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C I G A - B r a s i l C e n t r o d e I n t e g r a ç ã o e A p o i o ANO 7 - NÚMERO 37 - OUTUBRO 2005 - TIRAGEM: 1500 EXEMPLARES Binningerstrasse 19 4103 Bottmingen Tel. +41 061 423 03 47 Fax +41 061 423 03 46 [email protected] www.cigabrasil.ch Continua página 3 Foto: Rubens Zischler Que... Que nesse novo ano a gente queira ser feliz, porque todos merecemos, até mesmo cada um de nós. Que a gente acredite em milagres, porque, do jeito que tudo anda, sem eles vai ser difícil. Que a gente queira a justiça social, mas comece na própria casa ou empresa. Que a gente deseje a fraternidade, mas abrace os amigos, ame a família, e para começar seja carinhoso consigo mesmo. Que a gente promova a ética, mas não se sujeite a qualquer tipo de relação que nos humilhe, castre e deforme. Que apesar da violência, da desonestidade, da insegurança, da farsa, da fanfarronice, da mesmice, da acomodação, da bajulação e da frivolidade reinantes, a gente consiga ver que isso não é tudo, e nem todos são assim. Que embora aspirando à coerência a gente às vezes se permita ser ambivalente, pois a rigidez leva à mediocridade. Que embora querendo tudo isso a gente também se permita ser um pouco bobo, romântico, infantil, e se deixe seduzir pela magia - para não acabar bitolado, intolerante, e irremediavel- mente chato. E finalmente que a gente saiba que somos ao mesmo tempo responsáveis e inocentes em relação ao que acontece e ao legado que, sem saber, inevitavelmente deixamos. Lya Luft

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Que...Que nesse novo ano a gente queira ser feliz, porque todos merecemos, até mesmo cada um de nós.Que a gente acredite em milagres, porque, do jeito que tudo anda, sem eles vai ser difícil. Que a gente queira a justiça social, mas comece na própria casa ou empresa. Que a gente deseje a fraternidade, mas abrace os amigos, ame a família, e para começar sejacarinhoso consigo mesmo. Que a gente promova a ética, mas não se sujeite a qualquer tipo de relação que nos humilhe,castre e deforme. Que apesar da violência, da desonestidade, da insegurança, da farsa, da fanfarronice, damesmice, da acomodação, da bajulação e da frivolidade reinantes, a gente consiga ver que issonão é tudo, e nem todos são assim. Que embora aspirando à coerência a gente às vezes se permita ser ambivalente, pois a rigidezleva à mediocridade. Que embora querendo tudo isso a gente também se permita ser um pouco bobo, romântico,infantil, e se deixe seduzir pela magia - para não acabar bitolado, intolerante, e irremediavel-mente chato. E finalmente que a gente saiba que somos ao mesmo tempo responsáveis e inocentes emrelação ao que acontece e ao legado que, sem saber, inevitavelmente deixamos.

Lya Luft

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Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-InformandoCIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005

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Com essa men-sagem da Lia Luft queremos desejar a todosum ótimo final de ano, Feliz Natal e umcomeço de 2006 cheio de esperança e ener-gia para a caminhada.

No ano que passou vivemos muitasexperiências e para muita gente foi o iníciode uma nova caminhada. Um exemplo é umadas nossas entrevistadas, Roseni Kurányi,que estreou no mundo da literatura comduas obras para o público infantil. Ela contaum pouco sobre o processo de criação e seusplanos para o futuro. Também o escritor José Honório Silva, o cordelista cibernético, saiudas fronteiras brasileiras e veio mostrar, emvárias cidades da Suíça, suas poesias de cordel.

Enquanto isso, no Brasil, assistimos àprisão preventiva do ex-prefeito de SãoPaulo e ex-governador Paulo Maluf e seufilho, acusados de atrapalhar as investi-gações sobre suas contas secretas na Suíça. Aprisão do político é apenas mais um capítulode uma história que vem se desenrolandodesde agosto de 2001, com a divulgação no

Brasil de documentos com a denúncia doCitibank à Justiça Federal suíça sobre contassuspeitas de Maluf. De lá para cá o caso tevemuitas nuances, descritas em detalhes nolivro mais que oportuno do jornalista RuiMartins: «O dinheiro sujo da corrupção – porque a Suíça entregou Maluf», lançado emoutubro pela Geração Editorial. O jornalista,que mora na Suíça desde os anos 80 e foi cor-respondente da Companhia Brasileira deNotícias (CBN), acompanhou de perto o casoe contou para o CIGA-Informando um poucodessa história e de seus outros campos debatalha.

Para completar, publicamos uma cartaaberta ao senador Cristovam Buarque, falandosobre a situação dos filhos de brasileiros nas-cidos no exterior. Desde 1994 a nacionalidadedesses brasileirinhos ainda não está garantida.

Esperamos que vocês gostem da leitura econtinuem conosco também em 2006.

Estamos aguardando vocês no Bazar deNatal. Até lá!

Equipes do CIGA-Brasil

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A G E N D A

12 de dezembro (Domingo), a partir das 11 horas às 18 horas.

ATENÇÃO! NOVO LOCAL:SALÃO DA BURGGARTENSCHULHAUS

(Antiga Escola Internacional), em BOTTMINGEN(Acesso com os trams 10 e 17 ou com o ônibus 34, descendo no ponto de Bottmingen e atravessando a rua em direção ao Bottmingerschloss. A escola fica ao lado do castelo)

As lojas já estão decoradas, nos supermercados aparecem os arranjos com velas e as guloseimas, a cidade se ilumina preparando a chegada do Natal.

Nós também estamos a todo vapor organizando nosso Bazar de Natal, que neste ano terá novasatrações e bons motivos para você não deixar de vir. Nos diversos estantes, você vai encontrar

salgados e doces, decoração natalina, cartões, livros, bijouterias, artesanato, sugestões de presentespara o Natal e muito mais.

No palco a animação ficará por conta do Gegê do Cavaco, que vem especialmente de Zurique paraalegrar a festa. E depois de esquentar os pés ao ritmo do Gegê, vem a hora de esquentar o estômago

com uma gostosa feijoada. Não faltará guaraná e caipirinha para completar o gostinho de Brasil.Traga seus amigos e familiares e venha entrar no espírito de Natal à moda brasileira,

com muita descontração e alegria.

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Você acaba de estrear no mundo literário noBrasil com dois livros dirigidos ao públicoinfantil, «Sexta-feira 13» e «O Menino QueQueria Viver na Floresta». Qual é o tema dasduas obras?

«O Menino Que Queria Viver Na Floresta»Após uma visita ao zoológico, Lucas, que

adora animais, começa a pensar como deveser horrível para aqueles bichos viverem pre-sos em jaulas. Farto de sua vida de obrigaçõeschatas, como ir à escola, escovar os dentes ecoisas do tipo, resolve fugir de casa e se jun-tar aos seus amiguinhos na floresta. A peral-tice de Lucas transforma-se numa aventura,onde ele aprende um monte de coisas impor-tantes.

«Sexta-Feira 13»Numa certa sexta-feira 13, o pequeno

Eduardo vive um dia cheio de acontecimen-tos estranhos, desde a hora em que acorda.As pessoas que cruzam o seu caminhodurante o dia todo, em casa, na vizinhança,na escola e até no comércio, o tratam deforma diferente do costume e isto lhe assustae intriga. Ele é tomado por uma onda demedo, achando que o motivo de tudo aquiloé porque é sexta-feira 13. Ele já tinha ouvido

coisas horríveis sobre esse dia, por isto nãoconsegue imaginar outra razão para tantaesquisitice, até que de repente tudo éesclarecido.

Qual sua fonte de inspiração e sua motivaçãopara escrever os livros e como foi o processode criação?

