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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
MARTALYNA BEZERRA MORENO
A FUNÇÃO SOCIAL DO PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO: UM ESTUDO NA
ESCOLA RAIMUNDA FERREIRA DA SILVA
FORTALEZA 2014
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MARTALYNA BEZERRA MORENO
A FUNÇÃO SOCIAL DO PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO: UM ESTUDO NA
ESCOLA RAIMUNDA FERREIRA DA SILVA
Monografia submetida à aprovação da Coordenação do Curso de Serviço Social do Centro Superior de Ensino Faculdade Cearense (FaC), como requisito para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Profª. Ms. Francisca das Chagas Soares Reis.
FORTALEZA 2014
Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274
M843f Moreno, Martalyna Bezerra
A função social do programa mais educação: um estudo na
escola Raimunda Ferreira da Silva / Martalyna Bezerra Moreno.
Fortaleza – 2014.
52f. Orientador: Profª. Ms. Francisca da Chagas Soares Reis.
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Faculdade
Cearense, Curso de Serviço Social, 2014.
1. Mais Educação - Sentidos. 2. Educação integral. 3.
Aprendizagem. I. Reis, Francisca da Chagas Soares. II. Título
CDU 364:37
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MARTALYNA BEZERRA MORENO
A FUNÇÃO SOCIAL DO PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO: UM ESTUDO NA
ESCOLA RAIMUNDA FERREIRA DA SILVA
Monografia apresentada como pré-requisito para
obtenção do título de Bacharelado em Serviço
Social, outorgado pela Faculdade Cearense –
FAC, tendo sido aprovada pela banca
examinadora composta pelos professores.
Nota:______ Data de aprovação: ____/ ____/____
Banca Examinadora
_____________________________________________________ Professora Ms. Francisca das Chagas Soares Reis (Orientadora)
___________________________________________________ Professor Ms. Jefferson Falcão Sales - FAC
____________________________________________________________
Professora Ms. Sinara Socorro Duarte Rocha – UFC Virtual/GPEGE
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Dedico este trabalho a meus pais e a meu filho por toda compreensão em meus momentos de ausência durante esta etapa da minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, presença constante em minha vida.
A meus pais, pelo apoio e pela paciência. A meu filho, amor maior.
A minha orientadora, Profª. Francisca Soares Reis, pelo apoio e orientação.
Aos professores Jefferson F. Sales e Sinara Duarte Rocha, pela contribuição,
colaboração e gentileza ao aceitarem participar de minha banca de defesa do TCC.
A meus (minhas) companheiros (as) da Escola Municipal de Ensino Fundamental
Raimunda Ferreira da Silva, pela parceria e cooperação.
Aos (às) amigos (as) do Curso de Serviço Social, com quem dividi as preocupações
e alegrias da vida acadêmica.
A todos os professores da FAC, por fazerem parte da minha vida acadêmica e
contribuírem para meu desenvolvimento intelectual, profissional e pessoal.
Às crianças que participaram da pesquisa, peças fundamentais para realização
desse trabalho.
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“O que destrói o ser humano? Politica sem princípios, prazer sem compromisso, riqueza sem trabalho, sabedoria sem caráter, negócio sem moral, ciência sem humanidade e oração sem caridade”. (Mohandas Karamchand Gandhi)
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RESUMO
Este estudo teve como foco de pesquisa, as concepções que alunos de uma escola
pública municipal têm a respeito do Mais Educação, programa do Governo Federal.
O cenário da pesquisa foi a Escola Municipal de Ensino Fundamental Raimunda
Ferreira da Silva, localizada no Barro Preto, litoral leste de Ceará, no município de
Aquiraz. Os sujeitos foram 14 crianças do 5º ano do Ensino Fundamental. A
pesquisa seguiu os pressupostos da abordagem qualitativa e os procedimentos
indicados para as pesquisas documental e de campo. A coleta de dados foi
realizada por meio de um questionário com três questões abertas relacionadas aos
objetivos da pesquisa; para a análise dos dados, utilizou-se a metodologia dos
“núcleos de significação” proposta por Aguiar e Ozella (2006). A pesquisa de
campo, realizada no mês de abril de 2014, teve como objetivo geral identificar a
função social do Mais Educação, na perspectiva de alunos inscritos no programa.
Esse objetivo desdobrou-se em quatro: investigar o índice de aceitação do
programa pelas crianças; identificar as características positivas do programa;
conhecer os sentidos construídos pelas crianças acerca do programa; identificar o
que representa o programa para as crianças. Os resultados apontaram que as
crianças gostam das atividades do programa, acreditam ser muito importante
porque propicia a participação em atividades prazerosas, alimentação saudável e
permite que os pais possam trabalhar sem preocupações com os filhos.
Palavras Chaves: Mais Educação. Sentidos. Educação Integral. Aprendizagem.
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ABSTRACT
The research focus of this study was the concepts students of a public school have
about Mais Educação, a Federal Government program. Its scenario was the
Municipal Elementary School Raimunda Ferreira da Silva, located in Barro Preto,
east coast of Ceará, in the municipality of Aquiraz. The subjects were 14 children
from 5th grade of elementary school. The research was based on the assumptions of
the qualitative approach and procedures indicated for documentary and field
research. Data collection was conducted through a questionnaire with three open
questions related to the research objectives; for data analysis, we used the
methodology of the "core meaning" proposed by Aguiar and Ozella (2006). The field
research conducted in April 2014, had as main objective to identify the social function
of Mais Educação, from the perspective of students enrolled in the program. That
objective was divided into four: research the rate of acceptance of the program by the
children; identify the positive features of the program; know the meanings
constructed by the children on the program; identify what is the program for children.
The results showed that children enjoy the activities of the program, they believe it is
very important because it promotes the participation on pleasurable activities, healthy
eating and it allows parents to work without worrying about their children.
Keywords: Mais Educação. Senses. Integral Education. Learning.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADRO 1 Número de Dependências Físicas e situação de uso...........................20
QUADRO 2 Resultado Ideb (2011)...........................................................................22
QUADRO 3 Resultado Ideb – Local da pesquisa.....................................................22
QUADRO 4 Núcleo de significação 1.......................................................................36
QUADRO 5 Núcleo de significação 2.......................................................................39
QUADRO 6 Núcleo de significação 3.......................................................................42
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LISTA DE SIGLAS MEC – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
PME – PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO
FNDE – FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
EMEF – ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL
PDE – PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA
IDEB – INDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
SECADI – SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA ALFABETIZAÇÃO,
DIVERSIDADE, e INCLUSÃO
PDDE – PROGRAMA DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................12
1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................15
1.1. Local da pesquisa ............................................................................................16
1.1.1. A comunidade de Barro Preto, no município de Aquiraz ...............................16
1.1.2. Escola Municipal de Ensino Fundamental Raimunda Ferreira da Silva. .......17
1.2. Sujeitos da pesquisa ........................................................................................22
1.3. Procedimentos para a coleta e análise de dados .............................................23
2. O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO E A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL
................................................................................................................................25
3. O PENSAR DAS CRIANÇAS SOBRE O MAIS EDUCAÇÃO – NÚCLEOS DE SIGNIFICAÇÃO ......................................................................................................36
3.1. Núcleo 1 – Características positivas do Mais Educação ..................................36
3.2. Núcleo 2 – Sentidos construídos acerca do Mais Educação ............................39
3.3. Núcleo 3 – Significação do programa na vida de cada criança e de suas mães ................................................................................................................................42
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................50
APÊNDICES ...........................................................................................................52
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INTRODUÇÃO
A minha experiência como monitora do Programa Mais Educação (PME),
na Escola Municipal de Ensino Fundamental Raimunda Ferreira da Silva
(EMFMRFS), localizada no Barro Preto, no litoral leste do Ceará, no município de
Aquiraz, aliada a minha formação no Curso de Serviço Social, originaram o meu
interesse pelo presente estudo.
O PME foi implementado pelo Governo Federal, em 2007, como política
de educação nacional, com vistas à adoção do sistema de educação integral pela
escola pública. O programa prevê atividades socioculturais e educativas no
contraturno da escola, buscando com a ampliação do horário escolar e a oferta de
atividades diferenciadas, melhorar a qualidade no ensino.
Pelos seus objetivos, o PME não pode ser visto apenas como uma ação
pedagógica; é mais amplo, passa a ser uma ação social. De acordo com as
diretrizes do Ministério de Educação e Cultura (MEC), o PME objetiva, também,
funcionar como ação interventiva nas situações de pobreza, marginalização cultural
e exclusão social (BRASIL, 2011).
E é essa dimensão social do Mais Educação que se tornou foco dessa
pesquisa. Dentre os princípios fundamentais do Código de Ética do Assistente Social,
temos o que prevê o “posicionamento em favor da equidade e justiça social, que
assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e
políticas sociais, bem como sua gestão democrática” (BRASIL, 2012). Daí ser
importante, como futura assistente social conhecer os programas que possam vir a
intervir nas situações de exclusão social.
Há muito se discute a inserção do Assistente Social no quadro de
profissionais da escola pública. A última versão do Projeto de Lei 837, de 05 de
Julho de 2005, que dispõe sobre a Introdução de Assistentes Sociais e Psicólogos
em cada Escola Pública, foi aprovada em São Paulo e, espera-se, a partir daí, que
outros estados também percebam a importância da contribuição do Assistente
Social para que a escola desempenhe sua função social de proteção dos direitos
fundamentais da criança e do adolescente.
Além disso, o fato de ser monitora do programa ampliou esse interesse,
principalmente, por facilitar as condições de pesquisa no pouco tempo disponível,
por conta do trabalho, para a conclusão de minha formação acadêmica.
