ConSaúde

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Jornal do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte Distribuição gratuita www.pbh.gov.br/cms ANO 11 MAIO 12

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Jornal do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte

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Con aúdeS Jornal do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte Distribuição gratuita

www.pbh.gov.br/cmsANO 11 MAIO 12

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Opinião

AVOZDOLEITOR

@cmsbhfacebook.com/cmsbhEnvie sua opinião ou sugestão [email protected]

Gostaria de comemorar com os conselheiros

de BH o sucesso das conferências

de saúde. Estou super feliz

com o trabalho que realizamos.

A versão digital do jornal está disponível em www.pbh.gov.br/cms

Uma pergunta recorrente sobre esse jornal é: por que as unidades de saúde

recebem tão poucos exemplares? Afinal, são muitos elogios às matérias e

informações veiculadas sobre o SUS.Parabéns ao ConSaúde.

Prezada Claudete,Os exemplares do jornal ConSaúde

destinados às unidades do SUS-BH são divididos de acordo com o número de

equipes de saúde da família, dentro da tiragem total.

EditorialExpediente

Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte Av Afonso Pena, 2336, Pilotis, Funcionários, Belo Horizonte MG Cep: 30.130-007

TELEFONES:(31) 3277-7733 FAX: (31) 3277-7814COMUNICAÇÃO:(31) 3277-5232

ConSaúde é uma publicação do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte, editado por sua Assessoria de Comunicação. É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. O artigo assinado é de responsabilidade de seu autor e não expressa necessariamente a opinião do jornal.

MESA DIRETORA DO CMSBH

Angela de Assis Maia MouraPRESIDENTE

Ederson Alves da SilvaSECRETÁRIO GERAL

Wallace Medeiros Xavier1º SECRETÁRIO

Martha Auxiliadora Ferreira Reis2ª SECRETÁRIA

CÂMARA TÉCNICA DE COMUNICAÇÃO

Adolpho von Randow NetoCOORDENADOR

MEMBROS: Adolpho von Randow Neto, Jussara Silvia G. Ferreira, Martha Auxiliadora Ferreira Reis

SECRETARIA EXECUTIVA

Alessandra Reis, Eleciania Tavares, Feruze Bolmene, Martha Caroline, Terezinha Santiago, Wanderson Araújo

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

Luciane Marazzi MG 14.530/JPJORNALISTA

Ana TomaselliPROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Jéssica SilvaESTAGIÁRIA

Santiago MartinsCHARGE

Reprodução da InternetCAPA

Rona EditoraIMPRESSÃO

Tiragem: 20.000 exemplares

www.pbh.gov.br/cms [email protected]

[email protected]

Deixe a sua marca, multiplique vidas.

Doe órgãos!

Nos meses de março e abril de 2013, o Conselho Municipal de Saúde (CMSBH) pautou em reuniões ordinárias e extraordiná-rias e plenárias de trabalhadores, o atendimento à dengue em Belo Horizonte. As discussões se estenderam em debates televi-sivos e audiências públicas sobre o tema. Outro ponto relevante nas atividades do controle social é a revitalização e a renovação

dos conselhos hospitalares na capital. Entre tantos assuntos discutidos, estes dois têm sido os mais importantes, pois afetam a população que sofre com a epidemia de dengue e a falta de leitos hospitalares. Os conselheiros puderam debater e propor intervenções no atendimento à dengue a partir das apresentações da Secretaria Municipal de Saúde, que mos-traram o atual panorama e planos de contingência, onde foi possível constatar o aumento da demanda e o número insuficiente de profissionais, insumos e de leitos para reposição volêmica (hidratação). Estes problemas só estão sendo sanados com a contribuição efetiva dos conselheiros em parceria com a gestão do SUS-BH. Devido a importância de se renovar os conselhos hospitalares do município, a Mesa Diretora tem se empenhado em contribuir com a revisão dos regimentos e com a organização de seminários para renovar estas instâncias. É importante que cada conselheiro traga para si a responsabilidade do papel de fiscalizador do dinheiro público, que deve ser usado para melhorar o acesso e a qualidade dos serviços de saúde no nosso município.

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esporte

preocupante. Há a destruição de células do coração e a liberação de en-zimas, que facilitam as lesões. Em atletas amadores, existe a maior possi-bilidade de surgirem pequenos coágulos e microlesões. Os cardiologistas Odilon Gariglio Alvarenga, da Minascor e Marconi Gomes, da PBH, são referências em medicina esportiva. Com eles, vimos que os exercícios fí-sicos de intensidade leve e moderada trazem benefícios à saúde. Os de intensidade vigorosa, ou de alta performance, são controversos, porque se referem a atletas extraordinários, do ponto de vista de rendimento. O treino deles ultrapassa o que é prescrito pela Medicina. São ultramara-tonistas, que extrapolam os níveis recomendados como benéficos para a saúde. O corpo é como uma máquina, converte energia química (ali-mentos) em energia mecânica para sua locomoção. E pode aumentar a intensidade do exercício elevando a taxa na qual a energia é convertida. Um atleta pode correr mais rápido, aumentando a utilização dos com-bustíveis e regulando a temperatura corporal. Quando ela se eleva para níveis críticos, o desempenho é reduzido e traz sério risco para a saúde. O principal mecanismo que auxilia no esfriamento do corpo é a evapora-ção do suor proveniente da transpiração. Quando o suor evapora, retira calor do corpo. Por isso, não é aconselhável que enxugue o suor durante a atividade. O treinamento físico interfere no metabolismo assim como a emoção de competir. É necessário que a pessoa tenha programas de treinamen-to planejados, sob orientação de profissional especializado, para evitar o excesso. Quando a carga de treinamento é muito intensa em relação ao período de descanso, há recuperação insuficiente do metabolismo, o

Holofotes, fama, dinheiro. Ou será simplesmente, vontade de competir, boa forma e saúde? O que seduz mais nos espor-tes de alto rendimento? Parece que estamos nos referindo a um modismo ou a um comportamento da pós-moderni-dade, como a musculação. Mas não é. A história aponta a

direção. As maratonas, por exemplo, são tão antigas quanto as olimpíadas. Surgiram em homenagem ao soldado grego Fidípides, que se tornou o mártir protagonista da modalidade, a cada dia mais popular no mundo. Fidípides foi escolhido para avisar ao povo de Atenas, principalmente às mulheres, que a Grécia vencera a guerra contra o temível exército persa. Os inimigos tinham avisado, que caso vencessem, violariam as mulheres e matariam toda a população. Os gregos tinham pressa, porque queriam evitar o suicídio feminino coletivo. Conta que o soldado grego morreu, exausto, logo após dar o recado. Isso foi em 490 a.C. Os 40 km que se-param a baía de Maratona da cidade de Atenas, ou os 5.164 degraus da muralha da China, derrubaram fronteiras e aguçaram o interesse dos po-vos de transformar tudo em lucro. Na mesma proporção e voracidade, cresce o time de esportistas ama-dores, mulheres e homens saradões, que unem o glamour da diversão com o útil e o agradável. Autônomos, esses recreacionistas não tem co-bertura de uma agremiação esportiva e, as vezes, nem observam as nor-mas de saúde ao treinar. Muitos correm por correr, inclusive dos alertas médicos. A ciência colaborou e as pesquisas comprovaram que o exercício leve e moderado é motivo de saúde para todas as faixas etárias. Já a vida se-dentária é o fator que mais mata no mundo. Caminhar uma hora por dia evita as cardiopatias. Mas correr 42 km, distância comum das maratonas mundiais, sem treino e sem preparação adequada, pode causar lesão no coração. É o que dizem os médicos da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. Correr uma maratona não é para qualquer um, tanto que não é recomendável que um atleta corra em mais de duas competições como esta no ano. Quanto maior for o preparo físico, melhor vai ser a

RENDIMENTO SIM, MAS SEM PERDER A SAÚDE!

