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ESPECIAL MICRO, PEQUENASEMÉDIASEMPRESAS

Criaré a solução

ArtesPauloEsper

PROJETOSDEMARKETING

Quarta-feira, 25 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico

A indústria criativa tem se sobressaído,em qualquer cenário econômico, desdemeados dos anos 1990, quando começoua ser foco de políticas de desenvolvimentoem diversos países. Setores comotecnologia, design e publicidadesão as grandes apostas para 2015.

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ESPECIAL

Exportaçãochega aUS$ 7,5 bi

Osprincipaisespecialistasmun-diais reconhecem o potencialcriativobrasileiro,masopaíses-tá fora dos rankings do últimorelatóriodaOrganizaçãodasNa-çõesUnidas (ONU)sobreosnú-merosdacadeiaemâmbitoglo-bal, elaborado com informa-ções entre os anos de 2002 e2008. No documento, o Brasilnãoapareceentreosvintemaio-resprodutores,apesardeterele-vado significativamente as ex-portações de produtos e servi-çoscriativosnoperíodoestuda-do:passoudeUS$2,5bilhõespa-raUS$7,5bilhões,altaumpou-cosuperior a200%.

Os dados mostram tambémque o Brasil manteve superávitcomercial, já que as importa-ções, mesmo com crescimentomaior em termos percentuais,de226%,saíramdeUS$1,78bi-lhão para US$ 5,81 bilhões. AChinadespontacomomaiorex-portadora, comUS$ 85 bilhõesdo total de US$ 592 bilhões docomércio mundial criativo em2008, valor que duplicou emseisanos,comumataxadecres-cimento médio anual de 14%.ConformeaConferênciadasNa-ções Unidas sobre Comércio eDesenvolvimento,acadeiamo-vimenta US$ 8 trilhões anual-mente, representa entre 8% e10% do Produto Interno Bruto(PIB)mundialecresceataxaen-tre 10%e20%porano.

OúltimomapeamentodoSis-tema Firjan (Federação das In-dústrias do Estado doRio de Ja-neiro)sobreacadeianãofazcom-parativos,comonoanterior,porfaltadenovosdadosdaONU,dizGuilherme Mercês, gerente deeconomiaeestatísticadaentida-de.Noentanto,oanteriorcoloca-va a produção brasileira entre asmelhores colocadas no quesitoparticipaçãonoPIBeemumuni-versode14paísescriativosestu-dados.SegundoestudodoInsti-tutoBrasileirodeGeografiaeEs-tatística (IBGE)de2010,acadeiatem239milempresasativas,em-prega1,7milhãodeprofissionaiserepresenta4,16%doPIBbrasi-leiro,movimentandoR$ 150bi-lhõesporano.

boas ideias

AstrocasdeministrosdaCulturaedesecretários,desdeaformaçãodapastadaEconomiaCriativa,emperraramaimplantaçãodosprojetos.

MICRO, PEQUENASEMÉDIASEMPRESAS

Enquanto os prognósticos de de-sempenhogeral da economia bra-sileira são cada vezmenos otimis-tas para este ano, as expectativasdecrescimentodachamadaecono-mia criativa, ou indústria criativa,são muito animadoras. Essa ca-deia tem se sobressaído em qual-quer cenário desde meados dosanos 1990, quando começou a serfoco de políticas de desenvolvi-mento em diversos países, masnosperíodosmenospropíciosmos-traaindamaispotencial,poisabri-ga negócios oriundos da imagina-ção,criatividadeecapacidadeinte-lectual, quegeramsubstancial va-lor às economias, são capazes deminimizar os efeitos de crises e,melhor, de até transformá-las emoportunidades, alémde promovera inclusãosocial.Por issoepelavo-cação do brasileiro para ser criati-vo, asseguram os especialistas, acadeia talvezaténemalcancenes-te ano a mesma média anual decrescimento da última década, dequase 7%,mas seusnúmeros con-tinuarão ascendentes.

“Os anos de 2015 e 2016 serãoimpactadospelaspolíticasdeajus-te fiscal,comelevaçãodacargatri-butária, aumento das taxas de ju-ros, retração do consumo. Não éum cenáriomuito favorável para aexpansão dos negócios. Porém,consideramosqueosetordaecono-mia criativa é justamente aquelequepode reagir commaior veloci-dade, pois tem mais flexibilidadepara ajustar sua estrutura de cus-tos emais resiliência para se adap-tar às novas condições do merca-do”,avaliaDeboraMazzei,coorde-nadora de projetos de economiacriativadoServiçodeApoioàsMi-cro ePequenas Empresas (Sebrae).ParaGuilhermeMercês,gerentedeeconomia e estatística do SistemaFirjan (Federaçãodas IndústriasdoEstado do Rio de Janeiro), o cená-riomacroeconômicodeveráimpac-tar o ritmo de crescimento da ca-deia, principalmente neste ano,mas ela continuará emexpansão:

“Cresce menos porque essaárea precisa de investimento e agrande questão é se as empresas,quecostumaminvestircomrecur-sos próprios, que minguam emépocadecrise, terãoessacapacida-de”. De acordo com estimativasdoestudomaisrecentesobreaeco-nomiacriativadopaís, o total pro-duzido pela cadeia cresceu 69,8%emtermos reais entre2004e2013,quando gerou cifra próxima de R$126 bilhões. O valor é baseado namassa salarial formalecorrespon-deu a 2,6% do Produto InternoBruto (PIB) brasileiro, cujo avançono período foi bem inferior, de36,4%.ElaboradapeloSistemaFir-jan, a pesquisa “Mapeamento daIndústria Criativa no Brasil”, naquarta edição,mostra ainda que onúmero de empresas da cadeiatambémcresceuemmédia similare saltou 69,1% em dez anos, pas-

sandode 148mil em2004para 251milao finalde2013,percentual su-perior ao de 35,5%do número to-taldecompanhiascriadasnopaís.

