Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

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1 – CONHECENDO OS BAIRROS DE GUARATIBA Assim como a Barra da Tijuca, Guaratiba também pertence a uma determinada Área de Planejamento e está submetida a uma Administração Regional. A Região Administrativa de Guaratiba e Santa Cruz fazem parte da AP5, subdivisão 5.3 (AP 5.3), que é administrada pela Subprefeitura de Campo Grande. (ver anexo 5 e 6) A Área de Planejamento 5 portanto, está subdividida em três áreas: AP 5.1 – XVII RA – Bangu e XXXIII RA – Realengo; AP 5.2 – XVIII RA – Campo Grande; AP 5.3 – XIX RA – Santa Cruz e XXVI RA – Guaratiba. Porém, a Subprefeitura de Campo Grande administra apenas a XVIII RA – Campo Grande; XIX RA – Santa Cruz e a XXVI RA - Guaratiba, ou seja, AP 5.2 e AP 5.3. Logo, os bairros que veremos a seguir, fazem parte da região conhecida como Guaratiba, mas na realidade seu território integra os seguintes bairros: Pedra de Guaratiba, Barra de Guaratiba e Guaratiba, propriamente dita, também conhecida como Ilha de Guaratiba. Todos submetidos a XXVI Administração Regional – Guaratiba.

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Historia de Guaratiba

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1 – CONHECENDO OS BAIRROS DE GUARATIBA

Assim como a Barra da Tijuca, Guaratiba também pertence a uma determinada

Área de Planejamento e está submetida a uma Administração Regional. A Região Administrativa

de Guaratiba e Santa Cruz fazem parte da AP5, subdivisão 5.3 (AP 5.3), que é administrada pela

Subprefeitura de Campo Grande. (ver anexo 5 e 6)

A Área de Planejamento 5 portanto, está subdividida em três áreas:

AP 5.1 – XVII RA – Bangu e XXXIII RA – Realengo;

AP 5.2 – XVIII RA – Campo Grande;

AP 5.3 – XIX RA – Santa Cruz e XXVI RA – Guaratiba.

Porém, a Subprefeitura de Campo Grande administra apenas a XVIII RA –

Campo Grande; XIX RA – Santa Cruz e a XXVI RA - Guaratiba, ou seja, AP 5.2 e AP 5.3.

Logo, os bairros que veremos a seguir, fazem parte da região conhecida como

Guaratiba, mas na realidade seu território integra os seguintes bairros: Pedra de Guaratiba, Barra

de Guaratiba e Guaratiba, propriamente dita, também conhecida como Ilha de Guaratiba. Todos

submetidos a XXVI Administração Regional – Guaratiba.

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Pescadores de Pedra de Guaratiba. Foto de Nilson Pinto.

É uma região de grande interesse, pois seus aspectos históricos e culturais são

ricos, podendo exercer forte atração a visitantes curiosos e interessados em conhecer um pouco

mais o modo de vida de seus moradores, que parecem viver numa pequena cidade do interior,

bem distante deste movimentado Rio de Janeiro.

1.1 – Pedra de Guaratiba (ver anexo 18)

O aconchegante bairro de Pedra de Guaratiba é um pequeno povoado de

pescadores com algum comércio, voltado para as necessidades dos moradores, e que apesar de

ser um local utilizado também para veraneio, seus moradores são humildes, prestativos e vivem

alegres neste belo recanto.

Hoje, Pedra de

Guaratiba carrega suas lembranças da

origem pesqueira que inspirou uma

tradição artística e criou sua vocação

turística. O bairro, situado entre Santa

Cruz e Ilha de Guaratiba, recebeu o

nome “Pedra” por ter sido um bairro

onde as primeiras residências

começaram a ser construídas próximo

a um local onde eram extraídos pedras

e granitos de variadas espécies. Este

material também era utilizado para

construí-las.

Noronha Santos em “As Freguesias do Rio Antigo” afirma que, “Um dos

melhores lugares da vasta freguesia é o Arraial da Pedra, situado na enseada da Pedra de

Guaratiba (Enseada vasta e com regular ancoradouro), já pela sua população, já pelo seu

comércio (Exportava a freguesia outrora pelos portos de Sepetiba, Guaratiba e Sernambetiba)”.

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Pôr do sol em Pedra de Guaratiba. Foto de Nilson Pinto.

Naquela época, o comércio era mais desenvolvido. Hoje, o pequeno comércio

fecha cedo, não há grandes supermercados, apenas armazéns. Os pescadores após enfrentarem

horas no mar, embaixo de sol e chuva, se vêem obrigados a vender seus peixes na principal rua

de Pedra – a Barros de Alarcão. Em meio a casas e restaurantes, isopores se espalham ao longo

da rua, com uma grande variedade de peixes e frutos do mar, bem fresquinhos. Alguns desses

peixes são vendidos para os próprios restaurantes do bairro, mas o restante é comercializado neste

improvisado mercado de peixes da rua Barros de Alarcão.