Busco inspiração nas coisas mais naturaisdo dia-a-dia. Num cheiro, numa música, numbate papo, nas minhas lembranças. No casodos contos infantis, como mãe de dois filhos,estou automaticamente em contato com omundo infantil e isto me dá a chance devivenciar um pouco a mentalidade das cri-anças.

Você é do tipo «contadora de histórias»?Como você entrou no mundo literário?

Sou, e gosto muito disto. Quando meusfilhos eram menores brincava com eles deinventar histórias, partindo de palavras soltasque falávamos. Um dia, Romulo, meu filhomais velho, me deu três palavras. Deitada aoseu lado, comecei a criar um conto com asmesmas. Ao terminar, percebi que ele estavabem quietinho, como que dormindo. Sema-nas depois, ao levá-lo para a cama, eu lhe

disse para me contar qualquer história queele já soubesse. Aí, ele repetiu direitinhoaquela que eu havia inventado, dizendo serela sua preferida. Então resolvi passá-la parao papel.

Mais tarde, ao acompanhar meu maridopara a Alemanha, juntamente com meus fi-lhos, tive que deixar para trás minha família,os amigos e o curso de psicologia que decidi-ra fazer. No período que compreendeu a fasede adaptação ao novo País, refleti muitosobre minha vida e o que realmente queriapara mim, num processo de busca de mimmesma. Foi quando, involuntariamente,comecei a tirar meus manuscritos da gaveta,reescrevendo algumas histórias e criandonovas. Assim, fui me dedicando cada vez maisa esta atividade, até que surgiu a oportu-nidade de publicar o primeiro livro. A partirdaí, decidi transformar meu hobby em profis-são. Escrever para mim agora, é uma opçãode vida.

Quem é responsável pela ilustração dos seuslivros e qual o papel dos desenhos nas histó-rias?

A curitibana Lucilia Alencastro. AArtpress e eu saímos à procura de umilustrador, cujo estilo combinasse com meustextos. Ao conhecer o trabalho de Lucilia,gostei demais. De forma graciosa, ela con-seguiu retratar com seus desenhos exata-mente aquilo que eu idealizava nas minhashistórias. O resultado foi um casamento feliz,que agradou a ambas as partes.

Faz muito tempo que você começou a escre-ver? Que estilos você desenvolve?

Para ser franca, não sei precisar exata-mente como comecei, pois antes, escreverpara mim era só um passatempo, um hobby.Por volta dos 25 anos, havia acabado de sermãe pela segunda vez, quando presenciei emuma praça no Rio de Janeiro, a manifestaçãode várias mães que tiveram os filhossequestrados ou desaparecidos. Elas apresen-tavam cartazes com as fotos dos filhos, àprocura de notícias e ajuda. Fiquei muito sen-sibilizada e não conseguia tirar da mente orosto daquelas mulheres desesperadas ecansadas, que não desistiam de sua luta.

Baseado naquele fato, escrevi meu primeiroconto, um drama. Mas, com o tempo, meuestilo se revelou bem variado. Hoje, além dedramas, escrevo comédias, romances e infantis.

Você está começando com histórias infantis.E o público adulto, também pode fazer partedo seu círculo de leitores?

Em princípio, meu alvo era o públicoadulto, já que os contos infantis eram escritossomente para serem contados aos meus fi-lhos, sobrinhos ou até mesmo à criançada da

vizinhança. Quando mandei meus textos paraa editora Artpress, mandei junto os infantissomente para mostrar diversidade. Fiquei sur-presa quando me disseram que que gosta-riam de publicar os contos infantis. Refletipor um tempo, mas depois fiquei feliz, pormeu trabalho começar pelo infantil, assimcomo a vida.

Como mãe, você passa as histórias pelo«crivo» das crianças para testar a receptivi-dade do público? Eles ajudam a escolher ostemas?

Meus filhos desempenham um papelmuito importante nesse processo. Aindaconto histórias para o caçula, de 13 anos.Com o mais velho, de

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Conta mais uma história, mãe...

Roseni no lançamento dos livros no Brasil

A escritora autografa seus livros

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Tem muita gente grande que ainda lembra das noites da infância, quando não ía dormir antesde ouvir uma história. Eram vários personagens vivendo grandes aventuras e às vezes até sedormia no meio, não importava. Os tempos mudaram, mas as crianças de hoje continuamcurtindo aquela historinha antes de dormir. Roseni Kurányi sabe disso e, do hábito de contarhistórias para seus filhos, acabou lançando dois livros infantis. Por E-mail ela contou ao CIGA-Informando como tudo aconteceu.

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16, costumo me sen-tar e discutir as histórias. Percebo tambémque meu repertório de idéias aumenta àmedida que eles crescem. Com isto, jácomeço a desenvolver idéias tambémvoltadas para o segmento juvenil.

Muita gente escreve histórias ou poemas,mas nem todos têm a chance de publicá-las.Como você conseguiu publicar seus livros?

É verdade. Obter um livro impresso não édifícil, contanto que você pague por ele.Encontrar uma editora que acredite no seutrabalho e invista nele, assumindo todas asresponsabilidades editoriais é outra história.No meu caso, tive a sorte de encontrar a edi-tora certa na hora certa. A Artpress pretendiaentrar no mercado infantil e minhas históriasvieram ao encontro de seus planos. O editorArmando Alexandre dos Santos, que tambémé escritor, viu os textos e acreditou neles, medando todo apoio. Estou muito satisfeita egrata pela confiança que depositaram emmim.

Há sete anos você está vivendo na Alema-nha. Essa realidade de migração também fazparte dos seus escritos? Como você encara avida dos brasileiros na Alemanha?

Com certeza, a oportunidade de estar emcontato com outros povos contribui muitopara a diversidade de idéias. Além de morarna Alemanha, também viajo bastante. Nasviagens, procuro absorver o máximo queposso das culturas visitadas e mantenhominha observação aguçada de tudo que estáà minha volta. Para quem escreve é muitoimportante. Muitas vezes, surge daí inspi-ração para novas histórias.

Nós sabemos que seus livros já foramtraduzidos para o alemão. Quais são seuspróximos planos?

Continuo batalhando para encontraruma editora na Alemanha que os publique e,em paralelo, trabalho em novos projetos.

Como as pessoas podem adquirir seus livros?Eles podem ser adquiridos pela internet

através dos sites: www.livrarialoyola.com.bre www.livrariapetrus.com.br

Como está sendo a aceitação de seus livrosno Brasil?

Estive lá durante um mês para a campanhade divulgação e os resultados foram e têmsido surpreendentes. Numa primeira fase,procurei me concentrar em apresentar oslivros em minha cidade natal, Petrópolis, noRio de Janeiro, através da promoção de even-tos para o público e de visitação a diversasescolas. Um dos eventos, dirigidos a diretoresdas escolas particulares de Petrópolis, alémde diretores e professores do ensino público,teve uma importância especial para mim. Ali

tive a oportunidade de estar frente à frentecom os principais responsáveis pela educaçãoinfantil da cidade. Foi um interessantemomento de troca. Algumas delas até mani-festaram interesse em adotar meus livros emsuas listas de leitura.

Nas escolas, os professores já haviamfeito um trabalho de leitura dos meus livroscom os alunos, o que tornou o encontro comas crianças muito interessante. Foi umaemoção muito grande perceber que já co-nheciam as histórias e responder perguntasconcretas sobre elas. Senti-me realmentegratificada. Foi uma forma de termômetrosobre a qualidade do meu trabalho e areação positiva das crianças certificou-me deque estou no caminho certo.

➙ Continuação da página 5

Trabalho com crianças em Petrópolis (RJ)

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O CIGA-Brasil é uma associação sem finslucrativos, sem vinculação política ou reli-giosa, que visa dar apoio aos brasileiros.

