Compreendendo o controle aversivo - UEL
Transcript of Compreendendo o controle aversivo - UEL
Compreendendo o controle aversivo
setembro 2012
Maura Alves Nunes Gongora
[Universidade Estadual de Londrina]
Justificativa: Controle aversivo constitui um
amplo domínio do corpo teórico-conceitual da
Análise do Comportamento que merece ser
mais estudado e melhor compreendido.
Os temas aqui apresentados são produto de uma
linha de pesquisa de pesquisa, nossa, na UEL.
Enfoque: explorar alguns temas analisados por
Skinner (1953/2003 ...) e Sidman (1989/2003) que,
em geral, apresentam importantes implicações
práticas e debates conceituais e teóricos.
I - DEFINIÇÕES OPERACIONAIS DAS
CONTINGÊNCIAS AVERSIVAS
O controle aversivo é definido por
contingências que afetam de maneira
distinta a probabilidade do
comportamento.
REFORÇAMENTO NEGATIVO: probabilidade
PUNIÇÃO: probabilidade
2 - DEFINIÇÕES OPERACIONAIS DAS CONTINGÊNCIAS
AVERSIVAS
Definições operacionais das
contingências aversivas
Contingências
de Punição
Contingências de
Reforçamento
Negativo
TIPO 1 (positiva)
TIPO 2 (negativa)
Comportamento
de FUGA
Comportamento
de ESQUIVA
Contingências de Reforçamento
Negativo
A conseqüência da resposta é a remoção de
estímulos aversivos da situação.
R S¯
: R : S¯
FUGA
A resposta é reforçada pela remoção do estímulo aversivo presente
(geralmente incondicionado).
S-
R
S-
remoção
Contingências de Punição
TIPO 1
(positiva)
TIPO 2
(negativa)
Caracteriza-se pela adição de
reforçadores negativos ou de
estímulos aversivos
Caracteriza-se pela remoção de
reforçadores positivos disponíveis
EFEITO DIRETO: mudança na probabilidade do comportamento.
EFEITOS INDIRETOS; COLATERAIS ou SUBPROTUDOS:
correlatos às mudanças na probabilidade do comportamento.
Imediatos: reações emocionais
Longo prazo: condicionamento de estímulos neutros à
estimulação aversiva, entre outros.
Apesar dos subprodutos não consistirem no principal efeito dessas
duas contingências, eles são de suma importância para análise do
controle aversivo. (SKINNER, 1953; HINELINE, 1984 e SIDMAN,
1989/1995)
II- SUBPRODUTOS EMOCIONAIS:
Nas contingências de punição e de reforço negativo
Há dois processos de condicionamento envolvidos.
“
Efeito Operante Probabilidade de ocorrência do
comportamento
Condicionamento Respondente Reações emocionais incompatíveis
com a ocorrência do comportamento
O CONDICIONAMENTO DE ESTÍMULOS NEUTROS:
pode resultar em padrões de fuga/esquiva
Quanto MAIOR o número
de estímulos condicionados
antes da remoção da
estimulação aversiva
MAIOR pode ser o tempo
que o indivíduo
permanece emitindo
comportamentos de
esquiva
Comportamentos de fuga e de esquiva envolvem um CUSTO ALTO DE
RESPOSTA para o organismo, pelo fato de serem acompanhados pelas
reações emocionais também observadas nas contingências de punição
(Skinner, 1953/2003; Sidman, 1989, 2003)
Portanto: sobre estímulos aversivos condicionados, verifica-se:
Punição
- Sentimentos de
Culpa/Vergonha
- Paralisação do
comportamento
operante
- Respostas
emocionais
perturbadoras
-Contracontrole
(agressão)
Reforço negativo
[ Se por ameaça de punição ! ]
- Sensações de Medo
- Estados de Ansiedade
- Padrões de fuga-esquiva
- Sentimentos de Insegurança
- Estado de alerta/stress
SUBPRODUTOS INDESEJÁVEIS: exemplos
Condições que favorecem a ocorrência de subp. indesejáveis.
1. Estimulação aversiva severa:
1.1 Elevada intensidade da estimulação aversiva
1.2 Duração prolongada da estimulação aversiva
1.3 Incontrolabilidade e imprevisibilidade de contato do indivíduo
com a estimulação aversiva
2. História comportamental do indivíduo desfavorável à
possibilidade de apresentar comportamentos concorrentes e de
dessensibiliza-lo para adversidades do cotidiano. [Repertório
operante pouco eficaz e pouca tolerância às situações
aversivas do cotidiano].
3. Condições ambientais atuais que podem impedir a
apresentação de comportamentos concorrentes (reforçados
positivamente)
IV - EFEITOS DESEJÁVEIS DO CONTROLE AVERSIVO
[Mazzo, 2007]
SUBPRODUTOS DESEJÁVEIS
Fuga é um comportamento filogeneticamente selecionado por sua
consequência: favorecer a sobrevivência do organismo.
Interesse: comportamento de ESQUIVA ATIVA (aprendido)
ESQUIVA ATIVA: Desenvolvida se a estimulação aversiva for compatível com
a capacidade do indivíduo de enfrentá-la.
