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11 5 3 19 O Cidadão O Cidadão O Jornal do Bairro Maré RUA PRINCIPAL PROTAGONISTA DA MARÉ PREFEITURA QUER REMOVER MANDACARU HABITAÇÃO: PRÉDIOS VAZIOS RIO DE JANEIRO - DEZEMBRO/JANEIRO 2006 - ANO VIII - N O 43 GLAUCOMA: CONHEÇA E PREVINA-SE Maré via Zona Sul Maré via Zona Sul

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O Cidadão é uma publicação do CEASMCentro de Estudos e Ações Solidárias da Maré

Sede Timbau: Praça dosCaetés, 7 - Morro do TimbauTelefones: 2561-4604

Sede Nova Holanda:Rua Sargento Silva Nunes,1.012 - Nova HolandaTelefone: 2561-4965

Conselho InstitucionalAntonio Carlos Vieira % Cláudia Rose Ribeiro

Edson Diniz % Eliana S. SilvaJailson de Souza %� Léa Sousa da Silva

Lourenço Cezar %� Maristela KlemCoordenadora: Rosilene Matos

Editora: �Renata SouzaCoordenadores de Edição:

Flávia Oliveira %� Aydano André MottaCoordenadora de Reportagem: Carla Baiense

Administrador: Hélio EuclidesReportagem:

Renata Souza % Cristiane Barbalho % Ellen MatosHélio Euclides %� Rosilene Matos %� Silvana Sá

Viviane Couto %� Gizele MartinsColaboraram nesta edição:

Oservatório da Maré % Ratão Diniz %� RedeMemória %� Ana Muniz

Jornalista Responsável:Marlúcio Luna (Reg. 15774 Mtb)

Ilustrações: Mayara e CaiquePublicidade: Elisiane Alcantara

Diagramação: José Carlos BezerraAssistente de Diagramação: Fabiana Gomes

Foto de Capa: Hélio EuclidesRepórter Fotográfico: Cristiane Barbalho

Distribuição: Patrícia dos Santos (coordenadora)Josiane dos Santos� % Sabrina da Silva

Elizângela Felix % Charles AlvesMaria Matildes de Sousa % Regiane de Matos

Sara de Andrade AlvesFotolitos / Impressão: EdiouroTiragem: 20 mil exemplares

Correio eletrônico: [email protected]@yahoo.com.br

Página virtual: www.ceasm.org.br

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Acima, Adelson Alves, locutor da RádioMEC AM. Ao lado, Ana Carla, 35 anos,

cabeleireira, moradora da Praia deRamos

Cristiane Barbalho

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Hélio Euclides

O Programa de CriançaPetrobras atende a diversas

escolas públicas da Maré.

Promove oficinas e atividadesque se tornam extensão

da sala de aula.

Uma conquista dos moradoresda Maré

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eliz Ano Novo! 2006 é ano de eleições etemos que exercer nosso direito cívicocom responsabilidade. Muitos se

Pois as vozes desta primeira edição de 2006se misturam ao ruído do trânsito nosso de cadadia, na matéria de capa. Apresentamos ocotidiano dos moradores que utilizam as linhasde ônibus que vão da Maré à Zona Sul. Eles vãotrabalhar, estudar e se divertir, pois também sãofilhos de Deus.

Os prédios-fantasmas também foram retrata-dos na edição. Pesquisamos os edifícios privadose públicos que estão completamente abandona-dos. São monumentos ao descaso, numa cidadede muitos sem-teto e poucas moradias.

Falando em moradia, apresentamos o proble-ma da comunidade Mandacaru, onde os morado-res estão sob a ameaça de remoção. A Prefeituraoferece indenizações vergonhosas, que não dãopara comprar nem um barraco de tábua.

Temos ainda a rua Principal com suas histó-rias de luta e diversão. A matéria sobre glaucoma,que mostra a falência do sistema de saúde emuito mais.

Boa leitura e um ótimo ano!

Ano cheio de notícias

desiludiram com o governo de Lula, mas temosque ser capazes de fazer uma crítica séria quenão se baseie, apenas, no que se vê na tele-visão. Com certeza, O CIDADÃO terá um espaçocativo para discutirmos o assunto, mostrandocomo a Maré vê o desempenho do governo e oque espera do próximo mandato.

No ano velho, o jornal passou por muitasmudanças, começando pelo projeto gráfico. In-corporamos novas caras e olhares sobre a Maré.O reflexo das mudanças foi sentindo lá longe,no mais antigo prêmio do jornalismo brasileiro.O jornal O CIDADÃO foi indicado ao Prêmio Essode Jornalismo, na categoria Contribuição à Im-prensa. A divulgação do resultado surpreendeua equipe: não houve vencedores na categoria.Perdemos o prêmio, mas preservamos nosso di-reito de dar vida e voz às comunidades do Riode Janeiro.

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Fantasmas da Maré

Mercado popular da Vila do Pinheiro não sai do esqueleto e frustra pequenos comerciantes

Cristiane Barbalho

Quartzolite fecha e prédio é abandonado

Imóvel onde ficava a lanchonete Mc Donalds, na Avenida Brasil, virou entulho gigante

Prédio público municipal está às moscas

Cristiane Barbalho

Cristiane Barbalho

Renata Souza

Rio de Janeiro enfrenta gra-ves problemas de moradia,que obrigam famílias inteiras

nesse loca l , se rá cons t ru ída umaescola de ensino médio”. A faixa foierguida há anos e nada aconteceu.

Esses são apenas alguns exem-plos, embora existam outros espalha-dos pela Maré. Os fatos mostram quenão há interesse por parte do poderpúblico em transformar esses fantas-mas em locais eficientes e produtivospara a comunidade.

Oa se organizarem para ocupar prédiospúblicos inativos, exercendo assim, oseu direito de moradia, resguardadopela Constituição. Essas ocupaçõessão reprimidas com extrema violênciapela policia.

Enquanto isso, na Maré, há váriosimóveis abandonados, que poderiamser uti l izados tanto para moradia,quanto para a criação de novos espa-ços culturais e educacionais. Entre-tanto, o que acontece é o desperdíciodo dinheiro público e a falta de políti-cas para a solução do problema.

Exemplo disso é o prédio do McDonalds da Avenida Brasil, próximo àNova Holanda, que foi desativado evirou um entulho gigante. Além disso,há as ruínas daquilo que seria um mer-cado popular da Vila do Pinheiro, queé um dos prédios fantasmas da região.Apesar de não assustar os morado-res, tem frustrado pequenos comerci-antes que tinham o sonho de abrir umaloja no novo centro comercial.

Ainda no Pinheiro há um imóvel,que seria um prédio público municipal,às moscas. O espaço vem sendo ocu-pado, de vez em quando, por ativida-des que não se encontram na propostainicial. O descaso dos órgãos compe-tentes também fica claro no caso doprédio abandonado da Quartzolite, nomorro do Timbau, onde foi posta umafaixa com a seguinte frase: “Em breve,

Prédios públicos e privados estão abandonados por todo o bairro

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De volta à escolanquanto muitos alunos queremsair da escola, jovens e adultosque precisaram abandonar os

Jovens que voltaram a estudar aprendem que o estudo em grupo é mais construtivo

Fotos de Cristiane Barbalho

Turma de adultos estudando: para concluir os estudos não há idade; somente, a vontade de crescer

Programas de educação dão oportunidade a quem precisou abandonar os estudos

O programa contempla o primeiro segmen-to, que vai da alfabetização até a quarta série,e o segundo segmento, da quinta à oitava sé-rie. Estes módulos são gratuitos, pois a parce-ria cobre os custos. Já o supletivo do EnsinoMédio, realizado à noite, é pago.

A duração do curso completo varia deseis meses a dois anos, dependendo do de-sempenho de cada aluno. A ex-diretora de e-ducação do Sesi Carla Nascimento sente pra-zer ao ministrar as aulas do supletivo. “É

muito bom ver as pessoas ficarem surpresascom a proposta e sentirem que podemconseguir. Um aluno ajuda o outro e o estudoacaba se tornando uma tarefa do grupo”,afirma.

Na Igreja Nossa Senhora dos Navegantestambém funciona um projeto de supletivo,que pertence ao Telecurso 2000. O curso, queatende uma turma com 30 alunos, é patroci-nado pela a ONG Viva-Rio e pelo governo doestado, que fornecem livros e bolsas para opagamento dos professores.

