CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS – … · Agradeço primeiramente a Deus por estar...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS – Unileste-MG Programa de Mestrado em Engenharia Industrial Linha de Pesquisa: Síntese, Processamento e Caracterização de Materiais (SPMat) HÉLIO BRAZ LOSS “UTILIZAÇÃO DE PÓS DO DESEMPOEIRAMENTO NO CICLO PRODUTIVO DA ACIARIA” CORONEL FABRICIANO 2010

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS – Unileste-MG

Programa de Mestrado em Engenharia Industrial

Linha de Pesquisa:

Síntese, Processamento e Caracterização de Materiais (SPMat)

HÉLIO BRAZ LOSS

“UTILIZAÇÃO DE PÓS DO DESEMPOEIRAMENTO

NO CICLO PRODUTIVO DA ACIARIA”

CORONEL FABRICIANO

2010

ii

Trabalho de conclusão de Curso de Mestrado

em Engenharia Industrial apresentado ao

Concelho do Programa de Pós-Graduação em

Engenharia do Centro Universitário do Leste de

Minas Gerais como pré-requisito para obtenção

do Título de Mestre em Engenharia Industrial.

ii

HÉLIO BRAZ LOSS

“UTILIZAÇÃO DE PÓS DO DESEMPOEIRAMENTO

NO CICLO PRODUTIVO DA ACIARIA”

Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em

Engenharia Industrial do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, como

requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Engenharia Industrial.

Orientadora: Profa Dra Cláudia Nazaré dos Santos

CORONEL FABRICIANO

2010

iii

HÉLIO BRAZ LOSS

“UTILIZAÇÃO DE PÓS DO DESEMPOEIRAMENTO

NO CICLO PRODUTIVO DA ACIARIA”

Dissertação de Mestrado submetida à banca examinadora designada pelo

Conselho de Curso do Programa de Pós-Graduação em Engenharia, Mestrado

em Engenharia Industrial, do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais,

como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Industrial.

Aprovada em 10 de Agosto de 2010

Por:

__________________________________ Fabrício Moura Dias, Dr.

Prof. PPGE/Unileste-MG.

______________________________________ Pedro José Nolasco Sobrinho, Pós-Dr.

Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Vamtec SA.

__________________________________

Cláudia Nazaré dos Santos, Dra.

Profa. PPGE/Unileste-MG - Orientadora.

iv

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Vítor Loss e Maria Lilica

Feller Loss e a minha esposa Rosilene Brzesky

dos Santos Loss e aos meus filhos Hélio Vítor

Loss, Hellen Rosi Loss e Emanuellen Rosi Loss

pelo incentivo e compreensão nos momentos

de ausência.

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por estar sempre presente em meus

caminhos.

A minha esposa e aos meus filhos que sempre me apoiaram e

compreenderam com paciência nos momentos de ausência.

Aos meus pais e irmãos, em especial ao meu irmão Luiz Loss, que

sempre me apoiaram e me ensinaram o valor da educação.

A ABC Tecnologia pela fabricação de briquetes para Shatter Test.

Ao Roberto e Igor da Reciclos Reciclagem de Resíduos Industriais pela

fabricação dos briquetes para testes no MRPL.

Ao Dr. Pedro Nolasco pela sua disponibilidade, sugestões e críticas

neste projeto.

A Professora Doutora Cláudia Nazaré dos Santos pela orientação e

apoio na realização do trabalho.

Aos colegas da ArcelorMittal Inox Brasil (AMIB) que colaboraram na

realização do trabalho e especialmente a: Wander, Adailton, Renato e Robson

que não mediram esforços para a realização das análises de granulometria,

química, densidade, Shatter Test e umidade nos laboratórios da aciaria. Ao

Edilberto, Janeir, Reinaldo, João Benício e Jeanderson pelo apoio científico. Ao

João Domingos pela compreensão. Ao Adão Adélcio pelos ensinamentos. Ao

Engenheiro Ricardo Faria e a Técnica Dirceni pelas caracterizações dos

materiais no Centro de Pesquisa da AMIB. Ao Edilson Cavalieri pelo

acompanhamento e consolidação dos resultados dos testes no MRPL. Aos

metalurgistas Leonardo Mota e Leomar pelo acompanhamento da qualidade

das placas que usaram os briquetes de resíduos. Ao soldador Rogério Duarte

que desenvolveu o amostrador tipo “Trier”. Ao Jorge Célio e Joel Medeiros da

Gerência de Meio Ambiente pela disponibilidade dos materiais para testes. Ao

Décio Xavier pelos ensinamentos de balanço termodinâmico. Em especial ao

José Cordeiro Neves, Max Damázio, Rogério Geraldo e Otávio Teixeira que

foram os grandes incentivadores e apoiadores do Mestrado.

vi

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA................................................................................................... iv

AGRADECIMENTOS..........................................................................................v

SUMÁRIO .......................................................................................................... vi

LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................x

LISTA DE TABELAS........................................................................................ xiv

LISTA DE SÍMBOLOS ...................................................................................... xv

RESUMO ............................................................................................................1

ABSTRACT.........................................................................................................2

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................3

2 OBJETIVOS.....................................................................................................4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................5

3.1 Aços carbono ................................................................................................5

3.2 Aços elétricos................................................................................................6

3.2.1 Aços elétricos de Grãos Não Orientados (GNO)........................................6

3.2.2 Aços elétricos de Grãos Orientados (GO)..................................................7

3.3 Aços inoxidáveis ...........................................................................................7

3.4 O Processo MRPL ......................................................................................10

3.4.1 Visão Geral ..............................................................................................10

3.4.2 Sopro........................................................................................................12

3.4.3 Chaminé...................................................................................................14

3.4.4 Sistema de adições e adicões de pós no vaso .......................................16

3.4.5 Sistema de basculamento do vaso ..........................................................17

3.4.6 Amostragem e temperatura......................................................................18

3.4.7 Sistema de desempoeiramento................................................................20

3.5 Tópicos de termodinâmica ..........................................................................21

3.5.1 Oxidação do carbono, silício, manganês e ferro ......................................22

3.5.2 Desfosforação ..........................................................................................26

3.5.3 Dessulfuração ..........................................................................................27

3.6 Resíduos.....................................................................................................28

3.6.1 Resíduos sólidos e normas brasileiras para resíduos sólidos..................29

vii

3.6.2 Geração dos resíduos siderúrgicos..........................................................31

3.6.2.1 Geração de pós do desempoeiramento do MRPL ................................32

3.6.2.2 Geração de finos metálicos das escórias de carbono e aços

elétricos ........................................................................................................33

3.7 Briquetagem................................................................................................35

3.7.1 O processo de briquetagem.....................................................................37

3.7.2 Etapas do Processo de briquetagem .......................................................38

3.7.2.1 Preparação............................................................................................38

3.7.2.2 Mistura ..................................................................................................41

3.7.2.3 Compactação - Prensagem...................................................................41

3.7.2.4 Cura ......................................................................................................44

4 METODOLOGIA ............................................................................................46

4.1 Técnicas de análises...................................................................................46

4.1.1 Caracterização de resíduos quanto as potencialidades de riscos

ambientais (ABNT NBR 10004:2004) ...........................................................46

4.1.2 Análise química via úmida........................................................................47

4.1.3 Densidade pelo método de picnometria...................................................47

4.1.4 Granulometria ..........................................................................................48

4.1.5 Umidade...................................................................................................49

4.1.6 Shatter Test a frio.....................................................................................49

4.1.7 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) acoplado com micro

sonda de energia dispersiva de raios X (EDS) .............................................50

4.1.8 Difração de raios X...................................................................................51

4.2 Identificação dos resíduos...........................................................................53

4.2.1 Coleta e retirada das amostras para caracterizações dos PDM ..............53

4.2.2 Coleta e retirada das amostras para caracterizações dos FMR...............56

4.3 Produção dos briquetes ..............................................................................57

4.4 Determinação dos tipos de aço para teste industrial dos briquetes ............59

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................60

5.1 Caracterização quanto as potencialidades de riscos ambientais (ABNT

NBR 10004:2004 ..........................................................................................60

5.1.1 Caracterização do PDM e FMR ...............................................................60

viii

5.2 Análise química via úmida...........................................................................61

5.2.1 Análise química do PDM e FMR ..............................................................61

5.2.2 Análise química do BPDFM .....................................................................62

5.3 Densidade pelo método de picnometria......................................................63

5.3.1 Densidade do PDM e FMR ......................................................................63

5.3.2 Densidade do BPDFM..............................................................................65

5.4 Granulometria .............................................................................................65

5.4.1 Granulometria do PDM e FMR.................................................................65

5.4.2 Granulometria do BPDFM........................................................................67

5.5 Umidade......................................................................................................67

5.5.1 Umidade do PDM e FMR .........................................................................67

5.5.2 Umidade do BPDFM ................................................................................68

5.6 Shatter Test a frio........................................................................................68

5.6.1 Shatter Test a frio do BPDFM ..................................................................68

5.7 MEV ............................................................................................................70

5.7.1 Caracterização do PDM e FMR pelo MEV...............................................70

5.7.2 Caracterização do BPDFM pelo MEV ......................................................72

5.8 Difração de raios X......................................................................................73

5.8.1 Difração de raios X do PDM e FMR .........................................................73

5.8.2 Difração de raios X do BPDFM ................................................................75

5.9 Análise termodinâmica................................................................................76

6 TESTE DE USO DOS BRIQUETES BPDFM NO MRPL................................80

6.1 Produção de corridas experimentais...........................................................80

6.1.1 Quantidade de corridas produzidas .........................................................80

6.1.2 Peso aço vazado......................................................................................81

6.1.3 Rendimento metálico ...............................................................................82

6.1.4 Análise das escórias ................................................................................84

6.1.6 Análise da qualidade do aço produzido ...................................................86

6.1.7 Análise custo x benefício do projeto.........................................................87

7 CONCLUSÕES..............................................................................................88

8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................90

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................91

ix

ANEXO 1 ..........................................................................................................97

ANEXO 2 ..........................................................................................................98

ANEXO 3 ..........................................................................................................99

ANEXO 4 ........................................................................................................100

ANEXO 5 ........................................................................................................101

ANEXO 6 ........................................................................................................102

ANEXO 7 ........................................................................................................103

ANEXO 8 ........................................................................................................104

ANEXO 9 ........................................................................................................105

ANEXO 10.......................................................................................................106

ANEXO 11.......................................................................................................107

ANEXO 12.......................................................................................................108

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1- Fluxograma de produção na rota “duplex” (Fonte: Bando de

Dados (BD) da AMIB, 2010). 1................................................................. 9

Figura 3.2- Fluxograma de produção na rota “triplex” (Fonte: BD da AMIB,

2010). 2 .................................................................................................... 9

Figura 3.3- Tipos de aços inoxidáveis (CHARLES, 2000). 3 ........................ 10

Figura 3.4- Esquema do fundo do MRPL e seus elementos de injeção

(COIMBRA, 2008). ................................................................................... 11

Figura 3.5- Esquema de lanças do MRPL (COIMBRA, 2008). .................... 13

Figura 3.6- Lanças de sopro do MRPL (COIMBRA, 2008). ......................... 13

Figura 3.7- Pontos de entrada de gases do MRPL (COIMBRA, 2008). ....... 14

Figura 3.8- Chaminé do MRPL (COIMBRA, 2008). ...................................... 15

Figura 3.9- Silos de adição do MRPL (COIMBRA, 2008). ............................ 16

Figura 3.10- Sistema de coleta dos pós do MRPL (COIMBRA, 2008). ........ 17

Figura 3.11- Sistema de medição de temperatura do MRPL (COIMBRA,

2008). ....................................................................................................... 19

Figura 3.12- Sistema de desempoeiramento do MRPL da AMIB (Fonte: o

autor). ....................................................................................................... 21

Figura 3.13- Períodos de descarburação em função do tempo (COIMBRA,

2008). ....................................................................................................... 23

Figura 3.14- Variação do teor de Si em função do sopro (COIMBRA,

2008). ....................................................................................................... 24

Figura 3.15- Variação do teor de Mn em função do sopro (COIMBRA,

2008). ....................................................................................................... 25

Figura 3.16- Variação do teor de P em função do sopro (COIMBRA,

2008). ....................................................................................................... 27

Figura 3.17- Geração pós desempoeiramento do MRPL (Fonte: BD da

AMIB). 17 ................................................................................................. 33

Figura 3.18 Fluxo do processamento das escórias de carbono e aços

elétricos da AMIB (Fonte: o autor). 18 ..................................................... 34

xi

Figura 3.19- Fluxo da concentração dos finos metálicos das escórias de

carbono e aços elétricos da AMIB (Fonte: Reciclos). 19 ......................... 35

Figura 3.20- Princípio básico do funcionamento da briquetagem

(WWW.sahutconreur.com).20 .................................................................. 37

Figura 3.21- Princípio básico do funcionamento da briquetagem por

maromba (QUIRINO, 2009).21 ................................................................ 38

Figura 3.22- Desuniformidade (QUIRINO, 2009). 22 ................................... 40

Figura 3.23- Representação esquemática do empacotamento de esferas

de diferentes tamanhos (BARBA, 1997). 23 ............................................ 42

Figura 3.24- Variação da compactabilidade de misturas de esferas de dois

tamanhos em função das esferas grandes (BARBA, 1997). 24 .............. 43

Figura 3.25- Influência na densidade do briquete com a variação do % de

ligantes e da pressão de prensagem (WILAIPON (2007) adaptado pelo

autor). 25 .................................................................................................. 44

Figura 3.26- Curva resistência mecânica&tempo de cura (OLIVEIRA ET

Al., 2003). 26 ............................................................................................ 45

Figura 4.1 Princípio de funcionamento do MEV (Fonte: BD da AMIB). 27 ... 50

Figura 4.2- Difração de raios X (KAHN, 2009). 28 ...................................... 52

Figura 4.3- Coleta do PDM para produção dos briquetes e caracterizações

(Fonte: o autor). 29 54

Figura 4.4- Retirada das amostras do PDM e em detalhe o amostrador

“TRIER” (Fonte: o autor).30 ..................................................................... 55

Figura 4.5- Homogeneização/retirada das alícotas do PDM (Fonte: o

autor). 31 .................................................................................................. 55

Figura 4.6- Retirada das amostras dos FMR e homogeneização/retirada

das alícotas do PDM (Fonte: o autor). 32 ................................................ 56

Figura 4.7- Amostras do PDM (E) e FMR (D) (Fonte: o autor).33 ............... 57

Figura 4.8- Briquetes BPDFM (Fonte: o autor).34 ........................................ 58

Figura 5.1- Análise de densidade por picnometria (Fonte: BD da AMIB). 35 64

Figura 5.2- Distribuição granulométrica simples e acumulada do PDM

(Fonte: BD da AMIB). 36 .......................................................................... 66

xii

Figura 5.3- Distribuição granulométrica simples e acumulada do FMR

(Fonte: BD da AMIB). 37 .......................................................................... 66

Figura 5.4- Distribuição granulométrica simples e acumulada dos

briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB). 38 ............................................ 67

Figura 5.5- Máquina de ensaio Shatter Test da AMIB (Fonte: o autor). 39 .. 69

Figura 5.6- Ensaios de Shatter Test para diferentes briquetes BPDFM

(Fonte: BD da AMIB). 40 .......................................................................... 69

Figura 5.7- Resultados quantitativos do PDM e FMR através do MEV

(Fonte: BD da AMIB). 41 .......................................................................... 71

Figura 5.8- Caracterização da energia dispersiva de raio-x do PDM e FMR

(Fonte: BD da AMIB).42 ........................................................................... 71

Figura 5.9- Resultados quantitativos dos briquetes BPDFM através do

MEV (Fonte: BD da AMIB). 43 ................................................................. 72

Figura 5.10- Caracterização da energia dispersiva de raios-x dos

briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB). 44 ............................................ 73

Figura 5.11- Difratograma do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB). 1 ............ 74

Figura 5.12- Espectros das fases identificadas do PDM e FMR (Fonte: BD

da AMIB). 2 .............................................................................................. 74

Figura 5.13- Difratograma dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB). 1 .. 75

Figura 5.14- Espectros das fases identificadas dos briquetes BPDFM

(Fonte: BD da AMIB). 2 ............................................................................ 76

Figura 6.1- Resultados de aço vazado MRPL (Fonte: BD da AMIB). 1 ....... 82

Figura 6.2- Resultados do rendimento metálico do aço vazado no MRPL

(Fonte: BD da AMIB).2 ............................................................................. 83

