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09/11/2014 LISTA PRELIMINAR DAS CIGARRINHAS (INSECTA: HEMIPTERA: AUCHENORRHYNCHA) DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, BRASIL

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LISTA PRELIMINAR DAS CIGARRINHAS (INSECTA: HEMIPTERA:AUCHENORRHYNCHA) DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, BRASIL

Aline dos Santos Barros (bolsista IC-UNIRIO), Elidiomar Ribeiro Da-Silva (Orientador –Departamento de Ciências Naturais, Escola de Ciências Biológicas, UNIRIO – Bolsista de Pesquisado CNPq) & Luci Boa Nova Coelho (Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, UFRJ).

Introdução

Grupo composto exclusivamente por espécies fitosuccívoras, o táxon dos Auchenorrhyncha(Hemiptera) é composto pelas superfamílias Cicadoidea, Cercopoidea, Cicadelloidea e Fulgoroidea.A família Cicadellidae (Cicadelloidea), a maior dentre os Auchenorrhyncha, conta com mais de 2.000gêneros e 15.000 espécies descritos (NIELSON, 1985). Os Cicadellidae alimentam-se nos brotos,folhas, pecíolos, hastes e raízes expostas (MENEZES, 1972). Sua distribuição é regida peladistribuição das plantas hospedeiras, explorando uma ampla variedade de espécies. Muitas seestabeleceram em plantas não relacionadas às hospedeiras originais, e até tornaram-se pragas deimportância econômica (NIELSON, 1985). Além dos prejuízos causados diretamente às plantas pela retirada de seiva, muitas espécies deAuchenorrhyncha são toxicogênicas e outras vetoras de fitoviroses (ZANOL & MENEZES, 1982).Algumas são de reconhecida importância (ZUCCHI et al., 1993). Recentemente algumas espécies dasubfamília Cicadellinae têm chamado a atenção de pesquisadores pela transmissão de patógenos emcitros (ROBERTO, 1996). Muitas espécies de Cicadellidae ainda não foram descritas, em especialnas áreas tropicais. Estima-se que, quando toda a fauna de Cicadellidae for conhecida, o número totalde gêneros e espécies possa superar 4.000 e 45.000, respectivamente (NIELSON, 1985). O presente trabalho tem como objetivos listar as espécies de Cicadellidae com ocorrência noEstado do Espírito Santo, sudeste do Brasil, incluindo os dados conhecidos acerca de sua distribuiçãono estado, bem como suas plantas hospedeiras registradas, enfatizando aquelas com potencialeconômico.

Material e Métodos

O Estado do Espírito Santo, localizado na porção oriental da Região Sudeste do Brasil, temárea de aproximadamente 45.733 km² e sua economia está calcada na indústria e na agricultura. Seusprincipais produtos agrícolas são café, feijão, milho, arroz, abacaxi, banana, mandioca e cacau(BANISKI, 2001). Em que pese o fato de estar entre os estados brasileiros com mais elevada taxa deendemismo animal, o Espírito Santo tem grande parte de suas áreas naturais devastadas (na suamaioria pertencentes ao domínio da Mata Atlântica), o que compromete, em muito, suabiodiversidade.

Os dados relativos ao presente trabalho foram retirados de trabalhos publicados relacionadosprincipalmente às espécies neotropicais (ZANOL & MENEZES, 1982; CAVICHIOLI &



SAKAKIBARA, 1984; BLOCKER & WEBB, 1990; DUTRA & COELHO, 1992; CAVICHIOLI,1997; FELIX & MEJDALANI, 1998; MARUCCI et al., 1999; ZANOL, 1999a,b; FELIX et al., 2002;TAKYIA, 2002). Acrescentaram-se a esses consultas realizadas à coleção de Cicadellidae do Institutode Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na lista de espécies, em seqüência ao nome da espécie é fornecida a localidade de coleta (emnegrito), bem como suas plantas hospedeiras, entre parênteses. No caso das plantas, foram não sóincluídos os registros obtidos em território capixaba, mas sim listadas todas as hospedeiras conhecidaspara cada espécie. Os novos registros foram assinalados com um “*”. Foram também incluídas plantashospedeiras conhecidas para outras espécies de mesmo gênero das constantes da lista, sendo aquiconsideradas hospedeiras em potencial (assinaladas com um “**”).