A professora de português, DanieleNeves de Mello, 24 anos, diz que a procurapelo curso é grande. “Muitos deixaram de es-tudar por muito tempo e para conseguiremum emprego precisam, no mínimo, do ensinofundamental. Por isso, a procura aumenta acada ano”, afirma. A cada final de módulo osalunos fazem uma prova, que é aplicada pelospatrocinadores. O curso tem duração de umano e ainda não há previsão de abertura denovas turmas para o ano que vem.

No Ciep Gustavo Capanema funciona aalfabetização de jovens e adultos pelo Peja 1,e o Peja 2, que abrange até a oitava série. Ho-je, através da organização dos alunos e dedebates, surgiu a idéia de se fazer um do-cumento para o governo do estado do Rio deJaneiro para conseguir a instalação de umprograma de ensino médio.

bancos escolares se esforçam para voltar”.A constatação é da diretora do Ciep GustavoCapanema, Eliane Ferreira. A escola abriga,desde 1985, o Programa de Educação paraJovens e Adultos (Peja), responsável peloretorno e pela iniciação escolar de muitosmoradores da Maré.

O programa é uma das iniciativas desen-volvidas na região para mudar o quadro deanalfabetismo e baixa escolaridade que aindapersiste entre jovens e adultos da comunida-de. Gente como seu Paulo, 34 anos, aluno doprimeiro segmento. Há quatro anos, quan-do chegou de Pernambuco, ele nãoconseguia pegar ônibus, porque não sabialer. “Agora que voltei a estudar vou para ondequiser. É só ter o endereço que chego aqualquer lugar”, garante.

Na Maré o ensino supletivo viabiliza oretorno dos moradores às salas de aula. Alémdo Peja, o Educação para Jovens e Adultos(EJA), desenvolvido pelo Sesi de Bon-sucesso em parceria com o Ceasm, recebe osalunos a partir dos 17 anos. A metodologiautilizada é a do Sesi Educa, que foidesenvolvida pela própria instituição paraatender à realidade financeira e educacionalde cada aluno.

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magine o bairro sendo um corpohumano. Com certeza a coluna verticalda Maré seria a Rua Principal. Além da

um tesouro. “Na construção da escola umadraga encontrou um baú com moedas anti-gas. Não valiam nada, mas foi uma festa”,lembra.

As primeiras lideranças políticas da ruavieram da Associação, como Vera Lucia, Elia-ne Souza e Milton de Jesus. Alguns já nãomoram na Principal, mas a rua marcou as vi-das deles. Vera Lúcia, que vive na Nova Ho-landa há 41 anos, destaca sua passagem naAssociação de Moradores e conta com emo-ção que nem tudo “eram flores”. “A vala e oesgoto eram um horror. E ainda teve um in-cêndio, do qual me salvei com um par de chi-nelas trocadas e apenas uma roupa íntima,que lavava durante a noite e vestia pela ma-nhã. Ficamos dormindo na calçada. Entretan-

to, as pessoas eram mais unidas”, afirma Vera.Tiago de Oliveira, 21 anos, ressalta que há

problemas na rua. “Nós sofremos com má ilu-minação e asfalto irregular”, lamenta.

Hoje, Milton de Jesus, o popular Militão,é vice-presidente da associação da Nova Ho-landa. Ele lembra-se do “tempo em que sujavaas calças no barro da Principal”.

Sobre as reclamações, afirma que a asso-ciação já mandou oficio para manutenção doasfalto e construção de quebra-molas.“Quanto à iluminação dos postes já reivin-dicamos, mas com a colocação das lâmpadassurgem as faixas da menina (Teresa Bergher).Isso é injusto”. Ele aproveita para reclamarque os moradores quase não aparecem naentidade.

A protagonista da MaréA Rua Principal corta inúmeras comunidades e agrupa grandes histórias

Umas das ruas mais agitadas da Maré, a Principal, foi palco de lutas por melhorias na comunidade

Cristiane Barbalho

Idimensão, chama a atenção o traçado, quecorta várias comunidades, da Rubens Vaz,passando pela Nova Holanda, Parque Marée Baixa do Sapateiro, até chegar na NovaMaré. Ela funciona como via para pedestres,linhas de ônibus e kombis. O grande fluxo depessoas atraiu vários tipos comércio, escolas,além do Banco Popular, o posto da Light ediversas igrejas.

Quando se fala da Rua Principal surgemhistórias engraçadas que embalam as con-versas dos mais antigos. O sapateiro MessiasSantana, 67 anos, não vê com bons olhos oaterramento. “Acabaram com nossa alegria.Quando a maré subia, pegávamos bagre ebebíamos com cachaça. Depois, para nos di-vertirmos, íamos ao baile do Risca Faca e, lo-go depois, dormíamos de portas abertas”,recorda.

Baile Risca FacaManuel Paulino, 67 anos, o Manuelão,

dono do antigo Risca Faca, conta que chegouem 1968, e só encontrou água e pinguela (pon-tes provisórias). “Comprei o Risca Faca por 3mil contos, era um ponto de referência paraos nordestinos. Muitos surgiam sem dinheiro,então, se alojavam nos meus quitinetes”.

O estudante Rogério Paulino, 29 anos,destaca que na época da construção do CiepsSamora Machel e Elis Regina, foi encontrado

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Enxergandocom a alma

Comunidade: Vila do PinheiroProfissão: AtorIdade: 27 anos

Gegê, deficiente visual eator, não encontra limitespara realizar seus sonhos.

Bem humorado, piadista e criativo.Assim é a personalidade do atordeficiente visual, Edvandro Rosa,

mais conhecido como Gegê, que tem 27anos e mora na Vila do Pinheiro. Sua vidatreatral começou aos 19, quando era daPastoral da Juventude da Igreja São JoséOperário, que fica na Vila do João. “Par-ticipei de um encontro ecumênico, Flor eCanto, em Petrópolis, e lá apresentei umesquete, que é uma pequena cena. Desdeentão, não parei mais”, lembra. Usandoos olhos da alma, o ator não encontralimitações visuais para concretizar seusdesejos.

Gegê foi consagrado com seu últimotrabalho na peça “Roda Mundo Seve-

rino”, produzida pelo grupo de teatroda Ação Comunitária do

B r a s i l

(ACB), quefica na Vila do João. Oespetáculo ficou em cartaz deagosto a setembro no teatro GlauceRocha. Durante e depois das apresen-tações, o ator foi rodeado pela imprensae deu várias entrevistas. “Eu não me im-pressiono com isso, mas é muito bom vero meu trabalho reconhecido”, afirma oator, que está estudando para montara peça “Anjo Negro”, de NelsonRodrigues.

A família do ator é só alegria. Amãe Carmem Lúcia dá seu apoioincondicional. “Acho muito bommeu filho seguir na vida ar-tística, está no caminho certo.

Mesmo se não conseguir ir em frente, vaiter uma história bonita para contar paraos filhos. Mas tudo que eu puder fazerpara ajudá-lo, farei”, garante a mãe artista,cantora de forró em bares daMaré.

Mas nem tudo sãoflores. Por causa da defi-ciência visual, que é he-

reditária e tem se agravado, gradual-mente, depois dos 20 anos, Gegê teveuma forte depressão. “Foi muito difícil a-ceitar no começo, pois eu enxergava feitoáguia. Mas hoje já me conformei e sei,que um dia, ficarei cego. Estou prepa-rado”. Ele queria ser psiquiatra, mas achadifícil, já que não há uma estrutura espe-cífica nas universidades para comportaros deficientes visuais. “Se encontrar umaescola para deficientes já é difícil, imagineencontrar uma universidade”.

Em abril, o ator entrou para o InstitutoBenjamin Constant para aprender braile, que

é um sistema de escrita em relevo, de-senvolvido para os cegos. Mas foiobrigado a trancar sua matrícula paraparticipar da peça Roda Mundo Se-verino. “Estou estudando o braile emcasa. É bastante difícil, mas quandoaprendi a letra A e a Z, ficou menoscomplicado”, conta.

Gegê pretende passar o resto de suavida trabalhando com artes engajadas so-

cialmente. “Penso nas pessoas e na partesocial. Por isto quero fazer projetos sociaiscom cinema e teatro para ajudar as pessoas.Este é o meu sonho”.