O pôr do sol na

praia de Pedra de Guaratiba é um

dos mais bonitos do Rio de Janeiro.

A vista de parte da Restinga de

Marambaia é deslumbrante. As

inúmeras canoas, barcos e garças

complementam o visual. Paisagem

esta que é fonte de inspiração de

vários artistas plásticos e escultores

da região.

O casario da beira da praia é bem diversificado. Casas simples ainda preservam

seus telhados feitos de telhas canal, portas e janelas típicas de tempos coloniais contrastando com

algumas casas mais modernas, de arquitetura arrojada.

A água que banha o litoral de Pedra faz parte da Baía de Sepetiba, que recebe as

águas do Oceano Atlântico pelo mar da Ilha Grande e pela foz da Barra de Guaratiba em

renovadas enchentes e vazantes de marés, num ciclo permanente que a natureza renova para o

equilíbrio de todas as espécies. Nesta Baía os pescadores praticam a pesca de currais, para peixes

de variadas espécies e o camarão de rede e tarrafa.

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Praia da Venda Grande – Pedra de Guaratiba. Foto de Nilson Pinto.

Os bravos pescadores utilizam até hoje a canoa, de origem indígena, como meio

de locomoção marítima para a pesca litorânea. Entre as variedades temos a canoa de voga – para

vários pescadores; a canoa de dois e a canoa de um, todas com nome e registradas pela Capitania

dos Portos. Inicialmente, elas se locomoviam através da tração manual, com remos e velas, hoje

a maioria usa motor.

Infelizmente, não há nenhum tipo de embarcação voltada para passeios

turísticos, que também poderiam constituir uma fonte de renda para o bairro. O local mais

próximo onde são organizados passeios de saveiro margeando toda a Baía de Sepetiba e

contornando a Restinga da Marambaia, fica em Itacuruçá, no caminho para Angra dos Reis.

Pescadores de Pedra montando a cercada. Essa é a chamada pesca de currais, onde são capturados peixes de variadas espécies. Fotos de Nilson Pinto.

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Procissão Marítima em homenagem a São Pedro – padroeiro dos pescadores. Acervo Nilson Pinto.

Casa das Artes

Como já havia citado

acima, a bela paisagem inspirou muitos

artistas que vivem no anonimato. Suas

obras ficam expostas nos ateliês que se

desenvolveram, principalmente neste

bairro.

A CASA das Artes –

Centro de Apoio Sociedade Amigos das

Artes, localizada na Rua Barros de Alarcão

nº 503, sob a direção do simpático Hugo Gruenwald – poeta e artista da região, reúne uma

variedade de quadros, esculturas e artesanatos em geral. Peças esculpidas diretamente na

madeira, sem emendas, feitas pelo próprio Hugo, são surpreendentes. A CASA é também uma

Associação de Artistas e Artesãos da região, e é utilizada por alguns artistas para ensinar a seus

alunos as técnicas artísticas. Infelizmente sabemos que artistas e poetas no Brasil não são

valorizados como deveriam ser. É o caso desses artistas de Pedra que são pouco divulgados.

Hugo também costuma organizar a chamada “Ciranda Musical”, onde poetas e compositores têm

a oportunidade de expor seus trabalhos de maneira alegre e descontraída.

Entre as festas mais

populares de Pedra, estão a Folia de

Reis e a de São Pedro. A primeira,

realizada no mês de janeiro, vai até o

dia 20 – Dia de São Sebastião, onde

grupos representam a viagem dos Reis

Magos e a Vida de Cristo, além de

falarem também sobre a vida do

padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro.

A segunda, festa característica do padroeiro dos pescadores, é festejada com procissão marítima –

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À esquerda, crianças brincam no coreto montado durante a Festa de São Pedro, organizada em frente à Igreja. À direita, pescadores enfeitando os barcos para a procissão marítima.

onde os barcos ficam todos enfeitados, e terrestre – pelas ruas de Pedra e adjacências. Em frente

à Igreja de São Pedro é realizada uma festa junina que dura um final de semana, com

barraquinhas e comidas típicas.

Este ano a procissão foi realizada no dia 29 de junho (sábado) – Dia de São

Pedro e também no dia 30 de junho (domingo), para assim reunir a procissão marítima e terrestre.

A imagem de São Pedro saiu da Colônia de Pescadores carregada pelos fiéis e percorreu as

principais ruas do bairro. Após o percurso, a imagem foi colocada num barco enfeitado, que

percorreu toda a costa de Pedra, desde a Praia da Capela até Ponta Grossa. Ao retornar muitos

fogos saudaram o Padroeiro dos Pescadores. É uma festa que realmente vale a pena conferir!

Procissão Terrestre em homenagem a São Pedro.

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A Igreja de São Pedro,

localizada na Rua Belchior da Fonseca, foi

construída por moradores e veranistas, em

1925, porém por ter sido mal construída e estar

repleta de rachaduras e infiltrações, a antiga

capela foi demolida para em 1956 ser

construída outra no mesmo local.

