Como interpretar o ISAC -...
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Renata Rodrigues Cocco
Universidade Federal de São Paulo
Dificuldades no diagnóstico das alergias alimentares
Como interpretar o ISAC?
Diagnóstico de alergia - Histórico
1880 1967 1988-91 1995-1999 2000
Testes in vivo
Testes in vitro
Teste de provocação oral
Caracterização da IgE
2007
RAST*
Clonagem dos 1os alérgenos
Diagnóstico por paineis de alérgenos recombinantes
1o chip de alérgenos (microarray)
ImmunoCAP ISAC ®
Componentes por diagnóstico (CRD)
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Avaliação IgE específica
112 Componentes provenientes de 51 fontes alergênicas
Cada componente avaliado em triplicata (reprodutibilidade)
ImmunoCAP® ISAC
Alergia molecular: tecnologias complementares mas não comparáveis
ISAC Standardized Units (ISU-E) Nível
<0,3 Indetectável/Muito Baixo
0,3 – 0,9 Baixo
1 – 14,9 Moderado a Alto
> 15 Muito Alto
• Maior precisão, detecção de IgE para
mais de 80 componentes, além dos
antígenos completos.
• Um teste => 1 componente
• Quantitativo (kU/L)
ImmunoCAP
• Perfil de amplo espectro
• Um teste => 112 componentes
• Semi quantitativo
ImmunoCAP ISAC
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Exemplo
Exemplo
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Exemplo
Exemplos
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ImmunoCAP® ISAC – 112 alérgenos Inclui relevantes componentes:
• Espécie-específicos
• Pan alérgenos (reação cruzada)
Ovo, leite, peixe, camarão
Castanhas e sementes
Trigo
Leguminosas
Frutas
Pólens de gramíneas
Pólens de árvores
Outros pólens
Venenos insetos
Baratas
Ácaros
Fungos
Animais
Latex CCD Parasitas
12%
8%
8%
4%
7%
8% 12%
7%
9%
5%
6%
4% 4%
2%
4%
1%
Título do Gráfico Alimentos :
39%
Aeroalérgenos: 49%
Outros: 10%
Componentes
(CRD: Component resolved diagnosis)
“Component-resolved diagnostics remains an active area of interest.”
J Allergy Clin Immunol 2015;135:357-67.
Predição de reações cruzadas (pan-alérgenos)
Predição de gravidade das reações
História natural da alergia
Marcadores de alergia versus sensibilização
Imunoterapia mais específica
Perfil alergênico detalhado do paciente
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Allergology International 2016: in press
Allergology International 2016: in press
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Allergology International 2016: in press
ISAC - para quem solicitar?
Pediatric Allergy Immunology 2011
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ISAC – como interpretar?
Profilinas CCD* PR-10 LTP Proteínas de estocagem
*Determinantes de reações cruzadas por carboidratos
Grupos proteicos: avaliação do risco
Grupos proteicos
CCD (componente determinante de carboidratos):
- Marcador para sensibilização a determinantes de carboidratos
(GLICOproteína)
- Raramente associado a sintomas clínicos.
Profilinas:
- Raramente associadas a sintomas clínicos, mas pode provocar reações leves-
moderadas ou até mesmo graves em uma pequena parcela de pacientes.
Proteína PR-10:
- Homóloga a Bet v 1, principal proteína da bétula (pólen)
- Termolábil, alimentos cozidos são geralmente tolerados
- Frequentemente associada a sintomas locais como Síndrome da Alergia Oral
(SAO).
- Frequentemente associada a reações alérgicas a frutas e vegetais.
Canonica et al. World Allergy Organ J. 2013;6:17
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Grupos proteicos
LTP (proteína transportadora de lipídeos):
- Proteína estável ao calor e à digestão
- Frequentemente associada a reações sistêmicas e mais graves, além da
Sídrome de Alergia Oral (SAO).
- Geralmente associada a reações alérgicas a frutas e vegetais.
Proteína de estocagem:
- Proteína encontrada em sementes
- Frequentemente estáveis e resistentes ao calor, provocando reações também
a alimentos cozidos ou cascas de frutas.
Canonica et al. World Allergy Organ J. 2013;6:17
Famílias de componentes de
reações cruzadas Onde Reações comuns
Proteínas de estocagem Sementes e castanhas Sistêmicas
Proteína transportadoras de lipídeos
(LTP) Pólens, frutas, vegetais, castanhas, sementes Sistêmicas
Proteínas PR-10 Pólens, frutas, vegetais, castanhas Local (OAS)
Profilinas Pólens, alimentos derivados de plantas, látex Local (OAS)
CCD Pólens, alimentos derivados de plantas,
venenos de insetos Geralmente não
Albumina sérica Epitélios de animais e alimentos de origem
animal Sistêmicas
Tropomiosina Ácaros, baratas, crustáceos Sistêmicas
Arginina quinase Crustáceos Sistêmicas
Parvalbumina Peixes Sistêmicas
Alfa-amilase/tripsina inibidor Trigo Sistêmicas leves
Ômega-5 gliadina Trigo Sistêmicas graves (AIE)
Outros grupos proteicos relevantes nas alergias alimentares
Canonica et al. World Allergy Organ J. 2013;6:17
• Uma fonte alergênica pode conter vários componentes
• A sensibilização (IgE) a um componente pode ser assintomática, a depender da
exposição e do limiar individual.
