CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA … · cognitivo comportamental, psicoterapia infantil e...
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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL
LUIZ GUSTAVO GARCIA DE ALMEIDA
EFETIVIDADE DO TREINAMENTO DE PAIS NO
TRATAMENTO DO TRANSTORNO OPOSITOR
DESAFIADOR
São Paulo
2017
LUIZ GUSTAVO GARCIA DE ALMEIDA
EFETIVIDADE DO TREINAMENTO DE PAIS NO
TRATAMENTO DO TRANSTORNO OPOSITOR
DESAFIADOR
Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu
Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental
Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon
Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins
São Paulo
2017
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.
Almeida, Luiz Gustavo Garcia Efetividade do treinamento de pais no tratamento do transtorno opositor desafiador Luiz Gustavo Garcia de Almeida, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2017. 21f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins 1 Treinamento de pais, 2. Transtorno opositor desafiador. I. Almeida, Luiz Gustavo Garcia. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.
Luiz Gustavo Garcia de Almeida
Efetividade do treinamento de pais no tratamento do17 transtorno opositor
desafiador
Monografia apresentada ao Centro de Estudos em
Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das
exigências para obtenção do título de Especialista
em Terapia Cognitivo-Comportamental
BANCA EXAMINADORA
Parecer: ____________________________________________________________
Prof. _____________________________________________________
Parecer: ____________________________________________________________
Prof. _____________________________________________________
São Paulo, ___ de ___________ de _____
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho aos meus pacientes atuais e futuros. Principalmente aos
que apresentam transtorno desafiador opositor.
A todos os pais que tem em suas mãos a tarefa árdua de educar e
desenvolver seus filhos.
A minha mãe Esmenia Garcia Cigarra.
AGRADECIMENTOS
Ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo Comportamental pela
possibilidade de realização deste curso.
Aos queridos amigos psicólogos com quem compartilhei momentos
importantes da minha vida profissional e pessoal. Agradeço o apoio e carinho em
todos os momentos.
Aos meus familiares que tanto me apoiaram em mais esse desafio.
.
RESUMO
Sabendo que a família é um sistema funcional interdependente, o papel dos pais e
outros membros da família interferem diretamente no desenvolvimento e
crescimento do indivíduo, muitas vezes, é dessa relação que vem o sofrimento
psíquico. O presente trabalho visa discutir a utilização e efetividade do treinamento
de pais, dentro da abordagem da terapia cognitivo comportamental (TCC), no
tratamento de crianças com diagnóstico de transtorno opositor desafiador (TOD). A
literatura tem demonstrado que o treinamento de pais vem sendo considerado o
modelo mais utilizado para este fim. A incidência de pacientes com transtorno
opositor desafiador é alta em consultórios psicológicos. Eles são encaminhados
pelas escolas ou pelos pais que percebem comportamentos agressivos,
inadequados, dificuldade de socialiazação, desenvolvimento de tarefas e baixa no
rendimento escolar. O Treinamento de Pais é um programa, em que várias técnicas
que visam à mudança comportamental da criança e dos pais são utilizadas. Para
tanto, foi feita revisão bibliográfica de publicações científicas publicadas nos últimos
vinte anos, nas bases de dados: Scielo (Scientific Eletronic Library OnLine),
Periódicos Capes (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior),
PePsic (Portal de Periódicos eletrônicos em Psicologia), Google Acadêmico e BVS
(Biblioteca Virtual em Saúde do ministério da Saúde). Foram analisados um livro e
quatro trabalhos de pesquisa, sendo todos nacionais. Toda a literatura consultada
mostra que o treinamento de pais é empiricamente a técnica que apresenta
melhores resultados no tratamento do TOD, quando comparada a outras técnicas e
abordagens psicoterápicas.
Palavras chaves: treinamento de pais, transtorno desafiador opositor, terapia
cognitivo comportamental, psicoterapia infantil e tratamento do transtorno opositor
desafiador.
