Confie em mim ou o guardião de memórias
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Confie
em mim
ou
O Guardião de memórias
Paulo Godoi
Palavra do Autor:
Eis ai mais um livro prontinho, talvez até o melhor que já
escrevi, foi um processo trabalhoso, que as vezes dava
vontade de abandona-lo, mas no final fico satisfeito pois é
muito bom você olhar o livro impresso e poder dizer que
foi sua criação, que aquilo é literalmente seu, a sensação
é muito boa.
Mas como todo escritor eu não tiro inspiração do nada, e
nem projeto os diálogos sozinho, e em cada personagem,
por menor que seja sua aparição, sempre tem um pedaço
dos meus amigos e colegas.
Mas também devo aqui deixar registrado meu
agradecimento ao Bruno Pereira, se não fosse ele eu não
teria voltado a escrever e essa estória jamais sairia da
minha cabeça, apesar do tempo que ele levou para
analisa-lo foi muito interessante suas observações, bom,
Muito obrigado Ó Capitão, Meu capitão!
Também tenho de falar de Raquel, que em pouco tempo
se tornou uma amiga muito valiosa, obrigado moça! A
Bianca Karine, serei eternamente grato pela nossa
estranha amizade! Outras menções que vale a pena ser
feitas apesar das controvérsias de época, agradecer
também a Marina, pois tudo é infinito enquanto durar, Ao
João Vitter ( Pai) e ao Eric neves ( Mãe. Não me
perguntem) Ao Miranda, Ao Gabriel Cerullo e a Larissa
Franco, e toda a turma 201, 202 e 203 o meu muitíssimo
obrigado.
Mas quando vou agradecer a alguém nos meus livros,
sempre tem que ter um espaço só para a minha melhor
amiga no mundo inteiro, Glória Duarte, muito obrigado
mesmo, pelas conversas, conselhos, paciência, carinho,
cuidado e tudo quanto você tem tido para comigo, Je te
aíme!
E por último porém não menos importante, a Nicole
Rosário, obrigado pelas conversas e por sua amizade!
Para Glória Duarte
Raquel Ribeiro
Bianca Karine
Capitulo 1
Elissah estava limpando a cozinha de sua casa
em completo silêncio, estava entristecida com os
fatos que avida lhe impôs nos últimos dias, o
vazio e o silêncio da casa a faziam lembrar de
que seu marido, Everton, e sua filha Ally, não vão
mais voltar, foi tão de repente que nem ela
mesma sabe explicar como aconteceu, a última
vez que ouvira as vozes deles fora pelo telefone e
suas vozes ainda ecoavam na sua mente em um
silêncio ensurdecedor, seus olhos incrivelmente
azuis pareciam mais vazios do que quando
recebera a noticia, tanto que ela nem percebera
que molhara com suas lágrimas a única parte da
mesa que já havia passado o pano, isso a faz
lembrar de onde estava e o que estava fazendo.
Recentemente ela havia perdido os pais, e a dois
anos perdera sua irmã mais velha que era acima
de tudo sua melhor amiga e agora perdera o
marido e a filha, não tinha mais nenhum motivo
para viver, nenhum motivo para sorrir, e duvido
que qualquer pessoa que se encontrasse na
mesma situação que ela teria um pensamento
diferente, mais ela não seria a primeira pessoa a
ser atingida pelas fatalidades sequenciais da vida
e pode apostar que não será a última. Ela levou
as mãos ao rosto e enxugou as lágrimas e log em
seguido desalinhou o próprio cabelo e o realinhou
logo em seguida em um gesto de clara angústia.
O tempo estava nublado e pouco convidativo
para passeios, mais ela precisava sair, ela muito
de seu marido e de sua filha na casa, e ainda
podia ouvir as vozes deles pela casa, ela
realmente precisava espairecer, subiu apressada
as escadas e foi direto para o guarda roupa,
pegou as primeiras roupas que vira e jogou-as na
cama, e retirou seu roupão ficando apenas de
roupas de baixo, quando ela reparou na roupa
que pegara, um sorriso entristecido puxou seus
lábios, ela pegara a calça jeans desbotada que
tinha uma lembrança singular que não posso falar
agora, e o blusão preto que fora um erro gritante
de Everton que errou o número da blusa que
comprou no aniversário dela, e naquela época ela
estava naquela crise existencialista de se achar
gorda, os dois brigaram por causa disso, mais
cinco minutos depois estava se beijando e se
abraçando como se nada tivesse acontecido, não
tinha a habilidade de ficarem brigados por muito
tempo... Não adianta, tudo que ela era ou tinha
de alguma forma estava ligada a Everton e isso a
angustiava por demais.
O cinza do dia se tornou mais denso e a chuva
era mais que prometida, mais isso não a
impediria de sair, ia meio que perambular pelas
ruas de Riverton, ela simplesmente pediu a Deus
que a consolasse e saiu sem destino certo, e sua
caminhada acabou se tornando uma corrida e
depois de um tempo fadigada ela parou bem
enfrente a casa de um cara muito especial.
Uma onda de conforto se apoderou dela de
maneira terna e suave, lembrou-se de como seu
amiga a ajudara, ajudara a todos, deliciava o fato
de poder sorrir de novo pela simples lembrança
dele a afastar dos problemas. Ela abaixou perto
do portão e foi direto em uma tufa de grama que
saltava perto da cerca da casa e tirou de lá as
chaves e abriu o portão, aquele quintal a remetia
a inúmeros momentos bons com Ally crescendo,
dos churrascos nos fins de semana, os quatro
eram bons amigos, e tudo parecia elegantemente
igual, o mesmo canteiro de rosas, a mesma
estradinha de pedra que ligava o portão a
escadaria, já não precisava correr para a varanda
pois a chuva já estava fina, ela caminhou devagar
e quando alcançou o primeiro degrau notou
aquela criaturazinha deitada perto de um dos
pilares, ela abaixou-se perto e acariciou a
cachorrinha que se mexeu um pouco antes de
voltar a dormir, quando levantou-se ela percebeu
a figura imponente e expressiva de seu amigo,
ela se encostou na pilastra, ele a olhava com uma
expressão interrogativa, ela sorriu frouxamente
antes de ir na direção dele e abraça-lo, ele podia
sentir a respiração ofegante dela, e a sentiu por
um bom tempo, quando ela finalmente olha nos
olhos dele, com seus rostos a milímetros de
distância, ele diz:
- Pode fazer.
Ela sorriu antes de beija-lo de leve, quando ela
termina ele pergunta quase indiferente:
- O que a trás aqui?
- Lembra do que você me disse sobre sua
amizade com Everton e todo aquele lance de
guardar memórias?
- Sim.
- Algo me diz que você tem algumas resposta
para mim.
- Certamente, espero que você tenha as
perguntas certas.
Ela assentiu meio sem entender e entrou junto
com seu amigo. O lugar estava cheiroso,
arrumado de maneira meticulosa, ela olhou toda
a sala antes dele dizer com os pés no degrau da
escada:
- Só vou trocar de roupa e já desço para
conversamos.
- Obrigada.
Após a saída dele Elissah se conduziu ao
sofazinho que ficava encostado na parede, e um
pouco acima ficava a janela, e pode observar o
espetáculo que a chuva vazia silenciosamente
enquanto a água escorria no vidro ligeiramente
irregular, ela observou também as rosas sendo
regadas pela chuva, todo aquele quintal era tão
lindo que o paraíso deve ser assim, não tinha
como não desvincular aquilo de seu falecido
marido, afinal, fora Paulo que cedera as flores
para o velório, e foi com esse pensamento que
Elissah viu que tudo que ela era ou tinha de
alguma forma estava ligada a Everton.
*
Paulo literalmente esquecera por uns minutos
que tinha alguém o esperando na sala e foi tomar
banho, enquanto se secava lembrou que só iria
trocar de roupa, mais não faz mal, ele sempre
fora um pouco desligado e extremamente
misterioso, alcançara os trinta anos e nem de
longe era um cara feio mais na mesma distância
não era bonito, era um típico cara médio como o
Gil do livro Prova de Fogo do Pedro Bandeira,
não chama e nem gostava de chamar atenção,
porém havia uma grande parte do seu passado
que ele não contara a muitas pessoas, na
verdade, só Everton sabia, e mesmo assim ele
colecionara alguns grandes amigos durante sua
vida, como o próprio Everton, Elissah, a falecida
irmã de Elissah a Fernanda, em fim, estava bem
como estava.
Enquanto se secava ele se olha no espelho,
seus olhos negros e sombrios tinham um leveza
incrível, como se ele fosse a mais bondosa das
criaturas, e se for ninguém sabe, apenas sabia
que podiam confiar nele mais do que em si
mesmos, tanto que seu amigo Everton sempre se
referia a ele em conversas impessoais como " O
Guardião ".
Quando terminara de se trocar Paulo desce as
escadas em silêncio absoluto, e quando chegou a
sala encontrou Elissah de joelhos em cima do
sofá em estado contemplativo, ele caminha
devagar e se senta em sua poltrona e diz:
- Cheguei.
Ela leva um susto com a voz do amigo e quase
cai do sofá, ele sorri levemente antes de dizer:
- Desculpe.
- Tudo bem.
- Antes de começarmos, gostaria de beber
alguma coisa?
- Depois.
- Ok, Vamos começar.
Então Elissah começou a contar sobre seus dias
desde a morte de Everton até hoje pela manhã,
contara das vezes que ficara deitada na cama
vestida apenas daquele blusão que ela usava
naquele momento e com o revólver do lado
pensando no suicídio, das vezes que Paulo teve
que socorre-la, e aos poucos a angustia dela foi
sumindo, ele conseguia acalma-la apenas com o
olhar, e no final das indagações ela pergunta
retoricamente:
- Como vou viver agora?
- Tuché! A mais ou menos oito anos atrás,
meses depois de vocês terem se casado Everton
veio aqui e me entregou uma carta selada, de
certa forma ele sabia que chegaria um
determinado momento da vida que ele teria que
te deixar, digamos que ele sabia que ia morrer.
Elissah piscou os olhos na frustrada tentativa de
esconder as lágrimas ao ouvir o que Paulo disse,
brotou uma emoção tão forte lhe fugiu o controle:
- Como assim Paulo! Gritou - Como alguém
prevê a própria morte!?
Paulo nunca foi de gritar com ninguém e aquela
não seria a primeira vez que faria isso, muito por
entender o sobressalto de Elissah e prosseguiu
sem ligar:
- Ela tinha uma doença no sangue, muita rara e
logo não havia cura, os dias dele estavam
findando, e além de me confidenciar isso ele me
deu algumas tarefas para executar quando você
fosse me procurar.
- Ela previu isso também?
- Não, isso todo mundo já sabe. Como minha
primeira tarefa é te entregar a carta selada. E
nisso , Paulo tirou um envelope vermelho do
bolso, o coração de Elissah disparou ao
reconhecer a letra, ela sentiu seu corpo todo
descontrair, era normalmente assim que se sentia
quando seu marido a abraçava, embora mais
distante parecia igual, e então ela perguntou ao
amigo de modo mais amável:
- E qual era a segunda?
- A segundo eu tenho que pegar. Paulo vai até o
escritório, Elissah suspirava aliviada, se sentia
bem com tudo aquilo, pelo menos por enquanto,
minutos depois Paulo volta com uma caixa cheia
de furos na tampa e entrega a Elissah que
pergunta:
- O que é isso?
- Um presente que Everton pediu para
providenciar para você.
Elissah abre rapidamente a caixa e encontrou
aquele pequeno animalzinho encolhido no canto
da caixa e lá também havia um bilhete. ela
acaricia a cabeça só filhote com o dedo e diz
sorrindo:
- Obrigada.
- Aliás, o bilhete é para você ler quando estiver
sozinha.
- Ele deixou mais alguma coisa?
Paulo se levantou e sentou-se ao lado dela e
segurou as mãos dela e diz com uma voz terna:
- Ele a ama, e não queria que você passasse por
tudo isso sozinha, agora você tem ao labrador
para fazer companhia e tem a mim também.
Ela o abraçou e o beijou com força antes de
dizer:
- Muito obrigada mesmo, você salvou meu dia!
Minutos após a saída de Elissah, o sorriso de
Paulo por faze-la sorrir desapareceu, e seu olhar
tomou o tom escuro novamente.
*
Cerca de uma hora após chegar da visita a casa
de Paulo, Elissah já estava encolhida no sofá da
sala, enquanto bebia um café ela olhava o filhote
que dormia sossegado na almofada que estava
sendo sustentada nas suas coxas, ela deu a ele o
nome de Rexie. Ela pegou a carta , e pode sentir
um misto de medo, ansiedade e alegria, e assim
dizia a carta:
" Meu Anjo.
Quero primeiramente pedir desculpas por não ter
lhe contado sobre minha doença, mais eu não
queria fazê-la sofrer o antecipação, ou pode ser
também que eu parti antes do que previa, de
qualquer forma imaginado que você e Ally devem
estar sofrendo, e qualquer um no lugar de vocês
se sentiria mal, ou até pior.
Também sei que você vai querer tentar passar
por isso sozinha, e essa ideia me fez pensar no
assunto com tristeza, daí lembre que você
sempre quis ter um cachorro, por isso pedi a
Paulo que providenciasse um dos filhotes da
falecida labradora da minha mãe, e pedi para ele
te entregar pois a quem mais você procuraria
quando estiver mal? Bom, só quero que saiba
que eu amo você e sempre vou te amar, e eu
estarei com você onde quer que você for eu vou
cuidar de você, te amo!
