Composição Química das Sementes
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CASSILÂNDIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA ÁREA DE
CONCENTRAÇÃO EM SUSTENTABILIDADE NA AGRICULTURA
COMPONENTES QUÍMICOS DAS SEMENTES
Docente: Prof. Dr. Flávio Ferreira da Silva Binotti
Discente: Geraldo C. Cabral Gouveia
Cassilândia - MS
Setembro/2015
1
INTRODUÇÃO
As sementes, à semelhança dos demais órgãos da planta, apresentam uma
composição química bastante variável, caracterizando-se por apresentar, basicamente,
dois grupos de componentes químicos: os que ocorrem normalmente como constituintes
em todos os tecidos da planta e aqueles que são materiais de reserva. Estes componentes
são oriundos, por translocação, de elementos acumulados anteriormente em outras partes
da planta ou por meio de fotossintetização, por ocasião da formação e desenvolvimento
da semente (MARCOS FILHO, 2005).
Apesar de a maior dos compostos químicos presentes nas sementes não diferir
daqueles encontrados nos demais órgãos da planta, as proteínas das sementes podem
diferir na composição química e em suas propriedades, em relação às demais proteínas
da planta (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012).
A grande quantidade de lipídios armazenada nas sementes de certas espécies a
diferencia de outros tecidos da planta, à exceção de alguns frutos que também apresentam
consideráveis teores desses componentes, pois, normalmente, os lipídios não ocorrem em
grande quantidade nos demais tecidos (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012).
As espécies são cultivas de acordo com seus componentes químicos com o intuito
de ser fonte de alimento ou como matéria-prima das indústrias. Entretanto, são pouco
conhecidas as espécies com sementes cujo material de reserva predominante seja a
proteína, tendo como poucas exceções a soja (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012).
COMPONENTES OU SUBSTÂNCIAS ARMAZENADAS NAS
SEMENTES
As sementes armazenam reservas no endosperma e/ou no embrião sendo que em
dicotiledôneas geralmente situam-se nos cotilédones e mais raramente são encontradas
em outros tecidos. Entretanto em alguns casos o material pode ser encontrado no
perisperma, como é o caso das sementes de beterraba e no eixo hipocótilo-radícula em
castanha do Brasil (MARCOS FILHO, 2005).
De forma geral, os carboidratos, proteínas e lipídios são as principais substâncias
de reserva, mas as proporções de cada um desses componentes variam de acordo com a
espécies e, frequentemente, com o cultivar (MARCOS FILHO, 2005).
2
O conhecimento da composição química é do interesse prático da tecnologia de
sementes, pois tanto o vigor como o potencial de armazenamento de sementes são
influenciados pelo teor dos compostos presentes. Outro ponto a se destacar diz respeito à
influência da composição química da semente no gasto das plantas em energia para
produzi-las (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012).
As sementes podem ser classificadas de acordo com seu tipo de reserva
predominante, segundo Marcos Filho (2005):
Amiláceas: a principal reserva é o amido, como o milho, arroz, trigo, dentre outras
várias gramíneas.
Aleuro-amiláceas: acumulam amido e proteínas, como o feijão, ervilha, e
leguminosas em geral.
Oleaginosas: predominam lipídios, como em mamona, dendê, amendoim,
girassol, linho, colza.
Aleuro-oleaginosas: ter por característica, armazenar lipídios e proteínas, como
a soja e o algodão.
Córneas: apresentam reservas celulósicas, como as sementes de palmeira jarina,
tremoço café.
CARBOIDRATOS
Os carboidratos constituem as principais substâncias armazenadas em sementes
da maioria das espécies cultivadas. Apresentam a fórmula geral (CH2O) n e tendo como
principal função o fornecimento de energia para a retomada de desenvolvimento do
embrião durante a germinação. Os carboidratos podem ser divididos em três grandes
grupos: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos (MARCOS FILHO, 2005).
Os carboidratos formam aproximadamente 80% da matéria seca das sementes dos
cereais, sendo que os carboidratos mais importantes são o amido, que é o predominante,
a celulose, a hemicelulose, as pentosanas, as dextrinas e os açucares (CARVALHO;
NAKAGAWA, 2012).