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Os atuais pressupostos pedagógicos defendem a importância da
motivação intrínseca para a obtenção de resultados positivos no processo de ensino
e aprendizagem. As crianças inscritas no PME passa o dia todo na escola, é
importante conhecer, então, como se dá essa relação com a escola, o que pensam
do programa, dos monitores e das atividades das quais participam.
Assim, este estudo tem como linha norteadora a função social do PME. A
princípio, tinha como foco as concepções das famílias dos alunos matriculados na
EMEFRFE, mas, devido ao tempo e à dificuldade de horário para entrevistar os pais,
optei por conhecer a opinião dos alunos. Dessa forma, a pesquisa pretende discutir
a função social do Mais Educação, na perspectiva do aluno da Escola, mais
especificamente, 14 alunos do 5º ano, do Ensino Fundamental.
Essa mudança de população revelou-se mais interessante; isso porque é
comum se oferecer programas, atividades ou até políticas públicas sem conhecer o
interesse da clientela para quem esses eventos são destinados. Assim, conhecer o
pensar das crianças acerca do Mais Educação e das atividades oferecidas pelo
programa reveste-se de importância por permitir validá-lo ou, até mesmo, oferecer
subsídios para possíveis reformulações.
Dessa forma, o principal objetivo desta pesquisa é o de identificar a
função social do Programa Mais Educação; este objetivo desdobrou-se em outros
quatro: investigar o índice de aceitação do programa pelas crianças; identificar as
características positivas do programa; conhecer os sentidos construídos pelas
crianças acerca do programa; identificar o que representa o programa para as
crianças.
O presente trabalho está organizado da seguinte forma: esta introdução
que busca delimitar o objeto de estudo, especificando a questão norteadora, a
motivação para a pesquisa e para a identificação dos objetivos.
O capítulo 1 traz os procedimentos metodológicos, caracteriza o local da
pesquisa, os sujeitos colaboradores da pesquisa e os procedimentos utilizados na
coleta e análise de dados.
O capítulo 2 apresenta o referencial teórico em que é abordada a revisão
de literatura relacionada ao Programa Mais Educação e à política de educação
integral.
14
O capítulo 3 apresenta os núcleos de significação. Realiza-se a análise do
conteúdo expresso na fala das crianças, e o capítulo 4 traz as considerações finais,
a partir da comparação dos objetivos traçados pela pesquisa com os dados colhidos.
Finaliza-se o estudo com o intuito de ter contribuído para ampliar a
discussão acerca do programa Mais Educação e suas contribuições para a
aprendizagem das crianças que têm acesso às atividades desenvolvidas pelo
programa.
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1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia traça o caminho que o investigador deve percorrer para
alcançar seus objetivos. Para realização de uma pesquisa, o passo posterior à
identificação do problema e dos objetivos, é a indicação dos procedimentos
metodológicos que guiarão todo o percurso da investigação.
O foco dessa pesquisa contempla a análise da fala das crianças acerca
do Programa Mais Educação, no sentido de identificar aspectos que caracterizem a
rejeição ou a aceitação do programa; os sentidos que são construídos acerca desse
programa e que são expressos na fala dos sujeitos e o que representa o Mais
Educação para as crianças; portanto, são dados impregnados pela subjetividade, o
que dificulta a quantificação. Por esse motivo, optei pela abordagem qualitativa.
Segundo Minayo (2014):
“A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes.” (p.21)
É possível observar, então, que a abordagem qualitativa é a que melhor
se adequa aos objetivos propostos para este estudo.
Para a construção desse estudo, foram utilizados dois procedimentos
metodológicos: a pesquisa documental e a pesquisa de campo.
A pesquisa documental foi realizada por meio dos documentos legais
referentes ao Programa Mais Educação, dos textos de apresentação do site do
Ministério de Educação e Cultura (MEC). De acordo com Gil (2002, p.62-3), a
pesquisa documental apresenta algumas vantagens por ser “fonte rica e estável de
dados”: não implica altos custos, não exige contato com os sujeitos da pesquisa e
possibilita uma leitura aprofundada das fontes.
A pesquisa de campo consiste na observação de fatos e fenômenos com
o objetivo de conseguir informações sobre uma questão para qual se procura uma
resposta. Nas seções seguintes, apresento o local da pesquisa, identifico os sujeitos
e os procedimentos utilizados para coleta e análise de dados.
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1.1 Local da pesquisa
Para melhor situar acerca do espaço de realização da pesquisa, acredito
ser pertinente falar um pouco sobre a comunidade na qual a escola está inserida.
1.1.1 A comunidade de Barro preto, no município de Aquiraz
A comunidade do Barro Preto é composta por pescadores, por
marisqueiras, por caseiros, por donos de pequenos comércios e por donos de
barraca de praia, o que torna esta comunidade bem diversificada quanto à cultura e
ao modo de vida. Apesar da chegada de pessoas oriundas de outros lugares, as
características básicas que marcam os traços da origem e da cultura de base da
comunidade nativa, não foram alteradas. Por essa razão, os pescadores e as
marisqueiras ainda buscam na pesca o sustento para manterem suas famílias.
Caracteriza-se por ser um povo muito acolhedor e aberto ao novo, prova
disso é a forma como participam da vida escolar de seus filhos, no que diz respeito à
presença na escola e à participação e colaboração nas atividades e eventos
promovidos pela escola. Um exemplo é o fato de que algumas mães chegam a
desfilar com as crianças no desfile cívico de sete de setembro.
Barro Preto tem este nome devido à cor da lama de seus mangues que,
segundo os moradores mais antigos, contém “poderes medicinais”; conhecimento
que já não é tão divulgado entre os mais jovens da comunidade.
Nos dias atuais, o Barro Preto ganha destaque, também, pelo resgate de
suas danças e suas tradições; esse resgate histórico é um dos aspectos valorizados
pelo Programa Mais Educação. As oficinas de dança têm proporcionado essa
relação com a cultura; exemplo disso é que os alunos dançam os cocos em pleno
horário do recreio e fazem das cantigas de roda, suas músicas de acolhida. Afinal,
viver em comunidade, é viverem juntos, estabelecendo relações de trocas
necessárias para o desenvolvimento dos seres humanos, sem perder sua referência,
sua identidade cultural.
Hoje, o Barro Preto é uma comunidade que possui uma escola municipal
e um posto de saúde da família que funciona durante o dia e um comércio bem
sortido. Mas, é a escola que propicia à comunidade os momentos de maior
17
integração comunitária. Sobre essa interação escola-comunidade, Piletti (2012),
questiona:
“Como podem os profissionais da educação bem desempenhar o seu trabalho se não conhecem a comunidade onde o estabelecimento de ensino em que atuam está localizado? Como pode a escola atingir os objetivos constitucionais da educação – pleno desenvolvimento da pessoa, preparação para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho – se desconhece as condições de vida e as aspirações da comunidade onde vivem os seus alunos?”
1
É essa interação e valorização da cultura da comunidade que norteia as
atividades desenvolvidas na escola, lócus desta pesquisa. Sobre ela, discorrerei a
seguir.
1.1.2 Escola Municipal de Ensino Fundamental Raimunda Ferreira da Silva
A Escola de Barro Preto foi fundada em abril de 1985, no entanto, seu
funcionamento iniciou no dia 1º de abril de 1987, 2 anos após sua fundação. Foi
construída em um terreno doado pela colônia de pescadores Z-9, que tinha como
presidente o senhor Raimundo José da Costa, na administração do ex-prefeito
Carlos Augusto Matos Pires. Em homenagem ao lugar, recebeu o nome de Escola
Municipal de Ensino Fundamental de Barro Preto, sugerido por moradores da
própria comunidade.
No ano de 1997, foi criada como EMEF de Barro Preto, por força da Lei
Municipal Nº 117, de 7 de agosto de 1997. No início de seu funcionamento, atendia
63 alunos matriculados, sob a gestão da Sra. Maria do Céu Dantas.
Em 2003, foi alterada sua denominação para Escola Municipal de Ensino
Fundamental Raimunda Ferreira da Silva, nos termos da Lei nº 478, de 3 de junho
de 2003. Mas, mesmo com a alteração, a nova denominação somente passou a
vigorar no ano de 2009, na gestão do Prefeito Edson Sá.
Raimunda Ferreira da Silva, patrona da Escola era popularmente
conhecida por Mundinha. Nascida na Prainha, no Município de Aquiraz-CE, no dia
17 de julho de 1919, era filha de Adelino Ferreira de Sousa e de Josina Ferreira da
1 Artigo disponível em: http://blog.aticascipione.com.br/gestao-escolar-2/escola-comunidade-uma-
interacao-necessaria-nelson-piletti
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Silva. Mundinha era rendeira e casada com Francisco Gomes da Silva, pescador,
conhecido por Mestre Chagas, deles nasceram 19 filhos, dos quais, apenas 11
sobreviveram.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Raimunda Ferreira da Silva
foi contemplada no ano de 2010, com uma reforma, recebendo duas salas de aula e
um laboratório de informática, além da perfuração de um poço profundo. No ano de
2011, a Escola passou por uma nova reforma e ampliação, recebendo a construção
de mais duas salas de aula, uma sala de leitura, uma sala de professores, uma sala
para atendimento de alunos com deficiência e duas salas para funcionamento da
secretaria e da diretoria, respectivamente.
Em 2012, o efetivo da escola era de 195 alunos matriculados e
frequentando, com funcionamento nos turnos manhã e tarde, ofertando Educação
Infantil e Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano.