Formas de Atuação:Serviço de Informação e AconselhamentoContato: Dra. Lúcia da Cunha MessinaAtendimento por telefone e com hora marcada: (061) 273 83 05.Sempre às quintas e sextas-feiras,das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas.Ponto de Encontro: Atividades mensais.Cantinho das Crianças: Atividades para crianças de 2 a 5 anos, todas as terças e quintas-feiras, das 14 às 17h.

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Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-Informando

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CIGA-Informando é uma publicação bimensal do CIGA-Brasil.

Tiragem: 1500 exemplares

Redação e edição: Irene Zwetsch

Fotos: Rubens Zischler

Layout & Realização:Wilber’s Grafik& Druck Services, [email protected]

Colaboradores desta edição: Cláudia Coelho,Deborah Biermann, Grupo Ação, Katja Schurter, MarinaStranner-Salles, Nita Stöcklin, Rui Martins, Vania Barbosa.

Contato com a redação:CIGA-BrasilBinningerstrasse 194103 BottmingenTel/Fax: (061) 423 03 47/46E-mail: [email protected]

O fechamento redacional da próximaedição será no dia 30 de dezembro. Até esta data todos os textos e anúnciosdevem chegar às nossas mãos

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Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-InformandoCIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005

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Dos alpes suíços ao litoral brasileiro (por Marina Stranner-Salles)

A primeira vez em que me encontreidiante de Berna foi amor à primeira vista. Há15 anos eu chegava na Suíça, vindo de Roma,Itália. A minha surpresa foi tamanha ao sairda estação…encontrei aquela cidade todavestida de branco, me senti atraída por ela epor este país. Foi então que começou nossonamoro, com muitas renúncias e conquistaspara que o nosso relacionamento dessecerto…e deu !

Aqui na Suíça encontrei a segunda pes-soa mais importante da minha vida, meumarido. Uma pessoa que conseguiu restaurarem mim a confiança no ser humano, sendoele mesmo um humanista, que sonhava comum mundo melhor e que sempre travou combravura batalhas para que isso acontecesse,com vários sucessos.

De muitos recebi o respeito e carinhoímpar, a esses, saibam que estarão sempreem minhas lembranças com o mesmo cari-nho que me dedicaram.

Muitas foram as pessoas que cruzarammeu caminho nesta tragetória, algumas sou-beram fazerem-se importantes em minhavida, outras me transmitiram certa experiên-cia. Tive algumas decepções, apesar de pou-cas foram de grande aprendizado.

Aos meus professores e colegas, o meumais profundo reconhecimento por teremcontribuído para que eu superasse a barreirado idioma e por me ajudarem na adaptação,dia-a-dia. Assim tornou-me possível a rea-lização dos meus estudos na UniversidadeMiséricorde em Fribourg e participar de cur-sos que enriqueceram minha bagagemprofissional.

Meus amigos. Eles não foram numerosos,mas aqueceram-me o cotidiano.

Aos conhecidos, o meu respeito.Aos meus leitores, obrigada pela fideli-

dade e confiança.E como eu não poderia esquecer-me,

meus clientes, pois sem eles não teria sidopossível realizar-me profissionalmente, umobrigado especial.

Enfim, todos foram personagens, cadaum no seu papel, de grande significado paraque minha história no «Velho Mundo» fosserica e sábia.

Retornando ao meu país de origem, afamosa Terra Dourada, onde nasci, medespeço de vocês, mas deixando para trásuma porta aberta, pois tentarei viver longedeste pequeno país helvético, que me con-quistou com grandeza única. Assim, se asaudade maltratar… voltarei para a belaSuíça.

O meu carinho a todos aqueles que mequerem bem.

Um grande abraço a todos.

O Grupo Chapéu de Couro se apresenta

«O bom filho à casa torna». Deixo lembrança àqueles que ficam e levo comigo a saudade detodos. De partida para o Brasil, um carinhoso adeus.

Marina (esq.), com a amiga MaraFo

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O Grupo de Capoeira Chapéu de Couro foi criado em1981, no Recife, pelo Mestre Corisco. No grupo pratica-seem primeiro lugar a Capoeira Regional, mas também aCapoeira Angola é praticada. Chapéu de Couro é indepen-dente de qualquer federação, com o objetivo de não perdersua individualidade e forma particular de trabalho.

Professores formados pelo Mestre Corisco dão aulashoje tanto no Recife, como também em Ottawa (Canadá) eem Köln/ Düsseldorf (Alemanha).

Desde 1993 a Professora Claudia Malvadeza ministra otrabalho do Mestre Corisco também na Suíça, transmitindoadiante a arte e tradição da «Capoeiragem». O GrupoChapéu de Couro e a Professora Claudia Malvadeza sãoapoiados em Basel por uma associação criada em 1997.Com o tempo firmou-se uma base forte, que se identificacom suas raízes culturais no Nordeste do Brasil.

GraduaçãoO Grupo de Capoeira Chapéu de Couro segue a «gra-

duação das sete cordas». As Cordas, que são conferidas peloMestre, não são apenas a condecoração pelo saber e o ta-lento dos alunos, mais do que isso, elas devem acompanharo aluno em sua viagem pela vida e pela Capoeira. Destaforma, não é apenas a capacidade esportiva que conta parao merecimento de uma corda, mas também outras capaci-dades, como por exemplo cantar e tocar um instrumento.Além disso, as cordas simbolizam também diversas estaçõesna história da escravatura:

1. Grad. corda azul: É a cor da Orixá Yemanjá, Deusados Mares, da água salgada e significa a viagem dosescravos africanos pelo mar para o Brasil.

2. Grad. corda marrom: É a cor de Xangô, Deus doRaio e do Trovão e também das Lutas. Este corresponde aosprotestos dos escravos contra seus senhores.

3. Grad. corda verde: É a cor de Oxossi, Deus dasFlorestas e da Caça. Corresponde às florestas, que serviamcomo local de fuga para os escravos.

4. Grad. corda amarela: É a cor de Oxum, Deusa dasÁguas Doces e dos Rios. Simboliza o nascimento dos negrosem liberdade, como a fonte de um rio. Esta liberdade depoisé derrubada, como em uma cascata e vira opressão eescravagismo.

5. Grad. corda roxa: É a cor de Yansan, Deusa doVento e dos Temporais. Simboliza a luta dos escravos fugidospela sobrevivência nos quilombos.

6. Grad. corda vermelha: É a cor de Ogum, Deus dasGuerras. Simboliza a luta dos escravos contra a perseguição,a opressão e a discriminação.

7. Grad. corda branca: é a corda do Mestre. A cor daPaz, que reúne em si todas as cores do espectro.Corresponde a um Capoeirista que descansa em si mesmo enão tem mais a necessidade de se medir com outros.

(Texto original em alemão na Homepage do Chapéu deCouro - Köln e do Chapéu de Couro - Basel. – www.capoeiragem.ch – Tradução de Irene Zwetsch)

PROGRAMA:Sexta, 25.11 – das 18h30 às 20 horasRoda de abertura, com apresentação dosmestres e professores convidadosLocal: Missionsstrasse 21, Basel(Para os participantes depois haverá janta noZivilschutzanlage)

Sábado, 26.11 – das 14 às 19 horasWorkshop, batizado e troca de cordas.Local: Quadras da Uni Sport Basel, SchulhausLeonhard, Leonhardstrasse.A partir das 22 horas, festa com muito forró eanimação no Keller do Restaurante Union,Klybeckstrasse 95, Basel

Domingo, 27.11 – 12 às 16 horasWorkshop e Roda de encerramentoLocal: Quadras da Uni Sport Basel, SchulhausLeonhard, Leonhardstrasse.

