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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO NATALIA ARAÚJO TOLEDO COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE OBRAS DE ARRIMO NO BRASIL E NA FRANÇA RIO DE JANEIRO 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

NATALIA ARAÚJO TOLEDO

COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE

OBRAS DE ARRIMO NO BRASIL E NA FRANÇA

RIO DE JANEIRO

2019

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NATALIA ARAÚJO TOLEDO

COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE

OBRAS DE ARRIMO NO BRASIL E NA FRANÇA

Projeto de Graduação apresentado ao curso deEngenharia Civil da Escola Politécnica,Universidade Federal do Rio de Janeiro, comoparte dos requisitos necessários à obtenção dotítulo de Engenheiro.

Orientador: Prof. Leonardo de Bona Becker

Co-orientador: Julien Gabrielli

RIO DE JANEIRO

2019

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................5

1.1. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA............................................5

1.2. OBJETIVOS............................................................................................6

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................6

2. ASPECTOS GERAIS DOS MUROS DE ARRIMO.......................................7

1.4. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES.....................................................7

1.5. TIPOS DE MUROS.................................................................................8

1.1.1. Muros de gravidade..........................................................................9

1.1.2. Muros de flexão..............................................................................10

1.6. MANIFESTAÇÃO DE ANOMALIAS EM MUROS DE ARRIMO...........11

1.1.3. Durabilidade e vida útil de estruturas.............................................11

1.1.4. Agentes e mecanismos de degradação.........................................14

1.1.5. Patologias mais incidentes em Muros de Arrimo...........................17

3. INSPEÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBRAS DE ARTE ESPECIAIS NO BRASIL 18

1.7. CONSIDERAÇÕES SOBRE GESTÃO E MANUTENÇÃO DAS OBRAS DE

ARTE ESPECIAIS..............................................................................................18

1.8. METODOLOGIA ADOTADA PELO DNIT.............................................18

1.8.1. Inspeção cadastral..........................................................................18

1.8.2. Inspeção rotineira...........................................................................18

1.8.3. Inspeção especial...........................................................................18

1.8.4. Inspeção extraordinária..................................................................18

1.9. METODOLOGIA ALTERNATIVA GDE/UNB........................................18

4. ESTUDO DE CASO: METODOLOGIAS FRANCESAS APLICADAS A MUROS

DE ARRIMO.......................................................................................................19

1.10. METODOLOGIA DO GUIA IQOA.........................................................19

1.11. METODOLOGIA DO MANUAL SNCF RÉSEAU..................................19

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................20

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................21

7. ANEXOS......................................................................................................22

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1. INTRODUÇÃO

1.1.JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA

No Brasil, durante o período de chuvas, é comum surgirem nos noticiários

casos de sinistros causados pela ruptura de encostas e estruturas de contenção de

taludes em zonas urbanas. Tais situações ocorrem por diversos fatores que podem

advir desde falhas de projeto à falta de manutenção.

Sabe-se que as infraestruturas de transporte terrestre, como rodovias e

ferrovias, demandam frequentemente a realização de cortes e aterros em taludes

para viabilizar o traçado da via. Tais operações envolvem remoção e movimentação

de áreas extensas de solo, contribuindo eventualmente para processos de

instabilização de taludes.

Segundo o Manual de Taludes de Rodovias desenvolvido pelo DER-SP

(DER-SP, 1991), entende-se por obras de contenção todas aquelas estruturas que,

uma vez implantadas em um talude, oferecem resistência à movimentação deste ou

à sua ruptura, ou ainda que reforçam uma parte do maciço, de modo que esta parte

possa resistir aos esforços tendentes à instabilização do mesmo.

Segundo TUPINÁ et al, a ausência de acompanhamento técnico no

processo de ocupação urbana, de obras estruturantes compatíveis com as

características naturais de cada área, de gestão adequada das áreas de risco, além

da ausência de fiscalização eficaz por parte do Poder Público proporcionou o

aumento de deslizamentos e escorregamentos, tornando-se um desafio constante

para diversas comunidades.

Dentre os eventuais transtornos causados pelos deslizamentos de taludes

de corte em rodovias e ferrovias, destacam-se o bloqueio total ou parcial do tráfego,

o soterramento de veículos, residências e estabelecimentos nas proximidades e a

ocorrência de perdas de vida.

