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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA DIVISÃO DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA DIENT COMUNIDADE E DINÂMICA POPULACIONAL DE CIGARRINHAS (HEMIPTERA: CICADELLIDAE: CICADELLINAE) E SEUS PARASITOIDES DE OVOS (HYMENOPTERA: CHALCIDOIDEA) EM POMARES CÍTRICOS NO AMAZONAS, BRASIL MALU CHRISTINE BARBOSA FEITOSA Manaus AM Janeiro, 2017

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

DIVISÃO DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA –

DIENT

COMUNIDADE E DINÂMICA POPULACIONAL DE CIGARRINHAS

(HEMIPTERA: CICADELLIDAE: CICADELLINAE) E SEUS

PARASITOIDES DE OVOS (HYMENOPTERA: CHALCIDOIDEA) EM

POMARES CÍTRICOS NO AMAZONAS, BRASIL

MALU CHRISTINE BARBOSA FEITOSA

Manaus – AM

Janeiro, 2017

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MALU CHRISTINE BARBOSA FEITOSA

COMUNIDADE E DINÂMICA POPULACIONAL DE CIGARRINHAS

(HEMIPTERA: CICADELLIDAE: CICADELLINAE) E SEUS

PARASITOIDES DE OVOS (HYMENOPTERA: CHALCIDOIDEA) EM

POMARES CÍTRICOS NO AMAZONAS, BRASIL

Orientadora: Dra. Beatriz Ronchi Teles

Co-orientadora: Dra. Ranyse Barbosa Querino da Silva

Tese apresentada ao Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia como parte dos

requisitos para obtenção do título de Doutor em

Ciências Biológicas, área de concentração em

Entomologia.

Manaus – AM

Janeiro, 2017

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Sinopse: Estudou-se a comunidade de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae) em pomares

cítricos no estado do Amazonas, quanto a sua composição e diversidade. Foi avaliada a influência das

variáveis climáticas e fenológicas sobre a abundância, riqueza e composição de espécies. Além disso, foi

estudada a flutuação populacional das cigarrinhas predominantes nos pomares cítricos com o objetivo de

verificar a influência de variáveis climáticas sobre a dinâmica populacional dessas cigarrinhas. O

parasitismo natural de ovos de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae: Proconiini) também foi observado e

as espécies de parasitoides de ovos foram caracterizadas morfologicamente.

Palavras-chave: 1. Cigarrinhas dos citros; 2. Flutuação populacional; 3. Parasitismo natural.

F297 Feitosa , Malu Christine Barbosa

Comunidade e dinâmica populacional de cigarrinhas (Hemiptera:

Cicadellidae: Cicadellinae) e seus parasitoides de ovos

(Hymenoptera: Chalcidoidea) em pomares cítricos no Amazonas,

Brasil /Malu Christine Barbosa Feitosa . --- Manaus: [s.n.], 2017.

120 f.: il.

Tese (Doutorado) --- INPA, Manaus, 2017.

Orientador: Beatriz Ronchi Teles

Coorientador: Ranyse Barbosa Querino da Silva

Área de concentração: Entomologia

1. Cigarrinhas . 2.Flutuação populacional . 3. Parasitismo natural . I.

Título.

CDD 595.79

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iii

Dedico

A ti, Raymundo Júnior, pois meus agradecimentos não seriam o suficiente para expressar o

quanto você foi importante durante todo esse processo. Seu apoio, incentivo, dedicação a nossa

família, reconhecimento do meu esforço, companheirismo, amizade e amor sem medidas, foram

combustíveis para que eu seguisse até aqui. Sem seu acalento no final do dia, sua ajuda, muitas

vezes técnica, e seu empenho em me lembrar, nos momentos difíceis, dos motivos pelos quais

eu estava realizando esse trabalho, nada disso teria sido feito com êxito. A você todo o meu

amor.

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iv

Ofereço

Ao meu filho, Cauã, que fez tudo ter sentido em minha vida.

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Dra. Beatriz Ronchi Teles e a Dra. Ranyse Querino, por terem me apoiado

a desenvolver este estudo.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), pelo apoio logístico durante

o doutorado.

Aos órgãos financiadores do projeto: Fundação de Amparo à Pesquisa do estado do

Amazonas (FAPEAM), por meio do Projeto “Bioecologia de cigarrinhas (Hemiptera:

Cicadellidae: Cicadellinae) em pomares de citros no estado do Amazonas, Brasil. Programa

Universal Amazonas” e do projeto “Desenvolvimento da Citricultura e implantação do modelo

de produção integrada no estado do Amazonas. Em parceria com a Embrapa Amazônia

Ocidental”. E, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo

projeto “Taxonomia de parasitoides de ovos de insetos sugadores de importância agrícola. Em

parceria com a Embrapa Meio Norte”.

Agradeço pelas bolsas de Doutorado, concedidas pela Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e FAPEAM.

Agradeço pelo treinamento que recebi no Laboratório de insetos vetores de

fitopatógenos, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ-USP), com o

apoio do Dr. João Roberto Spotti Lopes e Dra. Gerane Celly Dias Bezerra Silva, onde pude

aprofundar meus conhecimentos a respeito das cigarrinhas vetores de fitopatógenos.

Ainda falando sobre o período de treinamento na ESALQ-USP, preciso agradecer a duas

pessoas muito especiais, Jaci Mendes Vieira e Amanda Rodrigues. Elas não só me receberam

em sua casa de braços abertos, como se tornaram pessoas muito queridas por mim.

Aos pesquisadores: Dr. Daniel Aquino (Universidade Nacional de LaPlata, Província de

Buenos Aires, Argentina), Dr. Serguei Triapitsyn (Universidade da Califórnia, Riverside,

Estados Unidos da América) e Dr. Jason Mottern (Instituto Smithsonian, Museu Nacional de

História Natural, Washington, Estados Unidos da América), pela disponibilização de

fotografias de parátipos e holótipos de espécies de Burksiella.

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Agradeço aos produtores de citros, proprietários dos pomares em que foram feitas as

coletas de cigarrinhas e de posturas, por terem nos permitido ter acesso aos pomares e realizar

nosso estudo.

Agradeço a ajuda e colaboração que recebi de diversas pessoas ao longo do doutorado,

como: Maiara Gonçalves, Dib Mady, Maíra dos Anjos, Dra. Rosaly Ale Rocha, Dra. Neusa

Hamada, Dra. Daniela Takiya, Dra. Karina Dias da Silva, Dr. Renato Bassanezi e Dr. Wilson

Azevedo Filho. Sem a participação de cada uma dessas pessoas, essa tese não estaria finalizada

da mesma forma. Muito obrigada a todos!

A Coleção de Invertebrados do INPA, pelas imagens de cigarrinhas e parasitoides feitas

em estereomicroscópio com câmera fotográfica e programa de automontagem.

Ao Laboratório Temático de Microscopia Óptica e Eletrônica - LTMOE/CPAAF/INPA,

pelas imagens dos brocossomos de ovos feitas em microscopia eletrônica de varredura e pela

secagem de alguns parasitoides em ponto crítico.

A algumas pessoas que estiveram ligadas diretamente e foram fundamentais em algumas

etapas do trabalho, preciso agradecer de forma especial:

A Viviane Vieira, agradeço pelas conversas durante as coletas, ajuda com as armadilhas,

companhia em laboratório, por todos os bate papos descontraídos sobre maquiagens, séries,

filmes, astrofísica, sobrenatural, e muito outros assuntos que tornaram os dias mais agradáveis.

Só assim para podermos aguentar o sol escaldante, de meio dia, em pleno Amazonas.

Ao Bruno Garcia de Oliveira, agradeço por toda a ajuda durante a instalação das

armadilhas, por tantas dicas e ideias interessantes trocadas ainda no início do projeto.

Ao Seu Orlando, agradeço por todo entusiasmo durante as coletas, interesse no trabalho,

disponibilidade de nos levar ao campo em momentos que nenhum outro motorista poderia ir.

Foram muitas histórias contadas no percurso, troca de experiências e lições valiosas.

A Vivian Campos de Oliveira, meus agradecimentos são extensos, afinal foram

inúmeras as suas colaborações, tanto em campo, nas coletas, quanto no ambiente de laboratório,

até mesmo lendo a tese e dando sugestões super válidas. Vívian, muito obrigada por tudo!

Para finalizar preciso dizer que essa tese não se restringiu a um trabalho acadêmico e

científico para mim, na verdade foi muito além disso. Significou aprendizado de vida e

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amadurecimento. Nesse período vivi muitas situações diferentes em minha vida, algumas

difíceis, outras muito boas, mas com cada uma delas consegui aprender algo. Com certeza, hoje

estou com uma tese pronta e carrego uma bagagem bem maior de autoconhecimento. Por isso,

pela oportunidade de viver todos esses momentos e de aprender a me tornar uma pessoa melhor,

agradeço infinitamente a Deus.

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RESUMO

Foi realizado um levantamento de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae)

em pomares cítricos no estado do Amazonas, onde a comunidade de cigarrinhas foi

caracterizada quanto a sua composição e diversidade. A influência das variáveis climáticas e

fenológicas sobre a abundância, riqueza e composição de espécies também foi avaliada. Foi

realizado um estudo sobre a flutuação populacional das cigarrinhas predominantes com o

objetivo de analisar a influência de variáveis climáticas sobre a dinâmica populacional dessas

cigarrinhas. E, além disso, também foi estudado o parasitismo natural de ovos de cigarrinhas

Proconiini, onde foi calculada a porcentagem de parasitismo e espécies de parasitoides foram

caracterizadas morfologicamente. O estudo ocorreu em pomares cítricos no estado do

Amazonas, nos municípios de Manacapuru e Rio Preto da Eva e Manaus. O estudo da

comunidade de cigarrinhas e a flutuação populacional ocorreram em um pomar de Manacapuru

e dois pomares de Rio Preto da Eva, e, as coletas para associação parasitoide – hospedeiro

ocorreram em dois pomares de Manacapuru, um pomar de Manaus e dois pomares de Rio Preto

da Eva. Três novos registros de ocorrência de cigarrinhas foram feitos para o Brasil:

Dilobopterus croceus (Metcalf), Dilobopterus manni Young e Macugonalia umbrosa Young.

As espécies Cardioscarta quadrifasciata (L.), Catagonalia sp. nov., Dilobopterus exaltatus

(Fabricius), D. manni, Erythrogonia sexguttata (Fabricius), Microgoniella sp. 1, Cicadellini sp.

1, Cicadellini sp. 2, Oncometopia clarior (Walker) e Oncometopia sp. 1 foram consideradas

predominantes nos pomares cítricos estudados, portanto, são importantes como potenciais

vetores de Xylella fastidiosa Wells, caso a doença CVC (clorose variegada dos citros) se espalhe

pelos pomares do Amazonas. O estudo da flutuação populacional das espécies predominantes

mostrou que a maioria das espécies mantiveram suas populações constantes durante todo o

período observado. Quatro dessas espécies, C. quadrifasciata, D. exaltatus e Microgoniella sp.1

(UAM), e Oncometopia sp.1 (UARP I) sofreram influência das variáveis temperatura máxima

e precipitação. Cinco espécies de parasitoides de ovos, pertencentes às famílias Mymaridae e

Trichogrammatidae (Hymenoptera: Chalcidoidea), foram registradas atuando no controle

natural de cigarrinhas Proconiini nos pomares cítricos analisados. Em Mymaridae foram

identificadas três espécies, Cosmocomoidea atriclava (Girault), Cosmocomoidea triguttata

(Girault) e Cosmocomoidea uat (Triapitsyn), onde a ocorrência de C. triguttata corresponde ao

primeiro registro no Brasil. E, em Trichogrammatidae, foram obtidas duas espécies novas,

Burksiella sp. nov. 1 e Burksiella sp. nov. 2. As cigarrinhas hospedeiras foram identificadas

como Acrogonia virescens (Metcalf), O. clarior e Oncometopia sp.1.

Palavras-chave: Cigarrinhas dos citros, levantamento, flutuação populacional, parasitismo

natural.

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ix

ABSTRACT

It was developed a study about the leafhoppers (Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae) in citrus

crops in Amazonas state, Brazil, where the leafhoppers community was distinguished according

to its composition and diversity. The influence of climatic and phenological variables upon the

abundance, richness and species composition was evaluated. The population fluctuation of

predominant leafhoppers was studied with the aim to analyze the influence of climatic variables

on the population dynamics of these leafhoppers. It was also studied the natural eggs parasitism

of Proconiini leafhoppers, where it was calculated the percentage of parasitism and parasitoids

species were morphologically characterized. The study occurred at citrus orchards in Amazonas

state, within the municipalities of Manacapuru, Manaus and Rio Preto da Eva. The study of

leafhoppers community and population fluctuation occurred in a citrus orchard in Manacapuru

and two orchards in Rio Preto da Eva, and, the collections for parasitoids - hosts association

occurred in two orchards in Manacapuru, one in Manaus and two in Rio Preto da Eva. Three

new occurrences of leafhoppers were registered in Brazil: Dilobopterus croceus (Metcalf),

Dilobopterus manni Young e Macugonalia umbrosa Young. The species Cardioscarta

quadrifasciata (L.), Catagonalia sp. nov., Dilobopterus exaltatus (Fabricius), D. manni,

Erythrogonia sexguttata (Fabricius), Microgoniella sp. 1, Cicadellini sp. 1, Cicadellini sp. 2,

Oncometopia clarior (Walker) and Oncometopia sp. 1 were considered predominant at the

studied orchards, therefore, they are important as potential vectors of Xylella fastidiosa Wells,

in case the Citrus variegated chlorosis (CVC) spreads among the Amazonas state orchards. The

predominant species population fluctuation study demonstrated that most species maintained

their population constant throughout the observed period. Four of these species, C.

quadrifasciata, D. exaltatus and Microgoniella sp.1 (UAM), and Oncometopia sp.1 (UARP I)

were influenced by maximum temperature and precipitation. Five species of eggs parasitoids,

from Mymaridae and Trichogrammatidae (Hymenoptera, Chalcidoidea) families, were

registered acting on the natural control of Proconiini leafhopper in the analyzed citrus orchards.

In Mymaridae there were three species identified, Cosmocomoidea atriclava (Girault),

Cosmocomoidea triguttata (Girault) and Cosmocomoidea uat (Triapitsyn) where the

occurrence of C. triguttata corresponds to the first register in Brazil. And, in

Trichogrammatidae, there were obtained two new species, Burksiella sp. nov.1 and Burksiella

sp. nov. 2. The host leafhoppers were identified as Acrogonia virescens (Metcalf), Oncometopia

clarior (Walker) and Oncometopia sp.1.

Keywords: Citrus leafhoppers, survey, population fluctuation, natural parasitism.

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x

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS..............................................................................................................xii

LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................xiv

INTRODUÇÃO GERAL..........................................................................................................19

OBJETIVOS.............................................................................................................................24

CAPÍTULO 1 - Composição e diversidade de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae:

Cicadellinae) em pomares cítricos no Amazonas, Brasil

1. Introdução.............................................................................................................................28

2. Material e métodos................................................................................................................31

2.1. Área de estudo..............................................................................................................31

2.2. Amostragem das cigarrinhas........................................................................................33

2.3. Triagem e identificação das cigarrinhas.......................................................................35

2.4. Variáveis climáticas.....................................................................................................35

2.5. Variáveis fenológicas das plantas de citros..................................................................36

2.6. Análise faunística.........................................................................................................38

3. Resultados...........................................................................................................................40

4. Discussão............................................................................................................................53

5. Conclusão............................................................................................................................57

6. Referências bibliográficas...................................................................................................57

CAPÍTULO 2 - Flutuação populacional de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae)

predominantes em pomares cítricos no Amazonas, Brasil

1. Introdução.............................................................................................................................65

2. Material e métodos................................................................................................................66

2.1. Área de estudo..............................................................................................................66

2.2. Amostragem das cigarrinhas........................................................................................68

2.3. Triagem e identificação das cigarrinhas.......................................................................70

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xi

2.4. Cigarrinhas predominantes analisadas.........................................................................70

2.5. Variáveis climáticas.....................................................................................................71

2.6. Análises estatísticas......................................................................................................72

3. Resultados............................................................................................................................73

4. Discussão.............................................................................................................................79

5. Conclusão.............................................................................................................................80

6. Referências bibliográficas....................................................................................................80

CAPÍTULO 3 - Estudo sobre parasitoides de ovos de Proconiini (Hemiptera: Cicadellidae:

Cicadellinae) e associação parasitoide-hospedeiro por meio da análise morfológica dos

brocossomos de ovos em pomares cítricos no Amazonas, Brasil

1. Introdução............................................................................................................................86

2. Material e métodos...............................................................................................................88

2.1. Área de estudo..............................................................................................................88

2.2. Coleta de posturas e cigarrinhas fêmeas para associação.............................................89

2.3. Análise morfológica dos brocossomos de ovos............................................................91

2.4. Identificação das cigarrinhas........................................................................................91

2.5. Identificação dos parasitoides de ovos..........................................................................92

2.6. Caracterização taxonômica dos parasitoides de ovos...................................................92

2.7. Porcentagem de parasitismo.........................................................................................93

3. Resultados............................................................................................................................93

3.1 Caracterização morfológica dos brocossomos de ovos e identificação das cigarrinhas

hospedeiras .........................................................................................................................93

3.2. Espécies de parasitoides de ovos..................................................................................95

3.3. Associação parasitoide-hospedeiro e parasitismo natural.............................................96

3.4. Caracterização morfológica dos parasitoides de ovos..................................................97

4. Discussão............................................................................................................................106

5. Conclusão...........................................................................................................................107

6. Referências bibliográficas..................................................................................................108

SÍNTESE.................................................................................................................................114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................115

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xii

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1.

Tabela 1. Localização e caracterização dos pomares de citros onde ocorreram coletas de

cigarrinhas, com armadilhas adesivas e rede de varredura, nos municípios de Manacapuru e Rio

Preto da Eva, Amazonas, Brasil.................................................................................................32

Tabela 2. Classificação da fase fenológica de desenvolvimento vegetativo, segundo o Guia de

fases de desenvolvimento vegetativo da planta de citros da Fundecitrus (2016).......................37

Tabela 3. Dominância, abundância, frequência e constância de cigarrinhas da tribo Cicadellini,

coletadas com armadilhas adesivas amarelas em pomares de citros dos municípios Manacapuru

(UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil, entre junho de 2013 a maio

de 2015......................................................................................................................................45

Tabela 4. Dominância, abundância, frequência e constância de cigarrinhas da tribo Proconiini,

coletadas com armadilhas adesivas amarelas em pomares de citros dos municípios de

Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil, entre junho

de 2013 e maio de 2015..............................................................................................................47

Tabela 5. Dominância, abundância, frequência e constância de cigarrinhas da subfamília

Cicadellinae coletadas com rede de varredura em pomares de citros dos municípios de

Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil entre junho

de 2013 e maio de 2015.............................................................................................................48

Tabela 6. Abundância (N), riqueza (S), diversidade de Shannon (H’), equitabilidade (E) de

Cicadellinae coletados em pomares de citros dos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto

da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil entre junho de 2013 e maio de 2015.............49

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xiii

Tabela 7. Valores de correlações e do critério de Broken-stick dos eixos selecionados pela

PCA...........................................................................................................................................49

Tabela 8. Variáveis fenológicas, valores médios dos estágios de desenvolvimento vegetativo,

observados no período de abril de 2014 a abril de 2015, em pomares de citros dos municípios

de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), no Amazonas, Brasil. Período

de abril de 2014 a abril de 2015.................................................................................................51

Tabela 9. Índice de similaridade de espécies de cigarrinhas coletadas com armadilhas adesivas

e rede de varredura, em pomares de citros dos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto

da Eva (UARP I e UARP II), no Amazonas, Brasil. Período de junho de 2013 a maio de

2015...........................................................................................................................................52

Capítulo 2.

Tabela 1. Localização e caracterização dos pomares de citros onde ocorreram coletas de

cigarrinhas, com armadilhas adesivas e rede de varredura, nos municípios de Manacapuru e Rio

Preto da Eva, Amazonas, Brasil.................................................................................................67

Tabela 2. Cigarrinhas predominantes nos pomares citricos nos municípios de Manacapuru

(UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil.......................................71

Tabela 3. Valores de correlação de Pearson para as variáveis climáticas, nos municípios de

Manacapuru e Rio Preto da Eva, Amazonas, Brasil...................................................................77

Tabela 4. Regressões múltiplas avaliando o efeito de temperatura máxima e precipitação sobre

a abundância das espécies predominantes no pomar de Manacapuru, UAM, no Amazonas,

Brasil. Valores em negrito representam os modelos que foram significantes...........................77

Tabela 5. Regressões múltiplas avaliando o efeito de temperatura máxima e precipitação sobre

a abundância das espécies predominantes no pomar de Rio Preto da Eva, UARP I, no

Amazonas, Brasil. Valores em negrito representam os modelos que foram significantes.........78

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xiv

Tabela 6. Regressões múltiplas avaliando o efeito de temperatura máxima e precipitação sobre

a abundância das espécies predominantes no pomar de Rio Preto da Eva, UARP II, no

Amazonas, Brasil. Valores em negrito representam os modelos que foram significantes..........78

Capítulo 3.

Tabela 1. Caracterização morfológica dos brocossomos de ovos das cigarrinhas hospedeiras

Proconiini em pomares cítricos no Amazonas...........................................................................94

Tabela 2. Espécies de parasitoides de ovos associadas a cigarrinhas Proconiini e porcentagem

de parasitismo em pomares cítricos no Amazonas.....................................................................97

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1.

Figura 1. Localização dos pomares de citros onde foram realizadas as coleta de cigarrinhas nos

municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas,

Brasil.........................................................................................................................................31

Figura 2. Disposição das armadilhas adesivas nos pomares cítricos localizados nas unidades

amostrais de (A) Manacapuru (UAM) e (B e C) Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II.),

Amazonas, Brasil. Imagens modificadas do Google EarthTM ...................................................34

Figura 3. (A) Cartão adesivo amarelo instalado na planta de citros; (B) Coleta de cigarrinhas

com rede entomológica de varredura. Fotos: Malu Feitosa........................................................34

Figura 4. Variáveis climáticas da Estação Manacapuru-A119, fornecidos pelo Instituto

Nacional de Meteorologia – INMET, referentes ao período de junho de 2013 a maio de 2015.

