CONFLITO ISRAELO- LIBANÊS: UMA PERSPECTIVA SOB A … · de características. O tema desta pesquisa...

123
FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA ALEXSANDER ISSA GOMES CONFLITO ISRAELO- LIBANÊS: UMA PERSPECTIVA SOB A ÓTICA DA FOLHA DE SÃO PAULO CURITIBA 2007

Transcript of CONFLITO ISRAELO- LIBANÊS: UMA PERSPECTIVA SOB A … · de características. O tema desta pesquisa...

1

FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA ALEXSANDER ISSA GOMES

CONFLITO ISRAELO- LIBANÊS: UMA PERSPECTIVA SOB A

ÓTICA DA FOLHA DE SÃO PAULO

CURITIBA 2007

2

ALEXSANDER ISSA GOMES

CONFLITO ISRAELO-LIBANÊS: UMA PERSPECTIVA SOB A

ÓTICA DA FOLHA DE SÃO PAULO

Monografia de Conclusão de Curso, apresentada como requisito à obtenção do título de Bacharel em Ciência Política na Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER.

Orientador: Dr. Emerson Urizzi Cervi.

CURITIBA 2007

3

TERMO DE APROVAÇÃO

CONFLITO ISRAELO-LIBAÊS: UMA PERSPECTIVA SOB A ÓTICA DA FOLHA DE SÃO PAULO

por

ALEXSANDER ISSA GOMES

MONOGRAFIA APRESENTADA COMO REQUISITO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM CIÊNCIA POLÍTICA, NA FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA – FACINTER, PELA COMISSÃO FORMADA PELOS SEGUINTES PROFESSORES:

_____________________________________ Orientador: Prof. Dr. Emerson Urizzi Cervi Curso de Ciência Política – FACINTER/UEPG ____________________________________

Prof.Dr. Carlos Simioni Curso de Ciência Política - FACINTER _____________________________________ Profª. Ms. Louise Nazareno Curso de Ciência Política - FACINTER

Curitiba, 19 de dezembro de 2007.

4

Dedicatória:

A Deus, quando algumas vezes, sentindo-me desacreditado e perdido nos meus objetivos e

ideais, me fez vivenciar o deleite de viver.

Integralmente ofereço essa obra a minha mãe, Alice Issa, razão da minha luta e existência.

Dedico à sua coragem e audácia, por não temer os obstáculos e por doar incondicionalmente sua

vida em função da minha. Dedico ao seu sangue e ao seu suor; à sua garra,

ao seu sorriso e as suas lágrimas.

Aos meus suntuosos avós, Ramez e Matilde Issa, pela vida, pelos valores, e pela sabedoria.

A minha musa Tamires, representação do belo e

do formoso na Terra.

Aos meus familiares.

A memória de Gunner, Ramezinho e Paulo.

5

Agradecimentos:

A Deus, pela vitalidade e existência.

A minha mãe, Alice Issa, mulher de fibra e coragem.

Ao meu pai, Ivanir Gomes, pelo gérmen

da vida e pelo apoio.

A minha irmã, Tamires Issa Gomes.

Aos meus avós.

Aos professores do curso de Ciência Política e de Direito, de modo especial, a

Emerson Urizzi Cervi, Doacir de Quadros e Vanessa de Souza.

A inestimável Karla Kariny Knihs, eterna

amiga e companheira, pela disponibilidade, dedicação e presteza.

A valiosa Rosana Radominski, pela acolhida, e disposição nos estudos.

Ao caro amigo Jorge Spinato, pelo

incentivo, e pela luta ideológica.

Aos preciosos amigos que permanecem do lado esquerdo, Darlei Fanchin, Fernando

Miguel, Renato Monferdini, Alexandre Fürstemberger, Paula Kloster, Bruna Samek,

Viviane Mafra, Henrique Martin, Maria Victória Guimarães, e Vinícius de Bastiani.

Aos amigos de classe, pelo auxílio e

compreensão, Jane Dias, Augusto Clemente, Jô Cunha, Ivan Moraes, Cleomara e Débora

Fernandes.

A tia Beth e familiares, pela calorosa acolhida e paciência.

Aos colegas do Departamento de Pessoal

da UTP.

Aos colegas da Defensoria Pública do Estado do Paraná.

A Dra. Ana Lúcia Demeterco Airoldi.

A Naim el Ghassan.

6

“Não enfeito esta obra com frases

eloqüentes nem com palavras pomposas, nem com primores de estilo

que muitos empregam para valorizar seus escritos, já que prefiro que não tenham nenhum mérito e sim que a

gravidade do assunto e a veracidade das observações a tornem grata.

A minha intenção é a de escrever coisas úteis para aqueles que a lêem e julgo mais conveniente dizer a verdade

tal qual ela é e não como possa imaginar que ela seja (...)”

(Maquiavel – O Príncipe)

7

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS.......................................................................................................... 8

LISTA DE TABELAS...................................................................................................... 9

RESUMO....................................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11

1 PARTICULARIDADES DO ORIENTE MÉDIO ......................................................... 16

1.1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO HIZBOLLAH: TRAJETÓRIAS DO “PARTIDO

DE DEUS”.........................................................................................................24 1.2 O CONFLITO SOB A ÓTICA DA CIÊNCIA POLÍTICA.......................................28

2 MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA: TRAJETÓRIAS E VISIBILIDADES ..... 37

2.1 OS CRITÉRIOS DA CONSTRUÇÃO DA NOTÍCIA NO CASO BRASILEIRO ....51 2.2 DA CONSTRUÇÃO DA NOTÍCIA A SUA PUBLICAÇÃO...................................58 2.3 UM BREVE HISTÓRICO DA FOLHA DE S. PAULO .........................................64

3 SOBRE OS MÉTODOS E A ANÁLISE DA PESQUISA........................................... 68

3.1 MÉTODO DE PESQUISA .................................................................................68 3.2 PERÍODO E CRITÉRIOS DE ANÁLISE ............................................................68 3.3 CATEGORIAS DO LIVRO DE CÓDIGOS .........................................................70 3.4 COBERTURA GERAL ......................................................................................73 3.5 TRATAMENTO DADO AOS DOIS PAÍSES.......................................................76 3.6 VALÊNCIA DADA AOS PAÍSES NA COBERTURA ..........................................82

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 100

HEMEROGRAFIA....................................................................................................... 102

ANEXOS ..................................................................................................................... 103

ANEXO I – LIVRO DE CÓDIGOS .............................................................................. 104

ANEXO II – JORNAIS MAPEADOS .......................................................................... 109

8

LISTA DE SIGLAS

MCM – Meios de Comunicação de Massa FSP – Folha de S. Paulo ICV – Instituto Verificador de Circulação OLP – Organização para Libertação da Palestina FPLP – Frente Popular de Libertação da Palestina ONU – Organização das Nações Unidas UNIFIL – Missão das Nações Unidas no Líbano (sigla em inglês) OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte FDI – Forças de Defesa de Israel EUA – Estados Unidos da América

9

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – FREQÜÊNCIA DE APARIÇÕES PARA “TEMA GERAL” ...................... 74

TABELA 2 – VISIBILIDADE TOTAL DO LÍBANO E DE ISRAEL ............................... 74

TABELA 3 – FREQÜÊNCIA DE APARIÇÕES PARA “TEMA ESPECÍFICO” – MAIORES APARIÇÕES........................................................................... 75

TABELA 4 – FREQÜÊNCIA DE APARIÇÕES PARA “TEMA ESPECÍFICO GUERRA” ................................................................................................ 76

TABELA 5 – DIMENSÕES DOS TEXTOS QUE APRECE O LÍBANO E ISRAEL ...... 77

TABELA 6 – PRESENÇA DO LÍBANO E DE ISRAEL EM TEXTOS (ÁREA EM CM2)...................................................................................... 79

TABELA 7 – VALÊNCIAS DO LÍBANO E DE ISRAEL EM TEXTOS COM TEMA ESPECÍFICO – MAIORES APARIÇÕES .............................................. 81

TABELA 8 – CITAÇÕES DO NOME DOS PAÍSES EM TÍTULOS (ÁREA EM CM2) ...................................................................................... 83

TABELA 9 – CITAÇÕES EM TÍTULOS, NÚMEROS DE APARIÇÕES E DIMENSÕES (EM CM2) ......................................................................... 86

TABELA 10 – APARIÇÃO DO LÍBANO E DE ISRAEL NO TÍTULO E POSIÇÃO............................................................................................ 89

TABELA 11 – APARIÇÃO DE AMBOS OS PAÍSES NO TÍTULO E POSIÇÃO .......... 90

TABELA 12 – APARIÇÃO DO LÍBANO E DE ISRAEL NO FORMATO DAS REPORTAGENS E VALÊNCIAS ................................................. 93

10

RESUMO

O estudo compreende a cobertura jornalística do conflito israelo-libanês de 2006, que teve seu auge entre 15 de julho a 15 de agosto do mesmo ano. Nesta investigação esboçaram-se aspectos sobre o modo como foram reportados os países envolvidos na guerra, Líbano e Israel, pela Folha de S. Paulo. A fundamentação teórica embasa-se em conceitos que remetem ao histórico de ambos os países, bem como os padrões de cobertura que envolvem os meios de comunicação de massa, especialmente os brasileiros. O mês referente à pesquisa foi dividido em cinco semanas, de maneira a se fazer uma análise temporal. Durante esse período, a Folha de S. Paulo publicou 702 textos noticiosos que tratavam diretamente do assunto por ora estudado, localizados majoritariamente no Caderno Mundo, responsável pela edição e transmissão dos textos jornalísticos referentes às políticas internacionais. Cada texto noticioso foi selecionado por data, numeração seqüencial da matéria, posicionamento (em quadrantes ou metades), altura, largura e área (em centímetros quadrados), indicando na análise a localização dos textos. A partir do cruzamento dos dados – e suas variações – aliados aos referenciais fundamentou-se a análise de resultados. Dessa forma, o presente estudo conclui que a empresa jornalística em questão demonstrou quantitativamente um equilíbrio de dados entre as matérias que envolveram Líbano e Israel. Contudo, os indicativos qualitativos tiveram alto grau de distorção a favor de Israel. Palavras-chave: Guerra, Oriente Médio, Folha de S. Paulo

INTRODUÇÃO

Os meios de comunicação de massa diariamente se estruturam numa trama

de fatos, podendo ilustrar uma realidade a ser apresentada. Com base em critérios

para a noticiabilidade, podem selecionar acontecimentos e, neles, salientar

aspectos que podem ter valor como notícia, modelando-os e com isso justificar

realidades diversas como descreve Wolf (1994).

Atualmente, e com muita facilidade, sociedades distintas conseguem

interagir e dirigir suas ações para outras, dispersas no globo, como também,

responder a ações e acontecimentos ocorridos em ambientes distantes, devido

principalmente à disjunção do “espaço-temporal” – tornando-se possível

experimentar eventos simultâneos, apesar de acontecerem em lugares

11

completamente distintos. O uso dos meios de comunicação proporciona, assim,

novas formas de interação que se estendem no espaço, e que oferecem um leque

de características.

O tema desta pesquisa é a questão do possível viés ideológico adotado pela

Folha de S. Paulo, como exemplo de mídia brasileira, ao tratar do conflito ocorrido

entre Israel e o grupo xiita Hizbollah, no Líbano, que prosseguiu de 15 de julho de

2006 a 15 de agosto de 2006. O objeto do estudo trata do enquadramento adotado

pelo jornal em questão, que será depreendido da análise dos próprios exemplares

jornalísticos publicados entre o período em análise.

O principal objetivo desta análise é demonstrar em que grau a cobertura

dada pela Folha de S. Paulo aos fatos narrados durante a guerra foi ou não parcial.

Isso porque a auferição desta parcialidade/imparcialidade demonstrará como até

mesmo uma mídia considerada de grande porte – o jornal é o maior do país em

circulação – pode ser influenciada por fatores externos ao mero trabalho editorial,

sofrendo pressões não só políticas como também econômicas e de relações

internacionais.

As principais questões colocadas no trabalho são, primeiramente, saber em

que medida os meios de comunicação de massa mostram-se independentes e

parciais na cobertura de fatos narrados no cotidiano e com grande relevância

política. Essa pergunta será respondida tomando-se por base a já referida Folha de

S. Paulo, que servirá como principal laboratório na descoberta do cerne do

problema levantado. Isso porque acredita-se que uma mídia de tão grande porte

serve de bom referencial para a avaliação das demais e mais frágeis mídias.

Outro problema que se destaca dentro do tema principal refere-se ao grau

de visibilidade dado pela Folha aos dois países, tanto em nível quantitativo quanto

12

em nível qualitativo. A razão do levantamento dessa hipótese dá-se pelo fato de

que uma cobertura imparcial pressupõe não somente um equilíbrio numérico na

distribuição das informações. Vai mais além: o viés da noticia é de primordial

importância para se auferir o grau de equilíbrio das informações apresentadas

acerca dos fatos narrados.

No contexto das duas questões cerne da monografia será necessário o

estudo de todo o contexto em que se inserem os dois países atores principais do

conflito. Essas informações ajudarão a responder as perguntas acima expostas

bem como darão um panorama geral da questão do Oriente Médio e

especialmente do conflito israelo-libanês. É inegável a complexidade do tema, já

que a questão analisada refere-se a dois países com um imenso histórico de

conflitos e políticas mal estruturadas que ao longo de décadas permanecem sem

solução.(HOURANI, 2006, passim)

Sob a ótica da Ciência Política, compreender todos os filigranas e meandros

do comportamento da mídia em relação a um conflito destas proporções significa

entender as complexas estruturas de poder que permeiam este meio tão vasto com

jogos de interesses e outras formas de dominação e influência. Por esse motivo o

estudo monográfico será dividido em cinco capítulos.

O primeiro capítulo trata principalmente das particularidades que envolvem

os países presentes na guerra: Líbano, Israel e a organização Hizbollah. Neste

capitulo é demonstrado em que contexto histórico e geopolítico dá-se o quadro do

conflito israelo-libanês e sua visibilidade perante os meios de comunicação. Além

disso, apresenta-se também a evolução da organização política e militar Hizbollah,

seus antecedentes e sua forma de atuação. Tudo isso sob a ótica da Ciência

Política, assumindo um viés que trata da maneira como a mídia expõe a guerra

13

perante a sociedade, no caso específico, a brasileira. Autores que remetem ao

estudo histórico do conflito, como Albert Hourani (2006), e Edward Said (1990) e

dos meios que influenciam a guerra, como Raymond Aron (1986), e Robert

Wendzel (1985) são percebidos neste capítulo.

O segundo capítulo refere-se aos meios de comunicação de massa no

âmbito global, ou seja, faz-se uma revisão teórica dos principais autores, como

Mauro Wolf (1994), J. B. Thompson (1995), além de Gaye Tuchman (1972) e

Mauro Porto (2002; 2001), que versam sobre os padrões de cobertura da

imprensa, e a maneira com que ela lida com as matérias noticiosas. Neste sentido,

são apresentadas as funções específicas dos meios de comunicação de massa,

em especial no que se refere à informação e à divulgação dos fatos. A mídia, neste

capítulo, é percebida como uma empresa que objetiva lucros, compromissos

estratégicos e que por esse motivo está sujeita à influencia de fatores alheios ou

externos ao meio editorial.

Além disso, o segundo capítulo apresenta as maneiras que os meios de

comunicação de massa influem na sociedade brasileira. Com respaldo na

literatura, o papel dos meios de comunicação de massa como “fonte de

informação” é questionado, pois os fatos são levados à audiência conforme o grau

de interesse daqueles que manipulam as notícias, isto é, a mídia no sentido amplo

do termo. A construção da notícia e forma em que ela é publicada também é

percebida neste capítulo. Teóricos como Nelson Traquina (1993) e Bernardo

Kucinski (2000) são referenciados, exibindo os critérios utilizados pelas empresas

midiáticas para selecionar, enquadrar, produzir e reproduzir os acontecimentos

informativos. Além disso, o histórico do jornal por ora analisado, a Folha de S.

14

Paulo, o maior de circulação interna, é genericamente apresentado, juntamente

com sua evolução e suas principais atuações na sociedade brasileira.

O capitulo terceiro trata da análise dos jornais mapeados e refere-se aos

métodos aplicados à pesquisa. Para a obtenção dos dados usaram-se elementos

de análise de conteúdo, explicitado por Laurence Bardin (1977). São descritos,

nesse capítulo, critérios definidos a partir do veículo (como tipo de texto e

editoriais), as formas de tratamento da guerra e as valências (positiva, negativa e

neutra), a serem aplicadas ao conflito e sua cobertura pelo jornal Folha de S.

Paulo. Neste capítulo ainda, são descritos os dados da pesquisa. O período a ser

analisado vai de 15 de julho de 2006, prosseguindo até 15 de agosto do mesmo

ano, período em que este conflito atingiu seu auge, com importantes

acontecimentos e manobras políticas. Isso por que o que se pretende perceber é

se houve alteração na cobertura da guerra e dos fatos relativos a mesma no

decorrer do período pesquisado de maneira a se comprovar ou a se refutar a

hipótese de um embate ideológico. A visibilidade quantitativa e qualitativa que cada

país recebe no jornal analisado demonstra o manipulação editorial e o

posicionamento desta “usina ideológica” (KUCINSKI, 2000).

O último capítulo traz as conclusões e as considerações finais, relevantes

para o entendimento da pesquisa. Demonstrações e comparações de dados

evidenciam o enquadramento ideológico adotado pela Folha de S. Paulo,

especialmente no que se refere a visibilidade dos países envolvidos no conflito

israelo-libanês.

1 PARTICULARIDADES DO ORIENTE MÉDIO

Quando se pensa no Oriente Médio, é bom lembrar ter sido naquela parte do mundo que a humanidade iniciou sua marcha rumo à civilização. Foi lá que o homem aprendeu a arar, a rezar, a arrepender-se do mal cometido. Foi lá que

15

foi erigido o primeiro templo, lavrado o primeiro campo de trigo, celebrado o primeiro casamento, construído o primeiro lar, promulgado o primeiro código. (Mansour CHALLITA, 1990, p. 13)1

O interesse por esse assunto dá-se pela percepção de como os meios de

comunicação de massa atuam em momentos tão delicados, de grande instabilidade, e

em áreas com grande relevância político-econômica, como a zona do Médio Oriente,

permeada de políticas mal estruturadas e guerras incessantes.

Compreender a forma que uma guerra é noticiada para sociedade significa

compreender que a política “não comanda apenas a concepção do conjunto da guerra.

Em certos casos, determina também uma batalha, os riscos que os chefes militares

devem aceitar, os limites estratégicos impostos às iniciativas táticas”. (ARON,1986, p.

86) É certo que a guerra e os conflitos são de todas as épocas e de todas as

civilizações.

Os homens sempre se mataram, empregando os instrumentos fornecidos pelo costume e a técnica disponível: com machados e canhões, flechas ou projéteis, explosivos químicos ou reações atômicas; de perto ou de longe; individualmente ou em massa; ao acaso ou de modo sistemático. (...) simplesmente, ‘a guerra é um ato político, que surge de uma situação política e que resulta de uma razão política’. (ARON, 1986, p. 71)

Seguindo o viés da Ciência Política, deve-se conhecer os meandros, a

visibilidade e os interesses que os meios de comunicação possuem ao publicar

manchetes e notícias que envolvam um conflito entre membros de um mesmo país, ou

entre sociedades diferentes, como demonstra-se no exemplo do fim da Guerra Fria,

marcada pela queda do Muro de Berlim, em 1989. Eventos como esse, amplamente

divulgados pela mídia, com vastos interesses do público – bem como da política como

um todo – servem de modelo para retratar o interesse e a simpatia pelo assunto. A

Guerra do Golfo, 1990, outro evento de relevante evidência, mostrou-se também

1 CHALLITA, Mansour. Esse Desconhecido Oriente Médio. Rio de Janeiro: Renavan, 1990.

16

amplamente divulgado pelos meios de comunicação de massa. As manobras e as

coalizões de forças que se deslocavam de um território para outro, entre fatos diversos,

foram acompanhados por diferentes sociedades, em diferentes países, devido

principalmente ao interesse da mídia em publicar esse tipo de notícia.

Esta seleção freqüente dentro do universo midiático atinge todos os temas e

âmbitos, e está relacionada a uma gama de posições, interesses e poderes, entre

Estado, meios de comunicação de massa e sociedade.

O fato da mídia tratar e publicar notícias acerca de uma guerra – ou um conflito

político – em termos mundiais, contribui para pluralizar enquadramentos e visibilidades

ausentes em outros ataques ou invasões não reportados, ou outros eventos que a

Ciência Política estuda. Exemplos de atuações dos meios de comunicação se mostram

fartos, partindo desde a guerra do Kosovo (1999) até ao recente embate de forças

norte-americanas e iraquianas, após a queda de Saddam Hussein em 2003.

(HUNTINGTON, 1997)

A mídia, em situações delicadas como estas, se esforça – ou deveria – ao

transmitir as notícias com maior nível de pluralidade e independência. Uma pluralidade

nestas situações pode ser obtida quando vários veículos com diferentes perspectivas e

viéses circulam numa mesma sociedade democrática, permitindo aos cidadãos

escolherem aquele com que mais se identificam, após ouvirem todos os lados

envolvidos.

A constante guerra no Oriente Médio, mais uma vez, põe em destaque o papel

cerne dos meios de comunicação – o de reproduzir com fidelidade os fatos ocorridos –

reportando à documentação em forma de textos noticiosos os eventos presentes no

conflito por ora tomado como parte da análise. (TRAQUINA, 1993, passim)

17

Localizado na área geográfica à volta das partes leste e sul do Mar Mediterrâneo,

que se estende até o Golfo Pérsico e situado entre a “África, a Ásia, e a Europa, o

Oriente Médio tem limites aproximadamente iguais com cada uma delas, e tem os

únicos pontos de contato que ligam esses três continentes entre si” (CHALLITA, 1990,

p. 19) Suas divisões políticas são arbitrárias, e criam um mosaico de Estados, com

fronteiras que são, na maior parte das vezes, artificiais – em larga medida, resultantes

do desmantelamento do Império Otomano, logo após a Primeira Guerra Mundial (1914-

1918), onde Grã-Bretanha e França tratavam de distribuir entre si o espólio resultante

desse antigo Império.2

A Síria, ou Grande Síria, neste período era a nação que detinha a maioria dos

territórios atuais, suas extensão de fato era tão grande que se fazia banhar por três

mares3. Em meio a esses arranjos a Grã-Bretanha, em 1917, promulgou a Declaração

de Balfour, em que se colocava contra os interesses árabes e prometia ao Movimento

Sionista Internacional4, o estabelecimento do lar judaico na Palestina. (SOARES, 1998).

Foi Theodor Herzl5 quem transformou as aspirações legítimas e humanas dos

judeus em ter na Palestina um centro cultural e espiritual num movimento político e

colonialista, pois quando fundado esse Movimento Sionista, os judeus viviam em

diversos países do mundo. (CHALLITA, 1990, p. 30:32)

Por conseqüência dessas divisões e desmantelamentos existem atualmente

tensões não resolvidas, entre as quais o problema de dois povos a serem tratados no

2 SOARES, Jurandir. Oriente Médio: de Maomé à Guerra do Golfo, p. 23. 3 A Grande Síria ainda é o sonho de muitos adeptos do partido Al Hizb al Souri al Qawmi, ou

Nacionalista, liderado e encabeçado por Antoun Saadeh, que pretendia a reunificação da Grande Síria, que corresponde atualmente aos territórios do Líbano, Israel, Palestina, Jordânia, parte do Iraque, Ilha Chipre e a própria Síria.

4 O cerne da criação do Estado de Israel foi o Movimento Sionista, que clamava ao “povo do livro” a deixarem seus países para viverem uma vida radicalmente diversa; renunciando à sua origem social, à sua língua, para assim reconstruírem suas vidas. Um “lar nacional”; essa era a mola que impulsionava e animava os judeus espalhados pelo mundo. (HOURANI, 2006, passim)

18

presente trabalho. A política da região do Oriente Médio, conhecida como “barril de

pólvora” pelo complexo e explosivo clima político e religioso, é marcada por muitos

antagonismos territoriais, políticos e religiosos, como o choque da Segunda Grande

Guerra (1939-1945) marcada pelo holocausto – traduzindo-se numa nova

recrudescência da imigração judia para a Palestina6 (CHALLITA, 1990, p. 37).

Neste sentido, e com a comoção das Nações Unidas pelo ocorrido,

decidiram fazer a partilha daquela colônia britânica em dois Estados, um judeu, e um árabe-palestino. Os judeus que vinham desenvolvendo ações terroristas através de organismos como o Irgun7 e o Stern, tencionavam ficar com todo o território da antiga Palestina (SOARES, 1998, p. 35).

A crescente pressão norte-americana8 sobre o país de Gales, e os ataques de

terroristas judeus à autoridades e à entidades britânicas na Palestina chegaram perto

de uma revolta aberta favorecendo o aceleramento da questão9. (HOURANI, 2006).

Então, “A 14 de maio, a comunidade judia declarou sua independência como o

Estado de Israel, que foi imediatamente reconhecida pelos Estados Unidos (...)”

(HOURANI, 2006 p. 470) “em uma faixa territorial que totalizava 14.100 quilômetros

quadrados. A área destinada à Palestina era de 11.500 quilômetros quadrados.

(SOARES, 1998, p .35)

5 Theodor Herzl (1860-1904) objetivava “transformar a Palestina num Estado Judeu. Havia então

na Palestina menos de 1% de judeus contra 99% de árabes”. (CHALLITA, 1990, p. 32) 6 Os banqueiros ingleses Rothschild contribuíram financeiramente o retorno dos judeus a “Terra

Prometida”. (CHALLITA, 1990, passim) 7 Segundo o colunista da Folha de S. Paulo, Demétrio Magnoli, o Irgun “um grupo sionista

clandestino que atuou na Palestina Britânica, foi classificado com organização terrorista pelos britânicos e pela Agência Judaica. Mas, em 1948, seus militantes ingressaram no exército de Israel e, em 1972, seus líderes fundaram o partido Likud. Dois desses seus líderes, Menahem Begin e Yitzhak Shamir, chefiaram gabinetes de Israel” (FSP, 03.08.2006) Outro membro deste partido fundado por antigos líderes terroristas, é o ex-Primeiro Ministro Ariel Sharon, que na década de 80 invadiu o Líbano, e no início de 2000 foi apontado com responsável pelo desencadeamento da nova intifada.

8 Pelos árabes, a opinião é de que a Grã-Bretanha ajudou largamente os sionistas, encorajando-os na imigração judia. Os Estados Unidos foram vistos “como tendo agido inteiramente em apoio aos sionistas”. (HOURANI, 2006, p. 472)

9 Albet HOURANI, (2006) durante décadas professor em Oxford, na obra Uma História dos Povos Árabes dispõe que em 1947 a Grã-Bretanha decidiu entregar o assunto às Nações

19

De um lado, comemoravam os judeus a criação de um novo Estado10, ao passo

que os árabes que residiam no local lamentavam e deixavam suas residências,

tornando-se refugiados11. Entre essa dissidente divisão, o governo israelense locava

suas forças na “tarefa de absorver grandes números de imigrantes judeus, não apenas

da Europa Ocidental, mas também dos países árabes.” Assim, “grande parte da terra

que pertencia aos árabes foi tomada, por diferentes meios legais, para assentamento

judeu”. (HOURANI, 2006, p. 472).

Numa situação em que as fronteiras eram artificiais e as divisões de população

não se faziam nítidas, as lutas se iniciaram por inúmeras vezes entre o novo exército

israelense e os dos Estados árabes. Dentre esses conflitos merecem destaque a

Guerra dos Seis Dias (1967), a Guerra do Yom Kippur12 (1973), a Intifada (1988) a

Nova Intifada (2000). (SOARES, 1998, p. 36).

Estas guerras se deram principalmente pela falta de negociação, concessões

recíprocas entre os judeus e os árabes. Esses, que ao invés do diálogo, passaram a

mover uma série de guerras e confrontos e em todos se deram por vencidos.

(CHALLITA, 1990, p. 47)

Para Aron (1986), tanto a estratégia quanto a diplomacia estão subordinadas à

política, isto é, à concepção que as coletividades, ou aqueles que assumem a

responsabilidade pela vida coletiva, se fazem do “interesse nacional “. Em tempo de

paz, a política se utiliza de meios diplomáticos, sem excluir o recurso às armas, pelo

menos a título de ameaça. Durante a guerra, a política não afasta a diplomacia, que

continua a conduzir o relacionamento com os aliados e com os neutros (e,

Unidas. O plano de partilha fora bastante aceito, em larga medida pelos Estados Unidos, que desejam a retirada dos britânicos da Palestina (p. 470)

10 Esse novo Estado foi edificado sobre uma religião, portanto o Estado de Israel, é considerado também um Estado Judeu. (CHALLITA, 1990, p. 42)

11 “O governo israelense, no qual a figura dominante era de David Ben Gurion (1886-1973), recusou-se a receber de volta qualquer número de refugiados árabes” (HOURANI, 2006, p.472)

12 Yom Kippur, ou Dia do Perdão, é uma festa religiosa presente no calendário judeu.

20

implicitamente, continua a agir com relação ao inimigo, ameaçando-o de destruição ou

abrindo-lhe uma perspectiva de paz). (ARON, 1986, p. 72:73)

Buscando superar os antagonismos das guerras, da falta de diplomacia e dos

possíveis confrontos, ainda se faz presente, em algumas sociedades árabes, o velho

sonho do Pan-arabismo, na figura do líder Gamal ‘Abd al-Nasser13.

O “nasserismo” teve uma vasta aceitação pública entre os outros países árabes,

transformando seu líder “na figura simbólica do nacionalismo árabe”14. (HOURANI,

2006, p. 537). Sua queda deu-se por guerras turbulentas, inúmeros confrontos, acordos

mal estruturados e uma renúncia – Nasser viveu mais três anos após sua derrota na

guerra de 1967. (HOURANI, 2006, p. 542) Outros diversos conflitos posteriores a ‘Abd

al-Nasser ocorreram. Os árabes entraram inúmeras vezes em guerra com Israel “e por

outras tantas vezes foram derrotados”15. (SOARES, 1998, p. 36).

Desde a Segunda Guerra Mundial, com um novo estado judeu16 e a promessa

de um palestino, os israelenses e os árabes17 estão no centro das questões mais

instáveis da atual época. Contudo, o alargamento do recente conflito israelo-libanês

trouxe a necessidade do entendimento específico de atores que pareciam adormecidos

no processo de constante desavença entre Israel e parte de seus vizinhos fronteiriços.

13 ‘Abd al-Nasser, expressou seu objetivo maior: o de liderar os 150 milhões de árabes, e os 420

milhões de muçulmanos da época; ou seja, a união de todos os povos árabes – este era também o objetivo da Liga Árabe, fundada em 1945 (SOARES, 1998, p. 37-38). A Liga árabe, em 1994, reunia vinte membros: desde o africano Marrocos à Organização para a Libertação da Palestina (OLP) (TREIGNIER, 1996, p. 6)

14 Michel ‘Aflq, um cristão de Damasco teorizou que só há uma nação árabe, com direito a viver num único estado unido. (HOURANI, 2006, p.528)

15 Com propriedade, Hourani cita que as intervenções dos EUA nas guerras “tinha sido decisiva, primeiro com o fornecimento de armas a Israel para impedir sua derrota, e depois propiciando um equilíbrio de forças que conduzia a acordos” (HOURANI, 2006, p. 546)

16 Biblicamente conhecidos como “os eleitos”, os judeus ao longo de sua trajetória na humanidade foram perseguidos e expulsos dos locais que habitavam. Em 135 d.C. o imperador Adriano, comandou a diáspora, evento no qual os judeus se dispersaram por todo o Império Romano, logo, pelo mundo (TREIGNIER, 1996, p. 10). Hoje, esse povo semita encontra-se em diversos países, mantendo fidelidade às suas tradições e comemorações.