Convidados especiais:Mestre Corisco, Recife (Brasil) Mestre Zoi, Palermo (Italia) Metsre Marreta, Amsterdam (Holland) Mestre Nêm, Hamburg (Deutschland) Contra-Mestre Nêgo, Köln (Deutschland) Contra-Mestre Pudim, Roma (Italia) Contra-Mestre Musa, Cagliary (Sardegna) Prof Ratinho, Roma (Italia) Prof Téco, Genf (CH) Custos: - Todos os Workshops, pernoite (trazer saco de

dormir) incluindo café da manhã, janta,camiseta e entrada para a festa – CHF 190.–

- Somente Workshops – CHF 60.– por dia- Crianças até 14 anos – CHF 30.– por dia

Organização: Capoeira Chapéu de CouroInformações: Profa. Malvadeza 061 681 05 96,ou info @capoeiragem.ch

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Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-InformandoCIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005

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Assim poderia começar a história dorecifense José Honório da Silva, o CordelistaCibernético, que em setembro fez uma turnêpela Suíça, divulgando a literatura de cordel.Honório se define como «poeta de cordel» e,mesmo não se considerando estudioso, deuuma aula sobre o tema. O autor viajou a con-vite da amiga Denise Lima, da AssociaçãoRaízes, de Genebra, com apoio do Setor deNegócios da Prefeitura daquela cidade. Pelaprimeira vez fora do Brasil, Honório par-ticipou da feira La Fureur de Lire, emGenebra, além de apresentar seu trabalho emZurique, Bern, Lausanne, Losone, Locarno,Yverdon e Basel. Sua palestra em Basel foiorganizada pelo Centro Cultural da LínguaPortuguesa e Brasileira.

Segundo Honório, a origem da literaturade cordel remonta aos séculos XV e XVI, quan-do surgiram na Europa as primeiras históriasde cavaleiros, poemas e canções, levadas devila em vila por trovadores ou vendedoresambulantes. Desta forma chegaram tambémàs Américas. No Brasil, espalharam-se espe-cialmente no Nordeste, primeiro contadasoralmente e depois registradas em livretos. Ostemas, inspirados na Europa, apresentavamprincesas, cavaleiros e castelos.

O nome «literatura de cordel» refere-se àforma como os livretos eram comercializados:pendurados em barbantes e vendidos nasfeiras. Honório conta que muitos cordelistastinham uma estratégia interessante. Eleschamavam a atenção do público, contavamuma parte da história e diziam que quemquisesse saber o final tinha de comprar o livreto.

Por muito tempo o cordel foi a únicafonte de informação no Nordeste, afirma oescritor. Produzido por «pessoas sem muitaletra, o cordel era consumido por gente semletra nenhuma», diz o Autor. Foi assim queHonório entrou em contato com essas

histórias, pois seu avô de 70 anos pedia que oneto lesse para ele. Muitos analfabetos atéaprenderam a ler com os versos.

A linguagem utilizada nos livretos incor-porou muitos termos nordestinos, conservan-do porém a estrutura básica de versos e rimas:seis, sete, oito ou dez versos, com rimas alter-nadas. Essa estrutura também aparece no«repente», que se diferencia do cordel emfunção do improviso, da apresentação oral eda origem dos temas, geralmente sugeridospelo público. «O cordel é uma poesia feitacom mais calma, a partir de temas escolhidospelo autor e circula de forma impressa», expli-ca Honório. Outra marca do cordel são as xilo-gravuras que passaram a ilustrar as histórias ehoje são identificadas com elas.

Como tudo na vida, o cordel teve de seadaptar aos novos tempos. Em função da con-corrência com a televisão e dos altos custos deimpressão, partiu-se para a utilização do com-putador e das fotocópias para viabilizarpequenas tiragens. Honório ganhou o apelidode «cordelista cibérnetico» porque foi um dosprimeiros a usar o computador e a internet nadivulgação do seu trabalho. Junto com

Cordel de Pernambuco chega à Suíça

Américo Gomes, do Pará, fez a primeira«peleja virtual» de repentes e seu próximopasso será fazer uma "peleja online”.

Mesmo apaixonado pelo cordel, Honórioreconhece que não dá para viver disso. Ele ébancário e dedica-se a escrever nas horasvagas. Mesmo assim já tem 40 livretos publi-cados desde que começou a escrever, em1984. «Alguns ainda estão na gaveta e outrosna cabeça», diz o autor, que ganhou umConcurso de Cordel sobre Lampião e tirou oterceiro lugar em outro.

Engajado na defesa e na divulgação docordel, o autor criou, juntamente com outroscordelistas, a União dos Cordelistas dePernambuco. Seu objetivo é viabilizar a publi-cação das obras e abrir espaço para a divul-gação, por meio de recitais com música.Dentro do espírito de formar novos leitores,Honório investe tempo no trabalho com esco-las, estimulando professores a estudar as poe-sias com os alunos. A participação em diversoseventos também dá resultados. Os cordelistas

pernambucanos abriram a programação ofi-cial de São João no Recife, por exemplo, e pre-tendem partipar ainda na Bienal do Livro.

No meio acadêmico o cordel também con-quistou espaço e já existem estudos sobre otema, como a Gramática no Cordel, deJanduhi Dantas (PB). Vale dizer que emborabem mais profissionalizados, muitos livretosde cordel ainda são escritos por pessoas depouca instrução formal e apresentam errosgramaticais. Por essas e outras continua atuala definição do cordel feita pelo professorfrancês Kantel: «é uma poesia narrativa,impressa e popular». (Irene Zwetsch)

José Honório com Irene Zwetsch, em sua apresen-tação em Basel

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Era uma vez um rapazQue decidiu escreverDescobriu que era capazE cordelista foi ser....

Mais informações e contato:

• José Honório E.mail: [email protected]

• União dos Cordelistas de Pernambuco: www.unicordel-pe.fotoflog.com.br

• Academia Brasiliera de Literatura de Cordel:www.ablc.com.br

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A ILUSÃO DA SUPERPROTEÇÃO(por Ângela Góes - Globo Online)

Em 2003, crianças e adultos de todo o mundose emocionaram com o filme «ProcurandoNemo», que conta a saga de dois carismáti-cos peixinhos: o supercauteloso Marlin e seufilho, o curioso Nemo. Viúvo, Marlin assumea responsabilidade de criar o filho sozinho,protegendo-o de todos os perigos. Apesar debem-intencionado, o pai erra na mão e sufo-ca Nemo com tanto cuidados. Resultado: natentativa de provar que é capaz de se virarsozinho, Nemo se mete em confusão. Ahistória é infantil e tem final feliz garantido.Na vida real, a «Síndrome de Marlin», comovem sendo chamada a superproteção pater-na, tem sido motivo de preocução. É tênue a linha que separa a proteção dasuperproteção. Quem ama, claro, cuida. Emdoses normais, cuidado não traz prejuízo. Jáo exagero pode trazer mais malefícios doque benefícios. Segundo a terapeuta Zulma TaveirosGuimarães, do Núcleo de Casal e Família daSociedade de Psicanálise do Rio, criançassuperprotegidas se tornam adultos depen-dentes, inseguros, imaturos e medrosos, semautonomia e incapazes de tomar decisões. • Quem cresce esperando que alguém sem-

pre lhe dê todas as respostas, as fórmulasprontas, não desenvolve a capacidade depensar soluções criativas para lidar comimprevistos. Não cria imunidade para seproteger quando está sozinho - diz Zulma. Falando assim, parece fácil. Mas só quem é

pai ou mãe sabe o drama de educar o filhoem um mundo cada vez mais violento.Crianças, jovens e adultos estão mais expos-tos a certos perigos do que há alguns anos.Nessa conjuntura, é normal querer adiar cer-tas liberdades, a fim de evitar que os filhosfiquem expostos a perigos reais e concretos.Até certo ponto, isso se faz necessário. Mas épreciso tomar muito cuidado para não usar aviolência como desculpa para que os filhosnão assumam responsabilidades para asquais estão prontos.