Os alunos são crianças que vêm da própria comunidade e de outras
localidades do município, principalmente do Iguape e de Trairussu. Os alunos
dessas localidades mais afastadas chegam à escola, graças ao transporte escolar
disponibilizado pela prefeitura. O grupo apresenta as mais variadas características,
apresentando, inclusive, distorção idade-série e alunos com dificuldades de
aprendizagem.
A atividade econômica das famílias dos alunos concentra-se,
principalmente, na pesca e no artesanato, que representam as atividades mais
desenvolvidas na comunidade. Poucas famílias dedicam-se a outros trabalhos como:
caseiros, comerciantes e agricultores, dentre outros. A renda dessas famílias, em
sua maioria, não chega a um salário mínimo o que causa, muitas vezes, a carência
de uma boa alimentação e de uma moradia digna, o que pode apontar para uma má
qualidade de vida.
A escolarização de alguns pais é muita baixa, já que alguns não
chegaram a concluir as séries iniciais do ensino fundamental ou são totalmente
iletrados. Essa realidade interfere na aprendizagem dos filhos, pois nem sempre
conseguem ajudar nas tarefas de casa. Mas, é importante ressaltar que, apesar de
não saberem ler e escrever, são pessoas que trazem lições e histórias de vida muito
importantes e que mantêm vivas as raízes e os laços com sua cultura, com seus
19
costumes e com suas crenças. São pessoas que trazem consigo um misto de
experiências cheias de sofrimento e de esperanças.
A expectativa da população do Barro Preto e de outras localidades cujas
crianças estão ali matriculadas é que a escola desenvolva um trabalho de qualidade,
contribuindo com a formação dos educandos a partir de situações pedagógicas que
propiciem resultados satisfatórios de aprendizagem.
O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) e o Censo Escolar, ambos
de 2012, trazem o diagnóstico da escola. Para efeito didático, este diagnóstico é
dividido em quatro grandes eixos: infraestrutural, administrativo, pedagógico e
relacional. A partir desse diagnóstico serão traçados os objetivos e as metas a
serem alcançadas no período de 2013 a 2015.
É importante enfatizar que o diagnóstico é uma das etapas mais
importantes de um planejamento, pois apresenta a realidade sem máscaras e abre
possibilidades para encontrar os caminhos para transformar a realidade – fim a que
se propõem os processos educativos.
É a partir dele que podemos encontrar os caminhos para reverter a
situação pedagógica da escola.
O quadro 1 apresenta um resumo da dimensão infraestrutural, com as
dependências físicas e a situação de uso de cada uma delas.
NÙMERO DE DEPENDÊNCIAS FÍSICAS E SITUAÇÃO DE USO
Dependências Número Adequado para uso Não adequada para uso
Salas de aula 04
Ventilação precária. A
escola dispõe de
ventiladores de parede,
mas até o momento não
estão instalados.
Laboratório de
Informática 01 X
Impressora e 2
computadores sem
funcionamento.
Sala de leitura2
01 X
Sala de
professores 01
X
Falta material e atende
2 Funciona parcialmente com a atividade fim, pois serve também ao Programa Mais Educação.
20
também ao Programa
Mais Educação
Sala para
atendimento
especializado –
AEE
01 X
Bem equipada
Secretaria 01 X Falta computador
Diretoria 01 X
Cozinha com
depósito para
merenda
01 X
Almoxarifado
02 (01 para
material de
expediente e 01
para materiais
diversos)
X
Pátio 01
Em parte, o pátio tem
parte coberta e outra
descoberta.
Quando chove os alunos
não tem como usar o
pátio, assim como em
horário de muito sol.
Parque infantil
01(recolhido
durante a reforma e
não reinstalado)
Poço profundo 01 Mandar fazer exame da
água
Banheiros
10 banheiros: 06
para alunos, 01
adaptado para
pessoas com
deficiência, 02 para
os professores e 01
para diretoria e
secretaria)
Não há banheiros
adequados ao
atendimento da Educação
Infantil.
Quadro 1 – Número de Dependências Físicas e situação de uso Fonte: elaboração própria (2014)
As melhorias feitas no prédio proporcionam melhores condições para o
desenvolvimento da atividade fim da escola – ensino e aprendizagem e formação da
21
cidadania. No entanto, percebe-se a falta de importantes espaços como uma quadra
coberta para serem executadas as atividades esportivas.
Para apoiar o trabalho docente, a escola dispõe de materiais didáticos
pedagógicos, tais como: Laboratório de informática com 18 computadores, 02
aparelhos de som, 02 DVDs, 02 televisores 01 multimídia, 02 caixa de som acústica,
01 kit rádio escola (um microsystem, 03 caixa de som acústica, 02 microfones) e 2
câmeras digitais.
Embora disponha dos equipamentos indicados, tendo como referência
a matrícula de 2013, que era de 160 alunos, no momento, a escola necessita de
mais dois aparelhos de som e 01 televisor. No que se refere ao acervo bibliográfico,
embora pequeno, houve um ganho significativo, por contar com títulos adequados
aos interesses das crianças. O atual acervo é composto por dicionários, livros de
literatura infantil e infanto-juvenil e está em pauta a ampliação desse acervo.
Com os recursos financeiros do Programa Mais Educação, a escola
comprou em 2012, material esportivo, material didático-pedagógico, instrumentos de
percussão, material para o desenvolvimento das atividades de letramento e
matemática, futebol, recreação e lazer, dança e capoeira.
Mesmo com algumas inadequações, esses materiais, somados a outros,
possibilitam o desenvolvimento de práticas pedagógicas que tornam o cotidiano
escolar mais prazeroso e eficiente para alunos e para professores. Chama-se a
atenção para o acervo de literatura educacional, voltado para os professores, que
reúne livros de teóricos como Paulo Freire, Wallon e Vygotsky.
A Comunidade na qual a referida instituição está inserida é composta por
pessoas simples, mas que participam ativamente de tudo o que a escola propõe o
isso se torna um diferencial na hora de educar cada criança.
Em 2014, a referida escola conta com uma matricula de 166 alunos
distribuídos em dois turnos manhã e tarde.
Outro ponto a ressaltar é o IDEB da escola que é superior ao Ideb do
Estado do Ceará e do país. Em 2011, no ensino fundamental, do 1º ao 5º ano, o
Ceará obteve nota 4,9; o Nordeste nota 4,2 e o Brasil, nota 5,0. Já a EMEF
Raimunda Ferreira da Silva obteve nota 5,8. O que pode apontar para o
desenvolvimento de práticas pedagógicas de qualidade, incluindo as atividades
relacionadas ao Mais Educação. (Quadros 2, 3).
22
Quadro 2 – Resultados Ideb – 2011 Fonte: INEP
Quadro 3 – Resultado Ideb – Local da pesquisa (2011) Fonte: INEP
1.2. Sujeitos da pesquisa
Como já explicado anteriormente, a dificuldade de tempo e de acesso aos
membros da comunidade, pais ou responsáveis pelas crianças, levou-me a optar por
trabalhar com as crianças cuja presença diária às atividade, permitiu-me uma maior
mobilidade no tempo necessário para aplicação dos instrumentos de pesquisa.
Resultados 2011 – 5ºano
23
Assim, a pesquisa teve como sujeitos 14 (catorze) crianças, sendo oito
crianças do sexo feminino e seis do sexo masculino, com faixa etária entre 9 (nove)
e 11 (onze) anos. A amostra é constituída por alunos (as) do 5º ano do ensino
fundamental com mais de um ano de participação no programa; a escolha foi
direcionada para esse ano escolar porque as crianças nesse nível e nessa faixa
etária têm um tempo maior de vivência nas atividades..
Por uma questão ética, as crianças envolvidas na pesquisa permanecerão
anônimas. Sobre esse assunto, Biklen e Bogdan (1994) afirmam:
As identidades dos sujeitos devem ser protegidas para que a informação que o investigador recolhe não possa causar-lhes qualquer tipo de transtorno ou prejuízo. O anonimato deve contemplar não só o material escrito, mas também os relatos verbais da informação recolhida durante as observações. O investigador não deve revelar a terceiros informações sobre os seus sujeitos e deve ter particular cuidado para que a informação que partilha no local da investigação não venha a ser utilizada de forma política ou pessoal. ( p.77)
Atendendo a essa recomendação, as crianças foram identificadas como C,
seguidas do número dado a cada entrevistado.
1.3 Procedimentos para coleta e análise dos dados
O procedimento empregado para coleta de dados foi um
questionário constando de três questões abertas direcionadas para os
objetivos da pesquisa.
Para a análise da fala das crianças, foram constituídos os “núcleos de
significação”, teoria descrita em Aguiar e Ozella (2006). Essa teoria volta-se para a
análise do conteúdo contido no discurso do sujeito, seu objeto de estudo é o material
coletado, as falas do sujeito, “visando apreender os sentidos que constituem o
conteúdo dos sujeitos informantes.” (AGUIAR; OZELLA, 2006, p.1)
Para a análise, incialmente seleciona-se os pré-indicadores, que são as
palavras, expressões que são similares, complementares ou que se contrapõem.
Segundo Aguiar e Ozella (2006, p.5), ”um critério básico para filtrar os pré-
indicadores é verificar sua importância para a compreensão do objetivo da
24
investigação.” Após essa fase inicial, os pré-indicadores são aglutinados em um
conjunto de ideias, formando os indicadores, a partir dos quais, extrai-se um tema
central, o núcleo de significação.
No próximo capítulo, apresento o referencial teórico.
25
2. O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO E A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL
O Programa Mais Educação foi criado pela Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), do Ministério da
Educação (MEC), por meio da Portaria Interministerial n° 17/2007, sendo
regulamentado pelo Decreto nº 7.083/10, como uma estratégia de implantação da
educação integral no Brasil. Para sua execução, o projeto conta com parcerias
ministeriais entre os Ministérios da Educação, do Esporte, do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, da Cultura e do Meio Ambiente.