Já a famosa Igreja Nossa Senhora do Desterro, construída em 1629 é motivo de

orgulho para os moradores. Segundo o historiador Rivadávia Pinto, esta Igreja é a terceira mais

antiga do Rio. Ele afirma que a primeira mais antiga é a de Nossa Senhora Bonsucesso, perto da

Santa Casa de Misericórdia, e a segunda é a de Santa Luzia, na Rua Santa Luzia, ambas

localizadas no centro da cidade.

Uma outra festa popular e muito animada é o Carnaval de Pedra. Desde o

início do século XX já havia uma Sociedade Carnavalesca chamada “O Relâmpago”, que

desfilava pelas ruas da Pedra com seus carros alegóricos e era patrocinada pelo Deputado Raul

Capelo Barrozo.

Com o passar dos anos, novos blocos foram surgindo, entre eles: Filhos do

Oceano; Estrela de Prata; Nunca Vi Nem Sei Quem é; União das Rosas; entre outros. Em torno

de l988, três novos blocos atraiam a atenção de moradores e veranistas da localidade pela riqueza

do seu desfile, que acontecia ao longo da Rua Barros de Alarcão – o Coqueirinho; o Cruc

(Unidos do Catruz) e Unidos da Venda Grande, que mais tarde formaram o Unidos da Pedra.

Atualmente, o Unidos da Ilha, entre outros blocos que desfilam pelas ruas do bairro e os famosos

“Clóvis” dão um colorido a festa.

Atual Igreja de São Pedro

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Deodoro Pereira Pinto em entrevista ao Jornal do Brasil de

1975.

Rivadávia, em seu acervo particular, costumava relatar fatos pitorescos

narrados pelos próprios moradores de Pedra, que fizeram parte da história. Veremos abaixo

algumas destas figuras:

João Correa Filho (“João Pequeno”) – Nascido em 18 de dezembro de 1895 foi um dos

melhores pescadores da região, um dos mais valentes homens do mar. Residia na Praia da Ponta

Grossa e era proprietário de redes e embarcações.

Pescava de todo tipo de rede e cercada (“curral de peixe”) e era conhecido como o maior

corredor de vela, nas famosas regatas que eram realizadas na festa do padroeiro São Pedro.

Conhecia a fúria dos ventos e percebia a aproximação dos temporais. Grande devoto de São

Pedro, não tinha vícios e faleceu aos 80 anos de idade.

Deodoro Pereira Pinto – Músico da “Banda Dezessete de Abril” – dirigida pelo seu irmão

Deozílio Pinto e fundada em 1870, ficando conhecida mais tarde como “Banda Deozílio Pinto”.

Pescador profissional pescou durante toda a vida.

Em depoimento ao Jornal do Brasil, Caderno B

de 18 de Fevereiro de 1975, disse ter muito orgulho de

estar à frente da Banda que tocou para o Cardeal

Arcoverde nas duas vezes em que esteve na Pedra. “–

Eu me lembro bem – afirma Deodoro Pinto, antigo

pescador e clarinetista na banda, hoje com 83 anos –

foi em 1915 e eu estava logo na frente, toquei pertinho

do primeiro Cardeal da América Latina, que veio aqui

para se hospedar num convento que não existe mais.

Ele elogiou muito. Foi nosso maior sucesso”.

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Costumava contar as velhas “rixas” entre Pedrestes (designa o natural ou habitante de

Pedra de Guaratiba) e os Sepetibanos. Para combater a rede miúda – utilizada para a pesca de

camarão, que prejudica a produção, os Pedrestes apanharam os Sepetibanos de surpresa,

apreendendo suas redes e levando-as para a Praia da Pedra para ali serem queimadas, a vista de

todos.

Vítimas da fúria dos Pedrestes, os Sepetibanos clamavam “vingança”, “rogando pragas”.

Passado alguns meses, a pesca em Pedra estava arruinada, peixes e camarões sumiram, obrigando

os pescadores pedrestes a procurar Sepetiba. Lá, se sujeitaram a represálias por parte dos

Sepetibanos.

Entre as lembranças de Deodoro estão: a chegada do Rebocador “11 de Junho”, ancorado

junto a Restinga da Marambaia em 1908, quando se inscreveu como pescador; e os Armazéns e

Casas de Tecidos que vendiam de tudo, cujos donos, em sua maioria, eram turcos.

Nascido em Abril de 1890 – logo após a Proclamação da República, por isso o nome

“Deodoro”, faleceu em 1980, aos 90 anos, de morte natural. Filho do segundo casamento de

Porcina Maria da Conceição com Manoel Luis Pinto – português e comerciante de Guaratiba.

Como seu pai faleceu no início de sua infância foi criado pelos irmãos, por isso aprendeu a tocar

muito cedo com seu irmão Deozílio, passando a fazer parte da banda.