Média das temperaturas máximas (oC), média das temperaturas mínimas (oC), umidade relativa

(%) e precipitação (mm)............................................................................................................36

Figura 5. Variáveis climáticas da Estação Rio Urubu-A125 em Rio Preto da Eva, fornecidos

pelo Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, referentes ao período de junho de 2013 a

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xv

maio de 2015. Média das temperaturas máximas (oC), média das temperaturas mínimas (oC),

umidade relativa (%) e precipitação (mm).................................................................................36

Figura 6. Moldura quadrada de PVC (50 cm x 50 cm) utilizada para a contabilização para cada

estágio de desenvolvimento vegetativo observado nas plantas que continham armadilhas

amarelas em pomares cítricos localizados nos municípios de Manacapuru (A. UAM) e Rio Preto

da Eva (B. UARP I e C. UARP II.). Foto: Vivian Campos de Oliveira.....................................37

Figura 7. (A-R) Tribo Cicadellini. (A) Amblyscarta alternata Young; (B) Amblyscarta

invenusta Young; (C) Cardioscarta quadrifasciata (L.); (D) Catagonalia conjunctula

(Osborn); (E) Catagonalia sp. nov.; (F) Cinerogonalia lituriceps (Osborn); (G) Coronigoniella

yara Young; (H) Dasmeusa sp. nov.; (I) Diedrocephala variegata (Fabricius); (J) Dilobopterus

croceus (Metcalf); (K) Dilobopterus exaltatus (Fabricius); (L) Dilobopterus laetus (Walker);

(M) Dilobopterus manni Young; (N) Dilobopterus sp. 1; (O) Dilobopterus sp. 2; (P)

Dilobopterus sp. 3; (Q) Dilobopterus sp. 4; (R) Erythrogonia sexguttata (Fabricius)..............40

Figura 8. (A-R) Tribo Cicadellini. (A) Hortensia similis (Walker); (B) Ladoffa sp. 1; (C)

Lanceoscarta bilobata Takiya & Chavichioli; (D) Lanceoscarta jauensis Takiya & Chavichioli;

(E) Lautereria sp. 1; (F) Lautereria sp. 2; (G) Lautereria sp. nov; (H) Macugonalia moesta

(Fabricius); (I) Macugonalia umbrosa Young; (J) Microgoniella illustris (Signoret); (K)

Microgoniela sp. 1; (L) Oragua gracilenta Camisão, Chavichioli & Takiya; (M) Poeciloscarta

cardinalis (Fabricius); (N) Plesiommata corniculata Young; (O) Sailerana myersi Young; (P)

Soosiulus sp. 1; (Q) Tettisama bisellata (Signoret); (R) Tipuana albula (Osborn)....................41

Figura 9. (A-C) Tribo Cicadellini. (A) Cicadellini sp. 1; (B) Cicadellini sp. 2; (C) Cicadellini

sp. 3. (D-O) Tribo Proconiini. (D) Acrogonia virescens (Metcalf); (E) Ciccamera viridivitta

(Walker); (F) Dichrophleps elongata Melichar; (G) Diestostemma sp. 1; (H) Homalodisca sp.

1; (I) Oncometopia clarior (Walker); (J) Oncometopia sp. 1; (K) Oncometopia sp. 2; (L)

Pseudometopia transversa Young; (M) Raphirhinus phosphoreus L.; (N) Tretogonia callifera

Melichar; (O) Tretogonia cribrata Melichar.............................................................................42

Figura 10. Análise de componentes principais com as variáveis climáticas disponibilizadas pelo

INMET para três pomares de citros, unidades amostrais de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da

Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil entre junho de 2013 e maio de 2015..................49

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xvi

Figura 11. Análise de componentes principais com variáveis fenológicas de plantas de citros de

três pomares localizados nos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I

e UARP II), Amazonas, Brasil entre junho de 2013 e maio de 2015.........................................50

Figura 12. Análise de coordenadas principais (PCoA) para a composição de cigarrinhas

coletadas no período de junho de 2013 a maio de 2015 em três pomares de cítricos localizados

nos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas,

Brasil.........................................................................................................................................52

Figura 13. Análise de redundância parcial (RDA parcial) dos conjuntos de variáveis (climáticas

ou fenológicas) explicando a diferença na composição de espécies de cigarrinhas coletadas no

período de junho de 2013 a maio de 2015 em três pomares de cítricos localizados nos

municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas,

Brasil.........................................................................................................................................53

Capítulo 2.

Figura 1. Localização dos pomares de citros onde foram realizadas as coleta de cigarrinhas

(Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae) nos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da

Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil.............................................................................66

Figura 2. Disposição das armadilhas adesivas nos pomares cítricos localizados nas unidades

amostrais de (A) Manacapuru (UAM) e (B e C) Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II.),

Amazonas, Brasil. Imagens modificadas do Google EarthTM ..................................................69

Figura 3. (A) Cartão adesivo amarelo instalado na planta de citros; (B) Coleta de cigarrinhas

com rede entomológica de varredura. Fotos: Malu Feitosa.......................................................69

Figura 4. Variáveis climáticas da Estação Manacapuru-A119, fornecidos pelo Instituto

Nacional de Meteorologia – INMET, referentes ao período de junho de 2013 a maio de 2015.

Média das temperaturas máximas (oC), média das temperaturas mínimas (oC), umidade relativa

(%) e precipitação (mm)............................................................................................................72

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xvii

Figura 5. Variáveis climáticas da Estação Rio Urubu-A125 em Rio Preto da Eva, fornecidos

pelo Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, referentes ao período de junho de 2013 a

maio de 2015. Média das temperaturas máximas (oC), média das temperaturas mínimas (oC),

umidade relativa (%) e precipitação (mm).................................................................................72

Figura 6. Flutuação populacional das cigarrinhas predominantes (Cardioscarta quadrifasciata,

Catagonalia sp. nov., Dilobopterus exaltatus, Dilobopterus manni, Erythrogonia sexguttata,

Microgoniella sp.1, Cicadellini sp.1, Cicadellini sp.2 e Acrogonia virescens) em pomares de

citros do município Manacapuru (UAM), Amazonas, Brasil, entre junho de 2013 a maio de

2015...........................................................................................................................................75

Figura 7. Flutuação populacional das cigarrinhas predominantes (Cicadellini sp.1,

Oncometopia clarior, Oncometopia sp.1 e Acrogonia virescens) em pomares de citros do

município Rio Preto da Eva (UARP I), Amazonas, Brasil, entre junho de 2013 a maio de

2015...........................................................................................................................................76

Figura 8. Flutuação populacional das cigarrinhas predominantes (Cicadellini sp.1,

Oncometopia clarior e Acrogonia virescens) em pomares de citros do município Rio Preto da

Eva (UARP II), Amazonas, Brasil, entre junho de 2013 a maio de 2015..................................76

Capítulo 3.

Figura 1. Localização dos pomares de citros onde foram realizadas as coleta de posturas de

cigarrinhas Proconiini (Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae) nos municípios de Manacapuru,

Manaus e Rio Preto da Eva, Amazonas, Brasil.........................................................................89

Figura 2. Postura de cigarrinha Proconiini em pomar cítrico no município de Rio Preto da Eva,

Amazonas, Brasil......................................................................................................................89

Figura 3. Posturas de cigarrinhas Proconiini individualizadas em placas de Petri para a obtenção

dos parasitoides de ovos............................................................................................................90

Figura 4. Oncometopia sp. 1 (Proconiini) fêmea adulta com massa de brocossomos de ovos

sobre as asas...............................................................................................................................91

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xviii

Figura 5. Acrogonia virescens (Metcalf) coletada em pomar cítrico no Amazonas e seus

brocossomos de ovos.................................................................................................................94

Figura 6. A. Oncometopia clarior (Walker) coletada em pomar cítrico no Amazonas e seus

brocossomos de ovos.................................................................................................................94

Figura 7. Oncometopia sp. 1 coletada em pomar cítrico no Amazonas e seus brocossomos de

ovos...........................................................................................................................................95

Figura 8. Parasitoides, Mymaridae e Trichogrammatidae, obtidos de ovos de cigarrinhas em

pomares cítricos no Amazonas. (A) Cosmocomoidea atriclava (Girault); (B) Cosmocomoidea

triguttata (Girault); (C) Cosmocomoidea uat (Triapitsyn); (D) Burksiella sp. nov. 1 fêmea; (E)

Burksiella sp. nov. 1 macho; (F) Burksiella sp. nov. 2..............................................................96

Figura 10. Burksiella sp. nov. 1 fêmea. (A) Corpo em vista dorso/ventral em esteromicroscópio;

(B) Corpo em vista dorso/ventral em microscópio; (C) Antena; (D) Esculturação no mesoscuto

e escutelo; (E) Asa anterior; (F) Venação da asa anterior........................................................102

Figura 11. Burksiella sp. nov. 1 macho. (A) Corpo em vista dorso/ventral em

esteromicroscópio; (B) Corpo em vista dorso/ventral em microscópio; (C) Antena; (D)

Genitália..................................................................................................................................103

Figura 12. Burksiella sp. nov. 1 fêmea. (A) Corpo em vista dorso/ventral em

estereomicroscópio; (B) Corpo em vista dorso/ventral em microscópio; (C) Antena; (D)

Esculturação no mesoscuto e escutelo; (E) Asa anterior; (F) Venação da asa anterior.............105

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19

INTRODUÇÃO GERAL

A citricultura é uma importante atividade do agronegócio brasileiro. Gera, entre

empregos diretos e indiretos, um contingente de 230 mil posições e uma massa salarial anual

de R$ 676 milhões, contribuindo de forma significativa para com o desenvolvimento do país

(Neves et al. 2010). O Brasil é responsável por 50% da produção mundial de suco de laranja,

exportando 98% do que produz, sendo reconhecido como o primeiro produtor mundial de

laranja e o maior exportador de suco concentrado e congelado de laranja (Neves et al. 2010;

Almeida et al. 2011). Entretanto, a citricultura no Brasil está entre os cultivos que mais tem

perdas na produção devido a ataques de pragas e doenças. Muitos insetos vetores de

fitopatógenos são considerados importantes em razão dos prejuízos que causam à citricultura,

como é o caso das cigarrinhas (Parra et al. 2003).

As cigarrinhas da família Cicadellidae são insetos fitófagos e compreendem uma das

maiores famílias de Hemiptera, onde são incluídas mais de 50 subfamílias (Nielson 1985). As

espécies da maioria das subfamílias se alimentam da seiva do floema, no entanto, os indivíduos

que compõem a subfamília Cicadellinae se alimentam exclusivamente dos vasos do xilema das

plantas (Cavichioli e Takiya 2012).

Cicadellinae está dividida em duas tribos: Cicadellini e Proconiini. Cicadellini ocorre

em todas as regiões zoogeográficas, com um elevado número de espécies e Proconiini está

registrada para o Novo Mundo com grande diversidade de gêneros Neotropicais (Young 1968;

Nielson 1985). Dentro das duas tribos citadas existem espécies que são importantes vetores da

bactéria Xylella fastidiosa Wells que, no Brasil, afeta os citros, as ameixeiras, os cafeeiros e as

videiras (De Souza et al. 2004), e também chega a causar prejuízos em vinhedos no sul dos

Estados Unidos da América (Wilson et al. 2009).

Os estudos a cerca dessa bactéria fitopatogênica, X. fastidiosa, tiveram início nos

Estados Unidos da América devido ao surgimento do “mal de Pierce”, doença que acomete as

videiras. Constatou-se que a X. fastidiosa é uma bactéria gram-negativa, em forma de bastonetes

e de difícil crescimento em meio de cultivo, por isso o nome “fastidiosa” (Wells et al. 1987;

Hopkins 1989; De Negri e Garcia-Junior 1993; Hartung et al. 1994). A técnica de reação em

cadeia da polimerase (PCR) tem sido amplamente usada para conseguir detectar a X. fastidiosa

diretamente nas plantas infectadas (Pooler e Hartung 1995; Paradela Filho et al. 1997).

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20

Limitada ao xilema da planta, a bactéria se multiplica e obstrui os vasos, prejudicando o

transporte de água e nutrientes da raiz para a parte aérea da planta (Fundecitrus 2007).

Na citricultura, a doença causada pela X. fastidiosa é a clorose variegada dos citros

(CVC), denominada popularmente de “amarelinho dos citros”. Os sintomas da CVC consistem

em uma série de alterações físicas e químicas nos frutos das plantas infectadas, tornando

inviável a sua comercialização (Laranjeira e Palazzo 1999). No início da infestação, é possível

observar frutos pequenos em poucos ramos nas plantas, mas em estágio avançado da doença

toda a planta pode produzir frutos miúdos. O tempo que a doença leva para se agravar, depende

das condições climáticas e da idade da planta em que ocorreu a infecção (Fundecitrus 2007). A

produção de frutos já chegou a ser reduzida de 30 a 35% em pomares afetados pela doença em

São Paulo (Palazzo e Carvalho 1992).

A CVC se encontra amplamente disseminada pelas principais regiões citrícolas do

Brasil, em pomares do Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná,

Goiás e Minas Gerais (Tubelis et al. 1993), além de Sergipe (Leite Junior et al. 1996), Bahia

(Santos Filho et al. 1999) e Pará (Poltroniere et al. 2005). No Amazonas, foram encontrados

sintomas de CVC e confirmada a ocorrência da bactéria, através da técnica de PCR, em pomares

cítricos nos municípios de Manaus, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva (Jansen 2007).

No entanto, aparentemente a doença ainda não causa prejuízo na produtividade da citricultura

amazonense.

A citricultura do Amazonas está em amplo desenvolvimento, com uma produção anual

de cerca de 45 mil toneladas de frutos. O Amazonas é um dos estados que mais avança na

citricultura em toda a região norte do Brasil (IBGE 2015a). A produção de laranja se concentra

principalmente na cidade de Manaus, e em municípios vizinhos como Rio Preto da Eva,

Iranduba e Manacapuru, que juntos produzem 70% da produção citrícola do Amazonas (IBGE

2015b).

De acordo com Bentes et al. (2007), o conhecimento a respeito das pragas e doenças

que ocorrem na região e o estabelecimento de medidas de controle adequadas aos pomares

regionais são fatores primordiais para o desenvolvimento da citricultura amazonense. Por isso,

a importância em realizar estudos que forneçam técnicas adequadas de manejo para fortalecer

o setor citrícola e permitir que este se torne referência em produção de frutos na região Norte.

No Brasil, até o momento, doze espécies de cigarrinhas da subfamília Cicadellinae

foram relatadas como vetores da bactéria X. fastidiosa em citros. Entre elas, quatro espécies,

Acrogonia citrina Marucci & Cavichioli, Bucephalogonia xanthophis (Berg), Dilobopterus

costalimai Young e Oncometopia facialis (Signoret), oferecem maior risco para disseminação

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da doença no Estado de São Paulo por serem predominantes em plantas cítricas daquela região

(Yamamoto et al. 2001). As demais oferecem menos risco de disseminar a CVC, pois

Ferrariana trivittada (Signoret), Macugonalia leucomelas (Walker), Plesiommata corniculata

Young e Sonesima grossa (Signoret) preferem se alimentar em gramíneas, e Acrogonia

virescens (Metcalf), Homalodisca ignorata Melichar e Parathona gratiosa (Blanchard)

apresentam baixa densidade populacional em viveiros de citros em São Paulo (Yamamoto et

al. 2002). A espécie Fingeriana dubia Cavichioli também tem capacidade de transmissão da

X. fastidiosa, pelo menos experimentalmente (Yamamoto et al. 2007).

Nos pomares cítricos do Amazonas a fauna de cigarrinhas ainda é pouco estudada. Treze

espécies de cigarrinhas já foram coletadas em um pomar comercial de laranja, em Manaus, por

Senra et al. (2006). Dentre as espécies coletadas, A. virescens, P. corniculata, O. facialis e

Homalodisca sp. já haviam sido associadas à transmissão da X. fastidiosa em outras regiões do

Brasil (Yamamoto et al. 2001; Yamamoto et al. 2002).

No entanto, qualquer espécie de Cicadellinae que venha a entrar em contato com a

bactéria causadora da CVC durante sua alimentação em uma planta infectada, pode vir a atuar

como vetor da bactéria (Miranda et al. 2009). Isso se torna ainda mais preocupante quando a

espécie de cigarrinha em questão ocorre em alta abundância nos pomares, nesse caso a doença

tem um risco maior de ser disseminada (Lopes 1999).

Por isso é fundamental, além de se conhecer quais as espécies de cigarrinhas que

colonizam os pomares cítricos e podem vir a causar danos na cultura, ter informações a respeito

da comunidade de cigarrinhas, como, dominância, frequência, constância, abundância, riqueza

e composição de espécies. O conhecimento da dinâmica populacional de cigarrinhas em

pomares cítricos também é essencial para a adoção de estratégias de manejo e controle da CVC

(Nunes et al. 2007).

Outro aspecto importante para a implantação de um sistema de manejo adequado é

verificar de que forma alguns fatores importantes, como, por exemplo, as condições climáticas

podem influenciar na ocorrência dos insetos de interesse econômico (Crocomo 1990). Além

disso, a comunidade de cigarrinhas em pomares cítricos também pode sofrer influência da fase

fenológica de desenvolvimento vegetativo da planta, uma vez que muitas cigarrinhas se

alimentam preferencialmente em ramos novos de citros (Fundecitrus 2007). Ott e Carvalho

(2006) relacionam o clima quente e seco influenciando diretamente no início da época de

brotação das plantas cítricas e, consequentemente, na dinâmica das cigarrinhas.

Vários estudos de flutuação populacional de cigarrinhas em pomares cítricos de outras

regiões do Brasil associam a dinâmica das populações de cigarrinhas com as estações do ano e

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as condições climáticas decorrentes, havendo crescimento populacional nas estações mais

quentes do ano, primavera e verão, e declínio nas estações mais frias, outono e inverno

(Yamamoto et al. 2002; Santos et al. 2005; Ott e Carvalho 2006; Nunes et al. 2007; Molina et

al. 2010).

As peculiaridades climáticas da região amazônica são muitas, por exemplo, as estações

do ano não são bem definidas e existem apenas dois períodos distintos, chuvoso e seco, ou

menos chuvoso. O clima é caracterizado por temperaturas elevadas com pouca variação ao

longo do ano e alta precipitação. O período de chuvas, forte atividade convectiva, na região

amazônica é compreendido entre novembro e março, sendo que o período de seca, sem grande

atividade convectiva, é entre os meses de maio e setembro (Fisch et al. 1998).

Consequentemente, a fenologia da planta também é alterada e o fluxo de brotações é intenso e

contínuo durante todo o ano nos pomares cítricos do Amazonas (Garcia et al. 2014). Diferente

do observado nas demais regiões do Brasil, onde o fluxo de brotações é bem maior no verão e

na primavera (Yamamoto e Lopes 2004).

De modo geral, o manejo da CVC se baseia em um conjunto de três medidas: garantia

de muda sadia, poda de ramos com sintomas ou eliminação da planta severamente atacada e

controle de cigarrinhas (Fundecitrus 2007).

O controle das cigarrinhas vetoras de X. fastidiosa em citros é uma estratégia altamente

recomendada para que haja o manejo da CVC, porém, no Brasil, esse controle é basicamente

químico. O controle deve ser feito quando for constatado, por meio de monitoramento do

pomar, que 10% das plantas de um talhão apresentam cigarrinhas, independente da espécie. Em

talhões mais velhos que estão próximos a novos, são aconselhados monitoramentos e

pulverizações assim que constatada a presença da cigarrinha, e, o mesmo se aplica a locais

próximos a matas naturais e baixadas (Fundecitrus 2007).

Informações sobre o controle biológico das espécies de cigarrinhas dos citros por meio

dos seus parasitoides de ovos são escassas no Brasil. Espécies de parasitoides de ovos da família

Mymaridae, como Cosmocomoidea spp., são associadas a ovos de Acrogonia spp. e D.

costalimai. Enquanto O. facialis tem seus ovos parasitados por espécies não conhecidas de

Trichogrammatidae (Hymenoptera) (Gravena 2005).

A atuação de parasitoides como inimigos naturais no controle populacional de

cigarrinhas os torna importantes ferramentas de manejo em regiões onde as cigarrinhas atuam

como pragas agrícolas. E, apesar da fauna de parasitoides de ovos não ter seu potencial avaliado

em programas de controle biológico de cigarrinhas no Brasil, eles têm sido bastante explorados

nos estudos de controle das cigarrinhas associadas ao mal de Pierce nos Estados Unidos da

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América, onde o cicadelíneo Homalodisca vitripennis (Say) é um dos principais vetores

(Triapitsyn e Bernal 2009).

Devido à importância econômica exercida na citricultura brasileira pelas cigarrinhas

transmissoras da bactéria causadora do CVC, o estudo sobre a interação das cigarrinhas com as

plantas cítricas e seus parasitoides de ovos é fundamental para o estabelecimento de técnicas

eficientes para o manejo da doença, caso esta se dissemine pelos pomares comerciais de citros

no estado do Amazonas.

Dessa forma, a tese está estruturada em três capítulos para abordar o estudo das

cigarrinhas nos pomares cítricos no Amazonas e a ocorrência de parasitoides de ovos atuando

no controle biológico natural desses insetos. No capítulo 1 são abordadas a composição e a

diversidade de cigarrinhas nos pomares cítricos do estado do Amazonas e a influência das

variáveis climáticas e fenológicas sobre a comunidade de cigarrinhas (Cicadellidae:

Cicadellinae) nos pomares de citros estudados. No capítulo 2 foi estudada a flutuação

populacional das espécies de cigarrinhas predominantes nos pomares de citros do estado do

Amazonas, bem como, verificada a influência das variáveis climáticas sobre a flutuação

populacional das cigarrinhas. Já o capítulo 3 foi direcionado ao estudo do parasitismo natural

de ovos de cigarrinhas Proconiini em pomares cítricos no estado do Amazonas, identificando e

caracterizando morfologicamente as espécies de parasitoides de ovos obtidas, avaliando a

porcentagem de parasitismo natural de ovos de cigarrinhas.

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OBJETIVOS

Realizar um levantamento de espécies de Cicadellinae e identificar as espécies predominantes,

que possam vir a oferecer um risco de disseminação da doença CVC, em pomares de citros do

estado do Amazonas (Capítulo 1);

Caracterizar os pomares de citros estudados quanto a abundância, riqueza, diversidade e

equitabilidade de Cicadellinae (Capítulo 1);

Verificar a influência das variáveis climáticas e fenológicas sobre a abundância, riqueza e

composição de Cicadellinae em pomares de citros do estado do Amazonas (Capítulo 1);

Estudar a flutuação populacional das espécies de cigarrinhas predominantes nos pomares de

citros do estado do Amazonas (Capítulo 2);

Analisar a influência das variáveis climáticas sobre a flutuação populacional das cigarrinhas

predominantes nos pomares de citros do estado do Amazonas (Capítulo 2);

Estabeler a associação parasitoide – hospedeiro entre as espécies de parasitoides de ovos e as

espécies de cigarrinhas Proconiini, em pomares cítricos no estado do Amazonas, por meio da

análise morfológica dos brocossomos de ovos (Capítulo 3);

Calcular a porcentagem de parasitismo natural de ovos de cigarrinhas Proconiini em pomares

cítricos no estado do Amazonas (Capítulo 3);

Caracterizar morfologicamente as espécies de parasitoides de ovos de cigarrinhas Proconiini

em pomares cítricos no estado do Amazonas (Capítulo 3).

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CAPÍTULO 1

___________________________________________________________________________

Feitosa, M.C.B.; Ronchi-Teles, B.; Takiya, D.; Querino,

R.B.; Dias-Silva, K.; Lopes. J.R.S. 2016. Composição e

diversidade de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae:

Cicadellinae) em pomares cítricos no Amazonas, Brasil.

Segundo as normas da Acta Amazonica.