POLISSACARÍDEOS
a) Amido
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É um polissacarídeo, metabolicamente inativo, armazenado em maiores
quantidades nas sementes, principalmente no endosperma de gramíneas e no embrião de
algumas leguminosas. Formado a partir de açucares (principalmente a sacarose)
translocados para a semente, sendo depositado em organelas celulares derivados de
protoplastídios, denominadas amiloplastos, sendo que o número de grãos de amido por
amiloplasto varia com a espécie, onde que em milho, centeio, cevada e trigo há um,
enquanto em arroz e aveia há vários (MARCOS FILHO, 2005).
O amido é armazenado principalmente na forma de amilose e amilopectinas,
sendo estas, polímeros constituídos por moléculas extensas, formadas pela reunião de
inúmeras unidades de moléculas menores e idênticas. A maioria dos grãos de amido é
composta por aproximadamente 50-75% de amilopectinas e 20-25% de amilose
(MARCOS FILHO, 2005).
A amilose é composta por 200 a 1000 unidades de glicose unidas por ligações α-
1,4 glucosídeo, com peso molecular de 10.000 a 100.000, já a amilopectina é uma
molécula muito maior, com 20-25 unidades de glicose por ramificação, unidas tanto por
ligações α-1,4 como por α-1,6 glucosídeo, com peso molecular de 50.000 a 1.000.000.
Ambas são hidrolisadas pelas enzimas α e β amilase durante o metabolismo normal e a
germinação (MARCOS FILHO, 2005).
b) Hemicelulose
É a segunda forma mais importante de polissacarídeos armazenados em sementes,
sendo também conhecida como polissacarídeos de reserva de parece celular,
relativamente inertes, sob o ponto de vista químico, e apresentam graus variados de
solubilidade em água (MARCOS FILHO, 2005).
Os polissacarídeos de reserva de parede celular são classificados com base em sua
estrutura química, em três grupos: os mananos puros, glucomananos e galactomananos,
sendo que o processo de deposição desses polissacarídeos parece ser derivado do
metabolismo de biossíntese da parede celular primária. Os mananos são encontrados em
sementes de café, gergelim, tomate, alface, aipo e tremoço e a sua presença tem sido
associada à restrição para a protrusão da raiz primária, em função da dificuldade para a
digestão, o que também contribui para a redução da velocidade de germinação dessas
espécies, além de atuarem como reservas, conferem consistência endurecida ao
tegumento, exercendo proteção contra injúrias mecânicas (MARCOS FILHO, 2005).
4
c) Celulose
Polímero da glicose, é outro constituinte da parede celular, formando o conjunto
denominado fibra bruta, sendo que as maiores quantidades de fibra são encontradas no
tegumento, quando comparadas com os presentes no endosperma e embrião (MARCOS
FILHO, 2005).
MONO E OLIGOSSACARÍDEOS
Os monossacarídeos são carboidratos simples, que não sofrem hidrólise, com
fórmula geral Cn (H2O)n, onde n geralmente varia de 3 a 7. As pentoses e as hexoses
(glicose, frutose, levulose, galactose), respectivamente com cinco e seis átomos de
carbono em suas moléculas, são os monossacarídeos mais comuns e mais importantes dos
seres vivos (MARCOS FILHO, 2005).
Os oligossacarídeos são carboidratos formados pela conexão de dois a dez
monossacarídeos que se separam por hidrólise. Os mais importantes para os seres vivos
são os dissacarídeos, formados por dois monossacarídeos, como exemplo a sacarose,
lactose, maltose (MARCOS FILHO, 2005).
LIPÍDIOS
Os lipídios são constituintes encontrados em todas as partes da semente, ocorrendo
em maior quantidade no embrião ou no endosperma sendo que em algumas espécies são
predominantes em outras estruturas, como o hipocótilo, na castanha-do-pará
(CARVALHO; NAKAGAWA, 2012).
A classificação dos lipídios é baseada em sua composição, dessa forma, os simples
incluem os ésteres de ácidos graxos e glicerol ou outros álcoois, os compostos são ésteres
de ácidos graxos, contendo grupos químicos adicionais, como os fosfolipídios,
componentes da estrutura das membranas celulares. Os derivados são originados de
lipídios simples ou compostos, por hidrólise, onde incluem vários ácidos graxos e álcoois
de moléculas grandes, como o colesterol (MARCOS FILHO, 2005).