O referido Programa tem por finalidade contribuir de forma direta para a
melhoria da aprendizagem ampliando o tempo de permanência dessas crianças,
desses adolescentes e desses jovens matriculados nas escolas públicas, mediante
oferta de educação básica em tempo integral (Art. 1, Decreto n° 7.083/10).
De acordo com a cartilha do Programa Mais Educação: passo a passo
(2007), o programa é a:
[...] construção de uma ação intersetorial entre as políticas públicas educacionais e sociais, contribuindo, desse modo, tanto para a diminuição das desigualdades educacionais, quanto para a valorização da diversidade cultural brasileira. (p.7)
Dessa forma, o programa surge como um meio de consolidar o ideal de
uma escola pública que propicie a educação integral, que crie espaços que
proporcionem a melhoria educacional do país, diminua as desigualdades
educacionais e atenda à diversidade cultural presente em nosso país.
Um de seus maiores objetivos é o de evitar ou, pelo menos, minimizar as
dificuldades de aprendizagem; proporcionando acompanhamento pedagógico e
apoio a cada aluno, inserido no programa, que demonstra dificuldades. Além disso,
é oferecido oficinas de letramento e matemática, que propiciam a oportunidade de
reverem o conteúdo trabalhado no turno curricular de forma a corrigir defasagens.
Podemos afirmar, também, que o PME surge com o desejo de atender o
ser humano na sua diversidade social, visto que tem oficinas direcionadas ao
resgate de todo um conhecimento sociocultural do local onde o mesmo está sendo
executado.
26
O programa vem ao encontro da escola como um subsídio para que as
crianças com dificuldades possam ter a certeza de que estão sendo vistas em suas
peculiaridades e que há a disposição, por meio do programa, de ajudá-las a vencer
os desafios que surgem no caminho.
Para melhor entender esta realidade, basta ver e saber que o programa
no seu contexto histórico surge com o propósito de abraçar o ser humano
matriculado em uma escola na sua totalidade e nas suas necessidades, valorizando
desta forma tudo o que lhe cerca.
É explícito o desejo de, utilizando o tempo integral, favorecer a formação
contínua, dentro da escola, tendo em vista que esta tem melhores condições de
acompanhar o aluno no que diz respeito ao letramento e às exigências que são
próprias do ato de alfabetizar. É uma estratégia para apoiar aqueles que, no
cotidiano da sala de aula, não conseguiram atingir as metas, desenvolvendo, no
tempo regular, as habilidades esperadas.
Outro aspecto importante é a diretriz de integrar os saberes da
comunidade e privilegiar esses saberes por meio da participação e envolvimento das
famílias. Sobre esse aspecto é possível observar no texto do Mais Educação: passo
a passo (2007):
A educação que este Programa quer evidenciar é uma educação que busque superar o processo de escolarização tão centrado na figura da escola. A escola, de fato, é o lugar de aprendizagem legítimo dos saberes curriculares e oficiais da sociedade, mas não devemos tomá-la como única instância educativa. Deste modo, integrar diferentes saberes, espaços educativos, pessoas da comunidade, conhecimentos... É tentar construir uma educação que, pressupõe uma relação da aprendizagem para a vida, uma aprendizagem significativa e cidadã. (p.5)
Assim, a ideia é ir além dos aspectos cognitivos e procurar contemplar os
aspectos socioculturais, integrando os diversos saberes que fazem parte do contexto
da comunidade na qual a escola está inserida. Sabemos que é papel da escola
educar, porém não podemos deixar que isso aconteça de forma isolada, nem
delegar apenas à escola a obrigação de educar, quando sabemos que todos
envolvidos neste processo de ensino e aprendizagem são tão responsáveis quanto
esta instituição.
27
É necessário compreender, também, que repensar valores e rever
conceitos é papel do Mais Educação em suas oficinas, afinal de contas o aluno será
parte integrante de tudo o que é programado por cada escola junto a seus monitores
e professores dos referidos alunos.
A cartilha do passo a passo (MEC, 2007) aponta a seguinte estratégia:
Essa estratégia promove a ampliação de tempos, espaços, oportunidades educativas e o compartilhamento da tarefa de educar entre os profissionais da educação e de outras áreas, as famílias e diferentes atores sociais, sob a coordenação da escola e dos professores. Isso porque a Educação Integral, associada ao processo de escolarização, pressupõe a aprendizagem conectada à vida e ao universo de interesse e de possibilidades das crianças, adolescentes e jovens. (p.7)
É possível perceber, então, mais uma vez, o destaque para a participação
da sociedade e o foco na educação integral. No Portal do MEC, é explicada a
questão da ampliação do horário escolar:
“O Programa Mais Educação, criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007 e regulamentado pelo Decreto 7.083/10, constitui-se como estratégia do Ministério da Educação para indução da construção da agenda de educação integral nas redes estaduais e municipais de ensino que amplia a jornada escolar nas escolas públicas, para no mínimo 7 horas diárias, por meio de atividades optativas nos macrocampos: acompanhamento pedagógico; educação ambiental; esporte e lazer; direitos humanos em educação; cultura e artes; cultura digital; promoção da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação no campo das ciências da natureza e educação econômica.”
Vale ressaltar que a educação integral tem dois aspectos fundamentais. 1)
o de ampliação do tempo na escola para que seja possível propiciar, ao educando,
condições e espaço para vivências socioculturais, apoio pedagógico e uma gama de
atividades importantes para o seu desenvolvimento. 2) o de integral no sentido de
atender à todas as dimensões do desenvolvimento humano.
É necessário perceber o Mais Educação, como um meio de tornar cada
aluno sujeito do seu processo de aprendizagem; como um espaço onde cada um
será visto, com suas habilidades e dificuldades, por todos os que fazem a escola e
28
que estão envolvidos com as oficinas; desta forma, a criança ou o adolescente
ganhará a maturidade para lidar com o processo educacional no qual está envolvido.
Proporcionar a reflexão acerca de suas ações no cotidiano escolar,
estimulá-lo a tomar decisões e a refletir sobre as atividades das quais participa, é
uma forma de levá-lo à descoberta deste novo mundo onde o mesmo tem um papel
decisivo como construtor desta sociedade que o envolve. Assim, poder-se-á
compreender como sujeito em construção destes novos conhecimentos.
É possível compreender que o real desejo deste programa é trabalhar em
paralelo com o aluno e com todos que o cercam, identificando e respeitando o
contexto sociocultural; de tal forma que a família e a sociedade que fazem parte
deste contexto, sejam agraciadas com a culminância do mesmo, a cada etapa que o
referido programa concluiu.
É por este motivo que o programa tem ganhado adesão no Município de
Aquiraz e, principalmente, tem ganhado credibilidade pelo que o próprio programa
se propõe a fazer pela educação.
No site do MEC, observa-se:
De acordo com o projeto educativo em curso na escola, são escolhidas seis atividades, a cada ano, no universo de possibilidades ofertadas. Uma destas atividades obrigatoriamente deve compor o macrocampo acompanhamento pedagógico. O detalhamento de cada atividade em termos de ementa e de recursos didático-pedagógicos e financeiros previstos é publicado anualmente em manual específico relativo à Educação Integral, que acompanha a resolução do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) do FNDE. (http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=16689&Itemid=1115)
O acompanhamento pedagógico é fundamental para que o programa
aconteça e alcance os objetivos propostos, tendo em vista que é esse
acompanhamento, esse apoio pedagógico que minimizará as dificuldades e poderá
favorecer a inclusão.
Na verdade, o propósito deste programa vai muito além do que se pode
imaginar. Haja vista que a preocupação do MEC com estratégias para melhorar a
qualidade de ensino no Brasil é real, levando em conta os programas para atender
ao ensino no país. Mas, vale ressaltar que para o Mais Educação atingir seus
objetivos, seus monitores e seus coordenadores devem ter condições de conduzir as
29
atividades com competência e segurança, atendendo aos pressupostos que
norteiam uma prática pedagógica que vise uma aprendizagem significativa.
Para cada oficina, o programa propõe um material especifico que já vem
pré-determinado pelo MEC. Lembrando sempre que o bom andamento da oficina
será norteado pelo atendimento às condições previstas pelo MEC:
Para o desenvolvimento de cada atividade, o governo federal repassa recursos para ressarcimento de monitores, aquisição dos kits de materiais, contratação de pequenos serviços e obtenção de materiais de consumo e permanentes. De acordo com as atividades escolhidas, as escolas beneficiárias também podem receber conjuntos de instrumentos para banda fanfarra, hip hop e rádio escolar, dentre outros. (Manual PDDE – Educação Integral.)
Na realidade, não podemos tratar o Mais educação como um programa
apenas, mas como um trampolim social e cultural na vida de cada criança, tendo em
mente que seus objetivos primordiais é levar cada criança a descoberta deste desejo
de socializar suas habilidades em prol do grupo.
Quando tratamos das questões propostas pelo programa, confrontamo-
nos com a responsabilidade de promover o envolvimento comunitário por meio de
parcerias. Segundo o Decreto de criação do Programa Mais Educação contido no
Passo a Passo:
As atividades poderão ser desenvolvidas dentro do espaço escolar, de acordo com a disponibilidade da escola, ou fora dele sob orientação pedagógica da escola, mediante o uso dos equipamentos públicos e do estabelecimento de parcerias com órgãos ou instituições locais. (Art. 1, § 3º do Decreto nº 7.083/10).
