ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E BALANCEADA Nutricionista : Ana Luísa Muñoz Rosa CRN2: 8993.
Comparativo entre um Modelo Matemático de Elementos ... Lessa... · USO DE SOLDA BALANCEADA........
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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
MATERIAIS
Comparativo entre um Modelo Matemático de Elementos Finitos e
Distorções Causadas em Fabricações Soldadas a Arco, na
Construção Naval
Wanderson Almenara
Rio de Janeiro
2016
ii
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTADUAL DA ZONA OESTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
MATERIAIS
Comparativo entre um Modelo Matemático de Elementos Finitos e
Distorções Causadas em Fabricações Soldadas a Arco, na
Construção Naval
Dissertação apresentada, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre, ao Programa de Pós-Graduação
em Ciência e Tecnologia de Materiais, do
Centro Universitário Estadual da Zona
Oeste. Área de concentração: Soldagem.
Orientado: Wanderson Almenara
Orientador: Valdir Agustinho de Melo, D.Sc.
Rio de Janeiro
2016
iii
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
___________________ ______________________________
Data Wanderson Almenara
Almenara, Wanderson. Comparativo entre um Modelo Matemático de Elementos Finitos e Distorções Causadas em
Fabricações Soldadas a Arco, na Construção Naval. Wanderson Almenara. – 2016. 67f.
Orientador: Valdir Agustinho de Melo, D.Sc.
Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, Rio de Janeiro.
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Wanderson Almenara
Comparativo entre um Modelo Matemático de Elementos Finitos e
Distorções Causadas em Fabricações Soldadas a Arco, na
Construção Naval
Dissertação apresentada, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre, ao Programa de Pós-Graduação
em Ciência e Tecnologia de Materiais, do
Centro Universitário Estadual da Zona
Oeste. Área de concentração: Soldagem.
Aprovado em: 30 de agosto de 2016.
Banca Examinadora:
_________________________________________________ Professor Valdir Agustinho de Melo (Orientador)
_________________________________________________ Professora Mônica Costa Rezende
_________________________________________________ Professora Ana Isabel de Carvalho Santana
Rio de Janeiro
2016
v
Dedicatória
À Daniele Almenara, pessoa cоm quem аmо
partilhar а vida. Obrigado pelo carinho, а
paciência е pоr sua capacidade dе me trazer
pаz nа correria deste mestrado.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Valdir A. de Melo, pela fonte de sabedoria e conhecimento.
Aos colegas de turma Leandro e Gilmax pela união na busca da construção de
nossos saberes.
À minha família, que esteve presente nos momentos mais difíceis dando o apoio
necessário para superá-los.
Aos meus compadres, Alex Faria e Franciele Nogueira pelo incentivo diário.
Ao Engenheiro e amigo Rodrigo Ossemer, pelo apoio no levantamento de dados para
defesa desta dissertação.
Meu agradecimento especial a Sra. Maria Helena, responsável pelo encorajamento
no momento de decisão sobre cursar o mestrado.
vii
“Talento é dom, é graça. E sucesso nada
tem haver com sorte, mas com determinação e
trabalho.”
(Augusto Branco).
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RESUMO
Almenara, Wanderson. Comparativo entre um Modelo Matemático de
Elementos Finitos e Distorções Causadas em Fabricações Soldadas a Arco, na
Construção Naval. 2016. Dissertação (Mestrado Profissional). Programa de Pós-
Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais – Centro Universitário Estadual da
Zona Oeste. 2016.
O presente trabalho apresenta um estudo das distorções em juntas soldadas a
arco e identifica alguns fatores que causam tais distorções, tais como: consequências
dos fenômenos térmicos e mecânicos. O desenvolvimento utilizou um modelo através
da técnica do método dos elementos finitos (MFE), onde foi simulado o grau de
distorções. O modelo matemático foi constituído de análise de tensões residuais
térmicas correlacionando os seus efeitos distorcivos nas dimensões das juntas
soldadas e seu reflexo no produto final. Na análise experimental, foram utilizadas
soldas em juntas, todas de topo, pelos processos de arame tubular, que na língua
inglesa é conhecida como como Flux-Cored Arc Welding (FCAW) e eletrodo revestido,
que na língua inglesa é conhecida como Shielded Metal Arc Welding (SMAW), dois dos
processos de soldagem mais utilizados para construções de embarcações na indústria
naval. A simulação computacional avaliou mudanças nas condições de realização das
juntas soldadas, somente para juntas de topo, estimando as condições finais de
distorção e os impactos no produto final. Os resultados computacionais obtidos
ratificaram os testes laboratoriais.
Palavras chave: SMAW, FCAW, distorção, juntas soldadas, Construção Naval.
ix
ABSTRACT
Almenara, Wanderson. Comparison between a Mathematical Model of Finite
Element and Distortions Caused in Fabrications Welded Arco, in shipbuilding..
2016. Dissertation (Master). Professional Master - Postgraduate Program in Materials
Science and Technology – Centro Universitário Estadual da Zona Oeste. 2016.
This paper presents a study of distortions in welded joints and identifies some
factors that cause these distortions, which are consequences of thermal phenomena
and mechanical. The development of a model used by the method of finite element
technique (EFM) which was simulated by the degree of distortion. The mathematical
model was established analysis thermal residual stresses correlating their distorting
effect on the dimensions of the welded joints and its reflection in the final product. In the
experimental analysis, welds together all of the top, the tubular wire process (Flux-Cored
Arc Welding - FCAW) and coated electrodes (Shielded Metal Arc Welding - SMAW), two
of welding processes most commonly used for construction of vessels for shipbuilding
industry. The computer simulation evaluates changes in the conditions for the welded
joints, only to butt joints, estimating the final conditions of distortion and impacts in the
final product.
Keywords: SMAW, FCAW, distortion, welded joints, naval construction.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Representação dos seis tipos e distorções ....................................................... 7
Figura 2: Foto representativa da distorção de flambagem e angular. .............................. 7
Figura 3: Representação das mudanças de temperatura e tensão durante o processo de soldagem de placas de aço. a) Processo de soldagem; b) Distribuição das tensões longitudinais; c) Distribuição de temperaturas na placa. .................................................. 9
Figura 4: Representação de aquecimento de uma barra central para percepção de dilatação. ........................................................................................................................ 11
Figura 5: Desenvolvimento das tensões durante o processo de soldagem (Simulação). ....................................................................................................................................... 12
Figura 6: Temperaturas x Tensões longitudinais em cada uma das 4 seções. .............. 12
Figura 7: Representação das tolerâncias de contração e juntas soldadas. ................... 15
Figura 8: contração transversal típica de uma solda de topo simples. ........................... 16
Figura 9: Movimentação da parte não soldada da junta causando distorção rotacional. ....................................................................................................................................... 17
Figura 10: Diferentes tipos de distorções devido aos diferentes processos de soldagem. ....................................................................................................................................... 17
Figura 11: Grau de restrição imposto à junta soldada. ................................................... 19
Figura 12: Representação do processo de soldagem FCAW......................................... 20
Figura 13: Representação do processo de soldagem SCAW. ....................................... 22
Figura 14: Representação da malha e dos elementos que a compõem. ....................... 24
Figura 15: Diagrama representativo do modelo termomecânico de análise de tensões residuais e distorções. .................................................................................................... 26
Figura 16: Representação da contração transversal de um passe de solda de topo. .... 30
Figura 17: Contração transversal final. ........................................................................... 32
Figura 19: As distorções são reduzidas com o posicionamento da solda próximo ao eixo neutro. ............................................................................................................................ 36
Figura 20: Redução da quantidade de distorção angular e contração lateral por: a) redução do volume do metal de solda; b) usando solda de passe único. ...................... 36
Figura 21: Representação de solda balanceada para reduzir a quantidade de distorção angular. .......................................................................................................................... 38
Figura 22: Pré-ajuste das partes. a) Pré-ajuste das juntas de filete para prevenção de distorção angular; b) pré-ajustagem das juntas de topo para prevenir distorção angular e c) Folga (abertura) no formato cônico “V” prevenindo fechamento dos bordos........... 40
xi
Figura 23: Pré-dobramento usando reforços e cunha para acomodar a distorção angular em chapas finas. ............................................................................................................ 41
Figura 24: Distorção em soldas de filete em dois tipos de modelos unidimensionais (a) sem restrição, (b) com restrição de uma viga rígida ....................................................... 45
Figura 25: Mudança angular de uma solda de filete (sem restrição). ............................. 46
Figura 26: Resultado da geometria gerada através da utilização do ANSYS. ............... 50
Figura 27: Estrutura do modelo gerado através da utilizaçao do ANSYS. ..................... 50
Figura 28: Representações dos pontos para tomada de temperaturas durante a soldagem nos CP´s de junta de topo. (a) esquemática, (b) real..................................... 52
Figura 29: Representação real dos pontos para tomada de temperaturas durante a soldagem dos CP´s de junta de topo. ............................................................................ 53
Figura 30: Perfil de temperatura do cordão de solda durante a soldagem. .................... 53
Figura 31: Perfil de temperatura de resfriamento de toda a chapa após a soldagem. ... 54
Figura 32: Preparação de chanfros para realização da soldagem da junta de topo. ...... 55
Figura 33: Resultados finais para a soldagem por SMAW (a) mínimo, (b) máximo. ...... 56
Figura 34: Resultados finais para a soldagem por FCAW (a) mínimo, (b) máximo. ....... 57
Figura 35: Resultado do modelo para a distorção angular na direção “Y”. .................... 59
Figura 36: Resultado do modelo (representação isométrica) para a distorção angular na direção “Y”. ..................................................................................................................... 59
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – TOLERÂNCIAS DE CONTRAÇÃO PARA CASCOS DE CONSTRUÇÕES MARINHAS .............................................................................................................................. 15