AFirjandivide a cadeia criativaem quatro grandes áreas: consu-mo, que engloba arquitetura, pu-blicidade, design emoda; cultura,envolvendopatrimônioeartes,ar-tes cênicas, música e expressõesculturais; mídias, subsegmentadaem editorial e audiovisual; e, porfim, tecnologia, composta pelabiotecnologia, pesquisa e desen-volvimento (P&D) e tecnologia dainformação e comunicação (TIC).Segundo omapeamento, a área deconsumo foi a que mais se desta-counaúltimadécadaaté 2013,pordobrar a força de trabalho, para423 mil pessoas empregadas for-malmentenoúltimoanopesquisa-do, e abrigar os setores que maisevoluíram:opublicitário,que lide-rou o ranking de contratações, e odesign, na segunda colocação.

Os três segmentos que envol-vem a área de tecnologia duplica-ramonúmerodeprofissionais, so-mando 306 mil no encerramentode2013.NaavaliaçãodeMercês, to-das as áreas têm grande potencial,mas ele aposta em crescimentomaior nas deP&D, biotecnologia edesign. “O Brasil ainda não é umpaísdepontaemP&Detemodesa-fio de incorporarmuita tecnologianessa área. Na biotecnologia, opaís temgrandesperspectivaspelopotencial da sua biodiversidade. Odesignaumentamuitoovaloragre-gado da indústria e o país ainda éincipiente emdesigndeproduto.”

Incentivodopoderpúblico“Omercado criativo cresceumaispor vocação do que por estímulosviapolíticaspúblicasdedesenvol-vimento e financiamento, já que opaís despertou apenas recente-mente para o potencial da cadeia,criandováriosórgãos, sejamfede-ral ou estaduais, para impulsioná-la, o que é extremamente positivo,pois ela pode ser o vetor de cresci-mento que o Brasil precisa”, dizMercês. O governo federal criouem2012umaSecretariadaEcono-miaCriativacomoobjetivode for-mular, implementar e monitoraras políticas públicas voltadas paraacadeia,especialmenteparaosmi-cro e pequenos empreendedorescriativos.Oplanodeaçãoelabora-do pela Secretaria vemaos poucossaindodopapeleoutraspastas,co-mo a dos ministérios de Ciência eTecnologia edeDesenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior,também implementam progra-maspara desenvolver a cadeia.

Mas muitos especialistas têmcríticas. Entre elas, afirmam, astrocasdeministrosdaCulturaese-cretários desde a implantação dapastadaEconomiaCriativaemper-raram a implantação dos projetos.Dizem também que o Ministérioao qual a Secretaria está vincula-da, o da Cultura, torna a políticapara a cadeia menos abrangente.“Os países que mais se destacamna economia criativa têm essaáreavinculadaaMinistérios estra-tégicos para o desenvolvimento.No Japão, está sob a Casa Civil. NaChina, ganhou tanto destaque queo governo agora estámudando de‘Made in China’ para ‘Created inChina’. Isso porque a indústriacriativa vai além da cultura”, dizGabrielPinto,coordenadordoPro-grama Indústria Criativa do Siste-maFIRJAN, que tematuado forte-mentedesde2001comalgunsseto-res da cadeia e criou essa divisãoem 2013 para ampliar a atuação efomentar aindamais os negócios.

Para os especialistas, a indús-triacriativabrasileiraenfrentaain-da desafios de financiamento parao desenvolvimento de seus proje-tos, principalmente porque boaparte dos bens é intangível; gran-dedemoranaconcessãodepaten-tes; e comercialização dos bens,entre os principais. Desafios quesãoaindamaioresquandoanalisa-mos que a maioria das empresastem tamanho médio, micro e pe-queno, portes que ainda esbarramemmuitos problemas de gestão.

nDiferentementedoquefoipublicadonafrasedapágina8,nosuplementoMicro,PequenaseMédiasEmpresas-ProdutoseServiços,em21dejaneirode2015,LucianeOrtegaévice-coordenadoradaAgênciaUSPdeInovação.

PROJETOSDEMARKETING

Criadaem2012,aSecretariadaEconomiaCriativatemoobjetivodeformular,implementaremonitoraraspolíticaspúblicasvoltadasparaacadeia.

Textos: [email protected]

Vocaçãopara ter

AntonioBatalha/Divulgação

SOBEEDESCE

ERRATA

GabrielPinto:áreadeveestarligadaaMinistérioestratégico

Totalproduzidopelosetordaeconomiacriativacresceu69,8%entre2004e2013,quandogerouR$ 126bilhões, segundoestudodaFirjan

2 Brasil Econômico Quarta-feira, 25 de fevereiro, 2015

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Estes profissionaisestão em quase todosos setores da economia,da indústriaautomobilísticaàs serralherias”GuilhermeMercês

Gerentedeeconomiaeestatística da Firjan

Osprofissionaisdaeconomiacriati-va têm mais oportunidades de em-pregoeremuneraçãoacimadomer-cado de trabalho brasileiro, segun-do o “Mapeamento da IndústriaCriativa no Brasil”, estudo elabora-do pelo Sistema Firjan (Federaçãodas Indústrias do Estado do Rio deJaneiro). Entretanto, os atuaisfato-res macroeconômicos também de-verão afetar para baixo o ritmo deoferta de novas vagas e os aumen-tos reais nos salários desses traba-lhadores, diz Guilherme Mercês,gerente de economia e estatísticada entidade, que, no entanto, nãoarrisca previsões. “Vão crescer,

mas abaixo do ob-servadonosúlti-mos anos, es-pecialmenteneste ano.”

Com 892,5mil profissio-

nais ao final de2013, a economia

criativa gerou 90%mais empregos formais entre 2004e 2013, com aumento na oferta emtodos os estados do país. A expan-são é bem superior à do mercado detrabalho brasileiro, de 56% no pe-ríodo. Em relação ao total da forçade trabalho formal também houveprogressão: de 1,5% em 2004 para1,8% em 2013. Mercês observa queuma das informações mais impor-tantes apresentadas nesse estudo éadequegrandepartedos profissio-nais(80,6%)atuaemempresastra-dicionais,ouseja,quenãosãoconsi-deradas puramente criativas, comouma agência de publicidade ouumastartupdetecnologia.“Eleses-tão em quase todos os setores daeconomia, da indústria automobi-lística às serralherias.” Na indústriadetransformação,porexemplo,es-tão 24,7% desses profissionais.

