CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

19
CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE Antes, para o mortos, havia só demonstrações de dor e de Antes, para o mortos, havia só demonstrações de dor e de pranto. Hoje há salmos e hinos...Naquele tempo, a morte era pranto. Hoje há salmos e hinos...Naquele tempo, a morte era o fim. Agora não é mais assim. Cantam-se hinos, orações e o fim. Agora não é mais assim. Cantam-se hinos, orações e salmos, e tudo isso como sinal de que se trata de salmos, e tudo isso como sinal de que se trata de acontecimento festivo” acontecimento festivo” São João Crisóstomo (+407) São João Crisóstomo (+407)

Transcript of CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Page 1: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

““Antes, para o mortos, havia só demonstrações de dor e de Antes, para o mortos, havia só demonstrações de dor e de pranto. Hoje há salmos e hinos...Naquele tempo, a morte era pranto. Hoje há salmos e hinos...Naquele tempo, a morte era o fim. Agora não é mais assim. Cantam-se hinos, orações e o fim. Agora não é mais assim. Cantam-se hinos, orações e salmos, e tudo isso como sinal de que se trata de salmos, e tudo isso como sinal de que se trata de acontecimento festivo” acontecimento festivo”

São João Crisóstomo (+407)São João Crisóstomo (+407)

Page 2: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

NOSSO OBJETIVO

Trabalhar algo mais inculturado e que consiga manter o Trabalhar algo mais inculturado e que consiga manter o caráter realmente celebrativo das Exéquias, mesmo sob forte caráter realmente celebrativo das Exéquias, mesmo sob forte influencia de sentimos incontidos... Um rito que faça influencia de sentimos incontidos... Um rito que faça resplandecer a Páscoa de Cristo na Páscoa do(a) irmão(ã) resplandecer a Páscoa de Cristo na Páscoa do(a) irmão(ã) defunto(a). defunto(a).

Page 3: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Qual o mistério da Vida?Qual o mistério da Vida?

Qual o mistério da Qual o mistério da Morte?Morte?

Há vida depois da Há vida depois da morte?morte?

O que seremos depois O que seremos depois da morte?da morte?

Page 4: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

AmorAmor celibatáriocelibatário

Fui perguntar a sementinha, perguntei onde seria o Fui perguntar a sementinha, perguntei onde seria o lugar da flor, perguntei onde seria o lugar do fruto. Ela lugar da flor, perguntei onde seria o lugar do fruto. Ela apontou pros céus, ela apontou pra cima, ela apontou pra apontou pros céus, ela apontou pra cima, ela apontou pra cima ela apontoucima ela apontou prospros céus. céus.

Ela foi se enterrar, foi, lá no chão, no chão duro e frio, Ela foi se enterrar, foi, lá no chão, no chão duro e frio, frio e sem vida, foi fazer seu berço na obscuridade, sabendo frio e sem vida, foi fazer seu berço na obscuridade, sabendo que um dia a vida venceria e que a fé duradoura, é a que um dia a vida venceria e que a fé duradoura, é a construtora de todo alicerce, de todo o terraço. construtora de todo alicerce, de todo o terraço.

Quem não semeia não colhe nada, quem não vai pra Quem não semeia não colhe nada, quem não vai pra baixo não vai pra cima, quem não se engana, não se baixo não vai pra cima, quem não se engana, não se desegana, quem não sofre não vive, quem não vive não desegana, quem não sofre não vive, quem não vive não cresce, quem não cresce não morre, quem não morre, não... cresce, quem não cresce não morre, quem não morre, não... Não ressuscita na vida nova, na vida de Cristo, na vida Não ressuscita na vida nova, na vida de Cristo, na vida nova, na vida de Cristo, na vida nova, na vida de Cristo...nova, na vida de Cristo, na vida nova, na vida de Cristo...

Page 5: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Exéquias - Do latim, ex-sequi, ex-sequiæ (seguir, acompanhar), as exéquias são a série de ritos e orações com que a comunidade cristã acompanha os seus defuntos e os encomenda à bondade de Deus.Em todos os povos e culturas se cuidou sempre, com ritos variados e expressivos, do acompanhamento dos que falecem, e, depois, da sua recordação e veneração.