• O ser humano aprende com as adversi-dades, com erros e acertos. Pessoasresilientes são aquelas que vivenciam asdificuldades e saem fortalecidas dessasexperiências - afirma a pedagoga SôniaMendes, da Associação de Terapia Familiardo Rio.

Segundo especialistas, o problema é que ospais estão com medo de tudo. E acham quepodem evitar a violência, os acidentes decarro, as drogas e a sexualidade precoceprendendo os filhos dentro de casa. Umailusão. Engana-se o pai que acredita quepode anular todos os riscos a que o filho estáexposto. Essa tentativa pode até ter umefeito indesejado. O filho pode rejeitar asuperproteção e furar o esquema de segu-rança imposto, expondo-se ainda mais. • A melhor proteção que um pai pode ofere-

cer ao filho é dar responsabilidade paraque ele faça suas próprias escolhas,avaliando primeiro as necessidades e possi-bilidades de cada faixa etária - aconselha afilósofa e educadora Tânia Zagury, autorade «Encurtando a adolescência» (Ed.Record).

Para o psiquiatra e educador Içami Tiba, ossuperprotegidos são os que mais corremriscos, pois fazem coisas escondidas. • Os pais erram achando que os seus filhos

são diferentes dos outros, melhores que osoutros. Erram ao enxergar os filhos comovítimas de más companhias - alerta.

Ter discernimento sobre o que é ou não érealmente perigoso; saber o momento certode prendê-los e soltá-los não é tarefa fácil. Épreciso sensibilidade e atenção. • É importante que os pais reflitam, con-

versem com outros pais, outros filhos,psicólogos e educadores. É bom ouviropiniões, discutir estratégias. As trocas sãomuito positivas e podem apontar camin-hos. Só não vale esperar por fórmulasprontas. Isso não existe - conclui Zulma.

(Colaboração de Nita Stöcklin)

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rompimento do vínculo já na primeira ge-ração, essa fonte irá gradativamente secando.

Todo esse argumento tem um objetivo -o Senador Cristovam Buarque foi eleito pre-sidente da Comissão de Direitos Humanos.Num contato que mantivemos, quando oSenador esteve em Genebra, percebemosestar consciente dessa aberração brasileira.Sua visão vai mesmo além, pois quer a cria-ção de deputados representantes da comu-nidade brasileira no Exterior. Portanto, pedi-mos ao senador Cristovam Buarque paradenunciar a negação de um direito humanobásico dos filhos de cidadãos brasileirosnascidos no Exterior, o da cidadania. Umdireito que vem antes ainda do direito à ali-mentação e do direito à educação e escola.

É hora de se votar a Proposta de EmendaConstitucional que concede a nacionalidadenata aos filhos de brasileiros nascidos noExterior, como antes de 94. Mas, atenção:sem necessidade de burocracia, de processoe papelada, apenas do comprovante de re-

gistro de nascimento no Consulado para setornar brasileiro nato.

É hora também de se explicar correta-mente aos brasileiros do Exterior que o pas-saporte recebido por seus filhos, nosConsulados, é um mero salvo-conduto pro-visório, que será retirado aos 18 anos, se nãoviverem nessa época no Brasil.

A comunidade brasileira no Exterior sónão protestou até hoje porque tem sidoenganada. E nessa falta de transparênciasobre o assunto, o Itamaraty tem culpa, poisaté mesmo diplomatas desconhecem essasituação de nacionalidade provisória em quevivem as crianças nascidas de pais brasileiros,depois de 94, no Exterior.

Os brasileiros pais e avós dos «brasileiri-nhos sem nacionalidade brasileira» e os brasi-leiros em geral que desejarem se unir paraum protesto geral e divulgação na imprensadessa situação vergonhosa, podem me con-tatar pelo e-mail: ruimartins@ hispeed.ch.

(Rui Martins, Jornalista, escritor, 30.10.05)

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Toda pessoa tem direito a uma pátria e,por redundância, a um passaporte, bemcomo pertencer a uma comunidade. Exceto -assim decidiu o Parlamento brasileiro, em1994 - os filhos de pai ou mãe brasileirosnascidos no exterior. Entre os muitos absur-dos criados pela classe política brasileira,mais esse: o de punir os filhos da emigraçãobrasileira.

Essa situação se torna mais absurda,quando se sabe que até os netos de espa-nhóis e italianos, nascidos da emigraçãoestrangeira, podem ter a nacionalidade dosavós. Porém, aos filhos dos pais e mãesbrasileiros, se exige - se quiserem ser brasi-leiros - que deixem seus pais emigrantes nopaís estrangeiro, interrompam seus estudosno país onde cresceram e passem a residir noBrasil, para poder entrar com um pedido denacionalidade brasileira, parecido com umpedido de naturalização brasileira. (Ou quetenham documentos falsos de residência,num país onde a corrupção é instituciona-lizada).

Duas graves conseqüências principaispara o Brasil - nos países de jus terrae, ondebasta nele nascer para adquirir a nacionali-dade, como os EUA, os filhos de brasileiros setornarão estadunidenses ou americanos e,diante da dificuldade de serem tambémbrasileiros, romperão os vínculos com asegunda pátria. Seus netos nem saberão daorigem dos avós; nos países de jus sanguinis,onde os filhos de estrangeiros continuamsendo estrangeiros, como Suíça e Alemanha,os filhos de brasileiros (atualmente com pas-saportes brasileiros provisórios) se tornarãoapátridas. Essa situação vergonhosa come-çará a ser vivida pelos filhos de brasileirosnascidos no Exterior, a partir de 2012, dentroportanto de apenas sete anos, se nada forfeito para se corrigir a emenda constitu-cional de 94. Essa emenda retirou um pará-

grafo, no qual se dizia que eram tambémbrasileiros natos os filhos de pai e/ou mãebrasileiros nascidos no Exterior e registradosno Consulado brasileiro local.

O que isso significa, além dessa ver-gonhosa situação em que os filhos debrasileiros se tornarão apátridas, pois seuspassaportes provisórios brasileiros serãorecolhidos aos completarem 18 anos?

Significa que o Brasil, ao contrário dosoutros países, não se interessa pela sua cul-tura no Exterior, da qual seus filhos seriam osmelhores embaixadores. Os filhos dos quatromilhões de brasileiros no Exterior, na maio-ria emigrantes por uma vida melhor, que seesqueçam do samba, da bandeira verde-amarela, de Ronaldo e Ronaldinho, de JorgeAmado, berimbau, candomblé, Amazônia,guaraná, café e se assimilem o mais rápidopossível no país onde seus pais foram parar.

A outra é econômica - os brasileiros noExterior são gente de coração e mandamtodo mês dinheiro para a família. Só dos EUAchegam todos os anos entre 2 a 4 bilhões dedólares por ano. E, em se mantendo o víncu-lo dos filhos e depois netos dos brasileiros,essa fonte nunca irá secar. Mas, com aexclusão dos filhos de brasileiros, com oescândalo previsto para 2012, com a retiradados primeiros passaportes provisórios, com o

A saga dos brasileirinhos sem pátriaCarta aberta ao Senador Cristovam Buarque, novo presidente da Comissão de Direitos Humanos

Queremos ser brasileiros de verdade!

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O Dr. Wilson estará em dezembro na Suíça epoderá esclarecer dúvidas sobre o tema

cirurgia plástica.

Dr. Wilson wird im Dezember die Schweizbesuchen und kann Fragen über das Thema

plastische Chirurgie beantworten.

