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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pedagogia
Ricardo Luiz Enéas Netto
CONCEPÇÃO DE ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO NA
PERSPECTIVA DO ESTUDANTE DE PEDAGOGIA
LINS – SP
2019
1
Ricardo Luiz Enéas Netto
CONCEPÇÃO DE ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO NA PERSPECTIVA DO
ESTUDANTE DE PEDAGOGIA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação da Profª Dra Fabiana Sayuri Sameshima e orientação técnica da Profª Ma. Fatima Eliana Frigatto Bozzo
LINS – SP
2019
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Ricardo Luiz Enéas Netto
CONCEPÇÃO DE ESTÁGIO NÃO OBRIGATÓRIO NA PERSPECTIVA DO
ESTUDANTE DE PEDAGOGI
Enéas Netto, Ricardo Luiz
Concepção de estágio não obrigatório na perspectiva do estudante de pedagogia / Ricardo Luiz Enéas Netto – – Lins, 2019.
49p. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Pedagogia, 2019.
Orientador: Fabiana Sayuri Sameshima
1. Estágio curricular. 2. Estágio extracurricular. 3. Formação acadêmica. I Título. CDU 37
E47e
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DEDICATÓRIA
Dedico essa pesquisa a todos que estiveram comigo
durante esses longos 4 anos, em especial meus pais
Pricila e Ricardo, meus avós Fatima e Sebastião e
minha namorada Roberta sem eles eu não teria chego
até aqui.
Ricardo
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças e muita
paciência para terminar o curso e essa pesquisa, Aos meus
pais Pricila e Ricardo, meus avós Fatima e Sebastião e a
minha namorada Roberta por estarem sempre comigo me
apoiando, me dando forças e ajudando no que foi preciso.
Agradeço também a minha orientadora Fabiana por ter sido a
mais paciente orientadora de todos os tempos, e a professora
Fatima pelas cobranças e orientações que contribuíram muito
para essa pesquisa acontecer.
Ricardo
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RESUMO
O estágio nos cursos de licenciatura além de permitir a reflexão sobre a teoria e prática, tem como finalidade conhecer a realidade sobre o mercado de trabalho que o futuro profissional atuará, assim como valorizar a aprendizagem contínua e desenvolver habilidades e competências necessárias a profissão escolhida. Essa pesquisa teve como pretexto investigar a concepção de estágio no curso de Pedagogia, como enfoque principal o estágio não obrigatório. Os objetivos específicos foram de apresentar um breve histórico sobre as concepções de estágio no Brasil; investigar sobre a história e a legislação que regem o estágio no Brasil; analisar qual é a concepção de estágio não obrigatório de estudantes do oitavo semestre do curso de Pedagogia isso foi feito através de pesquisas bibliográficas. O objetivo geral do trabalho foi analisar a concepção dos estudantes do curso de pedagogia sobre estágio não obrigatório, apresentando as possibilidades a serem desenvolvidas pelos estudantes/estagiários durante sua formação acadêmica. Neste sentido, participaram da pesquisa, 20 alunos, matriculados no 8º semestre do curso de Pedagogia, de um Centro universitário no interior de São Paulo. Para a coleta de dados foi elaborado um questionário, contendo 14 perguntas. A análise foi baseada na pesquisa quantitativa e qualitativa. Os resultados indicaram que a maioria dos alunos realizaram o estágio não obrigatório, e apesar de relatarem não perceber diferenças entre o estágio obrigatório e não obrigatório, afirmam sua importância para a formação acadêmica e pessoal, embora relatem que em alguns locais de estágio ainda não são respeitados pelos colegas de profissão. Conclui-se ainda que se faz necessário aos estudantes que possuam informações e orientações antes de se iniciar os estágios, e conheçam os aspectos legais vinculados a esse tipo de atividade, dessa forma atuariam de maneira mais concisa para desempenhar as funções exigidas pelo cargo, sabendo se pronunciar diante de injustiças dentro do seu ambiente de estágio. Palavras-chave: Estágio curricular. Estágio extracurricular. Formação acadêmica.
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ABSTRACT
The internship in the undergraduate courses, besides allowing reflection on theory and practice, aims to know the reality about the labor market that the future professional will act, as well as value the continuous learning and develop skills and competences necessary for the chosen profession. This research had as pretext to investigate the conception of internship in the Pedagogy course, as the main focus the non compulsory internship. The specific objectives were to present a brief history of internship conceptions in Brazil; investigate the history and legislation governing the internship in Brazil; To analyze what is the conception of non compulsory internship of students of the eighth semester of the Pedagogy course this was done through bibliographical research. The general objective of this work was to analyze the students' conception of the pedagogy course about non compulsory internship, presenting the possibilities to be developed by the students / interns during their academic formation. In this sense, 20 students participated in the research, enrolled in the 8th semester of the Pedagogy course, from a University Center in the interior of São Paulo. For data collection a questionnaire was elaborated, containing 14 questions. The analysis was based on quantitative and qualitative research. The results indicated that most of the students did the non compulsory internship, and although they report not perceiving differences between the obligatory and non compulsory internship, they affirm its importance for the academic and personal formation, although they report that in some internship places they are not respected yet. by colleagues. It is concluded that it is still necessary for students to have information and guidance before beginning the internships, and to know the legal aspects related to this type of activity, thus acting more concisely to perform the duties required by the position and know to speak out against injustices within their internship environment.
Keywords: Curricular internship. Extracurricular internship. Academic training.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estágio a vista.................................................................................... 12
Figura 2: Respostas da pergunta 2................................................................... 30
Figura 3: Respostas da pergunta 3....................................................................31
Figura 4: Respostas da pergunta 5....................................................................32
Figura 5: Respostas da pergunta 6................................................................... 33
Figura 6: Respostas da pergunta 7................................................................... 34
Figura 7: Respostas da pergunta 9................................................................... 34
Figura 8: Respostas da pergunta 12................................................................ 37
Figura 9: Respostas da pergunta 14................................................................. 38
Figura 10: Respostas da pergunta 2................................................................. 39
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................10
CAPÍTULO I – CONCEITOS HISTÓRICOS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO 13
1 CONCEITO DE ESTÁGIO....................................................................... 14
2 ASPECTOS LEGAIS DO ESTÁGIO....................................................... 17
2.1 Legislação vigente do estágio.................................................................. 18
CAPÍTULO II – ESTÁGIO NO CAMPO DA PEDAGOGIA................................ 23
1 ESTÁGIO E ESCOLA.............................................................................. 23
2 ESTÁGIO NÃO ESCOLAR..................................................................... 26
CAPÍTULO III – A PESQUISA........................................................................... 30
1 MATERIAL E MÉTODO............................................................................ 30
CONCLUSÃO..................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 43
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INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem com foco apresentar o conceito básico de estágio
não obrigatório no campo da Pedagogia e a concepção de acordo com o olhar dos
discentes do curso de Pedagogia. Além de apresentar as leis que regem o estágio
no Brasil e a importância da existência destas, pontuando assim que o estagiário,
e/ou futuro pedagogo atue dentro das leis respeitando a profissão.
Antigamente as leis de estágio não recebiam tanta atenção, era apresentado
apenas como um momento de o aprendiz estar vivenciando sua profissão, tanto que
só tomou proporções maiores no quesito de organização, no governo de Lula como
diz Lima, (2011).
[...] agregando uma distribuição diferenciada entre prática profissional, atividades complementares e a tentativa de um maior aclaramento ou busca de aproximação entre o contexto da formação acadêmica, entre o âmbito teórico e o prático, porém somente tomou maiores proporções no governo de Luís Inácio Lula da Silva (p. 4).
Essa pesquisa apresenta os conceitos de estágio, relata um breve histórico,
desde sua criação, evolução até o conceito atual.
Os objetivos foram descobrir sobre a história e a legislação que regem o
estágio no Brasil e analisar qual é a concepção de estágio não obrigatório que os
estudantes do oitavo semestre do curso de pedagogia demonstram conhecer.
Foi realizada uma pesquisa qualitativa e quantitativa, no qual buscou-se
analisar dados extraídos da aplicação de questionário para os estudantes do curso
de Pedagogia. O objetivo desta metodologia foi de identificar concepções acerca do
estágio não obrigatório realizado pelo público alvo.
Com o intuito de descobrir a concepção de estágio não obrigatório que os
estudantes de pedagogia têm, foi realizada uma pesquisa com 20 estudantes de
pedagogia, essa pesquisa contava com 14 perguntas, onde os estudantes deviam
responder de acordo com suas experiências de estágio.
O estágio é compreendido muitas vezes como uma parte que se é obrigado a
fazer como se não houvesse ganhos com isso, mas é necessário que os alunos
enxerguem esse estágio como um estatuto epistemológico como diz Pimenta e Lima
(2012, p.29), “considerar o estágio como campo de conhecimento significa atribuir-lhe
um estatuto epistemológico que supere sua tradicional redução à atividade prática
instrumental".
