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CHIBANGA Proposta de documentário Realização: Thomas Behrens Produção: Nanook

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CHIBANGA

Proposta de documentário

Realização: Thomas BehrensProdução: Nanook

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RESUMO

Documentário sobre Ricardo Chibanga, o português que foi o primeiro toureiro deorigem africana em toda a História. Nascido em 1945, o protagonista é abordado tantoacerca do seu passado percurso nas arenas como acerca da sua actividade posterior,até à actualidade.

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CONCEITO

Sendo o documentário biográfico um retrato pessoal, este projecto dedica uma atençãoparticular ao cenário histórico e social em que decorreu a vida de Ricardo Chibanga.

Neste sentido, trata-se de analisar, com base no retrato do primeiro toureiro do mundode origem africana (vivendo hoje na Golegã), de que forma o regime do Estado Novotentou criar a ilusão de um Portugal global multi-étnico, através da exibição conscientedos “exemplos de raça negra” em sectores sociais tradicionalmente importantes (futebol,corridas de touros, cançonetistas, etc).

Muitas pessoas lembram-se de Chibanga, quer seja em Portugal, quer seja emEspanha. À semelhança do seu amigo Eusébio, era um elemento “exótico” num contextotradicionalmente branco, altamente conservador.

Chibanga fez a Maestranza em Sevilha, palco de algumas das suas melhoresapresentações. Aqui vencem apenas os melhores do mundo, e podemos dizê-lo, semcair em exageros, que este é o epicentro do mundo da tauromaquia.

Mais do que datas, efemérides, corridas, esta é uma história de pessoas, de vontades,de esforços, memórias, glórias e fracassos. É também uma história de emoções: docómico ao dramático, do reconhecível ao inesperado.

Esta história – a da vida de Chibanga - decorre em paralelo (mas também em agitadoscruzamentos e interacções) com uma dimensão histórica ainda mais vasta. Tendo emconta que também a tauromaquia é, ao mesmo tempo, protagonista, testemunha einstrumento privilegiado de captação de muitos acontecimentos que fizeram a históriado país nas últimas décadas do século XX.

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SINOPSE

Ricardo Chibanga, actualmente com 65 anos de idade, nasceu num bairro pobre deLourenço Marques (actual Maputo), em Moçambique. Foi o primeiro e, até à data, oúnico toureiro negro, tendo alcançado grande sucesso em Espanha e em Portugal.Picasso era grande adepto de Chibanga. No seu percurso de vida sobressaem muitasdas particularidades da história colonial portuguesa.

Na sua infância jogava futebol com alguns talentos excepcionais, como Eusébio, queentrou na história do futebol mundial com o Sport Lisboa e Benfica e a selecção nacional.

No início dos anos 60, Chibanga começou a sentir uma atracção cada vez maior pelascorridas de toiros, que foram introduzidas pelos portugueses na colónia moçambicanacomo elemento de exportação cultural, servindo de entretenimento domingueiro.

O seu trabalho de ajudante garantia o acesso às arenas e aos espectáculos. Fascinadopor esta “arte maior”, como ainda hoje define a tauromaquia, também ele tinha o sonhode ser “matador”. O talento do então rapaz com 7 anos foi reconhecido e tambémaproveitado do ponto de vista político.

Para contrariar a crescente pressão de descolonização internacional dos anos 50/60, oregime autoritário de Salazar procurava encontrar um novo fundamento ideológico paraa manutenção do império colonial português. Chegou mesmo a ser dito que Portugal nãotinha colónias. Os chamados territórios ultramarinos eram considerados parte integrantede Portugal e, consequentemente, a população maioritariamente africana seriaportuguesa. Nas vozes oficiais, Portugal seria uma “nação multi-étnica e pluri-continental”.

