ Inspeção e monitoramento de materiais e serviços de execução controlados

e da obra (Item 8.2.4): deve incluir as exigências previstas nos documentos de

aquisição relativas às evidências de conformidade dos materiais controlados às

normas de especificação e à ABNT NBR 15575:2013, quando esta trouxer

exigências complementares.

49

Este trabalho não se aplica ao cumprimento dos seguintes itens, devido as

peculiaridades de decisão por parte das empresas construtoras:

─ Validação de projeto (Item 7.3.6);

─ Processo de aquisição (Item 7.4.1);

─ Processo de qualificação de fornecedores (Item 7.4.1.1);

─ Controle de operações (Item 7.5.1).

Os requisitos do novo SiAC, bem como as ações propostas para o

atendimento da Norma de desempenho estão relacionados conforme especificado

no quadro 7.

Quadro 7 – Requisitos do novo SiAC e ações propostas

REQUISITOS DO NOVO SIAC AÇÕES PROPOSTAS

7.1.1 – Plano da Qualidade da Obra Plano da Qualidade da Obra – PQO (Ver Apêndice D).

Fonte: Arquivo Pessoal.

7.2.1 – Determinação dos requisitos

relacionados à obra

Perfil de Desempenho da Edificação (Ver Apêndice B).

Fonte: Arquivo Pessoal.

7.3.2 – Entradas de projeto

Dados de Entrada de Projetos – Desempenho (Ver

Apêndice C).

Fonte: Arquivo Pessoal.

7.3.3 – Saídas de projeto

Lista de Verificação para desenvolvimento/ Recebimento

de projetos.

Fonte: CBIC (2015).

7.3.8 – Análise crítica de projetos

fornecidos pelo cliente

Check List dos Requisitos da Norma de Desempenho.

Fonte: CBIC (2016).

7.4.2 – Informações para aquisição

Especificações dos materiais para atendimento a ABNT

NBR 15575:2013 inserido no item 7.1 do Plano da

Qualidade da Obra (Ver Apêndice D).

Fonte: Arquivo Pessoal.

8.2.4 – Inspeção e monitoramento de

materiais e serviços de execução

controlados e da obra

Especificações dos materiais para atendimento a ABNT

NBR 15575:2013 inserido no item 7.1 do PQO.

Execução dos serviços na obra considerados críticos para

a atendimento a ABNT NBR 15575:2013 inserido no item

10.1 do PQO. (Ver Apêndice D)

Fonte: Arquivo Pessoal.

Fonte: Arquivo Pessoal.

50

As atividades fundamentais das etapas de concepção, projeto e planejamento

da execução de obras de edificações habitacionais para o atendimento a ABNT NBR

15575:2013 e suas ações propostas estão descritas no quadro 8.

Quadro 8 – Atividades e ações para atender a ABNT NBR 15575:2013

ATIVIDADES AÇÕES PROPOSTAS

Análise de riscos do entorno Mapa de Riscos (Ver Anexo A).

Fonte: DEMC/UFMG (2016).

Levantamento dos ensaios em atendimento a

ABNT NBR 15575:2013

Plano de Controle Tecnológico (Ver Anexo B).

Fonte: DEMC/UFMG (2016).

Fonte: Arquivo Pessoal.

Para a eficácia das ações propostas, é importante o estudo da ABNT NBR

15575:2013 por todos os profissionais envolvidos: incorporador, construtor,

projetistas e parceiros, fornecedores de materiais e serviços e usuário, bem como a

definição clara das responsabilidades de cada um conforme especificado na figura 8.

Figura 8: Responsáveis pelo desempenho. Fonte: Borges, 2014.

Com a finalidade de representar de forma descomplicada a sequência

operacional necessária para o atendimento da proposta do novo SiAC com vistas à

Norma de Desempenho, bem como a descrição dos documentos aplicáveis em cada

51

atividade, foi desenvolvido um fluxograma abordando as principais atividades do

processo. O fluxograma pode ser verificado com mais detalhe no Apêndice A.

Fluxograma – Atendimento a nova proposta do SiAC

Fonte: Arquivo Pessoal.

Na fase de concepção do projeto, o incorporador e/ou construtor deverá

obrigatoriamente analisar as condições do entorno e as características de exposição

que estarão sujeitos os materiais, componentes e sistemas que compõe o edifício

como um todo. O núcleo de pesquisa da Norma de Desempenho do Departamento

de Engenharia de Materiais e Construção – DEMC da Universidade Federal de

52

Minas Gerais desenvolveu o Mapa de Riscos conforme figura 9, ver com mais

detalhes no Anexo A.