Segundo o estudo da Firjan, emtodas as áreas da cadeia criativa osprofissionais têm rendimento aci-ma da média brasileira. Em 2013, osalário médio dessa força de traba-lho alcançou R$ 5.422 ante média

deR$ 2.073do trabalhadorbrasilei-ro. A melhor remuneração é atri-buída à melhor formação, já que amaioria dessas profissões requer,além dacriatividade, conhecimen-to,qualificaçãoemuita especializa-ção. No período estudado pela Fir-jan, a evolução real do rendimentomédio dos profissionais do setorcriativo foi de 25,4%, inferior aos29,8% da expansão média da ren-da do trabalhador brasileiro. ParaGuilherme Mercês, a evoluçãomaior dos salários mais baixos é si-nalpositivonodesempenhodaeco-nomia criativa no país. “Mostraque o mercado de trabalho brasilei-ro está mais equânime, com me-lhor distribuição de renda.”

Mercado detrabalho aquecidoe bem remunerado

AntonioBatalha/Divulgação

Setor requer, alémda criatividade, qualificação e elevadonível de especialização. Saláriomédio chega aR$5mil

Quarta-feira, 25 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 3

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ESPECIAL

nMapeamentosobreaeconomiacriativadopaís,elaboradopeloSistemaFirjan,mostraqueapublicidadefoiaáreaquemaisempregounaúltimadécada,passandode45,7milprofissionaisformaisem2004para154,8milem2013.

nSomentenasempresasdedesign,estimadasemquase700emtodoopaís,estãoalocadoscercade4,2milprofissionais, informaoestudoDiagnósticodoDesignBrasileiro,de2014.

nOsetorvemsendocontempladopor linhasdefinanciamentopúblico—particularmentefederal,comoaslinhasdoBNDES—tantoparapesquisasdeprodutosqueenvolvemdesigncomoparadesenvolvimentoapenasdeprojetosdedesign.

MICRO, PEQUENASEMÉDIASEMPRESAS

Omercadopublicitáriobrasilei-ro, quemovimentaemtornodeR$50 bilhões por ano e está entre osdezprincipaisdomundo,disparounaúltimadécada.Mapeamentoso-breaeconomiacriativadopaís,ela-boradopeloSistemaFirjan(Federa-çãodas IndústriasdoEstadodoRiode Janeiro), mostra que essa áreafoi aquemaisempregou,passandode 45,7 mil profissionais formaisem2004para 154,8mil em2013.Aaltade238,5%éatribuídaàexpan-sãodomercadoconsumidor,dopo-der de compra do brasileiro e dasnovas mídias, que possibilitarammeios inovadores de aproximaçãoentre empresas e clientes. Fatoresqueexigema“diferenciaçãodepro-dutos e marcas como ferramentade competitividade”, diz oestudo.

A mesma conjuntura tambémfoi responsável pelo avanço domercadodedesignnopaís, segun-docolocadonorankingdegeraçãode postos de trabalho no mesmoperíodo, saltando de 42,6mil para87 mil profissionais formais, umavanço de 104,3%. Somente nasempresasdedesign, estimadas emquase 700, estão alocados cercade4,2milprofissionais, informaoes-tudoDiagnóstico doDesign Brasi-leiro,de2014.GustavoGelli,presi-dente da Associação Brasileira deDesign(Abedesing),dizquenosúl-timos três anos o setor realmentedeu um salto ao conseguirmostrar a importância dodesign estratégico paraos negócios, mas afir-ma que esse mercadoainda é bastante novonoBrasil e temmuito acrescer.“Comaflexibi-lização do Supersim-ples, poderá dobrar o nú-merodeempresas.”

Gelli estima que a área passedeumfaturamentodeR$600mi-lhões em 2014 para em torno deR$ 2,5 bilhões em 2018 e colocanascontas, especialmente,osestí-mulos ao setor, que vêm sendocontemplado por linhas de finan-ciamento públicos — particular-mente federal, como as linhas doBNDES —, tanto para pesquisasde produtos que envolvem designcomopara desenvolvimento ape-nas de projetos de design. “O go-verno tem entendido que investiremdesign é investir em inovação,fundamental para a competitivi-dade do país”, afirma Gelli, quetambém é um dos fundadores daTátil Design de Ideias, que está há25 anos nomercado e é a criadoradamarcadasOlimpíadas eParao-limpíadas de 2016, jogos a seremrealizados no Rio de Janeiro.

A Tátil, com escritórios no Riode Janeiro e em São Paulo, tem 86profissionais e, afirma Gelli, éumadasmaiores do setor,marca-do por empresas com nomáximo35 funcionários. E evolui tambémsubstancialmente. “Nos últimosquatro anos, cresceu entre 20% e25% ao ano em faturamento.” Noanopassado,o faturamentodaTá-til,nãorevelado,evoluiu18%epa-ra 2015 a previsão é de expansãotambém.“Esteanonãoserámara-vilhoso, mas não será inferior a2014.Momentos de crise são bonspara o design porque são tambémde superação e as empresas preci-sam investir para conquistar con-

sumidores, mais disputados nes-sas fases”, dizGelli,mantendoemsigilo as estimativas.

A Entre Gestão & Design, nomercado desde 2009 também temperspectivas otimistas para esteano,dealtadeaomenos50%nofa-turamento e deverá dobrar paradezonúmerode funcionários fixosa fim atender o aumento previstodedemanda, afirma seu fundador,Lucas Baldissera. “Odesign é bas-tantedinâmicoeconsegueatendera todos os setores.Nos últimos doisanos, crescemos em torno de 80%poranoemfunçãonão somentedaevoluçãodo própriomercado,mastambém do modelo de negóciosque criamos, de captação denovostrabalhos emelhoria da produtivi-dade”, diz Baldissera, que optoupor incubar sua empresa para ab-sorver mais conhecimento, terapoio de consultores em diversasárease infraestruturaparaodesen-volvimentodeprojetos.

Incubada na Fundação Softvil-le, de Joinville (SC) desde 2010, aEntreGestão&Designjáéumaem-presa premiada por seus traba-lhos, comooABREde EmbalagemBrasileira recebidos em 2010 e2014. Inicia este ano processo degraduação, isto é,começaaplane-jaras instalaçõesprópriasparadei-xar a incubadora em dois anos.Mesmocomcercade90%daenco-mendas oriundas do setor indus-trial,paraBaldisseraograndedesa-

fio do design brasileiro é a indús-tria se sensibilizar para os benefí-ciosdesse investimento.“Nãoé in-vestimento apenas na criatividadee no belo,mas em conhecimentosespecíficos que os designers têmde cada área para o qual desenvol-vem projetos, que resultam emprodutosemarcasquegerammui-to valor, principalmente em mo-mentos de baixo crescimento.”