À semelhança do que sucedeu com Eusébio (entre outros), também Chibangaencaixava perfeitamente no esquema de vender um Portugal “multi-étnico”,internacional. Em Sevilha, o centro do universo da tauromaquia, recebeu a “Maestranza“em 1971, a condecoração maior alguma vez dada a um matador, tendo ascendidoa estrela exótica. Foram organizadas tournées tauromáquicas em todo o mundo,nomeadamente em França, México, EUA, Indonésia. Os espectáculos chegaram a ter100.000 espectadores. Revistas como a “Paris-Match“ publicaram grandes reportagensfotográficas sobre Chibanga, o católico fervoroso.

Perguntas centrais do documentário: como é que alguém de uma cultura totalmentediferente vence “against all odds”? O regime de Salazar ter-se-á aproveitado desteexemplo desportivo africano para sair airosamente de uma política votada ao fracasso?Os visados senti-lo-ão como um conflito interior, com o qual têm de viver? Comose sente Chibanga actualmente? Português? Moçambicano? Terá algum problema de

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identidade? Qual a sua opinião sobre as novas tentativas de definir a contribuição dePortugal para a Europa recorrendo a África?

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RICARDO CHIBANGA – A PESSOA

O negro apaixonado pela festa brava reside hoje na Golegã e promete regressar poruma última vez ao centro da arena do Campo Pequeno. O fascínio pelas corridas detoiros nasceu em África, quando trocou o equipamento de futebol pelos fatos brilhantesde toureiro. Descobriu a técnica e os segredos do toureio para encantar multidões. Compouco mais de 60 anos de vida, está mais afastado dos toiros e das capas encarnadas,mas não das touradas. Trabalha para estender a exaltação das corridas de toiros a todoo país.

Chibanga nasceu num bairro pobre de Lourenço Marques. De família com origenshumildes, o pai trabalhava na pastelaria “Princesa”, lugar de referência da capital, amãe acompanhava o trajecto de luta e sacrifício do marido para criar os filhos à luz dosprincípios católicos. Desde criança, Chibanga recorda o hábito de ir à missa dominicalcom a família. Podia ter sido jogador de futebol como os amigos de infância, Eusébio,Matateu, Coluna, Hilário, Mário Wilson – nomes que mais tarde se transformaram emídolos do futebol nacional e em alguns casos até mundial. Contudo, perto da casa ondevivia foi crescendo um espaço diferente que desviava a atenção das brincadeiras derua. Em pouco tempo, por volta do ano de 1962, Chibanga trocou os pontapés na bolapelas visitas à Praça de Touros da zona, e facilmente encontrou uma forma de ganharo passaporte para assistir ao espectáculo que absorvia todos os sentidos e enchia aplateia de olhares eufóricos e gritos “Olé, Olé!”

Fosse na Páscoa, no Ano Novo ou nas festas da cidade, Chibanga juntava-se a umamigo para negociar com o guarda da praça a possibilidade de participar na festa brava.Em dias de espectáculo, dedicava a tarde a limpar a praça e o capim para ganharo bilhete das corridas. E, assim, foi conseguindo ver mais e melhor, germinando já odesejo pelo confronto com o touro. Fascinado pela valentia do toureio, explorava todae qualquer possibilidade de treinar o instinto para fintar com habilidade o novilho. Nocentro das atenções, estavam os toureiros portugueses, espanhóis e mexicanos quedesfilaram em Moçambique naquela altura.

De todos, o favorito era Manuel dos Santos, o maior matador de toiros aos olhosde Chibanga. Os sorrisos e o prazer de estar perto das corridas de toiros foramdireccionando todas as vontades do corpo e da mente para o objectivo principal: sertoureiro.

Foi com a ajuda do empresário Alfredo Ovelha que Chibanga recebeu, pela mão dogovernador geral de Moçambique, almirante Sarmento Rodrigues, a passagem paravoar na conquista do lugar desejado. A bordo de um avião da Força Aérea Portuguesa,aterra aos 17 anos em Lisboa numa quinta-feira de sol.