Gegê e as máscaras que produziu para utilizar em cena do espetáculo “Roda Mundo Severino”

Fotos de Cristiane Barbalho

O ator encena parteda peça ao posar

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RIO DE JANEIRO

Fotos Paulo Macedo

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Nova holanda ganha bibliotecaParceria entre Ceasm e Rotary Club possibilita novo espaço de leitura

Crianças lêem na biblioteca da Nova Holanda: um novo ambiente de leitura e diversão

QCristiane Barbalho

O CIDADÃOdá dicasde cursos

O curso de serviço social tem comoobjet ivo a formação de bacharéiscapaci tados para a produção deconhecimento sobre a realidade so-cial. Os formandos são capazes deimplementar, gerir e avaliar políticassociais, planos, programas e projetos

desenvolvidos por órgãos daadminis t ração públ ica , d i re ta eindi re ta , empresas , en t idades eorganizações da sociedade civil, quefavoreçam a luta pela cidadania e ademocratização da sociedade bra-sileira.Duração: 4 anosCurso: Pode ser encont rado naUFRJ, UERJ, UFF e Uni-Rio.

Serviço Social

ue 2006 é um ano eleitoral, todomundo sabe. E para começar oano exercendo o sagrado direi-to de todo cidadão, os morado-

O lema da biblioteca, “Ler também éum direito”, reflete a proposta do espaçopara os moradores da Maré. O projetoMaré de Literatura do Ceasm, uma vezpor mês, realiza atividades voltadas pa-ra crianças e adolescentes, ampliandoainda mais o universo de freqüentado-res, hoje em torno de 30 pessoas, diaria-mente. Eles ouvem histórias e são apre-sentados a livros de literatura infantojuvenil.

“O nosso principal objetivo é permi-tir o acesso a esse bem cultural que é limi-tado por causa da dificuldade econômi-ca”, disse o diretor do Ceasm, Edson Diniz.

A biblioteca funciona das 14 às 21h40m no Ceasm da Nova Holanda, que fi-ca na rua Sargento Silva Nunes, 1012.Os interessados em pegar livros empres-tados devem comparecer ao local com acópia da identidade, uma foto 3X4 e umcomprovante de residência original.

res da Nova Holanda vão encarar umaimportante eleição pela frente: a escolhado nome da primeira biblioteca da comu-nidade. Inaugurada em julho do ano pas-sado, graças à parceria entre o Ceasm e oRotary Club do Rio de Janeiro, a biblio-teca está localizada, provisoriamente, nasede da instituição. A intenção é aconquista de apoios para a construçãode um prédio com instalações maisadequadas para ao seu funcionamento.

De acordo com a diretora do CeasmEliana Souza a biblioteca de NovaHolanda pretende ser um espaço para oincentivo e a prática da leitura e reflexão.“Os alunos dos diversos cursos doCeasm, bem como o público em geral,agora terão acesso a um acervo que vaido livro didático à literatura universal”,resume. O trabalho de catalogação eorganização de todos os livros paraempréstimo vem sendo realizado pelosex-alunos do Curso Pré-Vestibular,atuais universitários e profissionais debiblioteconomia e arquivologia, sob aorientação de professores da Univer-sidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio). Umaoutra parceria com a UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ) tambémpossibilitou o estágio de universitáriosna biblioteca.

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50 anos da Escola Bahia No dia 7 de dezembro foi comemorado o

aniversário de 50 anos da Escola Bahia. No even-to foram exibidos cartazes e alguns alunos fizeramuma apresentação oral, contando um pouco so-bre a escola. Além disso, alunos das turmas1001 e 1002 apresentaram uma maqueterepresentando parte da comunidade. O trabalhoda maquete foi realizado com apoio de uma em-presa, para a aquisição do material, e do Ceasm,que serviu como fonte de consulta, por meio demapas do projeto Rede Memória.

Vinícius de Moraesna Vila do João

A pré-estréia do filme “Vinícius: Quem paga-rá o enterro e as flores se eu morrer de amores”,ocorreu na Ação Comunitária do Brasil (ACB),no dia 29 de outubro. Cerca de 120 moradoresda Vila do João assistiram à pré-estreia, quecontou com a presença do cantor Chico Buarque,da atriz Camila Morgado, do compositorCarlinhos Vergueiro e dos diretores do filme,Miguel Faria Jr. e Suzana Moraes, filha do poeta.

Após a exibição do filme, os rappers Bom,Nego Jeff e Leroy, que são do grupo de hip hopNação Maré e atuam no filme cantando a poesia“Blues para Emmet” em ritmo do rap, fizeramtodos dançar. A integrante do grupo de teatroda ACB, Roberta Rodrigues, cantou “Folhetim”à capela para o autor Chico Buarque. A idéia doevento foi proporcionar à comunidade o contatocom a obra do poeta.

Cinemaré: “Diários deMotocicleta”

Em memória ao dia da morte de Che Guevara,no dia 8 de outubro, a escola IV Centenário, quefica no Timbau, juntou-se com o Movimen-toCinemaré e apresentou o filme “Diários deMotocicleta”, que narra vida e morte do revolu-cionário. O debate contou com a presença docoordenador do Movimento dos Trabalhado-res Sem Terra (MST), João Pedro Stédille. Maisde 80 pessoas estiveram presentes ao debate,incluindo alunos, moradores e professores daMaré.

O Movimento Cinemaré, organizado pormoradores e professores do bairro, vem apre-sentando filmes socialmente engajados, segui-dos de debates por todas as comunidades daMaré. A finalidade desta iniciativa é conscienti-zar politicamente os moradores, com discussõessobre política, violência, educação, entre outrostemas.

Os moradores apóiam o movimento. “Estesfilmes são uma boa iniciativa, pois quando sãopassados nas ruas conseguem atingir váriaspessoas que nunca tiveram a oportunidade deir ao cinema. Os debates são de grande importân-cia, pois os assuntos nos fazem pensar tantoindividualmente quanto coletivamente,” comen-ta Gabriela Nunes, 18 anos, estudante.

Consciência negraEm memória aos 310 anos da morte de Zumbi

dos Palmares, último líder da revolta doQuilombo dos Palmares, no dia 20 de novembro,a Ação Comunitária do Brasil (ACB), aAssociação de Moradores da Vila do João e oCeasm realizaram um grande evento. De acordocom o mobilizador social da ACB, Sérgio Carlosde Barros, o objetivo da iniciativa é resgatar emostrar a cultura africana a todos. “O lugar nãofoi escolhido por acaso. Temos que estabeleceruma relação entre povos mareenses e acabarcom a violência das etnias. Isso porque na Vilado João e na Maré há muitos angolanos edescendentes de escravos”, disse. O eventoreuniu, entre outras entidades, a Lona Cultural,Grupos da Ação Comunitária e artistas locais,além da participação de moradores.

Lançamento de CDna Lona Cultural

No dia 19 de novembro, na Lona CulturalHebert Vianna, o cantor Eduardo Soares,vocalista da banda católica Kenosis e moradordo Parque Maré, lançou seu primeiro CD solo.O disco conta com participações de cantoresconceituados no meio católico, como padreAndré Luna e Ítalo Villar. Outra participaçãoespecial é a do filho dele, João Marcos, de seisanos. No evento houve apresentação da bandaComunidade Carisma de Magé e do DJ Guto, daequipe Engels Night de São Paulo, que trabalhaem um movimento de “cristoteca” católico.

“A idéia do evento surgiu do intuito defestejar o dia de Cristo Rei”, contou o padreFrancisco Ribeiro, pároco da Igreja Jesus deNazaré, localizada no Parque Maré. Segundouma das organizadoras, Viviane Rocha, 27 anos,o evento ocorre uma vez por ano para festejar odia do padroeiro. “A igreja fica em comemoraçãodurante uma semana e o fechamento se dá comum grande evento”, informa. A festa está emsua terceira edição e nos anos anteriores foirealizada no ginásio da Vila Olímpica.

Organizadores do lançamento do CD de Eduardo

Cristiane Barbalho

O rapper Leroy canta para Chico Buarque e Camila

Ana Muniz

Ato “Maré dizsim à vida”

O referendo sobre a proibição do uso de ar-mas de fogo serviu de ponto de partida para o“Maré diz sim à vida”, um ato pela paz. Omanifesto foi promovido pelo Observatório deFavelas, no Parque Maré. O debate sobre o“Sim” ou “Não” à comercialização de armas tevecomo principal temática o valor da vida humanae a violência sofrida por moradores de comuni-dades. Dois filmes foram apresentados “A mor-te do leiteiro” e “Até quando?”, sendo o últimoproduzido pelos próprios alunos da EscolaPopular de Comunicação Crítica. Estiverampresentes moradores de diversas áreas dacidade. Muitos eram a favor do desarmamentoe outros defendiam o voto nulo, como protes-to ao governo federal e ao referendo. Mas, todossaíram com certeza de que atos como este sófortalecem a democracia, na Maré e fora dela.