Obrigado loira."
E assim, Everton tem a chance de dizer adeus a
Elissah, e essas palavras a consolaram, mesmo
assim seria difícil viver sem ele, o homem que ela
mais amou em toda sua vida.
Capitulo 2
4 anos depois
O som do despertador do celular fez com que
Elissah acordasse irritada, estendeu o braço na
direção do criado-mudo para desliga-lo, mais sem
sucesso, percebeu que não conseguia mover as
pernas, tinha a sensação de que havia um
elefante as esmagara, porém quando viu o que
realmente era, ela pensou consigo mesma, " Não,
é algo pior! ".
Era Rexie, o enorme labrador dormira por cima
das pernas de Elissah, tinha mais graça quando
ele era menor, ela tentou acorda-lo sacudindo-o
porém não logrou muito êxito na tentativa, o cão
parecia ter o triplo do seu peso, ou talvez até
mais, ela continuou sacudindo-o até que ele em
fim despertou, " Vitória! " Pensou ela, um ledo
engano por assim dizer, Rexie acordou sim, e
bocejou virando o focinho para Elissah quase
sorrindo como quem diz " Bom dia! ", ela sorriu
antes de começar a dizer enquanto tentava bater
nas costas dele:
- Anda grandão, vamos, sai de cima de mim,
estou atrasada!
Rexie por sua vez a encarou como quem diz:
- E daí?
- Ora, não seja incompreensível, vamos você
sabe que o amo, mais eu preciso ir trabalhar!
Aos poucos, com visível preguiça Rexie foi
levantando, ela ficou aliviada por poder sentir as
pernas de novo, e apesar daquela confusão ter
ajudado ela a se despertar ainda estava meio
sonolenta, quando viu o celular vibrando no modo
soneca ela lembrou que ele tocara.
Sentou-se na beira da cama, vestida apenas do
seu pijama azul claro, ela estendeu o braço para
o criado mudo e desligou o despertador, eram
sete e pouca da manhã, Elissah teria de ir cedo
para a livraria pois no final da tarde de ontem
havia chegado três novas remessas de livros que
ela tinha que ajudar Diana a arrumar antes de
abrir, ela sorriu quase sem querer, era impossível
desassociar a palavra livros de seu amigo.
O bom e velho Paulo, um cara legal, também
ficara um pouco mais bonito com o passar dos
anos, aos trinta e quatro anos possuía os cabelos
negros e meio grisalhos perto das orelhas e nos
cabelos que pediam levemente pelo rosto que
fora gentilmente marcado pelo tempo, e seus
olhos continuavam tão negros e sombrios quanto
antes e a barba que estava sempre por fazer lhe
davam um ar relaxado no que diz respeito a sua
aparência. Ele e Everton eram amigos a mais de
vinte anos, um vivia brincando na casa do outro,
e a amizade deles fora só crescendo, mais se
consolidou depois da morte do pai de Everton
onde Paulo apoiara a família e fez uma aliança
com Everton que perdurou por muitos anos.
Frequentemente ele e Everton era confundidos
como irmãos pela semelhança física, as
diferenças estavam na estatura e na
personalidade, Everton era mais brincalhão e
mais alto, e Paulo sempre fora o mais baixo dos
meninos e o mais sério.
Elissah levantou-se distraidamente e dirigiu-se
até o banheiro, ela vai se arrepender disso pelo
resto do dia, ela tropeçou em Rexie ( Sabe-se lá
como ela não notou a presença dele
esparramada no chão ) e cambaleou até a porta
do banheiro, ela segurou pelos lados da porta e
sem equilibro foi parar dentro do banheiro porém
não soltou a porta que bateu com força no seus
dedos, Droga! Praguejou ela enquanto levava as
mãos ao peito e comprimia-os com a outra mão,
ela lançou um olhar de fúria para Rexie que
levantou o olhar que parecia quase cômico como
quem diz:
- Não olhe para mim, quem fez a merda foi você.
Mais ela ignorou-o dessa vez e bateu a porta
com força deixando Rexie parado, meio sem
ação, ou não, ela se despiu e caminhou até o
box, seus dedos ainda latejavam porém a dor
diminuíra, tentou ligar o chuveiro com a mão
direita, mais lembrou que fora ela que bateu,
então ligou com a esquerda, até com certa
dificuldade, aquela água morna logo de manhã
era maravilhosa, ela deixou que a água a
enrolasse como um lindo abraço angelical, e ela
escorria pelo seu corpo explorando cada
sinuosidade, cada traço, ela relaxara quase que
de forma instantânea, quando estava mais
relaxada disse a si mesma em relação a Rexie:
- Cachorro esquisito, vai ver depois de me
infernizar foi caçar outra coisa pra fazer.
Após o banho Elissah se seca e tenta se enrolar
na toalha e quase não consegue, quando abre a
porta do banheiro levou um susto ao ver Rexie
parado na mesma posição.
*
Paulo era um desenhista, professor, escritor,
mais precisamente o único escritor profissional de
Riverton, a pequena e agradável cidade parara
no tempo de forma elegante, sem o mesmo
estardalhaço das cidades grandes, as casas em
no estilo colonial, na cidade não havia muitas
empresas e industrias, era um bom lugar para
quem gosta de paz e tranquilidade, por isso que
morava lá a trinta anos.
Apesar de muito talentoso ele decidiu apenas ser
o diretor do jornal, a gazeta de Riverton, que fez
tanto sucesso que passou a ser comercializado
também na cidade vizinha. Era um dos mais
respeitados da cidade, quase todo mundo
gostava dele, apesar de não interagir muito com
outras pessoas, falava pouco mais sempre falava
a coisa certa, tinha sempre um bom conselho e
sabia resolver os problemas da maioria das
pessoas que o pedissem ajuda, menos os seus
próprios.
*
Elissah dirigia seu fiat branco pelas ruas
acidentadas de Riverton, felizmente conhecia
aquela estrada como a palma de sua mão, caso
contrário já teria sofrido um grave acidente. Não
mais que meia hora depois, ela estacionava o
carro perto da sua livraria, quando vira que
Daiana já estava guardando os livros consultou
seu relógio, chegara mais cedo do que pensava,
e decidiu que poderia ir dar uma visitinha ao seu
amigo. Caminhava em passos rápidos e curtos,
ficara sorrindo o caminho todo ao lembrar das
coisas que Paulo havia dito e feito por ela os
últimos quinze anos, os dois tinham uma amizade
bonita, não só os dois como seus mascotes,
Rexie e Lexie, entre aqueles dois rola um tenção
romântica que não ocorre nos seus donos.
Não é?
*
Paulo estava digitando os documentos quando
Sandler adentra a sua sala dizendo:
- Paulo, decidiu qual vai ser a capa dessa
edição?
- Ainda, não, na verdade nem sabia que eu tinha
que escolher, e quais opções eu tenho?
- Bom chefe, temos o caso dos quadrigêmeos e
a derrota dos Yanks da liga.
- Eu acho que os Yanks serem derrotados não é
lá uma grande novidade né. Disse Paulo rindo,
Sandler riu compreendendo o que significara e
saiu da sala. Paulo estava concentrado, estava
nas últimas do último documento e... Pronto!
Depois de quatro intermináveis horas ele em fim
terminou, agora poderia sair mais tranquilo para
comer alguma coisa e quem sabe ir ver sua
amiga, ele levantou-se afastando a cadeira no
exato momento que Elissah surge em sua sala,
os dois sorriram e disseram ao mesmo tempo:
- Bom dia!
Ela anda em passos rápido na direção de Paulo
buscando seu abraço, ele podia sentir naquela
súbito toque, uma urgência e um calor que ele
conhecia o motivo, ela tentava se aconchegar a
ele cada vez mais como um gato no colo de seu
dono, era sempre assim que ele fazia quando a
falta que seu marido e sua filha faziam era maior
que a vontade de seguir em frente.
Paulo e Everton se conheceram em 1985, aos
cinco anos de idade, os dois faziam quase tudo
juntos, desde brincar a até se machucar visto que
suas mães também são muito amigas.
Na escola, aos quinze anos não foi diferente,
Everton confidenciara seus sonhos, segredos e
projetos para seu amigo que os guardou, mais o
maior presente que Paulo deu a Everton fora
Elissah. Foi no refeitório da escola, como já era
de se esperar Paulo já sabia que Everton gostava
dela, e como amigo dela também sabia que ela
gostava dele, então, quando pegaram o almoço
Paulo pediu para Everton sentar na ponta da
mesa, Everton não entendeu nada mais não
questionou, minutos depois, Everton parara tudo
para fitar seu objeto de desejo, a jovem loira de
olhos claros, Everton observou brevemente seu
amigo que pôs a mochila nas costas e fez um
movimento rotativo que fez a mochila acertar
Elissah que deixou um pouco do macarrão e de
seu corpo cair em cima de Everton, ela o fitou
profundamente constrangida e envergonhada
sem saber como tudo aconteceu:
- Desculpe. Disse ela num fio de voz tirando o
macarrão da blusa dele.
- Tudo bem. Disse Everton ajudando-a a catar a
comida que ela deixou cair, enquanto catavam
ele pergunta meio timidamente:
- Como se chama?
- Elissah...
- Prazer, sou Everton.
Após terminarem ela diz com um belo sorriso
adolescente:
- Obrigada Everton, e desculpe pelo macarrão.
- Olha, você pode se desculpar melhor comigo
se você ir no cinema comigo amanhã.
Como ela é bem branquinha, as maçãs do rosto
enrubesceram com absurda velocidade, ela sorri
meio sem jeito e diz com a voz ligeiramente
trêmula, que só não ficou mais visível por que
Everton exalava certeza do que estava
acontecendo ali entre os dois, no fim das contas
ela diz com um tom surpreendentemente seguro:
- Eu adoraria.
- Então.. quer me fazer companhia?
- Por que não?
Ela jogara o corpo em cima de Everton enquanto
colocava o prato ao lado dele na mesa, seus
rostos ficaram a centímetros de distância, seus
olhos congelaram um no outro por causa da
temperatura do toque, bem próximo dos dois e a
uma distância segura, Paulo torcia mentalmente
enquanto apontava os dentes do garfo para cima
e batia o cabo do mesmo na mesa " Beija, beija,
beija" e como se ouvisse a torcida mental do
amigo Everton passou as mãos nos cabelos de
Elissah que fechou os olhos deliciando o toque e
assim, ele sentiu que podia transpor o espaço
que separava seus lábios e hesitaram no
principio, Paulo ficara tão eufórico que aplaudiu a
cena seguido de todos que se encontravam no
refeitório, após terminarem o beijo e ouvirem os
aplausos eles se abraçam carinhosamente e ele
diz:
- Eu te amo... E ela diz beijando-o o pescoço:
- Eu também o amo.
Seria mais bonito se no final a inspetora não os
levasse para a diretoria por estarem se atracando
no refeitório como ela disse, ambos levaram uma
advertência. Ao saírem lá estava o velho Paulo os
aguardando com suas mochilas, ele nota que ela
o reconheceu mais não disse nada e ela
percebeu que ela não disse nada e não disse
nada também, foi quando Everton diz:
- Paulo, essa é a Elissah.
Ela o abraça dizendo:
- Obrigada.
E os três foram para casa.
Paulo percorre os olhos em Elissah e pergunta:
- Tá melhor?
E com um sorriso curto ela diz:
- Estou, obrigada
- Eu estava saindo para tomar café, quer vir
comigo?
- Claro, tem um perto da livraria.
- Eu não te vendo livros, eu dou eles.
- Deixa eu pagar só dessa vez!
- Não. E fim de papo.
- Obrigado.
- Nada querido, vamos?
- Vamos. Disse Paulo oferecendo o braço para
ela enlaçar, quando passaram pela porta Paulo
diz em um tom brincalhão.
- Sabe, eu tenho dinheiro para comprar livros.
Capitulo 3
Não havia se passado muito tempo que a livraria
estava aberta e já havia uma quantidade razoável
de pessoas, Daiana, a gerente da livraria e amiga
de Elissah percorria seu olhar atento sobre os
movimentos de alguns jovens que sondavam as
sessões de mangás, Layla e Rodrigo, velhos
amigos deles adentram a livraria percebendo que
o barulho do sino no alto da porta chamara a
alerta atenção de Daiana que ao vê-los sorriu
acenando de maneira discreta, quando o casal se
aproximou Layla cumprimenta a amiga:
- Oi Dai, tudo bem?
- Tô bem, só tô um pouco atarefada.
- Sei como é, Elissah não chegou ainda?
- Sim e não.
- Como assim?
- Ela chegou, mais foi tomar café com Paulo.
- Ah sim, aqueles dois se gostam mesmo né.
- Ele é um dos melhores cidadãos que
conhecemos, difícil mesmo é alguém odiá-lo.
- Olha, deve ter alguém por ai que não vai com a
cara de Paulo, não é Rodrigo? Perguntou Layla,
porém a expressão séria de Rodrigo fez ela
perceber que não fora boa ideia interpela-lo na
conversa:
- É.
E para dar uma quebrada naquele clima ele
pergunta:
- Falando nisso, Eu, Layla, Paulo, Elissah e Edu
vamos em um restaurante novo na cidade
vizinha, se você quiser ir.
- Claro, vai ser divertido.