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No domingo seguinte, enfrenta o primeiro toiro, na Nazaré, um dia inesquecível: “Leveimuita tareia, lógico, não sabia tourear… Mas o público simpático aplaudia, nunca tinhamvisto um africano a pôr-se diante dum toiro”. A maioria dos africanos que estavam nametrópole, à época, eram futebolistas ou estudantes. O aparecimento de um toureironegro sacudiu os entusiasmos e estimulou a simpatia dos mais aficionados. O próprioregime incentivava o projecto de sucesso que Chibanga denunciava nas primeirasactuações.

A simpatia do público português contribuiu em larga escala para a motivação do jovemaspirante a toureiro. Existia, porém, o lado inverso: os perigos de tourear e asdificuldades de adaptação a uma terra tão distinta do seu bairro de Lourenço Marques.As exigências aumentavam, implicando um cada vez maior espírito de sacrifício eprofundo empenho. Nos primeiros anos, o caminho não se afigurava nada fácil paraChibanga.

O apoio de alguém mais experiente foi determinante para a optimização do talento dojovem promissor: “O sr. Manuel dos Santos foi uma grande figura, um grande amigona minha vida! Foi a pessoa que me fez toureiro!” Manuel dos Santos, o lendáriotoureiro português, era na época empresário da Praça de Toiros do Campo Pequeno.Por influência do mestre, e tal como ele, Chibanga também viria a fixar-se na Golegã,no coração de um Ribatejo onde a Festa Brava está na dianteira de todas as tradiçõese costumes.

No dia 15 de Agosto de 1971, Chibanga viveu o momento que ainda hoje recorda comosendo “o mais importante”, na Real Maestranza de Sevilha. Vestido de cor-de-rosa –o tom que casava bem com a sua pele negra –, tomou alternativa com passos bemdesenhados e firmeza no estoque. Ao contrário do que acontecia em Portugal, ali ocombate só terminaria com a morte do animal. Consagrou-se, finalmente, o primeiromatador de toiros africano.

A partir de então, correu mundo, passando pelas arenas de mais de uma dezena depaíses: Espanha, França, México, Inglaterra, Angola, Moçambique, Estados Unidos daAmérica, Venezuela, Canadá, Macau, Indonésia – país onde toureou num estádio defutebol para mais de 100 mil pessoas. Na elegância dos movimentos e na bravurado desafio ao toiro, o nível aumentava e exigia treinos diários em que o mais ínfimopormenor era estudado com rigor e empenho. Chibanga sempre considerou o perigocomo elemento indissociável da profissão escolhida. Ainda hoje, quando lhe perguntamse nunca sentiu medo perante o toiro, a resposta é genuína: “Sempre senti medo, masdominava o medo porque o público exigia sempre mais e mais de mim... Os aplausosfaziam esquecer o medo!” E acrescenta, em jeito sério, a lição mais importante: “É o toiroque dá e tira. Sem sacrifício e trabalho não se vence”. E Chibanga vencia com garra,mas sem ganâncias, porque o objectivo consistia exactamente em ser um toureiro deverdade.

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Viveu alguns anos em Espanha para aperfeiçoar a arte de tourear, mas no coraçãoestava o povo português, a quem sempre dedicou o maior carinho e gratidão. Muitascaras conhecidas aplaudiram e gritaram por Chibanga – entre elas o emblemático pintorPablo Picasso que, mesmo já debilitado pela idade, caminhava para as praças de tourosanimado pelo ambiente contagiante da festa brava.