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Devido a esse fato e as burocracias do estágio, os alunos das universidades
levam o estágio como uma prática instrumental, perdem ganhos profissionais
necessários que deveriam ter obtidos durante o período de estágio, devido a
desmotivação sofrem por não ter vivenciado isso na prática.
De modo geral, os estágios têm se constituído de forma burocrática, com preenchimento de fichas e valorização de atividades que envolvem observação participação e regência, desprovidas de uma meta investigativa. Dessa forma, por um lado se reforça a perspectiva do ensino como imitação de modelos, sem privilegiar a análise crítica do contexto escolar, da formação de professores, dos processos constitutivos da aula e, por outro, reforçam-se práticas institucionais não reflexivas, presentes na educação básica, que concebem o estágio como o momento da prática e de aprendizagens de técnicas do bem-fazer (BARREIRO e GEBRAN, 2006, p. 26-27).
O trabalho de conclusão de curso foi dividido em três capítulos. No primeiro
intitulado “Aspectos históricos do estágio supervisionado” procurou-se apresentar o
conceito de estágio, mostrando como e quem era considerado estagiário desde os
primórdios até a atualidade, buscando entende o que é um estágio, período em que
o estudante tem a possibilidade de observar e interagir com seus aprendizados
teóricos aplicados na prática.
Também foi avaliado e diferenciado neste capítulo os conceitos de estágio
obrigatório, necessário para se concluir o curso, e o não obrigatório, que na maioria
das vezes vem agregado a uma bolsa de estudos para o estudante, porém não é um
requisito para a aquisição do diploma.
Neste mesmo capítulo também foram apresentadas as leis que regem o
estágio no Brasil a fim de mostrar os direitos, deveres e obrigações das empresas
concedentes do estágio e estagiário, garantindo, além disso, que ele possa se
pautar nesse referencial legislativo para que saiba se defender quando algo tiver
extrapolando seus direitos, e se dirigir com a postura oferecida pela lei.
No segundo capítulo "Estágio no campo da pedagogia" buscou-se o foco no
contexto do estágio escolar, que é em vista da pesquisa o mais praticado pelos
estudantes dos cursos de pedagogia.
Esse estágio é praticado em três vertentes, o dentro da sala de aula da
educação infantil, onde o estagiário observa os alunos e a metodologia dos
professores da educação infantil, dentro da sala de aula do ensino fundamental onde
exercem a mesma atividade mudando apenas de grau de ensino e na gestão
escolar, onde vivenciam o cotidiano dos diretores, coordenadores e secretários de
escola.
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No segundo momento aprimorou-se o olhar para o estágio em espaços não
escolares que é um momento onde os alunos dos cursos de pedagogia vão além do
olhar de que quem faz Pedagogia, só pode atuar como professor, mas também pode
atuar em empresas e organizações não escolares.
Essa vertente da Pedagogia vem a ser tudo aquilo que o pedagogo faz fora
da escola, que apesar de as vezes haver um vínculo com a educação ainda não é
diretamente ligado as escolas.
As atividades do pedagogo fora do ambiente variam desde trabalhar com
recursos humanos e formações dos profissionais nas empresas conhecida como
pedagogia empresarial até promover a educação de crianças que estão internadas
por um longo período em hospitais, a chamada pedagogia hospitalar, além de
muitas outras áreas esmiuçadas ao longo da pesquisa.
No terceiro capítulo "A pesquisa" são desenvolvidos aspectos referentes a
pesquisa, métodos, instrumentos, formas de análise e resultados alcançados.
13
CAPÍTULO I
ASPECTOS HISTÓRICOS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Figura 1 - Estagio a vista
Fonte: www.google.com.br
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1. CONCEITO DE ESTÁGIO
O estágio foi citado pela primeira vez pela literatura no ano de 1080. O termo
estágio, no latim medieval stagium, significava residência ou local para morar. Este
por sua vez foi originado do latim clássico stare que significava “estar num lugar”
(ESTÁGIO, 2001, p. 1245).
De acordo com o Projeto político pedagógico do curso de pedagogia do
Unisalesiano de Lins (2019, p.64) em seu art. 1º o conceito de estágio vem a ser:
Considera-se Estágio, as atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas aos estudantes pela participação em situações reais de vida e trabalho em seu meio, sendo realizadas na comunidade em geral ou junto às pessoas jurídicas de direito público ou privado. Em sentido amplo, compreende, além das atividades de situação docente-discente que coloca o licenciando em contato direto com alunos, outras situações diversificadas, que possam contribuir para o enriquecimento de sua formação profissional.
Diz ainda em seu cap. IV art. 5º que o estágio tem como objetivos:
O desenvolvimento da programação a que se refere o estágio supervisionado deve contribuir para: I - Propiciar a complementação do ensino e da aprendizagem, a fim de constituir um elemento de integração, em termos de capacitação, aperfeiçoamento técnico-cultural-científico e de relacionamento humano, incluindo ética e valorização profissional; II- Dar maior flexibilidade às noções teóricas assimiladas; III - oportunizar aos alunos um contato profissional que possibilite seu ingresso no mercado de trabalho; IV - Proporcionar aos graduandos uma visão dinâmica das escolas de Ensino Fundamental, tanto na parte didático-pedagógica, como na administrativa; V - Oportunizar a vivência escolar em toda a sua amplitude, contribuindo para sua formação profissional ao observar e analisar criticamente a postura dos profissionais que compõem cada segmento; VI - Refletir sobre a importância do trabalho coletivo nas escolas, empresas e espaços não escolares, analisando o nível de participação de cada segmento na elaboração, execução, supervisão e avaliação das questões de aprendizagem, desenvolvimento, formação inicial e continuada. VII - observar a postura de professores e profissionais que atuam em diferentes segmentos e níveis educacionais para vivenciar diferentes metodologias e sistemáticas de avaliação utilizada por esses profissionais, enriquecendo a futura postura profissional do licenciando; VIII - oportunizar aos licenciados a participação nos Projetos Especiais das escolas e empresas contribuindo para o sucesso de sua execução.
Segundo Colombo e Ballão (2014) em 1630, o termo sobre o estágio volta a
aparecer na literatura só que dessa vez como stage, e em francês antigo, referindo-
se ao período de transição ou de treinamento de um sacerdote para o exercício de
seu mister. Era o período que um cônego (padre) deveria ter como residência a
igreja, antes de tomar posse de seus direitos inteiramente. Daí advém o termo
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“residência”, usado para indicar o estágio ou tempo de tirocínio (prática ou
noviciado) para a profissionalização médica. Portanto, desde sua criação no latim, o
termo “estágio” sempre esteve associado à aprendizagem posta em prática num
adequado local sob supervisão.
O estágio surgiu durante a idade média, termo usado para pessoa que
acompanhava as ações dos mestres. Desta época até hoje essa função sofreu
alterações para se tornar uma oportunidade oferecida pelo currículo das instituições
de graduação profissionalizante. (CONDE; SÁ. 2016)
Ao longo da história da humanidade, nota-se que um dos fatores de
diferenciação das classes sociais está ligado ao nível de instrução e/ou acadêmico
do indivíduo.
Como Machado (1997) exemplifica, na Grécia, os indivíduos que se
dedicavam ou tinham a oportunidade de se dedicarem ao estudo não eram os
mesmos que faziam os trabalhos que envolviam a força bruta. O trabalho braçal era
destinado aos escravos; já o estudo, aos senhores da alta sociedade. Não era lógico
falar em estudar para trabalhar. Essa situação permaneceu explícita na sociedade
até o início da Revolução Industrial, quando estudar para trabalhar passou a ser
uma necessidade primordial.
Na história do Brasil não houve muita diferença, pois foi com a chegada da
Família Real em 1808, que foram implantados os primeiros cursos superiores, onde
foi se reconhecendo a importância do estudo formal, ou seja, a capacitação para a
ocupação de um posto de trabalho determinado.
Segundo Machado (1997, p. 47), a partir daí que começou a se instalar a
ideia de que para se ter um bom emprego, era necessário estudar, “ir para a escola,
onde se estuda disciplinas, matérias e há a aproximação com a vida prática, o
estágio”.
Foram anos até se conseguir fundar uma base significativa na construção de
uma sociedade que percebesse a importância de estudar e proporcionar estudo para
as pessoas para que elas se tonassem bons profissionais e assim soubessem e
tivessem capacidade de atuar com uma competência a mais.
Colombo e Ballão (2014) relatam que no Brasil, as mudanças no que se
referiam ao estágio foram acompanhadas pela evolução das leis que regem a
educação. Os debates em volta de uma nova legislação sobre estágio ocorrida no
Congresso Nacional Brasileiro, a partir da primeira década do século XXI,
16
demonstraram a existência de um confronto entre aqueles que eram pró-estágio
com foco no interesse da escola e os que focavam no interesse das empresas. Este
fato motivou a procura histórica das legislações sobre o tema e sua analogia com a
norma atualmente vigente, e o conceito ligado a elas.