TABELA 2 – PROPRIEDADES DO AÇO A- 36 GR 60. ........................................................... 28
TABELA 3 – ESTATÍSTICA DE GERAÇÃO DOS ELEMENTOS DA MALHA UTILIZADA NO MODELO. ................................................................................................................................. 49
TABELA 4 – RESULTADOS DAS DISTORÇÕES ................................................................... 55
xiii
SUMARIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1. PROBLEMA .................................................................................................................... 2
1.2. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 4
1.3. OBJETIVO ...................................................................................................................... 5
1.3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 5
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................... 6
2.1. TENSÕES RESIDUAIS DE SOLDAGEM ........................................................................ 8
2.2. APARIÇÕES DE IMPERFEIÇÕES EM JUNTAS SOLDADAS ...................................... 10
2.3. FLUXO DE CALOR DURANTE A SOLDAGEM ............................................................. 13
2.3.1. CALOR GERADO PELO ARCO DE SOLDAGEM ..................................................... 13
2.4. ESPECIFICAÇÕES MARINHAS DE CASCOS ............................................................. 15
2.4.1. TOLERÂNCIAS PARA CONTRAÇÃO ....................................................................... 15
2.5. CONTRAÇÃO TRANSVERSAL DE SOLDAS DE TOPO .............................................. 16
2.6. DISTORÇÃO ANGULAR DE SOLDAS DE TOPO ......................................................... 19
2.7. PROCESSO DE SOLDAGEM POR ARAME TUBULAR – FCAW ................................. 20
2.8. PROCESSO DE SOLDAGEM POR ELETRODO REVESTIDO – SMAW ...................... 21
2.9. MODELAGEM COMPUTACIONAL ............................................................................... 23
2.9.1. MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS ....................................................................... 23
2.9.2. ANÁLISE TERMO-MECÂNICA PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ........ 25
2.9.3. MODELO NUMÉRICO .............................................................................................. 26
3. MECANISMOS QUE AFETAM O GRAU DAS DISTORÇÕES ......................................... 29
3.1. MECANISMOS DE CONTRAÇÃO TRANSVERSAL DE SOLDAS TOPO ..................... 29
3.1.1. EFEITO DA ESPESSURA DA CHAPA ...................................................................... 30
3.1.2. EFEITO DOS MATERIAIS......................................................................................... 31
3.1.3. EFEITO DO SEQUENCIAMENTO DE SOLDAGEM NA CONTRAÇÃO TRANSVERSAL ....................................................................................................................... 32
3.2. MECANISMOS DE DISTORÇÃO ANGULAR EM SOLDAS DE TOPO ......................... 32
4. PREVENÇÃO DAS DISTORÇÕES................................................................................... 34
4.1. ELIMINAÇÃO DA SOLDAGEM ..................................................................................... 34
4.1.1. LOCALIZAÇÃO DA SOLDA ...................................................................................... 35
4.1.2. REDUZINDO O VOLUME DE METAL DA SOLDA .................................................... 36
4.1.3. REDUÇÃO DO NÚMERO DE PASSES .................................................................... 37
4.1.4. USO DE SOLDA BALANCEADA ............................................................................... 37
xiv
4.1.5. MELHORES PRÁTICAS ........................................................................................... 38
4.1.6. TÉCNICAS DE RESTRIÇÃO ..................................................................................... 39
4.1.7. PRÉ-AJUSTAGEM DAS PARTES ............................................................................. 40
4.1.8. PRÉ-DOBRAMENTO DAS PARTES ......................................................................... 40
4.1.9. USO DE RESTRIÇÃO ............................................................................................... 41
5. AMPLITUDE DAS DISTORÇÕES .................................................................................... 43
5.1. CÁLCULO DAS CONTRAÇÕES TRANSVERSAIS DE JUNTAS DE TOPO ................. 43
5.1.1. FÓRMULA DE MALISIUS ......................................................................................... 43
5.1.2. FÓRMULA DE SPRARAGEN-ETTINGER ................................................................. 44
5.1.3. ANÁLISE UNIDIMENSIONAL DAS DEFORMAÇÕES ............................................... 45
5.1.4. ESTUDO DE CONJUNTOS SOLDADOS EM AÇO POR HIRAI-NAKAMURA ........... 45
6. METODOLOGIAS ............................................................................................................. 48
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 51
7.1. REALIZAÇÃO DO PROCESSO DE SOLDAGEM ......................................................... 54
7.2. RESULTADOS .............................................................................................................. 55
7.2.1. RESULTADOS PARA SMAW ................................................................................... 56
7.2.2. RESULTADOS PARA FCAW .................................................................................... 57
7.3. ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS OBTIDOS .......................................... 58
8. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 60
9. TRABALHOS FUTUROS ................................................................................................. 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 62
1. INTRODUÇÃO
O aumento da produção, processamento e escoamento de petróleo e seus
derivados no Brasil, resultaram numa grande demanda para a fabricação de
equipamentos destinados a esse fim. Em virtude disso, o desenvolvimento de materiais
e processos para esse segmento se tornou uma questão estratégica para o aumento da
competitividade de quem fornece os equipamentos. Uma das tecnologias envolvidas no
processo de fabricação é a tecnologia da soldagem. O elevado consumo de derivados
de petróleo, gás natural e equipamentos, que são submetidos sempre a cargas de
pressão cada vez maiores, exigem características especiais dos materiais.
Estudos dos efeitos dos processos de soldagem são importantes para evitar as
ocorrências de descontinuidade, concentradores de tensões, propagações de trincas,
que comprometem a integridade estrutural dos equipamentos e deformações, que
dificultam a montagem e, principalmente, os casos de juntas soldadas, onde as suas
propriedades devem ser similares as do metal de base. Os principais processos
envolvidos na fabricação de estruturas e componentes mecânicos são os de corte e de
soldagem, sendo a soldagem, o principal processo responsável pelo surgimento das
imperfeições de fabricação.
Nessa estratégia de garantia das propriedades do metal de base, também para as
juntas soldadas, onde antes o desafio era a obtenção da similaridade química e de
microestrutura, hoje se depara com situações onde a ocorrência de concentradores de
tensões oriundos dos próprios processos de soldagem e os problemas estruturais que
os acompanha afeta diretamente o projeto dos equipamentos.
Um fator relevante, é que as montagens dos equipamentos demandam tempo e
grande quantitativo de mão de obra. Além disso, é mandatário que se assegurem as
propriedades da junta soldada, tais como, a alta resistência mecânica, tenacidade,
dureza controlada, integridade física e estrutural.
2
1.1. Problema
Como a soldagem envolve extremo aquecimento localizado das extremidades
para fundir o metal, tensões não uniformes são introduzidas devido à expansão e
contração do metal aquecido. No início, há um aumento de tensões compressivas no
metal frio circunvizinho à poça de fusão, que é formada devido à expansão térmica do
metal quente junto à poça de fusão. Contudo, as forças de tração surgem durante o
resfriamento do metal de solda, a baixa temperatura do material mais distante da solda
reprime a sua expansão, produzindo distorções e tensões residuais. E o calor imediato
à Zona Termicamente Afetada (ZTA) sofre resistência devido ao metal de base frio.
A magnitude das tensões térmicas induzidas no metal pode ser observada pela
mudança de volume na área de solda em solidificação. Quando há a soldagem do
metal de base, o metal de solda e também da ZTA/Metal de solda solidificado, reduz
drasticamente do ponto de fusão até a temperatura ambiente.
Se as tensões de expansão e contração excedem os limites de deformação do
metal de base, acontecem deformações plásticas localizadas no metal. Essas
deformações plásticas então, causam uma redução permanente nas dimensões dos
componentes e torcem/distorcem a estrutura. O surgimento das imperfeições de
fabricação em uma estrutura soldada pode ocasionar graves problemas estruturais,
entre os quais cita-se a formação de trincas, maior tendência à fratura frágil e falta de
estabilidade dimensional. Um dos grandes problemas enfrentados pelas estruturas
finais, devido às imperfeições de fabricação, está relacionado à falha por flambagem.
Como exemplo, podem ser citados as estruturas oceânicas como plataformas e cascos
de navios, que são construídos através da composição de painéis enrijecidos. O
comportamento de painéis enrijecidos sob cargas de compressão é relativamente
complexo, devido ao grande número de combinações de estrutura, material e
parâmetros de carga. O problema fica ainda mais complicado devido às incertezas
relacionadas às imperfeições de fabricação.
3
Assim, é muito importante o total entendimento destas imperfeições para a prática
de projeto, pois um dos principais tipos de carregamentos presentes no ciclo de vida
destas estruturas é compressivo, e estes, induzem a falha por flambagem, dando
origem ao que é chamado de distorções de soldagem ou simplesmente empeno. As
distorções, além de reduzirem a resistência ao colapso das estruturas oceânicas,
afetam o processo de fabricação, aumentando o tempo e o custo de produção, devido
principalmente às necessidades de correção.
O método de produção por blocos, por exemplo, usados em plataformas
semissubmersíveis, em navios e outras estruturas oceânicas, no qual grandes blocos
são formados por blocos menores, montagens, submontagens e elementos produzidos
em várias áreas de fabricação ocorre utilizando vários conjuntos soldados, que é um
método rápido, mas que está sujeito a todo tempo, ao aparecimento desse problema de
distorção.
Para que esses processos de fabricação tenham uma grande margem de
sucesso, existe a necessidade de um sistema de controle de precisão em todos os
estágios de construção. Um aspecto importante do controle de precisão está na
dificuldade normalmente encontrada na união de blocos durante a edificação do casco.
As variações encontradas na fase de edificação, que não estão dentro dos limites de
tolerância, devem ser corrigidas.
A correção e o ajuste de elementos estruturais com altos níveis de distorções são
processos que mais consomem o tempo de produção, mas é extremamente difícil
estimar o percentual de trabalho relacionado a este problema. Estima-se que o
processo de correção envolvido com as distorções de fabricação consuma 30% do
trabalho total, segundo Andersen (2000).