Figura 6.3- Correlação % briquetes BPDFM na carga (adição) & %

rendimento metálico (Fonte: BD da AMIB).3 ........................................... 84

Figura 6.4- Análise das escórias dos aços carbonos especiais com uso

dos BPDFM (Fonte: BD da AMIB).4 ........................................................ 85

Figura 6.5- Análise das escórias dos aços elétricos GNO com uso dos

BPDFM (Fonte: BD da AMIB).5 ............................................................... 85

Figura 6.6- Correlação % briquetes BPDFM na carga (adição) & %

FeTotal escória (Fonte: BD da AMIB).6 ................................................... 86

xiii

Figura 6.7- Qualidade dos aços carbonos especiais e aços elétricos GNO

com uso dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB).7 .......................... 86

Figura 6.8- Comparação dos custos x benefícios do projeto (Fonte: o

autor). 1 .................................................................................................... 87

xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela III.1- Principais normas brasileiras sobre resíduos............................ 30

Tabela III.2- Principais misturas para fabricação de briquetes (SHOKO ET

AL., (2004) adaptado pelo autor).............................................................. 39

Tabela IV.1- Identificação dos resíduos estudados na pesquisa (Fonte: o

autor)......................................................................................................... 53

Tabela IV.2- Composição calculada do FeTotal dos briquetes (Fonte: o

autor)......................................................................................................... 58

Tabela V.1- Caracterização do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB)............... 61

Tabela V.2- Análise química do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB)............. 62

Tabela V.3- Análise química dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB)... 63

Tabela V.4- Análise de densidade do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB).... 64

Tabela V.5- Análise de densidade dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da

AMIB)........................................................................................................ 65

Tabela V.6- Cálculo da densidade dos briquetes BPDFM (Fonte: o autor).. 65

Tabela V.7- Análise de umidade do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB)....... 67

Tabela V.8- Análise de umidade dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da

AMIB)........................................................................................................ 68

Tabela V.9- Identificação das fases cristalinas do PDM e FMR (Fonte: BD

da AMIB)................................................................................................... 74

Tabela V.10- Identificação das fases cristalinas dos briquetes BPDFM

(Fonte: BD da AMIB)................................................................................. 75

Tabela VI.1- Resultados de utilização dos briquetes BPDFM na produção

de aços carbonos especiais e aços elétricos GNO no MRPL (Fonte: BD

da AMIB)................................................................................................... 81

xv

LISTA DE SÍMBOLOS

AF Alto Forno

AMIB ArcelorMittal Inox Brasil

AODL Argon Oxygen Descarburization by Lance

BD Banco de Dados

CCC Cúbica de Corpo Centrado

CFC Cúbica de Face Centrada

D Densidade

d Distância interplanetar para os planos hkl (índice de Miller)

db Densidade do briquete

ө Ângulo de incidência dos raios X

FEA Forno Elétrico a Arco

FEA-FEA Processo de produção de inox com duas cargas dos FEA`s

FEA-PTG Processo de produção de inox com umas carga do FEA e uma

carga do PTG

FER Forno Elétrico de Redução

FeTotal Ferro Total

FMR Finos Metálicos Recuperados das Escórias de aços carbonos e

aços elétricos

GNO Aços Elétricos de Grãos Não Orientados

GO Aços Elétricos de Grãos Orientados

IBS Instituto Brasileiro de Siderurgia

LD Convertedor Linz e Donawitz

M Vazão ou produtividade da máquina de briquetagem

Massaa Massa da amostra (g)

Massap Massa do picnômetro com água (g)

MassaPA Massa do picnômetro com água + amostra (g)

MRPL Metal Refining Process by Lance

N Velocidade do rolo de briquetagem (RPM)

n Número inteiro (ordem de difração)

BPDFM Briquetes dos resíduos PDM e FMR

xvi

PDM Pós do Desempoeiramento do MRPL

PTG Estação de Pré-Tratamento de Gusa

R Número de colunas ao longo do rolo do briquetador

T Tesla

Vb Volume de um briquete

VOD Vacuum Oxygen Descarburization

Z Número de moldes em uma coluna na circunferência do rolo do

briquetador

Comprimento da onda da radiação incidente ּג

∆Gº Representa a variação da energia de Gibbs quando os

reagentes no seu estado padrão são convertidos em produtos

também no seu estado padrão.

1

RESUMO

O convertedor MRPL (Processo de Refino de Metal por Lança) é o

principal equipamento utilizado na produção de aços carbonos especiais e aços

elétricos da ArcelorMittal Inox Brasil (AMIB). Durante as fases de produção

destes aços, são gerados gases, escórias e finos provenientes do sistema de

desempoeiramento. Os gases são queimados em torres de queima, as

escórias são transportadas e recuperados os metálicos contidos na mesma.

Mesmo após a recuperação dos metálicos das escórias, as mesmas

apresentam finos metálicos com tamanho médio de 0,78 mm. Os finos do

desempoeiramento são coletados através de dutos, câmeras e com posterior

transporte e armazenamento no pátio de resíduo da AMIB.

No presente trabalho, foram feitas as caracterizações dos finos

metálicos das escórias e dos pós do desempoeiramento. Posteriormente foram

produzidos briquetes com a mistura destas duas matérias primas e estes foram

utilizados na carga metálica do MRPL em substituição a sucata metálica da

carga do mesmo.

Os resultados obtidos de caracterização, simulação e produção dos

briquetes, sugerem uma melhoria na concentração dos finos metálicos das

escórias do MRPL para que os briquetes possam substituir a carga metálica do

convertedor MRPL na produção de aços carbonos especiais e aços de grãos

não orientados (GNO).

Palavras-Chave: Resíduos, MRPL, Briquetes, Caracterização.

2

ABSTRACT

The MRPL converter (Metal Refining Process by Lance) is the main

equipment used in the production of special carbon steel and electrical steel in

ArcelorMittal Inox Brasil (AMIB). During the production stages of these steels,

gases, slag and fines coming from the dedusting system are generated. The

gases are burned in flare towers, the slags are transported and the metal

contained in them is recovered. Even after the recovery of the metallic, the slag

has fine metal particles with average size of 0.78 mm. The fines from the

dedusting system are collected through ducts, cameras and with subsequent

transport and storage in the AMIB's waste yard.

In the present work, the characterizations of metallic fine of slag and of

dust from the dedusting system were made. Posteriorly were produced

briquettes with the mixture of these two raw materials and these were used in

the metallic charge of MRPL in substitution the metallic scrap of the charge of

the MRPL.

The results obtained from characterization, simulation and production of

the briquettes suggest an improvement in the concentration of the slag fine

metal of the MRPL so that the briquettes can replace the metallic load of the

MRPL converter in the production of special carbon steel and non-oriented

electric steels (GNO).

Key Words: Wastes, MRPL, Briquettes, Characterization.

3

1 INTRODUÇÃO

A siderurgia é a indústria produtora de aço, a qual engloba os processos

de obtenção de produtos à base de ferro (gusa, ferro-esponja, semi-acabados

e laminados de aços). O aço se apresenta de várias formas e especificações,

objetivando atender à demanda de diferentes setores, como a indústria

automobilística, construção civil, bens de capital, máquinas e equipamentos,

eletrodomésticos, utilidades domésticas, embalagens, recipientes, entre outros

(IBS, 2008).

O aumento da produção de aço gera um aumento na produção de

resíduos, como poeiras e lamas e uma forma de diminuir os impactos

ambientais provenientes desses resíduos é a utilização do processo de

reciclagem (NOLASCO-SOBRINHO ET AL., 2004).

A gestão dos resíduos inclui medidas voltadas ao aumento da eficiência

dos processos, de modo a reduzir sua geração durante o processo de

produção de aço bem como dar destinação adequada, priorizando sua

recuperação, reutilização ou reciclagem. Em 2008, 7% dos materiais gerados

pelas empresas siderúrgicas (1562 kt) foram descartados seguindo

procedimentos autorizados pelos órgãos ambientais competentes (IBS, 2009).

As aplicações de tecnologias de reciclagem exigem o estudo de

viabilidade econômica do processo, pois os custos envolvidos de recuperação

não podem exceder os custos de beneficiamento do produto, obtendo desta

forma, uma boa relação custo benefício para a cadeia produtiva. Uma

alternativa de reaproveitamento de resíduos é na forma de briquetes que é uma

técnica muito barata e simples que consiste nas etapas de preparação, mistura,

compactação e cura, atendendo a forte cobrança da sociedade e dos órgãos

ambientais para que os resíduos gerados não sejam depositados em aterros e

uma preocupação crescente com a sustentabilidade do setor siderúrgico.

4

2 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo geral produzir um briquete com os finos

gerados no desempoeiramento do MRPL e os finos metálicos das escórias do

fluxo produtivo dos aços carbonos especiais e elétricos da ArcelorMittal Inox

Brasil (AMIB) e utilizá-los no MRPL como carga metálica para a produção de

aços carbonos ligados e aços de grãos não orientados (GNO).

Os objetivos específicos são:

• Caracterizar os pós do desempoeiramento e os finos metálicos das

escórias do MRPL;

• Produzir briquetes com estes pós e finos;

• Utilizar estes briquetes na carga metálica do MRPL em substituição a

sucata metálica;

• Avaliar as principais características de processo das corridas com uso

dos briquetes dos resíduos, comparando-as com as corridas sem o uso

dos briquetes.

5

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Aços carbono

De acordo com Chiaverini (1996), aços são ligas ferro-carbono que

podem conter apreciáveis concentrações de outros elementos de liga. Existem

milhares de ligas que têm diferentes composições e/ou tratamentos térmicos.

As propriedades mecânicas são sensíveis ao teor de carbono, que é

normalmente menor do que 1,0% em peso. Alguns dos aços mais comuns são

classificados de acordo com a concentração de carbono, isto é, em tipos baixo-

carbono, médio-carbono e alto-carbono.

Segundo Callister et al (1991), os aços de baixo-carbono são os

produzidos em maior escala e com teores de carbono menor que 0,25% em

peso e são ligas relativamente macias. Suas aplicações típicas incluem

componentes de automóvel, estruturas em geral, chapas, aços para construção

civil e possuem limites de escoamento de 275 MPa, resistência à tração entre

415 e 550 MPa e uma ductilidade de 25%. Dentro do grupo de aços de baixo-

carbono, temos os aços baixo-carbono ligados que contém elementos de liga

tais como cobre, vanádio, níquel, cromo, titânio e molibdênio. Para garantir

aplicações especiais e em atmosferas normais, estes aços possuem boa

resistência à corrosão e indicados onde a resistência estrutural é crítica (por

exemplo, pontes, torres, coluna de suporte em edifícios de alta-elevação e

vasos de pressão) bem como aplicações em máquinas e implementos

agrícolas e ferramentas de corte.

Os aços de médio-carbono tem concentração de carbono entre 0,25 e

0,60% de carbono. Estas ligas podem ser tratadas termicamente por

austenitização, têmpera e revenimento para melhorar suas propriedades

mecânicas. As aplicações incluem rodas de trens, trilhos de ferrovias,

engrenagens, virabrequins e outras partes de máquinas e componentes

estruturais de alta resistência mecânica combinando com boa resistência a

abrasão e tenacidade.

6

Os aços alto-carbono normalmente possuem teores de carbono entre

0,60 a 1,4%. São aços muito duros, com excelente resistência a abrasão e

necessitam de um bom tratamento térmico (têmpera seguido de revenimento),

para garantir condição de longevidade de uso. As aplicações mais comuns são

as ferramentas de corte e matrizes para transformação mecânica e

conformação de materiais, bem como em facas, navalhas, lâminas de serra,

molas e fios de alta resistência mecânica.

3.2 Aços elétricos

São materiais magneticamente macios, usados na geração, transmissão

e utilização da energia elétrica. Os dois tipos mais comuns são: aços de grãos

não orientados (GNO) e aços de grãos orientados (GO).

3.2.1 Aços elétricos de Grãos Não Orientados (GNO)

Segundo Bohn (2005), o aço GNO, diferentemente do aço GO, não

apresenta uma textura pronunciada, ou seja, há uma dispersão na orientação

dos grãos e tem os valores das propriedades magnéticas parecidas em todas

as direções do plano da chapa, o que o faz adequado para aplicações que

exigem isotropia das propriedades magnéticas ao longo do plano da chapa,

onde o fluxo magnético muda de direção; tais como motores elétricos e

geradores de energia. Portanto, os aços GNO apresentam boas propriedades

em qualquer direção considerada.

De acordo com Rodrigues et al. (2009), a perda magnética é a energia

despendida como calor (W/kg), num circuito magnético quando há indução

ciclicamente alternada e a permeabilidade magnética é a medida da facilidade

com a qual um material pode ser magnetizado.

Os aços GNO são classificados de acordo com a perda magnética

apresentada em condições de testes padronizadas: 1,0 a 1,5 T, 50 a 60 Hz. A

7

permeabilidade ou indução magnética precisa ser especificada para uma dada

condição.

3.2.2 Aços elétricos de Grãos Orientados (GO)

Segundo Nolasco-Sobrinho et al. (2000), os aços GO são aplicados na

fabricação de núcleo de transformadores, geradores de potência e outros

equipamentos elétricos e se caracterizam por apresentarem excelentes

propriedades magnéticas na direção de laminação. Este aço apresenta

processos tecnológicos complexos, o que requer pessoal altamente treinado

durante a sua elaboração.

Dependendo das propriedades magnéticas, o aço elétrico GO, é incluído

em uma das cinco categorias (M1 a M5), sendo que os aços na categoria M1

possuem as melhores propriedades magnéticas e os aços de categoria M5

possuem as propriedades magnéticas em menor escala. Aços com as

melhores propriedades magnéticas são obtidas com a relação

manganês/enxofre (Mn/S) na faixa de 2,25 a 2,70, bem como para a produção

destes aços, é necessário manter baixos níveis dos teores de elementos como

alumínio, titânio e fósforo, além de atender faixas estreitas de carbono,

manganês e enxofre, que consequentemente tem grande influência nas

propriedades finais do produto.

3.3 Aços inoxidáveis

A ArcelorMittal Inox Brasil (AMIB), na época Acesita, foi fundada em 31

de outubro de 1944 com o objetivo de produzir aços especiais para o

abastecimento do mercado nacional. Em 1951 iniciou a produção de aços

comuns e especiais na aciaria e, desde então, a usina passou por grandes

expansões até atingir a atual capacidade instalada de 800 mil toneladas/ano de

aço líquido (ZHAI ET AL., 2002).

8

A AMIB iniciou a produção de aços inoxidáveis em 1965 utilizando um

forno elétrico a arco. Em 1978 adquiriu o seu primeiro convertedor AODL

(Argon Oxygen Descarburization by Lance), transformando-se na principal

produtora de aços inoxidáveis da América Latina. Em 2002, um novo

convertedor AODL foi adquirido, permitindo a empresa chegar a uma

capacidade instalada de 400 mil toneladas de aços inoxidáveis por ano (ZHAI

ET AL., 2002).

Atualmente, a produção do aço inoxidável na aciaria da AMIB, inicia com

a fusão de sucata e ferro-ligas, nos fornos elétricos a arco (FEA) e com a

produção de ferro gusa nos altos-fornos. O ferro gusa dos altos-fornos é

desfosforado em uma estação de tratamento (PTG) e misturado ao metal dos

fornos elétricos a arco para então ser carregado no convertedor AODL, onde

vai ocorrer o processo de transformação da carga metálica líquida em aço

inoxidável. Este processo é denominado FEA-PTG e além deste processo, a

aciaria da AMIB ainda utiliza o processo gusa Inox (sem cargas do FEA) e o

processo FEA-FEA (sem cargas de gusa) (FELIX-FILHO, 2009).

No convertedor AODL, o aço pode ser produzido em duas rotas

diferentes, denominadas de “duplex” e “triplex”. Na primeira rota, “duplex”

(figura 3.1), o aço é descarburado pelo AODL e os ajustes finais da

composição química e temperatura são realizados na metalurgia de panela. Já

na rota “triplex” (figura 3.2), o aço é parcialmente descarburado no AODL e a

descarburação final ocorre em um desgasificador a vácuo (VOD).

O aço inoxidável é um termo genérico para uma família de aços

resistentes à corrosão, contendo acima de 10,5% de cromo (FELIX-FILHO,

2009). Os aços inoxidáveis podem conter uma quantidade variável de

elementos de liga como níquel, molibdênio, titânio, nióbio e manganês

Dependendo de sua composição química, podem ser de vários tipos:

austeníticos, ferríticos, martensíticos e duplex. Na AMIB, o fluxo produtivo e os

equipamentos existentes, permitem produzir todos os tipos de aços inoxidáveis.