Dr. Wilson sera en Suisse le mois de Décembreet peut répondre des questions sur le thème

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Infos/Informações e contatos na Suíça:Ivone (061) 692 82 93 ou (078) 885 17 81.

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FALOU.... PAGOU!Jornalistas cobram em Genebradinheiro de Maluf na $uíça

Paulo Maluf, preso em setembro por ten-tar atrapalhar as investigações sobre suasfamosas contas na Suíça, conseguiu sair daprisão preventiva. O que ele não contava éque alguém fosse cobrar o compromisso queele assumiu em maio de 2004 em declaração àFolha de São Paulo: «o primeiro que encon-trar qualquer depósito na minha conta naSuíça pode ficar com o dinheiro». Os jornalis-tas Jean-Noël Cuenod, do Tribune de Genève,e Rui Martins, ex-correspondente da CentralBrasileira de Notícias, dizem que acharam odinheiro e querem recebê-lo. O pedido formalserá feito em novembro ou dezembro, noClube da Imprensa em Genebra. A idéiadepois é doar o montante virtualmente aoMovimento dos Sem Terra. «Vai ser tudo vir-tual», diz Rui, mas certamente vai chamar aatenção. Resta ver se Maluf cumprirá o com-promisso moral que assumiu.

Aproveitando a oportunidade, os dois jor-nalistas lançarão a idéia do «Princípio daExceção». Trata-se do recolhimento e envioaos países de origem dos impostos relativosaos depósitos secretos na Suíça. Essa é uma

prática que a Suíça já mantém com a UniãoEuropéia para permitir a repatriação doimposto sobre contas secretas de cidadãoseuropeus no país. Sem especificar os nomesdos depositantes, os bancos recolhem osimpostos correspondentes e reenviam ao paísde origem. A proposta de Rui e Cuenod éfazer desse acordo bilateral uma regra geralque beneficie especialmente os países menosdesenvolvidos, as maiores vítimas de desviosde recursos para paraísos fiscais. O Brasil, porexemplo, teria alguns bilhões de dólares deimpostos a receber sobre os 150 bilhõesescondidos aqui na Suíça, estima Rui.

Bastidores das finançasSe a proposta dos jornalistas vingar, muita

coisa pode mudar nesse mundo de desvio dedinheiro público e lavagem financeira. Aprópria denúncia de Maluf e o processo queculminou em sua prisão mostram que existeuma mudança em curso. Detalhes sobre osbastidores dos grandes centros financeiros, dapolítica e do poder são o pano de fundo dahistória contada no livro «O dinheiro sujo dacorrupção – Por que a Suíça entregou Maluf»,de Rui Martins, lançado pela GeraçãoEditorial, no Brasil, em outubro. O prefácio dolivro é assinado pelo lendário Jean Ziegler, oativista e ex-deputado suíço que se tornou oterror dos bancos, autor de vários livros sobrelavagem de dinheiro.

O jornalista relata que tudo começou háquatro anos, quando a Polícia Federal Suíçapediu informações ao Conselho de Controlede Atividades Financeiras (Coaf) sobre umcerto Paulo Maluf, que tinha contas na Suíça.A história rendeu manchetes na imprensabrasileira e Rui Martins sentiu-se até ofendidopor estar tão perto da fonte e ser o último asaber. Partiu então para a ofensiva e fez con-tato com as autoridades daqui. Descobriu quehavia suspeita de lavagem de dinheiro e ocaso Maluf já havia passado da fase deinquérito inicial para o nível processual.

Rui acompanhou o caso, mandandoboletins periódicos para a Central Brasileirade Notícias (CBN). Com bom humor, revelou onúmero do processo contra o Maluf como sefosse um palpite para a Loteca. Juntamentecom Jean Cuenod, Rui cobriu a evolução dahistória na Suíça. Em seis meses foram 22boletins sobre o caso Maluf para a CBN.Cuenod, por sua vez, publicou em setembrode 2001 a primeira grande matéria interna-cional sobre o tema no jornal Tribune deGenève. Ele falava da abertura do inquérito,dando valores e outros detalhes, provandoque Maluf tinha diversas contas aqui. O jornalLe Temps publicou também matéria sobre oassunto e ficou evidente que o caso iaavançar. Mesmo assim aimprensa no Brasil «deixavaà Maluf o benefício da dúvi-da, quando não havia maisdúvida alguma», lembraRui.

Batalha judicialEnquanto isso, no cam-

po jurídico o caso seguia de-vagar. Para a Suíça era ques-tão de honra ir até o fim.Desde o atentado às torresgêmeas nos Estados Unidos,a pressão americana e eu-ropéia para controlar de-pósitos ligados ao terroris-mo, lavagem de dinheiro e narcotráficoaumentou e a Suíça queria provar que nãoaceitava mais lavar dinheiro. No Brasil, porém,tudo caminhava em outra direção. Além dademora no envio dos documentos pedidospela Justiça suíça, as traduções para o francêseram quase ilegíveis. Segundo Rui, não ficavaclaro se era incompetência do governobrasileiro, ou tentativa de proteger o político.

Apesar do Brasil ficar em cima do muro, aSuíça persistiu, denunciou o ex-governador eexigiu a apresentação dos documentos parainstauração do processo. Maluf tinha sidopego no contrapé ao fazer uma transferênciade 200 milhões de dólares para a ilha Jersey,paraíso fiscal do Reino Unido. A Suíça tinhacriado uma nova lei contra operaçõesbancárias duvidosas e o banco logo fez adenúncia. A única ressalva no processo é queMaluf não poderia ser enquadrado em crimede evasão fiscal, pois na Suíça isso não é crime.

A prisão de Maluf neste ano demonstra ointeresse brasileiro de continuar o caso, masainda não se chegou ao ponto de condenar opolítico. Se houver condenação, pode haverprocesso também na Suíça e Maluf terá quedepor aqui. O risco que se corre é o SupremoTribunal Federal brasileiro anular a conde-nação e arquivar o processo, terminando ocaso em pizza.

Papel da imprensaAlém de explicar o funcionamento do sis-

tema de segredo bancário na Suíça, o livro deRui Martins chama a atenção para o papel daimprensa. «Na época a imprensa não fez oque faz agora», diz o jornalista, que ficou

como voz isolada afirmandoa existência das contas deMaluf na Suíça. "Os outrosveículos usavam sempre overbo no condicional, numaespécie de política depreservação», possibilitan-do a candidatura de Maluf agovernador. Para Rui, acobertura do caso custou oemprego na CBN: «fui demi-tido por motivo de econo-mia». O jornalista CarlosAranha, da Paraíba, foi oprimeiro a enfatizar que ademissão de Rui não foi poreconomia de custos. O moti-

vo estava claro: «era ano eleitoral e só euestava malhando o Maluf».

Com a saída de Rui, a CBN passou a trans-mitir os boletins internacionais veiculadospela BBC inglesa e as notícias sobre Malufdesapareceram. Elas só voltaram ao noticiárioem julho de 2003, com a retenção de Malufem Paris para verificação. Só mais tarde, a par-tir de março de 2004, quando o último recur-so de Maluf foi recusado e os extratos suíçosforam divulgados no Brasil, a imprensa todacomeçou a malhar o ex-governador, contaRui.

Essa atitude da imprensa com relação aMaluf, nada tem a ver com a posição adotadacom relação aos escândalos que levaram àcrise no país, na opinião de Rui. Ele acredita,na verdade, que o debate sobre corrupção é«um falso debate, uma crise minimalista». Oque se precisa, segundo ele, é mudar a estru-tura social do Brasil, semi- Continua página 20 ➙

Rui Martins é jornalista e escritor

Jean Ziegler

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escravagista, de cas-tas e apartheid social, e aumentar gradativa-mente o salário mínimo até níveis que permi-tam a sobrevivência com dignidade.