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Composição e diversidade de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae:

Cicadellinae) em pomares cítricos no Amazonas, Brasil

Malu Christine Barbosa FEITOSA1, Beatriz RONCHI-TELES1, Daniela Maeda TAKIYA2,

Ranyse Barbosa QUERINO3, Karina DIAS-SILVA4, João Roberto Spotti LOPES5.

1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Coordenação de Biodiversidade, Programa de

Pós-Graduação em Entomologia, Manaus, AM, Brasil.

2Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

3Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI, Brasil.

4Universidade Federal do Pará, Santarém, PA, Brasil.

5 Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba,

SP, Brasil.

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RESUMO

A comunidade de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae), em pomares cítricos no

Amazonas, foi caracterizada quanto a sua composição e diversidade e foi avaliada a influência

das variáveis climáticas e fenológicas sobre a abundância, riqueza e composição de espécies de

cigarrinhas. Foram selecionados três pomares cítricos, um pomar em Manacapuru e dois

pomares em Rio Preto da Eva, onde ocorreram coletas mensais com armadilhas adesivas

amarelas e rede de varredura, no período de junho de 2013 a maio de 2015. Foi coletado um

total de 4.890 indivíduos da subfamília Cicadellinae. Ao todo foram identificados 51 táxons,

dos quais 39 são da tribo Cicadellini e 12 da tribo Proconiini (32 espécies são conhecidas e 19

estão entre espécies novas e ainda não identificadas). Três novos registros de ocorrência foram

feitos para o Brasil: Dilobopterus croceus (Metcalf), Dilobopterus manni Young e

Macugonalia umbrosa Young. Dez espécies foram predominantes nos pomares estudados,

portanto, são importantes como potenciais vetores de Xylella fastidiosa Wells no polo citrícola

do Amazonas. Os três pomares onde ocorreram as coletas se mostraram distintos entre si quanto

à abundância, riqueza e composição de espécies. Tanto as variáveis fenológicas quanto as

variáveis climáticas foram responsáveis pela estruturação da comunidade de cigarrinhas nos

pomares cítricos estudados.

Palavras-chave: Comunidade, Cicadellinae, citricultura, insetos vetores.

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1. INTRODUÇÃO

Muitas espécies de Cicadellidae (Hemiptera) são consideradas pragas, causando

prejuízos à agricultura, seja por dano direto às plantas ou por serem vetores de fitopatógenos

(Cavichioli e Takiya 2012). A subfamília Cicadellinae se destaca nesse contexto por apresentar

espécies que atuam como dispersores de uma importante doença que acomete a citricultura, a

clorose variegada dos citros – CVC. Ao se alimentarem exclusivamente dos vasos do xilema

de plantas cítricas, podem entrar em contato com a bactéria Xylella fastidiosa Wells, causadora

da doença nas plantas (Paiva et al. 1996), e, dessa forma, transmiti-la de uma planta infectada

para uma sadia.

Cicadellinae está dividida em duas tribos: Cicadellini e Proconiini. Enquanto Proconiini

ocorre no Novo Mundo com grande diversidade de gêneros Neotropicais, Cicadellini está

registrada em todas as regiões zoogeográficas, com um elevado número de espécies (Young

1968; Nielson 1985). E, dentro das duas tribos de Cicadellinae, Cicadellini e Proconiini,

existem espécies que são comprovadamente vetores da X. fastidiosa na citricultura brasileira

(Wilson et al. 2009).

A doença CVC é amplamente disseminada pelas regiões citrícolas do Distrito Federal e

dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Minas Gerais

(Tubelis et al. 1993), além de Sergipe (Leite Junior et al. 1996) e Bahia (Santos Filho et al.

1999). No Amazonas, há alguns anos foram encontrados sintomas de CVC em vários pomares

cítricos nos municípios de Manaus, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva, onde a ocorrência

da X. fastidiosa foi confirmada através da técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR)

(Jansen 2007). Apesar disso, aparentemente a doença ainda não causou impacto na

produtividade da citricultura amazonense.

Segundo Bentes et al. (2007), o conhecimento a respeito das pragas e doenças que

ocorrem na região e o estabelecimento de medidas de controle adequadas aos pomares regionais

são fatores primordiais para o desenvolvimento da citricultura amazonense.

Senra et al. (2006) realizaram um levantamento de Cicadellinae em um pomar cítrico

comercial de Manaus, onde foram encontradas 13 espécies de cigarrinhas, das quais Acrogonia

virescens (Metcalf), Plesiommata corniculata Young, Oncometopia facialis (Signoret) e

Homalodisca sp. já haviam sido associadas à transmissão da X. fastidiosa em outras regiões do

Brasil.

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Dessa forma, é fundamental ter o conhecimento sobre a fauna de cigarrinhas que

habitam esses pomares, uma vez que, qualquer outra espécie de Cicadellinae, que ainda não

seja conhecidamente vetor da bactéria, que entre em contato com X. fastidiosa durante sua

alimentação em uma planta cítrica infectada, possa vir a se tornar uma transmissora da doença

CVC (Miranda et al. 2009a). Isso se torna ainda mais preocupante quando a espécie de

cigarrinha em questão ocorre em populações elevadas nos pomares, nesse caso a doença teria

um risco maior de ser disseminada (Lopes 1999).

Levando em consideração que a X. fastidiosa já foi constatada em alguns pomares

cítricos no Amazonas, é fundamental o conhecimento a respeito da estrutura da comunidade de

cigarrinhas associadas a citricultura no estado, para que possíveis estratégias de manejo e

controle da CVC sejam adotadas.

Para tal, estudos faunísticos a respeito da abundância, riqueza e composição de espécies

de cigarrinhas em pomares cítricos são importantes para aumentar o conhecimento a respeito

da comunidade de cigarrinhas. Além disso, estudos que relacionem os fatores climáticos e

fatores fenológicos das plantas cítricas a essa comunidade de insetos também são relevantes, já

que essas variáveis podem ser responsáveis tanto pela abundância das espécies quanto pela

própria estrutura da comunidade de cigarrinhas. Nesse contexto, a fase fenológica de

desenvolvimento vegetativo pode influenciar diretamente na abundância das cigarrinhas, já que

muitas espécies se alimentam preferencialmente em ramos novos de citros (Fundecitrus 2007).

Ott e Carvalho (2006) relaciona o clima quente e seco influenciando diretamente no início da

época de brotação das plantas cítricas e, consequentemente, na abundância das cigarrinhas.

O estabelecimento de técnicas apropriadas de manejo da CVC depende do

conhecimento das espécies de cigarrinhas predominantes em cada ecossistema, bem como de

sua bioecologia. Entretanto, devido às diversas peculiaridades climáticas da região amazônica,

os estudos faunísticos de cigarrinhas realizados nas regiões sul e sudeste do Brasil podem não

ser diretamente aplicáveis ao manejo do CVC nas condições do Amazonas.

As condições climáticas do estado do Amazonas apresentam diversas peculiaridades, as

estações do ano não são bem definidas e o clima é caracterizado por temperaturas elevadas com

pouca variação ao longo do ano e alta precipitação (Fisch et al. 1998). Consequentemente, a

fenologia da planta também é alterada e o fluxo de brotações é intenso e contínuo durante todo

o ano nos pomares cítricos do Amazonas (Garcia et al. 2014).

Dessa forma o presente estudo teve como finalidade realizar um levantamento de

espécies de cigarrinhas e identificar as espécies predominantes de Cicadellinae que podem vir

a oferecer risco de disseminação da doença CVC em pomares de citros do estado do Amazonas.

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Além de analisar a abundância, riqueza, diversidade e equitabilidade de Cicadellinae nos

pomares de citros estudados.

Objetiva-se também verificar quais variáveis, climáticas ou fenológicas, melhor

explicam a variação de composição de Cicadellinae entre os pomares estudados e a influência

dessas variáveis sobre a abundância, riqueza e composição de cigarrinhas (Cicadellidae:

Cicadellinae) em pomares de citros do estado do Amazonas.

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31

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. ÁREAS DE ESTUDO

O estudo foi conduzido em três pomares de Citrus sinensis (L.) Osbeck (Rutaceae)

situados em dois municípios do estado do Amazonas: Manacapuru e Rio Preto da Eva (Figura

1). Estes municípios estão distantes entre si por cerca de 180 km e foram selecionados por serem

responsáveis pela maior produção de citros do Amazonas. Os dois pomares localizados no

município de Rio Preto da Eva estão distantes entre si por 7 km.

Figura 1. Localização dos pomares de citros onde foram realizadas as coleta de cigarrinhas nos municípios de

Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil.

A Amazônia situa-se na região equatorial e possui um clima quente e úmido, não

apresenta as estações do ano bem estabelecidas. O clima é caracterizado por temperaturas

elevadas com pouca variação ao longo do ano, tendo uma amplitude térmica sazonal da ordem

de 1-2oC, onde os valores médios situam-se entre 24 e 26oC. Apresenta alta precipitação, com

um período de chuvas, com forte atividade convectiva, que compreende os meses de novembro

a março e um período de seca, sem grande atividade convectiva, entre os meses de maio e

setembro (Fisch et al. 1998).

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Os pomares foram caracterizados quanto ao tipo de cultura, vegetação de entorno, tratos

culturais adotados e uso de agrotóxicos utilizados no período em que ocorreram as coletas

(Tabela 1). As plantas dos pomares estudados se encontravam entre 4 a 15 anos. Nos três

pomares, durante o período de coleta, algumas plantas foram substituídas por mudas novas.

Nenhum dos pomares em que o estudo foi conduzido apresentava sintomas da doença CVC.

Tabela 1. Localização e caracterização dos pomares de citros onde ocorreram coletas de cigarrinhas, com

armadilhas adesivas e rede de varredura, nos municípios de Manacapuru e Rio Preto da Eva, Amazonas, Brasil.

Local/ Coordenadas

Tipo de

cultura Entorno da cultura

Tratos

culturais

Uso de

agrotóxicos Pomar

UAM 3o18'01.8''S/60o 29'05.3''W Policultura Floresta primária e

plantios vizinhos

Poda e

Roçagem Herbicidas

UARP I 2o40'04.4''S/59o39'28.0''W Monocultura

Circundado por

floresta primária e

faixa ampla de

rodovia a frente

Herbicidas

e

Inseticidas

Poda,

roçagem e

adubação

UARP II 2o42'14.3''S/59o42'54.3''W Monocultura

Floresta primária,

lagos artificiais e

faixa estreita de

rodovia a frente

Adubação

Herbicidas

e

Inseticidas

Para as análises dos dados foram consideradas três unidades amostrais, uma em

Manacapuru (UAM) e duas em Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II). A UAM compreendeu

o Sítio Nossa Senhora de Nazareth, uma área de policultivo com aproximadamente duas mil

plantas de citros e outras culturas, como mamão, cupuaçu, acerola, maxixe, pepino e tomate.

Esse pomar de citros se caracteriza por ser uma área com pouco uso de agrotóxicos. No período

em que as coletas foram realizadas, foram utilizados herbicidas apenas duas vezes e poucos

episódios de poda e roçagem.

Em Rio Preto da Eva, a UARP I corresponde ao Sítio Santa Terezinha e a UARP II a

fazenda Aprisco Passárgada, ambos possuíam monocultivo de citros. O UARP I, compreende

uma área com mais tratos culturais, periodicamente ocorriam podas, roçagens, adubações com

calcário, além de aplicação de agrotóxicos. Já o pomar UARP II se caracteriza por ser uma área

com poucos tratos culturais, não ocorrendo podas e nem roçagens durante as coletas. Apenas

adubação com calcário foi aplicada e uma aplicação de inseticida e herbicida foi observada no

mês de janeiro de 2014. Cerca de 1/3 do pomar se encontrava tomado por plantas invasoras de

altura elevada, atingindo cerca de 1,60 m. Além disso, nas entre plantas do pomar foram

observados muitos arbustos de Lantana camara L. e Lantana sp. (Verbenaceae).

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33

2.2. AMOSTRAGEM DAS CIGARRINHAS

Para a amostragem de cigarrinhas nos pomares foram utilizados dois métodos de coleta:

as armadilhas adesivas atrativas “amarelas” nas plantas de citros e a amostragem com rede de

varredura na vegetação rasteira das entrelinhas do pomar. Este método de coleta foi

complementar a coleta com armadilhas adesivas, pois contempla a fauna de cigarrinhas que

vive na vegetação rasteira e que podem vir a se alimentar em citros, em algum momento. Assim,

sendo possíveis transmissoras de patógenos para a planta de citros.

Em cada pomar foram instaladas 20 armadilhas adesivas amarelas (24,5 cm x 10 cm,

Biocontrole®), com espaçamento de 50 m x 50 m entre as armadilhas (Figura 2). As armadilhas

foram instaladas a uma altura de 1,5 a 1,8m, na face norte das plantas (Figura 3A), permaneciam

ativas durante um mês e, então, eram substituídas por uma nova. A amostragem compreendeu

um período de 24 meses, ocorrendo de junho de 2013 a maio de 2015.

Para as amostragens mensais de cigarrinhas na vegetação rasteira das entrelinhas dos

pomares, foi utilizado uma rede entomológica de varredura (Figura 3B). Durante cada coleta

mensal, foram selecionados quatro pontos arbitrários dentro de cada pomar. Em cada ponto

foram realizadas 30 batidas na vegetação rasteira com a rede de varredura, compondo uma

amostra. As coletas também ocorreram por um período de 24 meses, de junho de 2013 a maio

de 2015.

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34

Figura 2. Disposição das armadilhas adesivas nos pomares cítricos localizados nas unidades amostrais de (A)

Manacapuru (UAM) e (B e C) Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II.), Amazonas, Brasil. Imagens modificadas

do Google EarthTM .

Figura 3. (A) Cartão adesivo amarelo instalado na planta de citros; (B) Coleta de cigarrinhas com rede

entomológica de varredura. Fotos: Malu Feitosa.

C

A B

A B

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35

2.3. TRIAGEM E IDENTIFICAÇÃO DAS CIGARRINHAS

Após a retirada mensal das armadilhas adesivas do pomar, estas foram transportadas

para o Laboratório de Entomologia Agrícola do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

(INPA). Após triagem inicial, sob microscópio estereoscópico, as cigarrinhas (Cicadellidae:

Cicadellinae) foram descoladas da armadilha adesiva com auxílio de solvente (querosene), para

a retirada do excesso de cola entomológica, lavadas em água e acondicionadas em microtubos

contendo álcool a 70%.

O conteúdo das amostras das coletas com rede de varredura também foi triado com o

auxílio de microscópio estereoscópico e as cigarrinhas foram devidamente acondicionadas em

microtubos contendo álcool a 70%.

As cigarrinhas coletadas foram separadas inicialmente em morfótipo por meio das

características morfológicas externas e, posteriormente, dissecou-se a genitália de um indivíduo

macho de cada morfótipo para realizar a identificação em nível de espécie, utilizando Young

(1968; 1977). Também foi realizada consulta ao acervo das espécies de cigarrinhas depositadas

na Coleção de Invertebrados do INPA, para comparação de alguns morfótipos, porém alguns

não foram possíveis de ser identificados em nível de espécies por terem sido coletadas apenas

fêmeas ou por serem espécies ainda não descritas. Foi montada uma coleção de referência das

espécies identificadas, que foi incorporada ao acervo da Coleção de Invertebrados do INPA.

2.4. VARIÁVEIS CLIMÁTICAS

Para verificar a influência das variáveis climáticas sobre a comunidade de cigarrinhas

foram utilizadas as médias mensais de temperatura máxima (oC) e de temperatura mínima (oC),

o percentual mensal da umidade relativa (%) e a precipitação acumulada mensal (mm)

fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia – INMET (Figuras 4 e 5).

Os dados referentes a UAM são provenientes da Estação Manacapuru-A119 (-

3.294638ºS/-60.628402ºW) e os referentes a UARP I e UARP II são provenientes de uma

estação no município de Rio Preto da Eva, a Estação Rio Urubu-A125 (-2.633654ºS/-

59.600582ºW).

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Figura 4. Variáveis climáticas da Estação Manacapuru-A119, fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia

– INMET, referentes ao período de junho de 2013 a maio de 2015. Média das temperaturas máximas (oC), média

das temperaturas mínimas (oC), umidade relativa (%) e precipitação (mm).

Figura 5. Variáveis climáticas da Estação Rio Urubu-A125 em Rio Preto da Eva, fornecidos pelo Instituto Nacional

de Meteorologia – INMET, referentes ao período de junho de 2013 a maio de 2015. Média das temperaturas

máximas (oC), média das temperaturas mínimas (oC), umidade relativa (%) e precipitação (mm).

2.5. VARIÁVEIS FENOLÓGICAS DAS PLANTAS DE CITROS

A fase fenológica das plantas de citros avaliada neste estudo foi a fase de

desenvolvimento vegetativo, utilizando a classificação adotada por Fundecitrus (2016) para

classificar a fase fenológica estudada em sete estágios de desenvolvimento (Tabela 2).

0

100

200

300

400

500

600

23

24

25

26

27

28

29

30

jun

jul

ago

set

out

nov

dez jan

fev

mar

abr

mai

jun

jul

ago

set

out

nov

dez jan

fev

mar

abr

mai

2013 2014 2015

Um

idad

e re

lati

va

% e

Pre

cip

itaç

ão m

m

Tem

per

atu

ras

máx

ima

e m

ínim

a oC

Meses de coleta

Umidade Relativa Precipitação

Temperatura Máxima Temperatura Mínima

0

100

200

300

400

500

600

23

24

25

26

27

28

jun

jul

ago

set

out

nov

dez jan

fev

mar

abr

mai

jun

jul

ago

set

out

nov

dez jan

fev

mar

abr

mai

2013 2014 2015

Um

idad

e re

lati

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% e

pre

cip

itaç

ão m

m

Tem

per

atu

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ínim

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Meses de coleta

Umidade Relativa Precipitação

Temperatura Máxima Temperatura Mínima

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Tabela 2. Classificação da fase fenológica de desenvolvimento vegetativo, segundo o Guia de fases de

desenvolvimento vegetativo da planta de citros da Fundecitrus (2016).

Abreviatura Característica observada

V1 Gema inchada

V2 Chifrinho

V3 Brotações com 5 cm

V4 Brotações com 10 cm

V5 Eixo principal da brotação com 18 cm

V6 Ramo com coloração verde claro com folha da base com 10 cm

V7 Ramo maduro com coloração verde escura

A avaliação foi realizada no período de abril de 2014 a abril de 2015 e o método

consistiu em colocar uma moldura quadrada de PVC (50 cm x 50 cm) em quatro posições

arbitrárias em cada planta onde foram instaladas as armadilhas adesivas, durante cada coleta

realizada nesse período (Figura 6). No espaço delimitado por esse quadrado foram anotadas as

quantidades de brotos para cada estágio de desenvolvimento vegetativo observado na planta.

Esses valores foram somados para as quatro amostragens com a moldura resultando assim, na

quantidade de brotos por metro quadrado de planta em cada estágio vegetativo.

Figura 6. Moldura quadrada de PVC (50 cm x 50 cm) utilizada para a contabilização para cada estágio de

desenvolvimento vegetativo observado nas plantas que continham armadilhas amarelas em pomares cítricos

localizados nos municípios de Manacapuru (A. UAM) e Rio Preto da Eva (B. UARP I e C. UARP II.). Foto: Vivian

Campos de Oliveira.

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38

2.6. ANÁLISE FAUNÍSTICA

Para determinar as espécies predominantes, ou seja, aquelas que apresentam maiores

índices faunísticos nos pomares cítricos estudados, foram utilizados os índices de dominância,

abundância, frequência e constância, segundo Silveira Neto et al. (1976), os quais classificam

as espécies da seguinte forma:

• Dominância: super dominante, dominante e não dominante.

• Abundância: super abundante, muito abundante, abundante, comum, dispersa e rara.

• Frequência: super frequente, muito frequente, frequente e pouco frequente.

• Constância: constante, acessória e acidental.

As análises citadas foram realizadas com o auxílio do programa AnaFau (Moraes et al.

2003), separadamente para os dados referentes as coletas com armadilhas adesivas amarelas e

com rede de varredura.

Para as demais análises de comunidade e composição de Cicadellinae e para avaliar a

influência das variáveis climática e fenológicas, os dados das coletas com armadilhas adesivas

foram agrupados com os dados de coleta com rede de varredura, uma vez que as duas

metodologias são complementares para se obter um perfil da fauna de cigarrinhas nos pomares

estudados.

A estrutura da comunidade nos pomares estudados foi avaliada com base na abundância,

riqueza, índice de diversidade Shannon (H’) e índice de equitabilidade (E).

Para verificar se os locais de coleta (UAM, UARP I e UARP II) são diferentes quanto

as variáveis climáticas e fenológicas das plantas de citros foi realizada uma análise de

componentes principais (PCA) (Hottelling 1933).

Para a realização da PCA as variáveis ambientais foram padronizadas, o critério de

seleção de eixos utilizado foi o de Broken-stick, esse método seleciona os eixos que

apresentaram autovalores maiores que os valores de Broken-stick (Peres-Neto et al. 2005).

Também foi realizada uma PERMANOVA, análise de variância multivariada com permutações

(Anderson 2001), tanto para avaliar a diferença da abundância, quanto para a riqueza de

cigarrinhas nos pomares cítricos.

Para verificar se existe diferença na composição de Cicadellinae entre os locais

estudados foi realizada uma análise de coordenadas principais (PCoA), utilizando Bray curtis

como a medida de distância (Legendre e Legendre 2012). Para a PCoA, a matriz de composição

de espécies foi logaritmizada (log x+10). Uma análise de redundância parcial (pRDA)

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(Legendre e Legendre 2012) foi utilizada para verificar quais conjuntos de variáveis (climáticas

ou fenológicas) melhor explica a diferença na composição de cigarrinhas, uma vez que fornece

a porcentagem de explicação de cada conjunto de variáveis analisados, no nosso caso, variáveis

climáticas excluindo o efeito das variáveis fenológicas, variáveis fenológicas excluindo o efeito

das variáveis climáticas, a porcentagem explicada pela interação entre as duas variáveis e o

quanto de variação da composição de cigarrinhas foi explicada pelo acaso. A fração de cada

componente foi testada por teste de permutação utilizando 999 aleatorizações (Peres-Neto et al.

2006).

Para verificar o efeito das variáveis climáticas e fenológicas sobre riqueza e abundância

de cigarrinhas dos citros foram realizadas regressões múltiplas, essa análise foi utilizada pois é

indicada quando possuímos mais de uma variável preditora (Zar 2010).

As regressões múltiplas foram realizadas no programa estatístico R (R Development

Core Team 2013), com o pacote Stats e função LM (Oksanen et al. 2012). A Permanova foi

realizada com a função adonis, a PCA com a função prcomp e a PCoA com a função cdmscale,

todos com o pacote Vegan (Oksanen et al. 2012).