Alunos da Escola Bahia fazem maquete da Maré

Cristiane Barbalho

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Uerê: as crianças de luz

A

ito anos depois, as marcas da Chaci-na da Candelária continuam presen-tes na memória dos sobreviventes.O

Mas os reflexos da tragédia na vida de 62 adoles-centes que escaparam da morte vão se apagandopouco-a-pouco. Graças à ação deum grupo de voluntários, estas eoutras 240 crianças foram acolhidaspelo projeto Uerê, que fica na NovaMaré, cujo objetivo é fazer valer osdireitos estabelecidos pelo Estatutoda Criança e do Adolescente.

O Uerê, que em iorubá signifi-ca crianças de luz, foi criado logo após oassassinato das oito crianças na porta daCandelária. O trabalho começou ali mesmo, nasruas do centro, e lá funcionou por quatro anos,até que foi para a Maré.

Hoje, o trabalho é realizado por 24 pessoas,

que desenvolvem atividades de alfabetização, mú-sica, teatro, capoeira, alimentação, dança e coorde-nação, entre outras. São atendidas 350 crianças eadolescentes entre 3 e 18 anos. O objetivo é fazercom que completem o ensino médio e ingressem

no mercardo de trabalho formal.Uma das coordenadoras do

projeto, Yvonne Bezerra de Melo,58 anos, ressalta que a falta de a-poio do governo dificulta o traba-lho. “Para o estado o Uerê nãointeressa., porque é um projetoque custa pouco”. Um programa

de bolsas beneficia 41 crianças, com R$300, quesão encaminhadas para escolas de Bonsucessoe da Ilha do Governador e recebem acompa-nhamento escolar . A coordenadora diz que estaé uma experiência que tem dado certo e que otrabalho continuará.

política de remoção de favelas che-gou na Maré. No mês de Outubro,moradores da comunidade Man-

dacaru, próxima à Marcílio Dias, protestaramcontra a prefeitura e a rede de mercados SãoSebastião, que ameaçam desocupar o local.Os moradores acusam a prefeitura de os te-rem enganado, por informar que a demarca-ção das moradias, feita há meses, possibi-litaria obras de saneamento básico. Mas,segundo eles, era um despejo disfarçado.

Depois do anúncio de remoções, a pre-feitura deu um prazo de apenas uma semanapara que todas as famílias saíssem de suascasas. O valor oferecido como indenizaçãovaria de R$ 800 a R$ 5 mil, dependendo dotamanho do imóvel. A dona de casa MartaRodrigues, 50 anos, defende que foram osmoradores que desenvolveram o local. “Euacho isto um absurdo. Há oito anos, quandoeu vim morar aqui, só tinha mato. Agoraeles querem tirar as nossas casa por R$ 1,4

mil, nos deixando sem condições de com-prar outra”.

Depois de vários protestos, os morado-res ganharam apoio de grupos como a Fe-deração das Favelas do Estado do Rio deJaneiro (Faferj). Mais de 180 moradores par-ticiparam da Assembléia Geral, realizada em

Ratão Diniz

Moradores e simpatizantes da causa de Mandacaru reunem-se para discutir o problema das remoções

Mandacaru, no fim de outubro. O presiden-te da Faferj, Rocindo de Castro, disse queestá esperando uma resposta da Prefeitura.“A100 metros daqui há um terreno do gover-no federal. Propusemos que o utilize parauma política habitacional para a comu-nidade. Ainda não obtivemos respostas”.

Projeto enfatiza e pratica o Estatuto da Criança e do AdolescenteCristiane Barbalho

Crianças do Uerê em atividades de recreação

Comunidade é ameaçada e a indenização não dá para comprar nem um barraco

Remoção em Mandacaru

“Para o Estadoo Uerê não

interessa”, dizYvonne

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12���O Cidadão

iajar de ônibus é uma atividade neces-sária e, por vezes, desgastante. Em geral,os cidadãos da cidade passam muito

tre os trabalhadores. Há debates que variamdesde do programa de TV do dia anterior, à cri-se política, educação dos filhos e violência nasruas. É nesse contexto que algumas pessoasconseguem fazer amizades verdadeiras. De acor-do com o cozinheiro João Vicente, 40 anos, mora-dor do Parque Rubens Vaz, “a linha é um pratocheio para quem gosta de fazer amizade. Tem

gente que aproveita até parapaquerar”.

O estudante de economia daUerj e morador do Salsa e Me-rengue Wallace Rangel, 22 anos,tem opinião diferente. Ele nãoacredita no cultivo de afeto, nocoletivo. “Todo mundo se co-

nhece, mas enquanto tem um grupo de cole-gas aqui na frente, tem outro, lá atrás, falandomal de quem está aqui”. Ainda assim, Wallacereconhece que as relações nos transportes daMaré se dão de forma diferente. “Eu já fuiassaltado duas vezes no 322, quando voltavado trabalho. Por isso, quando eu venho noônibus daqui me sinto seguro, porque todomundo já se conhece”, diz.

As alegrias e dificuldades dos mareenses que viajam rumo à Barra e à Zona Sul

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Outro ponto positivo reconhecido pelo estu-dante é a capacidade de mobilizar as pessoas.“Os passageiros do 179 estãoorganizando um abaixo-assinadopela melhoria dos carros, que estãoquebrando. Há um tempo, fizeramum abaixo-assinado pela volta deum co-brador,e conse-guiram”,lembra.

Cristiane Barbalho

O Ônibus que faz a linha Maré-Zona Sul, além de levar os moradores para trabalhar, estudar e passear, propricia uma integração social entre a população

Agência deemprego

As relações seestendem para além doscoletivos e as conver-sas rendem emprego. Amoradora da BentoRibeiro Dantas ElianeMaria, 44 anos, arrumoutrabalho para as colegas de

“No ônibusdaqui me sintoseguro”, diz

Wallace

Vtempo dentro do coletivo, pela distância ou pelosintermináveis engarrafamentos. Situações que tiramqualquer um do sério. Verdade? Não para todo omundo. Observando as relações criadas em algu-mas linhas especiais, com destino à Zona Sul, paraatender aos moradores da Maré, per-cebemos que os mareenses encon-traram uma maneira de fazer com queessas viagens tenham um final fe-liz, iniciando e terminando bem o dia.

Os ônibus começam a circularàs 5h30m e avançam até às20h30m. São duas linhas prin-cipais, uma que sai do Parque Rubens Vaz,passando pela Nova Holanda, Baixa doSapateiro, Nova Maré e Vila do Pinheiro, comdestino à Zona Sul e à Barra. A outra linha sai daVila do Pinheiro e faz o mesmo itinerário. Apósàs 16h, fazem o caminho inverso.

São vários os motivos que levam o mareensepara a Zona Sul. O mais comum é o trabalho. Po-rém, o ônibus possibilita uma interação total en-

Histórias passageirasHistórias passageiras

Page 13: Cid_43

O Cidadão���13

egundo a pós-doutora e professora daUFRJ, e autora do livro Jornadasurbanas : exclusão, trabalho e subje-

Livro retrata o cotidianodas viagens de ônibus

serem impacientes com idosos e frearembruscamente.

No entanto, neste quesito, os “pilotos”que atuam na Maré dão exemplo de comouma relação mais afetuosa entre prestadoresde serviços e usuários pode minimizar osproblemas. Os passageiros relatam que aforma de dirigir dos condutores das linhaslocais é diferente e defendem que isto se deveà relação fraterna que se construiu. Segundoeles, estes motoristas respeitam mais os ido-

sos e estudantes. “Acho impor-tante o carinho que o motoristatem na hora de o passageiro su-bir e de descer. Só depois é queele arranca, o que nós não en-contramos por aí”, afirma Mariado Socorro Matheus, 59 anos,moradora da Nova Holanda.

Mas para a estudiosa ainda há um degraumais alto a atingir. “É de se esperar que hajamaior receptividade entre conhecidos, o quenos faz pensar que primeiro precisamos nosfamiliarizar, para depois acolher. O ideal éque, nas cidades, possa haver algum tipo dereceptividade entre desconhecidos - que odesconhecido não seja recebido comviolência ou indiferença, mas que umencontro de algum tipo possa se dar tambémentre estranhos”, comenta.