No final de 2004, com o caso se desen-rolando no Brasil e a base do livro pronta, Ruicontactou a Editora Geração para publicar ahistória. O lançamento da obra em outubrodeste ano, coincidindo com a prisão de Malufe de seu filho tornam o livro ainda mais opor-tuno. Numa mistura de relato jornalístico eexplicações técnicas sobre o funcionamentodos paraísos fiscais, Rui conseguiu ao mesmotempo desvendar os caminhos da lavagem dedinheiro e mostrar a importância da impren-sa na denúncia ou na perpetuação de práticasdesonestas.

Aliás, uma das próximas batalhas do jor-nalista é contra o que ele chama de«Dumping» jornalístico. A idéia é denunciarjunto à Organização Mundial do Comércio osserviços de noticiários internacionais que sãodistribuídos gratuitamente pelas rádios inter-

nacionais, como BBC e RFI, para redes derádios comerciais. «Esses serviços anulam apossibilidade do trabalho dos correspon-dentes no exterior» e isso implica em concor-rência desleal. «Trabalhos grátis só deveriamser permitidos com fins humanitários, pararádios comunitárias por exemplo», argumen-ta Rui. O que acontece hoje é que grandes

rádios nacionais bra-sileiras fazem acordoscom as rádios interna-cionais e, com isso,demitem seus corres-pondentes no exteri-or. Além de gerardesemprego, cria-seuma espécie de mo-nopólio de informa-ção.

(Irene Zwetsch)

correspondentes em São Paulo também estamos». A respos-ta veio rápida e curta: «Está demitido!»

Numa época em que «ser do contra» dava punição,alguns amigos se preocuparam com a segurança de Rui,temendo que ele fosse preso. Foi quando recebeu uma pro-posta irrecusável da Embaixada da França: uma bolsa deestudos para Paris para sair do Brasil. Arrumou tudo, saiu doBrasil, deixou a mulher, e se exilou na França. «Saí umasemana antes do seqüestro do embaixador americano, quelevou à prisão todo mundo», conta.

Na França, que considera sua segunda pátria, fez seuMestrado em Jornalismo no Institute Français de Presse edois anos de doutorado com especialidade em Ciência daComunicação. «Escrevi algum tempo para o Pasquim e,durante uma época cheguei a ter três bolsas ao mesmotempo para poder sobreviver», relata. Nas horas vagas, davaaulas de português.

Veio para Genebra, em 1970, pegar uma carta de apre-sentação de Paulo Freire, que lhe garantiu uma uma bolsade estudos da CIMADE, em Paris. Ia ser professor de jorna-lismo em Constantine, na Argélia, mas o contrato furou naúltima hora. Inscreveu-se para um posto na UNESCO (órgãodas Nações Unidas responsável pela área da Educação,Ciência e Cultura), por indicação de Eber Ferrer, mas chegouem segundo lugar e não entrou. Foi uma época difícil emParis, onde criara nova família e onde nasceram suas duasfilhas mais velhas. Era uma vida de restrições e pouco di-nheiro. Por sorte, começou a escrever para a revistaManchete.

Em 1975, em plena administração Geisel, voltou parao Brasil, pois sua esposa tinha muitas saudades. O retornodurou somente nove meses. Como sua esposa tinha sidotesoureira da União Estadual dos Estudantes, um dia osmilitares do DOI-CODI bateram à sua porta às cinco horasda manhã e a levaram para ser interrogada. Alguns dias deprisão com tortura, acabaram com a perspectiva de umavida normal em São Paulo e exigiram uma nova saída dis-creta para começar tudo de novo em Paris. Um amigo lheconseguiu um emprego pela Abril e, a seguir, Rui trabalhoucomo correspondente para a Rádio Guaíba, de PortoAlegre.

Em 1980, com um contrato na Rádio SuíçaInternacional, Rui veio morar em Berna, aqui na Suíça. Nessaépoca conheceu o deputado e escritor Jean Ziegler. «Pre-miado ou azarão», como ele mesmo diz, ao chegar perto doscinco anos de trabalho, soube que seu contrato não seriarenovado e terminaria no meio do ano letivo das crianças.Rui foi o primeiro estrangeiro a não ter mais contrato defi-nitivo com a Rádio Suíça, que, em 1985, mudou as regraspara os estrangeiros.

Depois de um ano e meio na Holanda, voltou à Suíçapara ser correspondente do que seria a CBN e do Estadão.Seus boletins de rádio tinham, desde a época da Guaíba, umestilo diferente, começando sempre com uma brincadeira,uma frase de efeito e transmitindo muita emoção. O jorna-lista procurou sempre manter uma interatividade com oouvinte. Para muitos retransmitia seus boletins por E-mail.

Do tempo na Rádio Suíça Internacional ficou umressentimento, que custou a desaparecer. «A Suíça merejeitou e eu rejeitei a Suíça. Tudo o que eu podia, escreviacontra a Suíça. Mudei a imagem de cartão postal que aSuíça tinha no Brasil e contei um lado que não se co-nhecia», revela o escritor. Rui só venceu esse problemaquando abraçou uma nova bandeira: a luta pelas classesbilíngües no cantão de Berna. Tudo começou quando setornou presidente da Comissão de Pais na escola de suasduas filhas do terceiro casamento. Quando veio a decisãoda cidade de Berna de cortar a subvenção para a EscolaCantonal de Língua Francesa (ECLF) ele agitou a imprensae «dizem que foi por isso que as autoridades bernesasvoltaram atrás».

No processo de luta pela escola Rui conheceu os repre-sentantes do parlamento da cidade, viu que tinha apoio eque «era possível o diálogo com essa gente que eu antesnão queria nem ver». Por isso mesmo ele não cansa de repe-tir que «a experiência de dirigir uma comissão de pais, lutarpara serem ouvidos e o atual projeto de classes colegiaisbilíngües com a criação do grupo Francophones de Berne foia minha integração». «Passei tanto tempo não querendo meintegrar que quero salvar os outros disso, no caso os filhosde imigrantes como eu. Precisamos fazer a nossa parte,esperamos que as autoridades correspondam ao nossodesejo de integração», afirma o jornalista. Infelizmente omomento atual não parece muito promissor: «agora vejoque a situação se degringola e o país adota leis racistas con-tra os estrangeiros».

Essa decepção acaba transparecendo no livro sobreMaluf. «Fui duro nos ataques a essa Suíça. Estou desenter-rando de uma outra forma a revolta antiga», conclui.

Mesmo assim, continua ativo na defesa da bandeiradas classes bilíngües em Berna e algumas vitórias já estão acaminho. É quase certo que a primeira classe colegialbilingue francês-alemão comece a funcionar a partir deagosto de 2007. «É preciso sempre ousar para transformaruma idéia em realidade», festeja.

Rui acredita que se a imigração nos trouxe até aqui,precisamos nos integrar, para participar mais ativamente davida no novo país e transmitir as nossas idéias de sociedade.Mas essa integração deve ser consciente «para que a Suíça,graças aos estrangeiros, possa descobrir o caminho da aber-tura ao mundo». Pensando no exemplo do futebol, Rui lem-bra que a grande vitória da França na Copa do Mundo foi avitória do antiracismo. Para o jornalista, «a Suíça só poderáter ambições nessa área quando tiver uma seleção colori-da».

Outra luta é para que o Brasil reconheça os filhos depai e/ou mãe brasileiros nascidos no Exterior comobrasileiros natos. Seu último artigo a respeito (ver página16) está sendo republicado nos EUA e foi lembrado nas dis-cussões de Boston sobre imigração brasileira. Seu objetivo écriar um ponto central, um site, que reúna imigrantesbrasileiros da Europa, Ásia e EUA para forçar o Brasil a reversua política com relação à diáspora basileira. (I.Z.)