Uma questão importante, é que através dos anos, os projetos de construção naval
e offshore têm maximizado o espaço de carga disponível e otimizado o gasto com
combustível, reduzindo o peso de aço por unidade de volume. Essas medidas só são
4
possíveis com a utilização de aços de maior resistência e consequente diminuição da
espessura das chapas e das dimensões dos enrijecedores. Huang et al. (2004)
relataram o aumento do uso de chapas finas em embarcações militares e comerciais
nos últimos dez anos, nos Estados Unidos. Um estaleiro citado na pesquisa, Fabrication
and Engineering Technology for Lightweight Ship Structures, Part 1: Distortions and
Residual Stresses in Panel Fabrication, utiliza chapas finas com espessuras menores
que 10 mm na proporção de 90%. Bruce et al. (2005) citaram, que uma tendência
similar tem ocorrido na Europa, onde fragatas estão usando significante proporção de
chapas de aço com 4 e 5mm.
Essa tendência de redução da espessura torna ainda mais significativa a
influência das distorções e das tensões residuais na integridade estrutural e na
montagem das estruturas oceânicas.
1.2. Justificativa
Nesta pesquisa concentram-se os principais métodos de controle e minimização
das distorções em juntas soldadas a arco, consequências de alguns fatores, tais como:
fenômenos térmicos, mecânicos e de transformações de fases macroestruturais, para
os quais serão feitos experimentos. Com os resultados obtidos, será feito um
comparativo com um modelo matemático de elementos finitos, visando estimar as
condições finais de distorção e os impactos no produto final. O intuito é que os
resultados possam contribuir para um melhor entendimento das ocorrências de
descontinuidade, concentradores de tensões, propagações de trincas, que
comprometem a integridade estrutural dos equipamentos e deformações, que dificultam
a montagem e, principalmente, os casos de juntas soldadas, onde as suas
propriedades devem ser similares as do metal de base. Com isso, possibilitar sua
mitigação, que para a indústria naval tenha ainda mais importância, uma vez que, para
que haja no processo de fabricação grande margem de sucesso, existe a necessidade
de um sistema de controle de precisão em todos os estágios de construção. Um
aspecto importante do controle de precisão está na dificuldade normalmente
encontrada na união de blocos durante a edificação do casco onde podemos ter
5
aumentado o tempo e o custo de produção, devido principalmente às necessidades de
correção.
1.3. Objetivo
Comparar resultados de distorções entre um modelo matemático de elementos
finitos e distorções causadas em fabricações soldadas a arco com os processos de
soldagem, arame tubular e eletrodo revestido.
1.3.1. Objetivos Específicos
a) Quantificar o grau de distorções entre os dois diferentes processos de soldagem
(arame tubular e eletrodo revestido);
b) Estabelecer um comparativo entre os dois processos de soldagem utilizados para o
grau de deformações, em juntas soldadas de topo;
c) Comparar o experimento dos processos de soldagem (eletrodo revestido e arame
tubular) com o modelo matemático utilizado e identificar a qual processo o modelo
mais se aproxima para sua validação.
6
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As distorções são denominadas imperfeições geométricas iniciais, ou
deformações dimensionais permanentes, que ocorrem na estrutura e representam
quantitativamente o afastamento da superfície real em relação à superfície idealizada
durante a etapa de concepção da estrutura, ou seja, as distorções são deformações
plásticas devidas ao aquecimento não-uniforme e localizado durante a soldagem,
causando mudanças de forma e dimensões. Motivos frequentes, que provocam
distorções são: Soldagem em excesso, soldagem em juntas livres (aquelas em que as
peças podem se mover facilmente), seleção incorreta do chanfro e da sequência de
soldagem, etc. As distorções são causadas pela presença de tensões residuais geradas
durante as etapas de aquecimento e resfriamento da soldagem. Adicionalmente, as
distorções são fortemente dependentes da geometria e dimensões do componente,
segundo Masubuchi (1980).
As distorções podem ser reduzidas, durante a soldagem, diminuindo-se a
quantidade de calor e metal depositado, pela utilização de dispositivos de fixação, pelo
martelamento entre passes, escolha correta do chanfro e sequência de soldagem, etc.
A correção da distorção em soldas prontas exige medidas, em geral onerosas, como
desempenamento mecânico ou térmico, remoção da solda e ressoldagem, conforme
Masubuchi (1980).
As distorções são bem caracterizadas em relação a seu tipo, como representadas
na Figura 1. Em 1980, Masubuchi (1980) classificou as distorções em seis tipos:
✓ Contração transversal;
✓ Distorção angular;
✓ Distorção rotacional;
✓ Contração longitudinal;
7
✓ Distorção de flambagem;
✓ Distorção de flexão.
Os métodos mais efetivos para se prevenir a distorções são aplicados de acordo
com a identificação do tipo de distorção. As principais distorções presentes na
construção naval e offshore são as de flambagem e as angulares. Na Figura 2, nota-se
exemplos desses dois tipos de distorção.
Figura 2: Foto representativa da distorção de flambagem e angular.
Fonte: Souza (2013)
Fonte: Amante (2006)
Figura 1: Representação dos seis tipos e distorções
8
As distorções produzem vários problemas na construção naval e offshore. Embora
os principais já tenham sido relacionados na seção de apresentação do problema, os
principais efeitos podem ser citados de forma mais direta:
✓ Desalinhamento de componentes estruturais;
✓ Dificuldade de automação dos processos de fabricação;
✓ Grande quantidade de retrabalho;
✓ Aumento de tempos e custos de produção;
✓ Redução de eficiência dos processos de fabricação;
✓ Imprecisão do produto final;
✓ Perda de resistência estrutural.
2.1. Tensões Residuais de Soldagem
Tensões residuais são caracterizadas como aquelas que depois de cessados as
fontes de indução de tensões continuam a atuar na estrutura sejam os esforços,
mecânicos, térmicos ou volumétricos, esses provocados por variações volumétricas da
microestrutura dos materiais. Nesse contexto, é muito importante prever a formação de
tensões residuais para resguardar a integridade de estruturas contra falhas
catastróficas ou não das estruturas. As deformações plásticas não uniformes são as
principais causadoras desse fenômeno indesejável.
No caso especial de tensões induzidas na soldagem elas se devem principalmente
à contração no resfriamento de regiões diferentemente aquecidas, resfriamento
superficial mais intenso, deformações plásticas localizadas e transformações de fase.
Essas induções de tensão têm origem como já dito anteriormente por variações
térmicas e volumétricas.
9
As variações térmicas devido ao elevado gradiente de temperatura ao longo do
cordão de solda e o baixo limite de escoamento nesta faixa em especial é o que
ocasiona a deformação plástica localizada. Ainda segundo Ribeiro (2000), as tensões
residuais causadas devido às transformações de fase no cordão de solda, ocorrem
porque a transformação de fase da austenita para a ferrita, bainita, perlita ou
martensita, implica no aumento de volume. Desta forma numa junta soldada, o material
da zona fundida e da ZTA que sofre transformação de fase tenderá a se expandir, o
que será impedido pela região longitudinal da solda e pelo restante do material frio e
não transformado. O estado de tensões da região do cordão de solda dependerá muito
da espessura da chapa a ser soldada e das condições de resfriamento, na Figura 3
temos a representação da mudança de temperatura e tensão durante a soldagem das
placas de aço.
Figura 3: Representação das mudanças de temperatura e tensão durante o processo de soldagem de placas de aço. a) Processo de soldagem; b) Distribuição das
tensões longitudinais; c) Distribuição de temperaturas na placa.
Fonte: Ribeiro (2000)
Como na soldagem as tensões residuais são de grandeza macroscópica e
microscópica, pois atuam diretamente na variação volumétrica das microestruturas
constituintes do metal de base soldado, mas de modo geral ao se tratar de tensões
residuais é mais comum tratar apenas dos casos macroscópicos. Essas tensões
residuais representam fator importante que determina a capacidade de carregamento e
10
a vida útil da estrutura; tensões residuais de soldagem contribuem substancialmente
nas características resistência mecânica e na integridade das estruturas.
2.2. Aparições de Imperfeições em Juntas Soldadas
Para a realização da soldagem é necessário o aquecimento de uma dada região
da estrutura e por sua vez as regiões adjacentes as regiões soldadas permanecem com
temperaturas inferiores. Obedecendo à lei de dilatação térmica, as regiões aquecidas
dilatam e as regiões com menores temperaturas dificultam essa dilatação. Esses
processos ocorrem dentro de limites elásticos e plásticos de deformação na estrutura
soldada de acordo com as características do metal de base, e as consequências desse
processo de deformações são evidenciadas ao final do processo de soldagem com o
surgimento de tensões residuais e de distorções da estrutura.
Se o calor fornecido à estrutura não for uniforme ou se existirem barreiras à
expansão e contração da estrutura durante o processo de soldagem, as tensões
residuais e as distorções surgem de forma natural.
De acordo com o exemplo encontrado em Modenesi (2001), no qual ele considera
três barras metálicas de mesmo comprimento e essas presas a duas bases conforme a
Figura 4. Com o aquecimento da barra do centro, ela tende a dilatar, mas as outras
duas barras impedem parcialmente essa dilatação resultando assim ao final de tensões
de tração na barra central e de tensões de compressão nas outras duas barras.
11
Figura 4: Representação de aquecimento de uma barra central para percepção de dilatação.
Fonte: Modenesi (2001)
Para as análises de deformações, é possível afirmar, que no aquecimento inicial,
as tensões e deformações na barra central são elásticas, as barras que estão livres de
aquecimento se mantém no mesmo comprimento, assim a dilatação térmica deve ser
compensada por deformações elásticas. Esse exemplo dá condições especiais para o
entendimento do desenvolvimento de distorções e tensões residuais devido ao
processo de soldagem de placas de aço em geral. A barra central é comparada às
regiões que recebe calor de solda e as placas a serem soldadas se comportam como
as barras externas.