Outra pequena jovem empresaque tem conseguido bons resulta-dos na largada é o Grupo Mesa,agênciadepublicidadedoRiodeJa-neiro. Paulo Gontijo, umdos cincosócios,contaqueaagência foicria-daem2012,reunindoascompetên-cias de cada um dos fundadores,comumaproposta diferenciada deatuação: ser umaempresapublici-tária tradicional,mas ir além, ela-borando e desenvolvendo proje-tos, incluindocaptaçãodepatroci-nadores e recursos, em conjuntocom alguns clientes, como o Gru-poEstação,quereúnesalasdecine-ma,livrariasecafésnoRiodeJanei-ro. “Esse é ummercado emcresci-mento, mas muito concorrido ecomgrandesagências.Seoperásse-mos apenas da maneira tradicio-nal, talvez os resultados não vies-sem tão rápido”, afirma Gontijo,sem revelar números, observandoque este ano será tão bom que aagênciaestámudandoparaumes-paço50%maioredeverácontratarmais trêsouquatro funcionários.

PROJETOSDEMARKETING

na publicidade e no design

Grande expansão

ClaudioRoberto/Divulgação Divulgação Divulgação

Setores são beneficiados pela ampliação do mercado consumidor e das novas mídias,que possibilitaram meios inovadores de aproximação entre empresas e clientes

PONTOAPONTO

Baldissera:"Designédinâmicoeatendeatodosossetores"

Gontijo:"Apublicidadecresce,maséummercadoconcorrido"

Gelli:"NovoSupersimplespodedobraronúmerodeempresas"

4 Brasil Econômico Quarta-feira, 25 de fevereiro, 2015

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Com 180 projetos direcionados pa-ra a cadeia criativa espalhados pe-lo Brasil, o Serviço de Apoio às Mi-cro e Pequenas Empresas (Sebrae)prevê investir R$ 70 milhões nes-ses programas, entre 2015 e 2018,a maior parte deles concentradanos estados do Rio de Janeiro, Ba-hia, Pernambuco, Ceará, Rio Gran-de do Norte, Pará, Espírito Santo eMinas Gerais. Debora Mazzei,coordenadora de projetos de eco-nomia criativa da entidade, expli-ca que o Sebrae definiu, para a suaatuação, essa cadeia como “o con-junto de negócios baseados no ca-pital intelectual, cultural e na cria-tividade, gerando valor econômi-co”. Nesse contexto, as ações prio-rizam as artes visuais, o audiovi-sual (cinema, televisão e publicida-de), design, digital (games, aplica-tivos e startups), editoração, mo-da, música, artesanato e comuni-cação (TV, rádio e internet).

“Num primeiro momento defi-nimos nossa atuação na difusãoda cultura empreendedora juntoaos empreendimentos atuantesna economia criativa, como for-ma de contribuir para uma estru-turação e planejamento dos negó-cios, buscando assim, reposicio-namento dos empreendimentos,bem como melhoria de seus resul-tados. A expectativa é que os em-preendimentos atendidos pelo Sis-tema Sebrae entendam a deman-da do mercado para seus produ-tos/serviços e ampliem sua cartei-ra de clientes, alcançando a sus-tentabilidade de suas atividades efortalecimento do segmento emque estão inseridos”, diz Debora.

Entre os novos programas, De-bora cita a parceria do Sebrae coma Associação Brasileira da Produ-ção de Obras Audiovisuais (Apro)para capacitar empresários do se-tor audiovisual, área que vem cres-cendo expressivamente no Brasil erequerendo cada vez mais profis-sionais qualificados. Dividido emquatro módulos num total de 96horas, o programa amplia os co-nhecimentos e aperfeiçoa as técni-

cas do pequenos negócios indepen-dentes. “São Paulo foi a primeira ci-dade a receber os módulos, que ca-pacitou 44 empresários, e o cursoserá ministrado em outras quatrocidades brasileiras: Rio de Janeiro,Brasília, Recife e Porto Alegre.”

Além disso, o Sebrae tem pon-tos de atendimentos em sete Incu-badoras Brasil Criativo (Acre, Ba-hia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Pa-rá e Rio Grande do Norte), um dosprogramas da Secretaria de Econo-mia Criativa. Na rede (presente ho-

je em oito estados, totalizando oi-to incubadoras, mas que deve che-gar a 13 até o final deste ano), oscriativos têm acesso a cursos e con-sultorias, planejamento estratégi-co, assessoria contábil e de comu-nicação e marketing, elaboraçãode projetos e captação de recur-sos, além de acompanhamentocontínuo. “Também sedia balcõesde crédito, formalização, assesso-ria jurídica e uma área comparti-lhada permanente de trabalho co-laborativo. As atividades são de-

senvolvidas por equipes locais,em diálogo com as potencialida-des e vocações culturais de cada re-gião”, informa a Secretaria, acres-centando que mais de 3,5 mil pro-dutores e fazedores culturais já re-ceberam atendimento pela Redede Incubadoras Brasil Criativo.

“A associação das iniciativasprivada e pública são peças-chavena expansão e consolidação do de-senvolvimento do setor. O Sebraepossui, desde 2011, um acordo decooperação com o Ministério da

Cultura para desenvolvimento deempresas de economia criativa. Oobjetivo é, até 2015, mapear o se-tor, capacitar empresários,promo-ver a melhoria da gestão, darapoio ao mercado e gerar negó-cios. Com a visão estratégica do Se-brae junto aos empreendimentoscriativos, a ideia é reduzir a depen-dência da subvenção”, afirma aexecutiva do Sebrae, que está tam-bém elaborando um Guia do Em-preendedor Criativo, a ser lançadoaté o final do primeiro semestre.