As propriedades dos aços inoxidáveis fazem deles bons canditados para

material de construção. As principais propriedades do aço inoxidável que o

distingue dos outros materiais são: resistência à corrosão em alta e baixa

9

temperatura, boa soldabilidade, resistência mecânica e a possibilidade de

conformação por diversos processos.

FFiigguurraa 33..11-- FFlluuxxooggrraammaa ddee pprroodduuççããoo nnaa rroottaa ““dduupplleexx”” ((FFoonnttee:: BBaannddoo ddee DDaaddooss

((BBDD)) ddaa AAMMIIBB,, 22001100)).. 1

FFiigguurraa 33..22-- FFlluuxxooggrraammaa ddee pprroodduuççããoo nnaa rroottaa ““ttrriipplleexx”” ((FFoonnttee:: BBDD ddaa AAMMIIBB,,

22001100)).. 2

10

A figura 3.3 apresenta os tipos de aços inoxidáveis.

Figura 3.3- Tipos de aços inoxidáveis (CHARLES, 2000). 3

Os aços austeníticos tem faixa de cromo de 16 a 25% e faixa de níquel

de 7 a 20%, apresentando uma estrutura de CFC tipo ferro gama. Os ferríticos

tem faixa de cromo de 12 a 30% com uma estrutura CCC ferro alfa. Os

martensíticos tem faixa de cromo de 12 a 17%, porém com carbono mais alto

que os ferríticos. Os duplex são aços austeníticos-ferríticos com faixa de cromo

de 13 a 25% e níquel de 3 a 7%.

3.4 O Processo MRPL

3.4.1 Visão Geral

Segundo Coimbra (2008), o MRPL consiste em um convertedor de

injeção de gases (oxigênio e gás inerte) para a fabricação de aços. Tem um

sopro combinado e a injeção dos gases se dá pela lança (topo) e através de

elementos de injeção localizados no fundo do mesmo, conforme a figura 3.4.

11

FFiigguurraa 33..44-- EEssqquueemmaa ddoo ffuunnddoo ddoo MMRRPPLL ee sseeuuss eelleemmeennttooss ddee iinnjjeeççããoo

((CCOOIIMMBBRRAA,, 22000088))..

Segundo Coimbra (2008), o convertedor tem um volume específico de

0,7 m3/tonelada, ou seja, para o vaso de 80 toneladas de capacidade o seu

volume interno (com refratário) é de 56 m3. O convertedor tem apenas uma

lança na posição de trabalho para sopro de oxigênio. O bico de lança é

composto de 4 furos e a taxa de sopro máxima empregada é de 2,13 Nm3/t/min

(160 Nm3/min ou 9600 Nm3/h). No caso dos aços inoxidáveis a vazão

normalmente utilizada é de 140 Nm3/min. Na lança é possível a injeção

combinada de oxigênio e gás inerte (argônio ou nitrogênio) ou a injeção de

somente gás inerte (nitrogênio para o “Slag Splashing” – sopro no fundo do

convertedor para a projeção de escórias na parede do mesmo e com o objetivo

de capeá-las). Os cinco elementos para injeção de gases inertes do fundo são

da forma de plugues poroso com tubos capilares (24 tubos de aço inoxidável

com 0,9 mm de diâmetro) e estão posicionados de forma simétrica no fundo do

vaso. O sistema de instrumentação e controle para o sopro pelo fundo é

projetado para permitir a operação de injeção de argônio ou nitrogênio a uma

taxa de sopro total de 0,166 Nm3/t/min (o que equivale a um máximo de 12,5

Nm3/min, ou seja, 2,5 Nm3/min para cada plugue). A vazão mínima é de 0,3

Nm3/min em cada plugue ou 1,5 Nm3/min de vazão total (segurança para evitar

o entupimento dos plugues). Os plugues para injeção são controlados

individualmente (COIMBRA, 2008).

12

A vida útil do vaso está em torno de 5500 a 6200 corridas, ocorrendo

troca de fundo durante a campanha. O fundo do vaso é trocado duas a quatro

vezes durante uma campanha refratária do convertedor, com um tempo de

troca de 16 horas (incluindo o aquecimento para reinicio de operação). A

média da vida do fundo está atualmente em torno de 1500 corridas. O

revestimento do fundo e das paredes laterais consiste de tijolos magnésia-

carbono. O revestimento permanente (revestimento da camisa) é de tijolos

magnesianos.

O vaso pode ser basculado em 360o e o basculamento consiste de dois

motores elétricos e um motor pneumático (com ar comprimido) de emergência.

Durante o processamento de uma corrida o vaso é hidraulicamente travado em

relação ao basculamento para minimizar a transmissão da vibração do vaso

para as fundações.

O sistema de adições é composto por uma bateria de 16 silos colocados

sobre o convertedor e conta com um sistema de balanças e correia

transportadora para fazer a descarga no vaso durante o processo.

O sistema de desempoeiramento possui uma chaminé de sucção

localizada logo acima do convertedor para a sucção dos gases provenientes

das reações e agitações do MRPL.

3.4.2 Sopro

O sopro é o processo de injeção de gases para a produção e refino do

aço, objetivando o atendimento a qualidade requerida do aço. Juntamente com

as etapas de adições de fundentes, ligas e sucatas, representa a fase mais

importante do processo de obtenção de aço no MRPL.

3.4.2.1 Sopro pelo topo (lança)

O sistema é composto de um carro onde estão montadas as lanças que

são também refrigeradas (figura 3.5). A lança possui três furos dispostos em

13

ângulos, para injeção dos gases (figura 3.6). O acionamento da lança é por um

motor controlado por inversor de freqüência, que garante o controle da

velocidade da mesma. O motor foi projetado de acordo com o torque requerido

da carga. Na injeção do topo é utilizada uma lança com oxigênio para a

oxidação do carbono e adequação da composição química dos demais

elementos, como oxidação do manganês (Mn).

Figura 3.5- Esquema de lanças do MRPL (COIMBRA, 2008).

FFiigguurraa 33..66-- LLaannççaass ddee ssoopprroo ddoo MMRRPPLL ((CCOOIIMMBBRRAA,, 22000088))..

14

3.4.2.2 Sopro pelo fundo (plugues)

A injeção dos gases pelo fundo tem a função de garantir a agitação do

banho metálico durante a fase de sopro, ressopro e principalmente, na

redução.

O sistema é composto de cinco plugues (Figura 3.7) que tem seus

próprios controles de vazão, pressão e controle de abertura. Os valores de

vazão e o tipo de gás são fornecidos pelo modelo via prática de produção, que

é dividido entre os cinco plugues. Se houver obstrução de um ou mais plugue,

automaticamente a vazão é distribuída para os outros de modo a garantir um

mínimo de agitação (COIMBRA, 2008).

Figura 3.7- Pontos de entrada de gases do MRPL (COIMBRA, 2008).

3.4.3 Chaminé

A chaminé de sucção dos gases provenientes das reações e agitações

do MRPL é refrigerada e dividida em sete segmentos, a partir da boca do vaso

até o duto de conexão com a câmara de combustão, onde se inicia o sistema

15

de desempoeiramento. Nesta etapa, inicia o processo de coleta de resíduos do

MRPL. A altura total da chaminé é de aproximadamente 29 m. O diâmetro

médio da tubulação é de 2,9 m e a forma construtiva da chaminé é baseada na

solda entre tubo-aleta-tubo. No trecho inferior da chaminé (próxima à boca do

vaso), existem três aberturas para os seguintes fins:

• Bocal de alimentação (shut) de ligas e fundentes;

• Soquete para entrada da lança de oxigênio (sopro pelo topo);

• Sub-lança para coleta de amostra e medição de temperatura.

Os gases que saem do vaso a uma temperatura entre 1600 –1800º C

são resfriados para 700º C antes da câmara de combustão/coleta de pó

precipitado. A água utilizada em todo o sistema recebe um tratamento de

abrandamento para evitar desgastes nas tubulações da chaminé. A figura 3.8

apresenta de forma esquemática a chaminé do MRPL.

FFiigguurraa 33..88-- Chaminé do MRPL (COIMBRA, 2008).

16

3.4.4 Sistema de adições e adicões de pós no vaso

O sistema de adições é dotado de 16 silos (figura 3.9), que são

abastecidos automaticamente, a partir da mesma bateria de silos externos que

também alimenta os silos do forno panela e do VOD (Vacum Oxygen

Descarburization). A partir da sinalização de nível baixo nos silos internos do

galpão da aciaria, os vibradores/calhas dos silos externos correspondentes aos

materiais são acionados. O material é transportado por correias, saindo do piso

zero até a elevação 39 m, onde estão localizadas as bocas dos silos, que são

abastecidos através de um dispositivo chamado “TRIPPER”. Todo o processo

pode ser monitorado pelo operador do abastecimento, a partir da sala de

controle, localizado no piso zero e que fica próxima à moega onde são

descarregados os caminhões. Abaixo de cada silo estão instaladas calhas

vibratórias que direcionam o material para cinco balanças de pesagem, com

capacidade de nove toneladas (COIMBRA, 2008).

FFiigguurraa 33..99-- SSiillooss ddee aaddiiççããoo ddoo MMRRPPLL ((CCOOIIMMBBRRAA,, 22000088))..

17

Após as balanças estão as calhas vibratórias que dosam os materiais

para a correia transportadora. Possuem acionamento frente e reverso,

permitem descarte de misturas e/ou esvaziamento de silos, que por sua vez,

direcionam as ligas e fundentes já pesados para um silo-balança, onde é feita a

descarga para o vaso ou para a panela. A capacidade desta balança também é

de nove toneladas.

As adições de pós no vaso, é um projeto desenvolvido internamente

pelas equipes de operação e manutenção da AMIB. É o reaproveitamento de

todo o pó precipitado na câmara de combustão (circuito primário do

desempoeiramento), retornando-o para o processo. A figura 3.10 mostra o

processo de forma esquemática.

FFiigguurraa 33..1100-- SSiisstteemmaa ddee ccoolleettaa ddooss ppóóss ddoo MMRRPPLL ((CCOOIIMMBBRRAA,, 22000088))..

3.4.5 Sistema de basculamento do vaso

De acordo com Coimbra (2008), o basculamento do convertedor tem

como função posicionar o vaso em posições de carregamento, sopro, virada de

escória e vazamento ou de acordo com as necessidades operacionais e de

18

manutenção. O processo contínuo de rotação do vaso do convertedor descreve

um movimento de até 360º. O acionamento do basculamento é feito por dois

motores, que são conectados via engrenagem mecânica a um redutor acoplado

ao eixo de basculamento do convertedor. Durante operação normal, os

motores do convertedor podem ser freiados eletricamente em qualquer

posição.

Os equipamentos do basculamento podem ser comandados por mesas

locais: mesa de escória e mesa de vazamento. Em cada mesa existem duas

manetes com duas posições (anti-horário e horário). Uma manete bascula o

vaso na velocidade alta e a outra na velocidade baixa. A seleção da mesa que

basculará o vaso em um determinado momento é feita pela mesa de

vazamento.

A trava hidráulica é um equipamento que tem como função travar o vaso

no momento de sopro a fim de evitar oscilações do mesmo. O equipamento

consiste de um sistema hidráulico composto por uma bomba de óleo e uma

válvula, que quando energizadas causam a pressurização da linha e

consequentemente, a trava do convertedor. De todos os dispositivos

acionados, o mais importante é o trava do forno, por ser condição necessária

para início de sopro. Se o forno não for travado a lança de oxigênio não desce,

inibindo, portanto, o início desta etapa.

3.4.6 Amostragem e temperatura

A lança de temperatura e retirada de amostra foi projetada para efetuar

medições de temperatura e coleta de amostra após o processo de sopro de

oxigênio, sendo necessário para isto que a lança de sopro de oxigênio esteja

em sua posição superior e o vaso na posição vertical (0º).

A lança é acionada automaticamente pelos operadores para as

atividades de medição de temperatura, medição do teor de carbono, retirada de

amostras, medida de altura do nível do banho e medição da altura da sola

através da mesa de operação, com um controle supervisionado. A lança pode

19

também ser acionada através de um comando manual via caixa de comando

local para as atividades de troca/inserção de sondas. Para movimento da lança

é utilizado um carro, cujo objetivo é posicionar a lança para o movimento de

imersão no interior do vaso através do soquete da chaminé e retornar o

equipamento da lança para a posição de garagem.

Ao atingir a posição desejada da lança, inicia-se o movimento de

descida. Ao atingir o ponto determinado pelo encolder, a velocidade é

comutada para a freqüência de 60 Hz, velocidade máxima. Ao aproximar do

soquete da lança de sopro de oxigênio o movimento é alterado para baixa

velocidade até atingir a posição determinada pelo “nível teórico do banho” e

“profundidade de mergulho”, permanecendo a sonda por 6 segundos no banho.

Uma visão geral deste sistema é apresentado na figura 3.11.

Todas as etapas são supervisionadas e as medições de temperatura,

retirada de amostras, altura do nível de banho e sola são selecionados de

acordo com a necessidade de operação.

FFiigguurraa 33..1111-- SSiisstteemmaa ddee mmeeddiiççããoo ddee tteemmppeerraattuurraa ddoo MMRRPPLL ((CCOOIIMMBBRRAA,, 22000088))..

20

3.4.7 Sistema de desempoeiramento

De acordo com Coimbra (2008), o processo de sopro com oxigênio no

convertedor MRPL da AMIB, gera uma grande quantidade de gases, cuja

composição é basicamente de monóxido de carbono (CO) que é captado por

um sistema primário de exaustão.

Para captar emissões fugitivas de gases durante o processo de sopro e

as emissões existentes no carregamento e vazamento do convertedor, existe

um conjunto de coifas e dutos que constituem o sistema secundário de

exaustão.

O calor gerado no processo de queima é retirado em parte na chaminé,

sendo que, para uma vazão de sopro de 160 Nm3/min, na entrada do duto

refrigerado a temperatura atinge entre 750/1000º C e uma vazão de 76925

Nm3/h. No duto refrigerado, essa vazão é resfriada até 400º C (COIMBRA,

2008).

Após o duto resfriado, os gases de exaustão são misturados com os

gases frios do sistema secundário, com o objetivo de reduzir a temperatura

para no máximo 135ºC na entrada dos filtros. Sendo assim, o sistema

secundário tem como função, além de assegurar uma quantidade de ar frio

para a obtenção da temperatura desejada na mistura dos gases dos dois

sistemas de exaustão, captar as emissões secundárias de forma a manter o

convertedor dentro dos parâmetros ambientais especificados.

Através dos dois ventiladores principais, os gases misturados são

levados ao filtro através de um longo trecho de duto seco e saem pelo topo

para a atmosfera. O pó recolhido nas mangas cai nas roscas transportadoras

pela parte inferior das câmaras do filtro e é encaminhado à estação de

descarga do pó através dos transportadores de correntes. Estas correntes

direcionam os pós gerados para um silo de estocagem que periodicamente os

pós são recolhidos por caminhões basculantes e destinados para o pátio de

resíduos da AMIB. A figura 3.12 apresenta uma visão geral do sistema de

desempoeiramento e suas câmeras de deposição dos pós gerados.

21

FFiigguurraa 33..1122-- SSiisstteemmaa ddee ddeesseemmppooeeiirraammeennttoo ddoo MMRRPPLL ddaa AAMMIIBB ((FFoonnttee:: oo

aauuttoorr))..

A concepção do desempoeiramento do MRPL é de um sistema do tipo

combinado para captação primária e secundária do MRPL e a captação

secundária do AODL, como um equipamento de filtragem único para os dois

convertedores, baseado em filtros de mangas compartimentado.

3.5 Tópicos de termodinâmica

Segundo Dey (1976), a oxidação do carbono é a reação mais importante

na produção de aço porque é a responsável pelo controle do ritmo da

produção.

Nos processos de produção de aço, o oxigênio é injetado diretamente

dentro do metal líquido. Por causa do resultado rápido das reações, o controle

destes processos é dificultado. Se os mecanismos dos processos de

descarburação fossem entendidos melhor, tornaria possível um melhor controle

e uma notável melhoria na eficiência e economia na produção de aço

(ATHAYDE-JÚNIOR, 2005).