Desta forma, fica claro que os impactos socioeconômicos de tais

escorregamentos de terra em zonas urbanas são significativos, reforçando a

necessidade de um programa eficaz de conservação e manutenção de taludes e

estruturas de contenção existentes nessas áreas.

Nessa ótica, e dando continuidade ao trabalho realizado em 2018 pela

autora durante sua dupla diplomação na França e estágio na empresa SNCF

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Réseau (estatal responsável pela exploração e desenvolvimento da rede ferroviária

francesa), a escolha do tema foi feita com o objetivo de dar o devido destaque ao

papel da conservação do patrimônio de estruturas de contenção na prevenção de

sinistros. O presente trabalho complementa a temática abordada no trabalho de

conclusão de curso francês sobre metodologias de inspeção e manutenção de

muros de arrimo adotadas na França, introduzindo um comparativo com duas

metodologias aplicadas a obras de arte especiais adotadas no Brasil e trazendo

como caso de estudo pontos-chave do sistema de gestão de obras de contenção

utilizado pela SNCF Réseau.

1.2. OBJETIVOS

O presente trabalho de conclusão de curso visa apresentar diferentes

metodologias de gestão e manutenção de estruturas de contenção de encostas e

taludes, abordando em particular os muros de arrimo de peso e flexão, presentes em

infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, segundo diretrizes e manuais utilizados no

Brasil e na França.

Para isto, alguns objetivos específicos foram estabelecidos:

a) Identificar e caracterizar os diferentes tipos de muros de arrimo e suas

anomalias mais frequentes, com enfoque em muros de arrimo de peso e

flexão;

b) Identificar os principais aspectos de manutenção e gestão de obras de arte

especiais (OAE), apresentando os sistemas em vigor no Brasil e na França;

c) Apresentar os aspectos relevantes das metodologias brasileiras descritas na

NBR-9452 e na metodologia GDE/UnB;

d) Apresentar os aspectos relevantes das metodologias francesas descritas no

Guia IQOA-Murs e no Manual SNCF Réseau;

e) Comparar as quatro metodologias e identificar as principais diferenças e

similaridades entre elas.

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho foi estruturado em 5 capítulos (CONTINUAR)

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2. ASPECTOS GERAIS DOS MUROS DE ARRIMO

1.4.CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Segundo Filho e Virgili (1998), taludes podem ser definidos como superfícies

inclinadas de maciços terrosos, rochosos ou mistos (solo e rocha), originados de

processos geológicos e geomorfológicos diversos, podendo apresentar modificações

antrópicas, tais como cortes, desmatamentos, introdução de cargas, etc.

A Associação Brasileira de Geologia de Engenharia define estabilização de

talude ou encosta como um tratamento aplicado a uma vertente de terreno, natural

ou modificada, para melhorar as suas características de resistência, intervindo nos

condicionantes relativos à natureza dos seus materiais constituintes e nos agentes

de deflagração de processos responsáveis pela sua instabilidade. Os condicionantes

da instabilidade são a geologia (litologia, composição e estrutura), a morfologia

(declividade e comprimento de rampa) e a hidrogeologia (águas superficiais e

subterrâneas) da encosta.

De acordo com o DER-SP (1991), a instabilidade desses maciços pode ser

corrigida, na grande maioria dos casos, com intervenções comuns de drenagem,

impermeabilização superficial e redução da inclinação do talude. Quando tais

procedimentos se mostram insuficientes, é necessário recorrer a soluções de

engenharia mais complexas, envolvendo a realização de sistemas ou estruturas de

contenção (Figura 2.1).

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Figura 2.1 – Fluxograma de obras de estabilização de taludes (DNER-SP adaptado)

A NBR-11682 (2009), que trata a estabilidade de encostas, define obras de

contenção em solo como sendo elementos destinados a contrapor-se aos esforços

estáticos provenientes do terreno e de sobrecargas acidentais e/ou permanentes. A

norma divide as estruturas de contenção em solo em quatro tipos: muros de

gravidade, muros de flexão, estruturas ancoradas e estruturas de solo reforçado.

No presente trabalho serão abordados aspectos referentes aos muros de

gravidade e de flexão, que foram objeto do trabalho de conclusão de curso

desenvolvido na École des Mines de Douai em parceria com a empresa SNCF

Réseau e que constituem a grande maioria das estruturas de contenção do

patrimônio da rede ferroviária francesa.