ABSTRACT
Knowing that the family is an interdependent functional system, the role of parents
and other family members interfere directly in the development and growth of the
individual, often, it is from this relationship that comes the psychic suffering. The
present work aims to discuss the use and effectiveness of parental training, within
the approach of Cognitive Behavioral therapy (CBT), in the treatment of children with
diagnosis of oppositional defiant disorder (ODD). The literature has demonstrated
that the training of parents have being considered the most used technique for this
purpose. Mentions that oppositional defiant disorder patients are very common in the
psychological offices. They are directed by schools or by parents who notice
aggressive, inappropriate behaviors, difficulty of socialization, developing tasks and
low school performance. Parental training is a program, in which various techniques
aimed to change child and parents behavior. Through a bibliographical review of
scientific publications published in the last twenty years, in the databases: Scielo
(scientific eletronic Library online), periodicals capes (top level staff Improvement
Commission), Pepsic (portal of electronic journals in psychology), Academic and VHL
(Virtual Library in health Ministry of Health). One book and four research paper works
were analyze, all national. All the literature consulted shows that parental training is
empirically the technique that presents best results in the treatment of TOD, when
compared to other techniques and psychology approaches.
Key words: parental training, oppositional defiant disorder, cognitive behavioral
therapy, child psychotherapy and treatment of oppositional defiant disorder.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
2 OBJETIVO ................................................................................................................ 9
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 12
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 13
5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 16
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 19
8
1 INTRODUÇÃO
A terapia cognitiva comportamental (TCC) é uma das abordagens mais
pesquisadas no tratamento de crianças com problemas psicológicos (CAMINHA,
CAMINHA e DUTRA, 2017). Sua eficiência vem sendo comprovada através de
estudos empíricos para o tratamento de diversas patologias, inclusive, o transtorno
opositor desafiador (TOD). Sua eficácia em provocar o alívio do sofrimento dos
pequenos pacientes é citada em vários achados da literatura especifica. Sendo que
a combinação de duas escolas distintas – a comportamental e a cognitiva - otimizou
o melhor das duas escolas.
A TCC possui diversas técnicas específicas, o treinamento de pais se utiliza
de diversas delas. Sendo importante o papel do terapeuta na escolha das técnicas
mais adequadas ao perfil e necessidade de seu paciente. É cada vez mais frequente
o encaminhamento para terapia por escolas e ou pais de crianças que apresentam
TOD. Segundo o DSM–V (Manual Diagnóstico de transtornos Mentais, 2014), a
prevalência do transtorno desafiador opositor varia de 1 a 11%, com uma
prevalência média estimada de 3,3%. A taxa do transtorno pode variar de acordo
com a idade e o gênero da criança. Aparentemente, é mais prevalente em indivíduos
do sexo masculino do que em indivíduos do sexo feminino (1,4:1) antes da
adolescência.
O TOD, junto com os demais transtornos disruptivos, são os transtornos
psiquiátricos mais frequentes e têm grande impacto na adolescência e na vida adulta
(BARLETTA, 2011). Ainda, segundo Koch e Gross (2005, apud BARLETTA ,2011) a
literatura da área classifica como transtornos disruptivos aqueles em que os
comportamentos característicos associados são de transgressão de normas,
desafiadores e antissociais, que causam muito incômodo nas pessoas por serem
problemas externalizantes, de grande impacto no ambiente social, em geral com
implicações severas de difícil diagnóstico e tratamento. Ainda, é bastante confundido
com outras psicopatologias ou encoberto por outras comorbidades, tais como:
ansiedade, déficit de atenção, hiperatividade e entre outras.
Além disso, há uma escassez de instrumentos e técnicas padronizadas para
esse tipo de atendimento, dificultando o trabalho dos profissionais da área em
9
apontar quando o comportamento faz parte do ciclo normal do desenvolvimento
infantil ou não, uma vez que as crianças e os adolescentes, em seu ciclo normal de
desenvolvimento, apresentam uma série de classes de comportamentos, incluindo
os desafiadores (KOCH e GROSS, 2005, apud BARLETTA , 2011). O TOD só pode
ser diagnosticado se os comportamentos ocorrerem em alta frequência e as
consequências destes forem mais serias do que se observa em outras crianças no
mesmo estágio evolutivo e ainda, se acarretam comprometimento significativo no
funcionamento social, acadêmico ou ocupacional (American Psychiatric Association,
2014). Crianças que apresentam TOD são consideradas antissociais, muito difíceis
de lidar e apresentam déficits significativos na resolução de problemas (BARLETTA,
2011).