Os lipídios são geralmente representados na forma de glicerídeos (triglicerídeos)
de ácido graxos, sendo predominantes nas sementes os ácidos graxos insaturados, com
maior ocorrência para os ácidos oleico, linoleico e linolênico, e dentre os ácidos graxos
saturados, o palmítico e o esteárico. Glicerídeos de outros ácidos orgânicos, tanto
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saturados como insaturados, podem ocorrer como acético, butírico, láurico, mirístico,
araquídico, dentre outros (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012).
Nas sementes ricas em óleo, as reservas de triglicerídeos encontram-se em
organelas esféricas denominadas esferossomas, sendo que esses corpúsculos podem
ocupar todo o espaço vazio da célula. As sementes contêm ainda outros tipos de lipídios,
além dos glicerídeos, como os fosfolipídios, ácido fosfatídico, fosfatidil-colina (lecitina),
dentre outros, sendo que para a semente de trigo, a fosfatidil-colina representa 45,4% do
total de 0,4% de fosfolipídeos (CARVALHO; NAKAGAWA, 2012).
Os lipídios são considerados fontes de energia mais eficientes que os carboidratos,
durante a germinação, além de ter poder ter a função de reserva e estrutural. Durante a
germinação, as lipases hidrolisam os triglicerídios, formando glicerol e ácidos graxos,
sendo que parte desses ácidos graxos é transformada posteriormente em açucares,
liberando energia para a germinação (MARCOS FILHO, 2005).
Além dos lipídios de reserva, são também importantes os fosfolipídios polares,
constituintes essenciais do sistema de membranas celulares, incluindo as organelas. A
organização das membranas afeta diretamente a normalidade dos processos fisiológicos
em sementes, como a germinação, a dormência, a manifestação de vigor, tolerância a
dessecação e o condicionamento fisiológico, sendo que a manutenção de sua integridade
beneficia o desempenho das sementes (MARCOS FILHO, 2005).
PROTEÍNAS
São macromoléculas nitrogenadas, de tamanho considerável e estrutura complexa,
constituídas por combinações de aminoácidos, em proporções variadas. São
extremamente importantes para a vida vegetal que todas as reações fisiológicas das
células vivas giram em torno de suas propriedades químicas e físicas além de serem
importantes para a constituição de novos tecidos (MARCOS FILHO, 2005).
A ligação que se estabelece entre dois aminoácidos é chamada de ligação
peptídica, desta forma, as proteínas são constituídas de ligações polipeptídicas de cadeia
longa, podendo ter a união de até centenas de moléculas de aminoácidos (MARCOS
FILHO, 2005).
A estrutura da proteína é determinada pela maneira como ocorre a ligação entre
os aminoácidos, dessa forma, quando a sequência de aminoácidos forma cadeia
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polipeptídica unidos de forma linear, a estrutura é chamada de primária e a substituição e
apenas um aminoácido pode alterar o comportamento da molécula proteica. Quando os
filamentos proteicos se estendem em ziguezague, ou é enrolado, assumindo a forma
helicoidal, a estrutura passa a se chamar de secundária. Quando além e enrolada a
estrutura dobra-se entre si, estabelecendo relação tridimensional, ela se chama estrutura
terciária (MARCOS FILHO, 2005).
As proteínas vegetais podem ter função estrutural, nutritiva ou enzimática,
participando da estrutura de tecidos, liberando aminoácidos usados como substratos para
a respiração e monitorando reações químicas, podendo ainda atuar nos mecanismos de
transporte, defesa ou como reguladoras de processos fisiológicos.
a) Proteínas Metabolicamente Inativas
São utilizadas para a formação de novos tecidos nos pontos de crescimento do
embrião, durante a germinação, sendo armazenadas em partículas proteicas ou grãos de
aleurona, podendo pertencer a quatro classes (albuminas, globulinas, prolaminas e
glutelinas). As glutelinas e prolaminas constituem os principais componentes das
proteínas metabolicamente inativas das sementes e se associam à estrutura dos tecidos
(MARCOS FILHO, 2005).
b) Proteínas Metabolicamente Ativas
São representadas pelas enzimas e pelas nucleoproteínas. As enzimas aceleram as
reações biológicas de digestão (hidrolíticas), e assimilação de nutrientes, já as
desmolíticas participam do processo respiratório, sendo que os dois tipos atuam sobre
substratos específicos, principalmente amido, lipídios e proteínas (MARCOS FILHO,
2005).
