Chegar a novos países - Grupo Azevedos · investimento superior a 13 milhões de euros na...

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/ CADERNO ESPECIAL // FARMACÊUTICAS / 174 \ Marketeer n.º 241, Agosto de 2016 / LABORATÓRIOS AZEVEDOS // É o mais antigo grupo farmacêutico portu- guês e dos mais históricos da Europa. Hoje, o Grupo Aze- vedos exporta mais de 75% da produção para os cinco continentes, mas espera continuar a crescer para novas geografias Chegar a novos países

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Page 1: Chegar a novos países - Grupo Azevedos · investimento superior a 13 milhões de euros na expansão da sua unidade industrial, a So-farimex, tendo em vista o aumento de 44% da capacidade

/ Caderno espeCial // FAr mAcêuti cAs /

174 \ Marketeer n.º 241, Agosto de 2016

/ L a b o r a t ó r i o s a z e v e d o s //

É o mais antigo grupo farmacêutico portu- guês e dos mais históricos da Europa. Hoje, o Grupo Aze- vedos exporta mais de 75% da produção para os cinco continentes, mas espera continuar a crescer para novas geografias

Chegara novospaíses

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gorias liofilizados, líquidos e sólidos. A Sofa-rimex exporta para os cinco continentes e o grupo está a entrar, continuamente, em no-vas geografias e a conseguir novos contratos de produção. Estes factores têm permitido um investimento contínuo e regular na So-farimex, que foi inclusivamente distingui-da com o prémio internacional Crystal Leaf, na categoria “Supply Excellence”, graças ao nível de excelência da sua capacidade de distribuição em 2015 e pelo conhecimen-to específico demonstrado sobre o mercado vietnamita. Este prémio é atribuído anual-mente pela Pharmascience International, uma farmacêutica canadiana.

E que impacto este investimento terá no mercado nacional?

O aumento da capacidade de produção não só nos permitirá chegar a novos merca-dos como tornar-nos ainda mais competi-tivos no mercado nacional, através da valo-rização da produção nacional e reforçando a nossa capacidade de diferenciação, permi-tindo-nos assim continuar a crescer e ganhar quota de mercado.

Mais de 75% da produção na Sofarimex destina-se ao mercado externo. Hoje, em quantos mercados é que o Grupo Azevedos está presente? E quais os mais relevantes?

A internacionalização faz parte do nosso ADN. Os mercados mais relevantes incluem Moçambique, Angola, Cabo Verde, ou seja, países de língua oficial portuguesa, nos quais temos empresas nossas. O Brasil é a excepção, visto estarmos numa fase de desinvestimen-to, devido ao proteccionismo do seu mercado.

Quanto ao mercado europeu, focamo--nos no fabrico de medicamentos para ter-ceiros, comercializados com marcas de outras empresas. O grupo tem um posicio-namento estratégico em vários mercados e aposta numa actividade comercial sustenta-da, logística especializada com capacidade internacional, unidades produtivas, requi-sitos tecnológicos exigentes e capacidade de fornecer grandes volumes.

O facto de o grupo estar presente em toda a cadeia do medicamento é uma van-tagem competitiva? Porquê?

O Grupo Azevedos é um grupo de base in-dustrial que actua em todo o circuito do me-dicamento através de um conjunto de empre-sas especializadas em todas as áreas do sector farmacêutico: desde a investigação e produ-

A inovação e a internacionalização fazem parte do ADN do Grupo Azevedos. O mais antigo grupo farmacêutico português teve, ao longo dos últimos séculos, um papel de-cisivo para o avanço da indústria no merca-do português, tendo sido responsável pelo desenvolvimento e produção de alguns me-dicamentos inéditos no mercado, mas tem como ambição continuar a crescer, em Por-tugal e além-fronteiras.

Para sustentar esse crescimento, no fi-nal de 2015 o Grupo Azevedos anunciou um investimento superior a 13 milhões de euros na expansão da sua unidade industrial, a So-farimex, tendo em vista o aumento de 44% da capacidade de produção nas categorias de medicamentos liofilizados, líquidos e sólidos.

Em entrevista, Thebar Miranda, presi-dente do Conselho de Administração do Gru-po Azevedos, fala sobre a herança do grupo, mas também sobre a importância deste in-vestimento e o impacto futuro que poderá vir a ter sobre o negócio.

O Grupo Azevedos surgiu em 1775 com o estabelecimento da botica Azevedo. Quais os principais marcos na sua história?

O Grupo Azevedos é o mais antigo grupo farmacêutico português e dos mais histó-ricos da Europa. Foi o primeiro produtor de medicamentos em Portugal, tendo nascido em 1775 com a botica Azevedo.

O objectivo foi sempre desenvolver e me-lhorar a medicina e a saúde pública em Por-tugal. Entre as diversas fórmulas galénicas desenvolvidas, o Grupo Azevedos foi res-ponsável pela produção da primeira pomada de penicilina, o antibiótico contra a febre tifóide e a vacina antipoliomielítica. Estes são marcos de extrema relevância e parte do que torna o grupo num dos mais sólidos no mercado nacional. Orgulhamo-nos do nos-so passado, mas o compromisso que temos é para com o futuro. A inovação é a força por detrás do nosso sucesso e que nos faz per-manecer na vanguarda do desenvolvimento, para colocar à disposição das gerações futu-ras novos produtos e terapêuticas.