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40

3. RESULTADOS

Foram coletados 4.801 indivíduos de Cicadellinae com os cartões adesivos amarelos e

89 indivíduos coletados com rede de varredura nos três pomares de citros estudados durante os

dois anos de coleta. Ao todo foram identificados 51 táxons, dos quais 39 são da tribo Cicadellini

e 12 da tribo Proconiini (Figuras 7-9). Dentre os táxons identificados foram encontradas 32

espécies conhecidas e 19 morfoespécies, entre possíveis espécies novas e ainda não

identificadas.

Figura 7. (A-R) Tribo Cicadellini. (A) Amblyscarta alternata Young; (B) Amblyscarta invenusta Young; (C)

Cardioscarta quadrifasciata (L.); (D) Catagonalia conjunctula (Osborn); (E) Catagonalia sp. nov.; (F)

Cinerogonalia lituriceps (Osborn); (G) Coronigoniella yara Young; (H) Dasmeusa sp. nov.; (I) Diedrocephala

variegata (Fabricius); (J) Dilobopterus croceus (Metcalf); (K) Dilobopterus exaltatus (Fabricius); (L)

Dilobopterus laetus (Walker); (M) Dilobopterus manni Young; (N) Dilobopterus sp. 1; (O) Dilobopterus sp. 2;

(P) Dilobopterus sp. 3; (Q) Dilobopterus sp. 4; (R) Erythrogonia sexguttata (Fabricius).

A B C

G

J

M

H I

K L

N O

D E F

P Q R

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Figura 8. (A-R) Tribo Cicadellini. (A) Hortensia similis (Walker); (B) Ladoffa sp. 1; (C) Lanceoscarta bilobata

Takiya & Chavichioli; (D) Lanceoscarta jauensis Takiya & Chavichioli; (E) Lautereria sp. 1; (F) Lautereria sp.

2; (G) Lautereria sp. nov; (H) Macugonalia moesta (Fabricius); (I) Macugonalia umbrosa Young; (J)

Microgoniella illustris (Signoret); (K) Microgoniela sp. 1; (L) Oragua gracilenta Camisão, Chavichioli & Takiya;

(M) Poeciloscarta cardinalis (Fabricius); (N) Plesiommata corniculata Young; (O) Sailerana myersi Young; (P)

Soosiulus sp. 1; (Q) Tettisama bisellata (Signoret); (R) Tipuana albula (Osborn).

A B C

D E

F

G H

I

K L

N O

Q R

J

M

P

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Figura 9. (A-C) Tribo Cicadellini. (A) Cicadellini sp. 1; (B) Cicadellini sp. 2; (C) Cicadellini sp. 3. (D-O) Tribo

Proconiini. (D) Acrogonia virescens (Metcalf); (E) Ciccamera viridivitta (Walker); (F) Dichrophleps elongata

Melichar; (G) Diestostemma sp. 1; (H) Homalodisca sp. 1; (I) Oncometopia clarior (Walker); (J) Oncometopia

sp. 1; (K) Oncometopia sp. 2; (L) Pseudometopia transversa Young; (M) Raphirhinus phosphoreus L.; (N)

Tretogonia callifera Melichar; (O) Tretogonia cribrata Melichar.

Em Manacapuru, UAM, foram obtidos 28 táxons pertencentes a tribo Cicadellini, com

armadilhas adesivas. Desses, 16 são espécies já conhecidas e 12 são morfoespécies, sendo três

espécies novas para a ciência e 9 espécies ainda não identificadas. Oito táxons, Cardioscarta

quadrifasciata, Catagonalia sp. nov., Dilobopterus exaltatus, Dilobopterus manni,

Erythrogonia sexguttata, Microgoniella sp.1, Cicadellini sp.1 e Cicadellini sp.2 foram

determinados como dominantes, muito abundantes, muito frequentes e constantes, sendo assim

predominantes no pomar em questão (Tabela 3). Foram obtidos 11 táxons pertencentes a tribo

Proconiini, também com armadilhas adesivas, sendo oito espécies já conhecidas e três espécies

ainda não identificadas (Tabela 4).

A B C

D E F

G H I

K L

M N O

J

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43

Em Rio Preto da Eva, o pomar UARP I apresentou 25 taxóns da tribo Cicadellini,

obtidos com armadilhas adesivas. Desses, 16 são espécies já conhecidas e sete são

morfoespécies, das quais duas são espécies novas e cinco são espécies ainda não identificadas.

Cicadellini sp. 1 foi caracterizada como superdominante, superabundante e superfrequente,

sendo determinada como predominante (Tabela 3). Sete táxons de Proconiini foram obtidos,

dos quais, quatro são espécies já conhecidas e três espécies não identificadas. O. clarior e

Oncometopia sp. 1 foram classificados como dominante, muito abundante e muito frequente,

sendo consideradas também predominantes no pomar em questão (Tabela 4).

No pomar UARP II foram obtidos 16 taxóns referentes a Cicadellini, com armadilhas

adesivas. Desses, 13 são espécies já conhecidas e três são morfoespécies, sendo uma espécie

nova e duas espécies ainda não identificadas. Cicadellini sp.1 foi predominante (Tabela 3). Em

relação a Proconiini, cinco táxons foram obtidos, sendo duas espécies conhecidas e duas

espécies não identificadas. A espécie O. clarior também foi determinada como predominante

no pomar (Tabela 4).

Quanto a predominância nos pomares, se destaca Cicadellini sp. 1 nos três pomares

estudados e O. clarior nos dois pomares localizados em Rio Preto da Eva.

Foram observados três novos registros de espécies de Cicadellini para o Brasil,

Dilobopterus croceus, Dilobopterus manni e Macugonalia umbrosa.

Com relação as coletas realizadas com rede entomológica de varredura, foram

capturadas quatros espécies de Cicadellinae no pomar de Manacapuru, UAM. Nenhuma espécie

foi determinada como predominante para esse pomar, porém Erythrogonia sexguttata foi tida

como dominante, muito abundante, muito frequente e constante (Tabela 5). Neste pomar,

apenas a espécie Plesiommata corniculata foi capturada somente através da rede de varredura.

Em Rio Preto da Eva, no pomar UARP I, foram coletadas três espécies de Cicadellini

com rede de varredura, sendo que nenhuma foi determinada como predominantes. No entanto,

Hortensia similis foi considerada comum, frequente e constante nesse pomar. As espécies

Macugonalia moesta e P. corniculata foram capturadas somente através da rede de varredura

nesse pomar.

No pomar UARP II foram coletadas seis espécies de Cicadellini com rede de varredura.

Nenhuma dessas espécies foi determinada como predominante, porém, M. moesta foi

considerada superdominante neste pomar. Mais uma vez, apenas P. corniculata, foi capturada

somente através da rede de varredura.

Em Manacapuru, o pomar UAM apresentou a maior riqueza de espécies e diversidade

de cigarrinhas. Os pomares de Rio Preto da Eva tiveram menor riqueza de espécies e

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diversidade de cigarrinhas, porém, o pomar UARP II apresentou a maior abundância neste

estudo. Os índices de equitabilidade, de modo geral, foram altos variando de 0.72 a 0.79 (Tabela

6).

A análise de componentes principais (PCA) para as variáveis climáticas mostrou que o

eixo 1 explicou 78% da variabilidade dos resultados (Tabela 7; Figura 10). A análise mostrou

uma separação entre os pomares de Manacapuru e Rio Preto da Eva, onde o pomar UAM

apresentou os maiores valores de temperatura máxima e mínima, enquanto os dois pomares de

Rio Preto da Eva, UARP I e UARP II, apresentaram os maiores valores de umidade relativa.

A PCA para as variáveis fenológicas mostrou que os três pomares não diferiram entre

si quanto a essa variável, no entanto, os eixos 1 e 2 explicaram 80% da variabilidade dos

resultados (Figura 11). O pomar UARP II apresentou valores um pouco maiores de estágio

vegetativo V5 (eixo principal da brotação com 18 cm), que foi a variável mais correlacionada

ao primeiro eixo da PCA. O segundo eixo apresentou duas variáveis na sua formação, os

estágios vegetativos V2 (chifrinho) e V3 (brotações com 5 cm). O pomar UAM apresentou

menor variação nos valores das três variáveis citadas (Tabela 8).

Analisando os três pomares estudados obtivemos diferença tanto na abundância

(Permanova; F= 2.785; p= 0.05629) quanto na riqueza de espécies de cigarrinhas (Permanova;

F= 24.01 em 4 e 67 DF; p<0,0005), quando analisada a composição notamos que essa

apresentou diferença formando três grupos distintos, segundo a PCoA (Figura 12).

A similaridade de cigarrinhas entre os pomares cítricos variou de 70 a 81%, indicando

uma alta similaridade entre as espécies coletadas. No entanto, os pomares de Rio Preto da Eva

(UARP I e UARP II) foram mais similares entre si e o pomar UAM foi mais similar ao UARP

I, do que ao UARP II (Tabela 9). Doze espécies ocorreram somente no pomar de Manacapuru,

enquanto cinco espécies foram exclusivas no pomar UARP I e apenas uma espécie foi coletada

somente no pomar UARP II. Os pomares UAM e UARP I compartilharam dez espécies, os

pomares de Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II) compartilharam quatro espécies e os pomares

UAM e UARP II compartilharam apenas duas.

A pRDA verificou que as variáveis fenológicas e as variáveis climáticas foram

responsáveis pela estruturação da comunidade de cigarrinhas nos pomares cítricos estudados

(Figura 13). As variáveis climáticas, excluindo o efeito das variáveis fenológicas, explicaram

29% da composição de cigarrinhas (p=0,0001), enquanto que as variáveis fenológicas, sem o

efeito das variáveis climáticas, explicaram 12% (p=0,0039). Essa análise mostrou um resíduo

de 64%, que corresponde a explicação de outras variáveis que não foram contempladas neste

estudo.

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Tabela 3. Dominância, abundância, frequência e constância de cigarrinhas da tribo Cicadellini, coletadas com armadilhas adesivas amarelas em pomares de citros dos municípios

Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil, entre junho de 2013 a maio de 2015.

Cigarrinhas Dominância1 Abundância2 Frequência3 Constancia4

UAM UARP I UARP II UAM UARP I UARP II UAM UARP I UARP II UAM UARP I UARP II

Amblyscarta invenusta Young ND - - r - - PF - - Z - -

Amblyscarta alternata Young - ND ND - d d - PF PF - Y Y

*Cardioscarta quadrifasciata (L.) D - - ma - - MF - - W - -

Catagonalia conjunctula (Osborn) D ND - r c - PF F - Z Y -

*Catagonalia sp.nov. D ND ND ma d r MF PF PF W Y Y

Cinerogonalia lituriceps (Osborn) ND - ND r - d PF - PF Z - Y

Coronigoniella yara Young D ND D r d ma PF PF MF Z Y Y

Dasmeusa sp.nov. ND D - r c - PF F - Z Y -

Diedrocephala variegata (Fabricius) D ND D r c c PF F F Z Y Y

Dilobopterus croceus (Metcalf) D ND - r c - PF F - Z Y -

*Dilobopterus exaltatus (Fabricius) D ND ND ma d d MF PF PF W Y Y

*Dilobopterus manni Young D ND D ma d c MF PF F W Y Y

Dilobopterus laetus (Walker) ND - - r - - PF - - Z - -

Dilobopterus sp.1 ND ND - r d - PF PF - Z Y -

Dilobopterus sp.2 ND - - r - - PF - - Z - -

Dilobopterus sp.3 ND - - r - - PF - - Z - -

Dilobopterus sp.4 - ND - - c - - F - - Y -

*Erythrogonia sexguttata (Frabicius) D D ND ma c r MF F PF W Y Y

Hortensia similis (Walker) ND D D r ma ma PF MF MF Z Y Y

Ladoffa sp.1 - ND - - c - - F - - Y -

Lanceoscarta jauensis Takiya & Cavichioli ND - - r - - PF - - Z - -

Lanceoscarta bilobata Takiya & Cavichioli - ND ND - d d - PF PF - Y Y

Lautereria sp.1 D - - c - - F - - Z - -

Continua.

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Lautereria sp.2 D ND - r c - PF F - Z Y -

Lautereria sp.nov. D - - c - - F - - Y - -

Macugonalia moesta (Fabricius) - - ND - - r - - PF - - Y

Macugonalia umbrosa Young - ND D - c c - F F - Y Y

Microgoniella illustris (Signoret) D ND ND r c c PF F F Z Y Y

*Microgoniella sp.1 D ND ND ma c d MF F PF W Y Y

Oragua gracilenta Camisão, Chavichioli &

Takiya - ND - - c - - F - - Y -

Peociloscarta cardinalis (Fabricius) - ND ND - d r - PF PF - Y Y

Sailerana myersi Young - ND - - d - - PF - - Y -

Soosiulus sp.1 - ND - - c - - F - - Y -

Tettisama bisellata (Signoret) D ND - c d - F PF - Y Y -

Tipuana albula (Osborn) D - - r - - PF - - Z - -

**Cicadellini sp.1 D SD SD ma sa sa MF SF SF W W W

*Cicadellini sp.2 D - - ma - - MF - - W - -

Cicadellini sp.3 ND - - r - - PF - - Z - - 1 Dominância – SD: Super dominante; D: Dominante; ND: Não dominante. 2 Abundância – sa: super abundante; ma: muito abundante; c: comum; d: dispersa; r: rara. 3 Frequência – SF: Super frequente; MF: Muito frequente; F: Frequente; PF: Pouco frequente. 4 Constância – W: Constante; Y: Acessória; Z: Acidental.

*Espécies predominantes em UAM;

**Espécie predominante nos três pomares estudados.

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Tabela 4. Dominância, abundância, frequência e constância de cigarrinhas da tribo Proconiini, coletadas com armadilhas adesivas amarelas em pomares de citros dos

municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil, entre junho de 2013 e maio de 2015.

Cigarrinhas Dominancia1 Abundância2 Frequência3 Constância4

UAM UARP I UARP II UAM UARP I UARP II UAM UARP I UARP II UAM UARP I UARP II

Acrogonia virescens (Metcalf) D ND D c c c F F F Y Y Y

Ciccamera viridivitta (Walker) ND - - r - - PF - - Z - -

Dichrophleps elongata Melichar D ND - c d - F PF - Y Y -

Diestostemma sp.1 ND ND - r d - PF PF - Z Y -

Homalodisca sp.1 ND ND - r d - PF PF - Z Y -

**Oncometopia clarior (Walker) D D SD r ma sa PF MF SF Z W W

*Oncometopia sp.1 D D D c ma ma F MF MF Y W Y

Oncometopia sp. 2 - - ND - - d - - PF - - Y

Pseudometopia transversa Young D ND - c c - F F - Y Y -

Raphirhinus phosphoreus L. ND - D r - c PF - F Z - Y

Tretogonia callifera Melichar D - - c - - F - - Y - -

Tretogonia cribrata Melichar D - - c - - F - - Y - -

1 Dominância – D: Dominante; ND: Não dominante. 2 Abundância – sa: super abundante; ma: muito abundante; a: abundante; c: comum; d: dispersa; r: rara. 3 Frequência – MF: Muito frequente; F: Frequente; PF: Pouco frequente. 4 Constância – W: Constante; Y: Acessória; Z: Acidental.

*Espécie predominante no pomar UARP I.

**Espécie predominante em dois pomares, UARP I e UARP II.

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Tabela 5. Dominância, abundância, frequência e constância de cigarrinhas da subfamília Cicadellinae coletadas com rede de varredura em pomares de citros dos municípios

de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil entre junho de 2013 e maio de 2015.

Cigarrinhas Dominância1 Abundância2 Frequência3 Constância4

UAM UARP I UARP II UAM UARP I UARP II UAM UARP I UARP II UAM UARP I UARP II

Tribo Cicadellini

Diedrocephala variegata (Fabricius) - - ND - - c - - F - - Y

Dilobopterus manni Young - - ND - - c - - F - - Y

Erythrogonia sexguttata (Frabicius) D - ND ma - a MF - MF W - Y

Hortensia similis (Walker) ND ND ND ma c a F F MF Y W Y

Macugonalia moesta (Fabricius) - ND SD - c sa - F SF - Y W

Plesiommata corniculata Young ND ND ND ma c c F F F Y Y Y

Tribo Proconiini

Tretogonia callifera Melichar ND - - ma - - F - - Y - -

1 Dominância – SD: Super dominante; D: Dominante; ND: Não dominante. 2 Abundância – sa: super abundante; ma: muito abundante; a: abundante; c: comum. 3 Frequência – SF: Super frequente; MF: Muito frequente; F: Frequente. 4 Constância – W: Constante; Y: Acessória.

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Tabela 6. Abundância (N), riqueza (S), diversidade de Shannon (H’), equitabilidade (E) de Cicadellinae coletados

em pomares de citros dos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas,

Brasil entre junho de 2013 e maio de 2015.

Local/Pomar N S H’ E

UAM 939 40 2.88 0.78

UARP I

848 34 2.52 0.72

UARP II 3.103 22 2.37 0.79

Tabela 7. Valores de correlações e do critério de Broken-stick dos eixos selecionados pela PCA.

Variáveis climáticas

Eixo 1 Eixo 2

Temperatura Máxima -0,973

Temperatura Mínima -0,96

Umidade Relativa 0,947

Precipitação 0,602

Autovalor 3,128 0,724

Broken-stick 2,083 1,083

Figura 10. Análise de componentes principais com as variáveis climáticas disponibilizadas pelo INMET para três

pomares de citros, unidades amostrais de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas,

Brasil entre junho de 2013 e maio de 2015.

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Figura 11. Análise de componentes principais com variáveis fenológicas de plantas de citros de três pomares

localizados nos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil

entre junho de 2013 e maio de 2015.

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51

Tabela 8. Variáveis fenológicas, valores médios dos estágios de desenvolvimento vegetativo, observados no

período de abril de 2014 a abril de 2015, em pomares de citros dos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto

da Eva (UARP I e UARP II), no Amazonas, Brasil. Período de abril de 2014 a abril de 2015.

Local/Coleta V1 V2 V3 V4 V5 V6 V7

UAM 22,55+6,23 6,25+8,85 1,75+2,47 2,3+2,85 2,2+3,38 8,45+7,27 42,8+8

UAM 17,1+7,11 0,5+1,19 0,25+0,79 0,65+1,69 0,5+1,05 1,95+3,65 33,1+7,2

UAM 11,65+5,92 0,9+1,48 0,55+0,94 1+1,62 1,25+1,68 5,5+4,93 28,85+4,91

UAM 8,95+4,84 0,35+1,18 0,45+0,89 0,25+0,55 0,55+1,05 2,85+2,18 28,4+8,15

UAM 9,7+4,87 34,85+22,24 7,2+5,59 0,25+0,91 0,2+0,52 1,5+2,54 27,95+10,73

UAM 11,15+6,89 0,65+1,69 0,65+1,63 3,2+6,03 2,5+3,78 1,8+2,31 28,6+10,48

UAM 9,5+1,93 0,7+1,95 0,35+0,81 0,9+1,71 2,1+3,06 16,35+13,02 30,55+3,58

UAM 4,95+3,75 0,5+1,36 0,15+0,49 0,05+0,22 0,15+0,67 0,8+2,69 35+4,68

UAM 6,05+4,01 0,45+1,28 0,5+0,83 0,95+1,61 0,5+1,15 1,15+2,03 31,8+6,8

UAM 6,95+4,26 2,3+4,9 1,4+2,35 0,35+0,67 0,25+0,64 0,8+1,47 32,9+7,45

UAM 4,8+3,19 0,3+0,47 0,8+2,44 0,85+1,39 0,4+0,94 1,45+2,35 32,1+6,83

UAM 4+2,34 0,5+1,05 0,4+1,14 0,3+0,57 0,3+0,73 1,3+1,92 32,25+7,09

UAM 1,95+3,24 1,35+1,6 0,7+1,34 0,45+0,69 0,2+0,52 0,95+1,64 31,5+6,9

UARPI 21,95+7,09 0,55+0,76 1,2+1,47 2,1+3,28 3,2+3,24 4,85+6,75 42,6+9,25

UARPI 17,75+6,54 0,75+1,12 0,8+1,82 1,65+2,52 1,6+3,03 4,55+4,41 34,25+5,39

UARPI 10,35+6,36 0,85+1,76 0,9+1,59 1,9+1,92 2,65+3,45 5,55+5,49 33,9+6,94

UARPI 15,15+4,28 0,05+0,22 0,1+0,45 0,3+0,57 0,6+1,14 4,55+4,54 27+4,86

UARPI 12,7+4,01 1,05+1,96 0,35+0,81 0,2+0,62 0,05+0,22 0,4+0,88 28+3,67

UARPI 7,35+5,84 36,85+32,53 2,7+3,92 0,4+0,75 0,95+1,43 2,85+3,79 34,35+5,5

UARPI 10,25+3,82 0,05+0,22 0,2+0,52 0,35+0,93 0,9+1,52 14,9+11,07 37,1+6,09

UARPI 5,65+3,63 0,3+0,57 0,1+0,31 0,2+0,52 0,25+0,55 0,05+0,22 30,8+5,4

UARPI 3,3+3,36 0,15+0,49 0,1+0,45 0+0 0,05+0,22 0,45+1,15 32,4+7,31

UARPI 5,55+3,53 0,75+1,41 0,35+0,81 0,15+0,49 0,05+0,22 0,6+0,99 32,05+6,61

UARPI 6,65+5,68 0,75+1,62 1,9+2,79 5+5,65 3,85+4 7,55+7,82 32,25+7,39

UARPI 3,55+3,02 0,2+0,52 0,3+0,8 0,3+1,13 0,45+1,1 0,65+1,42 31,8+6,78

UARPI 3,25+3,64 0,7+1,42 0,45+0,89 0,6+1,43 0,5+1,24 0,55+1,05 32,85+7,26

UARPII 15+10,94 0,85+1,15 1,15+1,35 1,15+1,63 1,35+2 1,6+2 42,55+12,94

UARPII 10,3+6,08 5,55+6,46 3,95+2,89 6+4,75 3,55+4,21 4,7+4,08 34,6+5,44

UARPII 12,25+5,95 0,55+1,15 0,5+1,05 1,25+1,97 1,65+2,92 5,25+4,33 32,55+3,97

UARPII 10,1+6,27 2,85+5,64 0,9+2,1 0,9+1,45 2,05+2,65 5,6+7,84 28,95+3,8

UARPII 5,35+4,59 0,8+1,67 1,35+1,73 1,35+2,13 1,65+2,58 1,7+3,29 30,35+4,25

UARPII 8+6,12 4,65+8,07 2,1+3,97 0,9+1,65 0,95+1,23 1,5+2,35 26,55+9,99

UARPII 7,55+5,56 0,15+0,67 0+0 1,4+3,70 2,2+3,78 6,65+6,82 34,3+7,09

UARPII 2,2+3 2,7+4,67 2,55+5,09 0,95+1,36 0,05+0,22 0,15+0,37 24,8+9,56

UARPII 1,85+2,54 0,65+1,9 0,3+0,73 0,65+1,46 0,7+1,53 1,95+2,11 31,95+6,91

UARPII 2,15+2,83 1,3+3,81 1,1+2,45 0,8+1,74 0,35+1,14 0,7+2,25 32,25+7,39

UARPII 2,95+3,41 1,3+3,36 0,65+1,42 1,3+2,9 1,1+1,8 3,9+5,29 32,75+7,22

UARPII 1,15+2,11 1,35+5,11 0,9+2,27 0,4+1,1 0,25+0,79 1,1+2,2 32,85+7,26

UARPII 0,65+1,9 2,05+4,91 1,2+2,04 1,45+2,39 0,7+1,53 2,45+3,98 32,15+7,35

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52

Figura 12. Análise de coordenadas principais (PCoA) para a composição de cigarrinhas coletadas no período de

junho de 2013 a maio de 2015 em três pomares de cítricos localizados nos municípios de Manacapuru (UAM) e

Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil.