circulação cardíaca e melhor o aproveitamento. O coração precisa trabalhar menos para produzir a mesma quantidade de energia. É possível recu-perar, mas pode causar desidratação, hipertensão, arritimias agudas ou crônicas. A ausência de fator de risco não quer dizer que seja permitido. Todos precisam ter acuidade, observar as variáveis como idade, gênero, peso e fazer avaliação física antes de correr ou praticar esportes de rendimento vigoro-so. O esforço de uma maratona, por exemplo, pode causar um processo inflamatório reversível, mas

que pode causar um overreaching que, se descoberto rapidamente, pode ser recu-perado em poucos dias. Se o treinamento e a recuperação não forem corrigidos a situação pode evoluir para o overtrain-ning que acomete cerca de 20% de atletas brasileiros e é frequentemente associado com quadros de infecções e depressões, sem apresentar causa clínica identificá-vel. Os sistemas esquelético, metabólico, cardíaco - que dá suprimento sanguíneo à musculatura ativa - entram em fracasso pelo cansaço e o atleta começa a perder rendimento. Daí, que não se pode prescin-dir do acompanhamento médico, nem da ajuda de uma equipe interdisciplinar: fisio-terapeuta, nutricionista, educador físico. Se parar, enferruja; se exagerar quebra. Há que achar o equilíbrio. A qualquer sinal, é bom aguardar uma nova largada.

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Notícias do Conselho

Os conselhos de saúde participaram de ações e debates sobre o combate à dengue em Belo Horizonte. O número crescente de casos gerou uma epidemia da doença e mobi-lizou a população na luta contra o mosquito transmissor.Na regional Leste, as comunidades do Taquaril e Alto Vera

Cruz organizaram uma passeata de conscientização pelas principais ruas dos dois bairros. Participaram aproximadamente 150 pessoas, entre con-selheiros de saúde, moradores, agentes da zoonoses, agentes comunitá-rios (ACS) e alunos de escolas da região, além do Centro de Integração do Menor Flamengo, ACS’s mirim do Fica Vivo e o Grupo de Mobilização da Saúde (Mobiliza SUS). Durante a caminhada os participantes distribuíram folhetos informati-vos e carregavam cartazes e faixas, chamando as pessoas do bairro para participar. A conselheira local de saúde, Ivanil Mendes, disse que a popu-lação aderiu ativamente à passeata, o que revela o interesse das pessoas em colaborar no controle de uma doença grave e que pode matar. “O que indigna é o fato de que situações como estas não são divulgadas pela grande mídia, que prefere publicar o lado negativo, sem evidenciar e apoiar estas iniciativas da comunidade”, diz revoltada. O conselheiro Ivan Mateus ressaltou que a realização destes eventos só é possível com a participação intersetorial da própria comunidade. Entretanto, o presidente da Comissão Local de Saúde do Alto Vera Cruz, Custódio Mota do Amorim, disse que esperava a adesão maior da parce-ria com a SLU, ajudando a divulgar a importância da limpeza urbana. O Conselho Distrital de Saúde Norte aproveitou a caminhada promo-vida para comemorar o Dia Internacional da Mulher e ofereceu aos ca-minhantes dicas de prevenção e cuidados para eliminar focos do Aedes Aegypt. Nos meses de março e abril, o plenário do CMSBH realizou duas reuni-ões para debater o panorama e o avanço da doença na cidade. De acordo com a gerente de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde, Lúcia Paixão, em BH metade dos casos é de dengue tipo 1 e a outra é da den-

DENGUE

Comunidade dos bairros Taquaril e Alto Vera Cruz em passeata contra a dengue

Combate à gue tipo 4 - este último, um novo vírus. Os distritos com maior número de casos são Norte e Nordeste. O secretário e conselheiro municipal de Saúde, Marcelo Teixeira, es-clareceu que foram contratados mais agentes de endemias, mas é pre-ciso a articulação dos conselhos para mobilizar a população. Mesmo as-sim, a presidente do CMSBH, Angela de Assis, questionou a demora do prefeito em nomear os gerentes de zoonozes dos distritos sanitários. Lúcia Paixão esclarece que a dengue é um problema de saúde públi-ca, cujo o vetor foi reintroduzido na cidade em 1996. O cuidado essen-cial segundo ela, é não permitir os criadouros nos domicílios. “A dengue tem que ser trabalhada o ano todo, especialmente no período intere-pidemiológico (chuvas), pois é a doença trasmissível de maior impacto para a saúde em BH. Por isso, a população deve se envolver em ações intersetoriais e o Conselho deve ser o elo de contato com a população”, esclarece.

PLANO DE CONTINGÊNCIAEm relação às ações de combate à dengue, o secretário municipal ad-junto de Saúde, Fabiano Pimenta, informou que o cuidado continua sendo a melhor maneira de controlar o mosquito. Segundo dados do Ministério da Saúde, 97% da população já ouviu falar sobre a dengue e 94% se sentem bem informados, enquanto 55% dizem que não fazem nada porque o vizinho não faz. Por esse motivo, Fabiano enfatiza que a dengue deve ser um assunto pemanentemente em pauta, que não deve ser discutido somente no auge da crise. “Não há expectativa de vacina nos próximos cinco anos”, informa. No plano de contingência da doença, a Secretaria Municipal de Saúde contratou agentes de campo e profissionais de saúde, mantendo centros de saúde estratégicos fun-cionando nos finais de semana, conteineres nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) e unidades de reposição volêmica (hidratação) nos hospitais Nossa Senhora Aparecida e Eduardo de Menezes.

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A presidente do CMSBH, Angela de Assis, participou do programa Câmara Debate, da TV Câmara, que discutiu o atendimento aos casos de dengue em BH. Participaram também a representante da SMSA, Maria Tereza de Oliveira, o presidente do Conselho Regional de Medicina, João Batista Go-mes Soares e o vereador Sérgio Fernando Pinho Tavares.

Para assistir ao Câmara Debate, acesse o canal tvcamarabh1, no Youtube

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Con aúdeS Luciane M

arazzi

Forum Social MundialDE PORTO ALEGRE A TÚNIS

Conselheiros de BH participam do encontro e discutem temáticas sociais no Brasil e no mundo

O Conselho Municipal de Saúde participou da edição 2013 do Fórum Social Temático, realizado em Porto Alegre (26 a 31 de janeiro) e do 13º Fórum Social Mundial, em Túnis, na Tunísia (26 a 30 de março). Realiza-dos anualmente, os dois eventos são organizados por movimentos so-ciais de todos os continentes, com o objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global. Em Porto Alegre, 11 conselheiros de saúde participaram da tradi-cional caminhada de abertura, atos políticos, oficinas e grupos de trabalho sobre voluntariado, saúde, igualdade racial, juventude, ética, índios e mulheres. O destaque foi para as oficinas sobre financiamento da saúde e violência contra a mulher, esta última pedindo a efetivação da Lei Maria da Penha e buscando instrumentos de saúde para ofere-cer prevenção e cuidados. Dando continuidade à participação do CMSBH, uma comitiva de três conselheiros esteve presente ao Fórum Social Mundial (FSM). O lema foi “Dignidade”, palavra que inspirou as manifestações da Primavera Árabe. Países das Américas Central e do Sul, e da África foram as prin-cipais representações entre as 125 nações participantes. Movimentos sociais de todos os estados brasileiros marcaram presença juntamente com o Conselho Nacional de Saúde. O secretário geral do CMSBH, Ederson Alves, que participou do Fó-rum Mundial, disse ter sido importante entender como funciona o sistema de saúde de vários países. O que chamou mais a tenção foi a privatização dos serviços em muitos deles, como vem acontecendo no Senegal e no Congo. “Com a privatização, a população de baixa renda não tem acesso ao atendimento. No Congo, a situação fugiu do con-trole depois da guerra. Uma pesquisa comparativa entre os sistemas público e privado de saúde no país, constatou que a privatização visa somente o lucro, sem se importar com a saúde da população”, lamenta o secretário. Outra representante do CMSBH na Tunísia, Andréa Hermógenes, dis-se que a alternativa sugerida durante o FSM, foi a mudança da Consti-tuição destes países, assegurando a saúde como uma política pública. “Como conselheiros, ficou ainda mais clara a nossa responsabilidade diante da população na efetivação e manutenção do SUS como uma política de Estado, que assegura o atendimento integral à saúde. Para o conselheiro José Coelho dos Santos “a participação do CMSBH, em espaços como o Fórum Social ajuda a disseminar o aprendizado que adquirimos para outros países, além de consolidar o SUS por aqui”.