17 Árabe, no sentido literal , todas as sociedades do Médio Oriente que dominam o alfabeto árabe e se identificam com a cultura árabe. As diferentes definições ora se baseiam na raça, ora na geografia, ora na cultura – contudo a palavra árabe perdeu seu sentido original, objetivamente

21

O conflito estudado dá-se entre o Estado judeu de Israel – cuja história fora

apresentada – e o Estado do Líbano, independente em 1945 com a retirada dos

franceses.

Entretanto, a história desse país não nasce com o processo de sua

independência. O Líbano é um país que sempre esteve ligado ao comércio, herdeiro do

trono fenício18 e detentor de vasta teia cultural, conhecido largamente como a “Suíça do

Oriente Médio”, devido aos centros financeiros e comerciais que possuía. Por ali eram

feitas grandes negociações de petróleo. Sob o ponto de vista turístico, era comparado a

“Mônaco do Oriente”, com cassinos e hotéis de extremo luxo. (SOARES, 1998, passim).

Afastado dos conflitos árabe-israelense19, o Líbano se beneficiou de relativa

estabilidade política, favorecendo esse crescimento econômico, financeiro e comercial.

(TREIGNIER,1996).

Contudo, sua desabilidade começou com a imigração de guerrilheiros

palestinos20, resultando em inúmeros conflitos internos, invasões de países vizinhos21,

ofensivas e atentados, como o que marcou o início dos confrontos contra Israel.

(TREIGNIER, 1996, p. 45).

O poder incontido da Organização para a Libertação da Palestina22 (OLP) no

sul do Líbano levava-o a um conflito intermitente com Israel, que em 1978 desencadeou

geográfico e racial, tornando-se amplamente definida como àquela que diz respeito aos povos do Oriente Médio. (CHALLITA, 1990, passim)

18 “O fenício foi o primeiro homem que, tendo contemplado o horizonte, quis saber o que havia além e teve a coragem de ir ver. Foi o verdadeiro descobridor do mundo. Inventou a navegação e usou-a com arrojo(...) Inventou o alfabeto, facilitando assim o intercâmbio intelectual e comercial dos povos”. (CHALLITA, 1990, p. 22)

19 O Líbano manteve-se afastado dos conflitos, devido a assinatura de uma armistício com o Estado de Israel, em 1949. (TREIGNIER, 1996, p. 44).

20 Com movimentos menores, líderes da Organização para a Libertação da Palestina - OLP, as fações já existentes no Líbano, entre elas o Fatah, somando-se ao alinhamento dos refugiados palestinos instalados pela ONU, o sul do Líbano era marcado por uma resistência perturbadora (HOURANI, 2006, p.560)

21 Michel TREIGNIER, pondera, que com o pretexto de restabelecer a ordem , o exército sírio entra em territórios libaneses em junho de 1976.

22 Em 1964, a Liga Árabe criou um entidade separada para eles, a Organização para a Libertação da Palestina – OLP (HOURANI, 2006, p. 538)

22

numa invasão, sendo ocupado até o rio Litani (HOURANI, 2006, p. 560). Daí por diante

a política do Estado judeu tornou-se ainda mais dura, devido principalmente à

permanência no território libanês das forças que lhe eram hostis: principalmente a OLP,

que continuava a lançar-lhe ataques, partindo do sul do Líbano (TREIGNIER, 1996, p.

45).

Em 1982, a situação adquiriu um clima mais perigoso, pois o Estado de Israel

tentava impor sua própria solução ao problema dos palestinos, e, para tal, invadiu a

parte ocidental de Beirute, no Líbano, em junho de 1982. Essa região sitiada por Israel

era predominantemente dominada pela OLP, sendo desocupada posteriormente, após

um acordo, negociado através dos EUA. (HOURANI, 2006, p. 561).

No final da década de 80, em 1988, a questão palestina, libanesa e israelense

tomou novos rumos. Com uma nova invasão do exército judeu ao território libanês, e

uma resistência “quase que universal” – cujas lideranças locais tinham ligações com a

OLP e outras organizações – levantava-se a intifada23, que perdurou por todo 1988, não

conseguindo ser suprimida por Israel (HOURANI, 2006, p. 563).

A intifada, esse movimento às vezes pacífico, às vezes violento, se devia às

más condições de vida dos árabes nos territórios ocupados por Israel, nos quais os

palestinos “enfrentavam com paus e pedras as balas dos soldados israelenses”

evitando o uso de armas de fogo. (TREIGNIER, 1996, p. 50).

Diante de um ambiente no qual as lideranças tradicionais pareciam incapazes

de lidar com o grande número de demandas sociais e políticas, com os árabes

cercados de conflitos e cada vez mais desunidos, Israel mostra sua política inflexível,

recusando diálogos e instalando incansavelmente colônias nos territórios ocupados e

mantendo tropas no sul do Líbano. Tais eventos foram amplamente divulgados pelos

23

meios de comunicação de massa, pois a região permeada de inúmeras tentativas de

apaziguamento entre os povos locais, caminhava novamente para mais um arranjo

político, com importantes manobras estratégicas, e lideranças que assumiam o poder.

Foram nesses contextos que os grupos armados de todas as tendências obtiveram

o caminho livre para seu crescimento, inclusive o Hizbollah.

1.1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DO HIZBOLLAH: TRAJETÓRIAS DO “PARTIDO DE

DEUS”

O Hizbollah24, conforme a transliteração do árabe significa “Partido de Deus”, é

uma organização política e militar, proeminentemente alicerçada nos ideais islâmicos. O

grupo teve sua origem formal em 1982, com o objetivo de expulsar as forças

israelenses do sul do Líbano e de estabelecer um estado islâmico no país25. Seu apoio

financeiro e logístico advém do Irã, principalmente pela íntima aproximação ideológica,

além dos laços religiosos. No desenvolvimento desta força foram empregados

mecanismos estratégicos, como ações de resistência e movimentos guerrilheiros.

Contudo, diferente do ocorrido com as organizações militantes palestinas, o

Hizbollah sempre primou pela excelência de sua organização e a grande capacidade de

seus operativos – indivíduos que se prestam às ações militares.

23 Segundo o autor, a intifada, demonstrou a existência de um povo palestino unido, que

restabeleceu a divisão entre territórios sob ocupação israelense e o próprio Estado de Israel (HOURANI, 2006, p. 563).

24 Hizbollah, Hezbollah, Hizbolá ou Hizbullah, conforme a tradução da palavra حزب ألله. Foi criado por clérigos xiitas, muitos dos quais haviam estudado no Irã, estabelecendo-se principalmente nas áreas de maioria xiita do Líbano. Os militantes desse grupo, compostos majoritariamente por civis de origem xiita – entre outros de diferentes grupos, como por exemplo, os membros da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), e os pertencentes ao Amal (uma milícia pró-síria). Hoje, seu principal líder é Saiyed Hassan Nasrallah

25 O Estado islâmico libanês teria como molde o Estado islâmico criado no Irã, misturando os preceitos religiosos do islamismo, com as tomadas políticas da nação. Israel é um exemplo de Estado não laico, ou seja, o judaísmo é considerado a base do país, lendo-se da mesma forma Israel, ou Estado judeu.

24

Concomitantemente às suas ações de resistência contra seus adversários,

esse grupo foi sedimentando suas raízes políticas dentro de uma sociedade libanesa

carente de serviços sociais e assistência aos mais necessitados26. Assim sendo, o

Hizbollah, com suporte de seus aliados fora do Líbano – como o Irã e a Síria por

exemplo – conseguiu angariar recursos em quantidade suficiente para estabelecer uma

vasta rede e serviços sociais, como escolas, hospitais, e até mesmo uma influente rede

de tevê – Al Manar27.

As atividades civis do Hizbollah impressionam pela amplitude e disciplina. Não há outro partido no Líbano com tantos recursos e uma estrutura tão organizada. Dono de uma emissora de TV, a Al Manar, e outra de rádio, Nur (ambas as palavras se referem a ‘luz’), ele mantém um sistema de coleta e divulgação de informações com requintes que lembram um serviço de inteligência. ’o Hizbollah preenche um vácuo deixado pelo governo, fornece água limpa, empregos e assistência medica, aos xiitas e qualquer pessoa negligenciada’, diz Hillel Hassan, da Universidade Americana de Beirute, que compara a situação a áreas, como as favelas brasileiras, onde os traficantes assumiam esse mesmo papel. (FSP, de 27.07.2006, p.A16, por Marcelo Ninio, enviado especial a Beirute)28

O fato desse grupo possuir uma força militar que é mais eficiente que as forças

estatais traz algumas conseqüências principais; como a força simbólica de um grupo

engajado na defesa do território libanês e na destruição de Israel, reforçada perante

parte da população29, de onde são retirados seus militantes, altamente valorizados

26 Essas dificuldades libanesas, são fruto das invasões e conflitos que desmantelaram a estrutura

social que albergava os setores mais carentes daquela sociedade. Por tais motivos, o Hizbollah, passou a gozar de certa popularidade no mundo árabe-muçulmano. As críticas também se fizeram presentes, principalmente por aqueles que consideram seu posicionamento antidemocrático e radical. “’Esse aparato social, que atende milhares de pessoas carentes com escolas, ambulatórios, creches e agencias de emprego [e um dos principais pilares da força do Hizbollah no país. É nesse pilar clientelista que o grupo encontra amparo para a simpatia popular que lhe garante a continuidade de suas atividades militares’, diz Ahmad Moussali, da Universidade Americana de Beirute.” (FSP, 27.07.2006)

27 Hodiernamente, o Hizbollah conta com cadeiras no Parlamento libanês, um crescimento proporcional aos índices de popularidade que angariou ao longo da resistente trajetória política.

28 In: ASSISTENCIALISMO É ARMA DO HIZBOLLAH ENTRE POBRES 29 WENDZEL, 1985, demonstra em sua obra, que o apoio popular às decisões tomadas, pelos

“formuladores de política” representam, uma grande parcela, do poderio de influencia que as nações tem, uma sobre as outras.

25

entre os membros da organização e setores da sociedade. Desta forma, Aron (1986)

expõe que:

Ninguém duvida que a qualidade da classe militar e a eficiência do exército sejam influenciadas pela psicologia da nação. O recrutamento militar será melhor ou pior conforme o prestigio da profissão militar e, a situação material; e moral dos militares. (ARON, 1986, p. 119)

A importância que tem o apoio popular para as decisões tomadas e as trazidas

pela falta desse podem ser documentadas. Israel contou devidamente com o apoio

popular; reportagens com textos noticiosos, que tratavam da resistência civil no Estado

judeu. Isso pode claramente ser percebido, quando a Folha de S. Paulo escreve que:

A operação militar tem o apoio da maioria absoluta dos israelenses, incluindo a maior parte do movimento pacifista, enquanto mísseis chovem diariamente no norte e muitos na área foram forçados a viver em abrigos ou a fugir. (FSP, 30/07/2006, p.A24) (grifo nosso)30

Ainda,

Somente 21% da população israelense – cerca de 7 milhões de pessoas – apóia um cessar-fogo imediato e a abertura de negociações. O índice cai para 10% entre os judeus. Para 48% da população, o exército deve manter os ataques até a destruição completa do Hizbollah (FSP, 30/07/2006, p.A22) (grifo nosso)31

Nesse conflito específico, as diferenças religiosas presentes no Líbano

desapareceram32. Uniram-se as desigualdades e somaram-se os apoios ao grupo

armado que resistia aos intensos bombardeios israelenses. Tal fato é explicitamente

demonstrado pela Folha de S. Paulo:

30 In: SÓ MEDIAÇÃO INTERNACIONAL PODERÁ PÔR FIM AO CONFLITO 31 In: APOIO DE UM LADO 32 As diferenças religiosas também podem causar desuniões. “No Líbano a população é,

aproximadamente metade, cristã e metade islamita, e esse fator tem gerado significativo impacto sobre a política libanesa. Na crise de 1958, por exemplo o país dividiu-se em grande parte em torno de princípios religiosos. E o fator religioso foi muito importante na guerra civil de 1975-1976.” (WENDZEL, 1985, p. 150)

26

Também no Líbano, a participação no conflito recebe aprovação. Um levantamento realizado pelo Centro de Pesquisa e Informação de Beirute indica que há amplo apoio popular à luta do Hizbollah contra Israel. De acordo com a sondagem libanesa, 86,9% dos entrevistados dizem apoiar o grupo radical xiita contra o Estado vizinho. A surpresa ficou por conta do apoio presente também entre as comunidades cristã e druza, que tradicionalmente são contrárias ao Hizbollah: 80,3% e 79,5%, respectivamente, o que parece corroborar a tese de que os bombardeios israelenses poderiam aumentar o apoio ao grupo. (FSP, 30/07/2006 p. A22) (grifo nosso)33

Em Wendzel (1985), o apoio da sociedade numa guerra se faz por

fundamental, pois o governo percebe que sua táticas estão trilhando no caminho certo.

Como as instabilidades são grandes no período turbulento que a nação vive, o apoio

popular garante – ao menos – um incentivo ao combate.

Apesar desse apoio popular, o Hizbollah continua a trilhar no caminho original,

desde sua gênese. Se recusa a abrir mão do seu braço armado, apesar da resolução

1559 da Organização das Nações Unidas, de 2004. Nela, a ONU pedia o

desarmamento das milícias e a retirada de todas as forças estrangeiras do Líbano.

(HOURANI, 2006; TREIGNIER, 1996)

É nesse contexto que o conflito israelo-libanês de 2006 se deflagra. Esse

acontecimento inesperado por muitos governos durou pouco mais de um mês,

situando-se geograficamente ao norte de Israel e ao sul do Líbano, envolvendo a já

citada organização Hizbollah e as Forças de Defesa de Israel (FDI).

O estopim da guerra deu-se quando membros do grupo xiita dispararam

foguetes russos, os katyushas, sobre localidades e posições militares israelenses

próximas ao território libanês. Simultaneamente, houve uma incursão por parte dos

militantes do Hizbollah ao território de Israel, que culminou com o seqüestro de dois

soldados israelenses.

33 In: APOIO DO OUTRO LADO

27

Ao fim desta data, haviam soldados israelenses mortos e dois capturados pelo

grupo islâmico. Israel, prontamente, respondeu com a maior ação militar no Líbano,

desde a invasão de 1982, num conflito que deixou milhares de mortos, outros milhares

de desabrigados – neste caso, para ambos os países – além de destruir parte

importante da infra-estrutura libanesa.

Para Aron, (1986) “a destruição, tão rápida quanto possível, das forças do

inimigo tornou-se o imperativo supremo, ao qual se subordinava a condução das

operações militares”. (ARON, 1986, p. 76)

Seguindo os passos históricos de ambos os países – permeados de inúmeras

lutas, guerras, conflitos, divisões, dominações, que no decorrer do tempo mudaram

suas características rotineiras, culturais, geográficas, econômicas e políticas – resta

saber quais os principais agentes que levaram estas nações, com traços culturais

marcantes, a se degladear por tantas vezes.

1.2 O CONFLITO SOB A ÓTICA DA CIÊNCIA POLÍTICA

Segundo Wendzel34, (1985) a capacidade de um Estado baseia-se em certos

fatores internos e externos que, ao longo do prazo histórico, irão em grande parte

determinar o seu potencial de influência perante as outra nações. Traços que, muitas

vezes, passam por desapercebidos aos olhos dos leigos. Contudo, características como

a geografia, (extensão, relevo, a própria configuração e disposição no globo) a

população, as tecnologias militares que o Estado detém, possuem fundamental

relevância no futuro e influência que os países terão em relação aos demais.

34 WENDZEL, Robert L. Relações Internacionais: O Enfoque do Formulador de Políticas.

Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985.

28

No mundo real, a ‘guerra não é um ato isolado, que ocorre bruscamente, sem conexões com a vida anterior do Estado’. Ela não consiste numa ‘decisão única ou em varias decisões simultâneas’ e não implica uma ‘decisão completa em si mesma’. Os adversários se conhecem, podem avaliar respectivamente os recursos de que dispõe, talvez ate mesmo a vontade de cada um. Suas forças nunca se encontram inteiramente reunidas. A sorte das nações não é jogada num só instante. (ARON, 1986, p. 70)

Teóricos da área que envolve as Relações Internacionais, como Aron (1986) e

Wendzel, (1985) citam que as características geográficas são um dos fatores mais

importantes a afetarem a capacidade de influência, sendo seus componentes a

localização, extensão, relevo, clima e configuração. A localização de um Estado em

relação a outros é uma faceta geográfica de imensa importância. Quem é ou não seu

vizinho tem significativas implicações estratégicas e poderá exercer considerável

influencia na segurança de uma nação (WENDZEL, 1985, p. 113).

Ainda, neste sentido, “o segundo mais importante fator geográfico é a

extensão.” (WENDZEL, 1985, p. 114) Outro ponto a ser recortado é o obvio mas às

vezes ignorado fato de que as fronteiras são estabelecidas pelos homens.

Sendo assim, as linhas delimitadoras poderão ser alteradas. O Oriente Médio,

em especial, possui fronteiras imaginariamente lúdicas, que variam conforme o estado

de espírito de seus governantes. Isso pode ser demonstrado, claramente, com as

mudanças ocorridas na situação geográfica após a guerra de 1967, entre outras, que

permitiram ao Estado de Israel ocupar territórios maiores do que os estipulados em sua

fundação. (WENDZEL, 1985, p. 14-17)

Não nos devemos iludir com as fronteiras atuais e presumir uma situação estática. E exercer controle sobre os vizinhos poderá ter efeito similar à ampliação de território, já que isso leva a área de potenciais conflitos fronteiriços para mais perto do inimigo e para mais longe do nosso território. (WENDZEL, 1985, p. 116)

29

Outra importante característica geográfica é o relevo. Batalhas entre os países

árabes e o Estado judeu ocorreram devido ao relevo singular do Médio Oriente. As

montanhas ao longo da fronteira sirio-israelense constituiriam um motivo intrínseco. Por

se tratar de uma região com escassez de água, as Colinas do Golã representam uma

fonte de água potável, essencial à sobrevivência dos povos. Deter os territórios que

compreendem estas colinas significa deter o poder da água. Além dos lençóis fluviais,

essas colinas possuem seu valor estratégico, no que tange a altitude – podendo o

estado que dominá-las ter controle parcial sobre as fronteiras (HOURANI, 2006

WENDZEL, 1985, passim).

“O último fator geográfico é a configuração. Em alguns casos é ela de grande

importância”. (WENDZEL, 1985, p.118) Anteriormente a guerra de 1967, o Estado de

Israel, com fronteiras muito extensas, sempre cogitou a possibilidade de um ataque que

pudesse dividir o país em duas partes. Contudo, a sua vitória em 1967 deu-lhe

fronteiras muito mais defensáveis. O aumento da segurança resultante da mudança de

configuração geográfica leva os atuais governantes desse país a não abandonarem o

controle das margens que conferem proteção as fronteiras.35 (WENDZEL,1985, passim)

Indubitavelmente, essas características geográficas demonstram que o conflito

possui suas raízes naturais, muitas vezes, instigadas pelo próprio instinto de

sobrevivência, bem como, aquelas desenvolvidas com o passar dos anos.

A tomada de decisões e de corretas estratégias tornou-se cada vez mais difícil,

dada a infinidade de tipos de conflitos possíveis e o fato de que nenhum país dispõe de

recursos ilimitados. É virtualmente impossível para os Estados estarem preparados

35 Ainda nesse mesmo exemplo, pode-se perceber que quando a configuração geográfica natural

não favorece os estados, esses, podem artificialmente criar barreiras que impeçam o fluxo de imigrantes. Isto fica claro, com o muro erguido entre as rodovias israelenses e palestinas – erguida, para justamente segregar os povos.

30

para enfrentar todas as contingências e desenvolver estratégias apropriadas para

enfrentar todos os possíveis tipos e níveis de conflitos. (WENDZEL, 1985, p. 144 – 146).

Com a independência do Estado de Israel, em 1948, e a sucessão de conflitos,

o poderio bélico se tornou outra característica de relevada importância, no que diz

respeito a capacidade de influenciar as estratégias armistícias, bem como, as de guerra.

Outro importante componente do potencial bélico é o grau de desenvolvimento

tecnológico. Muitas vezes as guerras têm sido decididas pelo fator tecnologia. Soluções

estratégicas são buscadas; armas com alto poderio de destruição, ou apenas de

impacto sobre as infra-estruturas, cada vez mais se fazem presentes. (ARON, 1986,

passim)36

Apesar de não subestimar sua importância, o formulador de política deverá reconhecer que a principal característica de estados independentes é a sua capacidade de tomar decisões, e estas muitas vezes podem envolver juízo de valor acerca do potencial ou efetivo uso do poder militar. Guerras de várias espécies ocorrem e os governantes algumas vezes decidem se arriscar no conflito eu se engajar em violência. Assim, o Formulador devera sempre levar em conta o potencial militar de todas as partes em uma dada situação, bem como a possibilidade de que venha a ser utilizada a força. (grifo deles) (WENDZEL, 1985, p. 139)

Com o objetivo de realçar o seu poderio militar – devido ao fato de que não

aceitaram pressões para negociar com a OLP – unidades militares pertencentes ao

Estado de Israel desfecharam amplos e variados ataques contra acampamentos

libaneses apoiados pela OLP. Nessas incursões foram incluídos não somente

pequenos efetivos de infantaria, mas também, diferentes áreas contra Beirute e regiões

interioranas do Líbano foram atacadas.

Em cada um dos casos a operação era específica, seu objetivo militar era

definido e seu intuito político era demonstrar que Israel tinha capacidade militar e força

36 ARON, Raymon. Paz e Guerra entre as Nações. 2. ed. Brasília: Editora Universidade de

Brasília, 1986.

31

política para decidir com quem negociar sobre o território que ele controlava37.

(WENDZEL, 1985, p. 183).

Evidentemente que os governantes ou líderes muitas vezes resolvem se

engajar na aplicação limitada da violência, e, algumas vezes, essa decisão produz os

resultados desejados; mas, se este representante da sociedade, ou do grupo o qual

encabeça,

(...) não puder garantir que o seu alvo tem menor poder , não tem possibilidade de receber ajuda externa ou não pretende resistir, correrá então o enorme risco de ver transformado em guerra aquilo que começara como simples aplicação de uma limitada violência. (WENDZEL, 1985, p. 184)

É possível que as grandes guerras sejam precisamente aquelas que, pelas paixões desencadeadas, terminam por escapar ao controle dos homens que tem a ilusão de dirigi-las” mas, “a escolha da estratégia depende ao mesmo tempo dos objetivo da guerra e dos meios disponíveis. Entre esses extremos situa-se a maior parte das guerras reais, nas quais a estratégia é escolhida em função das possibilidades militares e das intenções. (ARON, 1986, p 75 - 80)

Determinadas vezes parece que a consecução dos objetivos somente poderá

ser alcançada através de contínua e limitada aplicação de força. Evidentemente, os

conflitos limitados não constituem novidade; todavia, se o desfecho for diferente do

planejado, o governante colocará em risco todos os seus governados. Exatamente

como aconteceu entre Hizbollah e Israel. Os membros da organização xiita,

comandados pelos seus líderes, ao dispararem os foguetes katyushas sobre as

posições militares israelenses e simultaneamente seqüestrarem dois soldados do

mesmo país, motivaram a incursão e a deflagração de uma guerra, que no decorrer do

período matou dezenas de milhares de civis, militares, além das agressões as infra-

estruturas das nações envolvidas.

37 É certo, que politicamente, a capacidade bélica tem sua certa influencia, determina o poder de

ação do país que a detém. Impõe delimitações. O poderio militar está contido nas políticas de

32

Devido a muitos fatores, (...), as guerras hoje mostram uma tendência a se tornarem gerais. Às vezes populações inteiras se tornam envolvidas, seja como participantes, seja como alvos. Os objetivos tendem a se universalizar e os conflitos se convertem em lutas entre o “Bem” e o “Mal”. (WENDZEL, 1985, p. 179)

Neste sentido, deve-se analisar a forte participação de outros atores

internacionais, como o Irã e os Estados Unidos da América, nesse conflito intenso entre

as forças militares israelenses e a organização xiita Hizbollah. O Irã, como já abordado

nesse capítulo, possui afinidades ideológicas, além das mesmas raízes religiosas dos

líderes e da maioria dos membros do Hizbollah. O apoio logístico, financeiro e

econômico desse grupo possui diferentes viéses, mas são em larga medida importadas

do seu principal aliado – o Irã. Hillel Hassan, 2006, membro da Universidade Americana

de Beirute, numa análise publicada pela Folha de S. Paulo, dispõe que:

’Israel tenta destruir o Hizbollah para cortar esse braço do Irã e também mostrar à Síria que não é recomendável manipular as peças a seu favor, pois o jogo pode sair do controle. Por isso a reação desproporcional de Israel’, (por Marcelo Ninio, enviado especial a Beirute ( FSP, 25.07.2006, p. A2) 38

A ligação entre os Estados Unidos e Israel é um dos grandes e importantes

laços formados pós Segunda Guerra Mundial. Sua influência chega até as questões

locais; como nota um artigo de 1994 da New Yorker39, às vezes “parece que o Oriente

Médio — ou, em todo caso, Israel — é um distrito de Nova York”, ainda;

A ligação entre Estados Unidos e Israel é a mais especial das ‘relações especiais’ da atualidade e também uma relação de família na política

relações internacionais – tanto no âmbito fronteiriço, como no global – podendo ou não ser utilizada, conforme os arranjos posteriormente traçados.

38 In: + ANÁLISE – ‘ESTADO DENTRO DO ESTADO’ ACABARÁ, DIZ ESPECIAISTA 39 Texto original, publicado pelo New Yorker Sun, em 1994 apresenta-se assim: “The U.S.-Israel bond

is the most special ‘special relationship’ in the world today as well as the family relationship of international politics. In many areas – foreign policy, strategic cooperation, economic ties, intellectual connections, religious bonds, and intervention in one another's domestic politics – the two countries have unusual if not unique relations. This reaches down even to local politics; (…) it seems that the Middle East – or, at any rate, Israel – is a division of New York.” ("The Importance of Israel In November's Elections" - NYS, 07/07/1994 - www.nysun.com)

33

internacional. Em diversas áreas — política externa, cooperação estratégica, acordos econômicos, vínculos acadêmicos, laços religiosos, e intervenção mútua nas respectivas políticas internas — os dois países mostram um relacionamento raro, se não único. (New Yorker Sun, 07/07/1994 – "The Importance of Israel In November's Elections".)

Esse apoio mútuo e essa união é claramente percebida na reportagem que a

Folha de S. Paulo publica em 2006:

Os Estados Unidos, continuarão a bloquear por mais uma semana qualquer resolução no Conselho de Segurança da ONU que exija o cessar-fogo imediato das hostilidades no Líbano. Com isso o governo americano quer dar a Israel a oportunidade de, com o prosseguimento dos bombardeios, neutralizar ao máximo o poder de fogo do Hizbollah. (FSP, 20.07.2006, p. A17) 40

Ainda, esse mesmo jornal publicou uma análise realizada por Claudia Antunes

acerca dos laços entre a Casa Branca e o Governo israelense:

Não é raro ouvir criticas à Casa Branca pelo apoio incondicional a Israel, mas analistas israelenses que fizeram restrições à ofensiva diziam que o gabinete atuou como instrumento dos Estados Unidos. O balanço interno de forças parece Ter levado os dois governos a um abraço temerário. (Claudia Antunes – editora de Mundo – FSP, 15.08.2006, p. A14) 41

O impacto do Oriente Médio na estabilidade do sistema internacional ganhou

outra dimensão a partir dos atentados terroristas de 2001 nos Estados Unidos42. Os

dois conflitos prolongados no Afeganistão e no Iraque, envolvendo forças ocidentais43

influentes na região, como os Estados Unidos e a própria União Européia, constituem

40 In: PARA AJUDAR ISRAEL, EUA VETAM CESSAR-FOGO. 41 In: POLITICA INTERNA SELOU RUMOS DO CONFLITO. 42 “Desde o surgimento do Estado judeu em 1948, democratas e republicanos inverteram suas

posições a respeito de Israel. Em uma primeira fase, de 1948 a 1970, os democratas simpatizavam mais com o Estado judeu e os republicanos, indiscutivelmente menos. Enquanto os democratas enfatizavam os laços espirituais, os republicanos tendiam a considerar Israel um Estado frágil e um fator de desvantagem na Guerra Fria.” (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4992)

43 Os desafios abertos de Mahmoud Ahmadinejad, presidente iraniano, empenhado em aniquilar Israel e em levar adiante a expansão do programa de enriquecimento de urânio (doravante em escala industrial), as ações de países como a Síria e o Irã, que colaboram com as organizações que operam contra Israel, como, por exemplo, o já citado Hizbollah.

34

uma dinâmica que parece indicar que o Oriente Médio ainda deverá se manter por

algum tempo como o foco principal das atenções no cenário internacional.

Como a guerra, o conflito, o confronto e os seus desenrolares, são

considerados atos políticos, e quase todas as atividades políticas – senão todas –

envolvem algum tipo de comunicação, há que se compreender esse novo limiar.

Segundo Wendzel (1985), a comunicação de massa pode alterar a gradação e a

intensidade da reação no conflito, assim como exercer, durante pouco tempo, uma

grande influência; todavia, as ações do Estado serão, por fim, julgadas mais

importantes do que as imagens e as mensagens desses atos retratados pela imprensa.

(WENDZEL, 1985, p. 206-210)

No século XX, o grande desenvolvimento na área da comunicação, exerceu

considerável influência na conduta das relações internacionais. Devido ao rápido

crescimento e progresso tecnológico no campo da informação, os líderes e governantes

podem tentar influenciar as atitudes e o comportamento da população de outros

países44.

Na abordagem de um problema específico, o propagandista geralmente utiliza uma série de fatos cuidadosamente selecionados, muitos deles verdadeiros , tentando ordena-los de modo a provocarem o máximo de influencia favorável na audiência-alvo. Nesse processo não está sendo elaborado um relato objetivo. Consequentemente a imagem total poderá não ser apresentada, esforços serão envidados para manipular as emoções, haverá exagero e distorções, bem como omissão de certos fatos. Não obstante, a história mostra que a mensagem composta deve apresentar um certo fundamento de realidade se não quiser fracassar; é por isso que a maioria das propagandas apresenta um certo grau de veracidade.(grifo deles) (WENDZEL, 1985, p. 206)

Os objetivos da propaganda são tão diversificados quanto aqueles da política.

Podem ser de natureza geral quando implicam no desenvolvimento de um generalizada

44 Wendzel, dispõe que: “o termo para designar essas atividades é chamado propaganda –

esforço deliberado para modificar as atitudes e o comportamento de grupos externos, tendo em vista obter dessas audiências-alvos uma reação favorável aos desígnios do propagandista.

35

aceitação da política, ou de natureza especifica, quando procuram gerar

descontentamento entre determinados grupos45. É nesta mesma linha de raciocínio que

se inicia o capítulo seguinte, abordando o processo histórico de constituição e os

objetivos gerais dos meios de comunicação de massa.

Atualmente todos os governos dispõe de programas de propaganda”. (WENDZEL, 1985, p. 205)

45 Apesar de não oferecer êxito garantido, uma mensagem eficiente geralmente parece conter os seguintes elementos. Primeiro deve ser simples. As pessoas não se interessam por explanações ou proposições detalhadas e sofisticadas. Preferem algo que aborde diretamente o assunto. Segundo, a propaganda eficiente atua sobre as emoções. Terceiro, é necessário que a comunicação desperte algum interesse direto naquele que a recebe. (WENDZEL, 1985, p. 207)

36

2 MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA: TRAJETÓRIAS E VISIBILIDADES

Em todos os corpos sociais os indivíduos se ocupam da produção e do

intercâmbio de informações, variando desde as mais antigas formas de comunicação

gestual, até os mais modernos desenvolvimentos da tecnologia cibernética, no que diz

respeito à circulação de informações, obtendo lugares centrais da vida social.

