Comunicado da plataforma sindical do grupo tap

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Comunicado da Plataforma Sindical do Grupo TAP De há muito que estas Organizações Sindicais vinham alertando para as várias situações anómalas que se iam verificando no quotidiano do Grupo TAP. Começou com a desgraçada política de austeridade imposta pelo governo, que foi desgastando o ambiente laboral, instalando o descontentamento e empurrando para a saída da empresa, em muitos casos para a via da emigração, dezenas de profissionais de vários sectores, de muito difícil e demorada substituição por não haver oferta no mercado de trabalho e exigir um longo período de formação e experiência profissionais. Seguiu-se o processo de privatização, felizmente travado a tempo, mas que deixou enormes sequelas tanto pelo lado financeiro, como pela devassa a que a empresa foi sujeita por parte de várias entidades, algumas delas estrangeiras, com interesses antagónicos da TAP, enquanto empresa pública ao serviço do país. Outro acontecimento, que também causou enorme perplexidade, foi a alteração da composição do Conselho de Administração com o estranho abandono dos responsáveis por dois dos mais importantes pelouros da gestão, como são os casos do financeiro e o da manutenção e engenharia. Enquanto isso, o investimento de má memória realizado no Brasil, foi somando prejuízos ano após ano, não só pelos resultados anuais do negócio mas também pelo crescimento dos custos operacionais resultantes dos atrasos nos prazos de entrega das aeronaves que lá vão fazendo a manutenção. Vivendo em aparente paz social e falso ambiente de recuperação e crescimento, que sempre fomos denunciando, chegamos às últimas semanas parecendo que, inesperadamente, o mundo se abateu sobre a empresa. Para estas Organizações Sindicais, era previsível que a TAP chegasse a esta situação e só não a detectava quem, eventualmente estivesse a conduzir o processo exactamente com esta intenção, ou seja, todos os acontecimentos que relatámos e muitos outros que dariam para um outro extenso documento, foram levados a cabo com um único objectivo. Preparar nova tentativa para entregar a TAP ao capital privado com a velha argumentação que o Estado não tem vocação e não sabe gerir uma empresa de transporte aéreo. Perante o clima de desmotivação que se vive na empresa exige-se ao Conselho de Administração que assuma as suas responsabilidades. No lugar de criativos exercícios de multimédia nos quais o CA é pródigo, estas Organizações Sindicais exigem um noticiário verdadeiro sobre a sua actividade e sem sensacionalismos. A verdade e a dignidade da empresa e dos seus trabalhadores têm que ser rapidamente repostas. Internamente, apelamos ao Presidente do CA, a continuação e aceleração dos contactos com as Organizações Sindicais, com vista a encontrar soluções para

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Comunicado da Plataforma Sindical do Grupo TAP

De há muito que estas Organizações Sindicais vinham alertando para as várias

situações anómalas que se iam verificando no quotidiano do Grupo TAP.

Começou com a desgraçada política de austeridade imposta pelo governo, que

foi desgastando o ambiente laboral, instalando o descontentamento e

empurrando para a saída da empresa, em muitos casos para a via da

emigração, dezenas de profissionais de vários sectores, de muito difícil e

demorada substituição por não haver oferta no mercado de trabalho e exigir

um longo período de formação e experiência profissionais.

Seguiu-se o processo de privatização, felizmente travado a tempo, mas que

deixou enormes sequelas tanto pelo lado financeiro, como pela devassa a que

a empresa foi sujeita por parte de várias entidades, algumas delas

estrangeiras, com interesses antagónicos da TAP, enquanto empresa pública

ao serviço do país.

Outro acontecimento, que também causou enorme perplexidade, foi a

alteração da composição do Conselho de Administração com o estranho

abandono dos responsáveis por dois dos mais importantes pelouros da gestão,

como são os casos do financeiro e o da manutenção e engenharia.

Enquanto isso, o investimento de má memória realizado no Brasil, foi

somando prejuízos ano após ano, não só pelos resultados anuais do negócio

mas também pelo crescimento dos custos operacionais resultantes dos atrasos

nos prazos de entrega das aeronaves que lá vão fazendo a manutenção.

Vivendo em aparente paz social e falso ambiente de recuperação e

crescimento, que sempre fomos denunciando, chegamos às últimas semanas

parecendo que, inesperadamente, o mundo se abateu sobre a empresa.

Para estas Organizações Sindicais, era previsível que a TAP chegasse a esta

situação e só não a detectava quem, eventualmente estivesse a conduzir o

processo exactamente com esta intenção, ou seja, todos os acontecimentos

que relatámos e muitos outros que dariam para um outro extenso documento,

foram levados a cabo com um único objectivo. Preparar nova tentativa para

entregar a TAP ao capital privado com a velha argumentação que o Estado não

tem vocação e não sabe gerir uma empresa de transporte aéreo.

Perante o clima de desmotivação que se vive na empresa exige-se ao

Conselho de Administração que assuma as suas responsabilidades. No lugar

de criativos exercícios de multimédia nos quais o CA é pródigo, estas

Organizações Sindicais exigem um noticiário verdadeiro sobre a sua actividade

e sem sensacionalismos. A verdade e a dignidade da empresa e dos seus

trabalhadores têm que ser rapidamente repostas.

Internamente, apelamos ao Presidente do CA, a continuação e aceleração dos

contactos com as Organizações Sindicais, com vista a encontrar soluções para

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os conflitos existentes, uns declarados e outros latentes, que possam conduzir

ao estabelecimento da paz laboral, e garanta o seu futuro.

Ao governo, os trabalhadores da TAP, exigem que parem as manobras de

desestabilização que permanentemente vem ensaiando contra a empresa, que

retome a Contratação Colectiva, que a capitalize como pode e é seu dever, e

trave de imediato, qualquer tentativa de privatização que, a prosseguir,

configuraria mais um atentado contra os interesses do País e da economia

nacional.

A Plataforma Sindical do Grupo TAP