Com o intuito de planejar as atividades do Conselho Distrital de Saúde Nordes-te (CODISANE) para o ano de 2013 e enfatizar o fortalecimento do SUS através do investimento no controle social, foi realizado no mês de março, o 1° Seminário de Planejamento, no auditório da Secretaria de Administração Regional Munici-pal Nordeste (SARMU-NE). O evento contou com a participação de conselheiros distritais, locais e municipais. A presidente do conselho distrital, Maria Cândida de Lélis Moreira, home-nageou o primeiro conselheiro da região, Antônio Gomes, que foi responsável pela construção de dois centros de saúde junto com seu pai, que dá nome a um deles, o Centro de Saúde Gentil Gomes. A mesa de abertura contou com a presença dos representantes do CMSBH, Ederson Alves e Wallace Medeiros, que enfatizaram a importância do envolvimento de todos os segmentos para o controle social mais atuante. Antes da realização das atividades, Maria Cândida apresentou uma linha do tempo contando a história do CODISANE, de 1996 a 2006 e a respresentante do Distrito Sanitário Nordeste, Carmen Cadete, apresentou o resumo da X Confe-rência Distrital e da XI Conferência Municipal de Saúde. Os conselheiros foram dividos em três grupos para discutir a organização das câmaras técnicas, plenárias de segmentos, comissões de trabalho, capacitação de conselheiros e comunicação no CODISANE.

1º Seminário de Planejamentodo CODISANE

CMSBH participou do Fórum Social em Porto Alegre e na Tunísia

Conselheiros participam de seminário para promover o controle social

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Comemoração doMês das Mulheres

A influência da mulher no controle social e a busca por uma vida mais ple-na, saudável e livre da violência em todas as instâncias de convivência, foram os temas abordados em palestra pela promotora da 2ª Promotoria de Defesa da Saúde, Josely Ramos Pontes, organizada em março pelo Conselho Distrital de Saúde Venda Nova, como comemoração ao Dia Internacional da Mulher. O evento contou também com muita música e a apresentação do grupo de teatro da Vigilância Sanitária. Segundo a promotora as mulheres que participam do controle social ficam mais fortes, porque conhecem melhor seus direitos. “Mulheres devem zelar pe-las unidades de saúde, criando o bom exemplo da prevenção, participando de cursos sobre atenção e cuidado à saúde”, enfatizou Também em março, o CMSBH retomou as atividades da Plenária de Conse-lheiras de Saúde, espaço destinado às discussões e construção de trabalhos sobre o bem-estar da mulher. A pesquisadora da PUC-MG, Letícia Gonçalves, apresentou os resultados do levantamento sobre “a participação das mulheres em políticas públicas de saúde por meio da oralidade”, realizada com conse-lheiras de saúde. “A mulher sustenta o sistema de saúde, mas ainda é pouco reconhecida em relação ao homem. Em alguns espaços a voz de autoridade da mulher é menor do que a do homem. É um desafio se manter em um lugar de poder como é o caso do Conselho”, disse. Durante a plenária, a presidente do CMSBH, Angela de Assis, leu um poema em homenagem ao Dia da Mulher e declarou que “o lugar da mulher é onde ela deseja estar, seja no mercado de trabalho ou em casa, mas sempre exercen-do a sua posição de mulher”.

Já estão em andamento as aulas da segunda turma de inscritos para as Oficinas de Qualificação para o Controle Social no SUS-BH, realizadas nas nove regionais da cidade. O objetivo é capacitar novos conselheiros para atuar no controle social da saúde. De acordo com Eleciania Tavares, membro da Comissão de Educação Continuada do CMSBH, desde o dia 1º

de dezembro, data em que o curso teve início, foram capacitadas cerca de 166 pessoas. As primeiras turmas já concluíram os dois módulos da oficina e outras nove estão cursando o 1º módulo. Durante as aulas, os conselheiros conhecem de perto o gerenciamento, as atribuições e as responsabilidades dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Para Lilian Luiza de Jesus, usuária do Centro de Saúde Cafezal, as ofi-cinas têm oferecido um olhar diferente sobre o que é saúde pública e se diz lisonjeada em participar. A aluna acrescenta que “durante as aulas todos tem a oportunidade de participar e de trocar experiências”. A agente co-munitária de saúde, Camila Tiltilo, disse que o mais interessante é ficar por dentro das leis que regem a saúde no Brasil. Já o dentista Marcelo Ulhoa, da regional Norte, acredita que a participação nestas oficinas favorece o entendimento ideal do papel de agente do controle social, melhorando a atuação dos conselhos. Gisele Maria de Souza, que mora e já foi conselheira no leste de Minas, participa das oficinas como docente e revela que este trabalho tem propor-cionado a compreensão de uma nova dimensão do controle social, que é mais efetivo e participativo. “Fazer parte deste projeto foi um presente da Escola de Saúde Pública e do CMSBH”, diz

166 conselheiros já foram capacitados para atuar no controle social em BH

Notícias do Conselho

O II Movimento Tô de Alta, promovido no dia 19 de abril pelo Conselho Distrital de Saúde Leste, agitou a Praça Duque de Caxias, no bairro San-ta Tereza. O objetivo do evento foi promover um dia de conscientização sobre saúde integral. Os participantes puderam visitar as várias tendas que disponibilizaram informações, material de divulgação e produtos de artesanato (Arte da Saúde e artigos indígenas) e alimentos naturais e medicinais. A Secretaria Municipal de Saúde ofereceu serviços de va-cinação contra a gripe, teste de glicemia, aferição de pressão arterial e orientações sobre o combate à dengue e doação de leite materno. A UFMG também prestou serviços de orientação nutricional. Para quem quis cuidar da saúde espiritual, o Tô de Alta contou com massagens, reiki, yoga e meditação, além de shows e atividades culturais. A secretária geral do Conselho Distrital de Saúde Leste, Jussara Sílvia, disse que o Tô de Alta vem cumprindo o objetivo de ampliar o conceito da população sobre saúde, ressaltando a importância da prevenção. “O fundamental é que as ideias para o projeto têm partido da própria população e o movimento já é visto como uma política do conselho distrital. Futuramente, pretendemos estender o evento para outras re-gionais”, comemora.

Tô de Alta agita aPraça Duque de Caxias

CODISA-VN comemora o mês da mulher com debates e atividades culturais

Conselheiros da região Oeste durante o 2º módulo da oficina

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Con aúdeS Minas Gerais entrregou 439.000 assinaturas; Comitiva de conselheiros belorizontinos participam do ato em Brasília, no dia 10 de abril

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Câmara Debate

O Conselho Municipal de Saúde discutiu e mobilizou os conselheiros na coleta de

assinaturas para o “Saúde +10”, projeto de iniciativa popular que propõe o investimento de pelo menos 10% da receita bruta corrente da União em saúde pública. Os conselhei-ros participaram do lançamento da campanha na Câmara Municipal, no dia 7 de março, com o objetivo de coletar 30 mil assinaturas e mobilizar a população até o dia 7 de abril.

A iniciativa contou com o apoio da Secretaria e do Conselho Municipal de Saúde. As assinaturas recolhidas em

todo o país foram entregues ao Congresso Federal, no dia 10 de abril. Até agora, foram contabilizadas

1,25 milhões de adesões, sendo que Minas Gerais entregou 439 mil assinaturas.

A meta é atingir 1,5 milhão de assinaturas.