Stividade nas viagens de ônibus na cidadedo Rio de Janeiro, Janice Caiafa, “as pes-soas que moram num determinado local dacidade se encontram com freqüência numalinha de ônibus, num percurso que fazemfreqüentemente. Acabam se conhecendo ehá toda uma vivacidade e até um entusias-mo nesses encontros. Esse fato é carac-terístico do que poderíamoschamar de ônibus de vizi-nhança. Há por exemplo, relatosde festas de aniversário em plenaviagem”, analisa a professora.

No livro, Janice tambémconta as dificuldades enfren-tadas pelos motoristas, comonão conseguir ir ao banheiro, ou até mesmodeixar de lanchar por causa do tempoapertado. Mais do que isto, eles literalmente“sofrem na pele” a exploração capitalista. Sãodores na coluna, queimaduras nas pernas ehemorróidas. Ela demonstra que, sob ascircunstâncias a que são submetidos, muitosmotoristas e cobradores, por vezes, esquecemque estão lidando com seres humanos. E, comisto, não é difícil ver os condutores cariocasdesrespeitarem os direitos dos estudantes,

linha na confecção onde trabalha. “Eu arrumeiemprego para Dalva e ela arrumou para Nininha”,conta Eliane. Ela resume o clima entre ospassageiros. “Um precisa estender a mão parao outro”. Marilúcia Silva, auxiliar contábil, 38anos, moradora do Parque União, que pega oônibus todos os dias há dois anos, costumavisitar as amigas que fez no ônibus. “Conheciuma amiga no ônibus, que trabalha numa lojinhaem Copacabana, e eu já virei freguesa. De vezem quando passo lá”, conta.

Repórteres de O CIDADÃO acompanham os moradores para conhecer a rotina de nossos viajantes

ConfraternizaçãoAs festas, logo cedo, demonstram o clima

das viagens. “Já presenciei muitas festas noônibus, cafés da manhã. A sensação ao se viajarnestas linhas é a de se estar em casa. Todosacabam se conhecendo”, conta Maria Elizabe-te, 33 anos, moradora da Nova Holanda quetrabalha em Ipanema. A cobradora Valéria dosAnjos não esquece o chá de bebê feito pelasamigas passageiras. “O chá de bebê ia ser noônibus, mas como eu saí de licença, eles vieramaqui pra casa. É um pessoal muito divertido,amigos mesmo. Já estou morrendo de sau-dades”, comenta a cobradora de Belford Roxo,que está de licença maternidade.

Os motoristas e cobradores gostam da des-contração. “O pessoal da Maré é diferente. Eufazia a linha Praça Mauá - Jardim de Alá e não éigual. Aqui eles fazem amizade com o cobrador,com o motorista”, afirma a cobradora Elizangelade Paula, 25 anos, moradora de Campo Grande.O motorista Lucenildo Ferreira, 27 anos, morador

de Nilópolis, diz que ficaria chatea-do se saísse da linha. “No fim doano, além de fazerem amigo ocul-to, dão presente para o motoris-

ta. Eles têm um ótimo astral”,garante.

Outro caso que chamaatenção é a “mulher do api-

to”. Ela é conhecida no ônibuspor sempre levar nas viagensum apito. A utilidade, por maisque incomode alguns pas-sageiros, é solidária. “Tododia quando o ônibus entrana rua da sua amiga Batataela começa a apitar. A Ba-tata escuta o apito e desce

correndo para não perdera condução”, contaMayara Gonçalves, 16anos, moradora da Vilado Pinheiro que pega o

ônibus todo o dia com asduas.

Viviane Couto

“O ideal éhaver re-

ceptividade”,diz Janice

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14���O Cidadão

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C

As vans pegam caronaCooperativas também são opção para quem vai para a Zona Sul

onfirmando a necessidade de maisônibus identificada pelos mora-dores e tirando proveito de um

mercado ainda pouco explorado, as co-operativas de kombis e vans começaramtambém a fazer o trajeto para a Zona Sul. ACooperativa Caracol, que já fazia outrostrajetos, percebeu a oportunidade e suasvans começam a circular às 5h e só param àmeia-noite. Tem dois pontos de partida naparte da manhã: Passarela Caracol - ParqueRubens Vaz e Rua 14 - Vila do João. Com 14carros em cada terminal, as vans levam,diariamente, oito mil pessoas para a ZonaSul, segundo estimativas do Presidente dacooperativa, Núbio Paulo Siqueira, co-nhecido como Lobão, 33 anos, morador doParque Rubens Vaz.

A cooperativa Transvitória tambémaproveitou a oportunidade e faz o mesmotrajeto do ônibus 497 (Penha - Largo doMachado). Ela começa a circular às 5h e pá-ra de circular às 21h, só não vai até a Penha,pois faz o retorno depois do Parque União. Os Trabalhadores chegam cedo na fila para não perderem a vaga na van e chegarem no horário ao emprego

Na opinião dos usuários da linha, ficaclaro que ela é uma necessidade. “É umadas melhores coisas que já fizeram”, co-menta Eroaldo. Outros acreditam que aMaré está em vantagem sobre outrosbairros. “Aqui tem ônibus direto para aZona Sul e a Barra. A Ilha, porexemplo, não tem. Com as vans,a competição é grande, mas oônibus é importante para o pes-soal que usa o RioCard”, afirmaMarilúcia.

Ainda assim, os morado-res aproveitaram a presençado jornal para reivindicar algumasmelhorias. Para Maria do Socorro nãohá uniformidade entre as linhas. “Todomundo gosta mais do 127, ônibus quevai pela orla, mas só o que vem é 128lotado. Também deviam colocar ar

Moradores aprovam linha, mas dão sugestõescondicionado no 128”, reclama. Paraela, o horário também poderia passarpor modificações.

“Os ônibus deviam começar a rodarantes das 16h, porque têm pessoas quesaem do trabalho mais cedo”, completa

Maria. Eliane acha que a saídado primeiro carro deveria seradiantada. “Tenho amigas quesão domésticas e pegam notrabalho muito cedo, às 6h.Este ônibus só começa a ro-dar às 5h30, então, elas têmque fazer baldeação”. Dalva

Maria, 51 anos, moradora da Baixa doSapateiro, acha que deveria ter uma li-nha para a Penha. A empresa Real AutoÔnibus, ao ser procurada diversasvezes pelo jornal O Cidadão, não sepronunciou.

Cristiane Barbalho

Cristiane Barbalho

Os ônibus lotados deixam usuários insatisfeitos

“Deveriamrodar maiscedo”, diz

Maria

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O Cidadão���15

Imagine um dia em que os médicos nãoatendam às primeiras consultas, os advo-gados não apareçam nos escritórios. Umdia em que os restaurantes não consigamabrir ao meio-dia. Um dia em que as cal-çadas dos prédios continuem cheias defolhas.

Parece até um cenário apocalíptico, emque parte das pessoas desaparece da Ter-ra. Mas este é o quadro de um dia imagi-nário no qual, por alguma razão, as secre-tárias, as domésticas, as babás, as cos-tureiras, os pedreiros, os cozinheiros e au-xiliares de serviços gerais não chegam aotrabalho.

É claro que esta descrição está longeda realidade. Mas ela demonstra como asatividades consideradas mais simples sãofundamentais para o cotidiano da cidade.E é, muitas vezes, para atuar nestas pro-fissões que os mareenses pegam ônibusrumo à Zona Sul.

São pessoas que alcançaramum papel fundamental nos seuslocais de trabalho. Este é o casode Neli Araújo Ferreira, 64 anos,moradora do Parque União.“Dona Neli é muito importante.Ela é de total confiança, só o fatode confiarmos as nossas crianças novas aela já demonstra isto” conta o médico JairoBorda, 43 anos, morador de Laranjeiras,patrão de Neli. Ela começou a trabalhar

para o casal depois que Jairo e Marta secasaram, há 19 anos, e acompanhou ocrescimento dos três filhos do casal. Os mais

velhos, gêmeos, es-tão com 18 anos e ocaçula com 10 anosde idade. Em algu-mas ocasiões, o ca-minho inverso foifeito e o médico foi àcasa de Neli. Uma

vez quando estava doente e outra duranteo Natal. Ela confirma a relação. “Lá me sintocomo se fosse a minha casa”.