O Brasil tem quase uma Dina-marca, com 5,6 milhões de habi-tantes, e um Uruguai, com 3,4milhões, inteiros produzindo ar-tesanato. São mais de 8,5 mi-lhões de artesãos no país, geran-do vendas crescentes e estima-das em cerca de R$ 50 bilhõespor ano, que vem despertandonos últimos anos para a grandio-sidade desses números e buscan-do transformar suas artes em ne-gócios promissores. Muitos es-tão se reunindo em grupos pro-dutivos para gerar renda essen-cialmente por meio do artesana-to — núcleos que já ultrapassama casa de 30 mil empreendimen-tos solidários no país e envolvemmais de 2 milhões de pessoas.

Entre esses grupos, estão os64 de regiões de baixa renda quefazem parte da Rede Asta, um ne-gócio fundado em 2005 por em-preendedoras sociais com o obje-tivo de formar esses grupos, trei-nar e, principalmente, escoar aprodução dos artesãos. Esses ar-tistas brasileiros têm como prin-cipais dificuldades da profissão arelação com fornecedores e a for-mação de preços e comercializa-ção dos produtos, denominadosde “design feito à mão” na Rede,e a união em grupos tem colabo-rado para o crescimento dessemercado e, acima de tudo, parao desenvolvimento de comuni-dades, como instrumento de in-clusão social e geração de renda.

Os próprios números da Re-de Asta dão essa noção. AliceFreitas, diretora-executiva euma das fundadoras da Rede,conta que os três primeirosanos de funcionamento do ne-gócio foram mais de aprendiza-gem. “Apenas em 2008 começa-mos a apresentar algum resulta-do, com R$ 7 mil em vendas. Noano passado, tivemos fatura-mento de R$ 1,135 milhão coma comercialização de produtose estamos crescendo em média30% desde 2008”, afirma. A Re-de também faturou cerca de R$1 milhão com projetos que de-senvolve nessa área para tercei-ros e estima crescimento de30% na venda de artesanato e

de 20% na área de prestação deserviços, neste ano.

Conforme Alice, os gruposprodutivos que fazem parte daRede envolvem mais de 800 arte-sãos, sendo 90% mulheres, e es-tão espalhados por dez estadosbrasileiros. As vendas do anopassado geraram uma renda to-tal de R$ 660 mil para esses artis-tas, que têm custos médios emtorno de 12%. "Não são temporá-rios. Os grupos entram na Rede,se beneficiam da estrutura defornecimento e vendas e se tor-nam sustentáveis", diz a funda-dora da Asta, que planeja am-pliar o negócio, já que há uma lis-ta de 90 grupos produtivos espe-rando para integrar a Rede.

Sebrae vai investir R$ 70 milhões na

economia criativaCONSULTORIA

LuludiLuz/Divulgação

NaLata/Divulgação

Ações priorizamáreas comoartes visuais, audiovisual, design,moda,música e artesanato, nos estadosdoRio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio Grande doNorte, Pará, Espírito Santo eMinasGerais

7sãoasunidadesdasIncubadorasBrasilCriativo,umdosprogramasdaSecretariadeEconomiaCriativa,emqueoSebraetempontosdeatendimento.EstãolocalizadasnoAcre,Bahia,Ceará,Goiás,MatoGrosso,ParáeRioGrandedoNorte.

3,5miléonúmerodeprodutoresefazedoresculturaisquejáreceberamatendimentopelaRededeIncubadorasBrasilCriativo,queoferecemserviçoscomobalcõesdecrédito, formalização,assessoria jurídicaeumaáreacompartilhadapermanentedetrabalhocolaborativo.

DéboraMazzei:"Oprincipal objetivodoprogramadoSebraeéreduziradependênciadasubvenção"

Alice:"Estamoscrescendoemmédia30%desde2008"

Artesanato brasileiro produz anualmente R$ 50 bilhões em vendas

Quarta-feira, 25 de fevereiro, 2015 Brasil Econômico 5

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ESPECIAL MICRO, PEQUENASEMÉDIASEMPRESAS

OBrasilpodeestarumpoucodistan-te dos grandes centros mundiaisquando os temas são tecnologia epesquisa edesenvolvimento (P&D).Noentanto, é inegávelque temfeitoesforço para crescer nessas áreas,queapresentamaindamuitopoten-cial a ser exploradonopaís.Mapea-mentosobreaeconomiacriativabra-sileira,elaboradopeloSistemaFirjan(Federaçãodas IndústriasdoEstadodoRiodeJaneiro), apontaqueonú-mero de empregos formais na áreade tecnologia cresceu 102,8% de2004 para 2013, um indicador doavançonosetor.Oestudoagregaemtecnologiaos ramosdeP&D,tecno-logia da informação e comunicação(TIC)ebiotecnologia;etodos,quan-doanalisadosseparadamente,regis-traramaltassuperioresa100%nage-raçãodepostosdetrabalho.

Osespecialistasafirmamquees-sas áreas crescerammuito em fun-çãodepolíticasefinanciamentospú-blicos,jáqueamaiorparterequeral-tos investimentos, para estimular odesenvolvimentoeaproduçãolocal.NaáreadeP&D,porexemplo,opo-derpúblicovemaumentandopaula-tinamenteaparticipaçãonototaldegastosdopaís, que tambémcresce-ram(200%)nacomparaçãode2004e2012,passandodeR$25,43bilhõespara R$ 76,46 bilhões, conforme osúltimosdadosdoMinistériodaCiên-cia,TecnologiaeInovação(MCTI).Afatia pública subiu de 49,49% para52,37%.Noentanto,naparticipaçãoempresarial estão incluídas empre-sas estatais também.Os valores to-tais corresponderam, respectiva-mente, a 1,31%e 1,74%doProdutoInternoBruto(PIB)e,apesardaalta,estálongedoíndicedosEstadosUni-dos, um dos maiores investidoresmundiais emP&Demtermosabso-lutos,quegiraemtornode2,7%.

Outrodadorelevantequemostraocrescente interessedopaís éonú-merodeincubadoras,quemalalcan-çava duas dezenas há cerca de 20anosehojejáseaproximade400emoperação.Nas incubadoras, empre-sas nascentes encontram um am-bientepropíciopara inovar,comin-fraestruturaeconsultoria emgestãoe competitividade, entre outros su-portes, além da troca de experiên-cias com outros pesquisadores e deestaremnumavitrineparaomerca-do investidor. "Hoje, temos quatroempresas incubadas investidas porfundos sementes e a maioria tam-bémconseguecaptarrecursospúbli-cos,comoosdaFinepeCNPq,parafi-

nanciar projetos, ou é bolsista. Nosúltimosanos,os incentivospúblicosparapesquisaaumentaram",dizRa-fael Silva, coordenador da Habitat,incubadora especializada em bio-ciências—nasáreasdesaúdehuma-na, animal, agronegócio,meio am-bienteeinsumosbiotecnológicos.