Resultados

Espécies de Cicadellidae do Estado do Espírito Santo, localidades e plantas hospedeiras:

Subfamília Agalliinae-Agalliopsis vicosa Oman, 1938 – sem localidade (Phaseolus vulgaris, Sida rhombifolia,

Lycopersicum esculetum, Lactuca sativa, **Cocos nucifera).-Euragallia capixaba Dutra & Coelho, 1992 (Fig. 1) – Santa Cruz.

Subfamília Cicadellinae-*Acrocampsa diminuta (Walker, 1851) (Fig. 2) - *Santa Cruz.-Acrocampsa pallipes (Fabricius, 1787) – sem localidade.-*Amblyscartidia albofasciata (Walker, 1851) (Fig. 3) - *Brejetuba, *Dom Martim.-Amblyscartidia incredibilis Young, 1977 - Tijuco Preto.-Amblyscartidia pardaliota Young, 1977 - sem localidade.-Cardioscarta albigutta (Walker, 1851) - sem localidade.-Cardioscarta flavifrons (Signoret, 1853) - sem localidade.-*Crossogonalia hectica (Signoret, 1854) (Fig. 4) – *Santa Cruz (Schinus terebinthifolius).-*Diedrocephala variegata (Fabricius, 1775) (Fig. 5) - *Santa Tereza, *Brejetuba.-Diestostemma albipenne (Fabricius, 1803) - *Ribeirão do Engano, Vale do Itaúna.-*Diestostemma ptolyca Distant, 1908 - Brejetuba*, Santa Tereza*.-*Erythrogonia hertha Medler, 1963 - *Santa Cruz.-Erythrogonia partita Melichar, 1926 - sem localidade.-Erythrogonia phoenicia (Signoret, 1853) - *Parque Estadual da Pedra Azul.-Exogonia hyalinosparsa (Melichar, 1932) - sem localidade.-Exogonia semivitta (Walker, 1851) - sem localidade.-Ferrariana trivittata (Signoret, 1854) – Santa Cruz (Citrus spp.).-Fonsecaiulus flavovitatta (Stål, 1859) - Santa Tereza.-Fonsecaiulus sanguineovittata (Signoret, 1855) - sem localidade.



-*Hortensia similis (Walker, 1851) - *Santa Cruz, *Santa Tereza (Cenchrus ciliaris, Cynodonplectostachyum, Cynodon dactylon, Panicum maximum, Digitaria suazilandensis, Digitariasetivalva, Digitaria decubens, Glycine wightii, Brachiaria decubens, Brachiaria sp.,Pennisetum clandestinum, Paspalum notatum).

-Lebaja mediana Young, 1977 - sem localidade (Graminae, Leguminosae).-Microgoniella flavoapicata Melichar, 1951 - sem localidade.-Microgoniella pudica (Fabricius, 1903) - sem localidade.-Molomea lineiceps Young, 1968 – sem localidade.-Molomea magna (Walker, 1851) - sem localidade.-Molomea malkini Young, 1968 - sem localidade.-Molomea personata (Signoret, 1854) - sem localidade.-Molomea xanthocenphala (Germar, 1821) - sem localidade.-*Oncometopia clarior Walker, 1851 (Fig. 6) – *Linhares (**Anacardium occidentale, **Vitis

vinifera, **Citrus spp.).-Pamplonoidea yalea Young, 1977 - sem localidade.-Parathona albostriata (Signoret, 1853) – Santa Tereza (**Grossypium hirsutum).-Pawiloma ancora Young, 1977 - sem localidade.-Pawiloma penancora Young, 1977 - sem localidade.-Proconia marmorata (Fabricius, 1803) – sem localidade (cacau).-Scoposcartula semipunctulata (Melichar, 1932) - sem localidade.-Sibovia sagata (Signoret, 1853) - *Brejetuba (Lactuca sativa, Gossypium hirsutum, Helianthus