Segundo o DSM-V (2014), são oito os critérios para identificar a criança ou o
adolescente com TOD, sendo que basta apresentar quatro deles na interação com
pessoas do convívio por pelo menos um período de seis meses. Esses critérios são:
perder a calma com frequência, com frequência ser sensível ou se incomodar
facilmente, com frequência ser raivoso e ressentindo, frequentemente ser
questionador, frequentemente desafiador ou se recusar a obedecer, frequentemente
incomodar outras pessoas, frequentemente culpar os outros por seus erros ou mau
comportamentos e ser malvado ou vingativo. Importante salientar que essas
crianças não apresentam agressão significativa, destruição de propriedades e ou
fraudes, essas já seriam características de crianças com transtorno de conduta (TC).
Outro ponto importante é que esses comportamentos devem ser apresentados em
lugares públicos, além da escola e da casa.
O risco de uma criança com TOD vir a desenvolver evolutivamente o
transtorno de conduta é muito grande, sendo assim, seu diagnóstico e tratamento
precoce é de suma importância. O DSM-V-TR considera que o TOD é um
antecedente evolutivo do TC, embora isso possa não acontecer necessariamente
(APA, 2014). Barbosa (2014) alerta quanto as evidências, indicando que o TOD se
apresenta moldado e mantido pela natureza das relações entre a criança e os
adultos importantes de seu meio. Seu diagnóstico pode ser feito antes dos 8 anos de
idade, mas, normalmente, os comportamentos opositores se tornam mais evidentes
quando a criança começa a frequentar a escola.
No caso de crianças e adolescentes com transtornos opositor desafiador, não
podemos descartar o trabalho com a escola e o individual, mas, o trabalho com os
10
pais ou cuidadores é essencial. A TCC vê o treinamento de pais (TP) como uma
ferramenta eficiente no tratamento de crianças com TOD. Estudos definem a
quantidade de responsivos em torno de 40-50%, mesmo em populações tão
diferentes do ponto de vista cultural, como americanos e chineses (SERRA-
PINHEIRO, SCHMITZ, MATTOS E SOUZA, 2004). O treinamento de pais é o
modelo mais utilizado na terapêutica de crianças que apresentam transtorno opositor
desafiador (CAMINHA e CAMINHA, 2011).
Nos últimos anos, habilitar pais para serem terapeutas comportamentais de
seus filhos se tornou de suma importância. O treinamento de pais, basicamente,
acredita que esses sejam causadores centrais das transformações de seus filhos.
Sendo assim, o TP ensina aos pais o que leva as crianças a terem comportamentos
disfuncionais e busca ensina-los condutas educativas e afetivas adequadas que
levam a comportamentos funcionais. De forma planejada, durante o treinamento,
são fornecidas diversas técnicas aos pais, tais como: psicoeducação; time out;
economia de fichas; role-playing; modelagem e prática comportamental; punição
negativa (perda de privilégios); resolução de problemas; investigação de crenças
parentais e entre outras. Essas técnicas impactam sobre os sintomas e modificam as
respostas do ambiente para a criança. Aumentar o repertório afetivo dos pais em
relação ao paciente é fundamental (CAMINHA e CAMINHA, 2011).
São diversos os modelos de TP, mas, não basta aplicar as técnicas
corretamente, o terapeuta precisa ser criativo e adaptar as técnicas as
particularidades de seu paciente, desenvolver as sessões, criar vínculos com os pais
e propor diferentes modelos de reforços (BUNGE et al, 2015).