Criada em 1997 pela Biominas,que a gerencia em parceria com ogoverno do Estado de Minas Ge-rais, a prefeitura de BeloHorizontee a Universidade Federal de MinasGerais, a Habitat recebe semanal-menteinvestidoresquedesejamco-nhecerasempresas,principalmen-te representantes de fundos, mes-mo sendo a biociências uma áreaem que o retorno é consideradomais demorado, diz Silva. Entre aincubadas que receberam investi-mentosestáaInvitaNutriçãoEspe-cializada. No total, já foram quaseR$3milhõesapenasparapesquisa,recursos que vieram do ConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCien-tífico e Tecnológico (CNPq), da Fi-nanciadora de Estudos e Projetos(Finep), da Fundação de Amparo àPesquisadoEstadodeMinasGerais(Fapemig), entre outros, dizWen-deldeOliveiraAfonso,diretoreumdos fundadoresdaempresa.

A Invita, incubada desde 2009,tambémrecebeuR$500mildoFun-doCriatec,queédirecionadoparaca-pital semente, já aportou recursosem36empresasecujos investidoressãooBancoNacionaldeDesenvolvi-mento Econômico e Social (BN-DES),comR$80milhões,eoBancodoNordestedoBrasil (BNB),comR$20milhões. SegundoAfonso, ao re-ceber o investimento do Criatec, aempresafoi transformadaemsocie-dadeanônimaparaganharonovosó-cio,quehojedetém40%doseucapi-tal.Odiretorda Invitadizqueos in-vestimentosforamfundamentaispa-raincrementaraspesquisasedesen-

NaáreadeP&D,opoderpúblicovemaumentandogradativamenteaparticipaçãono total degastos,quecresceram200%nacomparaçãode2004e2012,passandodeR$25,43bilhõesparaR$76,46bilhões, conformeosúltimosdadosdoMinistériodaCiência, Tecnologiae Inovação.Onúmerodeincubadoras,quemal alcançavaduasdezenashácercade20anos,tambémavançouehoje já seaproximade400emoperação

País avança em

PROJETOSDEMARKETING

FotosDivulgação

tecnologia

Silva: amaioria das empresas que estão na Habitat conseguecaptar recursos públicos, como os da Finep, CNPq e Fapemig

Afonso: incubadadesde2009,a Invita, daáreadenutrição, recebeuR$500mildoFundoCriatece investiu,principalmente,empesquisa

6 Brasil Econômico Quarta-feira, 25 de fevereiro, 2015

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Muitos empreendedores, especial-mente as startups, têm procuradoalternativas bastante criativas pa-ra financiar seus projetos. Uma de-las, e que começa a dar seus pri-meiros resultados no país, é a bus-ca de recursos de investidores demenor porte por meio de platafor-mas na web montadas especial-mente para essa finalidade: a inje-ção de capital em projetos em-preendedores, que não precisamnecessariamente ser da área detecnologia. O sistema é conhecidocomo crowdfunding (financia-mento coletivo), mais popular noBrasil por incentivar projetos artís-ticos, culturais, sociais e doações.Em alguns países, é bastante utili-zado também em transações deempréstimos, não permitidasaqui, que respondem por cerca de50% dos US$ 6 bilhões estimadosque movimenta anualmente. Oequity crowdfunding, que prevêparticipação dos investidores nocapital das empresas investidas,no entanto, é um forma nova de fi-nanciamento em âmbito mundial.

No país, o sistema pode atenderempresas pequenas, com fatura-mento anual de até R$ 3,6 milhõesque podem captar até R$ 2,4 mi-lhões; é acompanhado pela Comis-são de Valores Mobiliários (CVM) efoi iniciado pelo Broota, de São Pau-lo, a primeira plataforma a apresen-

tar resultados no segmento de equi-ty. Contudo, já existe a AssociaçãoBrasileira de Equity Crowdfun-ding, presidida por Adolfo Melito,também presidente do Instituto deEconomia Criativa, com nove asso-ciados, mas que ainda não apresen-taram resultados. "Um dos gran-des problemas do país é de finan-ciamento. O crédito é caro e o su-porte para as pequenas e médiasempresas começa a crescer, masainda é incipiente", afirma Melito.

Frederico Rizzo, um dos funda-dores do Broota, diz que a primei-ra captação da plataforma foi pa-ra o incremento do próprio Broo-ta. A oferta foi iniciada em maiode 2014 e em trintas dias foram ob-tidos os R$ 200 mil que a empresaprecisava para investir no desen-volvimento da plataforma, con-tratar pessoas e implantar seu ne-gócio pioneiro por aqui. SegundoRizzo, o projeto atraiu 30 investi-dores e os tickets variaram de R$1 mil a R$ 50 mil, valores que po-derão ser convertidos em açõesdo Broota, em cinco anos. "Foium sucesso. Estava sozinho nomercado e tinhas três desafiosprincipais: mostrar que o negócioé legal e bom, montar um time emostrar que é um negócio neces-sário para o Brasil", diz Rizzo.

Bom também para os investi-dores, acrescenta, já que a compa-

nhia passou de um valor de mer-cado em torno de R$ 1 milhão pa-ra cerca de R$ 2 milhões, em me-nos de um ano. Com cinco mil in-vestidores hoje cadastrados, sen-do 150 ativos, e 260 empresas, oBroota já captou R$ 850 mil paraalavancar quatro projetos, in-cluindo o seu. Segundo Rizzo, ameta é fechar este ano com R$ 4milhões para ao menos dez proje-tos. Ele inclui uma nova captaçãode R$ 500 milhões para o Brootainvestir em tecnologia e ampliara capacidade da sua plataforma,o que permitirá à empresa ser lu-crativa em prazo de um ano, afir-ma Rizzo, para quem o mercadode equity crowdfunding deverámovimentar cerca de R$ 1 bilhãono país, em até dez anos, em cap-tações para diferentes setores.