annus, Malva parviflora, Hibiscus esculentus, *Coleus blumei).-Sonesimia grandis (Walker, 1851) – Santa Tereza (**Zea mays, **Vittis vinifera, **Coccos

nucifera, **Sida rhombifolia, **Lactuva sativa, **Oryza sativa, **Cichorium intybus,**Cichorium endivia, **Phaseolus vulgaris, **Solanum gilo, **Mentha, **Fragaria sp.,**Pennicetum purpureum, **Glycine max, **Saccharum officinarum).

-*Syncharina punctatissima (Signoret, 1854) - *Santa Cruz (Pennicetum clandestinum, Cynodondactylum, Digitaria decumbens, Digitaria sp., Paspalum notatum).

-Tettisama quinquemaculata (Germar, 1821) - sem localidade (Oryza sativa).-Trachygonalia germari (Signoret, 1853) - sem localidade.-Tretogonia notatifrons Melichar, 1926 - sem localidade (Isotoma longiflora, Daucus carota,

Helianthus annus, Zea mays, Capsicum annum, Solanum gracile, Solanum ciliatum).-*Versigonalia ruficauda (Walker, 1851) - *Venda Nova do Imigrante, *Brejetuba.

Subfamília Coelidiinae-Coelidia amabilis Linnavuori, 1956 - sem localidade.-Coelidia espiritosantensis Linnavuori, 1956 - sem localidade.-Deltolidia discolor (Stål, 1862) – Brejetuba.

Subfamília Deltocephalinae



-Bahita capixaba Zanol, 1999 – Linhares.-Bahita cavifrons Linnavuori, 1955 – sem localidade.-Bahita lobata Zanol, 1999 – Linhares.-Bahita palliditarsis (Stål, 1858) – Linhares.-Benala longustilus Zanol, 1999 – Linhares.-Chlorotettix manimus Baker, 1898 - sem localidade (Solanum tuberosum, Melinis minutiflora,

Panicum maximum, Digitaria, Lactuca sativa, Paspalum notatum, Glycine).-Copididonus hyalinipennis (Stål, 1859) (Fig. 4) - sem localidade (Brachiaria decumbens, Melini

minutiflora, Cenchrus ciliaris, Panicum maximum, Digitaria, Digitaria unfolosi, Glycine,Lactuca sativa, Paspalum notatum).

-*Graminella striatella Linnavuori, 1959 (Fig. 7) - *Santa Tereza.-Linnatus nitidus (Linnavuori, 1955) - sem localidade (Lactuca sativa).-Menosoma taeniata Linnavuori, 1955 – sem localidade.-Osbornellus infuscatus Linavuori, 1955 – sem localidade (Solidago).

Subfamilia Gyponinae

-Curtara diagonala DeLong & Freytag, 1976 – sem localidade (Grossypium hirsutum, Cynodondactylum, **Citrus spp).

-*Gypona glauca (Fabricius, 1903) (Fig. 8) - *Santa Cruz (**Citrus spp., **Grossypiumhirsutum, **Spartium junceum, **Eucalyptus, **Acacia farnesiana).

-Gypona pallida DeLong & Martison, 1972 – sem localidade (Grossypium hirsutum, Spartiumjunceum, Eucalyptus, Acacia farnesiana, plantas ornamentais).

-*Hecalapona virella DeLong, 1978 (Fig. 9) - *Santa Cruz.-Polana tulara DeLong & Freytag, 1972 - sem localidade.-Proxima ocellata DeLong & Freytag, 1972 – Tijuco Preto.

Subfamília Iassinae

-Bythonia consensa Blocker & Webb, 1990 – Tijuco Preto.-Stragania ornatula (Stål, 1862) – sem localidade.