É previsto, então, as parcerias com outras instituições de modo a permitir
o desenvolvimento de todas as atividades previstas. Para delimitar as atividades a
serem realizadas e que tipo de saberes serão contemplados, o Mais Educação
prevê os seguintes macrocampos3: acompanhamento pedagógico, meio ambiente,
esporte e lazer, direitos humanos em educação, cultura e artes, cultura digital,
3 Compreende-se por macrocampo, um campo de ação pedagógico-curricular no qual se
desenvolvem atividades interativas, integradas e integradoras dos conhecimentos e saberes, dos tempos, dos espaços e dos sujeitos envolvidos com a ação educacional. Texto extraído do portal do MEC.
30
promoção da saúde, educação, comunicação, investigação no campo das Ciências
da Natureza e educação econômica.
Cada uma tem uma finalidade dentro deste programa que surge como um
desafio e tem o objetivo de atingir de forma direta um publico que está diretamente
envolvida nestas atividades, no caso, as crianças e suas respectivas famílias.
A seguir, tem-se o que o passo a passo do programa pensou para cada
uma dessas oficinas:
- Acompanhamento Pedagógico: matemática, letramento, línguas
estrangeiras, ciências, história, geografia, filosofia e sociologia.
- Meio ambiente: Com-vidas, Agenda 21 na Escola, educação para
sustentabilidade, horta escolar e/ou comunitária.
- Esporte e lazer: atletismo, ginástica rítmica, corrida de orientação,
ciclismo, tênis de campo, recreação/lazer, voleibol, basquete, basquete de rua,
futebol, futsal, handebol, tênis de mesa, judô, karatê, tae-kwon-do, ioga, natação,
xadrez tradicional, xadrez virtual, projeto Segundo Tempo (ME)
- Direitos humanos e ambiente escolar - compreendem-se Direitos
Humanos em Educação na perspectiva da garantia das aprendizagens para todos e
no respeito à diversidade humana. São indicadas oficinas que favoreçam a
discussão e reflexão de assuntos relativos aos direitos humanos, valores, relações
interpessoais. Portanto, pressupõe-se este macrocampo em relação permanente
com os outros macrocampos e atividades. Trabalhos interdisciplinares, projetos
articuladores, grupos de estudos e de teatro, oficinas de psicodrama, passeios
temáticos, campanhas alusivas ao tema dos Direitos Humanos .
- Atividades artes: leitura, banda, fanfarra, coral, hip hop, danças, teatro,
pintura, grafite, desenho, escultura, percussão, capoeira, flauta doce, cineclube,
prática circense, mosaico.
- Inclusão digital – software educacional, informática e tecnologia da
informação (PROINFO), ambiente de redes sociais.
- Promoção da saúde: Atividades de: alimentação saudável/alimentação
escolar saudável, saúde bucal, práticas corporais e educação do movimento;
educação para a saúde sexual, saúde reprodutiva e prevenção das DST/Aids;
prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas; saúde ambiental; promoção da
cultura de paz e prevenção em saúde a partir do estudo dos principais problemas de
31
saúde da região (dengue, febre amarela, malária, hanseníase, doença falciforme, e
outras). Propõe-se neste macrocampo aproximação / intersecção com as
ações/reflexão do SPE/MEC.
- Educomunicação: jornal escolar, rádio escolar; histórias em quadrinhos
fotografia, vídeo.
- Iniciação à investigação das ciências da natureza: Laboratório, feiras de
ciências e projetos científicos.
- Educação econômica e cidadania: Educação econômica e
empreendedorismo, controle social e cidadania.
Todos os dados aqui supracitados foram retirados do passo a passo do
programa mais educação, sendo desta forma possível perceber que o mesmo
planeja suas ações prevendo o que é possível e pode ser oferecido. Resta à escola,
junto com alunos e professores escolher as oficinas que mais se adequam à sua
realidade e aos interesses de seus alunos.
A Escola Raimunda Ferreira da Silva desenvolve, semanalmente, cinco
macrocampos que são: oficina de letramento, esporte (futebol), dança, tênis de
mesa e brinquedoteca. As atividades são realizadas em dias alternados. Porém,
estão interligados por meio das atividades interdisciplinares propostas nos encontros
do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), que acontece bimestralmente com
os membros da comunidade escolar.
Deve-se destacar que o macrocampo de letramento é ofertado com uma
carga horaria diferenciada, ou seja, acontece diariamente com o objetivo de
melhorar as habilidades e competencias dos discentes no que diz respeito à leitura e
à escrita.
Para Jagger (Apud COELHO, 2009):
Ao lado da formação meramente formal do entendimento, existiu igualmente nos sofistas uma educação formal no mais alto sentido da palavra, a qual não consistia já numa estruturação do entendimento e da linguagem, mas partia da totalidade das forças espirituais. É Protágoras quem a representa. A poesia e a música eram para ele as principais forças modeladoras da alma, ao lado da gramática, da retórica e da dialética. É na política e na ética que mergulham as raízes desta terceira forma de educação sofística. Distingue-se da formal e da enciclopédica, porque não considera o homem abstratamente, mas como membro da sociedade. É desta maneira que coloca a educação em sólida ligação com o mundo dos valores e insere a formação espiritual na totalidade da Arete humana. O
32
espírito não é considerado através do ponto de vista puramente intelectual, formal ou de conteúdo, mas sim em relação com as suas condições sociais. (p.85)
A partir daí, o programa tem o papel de atingir um público próprio, previsto
pelo Mais educação, dar prioridade às escolas que estão abaixo da média no Ideb.
Considera-se o objetivo de diminuir as desigualdades educacionais por meio da
jornada escolar e recomenda-se adotar como critérios para definição do público, os
seguintes indicadores:
– estudantes que estão em situação de risco, vulnerabilidade social e sem
assistência, estudantes que congregam seus colegas – incentivadores e líderes
positivos (âncoras), estudantes em defasagem série/idade, estudantes das séries
finais da 1ª fase do ensino fundamental (4º/5º anos), nas quais há uma maior evasão
na transição para a 2ª fase, estudantes das séries finais da 2ª fase do ensino
fundamental (8º e/ou 9º anos), nas quais há um alto índice de abandono, estudantes
de séries onde são detectados índices de evasão e/ou repetência.
Cada escola, contextualizada com seu projeto político pedagógico
específico e em diálogo com sua comunidade, será a referência para se definir
quantos e quais alunos participarão das atividades, sendo desejável que o conjunto
da escola participe nas escolhas.
Partindo desta percepção do programa em relação ao seu público
percebe-se que este surge com o objetivo de formar alunos capazes de vencer os
desafios que surgem no dia a dia de sala de aula, tais como: evasão escolar,
indisciplina e dificuldades com as disciplinas de português e matemática.
Reconhecer o programa como uma fonte de recomeço para muitas crianças é algo
que fica claro para quem faz parte das escolas onde o PME foi inserido, seus
objetivos ficam bem claros para esse público.
Dentre os macrocampos do programa, todos são escolhidos pelos pais
em eleição interna na escola; porém, o macrocampo pedagógico que abrange as
oficinas de letramento e de matemática, é obrigatório, não pode ser em momento
algum descartado na hora de votação.
Toda criança envolvida neste programa terá de participar de todas as
oficinas propostas para sua escola. Cada criança envolvida nesta proposta
conhecerá o motivo, a intencionalidade e os objetivos de cada macrocampo. E
33
perceberá, também, que cada oficina e cada atividades proposta, terá o objetivo de
resgatar a história do seu povo e de valorizar sua cultura.
Outro aspecto relevante, diz respeito aos monitores. Não há uma
definição “fechada” sobre quem pode exercer a função de professor comunitário,
mas é possível apontar algumas características importantes. Sabe aquele professor
solícito e com um forte vínculo com a comunidade escolar? Aquele que escuta os
companheiros e estudantes, que busca o consenso e acredita no trabalho coletivo?
− Aquele que é sensível e aberto para as múltiplas linguagens e os
saberes comunitários?
− Que apoia novas ideias, transforma dificuldade em oportunidade e se
dedica a cumprir o que foi proposto coletivamente?
− Aquele que sabe escutar as crianças, os adolescentes e os jovens?
− Aquele que se emociona e compartilha as histórias e os problemas das
famílias e da comunidade?
Um professor assim tem um excelente perfil para professor comunitário.
Por este motivo entendemos que o referido programa não surge de uma
pretensão humana de fazer politica, mas traz em si sinais de preocupação com a
formação deste novo aluno, para que este tenha nova percepção do mundo que o
cerca.
O professor que funcionará como monitor do programa deverá ter em
mente a construção de um aluno com características próprias para atingir o objetivo
desejado em cada oficina, ele precisará ser o educador certo, dentro da oficina certa
compreendendo os objetivos certos do programa Mais Educação.
Enfim, sobre o professor podemos entender como alguém que tem
interesse de fazer o melhor em cada oficina deste programa, procurando não só
desenvolvê-la com seus alunos; mas, ao mesmo tempo, propiciar resultados que
venham a causar progresso na sua vida pessoal e profissional, sendo sua historia de
vida estimuladora para a educação de seus alunos.
Quando o monitor deste programa demonstra compromisso com o que
faz, logo passa a superar alguns contratempos que venham a surgir dentro do
programa, como evasão de alunos ou o descaso da família. Propor o novo jeito de
educar deve ser o maior objetivo do programa Mais Educação para superar as
dificuldades do programa e de seu público alvo.
34
Quando o professor, o aluno e seus pais vivenciam as propostas do
programa, conhecem uma forma estimulante, significativa e prática de realizar
atividades pedagógicas; afinal, em cada oficina é realizado uma culminância na é
apresentado a toda comunidade escolar o que foi superado e qual a melhor forma
que se encontrou para vencer os obstáculos que são próprios da aprendizagem.