22

3.5.1 Oxidação do carbono, silício, manganês e ferro

A descarburação, que é a oxidação do carbono, pode ser representada

pela equação 3.1:

C + 1/2O2(g) � CO(g) (Eq. 3.1)

Pela equação acima, termodinamicamente a redução do carbono é

favorecida pela redução da pressão parcial do CO. Com o sopro pelo fundo, os

teores de oxigênio estão localizados abaixo da curva de equilíbrio com o

carbono. Isto é devido ao fato de que a pressão parcial de CO na bolha de gás

é reduzida pela pressão dos gases de proteção como o hidrogênio e nitrogênio

(ATHAYDE-JÚNIOR, 2005).

O estudo cinético da reação de descarburação é também de grande

importância, pois foi verificado que a velocidade dessa reação é diretamente

proporcional a taxa de injeção de oxigênio e dentro do convertedor passa por

três períodos distintos, em função do tempo de sopro (IKEDA ET AL., 1979).

No início do primeiro período, a velocidade de descarburação é baixa,

ocorrendo preferencialmente a oxidação do silício. A partir do momento em que

a % Si vai reduzindo, a oxidação do carbono se torna mais rápida. A geração

de gás nessa reação é um fator que colabora para o aumento de sua

velocidade.

Quando se inicia o segundo período, a velocidade de descarburação

atinge o máximo. Nesse ponto, a intensa geração de gás CO decorrente dessa

reação provoca a formação de uma emulsão envolvendo metal, gás e escória,

que ocupa a maior parte do volume do convertedor e atinge alturas superiores

ao bocal da lança de oxigênio. Algumas vezes, o volume excessivo dessa

emulsão pode acarretar o seu transbordamento, causando as projeções de

escória para fora do convertedor. Nesta fase, a velocidade de descarburação é

diretamente proporcional à vazão de oxigênio injetado através da lança.

À medida que a reação de oxidação do carbono vai ocorrendo, o teor

desse elemento no metal vai sendo reduzido, até se atingir um ponto a partir do

23

qual a taxa de descarburação passa a ser limitada pela disponibilidade de

carbono e, então, inicia o terceiro período, caracterizado por uma velocidade de

descarburação decrescente. Nesse período, a diminuição da geração de gases

causa a destruição da emulsão metal-gás-escória. A figura 3.13, apresenta

uma visão esquemática da velocidade de descarburação nos 3 períodos

descritos.

FFiigguurraa 33..1133-- PPeerrííooddooss ddee ddeessccaarrbbuurraaççããoo eemm ffuunnççããoo ddoo tteemmppoo ((CCOOIIMMBBRRAA,,

22000088))..

Outra etapa de suma importância para a produção de aços, sejam eles

especiais ou aços comuns, é a oxidação do silício representada pela equação

3.2:

Si + O2(g) � SiO2(ℓ) (Eq. 3.2)

Devido a sua grande afinidade com o oxigênio, o silício começa a oxidar

rapidamente logo no início do sopro. No final do primeiro período, seu teor está

bastante reduzido (figura 3.14). Por isso, quando o teor de silício do gusa

líquido é muito elevado (descontrole no alto forno) é realizada a etapa de

dessiliciação no pré-tratamento de gusa. No início do primeiro período cessa-

se a reação de oxidação do Si.

24

No período na qual a oxidação do Si é pronunciada, deve-se criar

condições favoráveis para a dissolução da cal na escória, para formação de

uma escória básica que proteja o revestimento refratário.

FFiigguurraa 33..1144-- VVaarriiaaççããoo ddoo tteeoorr ddee SSii eemm ffuunnççããoo ddoo ssoopprroo ((CCOOIIMMBBRRAA,, 22000088))..

Outro elemento com muita afinidade pelo oxigênio é o manganês, o qual

a sua reação de oxidação pode ser expressa pela equação 3.3:

Mn + 1/2O2(g) � MnO(ℓ) (Eq. 3.3)

No primeiro período ocorre uma acentuada oxidação do manganês, com

a redução do teor desse elemento no metal e o aumento da quantidade de

MnO na escória.

Já no segundo período, a cinética de descarburação é extremamente

favorecida e o grande contato entre metal e escória leva à ocorrência da

reação apresentada na equação 3.4:

MnO(ℓ) + C � Mn + CO(g) (Eq. 3.4)

Essa reação dá origem ao aumento do teor de manganês no metal

(ápice do Mn na figura 3.15).

25

Finalmente, no segundo período, com a redução na velocidade de

descarburação e com o prosseguimento do sopro de oxigênio, ocorre

novamente uma pronunciada oxidação do manganês e seu teor no metal volta

a cair. Nesse ponto é importante mencionar que a presença do óxido de

manganês na escória colabora para uma aceleração da dissolução da cal.

FFiigguurraa 33..1155-- VVaarriiaaççããoo ddoo tteeoorr ddee MMnn eemm ffuunnççããoo ddoo ssoopprroo ((CCOOIIMMBBRRAA,, 22000088))..

Um elemento de controle apurado é a oxidação do ferro, pois representa

boa parcela do rendimento metálico no processo de produção de aço em um

convertedor.

A reação de oxidação do ferro é representada pela equação 3.5:

Fe(ℓ) + 1/2O2(g) � FeO(ℓ) (Eq. 3.5)

O comportamento dessa reação é bastante semelhante ao da oxidação

do manganês. No primeiro e terceiro período, ocorre uma pronunciada

oxidação do ferro, com o aumento da quantidade de FeO na escória.

No segundo período ocorre a reação apresentada na equação 3.6:

26

FeO(ℓ) + C � Fe(ℓ) + CO(g) (Eq. 3.6)

Esta reação é uma reação de redução, com conseqüente retorno do

ferro ao metal.

A presença do óxido de ferro na escória colabora também com a

dissolução da cal, mais favorecida nos primeiros e terceiros períodos que essa

dissolução é mais favorecida.

Outro aspecto importante associado à reação de oxidação do ferro é o

seu efeito sobre o rendimento do processo: uma oxidação mais pronunciada

leva a uma perda maior de ferro na escória, com a conseqüente redução no

peso de aço produzido e no rendimento.

3.5.2 Desfosforação

A desfosforação ocorre basicamente na interface metal-escória e pode

ser representada através da equação 3.7:

2P + 5/2O2(g) + 4CaO(ℓ) � P2O5.4CaO(ℓ) (Eq. 3.7)

O estudo termodinâmico da reação de desfosforação mostra que esta

reação é favorecida, ou seja, tende a ocorrer no sentido indicado, quando se

tem teores de CaO mais elevados na escória. Quando adicionada no

convertedor, o CaO livre da superfície da partícula de cal entra em contato com

o SiO2 da escória líquida formando rapidamente o composto 2CaO.SiO2

(silicato de cálcio), que se dissolve na escória, até atingir determinado

equilíbrio. Este equilíbrio, só pode ser destruído pela ação de uma escória rica

em FeO que reage com o 2CaO.SiO2 liberando o CaO livre para voltar a se

dissolver reagindo com a SiO2. Quando se tem uma escória inicial rica em FeO,

a formação do 2CaO.SiO2 se torna mais difícil. Além da formação do composto

CaO.FeO, outros compostos também auxiliam na rápida dissolução da cal

como CaO.MnO, CaO.CaF2, CaO.MgO, etc, principalmente porque diminuem a

27

temperatura de fusão da escória, diminuindo a sua viscosidade, o que dificulta

ou impede a formação do 2CaO.SiO2.

Desse modo, a desfosforação é mais pronunciada nos períodos onde a

dissolução da cal na escória é acelerada, principalmente nos primeiros e

terceiros períodos, onde a oxidação do ferro e manganês é mais acentuada. A

figura 3.16 apresenta a variação do teor de fósforo no metal durante o sopro.

FFiigguurraa 33..1166-- VVaarriiaaççããoo ddoo tteeoorr ddee PP eemm ffuunnççããoo ddoo ssoopprroo ((CCOOIIMMBBRRAA,, 22000088))..

3.5.3 Dessulfuração

Ao contrário do fósforo que é eliminado apenas através da escória, o

enxofre pode também ser eliminado através da fase gasosa na forma de

compostos como SO, SO2 e SO3. Entretanto, essa eliminação é responsável

pela retirada de apenas 5 a 10% do enxofre total carregado no convertedor.

Desse modo será dada mais atenção à dessulfuração através da

escória.

A dessulfuração pela escória pode ser representada pela equação 3.8:

CaO(ℓ) + S � CaS(ℓ) + 1/2O2 (Eq. 3.8)

28

A análise termodinâmica dessa reação mostra que ela ocorre em maior

extensão quando se tem teores de CaO mais elevados na escória como na

desfosforação. Desse modo, sua velocidade será maior no primeiro e

principalmente no terceiro período. Entretanto, deve-se mencionar que o

convertedor não é o local mais adequado à uma boa dessulfuração e cerca de

50% de todo o enxofre carregado é incorporado ou permanente no metal.

Nolasco-Sobrinho et al., (2007), aborda a necessidade de aumentar a

produtividade, reduzir custos e fabricar aços com exigências de qualidade cada

vez mais rígidas, conduzindo as siderúrgicas ao desenvolvimento de novas

técnicas e processos de refino. Uma técnica de refino de aço muito comum é a

utilização de escórias sintéticas, que deve ser considerada como ponto de

partida no processo de refino secundário dos aços. A escória sintética deve ser

elaborada de maneira que permita ao aciarista prever sua evolução durante o

tratamento, para que a mesma possa ter um ótimo desempenho.

3.6 Resíduos

Segundo Flohr et al. (2004), os resíduos sólidos resultam das diversas

atividades humanas, dentre elas a atividade industrial que gera resíduos em

quantidades e com características tais que necessitam de disposição final

adequada. Por apresentarem riscos de poluição ambiental e de saúde pública,

esta disposição final deve ocorrer em aterros sanitários industriais, obras de

engenharia preparadas para o tratamento e disposição final destes resíduos de

forma a gerar o mínimo impacto sobre o ambiente e a saúde humana.

Atualmente, os resíduos sólidos industriais que são corretamente destinados a

aterros sanitários industriais sofrem um processo classificatório prévio ao seu

tratamento e disposição final. A classificação dos resíduos envolve a

identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus

constituintes e características e a comparação destes constituintes com

listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente

é conhecido.

29

De acordo Nolasco-Sobrinho et al. (2004), a produção de aço está

diretamente ligada à geração de resíduos siderúrgicos. Em 2009, a produção

mundial de aço bruto superou o valor de 1,2 bilhões de toneladas e gerou 400

milhões de toneladas de resíduos siderúrgicos entre pós, lamas, escórias,

carepas e outros.

3.6.1 Resíduos sólidos e normas brasileiras para resíduos sólidos

Segundo Nascimento et al. (2007), os resíduos sólidos industriais e

urbanos merecem cada vez mais atenção de especialistas e do poder público

dos países que se dedicam ao trabalho de melhoria da qualidade ambiental.

Todos os países, não importando sua localização ou seu “status” internacional,

produzem milhões de toneladas por dia de resíduos, o que justifica a

obrigatoriedade da criação de mecanismos que produzam a conscientização, o

desenvolvimento e a implantação de novas tecnologias para reverter este

quadro. A aplicação de tecnologias apropriadas e ecológicas, com a redução

da utilização de recursos naturais, de desperdício, da geração de resíduos e

poluição, é uma ação de prioridade mundial.

A produção eficaz e a minimização da poluição advinda desta é um

desafio inerente às estratégias de produção mais limpa cujo objetivo principal é

evitar a geração de resíduos e emissões, a partir de um enfoque preventivo.

As mudanças ainda são lentas na diminuição do potencial poluidor do

parque industrial brasileiro, principalmente no tocante às indústrias mais

antigas, que continuam contribuindo com a maior parcela da carga poluidora

gerada e elevado risco de acidentes ambientais sendo, portanto, necessários

altos investimentos de controle ambiental e custos de despoluição para

controlar a emissão de poluentes, do lançamento de efluentes e do depósito

irregular de resíduos perigosos.

As normas brasileiras para resíduos sólidos, envolve a identificação do

processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e

características, e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos

30

e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente sejam é conhecidos.

A tabela III.1 apresenta as principais normas relacionadas com os

resíduos, bem como a sua classificação:

Tabela III.1- Principais normas brasileiras sobre resíduos.

Norma / Portaria Descrição

ABNT NBR 10004:2004 Resíduos sólidos - Classificação

ABNT NBR 10005:2004 Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de

resíduos sólidos

ABNT NBR 10006:2004 Procedimento para obtenção de extrato solubilizado

de resíduos sólidos

ABNT NBR 10007:2004 Amostragem de resíduos sólidos

De acordo com norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT NBR 10004:2004), os resíduos podem ser são classificados como:

� Resíduo classe I: Perigosos

� Resíduo classe II: Não perigosos • Classe II A: Não Inerte

• Classe II B: Inerte

Os resíduos classe I, são considerados perigosos e apresentam as

seguintes características conforme a ABNT NBR 10004:

� Periculosidade de riscos à saúde pública, provocando mortalidade,

incidência de doenças ou acentuando estes índices;

� Riscos ao meio ambiente, quando este for gerenciado de forma

inadequada;

� Possuir características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,

toxicidade e patogenicidade ou;

� Constar nos Anexos A ou B da ABNT NBR 10004:2004.

Segundo Lima et al. (2007), resíduos perigosos são aqueles que

apresentam periculosidade em função de suas propriedades físicas e químicas

31

ou infecto-contagiosa podendo apresentar riscos à saúde pública, provocando

mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices e riscos ao

meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. Desta

forma, o gerenciamento dos resíduos industriais pode ser entendido como

controle sistemático da geração, coleta, segregação na fonte, estocagem,

transporte, processamento, tratamento, recuperação e disposição dos

resíduos.

Os resíduos classe II, os não perigosos, possuem características de se

decomporem com o tempo sem comprometer o meio e as pessoas em seu

entorno. Podem ser classe IIA (não-inerte) e classe IIB (inertes). A lista destes

resíduos encontram-se no anexo H da ABNT NBR 10004:2004.

Já os resíduos classe IIB, resíduos inertes, quando amostrados de

forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, submetidos a um contato

dinâmico e estático com água destilada ou deionizada à temperatura ambiente,

conforme ABNT NBR 10006, apresentarem resultados de seus constituintes

solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água,

excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e cor.

Os resíduos classe IIA, resíduos não inertes, não se enquadram nas

classificações de resíduos classe I – perigosos ou de resíduos classe II B –

inertes. Estes resíduos podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade,

combustibilidade ou solubilidade em água.

3.6.2 Geração dos resíduos siderúrgicos

Segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS, 2009), o termo

siderurgia tem sido usado para definir a indústria produtora de aço, mas

também para outros segmentos afins. O aço, sob a forma de produtos semi-

acabados e laminados, atende a especificações variadas de setores, como

construção civil, indústria automobilística, eletrodomésticos, máquinas e

equipamentos, embalagens, utilidades domésticas e comerciais entre outros.

De acordo com Nolasco-Sobrinho et al. (2004), o aumento da produção

32

de aço, gera também um aumento na produção de resíduos, como poeiras e

lamas e uma forma de diminuir os impactos ambientais é a utilização do

processo de reciclagem.

Os principais resíduos siderúrgicos brasileiros são os pós e finos, lamas,

escórias, carepas e outros provenientes das fases redução, aciaria e laminação

de uma siderúrgica.

De acordo com Dutra et al. (2008), os pós e lamas são coletados nos

sistemas de desempoeiramento e nas estações de tratamento de efluentes.

A gestão dos resíduos inclui medidas voltadas ao aumento da eficiência

dos processos, de modo a reduzir sua geração e dar-lhes destinação

adequada, priorizando sua recuperação, reutilização ou reciclagem. Segundo o

Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS, 2009), em 2008, 93% dos materiais

gerados pelas empresas siderúrgicas foram reaproveitados para reciclagem,

reutilização, co-processamento ou compostagem, totalizando um volume de

21.922 Kt de reaproveitamento.

As aplicações de tecnologias de reciclagem exigem o estudo de

viabilidade econômica do processo, pois os custos envolvidos de recuperação

não podem exceder os custos de beneficiamento do produto, obtendo desta

forma, uma boa relação custo benefício para a cadeia produtiva. Por outro lado,

existe uma forte cobrança da sociedade e dos órgãos ambientais para que os

resíduos gerados não sejam depositados em aterros e uma preocupação

crescente com a sustentabilidade do setor siderúrgico.

3.6.2.1 Geração de pós do desempoeiramento do MRPL

Segundo Melo et al. (2005), o pó do MRPL é um subproduto gerado

durante o processo de sopro com oxigênio para o refinamento do aço cuja

granulometria é inferior a 0,149 mm e rico em óxidos de ferro (cerca de 70%

em massa) e apresenta entre 10 e 20% de cálcio.