Conselheiros entregamassinaturas no Congresso

A presidente do CMSBH, Angela de Assis, participou de um debate na TV Câmara sobre a relevância e a atuação dos conselhos municipais de Belo Horizonte e a participação de vereadores na composição destes colegia-dos. Estavam presentes Pier Senesi (PBH) e os vereadores Arnaldo Godoy e Adriano Ventura. Angela defendeu o papel deliberativo dos conselhos e questionou o fato de vereadores votarem em projetos para a cidade como conselheiros e depois como vereadores.

CMSBH é homenageado

Para assistir ao Câmara Debate, acesse o canal tvcamarabh1, no Youtube

166 conselheiros já foram capacitados para atuar no controle social em BH

O vereador Wellington Bessa (Sapão) homenageou (17/04) os conselhos municipal, distritais e comissões locais de saúde pelos relevantes serviços prestados à Belo Horizonte. A solenidade foi realizada no dia 17 de abril, na Câmara Municipal. A presidente do Conselho, Angela de Assis, relembrou os 21 anos de trabalhos valorosos prestados por conselheiros que ajudaram a construir a história do controle social na cidade. O conselheiro e secretário municipal de Saúde, Marcelo Teixeira, ressaltou que por meio dos conselhos, BH tem feito do SUS uma instância de inclusão e con-quista da cidadania. “Mais do que atender e garantir um direito, estamos construindo sujeitos da história do país, que afirmam a sua representação política”, afirmou.

na Câmara Municipal

Câmara homenagea os serviços prestados pelos conselhos de saúde

saúde + 10

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Especial

Como resultado do engajamento, da capacitação continua-da e dos mecanimos de contratação de hospitais pelo SUS-BH, a cidade já conta com 11 conselhos de saúde hospita-lares. Este órgão funciona de forma colegiada, deliberativa e tem a função de fiscalizar e acompanhar o desenvolvi-mento das ações e serviços de saúde na instituição em que

estão instalados, de acordo com preceitos legais, regulamentados pela Lei Federal 8.142, de 23/12/90. Os conselhos de hospitais devem ser um espaço instituído para a parti-cipação da comunidade nas políticas públicas e na administração destas instituições. Além disso, acompanhar e apresentar propostas para me-lhorar o funcionamento do SUS faz parte das atribuições do conselheiro de saúde hospitalar. Em Belo Horizonte, o primeiro hospital a ter um conselho foi o Júlia Kubtischek (HJK). Criado em 1958 por um grupo de moradores do Bar-reiro de Cima para ajudar a comunidade carente do bairro, só em 1988 passou a ser denominado Conselho Comunitário do HJK e com a aprova-ção da Lei 8.142, em 1990, tornou-se um conselho de saúde hospitalar. O presidente Maurício Lacerda C. Ribeiro explica que sem o conselho o hospital não funcionaria, pois a comunidade deixa sua marca na organi-zação hospitalar.

CONTRATOS Além da legislação que garante o controle social nas instâncias de atendimento do SUS, todos os anos, hospitais conveniados, assinam um contrato de gestão com a Prefeitura, que prevê o atendimento exclusivo aos pacientes da rede pública dentro destas unidades e a regulação de leitos, consultas e procedimentos pela Secretaria Municipal de Saúde. Entre as claúsulas contratuais está a implantação de conselhos em todas

BH já conta com 11 conselhos de saúde em hospitais contratados pelo SUS, mas a falta de

reconhecimento e de conselheiros prejudica o andamento dos trabalhos

POR LUCIANE MARAZZI

Conselhos de Saude

os hospitais contratados. Marta Auxiliadora, 2ª secretária do CMSBH e ex-presidente do Conselho de Saúde do Hospital das Clínicas, conta que depois da assinatura do contrato, o hospital passou a atender somente ao SUS. “Este contrato foi uma das reivindicações do con-selho do hospital, que já existia na época. É uma pena que depois de anos de atuação um conselho tão participativo tenha deixado de se reunir”, lamenta.

ENTRAVES O maior desafio dos conselhos de saúde está relacionado ao núme-ro insuficiente de pessoas dispostas a atuar no controle social. Nos conselhos hospitalares a situação é ainda mais grave. De acordo com a presidente do Conselho de Saúde do Hospital João Paulo II, Silva-nia Bárbara de Oliveira, a adesão dos trabalhadores é pequena, mas a maior dificuldade é a participação do usuário. “Estamos divulgan-do e convidando as mães que acompanham os filhos internados no hospital por períodos mais longos, mas o convencimento não é fácil. Culturalmente, as pessoas não acreditam que com a participação da comunidade as coisas podem dar certo. Faz parte do processo con-quistar a confiança do usuário para fazer o conselho funcionar”, diz. Rodrigo dos Santos Cesário, presidente do Conselho de Saúde do Hospital Odilon Behrens, acredita que a comunicação é a estratégia ideal para convencer as pessoas a participar. “É preciso usar os meca-nismos de comunicação, inclusive dos órgãos de saúde, igrejas, asso-ciações comunitárias para que a população se aproprie deste direito, convocando, inclusive, as pessoas mais jovens”. A presidente do CMSBH, Angela de Assis, acredita que a maior di-ficuldade é o conselheiro que não tem a visão de importância do seu papel neste processo. “Quando escutamos a pergunta: o que ganha-

em Hospitais/

FOTOS ANA TOMASELLI

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Con aúdeS REDE FHEMIG A Mesa Diretora do CMSBH está preparando junto com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (FHEMIG) uma proposta de reestruturação dos conselhos de saúde dos hospitais da instituição sediados na capital. A presidente do CMSBH, Angela de Assis, informa que a ideia de reativar estes colegiados será fundamentada na revisão do regimento interno de cada um deles e no trabalho conjunto com os hospitais. Em reunião realizada com o presidente da FHEMIG, Antônio Carlos de Barros Martins, ficou acordado que, a princípio, a Mesa Diretora irá estu-dar a possibilidade de estabelecer conselhos de saúde para cada com-plexo da fundação (urgência e emergência, saúde mental, reabilitação e especialidades), mantendo conselhos preparados para atuar de acordo com a atividade exercida pelo hospital.

mos com isso? Eu costumo responder que apesar do fato do conselheiro ser um agente de relevância pública, sem remuneração, ganhamos um serviço de saúde de qualidade, sempre conquistando o direito à partici-pação”, pondera. Outra dificuldade é a falta de reconhecimento dos conselhos hospi-talares, especialmente pelas diretorias de alguns hospitais. Segundo Silvania a falta de respostas às demandas encaminhadas são os maiores empecilhos. “As pessoas ainda não têm ideia da relevância pública dos conselhos”, enfatiza. No caso do HOB, Rodrigo conta que os conselheiros sempre tiveram o apoio da superintendência. Entretanto, só depois de mais de uma década de existência, foi que o conselho foi instalado em uma sala própria, com equipamentos de informática. MELHORIAS Dentro da estrutura do controle social, os conselhos de saúde passa-ram a adquirir cada vez mais importância por atuarem junto aos gesto-res hospitalares, propondo políticas, reivindicando melhorias com maior qualidade de atendimento e fiscalizando a estrutura organizacional da instituição Segundo Rodrigo Cesário, o Conselho do HOB tem sido bastante atu-ante em relação a fiscalização da contabilidade e das contas do hospi-tal. “O acompanhamento dos conselheiros ajuda, por exemplo, para que não falte suprimentos no hospital, evitando transtornos maiores. A ins-talação dos Centros de Especialidades Médicas Pampulha e Noroeste, a reestruturação do pronto socorro e da triagem, estão entre as principais conquistas reivindicadas pelos conselheiros”, comemora. No HC, Martha Auxiliadora conta que a reforma do Ambulatório Borges da Costa e São Vicente, a construção do setor de Medicina Nuclear e o serviço de ouvido-ria só foram concretizados com o trabalho intenso do conselho.