Os cristãos, ao princípio, imitaram os usos dos judeus e dos vários povos. A primeira notícia temo-la à volta do protomártir Estêvão: «homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram

por ele grandes lamentações » (At 8,2).

Page 6: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Como os Cristãos lidavam com a morte?Como os Cristãos lidavam com a morte?

Na Igreja antiga as honras fúnebres eram diferentes, dependendo Na Igreja antiga as honras fúnebres eram diferentes, dependendo dos lugares, e tinham origem nos costumes greco-romano e judaico.dos lugares, e tinham origem nos costumes greco-romano e judaico.

Os cristãos mantiveram o costume romano do banquete fúnebre ou Os cristãos mantiveram o costume romano do banquete fúnebre ou refrigerium refrigerium para o qual se reuniam, em determinados dias (terceiro, sétimo para o qual se reuniam, em determinados dias (terceiro, sétimo e trigésimo depois da morte e no aniversário), junto do túmulo ou do jazigo e trigésimo depois da morte e no aniversário), junto do túmulo ou do jazigo sepulcral, para recordação do defunto. A presença do bispo ou do sepulcral, para recordação do defunto. A presença do bispo ou do presbítero é testemunhada desde o início do séc. III. No séc. IV, começa a presbítero é testemunhada desde o início do séc. III. No séc. IV, começa a ser celebrada a Eucaristia junto ao túmulo, especialmente dos mártires. ser celebrada a Eucaristia junto ao túmulo, especialmente dos mártires. Assim eram as antigas Exéquias: Assim eram as antigas Exéquias: refrigerium refrigerium e depois de um tempo surge a e depois de um tempo surge a Eucaristia, com o fim de confortar o defunto no além até o dia do juízo. No Eucaristia, com o fim de confortar o defunto no além até o dia do juízo. No séc. VII, o rito do viático e o da encomendação da alma, são celebrados da séc. VII, o rito do viático e o da encomendação da alma, são celebrados da seguinte maneira:seguinte maneira:

Page 7: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Após a morte, canta-se o salmo 97, que é um hino de Após a morte, canta-se o salmo 97, que é um hino de vro de Jó. Canta-se depois o salmo 42, que exprime a vro de Jó. Canta-se depois o salmo 42, que exprime a saudade de Deus e do seu templo, e o salmo 4 que é uma saudade de Deus e do seu templo, e o salmo 4 que é uma oração de confiança. Um segunda procissão conduz o oração de confiança. Um segunda procissão conduz o defunto ao cemitério: o canto dos salmos evidenciam a defunto ao cemitério: o canto dos salmos evidenciam a característica pascal de toda a celebração. As exéquias são característica pascal de toda a celebração. As exéquias são celebradas como o encerramento de um “êxodo” pascal.celebradas como o encerramento de um “êxodo” pascal.

A partir do séc. VIII o ritual romano das exéquias A partir do séc. VIII o ritual romano das exéquias muda de tom: predomina a visão dramática do juízo, a muda de tom: predomina a visão dramática do juízo, a consciência de que o defunto corre o risco de cair no fogo consciência de que o defunto corre o risco de cair no fogo eterno, etc.: o medo e o pavor caracterizam o eterno, etc.: o medo e o pavor caracterizam o comportamento dos fiéis e de alguns textos litúrgicos. comportamento dos fiéis e de alguns textos litúrgicos. Alguns elementos antigos, nos quais se manifesta a Alguns elementos antigos, nos quais se manifesta a esperança na ressurreição, foram conservados pelo ritual de esperança na ressurreição, foram conservados pelo ritual de 1614, mas também com conteúdos de uma teologia por 1614, mas também com conteúdos de uma teologia por demais negativa. demais negativa.