Pensar o novo nas suas mais diversas formas é o maior desejo do
Programa mais educação quando o mesmo se propõe fazer o diferente diante de
tantos outros programas criados com o objetivo de alcançar uma educação de
qualidade.
O programa não surgiu sem um planejamento definido. E não pensar na
sua real funcionalidade deixa em xeque sua razão de existir, por este motivo é
importante valorizar as ações do programa. Na verdade, o Mais Educação trouxe um
novo olhar para a escola e para a comunidade de um modo geral, trazendo desta
forma, um novo animo para o ato de ensinar e aprender.
Para que o Programa Mais Educação ofertado pelo Governo Federal nas
escolas públicas do município de Aquiraz possa ser implantado nas escolas é
necessário seguir alguns dos critérios descritos abaixo:
- Publica-se um edital para convocação e inscrição dos candidatos para
os cargos de monitores, que deve ser publicado com dez dias de antecendência.
- Os candidatos inscritos passam por uma seleção, constando de
entrevista oral e analíse de currículo, conduzida pelo coordenador do programa e
pelo gestor da escola.
- Os critérios de classificação levam em consideração o nível de
escolaridade e, principalmente ser morador da comunidade, visto que, é importante
que o classificado tenha um maior conhecimento sobre a realidade na qual a escola
está inserida.
Cada monitor tem uma jornada de oito horas corridas de trabalho, sendo
que, uma hora é destinada exclusivamente ao planejamento das aulas. É importante
ressaltar que o planejamento deve ser apresentado com uma semana de
antescedência ao coordenador do programa para que seja analisado e, se
necessário, serem feitas as mudanças solicitadas pelo mesmo.
As atividades ministradas pelos monitores são em sua maioria dinâmicas
e prazerosas, pois leva-se em consideração que os alunos participantes do
35
programa tem uma jornada cansativa por estarem diariamente na escola em tempo
integral.
Os monitores recebem uma ajuda de custo paga pelo Governo Federal
que é destinado ao Programa Mais Educação.
No final do ano letivo, as escolas do município de Aquiraz que trazem em
seu quadro a oferta do Programa Mais Educação são convidadas pela Secretária de
Educação do município a participarem de um encontro; nesse momento, cada
escola é convidada a apresentar algumas das experiencias exitosas que foram
trabalhadas, e que mereceram destaque por terem contribuído de forma satisfatória
para o sucesso do processo de ensino e aprendizado.
36
3. O PENSAR DAS CRIANÇAS SOBRE O MAIS EDUCAÇÃO – NÚCLEOS DE
SIGNIFICAÇÃO
Neste capítulo, trago a análise dos dados a partir dos núcleos de
significação.
A questão inicial do questionário era sobre o índice de aceitação e/ou
rejeição do Mais Educação. Em relação ao programa e funcionalidade na escola os
alunos respondentes afirmaram por unanimidade (100%) que gostam do programa
que este tem importância para sua vida, dentro da escola e de sua comunidade.
Para melhor compreensão do processo de articulação dos indicadores e o
de inferência dos núcleos, apresento, inicialmente, os quadros com a aglutinação de
pré-indicadores e com a sistematização dos indicadores; para, a seguir, trazer a
análise dos núcleos de significação.
Os indicadores foram sistematizados em três temas centrais que
constituíram os três núcleos de análise.
3.1 Núcleo 1 – Características positivas do Mais Educação
QUESTÕES:
1. O que você mais gosta no Programa Mais Educação?
Pré-indicadores Atletismo, reforço, aprender mais,
professores bons, estudar, brincar e
merenda.
Indicadores Para as crianças, o mais educação é um
programa bom por permitir atividades
extras que eles não teriam acesso no
período regular.
Núcleo de significação Características positivas do Mais
Educação.
Quadro 4 - Organização dos pré-indicadores e indicadores Fonte: elaboração própria (2014)
Ao formular concepções, o sujeito apresenta seu ponto de vista, sua
compreensão acerca de algo; essas concepções trazem em si o conhecimento, as
37
vivências, as expectativas e o lugar social de cada indivíduo. Ao falar sobre o que
mais gosta no Mais Educação, o sujeito atribui um sentido programa e traz as
experiências, os valores, as crenças e as representações que carrega e que
resultam de suas atividades interacionais.
Através dos indicadores e pré-indicadores é possível observar que cada
criança procurou identificar ao afirmar que gostava do programa a sua visão das
atividades que este lhes oferece, deixando claro sua importância para sua vida
escolar.
Deste modo, é possível perceber que cada criança deixou transparecer,
também, a relação de afetividade com o programa mais educação e os sentimentos
vivenciados em relação às atividades, deixando claro que seu modo de perceber
está ligado diretamente a seu interesse pelas atividades:
C.2-“Porque tem atletismo e isso faz bem.”
C.5-“Tem brincadeiras, atletismo e isso é muito divertido.”
C.10-“Tem brincadeiras, Dança, tarefa, tem merenda e monitores bons.”
Sobre a importância do lúdico para estimular a motivação intrínseca e o
interesse do educando pelas atividades, Rizzo (2001, p.40) diz:
[…] A atividade lúdica pode ser, portanto, um eficiente recurso aliado do educador, interessado no desenvolvimento da inteligência de seus alunos, quando mobiliza sua ação intelectual. (p.40)
A mesma autora defende que trabalhar com os jogos na sala de
aula possibilita diversos objetivos, dentre eles, foram pontuados os seguintes:
Desenvolver a criatividade, a sociabilidade e as inteligências múltiplas;
Dar oportunidade para que aprenda a jogar e a participar ativamente;
Enriquecer o relacionamento entre os alunos;
Reforçar os conteúdos já aprendidos;
Adquirir novas habilidades;
Aprender a lidar com os resultados independentemente do resultado;
Aceitar regras;
Respeitar essas regras;
38
Fazer suas próprias descobertas por meio do brincar;
Desenvolver e enriquecer sua personalidade tornando-o mais participativo e
espontâneo perante os colegas de classe;
Aumentar a interação e integração entre os participantes;
Lidar com frustrações se portando de forma sensata;
Proporcionar a autoconfiança e a concentração.
Observamos desta forma que para a aprendizagem destas crianças
matriculadas no programa mais educação o brincar lhes proporciona o aprender, e
que as mesmas reconhecem o programa como um momento de oportunidade para
reforçar sua aprendizagem.
Observa-se na fala de algumas crianças:
C.9-“Porque me faz ler e escrever.”
C.3-“Me ensina várias coisas, como ler e escrever.”
C.8-“Ele me ajuda a estudar, a aprender mais, não só na escola como se
fosse um reforço.”
C.11-“Com o reforço ele me ensina coisas espetaculares.”
Segundo SOARES (2001, p. 17):
Em outras palavras: do ponto de vista individual, o aprender a ler e escrever
– alfabetizar-se, deixar de ser analfabeto, tornar-se alfabetizado, adquirir a
‘tecnologia’ do ler e escrever e envolver-se nas práticas sociais de leitura e
de escrita – tem consequências sobre o indivíduo, e altera seu estado ou
condição em aspectos sociais, psíquicos, culturais, políticos, cognitivos,
linguísticos e até mesmo econômicos; do ponto de vista social, a introdução
da escrita em um grupo até então ágrafo tem sobre esse grupo efeitos de
natureza social, cultural, política, econômica, linguística.
Podemos observar nas palavras do autor que o aprender a ler e escrever
tem grande relevância na vida de cada ser humano, por este motivo
compreendemos a fala das crianças do Mais Educação sobre este ponto quando
afirmam que o programa tem importância em suas vidas por lhes proporcionar esta
oportunidade às vezes difíceis de serem alcançadas em sala de aula.
39
3.2 Núcleo 2 – Sentidos construídos acerca do Mais Educação
QUESTÕES:
2. O que significa o programa para você?
Pré-indicadores A ser educado, viver diferente, mais
estudo, amor, carinho, educação,
respeito.
Indicadores Para as crianças, o Mais Educação é um
programa bom por permitir uma
modificação de atitudes visto que todos
envolvidos proporcionam as crianças o
que elas não recebem em casa.
Núcleo de significação Significação do programa na vida de
cada criança.
Quadro 5 - Organização dos pré-indicadores e indicadores Fonte: elaboração própria (2014)
Ao discutirem sobre o que o programa mais educação representava em
sua vida, cada criança foi capaz de demonstrar seus sentimentos e sua percepção
sobre os monitores, e o que este tem modificado na sua realidade tanto no interior
da instituição educacional onde as atividades se realizam, quanto dentro de sua
comunidade diante de sua gente e de sua cultura.
A fala das crianças expressam a importância das relações, da formação
de vínculo e o lugar da afetividade no contexto escolar, como elemento favorecedor
do interesse e da aprendizagem.
Observam-se as respostas de algumas crianças:
C.1-“Porque somos bem tratados pelos monitores.”
C.4-“porque tem reforço escolar para ajudar nas minhas tarefas de sala de aula.”
C.7-“É muito legal e os monitores são legais com agente.”
C.10-“Porque somos bem tratados pelos monitores.”
C.4-“porque aprendemos de um jeito simples e mais divertido.”
C.13-“Aprendemos, brincamos e aprendemos com nossos monitores.”
40
Percebe-se a cada afirmação destas crianças, que ter no programa
monitores comprometidos, é um grande diferencial, para o desenvolvimento das
atividades e para a aprendizagem.
Também é possível perceber que sem o envolvimento de todos que
fazem o programa ele não passaria de apenas uma regra presa ao papel nos
moldes do MEC; no entanto, devido o trabalho de seus monitores, este se torna
realmente um diferencial na vida de cada um dos envolvidos neste contexto.