Santa Casa Útima 2ª feira do mês, 14h

Alberto Cavalcanti José Élcio de Freitas Última 6ª feira do mês, 14h

Júlia Kubtischek Maurício Ribeiro Última 3ª feira do mês, 19h

João Paulo II Silvania de Oliveira Última 4ª feira do mês, 10h

HOB Rodrigo dos Santos Primeira 2ª feira do mês, 15h

São Francisco de Assis Ester Barbosa Última 6ª feira do mês, 14h

Baleia Vitória Batistelli Segunda 6ª feira do mês, 14h

Sofia Feldman Baltazar Ezequiel Terceira 6ª feira do mês, 14h

Hospital das Clinicas Mª Zenon Segunda 3ª feira do mês, 19h

Odete Valadares Roberto dos Santos Segunda 3ª feira do mês, 14h30

CONSELHOS HOSPITALARES DE BELO HORIZONTE

HOSPITAL PRESIDENTE REUNIÃO

Mesa Diretora discute a reorganizaão dos conselhos da Rede FHEMIG

Conselheiros do Hospital João Paulo II durante reunião

Em abril, a Mesa Diretora do CMSBH empossou mais um conselho de saúde, o do Hospital São Francisco/Santa Lúcia

A resolução nº 244 definiu que todos os conselhos de hospitais contratados pelo SUS-BH devem ser vinculados ao CMSBH, que tem a função de implantar, organizar e acompanhar os trabalhos dos conselhos hospitalares.

Para saber como funcionam todas as instâncias de controle social na saúde, inclusive os conselhos de hospitais, consulte a Resolu-ção do Conselho Nacional de Saúde Nº 453/12.

SAIBA MAIS

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Quais critérios determinam a prioridade do paciente?Depois de identificar o motivo da busca do usuário por atendimento, o profissional de saúde avalia uma lista de sinais e sintomas de acordo com cada caso. São avaliadas situações clínicas dos diferentes ciclos de vida (bebê, criança e adulto) e compreende tanto condições causa-das por trauma (trauma craniano ou toracoabdominal, por exemplo) quanto queixas clínicas não-traumáticas, como um bebê chorando ou com dor de garganta.

Qual é o profissional de saúde adequado para diagnosticar os pacien-tes?O enfermeiro é o profissional que avalia e classifica a situação de cada paciente que procura os serviços de saúde. O reconhecimento é reali-zado a partir da prioridade clínica estabelecida e a identificação é feita nas fichas de atendimento. O usuário e sua ficha são identificados por cinco cores que determinam sua prioridade clínica.

Quais são e o que significam as cores? A ordem é decrescente e inicia com a cor vermelha que representa casos de risco de vida. A prioridade dois, representada pela cor laranja, (muito urgente), seleciona queixas ou situações clínicas susceptíveis a desencadear falência de uma função vital em curto prazo. A prio-ridade três é a cor amarela, classificada como urgente e representa as situações clínicas que, sem intervenção, podem apresentar sinais e sintomas de alerta ou situações que podem causar falência de órgão. Os classificados como verde abrangem as demais situações clínicas pouco urgentes e as condições agudas que tiveram início recente. Os usuários identificados com a cor azul apresentam condição clínica es-tável e baixo risco sendo, por isso, considerados não-urgentes.

O Protocolo de Manchester, conhecido também como Sistema de Classificação de Risco, é um método que atribui rapidamente uma prioridade de atendimento, de acordo com o risco clínico do usuário que chega aos centros de saúde. O objetivo é identificar casos mais graves desde a chegada do paciente, e priorizar o atendimento em tempo hábil para reduzir a morbimortalidade. Adriana Ferreira Pereira e Juliana Dias Pereira dos Santos são referências técnicas na Gerência de Assitência da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Aqui elas falam sobre o Protocolo, criado pelo médico Kevin Mackway-Jones, na Inglaterra, em 1997. Anos depois, o sistema foi ado-tado por vários países europeus, mas só chegou ao Brasil em 2008, sendo que Minas Gerais é o primeiro estado da federação a implantá-lo.

Saiba Mais

COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

POR JÉSSICA BATISTA

Acolhimento

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Qual é o tempo de espera para cada paciente?O tempo de espera ideal para atendimento dos classificados como risco de vida é imediato. Os muito urgentes são de até 10 minutos e os urgentes, até uma hora. Os classificados como pouco urgentes aguardam o atendimento conforme a disponibilidade de consul-tas da unidade. Os classificados como não urgentes permitem um tempo de espera mais prolongado, de aproximadamente três horas, com definição de atendimento conforme a avaliação da equipe de saúde da família.

Quais são os pontos favoráveis deste sistema? O Sistema de Classificação de Risco é rápido, objetivo e reprodutí-vel. Não trabalha com diagnóstico, avalia sinais e sintomas e por isso pode ser realizado pelo enfermeiro. Além disso, tem alta precisão na priorização dos casos e pode ser utilizado nos diferentes serviços de saúde. Este sistema foi definido por portaria da Secretaria Estadual de Saúde como modelo unificado para todo o estado de Minas Ge-rais.

Como tem sido a aceitação/reação dos usuários?Depois da implantação foi feita uma pesquisa sobre a aceitação dos usuários. Foi avaliada a satisfação dos pacientes a partir da implan-tação da classificação de risco em 18 centros de saúde do município. Através de uma amostra, 422 usuários que passaram pelo acolhi-mento com classificação de risco em abril de 2012, foram subme-tidos a um formulário estruturado com cinco perguntas que busca-ram comparar as características do serviço prestado antes e após a implantação da metodologia. Os índices de satisfação variaram en-tre os diferentes centros de saúde pesquisados. Os usuários observa-ram melhora em relação à facilidade de acesso (66%) e à qualidade do atendimento (63%). Quando questionados sobre a organização do atendimento, 76% avaliaram positivamente e 94% consideraram muito importante ou importante, que os casos mais graves fossem priorizados. Além disso, 68% dos entrevistados veem a classificação de risco implantada um método confiável para avaliar sua necessi-dade de atendimento.

E os profissionais, o que eles têm achado?Os enfermeiros consideram a ferramenta importante para respaldar suas avaliações e condutas, porém os médicos de algumas unidades têm percebido aumento no volume de consultas.

Quais são os centros de saúde de BH que possuem o atendimento adequado ao

Protocolo de Manchester?

Barreiro - C.S. Vila Pinho

Centro Sul - C.S. São Miguel Arcanjo e C.S. Cafezal

Leste - C.S. Pompéia

Nordeste - C.S. Marivanda Baleeiro e C.S. São Gabriel

Noroeste - C.S. Pindorama

Norte - C.S. Tupi e C.S. São Bernardo

Oeste - C.S. Salgado Filho, C.S. Cabana, C.S. São Jorge e C.S. Ventosa

Pampulha - C.S. Santa Amélia, C. S.São José e C.S. Santa Terezinha

Venda Nova - C.S. Lagoa, C.S. Jardim Leblon e C. S. Serra Verde

66% dos usuários observaram a melhora no acesso e 63% no atendimento. 76% avaliaram

positivamente a organização do atendimento e 94% dos usuários consideraram importante priorizar os

casos mais graves. 68% veem o protocolo de Manchester um método confiável. FONTE: SMSA

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Histórias que dariam um livro

Claudete Liz

POR LUCIANE MARAZZI E JÉSSICA BATISTA

Claudete Liz de Almeida, 71 anos, é conselheira de saúde desde 2004 e milita há 25, em movimentos de defesa dos aposentados, pensionistas e idosos. Para ela, às vezes, é difícil acreditar que tenha chegado tão longe. “Eu jamais poderia pensar que uma pessoa do norte de Minas, assim como eu, participaria de plenárias em Brasília, ajudando

a definir políticas tanto para a saúde quanto para os aposentados”. Além de tudo, Claudete ainda é mãe, avó e companheira de viagem de inú-meros idosos que percorrem o país em busca da plenitude da vida. Todos estes anos dedicados à participação social fizeram de Claudete uma conselheira constante, que tem buscado dar voz ao cidadão idoso dentro dos conselhos. “Acredito que o bom conselheiro pode ser defini-do como aquele que abraça a relevância do seu trabalho na comunida-de e se sente responsável pelo progresso do controle social. Não parti-cipo por participar, sou uma pessoa que veio para somar”. Atualmente é conselheira estadual e municipal de saúde, representante de usuários do SUS pela Federação de Aposentados e Pensionistas de Minas Gerais e pela Nova Central Sindical, respectivamente.