Hildegarda Barrozo Alves Ribeiro – Pertencia a uma das famílias mais tradicionais de

Guaratiba – A Família Barrozo. Morou por muitos anos no Convento da Pedra, onde assistiu a

vários casamentos, batizados e visitas de figuras importantes, como por exemplo, o Cardeal

Arcoverde e o cantor Catulo da Paixão Cearense.

Por ocasião de seu casamento com Vicente Alves Ribeiro, lavrador na Ilha de Guaratiba e

possuidor de muitos bens, foi alterada parte da Igreja Nossa Senhora do Desterro. A marquise e a

varanda da frente foram retiradas, sendo colocados azulejos portugueses e forro em toda a Igreja.

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Já idosa, lembrava ainda dos famosos bailes da Ilha, onde os convidados chegavam em

suas carroças e cavalos, e bailavam uma a duas noites consecutivas, sob a luz de lamparinas e

lampiões. Recordava também a chegada de Dom Pedro II e o almoço debaixo das mangueiras; a

visita de Marechal Hermes; a Revolta de Custódio de Mello; a chegada da água encanada em

Pedra e a vinda dos bondes a burro.

Faleceu em 15 de Novembro de 1973, em Campo Grande.

Joaquim Alves de Souza (“Seu Quinquim”) – Velho negociante da região e famoso pelo seu

Armazém São Joaquim, cujo prédio ainda de pé está localizado na Estrada da Pedra. Foi uma

casa comercial de grande importância para os moradores, pois lá podia-se encontrar de tudo.

Inaugurada pelo pai de “Seu Quinquim”, entre 1880 e 1885, a casa parou de funcionar em 1983,

quando estava sob direção de seu filho Alberto Sant’Anna de Souza.

Beth Vasques, na coluna Raízes do Jornal “A Pedrada” nº 25, de outubro de 2001,

escreveu detalhes sobre este armazém.

“O armazém era muito organizado. Seu Quinquim fazia questão de trazer todos os seus

empregados registrados e sempre dava o exemplo de que a palavra valia mais que uma

assinatura. Era muito humano também, muitos fregueses, mesmo sem condições de pagar,

continuavam “comprando” na loja. Como naquela época não havia as nossas embalagens de

hoje, o próprio armazém possuía uma fábrica para confecção de sacos de papel”.

“Os doces eram muito procurados (...)”.

“Lá pelos idos de 1930, não havia muitos recursos para gelar as bebidas. Um pouco mais

tarde é que surgiram as geladeiras a querosene. Os bares, então, se utilizavam da criatividade:

quem tinha poço no quintal, amarrava as garrafas e as deixava mergulhadas durante toda a

noite. Pela manhã, elas estavam na temperatura ideal para consumo. Uma outra forma muito

usada era, no inverno, abrir um buraco no chão, próximo ao balcão, e colocar as garrafas ali,

com a umidade também elas ficavam bem geladas”.

Page 11: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

Pedra sempre foi um local de muitas histórias, muitas delas contadas por

antigos pescadores.

Certa vez, um pescador da antiga Colônia Z-8, se surpreendeu ao encontrar

entre os peixes de seu “viveiro”, a presença de um enorme e simpático animal, que mais parecia

uma foca. Isso aconteceu em agosto de 1952 e causou grande alvoroço entre moradores e

pescadores. O fato foi esclarecido pelo Comandante Armando Pinna, que constatou que

realmente se tratava de um “Leão-Marinho”, da família das focas e que pesava,

aproximadamente, 600 quilos.

Concluindo, podemos afirmar que Pedra de Guaratiba é um bairro realmente

encantador, de ricas histórias, mas com poucas opções de lazer e trabalho. Apenas os

restaurantes, o pequeno comércio e a pesca oferecem oportunidades na região. A juventude do

bairro se vê obrigada a procurar bairros próximos, como a Barra da Tijuca, Recreio, Campo

Grande ou Santa Cruz, onde encontram com mais facilidade trabalho e diversão.

Colônia de Pescadores de Pedra de Guaratiba

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Ponte que liga o bairro à Restinga da Marambaia. Foto de Nilson Pinto.

1.2 – Barra de Guaratiba (ver anexo 19)

Assim como Pedra,

Barra de Guaratiba é um verdadeiro

paraíso, de belas paisagens naturais,

boa gastronomia e histórias curiosas,

contadas principalmente, por

Francisco Alves Siqueira (antigo

morador do local), mais conhecido

como “Seu Chiquinho”.

Descendo a Serra da Grota Funda avistaremos uma placa, que indica o retorno à

esquerda, para alcançarmos a Estrada de Barra de Guaratiba – atualmente conhecida como

Estrada Roberto Burle Marx, onde estão concentrados mais de trinta restaurantes especializados

em peixes e frutos do mar, popularmente conhecidos como “Cabanas das tias” – Tia Palmira, Tia

Penha, que fazem sucesso nos fins de semana.