Os mareenses afirmam que, em geral, a

A caminho do trabalho

relação com os empregadores é boa. Esabem o que os satisfazem. “A patroa gostade serviço bem-feito”, relata a doméstica

Anita Onório Vicente, 42 anos,moradora da Nova Holanda.No entanto, outros acreditamque a relação é somente pro-fissional. “Eu gosto, mas nãoparticipo de festas”, contaLicelene Bernardina Soares,25 anos, moradora da Nova

Holanda, sem muito entusiasmo na voz.Para ela, as meninas que têm este trabalhodeveriam buscar outra profissão. “Se eutivesse oportunidade não trabalharia comisso. Nem sempre se trabalha para umapatroa legal”. O preconceito tambémincomoda. “Quando perguntam no quetrabalha e você responde em casa de família,as pessoas já olham com cara de desprezo”,diz Licelene.

Dona Neli e Licelene têm visões diferentes sobre a relação entre patrões e empregados

Viviane Couto

Eroaldo diz que trabalhadores evitam dizer onde moram, pois temem a discriminação

Viviane Couto

“Lá mesinto emcasa”,

diz Neli

“Nem semprea patroa élegal”, dizLicelene

DiscriminaçãoA discriminação também insatisfaz tra-

balhadores de outros setores. “O precon-ceito sempre existe. As pessoas tratam asoutras diferentes, dependendo do lugar on-de se mora. Eu moro num dos melhores lu-gares do Rio, mas tem gente que se envergo-nha de dizer que mora na Maré”, afirmaEroaldo.

Mas, segundo os moradores, na horadas dificuldades todos são iguais. “A vidados patrões, às vezes, é pior do que a dagente que mora na favela”, afirma Licelene.

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16���O Cidadão

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E por falar em Educação...Continuação do primeiro capítulo do Catálogo de Instituições da Maré

A

Prefeitura castra animaisMini-centro realiza esterelização gratuita em cães e gatos

bandonados, fugidos ou perdi-dos, cães e gatos sem dono fazemparte da paisagem do Rio de

Escolas municipaisEscola Municipal Nova HolandaEnsino fundamental I (1o ano do ciclo à 4a série)Endereço: Rua Sargento Silva Nunes, 1004Nova Holanda, Maré. CEP: 21044-242Telefone: 2590-4690Ano de fundação: 1962Funcionamento: Manhã e tarde

Escola Municipal Professor Josué de CastroEnsino Fundamental I (1o ano do ciclo à 4a

série) / Ensino Fundamental II (5a à 8a série)

AJaneiro. Para conter a explosão populacio-nal, a Secretaria Especial de Promoção eDefesa dos Animais (SEPDA) criou o BichoRio - O Bicho Feliz. O programa é executadoem de cinco mini-centros, que esterilizam osanimais.

Os mareenses contam com um mini-centro bem pertinho. Fica na rua TeixeiraRibeiro, do outro lado dapassarela nove, em Bonsu-cesso. No centro há cinco pro-fissionais, dos quais três sãoveterinários vindos de umconvênio com a UniversidadeEstácio de Sá. Segundo eles, ocentro realiza 12 esterilizaçõesdiárias, atendendo, em média, a 60 animaispor semana. O funcionamento é de segundaa sexta-feira, exceto feriados, das 9h10m às16h10m.

Para conseguir o atendimento, o mo-rador deve ir ao local às sextas pela manhã,com a carteira de identidade, CPF ecomprovante de residência. Não é neces-

Um aluno faz os exercícios

Veterinária castra um gato em mini-centro

Imagem do Catálogo de Instituições

Endereço: Av. Brasil, 4040 / Rua 6, s/nºVila do João, Maré. CEP: 21040-360Telefone: 2230-4010 / 2590-0890 (fax)E-mail: [email protected] de fundação: 1985Funcionamento: Manhã e tarde

Escola Municipal Tenente General NapionEnsino Fundamental I (1o ano do ciclo à 4a

série) / Ensino Fundamental II (5a à 8a série)Endereço: Av. Almirante Frontin, 50Parque Roquete Pinto, Maré. CEP: 21030-040Telefone: 2260-5315 / 2270-0783 (fax)E-mail: [email protected] de fundação: 1972Funcionamento: Manhã e tarde

presentaremos agora a continua-ção do primeiro capítulo do catá-logo. A seguir, informações sobre

as escolas da Maré:

Hélio Euclidessário levar o animal, porque o agendamentoé feito para a semana seguinte. Os animaisdevem ter, no mínimo, seis meses de vida. Oposto também atende a animais de rua, masos funcionários alertam para a necessidadede cuidados pós-operatórios, que devemser realizados pela pessoa que encaminhouo animal.

A representante da Comissão deProtetores Autônomos do Parque União eusuária dos mini-centros, Rita Serafim Gomes,

52 anos, acha o trabalho im-portante, mas não está satis-feita com a forma com que a Pre-feitura vem tratando o assunto.“Antigamente tinha em média60 fichas por semana, dis-tribuição de ração para osanimais e uma casa ao lado pa-

ra recuperação de animais de rua. Um dia che-guei lá e só havia três vagas”, reclama Rita.

Os moradores acham que deveria existirmais postos de atendimento na região. “Faltaum posto desse na Maré. É um sacrifício trazero meu animal aqui”, diz a moradora doConjunto Esperança Rosalina Menezes, 66anos.

“Falta umposto desse

na Maré”, dizRosalina

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O Cidadão���17

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O Cidadão���19

Glaucoma atinge moradoresTratamento para a doença que pode causar cegueira ainda é precário na Maré

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Roberta Alves, com glaucoma diagnosticado há dois anos, usará colírio pelo resto de sua vida

glaucoma é uma doença que causadanos ao nervo óptico. A causanão é totalmente conhecida, mas

o aumento da pressão interna do olho é ofator de risco mais importante, pois podelevar à cegueira. Se depender de tratamentodentro do bairro, os doentes correm riscode ficarem cegos, pois não existe oftal-mologista no bairro.

Estudos mostram que as pessoas negrassão mais suscetíveis à doença. Em geral, oglaucoma se manifesta entre os que jápassaram dos 40 anos. Outros fatores derisco são: histórico de glaucoma na família,pressão intra-ocular elevada, diabetes,miopia alta e uso regular ou prolongado decortisona.

Mareenses sofremcom a glaucoma

A moradora da Vila do Pinheiro RobertaAlves, 23 anos, descobriu a doença há doisanos: “Sentia muita dor de cabeça, apesar dejá usar óculos”. Ela procurou um oftalmolo-gista e descobriu, após exames detalhados,que se tratava de glaucoma. “Levei um cho-que, porque eu realmente corro risco de perdera visão”, desabafa. Roberta não procurou a-tendimento na Maré, pois tem plano de saúde.

Luzia da Silva, 63 anos, que mora na Vilado Pinheiro, convive com a doença há trêsanos: “Eu via as coisas embaçadas e não en-xergava no escuro”. Então, buscou trata-mento no Hospital do Fundão, que já dura

dois anos, e obteve uma melhora na qualidadede vida. Apesar de não ter cura, a doençapode ser tratada.

Em busca de alternativas médicas para ospacientes da Maré, O CIDADÃO conversoucom o enfermeiro Marcelo Menezes, do PostoNova Holanda, que revelou a inexistência demédico oftalmologista do sistema público desaúde da Maré. Os moradores que precisamde atendimentogratuito recebem enca-minhamento nos postos comunitários paramarcar consulta através da Central deRegulação da CAAP 3.1, que fica na Penha.

Uma opção dentro da Maré é o aten-dimento feito pelo Sesi. Lá o paciente paga

Cristiane Barbalho

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* Um pano úmido com um pouco depasta dental remove marcas de giz e lápisde cera de qualquer espécie.

* Guardar um pedaço de giz com as biju-terias evita que escureçam.

* Passando uma batata crua na su-perfície do ralador, os resíduos de queijosairão facilmente.

* Para eliminar a ferrugem de objetos

de aço, passe uma borracha escolar.* Passe o veludo a ferro sempre pelo

lado do avesso e ligeiramente umedecido.Os pêlos que ficarem amassados do ladodireito voltarão ao normal se você segu-rar o ferro acima deles, sem tocar no tecido.

Fonte: Folhinha do Sagrado Coração deJesus, Editora Vozes.

Utilidades

uma taxa para consulta, que varia de R$ 17a R$ 22.

Todos os hospitais da CAAP 3.1 só pres-tam atendimento através da Central de Regula-ção, que atende às regiões da Maré, Bonsuces-so, Ramos, Ilha do Governador, Olaria e Penha.Esse procedimento demora de um a dois mesese é feito para todas as especialidades médicas.