Tabela 9. Índice de similaridade de espécies de cigarrinhas coletadas com armadilhas adesivas e rede de varredura,

em pomares de citros dos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II), no

Amazonas, Brasil. Período de junho de 2013 a maio de 2015.

Locais/Pomares Similaridade (%)

UAM x UARP I 81,25

UAM x UARP II 70,97

UARP I x UARP II 81,48

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53

Figura 13. Análise de redundância parcial (RDA parcial) dos conjuntos de variáveis (climáticas ou fenológicas)

explicando a diferença na composição de espécies de cigarrinhas coletadas no período de junho de 2013 a maio de

2015 em três pomares de cítricos localizados nos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I

e UARP II), Amazonas, Brasil.

4. DISCUSSÃO

A composição de Cicadellinae nos pomares citrícos do Amazonas foi bastante diferente

da encontrada em pomares cítricos de outras regiões do Brasil. Apenas Hortensia similis,

Catagonalia conjunctula, Diedrocephala variegata, Plesiommata corniculata, Acrogonia

virescens e Oncometopia clarior foram observadas em outros levantamentos (Yamamoto e

Gravena 2000; Nunes et al. 2007; Menegatti et al. 2008; Miranda et al. 2009b; Giustolin et al.

2009; Fabrin et al. 2014).

A composição de espécies encontrada no presente estudo foi semelhante ao observado

por Senra et al. (2006), em um levantamento realizado no período de agosto de 2004 a julho de

2005 em um pomar cítrico comercial, no município de Manaus. As espécies A. virescens,

Dilobopterus exaltatus, Erythrogonia sexguttata, H. similis, Macugonalia moesta, P.

corniculata e Rhaphirrhinus phosphoreus também foram coletadas no referido estudo, além de

espécies não identificadas de Coronigoniella sp., Dasmeusa sp., Homalodisca sp. e

Oncometopia sp.

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As três espécies de Cicadellini que foram registradas pela primeira vez para o Brasil, no

presente trabalho, já haviam sido registradas para outros países da América do Sul.

Dilobopterus croceus e Macugonalia umbrosa estavam restritos apenas a Colômbia, e

Dilobopterus manni registrada apenas para Bolívia e Peru (Young 1977).

As espécies de cigarrinhas classificadas como predominantes no presente estudo não

foram relatadas como predominante em outros pomares cítricos no Brasil. Então, Cardioscarta

quadrifasciata, Catagonalia sp. nov., Dilobopterus exaltatus, Dilobopterus manni,

Erythrogonia sexguttata, Microgoniella sp.1, Cicadellini sp.1 e sp.2 (Tribo Cicadellini) e,

Oncometipia clarior e Oncometopia sp.1 (Tribo Proconiini) são relatadas como espécies que

podem vir a serem importantes na disseminação da CVC, caso a doença se espalhe em pomares

cítricos do Amazonas. Uma vez que qualquer espécie de Cicadellinae, caso entre em contato

com a bactéria, pode vir a se tornar uma espécie transmissora da doença, já que a aquisição da

bactéria ocorre durante a alimentação da cigarrinha nos vasos do xilema da planta infectada

(Miranda et al. 2009a).

Por outro lado, Lopes (1999) afirma que a maioria das espécies de cigarrinhas

apresentam eficiência inferior a 15% na transmissão da bactéria, uma vez que a maioria das

espécies de cigarrinhas ocorrem em baixa abundância nos pomares cítricos e por isso nem todas

as espécies em que seus indivíduos entrem em contato com a bactéria se tornariam um vetor

preocupante. Porém, em pomares cítricos em que determinada espécie de cigarrinha ocorre em

alta abundância são potencial ameaça de disseminação da doença. Com relação às espécies já

conhecidas pela ciência como comprovadamente vetores da bactéria X. fastidiosa em pomares

cítricos no Brasil, apenas A. virescens e P. corniculata foram registradas neste estudo.

Acrogonia virescens, por exemplo, possui geralmente baixa densidade populacional em

pomares de citros em outras regiões do Brasil, como em São Paulo (Giustolin et al. 2009;

Yamamoto et al. 2002). Por isso, essa espécie não costuma representar risco para a

disseminação da doença CVC nessa região. Porém, neste estudo, apesar de A. virescens não ter

sido considerada predominante em nenhum dos pomares estudados, ela foi dominante no pomar

de Manacapuru (UAM) e em um pomar de Rio Preto da Eva (UARP II), além de constante,

frequente e acessória nos três pomares estudados, o que a faz assumir um papel de risco como

potencial vetor de X. fastidiosa, caso a doença se espalhe pelos pomares do polo citrícola do

Amazonas.

Plesiommata corniculata é considerada predominante e constante na vegetação invasora

de pomares cítricos de São Paulo (Yamamoto e Gravena 2000). Neste estudo, essa espécie foi

considerada não dominante, porém constante, frequente e acessória nas coletas de rede de

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varredura na vegetação das entrelinhas dos pomares. A baixa abundância dessa espécie pode

estar associada ao uso de herbicidas no controle das plantas herbáceas que se instalam nas

entrelinhas e entre plantas dos pomares estudados, prática muito comum entre os produtores de

citros da região Amazônica. E, ainda, segundo Gravena et al. (1997), P. corniculata é mais

facilmente encontrada em gramíneas, raramente ocorrendo nas plantas cítricas da região

estudada.

Sabe-se que a vegetação herbácea nas entrelinhas ou áreas adjacentes aos pomares é de

grande relevância por servirem como hospedeiro alternativo para algumas espécies de

cigarrinhas, provendo alimento e, até mesmo, refúgio para a reprodução (Paiva et al. 1996).

Provavelmente, o uso constante de herbicidas tenha influenciado na abundância das espécies

que colonizam essa vegetação. Tanto que o pomar UARP II, onde houve apenas uma aplicação

de herbicida durante o período das coletas, apresentou uma riqueza maior de espécies e

abundância em relação aos demais pomares, com relação às coletas feitas com a rede

entomológica de varredura.

A alta abundância de Oncometopia clarior no pomar UARP II pode estar associada à

presença de muitos arbustos de Lantana camara e Lantana sp. (Verbenaceae), uma planta

arbustiva considerada invasora. A L. camara já foi relatada como hospedeira alternativa

importante para o gênero Oncometopia (Matienzo et al. 2003; Milanez et al. 2003). Segundo

Pérez León (2007), O. clarior demonstra capacidade de se alimentar de um amplo número de

hospedeiros vegetais, entre eles a própria Lantana camara.

A riqueza total da subfamília Cicadellinae (51 spp.) encontrada neste estudo foi, de

forma geral, superior a encontrada em levantamentos de espécies de cigarrinhas em pomares

cítricos de outras regiões do Brasil. Em São Paulo, Yamamoto e Gravena (2000) coletaram 22

espécies de Cicadellinae, enquanto que no Noroeste do Paraná, dez espécies foram coletadas

por Nunes et al. (2007). Menegatti et al. (2008) registraram 18 espécies em Santa Catarina e

Miranda et al. (2009b) 11 espécies no litoral norte da Bahia. Giustolin et al. (2009) estudando

áreas com plantio de citros, café e fragmentos de floresta nativa em São Paulo registraram 26

espécies de Cicadellinae. E, Fabrin et al. (2014) coletaram 28 espécies de cigarrinhas potenciais

vetoras de X. fastidiosa associadas à cultura de citros em dez cidades do Vale do Caí, Rio

Grande do Sul.

Em Manacapuru, a maior riqueza e diversidade de cigarrinhas coletadas com armadilhas

adesivas pode ter ocorrido devido ao sistema de policultivo existente no pomar estudado.

Apesar de que, geralmente, sistemas agrícolas em que duas ou mais culturas são plantadas

simultaneamente resulte na redução das populações de insetos pragas (Altieri et al. 2003), o

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mesmo padrão pode não ser observado com herbívoros generalistas (Bastos et al. 2003), como

as cigarrinhas. Cicadellidae, de modo geral, apresenta uma gama de plantas hospedeiras

alternativas muito diversificada. Teoricamente, é possível que as diferentes espécies de

cigarrinhas se desenvolvam em diferentes hospedeiros alternativos, havendo, posteriormente, a

migração da população adulta para as plantas cítricas (Milanez et al. 2002). Inclusive a

proximidade com a floresta, o que ocorre nos três pomares estudados, pode influenciar grandes

populações de insetos polífagos, oferecendo abrigo, recurso alimentar e, até mesmo, inimigos

naturais (Altieri et al. 2003).

A composição taxonômica de cigarrinhas também pode ter sido influenciada não só

pelas questões que envolvem o policultivo, uma vez que doze espécies de cigarrinhas ocorreram

somente no pomar de Manacapuru, enquanto cinco espécies foram exclusivas do pomar UARP

I e apenas uma espécie foi coletada somente no pomar UARP II, em Rio Preto da Eva, como

também pela floresta no entorno dos pomares. Talvez a complexidade dos ambientes, refletida

nas diferentes espécies vegetais da cultura, possa estar influenciando a comunidades de insetos

herbívoros, uma vez que a heterogeneidade da distribuição das espécies de plantas pode

influenciar a complexidade da comunidade de insetos herbívoros (Altieri et al. 2003).

A separação do pomar de Manacapuru dos de Rio Preto da Eva, quanto as variáveis

climáticas, deve-se a distância entre as áreas que é de cerca de 180 km. Então, os valores

maiores de temperatura máxima e mínima observados em Manacapuru e os maiores valores de

umidade relativa observados em Rio Preto da Eva, podem provavelmente, pode causar alguma

influência na composição das espécies desses pomares.

O fato de os três pomares estudados não diferirem quanto as variáveis fenológicas

observadas (estágio de desenvolvimento vegetativo) pode estar relacionado a própria condição

da brotação de citros na região norte do Brasil. O fluxo de brotações é intenso e contínuo durante

todo o ano nos pomares cítricos do Amazonas (Garcia et al. 2014), diferente do que ocorre nas

demais regiões do Brasil. E, ainda assim, tanto as variáveis fenológicas quanto as variáveis

climáticas contribuíram para a estruturação da comunidade de cigarrinhas nos pomares cítricos

estudado, porém outras variáveis não analisadas neste estudo, como provavelmente a cobertura

vegetal das entrelinhas, a proximidade com a vegetação do entorno, e, até mesmo, o próprio

sistema de cultivo podem ter colaborado para a estruturação da comunidade, uma vez que o

resíduo representou 64% da explicação na pRDA.

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5. CONCLUSÃO

O presente estudo contribuiu e ampliou o conhecimento a respeito da fauna de cigarrinhas

associadas a citricultura no Brasil, citando novos registros de ocorrência para o Brasil e uma

lista de espécies que podem vir a oferecer um risco de disseminação da doença CVC. Essas

espécies foram consideradas predominantes nos pomares cítricos estudados, ou seja, com altos

índices de abundância, frequência, constância e dominância.

Os pomares cítricos estudados diferiram entre si não só quanto a composição de espécies de

Cicadellinae quanto pelas variáveis climáticas analisadas. No entanto, quanto as variáveis

fenológicas os pomares foram muito semelhantes entre si, provavelmente, devido à ausência de

períodos de brotação bem definidos na região amazônica.

Foram fornecidas informações importantes a respeito da influência exercida tanto pelas

variáveis climáticas quanto pelas variáveis fenológicas analisadas sobre a comunidade de

cigarrinhas nos pomares estudados. Essas variáveis tiveram participação na estruturação da

comunidade de Cicadellinae.

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CAPÍTULO 2

___________________________________________________________________________

Feitosa, M.C.B.; Ronchi-Teles, B.; Takiya, D.; Querino,

R.B.; Dias-Silva, K.; Lopes, J.R.S. 2016. Flutuação

populacional de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae:

Cicadellinae) predominantes em pomares cítricos no

Amazonas, Brasil. Segundo as normas da Acta Amazonica.

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Flutuação populacional de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae:

Cicadellinae) predominantes em pomares cítricos no Amazonas, Brasil

Malu Christine Barbosa FEITOSA1, Beatriz RONCHI-TELES1, Daniela Maeda TAKIYA2,

Ranyse Barbosa QUERINO3, Karina DIAS-SILVA4, João Roberto Spotti LOPES5.

1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Coordenação de Biodiversidade, Programa de

Pós-Graduação em Entomologia, Manaus, AM, Brasil

2Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

3Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI, Brasil

4Universidade Federal do Pará, Altamira, PA, Brasil

5 Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba,

SP, Brasil

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RESUMO

A flutuação populacional de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae)

predominantes em pomares cítricos no Amazonas foi estudada com o objetivo de analisar

influência das variáveis climáticas sobre a dinâmica populacional das cigarrinhas. Foram

selecionados três pomares cítricos, em dois municípios no Amazonas, onde ocorreram coletas

mensais com armadilhas adesivas amarelas e rede de varredura, no período de junho de 2013 a

maio de 2015. Dez espécies, Cardioscarta quadrifasciata (L.), Catagonalia sp. nov.,

Dilobopterus exaltatus (Fabricius), Dilobopterus manni Young, Erythrogonia sexguttata

(Fabricius), Microgoniella sp. 1, Cicadellini sp. 1, Cicadellini sp. 2, Oncometopia clarior

(Walker) e Oncometopia sp. 1 foram predominantes nos pomares cítricos estudados, portanto,

são importantes como potenciais vetores de Xylella fastidiosa Wells, caso a doença CVC

(clorose variegada dos citros) se espalhe pelos pomares do Amazonas. A maioria das espécies

manteve sua população constante durante todo o período observado. As variáveis climáticas,

temperatura máxima e precipitação, influenciaram a dinâmica de Cardioscarta quadrifasciata,

Dilobopterus exaltatus e Microgoniella sp.1 no pomar de Manacapuru, e de Oncometopia sp.1

em um pomar de Rio Preto da Eva.

Palavras-chave: Dinâmica populacional, espécies predominantes, citricultura, insetos

vetores.

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a citricultura brasileira tem sofrido bastante com o aumento

significativo dos problemas fitossanitários. Além dos insetos que causam danos diretos,

destacam-se também os insetos que estão associados à transmissão de fitopatógenos como, por

exemplo, as cigarrinhas que transmitem a bactéria Xylella fastidiosa Wells, agente causal da

CVC (clorose variegada dos citros) (Parra et al. 2008).

As cigarrinhas da subfamília Cicadellinae (Hemiptera: Cicadellidae), por se

alimentarem exclusivamente dos vasos do xilema das plantas, tem grande importância como

vetores de X. fastidiosa (Tipping et al. 2004). Dentro de Cicadellinae, existem registros de

espécies de cigarrinhas associadas a doença CVC nas duas tribos, Cicadellini e Proconiini.

Cicadellini está registrada em todas as regiões zoogeográficas, com um elevado número de

espécies e Proconiini ocorre no Novo Mundo com grande diversidade de gêneros Neotropicais

(Young 1968; Nielson 1985).

Devido à importância econômica das cigarrinhas dos citros, é relevante estudar a

flutuação populacional das espécies predominantes nos pomares, pois, esse estudo propicia a

obtenção de dados referentes as épocas e picos de aparecimento de determinada população de

insetos, sendo fundamentais para o desenvolvimento apropriado de técnicas de manejo das

populações de pragas agrícolas (Silveira Neto et al. 1976).

Vários estudos de flutuação populacional de cigarrinhas em pomares cítricos de outras

regiões do Brasil associam a dinâmica das populações de cigarrinhas com as estações do ano e

as condições climáticas decorrentes, havendo crescimento populacional nas estações mais

quentes do ano, primavera e verão, e declínio nas estações mais frias, outono e inverno

(Yamamoto et al. 2002; Santos et al. 2005; Ott e Carvalho 2006; Nunes et al. 2007; Molina et

al. 2010). Ott e Carvalho (2006) também relaciona esse padrão de flutuação ao clima quente e

seco registrado nas estações de primavera e verão.

Apesar do conhecimento a respeito da flutuação populacional de cigarrinhas em outras

regiões brasileiras, o mesmo pode não ser aplicado para as espécies predominantes nos pomares

cítricos do Amazonas, devido as peculiaridades climáticas típicas da região. As condições

climáticas da região amazônica não apresentam as estações do ano bem definidas, havendo

apenas dois períodos distintos, seco e chuvoso (Fisch et al. 1998).

Diante disso, este estudo teve como objetivo analisar a flutuação populacional das

espécies de cigarrinhas predominantes nos pomares de citros do estado do Amazonas e verificar

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a influência das variáveis climáticas sobre a flutuação populacional das cigarrinhas

predominantes nos pomares estudados.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. ÁREAS DE ESTUDO

O estudo foi conduzido em três pomares de Citrus sinensis (L.) Osbeck (Rutaceae)

situados em dois municípios do estado do Amazonas: Manacapuru e Rio Preto da Eva (Figura

1). Estes municípios estão distantes entre si por cerca de 180 km e foram selecionados por serem

responsáveis pela maior produção de citros do Amazonas. Os dois pomares localizados no

município de Rio Preto da Eva estão distantes entre si por 7 km.

Figura 1. Localização dos pomares de citros onde foram realizadas as coleta de cigarrinhas (Hemiptera:

Cicadellidae: Cicadellinae) nos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II),

Amazonas, Brasil.

A Amazônia situa-se na região equatorial e possui um clima quente e úmido, não

apresenta as estações do ano bem estabelecidas. O clima é caracterizado por temperaturas

elevadas com pouca variação ao longo do ano, tendo uma amplitude térmica sazonal da ordem

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67

de 1-2oC, onde os valores médios situam-se entre 24 e 26oC. Apresenta alta precipitação, com

um período de chuvas, com forte atividade convectiva, que compreende os meses de novembro

a março e um período de seca, sem grande atividade convectiva, entre os meses de maio e

setembro (Fisch et al. 1998).

Os pomares foram caracterizados quanto ao tipo de cultura, entorno, tratos culturais

adotados e uso de agrotóxicos utilizados no período em que ocorreram as coletas (Tabela 1).

As plantas dos pomares estudados se encontravam entre 4 a 15 anos. Nos três pomares, durante

o período de coleta, algumas plantas foram substituídas por mudas novas. Nenhum dos pomares

em que o estudo foi conduzido apresentava sintomas da doença CVC.

Tabela 1. Localização e caracterização dos pomares de citros onde ocorreram coletas de cigarrinhas, com

armadilhas adesivas e rede de varredura, nos municípios de Manacapuru e Rio Preto da Eva, Amazonas, Brasil.

Local/ Coordenadas

Tipo de

cultura Entorno da cultura

Tratos

culturais

Uso de

agrotóxicos Pomar

UAM 3o18'01.8''S/60o 29'05.3''W Policultura Floresta e plantios

vizinhos

Poda e

Roçagem Herbicidas

UARP I 2o40'04.4''S/59o39'28.0''W Monocultura

Circundado por

floresta e faixa ampla

de rodovia a frente

Herbicidas

e

Inseticidas

Poda,

roçagem e

adubação

UARP II 2o42'14.3''S/59o42'54.3''W Monocultura

Floresta, lagos

artificiais e faixa

estreita de rodovia a

frente

Adubação

Herbicidas

e

Inseticidas

Para as análises dos dados foram consideradas três unidades amostrais, uma em

Manacapuru (UAM) e duas em Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II). A UAM compreendeu

o Sítio Nossa Senhora de Nazareth, uma área de policultivo com aproximadamente duas mil

plantas de citros e outras culturas, como mamão, cupuaçu, acerola, maxixe, pepino e tomate.

Esse pomar de citros se caracteriza por ser uma área com pouco uso de agrotóxicos. No período

em que as coletas foram realizadas, foram utilizados herbicidas apenas duas vezes e poucos

episódios de poda e roçagem.

Em Rio Preto da Eva, a UARP I corresponde ao Sítio Santa Terezinha e a UARP II a

fazenda Aprisco Passárgada, ambos possuíam monocultivo de citros. O UARP I, compreende

uma área com mais tratos culturais, periodicamente ocorriam podas, roçagens, adubações com

calcário, além de aplicação de agrotóxicos. Já o pomar UARP II se caracteriza por ser uma área

com poucos tratos culturais, não ocorrendo podas e nem roçagens durante as coletas. Apenas

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68

adubação com calcário foi aplicada e uma aplicação de inseticida e herbicida foi observada no

mês de janeiro de 2014. Cerca de 1/3 do pomar se encontrava tomado por plantas invasoras de

altura elevada, atingindo cerca de 1,60 m. Além disso, nas entre plantas do pomar foram

observados muitos arbustos de Lantana câmara L. e Lantana sp. (Verbenaceae).

2.2. AMOSTRAGEM DAS CIGARRINHAS

Para a amostragem de cigarrinhas nos pomares foram utilizados dois métodos de coleta:

as armadilhas adesivas atrativas “amarelas” nas plantas de citros e a amostragem com rede de

varredura na vegetação rasteira das entrelinhas do pomar. Este método de coleta foi

complementar a coleta com armadilhas adesivas, pois contempla a fauna de cigarrinhas que

vive na vegetação rasteira e que podem vir a se alimentar em citros, em algum momento. Assim,

sendo possíveis transmissoras de patógenos para a planta de citros.

Em cada pomar foram instaladas 20 armadilhas adesivas amarelas (24,5 cm x 10 cm,

Biocontrole®), com espaçamento de 50 m x 50 m entre as armadilhas (Figura 2). As armadilhas

foram instaladas a uma altura de 1,5 a 1,8m, na face norte das plantas (Figura 3A), permaneciam

ativas durante um mês e, então, eram substituídas por uma nova. A amostragem compreendeu

um período de 24 meses, ocorrendo de junho de 2013 a maio de 2015.

Para as amostragens mensais de cigarrinhas na vegetação rasteira das entrelinhas dos

pomares, foi utilizado uma rede entomológica de varredura (Figura 3B). Durante cada coleta

mensal, foram selecionados quatro pontos arbitrários dentro de cada pomar. Em cada ponto

foram realizadas 30 batidas na vegetação rasteira com a rede de varredura, compondo uma

amostra. As coletas também ocorreram por um período de 24 meses, de junho de 2013 a maio

de 2015.

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Figura 2. Disposição das armadilhas adesivas nos pomares cítricos localizados nas unidades amostrais de (A)

Manacapuru (UAM) e (B e C) Rio Preto da Eva (UARP I e UARP II.), Amazonas, Brasil. Imagens modificadas

do Google EarthTM .

Figura 3. (A) Cartão adesivo amarelo instalado na planta de citros; (B) Coleta de cigarrinhas com rede

entomológica de varredura. Fotos: Malu Feitosa.