1.5.TIPOS DE MUROS

Segundo GERSCOVICH (2010), muros são estruturas corridas de contenção

de parede vertical ou quase vertical, apoiadas em uma fundação rasa ou profunda.

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Podem ser construídos em alvenaria (tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou

armado), ou ainda, de elementos especiais. Os muros de arrimo podem ser de

vários tipos: gravidade (construídos de alvenaria, concreto, gabiões ou pneus), de

flexão (com ou sem contraforte) e com ou sem tirantes.

1.1.1. Muros de gravidade

A NBR 11682 (ABNT, 2009) define muros de gravidade como sendo

estruturas monolíticas cuja estabilidade é garantida através do peso próprio da

estrutura. Podem ser de concreto simples, concreto ciclópico, gabiões, alvenaria de

pedra argamassada ou seca, tijolos ou elementos especiais. Geralmente, estruturas

de gravidade são utilizadas para conter desníveis pequenos ou médios, inferiores a

cerca de 5m.

Os muros de alvenaria de pedra são os mais antigos e numerosos. Na

França, este tipo de material foi predominantemente empregado em construções até

a primeira metade do século XX, quando começou a ser substituído por estruturas

em concreto. Apesar disso, a alvenaria de pedra continua sendo o material

constituinte majoritário dos muros de gravidade pertencentes ao patrimônio francês

(TERRADE, 2017).

De acordo com GERSCOVICH (2010), devido ao custo elevado, o emprego

da alvenaria é menos freqüente nos dias atuais, sobretudo em muros com maior

altura. As pedras podem ser arrumadas manualmente, onde a resistência se dá

exclusivamente pelo imbricamento dos blocos, ou podem ser argamassadas,

garantindo uma melhor resistência interna da estrutura.

Para muros com altura superior a 3 metros, recomenda-se empregar

argamassa de cimento e areia para preencher os vazios dos blocos de pedras,

permitindo o uso de blocos de dimensões variadas. A argamassa garante uma maior

rigidez do muro, porém elimina a sua capacidade drenante. Faz-se necessário,

então, implementar dispositivos usuais de drenagem, tais como dreno de areia e

tubos barbacãs.

Já o muro de concreto ciclópico (Figura 2.2) é uma estrutura construída

mediante o preenchimento de uma fôrma com concreto e blocos de rocha de

dimensões variadas. Devido à impermeabilidade da estrutura, torna-se

imprescindível a instalação de um sistema adequado de drenagem.

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Figura 2.2 – Esquema transversal de um muro de gravidade de concreto ciclópico ou

pedra argamassada

1.1.2. Muros de flexão

Muros de flexão são estruturas mais esbeltas com seção transversal em

forma de “L” que resistem aos empuxos por flexão, utilizando parte do peso próprio

do maciço ou do reaterro que se apóia sobre a base do “L” para manter-se em

equilíbrio, sem caracterizar uma estrutura monolítica (Figura 2.3).

Figura 2.3 – Esquema transversal de um muro de flexão de concreto armado

Em geral, são construídos em concreto armado, tornando-se soluções muito

dispendiosas para alturas acima de 7m. A laje de base em geral apresenta largura

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entre 50 e 70% da altura do muro. A face trabalha à flexão e se necessário pode

empregar vigas de enrijecimento, no caso alturas maiores (GERSCOVICH, 2010).

Muros de flexão podem também ser ancorados na base com tirantes ou

chumbadores (rocha) para melhorar sua condição de estabilidade (Figura 2.4). Esta

solução pode ser aplicada quando quando há limitação de espaço disponível para

que a base do muro apresente as dimensões necessárias para a estabilidade, sob a

condição de haver solo competente para a fundação e ancoragem da base

(GERSCOVICH, 2010).

Figura 2.4 – Esquema transversal de um muro de flexão ancorado na base

1.6.MANIFESTAÇÃO DE ANOMALIAS EM MUROS DE ARRIMO

1.1.3. Durabilidade e vida útil de estruturas

Ao longo da sua vida útil, as obras de engenharia civil sofrem degradações

decorrentes dos efeitos da interação estrutura-meio ambiente e das próprias

solicitações às quais estão submetidas. Tais degradações podem acarretar o

aparecimento de anomalias que, quando não monitoradas e manutenidas

corretamente, comprometem a durabilidade da construção.