E Layla complementa com um ar divertido:
- Com Rodrigo e Paulo a comédia é garantida.
- Esse dois tem muita sintonia.
- Talvez o fato de sermos irmãos tenha influência
nisso. Disse Rodrigo com o ar cômico costumeiro.
*
Paulo fungou a fumaça que saia do café antes de
beberica-lo, ele estava com os pensamentos
detidos em Elissah, ele prometeu ao seu amigo
que cuidaria dela, e até agora tem cumprido a
promessa, e cumprido bem:
- Como está Lexie? Perguntou Elissah fazendo
com que Paulo volte a órbita da situação:
- Está bem graças a Deus, eu amo aquele monte
de pelos sem classe.
- Nossa. Disse Elissah sorrindo - Que amor!
- Verdade.
- Paulo, por onde você andou nos últimos quatro
anos, você andou sumido.
- Estava fazendo uma pesquisa para provar uma
tese sobre pessoas desaparecidas.
- Ah sim, leve Lexie lá em casa algum dia.
- Está bom.Paulo consultou o relógio e disse:
- A tiragem um vai sair agora preciso voltar! Ele
deixou o dinheiro na mesa e beijou-a dizendo:
- Até mais.
...
Ao chegar na livraria Daiana havia acabado de
dispensar o último cliente e quando viu Elissah,
um ar malicioso a envolveu:
- Então, como foi?
Elissah estreitara os olhos e perguntou fingindo
não saber do que ela estava falando:
- Então o que?
- O Encontro com Paulo foi bom?
- Não foi um encontro, só tomamos café juntos.
Disse Elissah andando em direção a sua sala
mais Daiana continuou falando:
- Sei, então por que você está assim?
- Assim como?
- Sorridente.
Elissah não tinha resposta para essa
observação, ela sempre sorria quando estava
com Paulo, mais afinal, ele fez parte de sua
família, não há bons momentos para ela que ele
não esteja presente, não havia um pingo de
chance de estar realmente se apaixonando por
ele... ou teria? Elissah respirou fundo ao notar o
quão confusa estava e disse:
- Não importa, Paulo é meu melhor amigo e
sempre vai ser. E logo entrou no escritório sem
dar chance para qualquer alfinetada de Daiana.
*
Paulo pesquisava as noticia de Riverton e da
cidade vizinha quando Edu adentra a porta da
sala com um envelope pardo dizendo:
- Aqui está a prévia do jornal de amanhã.
- Pode coloca-los ali em cima por favor? Disse
Paulo apontando com a caneta para a mesa sem
desgrudar os olhos da tela do computador, após
colocar o envelope ali, Edu se aproxima da mesa
do chefe meio hesitante e pergunta:
- Posso te pedir um conselho?
De imediato Paulo para o que estava fazendo e
indica a cadeira, após acomodar-se Paulo
pergunta:
- Sobre o que Edu?
- Você acha que eu tenho alguma chance de
conseguir convidar Elissah para sair?
De súbito, Paulo sentiu um pequeno desconforto
sem motivo aparente, então prosseguiu:
- Difícil, você já tentou?
- Não, quis vir falar com você primeiro, já que
conhece ela a muito tempo, achei que podei me
dizer do que ela detesta pra eu não fazer feio.
- Ela gosta de coisas simples e naturais, nada de
presentinhos caros ou lugares muito sofisticados,
e se você a fizer rir de verdade, já é oitenta por
cento do caminho completado.
- Parece bem simples, obrigado chefe.
Quando Edu sai da sala, Paulo solta um suspiro
pesado, baixou a cabeça e encostou a testa na
quina da mesa e ficou olhando para o chão, "
Talvez seja bom para ela" após pensar dessa
maneira, sentiu algo despedaçar dentro de seu
íntimo.
...
Após bater o ponto no jornal, Edu foi até a livraria
procurar Elissah, mais quando se aproximara nã
vira o fiat branco, então resolveu ir para casa e
ligar para ela, estava tão ansioso e eufórico que
nem entrou para falar com Daiana que o viu se
aproximando, ela sentia algo muito forte por ele,
mais talvez a diferença de idade entre eles fosse
um empecilho em uma possível relação, ele tem
trinta e quatro e ela tem quarenta e oito mais nem
de longe aparentava ter essa idade, era linda
dona de longos cabelos castanhos, expressivos
olhos castanhos, pele morena e possuía uma
pinta no canto esquerdo da boca, era
extremamente sexy e atraente e vivia namorando,
mais desde que Edu chegara a cidade ela tentava
seduzi-lo, mais ele ficava cego de amores por
Elissah e por isso ela fazia a pressão psicológica
na amiga para ela ficar com Paulo.
*
Elissah chegara em casa e foi recebida por
Rexie, ela sentou-se na poltrona que ficava em
um canto da varanda onde costumava ficar com
seu marido enquanto Ally dormia, e agora fazia
as mesmas coisas, só que com Rexie, é uma
relação engraçada, ele age as vezes como se
fossem casados, ele dorme com ela, ele a
desperta quando ela quase se atrasa, leva a
roupa para ela caso ela esqueça, ele é um
cachorro muito esperto, muitas pessoas
perguntaram como ela treinou ele para fazer tudo
isso, e o mais engraçado é que ela nunca
ensinou ele a nada, nem a sentar e por essas e
outras ela o considerava seu melhor amigo.
Depois de Paulo.
Rexie se levanta subitamente e sai pelo quintal,
obviamente precisava fazer suas necessidades
fisiológicas, Elissah aproveitou para ver os
recados na secretária eletrônica e pegar um
pouco de café, quando ela ligou havia uma única
mensagem do Edu e não fazia muito tempo que
estava ali, ela pegou o café e foi retornar a
ligação:
- Edu?
- Oi Elissah, tudo bem.
- Sim, e você?
- Também, tá ocupada?
- Não, só estou um pouco cansada.
- Entendo. Queria saber se você não quer ir
jantar comigo.
Ela se surpreendeu com o pedido, sabia
exatamente dos sentimentos do Edu e não queria
dar falsas esperanças, mais iria dar a ela uma
chance, por dois motivos simples, primeiro ela
queria sair da sua rotina triangular de trabalho,
amigos e Rexie, e segundo queria afastar a ideia
de estar se apaixonando por seu melhor amigo,
não que considerasse Paulo um homem ruim,
mais ela tinha muito medo de danificar uma
amizade tão bela E frágil com uma coisa dessas:
- Claro, pode ser divertido.
- Sério? Posso pega-la as oito?
- Sim.
- Obrigado.
Ao consultar o relógio viu que tinha tempo para
se arrumar, quando se virou encontrou Rexie a
encarando, ele parecia estar muito sério, podia
claramente que ele não era a favor, mais tinha
que ignora-lo dessa vez.
*
Paulo, Rodrigo, Layla e Daiana estavam no
barzinho de sempre, e ao contrário de seus
amigos, ele estava absorto em seus
pensamentos, era só ele e o uísque, mais sempre
tinha boas piadas quando alguém o interpelava,
eles sabiam que ele estava meio pra baixo por
causa da ausência de Elissah que estava em um
encontro com Edu.
E esse clima desconfortável na áurea de Paulo
seguiu por semanas, nos quatro encontros que
ela teve com Edu, isso fez ele se afundar em
inúmeras pesquisas de campo sobre assuntos
que ele só comentava com Edu e com o detetive
chefe Rafael que era seu amigo a anos também,,
e Elissah sentiu isso, e quando sentiu isso soube
que ele a amava para além da amizade e então
seu encanto por Edu se quebrou, na verdade,
nem Edu estava lidando bem com aquilo.
No último encontro deles eles foram caminhar
um pouco na praia, foi quando Edu pergunta:
- Posso fazer duas perguntas?
- Já fez uma. Disse Elissah sorrindo.
- Por isso pedi duas, o encanto da gente acabou
quando?
- Acho que semana passada.
- Você é como irmã pra mim, sabe disso.
- Eu não queria magoar você, além do mais você
estava indo bem.
- Eu notei. Disse levantando a sobrancelha
esquerda - Mais não é por mim que seu coração
vai bater.
Os dois pararam e se olharam, ela o beijou
apaixonadamente antes de dizer:
- Obrigada querido.
Naquela noite Eduardo a levara para casa,
enquanto voltava sorridente vira um veloster azul
estacionando ali á um tempo " Queria ter um
carro desse" e saiu feliz da vida.
*
No dia seguinte as coisas estavam calmas na
livraria, só haviam três clientes que rondavam os
setores de romance e terror, Elissah estava de pé
encostada na porta de seu escritório, seu olhar
vazio denunciava a saudade que sentia de seu
amigo que não via a cinco dias, e observando
esse estado de Elissah, Daiana começa a agir
sem pensar:
- Está pensando nele?
Foi como se ela tivesse recebido um choque de
Realidade, ela se aproxima do caixa
perguntando:
- Desculpe, não ouvi, o que você disse?
- Perguntei se você estava pensando nele!
- Nele quem?
- No Edu.
- No Edu, a não, não, não, não, não, não, não,
não, não, não.
- Sério? Disse Edu atravessando sorridente a
porta da livraria - Dez nãos?
- Era brincadeira. Disse ela o abraçando e
perguntando - O que o traz aqui?
- Precisamos conversar.
...
Os dois caminhavam em direção ao jornal, e Edu
falava sobre o carro que vira na noite que a
deixara em casa e de que aquele carro voltava
sempre e ficava estacionado em frente a casa
dela, sendo que ninguém nessa cidade tem um
veloster, feliz pela preocupação dele ela diz:
- Você e Paulo moram perto, qualquer coisa eu
ligo pra vocês.
- Eu sei que ligará, a propósito, quem é aquele
moço tomando café solitário ali na mesa daquele
café que parece ser o favorito de vocês?
Quando ela viu Paulo e percebeu que além de vir
alerta-la Edu a trouxera para Paulo ela o beija no
rosto dizendo:
- Obrigado meu querido.
Logo, Edu sai de cena e ela se aproxima de
Paulo dizendo:
- Posso me sentar?
Ao ver quem era, ele se levantou em silêncio ea
abraçou sem dizer um palavra ela continuou, e
todo aquele silêncio dele era como um grito que
ela não faria, com um rugido suprimido, as
palavras que ele engole a anos, que não tem
coragem de falar, após alguns minutos ele a solta
e ela pergunta segurando a mão dele:
- Tá tudo bem?
- Acho que sim.
Ambos pediram um café daí eles começam a
conversar, e aquela conversa tangenciou
diversos aspectos da vida deles como, ele falava
para ele da importância de amar alguém e que
ela devia se abrir mais a um novo amor, desde a
a morte de Everton ela simplesmente abandonou
a ideia de desejar outro alguém, pode até parecer
bobeira para os não românticos, mais ela sentia
que de alguma forma pudesse estar traindo
Everton, mais acredito que qualquer pessoa que
tenha amado com ela amou e perdido a família
de maneira tão brusca quanto não teria tanto
ânimo para amar de novo, e Paulo se odiava por
entender isso as vezes, e de súbito Elissah fala
algo totalmente desconexo com a situação que
era um reflexo de seu desespero:
- Paulo, todos nossos amigos se referiam a você
como O guardião de memórias e sempre tem
bons conselhos que as vezes se tornam
infalíveis, mas não seria possível saber tanto a
menos que vivesse muito, como você pode ter
tamanha sabedoria?
As palavras condescendentes dela o feriram, e
prosseguiu sem demonstrar:
- Sua irmã Fernanda me conheceu seis anos
antes de sua morte, era um momento muito ruim
pelo qual ela passava e...
Os olhos dele se encheram de água, as palavras
saíram como um sussurro, Elissah percebeu que
teve uma péssima ideia e disse deitando suas
mãos nas dele:
- Desculpe, não precisa contar se não quiser...
Mas ele ignorou o pedido e prosseguiu:
- Ela me confidenciou todas as suas angústias,
projetos e sonhos, ela me visitava todos os dias e
ficamos assim por três anos, eu gostava de
receber a visita dela e ela gostava de me visitar
também, mais um dia, eu estava arrumando as
minhas coisas quando ela invadiu minha casa,
chovia fracamente, e ela estava descabelada,
aflita e muito mais linda do que eu me lembrava,
eu quase perguntei o por que, mais ela correu
para mim e me abraçou com toda força que
restava dela após uma possível corrida até aqui,
uma vez que não ouvi o barulho do carro, sentia
as pernas dela bambearem no mesmo ritmo que
as minhas, senti seu coração bater mais forte
junto ao meu, a respiração ofegante na minha
pele me deu a resposta da pergunta que eu ia
fazer:
- O que você quer Fernanda? O nome dela saiu
da minha boca quase como um gemido, e
languidamente ela disse:
- Você.. E me beijou com todo calor e toda a
força que havia nela, em um momento de
sanidade eu pensei em me afastar, mais quando
quase o fiz eu me senti um nada, eu precisava
dela e foi aí que se esvaiu a última gota de
sanidade que me restava, minhas mãos
deslizaram a silhueta dela, os lábios macios se
moviam junto aos meus como se fossem um só,
desviei por brevíssimos instantes para beijar seu
pescoço, os gemidos finos me fizeram crer que
estava no cainho certo, e quando regressei pelo
mesmo caminho e encontrei os lábios dela ela
sorrira lindamente, suguei toda a dor dela e a
gravei em mim para jamais esquecer a urgência,
quando terminamos continuamos abraçados na
sala, ela pousou docemente a cabeça em meu
peito, seus abraços ainda adornavam minha nuca
e os meus adornavam a cintura, e as palavras
saíram da boca dela como um convite dourado
para algo maior:
- Incrível.