Chegando ao final

desta estrada veremos primeiro as

pontes que ligam o bairro à Restinga da

Marambaia – uma enorme praia, que

até hoje o Exército mantém a

hegemonia, com a instalação em 1945,

do atual Campo de Provas da

Marambaia, estando proibida a entrada

do público. Mais a frente a pequena

Praia de Barra de Guaratiba, que já foi

inclusive cenário de filmes e novelas.

Praia da Barra de Guaratiba

Page 13: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

Vista da Restinga da Marambaia

Como já

sabemos, a ocupação da região

começou com a chegada de

Manoel Veloso Espinha, em

marco de 1579. Porém, a

Família Alves Siqueira foi

proprietária das terras na Barra

de Guaratiba desde 1683. Na

Fazenda e Engenho de Manoel

Siqueira e sua esposa Brites

Dórea, estando presentes

algumas testemunhas e como

procurador Belchior da

Fonseca Dórea (cunhado de Manoel Siqueira), foi concretizada a doação da Igreja São Salvador

do Mundo, primitiva da Barra de Guaratiba, construída em 1676. Sabe-se porém, que em 1686

este templo encontrava-se arruinado logo, a sede paroquial foi transferida para a Capela de Santo

Antonio da Bica, na Fazenda da Bica, propriedade de Belchior da Fonseca, onde se conservou até

o mês de setembro de 1690, quando voltou para o antigo templo, então reformado.

No ano de 1755, a antiga Igreja de São Salvador do Mundo passou a se chamar

Igreja de Nossa Senhora das Dores da Barra de Guaratiba. Em 12 de Janeiro de 1755, uma outra

Igreja foi construída em Ilha de Guaratiba homenageando São Salvador do Mundo.

Além da Igreja de Nossa Senhora das Dores, a Igrejinha de Nossa Senhora da

Saúde, localizada no alto do Morro da Vendinha, teve dupla finalidade, segundo “Chiquinho” –

autor do livro Barra de Guaratiba, sua vida, seu povo, seu passado. Consta que a Igreja por ter

sido edificada num local de difícil acesso e com visão total da enseada de Barra de Guaratiba e do

Page 14: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

antigo ancoradouro, não foi exclusivamente construída para atos litúrgicos, ali o tráfico negreiro

era fiscalizado e havia um controle de entrada e saída dos barcos para mar aberto.

Os livros escritos por “Chiquinho” oferecem lendas e histórias

interessantíssimas, como a de “Bitinho”, que foi homenageado pelo Imperador D. Pedro II por

sua valentia. Pescador destemido enfrentou um naufrágio em l874, salvando dois pescadores.

Um deles havia atacado Bitinho com um canivete na tentativa de tomar dele um pedaço de

madeira e salvar-se. Bitinho conseguiu livrar-se da agressão escorando o canivete com um

pedaço do mastro, onde o mesmo ficou fincado. Mesmo assim Bitinho auxiliou o agressor, o

trazendo para a terra com seu próprio esforço. A prova deste ocorrido, a carta escrita por

D.Pedro II homenageando Bitinho, está sob a posse de seu bisneto Renato de Carvalho.

Outros fatos narrados neste livro são de impressionar qualquer leitor: como as

5000 tainhas pescadas num só cerco, em 1919; o primeiro e maior tubarão pescado em Barra de

Guaratiba por volta de 1930, de 1200 quilos; o mero de aproximadamente 200 quilos e medindo

nove palmos, pescado por Parlon e Chiquinho; a lula de 5 quilos, capturada pelo pescador Atílio

Soares, cujo tamanho ultrapassava a altura de seu neto Bruno de 3 anos. E não é história de

pescador não! Várias fotos estão estampadas no livro, comprovando que são realmente fatos

verídicos.

Hoje, já não existe a Colônia de Pescadores de Barra de Guaratiba, a antiga Z-7.

Os pescadores legalizados estão filiados a Colônia Z-14 da Pedra de Guaratiba.

Na praia da Barra de Guaratiba, banhada pelo Oceano Atlântico, os pescadores

costumam utilizar a rede grande e a rede de malhar para pescar. Já os crustáceos e moluscos

podem ser encontrados nos manguezais, próximo a Barra de Guaratiba. Siri e caranguejo são

abundantes, já a ostra é escassa.

Page 15: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

Tubarões capturados em Barra de Guaratiba.

Naquela região é comum aparecerem tubarões, pois as restingas da Marambaia

e de Sepetiba têm muitas saídas de rios e de mangues. Como a região é rica em diversas espécies

de peixes e crustáceos, os tubarões se aproximam para se alimentar. As fêmeas, principalmente,

escolhem aquelas águas para terem seus filhotes, mas a espécie não oferece perigo ao homem.

No dia 22 de maio de 2002, o Jornal O Globo

publicou uma matéria dizendo que um trio de pescadores de Barra

de Guaratiba havia conseguido pescar 16 tubarões da espécie galha

preta, de uma só vez. Os maiores tinham quase 2 metros de

comprimento, 80 quilos de peso e foram pegos graças a uma rede

de espera, colocada próxima a Restinga da Marambaia, feita para

este tipo de pesca. “O biólogo da UERJ, Ulysses Leite Gomes,

explica que os galhas pretas são encontrados freqüentemente em

toda a costa do país. No mar de Guaratiba também são

encontrados tubarões das espécies martelo, cação-frango e

marracho”.