A B

C A B

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70

2.3. TRIAGEM E IDENTIFICAÇÃO DAS CIGARRINHAS

Após a retirada mensal das armadilhas adesivas do pomar, estas foram transportadas

para o Laboratório de Entomologia Agrícola do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

(INPA). Após triagem inicial, sob microscópio estereoscópico, as cigarrinhas (Cicadellidae:

Cicadellinae) foram descoladas da armadilha adesiva com auxílio de solvente (querosene), para

a retirada do excesso de cola entomológica, lavadas em água e acondicionadas em microtubos

contendo álcool a 70%.

O conteúdo das amostras das coletas com rede de varredura também foi triado com o

auxílio de microscópio estereoscópico e as cigarrinhas foram devidamente acondicionadas em

microtubos contendo álcool a 70%.

As cigarrinhas coletadas foram separadas inicialmente em morfótipo por meio das

características morfológicas externas e, posteriormente, dissecou-se a genitália de um indivíduo

macho de cada morfótipo para realizar a identificação em nível de espécie, utilizando Young

(1968; 1977). Também foi realizada consulta ao acervo das espécies de cigarrinhas depositadas

na Coleção de Invertebrados do INPA, para comparação de alguns morfótipos, porém alguns

não foram possíveis de serem identificados em nível de espécies, por terem sido coletadas

apenas fêmeas ou por serem espécies ainda não descritas. Foi montada uma coleção de

referência das espécies identificadas, que foi incorporada ao acervo da Coleção de

Invertebrados do INPA.

2.4. CIGARRINHAS PREDOMINANTES ANALISADAS

Para a flutuação populacional foram consideradas as cigarrinhas predominantes nos

pomares estudados, classificadas no Capítulo 1, dispostas na Tabela 2. A determinação das

espécies predominantes, ou seja, aquelas que apresentam maiores índices faunísticos nos

pomares cítricos estudados, foi resultante da análise faunística realizada pelo programa AnaFau

(Moraes et al. 2003).

Além das cigarrinhas predominantes, a espécie Acrogonia virescens também foi

incluída no estudo de flutuação populacional nos três pomares estudados, pois foi considerada

dominante em dois pomares (UAM e UARP II), e foi tida como constante, frequente e acessória

nos três pomares estudados, assumindo assim um papel importante como potencial vetor de X.

fastidiosa, caso a doença se espalhe pelos pomares do polo citrícola do Amazonas.

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Tabela 2. Cigarrinhas predominantes nos pomares citricos nos municípios de Manacapuru (UAM) e Rio Preto da

Eva (UARP I e UARP II), Amazonas, Brasil.

Pomar Cigarrinhas predominantes Abundância

UAM Cardioscarta quadrifasciata (L.) 43

Catagonalia sp. nov. 48

Dilobopterus exaltatus (Fabricius) 135

Dilobopterus manni Young 62

Erythrogonia sexguttata (Fabricius) 101

Microgoniella sp.1 87

Cicadellini sp.1 133

Cicadellini sp.2 50

UARP I Cicadellini sp.1 713

Oncometopia clarior (Walker) 31

Oncometopia sp.1 58

UARP II Cicadellini sp.1 1.328

Oncometopia clarior (Walker) 1.860

2.5. VARIÁVEIS CLIMÁTICAS

Para verificar a influência das variáveis climáticas sobre a flutuação populacional de

cigarrinhas predominantes foram utilizadas as médias mensais de temperatura máxima (oC) e

de temperatura mínima (oC), o percentual mensal da umidade relativa (%) e a precipitação

acumulada mensal (mm) fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia – INMET (Figuras

4 e 5).

Os dados referentes a UAM são provenientes da Estação Manacapuru-A119 (-

3.294638ºS/-60.628402ºW) e os referentes a UARP I e UARP II são provenientes de uma única

estação no município de Rio Preto da Eva, a Estação Rio Urubu-A125 (-2.633654ºS/-

59.600582ºW).

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Figura 4. Variáveis climáticas da Estação Manacapuru-A119, fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia

– INMET, referentes ao período de junho de 2013 a maio de 2015. Média das temperaturas máximas (oC), média

das temperaturas mínimas (oC), umidade relativa (%) e precipitação (mm).

Figura 5. Variáveis climáticas da Estação Rio Urubu-A125 em Rio Preto da Eva, fornecidos pelo Instituto Nacional

de Meteorologia – INMET, referentes ao período de junho de 2013 a maio de 2015. Média das temperaturas

máximas (oC), média das temperaturas mínimas (oC), umidade relativa (%) e precipitação (mm).

2.6. ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os dados referentes às coletas com armadilhas adesivas foram agrupados com os dados

de coleta com rede de varredura para as análises, uma vez que as duas metodologias são

complementares para se obter um perfil da fauna de cigarrinhas nos pomares estudados.

0

100

200

300

400

500

600

23

24

25

26

27

28

29

30

jun

jul

ago

set

out

nov

dez jan

fev

mar

abr

mai

jun

jul

ago

set

out

nov

dez jan

fev

mar

abr

mai

2013 2014 2015

Um

idad

e re

lati

va

% e

Pre

cip

itaç

ão m

m

Tem

per

atu

ras

máx

ima

e m

ínim

a oC

Meses de coleta

Umidade Relativa Precipitação

Temperatura Máxima Temperatura Mínima

0

100

200

300

400

500

600

23

24

25

26

27

28

jun

jul

ago

set

out

nov

dez jan

fev

mar

abr

mai

jun

jul

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set

out

nov

dez jan

fev

mar

abr

mai

2013 2014 2015

Um

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lati

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pre

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m

Tem

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a oC

Meses de coleta

Umidade Relativa Precipitação

Temperatura Máxima Temperatura Mínima

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Para verificar a influência das variáveis climáticas estudadas sobre a flutuação

populacional das cigarrinhas predominantes nos pomares de citros do estado do Amazonas,

foram realizadas regressões múltiplas.

Foi realizada uma correlação de Pearson para as variáveis climáticas que estavam

altamente correlacionadas, retirando-as das regressões múltiplas para evitar que os resultados

fossem influenciados pela correlação das variáveis.

As regressões múltiplas foram realizadas no programa estatístico R (R Development

Core Team 2013), com o pacote Stats e função lm (Oksanen et al. 2012).

3. RESULTADOS

A maioria das espécies predominantes mantiveram suas populações constantes durante

todo o período observado. Mesmo com abundância não ultrapassando a marca de 30 indíviduos

ao mês, essas espécies foram consideradas predominantes devido aos demais índices faunísticos

analisados no Capítulo 1.

No pomar de Manacapuru, UAM, a espécie Cardioscarta quadrifasciata (L.) se

manteve constante durante o período de coleta, porém apresentou um pico populacional em

abril de 2015. A espécie Catagonalia sp. nov. foi mais abundante no período de junho de 2013

a julho de 2014 e neste período apresentou dois picos, no mês de julho de 2013 e 2014.

Dilobopterus exaltatus (Fabricius) foi mais abundante no período de julho a outubro de 2013,

Dilobopterus manni Young foi um pouco mais abundante nos meses de maio a julho e setembro

de 2014. Já, a abundância de Erythrogonia sexgutatta (Fabricius) flutuou entre os meses de

junho a dezembro de 2013, voltando a ter um pico em outubro de 2014. Microgoniella sp.1 foi

mais abundante no período de junho, julho, setembro e outubro de 2013. Cicadellini sp.1 teve

um pico populacional nos meses de maio a julho de 2014, com dois declínios populacionais

coincidindo com o período de seca, novembro a março. Cicadellini sp.2 também foi mais

abundante no final de 2013, entre junho e outubro. E, Acrogonia virescens (Metcalf), apesar de

dominante nesse pomar, manteve uma população baixa, porém, com pequenos picos em maio

de 2014 e abril de 2015 (Figura 6).

No pomar UARP I, em Rio Preto da Eva, enquanto Cicadellini sp.1 ultrapassou a marca

de 100 indíviduos nos meses de julho e agosto de 2013, Oncometopia clarior (Walker) e

Oncometopia sp.1 tiveram picos bem menos abundante, com 10 indivíduos em outubro de 2013

e 15 indivíduos em novembro de 2013, respectivamente. A. virescens ocorreu apenas nesse

período inicial das coletas, referente ao segundo semestre de 2013 (Figura 7). No pomar UARP

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74

II, também em Rio Preto da Eva, Cicadellini sp.1 ultrapassou a marca de 200 indivíduos em

junho e novembro de 2013 e em janeiro de 2014. O. clarior foi mais abundante no período de

novembro a dezembro de 2013, contabilizou mais de 200 indivíduos em janeiro de 2014, depois

se manteve constante durante o ano de 2014, ultrapassando mais uma vez a marca de 200

indivíduos em janeiro de 2015 e chegando a 300 indivíduos em março de 2015. A espécie A.

virescens foi pouco abundante, porém frequente durante o período de coleta. Tanto O. clarior

quanto Cicadellini sp.1 tiveram um declínio populacional no mês de fevereiro de 2014 (Figura

8).

De acordo com a correlação de Pearson as variáveis climáticas que estavam altamente

correlacionadas, acima de 0,90, foram retiradas das regressões múltiplas para evitar que os

resultados fossem influenciados pela correlação das variáveis, sendo somente utilizadas as

variáveis temperatura máxima e precipitação, que apresentaram maior sentido biológico para o

grupo estudado (Tabela 3).

As variáveis temperatura máxima e precipitação apresentaram relação sobre a

abundância de C. quadrifasciata, D. exaltatus e Microgoniella sp.1, em UAM (Tabela 4), e

sobre Oncometopia sp.1, no pomar UARP I (Tabela 5).

A temperatura máxima apresentou uma relação positiva com a abundância das espécies

citadas, ou seja, quanto maiores os valores de temperatura máxima, maiores foram os valores

de abundância dessas cigarrinhas. Já a precipitação apresentou influência negativa na

abundância, quanto maiores os valores de precipitação menores foram os valores de abundância

de espécies de cigarrinhas citadas. No pomar UARP II nenhuma espécie predominante

apresentou relação com as variáveis climáticas analisadas (Tabela 6).

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Figura 6. Flutuação populacional das cigarrinhas predominantes (Cardioscarta quadrifasciata, Catagonalia sp. nov., Dilobopterus

exaltatus, Dilobopterus manni, Erythrogonia sexguttata, Microgoniella sp.1, Cicadellini sp.1, Cicadellini sp.2 e Acrogonia

virescens) em pomares de citros do município Manacapuru (UAM), Amazonas, Brasil, entre junho de 2013 a maio de 2015.

0

5

10

15

20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

a

Meses de coleta

Cardioscarta quadrifasciata

0

5

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15

20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

a

Meses de coleta

Catagonalia sp.nov.

0

5

10

15

20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

a

Meses de coleta

Dilobopterus exaltatus

0

5

10

15

20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015A

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a

Meses de coleta

Dilobopterus manni

0

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20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

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a

Meses de coleta

Erythrogonia sexguttata

0

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15

20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

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Meses de coleta

Microgoniella sp.1

05

1015202530

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

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Meses de coleta

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jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

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Meses de coleta

Cicadellini sp.2

0

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20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

a

Meses de coleta

Acrogonia virescens

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Figura 7. Flutuação populacional das cigarrinhas predominantes (Cicadellini sp.1, Oncometopia clarior, Oncometopia sp.1 e

Acrogonia virescens) em pomares de citros do município Rio Preto da Eva (UARP I), Amazonas, Brasil, entre junho de 2013 a maio

de 2015.

Figura 8. Flutuação populacional das cigarrinhas predominantes (Cicadellini sp.1, Oncometopia clarior e Acrogonia virescens) em

pomares de citros do município Rio Preto da Eva (UARP II), Amazonas, Brasil, entre junho de 2013 a maio de 2015.

0

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100

150

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

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Meses de coleta

Cicadellini sp.1

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jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

a

Meses de coleta

Oncometopia clarior

0

5

10

15

20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

a

Meses de coleta

Oncometopia sp.1

0

5

10

15

20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

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Meses de coleta

Acrogonia virescens

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100

150

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250

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jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

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Meses de coleta

Cicadellini sp.1

0

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150

200

250

300

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

a

Meses de coleta

Oncometopia clarior

0

5

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15

20

jun ago out dez fev abr jun ago out dez fev abr

2013 2014 2015

Ab

und

anci

a

Meses de coleta

Acrogonia virescens

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77

Tabela 3. Valores de correlação de Pearson para as variáveis climáticas, nos municípios de Manacapuru e Rio

Preto da Eva, Amazonas, Brasil.

Temperatura Máxima Temperatura Mínima Umidade Relativa Precipitação

Temperatura Máxima 1,00

Temperatura Mínima 0,96 1,00

Umidade Relativa -0,90 -0,91 1,00

Precipitação -0,48 -0,41 0,44 1,00

Tabela 4. Regressões múltiplas avaliando o efeito de temperatura máxima e precipitação sobre a abundância das

espécies predominantes no pomar de Manacapuru, UAM, no Amazonas, Brasil. Valores em negrito representam

os modelos que foram significantes.

Beta Std.Err. B Std.Err. t p-level

Adjusted

R² p model

Cardioscarta quadrifasciata

Intercept 15,737 0,119 0,906 0,119 0,906 0,248 0,019

Temperatura Máxima -0,024 0,554 -0,099 0,922 -0,099 0,922

Precipitação 0,544 0,003 2,280 0,033 2,280 0,033

Catagonalia sp.nov.

Intercept 20,175 -1,131 0,271 -1,131 0,271 0,012 0,334

Temperatura Máxima 0,344 0,710 1,256 0,223 1,256 0,223

Precipitação 0,050 0,004 0,184 0,856 0,184 0,856

Dilobopterus exaltatus

Intercept 30,927 -0,398 0,695 -0,398 0,695 0,250 0,018

Temperatura Máxima 0,160 1,088 0,672 0,509 0,672 0,509

Precipitação -0,444 0,006 -1,860 0,077 -1,860 0,077

Dilobopterus manni

Intercept -23,647 27,586 -0,857 0,400

Temperatura Máxima 0,289 0,296 0,987 1,01 0,9771 0,339 -0,00003 0,384

Precipitação 0,007 0,296 -0,0001 0,004 -0,025 0,979

Erythrogonia sexguttata

Intercept -81,060 41,665 -1,945 0,065 0,089 0,143

Temperatura Máxima 0,542 0,263 3,020 1,466 2,060 0,052

Precipitação 0,379 0,263 0,011 0,008 1,441 0,164

Microgoniella sp.1

Intercept -29,255 31,997 -0,914 0,371 0,176 0,05

Temperatura Máxima 0,275 0,250 1,239 1,126 1,100 0,284

Precipitação -0,273 0,250 -0,006 0,006 -1,090 0,288

Cicadellini sp1

Intercept 3,289 59,533 0,055 0,956 -0,094 0,990

Temperatura Máxima 0,010 0,288 0,071 2,095 0,034 0,973

Precipitação 0,036 0,288 0,001 0,011 0,126 0,901

Cicadellini sp.2

Intercept -50,346 29,843 -1,687 0,106 0,106 0,118

Temperatura Máxima 0,468 0,260 1,885 1,050 1,795 0,087

Precipitação 0,063 0,260 0,001 0,005 0,242 0,811

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Tabela 5. Regressões múltiplas avaliando o efeito de temperatura máxima e precipitação sobre a abundância das

espécies predominantes no pomar de Rio Preto da Eva, UARP I, no Amazonas, Brasil. Valores em negrito

representam os modelos que foram significantes.

Beta Std.Err. B Std.Err. t p-level

Adjusted

R² p model

Cicadellini sp.1

Intercept 434,473 479,978 0,905 0,375 0,039 0,252

Temperatura Máxima -0,231 0,290 -14,129 17,722 -0,797 0,434 Precipitação -0,475 0,290 -0,155 0,095 -1,634 0,117

Oncometopia clarior

Intercept -25,489 26,693 -0,954 0,350 0,074 0,443

Temperatura Máxima 0,306 0,298 1,013 0,985 1,028 0,315 Precipitação 0,051 0,298 0,000 0,005 0,171 0,865

Oncometopia sp.1

Intercept -

80,3553 33,19239 -2,420 0,024

0,329 0,005

Temperatura Máxima 0,625 0,242 3,1549 1,22558 2,574 0,017 Precipitação 0,003 0,242 0,0001 0,00657 0,014 0,988

Tabela 6. Regressões múltiplas avaliando o efeito de temperatura máxima e precipitação sobre a abundância das

espécies predominantes no pomar de Rio Preto da Eva, UARP II, no Amazonas, Brasil. Valores em negrito

representam os modelos que foram significantes.

Beta Std.Err. B Std.Err. t p-level Adjusted

p model

Cicadellini sp.1

Intercept -

1641,30 1124,574 -1,459 0,159

0,049 0,225

Temperatura Máxima 0,444 0,289 63,85 41,523 1,537 0,139 Precipitação 0,129 0,289 0,10 0,223 0,448 0,658

Oncometopia clarior

Intercept -

588,176 1114,325 -0,527 0,603

0,82

Temperatura Máxima 0,181 0,307 24,313 41,145 0,590 0,560 Precipitação 0,177 0,307 0,127 0,221 0,576 0,570

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79

4. DISCUSSÃO

De acordo com estudos, a população de cigarrinhas em citros geralmente cresce após as

chuvas iniciais da primavera, atingindo picos no verão e outono e decrescendo

significativamente no inverno (Paiva et al. 1996; Garcia Júnior et al. 1997). No entanto, esse

padrão não se aplicou a este estudo, provavelmente, devido às condições climáticas peculiares

da região amazônica, onde as estações do ano não são bem definidas e o clima é caracterizado

por temperaturas elevadas com pouca variação ao longo do ano, além de alta precipitação (Fisch

et al. 1998).

Algumas espécies tiveram picos populacionais coincidindo com períodos de

temperaturas mais elevadas, como o observado em um pomar de Viçosa, Minas Gerais, por

Santos et al. (2005). Outras espécies não apresentaram relação entre sua flutuação com as

condições climáticas. Provavelmente, a dinâmica populacional de algumas dessas espécies

esteja relacionada a outros fatores não abordados no estudo, como a própria biologia e ecologia

da espécie ou até mesmo por condições dos pomares. No entanto, as espécies consideradas

predominantes nos pomares cítricos aqui estudados ainda não tiveram sua flutuação

populacional estudada em trabalhos anteriores, sendo essa a primeira vez que são citadas como

predominantes em pomares cítricos. Por isso, essas informações sobre a dinâmica dessas

populações ao longo das coletas correspondem a um resultado inicial a respeito de como essas

populações de cigarrinhas se comportam ao longo do tempo em pomares de citros em que são

predominantes.

O declínio populacional de O. clarior e Cicadellini sp.1 no mês de fevereiro de 2014,

no pomar UARP II, ocorreu, provavelmente, devido a aplicação de inseticida realizada no mês

anterior (janeiro). O mesmo foi observado por Molina et al. (2010) em pomares de citros no

nordeste do Paraná, onde foi constatada uma redução significativa no número de cigarrinhas no

ano de 2002, provavelmente devido a pulverização de inseticidas.

A influência exercida pela temperatura máxima sobre a abundância de Cardioscarta

quadrifasciata, Dilobopterus exaltatus, Microgoniella sp.1 e Oncometopia sp.1 corrobora os

trabalhos que associam os picos populacionais de cigarrinhas aos meses mais quentes e secos

do ano (Yamamoto et al. 2002; Santos et al. 2005; Ott e Carvalho 2006; Nunes et al. 2007;

Molina et al. 2010).

Müller (1979) relata que, para Cicadellidae de modo geral, variações tanto da

temperatura quanto do fotoperíodo causam alterações não só fisiológicas, mas também

morfológicas, como o desenvolvimento de ninfas, o tamanho e coloração dos adultos. Os

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resultados reafirmam que a flutuação populacional de cigarrinhas é influenciada por fatores

climáticos, inclusive passando por um declínio populacional de acordo com o aumento da

precipitação, conforme Paiva et al. (1996) e Garcia Júnior et al. (1997).

É importante observar que mesmo a maioria das espécies predominantes ocorrendo em

populações que não ultrapassam a marca de 30 indivíduos ao mês, suas populações foram

mantidas de modo constante durante todo o período observado. Isso demonstra que há um

equilíbrio populacional ocorrendo nos pomares estudados e provavelmente possa estar

relacionado a vegetação do entorno, áreas de florestas. Tendo em vista que a vegetação natural

circundante do pomar, quando bem conservada, influencia a biodiversidade de paisagem,

oferecendo abrigo e recursos para espécies herbívoras, além de inimigos naturais (Altieri et al.

2003).

Como as espécies predominantes analisadas não apresentaram padrão de flutuação

populacional semelhante entre elas, não se recomenda a adoção de medidas de manejo

considerando o conjunto de espécies predominantes. Caso a CVC venha a se disseminar e

causar prejuízo a citricultura do estado do Amazonas, é importante saber quais espécies estão

de fato sendo responsáveis pela transmissão da doença e verificar a flutuação dessa população

específica, para assim adotar técnicas de manejo adequadas a espécie de cigarrinha em questão.

5. CONCLUSÃO

O estudo de flutuação populacional corresponde a um resultado inicial a respeito de como essas

populações de cigarrinhas se comportam ao longo do tempo em pomares de citros em que são

predominantes, como a maioria das espécies manteve sua população constante durante todo o

período observado, segere-se que mais estudos de dinâmica populacional sejam feitos

envolvendo essas espécies.

O presente estudo confirma a influência exercida por variáveis climáticas, tais como

temperatura máxima e precipitação, na flutuação de determinadas populações de cigarrinhas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 3

______________________________________________________________________

Feitosa, M.C.B.; Querino, R.B.; Ronchi-Teles, B. 2016.

Estudo sobre parasitoides de ovos de Proconiini

(Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae) e associação

parasitoide-hospedeiro por meio da análise morfológica dos

brocossomos de ovos em pomares cítricos no Amazonas,

Brasil. Segundo as normas da Acta Amazonica.