(MATTELART, 1999, p. 37)46 Se a informação é o fornecimento de dados relevantes –

uma característica penetrante da vida social – há, entretanto, uma grande variedade de

instituições que assumem um papel particular e importante na acumulação dos meios

de informação e de comunicação.

Uma das características mais notáveis do século XXI é o fato de vivermos

numa época de comunicação de massa. Os jornais, o rádio, a televisão, os filmes

cinematográficos, as revistas baratas, os livros de bolso, converteram-se, em nossa

sociedade, nos principais formadores de fatos, ficção, entretenimento e informações47.

O desenvolvimento dos meios de comunicação48 – começando com a

imprensa, mas incluindo as mais recentes conquistas da comunicação eletrônica – criou

novas formas de interação e publicidade; fez surgir novos tipos de ação que têm

46 MATTELART, Armand e Michele. História das Teorias da Comunicação. São Paulo: Loyola.

1999. 47 Vivemos num contexto em que os Estados Modernos possuem uma grande força criadora: os

Meios de Comunicação. O papel destes - que encarnam a liberdade da palavra - consiste em indicar as reclamações e os fatos ocorridos, noticiando-os de maneira informativa e esforçando-se, a fim de passar uma visão critica e homogênea a seus leitores. Estes meios de comunicação, em seu papel de atores e agentes na sociedade contemporânea, devem ser considerados como fatores que imprimem suas dinâmicas no corpo social, pois são aqueles que possuem uma liberdade de ação real. (GUARESCHI P. 19). GUARESCHI, Pedrinho A. Comunicação e Poder: a Presença e o Papel dos Meios de Comunicação de Massa Estrangeiros na América Latina. 6. ed. Rio de Janeiro: Petrópolis: Vozes, 1985.

48 Os Meios de Comunicação de Massa (também designados pelas expressões "mass media” e mídia pelas iniciais MCM) são instrumentos ou aparelhos técnicos, mediante os quais se difundem mensagens, a um publico disperso, denominado audiência. Desse elenco de agentes da Comunicação de Massa, interessam-nos aqueles que submetem ao tratamento, a essência da mensagem, ou seja, "o agente cultural da comunicação” ao qual compete transformar a matéria-prima extraída das situações criadas pela ação social; num produto material acabado (jornais, revistas, etc.) que é proporcionado à audiência para seu consumo. (BELTRÃO E QUIRINO, 1986, p. 117).

37

características e conseqüências bem distintas, em parcela, orientados a pessoas que

se situam em contextos espaciais (e talvez também temporais) remotos. Em outras

palavras, o desenvolvimento dos meios de comunicação fez surgir novos tipos de “ação

à distância” que se tornaram cada vez mais comuns no mundo moderno (THOMPSON,

1995, p. 212).

Enquanto nas mais antigas sociedades as ações e suas conseqüências eram geralmente restritas aos contextos de interação “face a face” e às suas circunvizinhanças, hoje é comum ver os indivíduos orientarem suas ações para outros que não partilham do mesmo ambiente espaço-temporal, e com conseqüências que ultrapassam de muito os limites de seus contextos e localizações. (THOMPSON, 1995, p. 92).

Os meios de difusão de informações surgiram como instrumentos

indispensáveis para a "gestão governamental das opiniões", e, de maneira mais geral,

partindo das técnicas e das evoluções constantes na comunicação, deram um salto

considerável, crescendo nos meios sociais. (MATTELART, 1999)

Características particulares como a agilidade e a simultaneidade hoje se fazem

presentes nos padrões de cobertura da imprensa. Fatos novos experimentados por

diferentes sociedades são transmitidos, na maioria das vezes – ou em grande parte

dela – em tempo real. Situações de grande interesse político e internacional, como as

guerras e os conflitos, ganham cada vez mais espaço no cenário midiático. Os últimos

eventos conflituosos – em especial os ocorridos no Oriente Médio – como a Guerra do

Golfo (1990), ou a queda do império Hussein (2003), ou ainda o conflito israelo-libanês

de 2006, receberam atenção especial dos veículos informativos. Isso porque o interesse

em transmitir estes tipos de notícias as suas audiências (público) cresce, principalmente

em virtude dos abalos econômicos e políticos sofridos da decorrência destas fases

turbulentas.

38

A despeito da literatura e da pesquisa cada vez maiores sobre a estrutura, a

função e os efeitos da mídia, existem relativamente poucas preocupações acerca da

natureza do processo de comunicação, dos padrões da imprensa e as conseqüências

que desvirtuadas informações transmitidas via fontes primárias49 – ou até mesmo os

englobados meios de comunicação de massa – podem causar em diferentes ambientes

e sociedades. Para tal investigação será utilizada a literatura do sociólogo inglês J. B.

Thompson (1995)50, pois, nas observações que faz, remete suas questões

relacionando-as à comunicação de massa51.

Este estudo de transmissão de informações deve ter como objetivo maior

compreender as particularidades e especificidades que tomam parte no processo de

apropriação e produção pelos mass media. Neste sentido, é preciso conhecer e dar a

devida atenção aos contextos sócio-históricos amplos e particulares, sendo que é

nesses últimos que pode-se conhecer como e onde as pessoas e grupos recebem as

informações de cada uma das mídias, juntamente com suas influências. Esse corpo

social é em si um sistema independente, mas todos se vinculam entre si de maneira

sistemática, seja no troca de informações ou na captação de fatos noticiosos.

(STEINBERG, 1966, p. 21-27)52

Com o advento da imprensa, o ato de tornar algo público se libertava em

princípio da troca de diálogos entre atores sobre fatos ocorridos, e caminhava em

direção a uma dependência de acesso aos meios de produção e transmissão da

palavra agora impressa. Assim, um fato ou evento poderia adquirir um caráter público

49 Fontes primárias, ou jornais. 50 John B. Thompson (1995), sociólogo inglês e teórico de fundamental importância para o presente

trabalho, nas observações que faz em sua obra “A Mídia e a Modernidade”, remete suas questões ao modo e a maneira, em que os meios de comunicação de massa atuam nas sociedades modernas.

51 O presente trabalho irá analisar sob este mesmo enfoque, veículos de comunicação dirigida; seguindo os apontamentos deste autor no sentido de utilizá-los como indicativos indo ao encontro do que ele mesmo diz ser pertinente, já que para cada caso e, de acordo com cada analista e situação, torna-se necessária à adaptação da metodologia em questão.

39

para outros que não estavam presentes no lugar de sua ocorrência, e que não eram

capazes de vê-la ou ouvi-la. (THOMPSON, 1995, p. 90:93)

Após a vinda da disjunção entre espaço e tempo a experiência de

simultaneidade separou-se de seu condicionamento espacial; tornando-se possível

experimentar eventos simultâneos, apesar de acontecerem em lugares completamente

distintos. Os indivíduos agora podem interagir-se uns com os outros, ainda que não

partilhem do mesmo ambiente "espaço-temporal".

O uso dos Meios de Comunicação proporciona, assim, novas formas de

interação que se estendem no espaço, indiferente de países ou continentes, oferecendo

um leque de características que os diferenciam das interações “face a face”, permitindo

que sociedades distintas dirijam sua ações para outras, dispersas no globo, como

também, respondam a ações e acontecimentos ocorridos em ambientes distantes53

(THOMPSON, 1995, p. 92).

Eventos como conflitos armados, que usualmente abalam a política

internacional, envolvendo a economia e a estabilidade de um ou diversos países,

tornam-se pontos-alvo dos veículos de comunicação, em especial dos meios de

comunicação de massa, pois são esses os responsáveis pelas notícias, pela

publicação, interação e envolvimento entre os fatos ocorridos e o público.

Assim, para que uma notícia seja notícia, precisa ser publicada, precisa

aparecer impressa, para chegar e permanecer na sociedade. O sociólogo francês J.

Folliet54 sugere que "através da comunicação, uma consciência gera noutra imagens,

52 STEINBERG, Charles S. Meios de Comunicação de Massa. São Paulo: Editora Cultrix, 1966. 53 Um dos aspectos mais salientes da comunicação no mundo moderno é que ela acontece numa

escala cada vez mais global. Mensagens são transmitidas através de grandes distâncias, com relativa facilidade, de tal maneira que indivíduos tem acesso à informação e comunicação provenientes de fontes distantes. Thompson, 1995, p. 90-93

54 J. Folliet, sociólogo francês autor da obra “L’Information Moderne et le Droit à L’Information, Lião, Paris., inserido na obra de N. S. BIRIUKOV “ A Televisão no Ocidente e suas doutrinas” Edições Avante! 1988

40

conceitos, sentimentos, atitudes e efeitos psicológicos globais” - existindo uma completa

interação dos ocorridos55. (FOLLIET, apud BIRIUKOV, 1988)

Hoje a notícia caracteriza-se sobretudo pela rapidez, resultado de meios de

comunicação altamente aperfeiçoados, como o relato de acontecimentos pela televisão,

ou via internet; não após o fato, mas enquanto eles ocorrem. No final da década de 80,

multidões acompanharam atentamente ao término da Guerra Fria, marcada

historicamente pela queda do Muro de Berlim, transmitida em tempo real por inúmeras

emissoras de rádio e tevê. Anos depois, diferentes sociedades perceberam ao vivo a

possibilidade de uma nova guerra, após o ataque destruidor às torres gêmeas, em

setembro de 2001, nos Estados Unidos – ambas situações amplamente exploradas e

comentadas – sob diferentes óticas e viéses – pelos meios de comunicação de massa.

A multiplicação de todos os meios de comunicação permite agora, a qualquer

pessoa, ainda que esta se encontre na região mais afastada do mundo, a participar

realmente dos acontecimentos – se não como espectador, ao menos como ouvinte – na

medida em que se verificam em outra parte do globo.56

Os meios de comunicação produzem uma informação em que primam os

sucessos, isto é, o lado extraordinário e enigmático da atualidade cotidiana, e uma

ficção na qual predomina o realismo. Aqueles que porventura abraçam a causa;

tentando de maneira coerente compreender os meandros da mídia, acabam por

55 É simples. As mensagens são produzidas por um grupo de indivíduos e transmitidas para outro,

situados em circunstâncias espaciais e temporais muito diferentes das encontradas na fonte dos fatos ocorridos. Em forma de conhecimento, a notícia chega ao grupo ou ao público (audiência), e, em decorrência da discussão que gera, nasce a opinião pública. Se a notícia nem sempre resulta em ação de fato, resulta em discussão, da qual emergem as mais diferentes opiniões. (THOMPSON, 1995, p. 31)

56 Estes meios de comunicação produzem uma contínua interdependência de diferentes formas de experiência, abordagens noticiosas, diversão, enfim uma mistura, que torna o dia-a-dia de muitos indivíduos bastante diferente do experimentado por seus pais ou avós. A imprensa, por exemplo, encarrega-se de esclarecer o público e proporcionar-lhe algum entretenimento; de servir ao sistema político, transmitindo as informações e discussões de que necessita o eleitorado para tomar suas decisões; ou de aproveitar o sistema econômico, através da publicidade para estabelecer seu apoio financeiro.

41

descobrir diferentes rumos que ela assume57. Afinal, a comunicação de massa, dentro

de sua liberdade de expressão, fornece idéias e informações de acordo com a

identidade de valores dos grupos diferenciados e dispersos que constituem a

sociedade, dando curso a diferentes pontos de vista, e fomentando assim os interesses

comuns, ora criando, ora reproduzindo ocorridos sociais.

Em si, pode-se dizer que a comunicação pode ser ideologicamente livre, mas a

informação comporta sempre qualquer mensagem ideológica. Eis porque os media

informativos são uma arma na luta ideológica e política; já que afetam profundamente

as atitudes da comunidade, as estruturas políticas e o estado social de todo um país.

Hoje os conteúdos e informações, através dos MCM, são colocados à

disposição de um número incalculável de indivíduos, em espaços cada vez mais

amplos e em velocidade sempre maior; impondo aos fatos o ritmo, o roteiro a ser

seguido, que não são necessariamente os que aparecem naturais às testemunhas dos

acontecimentos58. (THOMPSON, 1995, p. 90:95)

Com o surgimento das palavras e gravuras impressas, começam a delinear-se

funções especificas através das quais se tornaria possível o cumprimento integral

daquele objetivo maior perseguido pela comunicação de massa: a conscientização das

sociedades e dos indivíduos que delas participam a fim de permitir-lhes o domínio

sobre seu próprio posicionamento social, relacionando desta forma um indivíduo a

outros.(THOMPSON, 1995, passim)

57 Conforme a classificação de Umberto Eco "esforçam-se esses estudiosos para decifrar

corretamente o enigma dessa esfinge contemporânea que é a comunicação de massa". 58 A liberdade de imprensa é um princípio inegociável, ele existe para beneficiar a sociedade

democrática em sua dimensão civil e pública, não como prerrogativa de negócios sem limites nas áreas da mídia e das telecomunicações, em suas dimensões nacionais ou transnacionais. Ao mesmo tempo, a liberdade de imprensa não é, por certo, um valor isolado, nem pode significar a mesma coisa em todas as sociedades e em todos os tempos. É uma função dentro sociedade e varia com o contexto social. Será diferente em época de caos público, insegurança, lutas armadas ou de tréguas. Em outras palavras, o significado de liberdade inclui o direito do indivíduo de não participar, de não ler, de não ouvir – e, se uma pessoa quiser participar, o direito de não aceitar o que lê, vê e ouve.� Numa sociedade livre, o publico tanto pode rejeitar quanto aceitar o conteúdo da

42

Os meios de comunicação de massa, como a imprensa, revelam certas

relações entre os indivíduos e o meio social. De todas as funções especificas deve-se

elencar e apreciar as seguintes: 1. informar - transmitir elementos (dados) para o

conhecimento do indivíduo ou da massa; 2. persuadir - fornecer recursos e dados

capazes de modificar a opinião e a conduta de pessoas e grupos; e 3. divertir -

proporcionar entretenimento ao homem para subtraí-lo das pressões do meio e do

cotidiano. Como o presente trabalho objetiva alcançar o enquadramento e as

visibilidades ofertadas pelo jornal de maior circulação nacional – indicado pelo Instituto

Verificador de Circulação, IVC – a Folha de S. Paulo, opta-se pela primeira função

básica dos meios de comunicação de massa, o de informar59. (BELTRÃO E QUIRINO,

1986, p. 140:142)

Para a sociedade contemporânea, que diariamente acompanha os fatos

sucedidos através de um único jornal, seja por disponibilidade, por conveniência, ou até

mesmo por afinidade bem como confiança na redação, o fato retratado torna-se

verdadeiro perante aquele receptor, perpassando-se uma visão certa e homogênea dos

ocorridos e noticiados fatos60.

No processo de socialização os media passam a representar agentes,

compondo um quadro diferenciado a ser considerado. Através de seus discursos,

colaboram para a definição da trajetória a ser seguida pelos movimentos sociais,

comunicação, basta apenas cultura e um determinado grau de instrução.(STEINBERG, 1966, passim).

59 Do ponto de vista - de que o objetivo básico da comunicação é a promoção de condições e informações históricas e atuais para a realização do homem na sociedade - a Comunicação de Massa deve exercer suas funções, de acordo com a classificação e teor de suas mensagens. Indubitavelmente a principal função é a que trata da informação jornalística, através da captação e difusão de informações e opiniões sobre fatos, ideologias e situações atuais, de interesse e importância para a orientação de cada individuo e da sociedade como tal. Caso do nosso tema aqui apresentado - o conflito na região do Oriente Médio. (BELTRÃO e QUIRINO, 1986, p. 142:143)

60 Neste sentido, e com o fato que, cada vez mais, o ser humano para construir sua realidade e opiniões, recorre aos meios de comunicação, que assumem em muitos casos um papel maior do que simples mediadores, ou seja, encarnam o papel de formadores de opiniões, pois além de deterem o poder da informação e da transmissão desta, possuem a condição de elite; indivíduos com propriedades e alto grau se sofisticação cultural e/ou educacional

43

apontando para caminhos a serem percorridos, ultrapassando a questão de simples

transmissores de informações.

A importância que cada grupo social dá a estes meios de comunicação é

diferenciada e varia de cultura para cultura, mas é indiscutível que eles passam, cada

vez mais a compor as relações sociais na contemporaneidade, pois os leitores, dentro

de sua cultura popular, pouco ou nada se preocupam em investigar a fundo a notícia

lida, descobrir fontes ou dados diferenciados, até mesmo porque este não é o interesse

daqueles que adquirem um impresso. O interesse condiz com suas necessidades,

talvez de informação, talvez de captação de uma crítica ou comentários citados por este

ou aquele articulista. (THOMPSON, 1995, p. 103)

Investigar a fundo os meandros de uma guerra, o posicionamento, ou, ainda, a

visibilidade que um veículo de informação dá a determinado país ou grupo – por

exemplo – pouca diferença fará para o público alvo dos media; contudo, compreender

os benefícios ou os prejuízos que um conflito poderá trazer, (no âmbito político e/ou

econômico) em geral, atende majoritariamente as necessidades das sociedades. Eis o

grande motivo de as grandes empresas de comunicação cobrirem eventos instáveis e

conflituosos.

Apoderando-se de mensagens e rotineiramente incorporando-as à própria

vida, o indivíduo está implicitamente construindo uma compreensão de si mesmo, uma

consciência daquilo que ele é e de onde ele estará situado no tempo e no espaço; mas

como a história não é parte dos componentes essenciais do jornalismo e dos meios de

comunicação, talvez por redução, submissão ou até mesmo sonegação dos fatos, a

capacidade de compreensão do mundo é virtualmente impossível. (THOMPSON, 1995,

p. 46)

44

Para esta sociedade dotada de absorção e reprodução (da maneira que lhe

convir - muitas vezes distorção) é necessário que o impresso tenha a atitude de contar

a noticia com tantos detalhes que o texto se torne um eco fiel ao fato original, além de

recuperar sua capacidade de surpreender, enquanto atribui a capacidade de

compreendê-la.

Nos é descrito por Somavia (apud TRAQUINA, 1993)61 que "os critérios para

seleção de noticias são conscientes, ou instintivamente baseados nos interesses

políticos e econômicos dos sistemas transnacionais que estão localizados”. Quando

chega ao leitor, todo jornal é o resultado de uma série inteira de seleções dos itens que

devem ser impressos, da posição em que devem ficar, do espaço que cada um deve

ocupar e do destaque que cada qual deve receber.

Na medida que os Meios de Comunicação passam a decidir o que deva ser

publicado e o que venha a atender as necessidades dos indivíduos, assumem um lugar

privilegiado como detentores da informação, isto é, um poder especial. Isso se dá até

mesmo porque as pessoas passaram a conferir a estes instrumentos um grau de

importância cada vez mais alto. Essa maneira insólita de encarar o problema empresta

nova perspectiva à estrutura e a função da comunicação de massa, pois os mesmos

são vistos como parte da comunicação humana em geral, e como conseqüência e

reflexo do meio social.

Ao levar as imagens e as informações para indivíduos situados nos mais

distantes contextos, Thompson (1995) afirma que, "a mídia modela e influencia o curso

dos acontecimentos, cria fatos que poderiam ter existido sem sua ausência”. É

importante enfatizar que os atributos sociais que os indivíduos trazem para estes

contextos não são os mesmos em todos os lugares. Além do mais, “os indivíduos

61 SOMAVIA, Juan. In: TRAQUINA, 1993.

45

envolvidos nestes acontecimentos podem estar bem conscientes do papel construtivo

(ou destrutivo) da mídia". (THOMPSON, 1995, p.102)

Esta distorção não significa necessariamente uma falsa apresentação dos

acontecimentos, podendo ser, antes, uma seleção arbitrária e uma apreciação facciosa

da realidade, conforme os interesses vigentes, contudo seguem como padrões de

cobertura – não podendo esquecer que o capital é peça essencial para um editorial

sobreviver. (THOMPSON, 1995, p. 102 e p. 106)

No atual capitalismo contextualizado, o dinheiro é a condição sine qua non para

estruturar e fazer perdurar qualquer empreendimento. É certo que a imprensa custa

dinheiro e alguém precisa arcar com as despesas62. De certo modo, não é de se

admirar que os meios de comunicação de massa devam ser descritos como adjunto da

ordem industrial. Como visto, a ascensão da imprensa e do jornalismo se registrou na

mesma época que houve a ascensão do capitalismo; e a própria imprensa foi uma das

formas primitivas da produção em massa, tornando-se posteriormente grandes

conglomerados, com a união de diversos países. (BELTRÃO e QUIRINO, 1986, p. 145)

Thompson (1995) cita que essas nova empresas multinacionais tornaram-se “o

mecanismo central da instrumentalização nacional ou internacional, desencadeada para

manter o status quo e prevenir mudanças substanciais", e com isso, "a distorção das

noticias, tornou-se uma pratica regular da informação internacional. A mídia se envolve

ativamente na construção do mundo social”63 (THOMPSON, 1995, p. 42)

Neste sentido, deve-se dar o tratamento correto aos meios de comunicação de

massa. Tratam-se de empresas; tal como empresa, o jornal se enraíza nas forças de

62 Em nossa sociedade, numa descrição sumaria, o financiamento se processa mais ou menos da

seguinte maneira: as imprensas pagam as impressões e todo material necessário à sua difusão, mas são mais que reembolsadas pelos anunciantes. Entretanto, presume-se que os anunciantes não tiram o dinheiro do próprio bolso, pois são reembolsados pelos leitores. Dessa maneira, em última analise, o consumidor paga o custo da imprensa, mas seu dinheiro é canalizado através de mãos particulares.

63 THOMPSON. J. B. A Mídia e a Modernidade, passim.

46

mercado e adota uma atitude de interdependência a grupos que detém o poder – tanto

no sentido estrito da palavra, bem como poder econômico e/ou político.

Num sentido genérico, poder é a capacidade de agir para alcançar os próprios

objetivos ou interesses, a capacidade de intervir no curso dos acontecimentos e em

suas conseqüências. No exercício do poder, os indivíduos empregam os recursos64 que

lhe são disponíveis; ocupando muitas vezes posições hegemônicas dentro de grandes

instituições que os tornam capazes de tomar decisões e perseguir objetivos que tem

conseqüências de longo alcance.

A hegemonia é a capacidade de um grupo social de assumir a direção intelectual e moral sobre a sociedade, em sua capacidade de construir em torno de seu projeto um novo sistema de alianças sociais, um novo bloco histórico. A noção de hegemonia desloca a classe dominante, cujo poder residiria inteiramente em sua capacidade de controlar as fontes do poder econômico”65.

Nesta análise do poder, faz-se necessário considerar negociações,

compromissos estratégicos e mediações. Para tecer uma critica sobre a imprensa,

deve-se introduzir uma compreensão analítica e histórica dos meios de comunicação de

massa como ordem institucional.

A globalização da comunicação no século XXI é um processo dirigido

principalmente por atividades de conglomerados de comunicação em grande escala

que ao longo dos tempos expandiram suas operações para outras regiões fora de seus

países originais; e parte dos seus interesses financeiros e industriais foram canalizados

para as aquisições substanciais de ações nos setores de informação e de comunicação.

Através de fusões, compras ou outras formas de crescimento corporativo, os grandes

conglomerados assumiram uma presença sempre maior na arena global do comércio

de informação e comunicação.(THOMPSON, 1995, p. 73 e 74)

64 Recursos, são os meios que os indivíduos possuem para alcançar efetivamente seus objetivos e

interesses, seja através da coerção ou da influência que detém.

47

Assim, para enfrentar o poder econômico de grandes corporações, muitas

organizações menores da mídia foram sendo esmagadas e forçadas a fusões. Mas a

crescente concentração de recursos não eliminou todas as organizações menores. Em

muitos setores da mídia hoje, o predomínio de grandes corporações coexiste com uma

grande e diversa quantidade de organizações menores em produção e serviços e em

prestação de serviços. Em parte através de fusões, tomadas de controle e outras

formas de diversificação, os grandes conglomerados da comunicação emergiram e

assumiram um crescente e importante papel no domínio da mídia: são organizações

multinacionais que participam dos lucros de uma variedade de indústrias interessadas

na informação e na comunicação.(THOMPSON, 1995, p. 74)

O que interessa neste trabalho é saber de que lado tem permanecido as

empresas jornalísticas: se ficam do lado da informação ou do lado das conveniências

comerciais, políticas e econômicas que exigem, digamos, um certo "sacrifício da ética".

Com as análises e os estudos do jornal referente ao trabalho, pode-se dizer que elas

têm preferência pela segunda alternativa. Eticamente, portanto agem de maneira

condenável, dando altos índices de visibilidade a uma nação que detém poderio

econômico e político, em detrimento de outra, que poucos recursos dispõe para

oferecer a esses conglomerados midiáticos.

Assim sendo, não restam dúvidas que existe uma dependência do setor

econômico, seja para o aperfeiçoamento do processo da comunicação de massa, seja

para a eficácia da utilização de técnicas e meios cada dia mais sofisticados para o

intercâmbio de mensagens públicas, através das quais as sociedades alimentam-se,

pois o único interessado é o cidadão, o receptor como outro qualquer; aquela pessoa

65 A obra de Gramsci, e sua contribuição repousam, sobretudo em sua concepção de hegemonia

48

comum, que consome as notícias e que no fim é o beneficiário final do jornalismo de

qualidade – ou vítima do jornalismo vil. Palavras de Thompson66:

Hoje, os maiores conglomerados da comunicação, se tornaram jogadores-chave nas indústrias da mídia. Estas grandes concentrações de poder econômico e de informações fornecem as bases institucionais para a produção de informação e conteúdo simbólico e sua circulação se dá em escala global. O crescimento dos conglomerados da comunicação continuou e suas atividades predatórias, em muitos contextos facilitadas pelo relaxamento nos controles do governo, alcançaram patamares inauditos; e os processos de globalização se aprofundaram, aproximando as partes mais distantes do globo por meio de teias de interdependência mais tensas e mais complexas. (THOMPSON, 1995,p. 74-75)

Jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão dedicados ao jornalismo, assim

como os sites informativos na internet, nada disso deve existir com a simples finalidade

de gerar empregos, fortunas e erguer os impérios da mídia. Devem existir porque os

cidadãos em todo o mundo democrático têm o direito à informação, o direito à liberdade

de opinião e expressão que inclui a liberdade de “procurar, receber e transmitir

informações e idéias por quaisquer meio e independentemente de fronteiras” 67.

É garantido também no Brasil, pela Constituição Federal68. Sem que esse

direito seja atendido, a democracia não funciona, uma vez que o debate público pelo

qual se formam as opiniões entre os cidadãos se torna um debate viciado. Por isso, a

empresa precisa ser forte, atuante, e mais que isso: independente. É verdade que a

atividade jornalística se converteu num mercado, mas, atenção, esse mercado é

conseqüência, e não o fundamento da razão de ser imprensa. (KUCINSKI, 2000, p. 40-

44)

O leitor é posto a todo o momento frente a uma realidade dada que ele pode

aceitar ou modificar – mesmo que superficialmente – mas que não pode recusar. Não

66 In: A Mídia e a Modernidade. Rio de Janeiro: Petrópolis, p. 74-76. 67 Sobretudo desde a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, que estabelece no

artigo XIX. 68 Constituição da República Federativa do Brasil, 1988 - artigo 5º – XIV.

49

existe a recusa, pois o fato ocorreu. Quanto à aceitação ou não da informação

comprada, dependerá certamente da posição social que o leitor encontra-se na

comunidade, além das propriedades culturais que o mesmo deve ter para confrontar ou

debater o fato num círculo social, pois os receptores das mensagens da mídia

comumente as discutem com outros em seus ambientes sociais, e os pontos de vista e

ações dos outros podem influenciar seu próprio comportamento. (MARTÍN-BARBERO

p. 184)

Embora massificada, a imprensa sempre refletiu diferenças culturais e políticas

(em diferentes prismas e angulações); e isto não somente à necessidade de "distinção",

mas também pela busca de expressão para a pluralidade que compõe a sociedade civil.

Como dependem de meios externos para sobreviver, como do capital de grandes

empresas, os meios de comunicação de massa acabam por ceder algumas vezes a

interesses externos. Portanto, a visibilidade e a ênfase que uma notícia terá numa

pequena redação, certamente será diferente da publicada por uma grande

conglomerado midiático. (THOMPSON, 1995, passim)

Para Costalles69, "o acontecimento é substantivo (...) a missão da imprensa é

captar a realidade objetiva com a maior amplitude e precisão possíveis, narrá-la com

fidelidade, de tal forma que o leitor receba a mais cabal informação sobre o fato".

Ou seja, a informação e comentários devem ser transmitidos, cuidadosa e

rapidamente, num nível imparcial e factual, sem quaisquer tendências ideológicas,

políticas, econômicas, ou ainda posicionamentos arbitrários que cerceiam a imaginação

e o senso critico daqueles que por variados motivos optaram por ler determinada

notícia. (COSTALLES apud MEDINA, 1988)

69 José Ortega Costalles, na obra Noticia, Actualidad, Información, remete à idéia da reprodução

dos fatos orridos, com máxima fidelidade, afim de que, o leitor receba e interprete os impressos da maneira como eles realmente aconteceram. In: MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto a venda: Jornalismo na sociedade urbana e industrial. 2. ed. São Paulo: Editora Summus, 1988.

50

De tal modo, os detentores do poder econômico e político se voltam para a

exploração psicológica, através dos meios de comunicação de massa; para a

persuasão através de noticias, opiniões e diversão. Colunistas, editoriais ou artigos

assinados por intelectuais de renome, com idéias e ideologias sobre um mesmo tema

aprofundam a visibilidade dos fatos perante a sociedade.

A partir dos passos seguidos nesta parte do trabalho, é pretendido mostrar de

que forma a comunicação de massa está atuando como mediadora das relações

sociais, em que contextos e que instrumentos, manifesta-se para estabelecer estas

relações, e qual é tipo de importância e de visibilidade que o maior jornal de um país

atende a essas inter-relações.

2.1 OS CRITÉRIOS DA CONSTRUÇÃO DA NOTÍCIA NO CASO BRASILEIRO

Seguindo a linha teórica até aqui apresentada de estudos e compreensão dos

textos noticiosos que permeiam as sociedades, cabe agora a tarefa de identificar e

demonstrar o grau de dependência dos meios de comunicação de massa brasileiros

aos estrangeiros, como se manifestam, se escondem ou se simulam informações, e as

intenções com que controlam as mensagens jornalísticas na imprensa diária brasileira.

Situados num ambiente espaço-temporal distinto do Brasil, os países

envolvidos no conflito israelo-libanês de 2006 passaram a ser os atores principais dos

meios de comunicação. Apoderando-se dos fatos e das notícias – que

momentaneamente se tornavam inéditas – os veículos de comunicação brasileiros

passaram, então, a produzir, editar, e reproduzir os principais fatos ocorridos no Oriente

Médio, publicando-os posteriormente para o conhecimento do público, ou seja, por se

tratar de uma guerra ocorrida numa região de relevante distância, os brasileiros em

geral obtiveram informações peculiares, como a dos motivos e da evolução do conflito,

51

tão somente através dos meios de comunicação, entre eles os de apelo popular, como

a estudada Folha de S. Paulo.

Hoje, o Brasil conta com inúmeras empresas jornalísticas de diferentes portes e

propósitos; conglomerados, que diuturnamente invadem o mercado com acessos fáceis

às suas informações, bem como assinaturas simplificadas, a fim de garantir sua

audiência, e perpassar seus textos noticiosos que tratam, na maioria das vezes, de

temas relevantes, capazes de despertar o interesse do público por assuntos pouco

discutidos, como guerras e confrontos armados.

Essas grandes redações expandem seu mercado econômico tragando as

menores empresas na medida do possível – ou quando não conseguem realizar tal

evento, por obterem o status de tradição acabam revendendo, de certo modo, suas

coberturas noticiosas àquelas que não possuem um poderio financeiro tão eficaz

quanto as primeiras. Nas chamadas grandes redações, como em qualquer outra

organização, o poder que determina ou tolera as decisões no dia-a-dia jornalístico é

exercido por meio de normas e objetivos claramente estabelecidos, priorizando sob

alguns aspectos informações e ocultando outras – favorecendo muitas vezes seus

próprios interesses estratégicos, ou daqueles que os apoiam. (THOMPSON, 1995, p.