A figura 3.17 apresenta a geração deste resíduo ao longo dos últimos 4

anos.

33

Figura 3.17- Geração pós desempoeiramento do MRPL (Fonte: BD da

AMIB). 17

3.6.2.2 Geração de finos metálicos das escórias de carbono e aços

elétricos

Segundo Ramos et al. (2009), a gestão ambiental da escória de aciaria,

assim como de outros resíduos, deve ser entendida como uma filosofia de

gerenciamento observando-se igualmente critérios técnicos, econômicos e

ambientais associados à sua geração, manuseio, processamento, estocagem e

destinação final. Os critérios técnicos do processamento e destinação final

devem fundamentar-se na melhor tecnologia disponível e aplicável à rota

selecionada. Já os critérios econômicos conferem sustentabilidade ao sistema,

e os ambientais previnem possíveis impactos que são nocivos à biota e à

saúde humana, além de preservar os recursos naturais.

As escórias de carbono e aços elétricos da AMIB são beneficiadas pela

Harsco Metals com a retirada dos metálicos maiores que 25 mm, fazendo

assim, o primeiro processamento das mesmas. O material remanescente é

34

enviado para a Reciclos, onde é feito um novo processamento das escórias

com a retirada dos metálicos menores que 25 mm.

Tanto os materiais metálicos maiores que 25 mm recuperados pela

Harsco Metals como os menores que 25 mm recuperados pela Reciclos,

retornam para a AMIB e são usados como carga metálica no convertedor

MRPL. Este fluxo de processamento pode ser visto na figura 3.18.

Figura 3.18 Fluxo do processamento das escórias de carbono e aços elétricos

da AMIB (Fonte: o autor). 18

As escórias que geram no final de todos estes processamentos, são

doadas e ainda, existem projetos desenvolvidos pela Reciclos, para o seu

reaproveitamento, como meio-fios e bloquetes para pavimentação de ruas e

avenidas. Estas escórias, mesmo sendo reaproveitadas, ainda possuem

metálicos, assim a Reciclos montou uma planta de processamento para a

remoção destes, como pode ser vista na figura 3.19. A estimativa é que ainda

pode ser removido 10% de metálicos nesta escória com um teor metálico da

ordem de 50 a 65%.

35

Figura 3.19- Fluxo da concentração dos finos metálicos das escórias de

carbono e aços elétricos da AMIB (Fonte: Reciclos). 19

3.7 Briquetagem

De acordo com Carvalho et al. (2004), a necessidade de recuperar

partículas finas oriundas de um processo de beneficiamento de minérios ou de

resíduos provocou o desenvolvimento da tecnologia de aglomeração. Esse

avanço proporcionou o aproveitamento comercial da fração fina desses

materiais, bem como, minimizou o impacto ambiental causado pela produção

de material fino ou particulado.

Para Brochhi (2006), a briquetagem, que consiste na compactação das

partículas do material a elevadas pressões formando briquetes, destacou-se

como método adequado ao processamento desses materiais e tornou-se o

método pioneiro de aglomeração. A primeira patente relacionada à

briquetagem foi concedida a William Easby, em 1848. O processo desenvolvido

por Easby possibilitava a formação de aglomerados sólidos de tamanho e

forma variados, a partir de frações finas de qualquer tipo de carvão, por meio

36

da pressão exercida sobre esse material. Por esse processo, materiais de

pequeno ou quase nenhum valor agregado podiam ser transformados em um

produto de elevado valor térmico para máquinas a vapor, forjas, culinária e

outras aplicações, permitindo recuperar grande parte dos finos considerados

como rejeito do processo de beneficiamento de carvão.

No final do século XIX, a pressão econômica fez com que várias

empresas buscassem transformar a concepção de Esaby em prática industrial.

A primeira aplicação do processo de briquetagem de finos de carvão

mineral foi desenvolvida nos Estados Unidos, sendo essa constituída de várias

etapas. Na primeira, a secagem do carvão é seguida da britagem e

peneiramento. Na etapa seguinte, a mistura dos finos com 6% de asfalto

fundido - e depois a briquetagem propriamente dita, em máquinas de rolos,

produzindo sólidos aglomerados, que em seguida eram resfriados em um

transportador de esteira, antes da sua expedição (CARVALHO ET AL., 2004).

Logo após a Segunda Guerra Mundial, mais de seis milhões de

toneladas anuais de briquetes de carvão mineral eram produzidas nos Estados

Unidos, antes das indústrias utilizarem o óleo diesel e a gasolina como

combustível para aquecimento doméstico.

O carvão mineral continua, até hoje, como o principal material

briquetado. O processo para o seu beneficiamento consiste na cominuição e

processos físico-químicos necessários para a remoção de enxofre e cinzas.

De acordo com Carvalho et al. (2004), para facilitar o manuseio e o seu

transporte, torna-se necessária uma operação complementar de aglomeração.

Partículas de carvão menores do que 6,0 mm não podem ser usadas, sem uma

etapa de aglomeração, na produção de combustíveis sintéticos. A briquetagem

parcial de carvões, durante a coqueificação, melhora a qualidade do coque

(aumento da densidade) e possibilita a utilização de carvões fracamente

coqueificáveis.

Os materiais finos, como por exemplo cal, poeiras finas de conversor LD

e de aciaria elétrica, lama de aciaria, carvão vegetal, carvão mineral, cromita,

dolomita entre outros, uma boa forma de aglomeração é a briquetagem

(NOLASCO-SOBRINHO ET AL., 2004).

37

3.7.1 O processo de briquetagem

O processo de briquetagem é o processo de aglomeração de partículas

finas em prensas em que as forças de atração molecular de Van der Waals

apresentam uma forte influência na união das partículas. Entretanto, as forças

de atração somente tornam-se efetivas quando a distância entre essas

partículas é reduzida pela ação de uma elevada força externa.

Na aplicação da pressão externa ao material a ser briquetado, podem

ser utilizados três processos:

a) briquetagem em prensas de rolos (figura 3.20), onde o material flui

continuamente, entre dois rolos paralelos, com cavidades ou moldes

dispostos em sua superfície, de tamanho e forma adequados,

rigidamente ligados entre si, girando com a mesma velocidade de

rotação, todavia em sentidos contrários;

b) briquetagem por extrusão contínua em máquinas do tipo maromba

(figura 3.21);

c) briquetagem em prensas hidráulicas em que os moldes são

preenchidos de forma intermitente.

Todos os métodos de briquetagem visam de um modo geral o

reaproveitamento de diversas matérias primas e em geral na forma de finos

que in natura, não seriam possível o uso ou o uso com baixo rendimento,

favorecendo a relação custo & benefício da briquetagem.

FFiigguurraa 33..2200-- PPrriinnccííppiioo bbáássiiccoo ddoo ffuunncciioonnaammeennttoo ddaa bbrriiqquueettaaggeemm

((WWWWWW..ssaahhuuttccoonnrreeuurr..ccoomm))..20

38

FFiigguurraa 33..2211-- PPrriinnccííppiioo bbáássiiccoo ddoo ffuunncciioonnaammeennttoo ddaa bbrriiqquueettaaggeemm ppoorr mmaarroommbbaa

((QQUUIIRRIINNOO,, 22000099))..21

3.7.2 Etapas do Processo de briquetagem

Por ser o mais utilizado, o processo de briquetagem em máquina de

rolos será detalhado a seguir. Segundo Shoko et al. (2004), o processo pode

ser dividido em quatro etapas básicas: preparação, mistura, compactação e

cura.

3.7.2.1 Preparação

A etapa de preparação consiste na determinação das características de

compactação do material a ser briquetado e do tipo de equipamento que deve

ser utilizado, para facilitar a adesão das partículas finas.

A determinação das propriedades do material permite conhecer não só o

valor máximo da pressão a ser aplicada, como também a taxa de compactação

requerida pelo material. O conhecimento do coeficiente de atrito do material

permite gerar uma previsão do comportamento do mesmo, no momento da

saída dos rolos e, também, se a superfície dos briquetes úmidos poderá ser ou

39

não danificada durante a queda.

Ainda segundo Shoko et al. (2004) e de acordo com a tabela III.2, a

quantidade de aglutinante e/ou ligante para garantir um briquete com boa

resistência mecânica depende, entre outros fatores, da qualidade do material a

ser briquetado e do próprio aglutinante. No entanto, os principais fatores a

determinar essa quantidade de aglutinante são a superfície específica do

material e a quantidade de partículas finas ou grossas. Quanto menor forem

essas, menor será a quantidade de aglutinante necessária para gerar um

briquete de boa qualidade. No caso da briquetagem de carvão, a mistura não

pode conter mais de 20% das partículas com tamanho menor do que 0,5 mm e

não mais do que 5% de partículas com tamanho menor do que 90 µm.

Tabela III.2- Principais misturas para fabricação de briquetes (SHOKO ET AL.,

(2004) adaptado pelo autor).

De acordo com Quirino (2009), as partículas de finos devem ter uma

distribuição granulométrica adequada para proporcionar qualidade ao briquete

e maior economia no processo. A boa distribuição das partículas é essencial

para haver uma densificação melhor do briquete devido a um maior contato de

superfície, pode ainda reduzir a necessidade dos ligantes e aglutinantes. Em

seus estudos sobre briquetagem, ele concluiu que a desuniformidade é o ideal.

A figura 3.22 apresenta de forma esquemática a desuniformidade.

40

FFiigguurraa 33..2222-- DDeessuunniiffoorrmmiiddaaddee ((QQUUIIRRIINNOO,, 22000099)).. 22

Segundo D’Abreu et al. (2004), outro fator importante é a umidade do

material antes da adição do aglutinante. A umidade ideal depende do material e

do tipo de aglutinante utilizado, além de influenciar o valor da pressão a ser

aplicada. Para estabilizar e otimizar a umidade nos briquetes é importante que

sejam tomados cuidados especiais com o controle do processo. O ajuste da

quantidade de água na mistura torna-se ainda mais importante quando se

aglomera materiais termos-plásticos e também quando são utilizados

aglutinantes solúveis em água.

Para Alves (2007), aglomerando sementes de mamona, a quantidade de

umidade é da ordem de 8 a 15% e o tamanho das partículas entre 5 e 45 mm,

obtendo assim, uma aglomeração de sucesso.

Na briquetagem de carvões não coqueificáveis ou semi-coque

(materiais inertes), torna-se necessário o uso de carvões coqueificáveis na

mistura. O carvão coqueificável, nesse processo, apresenta a função de

aglutinante e necessita de um aquecimento a uma temperatura entre 100 e

350ºC, antes de ser misturado. O carvão não coqueificável é aquecido em

torno de 600ºC, também, antes de sua mistura com o carvão coqueificável. A

proporção de carvões na mistura deve ser ajustada, para que a temperatura da

mistura situe-se na zona de amolecimento do carvão coqueificável,

41

normalmente entre 420-540ºC (CARVALHO ET AL., 2004).

3.7.2.2 Mistura

A mistura dos reagentes é uma das etapas mais importantes da

briquetagem. É de fundamental importância que o aglutinante seja distribuído

uniformemente por toda superfície do material a ser briquetado.

O misturador deverá ser dimensionado de modo que o tempo de

residência da mistura no equipamento não seja elevado. Quando há

necessidade de tratamento térmico da mistura, o mesmo pode ser realizado no

próprio equipamento por meio da aplicação de vapores saturados ou

superaquecidos. Como exemplo, para briquetagem de carvão utilizando piche

como aglutinante, a temperatura de descarga da mistura deve estar pelo

menos 7ºC acima do ponto de amolecimento do piche. A mistura deve

apresentar uma temperatura entre 85-90ºC na prensa e uma umidade de 3% ±

1% (CARVALHO ET AL., 2004).

Caso a mistura não seja suficientemente seca no condicionador entre o

misturador e a prensa, os gases (na maioria das vezes, vapor d'água) presos

nos briquetes sofrem uma forte compressão. Quando os briquetes deixarem a

prensa e a pressão for relaxada, os gases expandem, causando fraturas no

briquete.

No manuseio de materiais com pequena densidade aparente, torna-se

necessária a remoção dos grandes volumes de ar antes da alimentação do

material na unidade de compactação. Nesses casos torna-se recomendável a

utilização de alimentadores por meio de vácuo, sendo esse o responsável pela

remoção do ar presente no alimentador.

3.7.2.3 Compactação - Prensagem

Segundo Krizan et al. (2009), a compactação é o fator mais importante

para a produção de briquetes com alta resistência mecânica e com boa

42

densidade. Existe uma relação direta entre a resistência mecânica e as forças

de compressão, provocadas pelos rolos que, montados um diante do outro,

giram com velocidade de rotação igual e em sentidos contrários. A prensagem

dos briquetes tem um impacto grande na durabilidade do mesmo, pois, quando

a força de prensagem aumenta, a absorção de umidade atmosférica diminui.

O estudo da pressão de compactação é complexo e é um parâmetro

muito interessante, porém complicado. Vários parâmetros devem também

serem analisados para se determinar a pressão de compactação entre eles o

tipo de material a briquetar, a temperatura do material, comprimento e o

diâmetro da briquetadeira.

De acordo com Pureza (2004), a compactabilidade é um das

propriedades mais importantes da conformação, pois excerce grande influência

nas propriedades de resistência mecânica, pososidade, tamanho e absorção

de umidade. O valor da compactabilidade pode ser aumentado mediante a

adição de esferas de tamanhos distintos, conforme pode ser observado na

figura 3.23. Desta forma, é de extrema importância selecionar adequadamente

o diâmetro das esferas de menor tamanho para que estas possam ocupar os

espaços existentes entre as esferas maiores.

FFiigguurraa 33..2233-- RReepprreesseennttaaççããoo eessqquueemmááttiiccaa ddoo eemmppaaccoottaammeennttoo ddee eessffeerraass ddee

ddiiffeerreenntteess ttaammaannhhooss ((BBAARRBBAA,, 11999977)).. 23

Barba et al. (1997) apresenta também um estudo mais detalhado a

respeito da compactabilidade de misturas de esferas de dois tamanhos em

função da proporção de esferas grandes na mistura, para distintos valores da

43

relação diâmetro (RD). De acordo com a figura 3.24, pode-se observar que a

medida que aumenta a relação de diâmetros (Dmaior/Dmenor), se obtem misturas

com maior compactabilidade.

FFiigguurraa 33..2244-- VVaarriiaaççããoo ddaa ccoommppaaccttaabbiilliiddaaddee ddee mmiissttuurraass ddee eessffeerraass ddee ddooiiss

ttaammaannhhooss eemm ffuunnççããoo ddaass eessffeerraass ggrraannddeess ((BBAARRBBAA,, 11999977)).. 24

Wilaipon (2007), em seus estudos, aborda que além da pressão de

prensagem dos briquetes, os ligantes possuem importância fundamental para a

determinação da densidade, sendo que, a pressão da prensa, tem a maior

influência, como pode ser visto na figura 3.25 para ensaios de briquetes de

milho.

44

FFiigguurraa 33..2255-- IInnfflluuêênncciiaa nnaa ddeennssiiddaaddee ddoo bbrriiqquueettee ccoomm aa vvaarriiaaççããoo ddoo %% ddee

lliiggaanntteess ee ddaa pprreessssããoo ddee pprreennssaaggeemm ((WWIILLAAIIPPOONN ((22000077)) aaddaappttaaddoo ppeelloo aauuttoorr)).. 25

A determinação da produção em um processo de briquetagem, pode ser

expressa por M e é calculada em função do volume de um briquete (Vb), do

número de moldes em uma coluna na circunferência do rolo (Z), do número de

colunas ao longo da largura do rolo (R), da velocidade dos rolos (N, em rpm) e

da densidade do briquete (db).

Equação 3.9- Variáveis para a produção de briquetes (WILAIPON, 2007).

3.7.2.4 Cura

O processo de cura consiste em dar resistência mecânica ao briquete de

modo que permite a sua movimentação e uso sem degradação.

Segundo D’Abreu et al. (2004), a tensão de ruptura à compressão de

45

briquetes de cal hidratada é diretamente proporcional ao tempo de cura.

De acordo com Oliveira et al. (2003), a resistência mecânica dos

briquetes cresce rapidamente com o tempo, mas se estabiliza com o tempo,

como pode ser observado na figura 3.26.

A utilização de ligantes auxilia na resistência mecânica dos briquetes de

cura à frio, e são necessários para um manuseio com mínima degradação e um

bom desempenho no processo, evitando assim degradações que possam levar

perdas ao processo.