Depois de tentar várias manei-ras de obter recursos e de ficar de-sanimada com custos e exigên-cias, Fabiany Lima encontrou nes-se modelo de captação o financia-mento necessário para incremen-tar seu negócio recém-lançado,em parceria com quatro sócios: aTimokids, uma plataforma de lei-tura de livros infantis ilustradosem 3D e narrados e jogos socioe-ducativos para crianças com até12 anos. A empresa iniciou as ati-vidades em março do ano passa-

do, com o lançamento do aplicati-vo, cujos conteúdos passam porcuradorias de psicólogos e peda-gogos e têm a proposta de darorientações aos pequenos sobrequestões cotidianas, como medodo escuro, além de estimular acoordenação motora, o raciocí-nio lógico e ser complementar àeducação formal. Tudo de manei-ra divertida, diz Fabiany.

A ideia caiu no gosto dos inves-tidores do Broota, que em menosde três meses aportaram R$ 200mil na Timokids. "Tivemos 130%de reserva, ou seja, 30% acima daoferta. O melhor é que, dos 50 in-vestidores, muitos são clientes daplataforma ou pessoas do merca-do de tecnologia que, além da in-jeção de capital, estão nos ajudan-do a ser mais eficientes e a divul-gar o aplicativo", conta Fabiany,observando que a empresa ga-nhou valor de mercado, após acaptação, passando de estimati-va de R$ 1,4 milhão para mais deR$ 2 milhões. Assim como o Broo-ta, a Timokids também já planejanova captação, especialmente pa-ra alavancar o aplicativo no mer-cado internacional, onde estão30% dos usuários. "Hoje, os apli-cativos estão disponíveis em 90países. São narrados em três idio-mas e a ideia é chegar a 10."

volvertecnologia,fórmulaseproces-sos antes não disponíveis no país,umprocessoiniciadoem2006quan-do seus fundadores ainda eram pes-quisadoresemuniversidades.

Especializadanodesenvolvimen-to de produtos destinados a doençasmetabólicasealimentosparafinses-peciais, a empresa lançou suas duasprimeirasfórmulasem2012."Umde-les, o Amix, para crianças com aler-gia ao leite de vaca, é a primeira fór-mula desenvolvida no país. Esse éum mercado ainda dominado porimportados", diz Afonso, acrescen-tandoqueofornecimentodessasfór-mulasàsfamíliaségratuitoeascom-pras são basicamente realizadas pe-las secretarias de saúde. Com preçoscompetitivos, cerca de 20% inferio-res aos dos importantes, a Invita lo-go ganhou uma parte do mercado:em2013,cresceu1.900%emcompa-ração ao primeiro ano de atividade emesmo retirando do mercado a fór-mula Profenil por problemas na in-dustrialização, que é terceirizada.Em 2014, a expansão alcançou150%;eaexpectativaéfaturarodo-bro este ano, quando deverá lançarao menos mais três produtos, tam-bém frutos de tecnologias inovado-ras.Oretornodoinvestimento,afir-ma Afonso, já foi assegurado com osresultadosde2014.

Desdeafundação,aHabitatcon-tabiliza 52 empreendimentos con-tratados, com faturamento acumu-lado de R$ 155,6 milhões até o finalde 2014. Do total de incubadas, 27delas já deixaram a Habitat e a pri-meira foi graduada em 2002. Essascompanhiasregistraramfaturamen-toacumuladodeR$727milhões,en-tre de 2002 até o ano passado. Hoje,a incubadora tem 16 empresas, queocupam 100% das instalações. Co-mo o prazo médio de permanênciadas incubadas na área de biociên-cias é longo, em torno de oito anos,e a lista de espera cresce, a Habitatplaneja ampliar as instalações, do-brando a área construída, de trêsmil metros quadrados atualmente,umprojeto orçadoemR$ 2milhões."Estamos em fase de captação deparceiros e recursos. A meta é que onovo prédio esteja construído até ofinal de 2017", diz Silva. A nova áreadeveráserdestinadaparaasempre-sascomprojetosdetecnologiadain-formaçãodirecionadosàsaúde,ade-nominada digital health, um seg-mentoquecrescemuitoeexigeme-nor tempo de incubação, afirma ocoordenador da Habitat.

Fabianny: investidoresdoBroota,emmenosdetrêsmeses,aportaramR$200milnaTimokids

Empreendedores são criativostambém para captar recursos

Rizzo:comcincomil investidorescadastradose260empresas,oBroota logocaptouR$850mil

Mais acessível, equity crowdfundingéanovamodade financiamentonomundo inteiro

Compreçoscompetitivos, cerca de20% inferiores aosdos importados,a Invita, em2013,cresceu 1.900%emcomparaçãoao primeiro anode atividade, 2009

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ESPECIAL

Nasuaopinião,oque levouCuritibaa fazerpartedaRededeCidadesCriativasdaUnesco?Curitibaéacapital criativadoBrasil?

Curitibaéumacidadequeatého-jedetémumacerta grife decida-de inovadora,modelo. Parte dis-so se perdeu, porém, ao longodos anos, pelo crescimento daprópria cidade e pela deteriora-çãodeprojetos urbanísticos. En-tretanto, vejo que Curitiba aindadetém em sua essência oDNAdeuma cidade que se renova, ques-tiona e cria. Os projetos e siste-mas urbanísticos se foram, masderamespaçoparaoutrasiniciati-vas inovadoras, comoprogramasdeeducaçãoambiental.Umage-ração inteira foi educadapara re-ciclarepreservaromeioambien-te urbano. Hoje vejo Curitiba emum momento de reinvenção,com jovens de diversas partes dopaísmudandohábitoseinventan-do moda para o bem da cidade.Há tribos criativas espalhadas,mas pouco conectadas. Umbomexemplo vem do Design. Curiti-ba recebeu, recentemente, esseselodeCidadeCriativadoDesignda Unesco, muito em função doengajamento, união e força dosdesigners e entidades que os re-presentam na cidade. A vocaçãopara Curitiba inovar está justa-menteemsuagente.

DêexemplosdacriatividadedeCuritiba.