Muitos dos que aqui

chegaram tinham propósito de gozar das

delícias do lugar, da tranqüilidade, da bela

paisagem e do espetacular pôr-do-sol. As

casas foram sendo construídas em toda a

encosta do morro que circunda o bairro, e já

não há mais local para se construir. Muitos

artistas e pessoas ilustres mantêm suas

mansões de veraneio nesta encosta.

Casas construídas na encosta do morro.

Page 16: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

Izabel Brum de Oliveira – A Centenária Dama de Guaratiba

Não poderia esquecer de falar sobre

Izabel Brum de Oliveira – A Centenária Dama de

Guaratiba, homenageada num pequeno livro também

escrito por Francisco Alves Siqueria (Seu Chiquinho).

Nascida em 08 de Julho de 1896, Izabel presenciou

diversos fatos que contribuíram para o

desenvolvimento de Barra de Guaratiba. Entre os

principais, temos: a abertura da estrada até a praia da

Barra de Guaratiba pelo Governo de Washington Luiz;

a construção do Campo de Provas da Marambaia e a

ponte que liga a Barra à Ilha da Marambaia; a

inauguração dessas obras pelo então Presidente da

República Getúlio Vargas; a presença constante de

autoridades na Barra de Guaratiba em conseqüência

das obras existentes, pois a placa, com a inscrição

sobre a inauguração do evento, fica em frente a sua

casa; a Segunda Guerra Mundial onde vários jovens de Guaratiba, tiveram que integrar a Força

Expedicionária Brasileira; o Zeppelim que passava muito próximo a Barra de Guaratiba, indo ou

voltando de Santa Cruz; entre outros fatos.

A beleza da Restinga da Marambaia

pode ser observada de diversos pontos da Barra de

Guaratiba. Para aqueles que gostam de se aventurar, as

trilhas ecológicas levam às praias de Búzios, do Inferno,

Funda, do Meio e do Perigoso, que só podem ser

alcançadas a pé ou de barco. A Pedra do Telégrafo,

existente no pico do morro é muito procurada pelos

turistas, pois ali se tem uma bela vista da Pedra da

Gávea, ao longe. A pedra recebeu este nove porque

serviu de marco para observação e transmissão de

acontecimentos importantes da época passada.

Praia do Inferno.

Page 17: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

À esquerda Praia do Meio. À direita Praia do Perigoso

À esquerda Praia dos Búzios. À direita Praia Funda.

Page 18: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

O Grupo Frade de caminhadas ecológicas criado por barrenses há vários anos,

está sempre programando caminhadas por toda a Guaratiba e adjacências e não há limite de

idade, crianças e idosos também participam. A caminhada também tem o apoio dos salva-vidas

do corpo de bombeiros. O nome Frade nasceu em homenagem a pequenina ilha existente em

frente a praia de Barra de Guaratiba, chamada Ilha do Frade. O grupo também trabalha em

defesa da natureza, recolhendo todo o lixo que é encontrado no caminho; levar saquinhos de lixo

é obrigatório. Geralmente, na volta de caminhada, um “sopão” de camarão é oferecido pelo

grupo aos participantes que certamente estarão cansados e famintos.

Além da praia, das caminhadas e dos restaurantes, Barra também reúne artistas

e artesãos. A loja de artesanato – Arte Nativa, vende peças artesanais com preços variados, como

panelas de barro, abajur de galho de goiabeira, bolsas de palha, pufes de couro, entre outras.

Caminhada Ecológica Grupo do Frade. À direita Ilha do Frade.

Loja de Artesanato Arte Nativa

Page 19: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

Para aqueles que gostam de estar em contato com a natureza, conhecendo uma

variada coleção de plantas ornamentais, tropicais e semitropicais, de várias partes do mundo, não

poderá deixar de visitar o sítio Roberto Burle

Marx, localizado na Estrada Roberto Burle

Marx (antiga Estrada da Barra de Guaratiba).

Em seus 365 mil metros quadrados, estão

distribuídas cerca de 3500 espécies diferentes

de plantas. Comprado por Burle Marx em

1949, o sítio pertence hoje ao Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(IPHAN), mas é na verdade um patrimônio da

humanidade.

A exuberância das espécies espalhadas pelo sítio, muitas raras, atrai ao local

pesquisadores de várias partes do planeta. E facilita a vida dos estudantes brasileiros, que não

precisam atravessar o Atlântico, por exemplo, para ver de perto um Acácia seial, árvore típica da

savana africana. Nem viajar até Madagascar para sentir os aromas exóticos das pulmérias, uma

espécie de jasmim colorido com aromas diferentes em cada cor.