De acordo com suas origens, o estágio supervisionado antigamente não
possuía caráter pedagógico, ou seja, não servia para alguém aprender algo que está
estudando na prática, pois estava presente em cursos técnicos e visava apenas
inserir o aluno no mercado de trabalho. Hoje, pelo contrário, o estágio é visto como
uma disciplina curricular para a formação em que viabiliza a pesquisa, a reflexão e
consequentemente, a relação teoria e prática, onde o aluno aprenderá o que vê nas
aulas em forma teórica aplicando na vida real, gerando assim um conflito. (CORTÊS,
1984)
Cortês (1984, p. 23) colocando o foco na questão pertinente entre a teoria e a
prática como complemento de ensino, argumenta: “O estágio é o instrumento de
integração entre a reflexão e o fato, entre a inteligência e a experiência, entre a
escola e a prática”.
Sendo assim o estágio é o momento em que o aluno também irá olhar, refletir
e repensar se aquilo que está fazendo realmente o satisfaz e o faz sentir-se bem.
Conde e Sá (2016) relatam em seu artigo os diferentes objetivos do estágio:
São vários os objetivos de um estágio: refletir sobre a teoria e prática, estabelecendo pontos que aproximam e distanciam essas duas vertentes; conhecer a realidade sobre as exigências do mercado de trabalho, ou seja, o estagiário deve aproveitar o momento do estágio para se familiarizar com o que é cobrado para um profissional, enumerando o que se apresenta como deficiência, a fim de ser suprida; valorizar a aprendizagem continua, que faz parte de qualquer profissão; desenvolver habilidades práticas, capazes de assegurar características como eficácia e eficiência, isto é, a maneira como desenvolvemos uma tarefa é sempre visada em um estágio; e por fim, formar o profissional por meio do contexto real de atuação, o perfil do profissional é traçado a partir do contexto social em que sua profissão está inserida. (p. 1)
Sendo assim, o objetivo do estágio não é apenas relacionar a teoria e a
prática, há também uma ampla série de objetivos envolvidos nesse processo, como
já citado por Conde e Sá (2016).
A relação teoria e prática caberá para as duas vertentes do estágio, ou seja,
ela irá apresentar tal relação tanto no estágio supervisionado obrigatório exigido
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pelas instituições de ensino e para a conclusão do curso quanto para o estágio não
obrigatório.
2 ASPECTOS LEGAIS DO ESTÁGIO
Apesar de existir há anos o estágio pelo mundo, no Brasil, as leis e normas
para dar função estável e assegurada a essa atividade, surgiram na década de 40,
precisamente em 1942, sendo ele o Decreto-Lei nº 4.073 que instituiu a Lei Orgânica
do Ensino Industrial, estabelecendo as bases de organização e de regime do ensino
industrial, onde se aprendia a trabalhar, cursos como marcenaria, entre outros.
Nesta Lei, o estágio foi definido como um período de trabalho onde o estudante
realizava em uma indústria, porém com a regência de um professor. (BRASIL, 2014).
Embora houvesse a previsão da regência de um professor sobre as
atividades desenvolvidas, esse estágio não cumpria seu papel no processo
educativo por se aproximar muito de uma forma de se obter mão de obra barata,
visto que não precisava de uma formalização entre a escola e a empresa onde o
estágio era realizado, considerando esta atividade um mero trabalho desenvolvido
pelo estudante.
O estágio escolar foi integrado às escolas técnicas e faculdades somente
mais de duas décadas depois em 1967, com o surgimento da portaria 1.002 de
29/09/1967, sancionada pela Previdência Social e pelo Ministério do Trabalho.
(BRASIL, 1967)
Na portaria 1.002 (BRASIL, 1967), ficou estabelecido a importância do estágio
para o aprimoramento do ensino do educando, criando possibilidades favoráveis a
relações entre a escola e a empresa. Determinou ainda que o estágio deveria ser
combinado em um contrato contendo duração, carga horária, valor da bolsa se
houver e o seguro contra acidentes pessoais do educando. Estabeleceu-se ainda
que não haveria vinculação empregatícia, encargos sociais, pagamento de férias ou
de 13º salário. Vale destacar que esta portaria foi instaurada durante o regime
militar.
Apesar da criação da portaria 1.002 de 29/09/1967, e de todos quesitos para
a realização do estágio, não se teve uma evolução do pensamento de que o estágio
era um momento de aprendizagem do aluno, mas visto como uma oportunidade de
se ganhar mão de obra barata, mas no momento com o apoio das instituições de
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ensino, ou seja, ainda se tinha a mesma visão da empresa que foi criada na lei nº
4.073, de 30 de Janeiro de 1942.
2.1 Legislação vigente do estágio:
A legislação que rege o estágio no Brasil atualmente é a lei número 11.788 de
25 de setembro de 2008, conhecida como a lei do estágio. Essa lei mostra o estágio
como dividida em duas vertentes, a primeira o estágio obrigatório que vem a ser
apresentado no parágrafo primeiro do segundo artigo da lei: “Estágio obrigatório é
aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para
aprovação e obtenção de diploma ” (BRASIL, 2008, p.6). Ou seja, para que se
obtenha o certificado de que está apto a praticar a função estudada, é necessário,
e/ou, obrigatório que se tenha realizado essas horas de estágio, caso não as tenha,
os graduandos não receberão o certificado até que as cumpra, além de não poder
exercer a sua função, pois ainda não tem toda a carga horária do curso cumprida
corretamente.
Esse estágio tem o apoio das instituições de ensino, sendo necessário um
supervisor de estágio que conduzirá as atividades desenvolvidas pelo estagiário,
além de aplicar métodos adequados de avaliação, observação e acompanhamento.
As diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia se encontram na
resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, que define as diretrizes curriculares
nacionais para o curso de graduação em licenciatura, instituindo princípios,
condições de ensino e de aprendizagem, procedimentos a serem observados em
seu planejamento e avaliação, pelos órgãos dos sistemas de ensino e pelas
instituições de educação superior do país.
A experiência obtida nos estágios realizados durante o período de graduação
em Pedagogia nas instituições de ensino superior é importante para que o
graduando coloque seus conhecimentos em prática e reflita sobre suas ações no
ambiente da educação.
Durante o período de estágio o graduando em Pedagogia entra em contato
direto com as áreas da educação, como gestão escolar e salas de aula de educação
infantil e do ensino fundamental ciclo 1, sendo que esses são itens contidos como
obrigatório para a graduação do profissional da Pedagogia ser completa.
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Com o contato direto com as áreas da educação os graduandos em
Pedagogia podem refletir como funciona tal dinâmica tanto da área gestora quanto
das salas de aula, o que é algo de extrema importância não só porque é obrigatório,
mas também por ele ter a oportunidade de filtrar para si o que acha que seja uma
dinâmica boa e que irá praticar e verter o que acha ruim e não repetir no futuro.
De acordo com a resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, em seu
Art.7º, pagina 4 a quantidade de horas a serem cumpridas no curso de Pedagogia
são:
Art. 7º O curso de Licenciatura em Pedagogia terá a carga horária mínima de 3.200 horas de efetivo trabalho acadêmico, assim distribuídas: I - 2.800 Horas dedicadas às atividades formativas como assistência a aulas, realização de seminários, participação na realização de pesquisas, consultas a bibliotecas e centros de documentação, visitas a instituições educacionais e culturais, atividades práticas de diferente natureza, participação em grupos cooperativos de estudos; II - 300 Horas dedicadas ao Estágio Supervisionado prioritariamente em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto pedagógico da instituição; III - 100 Horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos alunos, por meio, da iniciação científica, da extensão e da monitoria. (BRASIL, 2016)
Às 300 horas de estágio são as mais proveitosas para os graduandos, pois é
neste momento que eles acabam tendo suas dúvidas e anseios o que acaba
fazendo com que reflitam de forma mais severa sobre a importância da profissão
escolhida.
São realizadas nessas 300 horas, atividades que realmente são necessárias,
pois faz com que os graduandos tenham contato direto com a realidade que viverão
e possam pensar concretamente em sua realidade.
Essas horas de estágio obrigatório são divididas em quatro etapas sendo elas
na gestão escolar, educação infantil, ensino fundamental ciclo um e espaços não
escolares.
De acordo com o Projeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia do
Unisalesiano de Lins (2019), em respeito a carga horária, salienta que o Estágio
Supervisionado será de no mínimo, seiscentas e quarenta horas. O Estágio
Supervisionado será desenvolvido a partir do quinto semestre do curso.