Figura 9: Mapa de Riscos. Fonte: DEMC/UFMG, 2016.

53

Nesta etapa de análise do entorno, a incorporadora deverá fazer o

levantamento das condições climáticas, do nível do ruído do entorno, das condições

do solo, das características geomorfológicas do local e manter laudos

comprobatórios para subsidiar na definição dos requisitos, critérios e níveis de

desempenho do empreendimento a ser atendido.

Com posse dos resultados, a organização deverá elaborar o Perfil de

Desempenho da Edificação - PDE, definindo os níveis de desempenho do

empreendimento quanto aos requisitos exigidos pelo usuário para os diferentes

sistemas da edificação.

O Perfil de Desempenho da Edificação consiste em um documento de entrada

de projeto que registra os requisitos dos usuários e respectivos níveis de

desempenho a serem atendidos por uma edificação habitacional. No presente

trabalho, foi desenvolvido o Perfil de Desempenho da Edificação de forma que possa

ser atendido por qualquer empreendimento de incorporação imobiliária conforme

estabelecido no Apêndice B.

Cabe o incorporador fornecer os laudos, relatórios técnicos, estudos

necessários aos projetistas juntamente com os “Dados de Entrada de Projetos –

Desempenho”, documento que descreve as informações pertinentes ao

desempenho do empreendimento, as quais deverão ser atendidas pelos projetistas.

É importante ressaltar que este documento não substitui a própria Norma de

Desempenho ABNT NBR 15575:2013, cuja leitura é obrigatória. O documento

“Dados de Entrada de Projetos – Desempenho” pode ser verificado no Apêndice C.

É fundamental que os envolvidos estudem as possíveis soluções e

adequações do produto, validando materiais e sistemas construtivos em protótipos

antes de serem empregados, definindo os matérias, componentes, sistemas e

processos construtivos a serem adotados.

Para conferência das saídas de projeto, foi desenvolvido uma “Lista de

Verificação para desenvolvimento/ Recebimento de projetos” conforme especificado

na figura 10, contemplando quais os critérios da ABNT NBR 15575:2013 a serem

atendidos a cada disciplina de projetos pela Câmara Brasileira da Indústria da

Construção – CBIC através da publicação “Dúvidas sobre a Norma de Desempenho:

especialistas respondem às principais dúvidas e elencam requisitos de suportes para

54

elaboração de projetos /coordenadores” que poderá ser utilizado para auxiliar no

atendimento ao requisito 7.3.3 – Saídas de Projeto.

Figura 10: Lista de Verificações para desenvolvimento/Recebimento de projetos. Fonte: CBIC, 2015.

O próximo passo é analisar criticamente os projetos desenvolvidos dentro da

organização ou quando os mesmos são fornecidos pelo cliente.

Para orientar na análise se os projetos contemplam todos os requisitos e

critérios exigidos na ABNT NBR 15575:2013, a CBIC desenvolveu um “Check List

dos Requisitos da Norma de Desempenho” demostrado na figura 11, através da

publicação “Análise dos Critérios de Atendimento à Norma de Desempenho ABNT

NBR 15.575”.

Este Check List auxiliará no cumprimento dos seguintes requisitos:

─ Análise Crítica de Projetos (Item 7.3.7);

─ Análise Crítica de Projetos fornecido pelo Cliente (Item 7.3.8).

55

Figura 11: Check List dos requisitos da ABNT NBR 15575:2013. Fonte: CBIC, 2016.

Após a análise crítica, validação e aprovação do projeto, a construtora deverá

elaborar o Plano da Qualidade da Obra contendo os seguintes elementos, quando

apropriado:

─ Apresentação da obra;

─ Política da Qualidade e Plano de sensibilização para a qualidade;

─ Estrutura organizacional da obra;

─ Responsabilidades;

─ Programa de treinamento específico da obra;

56

─ Relação de materiais e serviços de execução controlados;

─ Projeto do canteiro;

─ Identificação das especificidades da execução da obra e suas formas de controle;

─ Identificação dos processos considerados críticos para a qualidade da obra;

─ Manutenção de equipamentos considerados críticos para a qualidade da obra;

─ Objetivos da qualidade específicos para a execução da obra;

─ Definição dos destinos adequados dados aos resíduos sólidos e líquidos

produzidos pela obra (entulhos, esgotos, águas servidas);

─ Plano de controle tecnológico de materiais a serem aplicados e serviços a serem

executados visando assegurar o desempenho conforme previsto em projeto, em

atendimento à ABNT NBR 15575:2013.