O acervo do sítio reúne, além de plantas, mais de duas mil peças de arte, entre

elas, telas, gravuras, aquarelas, desenhos, esculturas em madeira e cerâmica. Algumas dessas

obras são do próprio Burle Marx. Outras fazem parte de suas coleções particulares. Há também

uma imensa biblioteca com aproximadamente três mil títulos.

A casa principal é mantida intacta, exatamente como Burle Marx a deixou. Ali

estão algumas das coleções de arte popular, como as de Cerâmica do Vale do Jequitinhonha

(MG), com 150 peças, e a da era pré-colombiana, com 125 peças.

Sítio Roberto Burle Marx

Page 20: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

O tempo da caminhada varia de 1h30m até 3h30m e é preciso energia para as

subidas e descidas nas ladeiras de paralelepípedos. A paisagem é tão exuberante, que serve de

fôlego. Os guias do local auxiliam na identificação das plantas e flores, além de contarem fatos

que fazem parte da história do sítio.

Dentro do sítio, encontra-se a Capela de Santo Antônio da Bica, construída em

1690, pelo Capitão-mor Belchior da Fonseca Dórea. Em 1710, este templo foi saqueado e

incendiado pelos invasores franceses,

comandados por Duclerc, mas foi

posteriormente restaurado pelo próprio

Capitão. Em razão destas modificações, Burle

Marx precisou pesquisar muito para

reconstituir o tom barroco de seu interior. A

Capela passou a se chamar Santo Antônio da

Bica, pois a fonte d’água que existia na

Fazenda, abastecia a população local. O sítio é

visitado por mais de 1000 pessoas por mês,

mas a visita deve ser agendada com

antecedência.

Após o fim da caminhada é importante “reabastecer” num dos restaurantes

localizados no bairro. O restaurante César fica bem próximo ao sítio. Os pratos são excelentes e

o atendimento de qualidade.

Capela Santo Antônio da Bica

Page 21: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

O Carnaval em Barra de Guaratiba também é tradicional. Os famosos Clóvis

saem pelas ruas em seus trajes bordados com pedrarias e lantejoulas. A cada ano uma nova

fantasia é feita, sempre de acordo com o tema definido pelo grupo de Clóvis.

Barra de Guaratiba é realmente um local fascinante; rico em histórias e belezas

naturais que merecem ser contempladas.

Page 22: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

Largo da Ilha de Guaratiba

1.3 – Guaratiba e Ilha de Guaratiba (ver anexo 18)

Guaratiba e Ilha de Guaratiba são os últimos e mais extensos bairros da região.

Como podemos perceber, os dois primeiros que vimos acima sempre foram mais voltados para a

pesca, por serem bairros litorâneos. Guaratiba e Ilha são diferentes. Seus campos de solo fértil

sempre favoreceram as atividades agropecuárias. Sítios e chácaras produzem grande variedade

de produtos hortifrutigranjeiros e flores.

Mas como pode o bairro receber o nome de “Ilha” se não é um local cercado de

água por todos os lados? Segundo levantamento de Beth Vasques, pesquisadora da região, há

três justificativas: “teria recebido o mesmo nome de um morro próximo; ou seria em

conseqüência da construção de canais de irrigação para as plantações deixando o aspecto do

lugar com características de uma ilha; ou, de acordo com o folclore local, teria sido o resultado

da pronúncia errada do nome Willian de um antigo negociante daquela área”. Esta última

versão é a mais utilizada pela maioria dos moradores para explicar a origem deste nome.

Como bairros essencialmente agrícola desde sua colonização, o crescimento

deve-se a cultura da cana-de-açúcar, do café

e da laranja. Com o passar dos anos, a

região continuou explorando a agricultura,

cultivando arroz, milho, mandioca,

amendoim, chuchu, berinjela, quiabo, alface,

bertalha, almeirão, chicória, além de frutas

como o jambo, coco e principalmente, a

manga. Hoje, a banana continua sendo

muito cultivada.

Page 23: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

Ilha de Guaratiba fica entre a Grota Funda e o Retiro, onde nasce o Rio

Portinho, que recebe água das cachoeiras locais e deságua na Baía de Sepetiba. Por esse Rio,

durante muitos anos, toda a produção agrícola era escoada, alcançando o mar, daí sua

importância.

Infelizmente, algumas pequenas propriedades rurais que ainda existem na

região, estão passando por vários problemas. Muitos agricultores deste bairro estão vendendo

suas pequenas propriedades para veranistas, pois não estão tendo lucro com as plantações. Viver

como pequeno agricultor é duro e desgastante. Quando ocorre uma boa safra de algum produto, a

oferta aumenta e os preços despencam, gerando um grande prejuízo ao agricultor.

Como a região é distante do Ceasa e dos grandes centros urbanos, o transporte

também fica muito caro, pois falta um mercado distribuidor próximo, porém, segundo eles, esses

problemas só poderão ser resolvidos com uma política voltada para os pequenos agricultores.