Conforme cita o Projeto político pedagógico do curso de pedagogia do
Unisalesiano de Lins (2019) em seu capitulo VI art.8:
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São considerados campos de estágio para os cursos de Licenciatura, as escolas de educação básica, públicas ou particulares, fundações, sociedades civis sem fins lucrativos, empresas comerciais, indústrias prestadoras de serviços e públicas, bem como instituições financeiras e de prestação de serviços educacionais à comunidade.
Nas horas de estágio na educação infantil os graduandos observam e
auxiliam as professoras de salas dessa modalidade, que geralmente são creches ou
primeira e segunda etapa.
A primeira etapa se refere atender às crianças que acabaram de sair do
maternal dois, e a segunda etapa vem a ser a continuação. Essas etapas antes
eram chamadas de pré-escola, período visto há alguns anos como algo à parte da
escola ou uma preparação, já hoje, funciona como uma fase na qual as crianças já
têm uma apresentação dos conteúdos alfabetizadores e faz parte das primeiras
etapas do ensino.
Nessa fase de estágio pode ser observada a realidade de se lidar com
crianças muitas vezes de 0 a 5 anos dentro de uma sala de aula, observando suas
vivências, descobertas e evoluções.
No ensino fundamental os graduandos realizam as mesmas atividades que
na educação infantil, porém é com os alunos maiores, que estão cursando do 1ª ao
5º ano, onde já acompanham alunos sendo alfabetizados mais formalmente, de
maneira que o estagiário possa ter um olhar mais aprofundado sobre como são
formadas e sanadas as hipóteses e dúvidas dos alunos.
A segunda vertente do estágio é chamada de estágio não obrigatório, aquele
em que não há a obrigatoriedade de se cumprir, é uma experiência além da exigida
pelo curso, um diferencial. A lei apresenta ainda no artigo segundo, a definição de
estágio não obrigatório da seguinte forma: “Estágio não obrigatório é aquele
desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e
obrigatória. ” (BRASIL, 2008, p.15).
No estágio não obrigatório não exige ou não necessita de uma supervisão por
parte da faculdade, neste caso quem irá “supervisionar” o estagiário é o próprio
chefe dentro da empresa ou organização onde se está realizando esse estágio, ou
até mesmo uma pessoa que irá ser designada a tal função.
O estágio na fase inicial docente vem a ser um fato de extrema importância
para a formação do futuro profissional da educação, sendo ele pedagogo, professor
21
e até mesmo a pessoa que está à frente da equipe na coordenação e direção
escolar.
Os profissionais da educação que saem das unidades de curso superior
sendo essas universidades ou faculdades que oferecem um embasamento não só
teórico, mas também prático por meio de estágios, acabam se destacando em meio
aos demais devido ao fato de a maioria das vezes, terem um conhecimento maior
por terem lidado com dinâmicas de sala de aula real.
Segundo Martins (2015) é durante o período de estágio que muitos dos
futuros professores terão a primeira oportunidade prática de realizar procedimentos
de diagnóstico, atividades de observação e docência assistida. Os grandes objetivos
do estágio são observar e refletir sobre os conhecimentos profissionais em ação e
colaborar, com assistência e trabalho pedagógico. Assim, esta atividade curricular
na graduação transforma a escola e os projetos educacionais em um espaço
privilegiado de formação inicial e os professores como formadores dos novos
docentes.
A atuação do estagiário por meio do estágio, antes mesmo de estarem
formados, é de extrema importância, haja vista que colocará em prática situação de
aprendizagem e imersão ao ambiente real de atuação.
De acordo com Costa e Hage (2014, p.2)
É necessário compreender a formação docente como um processo envolto de complexidade, uma vez que mantém ligação com uma diversidade de espaços e conhecimentos a serem relacionados entre si, em outras palavras as vivências, que devem ser transformados em conhecimento científico. Revelando assim, uma praxe permissível a uma realização íntegra e compromissada do seu trabalho com a aprendizagem dos seus alunos.
Em outras palavras, não se pode deixar de olhar a subjetividade do professor
como um sujeito com seus conhecimentos e suas limitações no processo de
crescimento profissional devido talvez a falta de experiências. E que, por isso, em
sua formação é preciso fazer com que o docente tenha a atitude e a possibilidade de
refletir, pesquisar e criticar para contribuir tanto na sua profissão como no
desenvolvimento educativo da sociedade, sendo o professor um dos mais
importantes profissionais na formação do ser humano. (COSTA E HAGE, 2014)
Conforme Barreiro e Gebran (2006) é necessário que o aluno estagiário tenha
clareza e compreensão da dinâmica do estágio e da sua presença na escola,
22
quesitos importantes para a realização de um estágio comprometido com a
instituição local.
A atuação do estagiário deve se pautar numa perspectiva investigativa da
realidade vinculada a formação do professor. Ao mesmo tempo que a atuação serve
para compreender as práticas institucionais e as ações da escola, elas se batizam
as próprias ações do futuro professor, no sentido de facilitar a compreensão da
realidade, dos fatos e a sua prática docente, a partir de um olhar crítico.
[...] na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem que ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática. (FREIRE, 1998, p.44)
Para que o estagiário tenha uma prática e uma boa atuação é necessário que
o professor responsável, esteja com a mente aberta para entender a função daquele
estagiário que está ali para auxiliar e não ser um rival. E como deve agir para que a
atuação dele seja mais precisa e proveitosa dentro de sua sala de aula, de um
projeto educativo ou mesmo em atividades lúdicas.
A tarefa de professor-formador nem sempre está clara para os regentes e
alguns equívocos são identificados nessa relação. Martins (2015), exemplifica que
os profissionais que se recusam a receber os estagiários em seus ambientes de
trabalho ou aqueles que os consideram substitutos temporários, abandonam os
graduandos, sem dar a devida atenção e experiência necessária.
23
CAPÍTULO II
ESTÁGIO NO CAMPO DA PEDAGOGIA
1 ESTÁGIO E ESCOLA
A escola tem a função de acolher as camadas populares da sociedade, da
mais pobre a mais rica, e difundir o conhecimento sem discriminação, de modo, que
todos envolvidos tenham formação social e técnico-científica, levando ao sujeito uma
formação status, baseando-se em novas culturas formando um ser integral
(LIBÂNEO, 2009).
O estágio é uma atividade curricular obrigatória criada para auxiliar na
formação inicial dos alunos de ensino superior que vai além de cumprir as
exigências acadêmicas, possibilitando uma ampliação no conhecimento do campo
de formação enquanto professores, já que cada vez mais há a preocupação de que
o profissional que trabalha com a educação esteja em um patamar teórico-
metodológico mais que suficientemente e capaz de melhorar o processo de
aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos.
O estágio serve para oferecer a oportunidade de relacionar teoria e prática,
constatando que as mesmas são indissociáveis, principalmente no que tange ao
processo de mediação do conhecimento junto ao trabalho pedagógico das escolas.
Devido ser um processo de formação, ou seja, quando ainda está cursando a
universidade, esse processo irá auxiliar de forma significativa para a formação dos
futuros professores, isso claro, se ele for desenvolvido de maneira correta, com a
supervisão certa e dentro de um ambiente onde o estagiário é aceito, [...] “o estágio
curricular se bem fundamentado, estruturado e orientado, configura-se como um
momento de relevante importância no processo de formação dos futuros
professores” (FELÍCIO; OLIVEIRA, 2008, p. 217).
Guerra (1999 p.04) afirma que o “estágio é uma via de mão dupla, onde o
estagiário precisa da escola, mas ao mesmo tempo o estagiário tem que se
perguntar qual é a contribuição dele para a escola” sendo assim o estagiário não
precisa pensar que ele está ali apenas para fazer uma observação, e ou, fazer o que
tem que fazer e ir embora, mas também para auxiliar da forma possível e claro, sem
24
invadir o espaço dos superiores a ele. Porém, o professor que recebe esse
estagiário também terá que pensar que o mesmo não está ali porque vai roubar seu
lugar, mas pensar que ele está ali para aprender e é o professor quem fornecerá a
direção para que esse aprendizado faça sentido para ele.
Pimenta e Lima (2006 p.14) ao afirmarem que o estágio “não é atividade
prática, mas atividade teórica, instrumentalizada a práxis docente, entendida como
atividade de transformação da realidade” estão afirmando que quando se pensa em
estágio não pode se pensar em uma situação onde o aluno irá viver apenas a prática
afastada da teoria, mas sim um momento que precisará beber da fonte teórica e
associar a realidade à prática, ou seja, apresentar a relação teoria-prática de sua
profissão escolhida.
O estágio na escola é um momento de extrema importância para o estudante
de Pedagogia, pois é durante o estágio que ele vai viver, conhecer e identificar os
processos e situações reais que ali ocorrem de maneira mais concreta, podendo
assim pensar melhor no que ele leu e ouviu dizer sobre como é o ambiente escolar.