RECONSTRUINDO A VIDA EM BH Claudete nasceu na cidade de Jequitinhonha, em uma família de classe média. Mesmo assim, a juventude foi um período de muitas difi-culdades, que a conselheira relembra emocionada. “Até os 10 anos tive uma infância tranquila, mas meu pai bebia muito. Ele era português e se chamava Armando Moreira da Mota Liz. Mesmo com uma família nu-merosa de sete filhos, meu pai acabou vendendo tudo o que tínhamos. Nesta época, minha mãe, Patrocínia Ferreira da Silva, que é uma heroína para mim, nos trouxe para Belo Horizonte para morar com um irmão dela. Duas das minhas irmãs que já eram casadas e uma outra soltei-ra resolveram continuar em Jequitinhonha, enquanto um outro irmão foi para Governador Valadares. Permancemos juntos, eu (com 15 anos), minha mãe e dois irmãos, um de 16 e outro de 24 anos, este último defi-ciente. Viemos para Belo Horizonte num caminhão ‘pau de arara’, depois

pegamos ônibus e trem. Chegamos em setembro de 1956. Foi uma vida muito dura. Passamos fome de não ter um pedacinho de pão para comer. Assim como tantas pessoas, quando jovem, meu sonho era ser médica ou aeromoça, mas não tive condições de estudar. Mesmo as-sim, eu fui a luta”!

VIDA DE OPERÁRIA Os obstáculos da cidade grande não intimidaram a recém chegada, que na semana seguinte já tinha arranjado um emprego. “Eu trabalha-va na fábrica de caixas de manteiga da Itambé. Para se ter uma ideia das dificuldades, eu não tinha dinheiro para participar da ‘vaquinha’ do café e do pão junto com os outros funcionários. Então, eu falava que não bebia nem café com leite e nem comia pão. Depois que todos tomavam o café eu ia lavar as vasilhas e aquele restinho de leite que ficava no bule e as cascas de pão eram o meu almoço”. E os empecilhos não paravam por aí. Claudete conta que na época tinha bonde, mas ela não tinha os 200 réis para pagar a passagem. “Eu ia a pé para o trabalho, saia da minha casa às cinco horas da manhã para chegar no bairro Santa Tereza às sete. Saía do serviço às 16h30 e ia para casa, ao chegar, às vezes tinha um pouquinho de comida. Mas apesar de tudo eu tenho muito orgulho da minha juventude, de tudo o que eu passei, assim pude dar valor à vida que tenho hoje”. Claudete trabalhou também em uma fábrica que confeccionava caixas de sapatos e em uma lanchonete no Senac. Depois, conseguiu um emprego em uma loja que vendia roupas no atacado, pertencente a um turco. “Nesta mesma época, em 1960, me casei, só que mulher casada não trabalhava fora, então quando eu chegava na loja, eu ti-nha que tirar a aliança da mão de casada e passar para de noiva. Foi nesta época que nasceram os meus quatro filhos e passei por várias dificuldades. Não tive direito à licença maternidade e as férias só eram gozadas no papel”, conta. Treze anos depois, a conselheira conseguiu outros empregos. Tra-balhou em lojas como a Perfumaria Lourdes, a Mesbla e a Jonag. A

A CONSELHEIRA QUE FOI À LUTA E ESCREVEU O PRÓPRIO DESTINO

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aposentadoria veio em 1991, mas ainda assim Claudete continuou a trabalhar ajudando uma prima em um bar, no bairro Paquetá, na região da Pampulha.

AVÓ CORUJA Formar uma família foi a maior alegria da vida de Claudete, apesar das dificuldades enfrentadas no nascimento dos filhos. “Perdi o meu segun-do filho com um ano e nove meses devido a um problema no coração. Na chegada da terceira filha o parto deveria ter sido uma cesariana, mas por erro médico, ela morreu depois de três dias. Tive mais um filho e hoje a mais velha, Rogéria, tem 51 anos e o Robson 47, e hoje a minha razão de viver são meus quatro netos (Luma, Pedro Henrique, Robson e Bernardo). O maior sonho da minha vida é vê-los formados em uma universidade federal. Me considero uma mulher de sorte, pois além de tudo tenho um genro e uma nora (Clarisson e Maris) que são como fi-lhos para mim”. No casamento Claudete não desfrutou da mesma felicidade. “Me casei muito nova, aos18 anos, com o primeiro rapaz que conheci. Naquela época a gente não tinha muito escolha, ou ficava sob o domínio dos pais e dos irmãos, ou casava. Achei melhor ficar sob o domínio de uma pessoa só, então, casei sem gostar”. A união com o ex-marido durou 25 anos. “Eramos muito diferentes e buscavamos coisas diferentes, por isso não deu certo. Depois dele, eu gostei de uma outra pessoa, mas ele me magoou muito. Essa é minha infelicidade. Mesmo assim, sempre tive o sonho de ser feliz como mulher, ter uma pessoa que gostasse de mim e de quem eu gostasse e que fossemos felizes. Acho lindo ver os idosos de mãos dadas e sinto inveja. Hoje, depois de 28 anos separada, me considero casada com os movimentos dos quais participo” afirma. A maturidade e a militância proporcionaram uma visão diferente da-quela que se espera de uma pessoa que luta pelo direito dos idosos. “Não acho que depois dos 60 é o melhor período da vida, melhor idade

“Não acho que depois dos 60 é o melhor período da vida, melhor idade nem se fala.

Acredito que seja um acúmulo de experiências”

então nem se fala. É a pior idade, eu sou contra isso, já fiz até protesto. Acredito que seja um acúmulo de experiências”. Por este motivo é mais coerente pensar que a caminhada não tem data para terminar, é uma aprendizagem contínua e que tem objetivos a serem alcançados. “As lutas das quais participei e ainda participo não são para mim, mas para os mais jovens. Se hoje o trabalhador recebe no quinto dia útil, se as mulheres têm direito à licença maternidade, se os aposentados e pensionistas recebem o 13º salário, é porque essa luta ainda é nossa”. Incansável, Claudete não se entrega e critica os rumos do país ao falar da falta de investimentos na saúde. “O governo deveria investir em saú-de sem que precisássemos coletar assinaturas para a campanha Saúde +10. Não haveria necessidade disso, mas as coisas no Brasil funcionam desta forma. Estas lutas são antigas e enquanto eu estiver de pé, em condições de me levantar a cada manhã, continuarei defendendo os aposentados, pensionistas e idosos. Lá fora existem pessoas que de-pendem da gente. Gosto de relembrar uma estória sobre um incêndio na floresta, em que passarinho jogava um pingo d’água de cada vez nas chamas e conseguia apagar o incêncio. E em todo este contexto eu me sinto um pingo d’água”, reconhece. Outro ponto que incomoda a conselheira é a falta de responsabili-dade no controle social, principalmente por parte dos usuários, o que tem sido uma constatação evidente e preocupante. “Alguns conselhei-ros entram no conselho buscando apenas mordomias. A solução é co-brar que as entidades indiquem conselheiros mais atuantes. No meu caso, escolhi abraçar o controle social e graças a Deus participo com satisfação e sou muito elogiada por isto. Gostaria de ser mais nova para atuar ainda mais, porque este trabalho para mim é motivo de orgulho”, declara.