E eu respondi me afastando devagar:
- Este momento foi mágico sem dúvida.
Enquanto falava eu trancava as portas e as
janelas - Mas o próximo, esse sim será incrível! E
a beijei uma vez mais antes de leva-la ao quarto.
Depois disso namoramos por três anos até o
falecimento, mantivemos tudo em segredo e
assim mantive, todos nós temos motivos para ser
o que somos e tudo que nós somos existe um
motivo, guardei memórias por ela!
Quando Paulo se virou para Elissah notou que
os olhos dela estavam cheios de lágrimas, ele
pensou em dizer algo, mais acabou dizendo
nada, por fim ela o abraçou carinhosamente e
disse:
- Obrigado por ter me contado meu guardião!
Mas todo o clima foi cortado pelos latidos
sucessivos de ambos os mascotes, mas quem
vinha eram seus amigos, Rodrigo, Layla, Edu e
Daiana, Paulo e Elissah se entreolharam, para
quem será que eles estavam latindo?
Capitulo 5
Os dois se ajeitaram no banco se refazendo
depois de todo aquele momento delicado de
revelações que Paulo fizera, recompuseram - se
muito rápido pois não queriam seus amigos se
preocupando demais com eles, Paulo foi o
primeiro a se levantar para falar com os amigos
enquanto Elissah limpava rapidamente a
maquiagem borrada enquanto olhava seu reflexo
no celular e logo em seguida levantou para
cumprimenta-los, os dois cachorros mantinham
uma postura alerta na direção de Layla, Edu e
Daiana, Elissah ficou a observa-los enquanto
Paulo tentava disfarçar seu estado observador
perguntando:
- O que estão fazendo por aqui todos juntos?
- Estava na esperança que você lembrasse, isso
só prova que esqueci de te avisar que o novo
restaurante ficou pronto antes do prazo e nossas
reservas foram adiantadas.
Elissah e Edu olharam pro celular quase que ao
mesmo tempo e ao ver a mensagem Edu diz:
- Esqueci de avisar a vocês disso.
Paulo olhou para Elissah que entendeu o recado
e virando-se para o irmão disse:
- Que tal vocês irem indo? Eu e Elissah vamos
mais tarde.
A expressão de Paulo refletia algo que Layla
entendeu como se fosse algo inquestionável,
como uma... não lembrava da palavra, e em
resposta Rodrigo apenas assentiu.
Durante o trajeto até acidade vizinha, Layla tinha
uma terrível sensação de que algo ruim ia
acontecer.
*
Elissah voltava para casa com Rexie que estava
com a cabeça pra fora do carro pelo teto solar (
Ele era bem grande ) ainda remoía tudo que seu
amigo dissera, não que duvidasse da verdade,
mais é que era real demais, e isso a deixara mais
confusa do que no inicio, quantos segredos mais
teria soterrado dentro de Paulo? E foi assim,
coma cabeça nas nuvens chegara em fim a sua
casa, e ainda estava sendo bombardeada de
cogitações já que Paulo assumira um novo lugar
na sua vida.
Ela jogou o casaco em algum lugar da casa e foi
se despindo até chegar ao quarto, foi direto para
o banheiro tomar uma ducha, e enquanto trocava
de roupa ela se deparou olhando para o celular
em cima da cama, Rexie surgiu no quarto e
saltou os olhos dela para o celular e balançou a
cabeça em direção a cama como quem diz:
- Liga pra ele!
...
Depois de passar no jornal e despedir seus
funcionários e liberando Edu para o jantar Paulo
seguiu para a cafeteria buscar o café de sempre
para viagem e foi para casa com a cabeça ainda
na conversa que teve com Elissah, agora sabia
por que as pessoas procuravam tanto por ele
para serem ouvidas e tendo a certeza de que
seus segredos estavam bem guardados, era uma
sensação reconfortante, quando estacionou seu
carro em baixo do Ypê de sua casa cujas
florezinhas tingiram o asfalto a sua mente
direcionou em ir para casa e seguir direto para o
chuveiro tomar uma ducha, fazer um café e se
encolher no sofá para ler um bom livro, há muitos
anos ele aprendeu que nunca é uma boa ideia
remoer o passado, mas queria entender o por
que do desgaste de revelar aquelas coisas para
Elissah, e provavelmente ligaria pra Rodrigo para
avisa - lo de que não iria ir ao jantar.
Quando finalmente chegara dentro de casa, foi
direto para o telefone e foi quando notou uma
mensagem na secretaria eletrônica, era de
Elissah! Ela estava pedindo para ele encontra-la
na casa dela, foi como uma bomba de alegria que
explodiu todos os seus planos cômodos de
passar a noite, correu para tomar banho e se
trocar, estava agindo como um jovem, mas não
ligava, e em meia hora estava dirigindo rumo a
casa de Elissah, durante o trajeto ele abriu os
vidros do carro para sentir aquela brisa fria
envolver seu corpo e diminuir o calor que as
batidas desenfreadas de seu coração causaram,
mesmo feliz com convite ainda não fazia a menor
idéia do motivo que levara ela a chama - lo.
*
Sentada na cadeira perto da entrada da varanda
de sua casa, Elissah aguardava o amigo sem
saber o que dizer depois do " Oi " Nunca se
sentira tão nervosa para falar com ele do que
agora, pensou em chamar Rexie para lhe fazer
companhia mas lembrou que ele havia saída,
provavelmente para se encontrar com Lexie,
também era notável que se vestira com certo
capricho para receber o amigo, usava um tomara
que caia branco e sua velha calça jeans
desbotada, um pequena parte do corpo dela,
talvez uma das mais provocativas nas mulheres
em geral estava levemente exposta por causa da
blusa, e os longos cabelos loiros emoldurada o
semblante de sua beleza, mas em seus olhos não
haviam palavras para definir o quão brilhava seu
olhar.
Não demorou muito para ela avistar o carro de
Paulo vindo com os vidros abertos, ela sentiu o
coração bater mais forte como à muito não batia
e ajeitou os cabelos num gesto de nervosismo,
Paulo descera do carro e ao mirar Elissah pensou
" Meu fôlego deve ter ficado em casa, não estou
achando ele!" Ela estava linda, mas novamente
não dava para descrever o brilho em comum dos
olhos daqueles dois, e ainda parado na frente do
carro ele diz sorrindo:
- Oi! E ela respondeu ainda mais sorridente num
curto aceno:
- Oi!
Ele mal subiu dois degraus da escada e ela já
desceu para abraça - lo, ele beijou lhe a testa e
ela aumentou a intensidade do Abraço
devolvendo o calor do beijo. . Mesmo já sabendo
a resposta, Paulo se viu tentado a perguntar:
- Por que me chamou querida?
Ela sorriu de modo que a muito não sorria e
respondeu ainda colada ao corpo do amigo:
- Adivinha querido. E assim ela o beijou
suavemente, ele não sabia o que era um beijo a
mais de quatro anos, ele aos poucos a envolveu
com os braços e correspondeu melhor ao beijo,
apesar de que lhe faltava um pouco de prática, ao
terminarem os dois se dirigem para a casa, lá,
eles decidem primeiro ir devagar com tudo, por
hoje iriam assistir um filme e comer pipoca, beber
umas cervejas e conversar sobre a vida, sobre
eles, sobre tudo, teriam a noite toda para
conversar e se amar, e estavam adorando aquilo.
*
O restaurante era sofisticado e muito bem
diversificado e lá estava cheio de tipos, havia
mesas reservadas a idosos com isolamento
acústico para que seus nervos não se
exaltassem, havia também um espaço destinado
aos fumantes que ficava quase no fundo do
restaurante, e apesar da faixa etária do grupo ser
entre trinta e quatro e quarenta anos estavam na
ala mais jovial do restaurante escutando um rock
suave de uma banda local, a atmosfera estava
extremamente agradável o que era um
contraposto com o clima que reinava entre
aqueles amigos, estavam estranhamente tensos
e fora de sintonia, lá uma vez ou outra Rodrigo e
Layla lançavam algumas piadas que arrancavam
risos rápidos, mas Daiana nem ligava pois a
única pergunta que ecoava na cabeça dela era
onde estaria Edu.
Ele havia pedido licença dizendo que tinha ido ao
banheiro e já fazia duas horas que ele não
voltara, não seria possível urinar por tanto tempo,
será que ele tinha bexiga solta?
Daiana estava linda naquela vestido lilás justo e
belamente decotado que lhe valorizava as
sinuosas e contornadas curvas de seu corpo,
além de ter se maquiado com muito capricho e
para coroar sua beleza lá estava seu charme
natural com aquela pinta que ficava no canto
esquerdo da boca, o motivo de tamanho capricho
era para impressionar Edu, ela o amava muito
mas não havia sido correspondida e isso a levava
a culpar os doze anos de diferença que havia
entre os dois.
Layla pedira a Rodrigo que rondasse o
restaurante para ver onde Edu estava, e assim
ele procurou em todos os lugares possíveis e em
todas as alas e nada, mas havia algo que fazia
um tour pela mente de Rodrigo, fora as
observações de Edu sobre as estranhas
movimentações na casa de Elissah, e agora
temia que Edu não estivesse preparado para lidar
com aquela situação e também temia pela
segurança deles.
Capitulo 6
Titanic realmente era um filme muito
emocionante, talvez um dos melhores filmes já
feitos, e fora esse que em comum acordo os dois
escolheram para assistir. Quando o filme chegara
ao fim Elissah comenta:
- Paulo, você que é um cara esperto á de
concordar comigo que tinha espaço para o Jack
também né?
Mas Paulo não respondeu, ao levantar o rosto
para vê-lo notou que ele estava chorando, ela
conteve o riso e disse:
- Você não disse que já tinham visto o filme
dezessete vezes?
- Sim. Disse ele enxugando os olhos - Mas não
disse que não havia chorando em ambas as
vezes.
- Que lindinho! Disse ela apertando as
bochechas dele que estavam vermelhas de
vergonha.
Os dois se levantaram e ela pediu que ele
buscasse mais duas cervejas, e Paulo foi
despreocupado, por sorte eram as duas últimas
que tinham na geladeira, quando chegou lá
Elissah estava de pé com os braços abertos,
Paulo chegou mais perto e disse entregando-lhe
a cerveja:
- O que foi moça?
- Estou imaginando o que a Rose sentiu quando
abriu os braços na ponta do navio.
- Ora, se vai fazer isso faça direito.
Paulo tirou o celular do bolso e depois de mexer
um pouco colocou a música " Titanic" para tocar,
Elissah abriu um sorriso lindo e tentou contê-lo
levando as mãos a boca, então ele diz pegando
acerveja dela:
- Agora abra os braços e feche os olhos.
Ela obedeceu e estava estranhamente nervosa,
foi quando sentiu levemente o vento no seu rosto,
abriu levemente os olhos para constatar o que já
sabia, ele havia ligado o ventilador, adorava a
ideia que Paulo estava montando, foi então que
sentiu um súbito calor, sentia seus cabelos ao
vento colidirem em algo, e logo sentiu o fogo em
sua pele, a barba de dele roçou seu pescoço
arrepiando os pelinhos da sua nuca, as mãos
dele deslizaram sobre sua barriga e aos poucos o
corpo dele se transformara em sua pele, ele
beijou-a o rosto e simplesmente desfaleceu nele,
baixou os braços e segurou os dele com força,
sentira levemente o peso do corpo dele no seu, e
soltou um suspiro de alivio, e foi nesse momento
de vulnerabilidade dos dois que se beijaram, fora
um beijo longo, demorado, úmido, urgente e
talvez o mais belo de todo o mundo e que o
mundo todo não irá ver, e quando terminou o
beijo ela diz enquanto ela ainda estava colado no
pescoço dela:
- Paulo...
O nome dele soou como suspiro, ele virou-a para
si e a tomou nos braços e sem afastar-se dos
lábios dela ele a levou ao quarto. .
...
Algumas horas depois, tanto Paulo quanto
Elissah já estavam acordados, ela estava deitada
literalmente em cima dele, como se tivessem
dormido abraçados, a única coisa que cobria os
dois era os grandes cobertores brancos, suas
respirações ainda ofegavam, afinal sexo é
cansativo e prazeroso na mesma medida. Os
olhos de Paulo percorreram atenciosamente todo
o corpo de Elissah que ao chegar mais perto dele
perguntou:
- O que foi?
- Peitos! Disse ele tocando-a, ela sorriu meio
ruborizada e disse em uma frustrada tentativa de
censura:
- Não faça isso.
- Por que não? Disse ele rindo enquanto ela
subia um pouco mais para o travesseiro - A gente
tá pelado na mesma cama, pode me falar o que
quiser!
- Verdade! Disse ela rindo.
- E se caso você falar muito te faço perder a voz!
Disse ele levando as mãos a cabeça, ela,
preocupada perguntou:
- Tá passando mal?
- Não, agora que falei nisso lembrei das tuas
unhas na minha cabeça, da onde saiu tanta
força?
- Quer que eu diga mesmo? Você também não
falou muito na minha vez.
- Sua genialidade me excita... digo, me fascina.