Relacionar a prática com a teoria é um momento difícil para quem irá realizar
estágio, pois geralmente precisam conciliar esse momento com seu trabalho e com
outros afazeres, o que acaba fazendo com que ele perca grande parte do que
deveria aprender nesse momento.
Quando o estagiário não se atenta de maneira correta a relação teoria-prática
acaba não aprendendo de maneira integral nesse momento e não consegue
relacionar o que aprendeu na teoria com que está vivendo na prática, e sem a teoria
revisada e as hipóteses solucionadas durante esse momento, não haverá uma boa
prática desse futuro educador. (PIMENTA; LIMA, 2006).
É importante desenvolver nos alunos, futuros professores, habilidades para o conhecimento e análise das escolas, espaço institucional, onde ocorre o ensino e a aprendizagem. Envolve, também, o conhecimento, a utilização e a avaliação de técnicas, métodos e estratégias de ensinar em situações diversas. Envolve habilidade de leitura e reconhecimento das teorias presentes nas práticas pedagógicas das instituições. O estágio, assim realizado, permite que se traga contribuição de pesquisas e o desenvolvimento das habilidades de pesquisar (PIMENTA; LIMA, 2006, p.20).
É dentro da escola que os futuros educadores terão a chance de poder olhar
para os métodos e técnicas que querem utilizar, ou seja, onde irão se espelhar em
ações e didática de professores para formar o seu próprio ser educador, de forma a
25
pensar que ele precisa ganhar os alunos e fazer com que a cada vez evoluam mais
e mais em suas hipóteses.
É dentro da escola que o futuro pedagogo terá contato com a equipe gestora,
observará como tal engrenagem funciona e como são os processos que envolvem
essa área da escola, podendo também despertar o interesse de atuar como
coordenador ou diretor se espelhando nos mesmos da instituição em que escolheu
estagiar.
Frisando, para que um estágio realmente aconteça de maneira
significativamente boa e correta é necessário que quem esteja à frente do estagiário
seja alguém com bons conhecimentos e metodologias adequadas, caso contrário
esse momento será perdido e desnecessário, pois irá se espelhar em professores,
coordenadores e diretores sem a ética necessária para se trabalhar com a
educação.
Os que estão à frente do estagiário precisam ter internalizado de forma clara
e eficaz que eles são educadores, não importa a quem estão ensinando, ou seja,
seus alunos não são só aqueles que estão regularmente dentro de sua sala de aula,
mas também é aquele estagiário que está frequentando suas aulas porque para ele
é um laboratório, onde irá aprender ser professor, assim Libâneo afirma:
Então, educamos e somos educados. Ao compartilharmos, no dia-a-dia do ensinar e do aprender, ideias, percepções, sentimentos, gestos, atitudes e modos de ação, sempre resignificados e reelaborados em cada um, vamos internalizando conhecimentos, habilidades, experiências, valores, rumo a um agir crítico-reflexivo, autônomo, criativo e eficaz, solidário. Tudo em nome do direito à vida e à dignidade de todo o ser humano, do reconhecimento das subjetividades, das identidades culturais, da riqueza de uma vida em comum, da justiça e da igualdade social. Talvez possa ser esse um dos modos de fazer pedagogia (1999 p.02)
Educar é um processo constante, por isso é preciso que os professores
deixem de lado o conceito de que seu aluno é apenas o que está em sua sala
regular, mas também é aquele estagiário que está presente, com vontade de
aprender e cheio de dúvidas, anseios e angústias.
Abondanza (2002, p. 18), aponta:
No processo ensino-aprendizagem, a escola não apresenta condições de reproduzir exatamente as situações e a organização da vida técnica e econômica. Compete sim à escola, dotar o indivíduo de uma formação técnica e a de cultivar e desenvolver a cultura profissional.
A função da escola é formar o indivíduo em seu caráter cultural, profissional e
técnico de maneira que ele se torne no futuro alguém preparado conviver em
26
sociedade, porém essa formação não compete somente em formar os alunos dos
anos iniciais do ensino fundamental exatamente, mas também pode servir para o
estagiário que está preparando-se para assumir na vida uma função de formar
alunos. Pelo que diz Andrade (2005, p.26):
O estágio é uma importante parte integradora do currículo, a parte em que o licenciado vai assumir pela primeira vez a sua identidade profissional e sentir na pele o compromisso com o aluno, com sua família, com sua comunidade com a instituição escolar que representa sua inclusão civilizatória, com a produção conjunta de significados em sala de aula, com a democracia, com o sentido de profissionalismo que implique competência-fazer bem o que lhe compete.
Realizar o estágio é de importância intangível, pois é nesse momento que o
estagiário sanará suas dúvidas sem precisar de muito esforço, basta se embasar
nas teorias de aprendizagem já aprendidas e saber lidar com o momento.
Buriolla (1999, p. 10) ao afirmar que:
O Estágio é o lócus onde a identidade profissional é gerada, construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejada gradativa e sistematicamente com essa finalidade.
O aluno de ensino superior precisa receber influências externas ao seu ser,
para que consiga se tornar um profissional qualificado e competente no futuro. Os
estágios auxiliarão de forma gradativa para que se tornem seres mais eficientes e
profissionais que se destaquem dos demais.
2 ESTÁGIO NÃO ESCOLAR
Geralmente esse estágio vem a ser conhecido também pelos alunos e
professores como estágio não obrigatório, por não estar na grade de estágios
oferecidos como obrigatórios para que se conclua a faculdade.
Porém esse estágio muitas vezes acaba agregando ao estagiário bem mais
que o obrigatório, pois o mesmo se depara com uma situação onde precisará atuar
de maneira direta com sua área de graduação. Essa atuação direta recebe influência
dos conteúdos da área de estágio, colaborando assim para a ampliação da atuação
do pedagogo em espaços formais da educação.
Lima (2001, p. 24) diz que:
O aluno estagiário recebendo a influência do Estágio pode, assim, elaborar seu conhecimento, trabalhando com conteúdos concretos indissociáveis da
27
realidade social, através da reflexão e da troca de experiências, interferir de alguma forma nesta mesma realidade.
Todos os alunos dos cursos de Pedagogia deveriam ter a oportunidade de
passar pelas experiências desse tipo de estágio, não escolares ou não obrigatórios,
para que pudessem ter uma prática real de momentos concretos das realidades que
irão atuar, tendo uma noção do que vão enfrentar quando estiverem à frente de
organizações, tanto escolares quanto não escolares e isso sim trará um diferencial a
eles.
Esses estágios podem ser oferecidos e realizados de diversas maneiras e
inúmeros lugares distintos, modificando somente a função. Esse estágio pode ser
realizado em variados campos como:
Em museus como explica Reis e Pinheiros:
Os museus, entendidos mais recentemente como um serviço público e centro de investigações e estudos dos mais complexos e variados, trazem em si mesmos a necessidade de transformações e inovações que passam pela pedagogia e pela didática de ensino, a fim de servirem como eixo transversal a ser impresso em todas ações museísticas, bem como a necessidade de formação educativa de todos os profissionais que por ali circulam com suas práticas específicas (REIS; PINHEIRO, 2009, p.40).
Em ONGS como sugere Pirozzi, dizendo que o papel do pedagogo nesses
lugares pode ser de:
Caráter social e, além de coordenar as ações e serviços dessas instituições, pode também contribuir pedagogicamente, oferecendo oficinais (das mais variadas, como, por exemplo, artes, artesanato, esportes e danças, reciclagem, informática, aulas de reforço escolar, entre outros serviços prestados pela própria ONG). ( 2014 p. 42)
Outra possibilidade de atuação é pedagogia empresarial, ramo que atua
dentro das empresas geralmente nos setores de RH e treinamentos, porém Holtz
(2006) vem explicitando melhor a atuação do pedagogo:
1. Conhecer e encontrar as soluções práticas para as questões que envolvem a otimização da produtividade das pessoas humanas (...); 2. Conhecer e trabalhar na direção dos objetivos particulares e sociais da Empresa onde trabalha. 3. Conduzir com atividades práticas, as pessoas que trabalham na Empresa dirigentes e funcionários (...). 4. Promover as condições e atividades práticas necessárias - treinamentos, eventos, reuniões, festas, feiras, exposições, excursões, etc. 5. Aconselhar, de preferência por escrito, sobre as condutas mais eficazes das chefias para com os funcionários e destes para com as chefias (...); 6. Conduzir o relacionamento humano na Empresa, através de ações pedagógicas, ( p. 15).
28
Ainda sobre a temática do pedagogo empresarial Ceroni (2006) explica que o
pedagogo é capaz de realizar trabalhos por meio da educação à distância,
fundamentos para educação de adultos, recursos humanos, psicologia, dinâmica
social, e novas tecnologias, área ligada ao mundo empresarial, curso direcionado
para a área da educação.