Para além da euforia da festa e do apreço dos admiradores, muitas foram as cornadas edissabores que os toiros cravaram no corpo e na memória do toureiro africano. A mortebateu-lhe à porta três vezes, numa delas chegou a ficar em coma durante 16 dias, numhospital de Sevilha. A par das dificuldades do corpo na reabilitação física, a recuperaçãopsicológica e emocional era mais difícil. Contudo, nenhuma das lesões travou a forçae o ritmo de Chibanga. Como ele próprio gosta de afirmar, com uma energia inusitada,“a sopa do corno faz parte desta profissão”, e o nervosismo e a ansiedade também!Nas corridas mais importantes, Chibanga passava as semanas anteriores sem dormir,sempre preocupado em superar a própria imaginação. É que, para além do jeito eda valentia, um toureiro não pode descurar a criatividade. “O toiro também tem a suainteligência, o toiro dá cornada e o homem tem de ser inteligente para saber dominar otoiro”, tarefa complicada, especialmente quando o que está em questão é ser-se sempremelhor do que na exibição anterior.

Ricardo Chibanga acredita que esta é a melhor profissão do mundo – por isso mesmo,quando tomou a decisão de se retirar das touradas, em 1995, descobriu umaoportunidade de negócio para se manter no meio tauromáquico e continuar a dar sentidoà sua paixão pela festa brava. Permaneceu reconhecido no sector pela criação deuma empresa de aluguer de praças de toiros desmontáveis. Actualmente gere duasdestas praças, montando e desmontando as estruturas pelo país fora e oferecendo aosportugueses condições para viver a alegria das corridas, mesmo (ou sobretudo) nasterras onde não existem praças de toiros.

Para Chibanga, agora empresário, esta foi uma conquista essencial para não se apartardo mundo que ama: “Neste momento, sinto-me um homem feliz porque há sítios ondenão havia corridas de toiros e, hoje, essas pessoas já têm a possibilidade de as ver”.Esta é, aliás, a época alta para o seu negócio – entre Abril e Setembro –, em quesão muitas as solicitações para a organização de touradas nas praças que, em poucashoras, emergem do chão de terra batida.

Encantado pela lezíria ribatejana, Chibanga continua a viver na Golegã, terra de cavalose toiros que em tudo promove o ambiente de aficción. Bebe o cafezinho diário nocentro, passeando o olhar todos os dias pela estátua do seu padrinho no mundo dostoiros, Manuel dos Santos. Os amigos são os mesmos de sempre, que valorizamna cumplicidade do mundo tauromáquico os mesmos rituais e simbolismos, seja naprecisão das ferras, no entusiasmo das tentas ou na alegria das largadas. Para mataras saudades e manter vivas as recordações, Chibanga espairece os sentidos na Praçade Toiros da Chamusca, onde protagonizou incontáveis espectáculos, de joelhos, de

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pé, arrancando aplausos e exaltações de alegria contagiante das bancadas. E, mesmoquando se esforça por manter a formalidade do discurso, a emoção é inevitável noolhar dum toureiro para toda a vida: “Lembro-me do passado, praça cheia, o povo aaplaudir-me. E isso inspira-me um sentimento muito grande!” O sentimento, de resto,reconhecido e homenageado, no ano de 2002, pela autarquia da Golegã, ao atribuir onome do matador africano a uma das suas ruas.

Considera-se um homem feliz com um “longo e lindo caminho” já percorrido. Parte delecom a mulher ao lado e a filha única, actualmente engenheira alimentar. Manifestaigual amor aos dois países: Moçambique e Portugal. Aprecia a tradição portuguesa,especialmente o fado, o folclore e, claro, a tourada. Quando a circunstância o permite,passa com transparência e carinho a mensagem aos iniciados na profissão: “Espíritode sacrifício, muito empenho... as dificuldades devem ser encaradas como um incentivopara quem quer vencer nesta arte”.

Com uma carreira de mais de 20 anos, Chibanga perdeu a conta aos toiros queenfrentou. Permanecem com algum orgulho os retratos das viagens e os cartazes deanúncio aos espectáculos de outrora, a forrar agora o salão da sua casa. Os recortes dejornais antigos estão criteriosamente arquivados em álbuns, comprovando às geraçõesmais novas os êxitos e a história feita por este símbolo do toureio português. Para osmais aficionados, Chibanga promete voltar a ostentar a riqueza e o brilho dos fatos paratourear uma última vez, na praça do Campo Pequeno, até ao final deste ano. Será, noseu entender, um gesto de agradecimento a Portugal pelo carinho e oportunidade derealizar o sonho de criança. Numa última exibição de coragem e sabedoria, Chibangapretende assim o desfecho total da carreira reluzente na história da tourada portuguesa.Para ele, esta é a arte “mais bonita”, a que está no topo de todas as hierarquias,mantendo os pés fixados na arena para aguentar a investida do próximo toiro.