“A gente tenta fazer o melhor. Mas osproblemas são muitos e as questões burocrá-ticas criam barreiras”, afirma o enfermeiroMarcelo. Ele acrescenta que somente os mo-radores que são pacientes das unidades desaúde há mais de três anos conseguem trata-mento nos hospitais públicos da região.

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20���O Cidadão

Bem acompanhadasFundação Getúlio Vargas mostra que mulheres da Maré não ficam solteiras

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SABOR DE MARÉ Sopa ParaguaiaIngredientes:

2 cebolas grandes / 2 colheres (sopa)de manteiga / 2 latas de milho / 200 a 250ml de leite / 250 ml de água / 4 ovos (claraem neve) / 1/2 quilo de queijo prato(picadinho) / 1 colher (sopa) de fermentoem pó / 6 colheres (sopa) de fubá / 1 pitadade salModo de fazer:

Derreta a manteiga e doure a cebola,junte a água numa panela e deixe ferverligeiramente. Reserve.

Coloque o milho no liquidificador e batacom o leite.

Despeje o milho batido sobre ascebolas já frias e mexa bem,

Separe as gemas e misture juntamentecom o queijo ralado, o fubá, o fermento , acebola com o milho verde e o sal.

Mexa bem para ficar bem uniforme.Por último, coloque as claras em neve e

incorpore-a à massa.Leve para assar em assadeira untada,

no forno quente. Hélio Euclídes ao lado da sopa Paraguaia

Cristiane Barbalho

A sopa paraguaia, apesar de se chamar sopa, tem consistência de bolo, é deliciosa e muito consumida no Mato Grosso do Sul.Está perfeitamente integrada à nossa culinária. Ela surgiudepois da Guerra do Paraguai. Como os soldados não podiam levar a sopa para os

acampamentos, pela dificuldade no transporte, ela foi ganhando fubá até ganhar a consistência que tem hoje.

Uma pesquisa realizada pela Fun-dação Getúlio Vargas provou queno Rio de Janeiro 43,1% das mu-

lheres vivem sem par. Existem 120 mulherespara cada cem homens. Copacabana é obairro com o maior número de mulheressozinhas: 64%. Entretanto, os dados doestudo revelam que a realidade da Maré ébem diferente.

A pesquisa mostra que a Maré é osegundo bairro do Rio com o maior númerode mulheres acompanhadas: 61,6% do total.Perde apenas para Guaratiba, com 63,1%.Uma das conclusões da pesquisa é que arenda interfere no estado civil das mulheres.Em entrevista ao jornal “O Globo”, o eco-nomista Marcelo Neri explicou que a prin-cipal causa das uniões mais duradouras nasfamílias de baixa renda é a dependênciafinanceira. “Quando a mulher tem melhorcondição econômica, ela pode optar entreficar sozinha ou acompanhada”, disse.

O CIDADÃO foi às ruas para saber seas mulheres concordam com essa estatística.

“Percebo que, na Ma-ré, existem muitas mu-lheres acompanhadas.

Muitas delas não se im-portam em oficializar

a relação. Muitas estãoacompanhadas só paraa ‘farra’, mas na hora

de enfrentar os proble-mas acabam se vendo solitárias.”

Bianca Willemen, 27 anos, casada há seis -moradora do Parque Maré

“Eu não concordo coma pesquisa. Tem muitamulher solteira por aí,com filho, mas semmarido, em busca doseu próprio sustento. Oshomens de hoje em dianão ajudam em nada,não servem pra nada”.

Maria Aparecida, 35 anos, moradora daNova Holanda

“O que eu vejo sãomuitas mães solteiras,que namoram por umperíodo muito curto equando engravidam a-cabam ficando semparceiro. Vejo muitasmulheres nessa situa-ção. Para mim a pes-

quisa não procede muito.”Tauana Cristina Félix, 25 anos, moradorado Novo Parque

“Devido a todas assituações,

principalmente aeconômica, e outras

adversidades, aspessoas encontramnecessidade de se

unirem para ajudar eserem ajudadas. Acho que esse é um quadro

muito comum, não só na Maré, mas nosespaços de favela como um todo”

Simone Lisboa, 23 anos, moradora da Rubens Vaz

Arquivo Pessoal

Cristiane BarbalhoCristiane Barbalho

Cristiane Barbalho

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Forró Frente a Frente

Marias Maré em MinasProjeto de artesanato apresenta sua produção em grande feira do Brasil

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O ritmo nordestino alegra fins de semana do bairro

O casal do forró: Patrícia Caboi e Dany

Foto de divulgação

projeto de artesanato do Ceasm,Marias Maré, que funciona naCasa de Cultura da Maré, parti-

guiram o valor exato das passagens. “Noinício não tínhamos nenhum dinheiro,mas com muita luta conseguimos todasas passagens: uma foi paga pelo Sebraee as outras por comerciantes locais e poruma colaboradora do Ceasm”, conta a in-tegrante do projeto e moradora do Morrodo Timbau, Cleuma Lucinda, 41 anos.

De acordo com a participante doevento, a viagem, apesar de cansativa,foi proveitosa: “A viagem foi muitogratificante, até mesmo porque partici-pamos de uma das feiras mais impor-tantes do Brasil e a segunda maior dopaís. Lá adquirimos muitas informações,tanto através dos estandes brasileirosquanto dos outros países. Por issoqueremos agradecer a todos que propor-cionaram a nossa ida para Minas, e queconfiaram em nós”.

cipou da segunda maior feira de artesana-to do Brasil, Expor Minas, de 22 a 27 denovembro, em Minas Gerais. O projeto foiconvidado pelo Serviço Brasileiro deApoio às Micro e Pequenas Empresas(Sebrae), que trabalha pelo desenvol-vimento sustentável das empresas depequeno porte. Outras organizações não-governamentais da Maré, como a Devase a Ação Comunitária do Brasil, tambémparticiparam da feira.

Como o projeto não tem patrocínio eo Sebrae não arcou com as despesas, asmulheres, que fazem trabalhos com re-talhos, enfrentaram dificuldades paraconseguir dinheiro para o transporte.Porém, depois de muito esforço conse- As Integrantes do Marias, projeto de artesanato

A dupla Frente a Frente, que toca forró pe-los bares da Maré, é formada por Patrícia Caboie Dany. O casal está junto há cinco anos ecomeçou a trabalhar com banda própria pornecessidade. “Eu e o Dany nos conhecemosquando trabalhávamos em uma banda que fa-zia shows na Feira de São Cristóvão. Ele tocavaguitarra e eu fazia voz. Então, começamos anamorar e nutríamos a vontade de montar umgrupo próprio. Daí, montamos o Frente a Frente”,conta Patrícia, que mora no Parque Maré.

O dom herdado do pai, que era tecladista ecantor, fez com que Patrícia largasse um empregofixo para se dedicar à música. A partir daí a bandanão parou mais. “Aqui na Maré tocamos, fre-qüentemente, na Praça do Parque União e noShopinho da Teixeira Ribeiro, fora os bares e aslonas culturais”, diz.

De acordo com a cantora, o ponto negativoda profissão é a falta de reconhecimento. “É

horrível quando se faz um show e não querempagar. O trabalho dos artistas é poucovalorizado”. Outra dificuldade é sobreviversomente dos shows, porque o trabalho varia deacordo com as datas festivas. “De junho aagosto é forró pra todo lado, então trabalhamossem parar. No Ano Novo a procura também égrande. Já no carnaval é muito ruim, porque aspessoas só querem ouvir axé. Mas, ultimamente,temos tocado de quinta a domingo”, diz.

A dupla já lançou dois CDs independentes.O primeiro foi feito com 13 músicas compostaspela dupla. Já no outro, as músicas são re-gravações de outros artistas. “É muito im-portante ter um CD gravado, porque é o cartãode visitas de qualquer banda” , afirma Patrícia.

Quem quiser conhecer ou contratar otrabalho da banda Frente a Frente basta entrarem contato pelos telefones 3105-9752 ou91968474.

Arquivo Pessoal

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A luta musicalNa Maré capoeira é uma forma política, educacional e de troca

á dizia o Mestre Pastinha: “Ca-poeira de Angola é, antes de tudo,luta e luta violenta”. Mas, atual-

O local já abrigou uma instituição deacolhida de menores infratores, comhistórias de mortes e violência. Hoje, é umespaço de arte e cultura que atende a 50

crianças e adolescentes. As aulas são às8h e às 13h.