O estagiário pode atuar também em hospitais como explica Silva (2012) sobre
a origem de tal função:
A pedagogia hospitalar foi criada para atender especificamente as crianças e adolescentes internados que estão fora da escola, dando apoio necessário para que os mesmos não percam o contato com o processo ensino aprendizagem. (p,1)
Silva (2012) ainda complementa sobre a atuação do pedagogo como um
suporte para os internados "A pedagogia hospitalar dá suporte ao desenvolvimento
de aprendizagem do aluno dentro do hospital, garantindo o direito de a criança dar
continuidade aos seus estudos, motivando a mesma a continuar depois de sua alta
do hospital". (p.1)
Outra possibilidade é a atuação dentro das editoras, presídios, projetos sócios
educacionais, no qual o estagiário irá lidar com um público de crianças mais
expostas as vulnerabilidades da sociedade.
Os estágios que estão ligados a pedagogia, porém não diretamente as salas
de aula e ou organizações escolares geralmente são oferecidos por setores que
estão ligados direta ou indiretamente com a educação, ou seja, setores que cuidam
em formar pessoas.
Esses estágios podem ser oferecidos de diversas maneiras, sendo essas
muito significativas aos alunos se houver um programa de estágio correto que cuide
para o bem-estar dos estagiários, mostrando os caminhos e metodologias que eles
precisam seguir de maneira a tornarem-se destaque por sua conduta e tornar-se
cada vez mais apreciado.
O estágio quando adequadamente concebido, orientado e avaliado, cria e aprimora benefícios tangíveis e intangíveis para o aluno: melhora a qualificação acadêmica; evidencia e aprimora qualidades pessoais; estimula a transição da adolescência à vida adulta; facilita a transição da vida acadêmica à vida profissional; provoca o exercício da orientação vocacional; rompe a dicotomia do saber e fazer; rompe o cordão umbilical com a escola e proporciona uma insubstituível experiência de vida. (BARROS; LIMONGI 2003, p. 4).
Esse estágio realizado da maneira correta será só de ganhos tanto para a
empresa, pois terá um estagiário motivado e que gosta do que faz dentro de seu
29
ambiente de trabalho, quanto para o estagiário que poderá ter acesso ao seu ramo
de atuação futuro antes mesmo de estar formado, adquirindo assim ainda mais
experiência para seu âmbito pessoal.
O estágio pode ser realizado em diversos locais ligados a educação ou a
pedagogia, sendo esses lidando com a educação formal, ou não, esses estágios
geralmente são realizados nas seguintes formações.
Em projeto sócio educacionais, onde são atendidas crianças no período
oposto ao da escola regular, e vão até o projeto para participar de oficinas ligadas a
expressão corporal, linguagens pedagógicas, e digitais, visando tirar as crianças de
estar dispersa e trazer para desenvolver seu cognitivo de maneira produtiva para as
mesmas, nessa vertente o estagiário irá atuar de maneira direta com essas crianças
auxiliando os professores a mantê-las organizadas e assumindo o papel de
professor quando necessário, isso claro se o programa de estágio funcionar
corretamente.
Pode ser realizado também estágio não obrigatório, dentro da escola, porém
na secretaria, visando atender aos pais e auxiliar na formulação de documentos
voltados à área gestora da escola como listas, pagamentos de professores e
registros de alunos.
Além dos dois acima há também empresas que oferecem o estágio para
alunos do curso de pedagogia para atuarem dentro do setor de recursos humanos,
para auxiliar na gestão de pessoas, de modo a refletir sobre essa vertente que
também faz parte da proposta do curso de pedagogia em formar profissionais
habilitados em lidar com essa área.
O campo do estágio não obrigatório é vasto e pode ser muito produtivo para
um aluno que consiga realizar algum destes durante seu período de formação. Caso
consiga realizar esse aluno receberá olhares mais atentos sobre ele devido ter
obtido mais experiência durante sua formação.
30
CAPÍTULO III
A PESQUISA
1 MATERIAL E MÉTODO
Foi realizada uma pesquisa qualitativa e quantitativa, no qual buscou-se
analisar dados extraídos da aplicação de questionário para os estudantes do curso
de Pedagogia. O objetivo desta metodologia foi de identificar concepções acerca do
estágio não obrigatório, realizado pelo público alvo.
A pesquisa quantitativa e qualitativa possibilita a análise de cada situação, e
as justificativas de cada resposta, considerando a compreensão da realidade
estudada. Segundo Thiollent (1998), os dados advindos dessas metodologias
permitem a tomada de decisão por parte do pesquisador sobre as ações
investigadas possibilitando melhor produção e circulação de informação.
1.1 Participantes
Participaram da pesquisa 20 alunos, com idades entre 21 e 53 anos
matriculados no 8º semestre do curso de Pedagogia de um Centro universitário na
cidade de Lins.
1.2 Instrumento de coleta de dados
Para a coleta, foi elaborado um questionário contendo 14 perguntas
relacionadas ao tema da pesquisa: A concepção de estágio não obrigatório na
perspectiva do estudante de pedagogia.
1.3 Procedimento de coleta de dados
Foram enviados 20 questionários e 20 foram devolvidos. Os alunos tiveram o
prazo de 5 dias para responder sem a intervenção do pesquisador.
1.4 Análise dos dados
31
Após o recebimento dos questionários, os mesmos foram organizados de
forma a facilitar sua análise. Para análise do material, as respostas referentes às
perguntas, foram lidas na íntegra e identificadas às unidades significativas para a
análise.
De acordo com a legislação que rege o estágio no Brasil, lei número 11.788
de 25 de setembro de 2008, divide o estágio em duas vertentes, o estágio
obrigatório e não obrigatório. Ressalta-se que os alunos, se aproveitam dessa
oportunidade como podem ser observados nas respostas da pergunta 1, que faz
referência a realização do estágio não obrigatório. Observa-se que 19 alunos
realizaram essa modalidade de estágio, e apenas um aluno não o fez.
Ainda sobre o estágio não obrigatório, foram questionados se foram
remunerados ou não. As respostas podem ser observadas no gráfico 1 a seguir:
Figura 2: Respostas da pergunta 2
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019
Como pode ser observado pelo gráfico 1,70% dos estágios, foi remunerado.
Isso corrobora com a portaria 1.002, sancionada pela Previdência Social e pelo
Ministério do Trabalho, que estabelece não somente a importância do estágio para o
aprimoramento do ensino do educando, mas cria possibilidades favoráveis às
relações entre a escola/empresa e estagiário, sendo esta uma bolsa remunerada.
Como já discutido no capítulo 1 deste trabalho, o estágio tem apoio das
instituições de ensino que oferecem o serviço, assim como do supervisor do estágio,
32
que conduzirá as atividades a serem realizadas. Isso pode ser confirmado, pelas
respostas apresentadas no gráfico 2:
Figura 3: Respostas da pergunta 3
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019
Observa-se que 75% dos participantes, informaram receber as devidas
orientações sobre a função exercida pelo cargo. Apenas 4 participantes relataram
não receber as orientações necessárias. É possível ainda identificar esse
posicionamento por meio dos trechos de fala dos participantes:
P1: Falta de comunicação P11: Especificar como eu deveria auxiliar a aluna pois sou tutora e a única orientação foi que eu deveria auxiliar a aluna P13: Faltou me falarem que eu iria exercer funções de outros funcionários além da função do estágio inicial. P16: Faltou clareza e especificidade na função.
Como já abordado anteriormente, o estágio foi mudando de conceito durante
o passar dos anos e ao longo da história da humanidade, nota-se que um dos
fatores de diferenciação das classes sociais está ligado ao nível de instrução e/ou
acadêmico do indivíduo.
Muitas vezes o estágio era visto como um momento em que o indivíduo
estava para trabalhar e não para aprender metodologias na prática.
Devido a esse fator a pergunta número quatro veio abordar a temática sobre o
que os estudantes pensam sobre o estágio não obrigatório. Quando perguntado
33
”você considera o estágio não obrigatório como, um lugar de aprendizagem ou um
trabalho para servir a uma empresa? ”
Apenas três estudantes responderam que consideram um local de trabalho,
enquanto 17 deles disseram que consideram um local de aprendizagem.
Ainda sobre essa temática, Machado (1997) exemplifica que, na Grécia, os
indivíduos que se dedicavam ou tinham a oportunidade de se dedicarem ao estudo
não eram os mesmos que faziam os trabalhos que envolviam a força bruta. O
trabalho braçal era destinado aos escravos; já o estudo, aos senhores da alta
sociedade. Não era lógico falar em estudar para trabalhar. Essa situação
permaneceu explícita na sociedade até o início da Revolução Industrial, quando
estudar para trabalhar passou a ser uma necessidade primordial.