73-74)

A informatização e a modernização da imprensa nacional certamente

promoveram mudanças significativas. Nesses quase dois séculos de avanços, a

Imprensa Nacional – englobando todas a redações e organizações jornalísticas – tem

buscado alargar suas fronteiras para novos mercados e tornar-se o elo entre os fatos e

a sociedade. De segunda a segunda, 24 horas por dia, os editorias e a imprensa

brasileira trabalham para levar aos cidadãos brasileiros, nas primeiras horas da manhã,

52

os jornais com os mais surpreendentes textos noticiosos, juntamente com

entretenimento e ficção. (ABREU, 2003, p. 65-73)

Como já citado, as empresas jornalísticas, hoje, correspondem a gigantescos

conglomerados, que objetivam a venda irrestrita de seus periódicos. Estas, em seu

acúmulo de poder, e no exercício deste, influenciam – mesmo que indiretamente –

todos os receptores, a audiência, que consome o produto adquirido. Estas “usinas

ideológicas” numa reta sintonia com aqueles que lhe conferem poder dão total apoio ao

seu modo ideológico de pensar e influenciar. Bernardo Kucinski (2000), referindo-se ao

Brasil, transmite este raciocínio de maneira clara quando dispõe que:

...os vários meios de comunicação de massa tem atuado com notável sintonia em apoio às mesmas políticas econômicas das classes dominantes e tem reagido do mesmo modo aos diferentes incidentes ocorridos (...). (KUCINSKI, 2000, p.40)

No caso brasileiro, várias são as empresas jornalísticas que “reagem do

mesmo modo” – soando como algo pactual. Cinco são os jornais que circulam como

referência nacional, devido ao seu porte estrutural, mercadológico e temático exercendo

papel fundamental na definição da agenda nacional: O Estado de S. Paulo, O Globo,

Jornal do Brasil, Gazeta mercantil e a Folha de S. Paulo70. Indubitavelmente, jornais

menores se fazem presentes em nossa sociedade, contudo, “a maioria dos jornais das

outras capitais e cidades médias reproduz as colunas dos formadores de opinião”

(KUCINSKI, 2000, p. 43) mantendo os fatos e as informações numa mesma linha de

enfoque, ou melhor, enquadramentos definido por Kucinski como uma “mesmice

jornalística”.

70 No presente trabalho será estudado especificamente a Folha de S. Paulo, pois trata-se do jornal

com maior circulação nacional, atingindo a média diária de 300.000 exemplares vendidos, segundo o Instituto Verificador de Circulação – IVC, <www.circulacao.org.br>.

53

Neste monopólio e processo de imposição de consenso, não restando

alternativas para o leitor, estes jornais, diariamente, tem exercido um papel crucialmente

ideológico, captando, enquadrando, produzindo e reproduzindo os textos noticiosos da

maneira que os convêm e transmitindo estas manchetes a pequenas empresas que

conferem às maiores certo grau de confiança, determinando, assim, o que a nação

deve tomar como realidade, ou seja, criando nesta as pautas e agendas conforme seus

interesses. (KUCINSKI, 2000, passim, WOLF, 1994, passim)

No Brasil e nos continentes, os limites de uma divulgação noticiosa não são

suficientes para se fornecer o contexto histórico da maior parte dos acontecimentos,

ainda mais sabendo que a maioria dos textos noticiosos, quando não ocorrem no país

de origem da publicação do jornal, são importados e comprados daqueles que de fato

perceberam com maior proximidade as notícias. A atenção encontra-se no que

acontece e não nas causas que levam à execução, ou a seus objetivos.

Posto isto, é de cunho relevante esclarecer que a obtenção de matérias

exclusivas de um país distante do nosso, in loco, traz onerosidade excessiva às

empresas locais. Neste sentido, nos trás Golding e Elliott apud WOLF, 1994, p. 232 ao

dizer que:

...o custo dos correspondentes no estrangeiro é infinitamente mais elevado do que a assinatura numa agência (...); para os órgãos de informação menos poderosos, as despesas com os correspondentes estrangeiros ultrapassam as suas possibilidades econômicas. Para eles, os serviços regionais das agências são a única fonte possível de notícias vindas do estrangeiro. 71

Esta primeira vantagem econômica transforma-se, contudo, num outro fator que

aumenta o significado das agências. A sua utilização, espalhada por todo o mundo,

acaba provocando uma certa homogeneidade e uniformidade das definições daquilo

71 GOLDING P.; ELLIOTT P. Making the News. Londres: Longman, 1979. p. 104.

54

que constitui notícia; entre todos os acontecimentos, acabam por ser considerados

aqueles que as imprensas noticiam sob as diferenças inerentes às culturas, às

ideologias, à economia, permanecendo um substrato comum definido, precisamente por

critérios de noticiabilidade que essas fontes contribuem para difundir nas sociedades.

Assim, mesmo com altos custos, as grandes agências de imprensa nacionais,

dentre elas a estudada Folha de S. Paulo, consegue, por um determinado período

adquirir através de correspondentes a notícia in loco. Menores empresas jornalísticas

passam então a reproduzir a cobertura noticiosa que provém das maiores, com o

mesmo viés dado ao fato, permanecendo na “mesmice jornalística”. (KUCINSKI, 2000,

p. 40:42; GOLDING-ELLIOTT apud WOLF, 1994, p. 232).

Como Bernardo Kucinski (2000), Porto (2001), em sua colocação defende

também que os media devem impedir e afastar certas valorações que limitam a

transferência fiel dos fatos ocorridos; pois, de diferente maneira, estariam favorecendo

um grupo ou uma determinada classe privilegiada72 – noção de imparcialidade – não

cumprindo o papel a que foram destinadas.

Se para a sociedade os meios de comunicação são vistos como uma “fonte de

informações”, esta “fonte” deve ser indubitavelmente digna do atributo recebido,

reproduzindo as notícias nacionais da forma que se deram, e traduzindo e

transcrevendo as notícias internacionais, sem prerrogativas e deturpações de seu

conteúdo, de modo que favoreçam elites e grupos restritos.

É neste sentido que se deve hesitar o papel dos meios de comunicação como

“fonte de informação”, pois, segundo a teoria e o estudo apresentado, aqueles

informarão a sua audiência os fatos no limite de seus interesses, valorizando ou

72 Quando o presente trabalho trata teoricamente de classes privilegiadas, ou elites dominantes, quer

apenas retratar os grandes grupos empresariais, que detém o monopólio absoluto de poder – econômico, político ou ideológico – regendo as diretrizes que o cenário midiático deve trilhar (para seu próprio favor), angariando novos adeptos e instigando-os no que pensar e como pensar.

55

descartando dados relevantes, que alteram o rumo de um ou vários grupos dominantes.

Como os media seguem um padrão único, de homogeneidade e uniformidade na

transmissão das informações faz-se presente à falta de uma multiplicidade de viéses e

enfoques a determinadas coberturas noticiosas. (PORTO, 2001; TRAQUINA,1993)

A ausência de pluralismo, traço dominante nos meios de comunicação

brasileiros, abstém seus consumidores de informações divergentes, impossibilitando

idéias conflitantes, mantendo-os estagnados no já construído e constituído ideário

noticioso. Essa “mesmice jornalística” reflete de forma decisiva na percepção final do

público sobre um mesmo assunto.

Com isso, vários jornais de diferentes capitais e cidades permeiam um fato,

atribuindo-lhe a mesmas características, ora imputando-lhe defeitos, ora qualidades

junto ao seu juízo de valor, praxe nas colunas brasileiras. (KUCINSKI, 2000, passim)

Estratégias de consenso destas classes dominantes permeiam o pensamento

hegemônico neoliberal, construindo uma lógica quase que unânime entre os meios de

comunicação de massa. Enquanto leitor paga para receber informações objetivas e

saber a verdade dos fatos, acaba sempre obtendo os mesmo tratos editoriais citados,

nos textos noticiosos. (KUCINSKI, 2000, p. 40)

Seguindo ainda o raciocínio de Bernardo Kucinski (2000), para que a mídia

alcance uma unanimidade em questões estratégicas são necessárias algumas

condições como “um alto grau de concentração da propriedade dos meios de

comunicação, em especial o controle de tipos diferentes de mídia por um mesmo

grupo”; patente é, pois com o controle de diferentes segmentos midiáticos em que o

modo operacional de editar uma informação é uno, pode-se deter certo grau de

supervisão sobre as matérias a serem cobertas e pontuadas, estabelecendo uma

hegemonia ideológica perante a audiência, ou seja, indiferente será, se o leitor optar em

56

receber informações de diferentes media, pois estará sempre atrelado à mesma

ideologia. (KUCINSKI, 2000, p. 41)

Outra condição apontada por este teórico faz referência ao “sinergismo entre os

vários tipos de mídia (rádio, televisão e mídia impressa) no plano operacional”, isto é,

um esforço simultâneo entre os meios de comunicação a fim de perpassarem as

coberturas factuais dentro de um mesmo viés, sem que haja a preponderância de uma

visão em detrimento das outras – permanecendo na característica hegemônica,

uniforme na transmissão das informações. (KUCINSKI, 2000, p. 41)

Estas pontuações unem-se com medo dos riscos de uma cobertura

individualizada, afastando assim um grau de responsabilidade que sua matéria terá ao

ser publicada; além de acrescentar, com isso, uma certa legitimidade aos seus relatos –

já que são diferentes jornalistas, graduados em distintas academias, “tratando com

coerência e padronização um fato”. (KUCINSKI, 2000, p. 41-42)

Finalmente, e com igual grau de importância às demais condições, Kucinski

(2000) aponta um “alto grau de promiscuidade entre os jornalistas e (...) grupos de

pressão, que hoje caracterizam a cena brasileira, e as assessorias das grandes

empresas.”73 O establishment, as classes dominantes à quem os colaboradores

prestam serviços, conduzem as coberturas factuais, de modo a oferecer aos seus

leitores a notícia com um complemento de seus dogmas ideológicos74. (KUCINSKI,

2000, p. 40-45)

73 KUCINSKI, 2000, op. cit., p. 41. 74 Quando se cita “promiscuidade” deve-se ficar atento à ética profissional daqueles que manipulam –

no sentido literal da palavra, preparam – as notícias. Kucinski é mister ao dizer em “Jornalismo Econômico” (2000), que o jornalismo, enfim “define-se por uma ética”; portanto, o jornalismo não é definido por suas redações ou formas técnicas de dizer os fatos, define-se apenas por uma ética imbuída na verdade dos fatos. Se assim fosse, apenas ajudaria a audiência a formar opiniões – a partir de suas conclusões – dignas de uma liberdade democrática. É neste cenário que os media brasileiros com certas vantagens competitivas aliado as suas estratégias ideológicas, ao seu poder de influência, passam a compartilhar ao lado das classes dominantes a tarefa de informar a sociedade.

57

Neste novo espaço público, a imprensa e os outros meios midiáticos

desempenham funções extremamente relevantes perante o corpo social. Como

apresentado, o modo operacional de se trabalhar com uma informação pode alterar

completamente o rumo dos acontecimentos, podendo favorecer alguns em detrimento

de outros, estimulando uma falsa transparência na transmissão das coberturas

noticiosas.

A mídia é hoje a instituição mais decisiva para a qualidade do exercício da cidadania no Brasil democratizado. Ela impõe suas coordenadas e linguagens específicas sobre as estratégias para as principais disputas eleitorais, fornece os principais elementos simbólicos e cognitivos para a escolha do eleitor, forja – conscientemente ou não, deliberadamente ou não – consensos sobre a pauta política e institucional; define, de um modo ou de outro a agenda pública, dos seus termos mais gerais a alguns dos mais específicos. Defende o consumidor, julga a justiça, denuncia a corrupção, expões a fraude. Civiliza a civilização brasileira – em que pese eventualmente amplificando e (re) produzindo a barbárie – e nos acultura a todos, mesmo a contragosto. Fornece quadros de referencia com que denunciamos as sua manipulações, desenhamos de sua eventual vulgaridade e afirmamos a nossa vã pretensão de completa autonomia intelectual diante de nosso pequeno universo cotidiano. (LATTMAN – WELTMAN, apud ABREU, 2003)75

Portanto, para entender por que as notícias são do jeito que são é preciso

entender primeiro como as notícias são feitas, fabricadas, e isso independente de como

estejam sendo disponibilizadas.

2.2 DA CONSTRUÇÃO DA NOTÍCIA A SUA PUBLICAÇÃO

Uma das hipóteses mais antigas para a resposta deste conflito é de que as

notícias são assim porque a realidade assim as determina. Segundo a “teoria do

espelho”, as notícias apenas refletem o mundo a sua volta, pois os jornalistas são seres

neutros, meros observadores e relatadores dos fatos. Nas palavras de Nelson Traquina

(1993, p. 133) sobre esta teoria, os jornalistas "limitam-se a recolher a informação e a

75 ABREU, Alzira Alves de; KORNIS, Mônica Almeida. Mídia e Política no Brasil: jornalismo e ficção.

Rio de Janeiro, 2003. p. 129-130

58

relatar os fatos, porque, enfim, os jornalistas são simples mediadores que reproduzem o

acontecimento na notícia" .

Tal concepção é logo contestada, já que o trabalho de mediar uma informação

não é por si só algo simples. Além disso, nem com todos os aparatos tecnológicos ou

todas as técnicas de narrativa é possível "reproduzir", fielmente, um acontecimento,

pois este mesmo acontecimento ao ser transformado em notícia, em um texto

(entendido aqui como um todo de sentido) passa a ser representado. Deve-se também

recorrer às fontes – no caso deste trabalho, restritas às coberturas noticiosas de três

países sobre um mesmo tema – e vendo como é que operam.

A reprodução nunca contempla a realidade, é sempre com base em um

referencial que, no entanto, nunca pode ser retratado. Para legitimar o poder dos

jornalistas, usualmente, esta noção de espelho, de retrato fiel, de reflexo da sociedade

foi empregada e, especificamente, no Brasil a imprensa é vista pela população como

uma espécie de "testemunha ocular" e de portadora da verdade absoluta. Isto é

comprovado quando, por exemplo, os fatos divulgados passam a ser aceitos como

inquestionáveis, mesmo que estejam errados76.

Em contraposição à teoria do espelho surgiu a idéia do gatekeeper, ou na

tradução literal, “guardiões dos portões”, que consiste em um processo de seleção pelo

qual as mensagens passam antes de serem encaminhadas para seus destinatários77.

76 Um exemplo que pode ser citado é no que se refere à pobreza ou a atual onda de violência no

país. Quando ela é transformada em notícia, passa a ser uma preocupação, porém inúmeras vezes a favela e a violência estão ao lado de quem lê, escuta, assiste ou acessa tal informação e mesmo assim a miséria e a violência lhe são indiferentes

77 O termo gatekeeper refere-se à pessoa que toma as decisões e foi criado pelo psicólogo Kurt Lewin, apresentado pela primeira vez em um artigo publicado em 1947 que versava sobre o momento da escolha na hora de adquirir alimentos. David Manning White foi o primeiro a traçar relações com a área de comunicação.”O Dr. Lewin salientou que a passagem de uma notícia por determinados canais de comunicação estava dependente do facto de certas áreas dentro dos canais funcionarem como gates. Levando a analogia ainda mais longe, Lewin afirmou que certos sectores dos gates são regidos por regras imparciais ou por um grupo "no poder" tomar a decisão de "deixar entrar" ou de "rejeitar". Compreender o funcionamento do gate, ainda segundo Lewin, seria equivalente a compreender os factores que determinam as decisões dos gatekeepers, e

59

Pensando em identificar os verdadeiros “guardiões dos portões" da informação,

White fez um longo estudo a respeito da forma como um editor define o que irá para o

jornal no dia seguinte e o que será, simplesmente, excluído. A conclusão de White foi a

de que os critérios subjetivos é que definiram os assuntos pertinentes, tendo como base

o conhecimento de mundo, o nível cultural e as próprias experiências do editor78.

Três dos principais conceitos ligados à imprensa e ao jornalismo são

newsmaking, agenda-setting e framing. No primeiro, usando-se a ferramenta do

newsmaking, pode-se demonstrar como promover informações, de forma que se

transformem em notícia. No segundo, está a teoria do agendamento, capaz de

demonstrar que a mídia influi. E no terceiro, mediante o uso do enquadramento, explica

como o jornalista enquadra uma informação, e como a transforma em notícia.

(TRAQUINA, 1993, passim)

Estas teorias são utilizadas para explicar os critérios que definem o número

limitado de histórias selecionadas pelo jornalista dentre os muitos fatos que ocorrem no

mundo durante um período qualquer, e que faz com que aqueles acontecimentos sejam

considerados noticia, e usando-as, é possível esclarecer melhor o papel de

agendamento dos media, demonstrar como as notícias são construídas, e vendidas

como um produto a diferentes países e continentes – influenciando o posicionamento e

o senso crítico da sociedade leitora destes jornais. (TRAQUINA, 1993, passim)

A hipótese do newsmaking dá ênfase à produção das informações, ou seja, a

potencial transformação dos acontecimentos diários em notícia. Porém, o enfoque não

está no receptor desta informação, mas sim no emissor, no profissional, e em todas as

etapas de produção da notícia, desde a captação até a sua distribuição. Assim, o

sugeriu ainda que a primeira tarefa de diagnóstico é a descoberta dos verdadeiros gatekeepers”. (WHITE apud TRAQUINA, 1993, p. 142)

60

acontecimento se transforma em notícia quando, trabalhado pela empresa de

informação, entra na agenda do público receptor. (TRAQUINA, 1993, passim)

Os valores de noticiabilidade, no entanto, só podem ser observados depois que

um acontecimento se converteu em notícia, quando os valores que influíram na seleção

de tal informação podem ser identificados. A noticiabilidade nada mais é do que um

conjunto de normas que justifica os procedimentos operacionais e editoriais adotados

pelos meios de comunicação – estes critérios podem ser praticamente infinitos

(TRAQUINA, 1993, WOLF, 1994)

Para Wolf (1994), os critérios de noticiabilidade são variáveis e alguns

acontecimentos que há anos não mereceriam destaque, hoje ocupam grande parte dos

jornais.

Os valores-notícias mudam no tempo e, embora revelem uma forte homogeneidade no interior da cultura profissional - para lá de divisões ideológicas, de geração, de meio de expressão, etc. -, não permanecem sempre os mesmos. Isso manifesta-se claramente na especialização temática que, num determinado período histórico, os meios de informação conferem a si próprios. Assuntos que, há alguns anos, simplesmente ‘não existiam’, constituem atualmente, de uma forma geral, notícia, demonstrando a extensão gradual do número e do tipo de temas considerados noticiáveis. (WOLF, 1994, P.198)

Ainda,

O público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realá ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo (grifo nosso) (WOLF, 1994).

Pois os meios de comunicação apresentam à população “uma lista de assuntos

que devem ser discutidos, ou ao menos que se deve ter uma opinião” (WOLF, 1994).

78 Depois do estudo de White outros pesquisadores se dedicaram às questões do gatekeeper, e

outros passaram a dar ênfase na questão da formação da agenda dos meios de comunicação e, por conseqüência, dos cidadãos.

61

Ao definir o que se poderia chamar de “menu seletivo” de informações como sendo o

que aconteceu, determina-se ao mesmo tempo também que outros temas não sejam

conhecidos, portanto não comentados.

Assim, a “agenda social” é escrita a partir da agenda criada previamente pelos

meios de comunicação. As pessoas então, têm tendências para incluir ou excluir dos

seus próprios conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem do seu

próprio conteúdo 79.

Toda esta organização das informações conforme as regras do meio e do

veículo específico e conforme a lógica do grupo incumbido do trabalho de editar a

compreensão que tem dos fatos, em termos de fácil acesso à sociedade, chama-se

editoração80.

Esse processo de organização, que é também uma seleção, é descrito por

Schram e Porter81:

a mídia de massa seleciona e processa a informação para torná-la disponível o mais

depressa possível. Essa seleção lhe dá o controle do fluxo de informação que circula pela

sociedade. Os pontos de controle estão em todos os níveis, indo do repórter que

seleciona os fatos ao editor que decide o que eliminar (...).

Este é o processo de funcionamento de uma empresa jornalística. Somente

um pequeno grupo de pessoas decide se determinada notícia será feita, e, depois de

escrita, se será enviada, e, se enviada, a quem será enviada. A notícia assim recebida

será depois editada de maneira a satisfazer as necessidades do Meio de Comunicação

respectivo, sendo podada muitas vezes, caso ultrapasse o espaço a ela destinado,

79 Teorias da Comunicação, 1994, p.130. 80 Esse processo de veiculação de mensagens selecionadas e padronizadas tem por objetivo as

organizar e as conservar no tempo, além de manifestar expressamente a opinião da empresa jornalística e dos comentaristas ou articulistas que nela assinam.

62

combinado com outras histórias, ou com outras fontes noticiosas; reescrita para

enfatizar determinadas facetas que o editor do Meio de Comunicação julgar

especialmente importante.

Quando este poder age no sentido de subtrair ao cidadão a informação que lhe

é devida, está corroendo as bases do exercício do jornalismo ético, que é o bom

jornalismo, e corrompendo a sociedade (WOLF, 1994, TUCHMAN, 1972)

As notícias serão classificadas depois, por um critério de privacidade ou

importância, estabelecendo qual delas terá mais ou menos destaque na pagina do

jornal, ou qual será publicada como manchete. É a avaliação da importância de cada

notícia e como ela será vendida, que faz a maior diferença entre os jornais cujas

edições nem sempre tem notícias próprias.

Eles sabem (editoriais) que, "controlando o fluxo de imagens e de informações,

a mídia desempenha um importantíssimo papel no controle do fluxo de acontecimentos”

82. É mister lembrar que os valores da notícia podem ser diferentes de veículo para

veículo e os critérios de seleção, como conseqüência, diferir de um para outro jornal.

Neste caso, o que se deve buscar é a individualização da informação, que deve ser

específica para cada um.

Um avanço no primeiro aspecto, que constitui a básica forma de funcionamento

dos MCM, é compreender a fusão de dois espaços que a ideologia diz manterem

separados; o da informação e do imaginário ficcional, este que, muitas vezes transmite

uma "pseudo-realidade" dos acontecimentos.

Assim sendo, Thompson (1995) afirma que existem estratégias de construções

simbólicas que servem para estabelecer ou sustentar relações de dominação, que são

81 Scharam & Porter, Men, Women and Media: Undertanding Human Communication, in R.S.

Wurman, Ansiedade de Informação. 1997 82 THOMPSON, J. B. A Mídia e a Modernidade, Ideologia e Cultura Moderna, passim.

63

produzidas por sujeitos e que facilitam a mobilização do sentido dos sujeitos receptores,

através de mecanismos específicos.

O escamoteio ou a distorção de informações, as pautas motivadas por

interesses particulares não revelados, a irresponsabilidade com que se definem

distorcidas informações ao público, a facilidade com que a imprensa acolhe as notícias,

sem apurar – são características claras de um desequilíbrio de senso ético desta

enquanto função social. Portanto, é neste sentido, que deve-se compreender os

caminhos trilhados pelo maior jornal brasileiro, exemplo nacional para agendamentos

políticos, análises e debates sobre temas contundentes.

2.3 UM BREVE HISTÓRICO DA FOLHA DE S. PAULO

A história da Folha de S. Paulo começa em 19 de fevereiro de 1921, com a

criação do jornal “Folha da Noite”, que noticiava com prioridade as deficiências dos

serviços públicos83. A tiragem de seus impressos era realizada na gráfica em que o

jornal “O Estado de S. Paulo” tinha propriedade.

Quatro anos após a criação desse jornal, sua circulação é ampliada com o

jornal “Folha da Manhã”, ou seja, a edição matutina da “Folha da Noite”. Após 24 anos,

em julho de 1949, é inaugurado mais um jornal do grupo; a “Folha da Tarde”84.

(HISTÓRICO FOLHA, INTERNET)

É no início de 1960 que estes três títulos se fundem – “Folha da Manhã”, “Folha

da Tarde” e “Folha da Noite” – dando origem ao atual jornal “Folha de S. Paulo”. 85

83 Nesta época, lançou campanha pelo voto secreto e apoiou o tenentismo e o Partido Democrático

(HIST. FOLHA) 84 Em 1949, o jornal é feito por meio de linotipo; processo que usa chumbo derretido para compor o

texto (HIST. FOLHA) 85 Em agosto desse mesmo ano, os empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho

assumem o controle acionário da empresa.

64

A partir disso, a Folha dá início à modernização de seu parque gráfico,

desempenhando papéis decisivos junto à sociedade civil, como a publicação de artigos

produzidos por políticos e intelectuais perseguidos pelo regime militar.

A década de 8086, marca a liderança deste grupo na imprensa brasileira, como

jornal de maior circulação do país; posteriormente é implantando o primeiro Manual da

Redação (1987), que condensa as concepções deste, junto com o modelo proposto, de

um jornalismo crítico, pluralista, apartidário e moderno. A partir de então, e com o

advento da informatização, a Folha passa a adequar-se, criando, por exemplo, bancos

de dados virtuais, em convênio com a Editora Abril87, ou utilizando-se de computadores

Macintosh, na editoria de arte, para produção de gráficos, tabelas, quadros, et coetera.

Os anos subseqüentes demonstram o poderio corporativo da Folha: na metade

da década de 9088, a Folha lidera não só a maior circulação nacional, como o segmento

de classificados em jornais. Lança em caráter experimental o Universo Online – UOL,

fundindo-se posteriormente com o Brasil Online, do grupo Abril, constituindo uma nova

empresa, o Universo Online S.A. – caracterizando a primeira associação que envolve

dois dos mais importantes grupos de comunicação do país89, atingindo a marca de 350

mil assinantes em todo o Brasil – consolidando sua posição de maior provedor do país.

86 Em meados dos anos 80, a comunicação da Folha criou um bordão que entrou para a historia da

propaganda: “De rabo preso com o leitor”. No final dessa mesma década, em 1987, a união entre a Folha, e a agencia de publicidade W/Brasil, foi vista como uma das mais duradouras, e mais premiadas parcerias (entre cliente e agencia). Em 1988, foi lançado o comercial intitulado “Hitler”. Um pequeno ponto preto aparecia na tela da TV; em alguns segundos, centenas de outros pontos formavam um retrato em preto e branco. Era Hitler, o ditador nazista alemão. A voz falava de suas proezas: “ Este homem pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho a seu povo”. O comercial, de forte conteúdo político, terminava assim: “ É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. Por isso é preciso tomar muito cuidado com a informação no jornal que você recebe. Folha de S. Paulo, o jornal que mais se compra e o que nunca se vende”. (Kleber Carrilho, _____)

87 Victor Civita, fundador do grupo Abril 88 Em 1992, o empresário Octavio Fria de oliveira passa a deter a totalidade do controle acionário da

companhia. 89 A audiência do grupo UOL, em 1997, equipara-se a grande sites de informação norte-americanos,

como a CNN, recebendo assim o certificado de qualidade ISO 9002, cedido pelo órgão Bureau Veritas Quality International.

65

Partindo do histórico divulgado pela própria Folha de S. Paulo, percebe-se que

na década de 80, a Folha passou a ser o jornal mais vendido no país – no último ano, a

circulação média foi de 299 mil exemplares por dia, e 370 mil aos domingos90. Segundo

a Folha, essa consolidação deu-se pelo fato de ter apoiado “a campanha da

redemocratização do país, em 1984, quando empunhou a bandeira das eleições diretas

para presidente”.

Atualmente a linha editorial da Folha, se estabelece com a premissa de buscar

um jornalismo crítico, apartidário e pluralista91, traduzindo, assim, suas normas e

noções éticas num manual, o “Manual Geral da Redação, 1984”, reeditado e ampliado

diversas vezes, que serve como base para as discussões no dia-a-dia da redação.

Contudo, desde sua gênese, a Folha de S. Paulo teve como padrão de

cobertura uma linha político-editorial marcada pela defesa dos interesses da classe

média urbana de São Paulo.

Mesmo com prósperas mudanças na redação do jornal, essa linha fez com

que,

durante muito tempo, ele fosse visto pelos partidos e movimentos de esquerda como um jornal voltado aos interesses dos grandes grupos econômicos. Mesmo com atuações de grande destaque na luta contra a ditadura, na campanha pelas diretas e no impeachment do ex-presidente Fernando Collor, para alguns ficou a imagem do jornal que não tomou posição na eleição indireta, em que concorreram Paulo Maluf e Tancredo Neves. O próprio Partido dos Trabalhadores, em algumas ocasiões, acusou a Folha de S. Paulo por fazer campanha contra seus candidatos, principalmente quando das candidaturas de Luís Inácio Lula da Silva à Presidência da Republica em 1989, 1994 e 1998.”(II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, Florianópolis, SC, abril de 2004, “Acusadores ou acusados? – A troca de papéis entre PSDB e PT nos episódios Eduardo Jorge e Waldomiro Diniz) (grifo deles)

90 Tias valores confirmam-se com os números auditados pelo IVC (Instituto Verificador de

Circulação). A distribuição nacional é percebida com 299.249 mil em dias úteis; e aos domingos 370.185 mil exemplares.

91 Essas características que norteiam os profissionais da Folha de S. Paulo, foram detalhadas a partir de 1981 em diferentes projetos editoriais (HIST. FOLHA)

66

Posteriormente à compreensão do conflito (suas origens e sua derrocada), do

estudo bibliográfico, de como os jornais e seus setores editoriais recebem, vislumbram

e manipulam os textos noticiosos – além da influência que esses exercem sobre a

sociedade – resta apenas, neste estudo empírico, analisar os dados colhidos e cruzar

as informações a fim de, detalhadamente, descrever quais as formas, os formatos e as

visibilidades que a Folha de S. Paulo, no seu padrão de cobertura, priorizou na

transmissão de informações do conflito israelo-libanês.

Diante disso, passe-se a analisar no próximo capítulo os dados coletados para,

posteriormente, chegar-se ao ponto principal do estudo monográfico, qual seja, a

demonstração de como a Folha de S. Paulo utilizou-se de critérios quantitativos e

qualitativos para a exposição de notícias acerca do conflito israelo-libanês.

67

3 SOBRE OS MÉTODOS E A ANÁLISE DA PESQUISA

3.1 MÉTODO DE PESQUISA

A pesquisa se fundamenta numa análise temporal do maior jornal brasileiro,

indicado pelo IVC (Instituto Verificador de Circulação), a Folha de S. Paulo – referência

para outros editoriais menores, bem como base para estudos científicos. Por meio

dessa investigação, os textos noticiosos do período pesquisado, 15 de julho a 15 de

agosto de 2006, são divididos em semanas – totalizando cinco. Nelas, são aplicadas

valências positivas, negativas e neutras. A freqüência de citação, a forma de tratamento

dada pelo jornal e a centimetragem das reportagens auxiliam na análise, permitindo

uma comparação entre os dados obtidos com as valências. Para a elaboração desses

critérios, um livro de códigos92 foi montado, permitindo de tal forma estruturar uma

análise de conteúdo (BARDIN, 1977)93

3.2 PERÍODO E CRITÉRIOS DE ANÁLISE

O mapeamento a partir dos exemplares da Folha de S. Paulo, compreende

textos da publicação entre 15 de julho a 15 de agosto de 2006, que envolvem os

conflitos entre o grupo xiita Hizbollah e o Estado de Israel. Período este que o conflito

atingiu seu auge com importantes manobras políticas e acontecimentos que o mundo

acompanhou atentamente. Nesta divisão temporal, a Folha de S. Paulo publicou 702

matérias que tratavam diretamente do conflito.

92 Vide anexo I 93 Para Bardin, (1977) o universo de documentos de análise, estabelecendo a constituição de um

corpus, pode ser determinado a priori. Esse corpus, o qual a autora se refere, significa “o conjunto de documentos tidos em conta para serem submetidos ao procedimento analítico” ( p. 96)

68

São textos informativos e opinativos, foto-legenda, infográficos, charges,

entrevistas, frases e análises, abordados em diferentes segmentos editoriais do jornal.

