Como a Maçonaria Tomou Conta Do Poder em Portugal

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Como a maçonaria tomou conta do poder É, ao mesmo tempo, uma obra didática e voyeurista. No próximo fim de semana vai chegar às livrarias o novo livro de António José Vilela, "Segredos da Maçonaria Portuguesa", e com ele uma coleção de relatos que descrevem de forma precisa e detalhada, com nomes, lugares e datas, alguns dos episódios que marcaram a história daquela obediência nas últimas décadas. Jornalista da revista "Sábado" e professor de jornalismo no ISCSP, da Universidade Técnica de Lisboa, António José Vilela tem escrito de forma regular sobre a maçonaria. Além de explicar o modo como a maçonaria, através do Grande Oriente Lusitano (GOL), se empenhou em ser oficialmente reconhecida e em colocar alguns dos seus membros mais notórios em lugares de destaque do poder político logo no início do regime democrático a seguir ao 25 de Abril, em 1974, com a subida a primeiro-ministro do irmão Adelino da Palma Carlos no primeiro Governo provisório, o livro conta os bastidores das sucessivas vagas de lutas internas ocorridas em simultâneo com a ascensão, a diversificação e o reforço da influência maçónica em Portugal.

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Como a máfia maçônica corrupta e traficante de influências se apoderou do poder em Portugal.Os maçônicos.Os partidos políticos envolvidos.As lojas maçônicas portuguesas.

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  • Como a maonaria tomou conta do poder

    , ao mesmo tempo, uma obra didtica e voyeurista. No prximo fim de semana vai chegar s livrarias o novo livro de Antnio Jos Vilela, "Segredos da Maonaria Portuguesa", e com ele uma coleo de relatos que descrevem de forma precisa e detalhada, com nomes, lugares e datas, alguns dos episdios que marcaram a histria daquela obedincia nas ltimas dcadas.

    Jornalista da revista "Sbado" e professor de jornalismo no ISCSP, da Universidade Tcnica de Lisboa, Antnio Jos Vilela tem escrito de forma regular sobre a maonaria.

    Alm de explicar o modo como a maonaria, atravs do Grande Oriente Lusitano (GOL), se empenhou em ser oficialmente reconhecida e em colocar alguns dos seus membros mais notrios em lugares de destaque do poder poltico logo no incio do regime democrtico a seguir ao 25 de Abril, em 1974, com a subida a primeiro-ministro do irmo Adelino da Palma Carlos no primeiro Governo provisrio, o livro conta os bastidores das sucessivas vagas de lutas internas ocorridas em simultneo com a ascenso, a diversificao e o reforo da influncia manica em Portugal.

  • descrito, entre outras coisas, como o desentendimento entre o filho de Adelino da Palma Carlos e o ncleo do ento gro-mestre Simes Coimbra levou a uma ciso no final de 1984 no GOL que acabaria por estar na origem de outra corrente manica, aberta a membros catlicos e mais ligada direita, a Grande Loja Regular de Portugal (GLRP).

    Isaltino, Silva Carvalho e Relvas Mas so os factos mais recentes que, pela sua ligao a figuras polticas ainda no ativo, suscitam mais curiosidade. O livro inclui, por exemplo, o contedo de uma conversa em 2005 do maon Abel Pinheiro, ex-dirigente do CDS, alvo de escuta e arguido no caso Portucale, com o seu irmo Rui Gomes da Silva, que tinha acabado de ser ministro dos Assuntos Parlamentares no Executivo de Santana Lopes, em que ambos se queixavam do facto do recm-eleito primeiro-ministro Jos Scrates ter excludo a maonaria do Governo.

    Nessa conversa, Abel Pinheiro contava como, de qualquer forma, para contrabalanar a perda de influncia no poder, tinha sido iniciado na semana anterior como maon o socialista Jos Magalhes, novo secretrio de Estado Adjunto do ministro da Justia.

    ainda descrito um telefonema de Abel Pinheiro com o socialista e irmo Jos Lamego, "para conseguir um destino digno para Paulo Portas, que deixara a liderana do CDS". O objetivo era colocar o atual ministro dos Negcios Estrangeiros na Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos.

    Entre outros episdios, alguns deles caricatos, como o caso de um maon do GOL que fez uma operao de mudana de sexo e quis passar a chamar-se Ema em vez de Emanuel (numa organizao interdita a mulheres), Vilela escreve sobre como a entrada de Isaltino Morais na maonaria foi mal recebida internamente e de como nos ltimos anos a polmica Loja Mozart juntou o espio Jorge Silva Carvalho, ex-director do Servio de Informaes Estratgicas de Defesa (SIED), e Nuno Vasconcellos, presidente do grupo Ongoing, figuras que acabariam por ser acusadas pelo Ministrio Pblico a propsito do uso de informaes dos servios secretos para fins privados e empresariais.

    O livro aborda ainda um ponto que seria sempre obrigatrio, o envolvimento na maonaria membro mais polmico do actual Governo: Miguel Relvas, maon n. 2400 do Grande Oriente Lusitano. So identificados, um a um, todos os membros da Loja Universalis, a que o ministro dos Assuntos Parlamentares pertence, juntamente com outros polticos e tambm alguns espies. Vilela revela como foram curiosamente os membros da Universalis (do GOL) e da Mozart (da GLLP/GLRP) que tentaram encontrar uma estratgia comum s duas correntes para proteger os interesses da maonaria e de como, mais tarde. J em 2011, Jorge Silva Carvalho viria a contactar Relvas para tentar assegurar para si o lugar de nmero um dos servios secretos.