Bruner (2001) afirma de forma clara que:
“Nenhuma reforma de ensino pode ser bem sucedida sem que um adulto participe de forma ativa e honesta - um professor disposto e preparado para dar e receber ajuda, para confortar e apoiar. A aprendizagem em sua complexidade plena envolve a criação e a negociação de significado em uma cultura, mais ampla, e o professor é o representante da cultura geral.” (p. 84)
Observa-se o quanto é importante na vida de cada aluno a presença de
um professor ou monitor de reforço, pois com a ajuda interessada, o mesmo será
capaz de superar seus desafios, isto é, as dificuldades que surgem dentro do
contexto de aprendizagem.
Quando a criança se sente amparada por alguém com mais experiência
passa a ter segurança diante de cada desafio, fazendo desta forma o melhor diante
de cada obstáculo que surja na sua aprendizagem, buscando fazer com que essas
dificuldades não tenham relevância na sua vida escolar.
O programa tem importância justamente por estimular na criança o desejo
de crescer e de ser melhor a cada dia, seja na escola, na família ou na sociedade
em que está inserido; seja sujeito de suas próprias transformações.
Sobre isso, observam-se as seguintes falas:
C.6-“Porque tem cinema, filme.”
C.8-“posso ficar o dia todo com meus colegas de sala de aula.”
C.9-“agente recebe amor e carinho dos monitores.”
C.12-“Porque aprendo a me comportar ser educado.”
C.4-“porque aprendemos de um jeito simples e mais divertido.”
41
Em cada uma das respostas, é possível perceber que as crianças
apontam no programa o que muitas vezes não têm em casa. A oportunidade de
assistir a filmes, ficar com os colegas; o fato do carinho, alerta para a necessidade
de um cuidado e afeto que, às vezes, pela cultura da família ou pelo trabalho dos
pais, não podem receber em casa. É importante atentar, também, para a fala de
C.12, que tem consciência da importância de trabalhar valores e de aprender sobre
regras de comportamento. E, mais uma vez, observa-se a alusão ao lúdico como
importante para a aprendizagem. O projeto, para muitos, é um alento.
Principalmente, para as crianças que, muitas vezes, não têm em casa o que lhe é
oferecido na escola.
Para Wallon (1999):
[...] no início da vida, afetividade e inteligência então sincreticamente misturadas, com o predomínio da primeira. A sua diferenciação logo de inicia, mas a reciprocidade entre os dois desenvolvimentos se repercute sobre a outra permanentemente. Ao longo do trajeto, elas alternam preponderâncias, e a afetividade reflui para dar espaço a intensa atividade cognitiva [...] (p.90)
Compreender o pensamento do autor é, acima de tudo, entender que
afetividade é fundamental na hora da aprendizagem. O sentimento de ser aceito,
amado, aumenta a probabilidade de reações positivas. A sensação de
pertencimento dá um novo sentido de existir, dá um norte e aumenta a sensação de
segurança.
Como afirma o Almeida, (1999):
Sendo a escola um local onde o compromisso maior que se estabelece é com o processo de transmissão, produção de conhecimento, pode-se afirmar que as relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica necessariamente, uma interação entre pessoas. Entretanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente. (p. 107)
42
3.3 Núcleo 3 – Significação do programa na vida de cada criança e de suas
mães
QUESTÕES:
3. O que o programa contribui para a sua educação e para a sua vida?
Pré-indicadores Amor, tem almoço, saúde, educação melhor, minha mãe
pode trabalhar, alimentação saudável.
Indicadores Para as crianças, graças ao programa, as mães podem
trabalhar e eles têm mais atenção e uma alimentação de
qualidade.
Núcleo de significação Significação do programa na vida de cada criança e de
suas mães.
Quadro 6- Organização dos pré-indicadores e indicadores Fonte: elaboração própria (2014)
Segundo cada criança, o programa surge como um apoio a sua família,
tendo em vista que o mesmo dá condição para que as mães possam trabalhar e
cuidar das crianças menores em casa.
É possível observar, ainda, que o programa é importante; pois lhes
proporciona uma educação melhor e uma condição de vida saudável, com
exercícios e boa alimentação.
C.9-“Para minha mãe e trabalhar e cuidar da minha irmãzinha mais nova.”
C.3-“Ajuda na minha alimentação, saúde e na educação.”
C.8-“Para minha vida é legal e para minha mãe, pois ela pode trabalhar e
não fica preocupada comigo.”
C.11-“Ele melhora meu estudo, tem amor e muita paz para mim e como
passo o dia todo, minha mãe pode trabalhar e não fica preocupada comigo.”
Esse é um dos aspectos que mais se destacou na fala das crianças. É
real a preocupação dos pais que trabalham com o que seu filho ficará fazendo e
quem poderá cuidar dele. Assim, o contraturno na escola, com atividades esportivas,
apoio pedagógico e alimentação é a reposta para as famílias. Afinal, é possível
observar pais que pagam, em escolas, privadas para que os filhos fiquem no outro
turno.
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Pela fala das crianças fica claro que, estas, têm a consciência de que na
escola eles estão sob o cuidado de pessoas que podem ajudar no seu
desenvolvimento e que essa oportunidade é boa para a criança e para família.
C.6-“O programa Mais Educação contribui para que muitas coisas aconteçam em minha vida.”
C.8-“Tem almoço e agente tem uma ótima educação e agente tem uma boa saúde e um almoço e merendas ótimas.”
C.2-“Contribui para minha saúde e para a minha educação e vida.”
C.4-“porque aprendemos a ser melhor no mais educação.”
Pode-se observar que as crianças demonstram maturidade nas suas
respostas e isto pode ser visto como uma mudança propiciada pela proposta do
próprio programa que leva a criança a refletir e a desenvolver um conceito de vida e
de tudo o que lhe cerca.
Chama atenção estas colocações, pois mostram que o socializar se
externa em cada resposta e que cada criança é capaz de mostrar o valor que tem
dentro do próprio programa; é como se entrelinhas estes afirmassem que o Mais
Educação colabora, de alguma forma, com sua família.
Nas palavras de Paulo Freire (1991), percebe-se a importância da
educação na vida de um ser humano:
“Você, eu, um sem-número de educadores sabemos todos que a educação não é a chave das transformações do mundo, mas sabemos também que as mudanças do mundo são um quefazer educativo em si mesmas. Sabemos que a educação não pode tudo, mas pode alguma coisa. Sua força reside exatamente na sua fraqueza. Cabe a nós pôr sua força a serviço de nossos sonhos.” (p.126)
Com isto, fica claro que a educação pode não ser a resposta para tudo,
mas sem ela se torna mais difícil ocorrer mudanças. O projeto mais educação
através de seus monitores tem conseguido, com suas oficinas, encontrar respostas
para dificuldades que crianças têm causadas, muitas vezes, pela falta de carinho e
convívio social saudável; dessa forma, o projeto assume responsabilidades que
ultrapassam o educar.
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Por meio das respostas dos questionários, observa-se que cada criança
expôs com tranquilidade suas ideias e valores familiares, culturais e sociais;
deixando claro que o projeto é uma grande oportunidade para que os mesmos
melhorem como família e comunidade.
Quando se analisa a fala de cada criança, observa-se que o contexto
histórico que as envolveram, desde o seu nascimento, é valorizado no cotidiano do
Mais Educação, por intermédio de cada oficina e das habilidades de cada monitor ao
executá-las.
O programa tem funcionado, segundo as respostas, como uma alavanca
para as necessidades socioculturais; mas, acima de tudo, como um trampolim para
melhorar a autoestima deste povo que ficou muito tempo no esquecimento, diante
do próprio contexto municipal.
De modo geral, tanto ganha a escola, quanto a comunidade; pois seus
costumes tiveram suas raízes resgatadas. Desta forma cada criança passou a dar
mais valor a cada contexto histórico do seu povo, sabemos que cada povo se
mantém vivo através de sua cultura e história.
As crianças do Programa Mais Educação que se encontram matriculados
na Escola Raimunda Ferreira da Silva localizada no Barro Preto, têm neste
programa um renascimento de sua vida cultural e social, desta forma fica claro a
formação deste novo ser, em cada criança.
É bonito perceber que as crianças matriculadas neste projeto têm
crescido também na sua visão de mundo; pois o mesmo leva um conhecimento,
outrora adormecido, diante de tantas situações vividas por eles e suas famílias.
Quando se observa a maneira que pensam no efeito do programa para
suas famílias, percebe-se, através de suas respostas, que o mesmo surge como
solução para algumas dificuldades, antes em evidência; como no caso de suas
mães que não podiam trabalhar, por não ter quem ficasse com eles e seus irmãos
menores em casa. Revelam, assim, o programa como uma coluna de apoio para
que essa dificuldade deixe de existir.
O Programa Mais Educação vem ao encontro deste povo como um
programa capaz de proporcionar o renascimento humano, histórico, cultural, além de
estratégia para superação de tantas dificuldades oriundas do dia a dia de sala de
aula.
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Destacamos isto através das palavras de FREIRE (2006):
“A conscientização implica, pois, que ultrapassemos a esfera espontânea de apreensão da realidade, para chegarmos a uma esfera crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica.” (p.30)
Quando uma criança se conscientiza de sua realidade e da situação de
vida que lhe cerca, com certeza torna-se um ser humano mais aberto às
necessidades que estão estampadas em sua casa, em sua comunidade e até
mesmo na sua sala de aula.
Podemos compreender que na vida destas crianças o programa mais
educação vem como um instrumento para que cada criança construa seu próprio
sonho, seu desejo de futuro; de forma consciente e aberta, sendo capaz de perceber
que as dificuldades que aparecem no seu dia a dia, têm soluções, têm saídas.