DE MALAS PRONTAS Desde 2002, Claudete faz parte da Associação Comercial de Aposen-tados e Pensionistas (ASCOAP). Lá incluiu na sua rotina o hábito de via-jar e promover viagens em caravanas para idosos. “Hoje este trabalho voluntário que eu faço é muito mais gratificante do que trabalhar so-mente para receber o salário no final do mês. No ano passado, viajamos 21 vezes e entre os destinos que eu mais gosto estão Caldas Novas, Águas de Lindóia e Jacaraípe. Tenho muita vontade de conhecer a terra do meu pai, Portugal e também o Hawaí. O próximo desafio é comprar um sítio fora de Belo Horizonte para poder descansar”, diz. Sobre a vida ela ensina: “A vida é muito curta para você fazer aquilo que não quer, só para satisfazer os outros. A vida é o agora, é o mo-mento. Você não sabe se daqui a dois minutos estará vivo. Então, viva intensamente, sem pisar nos outros, sem fazer ninguém chorar”.

“As lutas das quais participei e ainda participo não são para mim, mas para os mais jovens. “

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ConSaúde: Quais são as maiores vítimas do trânsito em BH?Roberto Marini: Hoje os acidentes de trânsito são responsáveis em média por 1.200 atendimentos por mês só no Hospital João XXIII. É claro que existem variações, mas a média anual gira em torno deste número. O que chama a atenção é que os acidentes com motociclis-tas representam a metade deste número e refletem uma demanda muito grande, especialmente por apresentarem fraturas complexas, que geram maior tempo de internação. Outras vítimas como pedes-tres e ocupantes de automóveis são responsáveis pelos outros 50%. Entre 15% e 20% permanecem em internações de longa permanên-cia, que geram custos elevados para o SUS. E estas pessoas podem ficar por grandes períodos longe de suas atividades cotidianas em função destas lesões.

CS: E existe um perfil destas vítimas?Marini: Uma das características do que chamamos de causas exter-nas - incluindo os acidentes de trânsito e agressões - é que elas aco-metem uma faixa etária de pessoas muito jovens. Entre os ocupantes de motocicleta, tradicionalmente 90% das vítimas são homens, en-tre 20 e 30 anos. Mas é óbvio que a sociedade está em permanente movimento e, por exemplo, hoje existem mais mulheres pilotando motocicletas do que há 10 anos atrás. Em compensação, as mulheres começam a ser mais vítimas de acidentes. Com relação aos pedestres essa distribuição entre faixas etárias é maior. Os atropelamentos, por exemplo, são mais sérios entre os idosos, pois a cidade de um modo geral não é amiga de pessoas nesta idade. Para o idoso se locomover ele enfrenta muitas dificuldades e o risco de atropelamento é uma delas. Dificilmente você tem uma calçada decente para as pessoas an-darem. Então o idoso vai andar na rua, porque a via, por incrível que pareça, é mais bem cuidada do que o passeio, até porque existe legis-lação para isso. Esta é uma questão interessante para ser discutida no Conselho Municipal de Saúde. Cuidar da calçada é uma obrigação do dono do imóvel e a rua é obrigação do poder público. As nossas cida-des não são construídas para pessoas e sim para os carros. Ainda que

legalmente o dono do imóvel tenha que cuidar da calçada, acho que existe pouco investimento para garantir que isso seja feito. É claro que outras iniciativas, como a adequação das calçadas para os deficientes são iniciativas interessantes, mas em relação ao idoso, a situação é pou-co amigável.

ConSaúde: Por que os acidentes de trânsito têm se tornado um proble-ma social e de saúde pública?Marini: Os acidentes de trânsito acabam gerando uma preocupação particular por tratar-se de uma situação prevenível. Quando se fala em acidentes de trânsito fica a impressão de uma certa inevitabilidade. A única coisa que não acontece no trânsito são acidentes, por serem absolutamente preveníveis. Quando cai uma raio em algum lugar não tem como você prevenir, mas os acidentes de trânsito, da forma como a gente coloca, em sua grande maioria, são preveníveis. Isso significa um impacto muito grande sobre o sistema de saúde. Dos 1.200 atendi-mentos do João XXIII, entre 200 e 250 pessoas ficam internadas todos os meses. Existe ainda o impacto na vida das pessoas, porque elas pas-sam a ter limitações, perdem em qualidade de vida e o sistema previ-denciário também é afetado pela perda de produtividade.

CS: Os hospitais são fontes de informações sobre acidentes. Como es-ses dados são aproveitados para melhorar o atendimento na saúde e em outras áreas?Marini: O hospital produz estatísticas que, com frequência, e até de forma sistemática, são divulgadas para a imprensa como uma forma de subsídio. Por exemplo, é muito comum avaliar os atendimentos em feriados prolongados. Acho que a contribuição do hospital é muito importante, mas a questão do trânsito não é um problema só da saú-de, mas também da educação, da sociologia, que buscam entender o cotidiano das vias públicas. O hospital tem o papel de mostrar para à sociedade os custos que os acidentes têm para o atendimento em saúde, fornecendo dados para que as políticas públicas possam ser formuladas em cima de situações concretas. Como o João XXIII é uma

Todos os anos os acidentes de trânsito são responsáveis por um número cada vez maior de atendimentos e internaçãoes pelo SUS. Com o aumento da frota de carros e de motocicletas, cresce também o caos e a violência no trânsito. Roberto Marini Ladeira é médico epidemiolo-gista e trabalha na Fundação Hospitalar de Minas Gerais (FHEMIG) há quase 30 anos, sendo 27 deles no Hospital João XXIII. Atualmente é gerente de Ensino e Pesquisa da FHEMIG. Nesta entrevista, o pesquisador fala sobre os impactos dos acidentes de trânsito na rede de saúde de Belo Horizonte e como a mudança de comportamento de condutores e pedestres pode influenciar na qualidade da saúde pública e trazer paz para as ruas da cidade.

EntrevistaPOR LUCIANE MARAZZI FOTOS ANA TOMASELLI

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referência no atendimento das vítimas mais graves, ele oferece uma boa vi-são do que ocorre na cidade. CS: Como é feita a coleta de dados para as estatísticas?Marini: Não é fácil fechar as estatísticas em uma área em que aparecem di-versos números fragmentados. Quando eu divulgo os números do João XXIII não se trata de um panorama apenas de Belo Horizonte, considerando que acidentes acontecem, por exemplo, em estradas situadas em outras cida-des. Eu consigo até saber que, Belo Horizonte como município de moradia, é responsável por 70% a 75% dos pacientes atendidos no João XXIII. Neste caso, eu sei onde estas pessoas moram, mas não sei aonde foi o acidente, porque isso não é registrado. Cada órgão enxerga um pedaço da realidade e às vezes é difícil fechá-la. Para dizer se o trânsito de Belo Horizonte repre-senta um risco pequeno, médio ou grande, eu preciso saber quais foram os acidentes que ocorreram em Belo Horizonte. Em outras ocasiões não existe o acompanhamento da vítima no hospital contabilizando se ela teve alta ou se ela morreu. Em uma pesquisa realizada em 2003 no João XXIII, consegui-mos perceber isso, entrevistando as vítimas, parentes e socorristas, em busca de informações sobre o acidente e acompanhando a estadia no hospital até a alta ou o óbito, se isso acontecesse. Isso dá uma ideia melhor do que acon-tece, mas é óbvio que você só pega um universo, porque pessoas que sofrem acidentes com cortes ou pancadas não aparecem no hospital. Então, sempre trabalhamos com um número de vítimas subestimado.

CS: Para que as pessoas entendam melhor, como é o processo de acolhimen-to de pacientes acidentados no João XXIII? E o processo de recuperação?Marini: O hospital João XXIII possui um processo que chamamos de classifica-ção de risco. É uma avaliação feita à partir de perguntas e algumas medidas, como febre, pressão, frequência respiratória e cardíaca. Então você atribui uma cor que representa o tempo máximo que essa pessoa pode esperar. Pas-sada a fase aguda, no caso de algumas cirurgias e especialidades, o paciente segue no próprio João XXIII. Já o atendimento de ortopedia é feito nos hos-pitais de apoio como o Maria Amélia Lins e o Galba Veloso Ortopédico. Essa é uma forma de você garantir que as pessoas não permaneçam por longos pe-ríodos nos hospital, sendo encaminhados para a fisioterapia. Dependendo das fraturas o processo de recuperação é longo, pois podem haver sequelas graves do ponto de vista neurológico. Hoje, com a frequência dos acidentes de moto, são comuns as fraturas complexas de membros inferiores, e pode acontecer do paciente permanecer em tratamento por mais de um ano e às vezes não é possível recuperar a funcionalidade ou a estética da perna. A grande questão é essa, o acidente de trânsito é uma questão complexa que causa sofrimento, dor, prejuízo econômico, e é prevenível.