Segundo MACHADO e MENDES (2014), a durabilidade foi conhecida como

um conceito de desempenho desde o início da década de 80, quando o termo

começou a ser utilizado em diversas normas internacionais como a ISO 6241:1984

“Performance standards in building - Principles for their preparation and factors to be

considered” e a ASTM E 632 “Standard Practice for Developing Accelerated Tests to

Aid Prediction of the Service Life of Building Components and Materials”, sendo

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posteriormente incorporado às normas de estruturas de concreto no Brasil pela

ABNT NBR 6118:2003.

Para ANDRADE (1997), o conceito de durabilidade mais difundido e aplicado

atualmente é aquele proposto pelo CEB-FIB MC-90 (1990) para a obtenção de

estruturas de concreto duráveis. Segundo o código, as estruturas devem ser

projetadas, construídas e operadas de tal forma que, sob condições ambientais

esperadas, elas mantenham sua segurança, funcionalidade e a aparência aceitável

durante um período de tempo, implícito ou explícito, sem requerer altos custos para

manutenção e reparo.

A durabilidade, por ser um termo difícil de ser quantificado, introduz o

conceito de vida útil. Segundo a ASTM (1982, apud ANDRADE, 1997), vida útil é o

período de tempo após a instalação de um material, componente ou sistema, em

que as propriedades do mesmo ficam acima de valores mínimos aceitáveis. Admite-

se que um material atingiu o fim da sua vida útil quando suas propriedades, sob

dadas condições de uso, deterioram a tal ponto que a continuação do uso deste

material é considerada insegura ou antieconômica.

Uma definição simples destes termos foi usada por MACHADO e MENDES

(2014): a durabilidade é uma qualidade da estrutura e vida útil é a quantificação

desta qualidade. Sendo assim, presume-se que qualquer mudança na durabilidade

da estrutura afeta diretamente a sua vida útil.

Em seu trabalho, Andrade (1997) representa a durabilidade de uma estrutura

pelo binômio desempenho/tempo, conforme pode ser observado na Figura 2.5. No

momento de se projetar uma estrutura, já deve-se ter uma definição tanto da vida útil

exigida para a mesma - que é função das características do material, do meio

ambiente circundante e das condições de utilização - quanto dos critérios de

desempenho especificados para esse período.

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Figura 2.5 – Fases do desempenho de uma estrutura durante a sua vida útil. Fonte:

ANDRADE, 1997

O gráfico desempenho/tempo nos mostra que, à medida em que a estrutura

começa a perder sua funcionalidade em decorrência de algum tipo de deterioração,

pode haver necessidade de realização de reparos ou reforços, dependendo da

gravidade da degradação. Andrade (1997) salienta que, à medida que os danos

evoluem, os custos necessários para as correções dos mesmos aumentam

exponencialmente, através da chamada Lei de Sitter ou Lei dos Cinco, que exibe os

custos crescendo segundo uma progressão geométrica de razão cinco (Figura 2.6).

Apesar do caráter genérico e aproximado, tal lei é aceita como indicativa do

potencial de gastos que podem ser evitados quando se previne a evolução dos

danos numa estrutura.

Figura 2.6 – Lei de evolução de custos, Lei de Sitter. Fonte: VITÓRIO, 2005

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Segundo Steen (1991, apud ANDRADE, 1997), a importância do estudo da

Patologia das Construções advém, primeiramente, da necessidade de divulgação

das manifestações patológicas mais incidentes; em segundo lugar, do conhecimento

da evolução dos problemas, pois o quanto antes estes forem identificados, menor

será o custo para reparar os elementos danificados. Ou seja, a execução das

correções será mais fácil e muito mais econômica quanto mais cedo for realizada.

Para Brandão (1998), a vida útil da construção em sua globalidade depende

igualmente do comportamento dos elementos estruturais e dos demais componentes

incorporados à estrutura que não possuem função estrutural, tais como drenos,

juntas, apoios, instalações etc. Há que se considerar que estes elementos não-

estruturais, em geral, possuem vida útil mais curta do que a estrutura propriamente

dita e, portanto, providências adequadas para sua manutenção, substituição e

reparo devem ser previstas.

1.1.4. Agentes e mecanismos de degradação

Segundo Ferreira (2000), os agentes de degradação podem ser definidos

como sendo um grupo de fatores que podem afetar o desempenho de um material

de construção, um componente ou um sistema. A Tabela 2.1 apresenta uma lista

não-exaustiva dos agentes de degradação mais recorrentes e o seu efeito sobre o

desempenho do material, componente ou sistema.