Subfamília Ledrinae

-Xerophloea viridis (Fabricius, 1794) (Fig. 10) – sem localidade (Cynodon dactylon, Ipomoeabatatas, Phaseolus panduratus, Solanum tuberosum, Solanum flagellare, Lycopersicumesculentum, Agerantum conyzoides, Sida rhombifolia, Lactuca sativa, Digitaria, Beta vulgaris,Daucus carota, Helianthus annus, Tritticum aestivum).

Subfamília Xestocephalinae

-Xestocephalus immaculatus Linnavuori, 1959 – sem localidade (**Juglans, **Salix).-Xestocephalus irroratus Osborn, 1924 (Fig. 11) – sem localidade (Digitaria, **Juglans,



**Salix).

Discussão

Até o presente, em termos ainda preliminares, foi levantada a ocorrência de 69 espécies deCicadellidae no Estado do Espírito Santo, distribuídas em 49 gêneros (sendo que treze espécies e oitogêneros como novos registros), pertencentes a oito subfamílias. Dentre as oito subfamílias, seisapresentaram espécies consideradas prejudiciais às plantas. São elas: Agalliinae, Cicadellinae,Deltocephalinae, Gyponinae, Ledrinae e Xestocephalinae. Com relação às plantas hospedeiras, dentre as que têm alguma importância econômica, foramobtidos registros no feijoeiro (Phaseolus vulgaris - Fabaceae, tomateiro (Lycopersicum esculentum –Solanaceae), alface (Lactuva sativa – Asteraceae), cenoura (Daucus carota – Umbelliferae), girassol(Helianthus annus – Malvaceae), milho (Zea mays – Gramineae), pimentão (Capsicum annum –Solanaceae), algodoeiro (Grossypium hirsutum – Malvaceae), quiabeiro (Hibiscus esculentus –Malvaceae), arroz (Oryza sativa – Gramineae), batata-inglesa (Solanum tuberosum – Solanaceae),soja (Glycine max – Fabaceae), eucalipto (Eucalyptus spp. – Myrtaceae), beterraba (Beta vulgaris –Chenopodiaceae), trigo (Triticum aestivum – Gramineae) e citros (Citrus spp., Rutaceae). Aslocalidades com maior número de espécies registradas são Santa Cruz, Santa Tereza, Brejetuba,Linhares, Tijuco Preto.

Referências Bibliográficas

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DUTRA, J. A. P. & COELHO, L. B. N., 1992. Novas espécies de Agallia Curtis, 1883 e EuragalliaOman, 1937 (Homoptera, Cicadellidae, Agalliinae). Revta Bras.Biol. 52 (2):213-216.

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FELIX, M.; MEJDALANI, G.; NIELSON, M.W. & TAKIYA, D.M., 2002. The neotropicalleafhopper genus Deltolidia Nielson (Hemiptera: Cicadellidae: Coelidiinae): polymorphism andtaxonomic notes. Stud.Neotr.Fauna Envir. 37 (2): 161-167.

MARUCCI, R.C.; CAVICHIOLI, R.R. & ZUCCHI, R.A., 1999. Chave para as espécies decigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae) vetoras da Clorose Variegada dos Citros (CVC).An.Soc.Ent.Bras. 28(3): 439-446.

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ZUCCHI, R.A., SILVEIRA NETO, S. & NAKANO, O., 1993. Guia de identificação de pragasagrícolas. ESALQ, Piracicaba, 139 p.

Fig. 1. Euragallia capixaba

Fig. 4. Crossogonalia hectica

Fig. 7. Graminella striatella

Fig. 2. Acrocampsa diminuta

Fig. 5. Diedrocephalavariegata

Fig. 8. Gypona glauca

Fig. 3. Amblyscartidiaalbofasciata

Fig. 6. Oncometopia clarior

Fig. 9. Hecalapona virella



Fig. 10. Xerophloea viridis

Fig. 11. Xestocephalus irroratus

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