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Clinical & Experimental Allergy 2016;46: 1022–1032
Limitações do método
• Apesar de muitas vantagens, o microarray é considerado exame de 3a linha (2a para
médicos com experiência) no diagnóstico de doenças alérgicas. A história clínica
associada aos testes de IgE específica para alérgenos completos é ainda o método de
preferência.
• Nem todos os alérgenos estão presentes no ISAC, caso de alguns componentes de
castanhas, sementes e leguminosas. Fontes alergênicas que não estão presentes no
exame mas que dividem componentes proteicos, no entanto, podem ser indiretamente
avaliados.
• O método é semiquantitativo, com amplo coeficiente de variação e menos sensível do
que o ImmunoCAP. Devido a estes aspectos não é um bom método para
acompanhamento de monitoramento de sensibilizações.
• Maior custo que os métodos disponíveis (SPT, ImmunoCAP).
• A quantidade de informações disponíveis no exame requer experiência para interpretação
adequada (sensibilizações sem relevância clínica).
Casos Clínicos
Como interpretar o ISAC?
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Caso Clínico 1
RSV, masculino, 7anos.
História de “coceira na garganta” desde os 3 anos na exposição
a amendoim (até mesmo inalatória).
Placas de urticária após ingestão de chocolate que continha
castanhas (sic).
Reação anafilática (urticária, tosse e urticária generalizada) em
restaurante coreano, após ingestão de pastel frito em óleo de
gergelim.
Hipóteses Diagnósticas:
• Alergia a amendoim
• Alergia a castanhas
• Alergia a gergelim
Alergia a castanhas, amendoim, gergelim
• Reações graves, persistentes
• Grande parte das reações anafiláticas (incluindo óbito)
• Aumento na prevalência, especialmente em crianças
Cor a 1 (profilina)
Cor a 14
Cor a 12 Cor a 9
Cor a 8 (LTP) Cor a 2 Cor a 11
Pru p 4 (profilina)
Hev b 1 Hev b 6
Hev b 5
Hev b 8 (profilina)
Hev b 3
Ses i 1
Ses i 5 Ses i 2
Ses i 3
Ses i 4
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Resultado ISAC-jul/2016
Caso Clínico 1-cont
Devido à ausência de IgE específica para castanhas, paciente foi submetido a TPO com castanha de caju (suposta castanha contida no chocolate): NEGATIVO
Após 2 horas em observação, ingeriu mix de castanhas, sem reações.
Avaliação do chocolate demonstrou a presença de amendoim.
Forte suspeita clínica de reações a amendoim e gergelim + resultados positivos ISAC (componentes específicos - marcadores de reações): contraindicação para TPO para estes alimentos:
dieta de restrição
adrenalina autoinjetável
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Allergy 2016
Manifestações clínicas de alergias
às principais sementes
e seus respectivos óleos
Potenciais alérgenos identificados
em sementes
Caso Clínico 2
SSF, feminina, 4anos.
História de DA moderada-grave de difícil controle + anafilaxia a LV + urticária após ingestão de omelete (ingere bolo com ovo e sem leite).
Apesar das orientações de hidratação, uso de corticoides tópicos, controle ambiental, restrição de leite sob qualquer forma e ovo nas formas mais “cruas”, criança permanecia sem controle das lesões.
Hipóteses Diagnósticas:
• Dermatite atópica moderada-grave não controlada
• Alergia a leite de vaca e ovo
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Baixos valores
ovomucoide:
↓ probabilidade de
reação às formas
processadas do ovo.
ASB: reatividade vs
alergenicidade cruzada
(TPO)
Proteína estocagem +
LTP a diferentes
castanhas + amendoim:
reatividade clínica?
Proteína estocagem +
LTP a diferentes
castanhas + amendoim:
reatividade clínica?
Gly m 6 +
(marcador de
reação a soja):
TPO
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Comentários Caso 2
DA: valores muito altos IgE total → maior probabilidade de
resultados falso positivos IgE específica.
Os resultados devem servir para direcionar a conduta (TPO)
mas nunca devem ser interpretados isoladamente.
Resultados altos ou muito altos parecem estar mais
relacionados com reatividade clínica.
Considerações finais
O avanço da biologia molecular na alergologia se traduz por evolutivo conhecimento das proteínas alergênicas e seu papel nas doenças alérgicas.
A correta indicação e interpretação de qualquer exame laboratorial é a chave para se estabelecer o diagnóstico e instituir o manejo terapêutico apropriado.
Nenhum exame laboratorial até o momento estabelece, isoladamente, o diagnóstico de alergias alimentares. No entanto, pode funcionar como um importante instrumento para corroborar suspeitas clínicas quando bem avaliado.