Figura 3.26- Curva resistência mecânica&tempo de cura (OLIVEIRA ET Al.,

2003). 26

46

4 METODOLOGIA

Este trabalho teve as seguintes etapas: coleta dos resíduos;

identificação e caracterização dos resíduos; identificação, fabricação e

caracterização dos briquetes; análise termodinâmica e testes industriais dos

briquetes de resíduos para possível substituição da carga metálica do MRPL.

4.1 Técnicas de análises

As técnicas de análises atualmente existentes possibilitam inúmeras

caracterizações de materiais. Neste trabalho foram utilizadas as técnicas para

a caracterização dos resíduos quanto as potencialidades de riscos ambientais

(ABNT NBR 10004:2004), análise química via úmida, densidade pelo método

de picnometria, granulometria, umidade, Shatter Test a frio, microscopia

eletrônica de varredura acoplada com micro sonda e difração de raios X.

4.1.1 Caracterização de resíduos quanto as potencialidades de riscos

ambientais (ABNT NBR 10004:2004)

Segundo o IBS (2009), resíduos de atividades industriais, são variados

enapresentam características diversificadas, pois estas dependem do tipo de

produto manufaturado. Devem, portanto, ser estudados caso a caso. Adota-se

a NBR 10004 da ABNT para se classificar os resíduos industriais: Classe I

(Perigosos), Classe II (Não Perigosos) sendo Classe II A os não Inertes Classe

II B os Inertes.

Para a determinação destas classes de resíduos, são feitos os ensaios

de lixiviação conforme NBR 10005:2004, ensaios de solubilização conforme

NBR 10006:2004 bem como análises complementares para classificação de

massa bruta como por exemplo pH, cromo total (CrTotal) e níquel (Ni) e análises

visuais para determinação de cor e aspectos físicos da amostra.

47

4.1.2 Análise química via úmida

A análise química via úmida é uma análise de caracterização de

elementos de uma amostra podendo utilizar a técnica de calcinação da amostra

com a abertura da mesma por fusão com peróxido de sódio (Na2O2). Utilizou

equipamentos tais como balança Satorius modelo CP224S, bico de gás, balão

volumétrico de 50 mL +/- 0,12 ml e Espectômetro de Emissão Ótico ICP

5300DV da PerkinElmer.

A via úmida é uma técnica muito precisa, mas a habilidade do técnico

em laboratório deve ser de muita experiência, uma vez que se considera o

exato momento em que as reações ocorrem, ou seja, o momento em que se

determina a mudança da cor da amostra, para determinação da concentração

do elemento química em análise. É uma técnica de análise demorada devido

as necessidades de um acompanhamento sistemático das amostras e suas

reações.

4.1.3 Densidade pelo método de picnometria

O método de picnometria consiste na determinação da densidade real

de materiais sólidos, mediante a medição indireta da massa e do volume do

sólido em balão volumétrico de fundo chato. Os equipamentos utilizados foram

balança Satorius Modelo CP224S e picnômetro de 50 mL marca Blaubrand e

água destilada.

As etapas necessárias para determinação da densidade por este

método são:

10 Encher o picnômetro com água e tampar cuidadosamente para que não

fique com bolhas;

20 Pesar o picnômetro com água;

30 Pesar a amostra a ser analisada;

40 Retirar a água do picnômetro;

48

50 Colocar toda amostra dentro do picnômetro;

60 Completar o picnômetro com água;

70 Pesar o picnômetro com a amostra e a água.

O procedimento descrito pode ser resumido na Equação 4.1.

Equação 4.1 - Fórmula para determinação de densidade – Picnômetro.

Em que:

D: densidade

Massaa: massa da amostra (g)

MassaPA: massa do picnômetro com água + amostra

(g)

Massap: massa do picnômetro com água (g)

4.1.4 Granulometria

A granulometria dos materiais é um parâmetro fundamental para o

desenvolvimento de matérias primas, ligas e metodologias de processamento,

tornando esta análise indispensável para a caracterização de materiais. Essa

característica é também um indicativo de qualidade de processo do material

fornecido.

Através desta análise, determinamos a distribuição granulométrica de

matérias primas, seu tamanho médio e desvios, que podem influenciar no ritmo

de produção de um alto-forno, forno elétrico de redução ou na capacidade de

um sistema de carregamento de qualquer processo siderúrgico.

49

4.1.5 Umidade

Este procedimento consiste em pesar uma porção de 5 g da amostra e

colocá-la para secar em uma estufa a uma temperatura de 1000 +/- 100C por

um período de 90 minutos. Esta análise objetiva a determinação do teor de

água contido em uma amostra. É uma análise simples, mas requer cuidados

tanto quanto qualquer outro procedimento de análise complexa.

A umidade é calculada pela equação 4.2.

Equação 4.2 - Fórmula para determinação de umidade.

Os equipamentos utilizados foram balança Satorius modelo CP224S e

estufa Quimis modelo Q317M92.

4.1.6 Shatter Test a frio

O Shatter Test a frio consiste em medir o índice de degradação de uma

amostra de 20 Kg através da queda livre do mesmo a uma altura de 1,80

metros e com repetição da queda de quatro vezes. O índice de queda é o

percentual de finos gerados após as quatro quedas para uma peneira de malha

de 9,52 mm, determinado pela Equação 4.3.

Equação 4.3- Fórmula para determinar o índice de queda.

50

A variável de degradação de uma matéria prima é de extrema

importância, pois, as mesmas ao longo de seu manuseio até o uso

propriamente dito, passarão por inúmeras quedas. Para este teste utilizou

máquina de Shatter Test fabricada pela Emalto do laboratório dde matérias

primas da AMIB.

4.1.7 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) acoplado com micro

sonda de energia dispersiva de raios X (EDS)

O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é um equipamento capaz

de produzir imagens de alta ampliação (até 300.000 x) de resolução. As

imagens fornecidas pelo MEV possuem um caráter virtual, pois o que é

visualizado no monitor do aparelho é a transcodificação da energia emitida

pelos elétrons, ao contrário da radiação da luz a qual estamos habitualmente

acostumados.

O princípio de funcionamento do MEV conforme pode ser observado na

figura 4.1, consiste na emissão de feixe de elétrons por filamento capilar de

tungstênio (eletrodo negativo), mediante a aplicação de um diferencial de

potência que pode variar de 0,50 a 30 KV. Essa variação de voltagem permite

a variação da aceleração dos elétrons, e também provoca o aquecimento do

filamento. A parte positiva em relação ao filamento do microscópio (eletrodo

positivo) atrai fortemente os elétrons gerados, resultando numa aceleração em

direção ao eletrodo positivo.

Figura 4.1 Princípio de funcionamento do MEV (Fonte: BD da AMIB). 27

51

A correção do percurso dos feixes é realizada pelas lentes

condensadoras que alinham os feixes em direção à abertura da objetiva. A

objetiva ajusta o foco dos feixes de elétrons antes dos elétrons atingirem a

amostra analisada. Ao retornarem para a posição inicial, liberarem a energia

adquirida a qual é emitida em comprimento de onda no aspecto de raios X. Um

detector instalado na câmera de vácuo do MEV mede a energia associada a

esse elétron. Como os elétrons de um determinado átomo possuem energias

distintas, é possível no ponto de incidência do feixe, determinar quais

elementos químicos estão presentes naquele local e assim identificar em

instantes o que está sendo observado.

A espectrometria de energia dispersiva de raios X - EDS, é um

acessório essencial no estudo de caracterização microscópica de materiais.

Quando o feixe de elétrons incide sobre uma amostra, os elétrons mais

externos dos átomos e os íons constituintes são excitados, mudando de níveis

energéticos.

O uso do MEV associado ao EDS é de grande importância na

caracterização de materiais, pois o MEV proporciona nítidas imagens e o EDS

permite determinar a sua composição química pontual, bem como ainda

permite o mapeamento da distribuição de elementos químicos gerando mapas

composicionais.

O MEV utilizado para as caracterizações foi o de marca Philips Modelo

XL30 S FEG TMP.

4.1.8 Difração de raios X

A difratometria de raios X é uma das técnicas de caracterização

macroestrutural de materiais cristalinos, encontrando aplicações em diversos

campos do conhecimento, mais particularmente na engenharia e ciências de

materiais, engenharias metalúrgicas, químicas e de minas.

Os raios X ao atingirem um material podem ser espalhados

elasticamente, sem perda de energia pelos elétrons de um átomo (dispersão ou

52

espalhamento coerente). O fóton de raios X após a colisão com o elétron muda

sua trajetória, mantendo, porém, a mesma fase e energia do fóton incidente.

Sob o ponto de vista da física ondulatória, pode-se dizer que a onda

eletromagnética é instantaneamente absorvida pelo elétron e reemitida: cada

elétron atua, portanto, como centro de emissão de raios X.

Considerando-se dois ou mais planos de uma estrutura cristalina, as

condições para que ocorra a difração de raios X, vão depender da diferença de

caminho percorrido pelos raios X e o comprimento de onda da radiação

incidente. Esta condição é expressa pela lei de Bragg.

Equação 4.4- Lei de Bragg (KAHN, 2009).

Em que:

n = número inteiro (ordem de difração)

comprimento da onda da radiação incidente = ּג

d = distância interplanetar para os planos hkl (índice de Miller)

ө = ângulo de incidência dos raios X

Figura 4.2- Difração de raios X (KAHN, 2009). 28

A intensidade difratada, dentre outros fatores, é dependente de elétrons

no átomo. Adicionalmente, os átomos são distribuídos no espaço, de tal forma

53

que os vários planos de uma estrutura cristalina possuem diferentes

densidades de átomos ou elétrons, fazendo com que as intensidades difratadas

sejam, por conseqüência, distintas para os diversos planos cristalinos.

O difratômetro utilizado nas caracterizações foi o de marca Philips

modelo XPERT PRO MPD com goniômetro theta/theta.

4.2 Identificação dos resíduos

A tabela IV.1 apresenta as identificações dos resíduos estudados nesta

pesquisa.

Tabela IV.1- Identificação dos resíduos estudados na pesquisa (Fonte: o autor).

Nome do

resíduo

Tipo de

resíduo

Local onde o resíduo foi coletado ou

produzido na indústria

PDM Poeira MRPL: Filtros de mangas.

FMR Finos metálicos

recuperados de

escórias

Planta de recuperação de metálicos das

escórias na Reciclos Reciclagem de

Resíduos Industriais.

4.2.1 Coleta e retirada das amostras para caracterizações dos PDM

Para a retirada do PDM, foram colocados BAG`s sobre a caçamba de

um caminhão basculante (figura 4.3) e destinados à Reciclos para a produção

dos briquetes.

54

Figura 4.3- Coleta do PDM para produção dos briquetes e caracterizações

(Fonte: o autor). 29

A etapa de retirada da amostra é a fase mais importante para uma boa

representatividade da amostra e seus resultados. Conforme ABNT NBR

1007:2004, amostra representativa é a parcela do resíduo a ser estudada,

obtida através de um processo de amostragem, e que, quando analisada,

apresenta as mesmas características e propriedades da massa total. As etapas

são normalizadas em inúmeras normas ABNT NBR e normas internas das

empresas. Preocupados com a etapa de retirada das amostras, foi

desenvolvido na oficina mecânica da AMIB o amostrador “TRIER”

recomendado para resíduos sólidos conforme norma da ABNT NBR

10007:2004. A figura 4.4 apresenta a retirada das amostras do PDM utilizando

o amostrador TRIER na Reciclos.

O material para a confecção do amostrador “TRIER” foi o INOX P409

para atender aos requisitos da referida norma que é o princípio de não

reatividade com o material a ser coletado e também a necessidade de

descontaminação total do equipamento para posterior utilização, pois também

foram coletadas amostras do FMR, conforme figura 4.6.

55

Figura 4.4- Retirada das amostras do PDM e em detalhe o amostrador “TRIER”

(Fonte: o autor).30

Depois de coletadas as amostras, as mesmas foram destinadas ao

laboratório de matérias primas da AMIB para serem devidamente

homogeneizadas, quarteadas e retiradas das alícotas para as devidas

caracterizações (figura 4.5).

Figura 4.5- Homogeneização/retirada das alícotas do PDM (Fonte: o autor). 31

O quarteamento, conforme ABNT NBR 10007:2004, é o processo de

divisão em partes iguais de uma amostra pré-homogeneizada, sendo tomadas

56

duas partes opostas entre si para constituir uma nova amostra e descartadas

as partes restantes. As partes não descartadas são misturadas totalmente e o

processo de quarteamento é repetido até que se obtenha a amostra desejada.

4.2.2 Coleta e retirada das amostras para caracterizações dos FMR

Os finos metálicos foram processados na Reciclos e armazenados em

BAG`s para a produção dos briquetes. As amostras foram coletadas nos BAG’s

na Reciclos (figura 4.6), objetivando representatividade conforme a ABNT NBR

10007:2004, utilizando o mesmo amostrador “TRIER”.

Figura 4.6- Retirada das amostras dos FMR e homogeneização/retirada das

alícotas do PDM (Fonte: o autor). 32

É importante ressaltar que os resíduos em estudo não são deterioráveis,

ou seja, não necessitam de nenhum cuidado adicional em seu manuseio e

estocagem o que é recomendado pela NBR 10007:2004, conforme a tabela A.1

da referida norma.

A figura 4.7 mostra as duas amostras retiradas na Reciclos destinadas

ao laboratório da aciaria e do centro de pesquisa da AMIB sendo a amostra da

esquerda PDM e a amostra da direita FMR.

57

Figura 4.7- Amostras do PDM (E) e FMR (D) (Fonte: o autor).33

O PDM e FMR foram caracterizados para serem produzidos os

briquetes.

4.3 Produção dos briquetes

De acordo com Nolasco-Sobrinho et al. (2004), para resíduos na forma

de pó que é o caso do PDM, a briquetagem tem sido uma excelente técnica de

aglomeração. Simulou-se um briquete objetivando um teor de ferro total de

aproximadamente 50%, conforme apresentado na tabela IV.2.

Segundo Groever et al. (1996), cimento e melaço são componentes

essenciais para assegurar uma boa resistência mecânica ao processo de

compactação do tipo briquetagem. Desta forma, foram utilizados 5% de

cimento ARI CP5 de alta resistência inicial e 5% de melaço de cana-de-acúcar

em pó da Indumel como ligante de cura rápida juntamente com os resíduos

para assegurar uma boa resistência mecânica e proporcionar uma condição

essencial para o manuseio e movimentação, reduzindo assim a degradação

dos briquetes ao longo do processo de produção até o uso no convertedor

MRPL.

58

Os briquetes foram produzidos na Empresa Solver situada no Distrito

Industrial de Timóteo – MG. A mistura dos componentes foram feitas em um

misturador tipo Heinrich e utilizou uma prensa de 3000 PSI com capacidade de

1000 t/mês juntamente com 2% de umidade para assegurar uma boa

compactabilidade. Estes briquetes foram denominados de BPDFM e possuíam

dimensões de 15x20x30 mm, conforme pode ser visto na figura 4.8. Após a

produção, os briquetes foram estocados em um galpão coberto para evitar

umidade e determinou-se um tempo de 5 dias para a completa cura dos

briquetes. Para a utilização de cimento e melaço o recomendado é uma cura

de 3 a 5 dias. Objetivamos 5 dias para trabalhar com uma segurança maior nas

movimentações. No estoque, e após os 5 dias de cura, foram coletadas

amostras dos briquetes ao longo da pilha, procurando ter o máximo de

representatividade para as novas caracterizações. Após a coleta de amostras,

foi programado o teste industrial no convertedor MRPL e feito, então, o

transporte dos mesmos da Solver para a planta da AMIB, utilizando um

caminhão basculante de 6 m3.

Tabela IV.2- Composição calculada do FeTotal dos briquetes (Fonte: o autor).

Figura 4.8- Briquetes BPDFM (Fonte: o autor).34

59

4.4 Determinação dos tipos de aço para teste industrial dos briquetes

Os principais aços produzidos no MRPL são aços elétricos (GO e GNO)

e aços carbonos especiais. Segundo Nolasco-Sobrinho et al. (2000), para que

os aços GO alcancem baixas perdas e elevada permeabilidade magnética, há

a necessidade de um total controle na etapa de elaboração da aciaria, incluindo

rigorosos controles na composição química dos elementos, como carbono,

enxofre, manganês, silício, alumínio, titânio e fósforo, além da baixa

contaminação por inclusões, requerendo assim, processos tecnológicos

complexos, pessoal altamente treinado e capacitado para a sua produção.