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CONCEITO DE IMAGEM

Tentaremos descobrir em que aspectos a vida actual de Chibanga ainda poderá estarligada à festa brava. O filme será construído pela justaposição das actividades da suavida actual (vamos acompanhá-lo a montar praças de touros e a ver uma tourada, assimcomo registar os seus comentários acerca da qualidade do evento e do toureiro) e,paralelamente, da retrospectiva da sua passada carreira de toureiro.

Para a narração importa-nos saber o caminho que ele seguiu. A câmara terá que sedeslocar aos lugares de nascimento e da infância de Chibanga, filmando também oslugares dos seus grandes êxitos (as praças de touros do Campo Pequeno ou as deSevilha e Madrid), através dos quais poderemos imaginar a história contada.

Chibanga dispõe de um vasto arquivo com muitas fotografias pessoais da época,cartazes e artigos de jornais que procuraremos utilizar e explorar ao máximo possível.Outras das imagens históricas a utilizar serão os filmes e as fotografias de arquivos. OANIM e a RTP serão fontes de filmes de arquivo. E veremos o que se guardava sobreChibanga no arquivo da PIDE.

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Os testemunhos vivos virão sobretudo do próprio Chibanga, sob a forma de entrevistasfilmadas em situações variadas, em especial em actividades do quotidiano. É tambémimportante a recolha de testemunhos de outros toureiros e aficionados, e também dosamigos de longa data, como Eusébio. No filme, procurar-se-á confrontar os relatosdos vários entrevistados com as afirmações de historiadores que servem também paraaprofundar o retrato da situação política da época e o significado das touradas para apropaganda dos governos de Salazar e Franco.

O conceito visual do filme assenta numa mistura ritmada de vários elementos narrativose visuais: imagem de grande qualidade, grafismo cuidado. O ritmo narrativo será, porvezes, idêntico ao de um ‘clip’ musical e, por vezes, trabalhado de forma mais lenta ecinematográfica/televisiva. A ideia base é de criar um conceito de imagem sempre emmovimento: tudo se desloca, se enquadra e desenquadra com ritmo e intenção.

Propomos igualmente, ao longo do documentário mas de forma não contínua, a divisãodo ecrã em várias “janelas” que mostram diferentes ângulos do que está a acontecer.Estas diferentes imagens podem até ter cores diferentes ou serem a preto e branco.

O cuidado gráfico reflecte-se igualmente no design do ‘lettering’ utilizado. Enquadra-se com os diferentes tipos de imagem, mensagem e de memórias que o documentárioespelha.

A música original será, igualmente, um elemento importante para a criação de ritmo e deuma imagem de marca do documentário.

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EXEMPLO DE ESTRUTURA DO DOCUMENTÁRIO

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CV DO REALIZADOR

- Thomas Behrens, nasc. 1967, Alemanha.- Mestrado Comunicação Visual, Kassel, Alemanha, EICTV, Cuba.- Docente ESAD, Caldas da Rainha, doutoramento em Curso na Fac. Belas-Artes,Lisboa.- Realizador de ficção e não–Ficção, broadcast designer SPORT TV (2000-2001),SAT1 (Alemanha 1998-1999), pós-produção em programas de TV: “Câmara Clara”,“2010”, “Latitudes”, “Imagens de Marca”.- Producer, tradutor, locutor, fotógrafo.- Trabalhos de realização online: http://www.youtube.com/user/thomasvisualcom.