Contudo, sua maior visibilidade deu-se no “Caderno Mundo”, um dos diversos cadernos

do presente jornal. Este caderno, veiculado diariamente é responsável pela edição e

transmissão dos textos jornalísticos referentes às políticas internacionais, o

relacionamento entre nações bem como fatos extraordinários que mereçam destaque e

conhecimento do público leitor.

A editoria de exterior, presente neste caderno específico é vista no Manual

Geral de Redação da Folha de S. Paulo (1987) como aquela que “deve manter uma

disposição crítica permanente diante da política de superpotências, das violações ao

principio da autodeterminação dos povos, dos regimes de força em países do Terceiro

Mundo. Deve divulgar as violações dos direitos civis e humanos onde quer que

ocorram”.

Para comprovação de tal definição, a análise foi procedida verificando o

tratamento dado ao tema estudado. Outro segmento que detém destaque no jornal são

as chamadas de primeira página, geralmente escritas com frases curtas, incisivas,

chamando a atenção do leitor com idéias rápidas e concretas além de indicar a

paginação do material a que ela se refere (MR-FSP,1987, p. 71).

As datas da análise – que compreendem 32 dias – foram divididas em cinco

semanas. A primeira compreende entre 15 a 21 de julho. A segunda, 22 a 28 do mesmo

mês. A terceira, entre 29 de julho a 4 de agosto. A quarta corresponde aos dias que vão

de 5 a 11 desse mês, ao passo que os quatro dias restantes resultam na quinta e última

semana, de 12 a 15 de agosto. Por meio da distribuição do período em semanas, torna-

se possível a aplicação das categorias, presentes no livro de códigos, a se comporem

em dados quantitativos e qualitativos para a análise.

69

3.3 CATEGORIAS DO LIVRO DE CÓDIGOS

Cada texto noticioso foi selecionado por data, numeração seqüencial da

matéria, posicionamento (em quadrantes ou metades), altura, largura e área (em

centímetros quadrados), indicando na análise a localização dos textos. A

centimetragem permite visualizar as áreas dispensadas aos textos no decorrer do

conflito; de maneira a se comparar resultados e perceber se um país foi ou não mais

visível. Outra categoria de igual relevância diz respeito ao formato da matéria noticiosa,

demonstrando informação ou opinião por parte do jornal. Já os direitos autorais das

reportagens se fizeram presentes na transcrição do título/legenda e créditos do autor –

ou agência responsável.

Todas as matérias que reportavam ao conflito estudado foram divididas em 7

temas gerais, concentrando textos que variam desde a guerra no sentido amplo a

notícias que informam prioritariamente uma nação, além de 50 temas específicos94.

Essas subdivisões compreendem o delineamento específico de como foi a cobertura

das matérias, reunindo textos com abordagens diferentes sobre o tema, como

históricos, estratégias, resistências, política, economia ou religião.

Outro gênero importante para análise é o que diz respeito às valências,

caracterizada por Bardin (1977)95 como um “direcionamento qualitativo”. As valências

neste estudo sugerem três possibilidades de tipos de citação: positivas, negativas e

neutras.

A primeira valência é identificada quando trata de matérias com características

positivas sobre a nação, traduzindo-se em ações de suas iniciativas, declarações,

94 Os temas gerais são: Líbano, Israel, Hizbollah, Guerra, Estados Unidos, Países Árabes, além da

categoria outro. Os 50 temas específicos, encontram-se no livro de códigos – anexo I

70

opiniões, tentativas de acordos ou relatos de seus chefes, representantes ou líderes

sobre avaliações de ordem política, econômica ou social. Incluem-se resultados

favoráveis de pesquisas de opinião, que demonstram o bom andamento do país na

situação por ele enfrentada.

Sob as referências gerais, foi identificada valência positiva quando o texto

sugeria afirmações, como o favoritismo:

“Nenhum deles diz ter medo. Todos repetem que estão prontos a lutar até quando for

necessário, mesmo sentindo falta da mãe, da cama e da namorada, em nome da defesa

do país. ‘Só me importa a situação dos cidadãos de Israel neste momento. Se não

estivéssemos aqui, os terroristas estariam no nosso lugar’, opina (soldado

israelense).” (CADERNO MUNDO, FSP. 21.07.2006, p A10) (grifo nosso) 96

Foi considerada valência negativa quando predominavam nas matérias críticas,

ataques, ou reportava-se a um aspecto negativo devido a posicionamentos duvidosos,

atuações infrutíferas frente a importantes decisões, dentre outros, mas todos

relacionados aos resultados desfavoráveis do país analisado.

Nos textos noticiosos a valência negativa da Folha de S. Paulo foi especificada

da seguinte maneira:

“Segundo a família, Ibrahim foi atraído muito cedo pela ideologia do grupo xiita, e seu

sonho sempre foi morrer lutando contra Israel. “Ele dizia que não queria ter uma

morte qualquer, como em um acidente de carro. Queria ser um ‘sharid’ [mártir], morrer na

95 Bardin (1977), na análise avaliativa, denomina de direcção a ponderação da freqüência; podendo

esta ser favorável (positiva), desfavorável (negativa) ou neutra (eventualmente ambivalente), num caso de favoritismo/desfavoritismo, p. 111

96 In: “NO BRASIL NÃO CONHECEM NOSSA REALIDADE” DIZ DANIEL, 19, SOLDADO ISRAELENSE NO FRONT

71

guerra”, conta a tia de Ibrahim, Zeina Kourani (...) “Disseram-nos que ele tinha um

sorriso nos lábios quando foi encontrado morto”

“Orgulhosa por que ele caiu lutando pelo grupo xiita, Shakibah [mãe] recebeu

dezenas de telefonemas de vizinhos parabenizando-a pelo ato de Ibrahim. ‘Estão todos

ligando e dizendo a ela que graças a Deus ele morreu assim’, afirma

Zeina.(CADERNO MUNDO, FSP. 05.08.2006, p. A15) (grifo nosso)97

A valência neutra foi estabelecida quando não se fez inferência positiva ou

negativa sobre o tema analisado. Avaliações, declarações favoráveis ou contrárias aos

fatos não caracterizaram a neutralidade. Essa possibilidade de valência trata apenas da

simples reprodução dos fatos; sem qualquer tendência ou posicionamento. Percebe-se

esse exemplo no seguinte texto noticioso:

“A retirada das tropas e o envio dos soldados da ONU começou a ser debatida ontem,

entre oficiais israelenses e da Unifil, a missão das Nações Unidas no Líbano. O

calendário ainda não foi definido. Beirute anunciou que deve enviar 15 mil soldados à

região ao norte do rio Litani nesta semana”. (CADERNO MUNDO, FSP. 15.08.2006, p.

A13) (grifo nosso)98

Nota-se que nestes três exemplos de possibilidades de valências a

diferenciação entre elas é bastante explícita. Entre as valências positivas e negativas, o

modelo foi o mesmo: ambos textos noticiosos tratavam de adolescentes envolvidos no

conflito. O primeiro caso se reporta a um jovem soldado israelense que abre mão de

sua vida civil a fim de defender a vida, seu país e os cidadãos nele presentes. Já o

segundo caso é tratado com o viés da ideologia, da barbárie; afinal, é da mesma forma

um jovem adolescente, que exalta o detrimento do outro país – nem que para isso deva

97 In: BRASILEIRO MORRE LUTANDO PELO HIZBOLLAH

72

oferecer sua vida – mostrando-se bastante claro quando é citado que encontraram o

corpo morto com um sorriso nos lábios.

A valência neutra é demonstrada através do exemplo, por não haver nenhum

tipo de tendências, desequilíbrios, inferências favoráveis, bem como desfavoráveis. O

trecho mostra-se como uma simples reprodução dos fatos, sem pré definições, sem

posicionamentos.

A partir do preâmbulo das estruturas desse jornal e da freqüência de textos

visíveis referentes ao tema abordado, pode-se verificar a análise dos dados colhidos,

para posteriormente descrevê-los e compreendê-los.

3.4 COBERTURA GERAL

Recorrendo a tabela n.º 1, a qual trata do tema geral abordado pelo jornal,

pode-se constatar que prevalecem os textos que discorrem sobre a guerra no sentido

estrito da palavra, ou seja, abordagens que remetem ao conflito sem distinções

específicas, correspondendo a 64,5% do total de 702 segmentos. Por se tratar de um

conflito que majoritariamente aconteceu no Líbano, este país apresenta-se em segundo

lugar no tema geral, totalizando 10,3%. Israel, o outro ator do conflito, encontra-se na

quarta posição com 5,7%. Neste sentido, pode-se perceber que a Folha de S. Paulo

deu preferência à cobertura da guerra num sentido geral, tratando do tema com

abordagens amplas, sem critérios de noticiabilidade que podem agregar-se a qualquer

um dos países envolvidos.

98 In: HIZBOLLAH CLAMA VITÓRIA E ISRAEL AMEAÇA.

73

Tabela 1 - FREQÜÊNCIA DE APARIÇÕES PARA “TEMA GERAL”

TEMA GERAL FREQÜÊNCIA PERCENTUAL PERC. ACUMULADO

Guerra (sentido geral) 453 64,5% 64,5%

Líbano 72 10,3% 74,8%

Israel 40 5,7% 80,5%

Hizbollah 39 5,6% 86,1%

Outros Países Árabes 23 3,3% 89,4%

Estados Unidos 17 2,4% 91,8%

Outro 58 8,3% 100,00%

Total 702 100,0%

*Fonte: Autor

No período estudado, e recorrendo às tabelas que indicam a visibilidade

total dos dois países envolvidos na guerra, pode-se perceber que: das 702

aparições, o Líbano se faz presente em 298, ao passo que Israel detém 314

aparições. Estes valores em porcentagem demonstram que na totalidade houve

um equilíbrio quantitativo na abordagem da Folha de S. Paulo, pois o primeiro

país estabeleceu-se com 42,5% contra 44,7% de aparições de Israel. Mesmo que

tais valores demonstrem uma leve vantagem percentual de Israel sobre o Líbano,

a proximidade está clara; portanto, para tais valores nota-se que o jornal

concentrou-se ao demonstrar um equilíbrio quantitativo99.

Tabela 2 – VISIBILIDADE TOTAL DO LÍBANO E DE ISRAEL

FREQUENCIA PERCENTUAL PERC. ACUMULADO

LÍBANO PRESENTE 298 42,5% 42,5%

LÍBANO AUSENTE 404 57,5% 100,0%

TOTAL 702 100,0%

ISRAEL PRESENTE 314 44,7% 44,7%

ISRAEL AUSENTE 388 55,3% 100,0%

TOTAL 702 100,0%

*Fonte: Autor

74

Verificando a tabela n.º 3, que desdobra o tema geral em 50 temas

específicos, a primeira colocação no ranking percentual é a do tema que trata dos

“brasileiros envolvidos no conflito”, com 8,3%100. A “aprovação do conflito e do

Hizbollah pelos libaneses”, ficou na segunda posição, com 7,1%, seguido do tema

“possíveis ataques/estratégia de guerra israelense”, com 5,8%. Como já tratados, e

omitindo o tema “brasileiros”, a “aprovação da guerra pelos libaneses” – toma a

primeira posição com 7,1% do total de entradas. Os “possíveis ataques/estratégias

de guerra israelense” assumem a segunda colocação, logo depois da proposição

“apoio dos EUA a Israel”, com 5,4%. Esses três maiores motivos somados significam

18,3% do total de entradas que o jornal estudado dedicou-se a apresentar, ou seja,

dos 702 segmentos, 129 eqüivalem aos três temas mais abordados; valores

quantitativamente próximos, sem grandes distorções – remetendo a harmonia,

igualdade de valores, no que tange ao indicativo de quantidade na apresentação dos

temas pela Folha.

Tabela 3 - FREQÜÊNCIA DE APARIÇÕES PARA “TEMA ESPECÍFICO” – MAIORES APARIÇÕES

TEMA ESPECÍFICO

FREQÜÊNCIA

PERCENTUAL

PERC. ACUMULADO

Brasileiros envolvidos no conflito 58 8,3 8,3

Aprovação do conflito/Hizbollah pelos libaneses 50 7,1 15,4

Possíveis ataques/Estratégias de guerra israelense 41 5,8 21,2

Apoio dos EUA a Israel 38 5,4 26,6

Morte de civis libaneses 31 4,4 31,1

Refugiados libaneses 31 4,4 35,5

Bombardeio israelense ao Líbano 31 4,4 39,9

Outro 30 4,3 44,2

Tentativas de Acordo/Cessar-fogo 28 4,0 48,1

Tema no âmbito econômico 27 3,8 52,0

Política Externa/Geopolítica 22 3,1 55,1

Total 702 100,0

*Fonte: Autor

99 Segundo Laurence Bardin, na obra Análise de Conteúdo (1977), a abordagem quantitativa, é

obtida através de dados descritivos com semelhança a um método estatístico, ou seja, “... é a freqüência de aparição de certos elementos da mensagem.” (p. 114)

100 A presente monografia não tem por objetivo maior analisar dados que tratem de outros temas. É certo que como o jornal estudado é brasileiro, informações que envolvam os cidadãos desse país, naturalmente, merecem destaque; assim, valores como estes são omitidos. Apenas aqueles que tratem do conflito in loco, e de seus atores diretamente envolvidos, participarão da análise.

75

Ainda na mesma linha de raciocínio, a análise da freqüência de aparições

em que o jornal estudado demonstrou como maioria de temas gerais a guerra, e

subdividindo estes em temas específicos, pode-se perceber que a Folha priorizou

brandamente temas que tratam da “aprovação do conflito e do Hizbollah pelos

libaneses”, indicando a primeira colocação na tabela abaixo apresentada (7,1%).

Com 6,6% encontram-se textos noticiosos que trouxeram como tema específico

os “possíveis ataques/ estratégias de guerra israelense” seguido do motivo que

remete ao “bombardeio israelense ao Líbano”, com 6,4%.

Tabela 4 – FREQÜÊNCIA DE APARIÇÕES PARA “TEMA ESPECÍFICO GUERRA”

TEMA ESPECÍFICO

FREQÜÊNCIA

PERCENTUAL

PERC. ACUMULADO

Aprovação do conflito/Hizbollah pelos libaneses

32

7,1

7,1

Possíveis ataques/Estratégias de guerra israelense

30

6,6

13,7

Bombardeio israelense ao Líbano

29

6,4

20,1

Morte de civis libaneses

28

6,2

26,3

Tentativas de acordos / Cessar-fogo

25

5,5

31,8

Refugiados libaneses

23

5,1

36,9

Total

453

100,0

*Fonte: Autor

Mesmo com as divisões de valores numa didática classificação – tipo

ranking – o equilíbrio dos dados colhidos através da manifestação da Folha de S.

Paulo nos textos noticiosos se faz presente. Quantitativamente há pouca

diferença entre o primeiro, segundo e terceiro lugar.

3.5 TRATAMENTO DADO AOS DOIS PAÍSES

Cruzando os dados que tratam apenas da freqüência de aparição de cada

país nos textos noticiosos, com as informações que remetem as medições

76

realizadas em centímetros quadrados101, percebe-se que há uma proximidade

entre os países estudados. Somando-se todos os textos que fazem menção ao

Líbano, encontra-se o valor de 65.127,8 cm2, enquanto que Israel aparece com

64.834,8 cm2. Transformando e reenquadrando tais valores número de páginas, a

fim de obter uma melhor visualização, percebe-se que Israel apareceu ao menos

uma vez em textos cuja dimensão aproximada eqüivale-se a aproximadamente

40,7 páginas102, ao passo que o Líbano foi verificado em 40,9 páginas – esse,

detém cerca de 300 centímetros quadrados a mais, contudo, menores valores

quanto às aparições: nessa, possui 298, enquanto que Israel conta com 314. Tais

dados demonstram o equilíbrio quantitativo dado pela Folha de S. Paulo, no que

diz respeito a centimetragem dos textos noticiosos em que são citados, ao menos

uma vez, o nome de cada país envolvido no conflito.

Tabela 5 – DIMENSÕES DOS TEXTOS QUE APRECE O LÍBANO E ISRAEL

PAÍS ÁREA (cm2) TOTAL

Número de aparições do Líbano 298

Média 218,54

Mediana 207,00

Desvio Padrão 138,47

Líbano

Soma 65.127,8

Número de aparições de Israel 314

Média 206,48

Mediana 199,00

Desvio Padrão 141,70

Israel

Soma 64.834,8

*Fonte: Autor

101 Por meio de medições em centímetros, calculando o espaço que cada texto noticioso – sem

distinção entre texto e título – ocupa na página chegou-se ao denominador área, ou seja, total em centímetros quadrados, permitindo assim, visualizar o espaço dispensado pela Folha na cobertura da guerra. Todos as matérias, e todos os formatos que tratam desse tema foram medidos e suas áreas calculadas.

102 Todos os valores em centímetros quadrados que ultrapassarem a casa do milhar, serão divididos e reenquadrados na área total de cada página, a fim de encontrar um resultado aproximado em número de página, e consequentemente proporcionar melhor visualização dos dados em questão. A página da Folha (área impressa) possui na largura, aproximadamente 30 cm (29.7cm), enquanto que sua altura possui da mesma forma 53 cm. Multiplicando tais valores, encontra-se a área total da página impressa, ou seja, 1.590 cm2.

77

Ainda neste viés, que compara a centimetragem com a presença dos países

nos textos das cinco semanas estudadas, nota-se na tabela n.º 6 que as freqüências de

aparições para ambos os países – recorrendo a soma em centímetros quadrados –

estão claramente definidas assim: a segunda semana é a detentora da primeira

colocação, pois atingiu maior índice nas aparições, tanto libanesas, como israelenses.

Do total de 298 aparições do Líbano no texto, 83 pertencem à referida semana,

representando aproximadamente 30% do total de matérias que citam este país. O país

judeu, da mesma forma que o libanês, possui aproximadamente 30% do montante de

matérias em que seu nome é citado; contudo, a quantidade total de aparições neste

país é ligeiramente superior que a do outro: Israel se faz visível em 314 textos, e neste

período em 94. Dentre as somas totais, Israel é percebido com 18.356cm2, isto é,

aproximadamente 11,5 páginas. O libanês estabelece-se com 18.276cm2 ou 11,4

páginas.

Na terceira semana, a qual detém o segundo lugar no ranking de aparições, o

Líbano possui 14.803,3cm2 (9,3 páginas), fazendo-se citado por 70 vezes. Israel é

definido com 75 aparições e 14.716cm2 ou 9,2 páginas.

A primeira semana é a que ocupa a terceira colocação, pois alguns valores,

como as centimetragens, demonstram reduções. O caso libanês é percebido pela

quantidade total de aparições na semana, 66 vezes, e todos seus textos somados são

vistos com 14.716,8cm2 – 9,2 páginas. O país israelense detém 14.067,3cm2 (8,8

páginas), angariando 62 aparições no período.

Nas medições da Quarta semana o Líbano possui 10.369,5cm2, ou 6,5 páginas

na soma total de textos – com 49 aparições, enquanto que Israel conta com 54

aparições e textos 10.794,8cm2, isto é, 6,7 páginas.

78

A Quinta e ultima semana no ranking é a que possui maior queda nos valores:

a nação libanesa é percebida com 30 aparições, 6.962,3cm2, ou 4,7 páginas, nos textos

somados, ao passo que o país judeu é visto 29 vezes na semana em textos de

6.900,8cm2 (4,3 páginas). Nota-se que conforme decorria o conflito, a Folha de S. Paulo

passou a priorizar outros tipos de noticias, e os países envolvidos na questão deixaram

de possuir altos pontos de visibilidade. A Segunda semana, auge de aparições nas

tabelas, Israel aparecia 94 vezes nos textos noticiosos – aproximadamente 30% -

enquanto que na última semana este valor foi percebido 29 vezes, ou pouco mais de

0,9%. O Líbano que começou com 83 pontos – cerca de 30% – no fim do estudo

estabeleceu-se em 30 vezes, ou 10%. Quantitativamente, tais valores demonstraram o

equilíbrio que este jornal transmitiu na cobertura do conflito aos seus leitores. A título de

análise da centimetragem, e o reenquadramento em número de páginas, nota-se que

ambos países estabeleceram-se em cada semana com valores equiparados. Pode-se

verificar a decrescente visibilidade dos países, na medida em que o conflito chegava ao

fim; contudo, os valores mantiveram-se em constante afinidade.

Tabela 6 – PRESENÇA DO LÍBANO E DE ISRAEL EM TEXTOS (área em cm2)

PAÍS SEMANA APARIÇÕES MÉDIA MEDIANA DESV. PADRÃO SOMA 1ª Semana 66 222,98 207,00 145,99 14.716,8 2ª Semana 83 220,19 210,00 131,24 18.276,0 3ª Semana 70 211,47 177,75 148,89 14.803,3 4ª Semana 49 211,62 210,25 139,80 10.369,5

Líbano

5ª Semana 30 232,07 222,25 119,84 6.962,3 1ª Semana 62 226,89 208,62 150,15 14.067,3 2ª Semana 94 195,27 173,00 133,54 18.356,0 3ª Semana 75 196,21 161,50 154,31 14.716,0 4ª Semana 54 199,90 200,00 139,76 10.794,8

Israel

5ª Semana 29 237,95 223,25 116,02 6.900,8 *Fonte: Autor

79

Desdobrando todos os textos noticiosos que mais se fizeram visíveis em “temas

específicos”, e, posteriormente em valências (tabela n.º 7), Israel, quando é percebido

nas matérias da Folha de S. Paulo, deteve maior valor percentual de cunho negativo

quando o tema abordado foi “possíveis ataques/estratégias de guerra israelenses”

totalizando 12,4%. A valência positiva acumulou 14,1% quando o motivo tratado

pertencia à categoria “Israel se defende”. Houve um empate percentual de 12,2% para

o “tema no âmbito político” e para “política externa/geopolítica” quando a valência se

demonstrou neutra. Somando as três classes de valências, a fim de encontrar um

denominador comum, o tema que diz respeito ao “apoio dos EUA a Israel” alcançou a

primeira colocação, com um índice de 11,1%.

Pouca diferenciação quantitativa houve quando o país analisado foi o Líbano,

pois o maior indicativo positivo manteve-se com o tema “Israel se defende” totalizando

13,2%. Para a valência negativa o percentual foi de 11,5% no que diz respeito aos

"brasileiros envolvidos no conflito". Omitindo este valor para tratar apenas do conflito, e

de seus atores diretamente envolvidos, encontra-se 11,0% para o mesmo motivo já

apresentado, “possíveis ataques/estratégias de guerra israelense”. Quando a valência é

neutra, constata-se um novo empate: 12,5% para “política externa/geopolítica” e para

“brasileiros envolvidos no conflito”, idem. Na totalização das valências, novamente o

tema que aborda os brasileiros se faz presente, 10,7%, acompanhado do valor

referente ao “apoio dos EUA a Israel” 9,1%.

80

Tabela 7 – VALÊNCIAS DO LÍBANO E DE ISRAEL EM TEXTOS COM TEMA ESPECÍFICO –

MAIORES APARIÇÕES

VALÊNCIA NO TEXTO

PAÍS

APARIÇÃO NOS TEXTOS NOTICIOSOS

POSITIVA

NEGATIVA

NEUTRA

TOTAL

Apoio dos EUA a Israel 6,6% 10,4% 7,5% 9,1%

Possíveis ataques / Estratégias de guerra israelense 2,6% 11,0% 0,0% 7,4%

Terrorismo libanês 2,6% 6,0% 0,0% 4,4%

Influência norte-americana 1,3% 4,9% 2,5% 3,7%

Política externa / Geopolítica 2,6% 1,6% 12,5% 3,4%

Tentativas de acordos/Cessar-fogo 10,5% 2,2% 5,0% 4,7%

Brasileiros envolvidos no conflito 7,9% 11,5% 12,5% 10,7%

Tema no âmbito político 1,3% 3,3% 10,0% 3,7%

Aprovação do conflito e do Hizbollah pelos libaneses 10,5% 6,6% 0,0% 6,7%

Israel se defende 13,2% 3,3% 0,0% 5,4%

Outro 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Líbano

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Apoio dos EUA a Israel 12,7% 11,4% 7,3% 11,1%

Possíveis ataques / Estratégias de guerra israelense 4,2% 12,4% 2,4% 9,2%

Terrorismo libanês 2,8% 6,4% 0,0% 4,8%

Influência norte-americana 0,0% 5,0% 2,4% 3,5%

Política externa / Geopolítica 2,8% 1,5% 12,2% 3,2%

Tentativas de acordos/Cessar-fogo 12,7% 2,5% 9,8% 5,7%

Brasileiros envolvidos no conflito 1,4% 5,0% 2,4% 3,8%

Tema no âmbito político 1,4% 3,5% 12,2% 4,1%

Aprovação do conflito e do Hizbollah pelos libaneses 11,3% 8,4% 0,0% 8,0%

Israel se defende 14,1% 3,5% 0,0% 5,4%

Outro 4,2% 2,0% 7,3% 3,2%

Israel

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

*Fonte: Autor

Em termos quantitativos, os dados colhidos se mostram harmoniosos.

Distorções não são percebidas, acompanhado os resultados das outras tabelas e

indicativos já analisados. Percebe-se que a Folha de S. Paulo procura manter certo

equilíbrio entre os dois países estudados – afinal o fato ocorreu – cabendo desta forma

à redação/editoração reconhecê-lo e descrevê-lo sumariamente, transmitindo ao seu

leitor a sensação contida na “teoria do espelho” 103, ou seja, as notícias devem refletir os

103 Para Nelson Traquina (1993), as editorações e os jornalistas "limitam-se a recolher a informação e

a relatar os fatos (...) porque são simples mediadores que reproduzem o acontecimento na notícia" (p. 133)

81

acontecimentos e o mundo a sua volta. Essa disposição se expressa no formato do

registro em que os dados são publicados, a quantidade de vezes, dimensões e

valências, representando para o presente estudo uma determinada equiparação de

valores quantitativos, nos textos noticiosos referentes ao tema e período analisado.

3.6 VALÊNCIA DADA AOS PAÍSES NA COBERTURA

Após a análise quantitativa dos dados colhidos, resta verificar qual é o

enquadramento dado pela Folha de S. Paulo aos valores qualitativos104 referentes a

visibilidade, posicionamento das matérias nas páginas, títulos do textos noticiosos

juntamente das áreas, bem como colunas, artigos e editoração do jornal. Desta forma, e

recorrendo a tabela n.º 8, que indica o número de citações do nome de cada país no

titulo, percebe-se que o Líbano aparece apenas 45 vezes contra 84 de Israel. Nesse

mesmo contexto, o país libanês tem na totalidade de área ocupada 8.540 cm2 ou 5,3

páginas, enquanto que o judeu ocupa 17.579,3 cm2, ou seja, 11 páginas. Os casos em

que ambos aparecem ficam assim distribuídos: 2.616cm2 ou 1,6 página.

Analisando os dados descritos acima, pode-se perceber algumas disparidades

qualitativas no que tange o tratamento dado pela Folha de S. Paulo em relação à

distribuição dos títulos. A primeira vista, o que mais chama a atenção na análise é a

quantidade de vezes em que Israel aparece. É praticamente o dobro de vezes do que

as citações ao Líbano se fazem presentes. Isso demonstra, sem dúvida, um

desequilíbrio do jornal ora estudado, pois é evidente que se preferiu destacar Israel, ao

Líbano.

104 Em Bardin (1977), a análise qualitativa gera certas características particulares, como a

maleabilidade dos dados; sendo válida, sobretudo “... na elaboração das deduções específicas sobre um acontecimento ou uma variável de inferência precisa, e não em inferências gerais.” (p.115).

82

Levando-se em conta o outro aspecto que a tabela fornece, qual seja a medida

disponibilizada, nota-se que mais uma vez o Líbano fica em segundo plano. Subtraindo

as medidas das dimensões de um país pelo outro, verifica-se a desproporcional

diferença de 9.039cm2, isto é, 5,6 páginas a mais para o país judeu. Assim, as somas

dos textos que contém apenas Israel no título eqüivalem-se a 175m2 e do Líbano 85m2

– percentualmente, essa acentuada disparidade de 90m2 representa mais que o dobro

em prol do país judeu, precisamente 105%.

Outro aspecto que, embora pareça secundário, diz muito em relação à

preferência na escolha do tratamento dos temas: é o número de vezes em que ambos

os países dividem o mesmo título. São 20 vezes, o que corresponde à praticamente

metade das vezes em que o Líbano aparece sozinho no título da matéria. Calculando a

diferença entre o total das citações em título e, nas vezes as quais Israel aparece

sozinho, tem-se um total de 65. Ou seja, apenas vinte pontos a menos do que as

aparições do Líbano.

Tabela 8 – CITAÇÕES DO NOME DOS PAÍSES EM TÍTULOS (área em cm2)

APARIÇÃO NO TÍTULO N.º DE APARIÇÕES MÉDIA MEDIANA DESVIO PADRÃO SOMA

LÍBANO 45 189,77 180,50 137,06 8.540,0

ISRAEL 84 209,27 192,37 136,10 17.579,3

AMBOS 20 130,80 66,37 133,78 2.616,0

TOTAL 149 192,85 175,50 137,65 28.735,2

*Fonte: Autor

A tabela acima descrita (n.º 8) pode ser desdobrada em 5 semanas,

correspondendo ao período total do estudo. Fazendo-se essa divisão, percebe-se a

mesma disparidade, só que com maior clareza. Na primeira semana de análise, o

Líbano foi citado 12 vezes, enquanto que Israel possui 23 aparições nos títulos. Os

textos noticiosos referentes a estas citações em centímetros quadrados são dispostos

83

da seguinte forma: dentre a soma total das matéria dessa semana 2.055,7cm2 ou

aproximadamente 1,2 página estão para o Líbano, enquanto que Israel conta com

textos de 5.312,8cm2 ou 3,3 páginas – uma diferença estimada de 2 páginas a mais

para o país judeu.

A Segunda semana de análise, compreendida com os mesmos critérios da

primeira, demonstra a mesma situação; o Líbano é percebido com 14 aparições nos

títulos do jornal em análise, ao passo que Israel detém de um total de 40 títulos

verificados 21. Os dois países aparecem em apenas 5 chamadas. A centimetragem dos

textos que possuem o Líbano inserido no titulo totalizam 2.567,0cm2 ou 1,6 página. O

país oposto aparece com 4.281,8cm2, ou seja, 2,6 páginas. Ambos países,

representam, na soma, 892,8cm2.

A semana subseqüente merece maior destaque, em razão da grande

disparidade entre o numero de aparições de títulos. O Líbano é citado 7 vezes,

enquanto Israel aparece em 19 vezes. O primeiro país ocupa 1.280,5cm2, ou 0,8 página

contra 3.687,3cm2, isto é, 2,3 páginas do segundo. Nota-se que nessa semana Israel

possui em espaço praticante o triplo de centímetros quadrados que o Líbano. Os dois

países aparecem concomitantemente em 5 chamadas utilizando um espaço de

5.400,5cm2 (3,3 páginas).

A Quarta semana, da mesma maneira que a anterior, merece relevado

destaque. Isso porque o Líbano é citado em apenas 5 títulos contra 15 de Israel; ou

seja, a tripla pontuação. No que tange a centimetragem, o Líbano ocupa nessa semana

1.004,5cm2, ou seja, 0,6 página, e Israel 2.850,0cm2, ou 1,8 página – novamente, a

triplicação da área se faz por aproximar. Os dois aparecem em conjunto apenas duas

vezes representando uma área de 573,3cm2.

84

A Quinta e última semana possui valor significativo; pois é nela que o Líbano

alcança sua primeira colocação na freqüência de aparições nos títulos. Do total de 17

chamadas, 7 foram para o para a nação libanesa e 6 para o pais judeu – os dois,

apareceram em 4 chamadas. Dentre as medições, Israel na classificação da soma de

textos encontra-se com 1.447,5cm2, ou sua estimada equivalência: 0,9 página. Para o

Líbano a soma da semana aufere um total de 1.632,3cm2 ou 1 página. Uma sensível

diferença de 185 centímetros quadrados – ou 0,1 (um décimo de página) em prol da

nação libanesa. Os textos em que ambos os países aparecem possui uma notável

baixa: 364,8cm2.