Pode se constatar o pensamento dos estudantes pela fala deles nas
respostas, que foram:
P2: aprendi na pratica o que vemos na sala de aula. P3: a pratica, logo que não temos muita noção pela teoria, aprendi a confeccionar materiais e agir de formas corretas em situações difíceis. P4: aprendi a lidar com pessoas e a controlar um pouco minhas emoções. P6: aprendi a como exercer minha profissão na prática. P8: aprendi como atuar em sala a ter paciência e entre outras coisas. P9: a lidar com crianças. P10: aprendi sobre gestão escolar coordenação pedagógica lecionar e lidar com os alunos em momento de conflitos. P11: um momento para vermos como funcionam as salas de aula todos os dias (a rotina) e como os professores lidam com determinadas situações que surgem inesperadas. P12: desenvolver com os alunos como trabalhar em grupo, melhorias na leitura/escrita, planos de aula, a elaborar projetos e etc. P13: aprendi diversas coisas relacionadas a nossa profissão, iniciei o estágio no primeiro semestre de faculdade, muitas coisas fizeram mais sentido por meio da experiência que tive no estágio. P14: aprendi muitas técnicas e desenvolvi habilidades metodológicas e relacionamentos professor/aluno P15: a postura de como estar em sala de aula, lidar com as crianças e conteúdo que eu tinha dificuldade. P16: aprendi a cada vez mais dar valor nas pequenas e querer ajudar mais P17: aprendi sobre a organização escolar e a rotina de sala de aula. P18: aprendi que a pratica é bem diferente da teoria.
A questão 5 veio para analisar se a instituição de ensino, em que os
estudantes cursam Pedagogia, ofereceu ajuda para os mesmos quando obtiveram
alguma dúvida ou necessidade de orientação, pois de acordo com Felício e Oliveira
(2008. P.17) “o estágio curricular se bem fundamentado, estruturado e orientado,
configura-se como um momento de relevante importância no processo de formação
dos futuros professores”.
34
A pergunta realizada foi: “A instituição de ensino onde você cursa Pedagogia,
tanto coordenação quanto professores, te ofereceram suporte para sanar suas
dúvidas e auxiliar no que lhe era necessário? ” E de acordo com os dados da
pesquisa, 45% dos estudantes receberam suporte necessário quando procuraram,
55% não procuraram ajuda e nenhum dos estudantes responderam que a instituição
não ofereceu suporte necessário.
Figura 4: Respostas da pergunta 5
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019
Os estudantes ainda registraram:
P4: em tudo que precisei. P10: algumas vezes para preencher documentos dos estágios. P11: eu não sabia como agir/o que fazer em certas situações então solicitei ajuda para os docentes do curso. P12: materiais e recursos da clínica. P13: tive algumas dúvidas sobre como lidar com crianças com deficiência, a professora de educação especial, na época eu trabalhava com uma criança com síndrome de Down. P14: orientações em todos os aspectos técnicas, métodos e etc. P15: tirando minhas dúvidas.
A portaria 1.002 (BRASIL, 1967) determina que o estágio deve ser combinado
em um contrato contendo duração, carga horária, valor da bolsa, se houver, e o
seguro contra acidentes pessoais do educando. Assim, a pergunta 6 realizada foi a
seguinte: “Qual a carga horária que você realiza ou realizava o estágio? ”. As
respostas podem ser observadas no gráfico 4:
35
Figura 5: Respostas da pergunta 6:
15%
25%
10%
35%
10%5%
Carga horária realizada no estágio:
Menos de 4 horas diárias 4 horas diárias
5 horas diárias 6 horas diárias
Não era diariamente pois era voluntário Não responderam
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019
Quando indagados sobre onde realizaram o estágio não obrigatório, 65% dos
estudantes responderam que realizaram o estágio em escolas, 5% disseram que
realizaram em uma instituição especializada, 20% relataram ter realizado em
projetos sociais, 5% em transporte de alunos e 5% não responderam. Para facilitar,
o gráfico 5 apresenta as respostas:
Figura 6: Respostas da questão 7:
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019
36
Quando questionados sobre para quais funções eram designados dentro do
ambiente onde realizaram o estágio não obrigatório, 7 estudantes relataram que
realizavam apenas uma função que foi lhe designada, 1 realizava funções nos quais
não tinha competência/habilidade para isso, 11 deles realizavam todas as funções
que apareciam, inclusive as que não deveriam ser feitas por um estagiário e 1 não
respondeu à pergunta.
Conforme discutido por Barreiro e Gebran (2006) o estagiário necessita ter
compreensão da dinâmica do estágio e da sua presença na instituição que esteja
atuando. Essa consciência possibilitará refletir, pesquisar e criticar suas atitudes, e
contribuir para sua futura profissão (COSTA E HAGE, 2014).
A pergunta 9 faz referência ao horário estabelecido para a realização do
estágio. Observa-se por meio do gráfico 6, que 75% dos estudantes disseram que
tinham um horário fixo estabelecido para realizar o estágio não obrigatório, 15% não
tinham um horário fixo e 10% não responderam.
Figura 7: Respostas da pergunta 9
75%
15%
10%
Nesse estágio não obrigatório havia um horário fixo para a realização ou fazia o horário que pretendia?
Cumpriam horário fixo Cumpriam o horário que pretendiam Não responderam
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019
Como já discutido no capítulo um, Martins (2015) expõe que o estágio é um
momento de os estudantes terem oportunidade de aplicar procedimentos de
37
diagnóstico, atividades de observação e docência assistida. O estágio propicia
reflexão sobre os conhecimentos da profissão escolhida, assim como colaborar no
trabalho pedagógico da instituição. Assim, os participantes foram questionados
sobre a valorização como estagiário no local de trabalho. Obteve-se como
respostas:
P1 não, porque te acham com cara de auxiliar então tinha que ajudar em
tudo até no que não podia.
P2: não, porque para a diretora não fazia mais que a obrigação.
P3: sim, porque sempre fui acolhida e respeitada pelo resto da equipe.
P4: sim, porque os professores e funcionários agradeciam e elogiavam as
atividades desenvolvidas por mim.
P6: sim, porque a escola e os funcionários demonstravam que sou
valorizado.
P7: sim, porque todos gostavam do meu trabalho.
P8: não, porque para eles você não era nada, você só tinha que fazer o que
eles pediam.
P 9: sim, porque muitas responsabilidades.
P10: sim, porque eles sempre elogiavam e agradeciam o que eu fazia.
P11: sim, porque nos momentos mais necessários me senti valorizada, mas
em outros momentos não.
P12: sim, porque houve reconhecimento dos professores e aspectos
positivos.
P13: sim, porque eu era bem requisitada na escola estava sempre a
disposição.
P14: sim, porque me inteirei junto a instituição e seus colaboradores.
P15: sim, porque sempre me agradeceram pelo que fiz.
P16: sim, porque realizei em uma instituição muito querida por mim.
P17: sim, porque víamos perspectivas como profissional.
P18: sim, porque me mostrou que era capaz.
P19: sim, porque me tratavam bem.
P20: sim.
Observa-se que a maioria dos participantes se sentem valorizados como na
sua função de estagiário, se sentem respeitados, acolhidos e elogiados.
Andrade (2005) comenta que o estágio é uma importante parte integradora do
currículo, uma parte em que o licenciado vai assumir pela primeira vez a sua
identidade profissional e sentir na pele o compromisso com o aluno, ou com sua
38
realidade de trabalho, com famílias, com a comunidade ou com a instituição onde
está realizando o estágio. Neste sentido, os estudantes de pedagogia foram
questionados na pergunta 11, sobre a importância do estágio não obrigatório. Os
estudantes disseram que o estágio não obrigatório é importante para:
P1: adquirir conhecimento e pôr em prática a teoria que aprendeu.
P2: para mim a importância do estágio não obrigatório é para termos noção
do que é um professor em sala de aula.
P3: uma oportunidade para o estudante adquirir experiência e também
mostrar serviço.
P4: acredito que seja oportunizar experiências para o nosso crescimento
profissional, bem como a preparação para o mercado de trabalho.
P6: ter experiência nas escolas com os alunos e ganhar dinheiro para
ajudar na faculdade.
P7: crescer futuramente.
P10: associar as funções do estagiário ao curso, ampliando seu
conhecimento com fazeres na prática.
P12: favorecer habilidades, conhecimentos na área da educação e o
conteúdo destinado ao ano letivo.
P13: inicialmente o meu interesse era o de ganhar dinheiro, mas com o
passar do tempo me vi fazendo algo que eu queria, sempre quis, ser
professora e foi no estágio que confirmei que estava no caminho certo. Saí
de lá já faz um ano sinto uma saudade da escola de estar em sala de aula.
P14: tudo é valido como experiência, portanto a dedicação para o estágio
colabora para a formação dos futuros professores.
P16: o principal acredito é o aprendizado pois é algo não obrigatório e
mesmo assim você se dedica, se empenha para ajudar e isso te faz melhor,
ajudar sem pensar no que ganhar.