Resultados da Estimulação
Aversiva Compatível: INDUZ a apresentação de respostas que
possivelmente eliminem ou adiem as chances de
punição;
As reações emocionais eliciadas são toleráveis e
passageiras.
NOTA:
Motivação no Behaviorismo Radical: Estimulação Aversiva e privação.
• Variedade de
respostas
reforçadas
negativamente.
• Ausência de
reações
emocionais
perturbadoras
-As chances de ocorrer comportamentos
positivamente reforçados
(comportamentos concorrentes)
- Os sentimentos de auto confiança
PROCESSO COMPORTAMENTAL NA ESQUIVA ATIVA
As chances de serem estabelecidos
repertórios apropriados
RESULTADOS DESEJÁVEIS DA ESQUIVA ATIVA
Variabilidade Comportamental
Repertório de Enfrentamento
Na esquiva ativa a estimulação aversiva induz a apresentação de outros
comportamentos. Desse modo, o indivíduo pode modificar o seu ambiente, reordenar
as contingências, evitando o contato com situações punitivas e ainda aumentar as
chances de ocorrer reforçamento positivo.
> Autocontrole ; > Resolução de problemas; >Seguir regras
Skinner admite que na aquisição desses repertórios ocorre a participação
de controle aversivo [punição e reforço negativo]
Comportamentos socialmente eficazes:
RESULTADOS DESEJÁVEIS DA ESQUIVA ATIVA RESULTADOS [cont...]
Estado emocional de equilíbrio e sentimento de autoconfiança.
Dessensibilização da Estimulação aversiva (Tolerância à estimulação
aversiva
A exposição do indivíduo à estimulação aversiva compatível permite que o
indivíduo aprenda a enfrentar situações variadas da vida diária, principalmente
quando a estimulação aversiva é inexorável. Para isso, a apresentação gradual da
estimulação aversiva pode favorecer a aprendizagem de repertório apropriado de
enfrentamento. Hays (1987) e Kohlenberg e Tsai (1991/2001).
A estimulação aversiva compatível induz estado fisiológico de “stress” necessário
apenas para o organismo responder ao ambiente (motivação).
Culpa
Vergonha
Medo
Sentimentos
produzidos por
contingências de
punição e de
REFORÇO negativo,
socialmente
construído
[pouco discutidos !].
Malot (2004) São sentimentos importantes para a aprendizagem de
regras morais (valores morais e éticos)
• Controle aversivo apropriado beneficia a vida em sociedade
Efeitos desejáveis do, controle aversivo ??
Sentimentos desejáveis para aprendizagem de comportamento moral
Esquiva apropriada?
Gosto / faço Gosto /não faço
Gosto e faço Gosto, mas não faço
Não gosto/ faço Não gosto/ não faço
Não gosto, mas
faço
Não gosto e não faço
Os índices de cada quadrante são indícios do repertório total da pessoa
Reforçamento positivo
Repertório de
Enfrentamento
(tolerância
à estimulação aversiva)
Contingências
aversivas
competem com
as positivas
Análise das atividades indicativas da relação entre o controle positivo e
controle aversivo do comportamento
Posições gerais defendidas no livro de Sidman
(1989) a respeito da coerção [alinhadas com
posições de Skinner sobre punição]:
- não funciona para inibir comportamento;
- gera graves prejuízos (subprodutos);
- recomendação: usar reforço positivo.
4) Questionamentos específicos de
efeitos da coerção [da punição e do
reforço negativo] em três debates
distintos: da punição positiva, da
punição negativa e outro do reforço
negativo.
Divergências sobre punição positiva:
- Em certas contingências a supressão da resposta punida se mantém sim;
- Também o reforço positivo, se retirado completamente, pode resultar em perda dos seus efeitos;
- Com certas especificidades pode trazer benefícios para indivíduo e sociedade.
- Quanto à punição negativa:
Estudo posterior [nosso] demonstrou que
é estratégia recomendada na literatura
de orientação de pais para educar
crianças no “respeito a limites” e no
cumprimento de regras. Não produz, os
tais efeitos indesejáveis [ver debate
sobre culpa e comportamento moral]
Quanto à equiparação de reforço negativo com punição, relativa aos efeitos danosos.
- Skinner (1971) pontua 02 critérios para se valorar, socialmente, um comportamento como “bom”: a) se ele fortalece comportamento e b) se ele é acompanhado por sentimento positivo. Então, neste caso, reforço negativo é bom.
- A exposição inicial à estimulação aversiva, não
necessariamente define uma relação de punição intrínseca ao reforçamento negativo...
5) Quanto à alternativa sugerida à coerção/punição:
O reforço positivo - Perone (2003) : reforço positivo, às vezes pode ser ruim e controle aversivo, às vezes, pode ser bom. Horner (1990), outros critérios devem definir escolha de procedimentos. -Skinner : reforço positivo, sendo imediato, pode trazer prejuízos a longo prazo, especialmente para práticas culturais.
Considerações finais:
Uma afirmação para se discutida:
“punição não ensina nada”
Obrigada!