OUTROS COMPONENTES
a) Reguladores de Crescimento
São substâncias orgânicas produzidas pela própria planta que, em concentrações
baixas, podem inibir, promover ou modificar qualitativamente determinado processo
fisiológico, geralmente em regiões diferentes das que foram produzidos (MARCOS
FILHO, 2005).
b) Vitaminas
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Sua atividade é pouco conhecida nas sementes, entretanto, um dos poucos
exemplos conhecidos é o ácido ascórbico que está envolvido no processo de respiração e
a tiamina, no desenvolvimento do embrião e endosperma (divisão celular).
c) Compostos fosforados
Encontrados na camada de aleurona do endosperma ou em cotilédones, sendo o
mais importante a fitina, um sal composto de cálcio, magnésio e potássio que retém
grandes quantidades de fósforo, rapidamente mobilizadas durante a germinação
(MARCOS FILHO, 2005).
d) Taninos
Podem aparecer no tegumento de sementes de sorgo, cacau, feijão e sua função
não é conhecida a fundo (MARCOS FILHO, 2005).
e) Alcalóides (cafeína)
Constituintes nitrogenados de sementes, cuja função também não está totalmente
esclarecida (MARCOS FILHO, 2005).
f) Compostos Fenólicos
Interferem no balanço entre substâncias promotoras e inibidoras da germinação e
podem representar obstáculo à difusão de gases em sementes umedecidas, atuando,
portanto, na manutenção do estado de dormência, tendo como principal representante a
cumarina (MARCOS FILHO, 2005).
FATORES QUE AFETAM A COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS
SEMENTES
1) Genótipo
Cultivares modernos de vários cereais e leguminosas podem apresentar tipos
diferenciados de reservas em relação a seus genitores. Mesmo assim, devem ser corrigidas
deficiências como a carência de aminoácidos essenciais para os monogástricos, entre eles
a lisina e o triptofano (MARCOS FILHO, 2005).
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A soja é selecionada para a obtenção de sementes com teores elevados de óleo e
de proteínas, sendo que em geral, essas sementes apresentam cerca de duas partes de
proteína para uma de óleo (MARCOS FILHO, 2005).
2) Posição da Semente em Relação à Inflorescência ou ao Fruto
A associação entre o início do florescimento, com as épocas em que ocorre a
polinização e as condições climáticas predominantes durante a maturação afeta
diretamente a uniformidade do processo e a composição química da semente. Um
exemplo típico, são as sementes de girassol formadas na região mediana e na periferia do
capítulo que geralmente apresentam maiores teores de óleo e de proteínas, em relação às
da região central que frequentemente são malformadas devido à nutrição deficiente
(MARCOS FILHO, 2005).
3) Condições Climáticas
Variações na composição química de sementes de várias espécies, em função das
condições climáticas em anos agrícolas diferentes, têm sido relatadas na literatura
(MARCOS FILHO, 2005).
a) Água
A deficiência hídrica acelera a senescência foliar e reduz o período de acúmulo de
reservas, fazendo com que as sementes das plantas estressadas não apresentem o padrão
normal de desenvolvimento. Como a composição química apresenta íntima relação com
o estádio de desenvolvimento das sementes, ocorre a desuniformidade entre o material
maduro e o imaturo (MARCOS FILHO, 2005).
Por outro lado, se foi verificado reduções no teor de proteínas e de nitrogênio em
estações agrícolas com alta precipitação pluvial (trigo, cevada, aveia) ou sob irrigação
mal controlada. Também, pode ocorrer a produção de sementes com teores elevados de
proteínas em plantas expostas a períodos de baixa disponibilidade hídrica (trigo, milho,
soja e feijão) (MARCOS FILHO, 2005).
b) Temperatura
A maturação da soja sob temperaturas elevadas pode determinar a produção de
sementes com maior teor de óleo e menor teor de proteínas. Em contrapartida, nas
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sementes de trigo, as temperaturas mais altas favorecem o teor de proteínas, enquanto em
arroz podem promover a formação de grãos “gessados” (MARCOS FILHO, 2005).