Dos dados acima depreende-se que a Folha de S. Paulo em alguns e

recorrentes momentos privilegia certos aspectos qualitativos da guerra, como a visão

israelense do conflito. Nota-se que, de um total de cinco semanas, este jornal deu

relevante valor em quatro semanas ao país judeu, ao passo que o país libanês

estabeleceu uma relativa maioria apenas na ultima semana – diferença apenas de um

título em reportagem. Tal fato comprova-se quando os valores se referem às medições

totais: dentre as cinco semanas analisadas, as matérias com maiores desproporções

são percebidas na terceira semana, cuja diferença é representada aproximadamente

pelo triplo de centímetros quadrados para os textos que mencionam apenas Israel no

título – valor de importante relevância, afinal, tal dado ultrapassa a margem de 90

metros quadrados. O Líbano consegue angariar maiores valores apenas na quinta

semana, quando alcança uma maior vantagem de 184,8cm2 – referente a um décimo

da página impressa. Diante dessa análise, há que se fazer uma diferenciação entre os

valores de todos os indicativos: o Líbano, das cinco semanas de estudo liderou em

apenas uma, com uma pequena diferenciação de quase 185 centímetros quadrados ou

0,1 de página, ao passo que Israel, liderou nas quatro outras semanas, e sua maior

85

vantagem foi de aproximadamente 2.400 centímetros quadrados, isto é, 1,5 página, ou

seja, subtraindo os maiores valores que cada país atingiu nas cinco semanas, Israel

destaca-se, com praticamente 14 vezes a mais de espaço cedido, demonstrando que

esses valores qualitativos adquirem grande desproporcionalidade, justamente em um

momento de guerra, em que a imprensa, como o caso da Folha de S. Paulo deveria se

mostrar inteiramente imparcial.

Partindo do verbete apartidarismo, presente no Manual Geral da Redação da

Folha de S. Paulo (1987) percebe-se que tal disparidade dos valores não se contradiz

com as normas intrínsecas deste jornal, pois quando trata de apartidarismo, o manual é

claro ao expor que: “Este conceito não se confunde com a pretensa neutralidade de

quem não toma partido. Ao contrário, a Folha procura assumir uma posição clara em

todas as questões controvertidas”.

Tabela 9 – CITAÇÕES EM TÍTULOS, NÚMEROS DE APARIÇÕES E DIMENSÕES (em cm2)

SEMANA APARIÇÃO NO TÍTULO N.º DE APARAIÇÕES MÉDIA MEDIANA DESV. PADRÃO SOMA

Líbano 12 171,31 180,50 104,75 2.055,7

Israel 23 230,98 211,50 159,84 5.312,8

Ambos 04 88,12 105,00 49,70 352,5

Primeira

Total 39 197,97 180,50 142,54 7.721,0

Líbano 14 183,35 180,00 123,86 2.567,0

Israel 21 203,89 191,25 121,63 4.281,8

Ambos 05 178,55 85,50 182,45 892,8

Segunda

Total 40 193,53 176,62 127,43 7.741,5

Líbano 07 182,92 90,25 205,61 1.280,5

Israel 19 194,06 180,00 128,02 3.687,3

Ambos 05 86,55 30,00 124,31 432,8

Terceira

Total 31 174,21 157,50 147,98 5.400,5

Líbano 05 290,00 200,00 107,62 1.004,5

Israel 15 190,00 166,00 150,34 2.850,0

Ambos 02 286,62 286,62 116,49 573,3

Quarta

Total 22 201,26 202,12 136,76 4.427,8

Líbano 07 233,17 195,00 176,83 1.632,3

Israel 06 241,25 192,37 90,06 1.447,5

Ambos 04 91,18 37,12 116,64 364,8

Quinta

Total 17 202,61 180,00 144,51 3.444,5

*Fonte: Autor

86

Tais diferenças qualitativas ocorrem em outros formatos de análise, mantendo

esse jornal, a mesma “posição clara em todas as questões controvertidas”. (MRFSP,

p.27).

Recorrendo as tabelas que indicam as matérias que possuem a citação de um,

ou de ambos os países no título105, e cruzando esses dados, com os que informam o

posicionamento e o número da página106 obtém-se: o Líbano, nas páginas ímpares, não

possui nenhuma citação na metade superior. Nas páginas pares, da mesma forma, não

possui visibilidade nessa metade, ao passo que Israel é visto uma vez na metade

superior das páginas pares, ou seja, neste caso, somente o país judeu fora visto no

título de uma matéria noticiosa, que ocupava praticamente 50% do total de uma página.

A metade inferior revelou outra desproporção qualitativa: a nação libanesa não foi vista

neste espaço, enquanto que o país israelense teve uma citação nas páginas pares.

Mais uma vez, Israel contou com uma aparição em título de textos noticiosos que

ocupam predominantemente a metade inferior de uma página.

Na divisão de metades que indicam o lado direito e esquerdo das páginas

impressas, pode-se perceber mais uma desigualdade qualitativa. A metade direita para

o Líbano, não demonstrou valor algum, diferentemente do que ocorreu para Israel; que

foi visto com uma citação nesta metade das páginas pares. Assim sendo, a nação

israelense contou com uma matéria noticiosa na qual possuía seu nome no título, e

ocupava um espaço situado majoritariamente na metade direita de uma página. Dentre

essas divisões, o Líbano é visto apenas uma vez na metade esquerda das páginas

pares, ao passo que Israel é percebido com três citações, entre elas: duas referem-se

105 No Manual de Redação da Folha, o título apresenta-se aquele que “desperta o interesse do leitor

para o tema que trata. Deve ser uma síntese precisa da informação mais importante do texto e destacar em detrimento do geral”. (MR-FSP,1987)

106 A metodologia utilizada no presente trabalho fracionou cada página em metades (direita e esquerda, superior e inferior), e em quadrantes, indicando os pertencentes ao superior direito e esquerdo, e da mesma forma, os localizados no inferior direito e esquerdo; assim como páginas pares e ímpares.

87

as páginas pares e uma às ímpares. Mesmo a nação libanesa tendo uma aparição em

título de textos noticiosos nesta metade, a nação israelense se sobrepõe com duas a

mais.

No que diz respeito às quatro divisões da página em quadrantes pode-se

verificar que de nove aparições que o Líbano teve no quadrante superior direito, seis

foram nas páginas ímpares e três nas pares. O outro país, nesse mesmo quadrante

obteve 19 aparições: 5 delas foram nas páginas pares e 14 nas ímpares. A literatura

demonstra que o maior valor informativo do jornal nas páginas ímpares se dá nos

quadrantes superior direito. Nota-se que neste quadrante, Israel é visível 14 vezes, ao

passo que o Líbano é visto apenas 6 vezes, ou seja, no lugar da página que tem maior

valor informativo e comercial Israel se destaca com o dobro de vantagem.

Os valores se mostram semelhantes no quadrante superior esquerdo, pois nele

Israel foi citado 16 vezes (5 nas pares e 11 nas ímpares), da mesma maneira o Líbano,

que possui 16 citações (7 nas ímpares e 9 nas pares). Com 4 citações a mais, o Líbano

se destaca no quadrante superior das páginas pares.

Merece da mesma forma destaque o quadrante inferior direito, destacado pela

quantidade de vezes que o Estado judeu é citado: 24 no total, sendo que nas páginas

pares e ímpares aparece a mesma quantidade de vezes, 12. A nação libanesa, neste

mesmo quadrante, é percebido com 11 aparições: 5 nas páginas pares e 6 nas

ímpares. Neste sentido percebe-se que Israel possui mais uma vez o dobro de

aparições neste quadrante.

O último quadrante, o inferior esquerdo, Israel aparece com 7 citações nas

páginas ímpares, e 12 nas páginas pares, totalizando 19; enquanto que o Líbano é visto

4 vezes nas páginas pares e ímpares, totalizando 8 aparições. Considerando apenas os

valores presentes nas páginas pares – as que têm maior valor informativo para esse

88

quadrante – novamente Israel detém larga vantagem, sendo citado 12 vezes, ao passo

que o Líbano fora visto nos títulos 4 vezes – indicando o triplo de aparições.

Essa divisão das páginas em metades e em quadrantes é de fundamental

relevância qualitativa, pois trata do valor informativo de cada matéria. Cada lugar na

página tem um valor específico ligado à maior ou a menor facilidade com que o leitor

vislumbra a matéria. Assim, verifica-se que “a primeira metade do jornal é mais

importante que a segunda, o lado direito mais que o esquerdo, o lado superior esquerdo

mais do que o ventre”.107 (p. 68) Desta forma, percebe-se que Israel em todos os

fracionamentos se faz mais visível que o Líbano, destoando principalmente nos

quadrantes superiores. A partir da análise destas tabelas, nota-se que mais uma vez a

Folha de S. Paulo sobrepôs Israel, com diferenças qualitativas no que diz respeito ao

valor informativo de cada página.

Tabela 10 – APARIÇÃO DO LÍBANO E DE ISRAEL NO TÍTULO E POSIÇÃO NA PÁGINA

PAÍS APARIÇÃO NO TÍTULO ÍMPAR PAR TOTAL

Metade Superior 0 0 0

Metade Inferior 0 0 0

Metade Direita 0 0 0

Metade Esquerda 0 1 1

Quadrante Superior Direito 6 3 9

Quadrante Superior Esquerdo 7 9 16

Quadrante Inferior Direito 6 5 11

Quadrante Inferior Esquerdo 4 4 8

Líbano

Total 23 22 45

Metade Superior 0 1 1

Metade Inferior 0 1 1

Metade Direita 0 1 1

Metade Esquerda 1 2 3

Quadrante Superior Direito 14 5 19

Quadrante Superior Esquerdo 11 5 16

Quadrante Inferior Direito 12 12 24

Quadrante Inferior Esquerdo 7 12 19

Israel

Total 45 39 84

*Fonte: Autor

89

Ainda, neste mesmo viés, quando a análise dos valores é feita a partir da

visibilidade de ambos países nos títulos dos textos noticiosos – total de 20 citações –

percebe-se que as maiores aparições ocorreram no quadrante inferior esquerdo: de um

total de 7 citações, 4 foram nas páginas ímpares, e 3 nas pares. O quadrante inferior

direito foi percebido com 5 citações, das quais 2 foram nas páginas ímpares e 3 nas

pares. O quadrante superior esquerdo estabeleceu-se com 5 indicativos de visibilidade,

3 nas páginas ímpares e 2 nas pares; ao passo que o quadrantes superior direito

angariou apenas 3 citações, destas, 2 referem-se as paginas ímpares e uma as pares.

Nas segmentações que indicam as metades das páginas, os dois países juntamente,

não se fizeram por visíveis. A totalidade de vezes possui novamente um parâmetro a

ser analisado: ambos países aparecem juntos nos títulos 20 vezes, correspondendo a

praticamente a metade de vezes que o Líbano se fez presente nas titulações dos textos

noticiosos. A visibilidade dos dois países nas quatro metades é nula, ou seja, é

praticamente a mesma qualidade que o jornal adotou ao se reportar a nação libanesa o

que não ocorre com o país israelense, já que foi citado ao menos uma vez nas metades

superior e inferior, bem como esquerda e direita.

Tabela 11 – APARIÇÃO DE AMBOS OS PAÍSES NO TÍTULO E POSIÇÃO NA PÁGINA

PAÍS APARIÇÃO NO TÍTULO ÍMPAR PAR TOTAL Metade Superior 0 0 0 Metade Inferior 0 0 0 Metade Direita 0 0 0 Metade Esquerda 0 0 0 Quadrante Superior Direito 2 1 3 Quadrante Superior Esquerdo 3 2 5 Quadrante Inferior Direito 2 3 5 Quadrante Inferior Esquerdo 4 3 7

Ambos

Total 11 9 20 *Fonte: Autor

107 Luiz Amaral cita em sua obra Jornalismo matéria de primeira página (1997) estas classificações,

90

Dando continuidade à análise qualitativa, e agora verificando os valores das

valências nos textos noticiosos, percebe-se que das matérias que se fazem presentes

no Caderno Mundo, o Líbano, país que teve maior número de aparições nas

reportagens estudadas – 158, contra 153 de Israel – alcançou a margem de 63.7% de

valências negativas em reportagens, perante todos os formatos de entradas

estabelecidos no livro de códigos. As valências positivas somaram 31.6% e as neutras

apareceram em segunda posição, com 45.0% .

Israel, na contagem de reportagens negativas alcançou o índice de 58.4%,

valor seguido da neutralidade das reportagens, 34.1%. Da mesma forma que o país

oposto, Israel obteve a terceira colocação nas reportagens de valência positiva,

totalizando, 29.6%. Percebe-se que neste caso houve uma inversão nas disposições,

ou seja, enquanto o Líbano tem discretamente maior número de reportagens positivas

(diferença de 2.0% a mais), Israel tem menor percentual de reportagens negativas

(diferença de 5.3% a menos).

Fato semelhante ocorre na chamada de primeira página: o Líbano obtém neste

formato 14.8% das valências negativas; as positivas possuem 10.5% e as neutras

7.5%. Israel, nas chamadas negativas soma 14.4%, seguido da valência neutra, com

12.2% e da positiva com 8.5%. Neste caso, o Líbano possui valores proporcionais a

Israel no que tange às chamadas negativas (sensível diferença de mais 0.4% para a

nação libanesa), enquanto que, para as valências positivas, Israel possui menor

porcentagem (2.0% a menos). Valores com a mesma aparência são notados no formato

“entrevista”: Líbano detém 13.2% do total de valências positivas, e de 3.8% das

negativas. O outro país possui 12.7% nas positivas e 3.5% nas negativas; assim, Israel

obtém menor porcentagem de entrevistas positivas, bem como negativas.

segundo o manual do pagemaker.

91

A coluna assinada, também merece destaque, pois o Líbano é visível uma vez

na valência positiva (1,3%), três na valência neutra e sete na negativa (3.8%), ao passo

que Israel, nesse mesmo formato não possui valência positiva. Na soma, as negativas

detém 3,0%, ou seis aparições, e apenas uma na valência neutra. Nesse formato ocorre

uma inversão proporcional – enquanto que o Líbano tem maior número de reportagens

positivas, Israel detém o menor percentual de reportagens negativas.

No editorial da Folha de S. Paulo, se faz presente certo equilíbrio: ambos

países possuem uma citação nas valências positivas e negativas. A diferenciação é

percebida no que tange à valência neutra – Israel possui três citações e o Líbano duas.

Da mesma forma, não ocorre quando se tratam dos valores qualitativos

presentes nos artigos assinados, comentários, análises ou opiniões. Nestes formatos,

Israel consegue angariar 32.4% de valores positivos; os neutros seguem com 24.4%, e,

posteriormente com 13.9% os formatos negativos se apresentam. Líbano possui 25.0%

dos valores positivos, 17.5% dos neutros e 11.0% dos negativos – as maiores

diferenças ocorrem entre as valências positivas e neutras – a primeira, 7.4%, e a

segunda 13.4%; ambas a mais para Israel. Esse formato é descrito pelo Manual Geral

da Redação da Folha (1987): “A Folha só publica artigos inéditos. Pluralista, o jornal tem

por norma editar artigos que expressem pontos de vista contraditórios sobre o mesmo

tema.” Ainda, “decisões quanto à publicação ou não de artigos competem à Direção de

Redação”. (MRFSP, p. 27) Neste caso, houve de fato a publicação de artigos que

remetessem aos dois países; contudo, Israel deteve alta porcentagem no que tange as

valências positivas e neutras, demonstrando que certas decisões de publicação não

seguiram o ponderamento acima descrito pelo Manual da Redação (1987). Isso é logo

percebido nos artigos quando:

92

“Os alvos do Hamas e do Hizbollah são aglomerações populacionais, exatamente com o objetivo de atingir o maior número de civis possível, e o propósito mais importante, segundo as declarações de seus líderes, é a destruição do Estado de Israel” “... Israel encontra-se em meio a uma agressão meticulosamente planejada pelos terroristas jihadistas na esperança de vencer os valores do mundo civilizado.”(TZIPORA RIMON é embaixadora de Israel no Brasil) ( CADERNO MUNDO, FSP. 25.07.2006, p.A14) (grifo nosso) 108

Ainda:

“Desta vez, Israel não está invadindo o Líbano. Ela está se defendendo do assedio e bombardeio diário de dezenas de nossas cidades e nossos povoados, procurando esmagar o Hizbollah, seja onde for que este espreite escondido. Não pode haver comparação moral entre o Hizbollah e Israel. O Hizbollah está alvejando civis israelenses , onde quer que estejam, enquanto Israel alveja principalmente o Hizbollah.” AMÓS OZ, ESCRITOR ISRAELENSE – TRADUÇÃO CLARA ALLAIN – ( CADERNO MUNDO, FSP. 19.07.2006, p. A10) (grifo nosso) 109

Tabela 12 – APARIÇÃO DO LÍBANO E DE ISRAEL NO FORMATO DAS REPORTAGENS E VALÊNCIAS

VALÊNCIA NO TEXTO

PAÍS

FORMATO DAS REPORTAGENS

POSITIVA

NEGATIVA

NEUTRA

TOTAL

Chamada de primeira página 10,5% 14,8% 7,5% 12,8%

Reportagem do Caderno Mundo 31,6% 63,7% 45,0% 53,0%

Foto / Infográfico / Charge 0,0% 0,0% 5,0% 0,7%

Coluna assinada 1,3% 3,8% 7,5% 3,7%

Artigo assinado / + Análise / + Comentário / + Opinião 25,0% 11,0% 17,5% 15,4%

Editorial 1,3% 0,5% 5,0% 1,3%

Entrevista 13,2% 3,8% 5,0% 6,4%

Frases 14,5% 2,2% 2,5% 5,4%

Saiba Mais 2,6% 0,0% 5,0% 1,3%

Líbano

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Chamada de primeira página 8,5% 14,4% 12,2% 12,7%

Reportagem do Caderno Mundo 29,6% 58,4% 34,1% 48,7%

Foto / Infográfico / Charge 0,0% 0,0% 4,9% 0,6%

Coluna assinada 0,0% 3,0% 2,4% 2,2%

Artigo assinado / + Análise / + Comentário / + Opinião 32,4% 13,9% 24,4% 19,4%

Editorial 1,4% 0,5% 7,3% 1,6%

Entrevista 12,7% 3,5% 4,9% 5,7%

Frases 11,3% 6,4% 4,9% 7,3%

Saiba Mais 4,2% 0,0% 4,9% 1,6%

Israel

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

*Fonte: Autor

108 In: QUAL A SAÍDA?

93

Portanto, nota-se claramente que durante a cobertura do conflito israelo-

libanês a Folha de S. Paulo demonstrou um dado equilíbrio na transmissão de

informações no que toca o sentido quantitativo da análise. Contudo, esse

jornal priorizou alguns aspectos determinantes, como os altos índices de

visibilidade qualitativa – comprovando sua parcialidade e sua disparidade no

que toca ao destaque a Israel. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a apresentação e análise dos dados, verifica-se uma variação de

visibilidades e formas de enquadramentos que a Folha de S. Paulo priorizou durante a

publicação de matérias noticiosas que trataram diretamente do conflito israelo-libanês.

A primeira informação que sobressai é a do aparente equilíbrio numérico na cobertura

da guerra. Nota-se, por exemplo, que o espaço utilizado por cada país nas páginas

impressas é muito semelhante, pois a Folha de S. Paulo concentrou-se em demonstrar

um equilíbrio quantitativo.

Outro exemplo que demonstra a harmonia numérica no tratamento da Folha de

S. Paulo está no desdobramento dos temas específicos, que também apresentou uma

grande proximidade de valores. Quantitativamente são poucas as diferenças percebidas

entre os dois países presentes no conflito, denotando-se, assim, o equilíbrio dos dados

colhidos através da manifestação da Folha de S. Paulo nos textos noticiosos.

Neste sentido, fica claro que a Folha procura manter certa igualdade entre os

dois países estudados, afinal, a guerra foi travada, ou seja, os fatos ocorreram. Desta

forma cabe ao jornal reconhecê-los e descrevê-los sumariamente, transmitindo aos

seus leitores de maneira fiel às informações e aos dados colhidos na cobertura

noticiosa.

109 In: HIZBOLLAH É O REAL INIMIGO.

94

A guerra ocorreu entre Líbano e Israel, contudo, as maiores ocorrências – de

ataques, destruições, atentados, civis mortos, entre outros – se deu no território libanês.

Por ter maior incidência, o Líbano, em tese, deveria ter maiores índices no que diz

respeito aos valores quantitativos – afinal o foco era o Hizbollah no sul do Líbano. A

Folha preferiu ponderar, equilibrando os valores quantitativos que remetiam aos países

em conflito.

Entretanto, embora o equilíbrio quantitativo seja indiscutível na maioria

absoluta dos pontos analisados, nota-se que há uma acentuada disparidade no que se

refere à veiculação qualitativa das notícias jornalísticas. O ponto principal da

disparidade de cobertura dada aos países em questão está no requisito de visibilidade.

Do período total analisado, a Folha de S. Paulo priorizou Israel nos títulos das matérias

publicadas, em praticamente o dobro de vezes, como indica a tabela n.º 8.

Outro dado de suma importância, que a tabela n.º 8 fornece, diz respeito a

soma total em centímetros quadrados. Subtraindo as medidas das dimensões de um

país pelo outro, verifica-se a desproporcional diferença de 9.039cm2, isto é, 5,6 páginas

de visibilidade a mais para o país judeu. Assim, as somas dos textos que contém

apenas Israel no título, eqüivalem-se a 175m2 e do Líbano 85m2 – percentualmente,

essa acentuada disparidade de 90m2 representa mais que o dobro em prol do país

judeu, precisamente 105%.

A palavra “título”, um dos verbetes contidos no Manual de Redação da Folha

(1987) apresenta-se como aquele que “desperta o interesse do leitor (...) sendo a

síntese mais importante do texto”, ou seja, Israel, em praticamente o dobro de vezes é

visto emblemado nos títulos das reportagens impressas, sendo a partir do Manual da

Folha (1987), considerado a “síntese mais importante do texto”. Qualitativamente,

percebe-se o claro posicionamento do jornal por ora estudado.

95

Seguindo essa linha de raciocínio, as grandes disparidades podem ser

percebidas nos dados que tangem às somas dimensionais das reportagens que

possuem um dos países – ou ambos – nos títulos introdutórios (tabela n.º 9). Tal

argumento evidencia-se na terceira semana de análise (entre as outras), em que Israel

leva uma vantagem no espaço de publicação três vezes maior que a do Líbano, ou

seja, o Líbano é citado 7 vezes, enquanto Israel aparece em 19 vezes. A nação

libanesa ocupa 1.280,5cm2, ou 0,8 página contra 3.687,3cm2, isto é, 2,3 páginas do

país israelense.

O viés qualitativo que a Folha de S. Paulo adotou no conflito pesquisado

também pode ser vislumbrado a partir dos valores que informam o posicionamento das

matérias nas páginas impressas da fonte primária estudada, de fundamental relevância,

pois trata do valor informativo de cada matéria, indicando desta forma que cada lugar na

página tem um valor especifico ligado a maior ou menor facilidade com que o leitor

acessa a matéria. Assim, Israel, novamente é sobreposto, ocupando lugares de

destaque no jornal, ao passo que o Líbano é percebido em posições com valores

informativos inferiores, isto é, com menor visibilidade nas publicações.

Nas análises, opiniões e em artigos assinados, que expressam diretamente os

pontos de vista sobre o mesmo tema, a Folha de S. Paulo segue o mesmo padrão de

destaque ao país judeu. Verificando as valências que remetem a este país, percebe-se

claramente uma nova disparidade – Israel é percebido com maior número de valências

positivas. O manual da Folha, no que versa sobre artigos mostra-se categórico ao citar

que “o jornal tem por norma editar artigos que expressem pontos de vista

contraditórios”, e “as decisões quanto a publicação ou não de artigos competem à

Direção de Redação” (MRFSP, p.27). De fato, houve publicações remetendo aos dois

países, contudo Israel deteve alta porcentagem no que tange às valências positivas,

96

bem como neutras – demonstrando assim, que certas decisões não trilharam pelo

Manual de Redação.

Ao ocupar uma posição de maior relevância na publicação de matérias, no que

tange aos valores qualitativos a Folha demonstra uma disparidade no tratamento das

informações que dispõe acerca de cada país. Obviamente, essa disparidade não é

gratuita, e sim produto de influências externas que, a princípio, não podem ser

identificadas com facilidade. E nem esse é o objetivo do presente trabalho.

A análise feita durante esse estudo demonstrou que a empresa jornalística em

questão não foi fiel à qualidade de informação. Não se discute aqui a falta de cobertura

de algum ponto ou fato noticioso pela Folha, mas sim a forma como essa cobertura foi

feita. Isso porque a mera descrição de um fato pressupõe em si ou a neutralidade ou a

pendência a algum dos atores que deram origem ao mesmo. E é aí que a falha da

Folha de S. Paulo amplamente demonstrada no decorrer do estudo monográfico, em

especial nas tabelas qualitativas que evidenciam as disparidades já descritas

anteriormente.

Como Thompson (1995) afirmou, o papel dos meios de comunicação, em

especial o do jornal, é uma das fontes de elementos que provocam e sustentam as

ações concertadas dos indivíduos. Portanto, não restam dúvidas de que em alguns

casos a mídia desempenhou (e continua a desempenhar) um importante papel e de

que, se as imagens e informações mediadas não tivessem chego aos indivíduos

receptores, as formas de ação coletiva não teriam manifestado da mesma forma, na

mesma extensão e com a mesma rapidez.

Pode-se perceber, então, que a ausência de pluralismo encontrado na Folha de

S. Paulo priva seu leitor de informações e impossibilita o desenvolvimento de idéias

isentas. E mais: todos os jornais menores, diante dessa hegemonia de informação, ou

97

“mesmice jornalística”, previamente imposta, acabam por apenas copiar de forma

repetitiva o viés do jornal maior, prejudicando ainda mais o quadro de distribuição de

informação no meio de seus consumidores. Isso tudo é, em última análise, um

desvirtuamento ético, e uma prática motivada pela sede do lucro fácil e do menor

esforço. Essa tesa é amplamente defendida por Bernardo Kucinski (2000) quando

afirma que: “a maioria dos jornais das outras capitais e cidades médias reproduz as

colunas dos formadores de opinião” (KUCINSKI, 2000, p. 43) e mais: há um “alto grau

de promiscuidade entre os jornalistas e (...) grupos de pressão, que hoje caracterizam a

cena brasileira, e as assessorias das grandes empresas.” Para tanto, “o establishment,

as classes dominantes à quem os colaboradores prestam serviços, conduzem as

coberturas factuais, de modo a oferecer aos seus leitores a notícia com um

complemento de seus dogmas ideológicos.” (KUCINSKI, 2000, p. 40-45)

Assim, quando um jornal do porte da Folha de S. Paulo faz esse tipo de

manipulação jornalística – ainda que de maneira sutil e não tão aparente – deixando-se

levar por interesses que não os exclusivos do “jornalismo pelo jornalismo” há aí não só

uma distorção intelectual interna, mas também uma distorção dos objetivos do jornal, e

da concessão governamental que lhe fora concedida.

98

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. Trad. de Joaquim José de Moura Ramos. 3. ed. Lisboa: Editora Presença, 1985. ABREU, Alzira Alves de; KORNIS, Mônica Almeida. Mídia e Política no Brasil: jornalismo e ficção. Rio de Janeiro, 2003. AMARAL, Luiz. Jornalismo matéria de primeira página. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,1997. ARON, Raymond. Paz e guerra entre as nações. Brasília: UNB, 1986. (Col. Pensamento Político). BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Tradução de Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 1977. BELTRÃO, Luiz e QUIRINO, Newton de Oliveira. Subsídios para uma teoria da Comunicação de Massa. São Paulo: Editora Summus, 1986. BERTRAND, Maurice. A ONU. Trad. Guilherme Teixeira. Petrópolis: Vozes, 1995. BIRIUKOV, N. S. A Televisão no Ocidente e suas doutrinas. Edições Avante! 1988. Coleção: Para a Critica da Ideologia Burguesa. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Senado Federal. CHALLITA, Mansour. Esse Desconhecido Oriente Médio. Rio de Janeiro: Renavan, 1990. FOLHA DE S. PAULO. Manual Geral da Redação. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1987. GUARESCHI, Pedrinho A. Comunicação e Poder: a Presença e o Papel dos Meios de Comunicação de Massa Estrangeiros na América Latina. 6. ed. Rio de Janeiro: Petrópolis: Vozes, 1985. HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. Trad. Marcos Santarrita. São Paulo: Cia das Letras, 2006. HUNTINGTON, Samuel P. O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial. Trad. de M.H.C. Côrtes. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. KUCINSKI, Bernardo. Jornalismo econômico. 2. ed. São Paulo: Edusp, 2000. MATTELART, Armand e Michele. História das Teorias da Comunicação. São Paulo: Loyola,1999. MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto a venda: Jornalismo na sociedade urbana e industrial. 2. ed. São Paulo: Editora Summus, 1988.

99

Porto, Mauro P. "A Mídia brasileira e a eleição presidencial de 2000 nos EUA: a cobertura do jornal Folha de S. Paulo". Cadernos do CEAM, Ano II, n. 6, 2001. Porto, Mauro P. "Framing the world of politics: how governmental sources shape the production and the reception of TV news in Brazil", trabalho apresentado à 23a. Conferência Anual da International Association for Media and Communication Research (IAMCR), Barcelona, Espanha, 21 a 26 de julho, 2002. SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Cia das Letras, 1990. SANTOS JR., Raimundo Batista dos. Paradigmas das Relações Internacionais. Ijuí: Unijuí, 2000. SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações internacionais. 2. ed. Rev. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000. SOARES, Jurandir. Oriente Médio: de Maomé à Guerra do Golfo. 2. ed. Rio Grande do Sul: Editora da Universidade, 1998. STEINBERG, Charles S. Meios de Comunicação de Massa. São Paulo: Editora Cultrix, 1966. THOMPSON, J.B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 1995. THOMPSON, J.B. A mídia e a modernidade. Vozes Petrópolis, 1995 TRAQUINA, Nelson, Jornalismo: questões, teorias e estórias, Lisboa: Editora Vega, 1993 TREIGNIER, Michel. Guerra e paz no Oriente Médio. São Paulo: Ática, 1996. TUCHMAN, Gaye. La objetividad como ritual estratégico: un análisis de las nociones de objetividad de los periodostas. Tradução de American Journal of Sociology. Revista American Journal of Sociology, N. 4, vol. 77, 1972 WENDZEL, Robert L. Relações Internacionais: O Enfoque do Formulador de Políticas. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985. WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Lisboa: Editorial Presença, 1994. WURMAN, R. S. Ansiedade de informação: como transformar informação em compreensão. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1997. <www.folha.uol.com.br> <www.nysun.com> <www.midiasemmascara.com.br>

100

HEMEROGRAFIA APOIO DE um lado. Folha de S. Paulo. São Paulo, 30 jul. 2006. Caderno Mundo. p. A22 APOIO DO outro lado. Folha de S. Paulo. São Paulo, 30 jul. 2006. Caderno Mundo. p. A22 ASSISTENCIALSMO É a arma do Hizbollah entre pobres. Folha de S. Paulo. São Paulo, 25 jul. 2006. Caderno Mundo. p. A16 BRASILEIRO MORRE lutando pelo Hizbollah. Folha de S. Paulo. São Paulo, 05 ago. 2006. Caderno Mundo. p. A15 “ESTADO DENTRO do Estado” acabará, diz especialista. Folha de S. Paulo. São Paulo, 25 jul. 2006. Caderno Mundo. p. A12 HIZBOLLAH CLAMA vitória e Israel ameaça. Folha de S. Paulo. São Paulo, 15 ago. 2006. Caderno Mundo. p. A13 “HIZBOLLAH É o real inimigo”. Folha de S. Paulo. São Paulo, 19 jul. 2006. Caderno Mundo. p. A10 “NO BRASIL não conhecem nossa realidade” diz Daniel, 19, soldado israelense no front. Folha de S. Paulo. São Paulo, 21 jul. 2006. Caderno Mundo. p. A10 PARA AJUDAR Israel, EUA vetam cessar-fogo. Folha de S. Paulo. São Paulo, 20 jul. 2006. Redação. p. A17 POLÍTICA INTERNA selou rumos do conflito. Folha de S. Paulo. São Paulo, 15 ago. 2006. Caderno Mundo. p. A14 “QUAL A SAÍDA?” Folha de S. Paulo. São Paulo, 25 jul. 2006. Caderno Mundo. p. A14 SÓ MEDIAÇÃO internacional poderá pôr fim ao conflito. Folha de S. Paulo. São Paulo, 30 jul. 2006. Caderno Mundo. p. A24 THE IMPORTANCE of Israel in november’s elections. New Yorker Sun. New York, 07 jul. 2004.