Devido a estas exigências, os briquetes BPDFM não foram usados na

produção deste aço de exigência especial, pois, na caracterização dos

resíduos, foram identificados elementos como Al2O3, Cr2O3, Ni e Ti, portanto,

os briquetes BPDFM foram usados somente nos aços carbonos especiais e

aços elétricos GNO.

60

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os principais resultados obtidos com o desenvolvimento deste trabalho

foram as caracterizações dos resíduos PDM e FMR, a produção e a

caracterização dos briquetes BPDFM, bem como a análise termodinâmica para

verificar a capacidade do MRPL em reduzir os óxidos de ferro presentes nos

resíduos caracterizados.

5.1 Caracterização quanto as potencialidades de riscos ambientais (ABNT

NBR 10004:2004

5.1.1 Caracterização do PDM e FMR

Os resíduos PDM e FMR foram caracterizados pelo método "Standard

Methods for the Examination of Water and Wastewater - 21th ed." and "USEPA

SW-846 – Test Methods for Evaluationg Solid Waste - Physical/Chemical

Methods".

O PDM apresentou valores de pH, extrato lixiviado crômio total, extrato

solubilizado do crômio total, fluoreto e sulfato com V.M.P. (valor máximo

permitido) acima das tolerâncias e de acordo com referida NBR, este resíduo

foi classificado como “classe I – resíduo perigoso”, necessitando desta forma

tratamento e disposições especiais (ABNT NBR 12235).

O FMR apresentou o extrato solubilizado de fenóis totais, fluoreto e

selênio com V.M.P. (valor máximo permitido) acima das tolerâncias,

classificando este resíduo como “classe IIA – resíduo não perigoso e não

inerte”, necessitando também tratamento e disposições especiais (ABNT NBR

11174).

Os resultados das caracterizações conforme a ABNT NBR 10004:2004

pode ser visto na tabela V.1.

61

Tabela V.1- Caracterização do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB).

5.2 Análise química via úmida

5.2.1 Análise química do PDM e FMR

O processo utilizado para a caracterização química dos resíduos PDM e

FMR foi via úmida. Utilizou os procedimentos PPA12-0145V3– Operar ICP

5300DV Módulo Análise e PPA12-045V6- Realizar Análise de Materiais

Desconhecidos dos laboratórios da aciaria da AMIB.

Os principais elementos caracterizados para o PDM foram: Cr2O3:

0,688%, SiO2: 2,185%, MgO: 5,325%, CaO: 16,93% e FeTotal: 50,97%.

Outros elementos caracterizados podem ser visto na tabela V.2. A cromita

presente na caracterização (Cr2O3) é proveniente do secundário do

desempoeiramento do AODL (convertedor de produção de aços inox da AMIB)

associado aos aços especiais carbono que possuem adições de cromo. De

acordo com Nolasco-Sobrinho (2004), elementos presentes como SiO2, MgO e

CaO, podem ser explicado pelo processo de formação dos gases CO e CO2

que carreiam estes óxidos ao atravessarem a escória. O ferro total (FeTotal) é

proveniente da atomização, que são as bolhas dos gases carreando metálicos

e sendo succionados pelo desempoeiramento. Dentro desta análise de FeTotal

temos o ferro na forma de Fe metálico, FeO, Fe2O3 e Fe3O4.

62

Para o FMR, os principais elementos caracterizados foram: Cr2O3:

3,371%, SiO2: 3,103%, MgO: 3,504%, CaO: 14,54% e FeTotal: 59,40%.

Diferente da cromita presente no PDM, no FMR a cromita é proveniente

das misturas entre as escórias da linha de inox e da linha de carbono e aços

elétricos da aciaria da AMIB. Elementos presentes como SiO2, MgO e CaO,

são provenientes do processo de separação do FMR das escórias não ser

100% eficiente. No caso do FMR o FeTotal é característico do metálico

presente e recuperado da escória. Assim como no PDM, no FeTotal analisado,

temos o ferro na forma de Fe metálico, FeO, Fe2O3 e Fe3O4. A tabela V.2

apresenta a análise química do FMR.

Tabela V.2- Análise química do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB).

Componentes analisados PDM (%) FMR (%)

Mo 0,015 Traços

Ni 0,017 0,100

Ti 0,023 0,149

Al2O3 0,412 0,867

Zn 0,028 0,016

Mn 0,583 1,193

Cr2O3 0,688 3,371

SiO2 2,185 3,103

MgO 5,325 3,504

CaO 16,93 14,54

FeTotal 50,97 59,40

5.2.2 Análise química do BPDFM

O BPDFM também foi caracterizado nos laboratórios da aciaria da

AMIB. Os resultados estão apresentados na tabela V.3 e mostram boa relação

com a caracterização do PDM e FMR.

63

Tabela V.3- Análise química dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB).

Componentes analisados BPDFM (%)

Ni 0,036

Ti 0,155

Al2O3 1,331

Zn 0,041

Mn 0,9927

Cr2O3 0,754

SiO2 7,499

MgO 4,662

CaO 15,77

FeO 18,650

FeTotal 45,440

Como pode ser observado, a composição calculada apresentada na

tabela IV.2 diferentemente do resultado real da tabela V.3 para o FeTotal, pode

ser explicado pelas características da heterogeinidade dos resíduos, os quais

serão mais detalhados nos capítulos 5.7 e 5.8.

5.3 Densidade pelo método de picnometria

5.3.1 Densidade do PDM e FMR

A determinação da densidade da amostra foi feita por meio de

picnometria. É uma análise simples (figura 5.1) e através da densidade do aço,

podemos observar qual o teor metálico do resíduo. A tabela V.4 apresenta os

resultados de densidade do PDM e do FMR.

64

Tabela V.4- Análise de densidade do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB).

O PDM apresentou uma densidade de 3,96 g/cm3. Considerando uma

densidade do aço de 7,8 g/cm3, podemos concluir que o teor metálico PDM é

de 51%. O FMR apresentou uma densidade de 3,88 g/cm3, o que sugere que o

teor metálico do FMR é de 50%.

De acordo com Nolasco-Sobrinho (2004), a densidade depende do

modo de acomodação das partículas durante o ensaio. A densidade pelo

método de picnometria, considerado uma análise de densidade real, mostrou

valores muito próximos uns dos outros em intervalos de 3,87 a 3,97 g/cm3.

Figura 5.1- Análise de densidade por picnometria (Fonte: BD da AMIB). 35

65

5.3.2 Densidade do BPDFM

A densidade do BPDFM está apresentada na tabela V.5.

Tabela V.5- Análise de densidade dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB).

O resultado médio ponderado foi 3,74 g/cm3. Considerando uma

densidade do aço de 7,8 g/cm3, podemos concluir que o teor metálico é de

48%. A redução da densidade final está em função da utilização dos

elementos utilizados na briquetagem, conforme apresentado na tabela V.6. A

diferença entre o real e teórico justifica pela heterogeneidade dos resíduos,

principalmente o FMR.

Tabela V.6- Cálculo da densidade dos briquetes BPDFM (Fonte: o autor).

5.4 Granulometria

5.4.1 Granulometria do PDM e FMR

Na caracterização dos resíduos, utilizou as peneiras de malhas da série

de Tyler, conforme procedimento padrão da AMIB (PPA12-0001V9- Realizar

66

Ensaio Granulométrico) para se determinar a distribuição granulométrica dos

resíduos.

O resultado da granulometria do PDM apresentou um tamanho médio

0,25 mm com todas as partículas menores que 0,85 mm e o FMR apresentou

um tamanho médio 0,78 mm e 62% dos metálicos possuem granulometria

maior que 0,30 mm, conforme pode ser visto nas figuras 5.2 e 5.3

respectivamente.

Figura 5.2- Distribuição granulométrica simples e acumulada do PDM (Fonte:

BD da AMIB). 36

Figura 5.3- Distribuição granulométrica simples e acumulada do FMR (Fonte:

BD da AMIB). 37

67

5.4.2 Granulometria do BPDFM

O resultado da granulometria apresentou um tamanho médio 17,33 mm

e 85% dos briquetes possuem granulometria maior que 15,90 mm, conforme

apresentado na figura 5.4.

Figura 5.4- Distribuição granulométrica simples e acumulada dos briquetes

BPDFM (Fonte: BD da AMIB). 38

5.5 Umidade

5.5.1 Umidade do PDM e FMR

A análise de umidade foi feita no laboratório de matérias primas da

AMIB e conforme a PPA12-0008V7 – Analisar Umidade, e os resultados podem

ser visto na tabela V.7.

Tabela V.7- Análise de umidade do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB).

68

A baixa umidade do PDM é devido o mesmo ser gerado durante o

processo de produção do aço, ou seja, em altas temperaturas, onde os gases

de sucção do particulados, chegam a temperaturas de 4000C. Diferente do

PDM, a umidade maior do FMR é proveniente do processo de resfriamento das

escórias necessário ao manuseio e transporte, eliminando assim altas

temperaturas e geração de particulados.

5.5.2 Umidade do BPDFM

A análise de umidade dos briquetes também foi feita no laboratório de

matérias primas da AMIB e o resultado está apresentado na tabela V.8.

Tabela V.8- Análise de umidade dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB).

A umidade do briquete está acima das umidades do PDM e FMR. O

percentual de umidade para a briquetagem dos resíduos PDM e FMR foi de

2%, objetivando proporcionar uma boa compactabilidade aos mesmos.

5.6 Shatter Test a frio

5.6.1 Shatter Test a frio do BPDFM

O Shatter Test a frio foi feito no laboratório de matérias primas da AMIB

e conforme a PPA12-0027V7 – Realizar Teste de Queda (Shatter Test),

conforme pode ser visto na figura 5.5.

O briquete utilizado para teste industrial, foi o de composição 50% PDM

com 50% FMR. Porém, devido a necessidade de se determinar um briquete

69

que possa ter uma maior resistência mecânica, um briquete com 60% de PDM

e 40% de FMR foi feito para se verificar a possibilidade de uma melhor

resistência ao Shatter Test. O resultado está apresentado na figura 5.6.

Figura 5.5- Máquina de ensaio Shatter Test da AMIB (Fonte: o autor). 39

Figura 5.6- Ensaios de Shatter Test para diferentes briquetes BPDFM (Fonte:

BD da AMIB). 40

70

Os briquetes A, que é objeto deste trabalho, teve um índice de queda

melhor, porém, um valor alto para uma aplicação comercial. Este resultado a

necessidade de trabalhar melhor o percentual de cada resíduo, a capacidade

da prensa, o percentual de umidade e tempo de cura, objetivando obter um

briquete com índice de queda menor que 10%.

A relação de diâmetros médio do FMR/PDM é de 3,12. Observando a

figura 3.24, podemos fazer uma analogia com a curva de RD=3,5, concluindo

que uma boa mistura obtendo os melhores resultados de compactabilidade

será com 60% de FMR e 40% do PDM.

5.7 MEV

5.7.1 Caracterização do PDM e FMR pelo MEV

As partículas menores que 900 µm do PDM, conforme figuras 5.7 e 5.8,

apresentam uma mistura de óxidos dos elementos Si, Cr, Mn e Fe devido a

formação de CO e CO2 que borbulham através do aço e carregam na sua

superfície gotas deste metal. Estas partículas ao passarem pela escória

adicionam em sua superfície, juntamente com o aço já aderido, CaO, MgO,

SiO2 e outros. Desta forma, podemos concluir que os componentes

apresentados nas caracterizações do PDM através do MEV são naturalmente

do processo de produção do aço. O PDM apresenta na sua superfície uma

estrutura fina e compacta, característica própria de finos, como pode ser visto

na caracterização granulométrica.

As partículas também menores que 900 µm do FMR (figuras 5.7 e 5.8),

apresentam misturas de óxidos. Neste caso, não provenientes do processo de

formação de gases CO e CO2 que carreiam metálicos e óxidos, mas devido ao

processo de raspagem de escória, panelas com resíduos de aço, perdas de

processo que contribuem para que a escória possa ter aço. No caso dos óxidos

CaO, MgO, SiO2 e outros, explica-se pela características de concentração dos

FMR não obter um metálico de 100%, ou seja, o FMR ainda possui parte de

71

escória em sua composição. A característica física do FMR é de partículas

heterogêneas e com aspecto grosseiro.

Figura 5.7- Resultados quantitativos do PDM e FMR através do MEV (Fonte:

BD da AMIB). 41

Figura 5.8- Caracterização da energia dispersiva de raio-x do PDM e FMR

(Fonte: BD da AMIB).42

72

5.7.2 Caracterização do BPDFM pelo MEV

As partículas menores que 40 µm do BPDFM, conforme figuras 5.9 e

5.10, apresentaram uma mistura de óxidos dos elementos Si, Ca, Mg e Fe.

Assim como apresentado nas caracterizações do PDM e FMR, era de se

esperar a presença destes elementos. A característica física mostra partículas

de granulação grosseira com seus interstícios cobertos por partículas finas,

provenientes do PDM, melaço e cimento.

Figura 5.9- Resultados quantitativos dos briquetes BPDFM através do MEV

(Fonte: BD da AMIB). 43

73

Figura 5.10- Caracterização da energia dispersiva de raios-x dos briquetes

BPDFM (Fonte: BD da AMIB). 44

5.8 Difração de raios X

5.8.1 Difração de raios X do PDM e FMR

A identificação das fases cristalinas (tabela V.9), foi obtida por

comparação do difratograma da amostra com o banco de dados ICDD

International Center for Diffraction Data (Set 52).

No difratograma obtido (figuras 5.11 e 5.12), são assinaladas as linhas

de difração correspondentes às fases identificadas. Cada fase em uma cor

distinta.

Na difração de raios X do PDM e FMR, o principal elemento metálico

das fases cristalinas presentes, foi o Fe na forma de Fe3O4 e Fe2O3 e

elementos característicos de escória como o CaO, MgO e SiO2. A difração de

raios X do FMR, apresentou Fe em sua forma metálica, obviamente, elemento

esperado devido este resíduo ser de origem dos finos metálicos recuperados

da escória.

74

Tabela V.9- Identificação das fases cristalinas do PDM e FMR (Fonte: BD da

AMIB).

Figura 5.11- Difratograma do PDM e FMR (Fonte: BD da AMIB). 1

Figura 5.12- Espectros das fases identificadas do PDM e FMR (Fonte: BD da

AMIB). 2

75

5.8.2 Difração de raios X do BPDFM

A identificação das fases cristalinas (tabela V.10), foi obtida por

comparação do difratograma da amostra com o banco de dados ICDD

International Center for Diffraction Data (Set 52).

Na difração de raios X do BPDFM, o principal elemento metálico das

fases cristalinas presentes, também foi o Fe na forma de Fe3O4 e Fe2O3 e

elementos característicos de escória como o CaO, MgO e SiO2, característicos

do PDM e FMR.

No difratograma obtido (figuras 5.13 e 5.14), são assinaladas as linhas

de difração correspondentes às fases identificadas. Cada fase tem uma cor

distinta.

Tabela V.10- Identificação das fases cristalinas dos briquetes BPDFM (Fonte:

BD da AMIB).

Figura 5.13- Difratograma dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB). 3

76

Figura 5.14- Espectros das fases identificadas dos briquetes BPDFM (Fonte:

BD da AMIB). 4

5.9 Análise termodinâmica

O objetivo da análise termodinâmica foi verificar a capacidade do MRPL

em reduzir os óxidos de ferro presentes nos briquetes BPDFM, através da

Energia Livre de Gibbs (∆G).