Para auxiliar no atendimento do item 7.4.2 – Informações para aquisição e

8.2.4 – Inspeção e monitoramento de materiais e serviços de execução controlados

e da obra, requisitos exigidos no novo SiAC, foi desenvolvido os seguintes

elementos, que pode ser verificado no PQO:

─ Especificações dos materiais para atendimento a ABNT NBR 15575:2013;

─ Execução dos serviços na obra considerados críticos para atendimento a ABNT

NBR 15575:2013.

O Plano de Controle Tecnológico - PCT, documento que relaciona os ensaios

necessários, que tem como objetivo assegurar o desempenho conforme previsto em

projeto, em atendimento à ABNT NBR 15575:2013 foi desenvolvido pelo núcleo de

pesquisa da Norma de Desempenho do Departamento de Engenharia de Materiais e

Construção – DEMC da Universidade Federal de Minas Gerais.

O PCT é de extrema importância no acompanhamento da obra, pois

contempla os ensaios a serem realizados ao longo da obra a fim de validar os

métodos e sistemas construtivos empregados, o qual pode ser verificado na figura

12 e disponível no Anexo B.

Com base nesse documento, foi desenvolvido o Plano de Controle

Tecnológico que contempla as especificações dos ensaios dos materiais

considerados críticos para o atendimento ao desempenho determinado e os

principais serviços considerados críticos que impactam diretamente na qualidade e

desempenho do produto. Esse PCT está contido no Plano da Qualidade da Obra,

que pose ser verificado no Apêndice D.

57

Figura 12: Plano de Controle Tecnológico. Fonte: DEMC/UFMG, 2016.

58

CONCLUSÃO

A busca pela melhoria da qualidade das edificações habitacionais na garantia

de atender as necessidades básicas do usuário quanto à segurança, habitabilidade

e sustentabilidade é um desafio na construção civil. A proposta do novo Regimento

do SiAC/ PBQP-H inclui as exigências impostas pela Norma de Desempenho ABNT

NBR 15575:2013 com o objetivo de garantir a qualidade e desempenho do ambiente

construído.

Mediante isso, o objetivo desse trabalho consiste em contribuir positivamente

no atendimento dos requisitos propostos no novo SiAC/PBQP-H com vistas aos

requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575: 2013 e propor um fluxo de trabalho

para gestão das etapas de concepção, projeto e planejamento da execução de

obras habitacionais no segmento de incorporação imobiliária que pudesse ser

adotado a qualquer tipo de empreendimento.

Diante da revisão bibliográfica, pôde-se perceber que é fundamental a quebra

de paradigmas na cultura brasileira da construção habitacional, principalmente

quanto as práticas de projetos.

É essencial mudanças comportamentais de todos os profissionais da cadeia

produtiva, adotando soluções integradas de projetos, de forma que as diferentes

disciplinas comuniquem entre si, em torno do objetivo de garantir o desempenho da

edificação.

O engajamento dos profissionais nas etapas de concepção, projeto,

planejamento e execução da obra, a adoção de projetos com especificações e

padrões bem definidos, bem como a validação de materiais e sistemas construtivos

são fundamentais no alcance de resultados satisfatórios, tanto sobre o aspecto

jurídico, no atendimento as obrigações estabelecidas na ABNT NBR 15575:2013 e

Regimento do SiAC, quanto no econômico, na viabilidade do empreendimento, além

de proporcionar maior confiabilidade de clientes e parceiros.

Portanto, conclui-se que o fluxograma proposto é uma ferramenta importante

para nortear os incorporadores imobiliários na execução de atividades cabíveis

quanto o atendimento do novo SiAC. Para alcançar a eficácia das ações propostas

neste trabalho é essencial o cumprimento das responsabilidades dos agentes

envolvidos e uma maior sintonia e colaboração entre suas atividades.

59

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65

APÊNDICE A – Fluxograma

67

APÊNDICE B – Perfil de Desempenho da Edificação (PDE)

91

APÊNDICE C – Dados de Entrada de Projetos - Desempenho

127

APÊNDICE D – Plano da Qualidade da Obra

158

ANEXO A – Mapa de Riscos

161

ANEXO B – Plano de Controle Tecnológico (PCT)