101

ANEXOS

102

ANEXO I – LIVRO DE CÓDIGOS

LIVRO CÓDIGO DOS JORNAIS*

LISTA DE TEMAS

JORNAIS 1. Folha de S. Paulo 2. As - Safir 3. Haaretz MATÉRIAS – indica a numeração seqüencial das matérias na presente edição FORMATO - tipo da matéria noticiosa 1. Chamada de primeira página 2. Reportagem / “Caderno Mundo” 3. Foto / Infográfico / Charge 4. Coluna assinada 5. Artigo assinado / + Análise / + Comentário / + Opinião 6. Editorial 7. Entrevistas 8. Frases 9. + Saiba Mais D- TÍTULO – transcrição do título da matéria ou quando gravuras, a legenda E- AUTOR – nome ou crédito da agência responsável pela matéria F- PÁGINA - número da página com indicativos que caracterizam a mudança

de caderno G- POSIÇÃO – localização da matéria relativa ao espaço que ocupa na página 1. Página inteira 2. Metade superior 3. Metade inferior 4. Metade direita 5. Metade Esquerda 6. Quadrante superior direito 7. Quadrante superior esquerdo 8. Quadrante inferior direito 9. Quadrante inferior esquerdo H- ALTURA (em cm.) I- LARGURA (em cm.) – quando for largura padrão de coluna, 6 colunas

iguais, usar 4,5 cm.

* Fonte: Autor

103

J- DIMENSÕES DA ÁREA (em cm2) K- PARÁGRAFO ANALISADO L- TEMA GERAL 1. Líbano 2. Israel 3. Hizbollah 4. Guerra (no sentido geral) 5. Estados Unidos 6. Países Árabes (outros) 7. Outro M- TEMA ESPECÍFICO 1. Histórico dos países 2. Evolução do conflito 3. Destruição de cidades libanesas 4. Destruição de cidades israelenses 5. Destruição de residências, comércios, carros, infra-estrutura civil, etc. libaneses 6. Destruição de residências, comércios, carros, infra-estrutura civil, etc. israelenses 7. Morte de civis libaneses 8. Morte de civis israelenses 9. Morte de militares libaneses 10. Morte de militares israelenses 11. Refugiados libaneses 12. Refugiados israelenses 13. Resistência civil libanesa 14. Resistência civil israelense 15. Resistência militar libanesa 16. Resistência militar israelense 17. Apoio dos EUA ao Líbano 18. Apoio dos EUA a Israel 19. Possíveis ataques / Estratégias de guerra libanês 20. Possíveis ataques / Estratégias de guerra israelense 21. Terrorismo libanês 22. Terrorismo israelense 23. Bombardeio libanês à Israel 24. Bombardeio israelense ao Líbano 25. Influência norte-americana 26. Política externa / Geopolítica 27. ONU / Conselho de Segurança 28. Tentativas de acordos / Cessar-fogo 29. Brasileiros envolvidos no conflito 30. Estrangeiros envolvidos no conflito 31. Vítimas brasileiras 32. Tema no âmbito econômico 33. Tema no âmbito político 34. Tema no âmbito religioso 35. Lideranças políticas libanesas

104

36. Lideranças políticas israelenses 37. Lideranças religiosas libanesas 38. Lideranças religiosas israelenses 39. Aprovação do conflito e do Hizbollah pelos libaneses 40. Aprovação do conflito pelos israelenses 41. Reprovação do conflito e do Hizbollah pelos libaneses 42. Reprovação do conflito pelos israelenses 43. Neutralidade 44. Perspectiva de vitória do Hizbollah 45. Perspectiva de vitória de Israel 46. Perspectiva de derrota do Hizbollah 47. Perspectiva de derrota de Israel 48. Israel se defende 49. Líbano se defende 50. Outro N- ENQUADRAMENTO 1. Temático 2. Episódico 3. Corrida de cavalos (horse race frame) 4. Centrado na personalidade – personalista O- VISIBILIDADE DO PAÍS (OU GRUPO) NO TÍTULO 1. Líbano/Hizbollah 2. Israel 3. Ambos P- VISIBILIDADE DO LÍBANO NO TEXTO – número de citações deste país no

trecho analisado Q- VISIBILIDADE DE ISRAEL NO TEXTO – número de citações deste país no

trecho analisado R- VISIBILIDADE DE FOTOS 1. Fotos que remetem ao Líbano 2. Fotos que remetem à Israel 3. Ambos S- VALÊNCIA PARA AS REPORTAGENS 1. Positiva 2. Negativa 3. Neutra T- VALÊNCIA PARA AS GRAVURAS – fotografias, infográficos, charges,etc. 1. Positiva 2. Negativa 3. Neutra U- OBSERVAÇÕES

105

LIVRO CÓDIGO DOS JORNAIS*

CRITÉRIOS PARA ENQUADRAMENTOS

BASEADO NA OBRA DE MAURO P. PORTO (2000) “A MÍDIA BRASILEIRA E A ELEIÇÃO”

PRESIDENCIAL DE 2000 NOS EUA: A COBERTURA DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO

1. TEMÁTICO

Este enquadramento procura interpretar os posicionamentos do país em uma

área ou tema específico, com possíveis acordos de paz ou resoluções que

demonstrem o posicionamento da nação.

2. EPISÓDICO

São as matérias que se restringem a relatar os acontecimentos mais relevantes.

Nestas reportagens os jornalistas dedicam-se a algumas tarefas básicas como

relatar fatos atuais, de cunho majoritariamente descritivos, orientados por

acontecimentos que geram reações do público; desconsiderando características

mais amplas que envolvem esses fatos. Trata-se do simples relato do ocorrido,

ou de declarações de co-autores, sobre temas acerca do conflito.

3. CORRIDA DE CAVALOS – Horse Race Frame

Neste enquadramento, verifica-se a evolução do conflito, dando ênfase ao país

que possui maior poderio bélico, estratégias avançadas, e/ou o país que mais

sofre com os embargos, restrições e opiniões do corpo social, ressaltando assim

o desempenho de cada nação no conflito enfrentado.

4. PERSONALISTA – Centrado na personalidade

Revela a tendência da matéria, dando sua preferência, a cada nação como um

ator individual, focalizando a atenção nos dramas humanitários, a vida de seus

integrantes, habilidades, qualidades e defeitos; todos relacionados à

personalidade em questão, deixando em segundo plano os aspectos mais amplos

da política.

* Fonte: Autor

106

LIVRO CÓDIGO DOS JORNAIS*

VALÊNCIAS

1. POSITIVA

Matérias sobre o país, que trazem ações de suas iniciativas (com características

positivas), declarações opiniões ou relatos de seus chefes, representante ou líderes

sobre avaliações e de ordem política, econômica ou social. Incluem-se resultados de

pesquisas de opinião, que demonstram o bom andamento do país na situação por

ele enfrentada.

2. NEGATIVA

Matérias que priorizam críticas, ataques, ou que reportem a um aspecto negativo

devido a posicionamentos duvidosos, atuações infrutíferas frente a importantes

decisões, dentre outros, mas todos relacionados ao país analisado. Nesta valência,

percebe-se matérias e reportagens que remetam a resultados desfavoráveis.

3. NEUTRA

Nesta valência não se faz inferência positiva ou negativa sobre a matéria analisada.

Avaliações, declarações favoráveis ou contrárias aos fatos não caracterizam a

neutralidade. Trata-se da simples reprodução dos fatos sem qualquer tendência ou

posicionamento.

* Fonte: Autor

107

ANEXO II – JORNAIS MAPEADOS

Folha de S. Paulo – 15 de Julho a 15 de Agosto de 2006 DATA JORN MAT FORM 1ª PÁG TÍTULO

15/jul 1 1 1 1 Ofensiva de Israel no Líbano já matou 67

15/jul 1 2 3 1 Ponte no Líbano é atingida.Israel impôs bloqueios ao Líbano...

15/jul 1 3 2 2 Hizbollah declara "guerra total" a Israel

15/jul 1 4 5 2 É improvável que conflito se alastre na região

15/jul 1 5 8 2 Decidimos colocar fim a esta saga e mudar as regras de ...

15/jul 1 6 8 2 Vocês quiseram uma guerra aberta, e nós estamos preparados

15/jul 1 7 3 2 Soldado israelense dispara foguete na fronteira com o Líbano

15/jul 1 8 3 2 Libaneses observam aviões israelenses bombardearem Beirute

15/jul 1 9 2 2 Libaneses se preparam para longa guerra

15/jul 1 10 9 2 Divisão libanesa é evidenciada pelo conflito

15/jul 1 11 3 2 Família se abriga em uma escola após fugir de casa

15/jul 1 12 2 2 Brasileiros em férias ficam isolados em regiões atacadas

15/jul 1 13 3 2 Escalada no Líbano

15/jul 1 14 3 2 A arma terrestre de Israel

15/jul 1 15 2 2 Conselho de Segurança rejeita pedido de trégua

15/jul 1 16 2 2 Síria pede a Hizbollah que cesse ataques

15/jul 1 17 8 2 Não preciso explicar que é a vítima e quem é o agressor

15/jul 1 18 8 2 O presidente (Bush) não irá tomar decisões militares por Israel

15/jul 1 19 3 2 Palestinos fazem manifestação em apoio ao Hizbollah

15/jul 1 20 2 2 Embaixador libanês nos EUA é demitido

16/jul 1 1 1 1 Israel mata 16 civis em fuga no Líbano

16/jul 1 2 1 1 Acordo político seria solução

16/jul 1 3 3 1 Soldados da ONU removem civil morto em estrada após ...

16/jul 1 4 2 2 Ataque de Israel mata 27 civis no Líbano

16/jul 1 5 3 2 Corpos de civis libaneses entre destroços de veículo atingido ...

16/jul 1 6 2 2 Hizbollah pode atingir Tel Aviv, diz Israel

16/jul 1 7 2 2 Brasileiros só deixam Líbano após pagar US$ 350

16/jul 1 8 3 2 Escalada no Líbano

16/jul 1 9 5 2 Quatro pares na dança da morte

16/jul 1 10 3 2 Soldados israelenses descansam na fronteira de Israel ...

16/jul 1 11 8 2 Vocês quiseram uma guerra aberta, e nós estamos preparados

16/jul 1 12 3 2 Mulher observa ruínas da casa atingida por ataque israelense ...

17/jul 1 1 1 1 Mísseis atingem Haifa e conflito piora

17/jul 1 2 3 1 Escombros acumulados após ataque contra TV do Hizbollah

17/jul 1 3 3 1 Sangue na estação de trem de Haifa, atingida por mísseis,...

17/jul 1 4 3 1 Infográfico

17/jul 1 5 2 2 Israel intensifica ação após foguete matar oito em Haifa

17/jul 1 6 7 2 Desarmar o Hizbollah é impossível

108

17/jul 1 7 7 2 Mundo deixa Israel fazer "serviço sujo"

17/jul 1 8 3 2 Civis libaneses deixam suas casas depois de ataque aéreo...

17/jul 1 9 3 2 Equipe de resgate remove corpo de vítima de foguetes do ...

17/jul 1 10 3 2 Palestinos ao lado de bandeira do Hizbollah, na Cisjordânia

17/jul 1 11 3 2 Escala no Oriente Médio

17/jul 1 12 2 2 Brasileiros retirados do Líbano devem chegar amanhã ao Brasil

17/jul 1 13 3 2 Família libanesa foge após cidade ser atingida por israelenses

17/jul 1 14 5 2 Uma outra guerra

17/jul 1 15 8 2 Na questão israelo-palestino Bush não fez nada em seis anos

17/jul 1 16 8 2 Beirute está no escuro e todo comércio está fechado.

17/jul 1 17 8 2 Não quisemos arriscar a saída no sábado.

18/jul 1 1 1 1 Conflito do Líbano já tem mais de 200 mortos

18/jul 1 2 3 1 Criança francesa encontada na janela de ônibus de refugiados.

18/jul 1 3 2 2 Mortos passam de 200; Israel não cede

18/jul 1 4 3 2 Paramédicos inspecionam prédio destruído em Tiro, no Líbano

18/jul 1 5 3 2 Os confrontos entre Israel e o Hizbollah

18/jul 1 6 3 2 A retirada dos estrangeiros no Líbano

18/jul 1 7 8 2 Chega. Israel não será refém de terroristas

18/jul 1 8 5 2 Próximos 2 dias serão os mais críticos

18/jul 1 9 7 2 Premiê libanês quer troca de prisioneiros com Israel

18/jul 1 10 3 2 Siniora concede entrevista à Agência Reuters, em Beirute

18/jul 1 11 8 2 A libertação de libaneses é legítima.Israel pratica terrorismo ...

18/jul 1 12 3 2 Bandeira libanesa rasgada após ataque de Israel em Saida

18/jul 1 13 2 2 Símbolo de convivência, Haifa vira alvo inimigo

18/jul 1 14 2 2 Na Jordânia, grupo palestino de refugiados expressa sua...

18/jul 1 15 2 2 Crianças brasileiras se escondem em casa bombardeada, ...

18/jul 1 16 2 2 Em Beirute, medo e caos se refletem na comida

18/jul 1 17 3 2 Parente de israelense morto em ataque chora sobre seu caixão

18/jul 1 18 8 2 Beirute está no escuro. Há lugares completamente desertos

18/jul 1 19 5 2 A lógica da "merda"

18/jul 1 20 2 2 Blair e Annan defendem envio de força de paz

19/jul 1 1 1 1 Ataque mata menino brasileiro no Líbano

19/jul 1 2 8 1 Em Beirute tinha muito barulho, muitas bombas. Deixei tudo lá

19/jul 1 3 8 1 A sensação é horrível porque você não sabe de onde vem ...

19/jul 1 4 1 1 Desta vez, Israel apenas se defende

19/jul 1 5 3 1 Mahamed Chawa abraça sua filha que desembarcou de avião.

19/jul 1 6 2 2 Ataque mata menino brasileiro no Líbano

19/jul 1 7 2 2 Itamaraty prepara novo comboio

19/jul 1 8 3 2 Brasileiros retirados do Líbano desembarcam em Recife

19/jul 1 9 3 2 Brasileira trazida de Beirute carrega menino em aeroporto

19/jul 1 10 3 2 Bassel Termos, 7, morto em ataque israelense em Tallousa

19/jul 1 11 2 2 Choro e aplausos no desembarque dos brasileiros em SP

19/jul 1 12 3 2 A retirada

109

19/jul 1 13 3 2 A chegada

19/jul 1 14 2 2 Paulista volta com a filha e deixa marido em Trípoli

19/jul 1 15 3 2 Joheina Mankara dá entrevista ao desembarcar em Recife

19/jul 1 16 2 2 Comerciante viu bomba estourar ao lado de casa

19/jul 1 17 3 2 Zauhaer, Abir, Jader e Nana Haidar, no aeroporto de Recife

19/jul 1 18 2 2 Saída de estrangeiros do Líbano se intensifica

19/jul 1 19 3 2 Cidadãos gregos embarcavam em navio de guerra ontem...

19/jul 1 20 3 2 Ônibus com bandeira Russa levando cidadãos daquele país

19/jul 1 21 3 2 Americanos esperam helicóptero na embaixada dos EUA

19/jul 1 22 5 2 Hizbollah é o real inimigo

19/jul 1 23 2 2 Beirute acorda do sonho da reconstrução

19/jul 1 24 3 2 Carros incendiados nas ruas desertas de Beirute

19/jul 1 25 2 2 Israel se abre para negociar mas rejeita cessar-fogo já

19/jul 1 26 8 2 (o envio de uma força de paz no Líbano) dá uma boa manchete,

19/jul 1 27 3 2 Homem olha sua sala após ataque do Hizbollah em Naharia

19/jul 1 28 3 2 Os confrontos entre Israel e o Hizbollah

19/jul 1 29 3 2 Arsenal do Hizbollah

19/jul 1 30 5 2 Armamentos são mais letais e mais precisos

19/jul 1 31 5 2 ONU não cumpre seu 1º mandamento

19/jul 1 32 8 2 Israel acusa os outros de terrorismo, sendo que o pratica ...

19/jul 1 33 8 2 Chega. Israel não será mantido refém nem de terroristas, ...

20/jul 1 1 1 1 Israel entra no Líbano e ataca o Hizbollah no dia mais violento

20/jul 1 2 1 1 Em Beirute cenário é de aflição e medo

20/jul 1 3 3 1 Tanques israelenses tomam posição na fronteira com o Líbano.

20/jul 1 4 8 2 Estavam fazendo o café da manhã. Eles foram soterrados...

20/jul 1 5 2 2 Israel mata 63 e promete usar mais força

20/jul 1 6 2 2 Exército volta a atacar Gaza, avança na Cisjordânia e mata 15

20/jul 1 7 8 2 Peço que respondam ao nosso pedido de cessar-fogo

20/jul 1 8 8 2 Precisamos de paciência.

20/jul 1 9 3 2 Civis libaneses observam ruínas em Beirute, alvo da ação ...

20/jul 1 10 3 2 Os confrontos de ontem

20/jul 1 11 2 2 Tensão marca passagem para o lado sírio

20/jul 1 12 3 2 O porto de Beirute se tornou ponto de aglomerações de ...

20/jul 1 13 3 2 Êxodo estrangeiro

20/jul 1 14 2 2 Para ajudar Israel, EUA vetam cessar-fogo

20/jul 1 15 3 2 Em uma manifestação se pergunta: quem vai desmantelar o ...?

20/jul 1 16 2 2 Foguete do Hizbollah mata duas crianças árabes em Nazaré

20/jul 1 17 3 2 Israelense diante de ônibus destruído pelo Hizbollah em Haifa

20/jul 1 18 2 2 Morre o 7º brasileiro em ataque no Líbano

20/jul 1 19 3 2 Garota participa do ato contra a ação de Israel

20/jul 1 20 3 2 Manifestantes com a camiseta do Hizbollah em Curitiba

20/jul 1 21 3 2 Ato em Foz do Iguaçu que reuniu 1.800 pessoas

20/jul 1 22 2 2 Imigrantes brasileiros obedecem a raízes e "projeto familiar"

110

20/jul 1 23 8 2 Não vi jovens que partiram sozinhos para morar no Líbano.

20/jul 1 24 2 2 Brasil montará posto de apoio na Turquia

21/jul 1 1 1 1 Israel ameaça avançar no sul do Líbano

21/jul 1 2 1 1 Brasil enviará 2 aviões de resgate

21/jul 1 3 1 1 Kofi Annan pede cessar-fogo

21/jul 1 4 3 1 Em praia de Beirute, marinheiro dos EUA prepara a partida ...

21/jul 1 5 3 1 Militar libanês leva criança em retirada do Líbano

21/jul 1 6 3 1 Militar britânico leva criança em retirada do Líbano

21/jul 1 7 3 1 Militar italiano leva criança em retirada do Líbano

21/jul 1 8 3 2 Meninas escrevem mensagens em bomba no norte de Israel

21/jul 1 9 4 2 Uma imagem explosiva

21/jul 1 10 4 2 Não vai sobrar nada

21/jul 1 11 4 2 O setor Sul

21/jul 1 12 4 2 Por acidente

21/jul 1 13 2 2 Piora conflito em terra, mortos vão a 363

21/jul 1 14 3 2 Funeral do soldado, morto durante troca de tiros com militantes.

21/jul 1 15 3 2 Os confrontos de ontem

21/jul 1 16 3 2 Presídio é destruído por jatos israelenses no sul do Líbano

21/jul 1 17 2 2 "No Brasil não conhecem nossa realidade" diz soldado.

21/jul 1 18 2 2 Annan quer cessar-fogo; Israel o rejeita

21/jul 1 19 8 2 A conclusão da mediação é que existem obstáculos para ...

21/jul 1 20 2 2 Ataque de Israel em Gaza mata 4 palestinos

21/jul 1 21 7 2 Isolados, libaneses se unem contra Israel, diz analista

21/jul 1 22 3 2 Perguntas e respostas sobre a ação de Israel

21/jul 1 23 8 2 Todos condem as ações de Israel.

21/jul 1 24 3 2 Sírios, palestinos e libaneses apoiam Hizbollah em Damasco

21/jul 1 25 2 2 Brasil vai resgatar mais 380 no Líbano

21/jul 1 26 2 2 De ônibus, 800 brasileiros seguem para a Turquia

21/jul 1 27 8 2 Estamos trabalhando para usar os recursos da melhor maneira

21/jul 1 28 2 2 Depois de 23 anos, marines voltam a Beirute

21/jul 1 29 3 2 Fuga em massa

21/jul 1 30 3 2 Integrantes dos sem-terra e da comunidade palestina ...

21/jul 1 31 3 2 Indianos esperam embarque no porto de Beirute

22/jul 1 1 1 1 Israel convoca reservistas para a guerra

22/jul 1 2 1 1 Sem resgate, brasileiros se revoltam

22/jul 1 3 1 1 Hospital trata pacientes no subterrâneo

22/jul 1 4 6 2 Cessar-fogo

22/jul 1 5 8 2 Serei sincero. Existem sérios obstáculos para alcançar um ...

22/jul 1 6 3 2 Atualmente, é possível resolver o conflito no OM pela via ...

22/jul 1 7 5 2 Sim. Dêem uma oportunidade à diplomacia

22/jul 1 8 5 2 Não Carta branca para Israel

22/jul 1 9 2 2 Rice descarta pedir cessar-fogo no Líbano

22/jul 1 10 8 2 Um cessar-fogo seria uma falsa promessa, se a situação ...

111

22/jul 1 11 9 2 Leis respaldam críticas a reação militar de Israel

22/jul 1 12 2 2 Agências pressionam por corredor humanitário, e ajuda ...

22/jul 1 13 3 2 Libanesa na janela de sua casa, que foi atacada ontem

22/jul 1 14 3 2 Contra a guerra, na Praça da Sé

22/jul 1 15 2 2 Mísseis explodem a 500m de embaixada

22/jul 1 16 8 2 Por causa de três prisioneiros, o Hizbollah transformou ...

22/jul 1 17 8 2 Esses ataques indiscriminados só servem para convencer ...

22/jul 1 18 3 2 Libanesa passa por vitrine quebrada por bombardeios ...

22/jul 1 19 2 2 Suspensão de resgate revolta brasileiros

22/jul 1 20 2 2 Lula se diz "chocado" com escalada

22/jul 1 21 3 2 Ônibus com brasileiros prestes a deixar Beirute, no Líbano

22/jul 1 22 3 2 A fuga

22/jul 1 23 2 2 Visitas a mesquita cresceram durante a crise, diz Xeque

22/jul 1 24 5 2 Amarelo, amarelo e verde

22/jul 1 25 5 2 Oportunismo de guerra

22/jul 1 26 5 2 Balada na montanha

22/jul 1 27 5 2 Casório antibomba

22/jul 1 28 5 2 Torpedos com desconto

22/jul 1 29 9 2 Soldado de Israel é um dos melhores

22/jul 1 30 5 2 Via Síria, Irã armou Hizbollah

22/jul 1 31 2 2 Israel concentra tropas na fronteira e convoca 3.000

22/jul 1 32 3 2 Soldados de Israel perto da fronteira durante ataque ao Líbano

22/jul 1 33 2 2 Médico brasileiro comanda UTI subterrânea

22/jul 1 34 3 2 O médico brasileiro na UTI do hospital israelense

22/jul 1 35 3 2 Enterro em vala comum de libaneses mortos por israelenses

23/jul 1 1 2 2 Sob bombas, Beirute tenta voltar à rotina

23/jul 1 2 3 2 Ações de campo

23/jul 1 3 5 2 Nasrallah só quer a destruição de Israel

23/jul 1 4 8 2 Israel teria deixado de existir há muito tempo se não reagisse ...

23/jul 1 5 7 2 "Risco de nova guerra civil no Líbano é real"

23/jul 1 6 2 2 Nova incursão em Gaza mata 24 palestinos

23/jul 1 7 5 2 Qual a saída

23/jul 1 8 3 2 Os confrontos de ontem

23/jul 1 9 3 2 Auxílio-guerra

23/jul 1 10 7 2 Sem nome

23/jul 1 11 3 2 Ajuda dos EUA

23/jul 1 12 2 2 EUA vendem mais armas a aliados árabes

23/jul 1 13 2 2 Israel já discute eficácia das opções militares

23/jul 1 14 3 2 O presidente dos EUA e o Premiê Britânico dão entrevista ...

23/jul 1 15 3 2 Libanesas rezam em ato pró-Líbano

23/jul 1 16 2 2 Míssil de longo alcance atinge Israel

23/jul 1 17 7 2 Olmed investe na guerra de informação

23/jul 1 18 3 2 Mulheres participam do ato contra a ação de Israel

112

24/jul 1 1 1 1 Israel e EUA cogitam intervenção no sul do Líbano com OTAM

24/jul 1 2 3 2 Homem com foto do líder do Hizbollah, na capital Libanesa

24/jul 1 3 3 2 À espera de atendimento médico

24/jul 1 4 3 2 Lamento de uma refugiada

24/jul 1 5 2 2 Israel se abre à força da OTAM no Líbano

24/jul 1 6 2 2 Meta dos EUA é afastar Damasco de Teerã

24/jul 1 7 3 2 Observador da ONU é levado para hospital após ser atingido ...

24/jul 1 8 2 2 Vinte ônibus retiram brasileiros do Bekaa

24/jul 1 9 2 2 Médico vai ao Líbano resgatar sua família

24/jul 1 10 8 2 Não dava para deixar a família sozinha no Líbano.

24/jul 1 11 3 2 Ali Saif, que foi até o Líbano

24/jul 1 12 3 2 O brasileiro Mohamad observa fábrica destruída por míssil

24/jul 1 13 5 2 De volta ao futuro

24/jul 1 14 5 2 Torneira fechada

24/jul 1 15 5 2 Estresse

24/jul 1 16 5 2 Fundo Katyusha

24/jul 1 17 5 2 Novo cárcere

24/jul 1 18 5 2 Tratamento

24/jul 1 19 3 2 Libanesa e suas filhas em ônibus na fronteira com a Síria

24/jul 1 20 2 2 Parques e escolas acolhem refugiados em Beirute

24/jul 1 21 3 2 Betul Fawez e os filhos: "só tinha visto bombas em filmes"

24/jul 1 22 3 2 Refugiados do sul do Líbano acampam em parque de Beirute

24/jul 1 23 3 2 O casa Zaina e Mohamed, na prisão convertida em abrigo

25/jul 1 1 1 1 Libaneses rejeitam condições dos EUA para cessar fogo

25/jul 1 2 1 1 Avião da FAB traz 139 brasileiros

25/jul 1 3 3 1 Inaam Abdallah beija o neto, no aeroporto de Guarulhos

25/jul 1 4 6 2 Força de paz

25/jul 1 5 4 2 O silêncio conivente

25/jul 1 6 2 2 Rice impõe condições para cessar-fogo

25/jul 1 7 3 2 Crianças da comunidade judaica chilena em evento pró-Israel

25/jul 1 8 3 2 Manifestantes protestam em Paris pedindo o "fim do massacre" .

25/jul 1 9 3 2 Ataques de ontem

25/jul 1 10 3 2 Diplomata analisa papéis de turco que espera deixar Beirute

25/jul 1 11 2 2 Norte americano sempre fica do lado de operações de Israel...

25/jul 1 12 3 2 A opinião nos EUA

25/jul 1 13 2 2 Escala só foi decidida no Domingo a noite

25/jul 1 14 2 2 Israel aumenta controle de aldeias no sul do Líbano

25/jul 1 15 2 2 Seis palestinos morrem em ataque a Gaza

25/jul 1 16 7 2 Olmed investe na guerra de informação

25/jul 1 17 5 2 "Estado dentro do Estado"acabará, diz especialista

25/jul 1 18 3 2 Fumaça provocada por ataques israelense e escurece ...

25/jul 1 19 5 2 Economia de guerra

25/jul 1 20 5 2 Kamikaze

113

25/jul 1 21 5 2 Liquidação

25/jul 1 22 5 2 Barulho de Deus

25/jul 1 23 5 2 Crediário de guerra

25/jul 1 24 5 2 Ameixas podres

25/jul 1 25 2 2 Brasileira voltam, maridos ficam no Líbano

25/jul 1 26 2 2 Garota viaja de volta ao país sem a família

25/jul 1 27 3 2 A brasileira Somaya chega à base aérea do Rio vinda do Líbano

25/jul 1 28 3 2 Inaam beija o nato ao encontrá-lo no aeroporto em Guarulhos

25/jul 1 29 8 2 Eu quase, na fronteira da Síria, desci do ônibus para voltar

25/jul 1 30 8 2 Muitos brasileiros resolveram esperar mais, na esperança ...

25/jul 1 31 2 2 Sob bombas, Beirute tenta voltar à rotina

25/jul 1 32 3 2 Libaneses descansam em clube no norte de Beirute, área ...

25/jul 1 33 3 2 Libanês observa o resultado dos ataques de mísseis israelenses

25/jul 1 34 5 2 Qual a saída

25/jul 1 35 5 2 Por que o Líbano?

25/jul 1 36 8 2 Como a tragédia de 11 de setembro (...) há um ano Israel ...

25/jul 1 37 8 2 Único Estado laico do Oriente Médio, Líbano é por definição ...

26/jul 1 1 1 1 Israel mata 4 observadores da ONU

26/jul 1 2 3 1 Uma das bases do Hizbollah no sul de Beirute é ...

26/jul 1 3 8 2 Muitos brasileiros resolveram esperar um pouco mais, ...

26/jul 1 4 2 2 Ataque de Israel mata 4 membros da ONU

26/jul 1 5 2 2 Em Haifa, israelenses desafiam maioria para protestar ...

26/jul 1 6 3 2 Terceira leva de brasileiros chega a São Paulo

26/jul 1 7 3 2 Fumaça sobre prédios após ataque de Israel, no qual ...

26/jul 1 8 3 2 Ataque de Israel atinge base da ONU

26/jul 1 9 3 2 Manifestantes exibem cartazes de protesto em Haifa...

26/jul 1 10 2 2 Rice detalha zona-tampão para o Líbano

26/jul 1 11 8 2 É hora de dizer a todos aqueles que não querem um tipo ...

26/jul 1 12 8 2 Eu não tenho dúvida de que aqueles que querem estrangular ...

26/jul 1 13 8 2 A menos que haja uma força internacional, vamos continuar ...

26/jul 1 14 7 2 Israel quer punir libaneses para forçar país a acabar ...

26/jul 1 15 8 2 Os EUA querem que Israel acabe com o Hizbollah por eles

26/jul 1 16 3 2 Rice ouve o premiê Ehud Olmert em encontro em Jerusalém

26/jul 1 17 3 2 A visão de cada um

26/jul 1 18 3 2 Tanque de guerra israelense em Maroun el Ras, no Líbano

26/jul 1 19 5 2 Teia de sangue

26/jul 1 20 5 2 Queixa da esquerda

26/jul 1 21 5 2 Arma secreta

26/jul 1 22 5 2 Islamização forçada 1

26/jul 1 23 5 2 Islamização forçada 2

26/jul 1 24 2 2 Dificuldades marcam volta de terceira leva de brasileiros

26/jul 1 25 8 2 Subornos, amigos, contatos, tudo foi necessário para tirar ...