Em girassol, a temperatura mais baixa durante o desenvolvimento das sementes
pode beneficiar a produção de ácido linoleico e as mais altas, a de ácido oleico (MARCOS
FILHO, 2005).
4) Estádio de Maturação
A normalidade do processo de maturação e sua uniformidade são fundamentais
para que as sementes acumulem reservas necessárias para o processo de germinação,
possibilitando a formação de sementes vigorosas com alto potencial de conservação. Em
sementes de soja, a concentração de proteínas e geralmente constante, indicando taxa
uniforme de síntese, por outro lado, a síntese de óleo é inicialmente baixa e se eleva à
medida que se aproxima da maturidade fisiológica (MARCOS FILHO, 2005).
5) Idade
A composição química das sementes se altera gradativamente, em intensidade e
velocidade variáveis à medida que progride a deterioração, envolvendo alterações em
substâncias de reserva, taxa respiratória, síntese e atividade de enzimas, todas com
influência direta na composição química das sementes (MARCOS FILHO, 2005).
6) Fertilidade do Solo e Nutrição da Planta Mãe
Os efeitos da nutrição adequada se refletem principalmente no tamanho e peso das
sementes produzidas. Algumas plantas quando expostas a deficiências nutricionais,
apresentam um mecanismo de defesa conhecido por “ princípio da compensação”, onde
que dentro de certos limites, as plantas compensam adversidades reduzindo a quantidade
e não a qualidade das sementes produzidas (MARCOS FILHO, 2005).
Entretanto, há evidências da importância do teor de cálcio em sementes de
amendoim, de manganês, boro e zinco em soja, de cobre em trigo, de cádmio e selênio
em alface e trigo, que podem se refletir no desempenho das sementes. O potássio é um
íon presente nas sementes que apresenta um importante papel no metabolismo normal de
proteínas e na atividade enzimática. Já o cálcio se relaciona ao desenvolvimento de
paredes celulares e a ausência ou deficiência de molibdênio promove a ocorrência de “
coração oco” em sementes de ervilha (MARCOS FILHO, 2005).
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7) Práticas Culturais
A época de semeadura, o espaçamento e a população por unidade de área
estabelecem os níveis de competição entre as plantas e podem influenciar a proporção das
reservas armazenadas nas sementes. A época de colheita também pode influenciar, pois
a antecipação pode promover a paralisação do fluxo de reservas par as sementes ou não
permitir a acomodação dos componentes translocados (MARCOS FILHO, 2005).
COMPISIÇÃO QUÍMICA E CONSERVAÇÃO DAS SEMENTES
As sementes de diferentes espécies geralmente se comportam de maneira distinta
quando mantidas em ambientes com a mesma umidade relativa do ar. Sementes de
amendoim mantêm teor de água de 7,2%, em equilíbrio com 60% de umidade relativa, a
22°C, enquanto as de milho têm grau de umidade de 12,7% nessa mesma situação. Ou
seja, sementes ricas em lipídios tem grau de umidade inferior ao das ricas em amido ou
melhor, ponto de equilíbrio hidroscópico inferior (MARCOS FILHO, 2005).
Tal fato ocorre porque os lipídios são hidrófobos (não apresentam afinidade com
a água), em contrapartida, o amido pode se combinar com a água, com isso as sementes
amiláceas podem captar maior quantidade de água no mesmo ambiente. As proteínas
apresentam a maior afinidade com a água, entretanto as sementes de soja, embora
possuem cerca de 20% de óleo, são ricas em proteínas, de modo que apresentariam teor
de água de 10,7% com UR de 60% a 22°C. (MARCOS FILHO, 2005).
De modo geral, para as sementes ortodoxas, a melhor conservação das sementes
é obtida em ambiente que apresente temperaturas e umidades relativas mais baixas,
permitindo a manutenção de baixo nível de atividade de reações químicas e preservação
do poder germinativo e do vigor das sementes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba-SP:
Fealq, 2005. 495p.
CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção.
5.ed. Jaboticabal-SP: FUNEP, 2012. 590p.