Olhando as Figuras 5 e 6 pode-se observar em perfis de temperatura e de tensões
como cada seção do cordão de solda se comporta para essas duas grandezas os
gráficos representam exatamente o que acontece durante o aquecimento e o posterior
resfriamento da região soldada.
12
Figura 5: Desenvolvimento das tensões durante o processo de soldagem (Simulação).
Fonte: Mondenesi (2001)
Figura 6: Temperaturas x Tensões longitudinais em cada uma das 4 seções.
Fonte: Mondenesi (2001)
Seção 1: nessa seção onde ainda não ocorreu aquecimento, distante da poça de
fusão, não existem variações de temperatura e consequentemente sem indução de
tensões;
13
Seção 2: na poça de fusão, o material tende a se expandir, mas é restringido pelas
seções adjacentes mais frias da placa o que gera tensões de compressão em regiões
próxima a zona afetada pelo calor e tensões de tração nas regiões mais afastadas, na
poça de fusão propriamente dita onde o material está liquido as tensões são nulas, mas
com o resfriamento o material tende a contrair sendo novamente impedido pelas
regiões mais frias e afastadas da solda;
Seção 3: surgem simultaneamente tensões de tração junto ao cordão de solda e
de compressão nas regiões mais afastadas;
Seção 4: resfriamento completo do cordão de solda, as tensões residuais no
centro da solda chegam próximos ao limite de escoamento do material e a distribuição
de tensões é similar a uma curva normal.
2.3. Fluxo de Calor Durante a Soldagem
O calor fornecido pelo arco de soldagem produz um ciclo complexo em conjuntos
soldados e este por sua vez causa mudanças na microestrutura na ZTA, causando
tensões térmicas e movimento no metal, e o resultado disso é a criação de distorções e
tensões no produto final. A fim de analisar estes problemas deve-se, primeiramente,
analisar o fluxo de calor durante a soldagem.
2.3.1. Calor Gerado Pelo Arco de Soldagem
As fontes de calor geradas durante a soldagem são as seguintes:
1. Calor gerado pela energia elétrica do arco de soldagem, H.
𝐻 = 𝑉𝐼 (1)
14
Onde, na Equação 1:
V = Tensão do arco (volts), I = Corrente do arco (amperes). O equivalente da potência térmica elétrica é 0,24 calorias por segundo.
2. Calor gerado pelas reações químicas devido ao revestimento do eletrodo, arco
atmosférico e da poça de solda.
3. Calores gerados por transformações micro estruturais.
De longe o maior contribuinte do calor é a energia elétrica do arco de soldagem.
A absorção de energia de solda (h), mostrada na Equação 2, é fornecida em
termos de joules por centímetro ou por polegada é comumente usada para expressar a
intensidade da fonte de calor:
ℎ = 60 ×
𝑉𝐼
𝑉
(2)
Onde V é velocidade de soldagem.
Dissipação do calor de soldagem. O calor gerado pelo arco de soldagem se
dissipa em:
1. Por condução térmica na peça a soldar;
2. Condução térmica pelo eletrodo;
3. Atmosfera circulante pela radiação diretamente do arco e da peça.
15
2.4. Especificações Marinhas de Cascos
A marinha americana detém várias especificações quanto às tolerâncias para as
contrações de placas soldadas, que variam de acordo com o tipo de junta, que será
relado apenas para o caso de junta de topo e de filete.
2.4.1. Tolerâncias para contração
Tolerâncias gerais para contração de aços carbono são dadas na Figura 7.
Figura 7: Representação das tolerâncias de contração e juntas soldadas.
Fonte: Masubuchi (1980)
Na Tabela 1 os valores são somente uma orientação geral e dependerá de
fatores, tais como; fixação, processos de soldagem, sequência de soldagem, inputs de
calor, tamanho das soldas, etc.
Tabela 1 – Tolerâncias de contração para cascos de construções marinhas
SOLDAS DE TOPO
CONTRAÇÃO TRANSVERSAL CONTRAÇÃO LONGITUDINAL
Acima de ½ polegada de espessura 1/32 polegadas em 10 pés
De 3/8 a ½ polegadas de espessura 1/32 a 1/16 polegadas em 10 pés
¼ a 3/8 polegadas de espessura 1/16 a 1/8 polegadas em 10 pés
¼ polegadasou menores
Fonte: Masubuchi (1980)
16
2.5. Contração Transversal de Soldas de Topo
A Figura 8 demonstra a contração transversal típica numa solda de topo simples.
A contração é demonstrada por linhas pontilhadas que é uniforme ao longo da solda.
Mas esse não é o caso mais usual em soldas de topo, especialmente quando essas
soldas são longas. Estruturas reais geralmente apresentam uma contração transversal
complexa.
Figura 8: contração transversal típica de uma solda de topo simples.
Fonte: Masubuchi (1980) Ocorre distorção rotacional; quando a solda é conduzida progressivamente do fim
de uma junta até outra, a parte não soldada da junta se move, causando uma distorção
rotacional como na Figura 9.
17
Figura 9: Movimentação da parte não soldada da junta causando distorção rotacional.
Fonte: Masubuchi (1980)
Ainda há variações dessa contração de acordo com o processo de soldagem, na
Figura 10(a), onde é apresentado a distorção provocada pelo processo de eletrodo
revestido, a junta tende a se fechar conforme ocorre o avanço da soldagem, e na Figura
10(b), temos o processo de arco submerso onde a tendência da junta é se abrir
conforme ocorre o avanço da soldagem.
Figura 10: Diferentes tipos de distorções devido aos diferentes processos de soldagem.
Fonte: Masubuchi (1980)
18
A distorção rotacional causa dois tipos de problema:
1. A distorção rotacional é um componente envolvido na contração transversal,
especialmente ao logo de juntas de topo. As maiores ocorrências de distorção
rotacional ocorrem durante o primeiro passe de solda, quando partes não
soldadas do chanfro estão relativamente livres.
2. A força de separação produzida pela distorção rotacional pode ser suficiente para
fraturar os pontos de solda.
A quantidade de contração transversal que ocorre nas soldas é afetada pelo grau
de restrição aplicada à junta soldada.
Na Figura 11, a restrição externa é representada por um sistema de molas; o grau
de restrição é expresso pela rigidez do sistema de molas (ks). De acordo com
decrescimento da contração o grau de restrição ks, aumenta. Em muitas juntas o grau
de restrição não é uniforme ao longo da solda. Por exemplo, num chanfro de solda,
como mostrado na Figura 11, o grau de restrição varia ao longo do comprimento do
chanfro, sendo maior nas extremidades, fazendo com que a quantidade de contração
transversal se torna maior perto do centro e se tornando bem leve próximo das
extremidades por conta do grau de restrição.
19
Figura 11: Grau de restrição imposto à junta soldada.
A distorção rotacional é afetada pela entrada de calor e pela localização dos
pontos de solda. A sequência de soldagem tem um efeito complexo na distorção
rotacional e a distribuição da restrição ao longo da solda.
2.6. Distorção Angular de Soldas de Topo
Quando os mesmos fenômenos distorcivos transversais, que ocorrem em soldas
de topo mudam para o plano perpendicular ao plano de solda, essa distorção é dita
distorção angular, para esse caso todas as variáveis que são empregadas para as
fontes de calor de soldagem como visto em 2.3.1 também se aplicam.
As Figuras 1 e 2 demonstram a distorção angular típica de uma solda de topo. A
distorção nesse caso tem como característica a formação de um ângulo que pode se
comportar tanto no sentido ascendente quanto no descendente, dependendo da
Fonte: Masubuchi (1980)
20
energia de soldagem aplicada, da forma de travamento, do tipo de chanfro, da
preparação da solda e do processo empregado para cada caso.
2.7. Processo de Soldagem por Arame Tubular – FCAW
A soldagem a arco por arame tubular, que na língua inglesa é conhecida como
Flux-Cored Arc Welding (FCAW) é um processo de soldagem semiautomático ou
processo automático de solda a arco, representado na Figura 12. O FCAW exige uma
alimentação contínua do consumível tubular (eletrodo) contendo um fluxo e uma tensão
constante ou, menos comumente, um fornecimento de energia de soldagem constante.
Um gás de proteção é fornecido externamente e é muitas vezes o fluxo em si e
invocado para gerar a proteção necessária da atmosfera. O processo FCAW é
amplamente utilizado, devido à sua elevada velocidade de soldagem e portabilidade e
foi desenvolvido pela primeira vez no início dos anos 1950 como uma alternativa para a
soldagem de metal blindado arco. O FCAW ajudou a superar muitas das restrições
associadas.
Figura 12: Representação do processo de soldagem FCAW.
Fonte: ESAB
Um tipo de FCAW não necessita de gás de proteção. Isso é possível pelo núcleo
de fluxo no eletrodo tubular de consumo. No entanto, esse núcleo contém mais do que
21
apenas o fluxo, ele também contém vários ingredientes que, quando exposto a altas
temperaturas de solda gera um gás de proteção para proteger o arco. Este tipo de
FCAW é atraente porque é portátil e geralmente tem boa penetração na metal base.
Além disso, condições de vento não precisam ser consideradas. Algumas
desvantagens são que esse processo pode produzir fumo, excesso nocivo (o que torna
difícil ver a poça de fusão), sob algumas condições que podem produzir soldas com
propriedades mecânicas inferiores, a escória é muitas vezes difícil e demorada para
remover a habilidade do operador pode ser um fator importante.
Outro tipo de FCAW utiliza um gás de proteção que deve ser fornecida por uma
fonte externa. Isto é conhecido informalmente como "dual escudo" de soldagem. Este
tipo de FCAW foi desenvolvido principalmente para aços estruturais de soldagem.