26/jul 1 26 8 2 A bandeira foi nossa proteção

114

26/jul 1 27 2 2 Países pedem vagas em comboios brasileiros

26/jul 1 28 2 2 Conflito no Líbano divide Bush e Maliki

26/jul 1 29 2 2 Grupo de palestinos pedem cessar disparos de mísseis, ...

26/jul 1 30 3 2 A libanesa Halla Armand chega no aeroporto em Cumbica, ...

26/jul 1 31 3 2 Chegada de brasileiros ao aeroporto de Cumbica vindos ...

26/jul 1 32 3 2 Maliki e Bush se cumprimentam após encontro na Casa Branca

27/jul 1 1 1 1 ONU avisou Israel sobre ataques que mataram 4

27/jul 1 2 3 1 Homens carregam feridos em ataque de Israel em Tiro (Líbano)

27/jul 1 3 3 1 Piloto israelense observa ferido em emboscada do Hizbollah

27/jul 1 4 5 2 Ilusões desarmadas

27/jul 1 5 4 2 Razões da guerra

27/jul 1 6 8 2 É hora de dizer a todos aqueles que não querem um tipo ...

27/jul 1 7 8 2 Não temos por alvo funcionários da ONU

27/jul 1 8 2 2 ONU alertou Israel 10 vezes dobre ataque

27/jul 1 9 5 2 EUA têm de falar sério com a Síria

27/jul 1 10 3 2 Homem se protege de fumaça após ataque de Israel em Tiro

27/jul 1 11 3 2 Violência intensificada

27/jul 1 12 2 2 Conferência fracassa após veto americano ao cessar-fogo ...

27/jul 1 13 3 2 As posições dos envolvidos

27/jul 1 14 5 2 Grupo mostra ter "coelhos na cartola"

27/jul 1 15 2 2 Hizbollah mata 9 em emboscada

27/jul 1 16 3 2 Soldado israelense protege a audição em disparo da ...

27/jul 1 17 3 2 15º dia de confronto

27/jul 1 18 3 2 O bom Nasrallah

27/jul 1 19 3 2 Patriotismo

27/jul 1 20 7 2 União

27/jul 1 21 3 2 Fumaça sobre áreas atingidas em ataque de Israel em Beirute

27/jul 1 22 2 2 Assistencialismo é arma do Hizbollah entre pobres

27/jul 1 23 3 2 Manifestantes exibem cartas ao líder do Hizbollah Hassan ...

27/jul 1 24 7 2 "Risco de nova guerra civil no Líbano é real"

27/jul 1 25 2 2 Nova incursão em Gaza mata 24 palestinos

27/jul 1 26 3 2 Corpo da palestina Barah Habib, 3, morta em ataque de Israel

27/jul 1 27 2 2 Terceiro comboio brasileiro leva 75 pessoas a Damasco

28/jul 1 1 1 1 Israel aprova convocação de 30 mil reservistas para a guerra

28/jul 1 2 1 1 Brasileira ficou 3 dias em porão com 5 filhos

28/jul 1 3 3 1 Militares israelenses carregam caixão de soldado morto ...

28/jul 1 4 8 2 A diplomacia falhou e os dois lados não recuam. É uma tragédia

28/jul 1 5 8 2 O Hizbollah preenche um vácuo deixado pelo governo...

28/jul 1 6 2 2 Israel prepara guerra "prolongada"

28/jul 1 7 8 2 Recebemos permissão do mundo para continuar esta ...

28/jul 1 8 3 2 Enterro israelense

28/jul 1 9 7 2 Para deputado do Hizbollah, conflito é resistência aos EUA

28/jul 1 10 3 2 Raio-X do Hizbollah

115

28/jul 1 11 8 2 Bush deixou claro: sua intenção é construir um novo OM, ...

28/jul 1 12 5 2 Para política de Israel, vencer é obrigatório

28/jul 1 13 3 2 Com cartaz do líder do Hizbollah, muçulmanos protestam ...

28/jul 1 14 2 2 Al Qaeda apela para "Guerra Santa" contra Israel e aliados

28/jul 1 15 2 2 Nasrallah se reuniu com iranianos e sírios

28/jul 1 16 3 2 Libanês retira brinquedos de escombros de casa em Beirute

28/jul 1 17 2 2 Brasileira fica três dias no porão com 5 filhos

28/jul 1 18 2 2 Guerra só está começando, diz brasileiro

28/jul 1 19 2 2 ONU apenas lamenta por morte de 4 observadores

28/jul 1 20 2 2 Fim da crise é "iminente", diz Abbas; Hamas nega

28/jul 1 21 3 2 A mãe de Mulaya recebe a filha e os netos no aeroporto ...

28/jul 1 22 3 2 Família libanesa se refugia há duas semanas em porão ...

28/jul 1 23 3 2 Crianças libanesas chegam a Beirute na traseira de caminhão

28/jul 1 24 3 2 Reza pela Internet

28/jul 1 25 3 2 Auxílio-guerra

28/jul 1 26 2 2 Sem nome

28/jul 1 27 4 2 Intifada não conta

28/jul 1 28 7 2 Qualidade total

28/jul 1 29 2 2 Propaganda

28/jul 1 30 2 2 Americano é pessimista sobre paz, mostra pesquisa

28/jul 1 31 3 2 Os EUA e o conflito

28/jul 1 32 5 2 Hora de ouvir os parceiros

29/jul 1 1 1 1 Bush e Blair aceleram envio de força para o conflito no Líbano

29/jul 1 2 3 1 Prédio de apartamentos derrubados por bombardeio israelense .

29/jul 1 3 8 2 Recebemos permissão do mundo para continuar esta guerra ...

29/jul 1 4 8 2 Israel achou que resolveria tudo em 2 ou 3 dias, mas ...

29/jul 1 5 4 2 A violência continua

29/jul 1 6 2 2 Bush anuncia plano, mas evita cessar fogo

29/jul 1 7 8 2 Nosso objetivo é transformá-lo (conflito) em um momento ...

29/jul 1 8 8 2 Muitos dos elementos já estão aqui.

29/jul 1 9 8 2 Temos de nos certificar de que teremos uma força ...

29/jul 1 10 2 2 EUA vendem mais armas a aliados árabes

29/jul 1 11 2 2 Israel já discute eficácia das opções militares

29/jul 1 12 3 2 O presidente dos EUA e o Premiê Britânico dão entrevista ...

29/jul 1 13 3 2 Paquistanesas rezam em ato pró-Líbano

29/jul 1 14 2 2 Míssil de longo alcance atinge Israel

29/jul 1 15 2 2 Lula rechaça críticas por retirada lenta

29/jul 1 16 2 2 Cozinheira e escritor brasileiros decidem continuar em Beirute

29/jul 1 17 3 2 Soldados do exército de Israel olham em direção do Vilarejo ...

29/jul 1 18 3 2 A brasileira Hermenegilda e seu marido Mohamed Abdul Naym

29/jul 1 19 3 2 Refugiada chora ao deixar vila de Rmeih, no sul do Líbano

29/jul 1 20 3 2 Apoio Maciço

29/jul 1 21 3 2 Logística

116

29/jul 1 22 2 2 Sem comprador

30/jul 1 1 1 1 Hizbollah faz exigências para aceitar cessar-fogo

30/jul 1 2 6 2 Por procuração

30/jul 1 3 4 2 Vida e morte

30/jul 1 4 3 2 Crianças brincam no campo de Shatila

30/jul 1 5 2 2 Hizbollah aceita acordos sob condições

30/jul 1 6 2 2 Acostumado, israelense assiste a ataques

30/jul 1 7 3 2 Milshtok observa ação da artilharia israelense no sul do Líbano

30/jul 1 8 3 2 Ahmadinejad e Chávez diante da guarda de honra, em Teerã

30/jul 1 9 3 2 Militares israelenses: caminham perto da fronteira, ...

30/jul 1 10 2 2 Hugo Chávez critica ofensiva de Israel e declara apoio ao Irã

30/jul 1 11 2 2 Israel e Líbano discutem o conflito pela Internet

30/jul 1 12 3 2 Lebanese Blogger Forum: "O que importa? Morte é morte"

30/jul 1 13 2 2 Em Shatila, inimigo une palestinos e libaneses

30/jul 1 14 7 2 Grupo vai mudar região, diz professor

30/jul 1 15 8 2 Prevejo mudanças no mundo árabe. Esses governos ...

30/jul 1 16 8 2 O coração do conflito é a questão palestina

30/jul 1 17 3 2 No alto, o campo de refugiados de Shatila, hoje

30/jul 1 18 3 2 Na foto de 1982, crianças olham cadáveres após massacre

30/jul 1 19 3 2 Menino palestino passa por prédio destruído em Gaza

30/jul 1 20 3 2 Praia libanesa tomada por óleo, após bombardeio de tanques

30/jul 1 21 3 2 Apoio de um lado

30/jul 1 22 7 2 Indenização

30/jul 1 23 7 2 Mantendo a pose

30/jul 1 24 7 2 Apoio do outro lado

30/jul 1 25 2 2 Game tenta resolver conflito no Oriente Médio pela paz

30/jul 1 26 3 2 Soldados israelenses retornam para Avivim após missão ...

30/jul 1 27 5 2 Só mediação internacional poderá por fim ao conflito

30/jul 1 28 3 2 Policial israelense durante ataque a Haifa

30/jul 1 29 2 2 "É uma situação de perder ou perder"

30/jul 1 30 3 2 Beirute bombardeada: "Eu passara dias sem poder raciocinar"

30/jul 1 31 8 2 Se Israel "ganhar" em 15 anos forma-se uma nova resistência...

30/jul 1 32 2 2 "Meu país foi forçado a entrar nesta guerra"

30/jul 1 33 3 2 Haifa atacada: "A primeira semana de loucura foi mais difícil"

30/jul 1 34 8 2 "Está tudo bem" eu disse a minha irmã.

30/jul 1 35 3 2 A última guerra do mundo

31/jul 1 1 1 1 Ataque de Israel mata 37 crianças

31/jul 1 2 1 1 Kofi Annam quer o fim das hostilidades

31/jul 1 3 3 1 Resgate do corpo de uma criança libanesa dos escombros ...

31/jul 1 4 3 1 Apoiadores do Hizbollah atacam prédio da ONU em ...

31/jul 1 5 4 2 Cenas

31/jul 1 6 3 2 Na BBC, dois corpos de crianças são carregados em Qana...

31/jul 1 7 4 2 Corações e mentes

117

31/jul 1 8 2 2 Israel pára ataques aéreos por 48 horas após bombardeio ...

31/jul 1 9 2 2 Bombardeio de 1996 ainda ecoa em Qana

31/jul 1 10 3 2 Paramédicos carregam corpo de vítima do bombardeio ...

31/jul 1 11 3 2 Resgate retira corpo de criança dos escombros de casa ...

31/jul 1 12 3 2 Onde fica

31/jul 1 13 2 2 Massacre tira chances de moderação e diplomacia

31/jul 1 14 3 2 Vidraça quebrada pro manifestantes na sede da ONU ...

31/jul 1 15 2 2 Protestos eclodem pelos países da região, revolta toma ...

31/jul 1 16 8 2 O resultado mais imediato será unir o povo libanês e ...

31/jul 1 17 8 2 Se eles (Israel) matarem 10, nascerão 100 para lutar, ...

31/jul 1 18 2 2 Premiê libanês recusa a visita de Rice

31/jul 1 19 2 2 Sob pressão, exército de Israel acelera criação ...

31/jul 1 20 3 2 A secretária Rice e o premiê israelense, Olmert, em ...

31/jul 1 21 3 2 Homens do Hizbollah colam cartaz contra Rice em Beirute

31/jul 1 22 3 2 Protesto de crianças libanesas contra Israel e o governo ...

31/jul 1 23 3 2 O que cada lado quer

31/jul 1 24 7 2 Na reserva

31/jul 1 25 7 2 Dias contados

31/jul 1 26 2 2 Annam demanda "resposta" da Onu

31/jul 1 27 2 2 Lula afirma estar indignado com o massacre

31/jul 1 28 3 2 Milhares de paquistaneses protestam contra Israel em Karachi

31/jul 1 29 7 2 Para estudioso, Hizbollah é o mais difícil de derrotar

31/jul 1 30 8 2 (Basher Al) Assad sabe que se abandonar o Hizbollah, ...

31/jul 1 31 8 2 Acredito que até que Israel tenha capturado integrantes ...

31/jul 1 32 3 2 Manifestante empunha arma de brinquedo em protesto contra ...

01/ago 1 1 1 1 Israel ignora trégua e mantém bombardeio

01/ago 1 2 1 1 Após ataque população de Qana foge para cidade vizinha

01/ago 1 3 3 1 Casal de libaneses abandona a cidade de Bint Jbeil, uma ...

01/ago 1 4 8 2 O que em nome de Deus fizemos para merecer isso?

01/ago 1 5 8 2 O Hizbollah é mais forte. Por esse motivo, como o Líbano ...

01/ago 1 6 2 2 "Não haverá cessar-fogo", diz Olmert

01/ago 1 7 2 2 Para Peres, Líbano paga ambição do Irã

01/ago 1 8 8 2 Horas de medo, incerteza e, sim, lágrimas de sangue ...

01/ago 1 9 8 2 O Irã está de conluio com a Síria e de olho no Iraque.

01/ago 1 10 3 2 Soldado israelense diante de unidade de artilharia no norte ...

01/ago 1 11 3 2 Manisfestantes seguram boneca em ato contra o ataque a Qana

01/ago 1 12 2 2 Tragédia incentiva movimento pacifista em Israel, onde 80% ...

01/ago 1 13 2 2 Desolação toma Qana após bombardeio

01/ago 1 14 2 2 Brasileira diz que fica para resistir

01/ago 1 15 3 2 Por medo, falta de transporte ou dinheiro, crianças, idosos ...

01/ago 1 16 3 2 Na primeira pausa parcial dos ataques, crianças, idosos ...

01/ago 1 17 3 2 Na primeira pausa parcial dos ataques, crianças, idosos ...

01/ago 1 18 3 2 Roteiro

118

01/ago 1 19 3 2 Libaneses cruzam ponte destruída por ataques, na fronteira ...

01/ago 1 20 2 2 Enterro do Hizbollah

01/ago 1 21 2 2 Irmã de Rabin

01/ago 1 22 2 2 Sem acordo, ONU suspende debate sobre forças de paz

01/ago 1 23 3 2 Capacetes azuis chineses da ONU observam escombros ...

02/ago 1 1 1 1 Israel ataca perto da fronteiro com a Síria

02/ago 1 2 3 1 Nova ofensiva

02/ago 1 3 3 1 Soldado de Israel leva munição no pescoço para ataque ...

02/ago 1 4 8 2 Vamos parar a guerra quando nossos soldados voltarem ...

02/ago 1 5 8 2 Sinto que fui chamado para uma guerra idiota, onde ...

02/ago 1 6 2 2 Israel avança e ataca nordeste do Líbano

02/ago 1 7 5 2 EUA perdem ao fazer jogo de Israelenses

02/ago 1 8 2 2 Brasil decidirá se envia tropas depois de Resolução da ONU

02/ago 1 9 2 2 Para Blair, política no Oriente Médio tem de ser repensada

02/ago 1 10 3 2 Soldados Israelenses descansam em Fasuta, perto da ...

02/ago 1 11 3 2 Nova ofensiva

02/ago 1 12 3 2 Refugiados libaneses fazem homenagem aos mortos em Qana

02/ago 1 13 3 2 Dinheiro para o Exército

02/ago 1 14 3 2 Danos

02/ago 1 15 7 2 Jeitinho libanês

02/ago 1 16 7 2 Interferência

02/ago 1 17 7 2 É impossível o Líbano desarmar Hizbollah, afirma líder Druso

02/ago 1 18 3 2 Jumblatt em seu palácio em Mukhara

02/ago 1 19 8 2 Os iranianos querem desviar a atenção do mundo de seu ...

02/ago 1 20 8 2 Fizemos todos os esforços que podíamos.

03/ago 1 1 1 1 Hizbollah dispara mais de 200 foguetes contra Israel

03/ago 1 2 1 1 Presidente diz que o Líbano está nas mãos do Hizbollah

03/ago 1 3 3 1 Libanês segura corpo do filho, morto em ataque israelense

03/ago 1 4 4 2 O que há num nome

03/ago 1 5 8 2 Fizemos todos os esforços que podíamos.

03/ago 1 6 2 2 Hizbollah dispara 210 foguetes contra Israel

03/ago 1 7 3 2 Foguetes do Hizbollah sobem em Tiro em direção a Israel

03/ago 1 8 3 2 As frentes de combate

03/ago 1 9 3 2 Soldado israelense em marcha para o sul do Líbano, ontem

03/ago 1 10 2 2 ONU adia reunião, mas França e EUA negociam divergências

03/ago 1 11 2 2 Amorim prepara viagem à região para tratar de conflito

03/ago 1 12 2 2 Ministro palestino denuncia Israel por detenção

03/ago 1 13 7 2 Defesa do Líbano é feita pelo Hizbollah, afirma presidente

03/ago 1 14 3 2 Menina cristã jordaniana participa de vigília por libaneses ....

03/ago 1 15 3 2

03/ago 1 16 8 2 Minha relação é com o governo. Eu sou um dos muitos ...

03/ago 1 17 2 2 Guerra transforma café brasileiro em artigo de mercado ...

03/ago 1 18 3 2 Homem lê no Café Younes: o produto brasileiro, servido ...

119

03/ago 1 19 3 2 Carro destruído em Baalbeck, depois de bombardeio israelense

03/ago 1 20 2 2 Desastre ecológico

03/ago 1 21 2 2 Sinal Fechado

03/ago 1 22 7 2 Revolta de direita

03/ago 1 23 7 2 Proibição no templo

04/ago 1 1 1 1 Foguetes do Hizbollah matam 8 civis em Israel

04/ago 1 2 3 1 Soldados de Israel choram no enterro de sargento morto ...

04/ago 1 3 3 1 Beirute antes e depois dos bombardeios

04/ago 1 4 2 2 Hizbollah mata 8 civis e ameaça Telaviv

04/ago 1 5 2 2 Grupo continua em "boa forma" após 23 dias de conflito, ...

04/ago 1 6 2 2 Ofensiva no sul de Gaza mata oito palestinos

04/ago 1 7 3 2 Israelense chora ao ser informada da morte de um parente ...

04/ago 1 8 3 2 Refugiados vêem discurso de Hassan Nasrallah em Beirute

04/ago 1 9 3 2 Ataque do dia

04/ago 1 10 2 2 Na abatida Baalbek, grupo ainda é absoluto

04/ago 1 11 2 2 Human Rights Watch acusa Israel de violar leis de guerra

04/ago 1 12 2 2 ONU pede ao Brasil US$ 780 mil para Libaneses

04/ago 1 13 2 2 Recontagem reduz número de mortes em Qana

04/ago 1 14 3 2 Destruição domina paisagem ao sul da capital libanesa

04/ago 1 15 3 2 Soldado israelense sobre tanque, à espera de ir ao Líbano

04/ago 1 16 3 2 Ajuda dos EUA

04/ago 1 17 3 2 Palavra do Rabino

04/ago 1 18 2 2 Sushi não

04/ago 1 19 1 2 Lucro

05/ago 1 1 1 1 Israel mata 38 civis perto da fronteira Síria

05/ago 1 2 1 1 Brasileiro morre pelo Hizbollah

05/ago 1 3 3 1 Membros da Cruz Vermelha carregam corpo de civil morto ...

05/ago 1 4 3 1 Membros da comunidade libanesa de SP protestam contra ...

05/ago 1 5 6 2 Conflito sem árbitro

05/ago 1 6 2 2 Israel mata 38 civis perto da fronteira Síria

05/ago 1 7 3 2 Corpos de Sírios mortos em ataque israelense jazem em QAA

05/ago 1 8 3 2 Protesto na 25 de março em SP

05/ago 1 9 3 2 Ataques do dia

05/ago 1 10 2 2 Brasileiro morre lutando pelo Hizbollah

05/ago 1 11 7 2 "Não estou triste, mas orgulhosa"

05/ago 1 12 8 2 Ele dizia que não queria ter uma morte qualquer.

05/ago 1 13 2 2 Atiradores matam pessoas dentro de celas

05/ago 1 14 3 2 Ibrahim, em foto de 2004

05/ago 1 15 3 2 100 mil saem às ruas de Bagdá em apoio ao Hizbollah

05/ago 1 16 3 2 Libaneses vêem destroços de ponte que ligava Beirute ao norte

05/ago 1 17 4 2 Contra a guerra

05/ago 1 18 3 2 Alarme falso

05/ago 1 19 2 2 Guerra curta

120

05/ago 1 20 7 2 Reconstrução

06/ago 1 1 1 1 EUA fazem acordo com a França para trégua no Líbano

06/ago 1 2 8 2 Ele dizia que não queria uma morte qualquer.

06/ago 1 3 5 2 Tempos de guerra

06/ago 1 4 2 2 EUA e França fazem acordo sobre fim das hostilidades

06/ago 1 5 2 2 Após 3 semanas, Israel e Hizbollah pesam perdas e ganhos

06/ago 1 6 2 2 Centro judaico sofre atentado, em Campinas

06/ago 1 7 8 2 Considerando o poder militar, pode-se dizer que 90% de ...

06/ago 1 8 8 2 Na batalha terrestre nós estamos em vantagem

06/ago 1 9 8 2 Não temos o controle de todo o terreno, mas temos acesso ...

06/ago 1 10 3 2 Ataque do dia

06/ago 1 11 3 2 Curdos da Síria carregam caixões de civis mortos em ataque...

06/ago 1 12 2 2 Verdadeira raiz do conflito foi negligenciada pelos EUA

06/ago 1 13 2 2 Hizbollah substitui suicidas por mísseis

06/ago 1 14 3 2 Estrutura e poder

06/ago 1 15 3 2 Ações de campo

06/ago 1 16 5 2 Nasrallah só quer a destruição de Israel

06/ago 1 17 8 2 Israel teria deixado de existir há muito tempo se não reagisse ...

06/ago 1 18 8 2 Ahmad Inejad já afirmou que o problema fundamental do ...

07/ago 1 1 1 1 Líbano rejeita proposta de trégua; Hizbollah mata 15

07/ago 1 2 3 1 No norte de Israel, soldados carregam corpos de colegas ...

07/ago 1 3 3 1 Manifestantes acenam bandeiras e cartazes no parque ...

07/ago 1 4 2 2 Israel sofre baixas recordes no conflito

07/ago 1 5 2 2 Estratégia de Israel permite contra-ataque

07/ago 1 6 2 2 Operação israelense mata dois e detêm deputado do Hamas

07/ago 1 7 3 2 Soldados israelenses lamentam no Kibutz...

07/ago 1 8 3 2 Ataques do dia

07/ago 1 9 3 2 Apoio com luzes

07/ago 1 10 2 2 Sermão europeu

07/ago 1 11 2 2 Líbano rejeita o texto negociado da ONU

07/ago 1 12 5 2 Resolução da ONU não põe fim à crise

07/ago 1 13 3 2 Leia trechos da Resolução da ONU

07/ago 1 14 3 2 Fumaça sobre edifícios atingidos por mísseis, em Beirute

08/ago 1 1 1 1 Líbano aceita enviar 15 mil soldados à fronteira

08/ago 1 2 2 2 Líbano propõe enviar seu exército ao sul

08/ago 1 3 3 2 Divergências no Conselho de Segurança

08/ago 1 4 2 2 Israel, "sem limitações" impõe toque de recolher no Líbano

08/ago 1 5 3 2 Libanês retira corpo de escombros em Beirute: ontem ...

08/ago 1 6 2 2 Histórico mostra inação da ONU na região

08/ago 1 7 2 2 Sinagoga em Campinas liga ataque a texto de vereador

08/ago 1 8 2 2 NG acusa Hizbollah de crimes de guerra

08/ago 1 9 2 2 Agência descobre fotos alteradas digitalmente

08/ago 1 10 3 2 Foto original de ataque israelense ao subúrbio de Beirute...

121

08/ago 1 11 3 2 ... E após alteração no computador, exibindo mais fumaça

08/ago 1 12 1 2 Reclamações

09/ago 1 1 1 1 Israel acha "interessante" plano libanês para o sul

09/ago 1 2 4 2 Na home do "Washington Post", o Hizbollah está mais forte?

09/ago 1 3 4 2 Em negociação

09/ago 1 4 2 2 Negociações complicam votação de trégua

09/ago 1 5 7 2 Força libanesa deve conviver com Hizbollah

09/ago 1 6 2 2 Guerra reforçou facção pró-Siria no exército

09/ago 1 7 8 2 A atual resolução (sem emendas) não satisfaz as ...

09/ago 1 8 8 2 O exército só poderia agir contra o Hizbollah se houvesse ...

09/ago 1 9 3 2 Libanesas choram em funeral em massa de vítimas de ...

09/ago 1 10 3 2 Soldados levam caixão de capitão israelense morto no Líbano

09/ago 1 11 2 2 Israel completa isolamento do Líbano; mortos vão a 790

09/ago 1 12 2 2 Temendo atingir civis, pilotos israelenses recusam-se a ...

09/ago 1 13 3 2 A navegadora israelense N.

09/ago 1 14 3 2 Prédio em subúrbio no sul de Beirute após ataque israelense

09/ago 1 15 3 2 Ataques do dia

09/ago 1 16 3 2 Ratos

09/ago 1 17 3 2 Queimadas

09/ago 1 18 7 2 Guerra ao vivo

09/ago 1 19 2 2 Fim da fila

10/ago 1 1 1 1 Israel ampla ofensiva; 15 soldados morrem

10/ago 1 2 3 1 Soldados de Israel socorrem homem ferido após confronto ...

10/ago 1 3 5 2 Muito além da Utopia

10/ago 1 4 8 2 Não se pode permitir o afastamento das nações ...

10/ago 1 5 2 2 Israel amplia ação e sofre 15 baixas

10/ago 1 6 2 2 Impasse entre EUA e França bloqueia ONU

10/ago 1 7 3 2 Reservistas israelenses cruzam a fronteira com o Líbano

10/ago 1 8 3 2 Cronologia

10/ago 1 9 3 2 Criança faz homenagem a uma vítima da guerra, em Beirute

10/ago 1 10 2 2 EUA perdem apoio de reformistas árabes

10/ago 1 11 7 2 "Israel negligenciou Hizbollah"

10/ago 1 12 5 2 Extremistas minam esperança

10/ago 1 13 8 2 "Do lado dos terroristas, cada avanço em direção a ...

10/ago 1 14 3 2 Libaneses levam caixões de vítimas de bombardeio em Beirute

10/ago 1 15 3 2 Charge

11/ago 1 1 1 1 Israel amplia ataques e toma cidade satélite do Hizbollah

11/ago 1 2 2 2 Mídia árabe manteve o foco na ofensiva israelense no Líbano

11/ago 1 3 2 2 Antes de conter ação, Israel avança e ameaça

11/ago 1 4 2 2 Nova Resolução da ONU pode ser votada hoje

11/ago 1 5 2 2 Governo palestino discute sua "utilidade"

11/ago 1 6 3 2 Libanês caminha sobre os escombros de um prédio atingido ...

12/ago 1 1 1 1 ONU aprova cessar-fogo e o envio de tropas ao Líbano

122

12/ago 1 2 3 2 Charge

12/ago 1 3 2 2 ONU aprova "cessar-fogo total" para Oriente Médio

12/ago 1 4 3 2 Trechos da Resolução

12/ago 1 5 5 2 Expectativas dos EUA frustaram-se

12/ago 1 6 2 2 Israel pede que EUA apressem entrega de foguetes com ...

12/ago 1 7 8 2 Todos os membros deste conselho devem ter consciência ...

12/ago 1 8 3 2 Fumaça sobe após bombardeio israelense no sul de Beirute

12/ago 1 9 3 2 Soldado passa por tanques parados, no norte de Israel

12/ago 1 10 2 2 Israel avança com "força total"; ataques matam 34

12/ago 1 11 3 2 Soldado de Israel faz sinal positivo ao avançar para o Líbano

13/ago 1 1 1 1 Israel triplica as tropas no Líbano após o s cessar-fogo

13/ago 1 2 2 2 Israel triplica o número de soldados ao Líbano

13/ago 1 3 3 2 Em fuga, menina xiita observa destruição no sul de Beirute

13/ago 1 4 2 2 Hizbollah anuncia que vai respeitar cessar-fogo

13/ago 1 5 2 2 Síria, Irã e Eua fornecem armamento para o conflito

13/ago 1 6 3 2 A ponte que liga as cidades de Nabatiye e Sidon, ...

13/ago 1 7 2 2 Conflito fermenta rixas sectárias no Líbano

13/ago 1 8 9 2 Independência e guerra civil mudam balanço

13/ago 1 9 3 2 O Líbano e suas religiões

13/ago 1 10 3 2 Bandeira libanesa jaz entre escombros em área xiita de Beirute

13/ago 1 11 7 2 Ocupações impulsionam terror, diz especialista

13/ago 1 12 8 2 Se Israel se retirar do Líbano, o Hizbollah encerra os ataques.

13/ago 1 13 2 2 Escândalos e impopularidade ameaçam abreviar governo Blair

13/ago 1 14 3 2 Indiano usa máscara de Blair em ato pró Líbano, em Nova Déli

14/ago 1 1 1 1 Combates crescem antes de cessar-fogo no Líbano

14/ago 1 2 3 1 Destroços de complexo residencial no sul de Beirute ...

14/ago 1 3 2 2 Na véspera de trégua, violência cresce

14/ago 1 4 3 2 Fumaça sobe o vilarejo de Nabqoura, no sul do Líbano, ...

14/ago 1 5 3 2 Alvo em chamas. Carros ficam incendidos após ataque ...

14/ago 1 6 2 2 "Guerra no Líbano começa hoje"

14/ago 1 7 7 2 "Conseguimos enfraquecer o Hizbollah"

14/ago 1 8 8 2 O mundo viu que estamos combatendo uma organização ...

14/ago 1 9 8 2 A nossa auto-imagem é a de fazedores de milagres militares...

14/ago 1 10 5 2 Israel procura algum sinal de vitória

14/ago 1 11 2 2 Fracassa reunião no Líbano sobre desarmamento

14/ago 1 12 3 2 Equipes de emergência ajudam mulher ferida na cidade ...

14/ago 1 13 3 2 Fumaça em floresta atingida por foguete do Hizbollah, ...

15/ago 1 1 1 1 Trégua começa; Israel e Hizbollah declaram vitória

15/ago 1 2 3 1 Refugiado volta para casa no sul do Líbano após início ...

15/ago 1 3 6 2 Ninguém venceu

15/ago 1 4 8 2 (Cessar-fogo) Israel vai respeitar. E esperamos que o ...

15/ago 1 5 2 2 Hizbollah clama vitória, e Israel ameaça

15/ago 1 6 8 2 Estamos diante de uma vitória estratégica e histórica, ...

123

15/ago 1 7 8 2 Continuaremos a perseguí-los em todos os lugares e ...

15/ago 1 8 2 2 Para Bush, Israel derrotou o grupo xiita

15/ago 1 9 3 2 Soldados israelenses acenam ao retornarem do sul do Líbano...

15/ago 1 10 3 2 Saldo de guerra

15/ago 1 11 2 2 Milhares de refugiados retornam as suas casas

15/ago 1 12 5 2 Polícia interna selou rumos do conflito

15/ago 1 13 2 2 Brasileiros dizem que ainda é cedo para voltar

15/ago 1 14 3 2 Com seus pertences, libaneses cruzam estrada ...

15/ago 1 15 3 2 Refugiada libanesa exibe bebê ao voltar para casa...

15/ago 1 16 3 2 Meninos choram pelo pai morto em um ataque israelense