Em seu trabalho, Ferreira separa os principais agentes de degradação em

quatro grandes famílias: causas mecânicas e físicas, causas químicas, ataques

biológicos e causas eletroquímicas. Alguns dos efeitos das degradações

apresentados constituem uma abordagem principalmente direcionada ao concreto,

principal material empregado na construção civil, como por exemplo o efeito de

retração, reação álcali-agregado e outros tipos de ataques químicos. No entanto, a

maioria dos agentes de degradação que serão tratados neste capítulo podem

igualmente afetar outros tipos de materiais de construção utilizados em projetos de

muros de arrimo, como a alvenaria de pedras naturais.

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Tabela 2.1 - Fatores de degradação e o efeito sobre o desempenho. Fonte:

FERREIRA, 2000

Causas mecânicas e físicas

a) Ciclos de gelo e degelo: quando um material que contém poros saturados é

exposto a baixas temperaturas, a água retida nos poros capilares congela e

expande. Ciclos repetitivos de gelo e degelo, particularmente se as soluções

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dos poros contiverem químicos de degelo, provocam aumento da pressão

dilatante resultando na fendilhação e consequente deterioração do concreto.

b) Tensões térmicas: as variações de temperatura no seio de uma estrutura

conduzem à variação diferencial de volume. Quando as contrações ou

expansões são restringidas, se as tensões de tração resultantes forem

superiores à tensão resistente do material, poderá ocorrer fendilhação.

c) Retração do concreto: a retração é uma propriedade reológica do concreto

resultando na diminuição das dimensões de um elemento de concreto com o

tempo. As fendas produzidas possuem espessuras que variam de micro

milímetros até alguns milímetros e servem como pontos de entrada de

umidade, dióxido de carbono e outros materiais nocivos.

d) Carregamentos:

e) Desgaste por abrasão, erosão e cavitação:

f) Radiação UV:

Ataques químicos

a) Ataque de ácidos e sulfatos:

b) Exposição aos sais:

c) Carbonatação:

d) Cloretos:

e) Ataque álcali-agregado:

Ataques biológicos

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Causas eletroquímicas

a) Corrosão das armaduras:

1.1.5. Patologias mais incidentes em Muros de Arrimo

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3. INSPEÇÃO E AVALIAÇÃO DE OBRAS DE ARTE ESPECIAIS NO BRASIL

1.7.CONSIDERAÇÕES SOBRE GESTÃO E MANUTENÇÃO DAS OBRAS DE

ARTE ESPECIAIS

1.8.METODOLOGIA ADOTADA PELO DNIT

1.8.1. Inspeção cadastral

1.8.2. Inspeção rotineira

1.8.3. Inspeção especial

1.8.4. Inspeção extraordinária

1.9.METODOLOGIA ALTERNATIVA GDE/UNB

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4. ESTUDO DE CASO: METODOLOGIAS FRANCESAS APLICADAS A MUROS

DE ARRIMO

No Brasil, a NBR 11682 (2009), que trata aspectos relativos a obras de

estabilização de encostas, preconiza que todas as providências em termos de

manutenção da obra a serem seguidas devem ser detalhadas pelo executor e

encaminhadas ao proprietário, com a elaboração de um “Manual do Usuário” ao

término da obra.

As recomendações constantes no manual devem ter por objetivo manter as

características originais do projeto, dentro dos critérios de segurança

preestabelecidos. Devem ser seguidas as seguintes recomendações, de caráter

básico, além de outras recomendações pertinentes:

proceder às vistorias periódicas à obra (no mínimo semestrais) para

verificação do aparecimento de anomalias, como por exemplo: trincas,

deslocamentos, obstruções de drenagem, erosões e demais fatores julgados

relevantes;

realizar limpeza periódica no sistema de drenagem;

realizar, de acordo com a periodicidade recomendada pelo executor,

medição de vazão dos drenos profundos suborizontais;

no caso de obras com empregos de tirantes, devem ser executados ensaios

de verificação de cargas e inspeção da integridade das cabeças, a cada cinco anos,

em um número representativo de tirantes, conforme critério estabelecido na NBR

11682 (2009).

1.10. METODOLOGIA DO GUIA IQOA

1.11. METODOLOGIA DO MANUAL SNCF RÉSEAU

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. ANEXOS