SMAW na verdade, já que usa tanto um eletrodo fluxado e um gás de proteção externo
(SMAW - Shielded Metal Arc Welding). Este estilo particular de FCAW é preferível para
a soldagem mais espessa. A escória criada pelo fluxo também é fácil de remover. As
principais vantagens deste processo é que geralmente se produz soldas de melhor e
mais consistentes propriedades mecânicas, com menos defeitos do que qualquer solda.
Na prática, ele também permite uma maior taxa de produção, já que o operador não
precisa parar periodicamente para buscar um novo eletrodo, como é o caso. No
entanto, como o SMAW, não pode ser usado em um ambiente de vento como a perda
do gás de proteção de fluxo de ar irá produzir porosidade visível (pequenas crateras)
sobre a superfície da solda.
2.8. Processo de Soldagem por Eletrodo Revestido – SMAW
A soldagem a arco elétrico com eletrodo revestido, que na língua inglesa é
conhecida como Shielded Metal Arc Welding (SMAW), também conhecido como
soldagem manual a arco elétrico representado na Figura 13, é o mais largamente
empregado dos vários processos de soldagem. A soldagem é realizada com o calor de
um arco elétrico mantido entre a extremidade de um eletrodo metálico revestido e a
22
peça de trabalho. O calor produzido pelo arco funde o metal de base, a alma do
eletrodo e o revestimento. Quando as gotas de metal fundido são transferidas através
do arco para a poça de fusão, são protegidas da atmosfera pelos gases produzidos
durante a decomposição do revestimento. A escória líquida flutua em direção à
superfície da poça de fusão, onde protege o metal de solda da atmosfera durante a
solidificação. Outras funções do revestimento são proporcionar estabilidade ao arco e
controlar a forma do cordão de solda.
Figura 13: Representação do processo de soldagem SCAW.
Fonte: ESAB
Devido à versatilidade do processo e a simplicidade de seu equipamento e
operação, solda a arco por eletrodo revestido é um o processo mais popular do mundo
soldagem. Ele domina outros processos de soldagem na manutenção e reparação, e
embora os processos de solda a arco fluxados estão crescendo em popularidade,
continua a ser amplamente utilizado na construção de estruturas de aço e na fabricação
industrial. O processo é usado principalmente para soldar ferro e aço (incluindo aço
inox), mas ligas de alumínio, níquel e cobre também podem ser soldadas com este
método.
Embora seja quase exclusivamente um processo de soldagem manual a arco,
uma variação do processo notável existe, conhecida como soldagem a arco gravidade.
Ele serve como uma versão automatizada do processo soldagem a arco por eletrodo
23
revestido tradicional, empregando um suporte do eletrodo ligado a uma barra inclinada
ao longo do comprimento da solda. Uma vez iniciado, o processo continua até que o
eletrodo é gasto, permitindo ao operador gerenciar vários sistemas de soldagem
gravidade. Os eletrodos mais empregados (E6027 ou E7024) são revestidos
pesadamente em fluxo. Como em manual, uma fonte de energia corrente de soldagem
é usada, quer com polaridade negativa corrente contínua ou corrente alternada. Devido
a um aumento no uso de processos de soldagem semiautomática, como solda a arco
fluxados, a popularidade de soldagem gravidade caiu como sua vantagem econômica
sobre tais métodos é muitas vezes mínima.
2.9. Modelagem computacional
Para chegar ao modelo aplicado neste estudo, isto é, conhecer o método de
elementos finitos e o modelo numérico, foi fundamental o estudo de distorções não só
após a soldagem, mas também em seu fenômeno transitório. A seguir, há um resumo
desses modelos e o detalhamento dos parâmetros fornecidos, objeto deste estudo.
2.9.1. Método de Elementos Finitos
O Método dos Elementos Finitos – MEF, é um método de análise de modelos
matemáticos de problemas físicos em meios contínuos. Essa modelagem normalmente
é feita através de equações diferenciais ou equações integrais com suas respectivas
condições de contorno.
Assim, o Método dos elementos finitos consiste na divisão do domínio de
integração em um número finito de pequenas regiões denominadas de elementos
finitos, transformando o contínuo em discreto.
A essa divisão do domínio chama-se “malha” (mesh em inglês). A malha ou mesh
é composta de elementos compostos de arestas (faces) e nós (pontos de intersecção
das arestas), conforme Figura 14, a seguir.
24
Figura 14: Representação da malha e dos elementos que a compõem.
Fonte: Masubuchi, K. (1980)
Agora, ao invés de se buscar uma função admissível que satisfaça as a condições
de contorno para todo o domínio, essas funções agora devem ser definidas em cada
elemento.
Assim, para cada elemento é montado um funcional 𝜋𝑖, cuja soma, sobre toda a
malha produz o funcional do domínio completo, ver Equação 6:
𝛱 =∑ 𝛱i
n
i=1
(3)
Em cada elemento a função de aproximação formada por variáveis αj referido aos
nós (denominadas de parâmetros nodais) e por funções denominadas de funções de
forma φj.
Dessa maneira, a função aproximada a u, Equação 7, tem a seguinte forma:
u =∑ αj
m
j=1
φj (4)
25
Assim o funcional do todo fica representado na Equação 8:
𝛱(αj) =∑ 𝛱i
n
i=1
(αj) (5)
O sistema de equações anterior é reproduzido abaixo, na Equação 9:
δ𝛱(αj) =∑ δ𝛱i
n
i=1
(αj) =∑ ∑δ𝛱i(αj)
∂αi
m
j=1
n
i=1
= 0 (6)
Fornece os valores dos parâmetros nodais αj, que podem ser deslocamentos,
forças internas, ou ambos, dependendo da formulação do método dos elementos finitos
utilizado.
2.9.2. Análise Termo-mecânica Pelo Método dos Elementos Finitos
Para se determinar os mecanismos que estão envolvidos nos processos de
soldagem dos corpos de prova, dois tipos diferenciados de análises são requeridos:
análise térmica da condução de calor através da chapa e análise termoelastoplástica no
metal de base e do material consumível, submetidos a condições de contorno térmicas
e estruturais.
Segundo BATHE (1996), as tensões e deformações de origem térmica podem ser
calculadas segundo o Método dos Elementos Finitos (MEF). A Figura 15 mostra o
escopo do modelo adaptado para o presente estudo.
26
Figura 15: Diagrama representativo do modelo termomecânico de análise de tensões residuais e distorções.
Fonte: CHANG & TENG. (2004)
2.9.3. Modelo Numérico
O método tradicional para uma abordagem de estudo de distorção em estruturas
soldadas é o de análise numérica. Esta abordagem torna possível o estudo de
distorções não só concluída após a soldagem, mas também o fenômeno transitório. É
importante acompanhar o movimento do metal durante o fenômeno de distorção,
27
porque a distorção durante a solda e após a soldagem são fenômenos bastante
diferentes.
Distorção durante a soldagem é diferente da distorção após a solda ter sido
concluída. Mas a análise numérica é demasiadamente complexa para ser um método
útil em muitas situações.
Se o problema estiver concentrado apenas na distorção que permanece no
material trabalhado após a soldagem ser concluída uma simulação analítica pode ser
desnecessária, ou encarada de uma forma como uma simplificação, a distorção é
tratada como um campo de tensões elásticas contendo tensões incompatíveis. A
matemática envolvida nesta abordagem é relativamente simples, fazendo com que esta
abordagem útil para a análise real de situações práticas.
Para este estudo onde temos casos de formação de juntas de topo, que por sua
vez poderão compor uma estrutura construtiva ainda maior, supostamente poderão
compor cargas compressivas de grande porte e estão sujeitas a falhas por fadiga e por
propagação de trincas, essas duas induzidas por tensões residuais. Nessa direção uma
análise numérica com a adição das distorções ocorridas durante a fabricação é
fundamental para a boa prática de engenharia de projeto de estruturais.
Uma das principais falhas ocorre por instabilidade estrutural quando se alcança o
limite de carga de compressão. A tensão critica se caracteriza a falha por flambagem
que é muito inferior à tensão de escoamento do material.
As reações que ocorrem durante a fusão do metal soldado e consequentemente
de produção de tensões residuais após o resfriamento devem ser analisadas de modo
prático e crítico para uma boa previsibilidade de distorções. O modelo numérico
analisará:
A sensibilidade da placa soldada;
As condições de contorno;
28
A amplitude máxima de distorção.
Serão esses os aspectos abordados nesse trabalho, no que tange à modelagem
numérica da influência das distorções na integridade estrutural. Por se tratar de uma
etapa de difícil previsão foi necessária a definição de parâmetros através de escolha do
material a ser utilizado nos corpos de prova (CP´s), que é um aço estrutural, e o
material mais utilizado na fabricação de blocos de aço A-36 Gr 60, ver Tabela 2.
Tabela 2 – Propriedades do aço A- 36 Gr 60.
PARÂMETRO UNIDADE
Tensão de escoamento 365 MPa
Módulo de elasticidade 2,07E05 MPa
Coeficiente de dilatação térmica (β) 12 X 10-6 ºC-1
Coeficiente de Poisson 0,3
29
3. MECANISMOS QUE AFETAM O GRAU DAS DISTORÇÕES
Vários são os mecanismos que podem contribuir para o aumento das distorções
em juntas soldadas, ou até mesmo conduzir a caminhos que possam minimizá-las ou
eliminá-las.
3.1. Mecanismos de Contração Transversal de Soldas Topo
Os mecanismos de contração transversal têm sido estudados por vários
pesquisadores incluindo Naka (1990), Matsui (1947) e Iwamura (1974) também
conduziu um estudo analítico e experimental de mecanismos de contração transversal
em soldas de topo. E como já foi colocado neste estudo anteriormente, sua maior
conclusão foi: “a maior parte de contração transversal de soldas de topo é devido à
contração do metal de base. O metal de base expande durante a soldagem. Quando o
metal solidifica, o metal base expandido deve se contrair, e esta contração é maior
responsável pela contração transversal. A contração do metal de solda em si é somente
cerca de 10% da contração real”.