FeO(s) Fe(s) + 1/2O2(g) ∆Gº = 63.051 - 15,39 x T

Fe(s) Fe(l) ∆Gº = 3.300 - 1,82 x T

FeO(l) FeO(s) ∆Gº = -7.400 + 4,48 x T

CO(g) C(s) + 1/2O2(g) ∆Gº = 26.816 + 21,03 x T

C(s) + O2(g) CO2(g) ∆Gº = -94.334 - 0,29 x T

FeO(l) + CO(g) FeO(l) + CO2(g) ∆Gº = -8.567 + 8,01 x T

∆Gº

=

- 8.567

+

8,01 x T (Eq. 5.1)

Considerando:

T = 1.600 0C = 1.873 K

77

Substituindo T = 1.873 K na equação 5.1, temos:

∆Gº = -8.567 + 8,01 x 1.873

∆Gº = 6.435,7 cal/mol

∆G = ∆Gº + RT x LnQ (Eq. 5.2)

Onde:

aFe = atividade raoultiana do Fe

aFeO = atividade routiana do FeO

PCO = Pressão parcial do CO

PCO2 = Pressão parcial do CO2

No equilíbrio temos:

∆G = 0

CO2(g) + C 2CO(g)

CO2(g) C + O2 ∆Gº = 94.334 + 0,29 x T

2C + O2 CO2 (g) ∆Gº = 2 x (-26.816 – 21,03 x T)

∆Gº = 40.702 - 41,77 x T

∆Gº = 40.702 – 41,77 x T (Eq. 5.4)

Para a temperatura considerada, 1.873 K, temos:

∆Gº = -37.533,2 cal/mol

∆G = ∆Gº + RT x LnKeq (Eq. 5.5)

78

Em equilíbrio, temos:

∆Gº = - RT x LnKeq (Eq. 5.6)

Substituindo ∆Gº = -37.533,2 cal/mol na equação 5.6, temos:

- 37.533,2 = -1,9872 x 1.873 x LnKeq

Keq = exp ((-37.533,2)/(-3.722,03))

Keq = 23.958,51

Em equilíbrio, a pressões de CO/CO2 é representado por:

Em equilíbrio também temos:

Gases Equilíbrio Pressão Parcial

CO 0,5 + X (0,5 + X) x PTotal (Eq. 5.8)

CO2 0,5 - X (0,5 - X) x PTotal (Eq. 5.9)

Substituindo as expressões da equação 5.8, 5.9 na equação 5.7, temos:

Desenvolvendo a equação, temos:

(0,5 + X)2 = 23.958,51 x (0,5 – X)

X1 = 0,49 atm

X2 = - 23.959,81 atm

PCO = (0,5 + X) x 1 = 0,99 atm

Logo: PCO2 = 0,01 atm

79

De acordo com o Slag Atllas, 1995, as atividades raoutianas são:

aFe = 1,0

aFeO = 0,3

Substituindo os valores das pressões de CO, CO2 e as atividades raoutinas na

equação 5.3, temos:

Desenvovendo a equação temos:

∆G = - 6.186 cal/mol

Verificou-se com a análise termodinâmica que como ∆G < 0, a reação nas

condições estabelecidas para o cálculo do equilíbrio termodinâmico, ocorre no

sentido de favorecer a redução dos óxidos de ferro presentes nos briquetes

BPDFM adicionados na carga metálica do convertedor MRPL. Portanto, as

condições termodinâmicas propiciam a capacidade do MRPL em reduzir os

óxidos presentes nos briquetes.

80

6 TESTE DE USO DOS BRIQUETES BPDFM NO MRPL

Depois de produzidos 100 toneladas (t) e definidos os tipos de aços a

serem usados e abastecidos os briquetes no silo de matérias primas do MRPL,

verificou junto à programação da aciaria da AMIB, qual o período de produção

dos aços carbonos especiais e aços elétricos GNO. Após a confirmação da

campanha, formulou-se uma orientação aos operadores do MRPL para uso dos

briquetes em substituição a sucata metálica do convertedor.

6.1 Produção de corridas experimentais

Os operadores da sala de controle do convertedor MRPL estavam

orientados a utilizarem os briquetes em substituição a carga metálica de sucata

do MRPL, mas, objetivando manter o peso de vazamento do aço líquido com

carga média de 80 t para os aços carbonos especiais e 78 t para os aços

elétricos GNO.

6.1.1 Quantidade de corridas produzidas

Foram produzidas 5 corridas de GNO com a utilização de um volume

total de briquetes BPDFM de 19.680 Kg. O peso médio de briquetes por corrida

foi de 3.936 Kg. Para a carga sólida, que é a somatória das adições metálicas

no MRPL, a participação dos briquetes foi de 38%, considerado um valor de

substituição muito bom para o GNO. Obteve-se corridas com a participação de

até 44% da carga metálica. Para as corridas de aços carbonos especiais, foram

produzidas 13 corridas, com um volume total de 76.046 Kg de briquetes

BPDFM. O peso médio de briquetes por corrida foi de 5.850 Kg. A participação

dos briquetes na carga metálica foi de 58%, considerado um valor de

substituição excelente. Obteve-se corridas com a participação de até 100% da

81

carga metálica, bem como valores de até 12 t/corrida. A tabela VI.1 apresenta

estes resultados.

Tabela VI.1- Resultados de utilização dos briquetes BPDFM na produção de

aços carbonos especiais e aços elétricos GNO no MRPL (Fonte: BD da AMIB).

6.1.2 Peso aço vazado

Na figura 6.1, podemos verificar e comparar as produções realizadas

com o histórico sem o uso dos briquetes BPDFM. Observa que o peso do aço

vazado foi menor que o esperado indicando que o rendimento do briquete deve

ser melhor trabalhado no processo. Uma forma de melhorar o rendimento, é

melhorar a concentração do FMR de tal forma a obter um teor metálico melhor

e assim, melhor rendimento metálico com conseqüência de uma carga com

82

peso de aço vazado dentro dos objetivos do MRPL. Outra forma, é reduzir o

indice de degradação do briquete e/ou trabalhar melhor o momento de adição

para obter o maior rendimento do briquete.

Figura 6.1- Resultados de aço vazado MRPL (Fonte: BD da AMIB). 1

6.1.3 Rendimento metálico

O rendimento metálico para os aços carbonos especiais foi 2,98 pontos

percentuais abaixo do histórico do BD da AMIB e para os aços GNO foi de

3,74, conforme pode ser visto na figura 6.2. Este resultado reforça o baixo peso

médio registrado nas corridas experimentais com o uso dos briquetes BPDFM.

Fato este devido a análise feita na caracterização dos finos metálicos das

escórias de carbono e aços elétricos, apresentarem um teor metálico baixo. É

necessário melhorar a concentração deste resíduo para que o rendimento

metálico seja melhorado. Outra forma de melhorar o peso médio é aumentar a

taxa de substituição dos briquetes pela sucata metálica. Porém, neste caso, o

volume de uso de briquetes eleva-se e pode-se acarretar dificuldades de

processo, como taxa de descarburação, tempo de corrida, descontrole da

83

qualidade da escória e a qualidade final das placas de aço devido elementos

contaminantes adicionados ao banho metálico. Um fator que pode ter causado

esta redução de rendimento metálico é a degradação dos briquetes

apresentado pelo índice de queda do Shatter Test a frio. Os finos gerados

podem ter sido succionados pelo desempoeiramento.

Figura 6.2- Resultados do rendimento metálico do aço vazado no MRPL

(Fonte: BD da AMIB).2

A correlação apresentada na figura 6.3, mostra que o aumento da

participação do BPDFM (adições metálicas), reduz o rendimento metálico.

Podemos concluir que ação de aumentar a participação do briquete na carga, é

fator limitante para obter uma carga melhor ou melhores rendimentos

metálicos.

84

Figura 6.3- Correlação % briquetes BPDFM na carga (adição) & % rendimento

metálico (Fonte: BD da AMIB).3

6.1.4 Análise das escórias

Os resultados de peso médio da corrida e do rendimento metálico

ficaram abaixo dos históricos. Baseados nestes resultados, avaliou-se qual o

FeTotal da escória, objetivando determinar se houve um aumento deste

elemento metálico que pudesse explicar estes resultados. A figura 6.4

apresenta uma elevação destes valores para os aços carbonos especiais e a

figura 6.5 para os aços GNO. Desta forma, podemos observar que nem todo Fe

constituído pelo briquete, incorporou na carga metálico do convertedor MRPL,

sendo que parte foi para a escória.

A basicidade binária da escória (CaO/SiO2), fator primordial para o

controle da vida do revestimento refratário, não houve redução comparado com

o histórico. Pelo contrário, houve um aumento da basicidade da escória. Este

fato pode ser explicado pelo CaO apresentado na caracterização tanto dos

resíduos como do briquete BPDFM. O Cr2O3 também apresentou elevação,

também explicado pela caracterização dos resíduos PDM e FMR e do briquete

BPDFM.

85

Análise da Escória - Aços carbono especiais

3,81 3,913,64 3,58 3,47

3,713,50

3,85

1,021,28 1,17 1,30 1,23

1,03 0,95

1,40

21,59

19,84 20,2919,25

20,15 19,70

18,15

22,80

0,0

0,8

1,6

2,4

3,2

4,0

4,8

5,6

6,4

out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 BPDFM

(CaO

/SiO

2 e Cr 2O3)

0

3

6

9

12

15

18

21

24

(FeT

otal)

CaO/SiO2 Cr2O3 FeTotal

Figura 6.4- Análise das escórias dos aços carbonos especiais com uso dos

BPDFM (Fonte: BD da AMIB).4

Análise da Escória - Aços GNO

3,12 3,07 3,02 3,163,34 3,25 3,26

3,40

0,871,07 0,94

0,570,77

0,960,68

0,88

16,51

18,2417,05 17,16

18,37 17,8719,16

23,00

0,0

0,8

1,6

2,4

3,2

4,0

4,8

5,6

6,4

out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 BPDFM

(CaO/SiO

2 e Cr 2O

3)

0

3

6

9

12

15

18

21

24

(FeTotal)

CaO/SiO2 Cr2O3 FeTotal

Figura 6.5- Análise das escórias dos aços elétricos GNO com uso dos BPDFM

(Fonte: BD da AMIB).5

O aumento da participação do BPDFM na carga metálica, também

provoca o aumento do FeTotal da escória, conforme pode ser visto na figura

6.6.

86

Correlação BPDFM na carga metálica (adição) & FeT escória

y = 2,0495x - 0,9096

R2 = 0,1326

0

20

40

60

80

100

120

16 18 20 22 24 26 28 30

FeT escória (%)

BPDFM na carga metálica (%)

Figura 6.6- Correlação % briquetes BPDFM na carga (adição) & % FeTotal

escória (Fonte: BD da AMIB).6

6.1.6 Análise da qualidade do aço produzido

Todas as corridas produzidas com os briquetes atenderam a

especificação química na aciaria, conforme pode ser verificado na figura 6.7. O

acompanhamento não se limitou somente na aciaria, mas também nas etapas

de laminação a quente e na laminação a frio.

Figura 6.7- Qualidade dos aços carbonos especiais e aços elétricos GNO com

uso dos briquetes BPDFM (Fonte: BD da AMIB).7

87

6.1.7 Análise custo x benefício do projeto

O projeto será economicamente viável quando os custos envolvidos

desde a recuperação dos resíduos até a utilização dos briquetes e somados as

perdas de processo, possa ser menor ou igual ao valor da sucata utilizada na

carga metálica do MRPL. Uma visão macro destes custos podemos observar

na figura 6.8.

Figura 6.8- Comparação dos custos x benefícios do projeto (Fonte: o autor). 1

88

7 CONCLUSÕES

1. Foram encontrados teores de FeTotal que possibilitam a utilização desses

resíduos em substituição a carga metálica do MRPL, depois de feitas as

caracterizações físicos e químicos dos resíduos PDM e FMR;

2. A análise granulométrica apresentou um briquete de tamanho médio de

17,33 mm compatível com o sistema de carregamento do convertedor

MRPL;

3. A caracterização granulométrica do PDM e FMR são distintas, facilitando

o processo de briquetagem devido a desuniformidade, pois, uma maior

coesão ocorrerá durante a compactação devido ao melhor fator de

empacotamento;

4. A caracterização através do MEV apresentou fases Ca, Mg, Cr, Si e Fe,

compatível com a origens do resíduo PDM. Para o resíduo FMR,

observou que o elemento Cr é proveniente das misturas de escórias da

linha de carbono e aços elétricos com as escórias da linha de inox da

aciaria da AMIB;

5. As principais fases identificadas na caracterização do PDM através da

difração de raios-X foi o Fe2O3 e Fe3O4. Já a caracterização do FMR

apresentou ainda Fe metálico;

6. A densidade apresentada para o resíduo PDM mostra um teor metálico de

51%. Já para o resíduo FMR, é necessário melhorar o teor metálico

através da melhor concentração do resíduo. Para o resíduo PDM não

existem tecnologias disponíveis economicamente viáveis para esta

concentração;

7. Os testes de Shatter Test realizados com os dois diferentes tipos de

briquetes apresentaram índice de queda (IQ) acima do bjetivado para o

processo de carregamento do convertedor MRPL, que é de no máximo

10%. É necessário trabalhar a preparação, a mistura, compactação e cura

para obter um briquete de maior resistência mecânica. Uma relação

teórica onde se obteria a melhor compactabilidade de acordo com Barba

(1997) é de 60% do FMR e 40% do PDM;

89

8. O rendimento metálico das corridas experimentais tanto de carbono como

de GNO, foram abaixo da série histórica do convertedor MRPL. Este fato

foi evidenciado pelo FeTotal da escória que apresentou um maior

percentual. Desta forma, observamos que nem todo Fe do briquete

incorporou à carga metálica do convertedor MRPL, porém, o balanço

termodinâmico mostra que o MRPL tem condições termodinâmicas

adequadas para proporcionar uma redução completa dos óxidos de ferro;

9. A basicidade binária da escória (CaO/SiO2), parâmetro importante na vida

do revestimento refratário do forno, não apresentou alteração

considerável com uso dos briquetes;

10. Não houve comprometimento da composição química das corridas com

uso dos briquetes BPDFM na aciaria nem nas etapas de laminação a

quente e laminação a frio da AMIB;

11. Um teste de maior volume de briquetes deve ser feito para consolidar os

resultados de utilização dos resíduos caracterizados neste trabalho,

principalmente que o balanço termodinâmico apresenta a energia livre de

Gibbs < 0 (a reação é espontânea e os produtos são favorecidos em

relação aos reagentes) e os resultados práticos não apresentaram esta

característica.

90

8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

1. Sugere-se fazer um teste de maior volume de briquetes para consolidar

os resultados de utilização dos resíduos caracterizados neste trabalho;

2. Trabalhar na concentração dos finos metálicos das escórias de carbono

e aços elétricos;

3. Verificar a possibilidade de sinterizar estes resíduos e utilizá-los no forno

elétrico de redução (FER) ou no alto forno (AF);

4. Verificar a possibilidade de produzir um briquete auto-redutor para o

FER ou AF.

91

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97

ANEXO 1

Principais características do Convertedor MRPL da AMIB

Fabricante MANNESMANN DEMAG

Capacidade Nominal

(t/Corrida)

70 a 85

Dimensões do vaso • Diâmetro: 4900 mm (3700 mm com

refratário)

• Altura: 7430 mm

• Volume: 52 m3 (com refratário)

Vazão de sopro de oxigênio da

lança

160 Nm3/min

Vazão dos plug’s (Ar e N2) 1,5 a 12,0 Nm3/min

Tempo médio em min/corrida

de vazamento a vazamento

(Tap-To-Tap)

CARBONOS E ELÉTRICOS (GO e GNO)

• Alto Carbono e GO: 63 min/corrida

• Baixo Carbono e GNO: 55

min/corrida

INOXIDÁVEL

• 304: 70 minutos/corrida

• 430: 67 minutos/corrida

98

ANEXO 2

Principais características dos aços produzidos na AMIB

99

ANEXO 3

Geração de resíduos das siderúrgicas brasileiras (Fonte: IBS 2008)

Notas:

1- Definição de resíduo fica restrita aos materiais que não têm utilização

técnica e economicamente viável. Co-produtos são materiais gerados

secundariamente em operações industriais para os quais foram desenvolvidas

tecnologias que permitem sua utilização, de forma ambientalmente adequada,

como matéria-prima ou fonte de energia.

2- Em 2.007, uma das empresas do setor internamente considerou na

categoria finos e pós os resíduos gerados na Shereder.

100

ANEXO 4

Reaproveitamento dos resíduos siderúrgicos (Fonte: IBS 2008)

101

ANEXO 5

Tipos de resíduos siderúrgicos (Fonte: IBS 2008)

102

ANEXO 6

Geração de resíduos das siderúrgicas brasileiras (Fonte: IBS 2009)

103

ANEXO 7

Destinação dos resíduos das siderúrgicas brasileiras (Fonte: IBS 2009)

104

ANEXO 8

Recomendações para pontos de coleta de amostragem para resíduos

sólidos (ABNT NBR 10007:2004)

105

ANEXO 9

Recomendações dos amostradores para amostragem de resíduos sólidos

(ABNT NBR 10007:2004)

106

ANEXO 10

Fluxo de classificação de resíduos (ABNT NBR 10004:2004)

107

ANEXO 11

Tabela A.1 – Preservação e armazenamento de amostras sólidas (ABNT

NBR 10007:2004)

108

ANEXO 12

Cronograma dos tempos do Mestrado