Além dos produtos agrícolas, a região também é grande produtora de plantas

ornamentais. Vários sítios e chácaras estão se dedicando a comercialização de plantas e flores.

Muitos dos atuais proprietários desses locais, já foram auxiliares do paisagista Burle Marx em seu

sítio, em Barra de Guaratiba.

Grande parte desses floricultores mantém suas chácaras próximo a beira da

estrada, pois o movimento é maior, principalmente de turistas, garantindo a venda das mudas. A

produção é bem diversificada, destacando-se samambaias, rucélias, dracenas, buganviles e

arvoredos do tipo muraína, ipê, amendoeira, plantas medicinais e árvores frutíferas.

Page 24: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

Getúlio Vargas visitando o Alambique dos Mudos. Acervo Rivadávia Pinto.

Assim como acontece na agricultura, o problema mais comum é a falta de

mercado distribuidor próximo e a falta de incentivo, que prejudica pequenos e médios

floricultores.

Uma antiga e importante fazenda que sempre produziu legumes e verduras,

além de criar gado, porcos, perus e galinhas é a atual Fazenda Modelo. Com tanta fartura seus

donos forneciam parte do cultivo a hospitais, creches e até banquetes diversos. Foi assim que

surgiu o nome “modelo” dado a Fazenda, pois quando o prefeito da época veio visitá-la,

exclamou: “– É uma fazenda modelo”!

Antes de ser intitulada como Fazenda Modelo, recebeu várias denominações:

Colônia Agrícola; Granja de Criação; Companhia Transporte de Café; Granja Pastoril Agrícola e

Companhia Reunida Normandia.

Primeiramente, a Fazenda pertencia ao Dr. Miguel Rangel de Souza Coutinho.

Com a sua morte, herdaram este patrimônio o seu filho e posteriormente sua neta. O prédio da

fazenda ainda existe, e sua frente esta voltada para a Estrada do Mato Alto em Guaratiba, numa

pequena elevação cercada de pequenas casas.

Ilha também tem o

famoso O Alambique dos Mudos,

localizado no Sítio Ceará. Trata-se de

uma propriedade, que cultiva desde

1928 a cana-de-açúcar, produzindo

cachaça, rapadura, melado e

aguardente. No retiro ainda se produz

hortaliças, chuchu e maracujá com

abundância. Pertencendo a uma

Page 25: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

família de mudos, o imóvel encontra-se mal conservado, merecendo atenção especial, caso venha

ser explorado turisticamente. Consta em sua história, a visita do Presidente Getúlio Vargas, em

1945.

O “Castelo dos Guimarães”, localizado na Estrada da Ilha de Guaratiba, tinha

como proprietário o Sr. Joaquim Fernandes de Carvalho Guimarães, que exercia a função de

Subdelegado de Polícia de Guaratiba. O prédio era conhecido como “Castelo” porque era um

casarão e parecia um forte. Há aproximadamente 20 anos atrás, ainda se podia observar, entre as

ruínas, uma parede gigantesca, feita de pedra e cal. Segundo os vizinhos do Castelo, certo dia o

Sr. Guimarães abusou de uma escrava, na presença de seus filhos, também escravos. Com o

passar do tempo, os dois rapazes se vingaram, assassinando o Subdelegado dentro do casarão.

Este crime aconteceu na Ilha de Guaratiba em 1888 e teve grande repercussão.

Já a Capela Magdalena, localizada na

Estrada do Mato Alto em Guaratiba, transformou-se desde

1990 em um dos principais atrativos turísticos e culturais

da região. Decorada com afrescos em estilo bizantino e

barroco, situada numa área de 28 mil metros quadrados,

com jardins iluminados por tochas, oferece como principal

atração, a apresentação do renomado cravista, Professor

Roberto de Regina. Roberto interpreta, ao vivo, peças de

Mozart, Bach, Albinoni, entre outros. Após o concerto é

servido um jantar de cardápio variado e de bom gosto, de

inspiração indiana.

Capela Magdalena, área externa e interna.

Page 26: Conhecendo Os Bairros de Guaratiba

Entre as Igrejas temos a Igreja Matriz Salvador do Mundo, em Guaratiba e a

Igreja Nossa Senhora de Santana, em Ilha de Guaratiba. A primeira, tombada pelo Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938, teve grande importância na

proteção contra a invasão dos franceses – que desembarcaram em 1710 no Rio de Janeiro, por

estar localizada no alto de um pequeno morro de onde pode se avistar uma extensa planície. A

visão vai até Barra de Guaratiba, onde se encontra a Igreja Nossa Senhora da Saúde, também

posicionada estrategicamente. Já a Igreja Nossa Senhora de Santana, em estilo colonial, data de

1909 e passou por uma recente reforma. Localiza-se no Largo da Ilha e está bem conservada.

Assim como em Pedra e em Barra de Guaratiba, o carnaval em Ilha é bem

animado. O bloco Unidos da Ilha desfila pelas ruas da região fazendo a alegria dos foliões.

Igreja Matriz São Salvador do Mundo