De suma importância, faz-se necessário entender as causas do
comportamento inadequado da criança, que é feito a partir da identificação das
situações deflagradoras do mesmo. Dessa forma, o TP é direcionado para as
necessidades daquele paciente. Esse estudo traz uma explanação quanto a
utilização e efetividade do treinamento de pais, dentro da abordagem da terapia
cognitivo comportamental, no tratamento de crianças com transtorno desafiador
opositor. O assunto foi escolhido pela dificuldade apresentada no manejo de
pacientes com TOD. Sendo necessários mais estudos que auxiliem os profissionais
da área
11
2 OBJETIVO
Esse trabalho tem como objetivo trazer uma explanação quanto a utilização e
efetividade do treinamento de pais, dentro da abordagem da terapia cognitivo
comportamental, no tratamento de crianças com transtorno desafiador opositor.
12
3 METODOLOGIA
3.1 Delineamento do estudo: Revisão bibliográfica de publicações científicas
dos últimos vinte anos, nas bases de dados: Scielo (Scientific Eletronic Library
OnLine), Periódicos Capes (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível
Superior), PePsic (Portal de Periódicos eletrônicos em Psicologia), Google
Acadêmico e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde do ministério da Saúde).
Palavras-chave utilizadas: treinamento de pais, transtorno desafiador
opositor, terapia cognitivo comportamental, psicoterapia infantil e tratamento do
transtorno opositor desafiador.
3.2 Critérios de inclusão: Publicações disponíveis, dos últimos vinte anos,
que relatam a utilização do treinamento de pais baseadas na abordagem da terapia
cognitivo comportamental em crianças. Idioma português.
3.3 Critérios de exclusão: trabalhos inconclusivos.
13
4 RESULTADOS
Crianças com problemas comportamentais e emocionais, em geral, são a
grande demanda para a realização de terapia e, consequentemente, treinamento de
pais. O TP tem sido utilizado, entretanto, sobretudo no tratamento de crianças que
apontam problemas externalizantes, como pirraças, violências e uma indisciplina
demasiada (MCMAHON, 2008 apud CAMINHA, 2011).
De forma mais específica, o treinamento de pais pode ocorrer focado em tipo
de sintomas ou diagnósticos, objetivando intervir nas experiências práticas e
cotidianas dos pais. Em qualquer uma das práticas de TCC não conseguimos
descartar a participação dos pais. Essa participação e fundamental. Pensarmos em
uma prática sem a participação dos mesmos é fora de cogitação. O papel dos pais
poderá variar de caso a caso. No mínimo o básico – orientações e feedbacks devem
ser exigidos e dados aos pais. Entre as técnicas utilizadas o TP tem sido a base dos
tratamentos cognitivo-comportamentais para transtornos disruptivos de crianças
(GREENE ET AL, 2010 apud CAMINHA, 2011).
Segundo Caminha et al (2017), a efetividade do TP depende, na maioria das
vezes, da melhoria das habilidades de empatia e da forma como os pais demostram
afeto pela criança. Os pais precisam ser capazes de realizarem acordos básicos. O
TP desenvolve as competências sociais da criança, eles aprendem a lidar com seus
impulsos e frustações que fazem parte da sociedade moderna. Assim, de forma
preventiva, pensando na idade adulta, o TP tem o papel de abrandar os problemas
psíquicos das crianças. Dessa forma, o treinamento de pais é efetivo para mudança
nos comportamentos de crianças, mas também pode ter o intuito de tornar o
ambiente familiar mais harmônico e saudável (CAMINHA, 2011).
O TP pode acontecer de forma mais customizada ou individual, mas, também
poderá ser feito em grupo. No individual, trabalha-se apenas uma criança e seus
pais. Em grupo, faz-se a reunião de pais de pacientes com demandas semelhantes
e realiza-se o atendimento de forma coletiva. Esse último, por ser dividido entre os
participantes, reduz o custo do tratamento para os pais. Nas duas situações, o
trabalho do terapeuta é focado em ensinar aos pais como identificar os problemas
comportamentais dos filhos, para isso, utiliza-se de diversas técnicas da terapia
14
cognitivo comportamental, tais como: psicoeducação; time out; economia de fichas;
role-playing; modelagem e prática comportamental; punição negativa (perda de
privilégios); resolução de problemas; investigação de crenças parentais e entre
outras. Essas técnicas tem o intuito da melhora geral na comunicação entre pais e
filhos, mas, também trabalham a autoestima dos pais, dessa forma, diminuindo o
estresse dos pais e reduzindo problemas comportamentais das crianças
(WESTPHAL, 2016).