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Estudo sobre parasitoides de ovos de Proconiini (Hemiptera: Cicadellidae:

Cicadellinae) e associação parasitoide-hospedeiro por meio da análise

morfológica dos brocossomos de ovos em pomares cítricos no Amazonas,

Brasil

Malu Christine Barbosa FEITOSA1, Ranyse Barbosa QUERINO2, Beatriz RONCHI-TELES1

1Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Coordenação de Biodiversidade, Programa de

Pós-Graduação em Entomologia, Manaus, AM, Brasil

2Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI, Brasil

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RESUMO

O parasitismo natural de ovos de cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae: Proconiini) foi estudado

em pomares cítricos no Amazonas, com o objetivo de identificar as espécies de parasitoides de

ovos que atuam no controle natural das populações de cigarrinhas, realizar a associação

parasitoide – hospedeiro por meio da análise morfológico dos brocossomos de ovos, determinar

a porcentagem de parasitismo natural e caracterizar morfologicamente as espécies de

parasitoides de ovos das cigarrinhas. Foram coletadas posturas de ovos de cigarrinhas em

pomares cítricos, em três municípios no Amazonas, dois pomares em Manacapuru, um pomar

em Manaus e dois pomares em Rio Preto da Eva. As coletas ocorreram no período de setembro

de 2013 a agosto de 2015. Foram incorporados ao estudo taxonômico os parasitoides de ovos,

provenientes de coletas nos mesmos locais citados acima, no período de 2004 a 2006, que se

encontravam disponíveis para estudo em laboratório. Para confirmar a associação parasitoide -

hospedeiro foram realizadas análises em microscopia eletrônica de varredura (MEV) dos

brocossomos de ovos, tanto das posturas parasitadas quanto das cigarrinhas fêmeas adultas

coletadas nos mesmos locais das posturas. Foram obtidos 1.800 parasitoides de ovos no período

de 2004 a 2006 e 903 parasitoides no período de setembro de 2013 a agosto de 2015. Os

parasitoides coletados pertenciam às famílias Mymaridae e Trichogrammatidae (Hymenoptera:

Chalcidoidea). Em Mymaridae foram identificadas três espécies, Cosmocomoidea atriclava

(Girault), Cosmocomoidea triguttata (Girault) e Cosmocomoidea uat (Triapitsyn). Já em

Trichogrammatidae, foram obtidas duas espécies novas, Burksiella sp. nov. 1 e Burksiella sp.

nov. 2. As cigarrinhas hospedeiras foram identificadas como Acrogonia virescens (Metcalf),

Oncometopia clarior (Walker) e Oncometopia sp. 1. Com relação a porcentagem de

parasitismo, Acrogonia virescens foi a espécie com maior porcentagem, com 98% dos ovos

parasitados.

Palavras-chave: Parasitismo natural, cigarrinhas, citros, controle biológico.

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1. INTRODUÇÃO

Cicadellidae corresponde a uma das maiores famílias de Hemiptera, onde são incluídas

mais de 50 subfamílias (Nielson 1985). Entre elas, a subfamília Cicadellinae se destaca por suas

cigarrinhas se alimentarem exclusivamente dos vasos do xilema das plantas, o que as torna

importantes na disseminação de doenças, como por exemplo, a clorose variegada dos citros –

CVC que é ocasionada pela bactéria Xylella fastidiosa Wells (Tipping et al. 2004).

Cicadellinae está dividida em duas tribos: Cicadellini e Proconiini. Enquanto Cicadellini

está registrada em todas as regiões zoogeográficas, com um elevado número de espécies,

Proconiini ocorre no Novo Mundo com grande diversidade de gêneros Neotropicais (Young

1968; Nielson 1985).

Uma característica peculiar de Cicadellidae é a produção de brocossomos, que pode

representar uma inovação importante no desenvolvimento e diversificação deste grupo (Rakitov

1999). Os brocossomos são corpos ultramicroscópicos reticulados produzidos nos túbulos de

Malpighi (Hix 2001), com uma composição química lipoprotéica (Mejdalani 2000; Hix 2001;

Rakitov 2002) e podem ser classificados em dois tipos funcionais: brocossomos de tegumento

e brocossomos de ovos. Os brocossomos de tegumento são esféricos e recobrem o corpo de

machos, fêmeas e ninfas de cigarrinhas. De acordo com Azevedo-Filho e Carvalho (2004), esses

brocossomos têm sua função associada à proteção contra o excesso de umidade e adesão do

“honeydew”, substância que é excretada pelas cigarrinhas.

Os brocossomos de ovos são produzidos apenas pelas fêmeas, tem formato mais

alongado e são depositados junto à metade apical das asas anteriores, em forma de massas

convexas, para após a oviposição, serem espalhados diretamente sobre os ovos, no caso de

posturas exofíticas, ou sobre a cicatriz causada na folha no ato da incisão dos ovos, no caso de

posturas endofíticas (Azevedo-Filho e Carvalho 2004). Apesar de as funções desses

brocossomos serem pouco conhecidas, alguns autores ressaltam a possibilidade de estarem

relacionadas com a proteção dos ovos, como proteção à desidratação, raios ultravioleta,

parasitoides, predadores e microorganismos, e poderia, até mesmo, funcionar como um

sinalizador para outras fêmeas de que determinada folha já apresenta postura (Hix 2001;

Rakitov 2002).

A diversidade morfológica de brocossomos de ovos são uma ferramenta útil para a

identificação de espécies de Proconiini associados a culturas de importância econômica

(Azevedo-Filho e Carvalho 2005; Azevedo-Filho et al. 2008). Portanto, o estudo morfológico

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87

de brocossomos de ovos pode ser uma ferramenta útil na associação entre as espécies de

parasitoides de ovos e as cigarrinhas hospedeiras.

Morfologicamente, os brocossomos de ovos podem variar de filiformes, em Acrogonia

citrina Marucci e Chavichioli, Homalodisca ignorata Melichar, Molomea magna (Walker) e

Molomea consolida Schröder, a fusiformes, em Molomea lineiceps Young, Oncometopia

facialis (Signoret) e Oncometopia fusca Melichar. Além disso, também podem apresentar

extremidades reticuladas ou lisas, depressões ou orifícios (Azevedo-Filho e Carvalho 2005).

Posturas de Cicadellini não costumam ser recobertas por brocossomos, isso as torna mais

difíceis de serem visualizadas a olho nu em pomares cítricos.

Devido à importância econômica que algumas espécies de cigarrinhas exercem na

citricultura, atuando como vetores de X. fastidiosa, o controle populacional dessas espécies é

uma estratégia altamente recomendada para que haja o manejo da doença CVC, porém, esse

controle é basicamente químico (Gravena 2005).

Informações sobre o controle biológico das espécies de cigarrinhas dos citros por meio

dos seus parasitoides de ovos são escassas no Brasil, existindo apenas registros de associação

entre parasitoide-hospedeiro, por exemplo, espécies de parasitoides de ovos da família

Mymaridae, como Cosmocomoidea spp., são associadas a ovos de Acrogonia spp. e

Dilobopterus costalimai Young, enquanto, O. facialis tem seus ovos parasitados por espécies

não conhecidas de Trichogrammatidae (Hymenoptera) (Gravena 2005).

Apesar dos parasitoides de ovos não terem seu potencial avaliado em programas de

controle biológico de cigarrinhas dos citros no Brasil, eles têm sido bastante explorados nos

estudos de controle das cigarrinhas associadas à doença de Pierce em videira nos Estados

Unidos, onde a cigarrinha de asa vítrea (GWSS) Homalodisca vitripennis (Say) é um dos

principais vetores (Triapitsyn e Bernal 2009). Vale ressaltar que muitas outras espécies de

Homalodisca são citadas como hospedeiras desses parasitoides, porém essas espécies são

consideradas sinônimos de H. vitripennis, como, por exemplo, a Homalodisca coagulata e

Homalodisca liturata (Takiya et al. 2006).

Parasitoides das famílias Mymaridae e Trichogrammatidae são os inimigos naturais

mais comuns de H. vitripennis nos Estados Unidos da América (Turner e Pollard 1959; Phillips

1998). Entre eles, Cosmocomoidea ashmeadi (Girault), C. triguttatus (Girault), C. morrilli

(Howard) e C. fasciatus (Girault) são os parasitoides mais conhecidos e utilizados no controle

dessa cigarrinha (Triapitsyn et al. 1998; Triapitsyn e Phillips 2000). Entretanto, o parasitoide

de ovos, C. ashmeadi, é responsável por 80-95% do parasitismo observado nos ovos de

cigarrinhas na Califórnia (Phillips 2000).

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88

Outras espécies também estão associadas ao parasitismo de Homalodisca spp., no

México, como os mimarídeos Gonatocerus chula (Triapitsyn e Bernal), Cosmocomoidea

atriclava (Girault), e Cosmocomoidea novifasciata (Girault), e os trichogrammatídeos

Burksiella spp., Ittys sp., Pseudoligosita sp., Ufens ceratus Owen e U. principalis Owen

(Triapitsyn e Bernal 2009).

A atuação de parasitoides como inimigos naturais para o controle populacional de

cigarrinhas os tornam importantes ferramentas de manejo em regiões onde as cigarrinhas

possam vir a atuar como pragas agrícolas. E, portanto, estudos direcionados a associação

específica parasitoide-hospedeiro são fundamentais na elucidação a respeito dessa interação

ecológica e servem de subsídio para futuros estudos sobre o controle biológico das cigarrinhas.

Desta forma, o principal objetivo do estudo é conhecer quais as espécies de parasitoides de ovos

estão atuando no controle natural de cigarrinhas Proconiini em pomares cítricos no estado do

Amazonas, além de, realizar a identificação das cigarrinhas hospedeiras por meio da análise

morfológico dos brocossomos de ovos, determinar a porcentagem de parasitismo para cada

cigarrinha hospedeira e caracterizar morfologicamente as espécies de parasitoides de ovos

obtidas no estudo.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. ÁREAS DE ESTUDO

As coletas de posturas de cigarrinhas foram realizadas em pomares de Citrus sinensis

(L.) Osbeck (Rutaceae) situados em três municípios do estado do Amazonas: dois pomares em

Manacapuru, um pomar em Manaus e dois pomares em Rio Preto da Eva (Figura 1). Estes

foram selecionados por serem responsáveis pela maior produção de citros do Amazonas.

Foram realizadas coletas aleatórias de posturas de cigarrinhas nos pomares cítricos no

período de setembro de 2013 a agosto de 2015. Além disso, foi incorporado ao trabalho os

exemplares de parasitoides de ovos que se encontravam disponíveis para estudo em laboratório.

Esse material é proveniente de coletas nos mesmos locais citados acima, no período de 2004 a

2006.

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Figura 1. Localização dos pomares de citros onde foram realizadas as coleta de posturas de cigarrinhas Proconiini

(Hemiptera: Cicadellidae: Cicadellinae) nos municípios de Manacapuru, Manaus e Rio Preto da Eva, Amazonas,

Brasil.

2.2.COLETA DE POSTURAS E CIGARRINHAS FÊMEAS PARA ASSOCIAÇÃO

Durante as visitas aos pomares citados acima, foram feitas inspeções visuais das plantas

de citros, onde folhas, pecíolos e caules foram observados a procura por posturas de cigarrinhas

da tribo Proconiini, recobertas por brocossomos de ovos (Figura 2).

Figura 2. Postura de cigarrinha Proconiini em pomar cítrico no município de Rio Preto da Eva, Amazonas, Brasil.

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As posturas foram coletadas com auxílio de uma tesoura de poda, e acondicionadas

em sacos plásticos devidamente etiquetados e, transportadas ao Laboratório de Entomologia

Agrícola da Coordenação de Biodiversidade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

(CBIO - INPA).

No laboratório, as posturas foram individualizadas em placas de Petri, forradas com

papel-filtro umedecido em água e cobertas com filme plástico transparente para evitar a fuga

dos parasitoides após a emergência (Figura 3). Posteriormente, as placas foram mantidas em

estantes de criação com controle de temperatura em 28ºC e com fotofase de 14 horas. Foram

feitas observações diárias até a obtenção dos adultos de parasitoides.

Figura 3. Posturas de cigarrinhas Proconiini individualizadas em placas de Petri para a obtenção dos parasitoides

de ovos.

Nos mesmos pomares foram feitas coletas manuais de cigarrinhas fêmeas adultas

(Proconiini) contendo massas de brocossomos de ovos sobre as asas, para a comparação

morfológica com os brocossomos das posturas parasitadas, de modo que possibilitasse a

associação das espécies de cigarrinhas com as posturas coletadas e parasitadas (Figura 4).

Enquanto as posturas foram mantidas em estantes de criação para a obtenção dos

parasitoides, as cigarrinhas fêmeas coletadas foram refrigeradas para a conservação dos

brocossomos até a análise em microscopia eletrônica de varredura.

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Figura 4. Oncometopia sp. 1 (Proconiini) fêmea adulta com massa de brocossomos de ovos sobre as asas.

2.3. ANÁLISE MORFOLÓGICA DOS BROCOSSOS DE OVOS

Para confirmar a associação dos parasitoides obtidos nas coletas do período de

setembro de 2013 a agosto de 2015, foram realizadas análises morfológica em microscopia

eletrônica de varredura (MEV) dos brocossomos de ovos, tanto das posturas parasitadas quanto

de cigarrinhas fêmeas adultas coletadas nos mesmos locais que as posturas. Essa análise se deu

por comparação morfológica dos brocossomos de ovos.

No Laboratório Temático de Microscopia Óptica e Eletrônica –

LTMOE/CPAAF/INPA foram retiradas amostras de brocossomos de ovos de cada postura

parasitada, ou seja, da qual emergiu parasitoide, e das massas de brocossomos depositadas sobre

as asas das cigarrinhas fêmeas coletadas. Essas amostras foram depositadas em “Stubs”, coladas

com cola de prata, metalizados, analisados e fotografados em MEV.

Após isso, os brocossomos de ovos foram caracterizados e comparados

morfologicamente entre eles, para a associação entre o parasitoide emergido da postura e a

espécie de cigarrinhas hospedeira.

Tanto as cigarrinhas adultas quanto os parasitoides de ovos obtidos foram incorporados

à Coleção de Invertebrados do INPA.

2.4. IDENTIFICAÇÃO DAS CIGARRINHAS

As cigarrinhas fêmeas coletadas foram identificadas com base na coleção de referência

de espécies identificadas, citada nos Capítulos 1 e 2, por meio das características morfológicas

externas. As imagens das cigarrinhas foram feitas utilizando um estereomicroscópio Leica

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Microsystems equipado com câmera digital e software de automontagem, disponibilizado pela

Coleção de Invertebrados do INPA.

2.5. IDENTIFICAÇÃO DOS PARASITOIDES DE OVOS

A identificação dos parasitoides de ovos pertencentes a família Mymaridae foi baseada

nos trabalhos de Yoshimoto (1990), Triapitsyn (2006), Triapitsyn et al. (2006), Triapitsyn et

al. (2010) e Huber (2015). E para as espécies de Trichogrammatidae consultou-se os trabalhos

de Girault (1918), Dozier (1932), De Santis (1957), Doutt e Vigianni (1968), Viggiani (1985),

Yousuf e Shafee (1988), Lin (1994), Triapitsyn (2003), Pinto (2006), Viggiani e Velásquez

(2007) e Ávila-Rodriguez et al. (2011).

Para a identificação dos parasitoides de ovos foi necessário a preparação e montagem

de exemplares em cartão entomológico, após o procedimento de secagem em ponto crítico.

Espécimes foram também montados em lâminas, em meio de Hoyer’s e Bálsamo do Canadá,

seguindo procedimentos de Noyes (1982) e Querino e Zucchi (2011).

Os espécimes foram examinados e fotografados em microscópio óptico Leica

Microsystems equipado com câmera digital do tipo DFC295 e software de automontagem Leica

Application Suite – LAS, versão 4.2.0.

2.6. CARACTERIZAÇÃO TAXONÔMICA DOS PARASITOIDES DE OVOS

Para as espécies de Mymaridae identificadas no estudo, uma vez que já são conhecidas,

foram apresentados os caracteres taxonômicos diagnósticos para seu reconhecimento. Além de

informações a respeito da distribuição geográfica e hospedeiros conhecidos, de acordo com as

literaturas citadas acima.

A terminologia utilizada para as espécies de Mymaridae segue Gibson (1997) e

Triapitsyn et al. (2010). As abreviações utilizadas foram: F = segmentos funiculares da antena;

mps = sensilla placa multiporous ou sensilos longitudinais observados nos segmentos

funiculares das antenas. O padrão de coloração foi observado em exemplares secos em ponto

crítico e montados em cartão entomológico.

Entretanto, para as espécies de Trichogrammatidae, que são novas para a Ciência, foram

realizadas descrições taxonômicas baseadas em terminologia de Pinto (2006). As mensurações

das estruturas anatômicas foram feitas a partir dos espécimes montados em lâminas. As

abreviações utilizadas na caracterização foram: F = segmentos funiculares da antena; A =

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anellus na antena; C = segmentos da clava da antena; SC = veia subcostal; PM = veia pré-

marginal; MV = veia marginal; SV = veia estigmal; RS = setor radial.

Foram realizadas consultas a material tipo de algumas espécies por meio de imagens

cedidas pelas instituições: Universidade Nacional de LaPlata (Província de Buenos Aires,

Argentina), Universidade da Califórnia (Riverside, Estados Unidos da América) e Instituto

Smithsonian - Museu Nacional de História Natural (Washington, Estados Unidos da América).

Instituições de depósito de material tipo:

INPA – Coleção de Invertebrados, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus,

Amazonas, Brasil.

UCRC – Entomology Research Museum, Universidade da California, Riverside, California,

USA.

2.7. PORCENTAGEM DE PARASITISMO

Para calcular a porcentagem de parasitismo natural foi calculado o número total de

posturas parasitadas de cada cigarrinha hospedeira:

% parasitismo = Total de posturas parasitadas (t) x 100 / Total de posturas do hospedeiro

(T)

Onde: (t) representa o número total de posturas parasitadas, onde houve parasitoides

emergidos ou não e (T) representa o número total de posturas do hospedeiro.

3. RESULTADOS

3.1 Caracterização morfológica dos brocossomos de ovos e identificação das cigarrinhas

hospedeiras

As cigarrinhas hospedeiras foram identificadas como Acrogonia virescens (Metcalf),

Oncometopia clarior (Walker) e Oncometopia sp. 1. A análise morfológica dos brocossomos

de ovos que estavam depositados sobre as asas das cigarrinhas adultas coletadas com os que

recobriam as posturas parasitadas, resultou na confirmação das espécies de cigarrinhas

hospedeiras (Tabela 1, Figuras 5-7).

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94

Tabela 1. Caracterização morfológica dos brocossomos de ovos das cigarrinhas hospedeiras Proconiini em

pomares cítricos no Amazonas.

Cigarrinha hospedeira Brocossomos de ovos

Acrogonia virescens Filiformes, levemente reticulado e com extremidade lisa.

Oncometopia clarior Fusiformes, fortemente reticulados e com extremidade lisa.

Oncometopia sp. 1 Filiformes, alargados, reticulados e com extremidade lisa.

Figura 5. Acrogonia virescens (Metcalf) coletada em pomar cítrico no Amazonas e seus brocossomos de ovos.

Figura 6. A. Oncometopia clarior (Walker) coletada em pomar cítrico no Amazonas e seus brocossomos de ovos.

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Figura 7. Oncometopia sp. 1 coletada em pomar cítrico no Amazonas e seus brocossomos de ovos.

3.2. Espécies de parasitoides de ovos

Com relação aos parasitoides de ovos, foram obtidos 1.800 exemplares no período de

2004 a 2006 e 903 indivíduos no período de setembro de 2013 a agosto de 2015. Esses

parasitoides pertenciam as famílias Mymaridae e Trichogrammatidae (Hymenoptera

Chalcidoidea). Trichogrammatidae foi a família com maior número de representantes (n =

2.666). Nos anos de 2004 a 2006, foram obtidos apenas parasitoides da família

Trichogrammatidae e no período de setembro de 2013 a agosto de 2015, dos 903 indivíduos

obtidos, 866 foram Trichogrammatidae e apenas 37 foram Mymaridae.

Em Mymaridae foram identificadas três espécies, Cosmocomoidea atriclava (Girault),

Cosmocomoidea triguttata (Girault) e Cosmocomoidea uat (Triapitsyn). Enquanto em

Trichogrammatidae, foram obtidas duas espécies novas, Burksiella sp. nov. 1 e Burksiella sp.

nov. 2. (Figura 8).

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Figura 8. Parasitoides, Mymaridae e Trichogrammatidae, obtidos de ovos de cigarrinhas em pomares cítricos no

Amazonas. (A) Cosmocomoidea atriclava (Girault); (B) Cosmocomoidea triguttata (Girault); (C) Cosmocomoidea

uat (Triapitsyn); (D) Burksiella sp. nov. 1 fêmea; (E) Burksiella sp. nov. 1 macho; (F) Burksiella sp. nov. 2.

3.3. Associação parasitoide-hospedeiro e parasitismo natural

Cosmocomoidea triguttata foi registrada pela primeira vez para o Brasil. E as três

espécies de Mymaridae, C. atriclava, C. triguttata e C. uat, foram associadas pela primeira vez

como parasitoides nativos da cigarrinha A. virescens. De uma única postura de A. virescens

emergiram duas espécies de Mymaridae, C. triguttata e C. uat, em ovos separados.

Com relação a porcentagem de parasitismo, 98% dos ovos de A. virescens estavam

parasitados por espécies de Mymaridae e Trichogrammatidae, 38% dos ovos de O. clarior

estavam parasitados apenas por Trichogrammatidae e 76% dos ovos de Oncometopia sp. 1

estavam parasitados por Mymaridae e Trichogrammatidae (Tabela 2). Na literatura não se tem

registros de parasitoides de ovos para Acrogonia virescens.

A B C

D E F

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Tabela 2. Espécies de parasitoides de ovos associadas a cigarrinhas Proconiini e porcentagem de parasitismo em

pomares cítricos no Amazonas.

Cigarrinha hospedeira Porcentagem de

parasitismo (%) Parasitoides de ovos associados

Acrogonia virescens (Metcalf) 98 Mymaridae

Cosmocomoidea atriclava (Girault)

Cosmocomoidea triguttata (Girault)

Cosmocomoidea uat (Triapitsyn)

Oncometopia clarior (Walker) 38 Trichogrammatidae

Burksiella sp. nov. 1

Oncometopia sp.1 76 Mymaridae

C. atriclava

Trichogrammatidae

Burksiella sp. nov. 2

3.4. Caracterização morfológica dos parasitoides de ovos

Mymaridae

Cosmocomoidea atriclava (Girault, 1917)

(Figura 9A)

Gonatocerus triguttatus atriclavus Girault 1917: 19 (como uma nova variedade).

Gonatocerus triguttatus atriclavus Girault: Huber 1988: 57.

Gonatocerus atriclavus Girault: Triapitsyn et al. 2002a: 35–38 (designação de lectótipo, redescrição, diagnose,

distribuição, associação com hospedeiro, tentativas falhas de criação em ovos de Homalodisca coagulata).

Cosmocomoidea atriclava (Girault): Huber 2015: 17 (nova combinação de Gonatocerus).

Material examinado. BRASIL. AMAZONAS. Manacapuru, 3°15'0.54"S/ 60°36'45.60"W,

AM 070, Km 74, 17.x.2013, Hosp[edeiro]: Oncometopia sp. 1, Planta: Citrus sinensis, M.C.B.

Feitosa col. (6 ♀, 1 ♂, INPA). Manaus, 2°51'16.3"S/60°2'35.5"W, BR 174, Km 15, Brejo do

Matão, 16.iii.2006, Hosp[edeiro]: Acrogonia virescens, L.O. Queiroz col. (3 ♀, INPA).

Diagnose. Cosmocomoidea atriclava, anteriormente Gonatocerus (Cosmocomoidea)

atriclavus, é reconhecido por uma única combinação de caracteres: antena da fêmea com escapo

amarelo ou marrom claro; pedicelo, F1-F3, F4 (basalmente) e F7 marrons; F4 (distalmente), F5

e F6 marrons claros; F5-F7 distintamente mais claros que os demais funículos; F8 marrom

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escuro; clava enegrecida; mps presente no F2-F8; asa anterior com fileira cubital de cerdas

completa, se estendendo até a base da veia marginal.