Mas o momento de aconchego do casal foi
silenciado por um barulho vindo da cozinha, o
pior era que as luzes do térreo da casa estavam
apagadas, antes, os dois foram até o banheiro
para se trocarem e logo em seguida se dirigiram
cautelosamente para a escada, o ultimo lugar
com iluminação, a missão era simples em teoria
que era achar o interruptor e liga-lo, quando
Paulo põe os pés na sala escura percebe uma
movimentação nas sombras do canto da sala, no
mesmo instante que ele avançou para ver o que
era ela se aventurou em correr em direção ao
interruptor, quando ele chegou no canto da sala
pode ver que se enganou e agora com os olhos
mais acostumados a escuridão notou que algo se
movimentava para cima de Elissah, Paulo corre
na direção do agressor e salta para cima dele
desferindo socos até ouvir um " unf! ", Devido ao
susto Elissah correu para as escadas no único
ponto com luz e tentou ligar para a polícia porém
a pessoa já havia se desvencilhado de Paulo e
partia pra cima dela, ela tentou correr mas ele a
derrubou e se posicionou em cima dela e antes
que ela tivesse a chance de esboçar qualquer
tipo de reação ele enterrou as duas mãos no
magro pescoço dela, sufocando-a aos poucos,
ela tenta gritar e se debater por causa do pânico
e na tentativa de se livrar do peso de seu
agressor ela acaba golpeando-o no rosto, que
devolve o golpe com o dobro da força, ela já
estava perdendo a consciência, sua visão
enturvecida já estava tornando tons escurecidos
e todos os golpes que tentava desferir não
surtiam mais efeito, foi quando ouviu fortes latidos
vindos ao fundo e pode contemplar com fôlego a
cena do grande corpo peludo derrubando seu
agressor! Rexie! Paulo recobrara a consciência
bem a tempo de ver Rexie derrubando o
criminoso e Lexie chegando logo em seguida, a
cadela enrolou a cauda macia no pescoço dela
que tinha pouco consciência, a dor quase
consumia sua carne mas achou forças para se
levantar, estava destruído, mas uma última
injeção de ânimo se deu quando notou que o
agressor abateu Rexie e seguiu para Elissah,
Paulo tirou o chinelo e acertou a mão do bandido
e num esforço sobre humano ele o agarrou pela
blusa e o arremessou no canto e partiu para um
ataque de desmedida tenacidade e selvageria, só
que fora um erro que ele se arrependerá
amargamente, notou que o assassino estava
novamente armado e no instinto de salvar sua
amiga, ele impossibilita o assassino de usar o
artefato apesar de não parecer que ele dispararia
mas com Paulo em cima dele ele jogou Paulo
para o lado e disparou uma vez, Paulo ficou
imóvel no chão, ele levantou-se e quando mirou
Elissah ela estava arremessando um abajur em
seu rosto, mas o golpe pega de raspão e o
agressor acerta o rosto dela, Paulo se levanta e é
novamente alvejado e torna a cair e o assassino
volta sua atenção para Elissah que recebe dois
socos no rosto antes de cair no chão, e quando o
homem finalmente aponta a arma Lexie surge
derrubando-o a arma fica a poucos metros do
homem que não tem a oportunidade de pegar
pois Paulo surge vivido e sanguinário mas ainda
estava lento e acabou dando tempo para o
agressor pegar a arma, Elissah ouviu dois tiros e
Paulo cair, com todos seus defensores caídos ela
ficou literalmente nas mãos do assassino e
quando estava quase perdendo a consciência
ouviu as sirenes, mas um último golpe apagou
tudo.
*
Como estava muito tarde, Rodrigo e seus amigos
passaram a noite em um hotel da cidade, alheio a
todos os eventos que haviam ocorrido na noite
anterior, Edu ligara avisando que havia voltado a
Riverton mas não entrou em detalhes,
preocupados demais eles ligaram para Elissah
mas ela não atendeu, ligaram para o telefone
residencial da casa dela e nada, ligaram para o
residencial da casa de Paulo e do jornal e
também não deu em nada, mas a preocupação
só ganhou forma e nervo foi quando Paulo não
atendeu o celular e ele nunca deixava de atender
o celular por muito motivos, foi nesse momento
que todos recolheram suas coisas e se
apressaram em voltar para Riverton. Dessa vez
Layla é quem dirigia pois Rodrigo estava nervoso
demais para pegar no volante, nesse momento o
telefone toca e ele o atende o mais rápido
possível, e era Edu na linha:
- Rodrigo, você está sentado?
- Sim, por que?
- Ontem a noite atacaram Elissah na casa dela.
- Santo Deus, ela está bem?
- Ela, Lexie e Rexie estão escoriados mas bem,
Paulo acabou salvando os três.
- E como ele está?
Uma longa pausa na fala de Edu levou Rodrigo
ao extrema da ansiedade:
- Fala!
- Paulo levou quatro tiros e está internado e em
estado gravíssimo, Elissah se recusa a sair do
hospital.
- Estamos chegando.
Todo o desespero de Rodrigo cedeu lugar a uma
frieza quase mortal, precisava ser assim, como
advogado iria acompanhar as investigações e
como irmão precisava se manter firme.
Capitulo 7
Apesar de toda aquela movimentação logo de
manhã na recepção do hospital municipal, uma
jovem ainda estava encolhida no banco a espera
de notícias do companheiro, seus pés estavam
em cima do banco e o queixo estava apoiado
joelho e seus braços envolviam suas pernas,
além de seus olhos incrivelmente azuis estavam
mais perdidos do que costumavam ficar, era
perceptível a áurea de abandono que se instalara
nela, o medo e a dor faziam um eco violento em
sua mente que já imaginava o pior e a todo o
momento tentava afastar essa sensação.
*
Rodrigo fora até a delegacia com Edu para se
colocar por dentro do andamento das
investigações, Layla e Daiana foram ao hospital
levar comida para Elissah e ficar por lá mesmo,
por fora, Rodrigo, Edu, Layla e Daiana
mostravam-se irredutíveis e muito seguros de si,
mas por dentro eram consumidos pela angústia,
mas precisavam ajudar seus amigos e fariam o
possível para encontrar o responsável e fazê-lo
pagar.
Quando os dois chegaram na delegacia os dois
se dirigiram apressadamente até a recepção e
Edu é quem pergunta:
- Bom dia! Disse a recepcionista amavelmente -
Como posso ajuda-los?
- Bom dia senhorita, queremos falar com o
responsável do caso da tentativa de homicídio a
casa de Paulo.
- Oh sim, o detetive Rafael os aguardava, é o
segundo andar sala sete.
- Obrigado.
Quando virou-se notou que Rodrigo andava em
direção ao elevador com ímpeto e um desespero
levemente velado, Edu dá uma pequena corrida
para alcança-lo, segurou no braço dele e disse:
- Fica calmo.
- Isso nunca havia ocorrido antes, como quer que
eu reaja?
- Com precisão ok? Vamos.
*
Layla pedira a Daiana que fosse até a padaria e
trouxesse sucos e sanduíches para Elissah
enquanto ela ia para o hospital, quando chegou lá
a única pessoa que estava na recepção estava
encolhida no banco, descabelada, enfaixada, com
o belo olho com um tom violeta em volta dele e o
mesmo tom se repetia no canto da boca e no
pescoço, ela estava exausta e já consumida pela
angústia, quando ela se virou e notou a presença
de Layla ela se levantou com uma força
desesperada que só lhe deu a oportunidade de
correr e abraçar a amiga que nada disse a
primeira instância, lutava para não ter pena dela
de tão triste que era o momento, depois de um
tempo Layla diz:
- Vamos nos sentar. E assim ajudou a amiga a
chegar na cadeira, nesse momento Daiana chega
com a comida, ela se senta ao lado de Elissah
que também a abraça sem dizer uma palavra,
Layla retira um lenço do bolso e seca o rímel
borrado de Daiana para Elissah não notar que
eles estavam chorando, e ainda junto de Elissah,
Daiana disse:
- Trouxe comida pra você.
- Tô sem fome. Disse ela soltando Daiana e
tornando a abraçar suas pernas, mas Layla
interveio com um ar quase materno:
- Filha, come um pouco, o Paulo vai ficar bem e
vai precisar de você com saúde, até por que ela
vai ficar bem.
Nesse momento o doutor surge dizendo:
- Tenho boas notícias, conseguimos extrair as
balas e á uma grande chance de poderem falar
com ele em breve!
- Glória a Deus! Disse Elissah relaxando
assustadoramente na cadeira, sorrindo com uma
leve preocupação, então Layla pergunta:
- Melhor comer né?
- Verdade. Disse ela sorrindo.
*
Edu, Rafael e Rodrigo conversavam sobre as
circunstâncias que envolviam a estranha
movimentação na rua da casa de Elissah
semanas atrás, Edu narrava tudo que podia
lembrar sobre os últimos dias, claro que um
depoimento de Elissah ajudaria muito e de Paulo
seria como a ordem de onde deveriam ir já que
possivelmente ele deve ter visto algo já que viu
agressor de tão perto. Minutos depois Rafael
pega suas coisas e os três seguem para seus
carros irem para a cena de crime ou para o
hospital dependendo das circunstâncias, durante
o trajeto eles conversavam sobre a postura de
Paulo em relação as movimentações, pode ser
que ele tenha percebido antes mas que esperava
ter certeza, Rafael anotava mentalmente cada
palavra e pensava " Paulo é um cara muito
certinho para alguém querer mata-lo "
Rafael conhecia bem os dois lados do ser
humano, quando serviu no exército viu o pior lado
de uns homens e o melhor lado de um deles, foi e
ainda é seu amigo por anos, quando seu amigo
se tornou capitão ele alavancou a carreira de
Rafael que ainda não conseguiu agradecer a
altura.
Enquanto os dois conversavam, Rodrigo se
mostrava fortemente alheio as especulações
pensava no estado do irmão e na possibilidade
de perdê-lo e em reflexo de seu medo deixava a
culpa recair sobre si, culpava-se por não ter
insistido mais para ele ter ido ao jantar, por não
ter ligado, mas entendia que Paulo já tinha trinta
e quatro anos e não era nem de longe um cara
ingênuo, mas não pode permanecer nesse seu
estado contemplativo pois Edu o desperta
dizendo:
- Chegamos.
Preferiram ir primeiro a cena do crime, Rodrigo
acompanhou os dois com certa relutância, não
que não tivesse estômago para ver uma cena
cheia de sangue, mas sim por saber que todo o
sangue que ele encontrara é de seu irmão, ao vê-
los, os policiais se apressavam em levantar a fita
e cumprimenta-los, e quando entraram na casa
observaram-na totalmente revirada, mas a cena
isolada no canto da casa bem abaixo da janela
era a que mais revoltava Rodrigo, vira a poça de
sangue quase seco e imaginava o corpo do irmão
ali, o ódio percorreu sua espinha, queria saber
quem havia feito aquilo, e não ia descansar até
descobrir.
Capitulo 8
Nos dias que se seguiram, era quase uma busca
frenética mas era como se o suspeito nem
existisse, e nesses cinco dias Rodrigo não ligara
para Layla, não por que não se importava mas
sim por que estava sem tempo, mas hoje Layla
ligara para ele:
- Querido?
- Ah, oi meu amor, ta tudo bem?
- Sim, e com você?
- Tô ótimo, e como estão os dois?
- Ela tá legal, mas Paulo ainda não acordou do
pós operatório.
- Me mantenha informado.
- Claro, eu te amo.
- Também a amo querida.
Ao desligar o celular, Layla resolve ir até o quarto
ver como Paulo estava, quando se aproximou da
porta encontrou Elissah dormindo na poltrona ao
lado com a cabeça encostada no peito de Paulo e
segurando suas mãos, ela não saíra do hospital
desde o ocorrido, Layla então resolveu não se
meter ali, ainda lembrava da conversa que teve
com ela ontem, ela estava se culpando, mas
Layla resolveu não dizer nada por enquanto,
Paulo prometera que cuidaria de Elissah a
Everton, e levara muito a sério essa promessa.
...
Em fim Paulo despertou, mas sua visão
continuava escurecida r sua cabeça ainda girava,
ainda sentia as feridas dos tiros queimando, sua
respiração estava ofegante, tentou gritar para
chamar alguém mas de sua boca só saía
gemidos, começou a tentar se mexer mas não
obteve êxito pois seu corpo doía
insuportavelmente, foi então que ouviu a porta se
abrir mas não enxergava, quis perguntar quem
era mas as palavras não saiam, seu desespero
começou quando sentiu a mão enluvada pousar
vagarosamente em sua garganta e podia sentir o
polegar massageando levemente a região da
traqueia em movimentos circulares e esses
movimentos cessaram e o polegar começou a se
afundar nela como se fosse areia movediça,
Paulo tentou abrir a boca para puxar ar mas seu
agressor usou a outra mão para comprimi-la, sua
adrenalina subiu e seu coração estava batendo
muito mais rápido, a vida começou a se esvair
desenfreadamente, foi quando uma voz familiar
soou:
- Paulo, você está acordado?
Era Elissah! De súbito, toda aquela cena tornou-
se um borrão em sua mente.
Pela " segunda vez " Paulo desperta, mas em
divergência da " primeira " ele estava
enxergando, movia-se normalmente mas a
cabeça ainda doía por causa da medicação,
percorreu os olhos por um lado do quarto e
depois em outro lado até sua visão deter-se na
que talvez fosse a melhor coisa que ele poderia
ver, ela estava linda, maravilhosa, descabelada,
tão atraente quanto ele se lembrava, e seus olhos
denunciavam as lágrimas e a ausência de sono.