O TP precisa levar os pais a realizarem modificações no contexto onde a
criança está inserida para que a mudança seja definitiva e estrutural. Para isso, a
avaliação do funcionamento familiar, da criança, e de suas demandas, associado à
um emprego adequado das técnicas são descritos como fundamentais (WESTPHAL,
2016). Não há idade certa para iniciar, o quanto antes sejam percebidas as
características desafiadoras da criança e iniciado o treinamento de pais, melhores
serão os resultados obtidos com a criança. Na busca realizada para elaboração
desse trabalho foram encontrados dados que confirmaram a utilização e efetividade
do treinamento de pais no tratamento de crianças com transtorno opositor
desafiador.
Um trabalho brasileiro estudou evidencias existentes sobre o transtorno
opositor desafiador e menciona que o treinamento de pais tem a eficácia no
tratamento de TOD em torno de 40-50% dos casos (SERRA-PINHEIRO et al, 2004).
Outro estudo mostrou o treinamento de pais realizado com pais de cinco
crianças de três a onze anos. Todas do sexo masculino, com TOD e comorbidades,
tais como: TDHA, TC, depressão e transtorno de aprendizado. Os períodos
avaliados variaram de 50-91 dias. A maioria manteve critérios para TOD. No entanto,
apresentaram melhora significativa de 48,75% na redução da gravidade dos
sintomas. Quando avaliados pela primeira vez o índice médio na escala de TOD foi
16,2% e na última foi de 8,2%, apresentando índices estaticamente significantes.
Nenhum dos pacientes, que também preenchiam critérios para transtorno de
conduta, manteve este diagnóstico (SERRA-PINHEIRO et al, 2005).
Westphal (2017), em seu estudo, menciona a efetividade do treinamento de
pais em um estudo feito com cento e vinte e cinco famílias, com crianças em idade
pré-escolar (3-6 anos) e com diagnosticados com TOD. Esse grupo foi dividido
sendo que sessenta e nove participaram do programa de treinamento de pais e
15
cinquenta e seis fizeram parte do grupo de controle. Tanto para pré-teste quanto
para pós-teste foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, escalas respondidas
pelos pais e também pelos professores, observações de interações entre mães e
filhos realizadas em laboratórios e testagem psicológica das crianças. As sessões
tiveram duração de 14 semanas. Os instrumentos de pós-teste evidenciaram uma
melhora importante no relacionamento entre pais e filhos, bem como nos problemas
de comportamento das crianças (HOMEM et al., 2014 apud WESTPHAL,2017).
Hautmann (2009 apud LOBO, FLACH e ANDREATTA, 2017) comenta que o
treinamento de pais em crianças com transtorno opositor desafiador indicou redução
nos problemas de comportamento infantil e aumento da parentalidade funcional,
com resultados mantidos após follow-up de um ano.
O TP aparece como o procedimento mais eficaz no tratamento de psicopatias
com comportamentos antissociais. A razão está relacionada a sua eficácia em
trabalhar o desenvolvimento de competências sociais na criança, preparando-as
para as frustações existentes no dia-a-dia da sociedade em que está inserida, assim
como, também, é efetivo no ensinar crianças a como lidar com seus impulsos. Ainda,
seu custo quando comparado a outros tratamentos é bastante vantajoso (CAMINHA
et al, 2011)
16
5 DISCUSSÃO
Esse estudo se propôs a elaborar uma explanação quanto a aplicação e
efetividade da utilização do treinamento de pais na terapia cognitivo comportamental
para o tratamento do transtorno opositor desafiador. Apesar da literatura agrupá-lo
nos distúrbios disruptivos, que engloba outros transtornos, optou-se neste estudo em
apresentar somente resultados voltados a demonstração da utilização do
treinamento de pais para o tratamento do TOD.