Distribuição. México, Costa Rica, Brasil (Rio Grande do Sul) e Argentina (De Santis 1979;

Girault 1917; Triapitsyn et al. 2002a; Triapitsyn 2006; Triapitsyn e Bernal 2009; Triapitsyn et

al. 2010; Rauber et al. 2016).

Hospedeiro. Hemiptera: Cicadellidae: Acrogonia virescens (novo registro), Homalodisca spp.,

Oncometopia spp., Oncometopia clarior e Tapajosa rubromarginata (Signoret) (Triapitsyn et

al. 2002a; Triapitsyn 2006; Triapitsyn e Bernal 2009; Triapitsyn et al. 2010).

Cosmocomoidea triguttata (Girault, 1916)

(Figura 9B)

Gonatocerus triguttatus Girault 1916: 297–298.

Gonatocerus triguttatus Girault: Huber 1988: 55–57 (designação de lectótipo, redescrição, diagnose,

distribuição); Triapitsyn e Phillips 2000: 201–202 (distribuição, primeiro registro de hospedeiro a partir de ovos

de Homalodisca coagulata); Triapitsyn et al. 2002a: 40 (distribuição, associação com hospedeiros); Triapitsyn et

al. 2002b: 654 (distribuição, associação com hospedeiro); Logarzo et al. 2003: 486 (distribuição, associação com

hospedeiro).

Cosmocomoidea triguttata (Girault): Huber 2015: 22 (nova combinação de Gonatocerus).

Material examinado. BRASIL. AMAZONAS. Manaus, 2°51'16.3"S/60°2'35.5"W, BR 174,

Km 15, Brejo do Matão, Hosp[edeiro]: Acrogonia virescens, Planta: Citrus sinensis, M.C.B.

Feitosa col. 18.iii.2015 (9 ♀, 1 ♂, INPA); 15.iv.2015 (14 ♀, INPA), (3 ♀, 2 ♂, INPA).

Diagnose. Cosmocomoidea triguttata, anteriormente Gonatocerus (Cosmocomoidea)

triguttatus, é reconhecido pela cabeça e mesossoma da fêmea amarelos, gáster amarelo claro

com bandas marrons nos tergos; antena da fêmea com mps presente em todos os funículos;

propódeo com carena submediana grossa, distinta, se estendendo até a margem anterior; asas

hialinas, asa anterior com fileira cubital de cerdas completa, se estendendo até a base da veia

marginal.

Distribuição. E.U.A., México, Nicaragua, Costa Rica, Brasil (novo registro), Peru e Equador

(Burks 1979; Triapitsyn e Hanson 2012; Triapitsyn 2006).

Hospedeiro. Hemiptera: Cicadellidae: Acrogonia virescens (novo registro), Homalodisca spp.,

Oncometopia sp., Oncometopia clarior, Oncometopia nigricans Walker, Pseudometopia

amblardii (Signoret) e Pseudometopia phalaesia (Distant) (Daane et al. 2004; Triapitsyn et al.

2002a; Logarzo et al. 2003; Triapitsyn 2006; Triapitsyn et al. 2010; Triapitsyn e Hanson 2012).

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Cosmocomoidea uat (Triapitsyn, 2006)

(Figura 9C)

Gonatocerus uat S. Triapitsyn in Triapitsyn et al. 2006: 58–62.

Cosmocomoidea uat (Triapitsyn): Huber 2015: 22 (nova combinação de Gonatocerus).

Material examinado. BRASIL. AMAZONAS. Manaus, 2°51'16.3"S/60°2'35.5"W, BR 174,

Km 15, Brejo do Matão, Hosp[edeiro]: Acrogonia virescens, Planta: Citrus sinensis, M.C.B.

Feitosa col. 15.iv.2015 (1 ♀, INPA).

Diagnose. Cosmocomoidea uat, anteriormente Gonatocerus (Cosmocomoidea) uat, apresenta

F1 da antena da fêmea com, geralmente, 2 mps, raramente com 1 mps; propódeo ligeiramente

enrugado (metade distal apenas) entre a carena submedial e a carena lateral; asa anterior com

enfuscação além da venação.

Distribuição. México, Costa Rica, Brasil (Goiás), Peru e Argentina (Ruiz Cancino et al. 2010;

Triapitsyn 2006; Triapitsyn et al. 2006; Triapitsyn et al. 2010; Rauber et al. 2016).

Hospedeiro. Hemiptera: Cicadellidae: Acrogonia virescens (novo registro), Homalodisca spp.,

Oncometopia sp., Oncometopia clarior, Pseudometopia amblardii, Pseudometopia phalaesia

e Tapajosa rubromarginata (Triapitsyn 2006; Triapitsyn et al. 2006; Triapitsyn et al. 2010).

Trichogrammatidae

Burksiella sp. nov. 1

(Figuras 9 D e E, 10 e 11)

Diagnose: Apresenta forte dimorfismo sexual na coloração geral do corpo e nas antenas. Fêmea

marrom com funículos em formato subglobular, mais largo que a clava; clava da fêmea com

aparentemente dois segmentos. Macho amarelo com manchas mais escuras em alguns pontos

do corpo, com funículos mais estreitos e não subglobular; clava com três segmentos. Capsula

genital formando uma estrutura tubular simples, sem outras estruturas genitais visíveis.

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100

Descrição.

Fêmea.

Coloração: Corpo com coloração geral marrom (Figura 10A e B) e olhos vermelhos. Pernas

com parte distal da tíbia e tarsos claros.

Cabeça: Mandíbulas com três dentes. Palpos maxilares 1-segmentado. Região fronto-clipeal e

gena marrons, com ranhuras longitudinais e células subpoligonais. Região occipital com

ranhuras horizontais formando uma esculturação ao redor do occipício. Células em forma de

escamas na área do vértice.

Antenas: Antenas com dois segmentos funiculares e, aparentemente, dois segmentos na clava;

A2 fundido ao F1. F2 subglobular, F1 muito mais curto, com sensilo basicônico e cerda

flageliforme na margem apical; F2 mais largo que a clava (Figura 10C). Clava, em aumento de

40 a 100x, com linha assimétrica separando C1 em dois possíveis segmentos.

Segmentos funiculares F1 com 1 cerda flageliforme e 1 sensilo basicônico e F2 com 6 sensilos

basicônicos e 7 sensilos placódeos. C1 com 7 sensilos basicônicos e 3 sensilos placódeos e C2

com 1 sensilo basicônico e 3 sensilos placódeos.

Mesossoma/Metassoma: Mesossoma tão largo quanto longo. Mesoscuto e escutelo com dois

pares de cerdas cada e leve esculturação consistindo em células subpoligonais laterais e

ondulações longitudinais no interior (Figura 10D). Metasoma mais longo do que mesosoma.

Asas: Asa anterior cerca de 1.8 vezes tão longa quanto larga; com cílios marginais muito curtos

(Figura 10E). Venação se estendendo até a metade do comprimento da asa. MV com quatro

cerdas bem destacadas na margem anterior e uma fileira alinhada de cerdas menores na margem

inferior. RS com cerca de 9-10 cerdas, formando uma curva (Figura 10F). Asa posterior com 3

fileiras das cerdas.

Pernas: Pernas normais com esporão mediano subigual ao basitarso.

Ovipositor: Não extrovertido, ligeiramente mais longo que a tíbia posterior, ocupando metade

do comprimento do metassoma (Figura 10E).

Macho. Corpo com coloração geral amarelo, com manchas mais escuras no centro do escutelo,

parte apical da axila e região central e laterais dos tergos 1, 2, 3 e 4 (Figura 11A e B). Antena

com F2 bem menor que na fêmea e não subglobular (Figura 11C). Além disso, F2 de mesma

largura que a clava. Clava mais curta e com cerdas longas. C3 pontudo. Capsula genital

formando uma estrutura tubular simples, sem outras estruturas genitais visíveis (Figura 11D).

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101

Material Tipo. Holótipo fêmea (INPA) em lâmina: AMAZONAS. Manaus,

2°51'16.3"S/60°2'35.5"W, 11.ii.2015, Feitosa, M.C.B. Parátipos: 5 ♀ (INPA), mesmos dados

do holótipo; 5 ♀ (UCRC) mesmos dados do holótipo.

Material examinado. BRASIL. AMAZONAS. Manacapuru, 3°14'27.9"S/60°28'29.4"W,

15.x.2013 (53 ♀, 7 ♂, INPA). Manaus, 2°51'16.3"S/60° 2'35.5"W, 19.x.2004 (11 ♀, INPA),

19.x.2004 (3 ♀, 2 ♂, INPA), 17.xi.2004 (6 ♀, INPA), 17.xi.2004 (25 ♀, INPA), 01.xii.2004

(60 ♀, 10 ♂, INPA), 01.xii.2004 (83 ♀, 9 ♂, INPA), 17.iii.2005 (68 ♀, INPA), 17.iii.2005 (128

♀, 3 ♂, INPA), 28.iv.2005 (33 ♀, 1 ♂, INPA), 27.v.2005 (76 ♀, INPA), 27.v.2005 (115 ♀, 13

♂, INPA), 27.vii.2005 (12 ♀, 4 ♂, INPA), 22.xi.2005 (11 ♀, 7 ♂, INPA), 22.xi.2005 (87 ♀, 35

♂, INPA), 16.iii.2006 (311 ♀, 38 ♂, INPA), 11.ii.2015 (24 ♀, 1 ♂, INPA), (72 ♀, 1 ♂, INPA),

15.iv.2015 (76 ♀, 10 ♂, INPA), 25.viii.2015 (70 ♀, 10 ♂, INPA). Rio Preto da Eva,

2°41'33.4"S/59°41'0.4"W, 18.x.2013 (81 ♀, 8 ♂, INPA); 2o42'14.3''S/59o42'54.3''W, 09.i.2006

(11 ♀, 2 ♂, INPA), 30.iii.2006 (231 ♀, 57 ♂, INPA), 20.iv.2006 (21 ♀, INPA), 15.viii.2014

(87 ♀, 35 ♂, INPA), 20.v.2015 (41 ♀, 2 ♂, INPA).

Distribuição. Brasil: Amazonas: Rio Preto da Eva, Manaus e Manacapuru.

Hospedeiro. Oncometopia clarior Walker (Hemiptera: Cicadellinae: Proconiini).

Comentários. Burksiella sp. nov. 1 é próximo a B. altagraciae Velásquez e Viggiani, B. dianae

Pinto e B. platysetosa Viggiani e Velásquez. São similares pela morfologia da antena da fêmea,

onde os funículos formam um segmento subglobular, porém difere de B. altagraciae por ter 2

fileiras de cerdas na asa posterior, ter de 4-5 cerdas na margem da célula costal e Rs mais longa

na asa anterior. Em B. altagraciae são 4 fileiras de cerdas na asa posterior, 7-8 cerdas na

margem da célula costal e Rs mais curta. Além disso, a disposição dos sensilos placódeos nas

antenas das fêmeas em B. altagraciae são bem diferentes de Burksiella sp. nov. 1.

A diferença de Burksiella sp. nov. 1 para B. dianae é a ausência de linearidade (gap

relativamente largo) entre a veia prémarginal e a veia marginal. Enquanto, a diferença para com

B. platysetosa é a ausência do conjunto de cerdas achatadas na veia marginal da asa anterior,

bem peculiar em B. platysetosa.

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Figura 10. Burksiella sp. nov. 1 fêmea. (A) Corpo em vista dorso/ventral em esteromicroscópio; (B) Corpo em

vista dorso/ventral em microscópio; (C) Antena; (D) Esculturação no mesoscuto e escutelo; (E) Asa anterior; (F)

Venação da asa anterior.

B

C D

E

A

F

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Figura 11. Burksiella sp. nov. 1 macho. (A) Corpo em vista dorso/ventral em esteromicroscópio; (B) Corpo em

vista dorso/ventral em microscópio; (C) Antena; (D) Genitália.

Burksiella sp. nov. 2

(Figura 9 F e 12)

Diagnose: Fêmea coloração geral marrom, com metassoma mais comprido que o messosoma,

e ovipositor ocupando todo o metassoma. Antena com F2 achatado e curto, F1 em forma de

anel e fundido ao F2. Clava com 3 segmentos bem aparentes.

Descrição.

Fêmea.

Coloração: Corpo marrom e olhos vermelhos (Figura 12A e B). Pernas marrons.

Cabeça: Mandíbulas com três dentes. Palpos maxilares 1-segmentado. Região fronto-clipeal e

gena mais escuras, com ranhuras longitudinais e células subpoligonais. Região occipital com

B

A

C

D

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ranhuras horizontais formando uma esculturação acima do occipício. Células em forma de

escamas na área do vértice.

Antenas: Antenas com dois segmentos funiculares e três segmentos na clava; A2 fundido ao

F1. F2 achatado e curto, F1 em forma de anel e fundido ao F2. F2 mais estreito que a clava.

Clava com C1 e C2 bem definidos e simétricos, C3 cônico, de comprimento sub-igual a C2

(Figura 13C). Segmentos funiculares F1 com 1 sensilo basicônico e F2 com 4 sensilos

basicônicos e 1 sensilos placódeos. Segmento C1 com 6 sensilos basicônicos e 3 sensilos

placódeos. C2 com 7 sensilos basicônicos e 4 sensilos placódeos, e C3 com 1 sensilo placódeo.

Mesossoma/Metassoma: Mesossoma mais largo do que longo. Mesoscuto e escutelo com dois

pares de cerdas cada e leve esculturação consistindo em estrias longitudinais medianas e células

subpoligonais nas laterais. Axilas também com estrias longitudinais (Figura 12D).

Asas: Asa anterior cerca de 1.8 vezes tão longa quanto larga; com cílios marginais muito curtos

(Figura 12E). Venação se estendendo até a metade do comprimento da asa. MV com quatro

cerdas bem destacadas na margem anterior e uma fileira desalinhada de cerdas menores na

margem inferior. RS com cerca de 9-10 cerdas, formando uma curva não alinhada (Figura 12F).

Asa posterior com 3 fileiras das cerdas.

Pernas: Pernas normais com esporão mediano subigual ao basitarso.

Metasoma mais longo do que mesosoma

Ovipositor: Não extrovertido, porém ocupando todo o comprimento do metassoma.

Macho. Desconhecido.

Material Tipo. Holótipo fêmea (INPA) em lâmina: AMAZONAS. Manaus,

2°51'16.3"S/60°2'35.5"W, 28.iv.2005, Queiroz, L.O. Parátipos: 5 ♀ (INPA), mesmos dados do

holótipo; 5 ♀ (UCRC) mesmos dados do holótipo.

Material examinado. BRASIL. AMAZONAS. Manaus, 2°51'16.3"S/60°2'35.5"W,

28.iv.2005 (4 ♀, INPA); 27.v.2005 (24 ♀, INPA), (14 ♀, INPA); 22.x.2005 (11 ♀, INPA), (5

♀, INPA); 02.xii.2005 (13 ♀, INPA), (3 ♀, INPA); 16.iii.2016 (37 ♀, INPA).

Distribuição. Brasil: Amazonas: Manaus.

Hospedeiro. Oncometopia sp.1 (Hemiptera: Cicadellinae: Proconiini).

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105

Comentários.

Burksiella sp. nov. 2 é próxima a B. platensis De Santis e B. spirita Girault com semelhanças

na estrutura morfológica da antena. No entanto, B. platensis e B. spirita possuem o disco das

asas anteriores amplamente setoso, enquanto, diferentemente em Burksiella sp. nov. 2 apresenta

as fileiras de cerdas na asa anterior são bem definidas, como nas demais espécies de Burksiella.

Além disso, Burksiella sp. nov. 2 possui as asas anteriores hialinas, sem infuscação,

diferentemente de B. spirita.

Figura 12. Burksiella sp. nov. 1 fêmea. (A) Corpo em vista dorso/ventral em estereomicroscópio; (B) Corpo em

vista dorso/ventral em microscópio; (C) Antena; (D) Esculturação no mesoscuto e escutelo; (E) Asa anterior; (F)

Venação da asa anterior.

A B

C D

E F

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106

4. DISCUSSÃO

As duas famílias de Chalcidoidea (Hymenoptera) obtidas, Mymaridae e

Trichogrammatidae são comumente relacionadas a cigarrinhas Proconiini (Hemiptera:

Cicadellinae), como a cigarrinha de asa vítrea (GWSS) Homalodisca vitripennis (Say), em

programas de controle biológico nos Estados Unidos da América e no México (Triapitsyn e

Bernal 2009).

Das espécies obtidas de Mymaridae, Cosmocomoidea atriclava e C. triguttata já haviam

sido associadas a ovos de cigarrinhas Proconiini em vários países no mundo (Triapitsyn et al.

2002a; Logarzo et al. 2003; Daane et al. 2004; Triapitsyn 2006; Triapitsyn e Bernal 2009;

Triapitsyn et al. 2010; Triapitsyn e Hanson 2012).

Cosmocomoidea uat é uma espécie muito semelhante a C. ashmeadi, no entanto, foi

possível diferenciá-la de C. ashmeadi pelo fato da primeira possuir dois sensilos longitudinais

no F1 da antena, propódeo ligeiramente enrugado entre as carenas submediana e lateral, e além

disso, as espécies neotropicais identificadas como C. ashmeadi provavelmente são mais

próximas de C. uat (Triapitsyn et al. 2006).

O conhecimento que se tem, de acordo com a literatura, é que espécies não identificadas

de Cosmocomoidea spp. já haviam sido relatadas parasitando ovos de Acrogonia spp. e

Dilobopterus costalimai Young (Gravena 2005). No entanto, neste estudo as três espécies de

Cosmocomoidea encontradas estão associadas a Acrogonia virescens, que é uma espécie

comprovadamente vetor de X. fastidiosa em pomares cítricos do sudeste brasileiro (Giustolin

et al. 2009; Yamamoto et al. 2002). Destaca-se que uma única postura de A. virescens foi

parasitada por duas espécies de Cosmocomoidea.

No Brasil, espécimes de Trichogrammatidae não identificados já foram associados a

ovos de Oncometopia facialis (Gravena 2005). No entanto, nesse estudo as morfoespécies de

Burksiella foram associadas a outras espécies de Oncometopia, uma espécie não identificada e

O. clarior. No México, Burksiella spp. foram associados a ovos de Oncometopia spp. e H.

vitripennis (Triapitsyn e Bernal 2009).

Burksiella De Santis 1957, é um gênero pouco conhecido de Trichogrammatidae. As

espécies desse gênero que possuem hospedeiros conhecidos foram associadas a cigarrinhas

(Triapitsyn e Bernal 2009). Atualmente, Burksiella possui 12 espécies conhecidas, das quais

duas, B. chrysomeliphila (Lin) e B. singularis (Yousuf e Shafee) ocorrem na Ásia. Burksiella

floridae (Viggiani) é uma espécie restrita aos Estados Unidos (Viggiani 1985). Das espécies do

novo mundo, B. benefica (Dozier) e B. ormenides (Dozier) ocorrem no Haití, B. dianae Pinto

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107

ocorre tanto no México quanto nos Estados Unidos e as demais são espécies Neotropicais

(Noyes 2016).

As duas espécies obtidas nesse estudo, Burksiella sp. nov. 1 e Burksiella sp. nov. 2 são

consideradas novas para a Ciência e consiste no segundo registro deste gênero para o Brasil. A

espécie B. platensis (De Santis) já havia sido registrada no estado do Paraná por De Santis

(1983) e também ocorre na Argentina (De Santis 1957).

As outras espécies Neotropicais conhecidas são B. altagraciae Velásquez e Viggiani e

B. platysetosa Viggiani e Velásquez que ocorrem apenas na Venezuela (Viggiani e Velásquez

2007); e, B. spirita (Girault) e B. subannulata De Santis, que é a espécie tipo do gênero, ambas

espécies ocorrem na Argentina. Recentemente, foi descrita mais uma espécie neotropical, B.

mexicana Ávila-Rodriguez e Myartseva, que está restrita ao México (Ávila-Rodriguez et al.

2011).

Provavelmente, a proximidade dos pomares cítricos estudados com a floresta amazônica

circundante está colaborando com o equilíbrio da interação parasitoide-hospedeiro. Como

afirma Altieri et al. (2003), quando bem conservada, a vegetação natural circundante do pomar

influencia satisfatoriamente a biodiversidade da paisagem, oferecendo inclusive inimigos

naturais. Daí a importância de se manter integra essa vegetação espontânea ao redor do pomar.

5. CONCLUSÃO

O estudo forneceu dados importantes sobre a associação parasitoide-hospedeiro em pomares

cítricos no estado do Amazonas e concluiu que a análise morfológica dos brocossomos de ovos

foi extremamente eficiente para realizar essa associação.

A porcentagem de parasitismo natural de ovos de cigarrinhas Proconiini em pomares cítricos

no estado do Amazonas se mostrou bastante alta, o que reflete a eficiência que as espécies de

parasitoides estão tendo no controle natural dessas populações.

A caracterização morfológica das espécies de parasitoides de ovos resultou em duas espécies

novas para a Ciência, que foram descritas e serão enviadas para publicação em breve.

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114

SÍNTESE

A presente tese contribuiu significativamente para com o conhecimento a respeito da

fauna de cigarrinhas associadas a citricultura no Amazonas e a fauna de parasitoides de ovos

que atuam no controle natural de algumas espécies de cigarrinhas nos pomares estudados.

No Capítulo 1 foi possível conhecer a composição de espécies que colonizam os

pomares cítricos no estado do Amazonas e ter informações a respeito dessa comunidade e da

influência exercida tanto pelas variáveis climáticas quanto pelas variáveis fenológicas

analisadas sobre a comunidade de cigarrinhas nos pomares estudados.

No Capítulo 2 foi estudada a dinâmica populacional das cigarrinhas predominantes nos

pomares cítricos estudados. O estudo resultou na observação de que as espécies predominantes

não apresentaram padrão de flutuação populacional nos pomares cítricos estudados. E, foi

constatada a relação positiva da temperatura máxima na abundância algumas espécies,

confirmando a influência exercida por variáveis climáticas na dinâmica de algumas espécies

predominantes em pomares cítricos no Amazonas.

E, no Capítulo 3, foi apresentada a fauna de parasitoides de ovos que estão atuando no

controle biológico natural de espécies de Proconiini nos pomares cítricos estudados. Três

espécies conhecidas de Mymaridae e duas espécies novas de Trichogrammatidae foram

associadas as cigarrinhas. Essas informações poderão embasar estudos mais detalhados sobre

essas espécies de parasitoides de ovos e poderão, futuramente, colaborar com programas de

controle biológicos no contexto do manejo integrado de pragas.

Além disso, a tese contribui com a Ciência citando quatro registros novos para o Brasil,

sendo três espécies de cigarrinhas e uma de parasitoide, além de duas espécies novas de

parasitoides de ovos, que serão descritas e enviadas para publicação em breve.

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