Elissah sentou-se ao seu lado e o presenteou
com um sorriso tão lindo que era difícil encontrar
outro semelhante, Paulo ergueu o braço e
gentilmente afastou os cabelos dela que
teimavam a cair pelo rosto e disse suspirando:
- Ah querida.
- Oi querido.
- Você tá bem? Elissah quase riu, ele fora
baleado e mesmo assim se preocupava com o
bem estar dela, ela respondeu com uma voz
doce:
- Sim, obrigada por me salvar.
- Eu fiz uma promessa lembra?
Nesse momento ela recebe uma mensagem de
texto de Daiana informando que Rexie e Lexie
estão bem, ele soltou um suspiro de alivio e
percebendo isso ele perguntou:
- O que foi?
- Rexie e Lexie foram baleados e Daiana acabou
de mandar uma mensagem dizendo que eles
estão melhores agora.
- Que bom! Disse Paulo deixando a cabeça
pesar no travesseiro, Elissah continuava a fita-lo
e ficaram se olhando por um longo tempo como
se a simples presença de cada um os livrasse de
seus males, e de súbito ela quebra o silêncio:
- Ei, eu te amo tanto... E assim ela se inclinou ao
lado dele e o beijou ternamente impedindo
qualquer resposta que ele daria, qualquer
pensamento, qualquer forma de buscar o ar,
qualquer forma de encontrar o fôlego que com
toda certeza estava perdido naqueles lábios
vermelhos que moviam-se junto ao seus como se
fossem um só, quando finalmente ela se afastou
ele disse em um suspiro único:
- Eu amo você mais que tudo.
Mas todo o clima montado ali fora bruscamente
interrompido pela enfermeira que ao ver a cena
ficou rubra, e gaguejando um pouco ela diz:
- Desculpem, mas preciso aplicar os
procedimentos.
Elissah riu do embaraço da mulher e disse:
- Tudo bem, você não interrompeu nada.
Quando Elissah levantou Paulo se viu tentado a
perguntar:
- Ei, você ainda vai me amar amanhã de manhã?
- Para todo sempre querido.
Ela sabia que ele estava fazendo uma clara
referência ao filme " O click " com Adam Sandler
e adorava as citações que ele fazia de diversos
filmes, quando ela passou pela enfermeira, uma
mulher bonita e aparentemente da mesma idade
ela diz:
- Ele é todo seu.
A enfermeira ficou mais vermelha do que já
estava e quando Elissah se afastou ela sorriu
graciosamente, quando chegou perto de Paulo
ele diz arregalando os olhos:
- Nossa! Você é muito linda! Já nos vimos antes?
- Não sei. Você tem grandes amigos senhor!
- Eu tenho os melhores.
*
Com Paulo hospitalizado, Edu assumiu a função
de direção do jornal, e enquanto organizava a
papelada já que era semana de pagamento, a
velha secretária de Paulo surge na porta
estranhamente nervosa dizendo:
- Seu Edu, tem um homem querendo falar com o
senhor.
- Tudo bem Ruth, pode deixa-lo entrar.
Minutos depois, um homem alto e forte entra na
sala com uma expressão indecifrável em seu
rosto, ele se dirige a Edu e aperta sua mão com
força sua mão dizendo educadamente:
- Bom dia Sr. Eduardo, sou o detetive Nathan
Martins, estou aqui sobre as circunstâncias do
atentado ao Dr. Paulo, governamental e líder
estrategista da divisão especial do exército.
- Quem te enviou? Perguntou Edu sem deixar
transparecer um certo espanto que sentiu ao
saber isso do passado do amigo, mas o detetive
carrancudo disse em um tom de voz firme:
- Assunto confidencial.
- E o que vai fazer agora se as investigações já
estão em andamento? Digo, já temos um detive
militar no comando das investigações.
- Não vejo problema nisso, ele será removido do
comando.
- Mas você não pode fazer isso!
- Estou apenas cumprindo as ordens que me
foram dadas.
- Ordens de quem?
E novamente Nathan respondeu com um tom de
voz que deixava transparecer seu desagrado:
- Assunto confidencial. E virou as costas e saiu.
Edu jogou-se pesadamente na cadeira, quando
pôs os pensamentos em ordem procurou seu
celular para ligar para seu amigo, e como não
encontrou usou o telefone fixo mesmo:
- Rafael?
- Sim.
- Escute. Você conhece o Detetive Nathan
Martins?
- Nunca ouvi falar dessa merda, por que?
- Ele está indo para a delegacia tirar você do
comando e das investigações!
- Como assim! Ele disse o motivo?
- Não, apenas disse com um tom suspeito que
era assunto confidencial, disse também das
ocupações de Paulo antes de ser jornalista.
- O que ele disse?
- Toda a carreira militar de Paulo.
- Pelo menos isso é verdade.
- Mesmo que ele seja um militar especial ele
pode tirar você do caso?
- Pelo que você deu a entender a patente dele
para ser superior a minha, se caso isso ocorrer e
ele tiver jurisdição internacional ele pode sim.
- Merda! Disse Edu pegando as chaves do carro
e saindo correndo da sala:
- Rafael, em quanto tempo você retira toda
papelada e dados sobre o caso?
- A papelada eu sempre guarda em caixas e os
dados já estão salvos em cinco pendrivers
especialmente codificados.
- Você é o melhor cara.
- Eu já sabia disso, mas pra onde eu vou já que
provavelmente vão revistar minha casa?
- Vai para a casa de Daiana, vou ligar para ela e
avisar.
- Ok.
- Assim tiram a atenção de Paulo e Elissah.
...
No caminho do hospital Edu liga para Diana para
informar a ida de Rafael:
- Daiana, o Rafael está indo se esconder ai!
- Meu Deus! O que houve?
- É uma longa história que vou lhe explicar
quando chegar ai ok?
- Ok.
*
A pedido de Rafael, Rodrigo foi até a casa dele o
mais rápido que podia e pegou o máximo de
roupas e objetos que Rafael havia pedido, a ideia
era retirar as coisas essenciais sem fazer muitos
estardalhaço muito pelo fato de que todo mundo
conhece o Rodrigo e seu aparente sedentarismo
e vendo aplicando altas descargas de adrenalina
causaria estranheza com os poucos moradores
da cidade e não foi para chamar a atenção que
ele decidiu morar em Riverton.
Quando Rodrigo colocava os últimos
documentos na caixa, ele notou que um carro da
policia estava se aproximando da casa, e agora
não tinha como chegar no carro! Mas antes que o
carro da polícia pudesse parar, um veículo em
alta velocidade passa do lado da viatura
obrigando-os a persegui-los e Rodrigo segue
aliviado para o carro. O que o deixava tenso é
que para manter as aparências ele não pode
ceder ao seu impulso natural de acelerar seu
carro, enquanto dirigia pensava no assunto da
repentina vida de um homem que aparentemente
tinha ciência do grande segredo de todos, não o
fato de Paulo ser um ex-militar por assim dizer,
mas algo que pode por em risco a vida de ambos
os seus amigos, em parte ele mesmo se culpa, já
que isso tudo é um carma como costumava dizer
Fernanda, falando em carma, Rodrigo chegou a
conclusão de que com o sumiço de Rafael ele vai
procurar Edu e provavelmente irá revirar a casa
dele! Aposto que o velho Edu não pensou por
esse lado, e pensando nisso Rodrigo liga para
Edu avisando-o da possibilidade que o mesmo
calculara e Edu se aprontou em desviar de seu
caminho e ir direto para sua casa, por sorte seus
documentos ficavam dentro de caixas por causa
da falta de espaço que estava tendo, enquanto
Rodrigo se aproximava da casa de Daiana ele
ligou para Layla para saber do estado de seu
irmão já que não perguntava por ele a dias.
*
Elissah observava o vai e vem das enfermeiras e
dos médicos pelo corredor, admirava o trabalho
deles, você tem quer corajoso e atencioso para
ser um médico, mas hospitais lhe trazem más
recordações, como ás de seus pais, de sua irmã,
se bem que nem pode ver o corpo de sua irmã
por causa das tentativas de reanima-la, ela
estava encostada na porta de costas ao quarto,
Paulo estava dormindo um bom tempo, mas logo
pode ouvir a voz rouca e sonolenta dele:
- Você é linda de todos os ângulos,
principalmente desse.
Ela virou-se sorrindo e disse:
- Notou que você mesmo meio dopado continua
muito bobo?
- Eu sei. Disse ele com um leve sorriso e
fechando os olhos afundou-se em seu
travesseiro, deliciando o calor que sua amada
transmitira ao se aproximar e sentar na cama e
segurar sua mão e do nada começou a dizer em
um tom de voz nostálgico:
- Uma vez, eu e Everton fomos pescar com vovô,
passamos o dia inteiro naquele barco e o meu
avô pegava tudo quanto é tipo de peixe, já eu
peguei botas, garrafas e até uma placa de um
carro de Iowa - Riu Paulo dessa lembrança
enquanto Elissah tentava imagina-lo assim -
Everton havia conseguido pegar alguns peixes,
mas quando a tarde chegava seu fim eu peguei o
maior de todos que eles já haviam pescado, foi
muito bom, e nós tínhamos apenas quatorze anos
e foi a última vez que o vi com vida, e no final do
dia Everton estava guardando as coisas no carro,
então meu avô me chamou num canto e me disse
" Você é tão bom quanto qualquer outro para
guardar segredos, sorte de quem poder contar
seus segredos a você mas a coisas que você
deve manter consigo por mais tempo ". Ele era
sempre sábio, e depois daquele dia eu descobri
o que eu realmente seria.
- O que?
- Um grande amigo. Disse ele rindo.
Capitulo 9
E os dias se seguiram com Nathan liderando
uma feroz procura em busca de Rafael e os
dados, revistaram a casa dele, do Edu, de
Rodrigo e Layla, de Elissah e a de Paulo também,
mas não achou nada, e seguiu assim por uma
semana, nesse meio tempo Daiana e Edu
finalmente se entregaram a paixão arrebatadora
que um nutria pelo outro em segredo e Rafael
aos poucos desmembrava as informações tanto
da vida do detetive especial quanto á de Paulo,
afinal, só entendendo o passado que você
descobre o futuro de alguém.
Na manhã seguinte, Daiana acorda e vê Edu
sentado na cama, ela sorriu e levantou-se
devagar, a coberta era á única coisa que cobria
seu corpo e ao se levantar a mesma deslizou de
si, ela inclinou seu corpo nas costas de dele e
beijando-lhe a nuca disse:
- Bom dia!
Ao vira-se, ela já havia pegado o cobertor e
coberto o corpo, mas o modo que ela segurava
expunha uma pequena parte do seio direito, ela
estava descabelada, sonolenta e tão linda que
que os seus quarenta e seis anos pareciam não
pesar, ele se aproxima dela e a beija longamente
antes de dizer:
- Bom dia, dormiu bem?
- Como um anjo, sabe, acho que talvez um de
nós deveria comentar a noite de ontem.Disse ela
com as maçãs do rostos ficando rubras, mas a
resposta de Edu fora um sorriso maroto
acompanhado de um ar travesso:
- Algo me diz que tenho que deixar esse
comentário pra você fazer.
- Foi bom pra caramba! Disse ela com um sorriso
travesso, e ele responde com satisfação:
- Sabia que deveria deixar você comentar.
Ela levantou-se para ir ao banheiro abandonando
a única coisa que cobria seu corpo, Edu não
deixou de mirar sua namorada de cima em baixo,
ela olha com um tom sedutor e diz:
- O que foi? Nada que você nunca tenha visto.
Edu foi até a cozinha e tratou de fazer o café para
Daiana, depois da noite de ontem tinha muito que
agradecer a ela, e também para o Rafael que
estava trabalhando bastante para obter as
informações necessárias. Quando chegou no
quarto do porão onde Rafael já se encontrava em
atividade, ele estendeu o copo de café ao
detetive e disse:
- Você dorme garoto?
- Eu queria cara, mas achei coisas tão
interessantes que fiquei sem sono, e também tem
o fator de que sua cama pode acabar quebrando,
você devia parafusar ela na parede.
- Por que cara? Perguntou Edu rindo:
- Na hora do pega pá capá incomoda a beça.
- E como. Disse ele deliciando as lembranças:
- Não vai perguntar o que eu descobri?
- Ah, claro, o que você descobriu?
- Primeiro, para saber quem atacou, pesquisei
sobre Paulo e Elissah, por parte dela tudo
tranquilo, todos os registros, vacinas, escolas que
estudou está tudo ali, já de Paulo, já de nosso
conhecimento que ele tem uma passado
conturbado, mas segundo os registros, ele fora
preso em 2011 pois saqueou o computador do
FBI e fez backups dos arquivos de um caso em
específico.
- Mas por que o caso da morte de Everton e Ally
seria investigada pelo FBI?
- Acho que foi por causa das circunstâncias e
dos envolvidos. Segundo as informações que
Paulo conseguira, a colisão fez com o carro de
Everton despencar no abismo, como é conhecido
o precipício da curva de saída da cidade, era um
carro oficial da promotoria, e quem dirigia era o
detetive Natanael Marinho que aparentemente
morreu no local.
- Como assim, aparentemente por que?