O Mais Educação é, na perspectiva destas crianças, a oportunidade para
superar tantas dificuldades que lhes cercam no dia a dia. De tal forma que o
programa com suas oficinas, surge como apoio para que cada criança possa vencer
as situações de dificuldade que lhe rodeia, em suas famílias e no contexto social que
as envolvem.
De acordo com os questionários o programa tem muita importância na
vida destas crianças como fonte de elevação da autoestima. Perceber o crescimento
destas crianças através de suas respostas à esta pesquisa é a maior prova de que o
programa Mais Educação tem influenciado, de forma positiva, todos os que fazem
esta comunidade, em meio às suas dificuldades sociais, culturais e econômicas.
De acordo com BUJES (2001):
[....] A experiência da criança no contexto educativo precisa ser muito mais qualificada. Ela deve incluir o acolhimento, a segurança, o lugar para a emoção, para o gosto e para o desenvolvimento da sensibilidade. (p.13)
Pelas observações e leitura das falas, percebe-se que o programa veio
transformar situações de vida, fazendo com que os participantes tracem novos
caminhos, adquiram novos saberes, repensem seus valores de família, de escola e,
acima de tudo, ganhem responsabilidades para superar o que seu contexto diário
lhes fornece como novo.
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Para as crianças, o programa Mais Educação tem uma função social,
além da de educar. Em se tratando dos que fazem parte da escola Raimunda
Ferreira da Silva, essa função abrange as crianças, a família e a própria comunidade.
Percebe-se, novamente, em outras falas, a consciência de que o referido
programa vem como auxilio às suas mães, por propiciar a condição de inserção no
mercado de trabalho.
C.12- “Ele me ensina uma educação melhor e ajuda minha mãe a ter um ótimo trabalho.”
C.10- “Eu fico na escola e minha mãe pode arranjar um emprego.”
C.14-“Quando eu fico na escola, no mais educação, minha mãe trabalha e cuida do meu irmão pequeno.”
Observa-se, através destas respostas, que as crianças que fazem parte
do programa vencem alguns obstáculos que surgem e têm a certeza de que suas
famílias também ganham com a matrícula dos seus filhos nas oficinas, mostrando
que não só as crianças ganham; mas, também, todos que as cercam.
Aprende-se com estas crianças que eles têm consciência da importância
do Mais Educação para suas vidas; e que, o mesmo, também muda a vida da família.
A maior certeza disto é quando a criança afirma que a mãe pode trabalhar graças ao
programa.
Quando afirmam que as mães podem trabalhar enquanto estão na escola,
e falam disso com propriedade, além de terem a consciência de que esse fato
melhora a vida financeira de sua casa, haja vista que só o pai na pesca, ou
trabalhando nas barracas de praia, não há condição de melhorar o modo de vida.
Para estas crianças, o programa mais educação vem como subsídio para
suas dificuldades em sala de aula, mas também como apoio a seus pais na hora de
encontrar um emprego sem se preocupar com quem os deixarão visto que através
do tempo integral os mesmo ficam o contra turno sob o cuidado de seus monitores e
coordenador pedagógico.
A comunidade onde o programa é executado é composta de pescadores,
garçons, lavadeiras de roupa, caseiros, marisqueiras, rendeiras e pequenos
comerciantes, portanto, o quadro financeiro é de pequeno porte devido às
dificuldades de emprego local.
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Sabemos que pela própria situação econômica que cerca os alunos desta
instituição educacional, o programa Mais educação veio, então, como um auxilio;
pelas oficinas de aprendizagem, por deixar a criança o dia todo na escola, tendo
oportunidade de aprender mais e tendo alimentação de qualidade, o que, muitas
vezes, não teriam em sua casa.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O programa Mais Educação trouxe às crianças e aos adolescentes da
comunidade do Barro Preto um conhecimento baseado no contexto cultural e
histórico da comunidade; fazendo, desta forma, um resgate de suas raízes por meio
de suas oficinas.
As famílias envolvidas neste programa acabam ganhando um novo ânimo,
tendo em vista que seus filhos podem contar com a ajuda do programa para superar
algumas dificuldades. Principalmente, devido ao fato de não ter quem fique com as
crianças para que os pais possam trabalhar. Dessa forma, um dos aspectos
positivos do tempo integral, passa a ser a segurança de saber que, deixando-as no
programa, eles terão acompanhamento, lazer, alimentação e, estarão afastados de
situação que os coloque em risco.
Por intermédio do Mais Educação, as crianças da Comunidade do Barro
Preto têm conseguido superar suas dificuldades de aprendizagem, com a ajuda das
oficina de letramento e matemática; ganhando, assim, uma oportunidade de
melhorar suas notas nas demais disciplinas.
Os sujeitos demonstraram nas suas falas, a certeza de que através do
Mais Educação a sua aprendizagem tem melhorado, assim como apontaram durante
a pesquisa, a ciência que suas mães podem ficar mais tranquilas e até começarem a
trabalhar por saber que seus filhos estão sendo cuidados pela escola e de modo
particular, pelos monitores do Mais educação.
As oficinas têm proporcionado a cada criança, a condição necessária para
o seu crescimento humano, social e cultural; de tal forma que cada uma sabe que é
capaz de avançar, de conseguir ter sucesso e desenvolver suas habilidades com
maior segurança. Por causa do programa e de cada um dos macrocampos do Mais
Educação, é possível perceber que as crianças envolvidas nas oficinas têm maior
segurança no desenvolvimento de suas tarefas.
A importância da escolha das oficinas serem feitas pela comunidade
escolar dá, à mesma, maior responsabilidade por sua execução. Desta forma, os
pais sentem que são participantes ativos do que está sendo desenvolvido, e
acompanham de perto o desenrolar do programa por meio dos momentos de
culminância.
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É importante que a escola faça um acompanhamento pedagógico
rigoroso, afinal a criança aqui envolvida é de fundamental responsabilidade de todos
que a formam, precisamos deixar claro que o sucesso do mesmo depende do sim de
todos que fazem a comunidade escolar.
As crianças entrevistadas deixaram claro a importância do Programa Mais
Educação em suas vidas, porém colocam grande parte do sucesso nas mãos de
seus monitores que procuram dar o seu melhor para que seus alunos aprendam
cada dia mais e melhor.
Quando o MEC desenvolveu o programa, logo pensou no professor
comunitário como um ser profissional que deveria ter em mente as necessidades de
seus alunos, diante de cada realidade proposta pelas oficinas, lembrando sempre
que teria que se preocupar em formar este ser humano crítico e consciente dos seus
direitos e deveres. Cada um que faz o programa tem em mente a sua
responsabilidade e é consciente de que sua parte deve ser realizada com clareza,
pois desta forma o Mais Educação funcionará como um trampolim para que sejam
superados os obstáculos que surgem a cada nova aprendizagem.
A criança e adolescente do Mais Educação da escola Raimunda Ferreira
da Silva, tem ganhado através do programa o resgate da historia do seu povo assim
como tem sido possível, mostrarem, para as pessoas, a culminância do programa
através de apresentações culturais das oficinas de dança e teatro, além do próprio
resultado do IDEB.
O Programa teve muitos objetivos ao ser criado em 2007, porém veio
ganhar forma concreta no dia a dia de cada escola, junto a seus monitores e
crianças ou adolescentes, pois sabemos que até que tudo saia do papel e se
concretize demora um longo tempo e isto dependerá de cada coordenador
pedagógico e de sua equipe.
Compreender o Mais Educação na sua essência é perceber que este é
um instrumento para que a comunidade onde a escola esta inserida, no caso desta
pesquisa, o Barro Preto, no município de Aquiraz no Ceará, ganhe um novo sentido,
afinal de contas é através do resgate cultural, social e humano que cada povo
fortalece a sua identidade.
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALMEIDA, A. R. S. A emoção na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999
ALMEIDA, N. L. T. Serviço Social e política educacional: um breve balanço e
desafio desta relação . 1º Encontro de Assistentes Sociais na Área de Educação.
Belo Horizonte, 28 março 2003, p.1-9BRUNER, Teoria de aprendizagem.
Monografia Alberto Ricardo Prass.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização
e Diversidade. Diretoria de Educação Integral, Direitos humanos e Cidadania.
Programa Mais Educação: passo a passo. Brasília, 2007.
______. Código de ética do/ Assistente Social. Lei 8.662/93 de regulamentação
da profissão. - 10ª. ed. rev. e atual. – Brasília: Conselho Federal de Serviço Social,
2012.
BUJES, Maria Isabel E. Abrindo a Pedagogia a outros olhares. In: ZORZO, Cacilda
Maria (org.). Pedagogia em conexão. Editora da Ulbra: Canoas, 2004.
COELHO, Lígia Martha C. Costa. História (s) da educação integral. In Velloso,
Lucia Mauricio (org). Em Aberto, Brasília, v.22, n 80, p.83-96, abr.2009.
FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez; 1991.
______, Pedagogia da esperança. 13ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo:
Editora Atlas S/A, 2002.
RIZZO, Gilda. Jogos inteligentes: a construção do raciocínio na escola natural.
3. ed. Rio de Janeiro: Berttrand Brasil, 2001
SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. 2ª edição. Belo
Horizonte, Autêntica, 2001.
51
WALLON, Henri. Origens do pensamento na criança. São Paulo: Maneie 1989.
52
APÊNDICE
A – QUESTIONÁRIOS DAS CRIANÇAS
Idade:______
A sua escola participa do Programa Mais Educação.
1. Você gosta do programa Mais Educação?
2. O que você mais gosta no programa Mais Educação?
3. O que significa o programa para você?
4. O que o programa contribui para sua educação e para a sua vida?