No final de 2015, o grupo investiu mais de 13 milhões de euros na expansão da sua unidade industrial, Sofarimex. O que mo-tivou o investimento?

Este investimento está a ser aplicado e esperamos resultados brevemente. O objec-tivo foi aumentar a capacidade de produção e posterior exportação de produtos das cate-

Thebar Miranda, presidente do Conselho

de Administração do Grupo Azevedos

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ção até à logística e comercialização. Não é qualquer empresa que consegue suportar o investimento avultado necessário para estar presente em todo o circuito do medicamento. É graças à política de diferenciação e inovação que o Grupo Azevedos tem conseguido con-tinuar a fazê-lo e se orgulha de ter lançado no mercado produtos desenvolvidos inter-namente, continuando a trabalhar para o de-senvolvimento e lançamento de muitos mais.

Quantas referências de medicamentos compõem actualmente o portefólio do gru-po e em que áreas?

O nosso portefólio divide-se em cerca de 182 referências, estruturadas em grandes áreas: medicamentos não sujeitos a receita médica (OTCs), medicamentos sujeitos a re-ceita médica - éticos, genéricos (dos quais te-mos produção própria há 15 anos) bem como os hospitalares) - e dispositivos médicos.

Quais os medicamentos mais relevan-tes ao nível das vendas?

Nas diversas áreas terapêuticas em que estamos presentes temos vários produtos lí-deres de mercado, nomeadamente na área osteoarticular com três produtos líderes, as-sim como nos genéricos e OTCs. A principal característica que diferencia estes produtos é a inovação em termos de formulação galéni-ca, que permite uma maior adesão à terapêu-tica por parte dos doentes, conduzindo assim a melhores resultados terapêuticos.

Qual o volume de negócios do grupo no ano passado e como se dividiu pelas dife-rentes áreas de negócios? E que perspecti-vas para este ano?

Em 2015, o volume de negócios traduziu--se em cerca de 82 milhões de euros. Para este ano, queremos reforçar a posição do grupo no mercado nacional, especificamen-te com o investimento e aposta na unidade de medicamentos Genéricos Azevedos, bem como com a aposta de crescimento da área consumer healthcare. E continuar a expan-são em mercados internacionais que nos tra-gam mais-valias a nível de resultados, posi-cionamento e estratégia.

Qual a posição que ocupam actual-mente no mercado português?

Nas diversas áreas terapêuticas onde está presente, o Grupo Azevedos tem tido nos úl-timos anos um crescimento de vendas sempre superior aos dos mercados, ganhando assim

sucessivamente quota de mercado ano após ano. Isto permite ao grupo ter um lugar de destaque no ranking dos diversos mercados, onde ocupa em cada um deles sempre um lu-gar nas 30 primeiras empresas.

Os Laboratórios Azevedos, face ao mer-cado português na sua globalidade, posicio-nam-se com um crescimento de 5,1% ao ano. Isto, num mercado que cai -1% (fonte: HMR - Health Market Research).

Como é que o grupo olha para a tendên-cia de consolidação do mercado farmacêu-tico, em Portugal e a nível mundial?

É uma tendência expectável, se tivermos em conta factores como o aumento dos custos com a inovação, descoberta e venda de novas moléculas, e também toda a questão do preço do medicamento.

A indústria farmacêutica já não é um “mundo à parte”, elitista e com mais recur-sos. É, neste momento, uma indústria igual a tantas outras, de elevada componente tecno-lógica. Tem, por isso, de se reger pelos mes-mos padrões de eficiência e produtividade, sem espaço para desperdícios e especialmente tendo em conta a redução das margens. Todo o bem que desenvolve, produz e comercializa é muito valioso.

Há pouco tempo ainda havia pessoas que morriam de sarampo ou de diarreia. Por vezes temos memória curta e não valorizamos quem nos faz bem. Esta relação tem que evoluir para bem do progresso e do desenvolvimento.

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Principais apostas em I&D

A osteoarticular, a dermatologia e a medicina geral e familiar são as grandes áreas em que o Grupo Azevedos está a apostar. «Não podemos, no entanto, esquecer, quer o mer-cado dos medicamentos genéricos, quer os de consumer healthcare, já que aqui temos produtos para quase todas as áreas terapêu-ticas», lembra Thebar Miranda, sublinhan-do que, no que toca a lançamentos, são desenvolvidos três a quatro novos produtos por ano, mas o objectivo é aumentar esta mesma produção. «A área de I&D é um dos nossos pontos for-tes, com condições tecnológicas excelentes e um dos melhores laboratórios de tecnolo-gia farmacêutica do País. Só desenvolvemos medicamentos que possam ser fabricados por nós», acrescenta.