Nascido em Torre de Pedra, próximo a Tatuí, em SãoPaulo, Rui recebeu esse nome em homenagem a Rui Barbosae, coincidência ou não, acabou tornando-se também um«homem das letras». Por pouco não se tornou «pastor».Criado dentro da Igreja Presbiteriana, participava ativa-mente na comunidade e foi um dos líderes da mocidade naépoca. Com a ditadura, Rui desligou-se por completo daIgreja Presbiteriana. Ele compartilhava das idéias marxistas,enquanto a igreja uniu-se aos militares e expulsou os semi-naristas de esquerda.

Rui decidiu estudar Direito na USP e, enquanto faziafaculdade à noite, trabalhava de dia no Citibank. A seguir, foiassistente de direção do SESC, Serviço Social do Comércio.«Tive três chefes que eram simpatizantes da esquerda e apren-di muito na convivência e bate-papo com eles», diz o escritor.

Mas o que ele queria mesmo era trabalhar num jornal.Por meio de um amigo, conseguiu fazer um mês de estágiono jornal Estado de São Paulo. Terminado o período, prome-teram lhe chamar. Isso não aconteceu. Teimoso, Rui foi até ojornal levar o convite para sua formatura e fez mais uma ten-tativa. Deu certo, recebeu uma oferta. Sem pensar duasvezes, Rui pediu licença no SESC e nunca mais voltou. «Fuipara o jornal ganhando 1/3 do meu salário, mas era isso queeu queria fazer», lembra.

Rui estava dois anos no jornal quando publicou o livro«A rebelião romântica da Jovem Guarda» (Fulgor, 1966).

Publicado em plena ditadura, o livro defendia a tese de queRoberto Carlos surgiu para preencher um vazio que havia nopaís. Músicas como «Quero que vá tudo pro inferno», pre-gavam uma forma de fugir do real. O jeito de ser da JovemGuarda contaminou o país e os meios de comunicação aju-daram a criar o fenômeno musical. Essa forma de expressaras frustrações, cassações políticas e incertezas passou a serum fenômeno sociológico. A análise de Rui sobre o tema foipublicada em uma página no Estadão e o editor da Fulgor(que era ligada ao PC) propôs que ele publicasse um livro arespeito. «Em um mês o livro estava pronto», disse Rui, quemarcou assim sua estréia como escritor.

Sua atuação no jornal sempre teve uma pitada de con-testação à realidade. Como jornalista que cobria a área estu-dantil, abrigou em sua casa o líder da União Nacional dosEstudantes, José Luis Guedes e sua família, que estavamsendo perseguidos. Mais tarde foi demitido do jornal por tercomemorado a reação dos vietcongs aos Estados Unidos naGuerra do Vietnam. Assumiu a chefia de redação paulistanado jornal Última Hora do Rio. Perdeu novamente o emprego,em dezembro de 68, ao participar de uma suposta greve dejornalistas. Rui lembra do caso com certo humor: «O RealiJunior, na época no Jornal da Tarde, veio à minha redaçãopedir apoio para uma greve de jornalistas em São Paulo, quena verdade não acontecia, mas eu acreditei e escrevi para asede: a imprensa de São Paulo está em greve e nós, como

A história do advogado e quase pastor,que decidiu ser jornalista

➙ Continuação da página 19

Livro conta como Suíça entregou Maluf

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Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005 CIGA-InformandoCIGA-Informando Ano 7 - N° 37 - Outubro 2005

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Langstr. 21 1°andar 8004 Zürich, Tel. 044 241 44 88, Fax 044 241 44 89Sperrstr. 5, 4057 Basel, Tel. 061 683 73 33, Fax 061 683 73 34

[email protected]

Brasileiros no exteriorO Ministério das Relações Exteriores decidiu instituiro Dia da Comunidade Brasileira no Exterior, data naqual serão organizados eventos festivos evocativos daPátria e um atendimento consular especial. Algumascidades foram escolhidas para comemoração experi-mental. O êxito da que foi promovida em Frankfurt, a12 de junho, levou o Consulado Geral do Brasil emFrankfurt a sugerir celebração equivalente emColônia. A proposta foi aprovada em Brasília e o Diada Comunidade Brasileira foi festejado naquela cidadealemã no dia 30 de outubro de 2005.

(Colaboração de Deborah Biermann)

Referendo sobre desarmamento 2005 1- Precisa justificar o voto: Serão obrigados a justificar o voto todos os brasileirosque tenham títulos com Zonas Eleitorais no Brasil eque, naquele dia (23.10.2005), estavam no Exterior. Os brasileiros cujos títulos têm Zonas Eleitorais iden-tificadas no Exterior - Suíça, Alemanha, Itália, etc. -não precisam justificar o voto.

2. Como justificar e data limite: As justificativas do não comparecimento deverão serencaminhadas «on-line», pelos próprios interessados,diretamente ao Juiz Eleitoral da Zona em queestiverem inscritos no Brasil. No caso de impossibilidade de encaminhar suas justi-ficativas «on-line», deverão realizá-las via postal, tam-bém diretamente ao Juiz Eleitoral de sua Zona deinscrição no Brasil. O site www.tre-df.gov.br está disponível desde o dia15.10.2005 para esse fim. Primeiramente, anote oendereço do Juiz da sua Zona Eleitoral. Depois, preen-cha o formulário e o envie. O prazo para as justificativas será de 60 (sessenta)dias, a contar da data da realização da votação, ouseja, de 23.10.2005 até 21.12.2005. (Fonte: Consulado-Geral do Brasil em Zurique - www.consuladobrasil.ch)

30 anos sem HerzogOs 30 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog,assassinado pela ditadura militar, foram lembradoscom várias atividades em São Paulo. No dia 23 de ou-tubro realizou-se um culto inter-religioso na Catedralda Sé, celebrado pelo cardeal emérito Dom PauloEvaristo Arns, o Rabino Sobel e o pastor Elias AndradePinto, da Igreja Presbiteriana, com participação demais 17 confissões religiosas e um coro de mil vozesdo Fórum Coral Mundial, regido pelo maestroMartinho Lutero.Outra homenagem a ser destacada é a exposição dearte «Caderno de Anotações – Vlado, 30 anos», quetem como curadora Radha Abramo. Foi inaugurada nodia 22 de outubro, na Estação Pinacoteca, antigoDOPS, com a participação de 35 artistas plásticos,entre os quais Lúcia Py, Maria Bonomi, Aguilar, GutoLacaz, Cirton Genaro, Fernando Lemos, GregórioGruber, Cláudio Tozzi. As obras que estão expostas sãointervenções em cadernos de anotações do tipo usadopelos jornalistas. No dia 25 de outubro aconteceu acerimônia de entrega do Prêmio Herzog de Jorna-lismo. (Colaboração de Vania Barbosa)

Trabalho de menores de idadeUm estudo realizado no ano passado a pedido daassociação Terre des Hommes Suíça comprovou quetambém na Suíça existem muitas mulheres menores deidade no mercado informal de trabalho. A fim de que essas trabalhadoras menores possam sairde seu isolamento e encontrar auxílio para a reivindi-cação de seus direitos ou mesmo a obtenção de con-selhos sobre sua situação, a Terre des Homens editou,em conjunto com Centros de Aconselhamento, um fo-lheto explicativo, trazendo todos os endereços delocais que oferecem auxílio. A idéia é divulgar essematerial junto às jovens que se encontram em proble-mas, para que possam procurar ajuda.Um exemplardesse folheto está junto com esta edição do CIGA-Informando e quem quiser encomendar mais exem-plares, pode entrar em contato pelo telefone 061 33891 45, ou por E-mail: [email protected]

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