- Por que na versão oficial dada pela policia de
Riverton dizia que Everton vinha em alta
velocidade e colidira com o carro da promotoria,
ou seja, jogaram a culpa na vítima.
- Mas Everton não corria em alta velocidade, ele
sempre teve medo disso.
- Exatamente chefe, por isso que Paulo resolveu
investigar, digo, esse foi um dos motivos que o
fizeram investigar.
- Tem outro?
- Sim, no mesmo dia, na entrada de Iowa, pai e
filha foram mortos eletrocutados por causa da
chuva de raios, seus rostos ficaram totalmente
desfigurados impossibilitando reconhecimento
facial.
- E o que tem haver um coisa com a outra?
- Quando encontraram o carro de Everton horas
depois na costa, não havia nenhum corpo!
*
Paulo já conseguia caminhar sozinho pelos
corredores, mas ainda não estava bem o
suficiente para o Dr. Luís Miguel lhe dar alta,
perambulava a caminho do jardim do hospital
com os pensamentos detidos em 2010, quando
recebeu a noticia da morte de seu amigo, mas
não conseguia acreditar que ele morrera, ainda
bem mais correndo no trânsito, primeiro, Everton
era extremamente hábil no volante, mas era
medroso no que dizia respeito a velocidade,
aqueles exames que lhe indicavam alguma
doença já tinha noção do que eram, mas por que
o médico do exército dissera isso a ele? O
mistério de todo a essa estória sapateava na
mente de Paulo que só ouvia o barulho dos
sapatos dos dançarinos e absolutamente mais
nada, e foi com a cabeça submergida em
perguntas ele chegou ao jardim onde Elissah o
esperava junto com Layla e Rodrigo, este por sua
vez levantou e foi na direção do irmão e
abraçando-o disse:
- Que bom que está melhor!
- Eu sei, você me amam.
Rodrigo soltou aquela risadinha e pensou " Pelo
menos o humor ainda está intacto ", Elissah
levantou-se e o abraçou graciosamente e beijou-o
com graça semelhante, após terminar ela diz:
- Bom dia meu amor.
- Bom dia querida!
Logo Layla fora quem o abraçou e conduziu ele
ao assento e disse:
- Se você morrer eu te mato ouviu? Ainda vou
querer você por perto.
- Querida. Disse ele beijando-lhe a testa - Eu
levei quatro tiros e não morri, entrei pra galeria da
imortalidade.
E todos riram.
*
Rafael passara horas sem sair daquele quarto,
montar uma linha do tempo já era uma tarefa
complicada, mas montar uma linha do tempo de
quem é a completa e complexa personificação de
um guardião de memórias é uma tarefa que só os
loucos sabem, enquanto fazia isso Edu e Daiana
saíram por dois motivos, primeiro queriam
desfrutar da presença um do outro, mas também
tirar os policiais que achavam que estavam
escondidos vigiando a casa, dando assim um
pouco mais de tranquilidade para o amigo
trabalhar.
O que era curioso é que de 2010 pra cá tudo
está claro como água, mas antes disso é tudo um
amontoado de informações que aparentam não
ter conexões, quero dizer, outras, e como não
estava conseguindo andar para frente nessas
pesquisas ele resolveu investigar os ocupantes
do carro no dia do acidente, tinha a Chris Morgan
que é a atual comissária de policia, já o Natanael
ele não estava conseguindo nada, talvez ele
fosse a peça que faltava para entender o mistério,
buscou a ficha dele e foi direcionado a um banco
de dados de ex-policiais de Nova York, o rosto
lhe parecia muito familiar mas não lembrava de
onde, na ficha dizia que o mesma falecera em 11
de janeiro de 2010, enquanto lia Edu surge
ofegante e perguntou ao fitar a foto no monitor:
- Pesquisando sobre o Nathan?
- Não, por que?
- A foto dele tá no monitor.
- Tem certeza Edu? Perguntou Rafael ampliando
a imagem:
- Claro como água, mas por que?
- Ele provocou o acidente, mas a promotoria
estaria envolvida dos pés a cabeça, tantos Chris
Monagan quanto o presidente do país não
estariam em seus cargos, então zeraram
Natanael Marinho e criaram Nathan Martins.
- Então o que ele faz como detetive especial?
- Boa pergunta, com cara sem passado pode ser
qualquer pessoa, e por hora estou sendo
acusado de tentar assassinar Paulo e Elissah.
- Esse cara quer te encontrar mesmo.
- Pois é, mas é só uma questão de tempo até
nosso último e mais rico recurso chegar.
- Bom, vou dar um pulinho no hospital, já que
Elissah não sai de lá talvez encontre ela e os
outros,
- Vai lá.
*
Nathan estava na sala vaga que ficava ao lado
da sala de Rafael, pesquisava assuntos
concernentes com a investigação quando ouve
batidas estridentes na porta e antes que pudesse
fazer algo uma figura imponente adentra a sala,
João Paulo, prefeito de Riverton e grande amigo
de Paulo, Rafael, Rodrigo e Edu é um homem
alto e com uma forte presença, tanto é que
Nathan não conseguiu continuar sentado quando
ele chegara, e quando ele começou a falar era
impossível ignora-lo:
- Boa tarde detetive, sou o prefeito João Paulo, e
soube que o senhor está acusado o detetive
Rafael de tentativa de assassinato a seus dois
melhores amigos, pode me explicar o motivo?
E sentindo-se estranhamente desconfortável
com a presença de João, Nathan falou com a voz
mais educada que conseguiu:
- O senhor não tem direito de... Mas não pode
completar a frase pois João assumiu uma postura
altiva e disse:
- Escute aqui, sou o prefeito, sem bem até onde
posso ir, além do mais sou o principal financiador
e fornecedor bélico da divisão especial e eu
posso fazer com que você seja reduzido a
patente mais miserável que existir e se ela não
existir, criaremos uma! Agora responda a
pergunta detetive.
- No dia seguinte ao atentado. Disse Nathan
engolindo a seco - O detetive Rafael desapareceu
levando consigo dados já conseguidos e
documentos, o ato de tentar encobrir as pistas o
torno culpado.
- Não meu amigo, isso o torna um suspeito,
quero que retire a acusação e o ponha na lista de
suspeitos.
- Isso ai sou eu quem decido.
- Aconselho você a decidir assim.
- Se me der licença eu não trabalho a fazer.
*
Edu e Daiana caminhavam de mãos dadas até o
hospital, quando chegaram na entrada
encontraram João e sua esposa, Milena, então
Edu o cumprimenta dizendo:
- Oi amigo, como foram os negócios?
- Fracos, comprei uma empresa petrolífera e
uma de produtos de química.
- Você chama isso de fraco? Então seu forte é
conseguir comprar a lua?
- Eu queria, mas essas empresas vão melhorar e
quando isso acontecer vou vender as ações por
cem vezes mais do que elas valem agora, sim,
sou um gênio.
E caso não tenha ficado muito claro, o João é
podre de rico, fizera a maior parte de sua fortuna
em indústrias petrolíferas, e após conseguir um
milhão, ele investiu e conseguiu mais dois, três e
hoje é o homem mais rico do mundo e mago das
finanças.
Em pouquíssimo tempo os dois casais chegaram
ao jardim onde os outros se encontravam, Paulo
os recebe com alegria como se aquilo nem fosse
um hospital, João falara de como fora a viagem,
do sucesso que Milena fazia no balé e na dança
em geral, mas enquanto Elissah e Daiana
conversavam sobre suas vidas conjugais, Edu
chama Paulo um pouco mais afastado dos
amigos e diz em voz baixa:
- Estou precisando de sua ajuda.
- Para que?
- Você sabia que o carro de Everton fora
encontrado sem corpos?
- Mas eles me disseram que horas mais tarde
acharam os corpos, mas os rostos estavam
impossíveis de distinguir.
- Rafael seguiu a todo vapor com as pesquisas
baseadas nos dados que você já tinha
conseguido roubar antes de ser preso, e no
mesmo dia em que ocorreu o " acidente ", Um pai
e uma filha de Iowa morreram eletrocutados e
seus rostos ficaram irreconhecíveis.
A cabeça de Paulo girou, por um momento
sentiu-se pisar em ovos, todos o fitaram
preocupados, o brilho nos olhos de Elissah eram
de preocupação, então ele torna a dizer a Edu
com a voz quase sumindo:
- Então quer dizer que eles podem estar vivos?
- Sim.
A resposta de Edu fez o coração de Elissah bater
muito mais forte, a ideia de Ally estar viva era a
força que precisava para enfrentar aquela
situação, mas e se Everton estiver vivo, como
ficaria a vida dela já que estava apaixonada por
Paulo? Ela e Paulo ficaram se olhando, enquanto
a angústia saltava-lhe os olhos a escuridão
tomava conta do olhar dele, ele sabia a resposta
e Elissah também, nesse mesmo instante o
celular de Edu toca distraindo-os de seus estados
contemplativos:
- Alô, quem fala?
- Passe o para Paulo por favor!
A voz do outro lado da linha parecia
desesperada, mas Edu não passaria até saber
quem era, então insistiu:
- Primeiro me diga quem é que está falando!
- Não há tempo cara, passa o celular para Paulo,
é urgente!
- Me diga.. mas a voz o corta com uma explosão
de raiva:
- Passe a porra do telefone pra ele!
E de raiva Edu passou o celular para Paulo que
diz coma voz ainda meio rouca:
- Diga.
- Existe uma carta em meu cofre, peça para
Elissah pega-la e trazê-la a casa perto do
cemitério.
- Por que?
- Você sabe, confie em mim.
- Está bem.
- Pode soar meio gay mas eu não liga, eu te amo
cara.
- Eu também mano.
- Contou alguma coisa a ela?
- Não, e o que você pretende fazer?
- Revelar parte do jogo a ela.
- É, talvez ela não suporte a outra parte do jogo.
*
O detetive Nathan Martins estava mais tranquilo,
finalmente poderia concluir aquilo pela qual foi
enviado a essa cidade, ia solucionar o caso de
uma vez por todas, já que cometera erros,
equívocos e imprecisões que não cometeria
dessa vez, mas Paulo mostrou-se mais forte do
que dava a entender no dossiê que seu chefe lhe
deu, mas não só para agradar a seu chefe que
ele deveria mata-lo mas também por ele ser o
único que podia desmascara-lo, afinal, o acidente
que ele provocou matou uma peça principal de
toda uma engrenagem e os terroristas para quem
ele trabalha não toleram fios soltos, e essa noite
amarraria o último.
*
Seguindo as orientações de Paulo, Elissah foi
em casa pegar a carta que estava no cofre de
Everton e anotou o endereço, devagar pois não
sabia se realmente queria ver o homem da
ligação, e se fosse Everton, como diria que ela
agora estava com o melhor amigo dele? De
qualquer modo iria, afinal, isso poderia se tornar
um problema se for ignorado, ela então se
apressou em ir até o carro e dirigir até a casa
decadente que ficava naquele endereço. A casa
era grande e precisava de reparos urgentemente,
outrora o verde era predominante na cor das
paredes que agora eram erodidas pela ação de
intemperismos ao longo dos anos, o lado é visível
nos cantos onde deveriam ter flores e as janelas
da parte esquerda da casa estavam destruídas,
dava calafrios entrar naquela casa, os pelinhos
da nunca dela se arrepiaram, ela caminha
devagar e em fim chega dentro daquele lar da
decadência que era acentuado pelo tom
acinzentado daquele fim de tarde e que promete
fortes chuvas a noite, respirou profundamente e
abriu a porta, e para seu total espanto, o interior
da casa estava livre da decadência que reinava
na entrada, muito bem mobilhada , bem ao estilo
de:
- Elissah?
Ao olhar para trás, não pode acreditar no que
via.
Capitulo 10
As dores voltaram com certa força em Paulo, e o
Dr. Luís Miguel fora rápido em aplicar o
medicamente e coloca-lo na cama novamente,
Rodrigo e Layla eram os únicos lá e não
cogitavam a ideia de sair tão cedo, Layla odiava
quem fez aquilo com Paulo, ela o amava como o
irmão que ela não teve, ela ficou abraçada com
Rodrigo em completo silêncio, porém o mesmo
fora rompido por Edu que chegou em um tom
sério dizendo:
- Confirmado que Everton está vivo.
- Meu deus, que bom! Disse Layla beijando
Rodrigo, enquanto Edu ainda estava com a face
amarrada, então ela pergunta:
- O que foi?
- Cara, quando vê-lo terei que pedir muitas
desculpas pelo modo que atendi o telefone se
quiser manter meu emprego.
- Relaxa. Disse Layla acariciando os cabelos
dele - Ele é bastante compreensivo.
- Ou não. Disse Rodrigo rindo do amigo.
*
Elissah não conseguia conter e nem tentava
conter a emoção, era muito bom saber que sua
família estava reunida de novo, e seu marido
estava vivo! Ela o cobria de beijos e abraços,
procurava alguma forma de extravasar sua
alegria e certificar-se de que tudo aquilo era real,
e ainda quase colada a ele pergunta:
- Por que você não voltou? Hein, você podia ter
voltado, assim eu não ficaria nessa sinuca de
bico.
E ainda enlaçado a ela, Everton respondeu com
a voz carregada da mais pura emoção:
- Por um momento ou dois, eu achei realmente
que estivesse morto, mas quando eu despertei eu
vi que havia batido com muita força a minha
cabeça depois de ter conseguido resgatar a Ally,
que antes que você me pergunte está lá dentro
dormindo, ela passou por males bocados.