De acordo com Emanoel, a capoeira éuma forma política de conscientização.Por isso, com o propósito de divulgar aarte e fazer um intercâmbio com outrosgrupos, dez representantes viajaram pelaFrança, Espanha e Alemanha.

Na Academia do Haroldo, na Rua 6,da Vila do João, é Jonailson Paulo, co-nhecido como Mestre Montanha, 34anos, que ensina o esporte. Ele trabalhacom 15 crianças, em encontros às terçase quintas, às 16h30m, e com mais de dezadultos, após as aulas das crianças. Cadaaluno contribui com R$ 15 para aprendera arte que, segundo Montanha, “além denão engordar, ensina o respeito aopróximo”.

O mestre lembra que a luta foi utili-zada, em tempos passados, na revoluçãodos negros. E que, na época guerreira, oMaculelê ajudou com o bastão. “As suasmúsicas têm louvor a Deus e às pessoas,mas, ao contrário do que se pensa, não éespiritismo, é esporte. Na capoeira nãohá divisão, ela é uma só, eu jogo o que oberimbau manda”, disse.mente, a capoeira é praticada como um

esporte, um exercício físico e mental, ouaté, folclore para preservar a tradição.Na Maré, diversos moradores praticam aarte, seja de forma política, educacionalou para repassar ensinamentos.

Na Lona Cultural da Praia de Ramos,Guaracy Guedes, conhecido com mestreCaçapa, 29 anos, reúne cerca de 50 alu-nos às terças e quintas-feiras, das14h às19h30m, para ministrar aulas de capoeiragratuitamente. Atuante do grupo Muzen-za, ele explica que, mesmo com a discri-minação, o esporte é democrático, poispode ser dança para quem quer dançar,luta para quem quer lutar e jogo paraquem quer jogar. “Hoje há grupos di-ferentes, mas tudo cai na Capoeira”, dizmestre Caçapa.

No Morro do Timbau, quem mostra aginga da capoeira de Angola é o MestreEmanoel Lopes, 42 anos, no CentroCultural Popular Ypiranga de Pastinha.

Os Meninos do Centro Cultural Popular Ypiranga tocam e cantam músicas para embalar a roda

Fotos Cristiane Barbalho

Na Praia de Ramos, a capoeira é democrática: adultos jogam com as crianças sem problemas

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����� Os deputados do Rio de Janeiro aprova-

ram, sem nenhum voto contra, o projeto de leido Deputado Dica (PFL), que prevê aconstrução de muros nas linhas expressas dacidade próximo à favelas (linhas Vermelha eAmarela, por exemplo).

A proposta de construir muros demonstra odesejo de dividir a cidade em duas: a que os ricosvão desfrutar e a que os pobres vão ter que aceitar.Partem da certeza de que a favela é o espaço docrime e que tudo o que vem dali não presta.

Dizem que os muros vão servir para protegeros motoristas dos tiroteios. Mas... E a gente,como é que fica? Será que o muro vai resolver oproblema da violência na cidade? E as pessoasque estão do outro lado do muro?

Não somos animais para ficar cercados!Qual será o próximo passo: colocar guaritas e a-rames farpados nos muros?

Conversem com seus vizinhos, discutam,dêem sua opinião: essa já uma maneira de par-ticipar. Mantenha-se informado sobre o assunto,assine o abaixo-assinado. Derrube esse murode preconceitos! A omissão é uma forma deaceitação.

Esse MURO racha a cara!“O Brasil está formando essa cultura. A vi-

são de que os pobres são em princípio bandi-dos, de que os nordestinos retirantes são umaameaça (...) de que a cultura pobre é “brega”(...).”(Cristovam Buarque)

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Gostaria de agradecer aos orga-nizadores de “O Cidadão” pelo espaçocedido, à página 19, da edição março/abril,que tratou da Pastoral da Sobriedade.

Cumprimento-os pelo trabalho rea-lizado nesta região de pessoas tão so-fridas, abandonadas e marginalizadas pelanossa sociedade. Orgulho-me de termorado por três anos e atuado na Pa-róquia São José Operário, Vila do Pinheiro,por 12 anos, onde aprendi muito comaqueles irmãos, que conseguem alimentara esperança por justiça, e mesmo em meioa tantos problemas, conseguem esbanjar

alegria e muito talento até mesmo para oexterior.

Se politicamente a Maré só é lem-brada em época eleitoral, existe um Deusque se importa com esse povo e cami-nha lado-a-lado com ele, sustentando-os na esperança.

Parabenizo-os uma vez mais por seremum espaço a mais para esse povo sofrido,porém maravilhoso, que muito me ensinoue do qual me orgulho de ter convivido.

A todos um forte abraço.

Rede Maré Jovem¦¦ [email protected] ¦¦

Certa noite entrou em meu sonhoUma varanda linda, ajardinadaUm céu muito azul, um mar risonhoUma casa bela e bem decorada.

E indaguei meu Deus! Com o que ganhoComo vou bancar esta mansão douradaAqui muito conforto, ali o banhoEnfim, a vida me corria toda folgada.

Despertei e mal me pondo de péFugiu-me a imagem sedutoraEu estava dentro do Complexo Maré.

No meio dessa gente sofredoraQue tem o sono cortado por um tiroqualquerE ainda são vítimas dessa guerra tola.

As cartas ou sugestões para o jornal devem serencaminhadas para o Centro de Ações Solidárias daMaré - Jornal O Cidadão (Praça dos Caetés, 7, Morro doTimbau, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21042-050)

Sérgio Murilo TavaresBaixa do Sapateiro

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ErrataNo jornal 42, na página 13, a foto é de CristianeBarbalho e não de Rondinele Barbalho, na página 20,o nome da comunidade católica é "Preciosa Vida". Diácono Claudio dos Santos.

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Caro leitor, este espaço do CIDADÃO é seu. Conte suahistória para que ela seja publicada aqui. Pergunte o que vo-cê gostaria de saber sobre a história da Maré e da cidade doRio de Janeiro, e nós responderemos. Envie sua história, per-guntas e sugestões para a Rede Memória nos endereços:Morro do Timbau (Pç. dos Caetés, nº 7. Tels.: 2561-4604; 2561-3946); Nova Holanda (R. Sargento Silva Nunes, 1012. Tel.:2561-4965); Casa de Cultura (Av. Guilherme Maxwell, 26, emfrente ao SESI. Tel.: 3868-6748). Se você tiver facilidade deacesso à internet, envie sua colaboração para os seguintesendereços eletrônicos: [email protected] [email protected].

as últimas edições do nosso jornal, temos falado muitosobre o Museu da Maré. E não é pra menos! Esse é umprojeto muito especial para nós da Rede Memória, para o

Um prêmio para o Ceasm

pessoal do Ceasm, e também para toda a Maré. O museu é muitoespecial porque será um espaço onde pessoas de diferenteslugares e gerações estarão interagindo entre si, trocando suasexperiências de vida.

E fazer um museu que seja vivo não é uma tarefa fácil. Aresponsabilidade é muito grande! Principalmente agora que otrabalho da Rede Memória obteve reconhecimento nacional aoreceber o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, oferecidopelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN).

Esse prêmio foi criado em 1987, com o objetivo de reconhecerações de preservação do patrimônio cultural brasileiro. Este ano,o IPHAN selecionou sete iniciativas em todo o Brasil, tendo sidoa Rede Memória premiada na categoria de salvaguarda de bens denatureza imaterial.

É isso mesmo, caro(a) leitor(a)! Nós ganhamos esse prêmioporque estamos ajudando a preservar o patrimônio cultural ehistórico do nosso país! E queremos dedicar esse prêmio a você,que vem contribuindo generosamente com nosso projeto, doandoobjetos e fotos de família, dando seus depoimentos, contandosua história, seu cotidiano, suas memórias, expectativas, rea-lizações e conquistas... E tudo isso será apresentado no museu.

Por isso, nossa responsabilidade no processo de implantaçãodo Museu da Maré é muito grande, pois esse projeto representa amaterialização da confiança que os moradores têm tido no trabalhodesenvolvido pela Rede Memória ao longo desses oito anos.

Antônio Carlos Vieira discursa na cerimônia de premiação oferecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

Arquivo Pessoal

Cristiane Barbalho

A Placa do Prêmio IPHAN 2005, recebido pela Rede Memória do Ceasm