A Figura 16 é uma representação esquemática que mostra a contração transversal
de um único passe de solda de topo de uma junta livre após soldagem. Logo após a
soldagem, o calor da poça de solda é transmitido para a metal base. Isto causa
expansão da metal base, com uma consequente contração do metal da poça de solda.
Durante esse período os pontos das seções A e A’ não se movem, se movem apenas
durante o período de resfriamento, fase (b) da Figura 16.
Quando o metal de solda começa a resistir a deformação térmica adicional do
metal base, os pontos das seções A e A’ se movem em resposta.
30
3.1.1. Efeito da espessura da chapa
Matsui (1947) estudou analiticamente e experimentalmente como a espessura das
chapas afetam a contração transversal em soldas de topo. Com base em análises
matemáticas, uma aproximação da contração transversal pode ser expressa usando um
erro funcional:
1. Para uma chapa fina, tem-se a Equação 7.
𝑆 = (𝑄
𝑐𝜌ℎ⁄ ) 𝑒𝑟𝑓 (𝛽𝑠) (7)
2. Para uma chapa grossa, Matsui (1947) usou a Equação 8.
𝑆 = (𝑄𝑐𝑝2𝜋𝜆𝑡𝑠
⁄ ) {1 + 2 ∑ 𝑒
∞
𝑛=1
−(𝑛ℎ)2
4𝜆𝑡𝑠⁄
} 𝑒𝑟𝑓 (𝛽𝑠)
(8)
Fonte: Masubuchi (1980)
Figura 16: Representação da contração transversal de um passe de solda de topo.
31
Onde:
𝛽𝑠 = 𝐿4𝜋𝜆𝑡𝑠
⁄ (9)
Q = entrada de calor;
c = calor específico;
λ = difusividade térmica;
h = espessura da chapa.
Para o prosseguimento foi assumido as seguintes hipóteses:
a) Coeficiente de expansão térmica constante;
b) A radiação térmica deve ser negligenciada;
c) A contração térmica do metal de solda deve ser negligenciada.
A Equação 3, indica que a contração final decresce com o aumento da espessura.
3.1.2. Efeito dos materiais
A soma das contrações transversais é diferente para vários materiais por causa de
suas propriedades. Por exemplo, comparado com o aço, ligas de alumínio tem maiores
coeficientes de expansão e condutividade térmica, e, portanto, contém mais. É bom
saber que contrações transversais em soldas de alumínio são maiores que em aços
soldados.
As transformações de fase em materiais ferrosos desempenham um papel
importante. Matsui (1947) propôs que a expansão devida às transformações de fase
deve ser subtraída da contração estimada a fim de prever a contração real, Figura 17.
32
Fonte: Matsui (1947)
3.1.3. Efeito do sequenciamento de soldagem na contração transversal
Kihara et al. (1956 e 1957) investigou como a sequência de soldagem afeta a
magnitude e a distribuição da contração transversal no chanfro de solda.
Ao longo do processo de soldagem de uma junta, vários passes de solda são
envolvidos. Uma variedade de sequências de soldagem pode ser utilizada. Estas
sequências podem ser de dois tipos:
1. Sequência de soldagem em bloco. A junta é dividida em vários blocos;
cada bloco é soldado separadamente um de cada vez;
2. Sequência de soldagem multicamada. Cada camada é soldada ao longo
do comprimento total do chanfro, antes do próximo passe começar.
3.2. Mecanismos de Distorção Angular em Soldas de Topo
Figura 17: Contração transversal final.
33
A distorção angular ocorre quando a contração transversal não é uniforme ao
longo da espessura da junta, podendo ocorrer tanto em soldas de topo como em soldas
de filete, e, portanto, os seus mecanismos são os mesmos apresentados na seção 3.1.
34
4. PREVENÇÃO DAS DISTORÇÕES
Princípios determinantes tais como “a melhor prática” para limitar a distorção pela
adoção de técnicas de montagem adequadas. Na fase de projeto, as distorções de
soldagem podem frequentemente ser prevenidas, ou pelo menos restringidas ao
considerar:
✓ Eliminação da soldagem;
✓ Posicionamento das soldas;
✓ Redução do volume de metal de solda;
✓ Redução do número de passes e;
✓ Uso de soldagem balanceada.
4.1. Eliminação da Soldagem
Como a distorção e contração são resultados inevitáveis da soldagem, um bom
projeto não só requer que a quantidade de operações de soldagem seja mantida em um
mínimo, mas também que uma quantidade menor de metal de solda seja depositada
em cada operação. A soldagem pode ser frequentemente eliminada na fase de projeto
pela utilização de perfis com dobra ou usando um perfil laminado padrão (ex. perfil em
T, U, etc.).
Se possível, o projeto deve usar soldas intermitentes em lugar de uma solda
contínua, para reduzir a quantidade de soldagem. Por exemplo, em chapas de reforço
de fixação, uma redução substancial da quantidade de soldagem pode ser obtida com a
manutenção de uma resistência adequada. Na Figura 18 são mostrados exemplos de
projetos ruins e bons.
35
Figura 17: Eliminação da solda por: a) Dobramento da chapa; b) Uso de perfis laminados.
Fonte: Co van der Goes (2008)
4.1.1. Localização da solda
Posicionamento e balanceamento da solda são importantes para minimizar a
distorção. Quanto mais próxima estiver a solda do eixo neutro de um componente, mais
baixo é o efeito de “braço de alavanca” das forças de contração e, consequentemente,
menor a distorção final.
Como a maioria das soldas são depositadas afastadas do eixo neutro, a distorção
pode ser minimizada durante o projeto de fabricação de tal modo que as forças de
contração de uma solda individual são balanceadas colocando outra solda no lado
oposto do eixo neutro, veja Figura 19.
36
Figura 18: As distorções são reduzidas com o posicionamento da solda próximo ao eixo neutro.
Fonte: Co van der Goes (2008)
4.1.2. Reduzindo o volume de metal da solda
Para minimizar a distorção bem como por razões econômicas, o volume de metal
de solda deve ser limitado às exigências de projeto. Para a solda em chapas com um
único chanfro, a seção transversal da solda deve ser mantida a menor possível para
reduzir o nível de distorção angular, como ilustrado na Figura 20.
Figura 19: Redução da quantidade de distorção angular e contração lateral por: a) redução do volume do metal de solda; b) usando solda de passe único.
Fonte: Co van der Goes (2008)
37
4.1.3. Redução do número de passes
Não há consenso entre os engenheiros de soldagem se é melhor depositar um
determinado volume de metal de solda em um número pequeno de passes de solda de
grandes volumes ou em um número grande de passes de pequenos volumes.
Experiências mostram que em soldas de topo em apenas um lado da chapa ou em uma
solda de filete de único-lado, um único depósito de solda com grande deposição de
metal produz menos distorção angular do que se a solda fosse feita em vários passes
com pequena deposição de metal. Geralmente, em uma junta não-restringida, o grau de
distorção angular é aproximadamente proporcional ao número de passes.
O preenchimento da junta com um número pequeno de depósitos grandes de
solda resulta em mais contração longitudinal e transversal do que uma solda
preenchida com um grande número de passes de pequenos depósitos. Numa solda
multipasses, o metal de solda anteriormente depositado fornece restrição aos passes
subsequentes, de modo que a distorção angular por passe diminui à medida que a
solda é preenchida. Grandes depósitos também aumentam o risco de flambagem
elástica, particularmente em chapas de seção fina.
4.1.4. Uso de solda balanceada
A soldagem balanceada é um meio efetivo de controlar a distorção angular em
uma solda de topo de multipasses por ordenar a sequência de passes de soldagem.
Esta ordenação dos passes visa assegurar que a distorção angular está sendo corrigida
continuamente e não se acumulando durante a soldagem. Quantidades comparativas
de distorção angular da soldagem de topo balanceada e da soldagem de topo
executam primeiramente em um lado da junta (desbalanceada) são mostradas
esquematicamente na Figura 21. A técnica de soldagem balanceada pode ser aplicada
também em juntas de filete.
38
Figura 20: Representação de solda balanceada para reduzir a quantidade de distorção angular.
Fonte: Co van der Goes (2008)
4.1.5. Melhores práticas
Os seguintes princípios de projeto podem controlar a distorção:
✓ Eliminar a soldagem utilizando chapas dobradas bem como seções laminadas e
extrudadas;
✓ Minimizar a quantidade de metal de solda;
✓ Evitar soldagem com reforço excessivo;
✓ Usar soldagem intermitente preferencialmente em relação a solda contínua;
✓ Soldar próximo do eixo neutro da peça e;
✓ Balancear a soldagem ao redor do meio da junta usando um chanfro duplo-V em
preferência a um chanfro V simples.
Ao adotar estes princípios de projeto, um melhor custo/benefício durante a
fabricação pode ser obtido. Além do custo extra de deposição de metal de solda e um
39
aumento no risco de distorção, é demorado e caro remover este metal de solda extra
mais tarde.
No entanto, para controlar a distorção os projetos podem contrair custos adicionais
de fabricação. Por exemplo, o uso de preparação de junta duplo-V é uma excelente
prática para reduzir o volume de solda e controlar a distorção, mas, custos adicionais
podem ser contraídos para produzir meios de manipulação das chapas para que o
soldador possa ter acesso ao lado oposto da mesma.
4.1.6. Técnicas de restrição
A distorção pode ser evitada no estágio de projeto, por exemplo, posicionando as
soldas próximas ao eixo neutro, reduzindo a quantidade de soldagem e depositando o
metal de solda usando a técnica de soldagem balanceada. Em projetos onde isto não é
possível, a distorção pode ser evitada por um dos seguintes métodos: Uso de restrição;
a) Pré-ajuste das partes;
b) Pré-dobramento das partes e;
c) Uso de restrição.