P17: para mim foi muito importante pois aprendi a lidar com uma sala de
aula durante a formação.
P18: porque me mostrou que eu era capaz.
Na questão de número 12 foi questionado a diferença entre o estágio
obrigatório e não obrigatório. De acordo com o gráfico 7,70% dos estudantes
disseram que não veem diferença entre os estágios e 30% retrataram que percebem
diferença entre eles.
39
Figura 8: Respostas da pergunta 12
Fonte: Do próprio autor, 2019.
E ainda relataram que:
P4: acredito que o estágio não obrigatório seja mais flexível.
P5: sim estágio obrigatório é feito sem vontade por ser obrigado, já o não
parte da vontade da pessoa.
P6: no estágio não obrigatório somos vistos como funcionários da escola.
P9: o obrigatório é mais valorizado.
P 11: no não obrigatório você é visto como uma pessoa que está ali para
ajudar, já no estágio obrigatório você é visto como alguém que tem a
obrigação de ajudar a fazer tudo quando possível e as vezes quando não é
possível fazer outras coisas que não é da sua função.
Os estudantes foram questionados na pergunta 13 sobre qual a opinião deles
sobre o preconceito com os estagiários, se o mesmo existe ou não, dentro das
instituições. Assim, 14 entrevistados afirmaram existir preconceito, enquanto
somente 6 disseram não perceber esse tipo de atitude. Os relatos podem ser
observados nos trechos de fala a seguir:
P 2: acham que estamos ali fazendo mais que nossa obrigação.
P3: se algo der errado a culpa é do estagiário.
P4: sim muitos encaram o estagiário como um pentelho, alguém que está ali
para bisbilhotar o serviço alheio e com isso acabam por querer prejudicar o
trabalho do estagiário.
40
P6: tudo sobra para o estagiário.
P10: de não estar apto a exercer a função.
P11: você é visto como alguém que está ali para ser mandado por todos
que estão a cima de você é como se não tivesse muito valor, somos
necessários apenas no momento em que podemos ajudar nas coisas que
não fazem de nossa função caso contrário não somos necessários.
P13: muito preconceito por parte dos professores que já atuam na área.
P15: sim, não te tratam bem, acham que não sabe nada.
P16: inexperientes “tapa buracos faz tudo”...
P 17: em algumas instituições escolares os estagiários trabalham mais e
seu trabalho não é tanto valorizado.
P19: porque em alguns lugares os estagiários não são valorizados.
Para finalizar a pesquisa, a questão 14 fez um questionamento sobre o
conhecimento que os demais profissionais da instituição têm sobre a função do
estagiário no local de trabalho.
O gráfico 8 permite visualizar que 55% responderam que todos sabiam a
função do estagiário, 5% responderam que apenas a equipe gestora conhecia, 10%
disseram que somente quem estava diretamente ligado à função sabia, 15%
responderam que tiveram de explicar sua função, 10% relataram que ninguém sabia
sua função e 5% não responderam à pergunta.
Figura 9: Respostas da pergunta 14
Fonte: Do próprio autor, 2019.
41
Os resultados do estudo permitem identificar que a maioria dos estudantes do
curso de Pedagogia, passaram pela experiência do estágio não obrigatório.
Percebem sua importância para a qualificação profissional e pessoal. Se sentem
valorizados como e acolhidos nos ambientes de ensino.
42
CONCLUSÃO
Ao findar-se a pesquisa, ter estudado sobre o histórico do estágio no Brasil, e
analisado melhor as concepções que os estudantes de pedagogia possuem, foi
possível concluir que ainda são necessárias algumas pesquisas em relação a essa
temática.
Com relação ao objetivo de se investigar a história e a legislação que regem o
estágio no Brasil, identificou-se que o estágio não só no Brasil, mas também no
mundo, surgiu por meio dos sacerdotes que possuíam seus aprendizes.
A questão da legislação foi interessante a peculiaridade observável desde as
primeiras leis até as atuais, que foram lançadas e alteradas, além de poder observar
que após muitos anos foi criada uma lei para lidar com o estágio para só depois
pensarem na possibilidade de o estágio ser um local de aprendizagem.
Com relação a concepção de estágio não obrigatório por parte dos estudantes
do oitavo semestre do curso de Pedagogia, apenas um participante relatou não
passar por essa experiência. Os alunos recebem as orientações sobre o estágio
tanto dos responsáveis pelas instituições que oferecem o estágio, quanto dos
docentes do curso.
Embora a maioria dos estudantes terem realizado o estágio não obrigatório
no decorrer do curso, observa-se que eles não identificam diferenças entre as duas
modalidades de estágio, obrigatório e não-obrigatório, e as respostas dos
questionários se tornaram quase que um desabafo por parte dos participantes, pois
relataram angústias guardadas na memória, como por exemplo as de não serem
respeitados pelos professores e funcionários, que não veem os estagiários futuros
pedagogos que estão ali para vivenciar e aprender na prática a profissão.
A realização dessa pesquisa pode mostrar que as questões de preconceitos e
falta de conhecimento sobre o estágio não é um caso isolado, e sim muito comum, e
para que isso mude de maneira simples, basta ser entendido de maneira clara que o
estagiário não compete com ninguém em local nenhum de trabalho e pode auxiliar
para o andamento da empresa ou escola e aprender ainda mais, se for respeitado.
43
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47
Anexo 1
Questionário aplicado aos estudantes do curso de pedagogia.
Prezado participante Estamos realizando uma pesquisa de Conclusão de curso, e gostaríamos de
convidá-lo (a) a responder este questionário que faz parte da coleta de dados da pesquisa intitulada “Concepção de estágio não obrigatório na perspectiva do estudante de Pedagogia”, sob a responsabilidade do pesquisador Ricardo Luiz Enéas Netto, com orientação da Profª Drª Fabiana Sayuri Sameshima.
Caso concorde em participar da pesquisa, leia com atenção os seguintes pontos:
- Você é livre para, a qualquer momento, recursar-se a responder às perguntas que lhe ocasionem constrangimento de qualquer natureza;
- Você pode deixar de participar da pesquisa e não precisa apresentar justificativa;
- Sua identidade será mantida em sigilo. Agradecemos a colaboração e colocamo-nos à sua disposição.
Questionário 1. Idade: 2. Semestre:
1- Você realiza ou realizou estágio não obrigatório durante o curso?
( ) sim ( ) não 2- O estágio não obrigatório que realizou, foi voluntário ou remunerado?
( ) voluntário ( ) remunerado 3- Você recebeu de forma clara as orientações sobre a função a ser exercida no
estágio?
( ) sim recebi ( ) não recebi. Se não, o que faltou: _______________________________________________ 4- Você considera o estágio não obrigatório como:
( ) trabalho para servir a empresa/instituição ( ) local de aprendizagem. O que você aprendeu: _______________________ _________________________________________________________________
_________________________________________________________________
__________________________________
5- A instituição de ensino onde você cursa Pedagogia, tanto coordenação quanto
professores, te ofereceram suporte para sanar suas dúvidas e auxiliar no que lhe era
necessário?
( ) sim. Que tipo de suporte: ________________________________________
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( ) não ofereceu suporte ( ) não procurei ajuda 6- Qual a carga horária que você realiza ou realizava?
( ) menos de 4 horas diárias ( ) 4 horas diárias ( ) 5 horas diárias ( ) 6 horas diárias ( ) mais de 6 horas diárias ( ) não era diariamente, pois era voluntário 7- O estágio não obrigatório foi realizado em:
( ) escola ( ) instituição especializada ( ) projeto social ( ) um projeto sócio educacional
( ) transporte de alunos( ) espaço não escolar. Especifique: _______________
8- Dentro do ambiente onde você realizou o estágio não obrigatório, você cumpria:
( ) apenas uma função que foi lhe designada ( ) funções de cargos nos quais não tinha competência/ habilitação para isso ( ) todas as funções que apareciam, inclusive as que não deveriam ser feitas por um estagiário 9- Nesse estágio não obrigatório havia um horário fixo para a realização ou fazia o
horário que pretendia?
( ) horário fixo ( ) horário que pretendia 10- Durante a realização desse estágio você se sentiu valorizado como estagiário?
( ) sim. Por que: ________________________________________________ ( ) não. Por que: ________________________________________________ 11- Qual a importância do estágio não obrigatório?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
____________________
12- Você vê diferença entre o estágio obrigatório e não obrigatório?
( ) sim. Quais: ____________________________________________________
( ) não
13- Você acha que existe preconceito com relação aos estagiários?
( ) sim. Que tipo: ________________________________________ ( ) não 14- Onde realizou o estágio, as pessoas conheciam o papel do estagiário:
( ) sim, todos conheciam ( ) somente a equipe gestora
( ) somente quem estava diretamente ligado a minha função ( ) você teve que
explicar sua função
( ) ninguém sabia