- Olhe. Disse ela entregando a carta - Paulo
mandou entregar isso.
Paulo.
A angústia tomou conta, já não sabia se seguia
com o marido ou dava uma chance a Paulo,
dilemas. Ao ver o sorriso de satisfação e triunfo
estampado no rosto de Everton ela pergunta:
- O que tem nessa carta?
- São os dados que a agência precisa para poder
pressionar o governo atual a penalizar algumas
células terroristas ativas no país que que estão
incubadas em empresas responsáveis pelo
financiamento das campanhas dos principais
políticos do país.
- Amor, não estou lhe entendendo.
- Querida, eu sou um agente especial e chefe da
divisão especial.
Elissah não deixou transparecer seu espanto e
perguntou:
- A quanto tempo?
- Doze anos.
- O Paulo sabia?
- Foi ele quem a criou, ele é o cabeça-pensante
disso tudo.
- Meu Deus, tem mais alguém que eu conheça?
- Rafael, João, Crislane e Melissa.
- As minhas irmãs? Agora sim ela deixou
transparecer seu choque.
- Sim.
- Então foi por isso que tentaram te matar.
- Precisamente, mas alguém cuidou de mim.
- Quem?
- Fernanda!
*
Com as informações conseguidas por Rafael
esta manhã, Nathan sumiu de seu posta da
polícia junto com os arquivos, o que tudo indica
que ele mesmo finalizaria o serviço, e como João
e Paulo não eram amadores naquilo que faziam,
implantaram o sistema que Melissa elaborou para
o dia que isso aconteceria, mas esse esquema já
havia sido implantado no hospital a mais tempo,
Luís Miguel tem sido um grande aliado deles,
mas por conta da condição de Paulo vai ser meio
complicado manter o esquema com a mesma
configuração, e a missão foi de capturar um "
terrorista" para proteger seu líder..
Paulo ainda se encontrava em grandes
dificuldades para se mover, de qualquer modo
todo seu equipamento estava no quarto, tinha
noção de que Nathan voltaria pois precisava
concluir o serviço, mas sua mente não se voltava
totalmente a esse assunto, na verdade estava
quase toda voltada para Elissah, e em como a
ganhara e perdera em tão pouco tempo, mas por
outro lado estava feliz ao vê-la bem e com sua
família restruturada, estava bem até demais com
aquela situação.
Do lado de fora do quarto de Paulo, João, Edu,
Miguel e Rafael conversavam, quando um
barulho vindo do jardim do hospital os desperta a
atenção, João fez um sinal para os quatro irem
por caminhos apostos, ele seguiu calmamente
pelos corredores, foi quando deu para ver que no
jardim haviam cinco homens armados, João saca
com desenvoltura invejável e dispara, obviamente
errou de propósito, uma vez que mirou na câmera
escondida nas árvores, não queria a polícia de
Riverton comprovando a existência da equipe
deles, cada um dos amigos apareceram em
lugares distintos e os capangas não sabiam quem
havia disparado, por via de dúvidas começaram a
disparar contra eles, todas as armas usadas de
ambos os lados usavam silenciador, nenhum ali
estava afim de chamar a atenção.
Rafael para a direita para esquivar-se de um dos
atiradores e com muito precisão conseguiu
alvejar o joelho, o homem solta a arma e caí no
chão se debatendo, foi no momento que para
acabar com a agonia dele Rafael atirou na sua
cabeça, o dr. Miguel estava totalmente perdido
naquilo, João então se aproximou dele e entregou
uma arma na sua mão dizendo:
- Vai com tudo garoto!
E assim ele começa a atirar sem tanta destreza
quanto aos seus colegas, e isso fica evidente
quando ele deixa sua arma cair após levar um
golpe de um dos criminosos que acabaram de
aparecer para reforçar o grupo que já estava ali,
mas no manuseio de armas brancas ou na força
corpórea o doutor se saia muito bem, ele
conseguiu se livrar de seu agressor e rolar para
os arbustos sem que prestassem muita atenção
nele, e fica lá por alguns segundos, quando
ambos pararam para recarregar Miguel corre no
meio deles e pega sua arma já atirando, e
quando os bandidos conseguem recarregar a
arma Miguel retira o cartucho e lança para João
que o coloca na arma e já puxa o gatilho, e faltou
agora mais cinco, enquanto continuavam a trocar
tiros João diz a Miguel com o tom brincalhão:
- Not bad my friend! E assim virou-se em função
de seu aguçado reflexo e aplicou um golpe
oriental em um dos capangas, mas tanto Rafael
quanto Edu sabiam que não sairiam dali tão e
essa era a chance que Nathan precisava para
matar Paulo.
...
Ao receber o sinal de que haviam caído em uma
armadilha e não poderiam auxilia-lo, Paulo se
levanta com dificuldade e troca de roupa, era
impossível fazer qualquer coisa naquela roupa de
hospital, se pôs de pé mas ainda se apoiava na
cama, pegara a maleta que estava do lado dela e
pegou as duas pistolas e seus respectivos
coldres e os colocou no cinto, pegou uma arma
maior e colocou na mochila em suas costas, e a
outra arma maior que havia com ele e fora com
ela em punho, e bem devagar saiu do quarto, por
sorte, nas semanas que esteve ali conseguiram
esvaziar o hospital, Paulo foi meio que se
arrastando pelas paredes do corredores, e pouco
a pouco sentia a vibração da marcha de alguns
homens, pelo impacto das passadas acreditava
que eram homens bastante fortes, a medida que
os passos se tornam mais intensos ele sentia que
podia ser a última vez que fazia o que sabia de
melhor, e mesmo que não ganhasse todos os
segredos que guardara morreriam com ele, ele
então ativa seu comunicador que o leva em
contato direto com seu amigo e diz:
- Melhor vir ajudar os outros no jardim, veio mais
capangas do que imaginávamos.
- E onde você está?
- Eles estão no jardim.
- Paulo...
- Confie em mim. E desligou o comunicador sem
dar a chance de Everton tentar usar qualquer tipo
de argumento que possa dissuadi-lo a não
enfrentar Nathan e os capangas sozinho, ,
provavelmente ele não quis " sujar as mãos",
todos aqueles homens olhavam para Paulo com
se ele fosse um prêmio máximo de uma
competição, provavelmente aquele que o
matasse ganharia algo de valor, fazer o que, ele
era amado por todo o tipo de criminoso em
alguns países, mas mesmo com o risco iminente
de um massacre contra sua vida, Paulo não
perdia a chance de debochar da morte, então diz
no tom de voz mais debochado que conseguiu
fazer:
- O que estão esperando? A mulher de cada um
já disse que sou muito homem, que tal virem aqui
pra eu mostrar como uma homem de verdade
faz?
Pronto. Quando você ofende a mãe ou a mulher
de um homem ele perde a cabeça, imagina
ofender as duas, agora imagina fazer isso com
alguns assassinos de países diferentes?
Quando se deu por conta já estava se
defendendo de golpes e os aplicando como
podia, atirava em quem dava para atirar, oferecia
o rosto para poder atirar com maior precisão, se
via no meio de gigantes lutando pela sua vida e
de muitas outras, e tudo isso em nome de
memórias? Até quando é sensato guardar
memórias por alguém?
Até o último segundo da vida!
*
Apesar de não ser mais um bebê, Ally estava
anilhada no colo de Elissah que não conseguia se
afastar dela nem que fosse nem por um segundo,
e essa mesma força de atração levava seus
pensamentos tanto a Paulo quanto a Everton e
consequentemente esbarrava na sua irmã, sua
filha relatara todos os momentos angustiantes
que passara e até aquele momento estava
atenta, mas quando sua filha começou a falar dos
tempos em que estava com a tia ela parou de dar
toda a atenção, foi no momento de devaneio que
Ally perguntou:
- Mãe.
- O que foi querida?
- Como tá meu tio?
Elissah respira fundo, e com pesar no coração
ela responde:
- Sim filha, ele está...
...
Bem no meio de dois brutamontes, com
dificuldade conseguiu abrir um espacate perfeito
e os derrubou, levantou-se rapidamente e
descarregou o que sobrava de balas em sua
arma, quando acabou recebeu um chute
monstruoso de baixo para cima, foi o suficiente
para dar tempo para pegar as pistolas e
simplesmente as descarregou em cima de seu
agressor e logo viu que aquela briga não levaria a
lugar nenhum, Nathan não estava ali e
provavelmente destruiria as provas, os capangas
também contam como provas, mas depois que
Paulo alcançou a arma que estava na mochila só
sobrou quatro dos vinte e um que se propuseram
a lutar, foi quando os cinco lutadores notaram um
objeto rolando na direção deles, momento
perfeito para Paulo matar o última que o segurava
e começar a correr loucamente, tinha um
caminho relativamente longo e não podia perder
muito tempo ali.
*
Rodrigo, Layla, Everton e os outros já esperavam
Paulo no lado de fora, não sabiam em que ala do
hospital Paulo estava e não chegariam a tempo
de ajuda-lo, mas havia uma sensação crescente
de angústia na mente de todos.
*
E nesse crescente desespero Paulo ouviu a
explosão, estava quase na porta mas o fogo era
tão rápido quanto e o alcançara enquanto pulava
para fora do hospital , sentia a fina chuva arder
contra seus ferimentos, , não via nada além de
escuridão, e foi nesse turbilhão de pensamentos
que ele alcançou o chão, conseguiu abrir os olhos
levemente, e apenas viu passos vindos em sua
direção e por fim vira a consciência se esvair
junto a chuva.
Epilogo
De súbito Paulo desperta, mas não ousa abrir os
olhos, não de imediato, queria antes certificar-se
de que não havia morrido, se mexeu na cama
mas ainda estava em baixo dos lençóis e
cobertores e por debaixo deles se espreguiçava,
as vagas lembranças do último evento ainda
explodiam na sua cabeça e não queria, mas sua
mente o obrigou a remoer aquilo, ele levantou-se
devagar e sentou-se na beira da cama, quando
viu o que vestia, uma calça e uma blusa de cetim
branco ele se perguntou onde estava e quem o
havia trocado, mas a pergunta não se firmou,
nada estava como estava acostumado, e sua
cabeça nem doía tanto e num impulso conseguiu
levantar-se da cama ainda com dificuldade, e
com a mesma dificuldade se arrastou até o
banheiro, e parou em frente ao espelhos, olhava
para os seus cabelos, estavam mais grisalhos
que o normal assim como a áurea escura que
vinha de seu olhar deixou de existir, e um pouco
acima do supercilio havia um esparadrapo, sorriu
ao ver que não estava tão mal e após lavar o
rosto ele se encaminhou para fora do quarto,
massageava a têmpora e ignorava suas
cogitações, seu quarto ficava no fim de um
corredor, e nesse corredor havia uma janela que
dava de cara para a área mais verde da casa,
logo pode deduzir que estava em uma casa de
campo, então seguiu vagarosamente seu
caminho até a escada, quando chegou no
primeiro degrau, uma voz bem familiar surge
dizendo:
- Deixa eu dar essa moral meu chapa! Era
Everton.
Ele ajudou o amigo a descer e chegar a mesma
onde todos já estavam, todos que estavam ali o
fitaram com sorrisos mais que sinceros, Ally veio
quase correndo abraça-lo, era muito bom poder
abraçar sua sobrinha de novo, Layla veio logo em
seguida, depois foi a vez de Elissah que durante
o abraço diz:
- Tenho uma surpresa pra você!
Ao sair da frente dele, ele deu de cara com uma
bela mulher cujo o sorriso era o suficiente para
nascer flores em desertos, a mulher por quem se
apaixonou primeiro e que ele achou que havia
perdido:
- Fernanda!
- Paulo!
Os dois se abraçam forte e se beijam
sofregamente em uma tentativa de compensar os
dez anos que não se viram, quando finalmente
terminaram Fernanda diz ao pé de seu ouvido:
- Eu também tenho outra surpresinha!
Logo Rexie e Lexie adentraram saltitando a sala,
devido aos ferimentos os dois ainda tinha alguns
curativos mas era muito bom tê-los por perto de
volta, Paulo então se conduz devagar até o João
entregara bengala para ele, e como maior
destreza ele se reaproxima da mesma e
pergunta:
- Onde estamos?
- Em Oriental, Carolina do norte, os cidadãos de
Riverton estão agitados, resolvemos viver aqui
mesmo, ainda há muita coisa a ser feita. Disse
Edu abraçando Daiana.
- Tem razão, vamos comer!
...
Após o café, cada um com seus respectivos
pares foram fazer algo de diferente, mas Paulo e
Fernanda foram até o escritório e conversaram e
se amaram por horas, em fim poderiam ter a
chance de serem felizes.
Horas mais tarde, o sol já começava a se por e
Paulo estava bem afastado do casarão, vendo
aquilo Elissah foi devagar até ele, a distância
Fernanda observava os dois e por sua vez era
observada por Everton. Elissah senta ao lado de
Paulo que diz distraidamente:
- Veio em busca de respostas?
- Não sei, tudo foi tão depressa.
- Isso é verdade.
- Você e a Nanda estão se dando bem né?
- Sempre, é estranho você ficar muito tempo
longe de quem você ama.
- Mas e nós? Disse Elissah segurando-lhe a mão
- E nós?
E sorrindo discretamente Paulo falou:
- Nós? vamos ficar bem.