A Figura 22, a seguir, representa a técnica de pré-ajuste das partes para produzir
o alinhamento perfeito depois de soldar.
40
Figura 21: Pré-ajuste das partes. a) Pré-ajuste das juntas de filete para prevenção de distorção angular; b) pré-ajustagem das juntas de topo para prevenir distorção
angular e c) Folga (abertura) no formato cônico “V” prevenindo fechamento dos bordos
4.1.7. Pré-ajustagem das partes
As partes são pré-ajustadas e deixadas livres para mover durante a soldagem,
veja Figura 21. Na prática, as partes são pré-ajustadas conforme uma quantidade pré-
determinada tal que a distorção que acontece durante a soldagem é usada para
alcançar total alinhamento e controle dimensional.
4.1.8. Pré-dobramento das partes
Pré-dobramento ou pré-flexão das partes antes da soldagem é uma técnica usada
para pré-tencionar o conjunto ou componente a fim de neutralizar a contração durante a
soldagem. Como mostrado na Figura 23, o pré-dobramento por meio de contra-reforços
e cunhas rígidos pode ser usado para pré-estabelecer uma abertura antes da soldagem
Fonte: Co van der Goes (2008)
41
para compensar a distorção angular. A liberação das extremidades após a soldagem
permitirá que as partes se movam de volta para uma posição alinhada.
Figura 22: Pré-dobramento usando reforços e cunha para acomodar a distorção angular em chapas finas.
Fonte: Co van der Goes (2008)
4.1.9. Uso de restrição
Devido à dificuldade encontrada em aplicar a pré-ajustagem e o pré-dobramento,
a restrição é a técnica mais largamente utilizada. O princípio básico é que as partes são
colocadas na posição de operação e mantidas sob restrição para minimizar qualquer
movimento durante a soldagem. Quando da remoção do componente do dispositivo de
restrição, uma quantidade relativamente pequena de movimento ocorrerá devido às
tensões residuais internas. Isto pode ser contornado pela aplicação de um pequeno
pré-ajuste ou pela realização de um alívio de tensão antes da remoção da restrição.
Quando se tratar de conjuntos soldados, todos os componentes devem ser
mantidos na posição correta até se completar toda a soldagem e deve-se usar uma
sequência de fabricação adequadamente balanceada para se ter o mínimo de
distorção.
A soldagem com restrição geralmente gerar tensões residuais adicionais na solda,
as quais podem causar trincas. Quando da soldagem de materiais mais susceptíveis a
42
ocorrência de trincas, a utilização de uma sequência de soldagem adequada e de pré-
aquecimento reduzirão este risco.
Restrições são relativamente simples de aplicar usando braçadeiras, gabaritos e
dispositivos para fixar as partes durante a soldagem.
43
5. AMPLITUDE DAS DISTORÇÕES
A determinação analítica do grau de retenção desenvolve-se através de um
exemplo de uma solda realizada num chanfro comum. Soldas semelhantes, são
frequentemente utilizadas em operações de soldagem de estruturas de construção
naval e principalmente blocos que estas estruturas são formadas.
5.1. Cálculo das Contrações Transversais de Juntas de Topo
Muitos pesquisadores, tais como Cape (1961) têm proposto fórmulas para a
estimativa da contração transversal de soldas de topo, que em geral são baseadas em
informações empíricas.
5.1.1. Fórmula de Malisius
Com base em estudos analíticos, Malisius (1986) propôs a seguinte Equação 10:
S =λ1KQ
S+λ2b
(7)
Onde:
S = Contração transversal, [mm];
λ1 = Expansão térmica linear da chapa de T0 a 𝑇1−𝑇0
2(= 0.004);
T0 =Temperatura linear da chapa;
T1 =Temperatura acima da qual o material sai do regime elástico;
λ2 = Expansão térmica linear da chapa de T0 a T1 (=0,0093);
Q = Seção transversal da solda incluindo o reforço [mm2];
S1 = Espessura média das chapas [mm];
b = Espessura média da solda [mm];
44
K = Uma constante que depende da saída de calor do processo de soldagem e da
condutividade térmica;
K = 43 para soldagem a arco, eletrodo não revestido (arame/vareta) (S=1,0mm);
K = 45 a 55 para eletrodo revestido (S=1,4mm).
Os valores de K foram determinados por Malisius experimentalmente.
Entendendo a fórmula para soldas de topo em chapas, Malisius aplicou um valor de K
totalmente arbitrário de 0,6, a fim de explicar o porquê da diminuição de fornecimento
de calor devido a movimentação do eletrodo, e multiplica-se pelo fator S=1,3 para
esclarecer o fechamento exercido pela seção já soldada sobre a parte do chanfro ainda
não soldada. A fórmula estendida a solda de topo em chapas é a seguinte:
S = 1,3(0,6λ1K.Q S1⁄ +λ2b) (8)
5.1.2. Fórmula de Spraragen-Ettinger
Spraragen-Ettinger (1950) examinaram dados de contração transversal obtidos
por severas investigações e sugeriram a seguinte formula:
S =0,2Aw t⁄ + 0,05d (9)
Onde:
S = Contração transversal, [in];
Aw = Área de seção transversal da solda [in2];
t = Espessura da chapa, [in];
d = abertura de raiz, [in].
45
5.1.3. Análise unidimensional das deformações
Quando uma junta de filete é livre de restrição externa, a estrutura se curva em cada
junta e forma um polígono como na Figura 24(a). Mas se as juntas são limitadas por
alguns meios, diferentes tipos de distorção são produzidos. Por exemplo, se os reforços
são soldados para uma viga rígida como na Figura 24(b), as mudanças angulares nos
filetes de solda irão causar uma ondulação, ou uma forma de arco, causando uma
distorção da placa de fundo.
Figura 23: Distorção em soldas de filete em dois tipos de modelos unidimensionais (a) sem restrição, (b) com restrição de uma viga rígida
Fonte: Masubuchi, K. (1980)
5.1.4. Estudo de conjuntos soldados em aço por Hirai-Nakamura
Hirai e Nakamura (1955) conduziram estudos para a determinação dos valores
dos ângulos de distorção (φ0) e da rigidez da junta soldada (C) sobre várias condições.
A Figura 25 mostra os valores de φ0 em função da espessura da espessura da chapa, t
46
(mm), e peso de consumível de solda por comprimento de passe, w (g/cm), referida
neste trabalho como Equação 13. A fim de converter w ao tamanho do filete de solda,
Df (mm), a seguinte formula pode ser utilizada, essa mesma técnica pode ser aplicada
as juntas de topo para determinação do ângulo de distorção.
Figura 24: Mudança angular de uma solda de filete (sem restrição).
Fonte: Hirai e Nakamura (1955)
w =(
Df2
2)×10−2×(
ρ
ηd)
(10)
Onde:
ρ = Densidade do metal de solda,
ηd = Eficiência de deposição.
O tamanho do filete, Df , é comumente usado nos estudos de projeto, enquanto w
é fácil de determinar num experimento de solda.
Os resultados mostrados no experimento foram obtidos usando eletrodos revestidos com 5mm de diâmetro. A máxima mudança angular foi obtida quando a espessura da chapa estava em torno de 9mm. Quando a chapa estava com espessuras menores que 9mm, a mudança angular foi reduzida com o aumento da espessura da chapa (por causa do aumento da rigidez). Tal fato, pode ser entendido quando aplicada a Equação 14.
47
C =
t4
(1 + (w5⁄ ))
(11)
Onde:
C = Coeficiente de rigidez para alterações angulares;
t = espessura da chapa, mm;
w = peso do metal de solda depositado por unidade de comprimento de solda,
g/cm.
48
6. METODOLOGIAS
O modelo usado neste estudo se baseia nos efeitos termomecânicos decorrentes
da soldagem, onde primeiramente é considerado apenas o aporte térmico da solda em
estado estacionário, logo após obter esses resultados, eles alimentam uma nova
análise transiente deste mesmo efeito térmico, uma vez obtidos os resultados dos
efeitos térmicos transientes eles alimentam uma nova rotina para calcular os efeitos
mecânicos da junta soldada, que na verdade é o resultado esperado para distorção
causada pela soldagem, que é a amplitude da distorção tanto angular quanto
transversal.
Durante cada passe de soldagem, as tensões devido à temperatura são
calculadas a partir da distribuição de temperaturas dada inicialmente pela análise
térmica. As tensões residuais para cada incremento de temperatura são, então,
adicionadas ao ponto nodal da malha de elementos finitos, de tal forma que se tenha
atualizado do comportamento dos modelos antes do próximo incremento de
temperatura (próximo passe de solda).
Para a modelagem das placas foi utilizado o programa de análise por elementos
finitos ANSYS, versão 12.1, que foi executado num computador com sistema
operacional Windows 7 professional, processador Core i7 e 8 GB de memória RAM,
onde se modelou placas em 3D, vistas nas Figuras 26 e 27 Mechanical Report (2016),
obteve-se o resultado da formação da geometria para as juntas de topo e a estrutura do
modelo respectivamente. Para a análise de um campo térmico simples não linear, o
código ANSYS usou o algoritmo iterativo de “Newton-Raphson Full” na análise de
convergência do modelo numérico dos corpos de prova.
A premissa fundamental do Método dos Elementos Finitos baseia-se no fato de
que, quanto maior o número de elementos da malha, a solução obtida tenderá ser a
mais próxima da solução real. Entretanto, o tempo de solução e os recursos
computacionais aumentam significativamente com o aumento do número de elementos.