Curitiba é criativa em diversasfrentes.Programasambientaisur-banos reconhecidos mundial-mente,pólosdetecnologiaatuan-tes comoodeprodução e criaçãodegames,ummovimentogastro-nômicovibrantequecresceufor-tementenosúltimos 15 anos,de-sign, ambiente cultural atuante emovimentos espontâneos quenascem emoutras áreas o tempotodo. E, após anosdeausênciaouomissão do poder público, vejohojequeháumacrescentevonta-de política para apoiar e estimu-lar novosmovimentosdaecono-miacriativanacidade.Tomara.

Deque formaaEscoladeCriatividadecolaboraparaacriatividadedeCuritiba?

Sempre nos envolvemos com asdiscussões e projetos práticosque contribuem para a inovaçãoda cidade. Afinal, somos todoscuritibanos, e meu sócio e co-fundador da Escola, Eloi Zanetti,é um apaixonado por Curitiba e,comoescritor,deixoubelascrôni-cas e obras sobre a cidade quecresceu e inovou sob seus olhos.Criamos, juntamente com o Se-braePR e a Fecomércio, o Movi-mentoCuritibaCriativa,quereu-niu,pordois anos,personagenseatoresdaeconomiacriativadaci-dade. Omovimento continua deforma voluntária. Criamos tam-bém, como um produto própriodaEscoladeCriatividade,oFesti-val Mundial de Criatividade, queteve sua grande première em2013,comaparticipaçãodecriati-vosdevárias áreasde todoopaís.

O evento é realizado anualmen-te,eopróximoestáagendadopa-rao fimdesteano.

Deque formaaEscoladeCriatividadeensinacriatividade?

Nãoensinamoscriatividade.Afi-nal, todos nascemos criativos. Oque fazemos é desbloquear cer-tosvícioseestimularpessoaspa-ra reconhecerem hábitos criati-vosnegligenciadosaolongodavi-da.Basicamenteinovaçãodepen-dedepessoas. E somentepessoascriativaspodemverdadeiramen-te gerar inovação. Criatividade éumatributoindividual, jáainova-ção é um atributo das organiza-ções, é o processo final. Por issodenadaadiantaempresas,entida-des e organizações repetirem omantra da inovação a todo custo

se, por outro lado, nãopermitemqueseucapitalhumanopossade-senvolver suacriatividade,ques-tionar processos emudar rumos.Nãofunciona.Jáestivemosemvá-rios estados brasileiros com o“15x15 Empreendedores Criati-vos”,umeventoemque identifi-camosemisturamosempreende-dores devárias áreas que contamsuashistóriasemapenas15minu-tos,emumformatoleveedescon-traído, comexemplospráticosdecomo utilizaram a criatividadeparacrescere inovaremseusne-gócios.Algunsvídeosestãodispo-níveisnaweb.Umoutroexemplodeeventoquedesenvolvemosé oProvóquios, umembatede ideiasparagerarsoluçõesdeformaprá-ticaparaumdeterminado tema.

QualasuaavaliaçãosobreoestágioemqueseencontraaeconomiacriativahojenoBrasil?

Vejocomoumacomunhãode in-teresses.Umauniãodevários se-tores da sociedadeparadiversifi-car a economia do país apostan-doemseumaiorasset, aspessoasesuacriatividade.NoParaná,esti-ma-se que a economia criativaimpacte apenas 1,5% aproxima-damente doPIB, e noBrasil,mé-dia de 2,3%doPIB.Mas sóna ci-dadedeSãoPaulo,quetemdesen-volvido um consistente trabalhohá alguns anos em torno da eco-nomia criativa, o impacto chegaaquase8%doPIBdoEstado.En-fim, o Brasil ainda engatinha nodesenvolvimento de sua econo-mia criativa, mas tem ativos va-

riadosequaseúnicossecompara-dos aos de outros países quanto asuadiversidadecultural,patrimô-niohistórico,folclore,música,ar-tes e tecnologia, entre outros. Opoder público, como habitual-mente o menos inovador de to-dos os setores, deve ser capaz dequebraroexcessodeburocraciaeobservar mais áreas que surgemnopaís.Asempresasdevempen-sarnãoapenasemmaisprodutivi-dade,mastambémemgerarcon-teúdo e valor. E as pessoas de-vem, como primeiro passo, seconsiderarem criativas para se-rem capazes de dar o segundo epróximos passos, que, por suavez, surgem através do que cha-mamosdeconfiançacriativa.

Quaisdicasvocêdariaàquelesqueplanejamempreendernomundodaeconomiacriativa?

Esteja aberto a possibilidades,sem preconceitos e disposto a seconectar. Só comconexões e co-nhecimento é que o empreende-dor saberá como tirar o melhordeseunegócioedoseusetor.Umbomprodutorculturalprecisaes-tar aberto a tambémentender degestão e vendas. Um programa-dor ou desenvolvedor de gamesprecisa se conectar com desig-ners. Um projeto de audiovisualprecisa estar alinhado com par-ceiros que entendam de merca-do, finanças e marketing paraidentificarasmelhoresoportuni-dades e parcerias. Mesmo nãosendocapazesdepreveremensu-rar tudo, ainda, sim, vale a penatentar, errare fazerdenovo.

MICRO, PEQUENASEMÉDIASEMPRESAS

Esteja abertoa possibilidades,sem preconceitos edisposto a se conectar.Só com conexõese conhecimento,o empreendedorsaberá como tirar omelhor de seu negócio”

ENTREVISTA

PROJETOSDEMARKETING

[email protected]

‘SOMENTEPESSOASCRIATIVASPODEMGERAR INOVAÇÃO’Curitiba ainda é umexemplo brasileiro decriatividade. Só no anopassado, o DNA inovadorda capital paranaense foireconhecidoporduas ins-

tituiçõesmundiais impor-tantes:aUnesco,quesele-cionou o município paraintegraraRededeCidadesCriativas,nacategoriaDe-sign, eo InstitutoEuropeu

de Inovação e EstratégiasCriativas, que concedeu oprêmioHérmesde l’Inno-vation, na modalidadeQualidade deVida das Ci-dades. Títulos que se jun-

tama tantos outros reuni-dos nas últimas décadasemáreascomosustentabi-lidade e de projetos urba-nosedesenvolvimentotec-nológico. “A vocação para

Curitiba inovar está justa-mente em sua gente”, dizo curitibano Jean Sigel,fundador da Escola deCriatividade, que, nãoporacaso, ficaemCuritiba.

Divulgação

JEANSIGEL FundadordaEscoladeCriatividade

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