CS: A mistura de álcool e direção é um dos agravantes no caso de acidentes. Em fevereiro o Ministério da Saúde divulgou que uma em cada cinco vítimas de acidentes de trânsito atendidos pelo SUS ingeriram álcool. Marini: É verdade! Em dois estudos que fizemos, foi constatado que a mé-dia gira em torno de 17% e 15%. Mas acho que esse valor também é subes-timado. Esses dados que o Ministério divulgou fazem parte de um estudo chamado “Viva”, do qual o João XXIII faz parte. A mistura de álcool e direção é uma questão em que a sociedade é quem deve dizer que não tolera mais esse tipo de coisa. Eu gosto muito de citar o exemplo do que aconteceu com o cigarro. Aos poucos, com leis e informação para a população, acho que o Brasil caminhou muito no combate ao fumo. Hoje se você estiver ao lado de uma pessoa no avião que acende um cigarro, não vai dar certo. Eu tendo a pensar que com o álcool vai ser a mesma coisa.

CS: Por que as pessoas ainda são tão resistentes às leis que tentam evitar a mistura de álcool e direção?Marini: Acho que isso é um exercício de compreensão. Muitas vezes as pes-soas falam que isso significa inibir um direito. Essa é a visão de um indivíduo que se sobrepõe à sociedade, o que eu acho inaceitável. Uma coisa é você fazer algo que não vai atrapalhar ninguém, outra é você beber e atropelar pessoas em um ponto de ônibus. Eu posso até discutir o direito de fazer mal a mim mesmo, mas eu não posso, com o meu comportamento, colocar a vida do outro em risco. O indivíduo não pode prevalecer sobre a socieda-de. O Brasil está construindo uma experiência exitosa em vários aspectos. O primeiro é que as campanhas estão focadas no discurso que diz beba, pode

beber. Você pode até beber, mas não pode dirigir. Eu não estou preocupado se a pessoa bebe ou não, mas sim se ela bebe e dirige. O segundo está ligado ao aspecto sociológico do acesso à informação. A lei é necessária e deve ser cumprida. Muitas vezes pensamos que países da Europa ou os Estados Unidos são mais desenvolvidos, mas acho que não é isso, eles não são melhores do que nós. A diferença é que por lá o sujeito sabe que se for pego, não adianta ser amigo de um deputado, de um vereador ou “filho de papai”. Todos estão sujeitos à lei e é preciso que o Brasil chegue a este ponto também. E neste caso não bastam apenas decretos, é preciso tempo. Muitas vezes temos pres-sa em validar as nossas premissas, mas se você tem fundamento daquilo que está falando, a pressa é desnecessária no convencimento das pessoas, senão fica tudo meio mágico. Em saúde pública a tendência é de que os gráficos não sejam retos, às vezes ele desce outras sobe, depois desce mais um pouco. Mas ao avaliar um longo período pode-se perceber que ele está caindo. As pessoas ficam nessa fissura por dados e aí se no próximo ano os números não diminuírem a sua medida está errada. O Brasil, infelizmente, é um país muito imediatista, as coisas tem que ser meio mágicas.

CS: A BHTRANS tem investido na educação para o trânsito, priorizando princi-palmente crianças e adolescentes das escolas públicas e privadas e que fazem parte do projeto “Vida no Trânsito”. O alvo atual tem sido as campanhas de respeito aos pedestres com grande divulgação na mídia. Como você avalia projetos como esses e o impacto sobre a população? Marini: As pessoas ficam aflitas por uma solução que dê conta da nossa com-plexidade, mas isso não existe. Acho que de um modo geral nós somos agres-sivos no trânsito e é interessante investir na criança e no adolescente, porque você está pelo menos levando uma reflexão para uma pessoa que futuramen-te vai ser o motociclista, o pedestre. O problema é que os filhos não chegam para os pais e perguntam: pai me ensina andar na rua? É comum pedir para ensinar a dirigir e isso é uma questão de valor. Ter carro para a nossa socieda-de ainda é um símbolo de status. Mas volto a afirmar que isoladamente essas campanhas não resolvem, mas em conjunto com outras medidas é óbvio que vai mudar.

“Eu posso até discutir o direito de fazer mal a mim mesmo, mas eu não posso, com o meu

comportamento, colocar a vida do outro em risco. O indivíduo não pode prevalecer sobre a sociedade.”

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A Câmara Técnica de Saneamento e Politicas Intersetoriais reuniu-se no mês de abril com as gerências de Assistência, Vigilância Sanitária, Controle de Zoonoses e Vigilância em Saúde e Informação para discutir o projeto de Ambiência e Sustentabilidade Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) e SUS/BH. O objetivo é diminuir a quan-tidade de resíduos e melhorar a qualidade de vida dos funcionários e da população, primeiramente ao redor da

Conta Gotas

+

O diretor do Hospital das Clínicas, Antônio Ribeiro, apresentou à Câmara Técnica de Financiamento a prestação de contas do ano de 2011/2012, em relação à assistência, pesquisa, ensino e extensão. Foi apresentada também a avaliação do contrato de gestão com a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA). Foram destacados o pro-cesso de contratualização interna das unidades funcionais, gestão pela qualidade e segurança do paciente e do trabalhador. Segundo o diretor, os maiores gastos do hospital são destinados ao pagamen-to de funcionários, especialmente com o aumento da utilização de serviços terceirizados.

Prestação de contas do Hospital das Clínicas

No mês de fevereiro, a Câmara Técnica de Financiamento discutiu o convênio de cuidado à saúde

do idoso. A verba é destinada para a capacitação dos cuidadores. Já foram capacitados

aproximadamente 3.500 profissionais de saúde, incluin-do os cuidadores de instituições de longa permanência.

Estavam presentes à reunião, a representante do gabinete da Secretaria Municipal de Saúde, Denise Viana

Amador e a representante do Centro de Educação em Saúde (CES), Patrícia Ferreira.

Sobre o planejamento preventivo, Denise esclareceu que algumas equipes já estão mais organizadas e já

realizam o projeto. O CES realiza o acompanhamento dos resultados das capacitações e o convênio foi

prorrogado até setembro deste ano.

Qualificação docuidado ao idoso

SUSTENTABILIDADE AMBIENTALSMSA e depois nos nove distritos sanitários de BH. Para começar a diminuir os resíduos, a intenção é que todos os funcionários tragam de casa seu próprio copo para to-mar água e café. Também serão implantadas iluminação e sinalização em todos os andares. Os banheiros serão adaptados para facilitar o acesso de portadores de defici-ências, além de estimular a mudança de hábito quanto à alimentação dentro dos setores.

A Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST), que tem caráter consultivo e de assessoramento, foi reativada pelo plenário do Conselho Mu-nicipal de Saúde. A comissão deve monitorar a política municipal de Saúde do Trabalhador, acompanhando, avaliando e respondendo às consultas. As atividades serão realizadas em parceria com a Câmara Técnica de Gestão da Força de Trabalho, que ficará responsável por enviar pareceres referentes às discussões para o plenário do CMSBH. Os coordenadores da comissão são os conselheiros Andréa Hemógenes e Ederson Alves e o secretário, Rui Moreira. As reuniões ocorrem toda terceira terça-feira do mês, às 9h, na sala de reuniões do Conselho.

Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST) foi reativada

A Secretaria Municipal de Saúde assinou a ordem de serviço para a construção de três UPAS em Belo Horizonte.Os valores das obras são:Leste: R$5.397.425,97Norte: 2.433.356,52Noroeste: 10.480.091,92

UPAS