Page 8: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Na Tradição, encontramos um rico episódio a respeito da Na Tradição, encontramos um rico episódio a respeito da morte dos cristãos. Trata-se do “trânsito” de São Bento. morte dos cristãos. Trata-se do “trânsito” de São Bento. Mesmo relatando a morte de um santo ilustre da Igreja do Mesmo relatando a morte de um santo ilustre da Igreja do Ocidente, pai espiritual dos monges e monjas que até hoje Ocidente, pai espiritual dos monges e monjas que até hoje seguem sua regra, deixa-nos um precioso símbolo de sadia seguem sua regra, deixa-nos um precioso símbolo de sadia compreensão da morte para nós também hoje. compreensão da morte para nós também hoje.

““Ter diariamente Ter diariamente diante dos olhos a diante dos olhos a morte a morte a surpreendê-lo.”surpreendê-lo.”

Rb 4,47Rb 4,47

Page 9: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

““Bento foi subitamente tomado por uma Bento foi subitamente tomado por uma febre alta, que começou a prostrá-lo febre alta, que começou a prostrá-lo implacavelmente. Como aquele mal o implacavelmente. Como aquele mal o debilitava cada vez mais, o sexto dia debilitava cada vez mais, o sexto dia pediu aos discípulos que o levassem ao pediu aos discípulos que o levassem ao oratório, onde se fortificou para a grande oratório, onde se fortificou para a grande passagem com o viático do Corpo e do passagem com o viático do Corpo e do Sangue de nosso Senhor. Os monges Sangue de nosso Senhor. Os monges seguravam-lhe os membros trêmulos e seguravam-lhe os membros trêmulos e ele, com as mãos levantadas ao céu, ele, com as mãos levantadas ao céu, rezando em pé, deu o seu último suspiro.”rezando em pé, deu o seu último suspiro.”

São Bento, vida e milagres – São São Bento, vida e milagres – São Gregório Magno.Gregório Magno.

Page 10: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Da história da Igreja lembramos ainda muitos irmãos e Da história da Igreja lembramos ainda muitos irmãos e irmãs, que por meio da morte, seja ela cruenta (como os irmãs, que por meio da morte, seja ela cruenta (como os mártires) ou tenra e tranquila (como Francisco, Teresa, mártires) ou tenra e tranquila (como Francisco, Teresa, Clara, Antonio, Rita de Cássia, etc), a morte foi sempre para Clara, Antonio, Rita de Cássia, etc), a morte foi sempre para os cristãos o momento final da vida, onde se encontra o os cristãos o momento final da vida, onde se encontra o sentido tão desejado durante toda a vida e a prática do sentido tão desejado durante toda a vida e a prática do evangelho. evangelho.

Page 11: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Na história da Igreja Latino Americana não poderemos Na história da Igreja Latino Americana não poderemos esquecer nunca a morte-testemunhal de nossos santos e esquecer nunca a morte-testemunhal de nossos santos e santas, “mártires de nossa caminhada”, homens e mulheres santas, “mártires de nossa caminhada”, homens e mulheres que fizeram do evangelho de Cristo o sentido de sua que fizeram do evangelho de Cristo o sentido de sua vivência e entrega radical ao Reino de Deus e aos pobres, vivência e entrega radical ao Reino de Deus e aos pobres, os preferidos do Cristo. os preferidos do Cristo.

Page 12: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

O que disse o Concílio Vaticano II sobre a Celebração das Exéquias?

81. As exéquias devem exprimir melhor o sentido pascal da morte cristã. Adapte-se mais o rito às condições e tradições das várias regiões, mesmo na cor litúrgica.

82. Faça-se a revisão do rito de sepultura das crianças e dê-se-lhe missa própria.

Page 13: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Um texto do NT pode nos ajudar a compreender melhor “o sentido pascal” da morte cristã:

“Não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Portanto pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova.” (Rm 6,3-4)

Portanto, esta participação no Mistério Pascal de Cristo renova-se em cada celebração sacramental e o acontece tantas vezes sacramentalmente, a fé cristã assegura que acontece existencialmente na morte do(a) cristão(ã).