49
Durante a modelagem em elementos finitos dos cordões de solda, verificou-se ser
necessário, inicialmente, gerarem todos os elementos fisicamente presentes no cordão
completo, raiz, reforço e enchimento, de uma só vez, que são os “inputs” térmicos visto
que as ordens das matrizes de condutibilidade e de calor específico não poderiam ser
aumentadas ao longo da fase de solução.
A modelagem utilizada no ANSYS testou vários tipos de malhas de acordo com as
dimensões para a confecção dos corpos de prova 200 mm de comprimento, 100 mm de
largura e 9,5 mm de espessura em condição de contorno apoiada, resultando em uma
malha de acordo com a Tabela 3 abaixo, Mechanical Report (2016):
Tabela 3 – Estatística de geração dos elementos da malha utilizada no modelo.
PARÂMETRO UNIDADE
Corpos 6
Fronteiras de interação 6
Nós 21543
Elementos 4140
É importante a formação da malha adequada para que gere resultados confiáveis,
pois a escolha correta da malha resulta em redução de tempo de processamento
poupando o processamento de análises e fornecendo resultados mais próximos da
realidade.
50
Figura 25: Resultado da geometria gerada através da utilização do ANSYS.
Fonte: Mechanical Report (2016)
O diagrama abaixo, representado na Figura 27 aponta as opções escolhidas no
sistema ANSYS.
Fonte: Mechanical Report (2006)
Figura 26: Estrutura do modelo gerado através da utilizaçao do ANSYS.
51
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para os Corpos de Prova (CP’s) soldados, foram registrados os parâmetros de
soldagem, temperaturas nos CP’s em oito pontos diferentes, para comparação e
implementação no modelo para que se obtenha de forma final uma correlação mais
acurada dos efeitos termomecânicos que induzem a distorção.
De acordo com os dois diferentes processos de soldagem utilizado (Eletrodo
revestido e Arame tubular), os oito CP´s utilizados serão nomeados, de acordo como
segue:
✓ CP Nº FCAW1: Corpo de prova número 1 para junta de topo para processo de
soldagem para arame tubular;
✓ CP Nº FCAW 2: Corpo de prova número 2 para junta de topo para processo de
soldagem para arame tubular;
✓ CP Nº FCAW 3: Corpo de prova número 3 para junta de topo para processo de
soldagem para arame tubular;
✓ CP Nº FCAW 4: Corpo de prova número 4 para junta de topo para processo de
soldagem para arame tubular;
✓ CP Nº SMAW 1: Corpo de prova número 5 para junta de topo para processo de
soldagem para eletrodo revestido, ou simplesmente;
✓ CP Nº SMAW 2: Corpo de prova número 6 para junta de topo para processo de
soldagem para eletrodo revestido, ou simplesmente);
✓ CP Nº SMAW 3: Corpo de prova número 7 para junta de topo para processo de
soldagem para arame tubular, ou simplesmente;
✓ CP Nº SMAW 4: Corpo de prova número 8 para junta de topo para processo de
soldagem para arame tubular, ou simplesmente.
52
Com 4 CP’s de cada processo. Em cada um dos CP’s serão tomadas
temperaturas em 7 a 9 pontos preferenciais ao longo dos CP’s totalizando entre 70 a 90
tomadas de temperaturas com o auxílio de um pirômetro de contato com fundo de
escala de 1400 ºC para alimentação do modelo, de acordo com as Figuras 28 e 29
esquemática e reais tiradas em campo durante a realização da soldagem abaixo.
Figura 27: Representações dos pontos para tomada de temperaturas durante a soldagem nos CP´s de junta de topo. (a) esquemática, (b) real.
A. esquemática
B. real
53
Figura 28: Representação real dos pontos para tomada de temperaturas durante a soldagem dos CP´s de junta de topo.
.
Para o modelo numérico, obteve-se informações relevantes extraídas da tomada
de temperatura do experimento, que foi a temperatura global máxima, Figura 30, na
qual é revelado o perfil de temperatura do cordão de solda durante a soldagem e uma
temperatura global mínima. A Figura 31, mostra que é a temperatura em que a chapa
atinge a homogeneidade e logo depois começa a se resfriar até a temperatura
ambiente.
Figura 29: Perfil de temperatura do cordão de solda durante a soldagem.
54
Figura 30: Perfil de temperatura de resfriamento de toda a chapa após a soldagem.
7.1. Realização do Processo de Soldagem
A soldagem dos corpos de prova foi realizada por dois processos de soldagem
diferentes (arame tubular e eletrodo revestido) e junta de solda de topo.
Primeiramente foi realizada a escolha do material (A – 36 Gr 60) a ser soldado
para que houvesse total rastreabilidade, ou seja, para que não ocorresse
dissimilaridade entre o material a ser soldado.
Prepararam-se os chanfros de solda e foram montadas as juntas de acordo com a
Figura 32, uma junta de topo típica.
55
Figura 31: Preparação de chanfros para realização da soldagem da junta de topo.
7.2. Resultados
A Tabela 4, apresenta os resultados obtidos com os ensaios de soldagem com os
processos de SMAW, FCAW e modelo numérico.
Tabela 4 – Resultados das distorções
Os resultados obtidos foram validados através de ensaios com os corpos de prova,
para cada processo, conforme detalhado neste capítulo.
ÂNGULAR MILÍMETRICA ÂNGULAR MILÍMETRICA
MODELO NUMÉRICO 1º 3’ 1,84 mm 1º 11’ 2,09 mm
SMAW 4º 34’ 7,96 mm 5º 9’ 9 mm
FCAW 0º 37’ 1,10 mm 1° 45’ 2,53 mm
MÉTODO
DISTORÇÃO
MÍNIMA MÁXIMA
56
7.2.1. Resultados para SMAW
A Figura 33, apresenta os resultados mínimo e máximo obtidos para o processo
SMAW, durante a realização dos ensaios experimentais.
Figura 32: Resultados finais para a soldagem por SMAW (a) mínimo, (b) máximo.
A. Mínimo
B. Máximo
4°34’
7,96 mm 4°34’
5°9’ 9 mm
57
7.2.2. Resultados para FCAW
A Figura 34, apresenta os resultados mínimo e máximo obtidos para o processo
FCAW, durante a realização dos ensaios experimentais.
Figura 33: Resultados finais para a soldagem por FCAW (a) mínimo, (b) máximo.
A. Mínimo
B. Máximo
58
7.3. Análise comparativa dos resultados obtidos
A observação realizada foi que, para o processo em chapas de 9,5 mm de
espessura a contração e consequentemente a distorção angular, apresentou amplitude
de 9 mm e de 5º 9’ máximo. Este resultado se deve as maiores energias de soldagem
empregadas no processo SMAW, em comparação com o processo FCAW. Enquanto
que no processo FCAW, apesar do desvio apresentado na região do cordão de solda
dos corpos de prova, este ainda sim, em sua totalidade não apresenta maiores
distorções na sua forma final, sendo até mesmo difícil de quantificar com uma amplitude
máxima apresentada de 1,10 mm de distorção e 1º 45’.
Para o modelo numérico ainda não foi possível estabelecer informações cruzadas
nas quais poderiam ser comparados com situações de travamentos diferenciados para
cada situação de soldagem, entretanto, não era o escopo deste trabalho.
Levando em consideração os resultados experimentais o modelo matemático
apresentado tem maior proximidade para o processo FCAW, uma vez que os resultados
obtidos representaram menor distorção angular. Sendo assim, torna-se possível a
utilização do modelo matemático como ferramenta preditiva dentro do processo de
soldagem para as condições aqui apresentadas com acurácia de 87,5%. Na figuras 35
e 36, temos os resultados mínimo e máximo, respectivamente, obtidos no modelo
matemático.
59
Figura 34: Resultado do modelo para a distorção angular na direção “Y”.
Figura 35: Resultado do modelo (representação isométrica) para a distorção angular na direção “Y”.
60
8. CONCLUSÕES
As distorções merecem uma importância elevada no processo de fabricação da
moderna construção naval e offshore, pois, além de influenciar na resistência estrutural,
também afetam de forma negativa os princípios mais importantes, que são: qualidade e
custo do produto final, e o tempo de produção.
Para os dois processos de soldagem utilizados neste estudo, verificou-se que
devido aos altos níveis de energia, que o processo por eletrodo revestido é o que
apresenta maior distorção. Enquanto, que para o processo de arame tubular o
experimento apresentou uma distorção angular menor.
O modelo matemático de elementos finitos utilizado neste trabalho validou tais
resultados de laboratório. Isto é, que há uma maior distorção para o processo de
soldagem por eletrodo revestido, e a diferença em termos práticos para o processo de
soldagem por arame tubular é 68,46% inferior. O processo de soldagem por arame
tubular foi o que apresentou menores distorções angulares. Uma explicação para isso,
pode ser atribuída ao fato de que este processo utiliza menor energia de soldagem e,
consequentemente, acarreta menor distorção. Sendo assim, o modelo numérico poderá
ser aplicado, e com os devidos ajustes, ser utilizado com maior eficiência, como
ferramenta preditiva em futuras distorções angulares.
Um grande número de técnica de controle de minimização das distorções de
fabricação foi mencionado durante este estudo. Mas, deve ser ressaltado que uma
pesquisa mais profunda deve ser conduzida para a utilização dessas técnicas, visando
novas construções de resultados, boas compreensões e, consequentemente, a
obtenção de novos campos de investigação científica.
61
9. TRABALHOS FUTUROS
Algumas recomendações para trabalhos futuros são:
✓ O desenvolvimento de modelos numéricos de simulação de soldagem em 3D,
para os painéis típicos da construção naval, pois o desenvolvimento deste modelo,
com razoável precisão, pode ser utilizado para estimar a resistência ao colapso
destas estruturas.
✓ Um estudo mais profundo da influência dos modos de distribuição das distorções
no colapso de estruturas na construção naval.
✓ Outros estudos experimentais dos métodos de minimização das distorções
existentes junto a análises numéricas e experimentais.
62
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