A pesquisa feita apresentou trabalhos de revisão de literatura, estudo de caso
e, principalmente, trabalhos publicados que apresentaram pesquisas empíricas
sobre a eficácia do treinamento de pais no tratamento de TOD (quatro artigos em
português e um livro). Os transtornos disruptivos são uma das classes de
psicopatologia mais custosas para a sociedade, em virtude da grande proporção de
crianças antissociais que acaba ficando cronicamente envolvidas com organizações
de saúde mental ou sistema criminal pelo resto da vida (CAMINHA e CAMINHA,
2011).
Sem pretensão de esgotar o assunto, percebe-se que ainda há pouco
explorado na literatura científica, principalmente do ponto de vista das terapias
cognitivas. Sendo essa uma terapia que vai além do comportamento expresso pela
criança, faz-se necessário uma atualização para que se incorpore ao treinamento de
pais os elementos básicos do funcionamento cognitivo humano: crenças centrais,
subjacentes e pensamentos automáticos.
Poderíamos ganhar com definições mais precisas de TOD em estudos
futuros. Se considerarmos sua existência ligada às comorbidades, podemos pensar
em subtipos de TOD, por exemplo: TOD com ou sem TDAH (transtorno do Déficit de
atenção e Hiperatividade). O refinamento da classificação diagnóstica contribuirá
para uma melhor escolha e aplicação das técnicas utilizadas ao treinamento de pais.
Dessa forma, a atuação do psicólogo poderá ser mais ativa.
Os resultados aqui apresentados indicaram que o treinamento de pais é um
tratamento eficaz dos sintomas do TOD. O fato de poder ser realizado em grupos,
apresenta grandes vantagens econômicas e aumenta sua importância terapêutica.
Por fim, mas, não menos importante, vale ressaltar novamente a importância dos
17
pais nesse processo terapêutico. O treinamento de pais depende de pais
comprometidos, abertos a mudanças e que acreditam nas mudanças
comportamentais de seus filhos.
18
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A criança é um ser complexo que apresenta características individuais e sofre
forte influência do meio em que vive. A relação país e filhos pode contribuir ou
prevenir a ocorrência de comportamentos disfuncionais, dificuldades de
relacionamento e até mesmo o desenvolvimento ou piora de transtornos
psiquiátricos em crianças. Pensando assim, os pais têm papel fundamental no
comportamento infantil, já que a intervenção nas práticas adotadas por esses pode
trazer melhoras significativas para os comportamentos infantis.
Para o sucesso do treinamento de pais, estes devem se envolver
completamente, estarem motivados e acreditarem em uma mudança. A motivação
desses pais deverá ser trabalhada desde o início. Grandes esforços e mudanças
são exigidas durante o processo. Se os pais ou responsáveis não estiverem
alinhados com os objetivos do treinamento de pais as crianças receberão sinais
confusos e a efetividade da intervenção terapêutica diminuirá. O transtorno opositor
desafiador é de difícil tratamento, seu tratamento é amplo e precisa ser
cuidadosamente planejado. Sem a participação ativa dos pais não se obtém
resultados positivos.
Para a literatura estuda, não há dúvidas quanto a efetividade do treinamento
de pais no tratamento de crianças com TOD.
19
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Acesso em: 01 maio 2017.
21
ANEXO
Termo de Responsabilidade Autoral
Eu, Luiz Gustavo Garcia de Almeida, afirmo que o presente trabalho e suas
devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da
responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.
Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de
Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob
o título “Efetividade do treinamento de pais no tratamento do transtorno
opositor desafiador”, isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos
em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de
quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por
mim praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais
decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia.
São Paulo, __________de ___________________de______.
_______________________
Assinatura do (a) Aluno (a)