Page 14: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Então o que espera afinal o crente? Que aconteça o que Paulo disse sobre a Ressurreição dos mortos, em 1Cor 15,42-44:

“semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado desprezível, ressuscita reluzente de glória; semeado na fraqueza, ressuscita cheio de força; semeado corpo psíquico ressuscita corpo espiritual.”

e continua nos vv. 54-56:

“Quando este ser mortal tiver revestido a imortalidade, então se cumprirá a palavra da Escritura: A morte foi absorvida na vitória. Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei.”

Page 15: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

Como era antes do Concílio?

Um pequeno Missal editado pelas Edições Paulinas em 1959, diz sobre a ECOMENDAÇÃO DOS FIÉIS DEFUNTOS:

“Deve ser rezada tôda em latim pelo Sacerdote. Os fiéis podem segui-lo rezando as mesmas preces em vernáculo. O Sacerdote, revestido de sobrepeliz e estola preta, sem pluvial, asperge o cadáver em forma de cruz, e diz o Salmo 129 (De profundis). No caminho da casa do falecido até à Igreja, o Sacerdote recita o Salmo 50 (Miserere).”

Havia ainda um Rito simples na Igreja, depois orações próprias para o caminho ao cemitério. No cemitério, havia a benção da sepultura se for nova, a aspersão do corpo e da sepultura, o canto de Zacarias e as orações finais. Enquanto voltava do cemitério para a Igreja, vinha recitando o Salmo 129.

Page 16: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

No ano de 1969, promulgou-se o novo Ordo Exsequiarum (edição em português de 1970, com segunda edição oficial em 1984), que prevê a celebração da Eucaristia na Igreja onde o defunto era membro, como ponto culminante desta celebração de despedida. Mas pode haver também Exéquias sem Eucaristia.

As Instruções Gerais:

IMPORTANCIA E DIGNIDADE

- é uma celebração do mistério pascal de Cristo.

- Nas Exéquias, a Igreja pede que os seus filhos, incorporados pelo Batismo em Cristo morto e ressuscitado, com Ele passem da morte à vida.

- Por isso, a Igreja oferece pelos defuntos o Sacrifício Eucarístico, memorial da Páscoa de Cristo

- Ao celebrar as Exéquias dos seus irmãos, procurem os cristãos afirmar sem reservas a esperança na vida eterna

- convém, portanto, que, ao menos nos momentos mais significativos entre a morte e a sepultura, se afirme a fé na vida eterna e se façam orações de sufrágio.

Page 17: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

- Tais momentos podem ser os seguintes: a vigília de oração na casa do defunto; a colocação do corpo no caixão; a trasladação para a sepultura, precedida da reunião não só dos parentes, mas também, se for possível, de toda a comunidade, para ouvir na Liturgia da Palavra a consolação da esperança, para oferecer o Sacrifício Eucarístico e para fazer a saudação da última despedida.é uma celebração do mistério pascal de Cristo.

- O Ritual de Exéquias prevê 03 esquemas:

a) o primeiro esquema prevê três momentos ou «estações»: em casado defunto, na igreja, no cemitério;

b) o segundo esquema considera dois momentos: na capela do cemitérioe junto da sepultura;

c) o terceiro esquema tem um só momento: na casa do defunto.

- o rito chamado anteriormente «Absolvição» e agora é designado «Última Encomendação e Despedida»

Page 18: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

O ROTEIRO:

- Chegada

- Abertura

- Recordação da vida

- Salmo

- Leitura Bíblica

- Meditação

- Preces

- Louvação

-Encomendação e Despedida

-Sepultamento

Page 19: CELEBRANDO POR OCASIÃO DA MORTE

O ROTEIRO:

- CHEGADA

Ao chegar ao velório, o(a) ministro(a) aproxima-se e visita o defunto(a), ora em silêncio com profundo respeito. Antes de iniciar a celebração, convida todos à oração silenciosa (aqui um refrão pode acalmar, irmanar e concentrar). Alguém acende o círio. Assim como o Cristo, a luz da pessoa falecida não se apagou e será preservada na memória dos que ficam.

- ABERTURA

Diante da